MEIO AMBIENTE
Multiplicadores
da questão ambiental Por Pedro Wolff Fotos: LIMPA BRASIL
O Instituto Limpa Brasil avança um passo no trabalho de educação ambiental após fechar com a Unesco um programa de meditação que terá como piloto as escolas públicas do Distrito Federal
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MEIO AMBIENTE
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m i s s ã o é nobre: promover a educação ambiental sobre o descarte dos resíduos sólidos criando e gerando renda às cooperativas. E a necessidade é gritante, vistas as consequências geradas pelo desrespeito ao meio ambiente. Este é o foco do Instituto Limpa Brasil, que há quatro anos trabalha essa questão nas escolas públicas do Brasil e já conta com mais de 180 mil voluntários. Agora, o Instituto irá começar uma nova fase dentro do conceito da cultura de paz. A ideia, concretizada no final de outubro após reunião com a presidência da Unesco e com o espiritualista Sri Prem Baba, terá 50 escolas do Distrito Federal como piloto de modelo a ser implantado no País. As escolas servirão como ponto de coleta de resíduos sólidos e os alunos realizarão um minuto de silêncio para meditação interna, trabalhando nas crianças o amor à natureza, o respeito ao amigo e ao meio ambiente. Além desse trabalho, entre os dias 17 e 22 de novembro haverá na cidade 63 pontos de coleta de material reciclável para fechar o ano pelo projeto “Limpa Brasil – Let’s do it!”. A coordenadora geral do Instituto, Marta Rocha, diz que o desafio de criar uma cultura correta de descarte que atenda as populações tanto nas questões sanitárias,
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quanto na distribuição de renda é imenso no Brasil. “Não é por conscientização o fato de o Brasil ser premiado internacionalmente pela reciclagem de latinhas, mas sim como um recurso dos catadores para fugir da miséria”. Avançando na discussão, a sócio-fundadora do Limpa Brasil diz que o modelo de indústria sustentável em voga hoje em dia ainda concentra a renda nas mãos de poucos. A real necessidade é o investimento em cooperativas de reciclagem e a extinção dos modelos de lixões vigentes para aterros sanitários. Isso se faz necessário, porque as mazelas causadas pelo lixo, antes restritas às camadas mais pobres da população, já atingem a sociedade como um todo. Dessa maneira, o trabalho desenvolvido pelo Limpa Brasil já comemora vitórias na conscientização nestes quatro anos. Um exemplo é o dos catadores, que tinham vergonha de ir até as escolas dos filhos. “E eles foram colocados em uma posição diferente, vão à televisão dar entrevista como multiplicadores da questão ambiental”. Marta cita que mais de 3,2 toneladas de lixo foram transformadas em renda nesse período e o Instituto consegue dar para algumas cooperativas de uma só vez o que levantariam em seis meses de coleta. Mesmo diante desses números positivos, a coordenadora geral do Instituto fala da dificuldade em promover a reciclagem no Brasil, primeiro pela capacitação em educação ambiental dos professores das escolas públicas. Outro fator é que, diante das intempéries observadas, o Instituto Limpa Brasil optou – por questões estratégicas – por focar suas ações em cinco capitais (Brasília, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro e Fortaleza), onde se encontram comunidades mais engajadas e menor resistência. O objetivo é que Porque é um programa de essas cidades possam se tornar Estado e não de Governo, visto indicadores, ou que a destinação adequada seja, tornem-se do lixo é uma política pública utilizáveis como vital à saúde pública e cenário “métrica de mensuração”, no de cidade suja é reflexo de não sentido de medir prosperidade. a importância do programa nas comunidades locais, bem como na limpeza dos bairros.
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Por fim, Marta Rocha diz que o trabalho exercido pelo Limpa Brasil, apesar das dificuldades, segue com força diante de sua importância. “Porque é um programa de Estado e não de Governo, visto que a destinação adequada do lixo é uma política pública vital à saúde pública e cenário de cidade suja é reflexo de não prosperidade”.
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