Petição para impedir a alienação de 85 obras de Joan Miró, por parte do Governo Português (colecção proveniente do BPN) “São os restos de um naufrágio financeiro transformado em obras de arte. A Christie’s leiloa em Londres, nos próximos dias 4 e 5 de fevereiro de 2014, uma coleção de 85 peças de Miró que pertenceram ao Banco Português de Negócios. (...) encontramos na oferta obras muito interessantes que abrangem sete décadas de trabalho do criador catalão. Um dos lotes que, com certeza, encontrará melhor acolhida é o óleo sobre tela de 1968 titulado Mulher e pássaros, dois dos motivos clássicos de Joan Miró. (...) Embora as obras que tenham mais profundidade, como conjunto, talvez sejam um grupo de seis pinturas sobre papelão duro. Fazem parte de uma série de 27 peças que Miró criou no verão de 1936 em pleno começo da Guerra Civil espanhola.” in Jornal El País, 20/12/2013
Imagem real - Algumas das 85 obras de Joan Miró a serem colocadas em exposição, por funcionários da Christie’s, em Londres. Fonte: Artcentron, 21/12/2013
“A conceituada leiloeira britânica anunciou em comunicado que a ‘excelente coleção de 85 obras que representam sete décadas da rica e dinâmica de Joan Miró (1893-1983) serão levadas a leilão em fevereiro de 2014’. E realçou: ‘Esta é uma das mais extensas e impressionantes ofertas de trabalhos do artista que alguma vez foi a leilão’. (…) Refira-se que, na altura da nacionalização, várias notícias apontavam para que o valor desta coleção ultrapasse os 80 milhões de euros. (…) ‘É uma honra trazer ao mercado esta extensa coleção de trabalhos de Joan Miró, um dos grandes mestres modernos do século XX’, salientou Olivier Camu. (…) O responsável sublinhou que esta coleção ‘acompanha a evolução de Miró ao longo de sete décadas, oferecendo uma oportunidade sem paralelo para os colecionadores’. Olivier Camu frisou ainda que ‘se tem vindo a testemunhar, desde 2001, o crescimento exponencial da procura global por trabalhos nesta categoria, que atraem novos colecionadores todos os anos” e que “o trabalho de Miró, em particular, transcende as categorias tradicionais e apela quer a colecionadores de Arte Moderna e Impressionista, quer de Arte Contemporânea e do Pós-Guerra”. Sic Noticias, 20/12/2013
Pintura 1953 (57x500 cm)
“(...) A Christie’s leiloa em Londres, nos próximos dias 4 e 5 de fevereiro de 2014, uma coleção de 85 peças de Miró que pertenceram ao Banco Português de Negócios, uma das vítimas, ou dos carrascos, dependendo do ponto de vista, da crise financeira de 2008. A companhia, devido a um gerenciamento negligente, quebrou. Como herança, os portugueses ficaram com um buraco de 1,8 bilhão de euros (5,9 bilhões de reais). O Estado português, uma vez nacionalizada a entidade, a vendeu ao Banco BIC português. E, claro, ficou com as obras. Agora as leva a leilão e espera obter por elas 30 milhões de libras. (...) encontramos na oferta obras muito interessantes que abrangem sete décadas de trabalho do criador catalão. Um dos lotes que, com certeza, encontrará melhor acolhida é o óleo sobre tela de 1968 titulado Mulher e pássaros, dois dos motivos clássicos de Joan Miró. A sala estimou um preço que oscila entre quatro e sete milhões de libras (15 e 27 milhões de reais). A outra tela de maior interesse é Pintura 1953. De grandes dimensões (57x500 cm) tem um desses formatos horizontais que Miró transladou com grande sucesso a edifícios públicos com materiais como a cerâmica. (...) Embora as obras que tenham mais profundidade, como conjunto, talvez sejam um grupo de seis pinturas sobre papelão duro. Fazem parte de uma série de 27 peças que Miró criou no verão de 1936 em pleno começo da Guerra Civil espanhola. Junto com elas um interessante grupo de guaches produzidos entre agosto e setembro de 1935.” in jornal El País - versão brasileira, 20/12/2013
“A trove of 85 works by Spanish surrealist master Joan Miro acquired by the Portuguese government from a failing bank is up for auction with an estimated value of 30 million pounds. (…) Christie’s auction house said Friday the collection is “one of the most extensive and impressive offerings of works by the artist ever to come to auction,” and covers seven decades of Miro’s career. The Barcelona-born artist was influential in the surrealist movement in the 1920s. (…) The auction includes the 1968 oil painting “Women and Birds” — two recurring motifs in Miro’s work (…) The sale also includes works on paper and a series of paintings on Masonite from the 1930s. (…)” In Huffpost, USA, written by Jill Lawless, Associated Press, 19/12/2013
A Casa da Liberdade - Mário Cesariny, honrando a memória do autor, decidiu juntá-lo a este protesto, na medida em que Mário Cesariny era um acérrimo defensor da Arte e confesso admirador da obra de Joan Miró. A imagem original refere-se ao protesto pelo encerramento do antigo Cine-Teatro Éden, em Lisboa. No cartaz pode ler-se: ”A NECROFILIA DO PODER VEM APLAUDIR A PRÓXIMA DESTRUIÇÃO DO MAIOR E MELHOR APETRECHADO TEATRO QUE SE CONSTRUIU EM PORTUGAL”. Protesto a ser transposto para a actualidade, quando passam 7 anos sobre a morte do autor, tal como consta da fotomontagem publicada na última página deste folheto.
Petição Pública dirigida aos Orgões de Soberania do Estado Português Veio a público, em notícia da agência informativa LUSA, datada de 19 de Dezembro de 2013, que o estado português se prepara para vender, através da leiloeira Christie’s, em Londres, 85 importantes obras de Joan Miró, esperando auferir cerca de 35 milhões de euros. A soma pode parecer boa, aos incautos e aos menos avisados nas questões do mercado da arte, mas a verdade é que é uma ridicularia na medida em que, por um lado, a venda “por atacado” de tal quantidade de obras faz descer o seu valor, pelo que seria avisado não fazer uma operação desta forma, por outro lado, se alguém quiser depois recomprar estas obras não haverá dinheiro que chegue para as comprar: porque irão parar a colecções e museus de todo o mundo que muito pouco interesse terão em as revender. Isto, por si só, justificaria a maior das prudências para com a alienação deste conjunto de obras. Esta notícia mostra bem o nível de como se decidem as coisas, no momento, no país: Será possível que não percebam a enormidade deste acto de venda? E que não compreendam que se trata de uma 2ª espoliação do património nacional? É que estes quadros pertencem-nos, a todos, na medida em que fomos todos chamados a pagar a factura dos desmandos no Banco Português de Negócios (BPN). O mínimo exigível é que o estado não venda este património (e muito menos o faça nesta fase de crise internacional e desta forma, por conjunto). Mais: estas obras, ficando em Portugal, vão gerar receitas muito maiores do que o que se possa arrecadar com a sua venda, no imediato, na medida em que são deveras importantes e que o seu conjunto, disponibilizado ao público num espaço museológico, atrairiam turismo internacional de arte e cultura por décadas, gerando benefícios para a economia local e receitas de impostos, para além de possibilitarem o desenvolvimento de parcerias com entidades museológicas internacionais, publicações e estudos que muito contribuiriam para o desenvolvimento intelectual do nosso país. Mais ainda, se o estado um dia decidisse vendêlas, elas valeriam mais do que agora, porque se tratam de obras significativas de um autor consagrado internacionalmente e que, pela sua importância artística, histórica e museológica, se valorizarão com o passar do tempo. Só quem não esteja bem informado, não conseguirá ver o claro benefício em ter e manter estas obras no nosso país. E muito menos conseguirá ver a sorte que o Estado teve, no meio do caos financeiro gerado com o BPN, de ter ficado com estas obras. Mas, infelizmente, isto não surpreende. Entristece, contudo. Sobretudo porque foi tudo feito sem que a opinião pública fosse chamada a pronunciar-se: não obstante estas obras terem estado, durante mais de 5 anos, sob a alçada do Estado Português, que as terá guardado na Caixa Geral de Depósitos, estas nunca foram objecto de nenhuma exposição pública, nem consta que exista
registo fotográfico das mesmas disponível ao público, assim como se desconhece se foi pedido parecer, e a quem, sobre a relevância destas obras e sua manutenção na esfera do Estado. Mais ainda, porque a notícia é dada em cima da época natalícia, altura de maior dispersão da opinião pública. E, especialmente, porque tudo isto é feito sem ser claro nem o seu propósito, uma vez que o valor que será apurado com a venda é manifestamente reduzido quando comparado com os custos que envolveram o resgate do BPN, nem a forma como será concretizada a venda, uma vez que as notícias falam de 3 leilões seguidos, a partir de 4 de Fevereiro, e de pré-vendas, já a partir de 20 de Janeiro deste ano. Para além de que a própria estimativa actual da leiloeira contraria, por enorme defeito, as estimativas que essa mesma empresa tinha feito em 2008, que constam do processo BPN, e que davam como certo um valor entre os 80 milhões de euros e os 150 milhões de euros. Este será, provavelmente, o mesmo tipo de decisões tomadas contra os interesses do povo português que, se for chamado a pronunciar-se e tiver tempo para o fazer, saberá demonstrar a sua vontade de preservação deste importantíssimo património na esfera do Estado, tal como o fez quando, na década de 1990, os governantes de então pretenderam submergir gravuras rupestres em Foz-Côa, a troco de uma barragem cuja expectativa de vida não ultrapassaria os 50 anos. Nessa altura, houve tempo para que a população se mobilizasse e demonstrasse a sua vontade. Hoje, infelizmente, o tempo é muito escasso, pois que entre a notícia referida e a data em que estas obras começam a ser vendidas, pouco mais há que um mês, razão pela qual apelamos a Vossas Excelências que tratem de suspender este processo de venda, o quanto antes, e promovam, se necessário for, uma consulta pública junto da população para que a decisão de venda destas obras seja anulada em definitivo, pois que não é justo alienar um património (que é de todos e que, em nosso entender, deve manter-se no nosso país, para que às gerações futuras não chegue somente a factura do caos que sobrará do escândalo BPN), sem que, no mínimo, as pessoas, que se virão obrigadas a pagar o prejuízo causado pelo BPN, se possam pronunciar sobre o destino a dar a essa importantíssima colecção de arte. . Consideramos, pois, ESTA MATÉRIA COMO POTENCIALMENTE LESIVA DOS INTERESSES NACIONAIS, presentes e futuros, pelo que APELAMOS A VOSSAS EXCELÊNCIAS QUE TRATEM DE CORRIGIR ESTE ERRO MONUMENTAL, TOMANDO TODAS AS MEDIDAS NECESSÁRIAS E AO VOSSO ALCANCE PARA, NO IMEDIATO, SUSPENDER ESTA VENDA E, COM BREVIDADE, PROCEDER, SE NECESSÁRIO FOR, A CONSULTA PÚBLICA QUE PERMITA DEMONSTRAR A VONTADE DA POPULAÇÃO EM ANULAR ESSA DECISÃO DE VENDA EM DEFINITIVO, para que se mantenha em Portugal o valioso conjunto de 85 obras de Joan Miró, um dos mais importantes artistas mundiais do Século XX. Mais consideramos necessário que se investiguem as circunstâncias que envolveram todo este processo e que, em havendo, se apurem responsabilidades e responsáveis por tais actos que possam haver lesado o Estado Português.
Petição para impedir a alienação de 85 obras de Joan Miró, por parte do Governo Português
“ Christie’s has announced Miró – Seven Decades of His Art, an outstanding collection of 85 works showcasing seven decades of Joan Miró’s (1893–1983) rich and dynamic career, which will be offered in February 2014. This is one of the most extensive and impressive offerings of works by the artist ever to come to auction. An important figure in 20th century art, Miró was highly influential for a huge number of artists, from Picasso to Pollock. Most often associated with Surrealism, Miró’s work has an appeal that transcends traditional categories, with today’s market seeing collectors of both Impressionist & Modern Art and Post-War & Contemporary Art compete for his paintings, works on paper and sculptures. The property was formerly in a private corporate collection and is now being sold by decision of the Portuguese Republic. “ Artcentron, 21/12/2013
“A leiloeira Christie’s anunciou em comunicado que a ‘excelente colecção de 85 obras que representam sete décadas da rica e dinâmica obra de Joan Miró (1893-1983) [nas mãos do Estado Português desde a nacionalização do BPN] serão levadas a leilão em Fevereiro de 2014’, destacando que ‘esta é uma das mais extensas e impressionantes ofertas de trabalhos do artista que alguma vez foi a leilão’. Francisco Nogueira Leite, presidente da Parvalorem, um dos três veículos estatais criados para gerir os activos do BPN, revelou também que ‘a Christie”s venceu o procedimento oportunamente lançado e em relação ao qual concorreram quatro leiloeiras internacionais. Em Fevereiro, será realizado um leilão internacional, em Londres’. Segundo a Christie”s, que escreve que a colecção ‘está agora a ser vendida por decisão da República Portuguesa’, ‘é esperado que a colecção completa permita um encaixe acima de 30 milhões de libras (35,9 milhões de euros)’. Em Julho de 2012, a então secretária de Estado do Tesouro e actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tinha anunciado numa audiência perante a comissão parlamentar de inquérito ao BPN que o Governo iria consultar as principais
leiloeiras internacionais (entre as quais, a Sotheby’s e a Christie’s) no sentido de se realizar um ‘leilão público, com toda a transparência’, para vender esta colecção ímpar do pintor catalão. (…) O leilão, que promete captar a atenção de coleccionadores de todo o mundo, vai ser dividido em três vendas separadas. (…) ‘É uma honra trazer ao mercado esta extensa colecção de trabalhos de Joan Miró, um dos grandes mestres modernos do século XX’, salientou Olivier Camu, presidente do Departamento de Arte Moderna e Impressionista da Christie’s. O responsável sublinhou que esta colecção ‘acompanha a evolução de Miró ao longo de sete décadas, oferecendo uma oportunidade sem paralelo para os coleccionadores’. Olivier Camu frisou ainda que ‘se tem vindo a testemunhar, desde 2001, o crescimento exponencial da procura global por trabalhos nesta categoria, que atraem novos coleccionadores todos os anos’ e que ‘o trabalho de Miró, em particular, transcende as categorias tradicionais e apela quer a coleccionadores de arte moderna e impressionista, quer de arte contemporânea e do pós-guerra’ in jornal Público, 20/12/2013
ASSINE A PETIÇÃO E DIVULGUE-A POR TODOS OS MEIOS, obrigado! Para validação, deve colocar o nome completo e o seu número de cartão de cidadão/identidade. Petição disponível em: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=joanmiro