CIDADE
Pratique Lago Paranoá Pedro Wolff
CIDADE
Trânsito no lago Outra
iniciativa
interessante
merecedora de destaque é o Projeto Ocupe o Lago. Um dos responsáveis pelo projeto é o designer Tony Lopes, 34 anos. Ele conta que a ideia nasceu de pessoas que utilizavam o lago para esportes náuticos ou para o lazer em sua margem e viram a necessidade de ocupar de maneira mais humana o espaço. “O que grupo deseja é criar uma política de delimitação da área de lanchas e jet skis junto à Marinha e às administrações que são banhadas pelo lago”, explica Tony. O Projeto Ocupe o Lago nasceu há dois meses e é um ambiente composto por 61 pessoas de todas as faixas etárias e perfis econômicos
Dizem que sem ele não haveria vida em Brasília. Verdade ou mito, é uma benção em nossas vidas. Seja nos inesquecíveis luaus ou no dia a dia ensolarado. O lago é nosso, mas devemos cuidar dele. E não é brincadeira não, em breve ele abastecerá parte da população.
que
encontram
em
reuniões
já tem suas metas para o seguimento do projeto. “Teremos apoio com cotas
de
patrocínio,
plano
de
parceria onde quem colaborar vai ter uma contrapartida de visibilidade, cogitamos fazer um selo ambiental que
P
se
abertas à comunidade. E o pessoal
contemple
essas
parcerias”,
comenta Tony. edalinhos, SUP, vela, nado ou simplesmente
eles anzóis e outros objetos utilizados por pescadores e
Além disso, o grupo tem uma
uma esteira esticada para pegar sol. O Lago
frequentadores do local. Além disso, foi feito um trabalho
proposta de lançar em breve uma
Paranoá nos serve de inúmeras maneiras, mas
de preservação, com instalação de lixeiras e placas
loja virtual com objetivo de poder
alertando sobre a importância de manter o lugar limpo.
financiar o “Ocupe o Lago na Copa”.
devemos nos conscientizar de que ele depende de nós. Merecem destaque inúmeras iniciativas populares de conscientização para torná-lo sustentável, como, por exemplo, realizar mutirões de limpeza. Serve de exemplo o ocorrido no início de abril, na ARIE do Bosque, localizado na altura da QL 10 do Lago Sul. A ideia dos organizadores do projeto Praia do Cerrado foi de possibilitar a prática esportiva e recreativa do local e o fim de semana foi marcado pela retirada do mato alto e dos detritos perigosos para a saúde dos atletas, entre
Segundo um dos seus organizadores, o atleta Sérgio Marques, foram recolhidos em torno de 60 sacos grandes de lixo. “Somente nas margens, foram recolhidas, em média, 30 garrafas”, denuncia Sérgio. Ele prossegue dizendo que, após a realização do trabalho, foi possível perceber a revitalização do bosque, na busca de condições de receber os praticantes de diversas atividades esportivas como kitesurf, slack line, SUP, etc.
Na primeira edição do evento, em pontos diversos da orla do lago ocorreram
mutirões
de
limpeza,
tanto em terra como na água, com mergulhadores, aliados ao trabalho de
conscientização.
Na
ocasião
houve um abraço coletivo no meio do lago com uma banda em uma barca como meio de demonstração de amor e afeto pelo Paranoá. Outra batalha em que o grupo está engajado é contra a ocupação irregular das margens do lago, seja nas
6
famosas
pontas
de
picolés 7
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porque é muito cheio no fim de semana e ela não gosta “destes lugares onde o povo não respeita e suja. Então teria que ir para a Chapada ou Pirenópolis”. Aline diz também que prefere visitar o lago nos dias de semana, “porque infelizmente há pessoas que não respeitam o meio ambiente”, lamentou.
Captação de suas águas Já foi aprovado em portaria: em breve as águas do Paranoá servirão a população de mais uma forma. Com a licença prévia, a Caesb pode contratar financiamentos junto a órgãos do governo federal para iniciar as obras de captação de água no local. Estão previstos investimentos da ordem de R$ 460 milhões. Em cerca de 120 dias, a Companhia espera obter a licença de instalação. Segundo o presidente da Caesb, Célio Biavati Filho, o Sistema Paranoá será importante para completar o abastecimento de cidades da região leste do Distrito Federal, atendendo aos novos núcleos habitacionais em processo de
Praia do cerrado
consolidação em São Sebastião, Paranoá e Sobradinho I e II. “Ele vai permitir ainda a geração de excedentes para aumentar a disponibilidade hídrica em Planaltina, Brasília e Lago Norte”, acrescenta Biavati. Marco Peixoto
Ocupe o lago • Kazuo Okubo
O Sistema Paranoá terá capacidade para produzir até 2,1 metros cúbicos de água tratada por segundo em sua primeira etapa, sendo essa capacidade
instaladas pelos proprietários de mansões ou em
elevada para 2,8 metros cúbicos por segundo, na etapa seguinte de
construções predatórias e ilegais em suas margens.
implantação. A transformação do Lago Paranoá em manancial irá auxiliar na sua preservação, não interferindo no nível de água e mantendo seus usos
Para bom uso da população
múltiplos. Mas as vantagens vão muito além: menor desnível geométrico, gerando consumo mais baixo de energia, menor investimento no custo de
Os beneficiados de iniciativas como essas são toda
implantação e operação, comprovada qualidade da água e proximidade da
a população nas mais diversas esferas. Uma pessoa que
captação com os centros de consumo.
apoia essas ações e faz bom uso do lago é a empresária Aline Fernandes. Ela conta que seu contato com essas águas vem da mais tenra idade. Hoje, aos 30 anos, sua
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Marco Peixoto
atividade preferida é remar por pelo menos umas 3 horas pelo lago a bordo do SUP para no fim dar um pulo na água. “Desde criancinha eu me divertia nadando no lago ou velejando com os meus pais. Faz parte tanto da história da minha vida que meu filho João, de três anos, vive o mesmo caminho desde cedo”, conta. Mas, assim
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como pregam as mobilizações de iniciativa popular para uso do lago, Aline o usa não somente para atividade física, mas também para relaxamento e práticas meditativas. A atleta diz que outra atividade recorrente em sua vida é sentar na beira do lago na Ermida Dom Bosco e apreciar o belo pôr do sol. “São meus momentos de introspecção, reflexão e de sensação de paz em contato com a água”, filosofa. Nesse ritmo frenético de vida, a jovem enfrenta horas de trânsito para chegar ao trabalho e diz sempre arrumar de duas a três vezes na semana para – sozinha ou na companhia do filho – ver as águas. Questionada sobre qual seria a alternativa para o Paranoá, em dúvida, responde que o Parque Ecológico Água Mineral poderia servir. Mas tem suas ressalvas, 8
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