RAUL CÓRDULA pinturas 1994
RAUL CÓRDULA pinturas 1994
UMA QUALIDADE DE VIBRAÇÃO: RAUL CÓRDULA Fernande SCHULMANN - Crítica de arte - AICA FRANÇA - Paris, março, 1999
Artista já conhecido no Brasil, participou de bienais de arte, exposições coletivas e individuais na França e em outros países da Europa. Para melhor compreensão de sua carreira, é importante lembrar o papel do Brasil na América latina. Maior país do continente sul, é berço de criação artística original e diversificada que vai do barroco colonial à arquitetura do Século XX, de pinturas rupestres do nordeste - que influenciaram durante muito tempo o trabalho de CÓRDULA - aos poemas épicos dos “bandidos de honra” (cangaceiros), etc. Talvez seja à tripla composição índia, africana e européia que este povo deve seu imaginário singular no qual o muito conhecido Carnaval é apenas uma tênue ilustração. Seja como for, não se deve ceder à tentação simplista de relacionar os artistas desta parte do mundo a influência de escolas européias. Em se tratando do trabalho de CÓRDULA, pode-se apenas evocar um leve parentesco com os cinéticos latino-americanos, ainda que estes se preocupem preferencialmente com o movimento e o desenrolar das figuras, enquanto que ele reduz o essencial à uma qualidade de vibração. Nascido em 1943 no estado da Paraíba, Raul CÓRDULA formou-se no Rio de Janeiro. Dotado de curiosidade multiforme, interessou-se pelos aspectos mais variados do campo plástico - inclusive pesquisando sobre o artesanato - e até à joalheria. Tudo isso sem excluir inúmeras outras funções tais como: professor universitário, curador, diretor de vários organismos e fundações, tendo sempre se destacado por sua competência.
Depois de muitas andanças, fixou-se perto de Recife, em Olinda, pequena cidade antiga e preservada - onde cria sua obras com lenta obstinação - Não se trata, de uma criação de estilo desordenado, mas, sobretudo, de um trabalho de aprofundamento da sua dinâmica interior. Sua produção, e particularmente a mais recente já qualificada como «novas geometrias», reconduz a uma série de encaixamentos de cores esplendorosas, sabiamente emparelhados. Existe, no trabalho deste artista, uma constante e única obsessão de equilibrar valores e volumes, totalmente descompromissada com toda preocupação decorativa. Suas telas, constituídas de grandes superfícies planas luminosas que se ajustam e se incrustam umas nas outras, apesar dos inúmeros ângulos, demonstram uma suavidade que se aproxima da ternura. Basta contemplar uma delas para perceber tal envolvimento. O que sugere o trabalho deste pintor, nunca fácil, porem, evidente, é enfim, uma forte relação com o sonho colorido de sua terra.
UNE QUALITÉ DE VIBRATION: RAUL CÓRDULA Fernande SCHULMANN - Critique d’art - AICA FRANCE - Paris, mars 1999
L’artiste que nous accueiltons aujourd’hui ne nous est pas inconnu; réputé chez lui, il a en effef déjà participé en France, et ailleurs en Europe, à plusieurs biennales et expositions collectives, sans compter quetques présentations individuelles. A son propos, il faut insister sur 1’importance du Brésil en 1’Amérique latine, ce pays, le plus vaste du continenf sud, éfant le lieu d’une création aussi spécifique que diversifiée. Ceio va du baroque colonial à 1’archifecture du XXo siècle, des peintures rupestres du Nord-Est - lesquelles impressionnèrent durablement CÓRDULA - aux récits épiques des «bandits d’ honneur» (cangacei- ros), etc. Peut-être est-ce à sa triple composante indienne, africaine et européenne, que ce peuple doit son imaginaire singulier dont les Carnavais, ne seraient qu’une illustration. Quoiqu’il en soit, on ne cèdera pas à la tentation simpliste de rattacher les artistes de cette partie du monde à fel ou fel mouvement européen. En ce qui concerne CORDULA, à peine pourrait-on évoquer une vague parenté avec les cinétiques latino-américains, encore que ceux se soucient davantage de mouvement et de déroulement, tandis que celui-la réduit 1’essentiel à une qualité de vibration. Né en 1943 dans 1’éfaf de Paraiba, Raul CÓRDULA, fut formé à Rio de Janeiro. Cet homme doué, à la curiosité multiforme, s’est intéressé aux aspects les plus variés du champ plastique - artisanat inclus - et jusqu’ à la joaillerie. Ceei n’excluanf pas des fonctions de responsabilité : enseignant, conservateur de musée, administrateur de divers organismes etfondations, dans lesquelles les aptitudes de cet universitaire firent merveille.
Après quelques errances, il s’est fixé près de Recife, dans la petite ville ancienne et préservée d’Olinda - C’est là désormais qu’il réside, oeuvrant dans une obstination lente - II ne s’agit en effet jamais pour CORDULA de création désordonnée, mais plutôt d’un approfondissement de sa dynamique intérieure. La production de ce peintre et, en particulier la plus récente, qualifiée de “nouvelles geométries”, se ramène à une série d’embo?tements, aux couleurs éclatantes et savamment appariées. II y a, chez cet artiste, une constante et unique obsession d’équilibrer les valeurs et les volumes, dans une manière étrangère à toute préocupation décorative. Ses toiles, constituées de grands a-plats lumineux qui s’ajustenf, et dirait-on, s’incrustent les uns dans les autres, requièrent toute 1’attenfion du spectateur et, malgré leur angularité, recèlent beaucoup de souplesse, et souvent même, de tendresse. II suffit de s’affarder devant l’une d’elles pour s’en persuader. Ce que suggère le travail, jamais facile et toujours évident, de ce peintre, c’est enfin une relation forte avec le rêve coloré de sa ferre.
EINE GANZ BESONDERE SCHWINGUNG. RAUL CÓRDULA Fernande SCHULMANN - Kunstkritikerin - AICA FR - Paris, 1999
Ein ín Brasilien sehr bekannter Kúnstler, der an verschiedenen Biennalen, Gemeinschafts und Individualausstellungen in Frankreich und anderen Europãischen Lèndern fellgenommen hat. Um seine Karriere besser verstehen zu kõnnen, ist es notwendig, sich die Stellung Brasiliens in Lateinamerika in Gedàchtnis zu rufen. Das gròsste Land des súdlichen Konfinents ist die Wiege der ursprúnglichen Gestaltung der Kunst, gleichzeitig abwechslungsreich, vom Kolonialbarock bis zur Architektur des 20. Jahrhunderts, von den Felsinschriften des Nordostens - welche longe Zeit die Arbeit Córdulas beeinfíusst haben bis zu den epischen Dichtungender „ehrenwerten Banditen“ (cangaceiros). Vielleicht ist es die Mischung aus den drei Komponenten: Indien, Afrika, und Europa, der dieses Volk seine einfache Imaginafion, in der der Karneval nur eine leichte Verdeutlichung darsfellt, verdankf. Wie dem auch sei, man darf nicht der simplen Versuchung nachgeben, die Kúnstler dieses Teils der Welt mit dem Einfluss der europãischen Kunstschule zu verbinden. Bei der Auseinandersetzung der Arbeit von Córdula kann man sich an eine nur leichte Verwandschaft mit lateinamerikanischen Kinetikern erinnern, auch wenn diese sich bevorzugt um die Bewegung und die Entwicklungder Figuren sorgen, wãhrend er auf das Essentielle reduziert- auf eine besondere Schwingung. Geboren 1943 im Bundesstaat Paraíba, absolvierte er seine Ausbildung in Rio de Janeiro. Begabf, von einer schier unerschõpflichen Neugier, interessierte er sich fúr die verschiedensten Aspekte der
Kunst, einschliesslich Untersuchungen von Kunsthandwerk, bishin zum Schuckdesign. Dies alies, ohne andere Funktionen ausser acht zu lassen, die da waren: Professor an Universitãten, Kurator, Direktor von verschiedenen Organen und Stiftungen, immer seine Kompetenz unter Beweis stellend. Nach vielen Wanderungen fixierte er sich bei Recife, in Olinda, einer kleinen historischen und denkmalgeschútzten Stadt, wo er sich seine Arbeiten mit einer sanften Hartnackigkeit widmet Er kreirt keinenungeordneten Stil, sondern eine Arbeit, die tief in seinem dynamischenlnneren entsteht. Seine Produktionen, insbesondere die júngeren Datums, sie wird schonals neue Geometrie eingeordnet, ergibt eine Serie von Verschachtelungen von strahlenden Farben gekonnt zusammengefúgt. In der Arbeit des Kúnstlers gibt es eine standige und einzige Besessenheit Werte und Grõssen anzugleichen, vóllig kompromisslos, mit aller Besorgnis auf der dekorativen Wirkung. Seine Leinwànde, mit Darstellungen von grossen, ebenen, leuchtenden Flachen, sich anpassend, sich eine in der anderen verkrusfend, demonstrieren, trotz der unzãhligen Blickwinkel eine Sanftheit, die sich der Zãrtlichkeit nahert. Es reicht, eine Arbeit anzusehen um diese Verwicklung zu erkennen. Was die Arbeit dieses Mahlers, nie einfach, jedoch offenkundig suggeriert, ist letztlich eine starke Bindung an den bunten Traum seiner Erde.
Raul Córdula Campina Grande, Paraíba, Brasil, 1943 A pintura é seu principal meio de expressão. Além de artista, ele exerceu cargos e cumpriu tarefas oficiais na área cultural, tais como: •
Diretor fundador do Museu de Arte Assis Chateaubriend da Universidade Estadual da Paraíba - MAAC (1 967);
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Participante, como observador da Rede Globo de Televisão, da 9° Conferência Mundial de Artesanato realizada no México pelo World Craft Council (Conselho Mundial de Artesanato), ONG filiada à UNESCO na categoria A (1976);
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Representou no Brasil o Conselho Mundial de Artesanato (1981/86);
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Secretário Geral do III Saião de Arte Global de Pernambuco - O Artesanato e o Homem. Recife, 1 976 (promoção Rede Globo Nordeste);
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Supervisor da Casa da Cultura de Pernambuco (1977/78);
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Coordenador do Núcleo de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba - NAC/UFPB (1978/85);
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Professor de História da Arte e Fundamentos da Linguagem Visual nos cursos de Educação Artística e Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Artes do CCHLA da UFPB (1 978/88);
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Diretor Artístico e Diretor Técnico da Oficina Guaianases de Gravura, em Olinda (1982/84);
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Diretor de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Fundação Espaço Cultural da Paraíba - FUNESC (1997/98);
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Membro da Comissão Nacional de Artes Plásticas da FUNARTE, responsável pela coordenação do Salão Nacional de Artes Plásticas (1 986/88);
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Integrante do 1° Simpósio Nacional de Artes Plásticas promovido pela FUNARTE, evento paralelo ao IV Salão Nacional de Artes Plásticas
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Responsável pela implantação, no Brasil, da Associação Cultural Le Hors Là, de origem Marselhesa, nas cidades de Recife, João Pessoa, Salvador e Curitiba (esta associação produziu um intenso intercâmbio entre artistas brasileiros e franceses entre 1 991 e 1 997, promovendo mais de 30 eventos como exposições, instalações, trabalhos artísticos coletivos e debates sobre a mestiçagem comum às nossas culturas);
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Em 1994 foi contratado pelo Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM-BAHIA, para coordenar a implantação do Salão MAM- BAHIA de Artes Plásticas;
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Membro da Comissão de Seleção e Premiação do 4° Salão MAM-BAHIA de Artes Plásticas;
Realizou exposições individuais e coletivas, e participou de salões de arte em diversas galerias e instituições culturais de várias cidades, tais como: João Pessoa (Galeria Gamela, Galeria Archidy Picado, Escritório de Arte, enter outras), Campina Grande (Museu de Arte Assis Chateaubriand), Cajazeiras, Recife (Galeria Artespaço, Galeria Pallon, Galeria Espaço Vivo, 3ó°Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, entre outros), Olinda (Oficina Guaianases de Gravura), Maceió, Natal, Fortaleza (Arte Galeria), Belo Horizonte (Museu da Pampulha), Tiradentes (Oficina de Gravura N.S. do O), Rio de Janeiro (Galeria Sérgio Milliet - FUNARTE, Escola de Artes Visuais), São Paulo (Galeria de Arte Global), Curitiba (Museu de Arte Contemporânea do Paraná), Caxias do Sul, Foz do Iguaçu, Brasília, Cuiabá (Museu de Arte Popular da Universidade Federal do Mato Grosso), Paris (Espaço Cultural da Embaixada do Brasil, Galerie Le Cube, Club de Press), Marselha (Association Le Hors Là), La Garde, Cagnes-Sur-Mer (23° Festival National da la Peinture), Bruxelas, Porto, Lisboa, Bienal de Valparaiso (Chile). Obteve vários prémios na área cultural, tais como: Salão Municipal de Belo Horizonte (Salão Mineiro - 2° Prémio de Desenho, 1964. Salão Mineiro (Menção Honrosa em Pintura, 1966). Salão da Arte Jovem (Medalha de Bronze Campinas SR 1969). 1° Salão de Arte Global de Pernambuco (Prémio MEC - Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, Olinda, 1974). 2° Salão de Arte Global de Pernambuco (1° Prémio [Viagem à Europa], Casa da Cultura de Pernambuco, Recife, 1 975); XXXVI Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (1° Prémio [Vicente do Rego Monteiro] e Prémio Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo do Estado [para o melhor conjunto de obras] em 1 982). Homenagem do 1° Festival Nacional de Arte - 1° FENART (1994). Sua obra pictórica é objeto de Tese de Mestrado, em 1 992, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela arquiteta e mestra em artes plásticas Eleine Bourdette.
Fotografia
Governo do Estado da Bahia
Elpídio Suassuna
César Augusto Rabello Borges
Tradução para o português
Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia
Risoleta Córdula
Paulo Gaudenzi
Tradução para o alemão
Fundação Cultural do Estado da Bahia
Jens Beüthner
José Augusto Burity
Assistência técnica
Museu de Arte da Bahia
Marcelo Samico
Heitor Reis
Projeto Gráfico Pedro Alb Xavier