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CULTIVO DA PITAIA Igor Franco Rezende¹ Amanda Cristina Guimarães Sousa¹ Natalia Ferreira Suarez² Camila Calsavara Rocha² José Carlos Morais Rufini³
1. INTRODUÇÃO A pitaia é uma planta que pertence à família das cactáceas e tem sua origem na América Central. Produz uma fruta conhecida popularmente como fruta do dragão por possuir uma casca escamosa que se assemelha as escamas de um dragão. Trata-se de uma fruta pouco conhecida, que atualmente vêm sendo muito procurada pelo mercado de frutas exóticas por se tratar de uma fruta altamente nutritiva, com altos teores de água, minerais, açucares, compostos antioxidantes e baixo valor calórico. O cultivo comercial da pitaia no Brasil se deu no início da década de 90 no estado de São Paulo, responsável por cerca de 92% da quantidade de fruta comercializada. Minas Gerais ocupa a segunda posição no cenário nacional responsável por cerca de 5,62% da comercialização, com destaque para os municípios de Contagem, Janaúba, Jaíba e Turvolândia.
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Bolsista PET, graduando (a) em Engenharia Agronômica – Universidade Federal de São João del-Rei.
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Mestranda no programa de pós-graduação em Ciências Agrárias - Universidade Federal de São João del-Rei.
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Prof. Dr. do Departamento de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São João del-Rei.
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A pitaia vermelha de polpa branca (Hylocereus undatus) é a mais cultivada no Brasil. Além do fruto, os cladódios e as flores também são consumidos por pratos especiais na região de origem da espécie, por apresentarem grande quantidade de compostos funcionais e propriedades medicinais. O pomar de pitaia, apesar de apresentar um alto custo de implantação, tem-se um retorno econômico atrativo para os produtores brasileiros, devido a boa adaptabilidade as condições de clima e solo e elevado valor da fruta no mercado in natura. A produção da fruta pode ter início já no primeiro ano após o plantio, podendo chegar a 20 toneladas por hectare a partir do quarto e quinto ano após o plantio.
2. SISTEMÁTICA E BOTÂNICA A pitaia pertence à família cactaceae e ao gênero Hylocereus, e está dentro da ordem das Caryophyllales, que é caracterizada pela presença de aureolas contendo espinhos. É uma planta perene, possui o hábito trepador com raízes fibrosas, com desenvolvimento de inúmeras raízes adventícias que ajudam na fixação e obtenção de nutrientes. Possui caule suculento, de formato triangular, contendo pequenos espinhos, sendo classificado morfologicamente como cladódio, com ausência de folhas copadas. As flores são grandes, medindo cerca de 20 a 30 cm de largura, de coloração branca, com presença de numerosos estames com abundância de pólen. Apesar de serem hermafroditas, ou seja, possuírem ambos os sexos na mesma flor, possuem mecanismos que restringem a autopolinização. Os estigmas apresentam tamanhos superiores às anteras, com abertura durante a noite, mantendo-se abertas até as primeiras horas do dia. Caracterizam-se, também por serem solitárias, ou seja, com formação de somente uma flor por extremidade de cladódio.
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O fruto é caracterizado como baga, geralmente oblongo a oval, com 10 a 12 cm de diâmetro. São de coloração com tonalidades amareladas à vermelhas com escamas (brácteas) foliares, protegendo o fruto, contendo espinhos em algumas espécies. A polpa apresenta coloração que varia do branco ao vermelho, com conteúdo de massa variando de 60 a 160g, com a presença de numerosas sementes bem distribuídas. O seu desenvolvimento ocorre entre 34 à 43 dias após a antese, ou seja, após a abertura do botão floral, sua maturação pode ser antecipada sob condições de altas temperaturas. São colhidos quando atingem sua maturidade fisiológica, sendo classificados como frutos não climatéricos. Os frutos frescos apresentam, em geral, baixos valores de acidez total titulável (2,4 a 3,4%), sólidos solúveis entre 7,1 e 10,7ºBrix, conteúdos minerais relativamente altos de potássio, magnésio e cálcio, ricos em vitaminas, porém com baixos valores de vitamina C. Podem ser consumidos tanto in natura, como na forma de produtos industrializados, como geleias, sucos, doces, e sorvetes. Apresentam sabor adocicado e aparência exótica. As sementes são negras, obovadas, com tamanho de 2-3 mm de largura, apresentando elevada capacidade de germinação. As sementes de pitaia também são comestíveis e possuem ação laxante.
3. VARIEDADES Não há registro, até o momento, no país, de nenhuma variedade de pitaia. Porém quatro gêneros englobam os diversos tipos de pitaia sendo eles: Stenocereus, Cereus, Selenicereus e Hylocereus. Esses gêneros diferem entre si quanto ao tamanho, coloração, e sabor dos frutos.
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Dentre os seus frutos mais conhecidos, estão a pitaia amarela com polpa branca (Selenicereus megalanthus), a pitaia vermelha com polpa branca (Hylocereus undatus), a pitaia vermelha com polpa vermelha (Hylocereus costaricensis), e a pitaia-do-cerrado ou saborosa (Selenicereus setaceus). Sendo a pitaia vermelha de polpa branca a mais cultivada no Brasil.
4. CLIMA E SOLO 4.1. Temperatura As plantas apresentam capacidade de adaptação às diferentes condições ambientais, podendo ser encontradas tanto em regiões quentes e úmidas, com temperatura entre 18 e 27ºC, como em regiões com clima seco, porém, não suportam temperaturas acima de 38º C, e abaixo de 4º C, sendo sensível à geada. Apesar de ser facilmente adaptada a diversas regiões, seu desenvolvimento é melhor quando cultivadas em condições de temperaturas médias diurnas de 30ºC e noturnas de 20ºC. 4.2. Umidade A umidade não é um fator limitante ao desenvolvimento da pitaia, já que a mesma apresenta capacidade de adaptação ao clima tropical, subtropical ou árido. No entanto a alta umidade favorece o desenvolvimento de doenças bacterianas e fúngicas tanto no caule como no fruto, o que pode dificultar o seu cultivo. 4.3. Precipitação Não é uma cultura muito exigente em água, devido a rusticidade observada pela espécie. Necessitam de pluviosidade variando de 650 a 1500 mm por ano bem distribuídos, sendo uma opção viável de cultivo em regiões que apresentam déficit hídrico.
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4.4. Luminosidade e Fotoperíodo As pitaias são oriundas de habitats sombreados, exigindo certo nível de sombreamento para seu cultivo. Quando cultivadas em locais com grande intensidade luminosa as plantas apresentam amarelecimento dos cladódios, podendo chegar à morte. É recomendado que estas sejam cultivadas sombreadas, em telas com variação entre 30 e 60% de sombra, de acordo com a espécie. Porém, é importante que o sombreamento não seja excessivo, uma vez que o excesso também que pode provocar danos à cultura, pois reduz severamente seu crescimento, além de interferir na floração, levando a uma redução na produtividade. A pitaia é considerada planta de dias longos, apresentando fotoperíodo crítico de doze horas, sendo que o fotoperíodo influencia na formação de gemas floríferas. 4.5. Solo O tipo de solo ideal para o cultivo da pitaia é um solo que apresenta pH entre 5,5 e 6,5, rico em matéria orgânica, bem drenados e de textura bem solta. É importante que não estejam compactados e não estejam sujeitos à encharcamento.
5. PROPAGAÇÃO A pitaia é uma espécie que pode ser propagada, por via seminífera e vegetativa. Porém, a propagação por sementes apresenta algumas desvantagens, como a desuniformidade do pomar e início tardio da produção, em relação aos métodos de propagação vegetativa. A propagação da pitaia é preferencialmente por estaquia, por ser uma prática de fácil manuseio e baixo custo, utilizando-se, muitas vezes, materiais residuais da poda. Além de apresentar elevado percentual de enraizamento e de brotação das estacas,
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também apresenta precocidade na produção, e a obtenção de um grande número de mudas a partir de uma única matriz com características agronômicas desejáveis. 5.1. Propagação por sementes As sementes possuem altos índices de germinação, com valores superiores a 80%, e apresentam germinação em uma ampla faixa de temperatura. A remoção da mucilagem melhora a emergência e o vigor das plântulas, podendo ser realizada através de imersão das sementes em solução de HCl 1:2 por 1 hora. Podem ser armazenadas por um ano, mantendo altas taxas germinação, se mantidas em ambiente seco e sob temperatura de 4ºC. O uso de sementes para a propagação da pitaia é restrito a programas de melhoramento da espécie. Neste método, é necessário que se tenha cuidados quanto à profundidade de plantio da semente, e a perda de vigor, que na maioria das vezes está relacionada com o armazenamento, induzindo a germinação desuniforme e demorada, Além disso, a frutificação por este método de propagação vegetativa é tardia, o que não é desejável em cultivos comerciais. 5.2. Estaquia O método mais utilizado na propagação da pitaia é através de estacas de ramos (cladódios). É recomendado a utilização de cladódios com aproximadamente 25 cm, que se desenvolvem melhor em substratos que apresentam boa drenagem e umidade. Os sacos de polipropileno preto, com 15 cm de diâmetro x 20 cm de altura são os mais indicados para o plantio das estacas de pitaia. A utilização de segmentos de ramos maiores e inteiros é a que apresenta desenvolvimento mais acelerado e com melhores características agronômicas. É importante observar a maturidade das estacas, sendo que, as mais jovens apresentam cerca de 35% mais raízes que estacas mais velhas.
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6. IMPLANTAÇÃO DO POMAR O planejamento deve ser a primeira etapa de implantação de um pomar, no qual deve-se abranger todos os cuidados possíveis e necessários para garantir o sucesso de estabelecimento da cultura e do empreendimento. O planejamento deve abranger os seguintes itens: −
Buscar informações sobre o mercado e o consumo da fruta na região onde será implantado o pomar;
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Fazer o dimensionamento da área e definir o número de plantas a ser utilizado;
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Selecionar o local onde será realizado o plantio, evitando solos mal drenados e rasos;
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Realizar a amostragem e análise do solo;
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Realizar o combate sistemático a formigas;
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Realizar a correção do solo de acordo com os resultados estabelecidos pela análise do solo;
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Definir o espaçamento a ser utilizado;
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Realizar a marcação das covas das plantas com estacas;
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Realizar a adubação das covas de acordo com os cálculos fornecidos através da análise do solo;
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Fazer o plantio das mudas com todo o zelo necessário, para garantir maior sucesso e evitar a realização de replantios.
6.1. Amostragem do solo Em terrenos de abertura, é necessário a realização da destoca e a roçagem de toda a área, devendo ser realizado pelo menos com seis meses de antecedência ao plantio. Após a realização deste processo, faz-se a coleta de amostras de solo, para as análises, sendo este, o primeiro procedimento realizado no caso de áreas já cultivadas.
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A coleta do solo é realizada com o auxílio de pás de corte ou trados, dos mais diversos tipos. Os trados são as ferramentas mais indicadas para realização da retirada da amostra, pois o mesmo alcança a profundidade correta de coleta, além de retirar amostras mais homogêneas em termos de quantidade de solo, além de tornar a operação mais fácil e rápida de ser executada. São coletadas amostras em duas profundidades, sendo elas, de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, e ainda, caso seja necessário a obtenção de informações das camadas mais profundas, o procedimento pode ser realizado até a 60 cm de profundidade. Porém, como o sistema radicular da pitaia é superficial, a amostragem é realizada somente até os 40 cm de profundidade. A quantidade de amostras coletadas varia de acordo com o tamanho da área, histórico, dentre outras características que devem ser levadas em consideração, porém para se ter uma boa média da área amostrada, a quantidade mínima deve ser de vinte amostras para cada profundidade. O caminhamento para a coleta das amostras deve ser feito em zigue-zague, e posteriormente, deve ser realizada a limpeza superficial do local de coleta, retirando gravetos, folhas e detritos. Deve-se evitar locais com a presença de formigueiros, cupinzeiros, estrume de animais, depósitos de adubos, calcário e manchas de solo. Em cada amostra coletada nas diferentes profundidades deve-se retirar cerca de 300 g para compor a amostra composta, esta porção de solo será enviada para o laboratório para ser realizada a análise da mesma. 6.2. Calagem A calagem deve ser realizada de acordo com o resultado da análise de solo, para que haja a correção do mesmo em profundidade. O processo deve ser realizado com pelo menos sessenta dias de antecedência.
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É indicado a realização do parcelamento da aplicação, sendo metade do calcário aplicado antes do processo da aração e a outra metade antecedendo o processo de gradagem, com intervalo entre operações de aproximadamente um mês. Em área recém desbravada é indicado a utilziação de calcário dolomítico, ditribuído em área total e com antecedência mínima de três meses. 6.3. Marcação e preparo das covas Para a realização da marcação das covas, primeiramente deve-se definir qual espaçamento será utilizado para o plantio das mudas. Para a cultura, são indicados os espaçamentos 3x3 m e 2x3 m, sendo os mais utilizados em pomares comerciais. As covas podem ser abertas com o auxílio de brocas mecânicas, sulcadores ou de forma manual. A dimensão mínima utilizada para a cultura da pitaia é de 60 x 60 x 60 cm. Quando a abertura da cova é realizada manualmente, devem seguir as seguintes orientações: o solo da camada de 0 a 20 cm deve ser separado do solo retirado da camada de 20 a 40 cm, para que seja realizada a adição de calcário na camada mais profunda, que não foi corrigida em área total. A adubação da cova deve ser realizada de acordo com os resultados estabelecidos pela análise de solo e também de acordo com as necessidades provenientes da cultura. No momento do enchimento da cova, deve haver a inversão das camadas de solo, sendo que o solo da superfície da cova é colocado no fundo juntamente com os adubos orgânicos, e o solo da camada de 20 a 40cm é colocado na parte superficial da mesma. Após este processo, com uma estaca de madeira marca-se o centro da cova para após sessenta dias realizar o plantio da muda.
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6.4. Plantio e tutoramento da muda A muda de pitaia deve ser plantada a cinco centímetros acima do nível do solo, pois após a irrigação, esta camada de solo irá compactar e se nivelar à superfície do mesmo. Caso a muda seja soterrada pelo solo, a mesma corre o risco de apodrecer levando a sua perda, sendo assim será necessário o replantio. No momento de inserção da muda na cova deve-se realizar uma leve pressão ao redor da mesma, visando retirar todos os espaços vazios, para que não ocorra a formação de bolsões de ar, que podem levar a morte da muda. Além disso, é indicado colocar cobertura vegetal morta ao redor da muda, visando evitar a perda de umidade do solo. Como a pitaia é uma planta de hábito trepador, deve-se realizar o seu tutoramento. Para este processo é utilizado um mourão com aproximadamente 1,80 m de altura e na extremidade deste mourão é indicado colocar um suporte transversal para que dê a sustentação necessária às brotações produtivas. É necesário fazer o amarrio da muda com barbante ou algum tipo de linha no mourão para auxiliar o processo de crescimento da planta no sentido do mourão.
7. TRATOS CULTURAIS 7.1. Condução da planta Após o estabelecimento da muda, se da o surgimento de brotações laterais denominadas cladódios (caule modificado adaptado à realização de fotossíntese, característico das plantas xerófitas). O indicado é que estes brotos vegetativos laterias (ramos ladrões) sejam removidos através de podas, principalmente pela poda de formação. Com o auxílio de
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uma tesoura de poda realiza-se a eliminação dos brotos, deixando apenas um ou dois, que serão conduzidos até a parte suerior do mourão. Quando a planta alcançar a parte superior do suporte do mourão, deve-se deixar todos os cladódios crescerem e desenvolverem, pois estes originarão os cladódios produtivos. 7.2. Podas Dentre as diversas práticas agronômicas presentes no cultivo da pitaia, a poda é uma das mais importantes, sendo comumente realizadas as podas de formação, de produção e de limpeza. 7.2.1. Poda de formação Esta poda visa moldar e definir a arquitetura da planta, além de eliminar brotações improdutivas, sendo sua principal função a promoção de um ambiente favorável para o desenvolvimento e adaptação do ramo principal ao sistema de apoio, proporcionando assim uma maior área efetiva de exposição à luz solar. Seis meses após o transplante da muda para o campo, deve-se selecionar o número de cladódios desejados para formar a estrutura da planta, e amarra-los ao suporte para direcionar o seu crescimento. Ao atingir o suporte do mourão, os cladódios emitidos acima do mesmo devem ser mantidos, já que serão os brotos produtivos. Os cladódios que forem emitidos lateralmente abaixo do suporte do mourão e rentes ao solo, devem ser eliminados, pois estes são poucos produtivos e acabam atrapalhando o crescimento e o desenvolvimento da planta e dos frutos. É importante que todas as ferramentas utilizadas para a eliminação dos cladódios sejam esterilizadas, a fim de minimizar o risco de contaminação da planta a cada corte.
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7.2.2. Poda de produção A poda de produção também conhecida como poda de desbaste, consiste na eliminação dos cladódios improdutivos encontrados na planta. Este tipo de poda visa concentrar a produção em menos cladódios, obtendo frutos de maior tamanho e melhor qualidade. Deve ser realizada após o primeiro ano de estabelecimento da cultura, uma vez que a estabilização da produção se dá a partir deste ano, devido ao maior vigor e elevada taxa de crescimento da planta. As ferramentas utilizadas durante o processo da poda também, devem ser esterilizadas, a fim de reduzir possíveis infecções da planta. 7.2.3. Poda de limpeza A poda de limpeza é realizada com a finalidade de remoção das partes da planta afetadas por algum tipo de agente patogênico ou inseto, e/ou as partes da planta que não se desenvolveram ou se encontram secas. As partes afetadas da planta devem ser removidas e enterradas à uma profundidade mínima de 30 cm, reduzindo a possibilidade de sobrevivência a disseminação do inóculo do patógeno ou inseto. Nesta poda, salinta-se ainda mias a importancia da desinfecção das ferramentas utilizadas a cada corte realizado na planta, pois o risco de contaminação entre as plantas é mais elevado. 7.3. Adubação O procedimento de adubação da pitaia corresponde a uma das práticas mais importantes envolvidas no crescimento e desenvolvimento da planta. Uma boa nutrição das plantas garante o excelente funcionamento fisiológico, maior resistência à pragas e doenças, além de proporcionar elevada produtividade de frutos de boa qualidade. A
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adubação da pitaia ainda é muito pouco estudada, tornando difícil a obtenção de dados envolvendo a nutrição das plantas, seja ela mineral ou orgânica. No entanto, na prática são aplicadas doses de adubos baseadas na experiência dos cultivos. Este procedimento, sem estudos preliminares, representa um risco para o produtor, pois existe a possibilidade de se fornecer quantidades em excesso ou em falta que irão proporcionar um desbalanço nutricional da planta, acarretando em grandes perdas de produtividade e em casos extremos provocando a morte da planta. Portanto a adubação da pitaia deve ser realizada de acordo com a interpretação correta da análise de solo e pela quantidade demandada de cada nutriente pela planta (dinâmica nutricional), a fim de se obter alta produtividade e boa qualidade de produção. Os principais nutrientes demandandos pela cultura da pitaia são nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca), pois os mesmos constituem os componentes fundamentais na formação do caule e dos frutos, além do micronutriente boro (B) que também é essencial para o pegamento das plantas e no tamanho e massa dos frutos. Sendo assim, de modo geral, para garantir um excelente desenvolvimento e crescimento das plantas, recomenda-se na adubação de plantio durante o preparo das covas, utilizar matéria orgânica (aproximadamente 20L de esterco bovino), 500g de calcário dolomítico, 300g de superfosfato simples e micronutrientes (50g de FTE BR 12) por cova. 7.4. Controle de plantas daninhas O controle de plantas daninhas no pomar de pitaia deve ser realizado levando em consideração as especificidades da planta, do clima e do terreno, pois a ocorrencia de plantas invasoras podem prejudicar o desenvolvimento das pitaias, afetando a produtividade e dificultando os tratos culturais.
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O controle pode ser realizado de forma manual e mecânica. O controle manual consiste no arranquio das plantas daninhas localizadas a 40 cm de distância do caule, região esta, onde se encontra a maior concentração de raízes e pêlos radiculares, evitando a competição por nutrientes e água entre a invasora e a planta cultivada. O controle mecânico deve ser realizado nas entre linhas das plantas, sendo indicado a manuntenção de cobertura vegetal nas linhas, visando minimizar as perdas de umidade do solo, além de protegê-lo contra erosões e processos de compactação devido ao uso de maquinários. Este controle deve ser feito com o auxílio de implementos agrícolas como roçadeiras, rolos faca, foices e até mesmo facão, sempre que a cobertura vegetal alcançar um crescimento acentuado. Deve-se evitar o controle químico, que embora possa ser bastante eficiente no controle das plantas daninhas, possa acarretar problemas de fitotoxidade das plantas de interesse, além de danos aos aplicadores e ao meio ambiente.
8. PRAGAS E DOENÇAS 8.1. Pragas As principais pragas da cultura da pitaia são as formigas, percevejo de patas laminadas, mosca das frutas, vagalume e abelha irapuá. As formigas saúvas e formigas lava-pés, dos gêneros Atta e Solenopsis respectivamente, causam danos principalmente na época da floração e de produção dos frutos, promovendo o amarelecimento e posterior queda das flores e nas bracteas que envovem os frutos, expondo a polpa, levando à depreciação do fruto. O percevejo de patas laminadas (Leptoglossus phyllopus) provoca danos nos cladódios e nos frutos, através da sucção da seiva dos cladódios. A apresentação dos
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sintomas é por manchas e rachaduras nos frutos, inviabilizando o comércio, podendo levar até à morte da parte afetada. A mosca das frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata) provoca danos nas flores e principalmente nos frutos. A mosca realiza a oviposição nas flores e nos frutos pequenos, e posteriormente a eclosão dos ovos, as larvas se alimentam dos botões florais e da polpa do fruto, afetando na produção de frutos. O vagalume (Photinus scintillans) é um inseto de hábito noturno que provoca danos nas flores e frutos. O vagalume raspa os botões florais, causando seu amarelecimento e posterior queda, afetando a produção. Nos frutos, o inseto causa deformações em sua estrutura, modificando negativamente o aspecto visual e inviabilizando assim a sua comercialização. A abelha irapuá ou abelha cachorro (Trigona spinipes) promove muitos danos principalmente nos frutos verdes e maduros, depreciando assim o produto final. As abelhas irapuá raspam a superfície da casca dos frutos, deixando a superfície necrosada e de coloração marrom, e em casos mais extremos, é possível verificar a presença de orifícios nos frutos. Além dos danos causados, a exposição dos tecidos pode ser porta de entrada para patógenos, acarretando problemas ainda maiores na produção. São também relatadas outras pragas que podem causar danos a cultura da pitaia de maneira esporádica, como pulgões, cochonilhas, lesmas e caracóis, que apresentam preferência por tecidos mais jovens, principalmente o ápice de crescimento da planta. Os nematóides representam um grande problema para a cultura, sendo relatados diversos gêneros capazes de provocar danos ao sistema radicular desta cultura, como Helicotylenchus, Meloidogyne, Dorylaimus, Tylenchus, Aphelenchus e Pratylenchus.
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8.2. Doenças No Brasil ainda são poucos os problemas relatados com doenças na cultura da pitaia, entretanto são destacadas três principais problemas para a cultura, sendo elas a Antracnose, a Bacteriose e a Murcha de Fusárium. A Antracnose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, a qual ataca os cladódios e os frutos da planta, apresentando lesões de coloração marrom-avermelhada com um halo clorótico ao redor. Estas lesões reduzem a área fotossintetica da planta, promovendo uma queda na produção de fotoassimilados e consequentemente, redução da produção. A Bacteriose também conhecida como podridão negra, é causada pela ação da bactéria Xanthomonas campestris, que ataca principalmente os cladódios da planta, provocando o apodrecimento. Os sintomas se iniciam com uma murcha localizada, seguida de um amarelecimento dos cladódios, progredindo para lesões de coloração preta ou marrom escura, em razão da necrose dos tecidos. Murcha de Fusário ou amarelecimento de fusarium, é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum, que ataca o sistema radicular e os caules da planta. O início da doença se dá pela invasão do patógeno pelo sistema radicular, se desenvolvendo até os vasos condutores da planta, especificamente o Xilema, provocando o escurecimento do mesmo ocasionado pelo impedimento do fluxo da seiva do Xilema.
9. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS O controle de pragas e doenças na cultura da pitaia é feito basicamente por meio das práticas culturais, como adubação adequada e o manejo das podas. Os ramos e os frutos infectados devem ser removidos da área de cultivo, de modo a retirar a fonte de inóculo.
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Pode-se utilizar também o controle químico, no entanto não existem produtos registrados no MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) para a cultura da pitaia, não devendo assim, recomendar a utilização de métodos químicos de controle.
10. COLHEITA A colheita é um dos processos mais sensíveis e importantes durante a produção da pitaia, sendo a colheita dos frutos realizada manualmente, cortando-se o pendúnculo do fruto com cuidado, com o auxílio de uma tesoura. É recomendado que os trabalhadores utilizem luvas e uniformes apropriados para proteção contra os espinhos durante o manuseio de retirada dos frutos. O desempenho de produção da cultura da pitaia é difícil de ser estimado, pois o mesmo depende de fatores como idade da planta, sistema de cultivo e tamanho da área. Em sistemas utilizando tutores vivos, com pouco manejo das plantas, são obtidos cerca de 30 frutos por planta, apresentando cada um deles um peso médio de 400 g, o que resulta em uma produção de cerca de 12 kg por planta. Entretanto, se o sistema utilizado apresentar 1666 (2x3m) plantas por hectare e o manejo for realizado como o recomendado, o desempenho de produção pode alcançar até cerca de 20 toneladas por hectare. O período de produção da pitaia concentra-se entre os meses de dezembro a maio. É importante que a colheita da pitaia seja realizada na época correta, pois caso contrário, ela não completará seu amadurecimento após a separação da planta. O ponto de colheita da pitaia vermelha de polpa branca é determinado quando o fruto atingir a coloração de rosa a vermelho intenso da casca e com textura ainda firme da polpa
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REFERÊNCIAS CANTO, A. R. et al. El cultivo de pitahaya en Yucatan. Yucatan: Universidade Autônoma Chapingo, p. 53, 1993. DONADIO, L. C. Pitaia. Revista Brasileira de fruticultura, v. 31, n. 3, 2009. MARTÍNEZ, M. et al. Podas en pitaia, Bogotá, 2013. MARQUES, V. B. et al. Ocorrência de insetos na pitaia no município de LavrasMG. Agrarian, v. 5, n. 15, p. 88-92, 2012. MASYAHIT, M. et al. O primeiro relato da ocorrência da doença antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. O & Sacc. na fruta do dragão (Hylocereus spp.) na península da Malásia. American Journal of Applied Sciences , v. 6, n. 5, p. 902-912, 2009. NUNES, E. N. et al. Pitaia (Hylocereus sp.): Uma revisão para o Brasil. Gaia Scientia, v. 8, n. 1, 2014. SILVA, A. C. Pitaia: melhoramento e produção de mudas. Universidade Estadual Paulista (UNESP), 2014. SILVA, E. C. et al. Pitaia - fruta exótica de mercado promissor. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP. Disponível em: <http://www.clubeamigosdocampo.com.br/artigo/pitaia---fruta-exotica-de-mercadopromissor>