Instituto tesla ed 28 fev de 2014

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Cultura

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O mito do Prometeu Um gênio de personalidade excêntrica, altruísta e fonte de diversas teorias da conspiração. Nikola Tesla (1856–1943) registrou mais de 300 patentes em vida. Hoje, toda vez que você acende uma lâmpada, faz uso de cinco delas: corrente alternada, geradores indutivos elétricos, linha de transmissão de alta tensão, transformadores elétricos e usina hidrelétrica. Poucos sabem, mas atualmente um sobrinho dele dá continuidade ao seu trabalho e pretende produzir energia livre e sem fio aqui no Planalto Central Por Pedro Wolff Fotos: Santini

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oris Petrovic, 37 anos, nasceu na Iugoslávia, atual Sérvia Belgrado. Ele, que diz ser sobrinho de Tesla por parte de sua irmã Marica Kosanović, comenta sempre ter ouvido de seus familiares coisas como: “ninguém está interessado nesse tipo de energia” ou “vá cuidar da sua família” ou mesmo “você vai morrer pobre e sozinho como seu tio (sic)”. Da família, somente dois primos cuidam do legado do inventor e estão restritos apenas à esfera histórico/cultural porque, em relação à engenharia, somente ele. Vale ressaltar que em 1952 um tio de Boris conseguiu permissão para resgatar parte dos objetos pessoais do inventor que estavam confiscados pelos EUA e fundou um museu em Belgrado (Sérvia). Com formação em engenharia elétrica e integrante de várias redes internacionais que disseminam as ideias de Tesla, até quatro anos atrás Boris Petrovic residia na Rússia, quando decidiu se mudar para Formosa (GO). Hoje ele preside o Instituto de Tecnologias Sustentáveis Nikola Tesla do Brasil, que desenvolve projetos sociais para geração de energia em áreas isoladas, como energia solar em aldeias indígenas ou térmicas em áreas rurais. Uma segunda frente do Instituto é focada na bioenergia, que, entre outros interesses, lida com

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bioletrografia – a partir de uma invenção russa em que, baseada no oscilador de alta frequência, é colocada uma bobina com um eletrodo dentro das câmaras que são capazes gerar várias influências no corpo humano.

Energia Livre O terceiro foco do instituto Tesla é o da transmissão global de energia elétrica sem fio por meio de uma torre que alcança as camadas condutivas da atmosfera terrestre. O que trouxe Boris ao Brasil foi a particularidade de o País estar situado em uma região com maior intensidade de radiação denominada Anomalia Magnética do Atlântico Sul. “Imagina um furo no céu por onde passa mais radiação, seja ela solar, do universo ou mesmo da antimatéria, deixando o ar mais condutivo”, explicou. Para uma breve contextualização, Nikola Tesla começou a construir uma torre em Colorado Springs (EUA), mas, quando seu financiador descobriu que seria impossível medir e cobrar individualmente o consumo da energia elétrica, resolveu boicotar o projeto. Alto Paraíso de Goiás é o lugar ideal para

Questionado se essa transmissão de energia pode gerar efeitos colaterais ao planeta Terra, ele diz que a ionização pode mudar campos eletromagnéticos da atmosfera, podendo até mesmo fazer chover. “Agora, dizer que essa tecnologia é capaz de gerar terremotos foi uma bobagem difundida para vender livros”, encerra o cientista.

O tao da física

materialização do sonho de Tesla. Além da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, a altitude da região deixa a torre mais próxima do céu. Além disso, fica três meses do ano sem chuva e nuvens, o que facilitaria o trânsito da descarga de corona – uma descarga elétrica produzida pela ionização de um fluido nas redondezas de um condutor, também conhecida como luz lilás – para a atmosfera. Outra característica que ajuda na condutividade é o seu tipo de solo, suas aquíferas e seus metais subterrâneos. Pouca gente sabe, mas a torre de Colorado Springs utilizaria os princípios da ressonância para transmitir potência elétrica por uma frequência terrestre e possuía uma antena aterrada 60 metros abaixo. Dessa forma, seria possível transmitir energia de maneira instantânea e sem perda. “90% dessa transmissão é feita pela terra e os outros 10% necessários para fechar o circuito viriam pelo ar”, explica. Agora, Boris trabalha para construir um protótipo de dimensão reduzida de 50 quilowatts da torre de seu tio para provar a viabilidade da tecnologia.

Para Tesla e seus seguidores, cada ser humano é uma antena que está sempre transmitindo e recebendo informações/energia. Somos teleautômatos das forças cósmicas e estamos imersos em um ambiente invisível que acreditamos ser vazio. O inventor escreveu um artigo em que cita a influência de cada corpo entre si e pelas distâncias físicas. Cem anos depois essa teoria foi aceita pela física quântica. Pelos cálculos da física moderna (cosmologia), 4% da matéria é visível e o restante é preenchido pela matéria e energia escura. Para a ciência, o que não se pode explicar ou medir simplesmente “não existe”. Seguidores do inventor questionam se o Campo Etérico de Tesla não seria essa energia escura e buscam uma alternativa para que a mesma faça funcionar nossos aparelhos elétricos. Hoje a radioastronomia procura por uma inteligência que esteja se comunicando conosco e ela só consegue mapear o universo em um raio de 60 anos-luz. Segundo as crenças dos seguidores de Tesla, por meio da comunicação instantânea todo o universo poderia ser mapeado.

Entretanto, Boris diz serem necessários R$ 150 mil para materializar esse sonho. Ele garante que uma fundação já se comprometeu a doar o terreno. Mas, para arrecadar fundos, mês passado ele transferiu o laboratório de Brasília para São Paulo e se mudou para lá com a intenção de comercializar o Instituto. Boris acrescenta que nos últimos cinco anos apareceram importantes parceiros russos querendo colaborar com uma tecnologia que irá potencializar o lançamento da descarga de corona via laser e que esta seria capaz de abastecer veículos aéreos, terrestres e espaciais (isso mesmo que você leu: espaciais).

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