Uma História Como Esta…
Capítulo I !Ӂ «Primeiro, o penúltimo…» Ӂ! Uma história como esta começa-se a contar, não pelo princípio, pelo preâmbulo ou pela introdução, mas sim pela última parte, pelo fim, pelo desenlace. Contudo, é preferível que, neste caso particular, se comece a contar pela penúltima parte. Ora, a penúltima parte carrega consigo o seguinte enredo: Depois de terminarem o jantar, três pessoas retiram-se da mesa: dois homens e uma mulher. Há conversa engraçada nas suas bocas para desassombrar de suas mentes o dia problemático que tiveram e isentar de seus sentimentos a raiva e o sentimento de vingança que poderiam advir. Na rua, a noite é iluminada pela lua e pelas estrelas foscas. Na casa em que eles se encontram, a noite é engrandecida pelo apagar das lâmpadas. Dirigem-se para os seus quartos. Deitam-se. Adormecem, e fazem-no profundamente. Enquanto o mundo onírico lhes oferece sonhos e cambiantes de pesadelos, o silêncio da casa é interrompido por batidas vindas do chão da sala. O grau de sonolência das três pessoas é superlativo; não despertam com as pancadas. No quintal, um visitante aproxima-se da casa. Não bate a porta, bate a parede com um martelo – bate-a com violência; parte-a, derruba-a. O estrondo é suficiente para que as três pessoas despertem em inquietação alarmante. O visitante entra para a casa e fustiga o chão da sala com o martelo, racha-o em ira comedida. Uma pequena porta aparece entre os escombros do chão flagelado. Abrea. Antes que possa ver o que ou quem está dentro da escavação, vira a sua atenção para os quartos das três pessoas. Dois deles tentam dar luta. Domina-os. Contudo, o outro dos três consegue esquivar-se e fugir por uma das janelas nas traseiras da residência. O sucedido enraivece o visitante, por isso, volta a derrubar as duas pessoas e, quando o seu intento se torna atacar o crânio destas, alguém lhe segura o braço. O alguém é um homem de barbas vestido de forma rústica – pele de animal é o que ele veste – e há uma mulher de cabelos longos ao seu lado vestida da mesma forma.
– Fica calmo, filho – diz o homem que interrompeu o intento do visitante. – Depois apanharemos o outro. Temos de nos contentar com o que temos aqui. – O que é que vocês querem connosco? – pergunta uma das pessoas dominadas. – Onde estão as boas maneiras? – demanda o homem de barbas. – É em malcriados que a minha descendência se transformou? Temos de nos apresentar primeiro. Chamo-me Adão. O nome da minha esposa é Eva. A tua pergunta… O que é que queremos convosco? Estamos aqui para vos fazer uma proposta irresistível. Pensem calmamente no que vamos vos oferecer…