Quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Jornal de Brasília
ÁGUAS LINDAS
SAIBA
Morta com 17 facadas l Vítima tinha 18 anos. Suspeito é o ex-marido, com quem viveu por seis anos G Pedro Wolff pedro.wolff@jornaldebrasilia.com.br
covarde assassinato de uma jovem, ocorrido três dias após a comemoração do quarto aniversário da Lei Maria da Penha, deve servir de alerta à sociedade de que muita coisa ainda tem que ser feita para proteger as mulheres den-
O
tro de seus lares. De acordo com a polícia, às 11h da segunda-feira, Karen Cristina Bezerra Miranda, 18 anos, foi morta com 17 facadas por seu ex-companheiro de seis anos de relacionamento, o motoboy Rafael Rodrigues Neto, 24 anos. O homicídio foi na residência do casal, na Quadra 10 do Setor Santa Lúcia, em Águas Lindas de Goiás. A delegada da Mulher, Karen Duarte, do Ciops de Águas Lindas, disse que Karen queria terminar o relacionamento. Movido por ciúmes, seu ex-marido, Rafael, foi até a sua casa "para tirar satisfações". Houve uma discussão e ocorreu o crime. O casal tem um filho de três anos. A equipe de homicídios já havia ido à residência de Karen para apu-
BRAZLÂNDIA
Mendigo foi morto por pura maldade Apenas maldade. Esta é a principal hipótese trabalhada pela polícia para o espancamento, até a morte, de um mendigo, em Brazlândia, no Dia dos Pais. De acordo com a polícia, o principal suspeito é William Luiz de Souza, 29 anos. A vítima, Benedito Arcanjo Vargas, 52 anos, não possuía nenhum vínculo com o agressor, e foi morto apenas porque estava no local e na hora errados. Benedito Arcanjo morreu enquanto dormia, próximo a um quiosque, com outros dois companheiros, na Quadra 38 da Vila São José. Segundo os investigadores, três homens foram até o grupo, às 3h30 do dia 9 de agosto, e, sem motivo aparente, começaram a espancá-los no tórax e na cabeça com pauladas. Benedito foi o único que morreu. Seus dois companheiros foram encaminhados ao hospital com as faces desfiguradas. No local do crime ficaram os cinco pedaços de madeira utilizados para a barbárie. A morte gerou certo pânico na comunidade local. Muitos temiam que os assassinos pudessem ser jovens da própria cidade. O delegado Felipe Cocino, da delegacia de Brazlândia, conta que seus investigadores tiveram que aguardar os procedimentos cirúrgicos dos dois sobreviventes para colher deles o depoimento. De acordo com as vítimas, durante o espancamento foi dito pelos algozes: "Estamos de Saidão (da penitenciária). Vamos fazer e acontecer que não vai nos acontecer nada". A partir dessa informação, foram solicitadas à Secretaria de Se-
SEGURANÇA
"Estamos de Saidão. Vamos fazer e acontecer que não vai nos acontecer nada" Fala do assassino, no dia do crime
gurança Pública as fotografias de todos os beneficiários do último Saidão, que eram moradores de Brazlândia – 14 no total. "Mostramos as fotos às vítimas, e uma delas apontou, com presteza, que foi o William que lhes agrediu". William cumpre pena de 15 anos e quatro meses pelos crimes de tráfico de drogas e furto. Ele goza do benefício de semiliberdade há quatro meses, dois anos e sete meses depois de cumprir pena em regime fechado. Ele ficou em liberdade das 10h do dia 6 desse mês até o dia 9, no mesmo horário. O homicídio e os dois atentados ocorreram na madrugada do dia em que ele se apresentou ao Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no SIA. Felipe Cocino disse que o mandado de prisão temporária de 30 dias foi cumprido no CCP, na segunda-feira. Os agentes irão fazer diligências para chegar ao nome dos outros dois envolvidos.
rar o crime quando, no final da tarde, Rafael ligou para os investigadores e disse que estava disposto a se entregar. Agentes do Ciops o encontraram na BR-070, quando ele retornava do Distrito Federal. Na delegacia, Rafael disse que só falará em juízo, mas a delegada já colheu depoimentos de seus parentes, que confirmaram o crime, e de testemunhas que o viram entrando e saindo da residência. Karina Duarte disse que Rafael chegou a seu primo, dizendo que fez uma besteira. A delegada irá abrir outro inquérito para saber se Rafael cometeu o crime de estupro de vulnerável, já que, na época do casamento, Karen tinha menos de 14 anos. A delegada afirma que a morte de
Karen poderia ter sido evitada. É o que deduz pelos depoimentos que colheu de testemunhas. Segundo elas, nos últimos meses, as ameaças de Rafael eram constantes, sendo que ele chegava a dormir com uma faca debaixo do colchão. "Ela nunca registrou uma ocorrência sequer. As mulheres precisam de coragem para enfrentar essa situação porque se calarem um mal maior pode acontecer, como este". Rafael alegou que agiu em legítima defesa porque a mulher o teria atacado primeiro com uma faca.
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A Lei Maria da Penha criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
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