PUBLICA~ÃO MENSAl DA ~UNDA~ÃO DE AMPARO APESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAUlO AMBIENTE
APOLUIÇÃO MATA
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PRESIDENTE DA SBPC PROPÕE A DEFINIÇÃO URGENTE DE UM PROJETO DEC&T PARA OPAÍS Página 3
BOLSA DE PÓSDOUTORAMENTO TERÁ DURAÇÃO DE ATÉ 4ANOS, SE INTEGRAR UM PROJETO TEMÁTICO Página 7
Quando aumenta o nível de poluição do ar em São Paulo, o que acontece principalmente no inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por problemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o número de internações hospitalares de crianças. Mas uma exposição prolongada, por meses ou anos, mesmo a níveis relativamente baixos de poluição, também é capaz de provocar doenças das vias respiratórias, em pessoas saudáveis de qualquer idade. São conclusões de pesquisadores do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, que estudaram, com apoio da FAPESP, o impacto da poluição do ar na região metropolitana de São Paulo sobre a saúde da população. A capital recebe anualmente 3 milhões de toneladas de poluentes, sendo 90% emitidos por gases dos veículos automotores.
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Ciência para um Brasil soberano e sustentável Sérgio Henrique Ferreira * É muito provável que a maior diferença entre a globalização deste fim de século e a revolução industrial resida no papel fundamental desempenhado pela ciência para o desenvolvimento , como alavanca para a indústria moderna. Pode-se afirmar que a ciência desenvolveu-se correndo atrás das invenções da revolução industrial, com a imaginação dos cientistas sendo estimulada pela necessidade de se obter novos equipamentos e produtos. Foi nesse ambiente que se desenvolveu a ciência acadêmica, aparentemente despolitizada e descompromissada com a tecnologia. Hoje, no entanto, é a ciência que está se constituindo no divisor de águas entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Ninguém pode ignorar que o conhecimento científico contribui fundamentalmente para o grande salto tecnológico-industrial deste final de século. A noção de riqueza, de progresso, no mundo globalizado, faz com que se manifestem em paralelo a capacitação científica, o desenvolvimento tecnológico agroindustrial e em informática, o acúmulo de capital e o poder político. Se é verdade que a maioria das nações está rediscutindo o papel social do Estado, também é mais verdadeiro que todos os países ricos estruturaram o seu desenvolvimento econômico sob uma forte intervenção do Estado.
Nesse sentido, é extremamente grave que o governo brasileiro não se defina por apresentar um plano estratégico de desenvolvimento científico e tecnológico. Refém da concepção neoliberal de mercado, o governo pode estar levando a nação a um restritivo processo de modernização de nossa capacidade produtiva - limitada basicamente àqueles setores onde é possível estimular um aumento da eficiência industrial e o controle de qualidade dos produtos. O capital internacional tem investido em nosso mercado com base em tecnologia importada e mão-de-obra barata. Este modelo pode tornar-se cruel e predatório, na medida em que o neoliberalismo descaracteriza o Esta- · do, suprimindo o seu papel indutor e de planejamento estratégico. Numa noção didática do investimento ideal sustentável, podemos dizer que este deve envolver, ao mesmo tempo, os lucros do capital, o político, o social e o ambiental. Metas inalcançáveis sob a égide neoliberal da ditadura de mercado, na qual o investimento está voltado para o lucro máximo em tempo imediato. Dessa maneira, é fundamental que o governo- sob pressão e auxiliado pela sociedade - defina urgentemente um projeto de desenvolvimento científico/tecnológico e sustentável para o Brasil, garantindo capacitação tecnológica, competiti-
rFAPESP
vidade e qualidade de vida/ justiça social para o nosso povo. É nessa direção e com esses compromissos que se fortalece o nascente movimento nacional, suprapartidário e supraideológico, em defesa do sistema nacional de Ciência e Tecnologia . Consciente de sua responsabilidade nesse processo, a SBPC está constituindo o seu Fórum pela Ciência , Tecnologia e Desenvolvimento Nacional, a fim de estimular a discussão entre a comunidade científico-tecnológica e os agentes políticos. O objetivo maior é chegar às propostas da SBPC que contribuam à definição de uma política estratégica coerente de desenvolvimento científico, tecnológico e agroindustrial para o Brasil. * Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC