Forte de Peniche | Lugar de Repressão, Resistência e Luta

Page 1

Com a passagem do Forte de Peniche a prisão políticaem 1934 e a sua entrega à Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), posteriormente designada Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), o Forte tornou-se – no conjunto do vasto aparelho repressivo da ditadura – um dos mais odiosos símbolos da repressão fascista, destinado a homens condenados, embora para aqui tenham sido enviados homens ainda não julgados e duas mulheres. Sob a supervisão da PVDE/PIDE foi instalado no Forte de Peniche um brutal e odioso regime prisional, marcado pela arbitrariedade como norma, regime alimentar deficiente, serviços de saúde quase inexistentes, agressões físicas e psicológicas. Houve presos que aqui permaneceram durante 20 anos. Os cerca de 2500 presos, registados como tendo estado na Cadeia do Forte de Peniche, somam no seu conjunto dezenas de milhares de anos de privação da liberdade por terem cometido o único crime de lutarem pela liberdade e por uma vida de progresso para o povo português e para Portugal. O regime prisional tinha como princípios orientadores tornar a vida prisional um inferno, tendo como objectivo levar os presos a abdicar das suas convicções, a perderem a vontade de voltar à luta. Mas a cadeia do Forte de Peniche, como todas as outras cadeias políticas, não foi apenas lugar de brutalidade fascista, de sofrimento e de dor. Foi também um lugar de luta contra a repressão e as arbitrariedades dos carcereiros, de luta por melhores condições prisionais, de defesa da sua dignidade e condição de presos políticos. Foi local de manifestações de coragem, de abnegação, de entrega plena à causa da luta pela liberdade. Foi local de exaltantes manifestações de fraternidade e de solidariedade entre os presos. Foi local de formação cultural, de preparação para prosseguir a luta uma vez em liberdade, de audaciosas fugas. A luta nas cadeias fascistas era o prosseguimento, em condições especiais, da luta geral dos trabalhadores e do povo português contra a ditadura fascista, pela conquista da liberdade. Foi com o 25 de Abril, cujo 40º aniversário se comemora este ano, que por acção das massas populares e do MFA foi posto fim a este odioso símbolo da repressão fascista no dia 27 de Abril de 1974. Não deixar esquecer que o fascismo existiu e que dentro das muralhas do Forte de Peniche milhares de presos pagaram um pesado tributo para que o povo português vivesse livremente é uma forma de prestar homenagem às vítimas do fascismo e de alertar para a necessidade de manter viva a luta pela liberdade.


As velhas e as novas instalações Até 1956 os presos estavam alojados em casernas instaladas nas antigas cavalariças e armazéns, sem o mínimo de condições de habitabilidade e de higiene. Casernas superlotadas, em que as necessidades fisiológicas eram feitas no seu interior, sem lugar para banho em condições. Os presos eram obrigados a comprar o sabão e a cortar o cabelo uns aos outros. Com as novas instalações, o convívio e a circulação dos presos foram profundamente afectados com o isolamento a que foram sujeitos. A remodelação deu lugar a uma cadeia de tipo penitenciário, com um número elevado de celas individuais, com pavilhões isolados uns dos outros e os pisos entre si, o que permitia uma vigilância dos carcereiros mais apertada.

G l rcpgmp bc a_qcpl _

Pcdcg› Ÿm, ? l mq 1.

? l mq 1.

Npcqmq bc Ncl gaf c, / 713

Q_j_ 0

Pcapcgm, ? l mq 1.

Tgqgr_ _ npcqmq

Tgqgr_ _ npcqmq

Bgqrpg` s g› Ÿm bc Amppcgm, ? l mq 1.

Rp_` _jf m npgqgml _j, ? l mq 1.

? q l mt _q gl qr_j_› Î cq






















Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.