Boletim volume 1 ufsj

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O cultivo da Aceroleira


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

O CULTIVO DA ACEROLEIRA

Ano 1 – número 1 Sete Lagoas 2015


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Coordenação: Prof. Dr. José Carlos Moraes Rufini Autores: José Carlos Moraes Rufini 1 Adriane Duarte Coelho 2 Aline Martineli Batista2 Amanda Cristina Guimarães Sousa2 Ana Clara Pimenta Pereira 2 Camila Calsavara Rocha2 Fernanda Gonçalves Santos 2 Flávio Araújo de Moraes2 Igor Franco Rezende 2 Júlia Rodrigues Macedo 2 Leila Aparecida Salles Pio5 Mariana Alves Pinto Barbosa 2 Martha Cristina Pereira Ramos 3 Renata Elisa Viol 3 Samara Cristiele Barros da Cruz2 Tiago da Silva Almeida 2 Thatiane Padilha de Menezes 4

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Tutor PET, Departamento de Ciências Agrárias - UFSJ Bolsista PET, Graduando (a) em Engenharia Agronômica - UFSJ 3 Estudante de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias - UFSJ 4 Bolsista Pós-Doutorado PMPD/CAPES - UFSJ 5 Professora Dra. - DAG - UFLA 2

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Sumário 1 INTRODUÇÃO............................................................ 5 2 SISTEMÁTICA E BOTÂNICA ................................. 6 3 VARIEDADES ............................................................. 8 4 CLIMA E SOLO....................................................... 10 4.1 Temperatura............................................................ 10 4.2 Umidade ................................................................... 11 4.3 Precipitação ............................................................. 11 4.4 Vento ........................................................................ 12 4.5 Luminosidade e fotoperíodo................................... 12 4.6 Solo ........................................................................... 12 5 PROPAGAÇÃO......................................................... 12 5.1 Propagação por sementes ....................................... 13 5.2 Estaquia.................................................................... 14 5.3 Enxertia.................................................................... 15 6 IMPLANTAÇÃO DO POMAR................................ 16 7 TRATOS CULTURAIS............................................. 18 7.1 Podas ........................................................................ 18 7.2 Adubação ................................................................. 19 7.3 Controle de plantas daninhas................................. 19 7.4 Irrigação................................................................... 20 8 DOENÇAS .................................................................. 20 9 PRAGAS ..................................................................... 23 10 CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS ............ 24 10.1 Nematóides............................................................. 24 11 COLHEITA.............................................................. 25 12 AGRADECIMENTOS............................................. 26 13 LITERATURA CONSULTADA............................ 27 ANEXO DE FIGURAS............................................ 29 Boletim de Extensão


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1. INTRODUÇÃO Assim como outras frutíferas, a aceroleira não tem o seu centro de origem bem definido. No entanto, acredita ser nativa das Ilhas do Caribe, América Central e Norte da América do Sul. Possivelmente sua disseminação foi realizada por índios da região do Caribe, bem como pássaros migratórios, sementes ou mudas, nos séculos que antecederam o descobrimento da América. Em 1880, a acerola foi introduzida na Flórida, provavelmente vinda de Cuba. A partir de então, dispersou-se para outros países do continente Americano. Tem-se, em 1894, o primeiro relato no Brasil, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, de uma acerola ornamental, a Malpighia coccigera. Através de sementes oriundas de Porto Rico, a fruta foi introduzida no estado de Pernambuco pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em 1955, de onde difundiu pelo Nordeste e outras regiões do país. Atualmente, é cultivada em praticamente todos os Estados da Federação, apresentando limitações em algumas regiões do Sul do Brasil, devido a baixas temperaturas. O interesse pelos fruticultores no cultivo de acerola está relacionado aos elevados teores de vitamina C, superiores a 1000 mg ácido ascórbico / 100 g de polpa em frutos maduros. Boletim de Extensão


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Grande parte da produção brasileira é destinada a indústria de processamento e exportada para países da Europa, Japão, Estados Unidos e Antilhas, na forma de polpa, frutos congelados e suco integral. A demanda do produto no mercado interno e externo instiga os produtores à expansão dos plantios, o que possibilita a conquista de novos mercados pelo Brasil, tornando-se esta fruta uma alternativa de renda agrícola.

2. SISTEMÁTICA e BOTÂNICA A acerola, conhecida também como cereja-das-antilhas, pertence à família Malpighiaceae e ao gênero Malpighia, sendo a espécie Malpighia emarginata D.C. A planta é arbustiva, com hábito de crescimento variado, prostrado a ereto, e quando adulta pode alcançar 2,5 a 3,0 m de altura (Figura 1). Suas folhas são simples, opostas, inteiras, podendo ser ovaladas a elípticas. Assim como os ramos, as folhas apresentam uma pequena pilosidade que pode causar irritação à pele. As flores originam-se nas axilas das folhas dos ramos maduros em crescimento, e nas axilas das folhas dos ramos recém brotados, sendo agrupadas em pequenos cachos Boletim de Extensão


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pedunculados (Figura 2). São hermafroditas, com ovário globular súpero. As pétalas e as sépalas são de coloração variada, de branco a diferentes tonalidades de rosa, conforme o genótipo. A polinização é feita por insetos polinizadores, como por exemplo, abelhas do gênero Centris spp., pois os grãos de pólen da aceroleira não são dissemináveis pelo vento. Podem ocorrer tanto a autopolinização como a polinização cruzada, sendo esta última, responsável em alguns casos, pelo maior tamanho do fruto. Para favorecer a polinização cruzada é recomendável fazer o plantio intercalado de variedades de aceroleiras. A formação do fruto de acerola é de aproximadamente quatro semanas, tempo decorrido entre o florescimento e a colheita. Os frutos são classificados como drupa tricarpeladas, de formatos variados, havendo frutos arredondados, ovalados ou achatados. A coloração da casca, quando maduros, pode variar de vermelho-amarelado a vermelho-alaranjado ou de vermelho a vermelho-purpura (Figura 3). Os frutos são pequenos, e de acordo com as condições climáticas e o potencial genético da planta, o peso varia de 3 g a 16 g. São fontes de vitamina C e pró-vitamina A, além de vitaminas do complexo B, como tiamina (B1), riboflavina (B2) Boletim de Extensão


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e niacina (B3) e, em menores teores são encontrados minerais como cálcio, ferro e fósforo. Em geral, as sementes apresentam baixa viabilidade devido ao abortamento do embrião, sendo normalmente encontrada três por fruto, estando cada semente inserida em um caroço (Figura 4).

3. VARIEDADES A acerola, embora conhecida há mais de 50 anos no Brasil, tem seu cultivo recente no país. Ainda hoje, podem ser observados pomares com formas e tipos de plantas heterogêneos, o que dificulta as atividades agrícolas diante das diversidades das plantas matrizes. Assim, percebe-se a importância da utilização de variedades bem definidas, com características agronômicas desejáveis. Devido a esta conscientização, pesquisas para o desenvolvimento de variedades de acerola estão sendo realizadas, com o intuito de introduzir, caracterizar, selecionar e difundir plantas de qualidade agronômicas e de interesse comercial.

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As variedades de acerolas são classificadas em doces, semidoces e ácidas, diferenciando-as pelos teores de sólidos solúveis (SS) e acidez titulável (AT) nos frutos maduros. Variedades que apresentam SS elevados, iguais ou superiores a 11 °Brix e AT iguais ou inferiores a 1% são caracterizadas como doces, sendo utilizadas para o consumo in natura. Aquelas que apresentam teor de ácido málico superior a 1% são consideradas ácidas e utilizadas no processamento. Já as variedades semidoces podem ser utilizadas tanto para a industrialização quanto para consumo in natura por apresentarem teores intermediários de SS e AT. Para o plantio de aceroleira, várias variedades têm sido recomendadas de acordo com a região de cultivo. No Vale do Rio São Francisco, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe as variedades Acaal, Flor Branca, Jumbo Vermelho, Okinawa, Rubi, Tropical e Sertaneja tem sido cultivadas. No estado do Pará, são encontradas em pomares comerciais as variedades Flor Branca, Numero 1, Inada, Barbados e 54/02. No Paraná indicam-se para o cultivo Dominga, Ligia e Natalia. Já em São Paulo e na região de Junqueirópolis tem-se a variedade Oliver. Destacam-se também, variedades do grupo doce, selecionadas no Havai: ManoaSweet, Tropical Ruby e Boletim de Extensão


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Hawaiian Queen. No grupo ácido é ressaltada as variedades J. H. Beaumont, C. F. Rehnborg, F. Haley, Red Jumbo e Maunawili. Porto Rico é outra fonte de germoplasma que realiza seleção de variedades, e recomenda para o plantio de acerola dois clones (B15 e B-17). Nos últimos anos novas variedades têm sido desenvolvidas pelos programas de melhoramento em centros de pesquisas como a Embrapa, como por exemplo, o lançamento do clone ‘Jaburu’ pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

4. CLIMA e SOLO

4.1. Temperatura Por ser uma planta rústica, a acerola desenvolve-se e produz satisfatoriamente em clima tropical e subtropical, adaptando-se bem em temperaturas em torno de 26°C. Devido as temperaturas elevadas, a aceroleira apresenta um crescimento praticamente contínuo, concentrando a vegetação, o florescimento e a frutificação durante a primavera e o verão. No entanto, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, as plantas adultas que possuem folhagem persistente, são Boletim de Extensão


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resistentes a temperaturas inferiores a 5°C, por um curto período.

4.2. Umidade A umidade não é um fator que limita o plantio de acerola, podendo ser cultivada em regiões de alta e baixa umidade relativa do ar. Porém, quando acima de 80% associada à temperaturas superiores a 25°C podem favorecer o aparecimento de doenças fúngicas.

4.3. Precipitação A aceroleira necessita de precipitações que variam entre 1.200 a 2.000 mm anuais, bem distribuídos, para que cresça e produza frutos de qualidades. Em locais onde a ocorrência de precipitações pluviométricas sejam inferiores a 1.200 mm anuais é necessário a complementação com água de irrigação. O déficit hídrico acentuado pode provocar sintomas como enrolamento das folhas, secamento dos ponteiros ou ramos novos, crescimento reduzido, floração e rendimento da produção comprometida, e redução do tamanho dos frutos. Já o excesso de chuva pode propiciar a formação de frutos aquosos, com menores teores de vitamina C e açúcares, além do ataque de doença. Boletim de Extensão


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4.4. Vento Ventos fortes e contínuos podem provocar a queda de flores e frutos, afetando a produtividade. Nesta situação, pode acontecer quebra de ramos primários e secundários, e em casos extremos, o tombamento das plantas.

4.5. Luminosidade e Fotoperíodo A aceroleira não é sensível ao fotoperíodo, uma vez que floresce e frutifica durante o ano todo em condições adequadas de umidade e temperatura. Porém, é exigente em relação à insolação e a radiação influencia na concentração de vitamina C.

4.6. Solo O cultivo da aceroleira é indicado em solos arenoargilosos, bem drenados, com profundidade mínima efetiva de 1,0 m a 1,20 m, e que não seja pedregoso. O pH ideal para a cultura varia de 5,4 a 6,5.

5. PROPAGAÇÃO São dois os métodos possíveis de propagação das aceloreiras: sexual (sementes) e assexual/vegetativa (enxertia e estaquia). A propagação por sementes é só recomendada para Boletim de Extensão


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obtenção de porta-enxertos e em programas de melhoramento genético, pois este método proporciona desuniformidade entre as plantas, afetando a produtividade e a qualidade dos frutos. Para o estabelecimento de plantios comerciais é recomendável mudas obtidas por propagação vegetativa, pois este método permite a manutenção das características das plantas matrizes.

5.1. Propagação por sementes Na propagação via sementes são utilizados frutos fisiologicamente maduros, colhidos de plantas produtivas e bem nutridas. Estes devem ser despolpados com auxílio de peneira e água corrente para extração dos caroços que devem ser secos a sombra durante dois dias, podendo ser semeados imediatamente e colocados em local sombreado ou armazenados em geladeira por até quatro meses. É aconselhável que a semeadura seja realizada em caixas de madeira, de plástico ou de isopor, contendo substrato poroso, bem drenado, formado geralmente por areia lavada e vermiculita na proporção 1:1, e os caroços cobertos por uma camada de 1 cm de substrato. Duas ou três semanas após a semeadura ocorre à emergência das plântulas que devem ser repicadas para sacos Boletim de Extensão


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de polietileno preto quando apresentarem dois a três pares de folhas. As mudas, ao alcançarem 25 a 30 cm de altura podem ser transplantadas para o campo. Ressalta-se que é necessário um elevado número de caroços na semeadura devido à baixa taxa de germinação. Isso ocorre porque muitas sementes são inviáveis em decorrência da ausência ou má formação do embrião.

5.2. Estaquia Neste método, é utilizado para a formação das mudas estacas herbáceas, semi-lenhosas ou mini-estacas, coletadas de plantas matrizes pré-selecionadas, produtivas, isentas de pragas e doenças. A coleta do material propagativo deve ser feita preferencialmente pela manhã, durante o período de crescimento vegetativo. Para acelerar o processo de enraizamento, a base da estaca pode ser tratada com reguladores de crescimento, como por exemplo, o ácido indolbutírico, em concentração 2 g L (Figura 5) -1

durante um minuto. É importante que o local onde as estacas serão enraizadas tenham um ambiente com luminosidade reduzida e Boletim de Extensão


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seja saturado de umidade, conseguida por meio de sistema de irrigação por nebulização intermitente. Podem ser utilizados como substratos areia lavada, acrescida ou não de vermiculita, na proporção 1:1 ou adicionada a areia esterco de bovino curtido, na proporção 3:1. Além de vermiculita acrescida de esterco bovino curtido, na proporção 3:1. Após o período de enraizamento, 50 a 60 dias, as plantas estão aptas a serem transplantadas para sacos plásticos ou tubetes, contendo substratos de crescimento (Figura 6).

5.3. Enxertia O método de propagação por enxertia permite combinar dois genótipos para a formação de uma planta. A muda formada será constituída pela variedade copa e porta-enxerto, tendo cada parte suas próprias características. O porta-enxerto está relacionado ao sistema radicular da planta e pode influenciar no vigor, na resistência e ou tolerância a pragas e doenças e ao estresse hídrico. Já a variedade copa relaciona-se as características de produção, qualidade de fruto, conformação e porte da planta. Para a formação do porta-enxerto são utilizadas sementes oriundas de frutos maduros e selecionados. A Boletim de Extensão


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enxertia é realizada quando o porta-enxerto atingir 7 mm de diâmetro e 15 a 20 cm de altura da superfície do solo, sendo a garfagem em fenda cheia o método mais utilizado. Os garfos utilizados na enxertia são ramos semilenhosos, contendo três ou quatros gemas, e irão representar a variedadecopa. Para que tenha sucesso neste método é preciso que o diâmetro do garfo seja o mesmo do porta-enxerto na região da enxertia. Após 45 a 60 dias da enxertia, as mudas estão prontas para serem transplantadas para o campo.

6. IMPLANTAÇÃO DO POMAR Antes do estabelecimento do pomar é necessário realizar a destoca e roçagem do terreno, pelo menos 6 meses antes do plantio. Após essas operações são retiradas amostras do solo, nas camadas de 0-20 e 20 a 40 cm de profundidade para realização da análise do solo. De acordo com os resultados e a necessidade da cultura é feita a correção do solo e a aplicação de fertilizantes. Em torno de 120 dias antes do plantio, realiza-se a aração, aplicando-se metade da quantidade necessária de calcário em área total. Um mês após a aração é realizada a

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gradagem juntamente com a aplicação da outra metade do calcário. O plantio pode ser feito em sulcos ou em covas. Se feito em sulcos, a profundidade deve ser de 0,40 a 0,60 m e em caso de covas abertas, as dimensões mínimas são de 0,40 x 0,40 x 0,40 m. Quando as covas forem abertas manualmente é aconselhável que separe a terra retirada da superfície da terra removida do subsolo (Figura 7). Procede-se então, a mistura de fertilizantes químicos (fosfatos) e orgânicos (esterco de curral curtido) ao solo proveniente da superfície para o preenchimento do fundo da cova, completando com a terra oriunda do subsolo acrescida de calcário. A muda deve ser colocada no centro da cova, de maneira que o colo da planta fique a 5 cm acima do nível do solo. É importante que o saco plástico ou o tubete onde a muda esteja inserida sejam removidos antes do plantio. Após o plantio, é importante compactar a terra ao redor da muda e fazer uma bacia colocando-se cobertura morta, visando manter a umidade do solo. Os espaçamentos a serem adotados no pomar de acerola variam de 4,0 m x 3,0 m a 6,0 m x 4,0 m, sendo estes Boletim de Extensão


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escolhidos de acordo com manejo, variedade e fertilidade do solo.

7. TRATOS CULTURAIS

7.1. Podas Para a cultura da aceroleira a poda é uma prática essencial e está associada ao sistema de condução da cultura. Objetiva-se formar uma arquitetura da planta que facilite práticas como capina, adubação, colheita, controle de doenças e pragas.

Poda de formação Visa originar uma planta de copa baixa, em formato de vaso aberto, contendo 3 a 4 pernadas. Esta poda inicia após o pegamento da muda no campo. (Figura 8) A planta deve ser conduzida em haste única e podada na porção apical quando atingir aproximadamente 60 cm de altura, sendo então estimuladas as brotações laterais. Das brotações que surgiram, devem ser deixados 3-4 ramos acima de 50 cm de altura em relação ao solo, distribuídos em diferentes pontos.

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Poda de limpeza Deve ser realizada para a remoção de ramos doentes, praguejados, secos, debilitados ou daqueles que prejudicam o arejamento da planta. Salienta-se que após a poda, é recomendável a utilização de pasta bordaleza no local podado visando à prevenção de entrada de patógenos e pragas na planta.

7.2. Adubação A prática da adubação na cultura da acerola é essencial e visa principalmente obter boa produtividade e frutos de qualidade. Dessa forma, não pode ser realizado de forma indiscriminada, devendo o produtor ficar atento a época de adubação, parcelamento das doses, forma e local da fertilização. Para conhecer o requerimento nutricional da planta, é necessária a realização da análise de solo, na camada de 0-20 cm, e a interpretação do resultado de acordo com as recomendações de fertilização para cada Estado. O adubo pode ser aplicado ao redor da projeção da copa, dividido em quatro aplicações, em intervalos de um mês.

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De modo geral, para adubação de plantio recomenda-se no preparo das covas que se coloque esterco bem curtido (galinha, bovino, caprino ou ovino). As quantidades variam de 10 a 20 litros de esterco por cova. Além do esterco, deve-se aplicar na cova o calcário, fósforo, potássio e micronutrientes. As recomendações variam de 200 g de calcário dolomítico, 400 a 500 g de superfosfato simples, 300 a 400 g de cloreto de potássio e 50 g de FTE (micronutrientes).

7.3. Controle de plantas daninhas As plantas daninhas podem prejudicar o desenvolvimento da aceroleira, ser hospedeiras de pragas e doenças e além de dificultar as atividades como colheita, irrigação, fertilização e poda. O controle pode ser realizado de três formas: manual, químico, mecânico. Quando o produtor optar pelo controle químico, é importante que o produto seja específico para a planta invasora. Por outro lado, caso seja utilizado o controle mecânico, deve-se atentar para o implemento agrícola não atingir as raízes das plantas, danificando-as.

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7.4. Irrigação Para a aceroleira, o manejo adequado da água é de suma importância. Plantios sob irrigação apresentam frutos maiores, mais pesados. No entanto, o excesso de água afeta a qualidade dos frutos, tornando-os aquosos, com menores teores de sólidos solúveis. Assim, em áreas tropicais sujeitas ao déficit hídrico prolongado recomenda-se a suplementação de água através dos sistemas de irrigação. O método pode ser irrigação pressurizada (aspersão e localizada) ou por gravidade (sulcos). A escolha depende de alguns fatores, como: topografia do terreno, recursos hídricos, solo, recursos financeiros do produtor e o clima.

8. DOENÇAS A aceroleira está sujeita a diversas doenças, sendo a severidade relacionada com a região do pomar e as condições climáticas. As principais doenças encontradas na cultura são: Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), cercosporiose (Cercospora sp.), seca descendente de ramos (Lasiodiplodia theobromae) e podridão dos frutos (Rhizopus sp.) (Figura 9). Boletim de Extensão


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Antracnose Ataca tanto as folhas como os frutos. Nas folhas ocasiona manchas necróticas que podem evoluir destruindo todo o limbo foliar. Nos frutos provocam lesões profundas e irregulares. Pode ser verificado também nas folhas sintoma de coloração creme nos tecidos necrosados e o aparecimento de um halo marrom. Cercosporiose Caracteriza pelo aparecimento nas folhas de manchas necróticas marrom, arredondadas ou irregulares, nas duas faces das folhas que adquirem coloração amarelada e caem. Os frutos atacados apresentam lesões profundas, escuras e regulares, sendo observados esses sintomas em frutos de qualquer idade e tamanhos variados.

Seca descendente de ramos É uma doença fúngica característica de regiões tropicais e subtropicais. A penetração do patógeno na planta ocorre através de aberturas naturais, ferimentos provocados por insetos, pássaros e também por meio de práticas culturais. Os principais sintomas são lesões escuras sob a casca do caule e ramos, secamento dos galhos e morte das plantas. Boletim de Extensão


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Podridão dos frutos Os sintomas observados são estruturas esbranquiçadas em frutos maduros que evoluem e tornam-se escuras, atingindo toda a superfície dos frutos, provocando a queda prematura. Já nos ramos das aceroleiras ocorre seca ascendente progredindo para o caule. O sistema radicular também pode ser infectado e, quando isso ocorre, pode provocar a morte da planta.

9. PRAGAS As pragas reladas na aceroleira são: pulgão (Aphis spp.), percevejo vermelho (Crinocereus sanctus), ortézia (Orthezia praelonga) (Figura 10), bicudo do botão floral (Anthonomus acerolae), cigarrinha (Bolbonata tuberculata), mosca das frutas (Cerattis capitata), cochonilha parda (Coccus hespiridium) e formigas cortadeiras (Atta spp.). Das espécies mencionadas, a cochonilha parda, as formigas cortadeiras, a ortézia, percevejo vermelho e os pulgões são os acarretam maiores prejuízos nos pomares. Assim, são necessários controle sistemático e inspeção quinzenal na área de cultivo em épocas de maiores ocorrência. Em viveiro, são observados ácaros da família Tetranichadae e pulgões. Boletim de Extensão


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10. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS No controle de pragas e doenças da aceroleira deve-se optar primeiramente pelas práticas culturais, como poda de limpeza, poda de raleio, queima de ramos infectados, coleta e enterrio de frutos atacados por pragas e doenças e também daqueles caídos no solo. A utilização de produtos químicos pode ser uma alternativa no controle de pragas e doenças, no entanto, deve ser utilizado somente para mudas em viveiro e em plantas fora da época de floração e frutificação. E recomendável produtos com baixa toxidade e de curto período de carência. Salienta-se que a ausência de produtos químicos registrados para a cultura da acerola e o curto período entre a floração e frutificação (21 dias), dificulta a utilização deste recurso.

10.1. NEMATÓIDES As principais espécies de nematóides encontrados na aceroleira pertencem ao gênero Meloidogyne. Nas plantas infectadas, ocorre o entumescimento nas raízes, chamado de galhas. A infecção das raízes por fitonematóides ocasiona o amarelecimento da parte aérea da planta, redução do tamanho das folhas, e as muitas vezes, provocando a morte das plantas. Boletim de Extensão


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Em viveiro, as mudas infectadas apresentam crescimento retardado, amarelecimento e quedas das folhas, além da presença de galhas nas raízes. O controle é preventivo, devendo o produtor adotar as seguintes medidas: - Utilizar mudas sadias, obtidas de solo não infestado com nematóides; - Incorporar leguminosa no solo, no inicio do florescimento, 20 dias antes do plantio das mudas, em áreas não atacadas por nematóides.

11. COLHEITA A colheita é a fase que requer o maior cuidado no cultivo da acerola e a de maior custo. Os frutos são colhidos manualmente, diariamente ou duas a três vezes por semana (Figura 11). Recomenda-se que os colhedores utilizem roupas adequadas devido a pilosidade existente nas brotações que podem causar irritação na pele. Nos períodos de elevada produção, uma pessoa apresenta um rendimento médio de 40 a 50 kg de frutos por dia. No terceiro ou quarto ano pós plantio, as aceroleiras chegam a produzir acima de 40 kg de frutos planta ano . -1

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A colheita deve ser realizada no início da manhã ou no final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas. Após colhidas, as acerolas devem ser acondicionadas em caixas plásticas, de 20 a 30 cm de profundidade, vazadas nas laterais e lisas no interior visando evitar injurias aos frutos. Um aspecto importante a ser considerado é o destino dos frutos e o ponto de colheita. Se as acerolas forem vendidas para o consumo in natura, para congelamento ou processamento na forma de suco ou polpa devem ser colhidas maduras, com a coloração vermelho intensa, porém firmes para tolerar o manuseio. Quando se destinam aos mercados distantes do local de cultivo, mas para o consumo ao natural, as acerolas devem ser colhidas no estádio de vez ou no início de maturação, com a coloração verde, verde-amarelada e no começo da pigmentação vermelha, sendo relevante neste estádio o teor de vitamina C.

12. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao PET Agronomia – UFSJ.

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13. LITERATURA CONSULTADA BARBOZA, S.B.S.C.; CAMPOS, E.C. Instrução para a cultura da acerola. CNPq/EMBRAPA e EMDAGRO, Aracajú, 1992, 12p. (Circular Técnica n.8). INSTITUTO CENTRO DE ENSINO TECNOLÓGICO. Produtor de acerola. 2. ed. rev. Fortaleza-CE : CENTEC, 2004. 40p. il. ; color. (CENTEC. Cadernos Tecnológicos). MANICA, I. et al. Acerola: Tecnologia de produção, póscolheita, congelamento, exportação, mercados. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2003. 397p. MUSSER, R. dos S. 1995. Tratos culturais na cultura da acerola. p. 47-52. In: A.R. São José, and R.E. Alves. Acerola no Brasil: Produção e mercado. DFZ/UESB, Vitória da Conquista. NEVES, I. P. Dossiê Técnico. Cultivo de Acerola. Rede de Tecnologia da Bahia-RETEC/BA, outubro 2007. PIO, R. O cultivo da acerola. Piracicaba: ESALQ/ Divisão de Biblioteca e Documentação, 2003. 28p. (Série Produtor Rural, nº 20). RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola: aspectos gerais da cultura. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. 2 p.

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RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola. In:SANTOS-SEREJO, J. A. dos; DANTAS, J. L. L.; SAMPAIO, C. V.; COELHO, Y. da S. (Ed.). Fruticultura tropical: espécies regionais e exóticas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 59-82. RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, MG: EPAMIG, v. 32, n. 264, p. 17-25, set./out, 2011. SIMÃO, S. 1971. Cereja das Antilhas. p. 477-485. In: S. Simão. Manual de Fruticultura. Agronômica Ceres, São Paulo.

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Anexo de Figuras

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Figura 1. Aceroleira cultivada no município de Jequitibá, MG.

Figura 2. Flor de aceroleira.

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Figura 3. Aceroleira com frutos verdes e maduros.

Figura 4. Morfologia de frutos e sementes de acerola. Fonte: Adaptado de CENTEC, 2004.

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Figura 5. Tratamento de estacas de aceroleira com fitohormônio para enraizamento.

Figura 6. Estacas de aceroleira dispostas em tubetes para o enraizamento (A); estaca enraizada (B); estaca transplantada para vaso.

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Figura 7. Cova para plantio de muda de aceroleira com a inversão das camadas do solo. Fonte: PIO, R (2003).

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Página Figura 8. Poda de Formação em aceroleira.

Figura 9. Frutos de acerola com sintomas de antracnose (A); Podridão dos frutos causada por Rhizopus sp. (B); Frutos com Mancha de Cercosporidium (C); Galho de aceroleira com lesões de Lasiodiplodia theobromae (D). Fonte: Adaptado MANICA et al.(2003).

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Figura 10. Presença de ortézia em folhas de aceroleira.

Figura 11. Frutos de acerola maduros (A); Colheita manual de acerola (B). Fonte: Adaptado de MANICA et al. (2003).

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais


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