2 Ø1 6
3 ª E DI Ç ÃO SÁBADOS 18 H ØØ
5 de março a 10 de dezembro
O desafio que lançámos à cidade de se revelar através de conversas semanais em torno do seu património deu origem a um dos nossos projetos mais ambiciosos. Com mais de 120 convidados e 60 sessões em dois anos, Um Objeto e seus Discursos por Semana inscreve-se hoje de forma particularmente viva na rotina cultural da cidade do Porto. Esta é uma iniciativa que, na sua simplicidade conceptual e frugalidade organizativa, conseguiu transformar-se num veículo peculiar de reativação patrimonial, de descoberta do território urbano e de ligação à nossa identidade cultural, passada e presente. Nesta terceira edição, complementamos o sistemático puzzle de histórias que foi sendo montado desde 2014 (através do património municipal e de grandes instituições da cidade), com objetos de natureza material e imaterial que estão no domínio privado. É desta forma que ao longo de 34 sessões entraremos em museus, bibliotecas e praias, mas também em associações, restaurantes e barcos; que falaremos de objetos museológicos e simultaneamente de ideias, valores e sabores; e que nos cruzaremos com convidados dos quadrantes sociais e dos saberes mais diversos – da ciência à pesca, passando pelas artes, pela gastronomia ou pela fé. Um Objeto e seus Discursos por Semana é conhecimento, inclusão e circulação. É uma experiência de cidade. De toda uma cidade que se projeta no futuro através do amor que nutre pela sua história. Rui Moreira Presidente da Câmara Municipal do Porto
Tripas “à moda do Porto”
05 Mar Cantina do Carvalhido - CMP Pedro Lemos, Carlos Tê, Joel Cleto Diz-se que o Infante D. Henrique, precisando de abastecer as naus para a tomada de Ceuta em 1415, pediu aos habitantes da cidade do Porto todo o género de alimentos. As carnes disponíveis foram então limpas, salgadas e acamadas nas embarcações, ficando a população sacrificada com as ditas miudezas. Foi com elas que os portuenses tiveram de inventar alternativas alimentares, surgindo assim as tripas “à moda do Porto”, que acabariam por se perpetuar e tornar num dos elementos gastronómicos mais característicos da cidade. Descubra quão rigorosa é esta lenda e o seu valor no Porto de hoje com dois nomes fundamentais da cultura da cidade. E, no fim, delicie-se com uma previsível surpresa.
Catálogo “Programa Cultural Porto 2001”
12 Mar Ga l e r i a M u n i c i pa l d o P o rto Pedro Burmester, Álvaro Domingues, Miguel von Hafe Pérez Porto Capital Europeia da Cultura foi há 15 anos. Convocando o pensamento dos seus ideólogos e comissários, retomamos um documento onde é fácil encontrar a filosofia programática de Paulo Cunha e Silva que a cidade homenageia a partir de dia 12 de março, na Galeria Municipal, com a exposição P. – a oportunidade de convocar a cidade para a festa, a convicção de que a programação funciona como revelador da cidade. “Pontes para o Futuro” é a vontade de criar comunicação entre territórios distintos inicialmente separados. É, depois, um exercício arrojado de atravessamento. A ponte é a transformação do desejo em realidade. Pontes são ligações.
“Visão de Tondale”, Hieronymus Bosch
“Os Lusíadas” ed. 1572
19 Mar At e n e u Co m e rc i a l d o P o rto Sofia Marques, Zulmira Santos, Paulo Lopes Perante o s no ss o s olho s uma raridade: a primeira edição de “Os Lusíadas”, datada de 1572, que faz parte do precioso acervo bibliográfico do Ateneu Comercial do Porto. Geralmente identificada por edição A, ou edição Ee, é hoje conhecida por edição “princeps”. No grandioso épico do povo lusitano – com dez cantos e 1102 estrofes, totalizando 8816 versos decassílabos – coexiste a ação das divindades pagãs e a tutela do sentimento cristão e da expansão da fé. Dois olhares distintos, a partir da literatura, do documentário, do teatro e do cinema, analisam as reverberações contemporâneas do poema fundador da nação.
02 Abr F u n daç ão M a r i a I sa b e l G u e r r a J u n q u e i r o e Lu í s P i n to M e s q u i ta C a rva l h o Maria José Goulão, Pe. Vasco Pinto de Magalhães, Inês Diogo Costa Num momento em que a autoria de obras atribuídas a Hieronymus Bosch pertencentes ao Museu do Prado é seriamente posta em causa, apreciemos esta pintura cuja assinatura não merece dúvidas. Está nela patente a obsessão de Bosch pelo tema do Inferno. Os êxitos terrenos do brilhante guerreiro irlandês Tondale (ou Tungdal) fazem-no esquecer Deus e a sua alma é disputada por espíritos imundos. Mas um anjo afugenta os demónios e promete ao cavaleiro que, depois de uma visita de três dias ao inferno, poderá voltar a viver com a missão de avisar os seus contemporâneos da sorte que espera os pecadores. Uma viagem ao além-mundo a partir da obra do mestre flamengo, um dos tesouros mais olvidados da nossa cidade.
“Relógio de ensaios”
Esquissos de viagem, Fernando Távora
09 Abr F u n daç ão I n s t i t u to M a r q u e s da S i lva Sérgio Fernandez, Nuno Sousa, Fátima Marinho Para o arquiteto Fernando Távora o desenho era a melhor forma de ver, tal como a viagem era um elemento fundamental de apreensão da realidade. O esquisso da Igreja do Bom Jesus de Valverde, realizado durante uma viagem de estudo a Évora com alunos do primeiro ano do curso de arquitetura, em julho de 1993, oferecido ao arquiteto Sérgio Fernandez, ilustra o ambiente e a configuração do espaço de uma forma única, aliando rigor e poesia. Será este o ponto de partida para uma conversa sobre os esquissos de viagem de Távora a ter lugar na Fundação Marques da Silva, instituição que acolhe a sua memória documental.
16 Abr C a sa da M ú s i c a Daniel Moreira, Teresa Paiva, António Jorge Pacheco Um relógio é sempre um relógio, uma máquina que marca o passar do tempo, milimesimamente ao mesmo compasso, independentemente da regência ou do andamento. Absorto no seu tique-taque, alheio ao movimento da batuta, surdo ao pulsar dos dedos sobre as teclas, o relógio de ensaios cumpre religiosamente a métrica do tempo programado, ordenando o caos de partituras, instrumentos e artistas, inflexível ao mais pequeno deslize ou atraso. Amado e odiado, o relógio de ensaios lança a discussão sobre o tempo na música, sobre o nosso tempo e o que fazemos com ele, envolvendo o diretor artístico da Casa, um compositor-investigador e uma especialista no sono e na vigília.
Cenografia “Casas Pardas”, Pedro Tudela
“Razão de Estado do Brasil”, ca. 1616
23 Abr B i b l i ot ec a P ú b l i c a M u n i c i pa l d o P o rto Gelson Fonseca Junior, João Garcia, Sílvio Costa Esta “Razão de Estado do Brasil” é a mais antiga cópia, entre as cinco conhecidas, de um atlas representando um território americano, o que lhe confere especial significado na história da cartografia. Diz respeito ao Brasil, mostrando assim a importância crescente deste novo mundo, dentro do agregado lusitano, em começos do século XVII. Este códice portuense faz agora 400 anos, é atribuído a João Teixeira Albernaz I e pertence ao valioso acervo da Biblioteca Pública do Porto. Ricamente ilustrado, releva o imaginário dos conhecimentos transatlânticos à época. Vêm apreciá-lo especialistas em cartografia e nas relações luso-brasileiras.
30 Abr M o s t e i r o São B e n to da V i tó r i a Nuno Carinhas, Pedro Tudela, Mónica Guerreiro Distinguido como melhor trabalho cenográfico pela Sociedade Portuguesa de Autores, a obra de Pedro Tudela para o espetáculo de teatro “Casas Pardas” (encenação de Nuno Carinhas, Teatro Nacional São João, 2012) encontra-se exposta e (re)visitável no Mosteiro S. Bento da Vitória, juntamente com outras cenografias marcantes da história do TNSJ. Finais de 1960, regime salazarista em patente declínio, sobressalto político e social: Elvira, Maria das Dores, Elisa e outras personagens habitam uma Lisboa em transição, descrita por Maria Velho da Costa e com adaptação dramatúrgica de Luísa Costa Gomes. Passado o espetáculo, convidamos cenógrafo e encenador a rememorar as muitas línguas e linguagens que se ouvem no português.
“Faina Fluvial no Douro”, Júlio Resende
Aniki Bóbó
07 Mai Fac u l da d e d e B e l a s A rt e s da U n i v e r s i da d e d o P o rto Francisco Laranjo, Maria Bochicchio, José Carlos Paiva No vasto e valioso espólio da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, encontramos uma pintura de Júlio Resende, “Faina Fluvial no Douro” (1962), que integra uma das provas de agregação para Professor da então Escola Superior de Belas Artes desta cidade. No misterioso e imponderável mundo da criação artística, propomos, a partir deste trabalho de um dos nossos pintores maiores, refletir sobre a arte, o mercado, o seu ensino e aprendizagem e a legitimação de criadores e artistas no meio académico.
14 Mai Aniki Bóbó / Café-Concerto Bruno Baldaia, Pedro Ayres de Magalhães, António Guimarães Situado na Ribeira (Rua da Fonte Taurina), era o espaço de referência da noite do Porto, frequentado por artistas, designers, músicos e outras figuras da cultura portuense, lisboeta e galega. Não é possível esquecer a gata preta que por lá deambulava, o sofá de baloiço pendurado no teto, o palco sobre o bar e o pátio exterior onde, por vezes, aconteciam inusitadas performances. O Senhor Guimarães (Becas para os amigos), programador luminoso, oferecia-nos noites de luxo. Ficam na memória, entre muitos, os concertos de Anamar, Rádio Macau, Pedro Abrunhosa & os Bandemónio, Radar Kadafi e os Madredeus, este último com um visitante inesperado: o Rio Douro. Fechou no verão de 2005, transferindo-se muita da sua clientela para o Bar Passos Manuel.
Leque
Homem do Leme
21 Mai Av e n i da d e M o n t e v i d e u Carlos Feixa, José Xavier, Nuno Ortigão Em plena Avenida de Montevideu, impante, ergue-se a estátua do “Homem do Leme”, escultura em bronze da autoria de Américo Gomes (1934). Admirável pelo seu movimento, expressão e carácter, este exemplar da escultura nacionalista monumental portuguesa presta homenagem aos pescadores, representados pelo homem que agarra vigorosamente um leme. A seu lado, olha-nos a praia do Homem do Leme, a primeira praia do Porto a ostentar Bandeira Azul. Nesta sessão falam-nos dela quem a estuda e quem a canta, mas também quem nela se revê.
28 Mai M u s e u R o m â n t i co da Q u i n ta da M ac i e i r i n h a Gabriela Moita, Katty Xiomara, Maria Manuela Neves Apreciado como acessório de moda e objeto de adorno, foi visto como símbolo de elegância, luxo e distinção. No século XIX, o seu poder de sedução foi descrito na chamada “linguagem do leque”, um complexo sistema de posições e gesticulações que possibilitavam a passagem de mensagens entre elementos da corte. Ao longo dos tempos, assumiu funções distintas do primordial refrescamento, adquirindo formas e tamanhos múltiplos; enriquecido com materiais nobres, transforma-se inclusivamente em autêntico objeto de arte. Uma conhecida especialista da área da sexologia, e outra da moda, discutem a sua utilidade e semiótica na história do ocidente e do oriente.
Escultura de Ângelo de Sousa
04 Jun To r r e d o B u r g o Nuno Faria, Joana Lia Ferreira, Eduardo Souto de Moura “Sem título”, escultura em ferro pintado da autoria de Ângelo de Sousa (1938-2011), está integrada no espaço fronteiro ao edifício Burgo, na Avenida da Boavista, um projeto do arquiteto Eduardo de Souto Moura (Prémio Pritzker 2011). O Porto era a sua cidade e trabalharam juntos por diversas ocasiões (recordemos o famoso espelho que conceberam para a representação portuguesa à Bienal de Veneza, em 2008). Composta por seis painéis em chapa metálica pintada, ligados entre si por curvas de pequeno raio, a escultura foi adaptada a partir de uma maqueta realizada pelo artista em 1970. Consoante o ângulo de observação, proporciona múltiplas perspetivas. A arte e a arquitetura vão estar em diálogo, necessariamente, nesta sessão.
Manjerico
11 Jun V i v e i r o M u n i c i pa l Cristina Azurara, Luis Alves, Filipe Araújo Originário da Índia, o manjerico é uma planta muito popular no Porto, sobretudo na altura das festas de São João, onde é vendido em vasos, por toda a parte. Também é chamada de erva dos namorados pois é oferecida por estas alturas entre pares, incluindo o vaso muitas vezes um papelzinho colorido com rimas previsíveis e brejeiras. As suas folhas são comestíveis, comportando-se como um excelente repelente de insetos. Para nosso desencanto, raramente resiste de um ano para o outro, vá-se lá saber porquê. Os viveiros municipais do Porto, que hoje nos acolhem, produzem cerca de 5000 manjericos por ano.
Sanitários Públicos Biombo “Histórias de coelhos”, Aurélia de Souza
18 Jun Casa Museu Marta Ortigão Sampaio Marta Madureira, Isabel Barros, Isabel Andrade A modernidade deste biombo resulta da inteligência subtil da artista, que transmite a realidade através de um penetrante olhar, talvez inspirada nas histórias de Beatrix Potter (de quem também se assinala este ano o 150º aniversário do nascimento). Eis uma cena familiar com coelhos, em formato tríptico: a mãe ensina um bebé a andar, enquanto o outro filho, que se lhe agarra às fitas do avental, brinca. Sentado à porta de casa, o pai folheia o jornal “El Imparcial”. Uma ilustradora e uma coreógrafa com especial ligação às marionetas debatem esta história doméstica, no seio de outras obras marcantes da celebrada pintora em exposição alusiva.
25 Jun Ja r d i m d o Pa s s e i o A l eg r e Alexandra Trevisan, Pedro Barbosa, Cristina Pimentel Com paredes e chão decorados com belíssimos azulejos e mosaicos no mais puro estilo “arte nova”, estes sanitários serão, porventura, dos poucos a merecerem ser visitados pelo seu interesse estético e patrimonial. Foram construídos em 1910, num tempo em que a burguesia do Porto ia a banhos à Foz do Douro e convivia no Passeio Alegre, um passeio público onde se atualizavam as últimas da política e da má-língua. Conheça as histórias e curiosidades destes sanitários públicos, ainda hoje à nossa disposição, com especialistas na história da cidade, da higiene e da arte.
Barco Rabelo
02 Jul Ba r co R a b e lo - São Telmo Gilberto Gomes, Francisco Olazabal, Manuel Cabral As embarcações típicas do Rio Douro asseguravam o transporte das pipas de vinho do Porto do Alto Douro, onde as vinhas se localizam, até Vila Nova de Gaia, onde o vinho seria armazenado e posteriormente comercializado. Com a conclusão, em 1887, da linha de caminho-de-ferro do Douro e o desenvolvimento das comunicações rodoviárias durante o século xx, o tráfego fluvial assegurado pelos barcos rabelos entrou em declínio. Contudo, permanecem na memória coletiva da região e são revisitados pelo turismo e pela famosa regata do São João, que se realiza anualmente na manhã do dia 24 de junho. Um historiador de transportes analisa a evolução destes barcos e o seu contributo para a economia do vinho, acompanhado por profissionais do sector vinícola.
Claraboia
09 Jul C a sa d o V i n h o V e r d e Paulo Gaspar Ferreira, Francisco Barata, Manuel Pinheiro A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes está instalada num palacete da Rua da Restauração, construído para residência do Visconde Silva Monteiro, um comerciante liberal que enriqueceu no Brasil. Aqui podemos apreciar, sobre a caixa de escada, uma bela e grande claraboia, rodeada de soberbos estuques com motivos mercantis e de várias pinturas sobre o Porto. Da morada de ricos burgueses a sede de uma instituição, o tempo passou sob a claraboia iluminando encontros e conversas, transformando-a num objeto de atração para um fotógrafo e um arquiteto em diálogo com o dono da casa, na sala de estar do Vinho Verde.
Placa de Homenagem a Mário Cláudio
“Olh’a Batatinha”
16 Jul Praia do Ourigo César Freitas, João Teixeira Lopes, Brogueira Dias A praia era assaltada por um pregão mágico, ansiado, quase libertador: “Olh’a batatinha, olh’o picolé fresquinho”. A criançada interrompia as suas brincadeiras estivais e rodeava freneticamente o vendedor, imaculado na sua farda branca. Uma olhadela estratégica, na espera ansiosa de um olhar de assentimento da mãe ou da avó. No dia seguinte, à mesma hora, o ritual era o mesmo. Terá hoje, o vendedor das batatinhas e dos gelados, o mesmo encanto? Uma boa conversa sobre este tema, em plena Praia do Ourigo, com quem conhece por dentro e por fora esta tradição das praias do norte. Traga toalha e (porque não?) bronzeador.
03 Set B i b l i ot ec a M u n i c i pa l A l m e i da Ga r r e t t José Joaquim Gomes Canotilho, Maria do Carmo Serén, José Alberto Pinheiro Depois de Vasco Graça Moura (2014) e Agustina Bessa-Luís (2015) é chegada a vez de Mário Cláudio, nome maior da literatura portuguesa, se juntar aos ilustres escritores representados simbolicamente na Avenida das Tílias que, pouco a pouco, se vai transformando na Alameda dos Escritores. Prémio Pessoa e Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, entre tantas outras distinções, Mário Cláudio é autor de uma obra vasta e complexa, na qual se ingressa por diversas vias, sendo a originalidade dos seus escritos biográficos uma das mais cativantes. Esta sessão realiza-se em torno da vida e da obra do romancista, poeta e ensaísta homenageado pela Feira do Livro do Porto de 2016.
Incunábulo “Hypnerotomachia Poliphili”
10 SeT Ga l e r i a M u n i c i pa l António Martins da Silva, José Bártolo, Fernando Pinto do Amaral Exemplo paradigmático da prototipografia europeia renascentista e um dos mais belos livros ilustrados de quatrocentos, este incunábulo constitui um tesouro por si só. A autoria é creditada, por um acróstico no texto, a Francesco Colonna, destacando-se também as magníficas xilogravuras atribuídas a Benedetto Bordone. Esta rara obra, impressa na oficina tipográfica do célebre humanista Aldo Manuzio, apresenta curiosas manifestações de censura em algumas gravuras. Desvende um dos valiosos tesouros da nossa Biblioteca Pública, na companhia do comissário de uma das exposições mais aguardadas do ano e de dois conhecidos especialistas nas histórias que este incunábulo tem para nos contar.
Capela de Carlos Alberto
17 Set C a p e l a d e C a r lo s A l b e rto Angelo Arena, Isabel Stilwell, Luís Cabral Localiza-se nos Jardins do Palácio de Cristal e foi construída no final do século XIX, por iniciativa da princesa Augusta de Montlear, em memória do seu irmão, o Rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, que tanta presença preserva na toponímia da cidade. Carlos Alberto quis unificar sob o seu ceptro toda a Itália, mas teve que se vir exilar ao Porto, em 1849, depois de ter sido derrotado pelos austríacos. Inicialmente instalado no Palacete dos Viscondes de Balsemão, viria a falecer na Quinta da Macieirinha. Descubra detalhes históricos e lendários da sua estadia no Porto e, como estamos em ambiente de Feira do Livro, outras histórias de reis e rainhas perdidos no exílio.
Porta gótica da Crasta Velha da Sé Escrivaninha de Gustave Eiffel
24 Set Pa l ác i o da B o l sa Jorge Delgado, João Magalhães, Nuno Botelho Gustave Eiffel, que viveu em Barcelinhos entre 1875 e 1877, manteve um gabinete de trabalho no Palácio da Bolsa, com vista para o tabuleiro superior da Ponte D. Luís I, “a tal” que ele não construiu. O gabinete do engenheiro tornado arquiteto, de onde acompanhou a obra da Ponte Maria Pia, guarda um aparador com uma máquina de escrever e um selo branco, alguns quadros nas paredes, cartas que lhe foram dirigidas e a escrivaninha que é objeto desta sessão e que terá sido o berço de várias outras pontes (em Viana do Castelo, Barcelos ou Pinhão). Os convidados, especialistas em engenharia civil e em mobiliário deste período, deixar-se-ão interpelar pela memória do trabalho e do pensamento de Eiffel.
01 Out Ja r d i n s da C a sa M u s e u Guerra Junqueiro Domingos Tavares, Tiago Azevedo Fernandes, Isabel Osório A crasta velha – ou claustro velho – da Sé localiza-se a sul da atual sacristia, junto ao local onde outrora se implantaria a primitiva basílica, sede da diocese criada em finais do século VI. Neste segundo claustro, que foi cemitério na época medieval, existe uma porta em arco gótico que comunicava com a artéria que outrora circundava o complexo catedralício. Cortada a rua no século XVIII, sobrevive o atual Beco dos Redemoinhos, de acesso condicionado. A porta gótica permaneceu “pendurada” na parede da crasta, uns metros acima do atual nível de ocupação dos jardins. Os segredos que esconde, perscrutados aquando da remodelação da Casa Museu Guerra Junqueiro nos anos 1990, ser-nos-ão agora desvendados.
Comboio miniatura
08 Out E s taç ão d e S . B e n to José António Tenedório, José Carlos, Maria Emília Pinto Pires É no interior da Estação de São Bento, uma das mais belas e fotografadas do mundo, que podemos apreciar a miniatura de um comboio a vapor, cujo funcionamento é acionado através da introdução de uma moeda de um euro. O exemplar é propriedade do Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã, tendo sido construído nas oficinas gerais da CP para estar patente na Exposição do Mundo Português em 1940. Para este debate evocativo dos 100 anos da inauguração da estação, juntamos em São Bento um geógrafo e um ferroviário.
Salada de frutas do “Ernesto”
15 Out R e s tau r a n t e O E r n e s to Isabel do Carmo, Pedro Barateiro, Reinaldo Pereira No número 85 da Rua da Picaria serve-se, a crer na crítica gastronómica da imprensa, a melhor salada de frutas do Porto. Falamos de uma festa de, pelo menos, onze frutos. A contar: ananás, pêra, manga, kiwi, morango, pêssego, framboesa, ameixa, uvas, melão e laranja. Recebe-nos “O Ernesto”, casa fundada em 1938 e mantida em família até aos dias de hoje. Um improvável painel junta especialistas (na teoria e na prática) em arte contemporânea, nutricionismo e restauração para nos falar do exótico e de fruta. Atreva-se a prová-la no fim.
Café Rialto Estatueta “Unidos faremos um Académico maior”
2 2 OU t Ac a d é m i co F u t e b o l C lu b e Helder Pacheco, José Pedro Sarmento, Sílvio Cervan O tema desta sessão – “Unidos faremos um académico maior” – é simbolizado na estatueta ilustrativa do “esforço academista”, trazida por uma delegação de hoquistas do Académico Futebol Clube na sequência de uma deslocação à América do Sul, em novembro de 1952. A comitiva então chefiada por Mário de Carvalho efetuou naquele continente vários jogos de exibição. Nos dias de hoje, este troféu é apresentado aos jovens atletas do centenário clube como símbolo do espírito de equipa, da construção, do trabalho coletivo e da solidariedade. Acolhe a sessão o Palacete do Lima, “casa” que esteve na origem dos mais variados desportos na cidade do Porto.
29 Out M i l l e n n i u m B C P - Sá da Ba n d e i r a Laura Castro, Germano Silva, Fernando Nogueira Inaugurado em dezembro de 1944, o café Rialto foi concebido por Artur Andrade, o arquiteto do cinema Batalha. Tinha murais de Abel Salazar, Dórdio Gomes e Guilherme Camarinha e era frequentado por gente da cultura, da literatura e das artes. Nas décadas de 1950-60 foi local de reunião de uma geração de poetas contestatária do Estado Novo – Egito Gonçalves, Daniel Filipe e José Augusto Seabra, entre outros. Encerrado em 1972, tornou-se propriedade do Millennium bcp, conservando, no entanto, dois dos frescos que decoravam o antigo café. Descubra quais, pela voz de quem melhor os conhece, e aproveite para escutar algumas das suas imperdíveis histórias.
Célula fotovoltaica do telescópio espacial Hubble
Jornal “Metro”
05 Nov C a sa da s A rt e s António Eça de Queiroz, Nuno Abrunhosa, João Gesta Nasceu no ano de 1987, pela mão de Nuno Abrunhosa e Luís Fontes. Ao virar da página, um hálito a modernidade. Cada passo em falso do nosso espírito encontrava o “Metro” pela frente. Não era um jornal, era um ajuste de contas, uma ideia inovadora, vanguardista e genial, que outros copiaram muito mais tarde. O “Metro” foi sempre futuro. Era a bíblia da peregrinação noturna da cidade. Era, como se disse num dos seus últimos editoriais, um vulcão imprevisível nas suas falsas letargias, nas suas fatais erupções. Tal como as Maybe Airlines jugoslavas de então, nunca se sabia quando partia, mas partia sempre cheio. Partiu de vez em 1996.
12 Nov P l a n e tá r i o d o P o rto Orfeu Bertolami, Rui Toscano, Daniel Folha Em abril de 1990, o telescópio Hubble foi lançado para o espaço pelo vaivém Discovery, até se fixar a 550 km de altitude, numa órbita de 96 minutos em torno da Terra. O telescópio capta luz visível e infravermelha: vendo para lá da nossa galáxia, tem possibilitado descobertas e avanços astronómicos gigantescos. É inclusivamente considerado um dos principais responsáveis pela popularização da ciência. A célula fotovoltaica em torno da qual se desenrola esta conversa integrava um painel solar e foi recolhida do Hubble numa das visitas da NASA para manutenção e substituição de equipamentos. Um artista plástico particularmente interessado na evolução das civilizações e um perito em cosmologia conduzem-nos nesta viagem espacial.
“Em que pensas? No tempo todo”, Álvaro Lapa
Túmulo de Nicolau Nasoni (?)
19 Nov Ig r e ja d o s C l é r i g o s Eugénia Cunha, Giovanni Tedesco, Pe. Américo de Aguiar As obras de restauro na Igreja dos Clérigos puseram a descoberto uma cripta do século XVIII contendo pelo menos dez sepulturas. Admite-se que uma delas possa pertencer ao famoso arquiteto italiano que, há mais de 250 anos, projetou o templo e a torre anexa, com mais de 76 metros de altura e servida por uma escada em espiral com 240 degraus. Arqueólogos e antropólogos trabalham agora em conjunto para desvendar o enigma dos Clérigos.
26 Nov M u s e u d e S e r r a lv e s Miguel-Manso, João Sousa Cardoso, João Ribas Esta pintura é testamentária da forte ligação entre a escrita e a arte pictórica que caracteriza a obra de Álvaro Lapa – artista, recorde-se, formado em filosofia. Em 1976, Lapa ingressa como professor na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde leciona, entre outras, a cadeira de Estética e se torna uma referência imarcescível junto dos alunos. A obra de um homem livre e criativo, que desde sempre assumiu, no campo das artes plásticas, uma atitude isolada e autodidata, analisada na Biblioteca do Museu a quem pertence esta obra, por um dos nomes mais importantes da nova poesia portuguesa e por quem, em 2012, encenou a peça “Raso como o chão”, a partir de livro de Álvaro Lapa com o mesmo título.
Mapa da cidade do Porto
Árvore de Natal dos Aliados
03 DeZ P r aç a G e n e r a l H u m b e rto D e lga d o Fernando Pinto Coelho, Sérgio Costa Araújo, Nuno Lemos Como habitualmente, o Porto recebe o Natal com muita luz, música e animação. Todos os anos uma feérica árvore de Natal é erguida na Praça General Humberto Delgado, em frente aos Paços do Concelho, cimeira à Avenida dos Aliados, tornando-se um ponto obrigatório de encontro e convívio natalício. Propomos uma conversa sobre rituais e imagens do Natal, de cá e de outros lugares. Em 2015, a árvore, vestida de dourado, apresentava dimensões surpreendentes: 26 metros de altura e 14 metros de largura. Que surpresas nos trará a árvore de 2016?
10 DeZ Ga b i n e t e d o P r e s i d e n t e da C â m a r a Rio Fernandes, Fernando Gomes, Rui Moreira Data de 1892 a primeira cartografia da nova cidade recém-chegada ao mar, uma tarefa imensa, minuciosa, produzida pelo Capitão Telles Ferreira e pela vontade política do Município do Porto num país centrípeto. Casa a casa, rua a rua, jardins, praças, fontes, poços e campos iam preenchendo o desenho da cidade, cada vez mais nítida, mais real, pronta a ser redesenhada e controlada por uma nova ideia, um novo plano. Durante mais de 50 anos, sobre a Carta Topográfica da Cidade do Porto traçaram-se os projetos e os sonhos do governo da cidade. Hoje, um antigo e o atual Presidente da Autarquia do Porto, com um geógrafo urbano, analisam, na parede do gabinete presidencial, a obra cartográfica que marcou uma nova fase do planeamento da cidade.
1 - Cantina do Carvalhido - CMP Rua de Acácio Lino, 101 2 - Galeria Municipal do Porto Rua de D. Manuel II 3 - Ateneu Comercial do Porto Rua de Passos Manuel, 44 4 - Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto Mesquita Carvalho Rua de D. Hugo, 15 5 - Fundação Instituto Marques da Silva Praça Marquês de Pombal, 30 6 - Casa da Música Avenida da Boavista, 604 7 - Biblioteca Pública Municipal do Porto Rua de D. João IV, 17 8 - Mosteiro São Bento da Vitória Rua de São Bento da Vitória 9 - Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto Avenida Rodrigues de Freitas, 265 1 0 - Aniki Bóbó / Café-Concerto Rua da Fonte Taurina, 36-38 1 1 - Avenida de Montevideu 1 2 - M. Romântico da Q. da Macieirinha Rua de Entre Quintas, 220 1 3 - Torre do Burgo Avenida da Boavista, 1837 1 4 - Viveiro Municipal Rua das Areias 1 5 - Casa Museu Marta Ortigão Sampaio Rua de N. S.ª de Fátima, 291 1 6 - Jardim do Passeio Alegre Jardim do Passeio Alegre, Foz do Douro 1 7 - Barco Rabelo - São Telmo Cais da Ribeira 1 8 - Casa do Vinho Verde Rua da Restauração, 318 1 9 - Praia do Ourigo Praia do Ourigo 2 0 - Biblioteca Municipal Almeida Garrett Rua de D. Manuel II 2 1 - Capela de Carlos Alberto Rua de D. Manuel II 2 2 - Palácio da Bolsa Rua de Ferreira Borges 2 3 - Jardins da Casa Museu Guerra Junqueiro Rua de D. Hugo, 32 2 4 - Estação de S. Bento Praça Almeida Garrett 2 5 - Restaurante O Ernesto Rua da Picaria, 85 2 6 - Académico Futebol Clube Rua de Costa Cabral, 186 2 7 - Millennium BCP - Sá da Bandeira Rua de Sá da Bandeira, 135 2 8 - Casa das Artes Rua de Ruben A, 210 2 9 - Planetário do Porto Rua das Estrelas 3 0 - Igreja dos Clérigos Rua de São Filipe Nery 3 1 - Museu de Serralves Rua de D. João de Castro, 210 3 2 - Praça General Humberto Delgado 3 3 - Gabinete do Presidente da Câmara Praça General Humberto Delgado
MA
A TE D
21 20
NU
ARR A
DA R
O
D
U
8 RU
A
NO
V
A
O
AS S CAI S DAS PEDR
R.
AL
EX
23
E H E
RC
UL
ÃE
S
RIA R. DA ALEG
DR
AN
GA MA DE ÃO RN FE . D E AV
I TA S IGUES DE FRE
9
O
A
4 U . L E D
17
AN
LH
ADA OS PO US
ÃO IV R. DE D. JO
A
NA
EIR
ARI C AT TA
ODR AV. R
NT
10
7
NEIRO R. 31 DE JA
PO
22
A
EL
IS
TE O I N FA N PONTE D
A
OS
14
ANH
Â
EG
RM
Q
LF
D
FO
24
S A RE R O EI FL LV S I S DA . A R D
A N
IA
ARDIM
A
BA
3U
MAN
A D U
R
DO
30
SOS
RU
O
TO
18
AÇÃO
R. P AS
R.
ALD UE S
I
U
II
27
UQ R. D
S TA U R R. DA RE
VI
ÁBI
D
EL
O
D.
H
DE
N
R.
ZI
PON
2
R. MO U
12
R.
11
33 32
R. D E S AN
25
ND
DO
ARDA
DA
BM EL BO
R
RU
INE
SÁ
MIGU R. DE
BRE
DE
CA
D.
MI
O R. D
DE
PANOR Â
. D
R
VIA
PE
DR
O
V
R
I TA
16
S R. ENTRE CAMPO
ILA E V
29
BOMJ
OFE
19
GR
R . G O N Ç A L O C R I S T Ó VÃ O AGAS R. DOS BR
R.
INHA
CED
R. DA TORR
R. DO CAMPO ALEGRE
ALE
PRAÇA DA REPÚBLICA
R. DE SANT
RAL
PRAÇ A DA LIBE RDAD E
E
R . D E S A N TA C ATA R I N A
A
R. D A
S CA B
R. DO ALMADA
GR
VIST
R . DA L A PA
RA GU
O A LE
E R. D
MP
IS
CA
ARE
DIN
R.
LIO
DO
R. D E ÁL V
JÚ
ER
DE
R.
R. D A BO A
R.
JU
NQ
28
26
5
MA
UE
R. PRAÇA DE MOUZINHO DE ALBUQUERQUE
TI
R. DO ALMADA
6
A
IRO
VIST
FÁ
15
E . D
LÉ
31
SR N.
LOU
1 AV. D A BO A
UE
13
05 Mar
Tripas à moda do Porto*
12 Mar
Catálogo “Prog. Cultural Porto 2001”*
19 Mar
“Os Lusíadas” ed. 1572
02 Abr
“Visão de Tondale”, Hieronymus Bosch
09 Abr
Esquissos de viagem, Fernando Távora
16 Abr
“Relógio de ensaios”
23 Abr
“Razão de Estado do Brasil”, ca. 1616
30 Abr
Cenografia “Casas Pardas”, Pedro Tudela
07 Mai
“Faina Fluvial no Douro”, Júlio Resende*
14 Mai
Aniki Bóbó / Café-Concerto
21 Mai
Homem do Leme*
28 Mai
Leque
04 Jun
Escultura de Ângelo de Sousa*
18 Jun
Manjerico* Biombo “Histórias de coelhos”, Aurélia de Souza
25 Jun
Sanitários Públicos*
02 Jul
Barco Rabelo *
09 Jul
Claraboia
16 Jul
“Olh'a Batatinha”*
03 SeT
Placa de Homenagem a Mário Cláudio*
10 SeT
Incunábulo “Hypnerotomachia Poliphili”*
17 SeT
Capela de Carlos Alberto*
24 SeT
Escrivaninha de Gustave Eiffel
0 1 OU t
Porta gótica da Crasta Velha da Sé
0 8 OU t
Comboio Miniatura*
1 5 OU t
Salada de Frutas do Ernesto*
2 2 OU t
Estatueta “Unidos faremos um Académico maior”*
2 9 OU t
Café Rialto*
05 Nov
Jornal “Metro”
12 Nov
Célula fotovoltaica do telescópio espacial Hubble
19 Nov
Túmulo de Nicolau Nasoni (?)
26 Nov
“Em que pensas? No tempo todo”, Álvaro Lapa
03 DeZ
Árvore de Natal dos Aliados*
10 DeZ
Mapa da cidade do Porto*
11 Jun
Bilhetes:
1€, salvo a sessão de 2 de julho* com bilhete a 3€ e as sessões assinaladas* são de acesso gratuito