EDP ON 03 - Energia Sustentavel

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ENERGIA SEM LIMITES · JULHO 2007 · Nº3

NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL O Comissário Europeu fala do nosso futuro

ANA MARIA FERNANDES ACREDITO NO TRIÂNGULO COM A AMÉRICA

ENERGIA SUSTENTÁVEL

ARNOLD SCHWARZENEGGER SIMPATIZO COM A ECONOMIA E COM O AMBIENTE CAPITAL HUMANO CRIAÇÃO DE VALOR ATRAVÉS DE UMA EFICIÊNCIA SUPERIOR


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A Comunicação como ferramenta de gestão

A

Comunicação assume hoje um papel vital em qualquer sociedade, meio empresarial, social ou desportivo. Uma organização por muito boa que seja, se não tiver circuitos de comunicação que potenciem estes factores distintivos, dificilmente será reconhecida por todos os seus stakeholders. A comunicação é hoje então uma imprescindível ferramenta de gestão de uma empresa: Ferramenta de gestão interna, potenciando a missão de cada colaborador na empresa, focando objectivos para que sejam atingidos da melhor forma; e Ferramenta de gestão externa, mostrando ao mercado (clientes, fornecedores, accionistas) aquilo que a diferencia da concorrência, bem como, as suas preocupações sociais. Mas para que a comunicação seja uma maisvalia e funcione, não basta apenas que ela exista por si só. É necessário que os circuitos de comunicação sejam simples, fluidos, funcionais e perceptíveis pelo que a definição de regras claras se torna num elemento essencial. A grande diferença entre ter uma má e uma

boa comunicação é quando numa organização os seus colaboradores deixam de ter uma tarefa para passarem a ter uma missão. Esta passagem exige persistência e tempo, mas sobretudo uma atitude proactiva da empresa em fazer ver aos colaboradores o que deles é esperado. Este factor assume um papel de maior relevância, se uma organização – como é o caso da EDP – desenvolver a sua actividade em vários enquadramentos geográficos, com as especificidades próprias de cada mercado. Se parece lógico que as práticas em Portugal, Espanha ou Brasil - mercados onde o Grupo actua actualmente a que se juntará brevemente os EUA - sejam diferentes, tal não pode ser inibidor de uma estratégia de grupo que seguramente a prazo trará os seus benefícios. É por saber da importância da comunicação que a EDP tem tomado inúmeras iniciativas para explicar a missão de cada colaborador dentro do Grupo. A mais recente é o “Sou EDP”, uma iniciativa transversal a toda a organização onde se pretende fortalecer a missão e os valores do Grupo, de forma a torná-lo mais competente e competitivo.

Paulo Campos Costa DIRECTOR DE MARCA E COMUNICAÇÃO

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capital humano

índice

compromissos

spotlight

aquecimento global

Maio Julho

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O mestre ao vivo e com muitas cores

Em Junho foi lançada a primeira pedra da nova central de ciclo combinado de Lares

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As ondas além de belas, também podem ser úteis

Sustentabilidade

ficha técnica On é uma edição bimestral

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Proprietário EDP – Energias de Portugal, SA Praça Marquês de Pombal, 12, 1250-162 Lisboa Tel: 210 012 680 Fax: 210 012 910 gmc@edp.pt Director Paulo Campos Costa Editora Peninsula Press SL Rua dos Correeiros 120, 4º esq , 1100-168 Lisboa Administrador executivo Stella Klauhs info@peninsula-press.com Redacção José Couto Nogueira (editor), Joana Peres (redactora), Nuno Santos (arte), Alexandre Almeida, Natasha Brigham e Adelino Oliveira (fotografia), Ana Godinho (revisora) Coordenação EDP Margarida Glória Distribuição gratuita Portugal - 23.000 exemplares; Espanha- 3.500 exemplares; Brasil- 3.200 exemplares Tipografia MIRANDELA - Artes Gráficas, SA Rua Rodrigues Faria nº 103, 1300-501 Lisboa Telf. +351 21 361 34 00 (Geral) Fax. +351 21 361 34 69

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Isenta de registo na E.R.C., ao abrigo do decreto regulamentar 8/6, artigo 12º nº1-a

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Bolsa na nossa empresa, as boas acções têm-se mostrado o activo mais sustentável EDP way Banda desenhada no Brasil, Calatrava bem iluminado nas Astúrias, ideias luminosas em Portugal, e as luzes do conhecimento na internet para todas as geografias Fórum os colaboradores de Portugal, Espanha e Brasil produzem energia na empresa e economizam-na em casa Inovação as mil e uma maneiras de produzir hidrogénio, uma pesquisa internacional

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Quem é Quem a partir deste número falamos com os cientistas portugueses que fazem investigação a nível internacional Causas electrificação no Camboja, aves necrófagas em Aragão e muitas maravilhas artísticas frente ao estuário do Tejo Capital Humano Um novo modelo de gestão para o nosso Grupo Compromissos Novas apostas e o balanço das propostas apresentados no primeiro número

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Descubra este grande segredo da culinária brasileira


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bolsa

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sustentabilidade

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portfólio

ecologia

fora de horas

índice

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Hidrogénio, que te quero barato

A estratégia do gás

Arnold em acção 38 Quando este homem se mete numa coisa, não há obstáculos que se aguentem; uma boa notícia para a sustentabilidade nos Estados Unidos?

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É a correr que as mulheres se entendem

Calatrava

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Spotlight Ana Maria Fernandes fala do presente e do futuro das nossas políticas energéticas 38 Alta Voltagem o governador da Califórnia parece ser o único republicano que acredita na ecologia economicamente viável 40 Sustentabilidade a energia das ondas poderá ser bem aproveitada na geração de energia eléctrica, graças às pesquisas que estamos a desenvolver 44 Portfólio Eduardo Batarda vencedor do Prémio EDP, fala-nos da sua vida e obra

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Fundação nos enormes espaços da Central Tejo acontece muita coisa 54 Jovens Talentos os nossos colegas que se destacam pelo talento, persistência e boa vontade 56 Circuito fechado reuniões, viagens, cursos, promoções, acções e outros momentos felizes da nossa família 64 Fora de horas o que será a moqueca capixaba e dois livros para pensar durante o Verão sem aquecer a cabeça On | 5


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ENTREVISTA DE FIRMINO MORGADO, GESTOR DA FIDELITY, A PATRÍCIA SILVA DIAS Jornal de Negócios, a 4 de Junho Qual a importância do crescimento internacional das empresas? É fundamental que as empresas portuguesas ganhem expressão internacional. Há que dizer que a EDP já é um caso de sucesso. É uma empresa com uma base nacional muito forte e que tem expressão fora de Portugal, quer no Brasil e agora sobretudo com a última aquisição em energias renováveis nos Estados Unidos.

Está então a dizer que as empresas deveriam seguir o exemplo da EDP? O que a bolsa portuguesa precisa é de mais quatro ou cinco EDP. É o exemplo de que é possível fazer um rearranjo corporativo para potenciar o crescimento internacio-

nal. É difícil apontar falhas à estratégia conduzida pela management da EDP. Tem executado tudo o que considero ser extremamente importante para as empresas portuguesas, que é ter uma sólida base e eficiência nacional que permita libertar fundos para uma expansão internacional. Perante uma situação dessas, como investidor de longo prazo e com a dimensão da Fidelity, a única coisa a fazer é apoiar esse management e assegurar um diálogo constante para acompanhar a estratégia. Pode discutir-se se o preço pago nas aquisições nos Estados Unidos ou no Brasil é elevado. No entanto, quando se tem uma estratégia a longo prazo e se acredita na capacidade de criação de valor da empresa, isso deixa de ser essencial.

os cordões da bolsa

BOLETIM DA AGÊNCIA LUA 3 de Junho · A capitalização da EDP (Energias de Portugal, controladora da Energias do Brasil) passou de 12,9 biliões de euros (R$ 33 biliões) para 15,6 biliões (R$ 39,9 biliões), ou seja, um crescimento de 20,9%. · Entre 23 de outubro de 2006 e 1 de junho de 2007, a média diária de transações da Energias de Portugal alcançou 19,3 milhões de ações, e a da Galp, 1,8 milhões, de acordo com dados da Bloomberg. · Nesse período, a EDP atingiu seu maior valor desde junho de 1998 nos 4,41 euros,em 19 de fevereiro 2007 (...) · Na sexta-feira, 1 de junho, as ações da EDP encerraram em alta de 1,18%, para 4,28 euros (...)

COTAÇÃO DA EDP EM BOLSA · 2 de Abril a 22 de Junho 4,4 4,2800 07.06.01

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Turma da Energia contra

Energias do Brasil cria personagens, que viram gibis, em campanha 8 | On


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o aquecimento global

pela sustentabilidade 路 Cria莽茫o: Tarica 路 Texto: Ana Paula Nogueira On | 9


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WIKIPÉDIA UM MODELO JÁ TESTADO… A fonte de inspiração desta ferramenta é a conhecida Wikipédia, a enciclopédia mais abrangente do planeta. Sem fins lucrativos, gerida e operada pela Wikimedia Foundation, organiza 3,5 milhões de artigos e mais de 720 milhões de palavras em 205 idiomas e dialectos, contém mais de um milhão de artigos na versão em língua inglesa e 259.322 artigos na versão portuguesa. Todas as versões somam 4.600.000 artigos (Fevereiro de 2007). A maioria das entradas são textos, mas há imagens, páginas de uti-

lizadores, páginas de discussão etc. A versão alemã distribui-se também em DVD-ROM. Propõem-se, ainda, as ideias na versão anglófona, além de uma edição impressa. Nas palavras do co-fundador Jimmy Wales, a Wikipédia é "um esforço para criar e distribuir uma enciclopédia livre e em diversos idiomas, da mais elevada qualidade possível, a cada pessoa do planeta, na sua própria língua". Mas como funciona? O modelo “wiki” é uma rede de páginas web contendo as mais diversas informações,

que podem ser modificadas e ampliadas por qualquer pessoa através de navegadores comuns, tais como o Internet Explorer, Mozilla Firefox, Netscape, Opera, ou outro qualquer programa capaz de ler páginas em HTML e imagens. Este é o factor que distingue a Wikipédia de todas as outras enciclopédias: qualquer pessoa com acesso à Internet pode modificar qualquer artigo, e cada leitor é potencial colaborador do projecto. Hoje, tornouse a maior enciclopédia do mundo.

Arca

DO CONHECIMENTO A EDP INOVAÇÃO DECIDIU LANÇAR MAIS UMA FERRAMENTA DE GRANDE UTILIDADE PARA O GRUPO. TRATA-SE DA PLATAFORMA WIKIEDP, ONDE O CONHECIMENTO ACUMULADO AO LONGO DE DÉCADAS, DISPERSO PELAS TRÊS GEOGRAFIAS, PODERÁ SER PARTILHADO POR TODOS. E AQUI CADA COLABORADOR PODERÁ SER, À MEDIDA DAS SUAS POSSIBILIDADES, UMA PEÇA IMPORTANTE NO CONHECIMENTO GERAL. SAIBA COMO DAR O SEU CONTRIBUTO

JÁ IMAGINOU PODER PARTILHAR OS SEUS conhecimentos sobre energia eólica? Quem diz eólica, diz solar, hídrica, de biomassa ou outra área temática em que saiba um pouco, bastante, ou muito. Agora já é possível partilhar o seu saber com toda a gente, em todas as geografias da EDP. De uma maneira simples, rápida e pertinente, o objectivo do WikiEDP é dotar o Grupo de um repositório do conhecimento acumulado ao longo dos anos, construído pelos colaboradores, e disponibilizá-lo, como uma ferramenta de produtividade que tira partido de tantas informações dispersas. “O WikiEDP constitui uma iniciativa inovadora no mundo empresarial nacional, ao aplicar internamente à empresa um conceito de grande sucesso na Internet. Neste conceito, designado por Web 2.0, os conteúdos são produzidos pelos próprios utilizadores. A exemplo da Wikipédia, também aqui o software utilizado é o MediaWiki, um software gratuito, disponível na Internet, que vai ajudar-nos a criar uma cultura de empresa em rede, onde cada colaborador pode e deve contribuir com os seus conhecimentos para enriquecer o conhecimento global do Grupo”, explica Venceslau Parreira da EDP Inovação. Um projecto que foi desenvolvido em três meses e partiu da iniciativa conjunta entre a EDP Inovação e a área de Marketing e Comunicação. “A EDP Inovação estará, numa primeira fase, a dinamizar e a promover este projecto. Mas assim que entrar em velocidade de cruzeiro, será naturalmente conduzido pela entidade mais adequada, dentro do Grupo”, afirma Venceslau Parreira. 10 | On

A verdade é que o sucesso parece estar garantido. Com o objectivo de testar esta solução no ambiente empresarial e em resultado do convite feito a várias áreas da empresa, este “wiki” experimental conta já com mais de mil artigos. À semelhança do que acontece com a Wikipédia, os colaboradores da EDP, tal como a associação de reformados da empresa, poderão aceder ao WikiEDP e assim escrever artigos, editar e comentar conteúdos, sobre temas como a energia, o ambiente, entre outras áreas temáticas. UTILIDADES E RESPONSABILIDADES O WikiEDP está estruturado em grandes áreas temáticas, com um Coordenador Editorial que visa assegurar a dinamização e gestão da área (veja caixa – Quem é quem?). Os conteúdos serão colocados pelos utilizadores, leia-se, quaisquer colaboradores do grupo, identificados e registados. Quem não está registado só pode consultar e comentar os conteúdos. Qualquer colaborador poderá aceder ao WikiEDP, via rede interna, saber o autor da matéria, a que horas, e até comentar ou refutar a opinião. “ A autoria dos artigos fica, deste modo, disponível para toda a comunidade de utilizadores ”, explica. E conclui: “este é o primeiro passo para a construção da empresa Web 2.0 ao qual, outros se seguirão.” Uma ferramenta que utilizará os inputs de portugueses, espanhóis e brasileiros, activo que criará um efeito multiplicador de geração de conhecimento. Quem sabe se um dia, o Grupo não terá a enciclopédia sobre energia mais abrangente do mundo!

COMECE JÁ A PARTILHAR AQUILO QUE SABE EM HTTP://WIKIEDP.EDP.PT

QUEM É QUEM? • Ambiente – Sara Goulart • Grupo EDP- Carlos Raposo • Marketing e Comunicação Marketing – Diogo Sousa Comunicação – Margarida Glória • Energia Energias Solar, dos Oceanos e Pilhas de Combustível – João Maciel Energia de Biomassa – Gil Patrão Energia Eólica – José Manuel Losada Metrologia/Labelec – Catarina Santos Energia Hidroeléctrica – Rui Leitão Energia Termoeléctrica – António Gonçalves Redes Eléctricas – António Machado Vaz Automação e Controlo – Aurélio Blanquet Gás – Américo Fernandes Usos da Energia – João Ribeiro e Sousa Outros – João Ribeiro e Sousa • Gestão do Risco – Luísa Serra • Economia e Finanças Valuation – Nuno Chung Performance – Sérgio Martins IFRS-IAS – Luís Lino Tesouraria e Finanças – Flávio Nunes Contabilidade Ambiental – José António Silva Reestruturação Empresarial – Miguel Ribeiro Ferreira Fiscalidade – Cíntia Melo • Suporte Telecomunicações – José Aguiar Sistemas de Informação – Ana Fonseca


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PROGRAMA VALORIZAR

A EDP NÃO COMERCIALIZA APENAS PRODUTOS E SERVIÇOS; TUDO O QUE A NOSSA EMPRESA APRENSENTA AO MERCADO VEM DE IDEIAS, CONCEITOS E PROGRAMAS. E NÃO SE TRATA APENAS DE PENSAR QUAIS VÃO SER AS NECESSIDADES E DISPONIBILIDADES DE AMANHÃ. TRATA-SE TAMBÉM DE CONGEMINAR AS ACÇÕES E ATITUDES QUE GERAM MAIS VALOR Partindo do princípio que não é apenas a gestão de topo que saberá o que é melhor para a organização e acreditando que alguém, em algum lugar, poderá ter uma boa ideia que possa ser colocada em acção, o Gabinete de Desenvolvimento Organizacional da EDP Valor lançou o Programa Valorizar Ideias, no final de 2006. O Programa assenta em três importantes premissas: fazer da busca de novas ideias uma prioridade para todos os colaboradores, certificar-se de que as boas ideias se fazem seguir da sua implementação e premiar os colaboradores que apresentem ideias inovadoras.

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Ideias com Valor

Os colaboradores serão desafiados a encontrar soluções, a apresentar ideias inovadoras que, no caso de serem aceites em função de critérios, antecipadamente divulgados (aplicabilidade, originalidade, pertinência, custo/benefício, etc.), darão lugar a um prémio.

A criatividade existe no universo das ideias (processos cognitivos). A invenção enquadra-se no universo das tecnologias (processos tecnológicos). A inovação diz respeito ao universo dos mercados, e neste caso estamos a falar de processos empresariais. Uma ideia só se transforma numa invenção se puder gerar algo que funcione. Uma ideia ou uma invenção só se tornam em inovação se puderem ser implementadas com sucesso na organização. O Valorizar Ideias prevê um sistema de gestão que permita aos colaboradores exprimir as suas ideias sobre a melhoria de um serviço, resolução de um problema concreto de ordem técnica ou administrativa,

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Caixa de Ideias

O programa será divulgado nos meios de comunicação internos.

Um Cliente, uma Ideia Lançamento de uma acção que incentive cada Plataforma a lançar uma ideia por mês, recolhida junto de um cliente. O colaborador seleccionado (de forma rotativa em cada

ligado à sua área de trabalho ou à EDP Valor. Há uma aposta clara na iniciativa, na criatividade, na inovação, no aproveitamento da experiência de cada colaborador e do seu saber, melhorando a comunicação, apostando no desenvolvimento do sentimento de pertença e no reforço da cultura organizacional. O programa inclui 4 acções / iniciativas: 1 – Concurso Ideias com Valor 2 – Uma Caixa de Ideias 3 – Um Cliente, uma Ideia 4 – Um dia com Valor

Plataforma) aborda o cliente, explica-lhe a sua missão e pede-lhe uma sugestão de melhoria para a resolução de um problema concreto de ordem técnica ou administrativa ligado à sua área de trabalho. Esta iniciativa fomenta, além da recolha de ideias, uma atitude próactiva e de aproximação ao cliente que deve ser um dos traços chave de uma empresa de serviços partilhados.

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Um dia com Valor

Lançamento de uma acção que permitirá aos colaboradores passarem um dia noutra unidade organizacional da EDP Valor, participando do seu dia-a-dia, nas diversas actividades, reuniões, etc. Permitirá um maior conhecimento do trabalho desenvolvido em cada Plataforma, reforçará a interacção entre as diferentes unidades organizativas da EDP Valor e um maior conhecimento da área de actuação, tipo de serviços e relação com os clientes. O visitante fará um balanço do dia e apresentará uma ideia de melhoria ligada a um serviço ligado à área de trabalho da Plataforma ou Gabinete visitado. Será incluído um tempo para recolha de ideias de forma sistematizada – “tempo de valorizar”.

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HC ENERGÍA ILUMINA OBRA DE

Santiago Calatrava SANTIAGO CALATRAVA, UM DOS MELHORES arquitectos do mundo, está prestes a terminar o seu primeiro edifício no Principado das Astúrias. Trata-se do palácio de Buenavista, em Oviedo, que albergará diferentes equipamentos para habitantes e visitantes. Conseguir que o grande edifício desenhado pelo arquitecto valenciano funcione na perfeição exige a participação coordenada dos vários protagonistas comprometidos no mesmo objectivo. A HC Energía é um dos envolvidos e já começou a desempenhar o seu papel. Nada menos que dez mil quilowatts é a potencia que Santiago Calatrava solicitou para que tudo funcione. É a mesma potência que 2.500 famílias precisam para utilizar os electrodomésticos de suas casas. Será necessário tanto a construção de novas redes como o aumento da potência de transformação da subestação de San Esteban de las Cruces, de onde será alimentado o novo edifício. 12 | On

A HC Energía já pôs mãos à obra e começou pela construção de redes subterrâneas de quatro e sete quilómetros entre a subestação e o centro de distribuição do imóvel. Além disso, este estará ligado com as quatro redes existentes e reforçará a ligação com o centro de distribuição de Fresno, ao substituir um dos alimentadores por outro de maior potência. Na subestação de San Esteban de las Cruces, a escassos quilómetros do centro de Oviedo, também começaram as tarefas para a instalação de um novo transformador de 132/20 kV e aumento de potência das instalações de 120 e 32 kV. O equipamento terá dezenas de sensores para fornecer energia de maneira inteligente a um cenário capaz de albergar os eventos mais impressionantes, composto por um bom número de salas para usos polivalentes… e outros segredos que o novo edifício irá desvendar.


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quer saber?

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empresaglobal A On pergunta:

De que maneira poupa energia em sua casa e na vida diária? A EDP está empenhada na poupança de energia para combater o problema mundial e especificamente nacional do excesso de consumo de combustíveis fósseis. Mas a poupança começa em casa; cada pessoa tem a responsabilidade de atenuar este problema dentro das suas possibilidades. Perguntámos aos colaboradores pela intranet e recebemos 1.466 respostas Portugal 546 respostas Substituí ou estou em curso de substituir as lâmpadas tradicionais por economizadoras Na compra de electrodomésticos, escolho os de maior eficiência energética Apago as luzes quando não utilizo o espaço e não deixo os equipamentos em stand-by Só utilizo as máquinas em carga máxima e no horário económico Utilizo temporizadores para os aquecimentos e ares condicionados e uso-os o menos possível

148 113 144 70 71

28,6% 25,3% 21,8%

Sugiro a utilização de torneiras

termoestáticas. Ao utilizar as placas eléctricas tento

sempre gerir o tempo de cozedura, para desligar antes e assim aproveitar toda a energia diminuindo o consumo. Embora habite o 5º piso, tento utilizar o elevador apenas se estou

com pesos,isto porque para além de ser saudável é um factor economizante. Como aliás faço no serviço. Utilizar a máquina de lavar a frio. Portas e janelas calafetadas. Incentivar a utilização da domótica,

27,1% 20,7% 26,4% 12,8% 13%

Espanha 141 respostas 24 32 51 6 28

17% 22,7% 36,2% 4,25% 19,85%

Brasil 92 respostas 25 25 28 9 5

27,2% 27,2% 30,4% 9,8% 5,4%

13,4% 10,9%

principalmente na vertente da gestão do desperdício. Não abrir o frigorífico muitas vezes.

Retirar dele tudo de uma só vez. O mesmo para a arca frigorífica. O cilindro tem um relógio o qual está direccionado para aquecer apenas três horas por dia. De Verão a água é aquecida por energia solar.

Utilizo com maior frequência

as persianas da casa, as quais permitem o aumento ou diminuição da luminosiadade nas dependências e ajudam a empedir a entrada de calor ou frio. Con buen aislamiento en puertas

y ventanas. (Doble acristalamiento y juntas de aislamiento térmico).

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Melhor ambiente com ozono Uma empresa do Cietec da Universidade de São Paulo, acaba de lançar o BRO3, equipamento gerador de ozono (O3) a partir do oxigénio (O2) obtido do ar ambiente. O aparelho, indicado para o tratamento da água em piscinas, aquários, caixas d'água e efluentes industriais, é formado por um secador de ar, gerador de ozono . Após ser captado da atmosfera, o ar ambiente, com cerca de 20% de oxigénio, perde humidade no secador e entra no gerador de ozono. O processo não agride o meio ambiente, nem utiliza produtos tóxicos. "Essa técnica de obtenção de ozono, conhecida como efeito corona, é utilizada há muitos anos em diversos países. O ozono, que tem propriedades oxidantes e bactericidas, nada mais é do que uma superconcentração de oxigénio", disse Samy Menasce, director da Brasil Ozônio, empresa do Cietec. Segundo Menasce, quando o gás é transferido para a água, um dispositivo conhecido como venture deve ser acoplado ao gerador de ozono. Todo o equipamento em funcionamento consome energia equivalente à de uma lâmpada de 200 watts. O ozono pode ser usado ainda para aplicações como a eliminação de fungos em sementes.

Óxidos catalisadores geram hidrogénio com energia solar Uma equipa da Universidade de Washington, Estados Unidos, chefiada pelo Dr. Pratim Biswas, descobriu uma forma de produzir hidrogénio directamente a partir da água, utilizando energia solar. O segredo da nova célula é um fotocatalisador à base de óxidos nanoestruturado. A equipa está a aperfeiçoar técnicas para a sintetização de filmes nanoestruturados com propriedades optoelectrónicas até agora não disponíveis. Essas películas finíssimas são construídas a partir da nanoestruturação de óxidos catalisadores. O método consiste em fazer

uma sanduíche de três películas de material semicondutor, formando uma estrutura única. O resultado é uma célula fotocatalítica mais estável do que as actuais, que exigem múltiplos passos para sua fabricação e levam até um dia inteiro para se formar. O método sintetiza vários óxidos semicondutores numa única etapa. O resultado é uma célula de baixo custo e mais eficiente para a produção de hidrogénio, inclusive em aplicações distribuídas, nas quais o hidrogénio é gerado já nos locais onde será utilizado. "Nós podemos usar qualquer óxido, como dióxido de titânio, óxido de tungsténio e óxido de ferro nas nanoestruturas ‘ensanduichadas’, que formam estruturas muito compactas. O processo é directo e leva apenas alguns minutos para se fabricar as células. Mas o mais importante é que pode ser feito em larga escala, para gerar estruturas grandes de uma forma muito barata, utilizando processos que funcionam na pressão atmosférica," explica Biswas.

inovação Biocélula a combustível gera energia do hidrogénio em ar ambiente Cientistas ingleses e alemães, trabalhando conjuntamente, conseguiram criar uma célula a combustível inovadora, que produz electricidade a partir do hidrogénio em condições ambientais normais. A tecnologia, ainda em fase de desenvolvimento, é um passo significativo em relação às células a combustível tradicionais, que utilizam catalisadores caros, construídos com platina e operam em altíssimas temperaturas. O novo gerador é na verdade uma biocélula de combustível, que funciona com hidrogenases - enzimas retiradas de bactérias, que as 14 | On

utilizam para oxidar o hidrogénio em seu metabolismo. A biocélula consiste em dois eléctrodos recobertos com as enzimas, colocadas no interior de um invólucro com um ambiente de ar comum com um acréscimo de 3 por cento de hidrogénio. "Nós estamos na ponta de um enorme icebergue," diz o professor Fraser Armstrong, coordenador da pesquisa, "com importantes conseqüências para o futuro, mas ainda há muito por fazer antes que esta geração de células a combustível baseadas em enzimas possam tornar-se comercialmente viáveis."

Célula solar orgânica bate recorde de eficiência Uma das alternativas mais promissoras à célula fotovoltaica é a célula solar orgânica, que utiliza corantes sintéticos. O funcionamento é normalmente descrito como fotossíntese artificial porque imita a forma como as plantas retiram energia do Sol. Tecnicamente é chamada de DSC ("Dye-sensitized Solar Cell") ou célula solar sensibilizada por corante. O pesquisador Wayne Campbell, da Universidade Massey, Nova Zelândia, conseguiu sintetizar o mais eficiente corante feito até hoje, capaz de converter a luz do Sol em energia eléctrica a um custo de apenas 1/10 do custo da energia fotovoltaica. Os cientistas também estão a estu-

dar outros corantes, como a porfirina, responsável pela cor vermelha do sangue humano. A alta eficiência do novo corante permitiu a fabricação de células solares que apresentam excelente rendimento mesmo sem a incidência directa dos raios solares. Uma célula de demonstração, medindo 10 x 10 cm foi capaz de gerar energia suficiente para um pequeno ventilador de computador. Além dos corantes sintéticos, as células solares orgânicas também utilizam dióxido de titânio como elemento ativo. O dióxido de titânio é utilizado em pastas de dentes, tintas e cosméticos, entre outros produtos.


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inovação Cana-de-açúcar pode ter concorrentes mais ambientalmente corretos O presidente Bush quer comprar etanol ao Brasil. E os agricultores norte- americanos estão a ampliar as áreas de cultivo de milho e soja, por acreditar que o etanol que será consumido no seu país, deverá ser feito a partir de grãos. Mas um grupo de pesquisadores norte-americanos não concorda com nenhuma dessas duas posições. Paul Adler, Stephen Del Grosso e William Parton - o primeiro do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos e os dois últimos da Universidade do Colorado - aca-

bam de publicar um estudo que afirma que há alternativas mais eficientes para a produção de etanol. "Fizemos uma análise única das emissões líquidas de gases causadores do efeito de estufa dos principais grãos geradores de biocombustíveis, combinando dados de modelos computadorizados dos ecossistemas com estimativas da quantidade de combustíveis fósseis utilizados para plantar e produzir os grãos," explica Parton. Os resultados do estudo mostraram que, quando comparados com a gaso-

lina e o diesel, o etanol e o biodiesel feitos a partir de rotações de milho e soja reduzem a emissão de gases causadores do efeito de estufa em quase 40%. Mas o capim amarelo, também conhecido como caniço malhado, alcança uma redução de 85%. O milheto e o choupo do Canadá atingem os 115%. Tanto o milheto como o choupo do Canadá oferecem maior compensação na redução de emissões e chegam a dobrar esses ganhos se forem utilizados para geração de electricidade via gaseificação de biomassa.

inovação O futuro chega todos os dias com produtos extraordinários de todos os tamanhos e feitios, vindos dos cinco continentes

Microsoft cria software que controlará emissões de carbono A Microsoft anunciou que irá trabalhar em conjunto com a Fundação Clinton no desenvolvimento de um software gratuito online, que unirá cidades na discussão sobre o meio ambiente e na luta contra o aquecimento global. O programa poderá ser utilizado para entender melhor os impactos ambientais de cada centro urbano e, cada uma das metrópoles, poderá participar numa comunidade, partilhando ideias e práticas de colaboração. A aplicação será compatível com alguns produtos de redução de emissão de carbono já existentes, mas a Microsoft ainda não adiantou quais, revelando apenas que os utilizadores poderão monitorizar o seu progresso e a eficiência dos programas ambientais que escolhem utilizar. O software estará disponível no final deste ano nas cidades que a Fundação Clinton determinar que estão a trabalhar para diminuir as suas emissões de gases.

A Renault lança «Renault eco2» A Renault lançou a « Renault eco2 », uma assinatura que informa os clientes sobre o interesse da marca em propor veículos ecológicos e económicos, com vista a contribuir para a preservação do ambiente. Esta assinatura abrange todas as etapas do ciclo de vida do veículo (fabrico, utilização e fim de vida). Deste modo, um automóvel «Renault eco2» deve responder a três requisitos ambientais de dimensão mundial: ser produzido numa fábrica com certificação ISO 14001, ter emissões de CO2 inferiores a 140 g/km ou ser compatível com os biocombustíveis, e ser ainda valorizável em 95 % em fim de vida e utilizar na sua composição pelo menos 5 % de material plástico reciclado.

Os automóveis « Renault eco2 », além de ecológicos, são também económicos na compra. Os avanços conseguidos, aplicáveis no maior número possível de veículos, terão uma repercussão importante no ambiente. A redução da cilindrada das motorizações (motor TCE 100 cv) e os biocombustíveis (Mégane bioetanol E85, Trafic e Master biodiesel B30) são exemplos concretos desta política ambiental. No lançamento, esta assinatura aplicar-se-á à marca Renault e como a protecção do ambiente, é para a empresa, um desafio a nível planetário, e irá abranger todas as regiões do globo. A «Renault eco2» também se destina a marcar os avanços contínuos na área do ambiente, pois o grau de exigência dos requisitos ambientais irá progressivamente aumentar, para que a marca possa oferecer uma gama de veículos cada vez mais ecológicos e a preços acessíveis.

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JOÃO ABEL PEÇAS LOPES Estratégias de Controlo na Operação de Emergência das Microredes

quem é quem AO CONTRÁRIO DO QUE VULGARMENTE SE AFIRMA, HÁ INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA EM PORTUGAL, MUITAS VEZES COM PRESTÍGIO E EXPANSÃO INTERNACIONAIS. A ON RESOLVEU IR À PROCURA DE QUEM FAZ O QUÊ NAS NOSSAS UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS, E QUEM SÃO OS O trabalho deste departamento refere-se à distribuição inteligente de várias fontes de energia? Temos um conjunto de linhas de trabalho que tocam todas as componentes sistémicas do funcionamento de sistemas eléctricos de energia. Esta unidade de investigação tem cerca de 45 investigadores, doze dos quais são doutorados e uma quantidade significativa de investigadores estrangeiros que vêm cá fazer os seus trabalhos de doutoramento e outros.

Há um reconhecimento internacional? Esta unidade pode ser considerada como uma das mais importantes do mundo. Da Europa já o é, seguramente, na área dos sistemas eléctricos de energia. Trabalhamos um pouco em tudo o 16 | On

que tem que ver com a análise sistémica do funcionamento do sistema eléctrico, ou seja, trabalhamos em mercados de electricidade, em questões relacionadas com o desenvolvimento de software e aplicações computacionais para a gestão óptima das redes eléctricas de distribuição ou transporte. Naturalmente que a dada altura percebemos que uma das áreas em que era mais importante trabalhar tinha que ver com a maximização da integração das energias renováveis no sistema eléctrico e, em concreto, a energia eólica e a sua integração nos pequenos sistemas e nas redes de distribuição.

tões relacionadas com a regulação. Demos, e continuamos a dar, uma contribuição forte no domínio da regulação do sector eléctrico. Temos uma relação institucional com a Direcção Geral de Energia e Geologia. Também desenvolvemos muitos modelos de regulação para a ERSE aplicados actualmente; trabalhamos muito para os governos regionais dos Açores e da Madeira. Temos uma componente claramente institucional, não nos limitamos apenas ao trabalho científico. Daquilo que fazemos aparecem resultados ao nível da indústria e ao nível das questões sistémicas em termos regulatórios, e até mesmo do sistema no seu conjunto.

Em que mercado foram aplicadas essas técnicas?

Têm parcerias com privados?

Trabalhamos com o Mibel em todas as ques-

Temos parcerias com grande número de em-


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QUEM É... João Abel Peças Lopes, coordenador da Unidade de Sistemas de Energia do INESC Porto, licenciou-se em Engenharia Electrotécnica em 1981 e doutorou-se em 1988 na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), obteve o grau de Agregado em 1996, vindo a tornar-se Professor Associado Agregado em 2000. Entre 1996 e 2000 foi professor colaborador da Iowa State University, nos EUA. É actualmente responsável por dezenas de trabalhos para instituições e empresas, entre as quais: ERSE, REN, EDP Distribuição, Gamesa Energia, EEM, EDA, ARENA, AREAM, Petrogal, Electra (Cabo Verde), Enernova, Finerge, Scottish Hydro, Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho, ENGIL, ENERSIS e APREN. Tem sido consultor, participante, membro e representante em inúmeras instituições e projectos nacionais e internacionais. Assinou mais de 200 comunicações científicas e orientou mais de 20 teses. Nasceu em Pedrogão, é casado e tem um filho de 19 anos a estudar engenharia civil e uma filha de 17, a estudar arte.

INVESTIGADORES MAIS PROEMINENTES. A IDEIA É APRESENTAR ESSE TRABALHO EM TERMOS QUE POSSAM SER PERCEBIDOS PELOS LEIGOS. A NOSSA PROCURA COMEÇA NA UNIVERSIDADE DO PORTO, ONDE CONVERSAMOS COM O PROFESSOR PEÇAS LOPES, NA UNIDADE DE SISTEMAS DE ENERGIA DO INESC presas, incluindo naturalmente a EDP. Trabalhamos com todos os parceiros do sector eléctrico em Portugal.

O financiamento é feito como? A unidade de sistemas de energia é uma das cinco unidades que existem no âmbito do INESC Porto. 60 a 70 por cento do seu financiamento é com base contratual; temos uma componente forte, na casa dos 25 por cento de financiamento, a partir de projectos europeus (financiamento via Europa); e temos uma componente pequenina de financiamento do Estado português, cerca de 5 a 10 por cento. Só conseguimos pôr esta máquina a funcionar porque temos uma fortíssima participação a partir dos trabalhos e contratos com a indústria.

Mas, fazendo parte duma universidade, mantem-se a função didáctica? Sim. Nós não temos directamente alunos, mas canalizamos os resultados dos nossos trabalhos de investigação para o outro lado da rua onde está a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Tudo aquilo que fazemos aqui, ensinamos aos nossos alunos no outro lado de lá: nos cursos de graduação, de pós-graduação, nos mestrados integrados, etc… Um dos grandes problemas que as universidades portuguesas têm é a dificuldade de colocar na indústria os resultados do seu trabalho. O que nós procuramos fazer aqui é agilizar esse relacionamento. Somos uma instituição privada sem fins lu-

crativos, detida maioritariamente pela Universidade do Porto e pela Faculdade de Engenharia. Não trabalhamos só para Portugal. Por exemplo, temos há três ou quatro anos para cá uma relação muito forte com o operador nacional de sistema do Brasil. Os manuais de procedimentos de operação para a integração da energia eólica da rede eléctrica do Brasil foram trabalhados aqui. Apesar do Brasil estar mais direccionado para as energias hídricas, está muito preocupado com a energia eólica porque há aqui uma coisa curiosa – as redes eléctricas de lá são mais fracas do que as da Europa e o problema da integração da energia eólica é delicado; portanto, os cuidados com a sua integração têm que ser superiores aos que ocorrem na Europa. >> On | 17


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M I C R O G R I D E S O P E R AT I O N A N D C O N T R O L P, Q, & V measurements from MC and LC Frequency measurement from VSI Droop Settings

P&Q Settings MGCC

SINGLE MASTER V, I

VSI Control

V, I

PQ Control

Q Set Point Controller V DC

V DC

AC

AC DC VSI

DC

Electrical Network

P Primer Mover

Loads

quem é quem João Abel Peças Lopes

O problema tem que ver com a impossibilidade de armazenar energia em grandes quantidades? É possível, só que através de meios indirectos. Uma das coisas que fizemos aqui foi precisamente estudar estratégias e soluções para proceder ao armazenamento da energia eléctrica para depois ser utilizada em outros períodos. Pode armazenar-se energia, como por exemplo na energia eólica – produz-se electricidade a partir da energia eólica, com o excesso recorre-se a uma central hidroeléctrica com capacidade de bombagem e de armazenamento, guarda-se parte dessa energia e depois volta-se a entregá-la à rede eléctrica nos períodos em que é necessária mais electricidade. A energia é guardada nos reservatórios das barragens, através de água. Portanto, transfere-se a energia dos períodos de menor consumo de electricidade – os chamados vazios – para os períodos de maior consumo, para depois

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entregar à rede. É claro que há aqui o problema do rendimento deste processo, há perdas que não são desprezáveis. A estratégia de gestão tem que ser definida através de soluções de optimização e portanto isto implica simulação númerica, modelos computacionais, etc. No terreno é necessário ter as bombas, a barragem, etc. Depois é preciso trabalhar na previsão da produção eólica, ou seja, prever qual vai ser a produção para as próximas horas dessa energia eólica para gerir os recursos, incluindo a capacidade de armazenamento.

Não existe a possibilidade de se acumular energia? Essa seria a solução, aliás já existiam as baterias de acumuladores, só que com capacidades relativamente limitadas. Hoje já se pensa noutras soluções que passam por armazenamento de hidrogénio, só que o pro-


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cesso é de menor rendimento. Enquanto que o rendimento de conversão de produzir energia eólica — bombar, armazenar e voltar a entregar à rede quando for necessário — pode dar valores na casa dos 75 ou 80 por cento; num sistema com armazenamento via hidrogénio os valores são inferiores a 50 por cento, portanto é um processo com custos elevadíssimos que só em situações muito especiais é que pode ser interessante.

Quais têm sido os grandes avanços dos últimos anos? Tem sido na área da microgeração. Nos últimos anos temos vindo a a trabalhar muito ao nível das redes de distribuição, na sua gestão, tendo em conta que a rede de distribuição deixe de ser passiva, como tem sido nos últimos 20/30 anos, para passar a ser uma rede activa que tem não só consumidores mas também elementos de produção. Isto foi algo que se começou a desenvolver há uns 10/20 anos para cá quando começaram a aparecer as pequenas unidades de pro-

ração. Uma casa pode ter o sistema de aquecimento de águas sanitárias e do aquecimento do ambiente com uma caldeira que queima gás natural e utilizar essa caldeira também para produzir electricidade. Claro que são potências muito pequeninas, 1 ou 2 kilowatts, mas que servem para alimentar os consumos da próprias instalação doméstica e ao mesmo tempo injectar na rede eléctrica. É isso que é a grande mudança dos próximos 20/30 anos. Está associado à questão do desenvolvimento sustentado energeticamente correcto.

O problema da contagem de electricidade… Isso tem que ver com uma área de negócio fabulosa que faz a gestão de tudo isto e contagem de energia, toda a área de negócio que se abre no domínio da baixa tensão relacionada com a telecontagem de energia. Hoje nós queremos mais funcionalidades no sistema de contagem, o smart metering, que terá um impacto tremendo na consciência ambiental e energética; se o consu-

zenamento de electricidade para depois utilizar em outros períodos, até à previsão da produção de electricidade a partir de energia eólica. Portanto, o que nós fazemos fundamentalmente é desenvolver modelos matemáticos que reproduzem o comportamento dos equipamentos e permite analisar qual o impacto da operação no sistema.

A microgeração ainda não existe na prática? Existe, só que numa escala muito reduzida, já em exploração industrial, só que em Portugal ainda não tem expressão. Onde tem grande expressão é na Alemanha, na Áustria e em Inglaterra. Mas ainda não está com a dimensão e a arquitectura que nós queremos dar ao problema. Isso passa por um operador de sistema, por exemplo, a EDP Distribuição tem que perceber que há uma mudança enorme no horizonte e que isso implica mudança de atitude dos próprios técnicos. Isso implica uma mudança de

O GRANDE NEGÓCIO DOS PRÓXIMOS DEZ, VINTE ANOS É A DESLOCALIZAÇÃO DA GRANDE PRODUÇÃO PARA A PRODUÇÃO DISTRIBUÍDA EM LARGA ESCALA, MASSIFICADA, E A GESTÃO DESTES PROCESSOS. É PRECISO TER CONSCIÊNCIA DE QUE HOJE A INVESTIGAÇÃO PELA INVESTIGAÇÃO NÃO SOBREVIVE, TEM QUE TER POR DETRÁS UMA LINHA DE NEGÓCIO FORTE

dução de electricidade ligadas sobre as redes de média tensão – chamou-se a isso geração distribuída ou produção distribuída. Isso aconteceu muito em Portugal ao nível de cogeração industrial, as chamadas mini-hídricas, os pequenos parques eólicos. Nos últimos seis anos, isto começou a deslocar-se das redes de média tensão para as redes de baixa tensão, há uma cadeia de energia eléctrica que passa desde a grande produção, o transporte, a distribuição em alta tensão, média e baixa tensão. Até aqui nunca ninguém admitia que uma rede de baixa tensão (230 volts) pudesse ter produção de forma alguma, era completamente passiva. Mas as redes de baixa tensão vão passar a ser, células activas com produção própria de vários tipos: solar fotovoltaica, mini eólica, as chamadas células de combustíveis (embora essa seja uma tecnologia que ainda vai demorar muitos anos a tornar-se suficientemente madura), e a chamada micro-coge-

midor tiver em casa um sistema que além de contar, também indica aquilo que está a produzir, torna-nos mais conscientes e pode modificar hábitos de consumo.

É isso que estão a desenvolver? Tocamos vários pianos ao mesmo tempo, sempre em permanência. As smart networks são uma das coisas em que temos estado envolvidos nos últimos anos. Duas áreas específicas: a questão das micro redes, em que temos cinco pessoas a desenvolver trabalho de topo a nível mundial (aliás as nossas publicações são citadas nas revistas internacionais, há investigadores dos EUA que querem vir trabalhar connosco), e a área da produção eólica, onde temos trabalhado várias coisas: desde a modilização (modelos matemáticos) dos aerogeradores e o seu controlo, desde as questões da produção combinada de energia eólica com arma-

atitude, investimentos fortes na gestão do controlo à distância. Isto é a simbiose fortíssima das tecnologias de informação com o sistema eléctrico, e o sucesso está aí: monitorizar, controlar, gerir tudo isto para conseguir optimizar. Para a EDP este é um grande negócio – é a oportunidade de aparecer junto dos consumidores com soluções para apoiar a gestão dos seus sistemas de produção locais e, portanto, oferecer serviços. Este é o grande negócio dos próximos 10/20 anos – a deslocalização da grande produção para a produção distribuída em larga escala massificada e a gestão de tudo isto. Mas é preciso ao mesmo tempo continuar a desenvolver a investigação em todo este domínio, para dar soluções à indústria que depois as coloca no mercado e as põe a funcionar. Tudo isto tem uma estratégia; hoje a investigação pela investigação não sobrevive, tem que ter por detrás uma linha de negócio forte.

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capacidade económica e empenho social

causasedp LAOS Vientlane

TAILÂNDIA Banguecoque

CAMBOJA Phenom Pehn

Ho Chi Minh

VIETNAME

A Fundação Hidrocantábrico e o Ayuntamento de Gijón levaram electricidade a uma aldeia do Camboja A FUNDAÇÃO HIDROCANTÁBRICO PARTICIPOU EM conjunto com o Ayuntamiento de Gijón, num importante projecto humanitário: a electrificação do centro comunitário de Tahen, na aldeia de Battambang, no Camboja. Esta acção foi mais além do que a mera instalação de painéis solares no centro comunitário, uma vez que melhorou as condições de vida de mais de 250 cidadãos que se abastecem no Banco de Arroz naquele lugar. A relevância da electrificação desta área, fundamentalmente, garantiu o perfeito funcionamento da câmara frigorífica que conserva as vacinas, concretamente a da poliomielite, que afecta a grande parte da população desta região. A forma como abasteceram a electricidade desta aldeia foi através da colocação de painéis solares fotovoltaicos. O projecto desenvolveu-se em três fases. A primeira foi a electrificação dos oito edifícios que compõem o centro comunitário e que inclui a casa principal, a escola infantil, o refeitório, a igreja, a residência de estudantes, o armazém de arroz, o edifício multiuso e o quarto do antigo gerador. Em seguida instalouse um sistema eléctrico de bombagem de água, para concluir o funcionamento da câmara frigorífica. Para a iluminação dos edifícios instalaramse 16 painéis solares, quatro baterias e 34 luzes de baixo consumo. O sistema de bombagem e a 20 | On


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Neo Energía assina um plano de protecção de aves A Neo Energía estabeleceu um acordo de colaboração com a Consejería de Medio Ambiente do Governo de Aragão para construir um comedouro de aves necrófagas no término municipal de Las Peñas de Riglos, na província de Huesca. A empresa apostou 30.000 euros para a criação deste muladar, que passará a fazer parte da Rede de Comedouros de Aragão. Actuações como esta mostram o interesse do Grupo pelo cuidado e conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, uma das premissas que guia todas as suas actividades. O Governo aragonês, através da Consejería de Medio Ambiente, comprometeu-se a ficar encarregue pela supervisão técnica das diferentes actividades a desenvolver para a sua construção, tal como, a elaboração do projecto e a obtenção de todas as licenças e autorizações necessárias para a sua criação. A protecção e o desenvolvimento sustentável do ambiente são as prioridades do grupo, que já as demonstrou não só nesta iniciativa, como também em muitas outras em que os projectos se adoptaram às particularidades do ambiente natural em que se construiu cada parque eólico.

câmara frigorífica precisaram de dois painéis solares, uma bomba, outras duas placas, quatro baterias e um regulador respectivamente. A Fundação Hidrocantábrico, que destinou para este projecto um investimento de 20.000 euros, faz parte do patronato da organização não governamental Energías Sin Fronteras, encarregada de levar energias a países em vias de desenvolvimento. A colaboração da Fundação na electrificação desta aldeia no Camboja é especial, porque a sua presença no projecto reforça a representação asturiana na actividade humanitária em Battambang, encabeçada pelo jesuíta de Gijón Enrique Figaredo Alvargonzález, que desde há vários anos gere o centro comunitário e é também o bispo da diocese. Figaredo considerou a actuação da HC Energía e do Ayuntamiento de Gijón “como um verdadeiro milagre, uma vez que os painéis nos proporcionam electricidade limpa e silenciosa”, e acrescentou que “esta electrificação pode servir de modelo para outros povos e outros centros comunitários com características similares ao nosso em Battambang”.

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Coruja invade os corredores da Energias do Brasil

Mascote que ajudará a empresa a implementar projeto nas áreas de meio ambiente, segurança no trabalho e saúde ocupacional, com vistas as certificações ISSO 14.000 e o OHSAS 18.000 Uma curiosa corujinha verde, com capacete e estetoscópio, pretende mudar a rotina dos colaboradores, terceirizados, fornecedores em geral e visitantes do Grupo Energias do Brasil. Ciça Sabida, como foi apelidada, será a mascote do Sistema de Gestão Integrada da Sustentabilidade, que criará e integrará procedimentos em três importantes pilares empresariais: meio ambiente, segurança no trabalho e saúde ocupacional. O projeto foi lançado oficialmente em meados de Maio, em São Paulo, e contou com a presença de toda a diretoria do Grupo. Executivos no Espírito Santo e em Mato Grosso do Sul, regiões onde a empresa também está presente, participaram por meio de videoconferência. Ciça Sabida participará de todo o projeto, seja dando dicas ou explicando os novos procedimentos. As primeiras peças, em forma de banners e folhetos, foram espalhadas nos edifícios-sede e em algumas lojas de atendimento. Além da corujinha, o projeto conta com o slogan “trabalhar bem. Viver melhor”. Na prática, como funciona? Haverá, por exemplo, normas específicas para o manuseio certo dos resíduos, de forma a não contaminar o meio ambiente, e para a utilização de todo o equipamento de segurança, no caso dos eletricistas, para evitar acidentes.

Alguns desses cuidados já são adotados nas empresas do Grupo, mas de formas diferentes. Agora, serão unificados e padronizados de acordo com padrões reconhecidos internacionalmente, o que possibilitará a certificação das empresas do Grupo nas normas ISSO 14.000 e o OHSAS 18.000. Vale lembrar que o Grupo já tem um amplo projeto de Sustentabilidade, com várias ações nas áreas de capital humano e meio ambiente. Conta, inclusive, com um manual com os oito princípios de desenvolvimento sustentável. “Trata-se de um marco importante na caminhada do Grupo para a sustentabilidade”, ressaltou o diretor-presidente da Energias do Brasil, António Martins da Costa. "Esse tema está à frente da gestão da Energias do Brasil." Para o diretor vice-presidente de Geração e Meio Ambiente, Custódio Miguens, o projeto é indispensável para o compromisso da empresa com a sustentabilidade e cada colaborador pode ajudar dentro das suas possibilidades. O porquê da coruja? A coruja é vista, há séculos, como um animal que simboliza a sabedoria. Em muitas escolas e universidades, a figura da coruja aparece nos brasões dessas instituições. Esse simbolismo sobreviveu ao tempo e ainda hoje a associação dessa ave com a sabedoria, prudência e maturidade perdura e é seguidamente reforçada na cultura popular. Dessa maneira, Ciça Sabida pretende ser facilmente assimilada como um personagem “validado” pela tradição para dar conselhos, fazer sugestões e orientar todos da Energias Brasil no entendimento e no cumprimento das novas orientações. On | 21


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Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal; a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa e Andreia Galvão, vice-presidente do Instituto Português do Património Aqruitectónico apoiaram a iniciativa

m a rav i l h a s

A EDP VAI DESENVOLVER UM PROJECTO PIONEIRO EM PORTUGAL DE ARTE E DE MÚSICA, NO ÂMBITO DO PATROCÍNIO ÀS 7 MARAVILHAS. SAIBA COMO A NOSSA EMPRESA E A FUNDAÇÃO VÃO MARCAR A HISTÓRIA DE PORTUGAL

A EDP CONVIDOU SETE ARTISTAS PLÁSTICOS, sete fotógrafos e sete músicos para fazerem intervenções artísticas inspirados nas sete maravilhas portuguesas que serão apresentadas em Julho em Lisboa, em simultâneo com as Sete Maravilhas do Mundo. “É um momento de afirmação artística portuguesa”, afirmou Sérgio Figueiredo, director da Fundação EDP aquando da apresentação. Um projecto que pretende apoiar o património e os valores culturais, promovendo manifestações culturais e o desenvolvimento da produção artística nacional. Em defesa da preservação do património português, António Mexia afirmou que “quem não respeita o seu passado não tem futuro.” Em simultâneo com as maravilhas mundiais, as sete maravilhas portuguesas são divulgadas no dia 7 de Julho, sendo seleccionadas entre um conjunto de 21 monumentos finalistas: Castelo de Almourol, Castelo de Guimarães, Castelo de Marvão, Castelo de Óbidos, Convento de Cristo Tomar, Convento e Basílica de Mafra, Fortaleza de Sagres, Fortificações de Monsaraz, Igreja de São Francisco Porto, Igreja e Torre dos Clérigos, Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro dos Jerónimos, Paço Ducal de Vila Vi22 | On

TOME NOTA

28.06.07 Exposição que reúne no Museu da Electricidade o olhar de sete fotógrafos sobre as maravilhas nacionais. 07.07.07 Eleição das maravilhas de Portugal e posterior apresentação aos artistas convidados do respectivo monumento a trabalhar. NOV 07/ MAIO 08 a exposição dos projectos terá início em Novembro de 2007 e finalizará em Maio de 2008.

António Mexia, PCAE da EDP, Cruz Morais, administrador, António de Almeida, presidente do Conselho Geral de Supervisão, e Pita de Abreu, administrador, estiveram junto dos artistas convidados para dar vida à apresentação das sete maravilhas de Portugal através da sua arte

çosa, Universidade de Coimbra, Palácio de Mateus, Palácio Nacional da Pena, Palácio Nacional de Queluz, Ruínas de Conímbriga, Templo Romano de Évora e Torre de Belém. Para António Mexia esta iniciativa não se trata apenas de um patrocínio; “é um projecto global que exporá essas maravilhas a nível nacional e internacional e assim conseguirá chamar a atenção do nosso património, da nossa música, fotografia e artes plásticas”. Para o presidente da EDP a cultura é o caminho de Portugal se diferenciar no mundo. Partindo de conceitos como luz, electricidade, energias renováveis,

comunidade, efémero e arquitectura, enquanto pressupostos de desenvolvimento criativo, o projecto Sete Maravilhas EDP contará com a participação de vários artistas plásticos e músicos nacionais. Entre os artistas plásticos encontram-se Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, João Tabarra, Miguel Palma, Pedro Cabrita Reis e Susana Anágua. Para dar música a esta causa associaram-se Teresa Salgueiro, Paulo Gonzo, Pedro Abrunhosa, The Gift, Rodrigo Leão, Sara Tavares, Rui Veloso e Marisa. Para retratar as maravilhas portuguesas contamos com a participação dos fotógrafos Daniel Malhão, Duarte Belo, Eurico Lima do Vale, José Luís Neto, Luís Palma, Margarida Gouveia e Nuno Cera. Todos eles farão a sua abordagem inspirada nas maravilhas portuguesas para as quais já votaram mais de 300 mil pessoas. Deixe-se maravilhar e participe!


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CAP HUM

DESDE 2006 QUE O GRUPO EDP, FIEL AO SEU COMPROMISSO DE CRIAÇÃO DE VALOR ATRAVÉS DE UMA EFICIÊNCIA SUPERIOR, TEM VINDO A DESENVOLVER É OBJECTIVO CLARO DO “TALENTO” PROMOVER A GESTÃO DO CAPITAL Humano numa lógica de organização multinacional – que assenta na centralização do “pensamento estratégico”, na descentralização da gestão táctica e operacional, na articulação e maximização de sinergias intra e entre geografias e na definição clara de responsabilidades e report de cada Órgão –, promovendo a focalização nos resultados de negócio, a clareza, transparência e comunicação proactiva nos processos de RH e uma cultura de superação e justiça, a construção de uma “empresa justa”. Para tanto, procedeu-se ao desenho de um Novo Modelo de Recursos Humanos de que resultou a criação de dois novos Comités – Comité de Remunerações e Comité de Carreiras, Mobilidade e Formação – bem como a criação de uma nova Direcção, a Direcção de Gestão Estratégica de Recursos Humanos (DERH), que assume a coordenação global das Direcções de RH do Centro Corporativo e das Empresas do Grupo EDP situadas fora de Portugal e acumula a função de Direcção de Recursos Humanos (DRH) da EDP Portu24 | On

gal. A constituição e responsabilidades daqueles novos Comités e Direcção, com funções de coordenação, na área de Recursos Humanos, são as seguintes: COMITÉ DE REMUNERAÇÕES É constituído por: Conselho de Administração Executivo (CAE), Director da Direcção de Gestão de Recursos Humanos (DERH), Director da Direcção de Gestão de Recursos Humanos de Topo (DRHT), Director da Direcção de Gestão Operacional de Recursos Humanos e de Relações Laborais (DORH). Aprova o modelo de compensação (fixa, variável e incentivos) para todos os colaboradores do Grupo. Aprova os valores de referência para os indicadores de avaliação de desempenho (KPI´s – gestão por objectivos) e o correspondente cálculo da sua performance anual. Fomenta, periodicamente, o desenvolvimento de análises comparativas (benchmarks), a nível nacional e internacional, de forma a determinar os níveis adequados de remuneração (fixa e variável) e a enquadrar a estratégia de compensação de todos os colaboradores.


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I TA L M A NO

O PROJECTO TALENTO, COM O OBJECTIVO DE REDEFINIR E POTENCIAR O DESENVOLVIMENTO DO SEU CAPITAL MAIS EFECTIVO, O CAPITAL HUMANO COMITÉ DE CARREIRAS, MOBILIDADE E FORMAÇÃO É constituído por: CAE, Director da DERH, Director da DRHT, Director da DORH, CEO de cada UN/Empresa (se não estão no CAE) e/ou Administrador que o CAE indique, DRH de cada UN/Empresa. Aprova medidas para promover a evolução/mobilidade dos quadros. Garante a implementação de Planos de Sucessão para as posições críticas do Grupo. Monitoriza o desenvolvimento da carreira de quadros, analisando expectativas e eventuais constrangimentos. Aprova o Plano de Formação do Grupo e monitoriza a sua implementação. COORDENAÇÃO DA ÁREA DE RH (DIRECTOR DA DERH) Missão: Assumir a coordenação das Direcções do Centro Corporativo que têm a seu cargo responsabilidades no âmbito dos RH (DERH, DRHT, DORH) e a função de Director de Recursos Humanos da EDP Portugal (as DRH das empre-

sas portuguesas da EDP reportam conjuntamente a este órgão e aos respectivos Conselhos de Administração). A este órgão reportam igualmente as Direcções de RH das empresas do Grupo sediadas fora de Portugal (em duplo reporte com os respectivos CA), no que respeita à gestão do RH de Topo e ao desenvolvimento dos projectos de RH do Grupo. Caber-lhe-á, ainda, assegurar o Alinhamento de Princípios de actuação entre essas Direcções e as Direcções do Centro Corporativo e das Empresas sediadas em Portugal, nas restantes vertentes da função Recursos Humanos. Concorrer para o desenvolvimento de uma cultura de excelência em todo o Grupo. Responsabilidades: Coordenar e assegurar a gestão integrada de todos os projectos de RH do Grupo. Assegurar o funcionamento corrente das áreas afectas à função RH. Coordenar a gestão dos meios humanos afectos à fun>> On | 25


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ção RH. Consolidar a informação de gestão de RH. Validar as microestruturas de cada Direcção de Recursos Humanos do Grupo. Monitorizar a elaboração dos Planos e Orçamentos anuais de RH e os seus controlos periódicos.

N

Fev - Mar OR GA Avaliação Comp. Estratégicas Avaliação Comp. Técnicas Aval. KPI’s Corporativos Aval. KPI’s Individuais CÉZANNE Feedback Sistema Individual

Nov - Dez Planeamento Estratégico Activo Humano

Out - Nov

Plano de Formação (gaps)

de Gestão do Activo Humano da EDP

OUTUBRO Set - Out

N

Programas de Pontencial

TIO ZA NI

Missão: Apoiar o CAE na definição e implementação de uma estratégia de Recursos Humanos que promova a valorização do desenvolvimento pessoal e profissional de todos os colaboradores, respondendo às necessidades estratégicas e operacionais das Unidades de Negócio e contribuindo para os valores corporativos do Grupo EDP.

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DERH – DIRECÇÃO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE RH

Momentos Chave de Interacção

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Mar - Abr Nivelar funções Grelha Remuneração

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ION T ZA NI

LE

Responsabilidades: Definir/actualizar, divulgar e monitorizar o Plano Estratégico de GesPlanos de Carreira tão de Talento do Grupo em conjugação com a DHRT e em linha com a estratégia do Grupo. ProRV Indexada por ao CAE os processos, procedimentos e polítiMobilidade Comp. Estratégias cas gerais de RH do Grupo, promover a sua difuPlanos RV Indexada são em toda a organização e gerir a sua implemende Sucessão a Objectivos tação. Gerir a implementação e a evolução estratégica do sistema de informação de Gestão do Activo Humano nas suas várias vertentes: Potencial, Desempenho, Remuneração, Carreiras/Mobilidade/Sucessão, Recrutamento e Formação. Garantir a coerência das linhas de orientação estratégicas da gestão dos diferentes Acordos/Convénios Laborais existentes no Grupo, em conjugação com a DORH, a quem compete a respectiva proposta e coordenação da negociação. Avaliar e gerir o clima organizacional e propor medidas para a sua constante melhoria. Monitorizar o cumprimento dos critérios de sustentabilidade empresarial aplicáveis à Gestão de Recursos Humanos em todo o Grupo; Coordenar e avaliar o desempenho das estruturas de RH do Grupo que lhe reportam. Acompanhar a comunicação interna no Grupo, em articulação com a Direcção de Marca e Comunicação. Os principais projectos, para o período 2007/2008, na área da Gestão do Activo Humano do Grupo EDP e transversais a todas as empresas do Grupo, são a implementação do Talento e do eneRHgia, sendo os seus objectivos, interacções e equiOBJECTIVOS ENERHGIA (CÉZANNE) pas, os seguintes: Implementar em todas as geografias e empresas do Grupo EDP, um sistema de informação que suporte de forma integrada e eficaz o modelo de processos de OBJECTIVOS TALENTO Implementar em todas as geografias e empresas o Plano Estratégico de gestão do activo humano definido no Projecto Talento, nas suas várias vertentes: plaGestão de Activo Humano definido no âmbito do Projecto Talento, nas suas vá- neamento estratégico de recursos humanos; Gestão de organigramas e de dados dos colaboradores (dados cadastrais de carreira); Avaliação de potencial e desemrias vertentes de: penho; Recrutamento; Desenvolvimento de competências e formação; Gestão de ca· Modelo Organizativo da função de Recursos Humanos; · Modelo de Macro-Processos, contemplando: Gestão Estratégica de Activo rreira e sucessão; Gestão da compensação; Reporting e gestão orçamental. Humano; · Avaliação de Potencial e Desempenho; Gestão da Compensação (fixa e vaEQUIPAS DOS PROJECTOS riável); Na fase de implementação dos projectos, a DERH será responsável, sob su· Desenvolvimento de Competências e Formação; Gestão de Carreiras; pervisão do CAE, pela sua coordenação e gestão, nas várias geografias e empresas, · Implementação de uma dinâmica anual de gestão do activo humano, iden- em articulação com a Direcção de Sistemas de Informação (DSI). Para tanto, foram tificando e programando no tempo as rotinas de gestão de pessoas: constituídas equipas multidisciplinares para cada projecto, que reúnem valências fun-

G IN

O R GA

C A P I TA L HUMANO

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edp recursos humanos REORGANIZAÇÃO DO MODELO

TALENTO VS. ENERHGIA (CÉZANNE)

O Cézanne operacionalizará todos os processos de gestão de activo humano cujos instrumentos serão detalhadamente definidos na implementação do Talento. Gestão da mudança Avaliação de Potencial e de Desempenho Compensação

Cézanne ® People (Módulo BASE) Cézanne ® HRCharter Cézanne ® Reporting System Cézanne ® Recruiting Cézanne ® Training Cézanne ® Performance Cézanne ® Succession and Career Cézanne ® Salary Analysis Cézanne ® Budget

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3 eneRHgia (Cézanne) Operacionalização dos Processos e dos Instrumentos

Desenvolvimento de Competências 4

5

Gestão de Carreira

1 Fase 0

Fase 1

Dados Mestres e Estrutura Organizativa Desempenho e Implementação Espanha, Portugal, Brasil

1 Planificação Estratégica de RH

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Avaliação do Desempenho e do Potencial

Compensação

Desenvolvimento das Competências

Planificação Estratégica de RH

Desenho 2007

cionais, geográficas e técnicas que possibilitam a implementação, com sucesso, dos projectos, sendo de salientar a vinda para a DERH de colaboradores da HC/Espanha (Estrella Segurado), Energias do Brasil (Fabrícia Lani), da DORH (Isabel Miguel) e da EDP Comercial (Ana Rita Oliveira). TALENTO · Steering Committee: CAE, Nuno Brito (DERH) e Rafael Mora / Heidrick & Strugles (H&S); · Direcção: Nuno Brito (DERH), Adília Pereira (DRHT), Eugénio Carvalho (DORH), Rogério Machado (EDP Brasil), Ramiro Palácios (EDP Espanha) e Pedro Rocha de Matos e Ana Silva (H&S); · Grupo de Acompanhamento e Equipa de Projecto: Administradores e Directores de RH de todas as empresas do Grupo EDP, coordenados por Nuno Brito (DERH) e Pedro Rocha de Matos (H&S).

Avaliação do Desempenho e do Potencial

Implementação 2008

ENERHGIA (CÉZANNE) · Steering Committee: CAE, Nuno Brito (DERH), António Vidigal (DSI), José Salas (DSI) Eugénio Carvalho (DORH), Adília Pereira (DRHT), Rogério Machado (EDP Brasil), Rafael Mora, João Guedes Vaz, Gonçalo Anacorreta da H&S, e José Manuel Villaseñor e Enzo de Palma da Cézanne; · Direcção: Nuno Brito (DERH), José Salas (DSI), Gonçalo Anacorreta da H&S e Enzo de Palma da Cézanne; · Grupo de acompanhamento: Administradores e Directores de RH de todas as empresas e do Grupo EDP e da DERH; · Coordenação: Francisco Lopes Lança (Coordenador), Carlos Vines (DSI), Corrado Facchini e Enzo de Palma da Cézanne; · Equipas de implementação técnico funcional e funcional: representantes de todas as empresas do Grupo EDP e dos consultores do projecto. On | 27


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objectivos concretos para um futuro melhor

compromissos PITA DE ABREU Administrador Executivo da EDP Energias de Portugal, SA. Os compromissos que assumo desdobram-se pelos três eixos de desenvolvimento da Política de Recursos Humanos do Grupo: Desenvolver as competências, ajustando-as ao novo paradigma do sector energético Revitalizar a cultura empresarial, renovando-a Reajustar o activo humano, rejuvenescendo-o

A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS, SENDO UM dos principais instrumentos do nosso Plano Estratégico, deverá contribuir decisivamente para “Consolidar a EDP como o maior Grupo Empresarial em Portugal e conferir-lhe uma expressão global nas áreas onde pode fazer a diferença”. As diferentes componentes da Política de RH - comunicação interna, formação, mecanismos de avaliação e remuneração, mobilidade, gestão de carreiras, etc. – visam primordialmente: • o aprofundamento das competências que suportam, no presente, a actividade do Grupo e a assunção de uma prática de inovação que prepare o sucesso no novo paradigma (energia”verde”, mercado de emissões, eficiência energética, microgeração distribuída, redes de distribuição “inteligentes”, concorrência reforçada na produção e na comercialização de electricidade e gás, …) • a interiorização, por cada um de nós, de uma cultura de valor e meritocracia, baseada na responsabilização e identificação individual com os objectivos da Empresa e em práticas partilhadas de transparência, de ética, de equilíbrio entre vida profissional/ vida pessoal e de responsabilidade social face à comunidade em que nos inserimos. 28 | On

• o reequilíbrio da estrutura etária e de competências do Activo Humano do Grupo, ajustando-a às novas exigências. OS MEUS COMPROMISSOS IMEDIATOS SÃO: 1. Criar condições para o sucesso dos Projecto Talento e EneRHgia, em que se analisarão e redesenharão as ferramentas de avaliação de desempenho, de desenvolvimento de carreira e de gestão de incentivos, com os objectivos de valorizar a criação e manutenção das competências críticas da EDP, de desenvolver individualmente os colaboradores e de reter o talento do nosso Activo Humano; 2. Ajudar a concretizar o projecto “Sou EDP”, um programa de comunicação interna e de reforço de cultura do Grupo que, com uma componente lúdica interessante, abrangerá todos os colaboradores; 3. Adaptar às novas realidades das Empresas e dos Países (novas legislações do sector energético, do trabalho e da segurança social) o Acordo Colectivo de Trabalho (em Portugal) e o Convénio (em Espanha), negociando com os parceiros sociais; 4. Concretizar medidas que garantam a sustentabilidade e a melhoria da qualidade dos sistemas de Prevenção e Apoio na Doença aos colaboradores;

5. Dinamizar a colaboração com o Clube de Pessoal e com a Fundação EDP no desenvolvimento de actividades extra-laborais no domínio da cultura, desporto e solidariedade social; 6. Colaborar com a Associação de Reformados (AREP) na criação de condições efectivas de apoio aos nossos reformados ou pensionistas mais carenciados; 7. Lançar um conjunto de iniciativas internas que reforcem a posição da EDP como “Empresa Familiarmente mais Responsável” e como o “Melhor Lugar para Trabalhar”; 8. Cumprir os objectivos de formação profissional previstos para 2007: acima de 500.000 horas em todo o Grupo (290.000 em Portugal); 9. Prosseguir o esforço activo de envolvimento dos colaboradores em processos de melhoria contínua no plano da Prevenção e Segurança na busca da meta dos “Zero acidentes, nenhum dano pessoal” no Trabalho; 10. Criar condições para a entrada de 1250 novos colaboradores até 2010 num contexto de redução líquida do quadro de efectivos em 1100.


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A ON pergunta:

QUE DESAFIOS ESTÁ A RESOLVER? Veja as respostas na edição nº

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A “ FUNÇÃO RECURSOS HUMANOS” A “função Recursos Humanos” do Grupo EDP é tutelada pelo Presidente do CAE, António Mexia e pelo Adm. Pita de Abreu. A definição de politicas e estratégias corporativas cabem aos Directores do Centro Corporativo, Nuno Brito – Coordenação Global e Direcção Estratégica de Recursos Humanos (DERH), Eugénio Carvalho – Direcção de Gestão Operacional de Recursos Humanos e Relações Laborais (DORH) e Adília Pereira – Direcção de Recursos Humanos de TOPO (DRHT). A execução ao nível local das políticas de Recursos Humanos está a cargo das Direcções de Recursos Humanos das diversas Empresas do Grupo, em Portugal, Espanha e Brasil, em regime de duplo reporte à respectiva Administração e à DERH.

RENOVAR E REVITALIZAR A CULTURA PARA QUE A EDP SEJA · Eficiente e Excelente · Natural e Sustentável · Envolvente e Entusiasmante · Responsável e de Confiança · Global e Justa · Inovadora e com Iniciativa · Aberta e com Ambição

FALAR A MESMA LINGUAGEM E PARTILHAR OS MESMO VALORES A fertilização mútua entre o programa de reforço da cultura EDP e o Projecto PROs para o estabelecimento, em todo o universo do Grupo, de processos formais comuns, criará uma realidade nova: qualquer colaborador, parceiro ou cliente quando entrar numa instalação ou escritório nosso, seja em Castelo Branco ou S. Paulo, em Oviedo ou Lisboa, em Houston ou no Porto, saberá, instantaneamente, ao primeiro relance, que está na EDP, a falar com pessoas EDP. Seremos então um Grupo ainda mais forte, coeso, de enorme resiliência.

Diferenciar A EDP não ganhará pela dimensão mas sim pela capacidade de se diferenciar. On | 29


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JOÃO TORRES Presidente do Conselho de Administração da EDP Distribuição, compromete-se a… Adequar a organização da EDP Distribuição e desenvolver as competências dos colaboradores; Optimizar o investimento (Projecto Capex); Conter custos operacionais através da optimização dos processos (Projecto Opex); Melhorar a Qualidade de Serviço; Melhorar as condições regulatórias.

O COMPROMISSO DA EDP DISTRIBUIÇÃO PARA os próximos anos, passa pelo trilhar de um caminho que permita cumprir uma aspiração ambiciosa; a de ser uma empresa de referência a nível mundial em eficiência operativa no negócio da distribuição. O êxito dos objectivos traçados no Plano de Negócios 2007/2010 implica, por isso, uma gestão obsessiva dos factores-chave do negócio e a optimização e automação dos processos de negócio, enquadrada no desenho da nova organização. E, de facto, a remodelação do desenho organizativo da empresa foi amadurecida, concebida e será implementada até ao final de 2007, à luz dos objectivos estratégicos traçados no Plano de Negócios e do actual contexto regulatório, tendo como princípios, a orientação para a excelência/normalização, a adopção de um modelo geográfico eficiente privilegiando a optimização de níveis hierárquicos e de unidades organizativas, maximizando a orientação da organização para o cliente e alavancando aumentos de eficiência. Com a consciência de que novos tempos conduzem a novas exigências, identificámos a necessidade de adequação da gestão de recursos humanos aos desafios que nos são colocados, assente na racionalização de efectivos, no melhor aproveitamento do capital humano da empresa, na valorização das competências técnicas, no rejuvenescimento e maior qualificação dos colaboradores e na criação de um modelo de gestão do conhecimento que permita, igualmente, um aumento da motivação e da satisfação dos colaboradores. Daí, a nossa aposta na rotação de funções a par do investimento firme em formação. Num quadro de disputa de recursos, o investimento para o quinquénio 2006-2010, é de 1.162 milhões de euros (a custos totais líquidos de comparticipações financeiras), com particular ênfase nos investimentos de claro valor acrescentado e, tendo por base 30 | On

a identificação e selecção rigorosas da urgência e obrigatoriedade dos projectos, de forma a garantir a correcta alocação do capital para servir objectivos de crescimento e de qualidade de serviço. Foram identificadas algumas áreas com oportunidades de melhoria: o Planeamento, a Manutenção, o Projecto e Construção, as Operações no Terreno, a Gestão Ambiental e o Outsourcing onde foi possível detalhar as medidas a adoptar para a optimização do investimento. Ao nível da contenção do esforço de investimento assume relevância o reforço da Manutenção e a melhoria do Planeamento com reflexo directo num melhor controlo dos investimentos e dos custos associados. Na vertente de redução de custos operacionais, o plano de melhorias será implementado com recurso à metodologia Lean, suportado em tecnologias que ofereçam eficiência na mobilidade das nossas equipas no terreno. Temos vindo a automatizar a rede, complementada por uma gestão de Processos integrada que engloba a actividade das equipas no terreno. Procurámos, igualmente, sinergias naquilo que são áreas afins, as telecomunicações e os tele-serviços, onde há uma forte evolução tecnológica.

Definimos ainda as funções que consideramos essenciais para a actividade da distribuição e aquelas em que, sem colocar em risco o conhecimento da empresa, podemos recorrer ao outsourcing, mantendo a liderança em parcerias fortes, mas sem descurar a formação, ao nível dos Prestadores de Serviços Externos. Está a decorrer o concurso para a próxima Empreitada Contínua, que foi pensado para melhorar essas parcerias com impacto muito forte nos custos associados. Temos gerido e vamos continuar a gerir activamente os níveis de qualidade do fornecimento de energia eléctrica. O esforço de modernização da rede e a adopção das melhores práticas, têm dado frutos e os números não mentem, sendo os Clientes, as Autarquias e o próprio Regulador a reconhecer a verificação das significativas melhorias já alcançadas. Mas temos que continuar a melhorar e vamos continuar a fazê-lo de forma sustentável, designadamente ao nível do tempo de reposição da alimentação e do número de interrupções de fornecimento. Os valores de Dezembro de 2006 deixam claro que a evolução foi bastante positiva; o Tempo de Interrupção Equivalente - TIE baixou em 40% nos últimos quatro anos, registando no primeiro trimestre de 2007, menos 51% que no período homólogo do ano anterior. No mesmo período, o número total de incidentes na rede de Média Tensão sofreu uma redução de 22%. Não podemos deixar de relembrar que as melhorias conseguidas ocorreram num quadro de crescente exigência dos clientes relativamente aos níveis da qualidade de serviço e num ambiente de forte pressão regulatória, agora acrescida com a obrigação de uma actuação em que se exige independência ao operador de rede. É pois uma envolvente em que se conjugam factores que obrigam a um desempenho com um grau de exigência superior; a pressão regulatória para o contínuo aumento da eficiência, com constrangimentos ao nível da contenção de custos, aliada à compreensível exigência dos clientes para a redução da tarifa, naturalmente, com impacto nas nossas contas directas. Face a este quadro, há que reforçar a proximidade com o Regulador, visando melhorar as condições regulatórias, designadamente, no tocante à fixação de tarifas. E isso passa por acrescido esforço de explicação do que estamos a fazer e da forma como estamos a apoiar a criação de um novo enquadramento para o sector eléctrico. Rumo a 2010 as nossas prioridades-chave sustentam-se em três ideias que queremos espelhadas no desempenho da Distribuição: INOVAÇÃO, no sentido de estarmos abertos à adopção das melhores práticas e da procura de soluções inovadoras; PROXIMIDADE, entre nós, com os clientes e com os prestadores de serviço internos e externos, mantendo a coesão que nos caracteriza; DETERMINAÇÃO, de fazer cada vez mais e melhor, elemento essencial numa empresa de operações.


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ANTÓNIO VIDIGAL

compromissos

NEVES DE CARVALHO

Presidente da EDP Inovação

Director de Sustentabilidade e Temas de Ambiente

Criar uma cultura de inovação A EDP Inovação tem por vocação contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de inovação dentro do Grupo, procurando conseguir que em todos os processos se encontre a melhor forma de os executar. Esta procura permanente da melhor solução, a qual deverá ser adoptada, independentemente da empresa onde foi encontrada, representa o “EDP Way”. Um conjunto diversificado de projectos foi lançado e encontra-se em curso na Empresa, dentro desta filosofia. Constituição do Conselho de Inovação, composto por personalidades externas A escolha dos membros do Conselho de Inovação tem uma importância estratégica para o Grupo, uma vez que se pretende que funcione como consciência do Grupo em matéria de inovação, considerando-se ser importante conseguir um conjunto de personalidades com experiências diversificadas. Este processo encontra-se ainda em conclusão. Implementação do Governo da Inovação no Grupo EDP O Governo da EDP Inovação encontra-se já em funcionamento, tendo o Comité de Inovação reunido regularmente, com a participação de representantes das diversas empresas do Grupo. Encontra-se em finalização a criação do Conselho de Inovação o qual será constituído por um conjunto de personalidades com experiências diversificadas . Actuar como facilitador para colocar em execução novos projectos Estão neste momento a decorrer na EDP um conjunto de projectos, os quais em si trazem um espírito inovador ao Grupo EDP, contribuindo, conforme referido, para o “EDP Way”. Estes projectos têm em comum um conjunto de características de inovação: • São projectos transversais a todo o Grupo, que ajudarão a construir uma empresa em rede, a qual aproveite o conhecimento e capacidade dos seus colaboradores, indepen-

Compromissos de Março

dentemente da sua localização geográfica, contribuindo para eliminar os silos que ainda tendem a permanecer nas organizações. • São aplicações normalmente acessíveis através de um browser web, a partir da Intranet do Grupo, o que facilita o acesso e manutenção a partir de qualquer localização geográfica em que o Grupo opere. Neste espírito, uma primeira acção, simples tecnicamente, mas que se reveste de grande significado, foi a interligação de todas as Intranets do Grupo, a partir de uma home page comum. Esta acção, da responsabilidade da DSI e DMC, e que se encontra em fase avançada de implementação, actuará como instrumento de comunicação e cultura, permitindo ao mesmo tempo testar as configurações e larguras de banda da WAN EDP (Wide Area Network – Rede de Comunicações Interna) assegurando o adequado futuro funcionamento de outras aplicações web, em preparação nas diversas unidades do Grupo EDP.

Ba lan ço

Outra apostas são o WikiEDP, o qual funcionará como verdadeiro repositório de conhecimento do Grupo, o Sistema Cezanne, que dará suporte ao projecto Talento, permitindo uma gestão uniforme das carreiras dentro do Grupo, e o projecto Skipper, o qual permitirá, na Produção, uma nova forma de monitorizar e gerir os meios de produção, ou o projecto de “Revenue Assurance”, destinado a manter o controlo permanente do ciclo comercial da Distribuição. Outros projectos estão em arranque, como o projecto de telecontagem, o qual virá a integrar uma arquitectura de smart-networks, permitindo a inclusão de geração distribuída na rede de distribuição. De notar que todos os projectos são da responsabilidade das pertinentes áreas do Grupo, funcionando a EDP Inovação como facilitador.

Lançamento da campanha de eficiência energética na EDP Racionalização de consumo de energia, papel e água na organização Poupanças superiores a 15% em energia e água

Balanço após três meses da data de publicação “A EDP resolveu englobar a campanha interna de eficiência energética na acção mais abrangente que foi desencadeada com o programa ECO. Por esse motivo, os compromissos assumidos o trimestre passado na revista ON tiveram um certo atraso, mas apenas em termos de visibilidade. De facto, enquanto a DMC tem estado a preparar a campanha de comunicação interna, perfeitamente alinhada com o programa ECO, a EDP Valor, em conjugação com a DSA, tem realizado um trabalho precioso de preparação de infra-estruturas onde já foram instalados economizadores de água em praticamente todos os nossos edifícios, renegociados os contratos de recolha selectiva de resíduos e estão preparados todos os meios necessários para as medidas que vamos lançar muito em breve, devidamente divulgadas pela DMC. Foi um compasso de espera no que inicialmente tínhamos planeado, mas acredito que valeu a pena pela força da campanha de comunicação interna que vai ser lançada, que evidencia de forma exemplar, a coerência de actuação da EDP em termos externos e internos. Estou seguro que nos vamos todos congratular pelo resultado final desta iniciativa que irá ser muito mais abrangente do que inicialmente previsto”, explica Neves de Carvalho.

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Energia sustentável A ÁREA DO GÁS TEM CRESCIDO EXPONENCIALMENTE, MAS É NAS EÓLICAS QUE O GRUPO APOSTA DECIDIDAMENTE. À FRENTE DESTAS DUAS VERTENTES ESTÁ UMA GESTORA QUE DEIXOU UM PASSADO EM FINANÇAS PARA PENSAR NO FUTURO EM QUE AS ENERGIAS RENOVÁVEIS TÊM POSIÇÃO PRIMORDIAL. SAIBA O QUE PENSA ESTA MOÇAMBICANA DETERMINADA, COM UMA OPINIÃO MUITO DEFINIDA SOBRE AS QUESTÕES NACIONAIS E UMA PERSPECTIVA INTERNACIONAL A sua especialidade é o planeamento estratégico? Foi-se encaminhando para aí porque sou formada em economia, tenho mestrado em gestão e pós-graduação em finanças internacionais, portanto, cubro um espectro de competências bastante grande. Mas a verdade é que sempre evitei áreas que conduzissem a situações demasiado repetitivas. Por exemplo, a direcção financeira de uma empresa tem uma fase inicial de estruturação que pode ser muito interessante, mas depois tende a repetir-se. Assim, a banca de investimentos foi a opção que me atraiu inicialmente pela diversidade que proporcionava, por-

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que os dossiers, as situações e os clientes são sempre diferentes. A oportunidade do planeamento estratégico foi um desafio que me fez o Dr. Mexia quando eu ainda estava no BPI. Explicou-me o projecto da Gás de Portugal, onde estava há pouco tempo, de uma forma tão convincente que aceitei imediatamente. Estávamos em 1998, e não era muito comum as empresas portuguesas terem um departamento de estratégia. Era substancialmente o que estava habituada a fazer nos bancos por onde passei, apenas direccionado para uma empresa. Mais tarde, na Galp, também fiquei com essa responsabilidade,

incluindo o M&A. Na EDP, como é sabido, detenho na Administração o pelouro das Renováveis e Gás.

Quais são as suas responsabilidades na EDP? Como disse, sou responsável pelas renováveis e pelo gás natural. A EDP Gás não existia quando esta Administração entrou, havia apenas, o que se chamava “projecto do gás”. Hoje, existe uma área de negócios estruturada, com objectivos bem definidos, com pessoas escolhidas, com projectos e actividades consistentes e coerentes ao longo da respectiva cadeia de valor. >>


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>> O gás não é considerado uma energia renovável, embora seja menos poluente que o carvão, mas ainda assim produz CO2, sendo no entanto uma tecnologia que, com a evolução da procura e das necessidades do consumidor, é no momento incontornável já que as tecnologias renováveis ainda não são suficientes para preencher a evolução prevista para a procura. Vinda da Galp, a minha experiência anterior teve peso na atribuição deste pelouro, em acumulação com as renováveis.

Quanto representa a área do gás no negócio da EDP? Neste momento ainda não tem peso significativo, no final de 2006 não representava mais do que 6,5 % do EBITDA. Pretende-se aumentar essa percentagem, que em 2010 deverá rondar os 8%.

Então o gás será sempre uma área com menor peso no portfólio da EDP? A nível de distribuição/comercialização ainda enfrentamos em Portugal o monopólio por parte da Galp, mas pretendemos crescer com a liberalização progressiva do mercado. Em Espanha, o processo de liberalização está muito mais adiantado (o número de clientes com tarifa regulada deve ser muito reduzido no final de 2007) estando a EDP Gás, através da Naturgás, a desenvolver uma estratégia e uma política comercial com o objectivo de crescer de forma rentável nos segmentos onde formos mais competitivos, valorizando a empresa. Aliás, esperamos que os resultados líquidos desta empresa no final do ano de 2007 andem à volta dos 100 milhões de euros, o que deve considerar-se um salto muito significativo relativamente aos 63 milhões de euros de 2006. Até agora, porém, só os resultados da comercialização/distribuição constituem os resultados da EDP Gás, estando nós a trabalhar nos preços de transferência entre a EDP Gás, a EDP Produção e a EDP Comercial. No entanto, desde há cerca de um ano que fazemos a gestão do portfólio de contratos de gás existente, retirando o Grupo as inerentes vantagens desta forma de gestão (que se contrapõe à gestão individual de cada contrato), muito mais eficaz e flexível. Ao mesmo tempo, como é do domínio público, temos vindo a negociar com diversas entidades novos contratos de gás que complementem as necessidades do Grupo EDP, quer ao nível da construção de novas CCGTs como ao nível de novos volumes destinados à comercialização/distribuição. De destacar, ainda, a gestão regulatória específica feita em Portugal como ainda a gestão regulatória e logística, designadamente ao nível da armazenagem de gás, que tem vindo a ser feita em Espanha e que tem permitido ao Grupo EDP poupar e, portanto, ganhar montantes muito significativos.

Acha que ainda vai demorar muito tempo até as renováveis serem as fontes de energia mais importantes? Acho que uns 10 a 20 anos, pelo menos, dependendo da tecnologia que tenhamos em mente, para serem pelo menos fontes importantes no mix global de produção. Já se evoluiu muito nas renováveis nos últimos anos, principalmente nas eólicas, designadamente na Península Ibérica e na Alemanha, com objectivos muito ambiciosos, sendo que se considerarmos as grandes hídricas como uma forma de energia renovável, além das pequenas hídricas (o que tem merecido o seu debate dados os impactos ambientais específicos), o que parece mais que razoável no actual contexto, pode dizer-se que Portugal tem ainda um caminho a percorrer já que actualmente se exploram menos de 50% das nossas capacidades, sendo que na Europa essa percentagem é superior a 90%. Nas grandes hídricas, fomos sem dúvida objecto de grandes limitações de origem ambiental nos últimos anos, mas nota-se claramente neste domínio uma evolução no sentido de uma abordagem mais realista e mais enquadrada em termos dos desafios que o mundo enfrenta. A este propósito está definido pelo Governo Português um objectivo de 45% para a produção renovável de energia em 2010, que naturalmente inclui a grande hídrica. A UE definiu um objectivo de 20% obrigatório em 2020, que parece possível, e um mais ambicioso de 30% facultativo.

Acha possível atingir estas metas? Tudo vai depender do ritmo de desenvolvimento das renováveis, essencialmente eólico e solar, do ritmo a que vai evoluir a procura, dos resultados das medidas de eficiência energética que estão a ser lançadas, do reforço das interligações e dos investimentos em redes mais inteligentes que favoreçam a produção distribuída, de novas tecnologias que surjam na próxima década como é o caso do tão falado carvão limpo. Por enquanto, a alternativa mais viável, em termos tecnológicos e ambientais, para complementar as renováveis, face à evolução esperada da procura, são sem dúvida os ciclos combinados a gás natural, o que, tratandose também de uma energia fóssil, emite muito menos CO2 do que o carvão ou o petróleo.

E que pensa das renováveis para além das eólicas? A tecnologia eólica era sem dúvida a mais disponível e comercialmente mais provada após a assinatura do Tratado de Quioto. Hoje, continua sendo assim substancialmente, tendo-se verificado um enorme desenvolvimento nesta tecnologia, que se pode considerar próxima da maturidade. Todavia, outras tecnologias já percorreram em grande par-

te a curva de aprendizagem, como é o caso do solar, onde já se começa a detectar uma corrida quer de operadores, empresas de engenharia ou produtores. Diz-se mesmo que será a próxima vaga. No entanto, outras tecnologias como o eólico off-shore, o eólico urbano, a microgeração, as ondas e as marés, os biocombustíveis, etc. estão a fazer um enorme esforço de desenvolvimento que deve culminar em novos ciclos e novas revoluções tecnológicas nos próximos 10 a 20 anos. A prová-lo estão já aí os carros híbridos, ainda não completamente disponíveis, mas com certeza disponíveis a preços alcançáveis dentro de cinco anos e que vão proporcionar sem dúvida a muito necessária revolução nos transportes, sector que emite pelo menos 40% das emissões totais de CO2 e sem o concurso do qual, não é possível resolver drasticamente o problema das emissões.

Quais são os projectos da EDP na área das renováveis? Nesta área já evoluímos muitíssimo. Quando começámos, o valor de todos os activos na área das renováveis atribuído em Abril do ano passado ao Grupo EDP era de cerca de 700 a 1.000 milhões de euros. Hoje, só a NEO Energia vale cerca de 4 mil milhões de euros e acabámos de efectuar uma aquisição que ronda os 3 mil milhões nos EUA, a Horizon. Os nossos planos de investimento até 2010 nesta área rondam os 6 mil milhões de euros o que traduz a nossa aposta clara em valorizar a empresa através das renováveis. O seu peso no portfólio da EDP em 2010 deve representar cerca de 25 a 30% do EBITDA, e isto significa uma grande mudança na companhia não só em termos de portfólio como em termos de mix de produção. É uma evolução muito rápida em tão pouco tempo e que deverá também contribuir muito para a valorização prevista para a empresa em tal ano. Isto significa, para responder mais concretamente à sua pergunta, continuar a desenvolver um grande número de projectos eólicos, desenvolver em força projectos no solar termoeléctrico, alguns dos quais já estão em estado avançado de desenvolvimento, mas também no fotovoltaico, painéis solares, ondas, eólico urbano, biomassa e mini-hídricas onde já temos projectos em curso em todas as áreas.

É possível desenvolver as renováveis no Brasil? O Brasil seria uma área óbvia, só que até agora as autoridades brasileiras têm pensado mais em termos de aproveitamento dos seus gigantescos recursos hídricos. E agora aquilo que está na moda é o etanol e os biocombustíveis em geral. Em São Paulo qualquer estação de serviço tem álcool, gasolina/gasóleo e electricidade para oferecer ao cliente. Por paradoxal que seja, parece mais fácil obter

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spotlight ANA MARIA FERNANDES

>> licenças para térmicas a carvão do que para centrais eólicas isto porque o Brasil tem receio de um novo apagão e então planeia construir aquilo que pode realizar-se a mais curto prazo. Mas estamos atentos a qualquer alteração.

não seria fisicamente possível responder às necessidades. Agora, é fisicamente possível ter uma parte desse mix de produção – 20 ou 30% - dedicado às eólicas, às renováveis.

E a energia das ondas? A expansão dos negócios ligados à energia eólica, concretamente, têm limites de mercado? Sim, dependendo do mercado de que estejamos a falar. Nenhuma central de produção de electricidade se pode construir sem licenças, esse é o primeiro passo. No entanto, ainda há espaço para crescer fortemente no negócio das eólicas a nível mundial. Portugal, Espanha e Alemanha podem de facto ser considerados mercados mais maduros, mais próximos das metas fixadas mas em compensação existem outros mercados, como os EUA ou o resto dos países europeus (já para não falar dos BRIC que hãose acordar para esta realidade mais tarde ou mais cedo – a Índia já é um bom exemplo) onde as perspectivas de crescimento são imensas. Para os operadores, principalmente para os que têm ambições a figurar nos tops mundiais, como a EDP, diversificar o risco tecnológico, geográfico e regulatório é muito importante, por isso é que fizemos investimentos recentes em França, na Bélgica e nos EUA. A nível dos países da Europa, onde as metas estão mais bem definidas, mesmo que enchessem os países de aerogeradores, face ao crescimento projectado da procura, mesmo tendo em conta, a vontade da redução de CO2 e de uma menor dependência dos países produtores de energias tradicionais (petróleo e gás),

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Ainda está muito em fase de experimentação. Os estudos a nível mundial consideram que a nossa costa é uma das mais promissoras a esse nível. Teríamos assim uma vantagem competitiva relativamente a outros países só que ainda não existe uma tecnologia em fase comercial provada. O Governo está a promover um parque de projectos na energia das ondas que irá concentrar uma série de tecnologias a instalar por diversos promotores, precisamente para perceber quais as que virão a ser as mais promissoras. E nós vamos lá estar, boa parte dos dispositivos serão nossos.

Falemos agora da sua participação na iniciativa “Compromisso Portugal” Na apresentação que fez, fala das “âncoras ibéricas”; quais são? A Península Ibérica, sobretudo na área da energia, é uma ilha. Por muitas razões: é cercada por mar, excepto por um lado, e a sua única ligação à Europa tem um obstáculo que se chama Pirinéus. Fala-se muito no mercado comum, mas a verdade é que para passar para lá dos Pirinéus é muito difícil. Desse ponto de vista, penso que é uma das razões porque as empresas ibéricas olham muito para o outro lado do Atlântico ou para África, já que descortinam aí mais oportunidades e mais vantagens competitivas, designadamente tendo em conta as suas competências específicas.

E qual é o “triângulo atlântico” de que fala? É com o Brasil e África? Acredito mais no triângulo com a América (Norte e Sul). Eu sou moçambicana e gosto imenso de África, mas parecem existir mais oportunidades para as empresas ibéricas nas Américas. Em África só em sectores muito específicos. O problema é que, ao contrário de outros países, não cuidámos de manter com África e o Brasil laços fortes, pelo que não é de admirar que estes países não nos tratem na maior parte das vezes de forma preferencial. Temos de concorrer com os russos e os chineses nestasgeografias e não é nada fácil. Por exemplo, não acha estranho que para um emigrante africano ou brasileiro seja tão difícil vir trabalhar para Portugal como os que provêm de qualquer País de Leste, senão mais difícil?

Em relação ao nosso país o seu texto diz que é preciso uma pedrada no charco. Continua a ser preciso? Acho que, apesar de tudo, este Governo tem dado umas boas pedradas, podemos é discutir se são ou não suficientes. O problema tem sido que ao se mudarem os governos também se tem verificado que se mudam as vontades. Se compararmos com Espanha, desde Franco até agora tiveram quatro governos e nós já tivemos inúmeros governos desde o 25 de Abril. O problema é que assim não há continuidade e é muito mais difícil progredir.

O papel das mulheres na sociedade mudou muito. Na vida profissional acha que é uma vantagem ou um inconveniente ser mulher? Quando eu entrei em Economia, em


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1979/1980, já metade dos alunos eram mulheres. Acho que é tudo uma questão cultural e à medida que se vai subindo na hierarquia vão rareando as mulheres. Mas tem havido evolução mesmo a esses níveis. Daqui a 10 ou 20 anos haverão mais mulheres nos mesmos lugares que eu, com certeza. A verdade é que nunca senti qualquer tipo de preconceito. Vim de Moçambique, o meu pai faleceu quando eu tinha 20 anos, não tínhamos grandes ligações a Portugal, obtive o meu primeiro emprego porque tinha uma boa média da Faculdade de Economia e depois tive uma excelente média no MBA, foi sempre uma questão de mérito pessoal. Acho que as escolhas também têm que ver com a forma como a sociedade está organizada, nomeadamente ao nível económico, social e político. Directa ou indirectamente, 60% da economia está ligada ao Estado e é claro que essa questão pesa. Mas, como disse, tudo isto é evolutivo, e sobretudo as mulheres que estão no topo têm algumas obrigações para com as outras, de tentar que as que têm mérito se evidenciem nas organizações. Tudo depende muito da pessoa que está à frente de uma empresa. Por exemplo, o Dr. Mexia, sempre teve mulheres a trabalhar com ele e sempre favoreceu uma mulher que fosse melhor do que um homem para determinado lugar.

É casada? É complicado gerir a vida pessoal? Sou casada e tenho duas filhas pequenas. Tenho uma grande sorte: a minha mãe, que é viúva, vive comigo e ainda é nova. Tenho toda uma estrutura que me suporta, designadamente o meu marido, se não seria mais difícil. Mas ser-se casada não é em geral um obstáculo se se tiver mérito porque tudo se organiza.

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opções na política climática

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Arnold Schwarzenegger Governador do Estado da Califórnia

Simpatizo tanto com a economia como com o ambiente

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uando Arnold Schwarzenegger foi eleito governador da Califórnia, em 2003, o ambiente não era um ponto forte da sua agenda. Mas com o tempo as coisas mudaram. Num Partido Republicano considerado pouco propenso aos problemas ambientais, Schwarzenegger , no comando de um estado percursor de medidas anti-poluição, destacou-se imediatamente pela posição conservacionista. O escritório particular do ex-actor e actual ponta de lança do Partido Republicano é num edifício comercial em Santa Mónica, cheio com acessórios muito masculinos dos filmes que protagonizou. Está portanto a uma grande distância – em todos os sentidos – da sua antiga casa degradada em Long Island, cheia de cabeças de animais empalhados e livros. Mas as estatuetas do famoso escultor do século XIX, Frederic Remington, que mostram cenas de índios, cowboys e búfalos nas pradarias, indicam uma ligação espiritual com Theodore Roosevelt, o presidente norte-americano que também apreciava estes bronzes dinâmicos (embora talvez ficasse surpreendido com o quadro de Andy Warhol pendurado por cima da secretária de Schwarzenegger). O governador da Califórnia considera Roosevelt, o grande republicano amante da natureza (foi ele que criou os parques nacionais) como uma inspiração na missão de transformar o Estado e o Partido em líderes das soluções ambientais. No Outono passado Schwarzenegger assinou um decre-

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to que cortará as emissões de gases de estufa em 25 por cento em 2020, a que se seguiu outro decreto determinante duma queda impressionante do conteúdo de carbono nos combustíveis utilizados nos transportes. Prometeu lutar contra as tentativas de reabrir as costas da Califórnia à prospecção petrolífera offshore. Este currículo mostrouse fundamental para a reviravolta na sua situação política, que culminou em Novembro com uma reeleição com 56 por cento dos votos. Em casa, mandou modificar um dos seus famosos Hummer para andar a hidrogénio, e outro para utilizar biocombustível, e ainda instalou painéis solares na residência familiar. A puxar por um charuto Monte Cristo com o mesmo prazer que mostrou a discutir a sua visão de governo, Schwarzenegger sentou-se connosco para provar que o ambiente é tão bom para a política como para os negócios.

Como é que chegou até esta posição sobre as questões ambientais? Agora sabemos que o que fizemos nos últimos cem anos causou estragos inacreditáveis no mundo. Antigamente não tínhamos esses conhecimentos, mas agora temos, e precisamos de fazer alguma coisa. Há algumas coisas que se podem prever nos próximos 30 a 40 anos se não retrocedermos. Portanto temos de começar a agir agora. Uma maratona começa com o primeiro passo. Sei muito bem que a mentalidade americana quando se trata de finanças é olhar para os lucros do trimestre. Mas há decisões que vamos tomar

hoje, agora mesmo, que nos vão levar numa direcção diferente, se pensarmos a longo prazo. Tenho de pensar como é que a Califórnia, com tamanho crescimento populacional, vai conseguir o seu fornecimento de energia daqui a 50 anos.

O Partido Republicano percebe isso? Não. Há pessoas nos dois partidos que não percebem isso, mas eu diria que é mais difícil vender estas ideias aos republicanos. Há um cartaz no estado do Michigan a acusar-me de fazer a indústria automobilística perder 85 mil milhões de dólares. (Pago pelo congressista republicano Joe Knollenberg, o cartaz diz “Arnold ao Michigan: vão-se lixar!” A mensagem refere-se aos estragos que, segundo os seus opositores, as novas normas referentes às emissões vão provocar na indústria automobilística norte-americana.) Estas pessoas têm vistas curtas, em vez de estudar o assunto realmente e reconhecer que de facto nos dá a oportunidade de criar uma nova indústria de carros “limpos”, motores “limpos” e componentes para construir esses motores. Na Califórnia, as indústrias a que chamamos de clean-tech (tecnologia limpa) estão a disparar à esquerda e à direita.

Mas não haverá quem perca com as normas de poluição mais restritas? Só até ao ponto em que a indústria automóvel, ou qualquer outra indústria, tenha de se adaptar ao comportamento dos consumidores. É preciso reagir depressa. Mesmo que não façamos


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nada, os japoneses farão, e os alemães também. É verdade que Detroit está a lutar contra a ideia, mas é porque eles estão atrasados. As fábricas de cimento disseram que não havia maneira de produzir cimento sem poluir menos do que actualmente. Descobrimos que há muitas empresas europeias a fabricar cimento duma maneira que só produz metade dos gases de estufa, portanto a tecnologia existe. Já é utilizada no Texas. Quando fizemos a emissão de obrigações para construir infra-estruturas, dissemos que não íamos construir auto-estradas sem essa tecnologia. Fizemos saber às cimenteiras que se adoptassem a nova tecnologia estávamos prontos a assinar os contratos. Não queremos que elas tenham prejuízos, queremos que ganhem dinheiro. Sou um homem de negócios que simpatiza tanto com a economia como com o ambiente. Portanto dizemos que em 2012 vamos começar a fazer mudanças. Estamos a dar-lhes muito tempo.

Qual deveria ser o equilíbrio entre as soluções promovidas pelo governo e as baseadas no mercado? As soluções baseadas exclusivamente no mercado não funcionam. Cabe-nos a nós (do governo) determinar as leis. Temos de inspeccionar o leite para garantir a sua pureza. Temos de inspeccionar a carne. Se estragarem os espinafres (como aconteceu ultimamente) temos de garantir que as pessoas não apanham doenças. Nunca penso nos tipos da indústria como vilões. Não sou a favor de aumentar os impostos sobre a gasolina só para punir as petrolíferas. Mas nós, como governo, temos de guiar os produtores e dizer-lhes qual a direcção a seguir.

Acha que a discussão sobre o aquecimento global é alarmista? Vamos assumir por um instante que o aquecimento global é 10 por cento mais pequeno do que se diz. Independentemente da percentagem que tirarmos, estamos sempre com um grande problema. Essa é a realidade. Vimos as fotografias dos glaciares a derreter. Sabemos que o fenómeno está a acontecer. Sabemos que o nível das águas está a subir. Sabemos que estamos a poluir o mundo. Tudo isto é real. Não sou um ambientalista fanático. É por isso que o nosso programa (na Califórnia) funciona, porque as pessoas sabem que não venho dessa área. Como governador, falo com os cientistas nas universidades. Não são nenhuns malucos e dizem as coisas frontalmente. Depois vemos relatórios de três mil cientistas, e depois os das Nações Unidas. Não há nenhuma conspiração, a coisa é verdadeira. Sou um optimista. Não vejo isto como o fim do mundo. Vejo como uma grande oportunidade de limpar a porcaria que fizemos. Somos crescidinhos, não somos nenhumas crianças, e podemos fazê-lo. É por isso que eu gosto de estar num lugar cimeiro na Califórnia. Isso é que é poder. Nina Easton/Revista Fortune

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A ENERGIA DAS ONDAS Num contexto de alta dos preços do petróleo, de dependência energética externa e de crescentes preocupações ambientais (que se traduzem em custos internos nos processos clássicos de geração), está na ordem do dia a temática das energias alternativas, em particular as energias renováveis.

Energia dos Oceanos Os oceanos albergam um potencial energético enorme, que pode ser aproveitado e contribuir de forma muito significativa para suprir as crescentes necessidades de energia a um nível global. · Do mesmo oceano pode ser extraída energia com origens diferentes, o que origina classificações diferentes. As mais importantes são: a energia das marés, fruto da interacção entre os campos gravíticos da terra e da lua; a energia térmica dos oceanos, consequência directa da radiação solar incidente na superfície do oceano; a energia das correntes marítimas, 40 | On

cuja origem está nas variações de temperatura e salinidade e na acção das marés; finalmente, a energia das ondas, fruto do efeito do vento na superfície do oceano.

Energia das Ondas A energia das ondas, tal como a energia eólica, pode ser considerada como uma forma concentrada de energia solar. De facto, é o sol que, aquecendo desigualmente a superfície terrestre, dá origem aos ventos, que por sua vez, provocam as ondas.

· As ondas podem viajar milhares de quilómetros no alto mar sem perdas de energia. No entanto, em regiões costeiras a densidade de energia presente nas ondas diminui com o atrito no fundo do mar. Logo, o regime de ondas é mais energético a profundidades mais elevadas. · Sabia que uma onda com 2 metros de amplitude e 10 segundos de período desenvolve, em geral,

uma potência superior a 50 kW/m de frente de onda? A potência de uma onda é proporcional ao quadrado da sua amplitude e do seu período. · O recurso global atribuído à energia das ondas é equiparável à potência instalada mundialmente (2 TW). Cerca de 16% desse recurso está na Europa 320 GW, dos quais 21 GW em Portugal. (Trata-se do recurso primário. Na prática só uma pequena percentagem desta potência pode ser aproveitada). · As tecnologias de aproveitamento da energia das ondas dividem-se em três categorias, em função da distância do dispositivo à costa: 1. Dispositivos costeiros (na nomenclatura inglesa: shoreline); 2. Dispositivos próximos da costa (near-shore); 3. Dispositivos afastados da costa (offshore). · A principal diferença entre as categorias 1 e 2 e a categoria 3 resulta das profundidades envolvidas, que são, em geral, de menos de 30 m nas duas pri-


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NA PROCURA CONTRA-RELÓGIO DE FONTES SUSTENTÁVEIS, AS ONDAS SÃO A MAIS RECENTE DESCOBERTA DOS CIENTISTAS. AINDA EM FASE EXPERIMENTAL, E TÊM A PROMESSA DA SUA ABUNDÂNCIA E INESGOTABILIDADE

two directional axial air flow

meiras categorias (sendo os dispositivos assentes no fundo do mar) e entre 40 e 80 m na terceira (sendo os dispositivos, em geral, flutuantes). Os sistemas podem ainda ser classificados quanto ao modo de conversão de energia das ondas em energia eléctrica. a. Coluna de água oscilante, CAO (OWC - Oscillating Water Column); b. Dispositivos flutuantes de absorção pontual (Point Absorbers); c. Dispositivos submersos de absorção pontual (Point Absorbers); d. Dispositivos flutuantes progressivos (Surging devices); e. Dispositivos de galgamento (Overtopping devices). Actualmente existem mais de 50 dispositivos diferentes que convertem energia das ondas em energia eléctrica, mas a grande maioria são ainda dispositivos a escalas muito reduzidas. Em seguida, des-

crevem-se os princípios de funcionamento mais desenvolvidos.

(CAO) - Coluna de Água Oscilante

generator rotor

Os dispositivos de CAO são os que têm, até hoje, um maior número de aplicações e projectos de investigação. Podem classificar-se como dispositivos costeiros, quando se situam na linha de costa natural, ou dispositivos próximos da costa, quando são instalados num quebra-mar, por exemplo. No segundo caso, as grandes vantagens são a repartição dos custos entre as duas estruturas (ou o aproveitamento dos quebra-mares já existentes), um melhor regime energético das >> direction of rotation

blade velocity

direction of rotation (unidirectional)

simmetrical aerofall blade profile

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ondas (se for um ponto com profundidade do mar mais elevada) e a possibilidade de reforço do objectivo inicial das estruturas de protecção costeira, uma vez que a energia das ondas incidentes é absorvida e não reflectida. · Estes sistemas são constituídos por estruturas ocas parcialmente submersas, abertas para o mar abaixo da superfície livre da água. Ao entrar dentro da estrutura, as ondas aumentam a pressão no interior da câmara pneumática, forçando o ar a sair, passando por uma turbina. Quando a onda regressa ao mar o efeito é inverso: devido à diminuição da pressão na câmara o ar é forçado a entrar dentro desta, passando de novo pela turbina. Para que se possa aproveitar o movimento do ar em ambas as direcções utiliza-se uma turbina do tipo Wells, que mantém o sentido de rotação qualquer que seja o sentido do escoamento, devido à simetria das suas pás (ver figuras seguin-

tes). Para a produção de energia eléctrica, é acoplado um gerador à turbina. · Refira-se que a EDP foi a empresa pioneira na energia das ondas em Portugal quando, no início da década de 90, promoveu a construção da 1ª central de energia das ondas baseada na tecnologia CAO (Central do PICO). Este projecto resultou, em 2000, na 1ª central a injectar potência na rede eléctrica. · A EDP está a desenvolver o projecto CEOOUDRO/BREAKWAVE, que consiste no estudo, projecto, implementação e exploração de uma unidade que fará a conversão da energia das ondas em energia eléctrica (a injectar na Rede de Distribuição), a localizar na cabeça do novo molhe norte da Foz do Douro. Este projecto surge também como uma oportunidade de capitalizar o valor (experiência) obtido na Central de Energia das Ondas do Pico.

Dispositivos de absorção pontual submersos Dispositivos totalmente submersos, que consistem em dois cilindros ocos (com 10 a 15 metros de diâmetro), colocados um sobre o outro, sendo o espaço entre eles preenchido com ar. O cilindro de baixo está fixo ao fundo do mar, mas o cilindro superior flutua livremente. Quando a crista da onda passa por cima do dispositivo, o ar entre os cilindros é comprimido e o cilindro superior desce. Na cava da onda o ar expande e o cilindro móvel sobe, uma vez que a massa de água sobre o dispositivo é menor. Este movimento relativo entre o cilindro fixo e o cilindro móvel é aproveitado para gerar directamente energia eléctrica através de um gerador eléctrico linear.

A ENERGIA DAS ONDAS Dispositivos de absorção pontual flutuantes Em geral, o movimento relativo entre dois corpos (um sensivelmente fixo e outro móvel, ou ambos móveis mas com diferentes respostas às ondas incidentes) acciona bombas hidráulicas, que bombeiam um fluido para um motor hidráulico, que está, por sua vez, acoplado a um gerador eléctrico. Para além dos sistemas a óleo (referidos acima), existem conceitos que utilizam também um flutuador para provocar a compressão/distensão de bombas peristálticas (hose pumps), que contêm água e que estão acopladas a turbinas Pelton e a geradores eléctricos.

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A pressão entre os cilindros pode ser regulada para que o sistema se adapte ao clima de ondas local e possa extrair o máximo de energia de cada onda incidente.


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Dispositivos de Galgamento Dispositivo constituído por dois reflectores curvos que focam as ondas incidentes para uma rampa, e por um reservatório que armazena a água das ondas que galgam a rampa a uma altura média mais elevada do que a altura do mar. O funcionamento a partir daqui é muito similar a uma central minihídrica (neste caso flutuante): a água segue para turbinas de baixa queda que se situam no fundo do reservatório, e estas turbinas estão directamente ligadas a geradores de velocidade variável, através dos quais é produzida energia eléctrica. O reservatório tem um efeito regulador do fluxo de água nas turbinas, que segue depois de volta para o mar.

Dispositivos flutuantes progressivos Dispositivos constituídos por cilindros horizontais semi-submersos ligados entre si por juntas (articulações). O comprimento de cada dispositivo deve ser da mesma ordem de grandeza do comprimento de

O NOSSO PAÍS, COM A SUA ENORME COSTA DE MAR ALTO, TEM CONDIÇÕES EXCEPCIONAIS PARA UTILIZAR ESTA TECNOLOGIA E A EDP ESTÁ A EXPERIMENTAR DIVERSAS VARIANTES CIENTÍFICAS, TECNOLÓGIAS E INDUSTRIAIS

onda, ao contrário do princípio de absorção pontual em onde a dimensão do dispositivo é “desprezável” tendo em conta o comprimento de onda. As ondas, ao atingirem progressivamente os cilindros, provocam movimento em cada uma das articulações. Este movimento é resistido por cilindros hidráulicos que bombeiam óleo pressurizado para motores hidráulicos, que por sua vez accionam geradores eléctricos. O sistema de amarração deve ser flexível para permitir a melhor orientação possível do dispositivo em relação às ondas incidentes.

Energia das Ondas de Portugal Portugal apresenta condições privilegiadas para vencer o desafio da Energia das Ondas porque tem: • Uma costa atlântica com elevado potencial energético; • Competências científicas e tecnológicas de nível mundial na conversão de energia das ondas; • Uma necessidade premente de reduzir a dependência energética externa; • Enquadramento legal e tarifário provavelmente interessante (em fase final de revisão); e

overtopping reservoir

turbine

outlet

• Enquadramento logístico (rede junto à costa, portos… interessante. I Apesar de nenhuma das tecnologias ter ainda atingido a maturidade (estima-se um horizonte de 5 a 10 anos para o referido amadurecimento), Portugal está a posicionar-se para ser líder na área da Energia das Ondas. I A EDP está a desenvolver o projecto de integração de uma central de CAO no novo molhe Norte da Foz do Douro e, na sequência de um estudo de pré-qualificação de tecnologias / empresas, seleccionou 3 a 4 tecnologias offshore com quem está a estabelecer parcerias, e que desenvolverão projectos de demonstração em Portugal. I A EDP é também a instituição pivot na congregação de esforços dos players Nacionais mais relevantes, potenciando a criação de um cluster nacional na área dos Oceanos. Acreditamos que ao desenvolver as fileiras científica, tecnológica e industrial, abriremos caminho à criação de valor sustentado em Portugal.

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Eduardo Batarda nasceu em Coimbra em 1943. Iniciou estudos em Medicina, que abandonou para frequentar a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa - onde se formou em Pintura e o Royal College of Art, em Londres. Está representado na colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, no Museu de Serralves, na Colecção da Caixa Geral de Depósitos e em numerosas colecções particulares portuguesas e internacionais. É actualmente Professor Catedrático na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e tem-se especializado em estudos críticos e historiográficos na área do Desenho Antigo (do Renascimento ao Barroco).

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EDU ARDO BATAR DA ‘SÓ FIZ AMIGOS; NÃO FIZ ADMIRADORES’ Foi uma das coisas que o Eduardo Batarda nos disse. Estávamos nos últimos dias de Maio. Fomos encontrá-lo já sentado à nossa espera, no seu restaurante de sempre em Campo de Ourique (em Lisboa). À sua frente, a mulher, Maria Beatriz Gentil. Começámos por falar de pontualidade, compromissos e objectivos: era o princípio de uma conversa que nenhuma quantidade de adjectivos definiria. Porque, como bem sabe quem o conhece, Eduardo Batarda é naturalmente corrosivo nas suas afirmações e faz da ironia o cenário de fundo natural de qualquer diálogo – que, para ser alimentado, exige que seja frontal. E directo. O que, confessemos, transforma qualquer entrevista numa coisa muito mais viva, interessante e profícua... Que reacção lhe provocou a notícia de que era o Grande Prémio EDP 2007? Incomodou-o? Um pouco, sim. Não fiquei propriamente entusiasmado e foi uma notícia para mim estranha e incompreensível. Comecei por saber através de um e-mail do Jorge Silva Melo – algo jocoso, brincalhão. Depois vieram mais um ou dois e-mails, de colegas de trabalho. E também um da minha filha. Só quando, pelo telefone, ouvi a novidade da boca do João Pinharanda acreditei que era verdade...

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ARCANJO - 1984 Mantendo o seu gosto pela complexidade de composição e perfeccionismo de execução, Eduardo Batarda envereda pela abstracção em plena euforia figurativa internacional. No entanto, a opção é uma armadilha. Esta imagem filiforme sugere a citação de uma célebre "cabeça" que Picasso pintou, desmontando-a em planos e volumes.

Mas, ainda assim, achei deveras surpreendente um Júri atribuir um Prémio a alguém que não tem, recentemente, produzido - realidade que admiti não há muito tempo em entrevista que dei. Aliás, agrada-me a ideia de que este Prémio me possa dar o pretexto para voltar a trabalhar... E, lá porque isso constitui uma banalidade numa altura destas, não deixarei de dizer a verdade: é evidente que outros podiam ter ganho este Prémio e que, se realmente o Prémio consagra uma obra, haviam outros autores mais habilitados do que eu para o receber...

Mas não está completamente parado?... Só em termos de produção artística. Nos últimos dois meses – e no meio de uma licença sabática que nós os dois (ele e Beatriz) temos, tenho 46 | On

estado envolvido num trabalho, que durará ainda mais dois meses e que nos toma todo o tempo: estamos a ver e a estudar desenhos antigos; a especializarmo-nos nisso. É um estudo que nos vai permitir coligir informação preciosa para, por exemplo, atribuir correctamente a autoria de alguns deles. Fizemos isso no gabinete de desenhos e gravuras da Galeria dos Uffizi, em Florença; vamos agora fazê-lo no Louvre, em Paris. É um trabalho que pessoas mais novas poderiam fazer a título de estágio, por exemplo... Mas tem a ver com interesses nossos, antigos: a nossa faculdade – a Faculdade de Belas Artes do Porto, tem uma pequena colecção de cerca de centena e meia de desenhos antigos. E nós pensámos que esta colecção não perderia nada em ter à sua vol-

ta algum conhecimento mais. Conseguimos umas pequenas bolsas que para esse fim nos foram concedidas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e estamos, no nosso ano sabático, a desenvolver o nosso próprio projecto. Devo confessar que este prémio e os telefonemas à volta dele acabaram por constituir alguma perturbação à rotina que já tínhamos conseguido criar. Além de que estou a pensar, quando voltar de Paris, fazer um checkup para ver se está tudo em ordem comigo, porque este prémio é um bocado letal...

Acontece-lhe muitas vezes estar sem trabalhar durante algum tempo? Sim, tenho tido vários períodos sem trabalhar.


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PIERINO - 1987 Aqui é no título que o humor se desvenda, pertencendo a uma interminável galeria de personagens do “petit monde” cultural que Batarda gosta de enunciar de exposição para exposição. Pierino foi um celebrado menino-prodígio que na vida adulta se revelou, afinal, um maestro pouco interessante.

Uma das razões principais é a preguiça. Outra é o receio de passar a depender da Arte – se bem que o simples facto de aceitar este Prémio prove que sim, que dependo...

A sua obra é geralmente dividida por fases que passam pela figuração (com clara intervenção política e social); pela fusão entre a expressão artística e o comentário social (fusão no sentido de assimilação, ou seja, de introdução do erudito que já não facilita a percepção imediata da mensagem); pela autocitação, ou seja, pela construção de novas peças que apelam a momentos/fases anteriores da sua obra; e, finalmente, a partir de 2000, por uma fase que, edificando-se sobre contrastes forma/fundo, contrasta ela pró-

pria com as anteriores – embora insista na manutenção da intenção figurativa. Sente todas as fases presentes por igual hoje, quando trabalha? Faz sentido falar nesta alternância figurativo/abstracto? Eu diria que na minha obra não, mas que no contexto da arte do século passado, sim. Talvez em Portugal não se desse muito por isso, mas falava-se – e em termos de linguagem crítica – numa nova figuração que incorporava a história recente da abstracção. E que não aparecia contra a abstracção, mas também não aparecia como “representação do real”. Era a representação da representação... Onde quero chegar é a que o tipo de figuração que eu fazia a meio dos anos 60 – mesmo

que as imagens fossem inventadas por mim, feitas à mão por mim – funcionava já como um jogo de citações, da criação de situações possíveis. As imagens eram clichés visuais, lugares comuns; ou, numa atitude muito próxima da pop-art, uma representação de outras imagens de imagens. Evidenciava-se aqui a minha proximidade relativamente a artistas que eu na altura não conhecia e que não me conheciam a mim. Concretamente, Hairy Who (“hairy” de “cabeludo” e “who” como evocação dos The Who) e Chicago. Eram artistas que tinham um tipo de fontes próximas das minhas: a linguagem dos “grafitistas” de urinol, de casa de banho, de barracas de feira, do pim-pam-pum; algo entre a linguagem popular e a linguagem naïf – sem ir muito

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HISPÂNIA ROMANA, III 1997 O gosto pela mensagem cifrada e pelo subtexto ou imagem subliminar mantém-senestasimagens,que parecem meras linhas enredadas mas que vão revelando figuras, comentários enarrativasnumjogoonde humoreinteligênciaseconfundem com vulgaridade e banalidade.

para a Rosa Ramalho, que era uma coisa essencialmente portuguesa... Quanto à figuração com intenção de sátira social, tem que se ver o enquadramento: o salazarismo, num contexto em que as coisas tinham que ser ditas de viés. E em que havia também que ter em conta a prática crítica, que acabava por ser tão limitadora como o salazarismo. E as escolas de Arte, autenticamente “marcianas”, que atribuíam à Arte o dever de estar ao lado das coisas “boas” e “justas”; de contribuir para “o bem da Humanidade”...

visualidade devia sempre prevalecer! Não era uma revolta: era uma manifestação contra. Eu diria que se havia ironia era não tanto contra a situação, mas muito mais contra as estruturas e as organizações de pensamento que exigiam objectivos à Arte. Porque contra a situação éramos todos; contra um meio que estava carregado de definições: quem era produtor cultural era por definição culto; quem era por definição culto era, por definição, do contra... Ou seja: quem era do contra era automaticamente culto. O que levou a que pessoas sem cultura viessem a ter poder e, inclusivamente, poder sobre a cultura...

E o Eduardo Batarda estava na “oposição”... Os opositores a esta ideia defendiam que a Arte era um ideal tão absolutamente independente e tão acima de tudo e de todas as coisas, que a pura 48 | On

As suas paragens não serão oportunidades para “mudar de fase”? Não. Todas as ditas “fases” são formas de

mostrar o mesmo; de mostrar como o mesmo pode ser diferente... Quando, nos anos 60, fazia jogos de imagem e de fingimento, o que eu fazia era mostrar a sua própria estratégia. O meu medo era – e é ainda hoje – o de me transformar num “fazedor”, com plano e programa pré-estabelecidos. De vez em quando, imponho-me uma paragem (que pode ser também ditada por alguma mudança na minha vida ou simplesmente com coisas práticas, materiais....). Quando trabalho, trabalho intensamente, o tempo todo.

Porque escolheu a Arte como forma de expressão? Fui estudante de Medicina, em Coimbra, durante três anos. No grupo em que me integrei (es-


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MONUMENTAL - 2004 Mais uma obra que serializa um tema. Aqui os cafés da intelectualidade, das diferentes gerações e da burguesia lisboeta nos anos 60 a 70: Monte Carlo, Ferrari, Suprema, Trindade ou este monumental. A solução plástica dá de novo uma volta e agora, tudo o que era complexidade de superfície e delicadeza cromática parece eliminado por contrastes simplificados de forma e cor. No entanto, a cifra interpretativa mantém-se central aos trabalhos.

távamos em 1960) faziam parte grandes consumidores de arte, de todas as artes e fui chamado a colaborar em tudo o que se fazia e podia tirar partido do meu “jeito para o desenho”... Ao fim desses três anos tinha feito apenas algumas cadeiras do curso e o meu pai – que era Professor Catedrático – obrigou-me a mudar de cidade e de curso. Escolhi Lisboa e as Belas Artes e foi aí, nesse momento, que se traçou o meu rumo...

Se tivesse que eleger a época mais feliz da sua vida, qual seria? Não lhe sei responder a essa pergunta. Mas digo-lhe que, em teoria, nunca fiz realmente aquilo que queria. Portanto...

Acha que o artista tem responsabilidade no traçar de caminhos para o futuro? Suponho que sim. Tem a responsabilidade de fazer o seu trabalho. Com integridade; o melhor que puder e com um mínimo de contemplações. E acho que hoje, mais do que ontem, os artistas devem aprender a retirar-se, afastar-se de cena. Deixar de aparecer constantemente mas, sobretudo, deixar de aparecer por aparecer... Até porque se deixarem de aparecer mais espaço fica para mim...

Trabalha para conseguir a Eternidade? Ou a Eternidade para si é um momento de glória? Cada artista trabalha para ser o melhor de todos. Superior a todos. O único. Para liquidar os

outros, matá-los – a eles e às suas famílias! Para evitar que a memória dos outros reste, pelo que será então necessário salgar-lhes as casas e, assim, fazer toda a gente acreditar que os outros nunca existiram...

Como imagina a exposição que realizará, sob produção da EDP, na sequência deste prémio? Imagino-a, obviamente, como qualquer artista a imaginaria: como a sua final consagração, durante a qual serão crucificados, queimados, todos os outros artistas!!!

Quer avançar com o nome do vencedor do Grande Prémio EDP 2009? O quê? Nem pense nisso! On | 49


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A JOVEM ARTE

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NOÉ SENDAS ENTRE BARROCA E XANA A Sala do Cinzeiro 8 do Museu da Electricidade voltou a ser palco de uma exposição. Desta feita esteve patente de 25 de Maio a 1 de Julho e foi Noé Sendas. O tema / título da exposição foi “O Coleccionador” e a exposição foi especialmente concebida para o local, sendo composta por 21 imagens que associam, segundo técnicas de colagem, auto-retratos célebres, do Renascimento à actualidade, e reconhecíveis em muitos museus internacionais. O que Noé Sendas faz neste seu trabalho é aproveitar a recorrente similitude, de pose e olhar, que o

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auto-retrato impõe, para recompor a história da arte ocidental cruzando estilos e rostos do passado e do presente, novos e idosos, masculinos e femininos. Da exposição fez ainda parte a apresentação, num monitor, de um videofólio completo do artista e um conjunto de catálogos e documentação. Reconhecer o que não existe – ou seja, o impossível – foi, afinal, o que este artista (que nasceu em Bruxelas em 1972 e vive em Berlim, expressando-se através da fotografia, vídeo e instalação nos propôs nesta exposição. Uma proposta que, aliás, vem repetindo ao longo


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TE PASSA PELO

SEU da sua obra, que se debruça muito sobre questões relacionadas com a identidade própria e alheia, articulando linguagens eruditas e banais, cinema e literatura, etc. UM ESPAÇO ABERTO ÀS EXPRESSÕES DO FUTURO Este espaço de exposições tem estado particularmente vocacionado para trabalhar primordialmente com artistas que já tenham integrado iniciativas artísticas promovidas pela Fundação EDP, no intuito de ajudar a superar o grande défice nacional de espaços intermédios, situados entre a Escola ou o Atelier e o Centro de Arte ou o Museu – e dando oportunidades de apresentação de trabalho a artistas em desenvolvimento inicial de carreira ou a projectos experimentais de artistas mais velhos. É nesta linha que aparece a exposição de Noé Sendas, que sucedeu à de Daniel Barroca (“Lama”) que,

por sua vez, veio fazer reviver para esta vocação um espaço já antes utilizado por Joana Vasconcelos (instalação intitulada “Ilha dos Amores”) e que havia sido entretanto ocupado pela edição de Outono da Moda Lisboa 2006 e pela exposição “Star Wars”. Daniel Barroca, que participou na quarta edição do Prémio EDP Novos Artistas, trabalha matérias pesadas como, por exemplo, o barro, sem procurar nelas figuras. Depois, tenta fazer passar para o público a estranheza dos abismos criados pelas formas decorrentes dessa quase “imaterialidade dos materiais”. E questiona, sobretudo, a imagem e a sua relação com a criação do mundo. Com Xana (Alexandre Barata) – que está a seguir e exporá entre 6 de Julho e 16 de Setembro, teremos a exposição intitulada “O falso diário de A. B.”, do qual se apresentam aqui, como que a aguçar o apetite, duas curiosas imagens...

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RUI GONÇALVES é um homem apaixonado pela natureza, mas foi na Direcção de Planeamento de Redes da EDP Distribuição que desenvolveu a sua actividade até este momento. Aos 30 anos, este engenheiro electrotécnico e de computadores, passou a maior parte dos seus dias a fazer o planeamento e controlo da actividade de manutenção de redes, com o objectivo de minimizar o custo de ciclo de vida dos activos técnicos, garantindo um nível adequado de qualidade de serviço. Muito recentemente, abraçou com entusiasmo um novo desafio, na recém-criada Direcção de Tecnologia e Inovação. Há seis anos na empresa, considera que cresceu profissionalmente por ter tido a oportunidade de trabalhar com pessoas excepcionais. Pesca submarina, natação, caça, caminhadas na natureza, viagens, música, cinema, leitura e o curso que está a fazer de vela de cruzeiro, são as actividades com que preenche os seus tempos livres. A tendência para levar a vida demasiado a sério é, segundo o próprio, o seu pior defeito e para se sentir feliz precisa de ter objectivos desafiantes. A sua maior extravagância, confessa, foi ter feito bungee jumping com um microfone, em directo para a rádio. Elege Bach, Newton e Gandhi como as personalidades que mais admira. Homem de ideias, considera a família o centro das suas atenções e gostaria que um dos seus sonhos – um mundo sem fome e sem guerra – se realizasse.

Jovens

O desempenho, envolvimento, competência e espírito de equipa, têm-se destacado nas tarefas das muitas empresas do Grupo

Talentos Amiga do seu amigo, DINA SANTOS tem o sonho de, um dia, montar e explorar uma quinta pedagógica e terapêutica. Até alcançá-lo, abraça as Centrais de Ciclo Combinado do Grupo. Há oito anos a trabalhar para a empresa, esta engenheira química, com um Mestrado em engenharia mecânica, encontra-se no Departamento de Processo e Optimização da Área de Engenharia de Energia, da Direcção de Projectos e Investimentos, na EDP Produção. Aquilo que mais contribuiu para o sucesso da sua carreira foi o seu envolvimento na concepção dos diversos projectos de Centrais de Ciclo Combinado, que o Grupo tem equacionado desde 2004, assim como, a participação e coordenação da vertente técnica do trabalho “Tecnologias de Produção Termoeléctrica para 2015-2025”. Fora da empresa, Dina Santos tem especial gosto em viajar pelo país e estrangeiro apreciando, em particular, o aspecto gastronómico, a ponto de se meter na cozinha sempre que o tempo permite. A jardinagem é outro hobby que faz parte da sua vida. Considera Jesus Cristo a personagem que mais admira e, para si, os “condimentos” para a felicidade são a saúde, a paz, os amigos, o convívio e os passeios. Aquilo que mais despreza no ser humano é a falta de respeito pelo próximo.


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Chefe do Departamento de Extensão de Rede da HC Energía, JAVIER VÁZQUEZ trabalha há oito anos no Grupo. Engenheiro, especialista em electrónica e automação, sonhava em pequeno ser astronauta, mas hoje tem uma função mais terrena, pois é responsável pela gestão, desenho e construção das instalações de extensão de rede eléctrica em BT e MT da Hidrocantábrico Distribución Eléctrica e construção da rede de gás nas Astúrias. Fora da HC Energía, adora tudo o que esteja relacionado com o desporto: é praticante de esqui e gosta de correr e caminhar pela montanha com os amigos e a família. Quando vai de viagem, não dispensa na bagagem uns ténis de corrida. É um homem que adora a família e considera como sua maior extravagância o facto de ter corrido numa maratona.

Low profile, SARA FERNANDES, gosta de passar despercebida, mas o facto de ter de lidar com situações de exposição pública tem-lhe exigido um constante esforço de superação. Uma das coisas que lhe dá mais prazer é estar numa praia num dia bonito, junto ao mar com uma boa selecção musical e um bom livro. Adora viajar e contactar com diferentes culturas, sendo um dos seus sonhos conhecer o máximo número de países. Admira a honestidade, franqueza e a sinceridade e, embora pudesse ter feito algumas coisas de forma diferente, diz que não se arrepende de nada. Considera que para ser plenamente feliz, precisa de encontrar o equilíbrio entre o sucesso pessoal e profissional, o que julga ter vindo a conseguir com êxito. Actualmente, Sara Fernandes, de 30 anos, tem como função apoiar a optimização da gestão das pessoas, desenvolvendo e aplicando téc-

JOSÉ RUBENS MACEDO, gerente de Qualidade do Serviço das distribuidoras do Grupo Energias do Brasil e Escelsa, foi admitido em 1999. Engenheiro Electricista, com especialização em sistemas eléctricos de potência e doutoramento em Engenharia Eléctrica. Hoje é responsável pela gestão dos indicadores de qualidade do serviço das distribuidoras do Grupo Energias do Brasil, bem como, pelo atendimento das reclamações técnicas de clientes, associadas à qualidade do serviço e do produto. A intensa participação no sector eléctrico nacional em questões relacionadas, com a qualidade da energia eléctrica, representou um importante factor para o sucesso da sua carreira, sobretudo com a recente nomeação para a Directoria Administrativa da Sociedade Brasileira de Qualidade da Energia Eléctrica. Um bom pai de família, ocupa os tempos livres com os filhos Tiago e Rafael, que são o seu grande hobby.

nicas e procedimentos que permitam a obtenção dos melhores resultados. Há cinco anos a dar o seu melhor no Departamento de Desenvolvimento e Gestão da Direcção de Recursos Humanos da EDP Distribuição, destaca o acompanhamento que recebeu desde o início e o facto de ter sido sempre incentivada a ter uma participação activa nos diferentes processos, bem como, a desenvolver a autonomia e a propor soluções, sentindo-se profundamente identificada com o projecto do Grupo, cuja visão, missão e valores, constituem os factores para o seu sucesso. Se pudesse, deixaria numa ilha deserta todos os que lucram com a guerra e a miséria dos outros.

Há dois anos na empresa, FERNANDA BONIFÁCIO, revela o seu potencial no apoio à Direcção da Plataforma de Actividades Logísticas, na EDP Valor. Com o mestrado em Logística, esta engenheira dedicase ao desenvolvimento e acompanhamento de projectos precisamente na área da logística e à dinamização de iniciativas de redução de custos e de melhoria da qualidade de serviços. À espera do segundo filho, a sua felicidade está na harmonia consigo própria, com o filho e com os outros. Uma mulher que abomina a hipocrisia e admira a capacidade de ver para além do visível, apenas se arrepende de não ter dado uma volta ao mundo quando acabou a licenciatura em engenharia. A sua maior extravagância terá sido oferecer “a viagem de sonho” a alguém especial. Nas horas vagas o cinema é o seu hobby. Mas a literatura também ocupa um lugar na sua mesa-decabeceira, onde tem à mão “A psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem”, de Isabel Matta e “A fórmula de Deus”, de José Rodrigues dos Santos. On | 55


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Cessação antecipada dos CAE’s Contributo decisivo para a liberalização do sector O Ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, a EDP e a REN assinaram no dia 15 de Junho, em Castelo de Bode, a cessação antecipada dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE). No dia 1 de Julho dar-se-á a libertação de mais de 7.000 megawatts de energia para o mercado que vai permitir uma «baixa» das tarifas da electricidade e a sua regularização ao longo do tempo. O ministro considerou este passo importante no sentido da baixa das tarifas, decisão que deverá ser tomada pela Entidade Reguladora do Mercado Energético (ERSE). “O que se está aqui a fazer é no sentido da baixa das tarifas para os consumidores. Estas medidas permitem a libertação da energia contratada para o mercado e a regularização da concessão”, disse o Ministro da Economia e Inovação. Tanto a REN como a EDP se mostraram satisfeitas. José Penedos, o presidente da REN, disse que esta «é uma excelente notícia

que é dada por termos a nossa concessão renovada por 50 anos». Já o PCAE da nossa empresa, António Mexia, considerou que se deu “um passo para que, no dia 1 de Julho, haja libertação da energia para ser vendida também no mercado liberalizado”. Paralelamente à assinatura da cessação dos Contratos de Aquisição de Energia, foi assinado também um contrato de cessação da posição da REN como concessionária da utilização de domínio público hídrico e sua transmissão para a EDP, que vai pagar 759 milhões de euros ao Estado, os quais reverterão totalmente em benefício dos consumidores de energia eléctrica, anunciou Manuel Pinho. Com a concretização da transmissão das concessões são reconhecidos à EDP os direitos de utilização do domínio hídrico de 26 centrais hídricas com uma capacidade instalada de 4.095 MW por um período que se estende em média até 2047.

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Descontos na CP

Uma embalagem cheia de energia A marca edp5D, apresentada ao mercado em Setembro de 2006, foi distinguida na 9ª edição do Festival do Clube de Criativos, com o Prémio Prata na categoria de Imagem Corporativa. Até Maio deste ano, apenas oito meses, a EDP Comercial, com o edp5D, conseguiu atingir os 50.000 Clientes edp5D activos. Chegou agora a altura de materializarmos a marca e a sua oferta, através do pack edp5D. Procuramos que este conjunto seja o símbolo de uma nova realidade no sector energético e de uma nova forma de comprar energia: energia à dimensão dos nossos clientes. O pack edp5D inclui no seu interior: uma lâmpada economizadora (LFC) edp5D; um folheto informativo com todas as vantagens em ser cliente edp5D e os formulários de contratação.

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O Departamento de Compras não Específicas da Plataforma de Negociação e Compras (PNCNE) renegociou para o nosso Grupo as condições comerciais com a CP, relativas à aquisição de bilhetes de Alfa Pendular e Intercidades, tendo ficado estabelecido um protocolo comercial que vigorará até final de 2007, e alcançado um desconto no valor de 40%. Este desconto aplica-se ao preço de venda ao público, e para as classes conforto e 1ª do Alfa Pedular e Intercidades. Mantêm-se, para além da compra nas bilheteiras, o canal de compras para bilhetes de comboio via Internet - através do net ticket no

site da CP (www.cp.pt,) sendo o pagamento efectuado por cartão de crédito. Os cartões CP/Plus deixam de ser válidos, sendo substituídos pelos cartões de colaboradores das Empresas do Grupo. O código de utilizador CP/Empresas a utilizar pelos colaboradores EDP no NetTicket é o 19000. Na eventualidade de surgir qualquer dúvida ou dificuldade na emissão do título de transporte via Internet, poderá ser contactado o Call Center da CP pelo nº 808 208 208. A identificação do vínculo à EDP é efectuada a bordo, mediante a apresentação do cartão de funcionário.


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Museu da Electricidade recebe Trienal de Arquitectura de Lisboa Foi inaugurado no dia 15 de Junho o Pólo 3 da Trienal de Arquitectura de Lisboa. Destacou-se a presença de Júlio Pomar e Júlio Moreira, além do próprio Álvaro Siza Vieira, que preenche a maior parte do espaço deste Pólo. Siza Vieira já conhecia o Museu da Electricidade há muito, antes mesmo da remodelação que lhe conferiu o novo rosto. Visivelmente satisfeito, afirmou: “Embora isto possa parecer uma banalidade, devo dizer que é um espaço maravilhoso, tanto do ponto de vista da arte como do ponto de vista da técnica. Foi uma óptima decisão, a de mantê-lo!” Além de 40 projectos do arquitecto, o Pólo 3 conta ainda com a exposição INNER CITY, resultado de uma interacção entre o escultor Arnie Zimmerman e o arquitecto Tiago Monte Pegado.

Infored, toda a informação sobre electricidade e gás A Infored, é a ferramenta informática que permitirá dar suporte de gestão às actividades de Manutenção e Extensão da Rede, assim como, integrar a informação com outros processos dos negócios de distribuição eléctrica e gás avança a bom ritmo. O projecto arrancou no dia 23 de Abril. A Infored utiliza ao máximo o método SAP, o que permitirá novos desenvolvimentos orientados a melhorar a eficiência dos processos e a adaptação a possíveis mudanças.

Detecção de avarias em cabos subterrêneos Com a renovação da frota e a colaboração da EDP Valor, o Departamento Manutenção e Contagens da Área de Rede Península de Setúbal (PSMC) passou a contar com uma nova viatura e com o respectivo equipamento de detecção e localização de avarias em cabos subterrâneos de Média Tensão. O equipamento foi instalado em condições que garantem a execução do trabalho nas condições desejadas pelos operacionais, com resultados rápidos e confiáveis.

Central de Lares a funcionar em 2009 Já foi colocada a primeira pedra da nova central de ciclo combinado da EDP em Lares, concelho da Figueira da Foz, que contou com a presença do Ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, o PCAE da EDP, António Mexia e o presidente da autarquia, Duarte Silva. Trata-se de um empreendimento que recebeu luz verde por parte do Governo em Dezembro de 2006 e que, segundo garantiu António Mexia, estará a funcionar em Agosto de 2009. O presidente destacou que as centrais de ciclo combinado da empresa irão aumentar a participação no negócio de 12% para 20% entre 2007 e 2010. Esta central será constituída por dois grupos, terá uma participação média anual de 4.000 GWH e uma potência conjunta de 862 MW. A empresa espera reduzir em mais de 20% o seu nível de emissões de CO2 por cada MWH de electricidade produzida com esta central. Um investimento de 405 milhões de euros. Duarte Silva, sublinhou que o investimento na Figueira da Foz vai fazer do concelho «o maior produtor de energia do país». A EDP Produção já tinha assinado, no dia 12 de Junho, o contrato de manutenção da Central de Lares, com a GE Internacional, na qual estiveram presentes Manso Neto, Marino Ferreira e Ferreira da Costa, da GE compareceram Brian Raisin, Ignacio Molinero e Juan Garcia. Um contrato que garante a manutenção desta central durante a sua vida útil (25 anos). Tudo pronto para arrancar. On | 57


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Mais de 10.000 clientes fora das Astúrias Os anos que a Hc Energía investiu a trabalhar na extensão das suas redes de distribuição já levaram a empresa para além do Principado das Astúrias. A ampliação das linhas de actuação da HC Energía tem que ver com a liberalização do mercado eléctrico espanhol, uma oportunidade bem aproveitada. Além do importante crescimento da distribuição eléctrica em Madrid, destaca-se fundamentalmente a ampliação do negócio na comunidade Valenciana, onde a HC Energía opera nas três províncias. A actividade de distribuição fora do principado não se limita aos clientes domésticos. No industrial destaca-se a licença, para alimentar o complexo

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valenciano de Masia Balo, em Ribarroja, com 24 MW de potência; também em Valência se distribuirá energia ao complexo industrial de Fompor, em Quart de Poblet (1,7 MW).

EDP distinguida pela PricewaterhouseCoopers e AESE A EDP venceu, pelo segundo ano consecutivo, o Prémio Cidadania das Empresas e Organizações, promovido pela PricewaterhouseCoopers e a AESE – Escola de Direcção e Negócios. Em paralelo, ficaram ainda a Unicer e a TNT. O prémio, atribuído no passado dia 21 de Junho, pretende distinguir as empresas mais bem sucedidas na aplicação das suas políticas de responsabilidade social nas componentes económica, social e ambiental.

Corrida da Mulher Nem o calor fez parar as cerca de 10.000 mulheres que, no passado dia 3 de Junho, se juntaram para correr por uma causa nobre: a prevenção e luta contra o cancro da mama. Nesta corrida inteiramente feminina foram percorridos cinco quilómetros, com partida na Rocha do Conde de Óbidos e chegada na Torre de Belém. Os fundos reverteram para a compra de aparelhos de rastreio do cancro da mama. A Corrida da Mulher contou com o patrocínio da EDP e com o apoio da Sociedade Portuguesa de Senologia e da Liga Portuguesa contra o Cancro. Na vertente competitiva desta corrida, em primeiro lugar ficou a atleta Yimer Wude, em segundo Balaynesh Fedaku, e em terceiro Alice Timbilili.


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Dia da Criança celebrado pela EDP O dia 1 de Junho começou cedo para António Mexia que deu uma aula sobre eficiência energética a algumas crianças da escola EB 2,3, Quinta de Marrocos, em Benfica, para sensibilizar os mais novos para as questões ambientais e a importância da eficiência energética e das energias renováveis. Uma iniciativa que reuniu muitas individualidades: Ministro da Economia e Inovação Manuel Pinho, António Vitorino, Diogo Vaz Guedes, António Câmara e Paulo Fernandes, entre outros . O que mostra que a sociedade está a mobilizar-se por uma causa que é de todos – o combate às alterações climáticas. Esta acção insere-se no projecto “Operação e”, promovido pelo Ministério da Economia e Inovação, para a educação nas escolas sobre energias renováveis e eficiência energética. A nossa empresa juntou-se a esta iniciativa, no enquadramento do seu projecto EDP Escolas: “O ambiente é de todos, vamos usar bem a energia”. Um pouco ao lado, em Sete Rios, no Jardim Zoológico a EDP levou ao mundo dos animais as crianças da EB Querubim Lapa, de Campolide. A alegria e as pilhas de energia dos mais novos eram contagiantes. Entre pinturas faciais e uma visita à Baía dos Golfinhos, esta foi uma manhã diferente e inesquecível para os mais novos.

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Centro de Produção Sines recebe Presidente da Câmara O Presidente da Câmara Municipal de Sines e um grupo de vereadores visitaram o Centro de Produção Sines. Na reunião que se seguiu, Jorge do Carmo, Director do Centro, efectuou uma breve exposição sobre o desempenho da Central, o seu modo de funcionamento, as atitudes tomadas e a postura futura face às questões ambientais. A dessulfuração através do processo húmido calcário/gesso, a desnitrificação através do processo SCR (Selective Catalytic Reduction) e a revitalização dos precipitadores para a captura de partículas foram os temas também abordados, com a colaboração de Virgílio Guerreiro, da Direcção de Projectos de Investimentos. O uso de carvão limpo, as tecnologias a ele associadas e a captura do dióxido de carbono foram objecto de intervenção de Carlos Cavaleiro, da Direcção de Desenvolvimento do Negócio. Seguiu-se uma visita em que se pode observar com toda a atenção tudo o que está a ser desenvolvido no sentido de minimizar os impactos ambientais com a aplicação das melhores técnicas disponíveis e, assim, contribuir decisivamente para o cumprimento dos exigentes requisitos legais fixados, nomeadamente no Diploma PCIP (Prevenção e Controlo Integrado da Poluição). On | 59


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94 novos aerogeradores Vestas para os parques espanhóis

Simulacro mostra tempo recorde na Subestação de Corredoria A equipa de emergência e os bombeiros conseguiram desalojar o edifício da subestação de Corredoria, em Oviedo, extinguir o fogo e resgatar um ferido num tempo recorde de 40 minutos. Um bom sinal, pois este tipo de exercícios minimiza os riscos dos edifícios da companhia. E graças, também, à formação que os colaboradores da Hc Energía recebem para este tipo de situações. Os nossos colaboradores sabem, e bem, os passos que devem seguir.

A Neo Energía, participada da EDP e da HC Energía para os projectos relacionados com as renováveis, continua a ampliar o seu horizonte de actuação. Graças a um acordo com a empresa Vestas, um dos fabricantes de aerogeradores mais importantes do mundo, consolidase a posição do Grupo no âmbito das energias alternativas, o que lhe permitirá alcançar até 2009 os 4.200 MW eólicos na Europa. Uma mostra clara do empenhamento da Neo Energía é o facto de ter terminado o primeiro trimestre de 2007 com 1.616 MW de energia eólica em Espanha, França e Portugal, com mais 532 MW em constru-

ção e 1.850 MW em estudo avançado. O acordo com a Vestas consiste na instalação de aerogeradores em vários parques espanhóis nos próximos cinco anos. O primeiro plano a avançar é a compra de 94 aerogerados modelo V90 de 1,8 MW e 2 MW de potência unitária, que permitirão uma potência adicional de até dez por cento. A entrega dos aparelhos começará em Julho de 2008 e prevê-se que esteja concluída em Setembro de 2009.

O Conselho Geral de Supervisão da EDP reuniu-se nas Astúrias Os membros do Conselho Geral de Supervisão da EDP, em que estão representados os accionistas, reuniram-se pela primeira vez fora de Lisboa. O

encontro teve lugar nas Astúrias, onde foram recebidos pelo presidente do Principado, Vicente Álvarez Areces, a quem António Mexia, Presidente do Conselho de Administração Executivo da EDP, reiterou a intenção de construir um novo grupo térmico em Aboño, com 800 MW de potência. Visitaram as instalações da central térmica de Soto de Ribera e as obras para a instalação de um novo grupo de ciclo combinado. A reunião coincidiu com a apresentação dos resultados do primeiro trimestre do ano. Durante este período a HC Energía conseguiu os melhores resultados, passando de 11 para 63 milhões de euros desde Janeiro até Março. A EDP aumentou assim as suas receitas em 1,8% nestes três primeiros meses.

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Learning by walking Foi num ambiente descontraído que decorreu, no dia 11 de Maio, o Encontro da Equipa de Gestão da EDP Valor, no Parque do Monteiro Mor, em Lisboa. Aproveitando as excelentes condições do parque, o encontro representou uma natural evolução face a reunião anteriores, tendo-se registado um espírito de coesão e participação bastante fortes. O formato da reunião foi pensado de maneira diferente, chamada “Learning by walking”, metodologia que consiste em aprender num ambiente diferente do clássico de sala. Os participantes experimentaram momentos especiais, através dos exercícios sugeridos. Houve um passeio guiado em que, por meio de metáforas e da inspiração dos facilitadores, foram reflectindo sobre os temas mais relevantes a abordar. O tema principal da sessão foi a Liderança de Compromissos como condição para estimular uma cultura de inovação. Tornou-se possível fomentar a partilha de valores e desenvolver o espírito de equipa na concretização de objectivos comuns relacionados com o tema inovação. Todo o Conselho de Administração da EDP Valor esteve presente no evento, apostando neste exercício como forma de promover e incentivar a inovação e a participação no Programa Valorizar Ideias, recentemente lançado na nossa empresa e aberto a todos os seus colaboradores. 60 | On


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ENXOFRE CORROSIVO: a LABELEC está atenta

Fundação EDP: prémio já tem candidatos São já conhecidos os artistas que disputarão a conquista, na sua edição 2007, do Prémio EDP Novos Artistas. Esta iniciativa, promovida pela Fundação EDP, vai ter o seu epílogo numa exposição que se inaugurará em Novembro próximo, na Central do Freixo, Porto. Um comissariado composto por Delfim Sardo, Nuno Crespo e João Pinharanda (em representação da Fundação EDP) seleccionou nove candidatos, num universo de cerca de 400. A exposição que acompanha o Prémio destina-se a revelar ou reposicionar a presença destes nomes no meio artístico nacional, proporcionando-lhes maior visibilidade pública e meios mais profissionalizados de apresentação da obra. O vencedor será designado por um júri internacional. O montante do prémio a atribuir (dez mil euros) deverá ser aplicado pelo vencedor no prosseguimento ou aprofundamento dos seus estudos, ou na concretização de um projecto artístico específico. Prevê-se a atribuição de uma menção honrosa. E OS NOMEADOS SÃO... André Cepeda usa a fotografia de tema urbano e crítico como meio essencial do seu trabalho; André Sousa recorre à performance e à instalação mobilizan-

do uma multiplicidade de linguagens plásticas (desenho, escultura e pintura); o colectivo feminino “Pizz Buin” (Irene Pereira de Sá, Rosa Baptista, Sara Morgado dos Santos e Vanda de Jesus Madureira) explora de forma paródica os clichés da própria história da arte moderna e contemporânea; Mónica Gomes desenvolve sedutores mecanismos de projecção integrando neles as suas experiências videográficas e fotográficas; Gustavo Sumpta, com uma longa experiência nos campos da dança e da performance, tem aprofundado interesses também no campo da escultura e instalação; Fernando Mesquita lida com uma multiplicidade de meios de expressão na ocupação do espaço arquitectónico; André Romão, trabalha sobre o próprio meio e modo de fazer a arte construindo narrativas e reflexões a partir da exploração do desenho, da instalação ou da projecção de imagens; Mafalda Santos, a partir de memórias dos locais ou instituições onde trabalha, constrói registos pormenorizados onde a realidade plástica e informativa se equivalem e onde a bidimensionalidade e a arquitectura se encontram; e Daniel Melim procura eliminar o constrangimento dos suportes na pintura e desenvolve em paralelo um desenho que pode ser intimista ou invasor dos espaços arquitectónicos.

A LABELEC encontra-se actualmente na vanguarda das investigações sobre a presença de um novo composto de enxofre (o dibenzil-di sulfureto, usualmente designado por DBDS), no óleo dos transformadores. O DBDS é considerado como um dos principais responsáveis pelas recentes falhas catastróficas ocorridas em transformadores em vários países, as quais têm sido atribuídas à presença de enxofre corrosivo no óleo destes equipamentos, e que tem correspondido a elevadíssimos custos directos e indirectos para as empresas eléctricas. A participação em grupos de trabalho internacionais tem permitido ao Departamento de Materiais Isolantes da LABELEC estar na linha da frente da investigação dos problemas do enxofre corrosivo em transformadores, sempre com a finalidade de colocar o conhecimento adquirido ao serviço de todas as empresas do Grupo que são clientes da LABELEC. Sendo um parceiro activo nos últimos desenvolvimentos internacionais nesta área, pretende assim antecipar uma necessidade dos clientes, tentando evitar os gravíssimos desastres ocorridos ultimamente em diversos países. Os desastres estão associados à destruição de transformadores de importância estratégica, devido aos efeitos perniciosos do imprevisível aparecimento de sulfureto de cobre nos enrolamentos. Entretanto, prosseguem as pesquisas sobre outros compostos de enxofre corrosivo, ou potencialmente corrosivo, presentes no óleo e susceptíveis de originar a formação de sulfureto de cobre, buscando os métodos de mitigação deste problema. On | 61


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O DESTINO DO PLANETA ESTÁ NAS NOSSAS

mãos

Passar da consciência à acção é o objectivo do Programa ECO, que a nossa empresa lançou para tornar Portugal mais eficiente. Através do portal ECO poderá ter todas as informações necessárias para tornar o uso da energia mais racional: simulações de consumo, conselhos, respostas a dúvidas para particulares e empresas. Através de www.eco.edp.pt poderá poupar e muito. A nossa empresa quer ser a referência da eficiência energética em Portugal e mobilizar os consumidores portugueses para acções imediatas.

circuito fechado os muitos caminhos da eficiência

Qualidade de Serviço da EDP Distribuição regista melhoria de 51% O TIEPIMT (Tempo de Interrupção Equivalente da Potência Instalada na Média Tensão) é um dos indicadores mais importantes da EDP Distribuição. Este valor representa o tempo médio de interrupção de fornecimento de energia eléctrica “sentido” por toda a rede, e permite medir a evolução da qualidade de serviço prestada pela nossa empresa. Os números não mentem: a qualidade de serviço técnico tem melhorado, de facto, com o tempo de interrupção equivalente a baixar constantemente. 62 | On

Os valores de Dezembro de 2006 deixam claro que a evolução foi bastante positiva: o Tempo de Interrupção baixou em 40% nos últimos quatro anos, passando de 420 minutos em 2002, para 176 minutos em 2006. No primeiro trimestre de 2007, o TIEPIMT mostra os valores mais baixos dos últimos anos, 28 minutos, isto é, menos 51% que no período homólogo de 2006. Também o número total de incidentes, na rede de Média Tensão registou uma redução de 22%. Para este facto contribuíram os elevados esforços de investimento, modernização

e manutenção que têm vindo a ser feitos na rede eléctrica, - só no último ano entraram em serviço oito novas Subestações e 1.800 Postos de Transformação bem como, condições climatéricas favoráveis. Rede subterrânea atenua impacto ambiental De há alguns anos a esta data a cidade de Viseu tem tido um forte crescimento urbanístico que provocou uma expansão da rede, inclusivamente sob as linhas a 60 kV Nelas – Gumiei I e II e nas zonas envolventes. É, pois, natural que se tenha

assistido também ao aumento do impacto ambiental na zona das linhas de alta tensão. Respondendo assim a um anseio, há muito manifestado pela Câmara Municipal de Viseu, a EDP Distribuição decidiu proceder à alteração do traçado da linha de AT que atravessa a cidade de Viseu, de forma a atenuar o impacto ambiental que a mesma provoca. Esta obra, cujo desenvolvimento acompanhou a construção da nova Subestação AT/MT de Orgens, também em Viseu, teve início em 2004 e

conclusão em 2006. Foram estabelecidos 10,2 km de linhas subterrâneas, dos quais 5,8 km ligaram a Subestação AT/MT de Viso e a rede AT que alimenta a Subestação AT/MT de Orgens e, os restantes 4,4 km, alimentam a cidade de Viseu directamente a partir da Subestação AT/MT de Viso. Nesta obra, efectuada em parceria com a Câmara Municipal de Viseu, que teve a seu cargo a abertura e tapamento de valas no traçado da 1ª circular de Viseu, foram investidos cerca de 3,7 milhões de euros.


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Já trocou as lâmpadas de casa? A campanha Troca de Lâmpadas que começou em Abril decorre até Agosto. A distribuição porta a porta, por todo o país, de meio milhão de lâmpadas fluorescentes energeticamente eficientes (uma por família) é uma das fases. Também poderá trocar as lâmpadas nas lojas EDP ou em alguns centros comerciais. A simples troca das lâmpadas “tradicionais” por lâmpadas eficientes pode ser um grande passo para a sociedade pós-industrial. Estas lâmpadas reduzem o consumo de energia em 80%. Troque já a iluminação de sua casa e veja o resultado na factura!

Compensados os impactos ambientais das facturas

A mitigação de impactos gerados por algumas das actividades da EDP tem sido uma prática recorrente, no que diz

respeito aos grandes empreendimentos hidro ou termoeléctricos sujeitos a estudos de impacto ambiental. Esta prática é agora aplicada a outras actividades fora do âmbito específico da produção de electricidade. No caso das facturas EDP, a compensação está a ser feita a todos os níveis, desde a produção do papel das facturas e envelopes, até à utilização de máquinas para impressão e o envio das facturas pelo correio. A compensação destes impactos será feita através da aposta em projectos nacionais, sendo este o primeiro projecto a nível mundial que compensa de uma forma inte-

grada todos os impactos gerados pela produção das facturas, pelo que tem um âmbito muito mais alargado do que os mecanismos voluntários de compensação de emissões de carbono. Uma vez que os problemas ambientais não se esgotam nas alterações climáticas, é importante garantir a qualidade ambiental também nas restantes áreas: solo, água e biodiversidade. Este método de compensação foi desenvolvido pela EDP em parceria com o Instituto Superior Técnico, no contexto do Projecto Extensity. A vertente deste projecto é tão importante quanto é relevante estarmos no ano da presidência portuguesa do Conselho Europeu, cujo tema central em matéria de ambiente será a biodiversidade.

na luta da eficiência energética

A EDP e a Quercus implementaram em Portugal, no Dia Mundial da Energia (29 de Maio) uma ferramenta de pesquisa online TopTen (www.topten.pt) - “que pretende orientar o consumidor na escolha de equipamentos que utiliza no dia-a-dia que consomem energia: desde electrodomésticos e lâmpadas, a automóveis. Mas é também um estímulo para os fabricantes, deste modo incentiva a melhoria contínua dos equipamentos fabricados”, segundo explicou o vicePresidente da Quercus, Francis-

co Ferreira. Trata-se de um projecto que resulta de uma parceria no âmbito do PPEC/ERSE que pretende demonstrar de que forma os consumos domésticos influenciam as alterações climáticas, e o que cada consumidor pode fazer para melhorar o seu desempenho ambiental. Neves de Carvalho, director do Gabinete de Sustentabilidade da EDP, caracterizou o Top Ten como um projecto de grande importância, pois: “ajudará as pessoas na caminhada para a eficiência energética uma vez

que saberão quais as soluções mais bem escolhidas”. Francisco Ferreira adiantou que esta é uma ferramenta já testada com sucesso em outros países. Foi lançada na Suíça, França, Áustria e Holanda. “Ainda este ano será lançado na Bélgica, República Checa, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia e Espanha. António Mexia confirmou que se trata de mais um sinal, no rol de contributos da EDP, para os equilíbrios necessários da sociedade portuguesa. “A alteração dos comportamentos é impor-

tante e com esta ferramenta haverá uma maior disciplina.” A aliança entre a nossa empresa eléctrica e a Quercus é o resultado do trabalho em conjunto para a mesma causa – a eficiência energética. E porque o problema do aquecimento global é responsabilidade de todos, comece já em sua casa a promover a eficiência energética e saiba qual a lâmpada, frigorífico ou máquina de lavar roupa que deve escolher para poupar energia. Se não sabe, vá até a www.topten.pt .

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Joel Greenblatt

A fórmula da fortuna

QUEM NÃO GOSTARIA DE FICAR RICO NA BOLSA, ou pelo menos de ganhar muito dinheiro? Só não pode ganhar quem não joga, lá diz o velho aforismo, certamente fomentado pela Santa Casa. Mas a bolsa não é um sorteio, e portanto a sorte não tem nada a ver com ganhar ou não ganhar. Claro, pode ter-se sorte e investir numa upstart desconhecido com uma nova tecnologia mirabolante; mas, para o comum dos mortais, a bolsa está mais próxima dos jogos de azar, uma vez que o segredo consiste em avaliar correctamente as empresas, e para isso é preciso conhecimentos teóricos e práticos que requerem uma vida de dedicação. Pois é para obviar a este inconveniente fatal que o broker de Nova Iorque Joel Greenblatt escreveu um livrinho curto e bem disposto onde propõe uma mirabolante "fórmula mágica". Não vamos entrar nos pormenores da fórmula. A questão, que Greenblatt apresenta logo ao princípio, é que se houvesse uma fórmula realmente infalível de investir na bolsa toda a gente a utilizaria e, logicamente, deixaria de funcionar. Mas a primeira fórmula realmente eficiente, que ficamos a saber ter sido inventada por Benjamin Graham na década de 1930, funcionou durante muito anos. Muitas outras, auxiliadas pela enorme capacidade de "mastigar números" da informática, funcionam razoavelmente. A proposta de todas elas é "beat the market average", ou seja, conseguir um retorno para o capital superior à média do mercado. Mas nenhuma se aplica ao chamado "jogo" no mercado de capitais, ou seja, na compra e venda a curto prazo, especulativa, para ganhar muito dinheiro em pouco tempo. A função das fórmulas é dar um lucro superior ao average a médio e longo prazo. É pre64 | On

ciso ficar com os títulos durante anos. E compramse títulos de muitas empresas, umas mais estáveis e outras mais lucrativas, de modo a ter-se uma segurança mínima de retorno. Assim, já se percebe que as fórmulas não se excluem umas às outras, nem se esgotam no seu próprio sucesso. A razão para usar uma fórmula pode ser melhor compreendida pela negativa; quem quiser investir, não tendo maneira de avaliar devidamente as empresas, tem de se basear num critério qualquer, mas não em qualquer critério. Estudar as empresas ao pormenor (como fazem os analistas profissionais) requer conhecimentos técnicos, in-

‘Invista e Fique Rico a fórmula infalível para ganhar dinheiro na bolsa’ · Joel Greenblatt · Lua de Papel, ASA, 2007

formação reservada (ou pelo menos complicada de obter) e muito tempo. Comprar pelo histórico do mercado, como fazem muitos pequenos e médios investidores, não leva todos os parâmetros e consideração. Utilizar brokers, obriga a pagar comissões que muitas vezes anulam a mais valia obtida nos juros melhores. Além disso é difícil ganhar muito dinheiro (proporcionalmente) com um pequeno investimento. A fórmula de Greenblat está ao alcance de qualquer particular e dá uma maior possibilidade de ultrapassar as médias do mercado, graças a critérios matemáticos baseados no preço da acção e no seu valor - conceitos diferentes, como se aprende ao ler este livro. Não podemos saber rigorosamente se a fórmula de Greenblat é melhor do que as outras — embora ele esteja absolutamente convencido e seja bastante persuasivo. Mas "Invista e Fique Rico" tem uma prosa divertida que se lê facilmente, sem precisar de saber todo o vocabulário especializado. Apresenta uma maneira de investir a longo prazo ao alcance de todas as bolsas. Está na perfeita equidistância entre a especialidade que demora anos a adquirir e a ignorância total. Segundo as estatísticas apresentadas por Greenblatt, em média a fórmula mágica deu um retorno de 30,8 por cento, contra 12,3 por cento da média de mercado e 12,4 por cento das empresas avaliadas pelo índice Standard & Poor - isto para um período que vai de 1988 a 2004. Pode dizer-se que é infalível, porque em nenhum dos muitos exemplos apresentados ficou abaixo da média. Há que investir para ganhar, e este livro parece um bom investimento. Quanto a ficar rico, bom, isso é outra história.


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Malcom Gladwell

A Chave do Sucesso

MALCOLMGLADWELLESCREVEPARA"THENEWYORKER" e portanto pode dizer-se que conhece o sucesso; esta revista semanal é justamente considerada um paradigma da informação correcta, da opinião pertinente e da visão contemporânea. Os poucos que conseguem fazer parte desta elite têm um prestígio muito especial entre os seus pares. Então, juntando algumas das observações que fizera numa série de artigos na revista, em 1999 publicou "Blink" (traduzido para português como "Intuição"), um ensaio em que afirma, basicamente, que as primeiras impressões são mais correctas do que as conclusões maduramente congeminadas. Não sendo psicólogo, nem sociólogo, Gladwell foi imediatamente atacado pelos especialistas, que consideram não haver nenhuma base científica para uma tal conclusão; mas o facto é que "Blink" tornou-se um enorme sucesso de vendas, muito acima do que se poderia esperar de uma obra de "não ficção" difícil de classificar. Incentivado pelo sucesso das suas observações intrigantes, dois anos depois Gladwell deu à estampa "The Tipping Point" agora traduzido para português como "A Chave do Sucessso". É mais um conceito difícil de resumir, quase impossível de verificar, mas extremamente aliciante: as "epidemias sociais" (modas, sucessos de vendas, campanhas de promoção de alguma coisa) disparam num certo momento, por razões específicas, porém imprevisíveis. É o dito "ponto de viragem", que surge de uma acumulação de factores — alguns inverificáveis e inconfirmáveis, mesmo a posteriori — mas depois ganha vida própria e cresce geometricamente. Os exemplos práticos escolhidos por Gladwell são bastante ecléticos: a moda dos sapatos Hush Puppies, uma epidemia de sí-

filis em Baltimore, um episódio fulcral da guerra da independência norte-americana contra os ingleses, o programa de TV "Rua Sésamo", o tabagismo... Explorando mais esta ideia sui generis, Gladwell consegue mesmo formular "leis" que normalizariam, ou pelo menos justificariam, por-

A Chave do Sucesso ‘The Tipping Point’ · Malcolm Gladwell · Editora Dom Quixote, 2007

que é que, em última análise, certas ideias ou produtos fazem sucesso quase sem promoção, e outros não fazem, mesmo apoiados em campanhas milionárias. É o que ele chama "as três regras da epidemiologia", considerando que o sucesso não é mais do que um tipo de epidemia social. São elas "a lei dos poucos", "o factor de aderência" e "o poder do contexto". Segundo o primeiro princípio, uma tendência começa com uma minoria de pessoas, aparentemente insuficientes para a lançar, e sem poderes especiais que pressupusessem tal capacidade. O segundo diz que para "pegar", o produto, ou ideia, precisa de algo que "cole", que permaneça na cabeça do público para além do momento de lançamento; e o terceiro afirma que o contexto é essencial - a geografia, a oportunidade e o timing onde e quando ocorre o fenómeno. Embora todas estas ideias pareçam simples “truísmos”, o facto é que colocadas desta forma fazem sentido e poder-se-ia pensar que são boas ferramentas de marketing. (Aliás este livro será uma leitura indispensável para os especialistas do ramo.) Mas, dado o seu carácter sociológico — isto é, não experimental — tais conhecimentos servem apenas de pano de fundo, com um carácter quase lúdico, para quem queira iniciar a sua "epidemia". O próprio Gladwell é um bom exemplo das suas teorias: criticado pelos académicos especializados, menos bem tratado pelos intelectuais em geral, conseguiu que a sua intuição fosse o ponto de viragem para um sucesso extraordinário. A chave do sucesso não estará no que ele diz, mas no facto de o ter dito. O que não deixa de ser um conceito muito moderno. On | 65


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EDUARDO LIMA

SABE O QUE É MOQUECA? ESSA PALAVRINHA sonora, tão gostosa de falar, dá nome a um dos pratos mais tradicionais do Brasil. Para quem acha que cozinha brasileira é sinônimo de carne vermelha, eis aqui uma deliciosa surpresa. Ninguém sabe se essa iguaria, à base de peixe ou frutos do mar, tem alguma propriedade afrodisíaca. Mas tal descoberta não seria de causar espanto. Afinal, a moqueca é uma comida capaz de aguçar os sentidos mais básicos daqueles que se entregam ao prazer de degustá-la. Imagine-se em um restaurante de praia, vendo o guisado da foto acima chegar a sua mesa ainda borbulhante, em uma simpática panela de barro. A cor alaranjada é de encher os olhos. Em seguida, prepare-se para ser nocauteado pelos aromas. Você perceberá no ar a presença do coentro, de um leve toque de limão, da pimenta-malagueta. Por fim, seu paladar será colocado à prova. E acredite: ao experimentar a primeira bocada, será impossível resistir ao pecado da gula. Quem se vê frente a frente com uma moqueca costuma comer até não poder mais.

Sabor

Este é um prato com mais de 500 anos de história. Antes mesmo da chegada de Cabral à Terra Brasilis, os nativos de além-mar envolviam peixes em folhas verdes e levavam-nos para assar lentamente. Usavam o “moquém”, uma grelha feita de varas e colocada sobre a brasa. “Moqueando” seus pescados, os índios não sabiam, mas já estavam inventando a moqueca. Um belo dia, apareceram os portugueses. Ao descobrir o Brasil, eles descobriram também que o vagaroso processo de cozimento conferia à carne de peixe um sabor para lá de especial. Mas aquela técnica certamente pareceu-lhes primitiva demais. Trocaram o “moquém” pela panela. E incorporaram à receita ingredientes como o tomate, a cebola, o tempero de limão galego, o coentro e o alho. Mais tarde, os negros levados da África como escravos também enriqueceriam a moqueca. No lugar do urucum, entrou o dendê. O leite de coco passou a engrossar o caldo do cozido. E a pimenta-malagueta garantiu um toque picante, para contrastar com o adocicado do leite. Assim foi sendo criado o prato que, hoje, pode ser considerado um patrimônio da cultura brasileira – tão mestiço quanto o próprio país que ele sintetiza.

mestiço A MOQUECA, UM DOS PRATOS MAIS TRADICIONAIS DA COZINHA BRASILEIRA, NASCEU DO ENCONTRO ENTRE ÍNDIOS, NEGROS AFRICANOS E CONQUISTADORES PORTUGUESES

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Hoje, há uma moqueca diferente em cada canto do Brasil. Na Amazônia, ela pode ser preparada com carne de jacaré. Na região Sudeste, com carne de galinha. Em todo o Nordeste, são comuns as versões à base de lagosta, camarão ou mariscos. Mas apenas as moquecas feitas nos estados da Bahia e do Espírito Santo ultrapassaram as fronteiras regionais e transformaram-se em pratos nacionais. Os baianos, orgulhosos de sua herança africana, não abrem mão do leite de coco e do azeitede-dendê. Para os capixabas, no entanto, o acréscimo desses ingredientes é quase uma blasfêmia. De tão radicais na defesa de sua receita, eles chegaram a cunhar a seguinte frase: “Moqueca verdadeira é a capixaba. O resto é apenas peixada”. No Espírito Santo, sempre prevaleceu o culto à origem indígena da moqueca e o respeito à influência portuguesa se seguiu:

• O tom alaranjado tem de vir do tomate e do urucum “derretido” em azeite-de-oliva • Antes de ir para a panela, o peixe de carne firme e suculenta (badejo, robalo, garoupa ou cação) deve ser temperado apenas com sal e limão • Só é permitido o uso de coentro, cebolinha verde, cebola, alho, tomate e pimentamalagueta. Pimentão, nem pensar. Molho de tomate, pior ainda • Nenhum líquido – nem água, muito menos leite de coco – pode ser adicionado ao cozido. O segredo está em submeter os ingredientes, todos juntos, a um calor regular e suave, deixando que eles sejam refogados em seus próprios sucos Para o cronista capixaba Marcos Alencar, uma boa moqueca não tem hora nem lugar para ser apreciada. Simples e sofisticado ao mesmo tempo, o prato torna-se parceiro das toalhas de linho, do vinho branco de colecionador, dos talheres de prata e do jantar à luz de velas sem o menor constrangimento. “O delicado sabor e seu fino aroma são prazeres permanentes e eternos”, diz o cronista. “Mas eu os prefiro precedidos de um cálice da melhor cachaça, longe dos condicionadores de ar, com os pés descalços. E, se possível, a poucos metros de uma cama que queira, depois, dividir comigo os sonhos reais de uma tarde inesquecível.”


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