edição 1 - out/2010
www.petzine.com.br
CÃES TRABALHADORES
ENTREVISTA
LUISA MELL
RAÇA DO MÊS
RETRIEVER LABRADOR CRECHE
JÁ PENSOU NISSO?
ADOÇÃO
CACAU, MAIS UM ANIMAL SALVO.
EXPEDIENTE
/expediente
DIRETOR RESPONSÁVEL Rafael Garganta - rafael@petzine.com.br EDITORA Carolina Cezar – MTB 57448 REDAÇÃO Suzi Correa DIREÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO Kaeru Comunicação www.kaerucomunicacao.com.br PUBLICIDADE comercial@petzine.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR petzine@petzine
Se for o caso reclame,
nosso objetivo é a excelência.
EDITORIAL
/editorial
A 1ª edição da revista PetZine está no ar. Estou muito feliz em poder compartilhar com vocês leitores um autêntico projeto editorial do século XXI: conteúdo de qualidade, dinâmico e 100% digital. Conviver com um animal de estimação é tudo de bom! Eles nos divertem, são companheiros, fazem bem a nossa saúde, nos protegem e muitas outras coisas. No meu caso, a Kyara foi minha inspiração em criar a PetZine, pois ao lado dela eu percebi o quão importante é a relação entre o homem e o animal, e quanto ambos necessitam um do outro. Preserve uma amizade, cuide bem de seus entes, curta um carinho e respeite uma vida. Iremos lhe ajudar com isso, trazendo informações e novidades sobre o mundo pet. Boa leitura! Rafael Garganta - Diretor rafael@petzine.com.br
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RAÇA DO MÊS RETRIEVER LABRADOR
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ANDRÉ ANDRADE BEIJA-FLOR
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JORGE PEREIRA BUSCAR BOLINHA
CAPA CÃES TRABALHADORES
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JULIANA FERRARI OTITE
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ENTREVISTA LUISA MELL
S
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ESPECIAL CRECHE
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ADOÇÃO CACAU
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MERCADO CRESCIMENTO E OPORTUNIDADE
LABRADOR RETRIEVER
Dócil, bem-humorado e inteligente Uma das raças mais populares em todo o mundo, o Labrador Retriever é o típico cachorro de família, além de ser ótima companhia para crianças. Em inglês Retriever significa “recuperador”. Esse nome é uma alusão à sua função em caçadas. A raça foi descoberta por John Cabot no século 15 e teve origem em uma região fria e inabitável do Canadá.
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/raça do mês/labrador
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Trata-se de um cão de médio para grande porte, dócil, obediente e muito inteligente. Por essas características, são frequentemente adestrados para serem guias. Entretanto, o veterinário Marcelo Quinzani alerta: “Não é todo Labrador que pode ser adestrado para exercer a função de cão-guia, ele tem que ter certas características mais aguçadas (como a obediência e inteligência) o que também é genético. Em uma ninhada de progenitores já selecionados, não são todos os filhotes que terão essas características com predominância.” Os Labradores alcançaram um nível maior de fama no mundo graças 8
”
ao agitado cão Marley, do livro Marley & Eu, de John Grogan, que virou filme estrelado pelos atores Owen Wilson e Jennifer Aniston. A produção gerou um lucro final de U$242,717,113. (fonte: boxofficemojo.com)
Foto: Roberto Rodrigues
“
Pra mim, labrador é o cachorro mais bonito que existe, isso foi deciviso na minha escolha pela raça, além de gostar do temperamento deles , conta Bruno Lima, dono dos labradores Canny e Spark.
/raça do mês/labrador PELAGEM E ASPECTOS GERAIS Uma de suas principais características físicas é a pelagem. Os pelos estão dispostos em duas camadas: uma macia por baixo e outra mais dura. A coloração deve seguir um padrão, sempre inteiramente preta, amarela ou chocolate. O amarelo vai do creme-claro ao vermelho da raposa, pequenas manchas brancas no peito são permitidas. O tamanho tem que estar entre 56 a 57 cm para machos e 54 a 56 cm para fêmeas, devem pesar de 25 a 34 quilos. Caso o Labrador não tenha esse aspecto físico pode ser que exista alguns desvios de comportamento e até doenças. Esses problemas acontecem devido a criadores que pensam somente no lucro e que não se preocupam com o aprimoramento da raça. “Existem pessoas que produzem cães só pelo dinheiro, e que não tem nenhum cuidado com
a saúde dos cães, criam cães doentes e na maioria das vezes atípicos. Acredito que 90% das pessoas que tem Labradores hoje no Brasil, não tem na verdade um Labrador e sim um cão genérico, que apenas parece, mas que não tem 100% das características da raça”, explica o criador há 18 anos e juiz internacional especializado na raça, Roberto Rodrigues Junior. Criadores há seis anos, Alcides e Áurea Mores completam “A partir do momento que uma pessoa decide ter um cachorro, deve estar ciente que esse cão irá participar da rotina da sua família durante muitos anos. O ideal é visitar o maior número de criadores possível e também procurar informações sobre esses criadores, para não ser induzido. Nessas visitas ele poderá observar as instalações do canil, condições de higiene, estado geral dos cães, garantias e documentação que será entregue com o filhote.” 9
/raça do mês/labrador COMPORTAMENTO Como essa raça era usada antigamente em pescarias e caçadas, eles possuem bastante energia, isso significa que são como crianças, e se deixados sozinhos irão fazer a sua ‘arte’, principalmente enquanto filhotes. Quando adultos, diminuem a atividade física espontânea e ficam mais calmos, mas não perdem o espírito brincalhão e amigo, estando sempre dispostos a mais um passeio com o dono. Se forem deixados de lado, podem ficar entediados e deprimidos facilmente.
Então, é de suma importância que o proprietário dedique um tempo diário para brincar com ele, também porque possuem fortes tendências à obesidade, precisando sempre de exercícios físicos. A veterinária Anna Maria Schnabel, especialista em endocrinologia animal, comenta que essa propensão geralmente existe em espécies que foram caçadoras. “O metabolismo era regulado para um alto gasto de energia, então havia retenção calórica. Hoje em dia, essa retenção persiste, porém não existe mais o gasto calórico”, explica.
DOENÇAS Apesar das inúmeras qualidades, a raça também precisa de alguns cuidados especiais, o dono do cão deve fazer a higienização das orelhas diariamente, pois o labrador está sujeito a infecções nos ouvidos devido à forma das orelhas caídas. E por ser um cão de grande porte, os labradores possuem uma tendência para problemas de articulação, a artrite, por exemplo, é uma das doenças que mais os afetam. Outra enfermidade ligada às articu10 10
lações é a chamada displasia coxofemoral, uma alteração física entre o fêmur e a bacia do cão. Esse mal causa dificuldade para locomoção, dor e incômodo e pode levar a ruptura dos ligamentos cruzados. O tratamento, nesse caso, envolve cirurgia e repouso. Alguns outros problemas foram evidenciados na raça em menor proporção: doenças dermatológicas, alterações na tireóide e epilepsia.
/humor/vídeo
Aposto que se fosse um sofá, ele já teria mordido.
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OTITE,
a comum dor de ouvido.
Juliana Guazzelli Ferrari Médica Veterinária CRMV-SP 14132
Se o seu cachorro está com agitação na área da cabeça, coceira, vermelhidão, secreção nos ouvidos e dor ao ser tocado nas orelhas, saiba que ele pode estar com otite – também conhecida como dor de ouvido – uma inflamação do canal auditivo canino. Essa doença pode ser provocada por fungos, bactérias, parasitas, corpos estranhos, excesso na produção de cerúmen (secreção de cera), alergias e, até mesmo, doenças autoimunes. Além das causas primárias, há alguns fatores que favorecem o aparecimento da otite e que também
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/juliana ferrari/otite
COMO EVITAR UMA OTITE • Cuide da limpeza dos ouvidos do seu cachorro semanalmente utilizando sempre produtos adequados para animais.
saudáveis, pois a irritação que esse procedimento causa pode predispor a instalação de uma otite.
• Durante o banho, tenha cuidado, evite a entrada de água nos ouvidos (pode ser feito um tampão com algodões).
• Animais que praticam natação devem ter as orelhas bem limpas e secas após a prática.
• Não é recomendável arrancar os pelos de dentro dos ouvidos
podem dificultar o tratamento e a cura. Entre eles, temos a umidade, o excesso de pelos dentro do conduto auditivo, o formato das orelhas, traumas por cotonetes e produtos que irritam o ouvido do cão. O tratamento, na maioria dos casos, é feito de maneira tópica (com pomada, gel ou loção), porém é de extrema importância que a causa seja identificada com uma consulta feita por um médico veterinário que, se necessário, irá realizar exames complementares, como por exemplo, a citologia ou cultura de micro-organismos. Esses exames
• Procure um médico veterinário assim que aparecer qualquer um dos sintomas descritos acima.
são fundamentais para que seja indicado um medicamento adequado. Em casos graves ou crônicos de otite, o profissional irá receitar medicamentos via oral e procedimentos considerados mais invasivos, como uma limpeza e lavagem dos condutos auditivos. Vale ressaltar que se a doença não for tratada corretamente, o quadro pode evoluir e causar alterações severas, entre elas a perfuração do tímpano, perda de audição e até convulsões. 13
CRECHES
para animais são inspiradas em escolas infantis.
As creches agradam tanto os donos como os cachorros.
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Uma nova opção para quem trabalha muito e não tem tempo para cuidar do pet durante o dia é deixálo em uma creche especializada. Elas são parecidas com as infantis. Possuem espaço para descanso e TV, parquinho, piscina, refeitório e ‘babás’ preparadas para cuidar dos animais em tempo integral. Algumas têm até câmeras disponíveis na Internet para que os donos possam acompanhar as atividades em tempo real.
ses estabelecimentos são pensados para melhorar a qualidade de vida dos bichinhos e proporcionar tranquilidade aos proprietários.
Os cães passam o dia brincando na piscina, fazendo passeios e interagindo uns com os outros, tudo isso com a supervisão de um profissional. “Eles se divertem e gastam muita energia, com isso percebo que ficam mais sociáveis e menos destruidores. Os clientes comentam que quando vão para casa, os pets só querem comer e dormir”, conta o veterinário Raul Mendes Casotti, proprietário do Pet do Parque. Es-
A refeição é feita individualmente para que não haja briga e é acompanhada por um funcionário. “Pedimos aos tutores que leve a alimentação com uma orientação sobre horários, costumes e quantidade”, diz Casotti
A frequência do animal na creche é o dono que determina. Pode ser uma vez por semana, apenas para o pet se distrair e brincar fora de casa ou até cinco vezes por semana. Dependendo do pacote escolhido tem até aulas de adestramento e banho incluso.
Para ser matriculado, o cão passa por uma triagem. Ele precisa estar com as vacinas em dia, controle de pulgas e carrapatos, exame veteri-
/creches
nário obrigatório feito pela veterinária responsável pela creche e ser manso – pois todos ficam soltos e juntos o dia todo. “Sempre fazemos essa avaliação no 1º dia da creche, sendo que o proprietário não paga este dia e, ao final do dia, podemos aceitar ou não o animal”, explica. A creche CãoMinhando atende cerca de 70 cães por mês. “Nós temos duas unidades, uma para pequeno porte e outra para grande, podemos ter até 90 cães com espaço para todos”, explica a veterinária Vanessa Requejo, proprietária do estabelecimento. Para cuidar de todos esses bichinhos, a creche possui 11 funcionários. “Temos veterinário, biólogo, administradora, estudantes de veterinária, passeadores, recreacionistas, adestradores e motorista.”
Qual é a creche ideal para meu pet? Se você se interessou e quer procurar uma creche para o seu cão, preste atenção a essas dicas: • Veja a limpeza do lugar. • Verifique o espaço e a quantidade de animais. • Converse com clientes que já utilizam o serviço. • Analise o comportamento do seu cão quando ele esta em casa e o ânimo para ir a creche; mas não se preocupe se ele chegar e só quiser dormir, uma boa creche promove atividades o dia todo e isso o deixa cansado.
Serviço Pet do parque Rua Pirapora, 252, Vl Mariana Tel.: (11) 3884-5299 Preços entre R$10 e R$30 por dia.
CãoMinhando Rua Cel Ferreira Leal, 304 Km 26 da Rod. Raposo Tavares. Preços entre R$ 150 e R$ 480 por mês.
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/entrevista/luisa mell
ENTREVISTA
Luisa Mell Sou ativista dentro e fora da TV. Claro que sem a TV falo para um público menor, mas nunca parei e jamais vou parar. Luisa Mell ficou famosa por apresentar o extinto Late Show na Rede TV, o primeiro programa do mundo dedicado inteiramente aos animais, com quadros de curiosidades e denúncias envolvendo maus-tratos. Em entrevista a PetZine, a defensora revelou que o amor por todos os animais foi despertado com o programa e que continua lutando pelos direitos deles. “Sou ativista dentro e fora da tv. Claro que sem a TV falo para um público menor, mas nunca parei e jamais vou parar.” Luisa que é formada em Direito e em teatro, foi a responsável pela aprovação de lei que proíbe o uso de animais em espetáculos circenses 17 17
com os seres humanos. Eles entendem tudo, sentem amor, tristeza, dor, medo, solidão e tantos outros sentimentos iguais aos nossos.
Luisa e Serra. Dia da regulamentação que proíbe animais em circo em São Paulo.
e o sacrifício imediato de cães recolhidos pelas carrocinhas. Neste ano, ficou em segundo lugar, atrás apenas de Megan Fox, numa votação promovida pela revista Men’s Health para eleger as “mulheres capazes de salvar o planeta”. Atualmente, Mell está apresentando o quadro Comunidade dos Bichos, transmitido as segundas e quartas-feiras, às 10h45 na rádio Bandeirantes, com o Datena. No quadro, ela dá dicas para donos de animais. Ainda contou estar negociando a sua volta a TV. PZ - Desde criança você tinha carinho pelos animais? Quando essa paixão despertou? Sempre gostei de cães. Mas o amor por todos os animais foi despertado pelo programa Late Show. Logo que comecei fazer matérias percebi que todos os animais se relacionam 18
PZ - Quantos animais de estimação você tem em casa atualmente? Tenho quatro cães, todos foram abandonados, inclusive os Labradores. Dino, 11 anos, adotei na Feira de adoção da Faculdade Metodista, em São Bernardo. A Preta foi atropelada e perdeu um pedaço da pata, logo após eu a recolhi das ruas. Já os labradores Gisele e Marley vivam sem dono em um heliponto.E, até hoje eles são carentes ao extremo pelo que sofreram durante os três anos que viveram abandonados.
“Eles entendem tudo, sentem amor, tristeza, dor, medo, solidão e tantos outros sentimentos iguais aos nossos.” PZ - Você se tornou vegetariana depois de apresentar o Late Show? Parei de comer carne ainda quando era criança porque me fazia mal. Porem, quando apresentava o programa Late Show, me interei sobre a vida dos animais de abate. Fiquei
/entrevista/luisa mell sabendo como eles morriam e com isso parei de comer frango, porco e peixe também. Atualmente, não como nada que ande, nade, voe e nem que rasteje.
“Graças à internet e às redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, todo mundo fica sabendo de tudo e não se cala.” PZ - Já sofreu algum preconceito por amar animais? Já sofri muito. Mas hoje a minha luta não é mais solitária. Graças à internet e às redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, todo mundo fica sabendo de tudo e não se cala. Os porões da crueldade vieram à tona. PZ - Qual foi o caso que mais te emocionou no programa Late Show? Um cão que estava abandonado há dois anos em uma casa vazia. Como havia ração jogada no chão e poças d’ água, ele não morreu. Nesse período, ele ficou cego, as unhas cresceram ao ponto de não conseguir mais andar e mesmo assim, quando nossa equipe invadiu a casa,ele
abanou o rabinho. PZ - Você é a favor do uso de animais em pesquisas científicas? Não. Sou contra. Existem muitas alternativas que não torturam animais, como manequins e sensores. Muitos países não utilizam animais em pesquisas há muitos anos. Mas, como é mais barato pegar um cão, macaco, rato ou porco e abrir e fechar muitas vezes sem anestesia, aqui no Brasil eles ainda não foram substituídos por mecanismos. PZ - Qual foi a sensação de ser a única brasileira a ser eleita na votação de “Mulheres capazes de salvar o planeta”? Foi a sensação de estar cumprindo minha missão na terra. PZ - Você é reconhecida por ajudar a melhorar a qualidade de vida dos animais. Isso começou com o Late Show ou vem de antes? O Late Show foi o primeiro programa do mundo a dedicar toda a sua pauta em defesa dos animais. Como a televisão tem uma força muito grande e sei que fiz a diferença em grande escala. Conseguimos mudamos a mentalidade de muita gente, que nem sonhava com esses bastidores horríveis em relação aos animais. 19
Luisa Mell alimentando macaco.
PZ - Porque o programa Late Show acabou? Não sei. Sofri horrores. Fui até o inferno, me despedacei quando vi que não poderia mais ajudar os animais, mas me conformei. E minha luta nunca mais parou. Sou ativista dentro e fora da TV. Claro que sem a TV falo para um público menor, mas nunca parei e jamais vou parar. PZ - Hoje sem o programa a sua luta em prol dos animais continua de que forma? Através do meu site www.luisamell.com.br e na rádio Bandeirantes, no programa Manhã Bandeirantes, com o Datena. Também no meu facebook “luisa mell” e no Twitter @luisamell. PZ - Quais são seus planos profissionais para o futuro? No momento eu estou negociando a minha volta à TV. 20
PZ - Você também é formada em Direito. Tem exercido a profissão em prol dos animais? Sim, o conhecimento me ajuda na hora de argumentar com juízes, secretários e delegados. PZ - O que você acha do projeto de lei do senador Valter Pereira que prevê o fim da procriação de Pit Bulls no Brasil? Essa é uma questão muito delicada. O Pitt Bull não pediu pra nascer. Eu tenho uma pena infinita do Pit bull. Ele é criado com o intuito de ser um cão violento, para rinha. Todo animal abandonado sofre muito nas ruas, mas o pit bull sofre mais.As pessoas com medo, agridem, dão facadas,tiro, mesmo com os mansinhos. A minha opinião é que ao longo dos anos, com a lei da castração obrigatória, os pit bulls vão se extinguindo naturalmente, assim como aconteceu com outras raças, como por exemplo, com o Doberman.
/humor/fotos
Acredite, eles est達o muito felizes em viajar na janela. 21
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/capa/cães trabalhadores
PROFISSÕES BOAS PARA CACHORRO
OS CACHORROS, ALÉM DE COMPANHEIROS, AUXILIAM OS HUMANOS EM DIVERSAS PROFISSÕES Os cães têm auxiliado e sido companheiros dos humanos há milhares de anos. Antes, ajudavam em caçadas, guardavam propriedades e puxavam carroças e trenós. Hoje, estão se mostrando profissionais em muitas áreas: atuam como modelos, levam crianças e adultos a gargalhadas como atores em peças teatrais, são adestrados para farejar drogas, substâncias ilegais em alimentos, salvam pessoas em resgates, guiam deficientes e distribuem alegria a pessoas que estão internadas em hospitais ou que sofrem de problemas emocionais e psicológicos.
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PET-MODEL O cão Lancelot, um beagle, parece que nasceu para fama. A história começou quando ele tinha nove meses e foi adotado pela produtora visual, Ana Paula Amaral. “Em 2006, estava com ele na rua quando cruzamos com um pessoal que filmava um comercial de celular. Na hora, me pararam e disseram que precisavam de um cão como ele: lindo, amigável e alegre para um vídeo. Essa foi a primeira de muitas aparições públicas de Lot”, conta. No currículo do bem-sucedido pet-model consta a participação em uma minissérie da TV Globo, desfile em passarelas e até foto para embalagem de shampoo. Mas, o auge foi quando ele ganhou R$ 2 mil para posar em um catálogo de coleiras.
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/capa/cães trabalhadores
CÃO-CORAGEM A cadela Joly, da raça pastor belga de malinois, foi a responsável pela localização de um menino de sete anos nos alagamentos de Santa Catarina, em 2008. Ela é integrante da Companhia Independente de Cães da PM do RJ. “Em todas nossas
operações os cães são fundamentais”, afirma o Major Vitor Valle, Subcomandante da Companhia.
Para fazer parte desse time, a seleção é feita desde filhote. Para isso, são realizados estímulos e testes, e, depois de aceito, o cão recebe treinamento feito por cada pelotão de serviço. É um trabalho continuo que exige dedicação, esforço, competência e acima de tudo um grande amor ao animal.
Foto: Marcelo Horn
Mas, ser um cão militar não é tão simples. Segundo o Major, é necessário ter habilidades e temperamento adequado. “Basicamente, o cachorro precisa ter inteligência, impulso de caça, gostar de brincadeiras, habilidade física e psicológica para saltar, correr e buscar, coragem, olfato apurado e excelente faro.”
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MEDICÃO A terapia com cães tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas em tratamento. A Golden Retriever Hanna, de dois anos, atua como terapeuta na ala pediátrica e adulta do Hospital Celso Pierro, em Campinas. Ela foi considerada a melhor cadela terapeuta em 2009 e 2010, sendo até capa de uma revista especializada em hospitais. Membro do Projeto Medicão, ela atende de segunda a sexta-feira, em forma de rodízio com mais dez cachorros. O idealizador desse Projeto é o adestrador e cinotécnico Hélio Rovay Júnior. “O que me motivou a tudo isso é o amor por animais e
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a vontade de ajudar ao próximo sem pedir nada em troca.” Hoje, a equipe conta com 17 voluntários. A Infectologista do Hospital e Maternidade Celso Pierro, Maria Fernanda Festa Morari, responsável médica pelo projeto Medicão, explica que há estudos que comprovam que as pessoas se beneficiam psicologicamente com a interação do ser humano com o animal. “Percebemos a redução da ansiedade e do isolamento social, a melhora da depressão e de outros aspectos negativos da hospitalização. E, também, benefícios físicos, como a melhora das condições cardiovasculares e diminuição da contratura muscular, entre outros.”
/capa/cães trabalhadores
PATAS QUE GUIAM Entre as várias profissões que são exercidas pelos cachorros, uma das mais reconhecidas é a de cão-guia. Além de proporcionar uma maior independência ao deficiente visual, o cão-guia auxilia na socialização. Entretanto, no Brasil, o uso desses cachorros ainda é restrito. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia são 5,4 milhões de deficientes visuais e cerca de 70 cães-guia.
Caso você queira ajudar no processo de treinamento, o George, da ONG Cão Guia Brasil esclarece “As pessoas podem ajudar de diversas formas: com doações na conta do Cão-Guia Brasil, fazendo anúncios em nosso site, contratando uma de nossas palestras ou comprando uma jóia, desenhada pelo estilista Stefano di Pastena, em formato de um cão, entre outras maneiras.”
O número reduzido de cães-guia é reflexo da dificuldade que existe para conseguir um animal treinado. “O processo dura em média de 24 a 30 meses e custa em torno de R$ 25 mil”, afirma George Thomas, Presidente do Instituto Cão-Guia Brasil. Há duas alternativas para ter um cão-guia no Brasil, o deficiente pode aguardar na fila de espera de uma ONG por tempo indeterminado ou comprar o animal fora do país. Entrar para fila de espera da ONG Cão Guia Brasil foi a opção escolhida por Jonas Santiago Demétrio. Jonas foi beneficiado após alguns anos de espera e, agora, a labradora Zuca é a sua visão nas ruas. 27 27
ASTRO DE TEATRO A participação do cão Puffy, um Pastor de Shetland de dois anos, no espetáculo Domador de Férias foi um “feliz acaso”, descreve a dona e veterinária, Débora Gidali . Ele foi adotado aos 10 meses pela veterinária, depois que um cliente desistiu de ter cachorro em casa. “Puffy é muito dócil, obediente e muito brincalhão. Adora brincar com bolinhas, é incansável. Mas, também sabe respeitar os limites das pessoas.”
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O papel do cachorro na peça não é ensaiar truques, como se vê frequentemente em propagandas ou no cinema, a função dele é explorar o improviso do grupo. O roteiro do espetáculo é colaborativo e o próprio cão “definiu” marcas de cena a partir do que ele mais gosta de fazer, que é jogar bola. O astro fica aproximadamente 20 minutos em cena, tendo descanso e alimentação nos bastidores.
/humor/vídeo
Este é mais um cão trabalhador.
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SEU CÃO SABE BUSCAR A BOLINHA? VEJA A DICA DE COMO ENSINÁ-LO A DEVOLVÊ-LA!
Esta é uma brincadeira que proporciona um alto gasto de energia e uma incrível interação entre dono e mascote.
JORGE PEREIRA é cinotécnico e etólogo com especialidade no comportamento canino. Apresentou o quadro Cão Terrível, no programa Late Show com Luisa Mell, na Rede TV. É membro da Comissão de Proteção Animal da cidade de São Paulo e realiza o Projeto Educacão no CCZ/SP. 30
Quem nunca tentou jogar uma bolinha para o cão trazer de volta? Diante dessa brincadeira não é difícil nos depararmos com a cena: o cachorro simplesmente não vai buscá-la ou corre em outra direção. Se essa situação faz parte da sua rotina, saiba que existem várias técnicas para resolver. Nesta coluna vou dar algumas dicas bem úteis. Assim que começar a ensiná-lo, tenha duas bolas em mãos. Com essa estratégia, quando o cão fugir com a primeira bolinha e notar que você tem uma segunda, ele entenderá que a brincadeira pode ficar muito mais interessante.
/jorge pereira/buscar bolinha
Outro truque é iniciar a brincadeira jogando a bola contra a parede, pois se o cão não conseguir pegar, você irá recuperá-la sem muito esforço.
não vai precisar mais de duas bolinhas, pois o processo vai estar tão claro que, instintivamente, ele vai soltar.
Depois de algumas tentativas, quando você notar que conseguiu atenção do seu aluno, comece a incentivá-lo a se aproximar com a primeira bolinha. No momento em que ele estiver próximo, ameace jogar a segunda, mas só jogue quando seu cão soltar a primeira. Com este exercício ele vai entender que a segunda bola só vai virar objeto de caça quando ele soltar a primeira.
Depois que seu amigão aprender, você irá brincar até cansar, e ele vai retornar o tempo todo com aquela carinha irresistível de “Vamos brincar mais! Eu nem cansei ainda!”.
Após algumas aulas, seu cachorro
Bom, depois dessas dicas, você não tem mais motivos para passar o domingo de manhã sem fazer nada, pegue seu cãozinho e comece a treinar, tenho certeza que você terá um dia maravilhoso e, o melhor de tudo, na companhia do seu melhor amigo! 31
ANDRÉ LUÍS ANDRADE CRMV-SP 13653 Médico veterinário, especializado em Animais Silvestres. Faz atendimento personalizado na Baixada Santista. Consultor Técnico da Animalog- Megazoo e Coordenador do Grupo ECOS (Educação Continuada em Animais Silvestres). andrelpgca@gmail.com 32 32
/andré andrade/beija-flor
SAIBA COMO ATRAIR OS BEIJA-FLORES DE FORMA CORRETA Eles possuem as mais lindas e variadas cores, fazem manobras inesperadas no céu e parecem nada temer. Passeiam de flor em flor e depois voam longe. Mas o encanto daquele momento permanece. Não há como não ficar fascinado com a aparição de um beija-flor. Para atrair os beija-flores em casa, geralmente as pessoas colocam bebedouros com água e açúcar nos jardins. Entretanto, esse hábito é equivocado e ocasiona problemas nutricionais, além de acumular fungos e bactérias nocivas à saúde das aves. Esse costume errado aliado à destruição desenfreada da flora terrestre levou algumas espécies de beija-flor a entrarem na lista de animais em risco de extinção. Para garantir alimentação saudável e continuar recebendo esses belos pássaros, hoje em dia existem rações comerciais que unem nutrientes importantes com praticidade (é só misturar com água). 33
CARACTERÍSTICAS Os Beija-flores são aves que podem ser encontrados em todo continente americano. Só no Brasil há 322 espécies conhecidas. Conforme a espécie, o beija-flor pode medir de seis a 12 centímetros e pesar de dois a seis gramas. É o único pássaro capaz de permanecer parado no ar e voar para trás. Isso só é possível graças a sua anatomia e fisiologia que lhe confere rapidez e agilidade extrema no vôo. Esses pequenos pássaros possuem uma personalidade bastante territorialista. Afastam todas as outras aves das flores que eles escolheram para se alimentarem. Fisicamente apresentam bico comprido, língua bifurcada e extensí-
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vel. Essas características auxiliam na obtenção do néctar das flores, além de ajudar no desempenho de um papel importante na reprodução das flores: ao se alimentar de flor em flor, eles acabam levando pólen grudado no bico de uma planta para outra e com isso promovem a polinização. As fêmeas colocam em média dois ovos que demoram de 15 a 18 dias de incubação. São elas as responsáveis pela construção do ninho com palha, paina, fios que envolvem sementes, saliva e teia de aranha e após o nascimento dos filhotes, a alimentação e os cuidados também ficam a cargo das fêmeas.
/humor/foto
_confesso, estou tenso... muito tenso!
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Crescimento e oportunidades no
mercado Pet
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/especial/mercado pet
Há também feiras e eventos que levam aos profissionais e donos de pet shops o que existe de mais novo e moderno na área. Um exemplo é a Pet Fashion Week, uma versão brasileira das feiras que ocorrem em Nova Iorque e Tóquio.
O
segmento cresce com as exigências dos consumidores modernos A venda de produtos pets no Brasil virou sinônimo de lucro. O segmento oferece inúmeras opções, tanto em consultas, exames e medicamentos veterinários, quanto em alimentação, estética, roupas, acessórios, treinamento, transporte e hospedagem. E são cada vez mais sofisticados, com clínicas de fisioterapia, acupuntura, SPA, entre outras especialidades.
Essa indústria apresenta um desenvolvimento médio de 20% ao ano, desde meados da década de 90, antes dessa época o serviço não era muito difundido. Segundo dados da Anfalpet (Associação Nacional dos fabricantes de produtos para animais de estimação), o faturamento total do mercado pet brasileiro foi de R$ 9,6 bilhões em 2009. A expectativa de crescimento para este ano é de 4%. “As mudanças sócio-culturais são as grandes incentivadoras do mercado de animais de estimação. Hoje, o Brasil possui um grande número de pessoas que subiu um ou mais degraus em sua classe social, o que lhe permite gastar mais com produtos especializados”, explica o consultor e professor de estratégias de comunicação e marketing, Mário Persona. 37 37
Foto: Photodisc
Aliado a maior renda dos brasileiros houve uma humanização dos animais de estimação, e, com isso, os bichinhos ganharam um espaço maior dentro dos lares, do coração e da vida das pessoas. “Eu tenho quatro gatos e dois cachorros que são tratados como da família. Eles dormem na cama e quando estou trabalhando, sinto saudade. Se dependesse de mim, os levaria para todos os lugares comigo. É uma delícia ter animais”, conta Cláudia Machado, 20 anos, estudante. No ano passado, foram contabilizados pela Anfalpet, 33 milhões de cães com
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endereço fixo, 17 milhões de gatos, 8,5 milhões de peixes, 17,5 milhões de pássaros no país. O consultor Mário Persona conta que até mesmo a popularização de pequenas raças e de melhor adaptação em apartamentos traz um incremento a esse mercado. E, outros fatores como a adoção de uma cultura saudável e voltada para caminhadas e esportes ao ar livre também tem relação. “Tenho um amigo que desistiu da esteira e comprou um cão para ter a obrigação de fazer suas caminhadas”, conta.
/especial/mercado pet
O crescimento também se deve à propagação de lojas especializadas de produtos e serviços, o que estimula o consumo. São oito mil no Brasil, cinco mil deles só no Estado de São Paulo. Estima-se que a maioria dos donos de animais de estimação gasta mais de R$ 50 por mês para cuidar do bicho. Quem lucra com esses números são os pets shops. O consultor em negócios veterinários Sergio Lobato enumera quais são as ações que podem ajudar no crescimento e fortalecimento num segmento pet. “Para ter sucesso é preciso ser organizado, planejar, estudar o mercado e ter um eficiente controle dos custos de negócio. E o mais importante: traçar qual é o perfil de negócio
que você quer criar, por exemplo, se deseja focar mais em rações ou em produtos de luxo e, com isso certo, imprimir ao seu estabelecimento.” Os produtos que lideram o movimento em pet shop dependem de região para região, mas geralmente são as rações, seguido do banho e tosa e dos brinquedos diferenciados. Mas uma nova gama de produtos já está ganhando atenção dos donos dos animais: são chicletes, sorvetes, sapatos e até óculos. “A cada dia são lançados dezenas de produtos. Aqui na minha loja procuro sempre ter novidades para os donos dos bichinhos saírem satisfeitos”, diz Darlene Schlemper, proprietária do Magic Pet. 39
MUDANDO DESTINOS Cacau, mais uma vida salva pelo casal Mauro e Marta - Petfeliz
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O cocker Cacau foi achado próximo a rodovia Raposo Tavares no momento em que o protetor da Petfeliz, Mauro voltava da clínica veterinária com o Barnabé, um cão também resgatado das ruas de Osasco. Quando Mauro viu o Cacau desnorteado e batendo a cabeça em todos os lugares, percebeu que se tratava de um cão cego. Na hora, não teve dúvidas. “Mesmo já com o Barnabé, não conseguiria deixar um cão cego e inocente a própria sorte em uma rua com intenso movimento, inclusive de ônibus”, afirma.
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Como não ficar feliz em poder proporcionar uma vida digna a um ser que a cada segundo de sua existência agradece o pouco que estamos fazendo. Sua gratidão e alegria de viver estão estampados nos latidos, sons e rabinho que não para de abanar só de ouvir a nossa voz. Obrigado Cacau por ser mais um daqueles que me ensinam a desprezar os problemas e a valorizar as pequenas coisas da vida.” Mauro Arruda
Ao descer do carro para resgatar o Cacau, Mauro presenciou a cena de uma senhora dando um pequeno pedaço de pão para ele. “Eu fiquei observando e o vi com uma fome angustiante devorando o pão como se fosse um pedação de carne de primeira”. A senhora contou que antes tinha dado um pouco de arroz puro e ele tinha comido compulsivamente também. Mauro perguntou se ela sabia de 42
onde ele tinha aparecido e se tinha dono, a senhora disse que Cacau estava lá há algum tempo de um lado para o outro e só parou por causa do arroz. Logo que Mauro chegou em casa, o apresentou para esposa Marta, também protetora. “Quando eu o vi me bateu uma tristeza! Ele é cego, estava sujo e com muito mau cheiro. Fiquei pensando o que seria dele na rua, deve ter perambulado por
/adoção/petfeliz meses, magro, faminto e imundo”, relembra Marta.
que precisava para melhorar e ter uma vida digna.
Os protetores contam que Cacau estava com muitos carrapatos, pulgas e anemia. E, além de cego, tinha um enorme tumor no pênis e outro menor no pescoço. “Apesar de toda dor e desconforto que passou, ele é um cachorro muito doce, calmo, amoroso e paciente. Chorei duas vezes olhando para ele. Cacau é o cão mais especial que já conheci, em nenhum momento demonstrou agressividade, apenas gratidão”, diz a protetora.
Em menos de 1 mês Cacau se recuperou e foi adotado. Ganhou uma dona e uma casa para lá de maravilhosa! Agora mora em uma casa térrea, com um enorme quintal, muitos lugares para dormir e com muita proteção e amor.
Graças à ajuda de padrinhos e madrinhas e dos cuidados do casal Mauro e Marta, Cacau teve tudo o
A tradutora Anita Natividade é a dona de Cacau agora. “É uma alegria acompanhar a vida e a superação diária de um cão com deficiência. O Cacau é alegre, ele não deixa a cegueira o impedir de viver normalmente. Adora tomar sol, rolar na grama e comer cenoura.”
A Petfeliz é uma iniciativa do casal Marta e Mauro em prol da vida, da natureza e dos animais. Desde o início do casamento há 20 anos o casal se empenha na causa. “Percebemos quantos anjos precisavam de nós”. De lá para cá, foram mais de 500 vidas e destinos salvos. “Infelizmente, não temos um abrigo, quando acolho um animal de rua necessitado, trago-o para meu pequeno apartamento ou pago hospedagem para ele até encontrar sua nova família.” HÁ VÁRIAS FORMAS DE AJUDAR O PETFELIZ: Adoção de um animal, participando das rifas, apadrinhamento, doação de medicamentos ou simplesmente divulgando seu site. www.petfeliz.com.br 43 43
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