PRODUTO EXPERIMENTAL DOS JORNALISTAS-ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LAB NÚMERO 6 ANO II
MÍDIA LAB SEXTA - FEIRA 1 9/03/201 6 Preço $ 000
As iniciativas de recolha de lixo nas praias não estão a ser efectivas por falta de uma educação cívica dos cidadãos sobre que cuidados ter com o meio ambiente, e por falta de fiscais de limpeza nas praias. Página 1 0
Praia da Katembe "clama" por limpeza
Foto: https://c2.staticflickr.com. Moradores e banhistas não aderem às campanhas de sensibilização
Banda Kakana actua em solidariedade às vítimas de seca
Moçambique tornou-se membro da Francofonia em 2006. Este é, portanto, o 1 0° ano em que o país se tornou parte desta comunidade. No âmbito das comemorações, o Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) tem agendado para o dia 1 8 de Março, um concerto de solidariedade às vítimas das secas no sul do país. O concerto, da Banda Kakana, madrinha do evento, é organizado pelo CCFM em parceria com o Moza Banco, Cervejas de Moçambique e OXFAM. 1 00% das receitas do mesmo será reencaminhado para o apoio às vítimas das cheias.
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Faltam medicamentos nos hospitais
São no total 1 5 variedades de medicamentos que faltam, dentre os quais, diclofenac, multivitaminas e complexo B, os que com mais frequência tem faltado. Estes dados foram obtidos a partir da plataforma online, “utente repórter”, desenvolvida pelo Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP), para monitorar a alta de medicamentos no Sistema Nacional de Saúde (SNS). Multivitaminas e Complexo B são de maior importância para crianças e mulheres grávidas com deficiência alimentar, tendo em conta a taxa de 43% de desnutrição crônica em Moçambique. Página 3
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destaques
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“Cheguei a casa, e de imediato comecei a vomitar, minutos depois fiquei com febre e diarreia, os meus pais levaram-me logo para o médico"
- Yotasse Marlene.
Falta de fiscalização prejudica utentes Minelda Maússe
Y
otasse Marlene, estudante, foi ao Centro de Saúde da Machava depois de ter lanchado numa pastelaria na cidade de Maputo. “Cheguei a casa, e de imediato comecei a vomitar, minutos fiquei com febre e diarreia, os meus pais levaram-me logo para o médico” contou a estudante. Depois de ser examinada, o diagnóstico médico foi de intoxicação alimentar derivada do consumo de alimentos contaminados. A falta de fiscalização em estabelecimentos vocacionados a venda de refeições pôs em risco a saúde da estudante e de mais clientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada ano, mais de dois milhões de pessoas morrem por doenças diarreicas, muitas adquiridas ao ingerir alimentos contaminados. Na da cidade de Maputo
encontramos muitos estabelecimentos vocacionados para este negócio. Mas para abertura e funcionamento deste tipo de estabelecimento é necessária a autorização do Conselho Municipal e do Ministério da Saúde. Por norma nenhum estabelecimento pode funcionar sem a visita dos inspectores de saúde e da entidade de regula este tipo de comércio. A realidade mostra o contrário, a nossa equipa fez uma visita ao Mercado do Povo, famoso a nível da cidade capital por fornecer refeições. Várias são as barracas que funcionam sem terem recebido a visita do inspector de saúde, os funcionários não tem um cartão de saúde (que comprova que o trabalhador é saudável e apto para esta actividade) e na sua maioria não recebem a visita frequente dos inspectores. “Ainda não estou com todos os papéis prontos, falta-me cartão de saúde e licença, mas como tenho que alimentar os meus filhos, mesmo sem autorização já estou a vender comida” revelou Ricardina Nuvunga. Dona
Ricardina Nuvunga, ou melhor tia alimentar não tem como responsabilizar Ricardina como é carinhosamente o comerciante, ele pode facilmente chamada pelos seus fregueses, têm mudar o seu ponto de venda” afirmou o seu posto de venda de comida na Nicol’s. avenida 24 de Julho em frente ao Cine Cláudia Noémia é apresentadora África a sensivelmente 2 meses. Actua de televisão, a sua profissão ocupasem estar legalizada, não passou por lhe muito tempo, nem sempre exames médicos, o carro consegue preparar que transporta e armazena as suas refeições e as comidas nunca foi “Ainda não vê-se obrigada a inspencionado. comida na estou com todos comprar O sustento desta rua. “ A minha rotina vendedora põe em risco a os papéis prontos, é cansativa, não saúde de muitos munícipes de comprar falta-me cartão de gosto que frequentam o seu carro comida, mas nos dias saúde e licença" em que não levo de para comprar comida. A falta de conhecimento sobre as casa sou obrigada a regras básicas para adquirir a minha confecção de alimentos e sua refeição na rua”, contou a conservação podem contribuir para apresentadora de televisão. contaminação dos mesmos. Cláudia é o exemplo do De acordo com Mouzinho Nicol’s, quotidiano de muitos trabalhadores e presidente da Associação de Defesa estudantes da cidade de Maputo que do Consumidor de Moçambique recorrem a restaurantes, barracas, (DECOM), o Estado deveria intervir e mercados e a carros para comparem estabelecer regras para esta prática. refeições. Muitas destas pessoas não “Os carros são móveis, se um têm noção dos riscos de saúde de consumidor tiver uma intoxicação correm com esta atitude. Ao comprar
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Alunas são proibidas de fazer dreads
A direção da Centro de Formação Dom Bosco, aprovou um novo regulamento que proíbe o uso de dreads. O documento foi apresentado no dia cinco de fevereiro, sexta feira, durante a reunião de abertura do ano lectivo. Os pais e alunas tiveram dois dias para acatar a norma, sobe o risco de perder o direito de assistir as aulas. Maria Tereza e Joana Ananias (nomes fictícios) frequentam o 1 2! ano no Centro de Formação Profissional Dom Bosco, foram obrigadas a remover as dreads para poder frequentar as aulas. Maria Tereza diz ter sido surpreendida pela nova norma, uma vez que frequentava a escola há seis anos e usava dreads a três anos. Maria diz a que quando questionou a decisão, a direcção alegou que o penteado tinha mau aspecto e o cabelo ficava desarrumado. Segundo relata a
estudante alguns professores concordaram com a nova norma, dizendo que as dreads são utilizadas por marginais. O regulamento do Centro de Formação Profissional Dom Bosco, disponibilizado na abertura do ano lectivo, diz no artigo 38 alínea seis o seguinte: “Apresentar-se aprumada e decente: não usar extensões, não usar mexas, não usar dreads, não aplicar cosméticos no cabelo e na face, não usar unhas artificiais, não usar maquilhagem e não pintar as unhas” Porém no mesmo regulamento, no artigo 36, consta que a escola reconhece todos direitos que a constituição e lei concedem às alunas. Na alínea f) é especificado este reconhecimento nos seguintes termos:
“A ser respeitada a sua liberdade de consciência e as convicções religiosas e morais, acordo com a Constituição.” Até a publicação deste artigo a direção da escola não respondeu a carta da nossa equipe, solicitando uma entrevista. Desta forma não foi possível questionar os motivos que levaram a adopção da medida. As dreads ganharam visibilidade no mundo por via dos rastafáris. Os rastafáris não cortam o cabelo por motivos religiosos e outros não o fazem por questões de afirmação pessoal. As estudantes que foram obrigadas a cortar o cabelo não têm qualquer ligação com o movimento rastafári, as fizeram por gostarem do penteado. Maria e Joana fazem parte de um grupo raparigas que sente-se discriminado com a nova norma. (Eta Matsinhe)
uma refeição contaminada o consumidor pode contrair uma doença transmitida por alimentos (DTA). As causas das DTA’s são: falta de higiene, cruzamento entre alimentos crus e cozidos (principalmente na arrumação da geleira, uso de alimentos contaminados, exposição dos alimentos a temperatura ou cozimento insuficiente. Segundo Darcenio Jane, médico, os sintomas mais comuns das DTA’s são: náuseas, vómitos, falta de apetite, diarreia, dores abdominais e febre. “Ao sentir estes sintomas o consumidor deve ir com urgência a uma unidade sanitária para receber o tratamento adequado”, aconselha Jane. A nossa equipa procurou saber do Conselho Municipal da Cidade de Maputo saber como são atribuídas as licenças e a periodicidade da fiscalização dos estabelecimentos especializados em comércio de refeições, mas as nossas tentativas redundaram em fracasso, até ao fim desta edição não nos foi concedida nenhuma entrevista.
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Eu repórter Miranda Munhua
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Projecto para Vila Algarve carece de fundos
Ministério dos Combatentes quer transformar Vila Algarve em Museu de Resistência mas não tem fundos para reabilitar o edifício e depende de Portugal para ter arquivos e replicar materiais para expor no futuro Museu.
Reportar a doença crónica renal, Hemodiálise significau a compra num país como Moçambique, é de um problema. tambéem ter que lidar com desafios Bene advoga que a criação da de encontrar caminhos para ter acesso Unidade de Hemodiálise, em 2009, a dados, num sistema de saúde representou uma experiência nova extremamente burocrático. A falta de para o Ministério da Saúde que não clareza sobre o que pode ter previa o cenário que se viveu em 201 5. acontecido com a avaria de duas “Não tínhamos a dimensão do máquinas de hemodiálise tornou-se problema que estávamos a comprar”. um obstáculo que tive de superar, Disse Bene. para perceber se cerca de 1 7000 Com dificuldades na aquisição procedimentos de hemodiálise foram de reagentes, na manutenção das feitos ou não. máquinas e na formação de pessoal, Estar diante de tamanha o acesso ao serviço exclui pessoas contradição colocou em causa alguns que necessitam de substituição renal. princípios jornalísticos. Como era Sheila Momade, paciente renal possível não tomar partido se afinal crónica, conta que foi difícil ter acesso de contas trata-se de um serviço que a terapia e que deve ficar 1 2 horas só pode ser provido na cidade de por semana, no hospital, para fazer Maputo para todo o país. Por um lado, o procedimento, “a minha vida é aqui, Rosa Bene, médica e especialista em eu faço a hemodiálise três vezes por diálise no HCM, mostra que a situação semana, há três anos. Nos países evidencia a incapacidade do Sistema europeus a doença ataca uma Nacional de Saúde de resolver o população adulta, mas na realidade problema e diz que a escassez de moçambicana a idade média é equipamentos e relativamente jovem. reagentes dificulta o A doença não "a minha vida controle da doença em escolhe a idade e nem é aqui, eu faço a pessoas com desfunção todos têm acesso ao hemodiálise três de rins no país. tratamento. Bene vezes por semana, Contrariamente, Anete justifica que o há três anos" Kupela, médica tratamento dialítico só nefrologista, afirmou ocorre na fase final da que a avaria dos doença, mas admite equipamentos não comprometeu a que nem todos têm acesso. “Nas fases hemodiálise. iniciais nós temos feito um controle Não ter acesso a dados que clínico, e vários doentes beneficiamcomprovassem uma dessas posições se, mas quando chega a fase de se não todas, deitava por terra toda hemodiálise, há condicionantes”. a matéria. Tive que ativar alguns Afirma. contactos que me puderam facultar A especialista explica que os os dados. pacientes que têm acesso aos O procedimento de hemodiálise serviços, também têm a vida limitada. dura quase quatro horas, e os cuidados Numa demostração provou que, em a tomar necessitam de uma atenção Moçambique, seleccionando 1 0 tal que me fez não perceber como é pacientes com indicação de diálise, que este procedimento pode ter cido ao fim do primeiro ano de vida 20% feito de noite. Me espantou ainda vai morrer, ao fim do quinto morre saber que a criação da Unidade de
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Redação
Editora chefe - Sheila Mafuiane Editor executivo - Miranda Munhua Editor de fotografia - Sérgio Mossela Maquetização - Pedro Fumo e Minelda Maússe Repórteres: Abdul Ibrahimo, Aida Nhavoto, Amina Nofre,
Bernadete Nhavene, Cofe Cumba Celeste Macúacua, Ester Cumbane, Eta Matsinhe, Ernesta Missage, Hélder Massinga, Ilídia Alberto, José Maneira, Keite Branquinho, Letícia Constantino, Minelda Maússe, Magda Mendonça, Miranda Munhua, Mariolina Ulisses, Orbai Nobre, Pedro Fumo, Patrício Manjate Sumeia Cassimo, Sheila Mafuiane, Sheila Magumane, Sérgio Mossela, Vinódia Janete.
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Ministério dos combatentes não tem fundos para transformar a Vila Algarve em Museu Nacional de Resistência Colonial como pretende. A Assembleia da República aprovou em 201 2/1 3 o projecto do Museu. Mas ainda não foi definido o custo da reabilitação, no entanto, o Ministério está a procura de fundos e parceiros para ajudar na reconstituição de Algarve. De acordo com o Director Nacional de História no Ministério dos Combatentes, Vicente Koveke, o objectivo do museu é de imortalizar a história da Vila Algarve. Porem, dependem de Portugal para ter acesso aos arquivos que vão permitir a reconstituição da história da Vila e fazer réplicas dos objectos que eram usados para tortura na época colonial. As réplicas pretendidas fazer será um orçamento adicional para o Ministério que espera contar com ajuda externa para a reabilitação. Mesmo sem valores monetários, já começou o processo de limpeza na Vila, que está na responsabilidade de uma empresa privada, Telizer Ltd. A empresa de limpeza ainda não definiu o orçamento dos serviços prestados. “O orçamento não esta definido porque só tivemos acesso ao exterior”, disse Pedro Bassopa, Director Técnico da empresa. Algumas pessoas que viviam no edifício foram retiradas pela polícia, para que a empresa proceda com a limpeza e avaliação da infraestrutura. Os detentores do edifício mostramse indiferentes aos moradores retirados. “Eles sabem de onde vieram e para onde vão. São pessoas de origem duvidosas, queremos garantir
que elas não voltem a Vila”, disse Vicente Koveke. Para garantir que as pessoas não voltem, a instituição pretende instalar na Vila guardas.
fundos. Mas, todas a tentativas de arrecadação das verbas foram infelizes, facto que levou esta entidade a desistir do empreendimento.
Tentativas de reabilitação
Breve historial da Vila Algarve
Em 2008, a Vila Algarve foi entregue a Ordem dos Advogados que pretendia reabilitar e transformar na sua sede para restituir a credibilidade do órgão junto dos associados e da sociedade em geral. A reabilitação estava prevista para dentro de cinco anos durante o mandato de Gilberto Correia que terminou em 201 3. Na altura Gilberto Correia, deixou claro que a ordem não dispunha de verba suficiente para a reabilitação, mas garantiu que ia fazer um trabalho de mobilização junto aos seus parceiros para conseguir os
A Vila Algarve foi contruída em 1 934 por ordem de José dos Santos Rufi, em 1 936 sofreu alterações e em 1 950 passou por uma ampliação. Durante anos serviu como quartelgeneral da PIDE (Policia Internacional e Defesa do Estado), onde nacionalistas moçambicanos e militantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), eram interrogados, torturados e oprimidos. Apos a independência o edifício foi abandonado e virou moradia de pessoas que não tinham onde viver.
Mesmo sem valores monetários, já começou o processo de limpeza
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F a l ta m m e d i c a m e n to s n as u n i d ad es s an i tári as (C) debate. Doentes recorrem à farmácias privadas para comprar medicamentos
José Maneira
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idadãos reportam a falta de medicamentos nas unidades sanitárias da cidade de Maputo. De Janeiro a Março de 201 6, foram reportados 38 casos de falta de fármacos. Essas denúncias dizem respeito ao Hospital Geral de Chamanculo, Centro de Saúde da Polana Caniço, e mais três unidades sanitárias do distrito Municipal de Kamavota, sendo Hulene, Pescadores e Albazine, respectivamente. São no total 1 5 variedades de medicamentos que faltam, dentre os quais, diclofenac, multivitaminas e complexo B, os que com mais frequência tem faltado. Estes dados foram obtidos a partir da plataforma online, “utente repórter”, desenvolvida pelo Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP), para monitorar a
falta de medicamentos no Sistema Nacional de Saúde (SNS). Multivitaminas e Complexo B são de maior importância para crianças e mulheres grávidas com deficiência alimentar, tendo em conta a taxa de 43% de desnutrição crônica em Moçambique. Diclofenac é um analgésico para controlo de dor e inflamação, e é importante para pacientes com com dores ou inflamação nos ossos e músculos. Os três tipos de medicamentos em questão, constam do Formúlario Nacional de Medicamentos (FNM), aprovado em 2007, pelo Diploma Ministerial n°1 20/2007 de 1 2 de Setembro. Fazem parte ainda da lista dos 397 medicamentos considerados essenciais para o SNS em Moçambique, segundo o Diploma Ministerial nº 54/201 0 de 23 de Março. Este instrumento normativo estabelece que estes medicamentos não devem faltar ao SNS.
A prestação de serviços de saúde de qualidade, faz parte da segunda prioridade do Plano Quinquenal do Governo de Moçambique 201 5-201 9. “A prestação de serviços sociais básicos de qualidade e acesso equitativo à (_) cuidados de saúde (_) concorrem para a criação de capacidades fundamentais do capital humano e social e para a melhoria de bem-estar social e económico”, refere o documento, no ponto 3.2 relativo ao desenvolvimento capital humano e social. Porém, os utentes dos serviços de saúde reclamam, da qualidade dos serviços, concretamente da ausência de medicamentos. Fabião Matlombe, de 57 anos, residente no bairro Polana Caniço, afirma que, por mais de uma vez, foi ao centro de saúde da Polana Caniço e não teve todos medicamentos receitados para as dores que sentia, faltou diclofenac. O mesmo aconteceu à Margarida
Mateus, de 28 anos, mãe de uma menina de 3 anos, que foi à mesma unidade sanitária no dia 03 de Março corrente e se deparou com ausência de multivitaminas para sua filha, e teve de ir comprar na farmácia privada. Nas unidades sanitárias públicas, todo o atendimento, incluíndo os medicamentos, custa ao cidadão 5,00 meticais. No entanto, o preço médio dos três medicamentos na farmácia privada é de 80,00 meticais para multivitamina, 1 0,00 meticais para diclofenac e 1 0,00 meticais para complexo B, por cada lâmina de dez comprimidos. Os preços de diclofenac e complexo B, na farmácia privada, significam um custo adicional de 1 00% do valor de um tratamento completo nas unidades sanitárias públicas e o custo de multivitamina é 1 6 vezes o valor. Nem todos cidadãos podem recorrer às farmácias privadas, como
é o caso de Matlombe, que afirmou não poder fazer mais nada, depois que não pôde obter diclofenac no centro de saúde. A equipa do Mídia Lab procurou ouvir a Central de Medicamentos e Artigos Médicos, e o centro de saúde da Polana Caniço, que até a publicação desta edição não mostraram didponibilidade para falar. Uma pesquisa do CIP, apresentada em 201 5, mostra que a falta responsabilização dos gestores do SNS é um dos principais factores da ausência de medicamentos nas unidades sanitárias. Este resultado vai de acordo com a afirmação da Ministra da Saúde, Nazira Abdula, segundo a qual, “a falta de fármacos que se regista nas unidades sanitárias públicas deriva mais de falhas de gestão por parte dos que coordenam o sector e não de ruptura de stocks nos armazéns”.
Município de Maputo vai reordenar o estacionamento de viaturas Amina Nofre
Abenida HO Chi MInh, cidade de Maputo
os parquímetros e fiscais autorizados, para impedir que os carros sejam A Empresa Municipal de estacionados nos passeios”, declarou Mobilidade e Estacionamento (EMME) Simango, em entrevista com a equipa está conceber um projecto de do Mídia Lab, em Dezembro de 201 5. reorganização do estacionamento, na Contudo, não é o que se verifica no cidade de Maputo. O reordenamento presente mês de Março, fase em que implica a redução do espaço do o projecto ainda não começou a ser estacionamento e a retirada de carros executado. Jaime Simango que foi, dos passeios. A execução estava prevista para recentemente, nomeado director da Janeiro do ano em curso para libertar EMME, disse que a redução da actual os passeios e garantir uma boa capacidade de estacionamento será mobilidade rodoviária, mas ainda não compensada pela abertura de mais aconteceu por razões desconhecidas. parques para a colocação de viaturas. Segundo Nelson Martins, De acordo com Jaime Simango, chefe do Departamento de Gestão de comerciante da baixa da cidade e Engenharia e Tráfego do município automobilista, não se deve remover de Maputo, a partir de Janeiro do ano ou proibir o estacionamento de viaturas em curso, não seria permitido que os sem se disponibilizar parques de carros ficassem estacionados nos estacionamento suficientes para os passeios. “O estacionamento na via carros que ocupam os passeios. “Seria pública vai todo ele ser gerido pelo bom se nos dessem um parque, caso conselho municipal, através de uma contrário, pode gerar transtorno para empresa de mobilidade e estarão lá nós e para o próprio município termos
que procurar outro espaço para estacionar nossas viaturas”, enfatizou Nelson Martins. Isaías João Matavel, funcionário público e condutor disse que não via necessidade de se determinar um número de carros que podem circular na cidade de Maputo porque não era rentável para os automobilistas e pra a o município. Portanto, com a crise de transporte que se verifica em Maputo, ter carro virou uma necessidade e não um capricho. Mércia Agostinho, estudante e automobilista disse essa atitude do município não pode impor que somente determinado número de viaturas a circular na cidade porque estaria a violar o direito dos cidadãos de circular livremente. “ Determinar o número de carros que irão circular por dia, o Conselho Municipal estaria a medir o bolso do cidadão e violar a liberdade de circulação e direito de uso de bens que os cidadãos têm”.
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sociedade
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Jihad poderá despedir trabalhadores
Melhores alunos podem dar aulas
MINEDH quer harmonizar o currículo
A empresa madereira, Jihad Madeiras 2007 (JM7), que opera na província da Zambézia poderá suspender cerca de 200 trabalhadores, e encerrar a empresa em consequência da dificuldade de venda do producto no mercado internacional. Segundo o representante da JM7Ali Hawil, o facto da lei de florestas impor a venda de madeiras com uma espessura de 07 à 1 2, 5 cintimetros.
A Universidade pedagógica, na cidade de Maputo tem um plano de inserir os melhores estudantes da instituição para dar aulas nas escolas secundárias, como forma de minimizar o nível de reprovações. Esta informação foi partilhada pela pró˗ reitora, Bendita Lopes, durante a cerimónia de abertura oficial do ano académico, "a implementação do plano vai depender das discussões que teremos.
Os conteúdos lecionados nas 39 escolas privadas estrangeiras existentes em Moçambique são diferentes das escolas públicas nacionais, razão pela qual leva o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano a harmonizar o currículo. Segundo o ministro de Educação, Jorge Ferrão há harmonização do currículo tem como finalidade evitar o constrangimento.
Há exclusão de rapazes nas matérias sobre VBG
Opinião Celeste Macuácua
“ Temos notado que a mulher é a mais abordada quando falamos de qualquer tipo de violência, no entanto nos esquecemos do emissor deste acto, que é o homem”, Rui Maquene Sumeia Cassimo
O
representante da Handicap International, Rui Maquene apelou aos representantes da sociedade civil, em particular aos jornalistas que não excluam o rapaz nas suas matérias relacionadas a violência baseada em género. Este apelo foi feito durante lançamento do Guia de Boas Práticas sobre a violência baseada no género (VBG), produzido pela IREX no dia 1 0 de Março no hotel VIP. Maquene considera fundamental a inclusão do rapaz nas discussões, assim como nas publicações de matérias relacionadas a VBG porque ele é o principal perpetrador deste acto, “ temos notado que a mulher é a mais abordada quando falamos de qualquer tipo de violência, no entanto nos esquecemos do emissor deste acto, que é o homem”. A fonte acrescenta que é necessário educar as crianças do sexo masculino ainda cedo, para que amanhã não contribuam para este tipo de comportamento. Por outro lado, a representante da save the children, Nássima Figia considera o guia de extrema importância, porque contribuirá na qualidade das matérias reportadas pelos jornalistas sobre VBG. Nássima ressalva que, no guia devia ter um instrumento legal, que possa permir com que a mulher conheça os seus
A segunda fase do Mídia Lab começou em jeito de um reality show idéntico ao Big Brother. A dinâmica é outra e a rotina mudou por completo em relação á primeira fase. Novas regras e mais prática estão na dianteira da fase e a cada dia um novo ensinamento fica.
Foto: Laque Francisco - Capa do guia que vai orientar jornalistas na cobertura de VBG direitos. sobreviventes vítimas da violência de Género e Mídia do Programa para O embaixador dos Estados baseada em género”. Fortalecimento da Mídia, Dércia Unidos em Moçambique, Dean Pittman Falando concretamente de Meterula, a IREX já capacitou até o considera o papel do jornalista de Moçambique, o embaixador afirma momento cerca de 90 jornalistas em extrema importância no que ainda prevalece a violência matérias de violência baseada em desencorajamento do uso da violência, doméstica, sexual e os casamentos género, especificamente em em qualquer sociedade. Para Pittman prematuros, apesar de haver esforços casamentos prematuros e tráfico de os jornalistas, assim como os meios por parte de algumas individualidades pessoas. Meterula acrescenta que os de comunicação social têm um papel que lutam por um Moçambique melhor, jornalistas influenciam significamente muito importante para moldar o onde a rapariga tenha os mesmos no quotidiano da sociedade e o guia pensamento da sociedade. direitos com o rapaz, assim como será mais um instrumento que irá “Esperamos que com este guia, os direitos iguais a todos os cidadãos beneficiar os jornalistas na cobertura jornalistas reportem mais histórias de De acordo com a Coordenadora de matérias relacionados a VBG.
Jornalistas moçambicanos sofrem influência por questões económicas Os órgãos de informação em Moçambique ainda continuam dependentes do poder político e económico. Esta informação foi avançada pela Isabel Manhiça, editora chefe e editora da secção de sociedade da Televisão Independente de Moçambique (TIM), quando participa da oitava secção de conferências do Mídia Lab, no dia 11 de Março do corrente ano. Segundo Isabel Manhiça, as empresas de mídia não têm capacidades financeiras para se autossustentarem, por isso são dependentes.“Nenhuma televisão em Moçambique é independente, infelizmente essa é a realidade do país”, lamentou Isabel. Essa condição que os órgãos de informação se encontram, sujeita os jornalistas a fazerem matérias
por encomenda, que interessam aos seus patrocinadores ligados aos poderes político e económico. “ Há assuntos que são banidos porque ferem o estado e muitas vezes, os repórteres têm de consultar ao editor se podem fazer determinadas matérias”, declarou Manhiça. Infelizmente o jornalista em Moçambique não é livre de escrever o que quer, pois, os editores chefes de redações do país querem assuntos polêmico e sensacionalistas. As direcções comerciais influenciam a linha editorial dos órgãos de informação. “ As pautas que podem prejudicar os patrocinadores das empresas de mídia não são consideradas pelos editores e, muitas vezes, não são difundidas apesar do repórter terem feito a matéria”, enfatizou Isabel Manhiça. (Amina Nofre)
Amor próprio, desenvolvimento de metahabilidades, orginização, pensar antes de falar e a importância de cumprir padrões são alguns pontos que me marcaram no início da segunda fase. Depois disso, iniciaram as sessões de Análise com o facilitador Arild Drivdal, onde apreendemos como organizar o nosso pensamento e idéias numa sequência lógica, e trazer pensamentos profundos sobre determinados assuntos relevantes. Mais do que analisar assuntos, o facilitador Ricardo Mendes fez-me perceber a importância de aliar a relevância do assunto que estamos a tratar à imagem (foto). As fotos comunicam e, dependendo da forma como ela foi pensada, pode comunicar mais do que o texto que a acompanha.
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
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Opinião
Muitas mulheres são violentadas por se ignorar os direitos trabalhistas
Desconhecimento de lei prejudica empregadas domésticas Sheila Magumane
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mpregadas domésticas tem seus direitos violados por desconhecerem a existência do instrumento regulador desse tipo de actividade. Em 2008, o governo aprovou um regulamento de Trabalho doméstico, apenso a lei do trabalho,trata-se do decreto nº 40/2008 de 26 de Novembro. O decreto diz que constituem direitos dos empregados domésticos, receber remuneração na forma conveccionada; Ter assegurado o descanso semanal; Férias anuais remuneradas e ser tratado com respeito. Entretanto, esses direitos são muitas vezes ignorados pelo patronato que, aproveita-se do facto de suas empregadas não conhecerem a lei do trabalho e a existência de um instrumento regulador do trabalho doméstico e da necessidade que estas têm de emprego. Por outro lado,o desconhecimento por parte dos próprios empregadores resulta numa série de irregularidades. O exemplo disso é Rosta Alberto Homo, 32 anos de idade, natural de Vilanculos, foi doméstica numa residência na Cidade da Matola por 5 anos,trabalhou os primeiros dois anos sem direito a férias, depois foi obrigada pelos patrões a trabalhar aos domingos. Para além de lhe negarem um dia de descanso, Rosta conta que por vezes era espancada pelo patrão e proibida de ir a polícia
para denunciar o caso. Questionada sobre a existência da lei que rege o trabalho doméstico Rosta disse que não conhecia e confessou que se deixava espancar pelo patrão por que não tinha outras opções de emprego e precisava continuar a trabalhar mesmo sujeita a humilhação. Tal como Rosta existem, um pouco por todo país, empregadas domésticas que tem seus direitos violados por desconhecerem a existência do instrumento regulador desse tipo de actividade. Maria Júlio, que também pratica mesma actividade, afirma ter sido despedida da casa onde trabalhava como empregada doméstica no Bairro do Alto Maé em Maputo, com mais duas colegas de trabalho por, supostamente, uma delas ter partido um espelho de parede, sem assumir a culpa, o que fez com que a patroa dispensasse as três do trabalho. Ela também conta que no mesmo Bairro, trabalhou numa casa em que o filho dos patrões, criança de quase 1 0 anos de idade, treinava judo e quase sempre a agredia fisicamente, numa exibição do desporto que praticava. “Por vezes voltava a casa com dores porque a criança chutava-me, até na zona da barriga, e como era filho dos meus patrões, nada podia fazer. Grande parte das empregadas
domésticas entrevistadas pelo Mídia Lab mostrou certo receio em falar das várias irregularidades que sofrem com seus patrões. Antónia Machava diz que ja teve duas empregadas mas não sabe da existêcia do regulamento que rege o trabalho doméstico. Em contrapartida Silvia Banze que ja teve mais de 1 0 empregadas domésticas e despediu a maioria delas afirma que, “Os depedimentos acontecem porque muitas empregadas domésticas não querem trabalhar e se preocupam apenas em ter salário.” Silvia diz que conhece o regulamento do trabalho doméstico mas para ela, este grupo deve saber que as regras do trabalho são estabelecidas pelo dono da casa. Muitas empregadas domésticas
assim como os empregadores, não sabem que a lei do trabalho abrange o trabalho doméstico. Procuramos saber como o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) tem feito a divulgação da lei que Regula o trabalho doméstico, e de acordo com uma fonte daquela instituição pública, a propagação da lei tem se feito através de palestras em algumas instituições e a partir de um programa que passa na Rádio Moçambique. Questionamos também se existia quem defende os direitos do empregado doméstico, a resposta que tivemos foi de que, naquela instituição existem vários departamentos que recebem queixas. feitas por empregadas domésticas contra os empregadores.
Antes de falar sobre as dreadlocks é preciso definir o que elas realmente são. Dreadlocks é uma palavra em inglês usada para descrever um estilo de cabelo caracterizado pela apresentação de tranças longas e finas. Dreads é abreviatura de dreadlocks, ganharam mais popularidade com o movimento rastafari e o cantor Bob Marly, mas elas surgiram muito antes. Os rastafarians não foram os primeiros a usar as dreads, existem vestígios no antigo Egipto que comprovam que esse estilo de cabelo já era usado. As dreads são apenas um estilo de cabelo que algumas pessoas escolhem utilizar por vários motivos: valorização ou orgulho étnico, religiosos ou esperituais, estéticos e políticos. São inúmeras as formas ou modelos de dreads, a escolha varia de acordo com o tipo de cabelo e estilo pessoal. Muitas pessoas associam esse estilo de cabelo com falta de higiene, e acreditam que essas pessoas não lavam o cabelo, o que na grande maioria dos casos não é verdade. Algumas normas de manutenção das dreads incluem a lavagem do cabelo pelo menos duas vezes por semana. Outro preconceito comum é que as pessoas que usam dreadlocks são usuários de drogas, mais concretamente de canábis (suruma). A conotação negativa dos usuários das dreads faz com que muitos homens e mulheres que admirem este tipo de tranças desista de o fazer. Moçambique é um país conservador, o uso de dreads ainda não foi aceito pela sociedade, mas actualmente registam-se algumas mudanças, em Maputo já existem salões de cabeleireiro especializados no tratamento das dreads. Adoptar este estilo de tranças não é fácil. Costuma-se dizer que quem as usa é muito corajoso, primeiro por modificar de forma radical o cabelo, segundo por não seguir a moda e terceiro por lidar diariamente com o preconceito. "Ter dreads é ser original, valorizar a carapinha negra, rejeitar as extenções e tissagens que não são cabelos de negro" são as palavras ditas por grande parte dos usuários deste estilo. Ser ou não a favor deste estilo é opção individual, mas ter respeito por quem os usa é um dever de todos.
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Faltam contentores de lixo no mercado de Katembe
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Vendedores do mercado da Katembe e arredores reclamam a falta de contentores de lixo próximo ao mercado. Os vendedores afirmaram que pagam as taxas referentes ao lixo e ao espaço de venda mas, continuam sem contentores no mercado e arredores. E que os fiscais do Conselho Municipal obrigam que eles mesmos contribuam e comprem os contentores de lixo.
de 280 meticais para 400 meticais, no entanto, as condições sanitárias, como a limpeza das ruas, não melhoraram. s vendedores do mercado e “Não se justifica isso, pagamos as arredores de Katembe taxas para que o Conselho Municipal reclamam a falta de trate do lixo mas no entanto, nós contentores de lixo próximo ao mesmos quem limpamos o nosso mercado e, afirmam que os fiscais do próprio espaço e tiramos o nosso Conselho Municipal lhes obrigam, próprio lixo. Nada melhorou”, enfatizou. toda vez que se queixam, para que Ela referiu que as taxas que pagam eles mesmos contribuam e adquiriram são elevadas, e não são iguais para os depósitos de lixo, apesar destes, todos. “Nem todos pagam o mesmo os vendedores, pagarem taxas do valor. Têm barracas aqui que pagam mercado e taxas diárias de recolha preços elevados”, confidenciou. A taxa de mercado que os de lixo ao município. Laura Alberto, 36 anos, vendedores pagam corresponde ao vendedora, afirmou que não tem valor do espaço cedido pelo Conselho contentor de lixo próximo ao mercado Municipal a estes, para de Katembe e, ela paga uma taxa desempenharem suas actividades diária de lixo ao fiscal do Conselho comerciais, e estão inclusas taxas de Municipal no valor de 1 5 meticais. lixo, e tanto as barracas dentro do “Toda vez que nós nos juntamos para mercado quanto as barracas nos arredores do falar sobre os contentores, mercado de os fiscais do mercado Katembe devem dizem que nós, os “Nem todos efectuar o vendedores do mercado e pagam o mesmo ambulantes, é devemos valor. Têm barracas pagamento dessas taxas. De contribuir e comprar os aqui que pagam acordo com a contentores de lixo”, preços elevados” Resolução n° desabafou. Disse ainda 41 /AMM/201 5 de que as pessoas indicadas 1 9 de Agosto pelo Conselho Municipal para fazer a limpeza na vila e arredores sobre Taxas dos Mercados Municipais, do mercado são apenas três senhoras, da Direcção de Mercados e Feiras, e elas não dão conta do trabalho todo. Conselho Municipal de Maputo, o valor “A vila continua sempre cheia de lixo referente as taxas diárias de mercado por recolher, principalmente na praia, variam entre três meticais e 50 meticais próximo a zona dos pescadores. As por metro linear, e este valor deve ser pessoas continuam a deitar lixo na pago por vendedores de hortícolas, rua e praia por falta de contentores ambulantes e outras bancas de pequeno comércio. Quanto ao valor próximos”, acrescentou Laura. Anete Celestino, vendedora, mensal pago pelos vendedores, varia informou que tem uma barraca na vila de 60 meticais a 6 000 meticais, isto de Katembe, nos arredores do de acordo com o tipo de negócio e mercado, faz quatro anos, e de lá para tamanho das bancas. No entanto, cada contentor de cá o preço da taxa mensal do mercado, que inclui a taxa diária de lixo, subiu lixo, plástico e com rodas, no estilo C
Keite Branquinho
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O único contentor atrelado usado para deitar lixo
Lixo depositado pelos vendedores, atrás de suas barracas, na praia de Katembe 1 000, com capacidade de 1 000 litros, se encomendado pela internet através do site www.mercadolivre.com.br, no Brasil, custa 1 399 R$, que convertido para o metical custa aproximadamente 1 9 mil meticais. Este contentor poderia ser comprado com o valor adquirido das taxas de mercado pagas pelos vendedores, e entregue à vila de Katembe para uso pessoal do mercado e arredores, de forma a satisfazer as necessidades de deposição de lixo, pois existe cerca de 50 estabelecimentos comerciais, desde bancas, barracas, pastelarias e bares, só na entrada e ao redor da vila. Como exemplo, multiplicando o valor das taxas de mercado mensais de 700 meticais, num prazo de 1 2 meses, com o número de dez estabelecimentos como barracas de Cartão de vendedor mercearia, previsto na Resolução como sendo do tipo A, é possível de Mercados e Feiras do Conselho obter-se um valor de 84 mil meticais, Municipal, e que o município faz a e com o valor poderia se adquirir limpeza dos espaços uma vez por semana, às quintas-feiras mas, contentores. Amélia Nhamtemba, vendedora, explicou que os vendedores têm o explicou que a maioria dos vendedores dever de manter seus próprios espaços do mercado de Katembe e arredores limpos, mesmo depois de pagar as não sabem exactamente porque taxas ao município porque não há continuam a pagar as taxas de funcionários de limpeza suficientes. Vanessa Cumbe, vendedora, mercado, uma vez confessou que os vendedores que o dinheiro não nos arredores do mercado está sendo pagam as taxas pelo dia de canalizado para "Se domingo, o que não era resolver a situação houvesse um suposto acontecer. “Somos de higiene e contentor próximo um cartão para o limpeza de toda ao mercado, eles entregues registo de pagamento, onde vila de Katembe. deitariam o lixo lá" apenas deveríamos marcar Acrescentou que e pagar pelos dias úteis de era costume trabalho, e em caso de pagarem as taxas doença ou licença para ficar na Direcção de Mercados e Feiras do Conselho em casa não deveríamos pagar mas, Municipal, na baixa da cidade de os fiscais dizem que devemos pagar Maputo, mas que actualmente são por estes dias também”, explicou. Manuel Domingos, também orientados a efectuar o pagamento vendedor, contou que além de pagar com os fiscais do mercado. Guilherme Tembe, Técnico Fiscal o aluguer da barraca para do Conselho Municipal e Chefe do comercializar seus produtos, ele paga mercado de Katembe, confirmou que também mensalmente uma taxa no os vendedores pagam uma taxa valor de 700 meticais ao Conselho mensal e diária correspondente ao Municipal pelo espaço, e confirmou pagamento do espaço que ocupam que nem todos os vendedores pagam no mercado e arredores, à Direcção o mesmo valor, “algumas barracas
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pagam mais caro que as outras”. Manuel acrescentou que tem apenas um único contentor usado por toda vila de Katembe para se deitar lixo. Francisco Gomes, morador na vila de Katembe, declarou que o contentor não satisfaz as necessidades tanto dos vendedores quanto dos moradores da vila, por estar longe do mercado, pois os vendedores percorrem uma distância de quase dez metros para deitar o lixo. “Se houvesse um contentor próximo ao mercado, eles deitariam o lixo lá. Por isso deveria ser obrigatório que todas as barracas tivessem um depósito de lixo. O Conselho Municipal tem fiscais que cobram taxas aos vendedores, então devem comprar contentores de lixo para o mercado e arredores”, opinou. Gomes faz parte da Associação Amigos da Katembe, que faz a recolha do lixo na praia da Katembe, e já propôs ao Conselho Municipal que adquire-se contentores para uso pessoal do mercado e barracas nos arredores, de forma a impedir que os vendedores continuassem a deitar lixo na praia mas, “a proposta não foi levada em consideração”. O cheiro que vem do lixo prejudica e incomoda os moradores.
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Ex-reclusa denuncia corrupção e entrada de drogas na prisão
“Fui cobrada um valor para sair, e achei que era injusto porque eu já tinha a metade da pena cumprida, informei meu pai sobre o assunto e não sei que tipo de negociação meu pai fez, mas sei que, ele pagou 3.500 meticais, para eu sair”, lamenta Tânia
Cofe Cumba
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Ana Paulo, nome fictício, diz que tem prestado ânia, jovem que passou dois anos presa na Cadeia Feminina de Ndlavela, no município da Matola, serviços sociais naquela prisão, e que para ela as província de Maputo, acusada de tentativa de declarações da Tânia não são novidades. “Quando fomos assassinato, fala de escândalos de corrupção, prostituição realizar um almoço com presidiárias no dia 7 de Abril, e e entreda de drogas naquela instituição penitenciária. durante a festa ví uma reclusa a consumir álcool diante Ela própria foi vítima de corrupção, foi obrigada a dos guardas”. A fonte afirma que das vezes em que fez visitas pagar um dinheiro para ser solta. Uma cobrança illegal, pois era seu direito ser solta, no âmbito do indulto de 1 000 áquele estabelecimento penitenciário, as prisioneiras reclusos, proclamado pelo Presidente da República, Filipe eram obrigadas a fazer sexo com os guardas em troca de alguns produtos de higiene. Nyusi, em em 201 5. Direitos Humanos nos estabelecimentos prisionais “Fui cobrada um valor para sair, e achei que era injusto porque eu já tinha a metade da pena cumprida, em Moçambique Custodio Duma, Presidente da Comissão Nacional informei meu pai sobre o assunto e não sei que tipo de negociação meu pai fez, mas sei que, ele pagou 3.500 dos Direitos Humanos, afirma que já acompanhou casos de consumo de drogas nas cadeias, mas já faz algum meticais, para eu sair”, lamenta Tânia. tempo, e não foi na cadeia feminina, mais sim na B.O. Violação sexual, consumo e entrada de drogras A jovem denuncia a entrada de drogas para dentro “Isso e um caso que fere os direitos humanos” acrescentou. Para além desses problemas da prisão, “ví alí dentro mulheres a os prisioneiros têm falta de camas, consumir drogas, em frente dos assistência médica e guardas, que também são coniventes. Por outro lado as drogas são "Vi alí dentro mulheres medicamentosa entre outros. Um estudo sobre a situação introduzidas pelos familiares dos a consumir drogas, em frente dos direitos humanos nos reclusos, quando iam fazer visitas, por dos guardas, que também estabelecimentos prisionais em exemplo em pacotes de chips nas são coniventes" Moçambique mostra que a polícia almofadas”, explica. e as instituições prisionais do país Tânia diz que os guardas tem violado sistematicamente os prisionais estão envolvidos com a direitos dos reclusos. prostituição no recinto prisional “os A pesquisa foi realizada pelo guardas têm exigido sexo às prisioneiras, em troca de comida, produtos de higiene, Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais, na entre outras necessidades, por vezes têm vindo homens cadeia feminina de Rex, na Penitenciária Industrial de de fora para se envolverem com as prisioneiras” Nampula, no Centro de Reclusão Feminina de Ndlavela e na Cadeia Civil de Maputo. acrescentou.
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Lentidão de projecto deixa famílias agastadas
"Não podemos sair sem ter a situação das outras casas resolvidas porque cada casa tem seu dono" - Marta Cassimo Famílias residentes na área abrangida pelo projecto de vedação do muro do cemitério de Lhanguene, reclamam da demora do processo de reassentamento por parte do Município de Maputo. “Esse projecto de sairmos daqui começou há muito tempo. Dizem que vamos sair daqui mas até hoje só vieram marcar as casas e nunca voltaram”, explicou Alda
AntónioBambo, chefe do quarterão 54. João Fernando, dono de uma das casas marcadas reclamou que “há 1 7 anos que fazem promessas de nos tirarem daqui, o sítio que estava reservado para nós no zimpeto e Marracuene já está ocupado”. Mesmo vivendo de promessas, as famílias esperam ansiosas pelo reassentamento, pelo facto de estarem
cansados de viverem apertados por formos a sair não vão resolver o falta de espaço para as crianças problema que se arrasta há três anos”, brincarem. “Queremos sair daqui explicou Marta Cassimo. porque vivemos apertados, vivemos Alguns moradores como Alberto três famílias no mesmo quintal de forma Mutana, de 21 anos de idade, têm o apertada e por falta de espaço as cemitério para alem de vizinho uma crianças saem vão brincar no cemitério, fonte de renda. não sabem o que tumulo”, lamentou "Sou vendedor de água no Alda António. cemitério a quatro anos, nasci em “Quando vamos sair não Gaza e vim à Maputo me hospedar sabemos, mas todos queremos sair em casa dos meus tios. Por mês daqui”, acrescentou Samuel Bambo, consigo com a venda de agua e a chefe do quarteirão limpar as campa ter um 55. orçamento de No quarteirão “Queremos sair quinhentos a mil 23, algumas famílias daqui porque vivemos meticais e com esse abrangidas pelo apertados, vivemos valor consigo sustentar reassentamento já três famílias no mesmo minha esposa" Contou saíram. A família quintal de forma Mutana. Cassimo que tem apertada e por falta de Quando quatro casas no espaço as crianças procurado o Conselho mesmo quintal diz que saem vão brincar no Municipal da cidade de não pode sair porque cemitério, Maputo, na pessoas do só atribuíram terreno a senhor Florentino duas casas, e dessas Ferreira, Director da uma já foi dada dinheiro para ser Salubridade de cemitério, foi nos construída no novo terreno no grande aconselhado a procurar o director do Maputo. Cemitério, que ate o fecho da emissão “ Não podemos sair sem ter a do jornal não se mostrou indisponível situação das outras casas resolvidas em recebera nossa equipa de porque cada casa tem seu dono. Se reportagem.
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Famílias são obrigadas a viver no cimtério por incumprimento de projecto
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Alunos pedem a revisão da norma que proíbe uso de celulares P Mariolina Ulisses
que os professores nos dão nas salas de aula. Desde a proibição, quando temos trabalhos que não encontramos assado um mês apos a no livro deixamos em branco a espera proibição de telemóveis nas do professor dar a resposta”, reclamou salas de aulas, alunos e Albertina. professores dizem que a medida é Carlota, aluna da Escola boa mas precisa ser revista porque Secundária Eduardo Mondlane, não tem implicações negativas para os compartilha da opinião. “Alguns alunos. colegas aproveitam as pesquisas que “A medida não foi uma sugestão fazem durante os trabalhos para entrar ou uma opinião que os alunos nas redes sociais, o que é mau, com consentiram a prior, mesmo para mim a medida os alunos vão criar hábito como professor foi difícil, mas cá de procurar os temas nos livros e funciona assim, se foi assim criar hábitos de aprovado cumpri-se” Carlota. "A medida é leitura”,Paradisse disse Dionísio Jafete, Dionísio Jafete o professor de física na positiva mas não problema não está no Escola Francisco temos internet na telefone mas sim no seu Manyanga. escola e nem mau uso. “Os nossos alunos No entanto, o sempre os livros devem ser chamados professor de Física vê têm informações " atenção sobre como usar o a medida implantada celular, fazer eles pelo ministério como perceberem o quanto o boa mas ‘e da opinião celular pode ser útil para a que deveria ser revista vida académica. Eles podem discutir devido as TIC’s. “Nos dias de hoje ciência a partir de investigações feitas trabalhamos muito com as Tecnologias no celular”, disse Jafete. de Informação, e falar das TIC’s implica Para além das TIC’s, alguns falar dos celulares que são usados alunos que dependem de transportes para aceder as bibliotecas virtuais”, escolares para voltarem para casa, disse Dionísio. dizem que se sentem prejudicados Albertina, aluna da Escola com o não uso de celulares nas salas Secundária Francisco Manyanga, é de aulas. da opinião que antes de o ministério Joque, aluno da Francisco introduzir medidas tinha que resolver Manyanga, entra as 7h e sai as 1 2h, problemas de internet, principalmente pelo facto do transporte ter que buscar em escolas secundárias. “A medida é outros alunos em outras escolas e positiva mas não temos internet na cumprir com o horário, por vezes escola e nem sempre os livros têm quando a aula demora ela é obrigada informações para realizarmos certos a apanhar “chapa” para chegar em trabalhos, o celular nos ajudava a casa. “Somos obrigados a desligar investigar e resolver alguns trabalhos ou a por o celular em silêncio total, e
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Alunos aprovam a proibição mas pedem a revisão da medida quando o transporte escolar chega o motorista liga ou manda mensagem quando não respondo ou não atendo ele vai embora pensando que não estou na escola”, lamentou Joque. Apesar de por vezes perder o transporte escolar, Joque acha a medida justa e acrescenta que “passamos a nos concentrar mais nas aulas”, disse a aluna. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano decretou a proibição do celular em salas de aulas para professores e alunos, no
entanto alguns alunos reclamam do não cumprimento por parte dos lecionadores. “ Acho injusto, porque nós como alunos somos obrigados a cumprir com a medida mas alguns professores ficam a mexer o celular na sala de aula”, questionou Sara, aluna da Escola Secundária Eduardo Mondlane. De acordo com directora nacional do Ensino Secundário, Samaria Tovela, citada pelo jornal notícias (9 de Fevereiro de 201 6), o aluno que for encontrado a manejar o celular na
sala de aulas sera retirado o aparelho até o final de ano. Xadreque, aluno do Eduardo Mondlane, não se viu prejudicado com a proibição. “A medida não afectou muito porque desde sempre que nos proibiam usar celulares na sala de aula” disse Xadreque. A medida anunciada durante abertura do ano lectivo 201 6, tem em vista a concentração do professor e do aluno nas matérias ligadas ao processo de ensino-aprendizagem.
Foto: MMO segunda, ligou para um outro motorista e pediu que ele levasse a criança para a casa. Maria João, nome fictício de uma fonte que não quis ser identificada, diz ter conhecimento da falta de compromisso dos motoristas, mas deixa os seus filhos nessas carrinhas por falta de opções. “O meu filho já foi esquecido por duas vezes e tive de buscá-lo. Não tirei as crianças das carrinhas porque vivo no Zimpeto e eles estudam na
cidade. Sou docente e com o meu horário, fica complicado levar e buscálos pessoalmente”. Os motoristas não assumem que tenhm passado pela situação de ir embora sem recolher todas as crianças. Mas admitem que o mesmo tem acontecido. “Por vezes tem alguns colegas meus que deixam crianças nas escolas, mas isso nunca aconteceu comigo. Transportar crianças não é tarefa fácil, é estressante e requer
muita paciência”, disse Eduardo António, motorista de transporte escolar. Afonso Solomone, carinhosamente chamado de doutor Afonso, aponta a falta de noção do tempo como o factor que faz com que muitas crianças percam as carrinhas no regresso à casa. Quando as aulas terminam cedo, estas distraem-se na brincadeira e não calculam a hora de ir ao ponto onde apanham o transporte. (Ilídia e Keite)
Transportes escolares não transmitem a segurança Nos horários de entradas e saídas das escolas, estas, ficam rodeadas de carrinhas que levam e buscam os alunos. Nos últimos anos, pais e encarregados de educação deixaram o transporte dos seus educandos sob responsabilidade das carrinhas escolares que levam as crianças de casa para a escola e da escola para a casa. Os motoristas transportam em média, 1 5 a 20 alunos por viagem.Se por um lado essas carrinhas transportam os alunos com “segurança”, na medida que estes não têm de passar por longas esperas nas paragens e enfrentar a crise de transportes, sobretudo na hora de ponta, por outro lado, essas mesmas carrinhas não são efectivamente seguras, visto que por vezes, alguns alunos são simplesmente “esquecidos” e devem permanecer nas escolas até que os encarregados os venham buscar. Ilídio Armando, professor e Director Pedagógico do curso nocturno da Escola Primária Filipe Samuel Magaia, referiu que várias vezes, os motoristas se esquecem de algumas crianças. Ilídio acrescenta que quando
isso acontece, fica numa situação complicada porque vê-se obrigado a procurar nos processos do curso diurno os contactos dos pais. Dércia Moisés, mãe e encarregada de educação de dois alunos, tirou dos motoristas das carrinhas a responsabilidade de transportar os filhos. “O meu filho mais velho já foi esquecido várias vezes e teve de aguardar por mim na escola o mais novo é malandro, por isso prefiro levá-lo pessoalmente”. Afonso Solomone, segurança da Escola Primária do Alto-Maé, conta que vezes sem conta teve de usar o crédito do seu telemóvel para contactar os pais dos alunos que haviam perdido as carrinhas ao regresso e algumas vezes, teve ele mesmo, de levar as crianças às suas casas. Isabel António, 1 5 anos, aluna da 1 0ª classe na Escola Secundária Eduardo Mondlane Xitchlango, vai à escola de carrinha e revelou que o seu motorista já se esqueceu de crianças por duas vezes. “A primeira vez que o motorista se esqueceu de uma criança, ligou para os pais para a irem buscar. A
ambiente 10 Lei da caça furtiva é mal aplicada em Moçambique MÍDIALAB
SEXTA-FEIRA - 1 9/03/201 6
A
Magda Mendoça
caça furtiva continua a devastar a fauna bravia, em Moçambique. Dados actuais mostram que a popula¬ção de elefantes reduziu metade, em cinco anos. Especialistas assumem que existem lacunas na implementação da lei da caça furtiva e consequentemente impactos para a economia do país. Segundo o biólogo Carlos Bento, há cinco anos existiam em Moçambique cerca de 20.000 elefantes e agora, 1 0.000. "É preciso que se tomem medidas para podermos recuperar populações em declínio e aquelas que já desapareceram", acrescentou Bento. Existem no país dois tipos de caca furtiva, a de subsistência e a comercial. Para o especialista, a caça furtiva comercial tem mais impactos negativos, de ordem socioeconómica, ecológica e cultural. Carlos Bento, disse que a caça furtiva leva a uma redução de efectivos da fauna que pode trazer consequências para a população das espécies envolvidas, interfere na função ecológica, e ainda nos cofres do estado, tomando em consideração que turistas que visitam o país pagam
uma taxa. "Caça furtiva é um roubo à sociedade, pois a fauna pertence a todos nós", desabafou. Culturalmente, o nosso interlocutor disse que as pessoas que se alimentam, por natureza, de carne de caça, ou usam algumas partes dos animais para curativos não terão esses produtos derivados da fauna se não forem tomadas medidas para interferir a caça furtiva. A pesca furtiva também se faz sentir no país. "Navios que aparecem clandestinamente, durante o dia, quando anoitece retiram várias espécies do mar". O governo ainda não sabe muito bem como controlar essa situação, apesar de ter alguns barcos, que não são suficientes, para patrulhar toda costa", declarou Carlos Bento. Sobre métodos que podiam ser implementados para atenuar este fenómeno, Carlos sugere que o governo adopte ferramentas recentes em termos de tecnologias, como, por exemplo, drones, que podem voar durante mais de 24 horas, reportarem a situação da costa e enviarem a informação em tempo real. Em relação a fiscalização da caça furtiva, o especialista disse "temos
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É urgente o uso adequado da lei muitas leis bonitas mas a implementação é muito fraca. É preciso que se criem mecanismos de sensibilização da sociedade e dos legisladores para fazerem uso das leis. "Até as notas de dinheiro podem ter de passar por um processo, se a fauna desaparecer, pois não vamos poder continuar com imagens de animais que já não temos", observou Carlos Bento. A caça hoje é punida no país. "A
lei tem de ser objecto de uma revisão, pois é um pouco injusta e penaliza o caçador a favor do traficante" declarou Carlos Serra. Recorde-se que a lei prevê até 1 2 anos de prisão. Para Carlos Serra, jurista e ambientalista, o impacto é também ambiental. "A partir do momento em que o país perde um determinado conjunto de espécies, imediatamente assistimos a um declínio acentuado e um desequilíbrio de toda a cadeia",
afirmou o ambientalista. Sobre os impactos económicos, o ambientalista, como o especialista Carlos Bento, disse que a caça furtiva significa uma série de prejuízos na economia nacional. Mas deve-se perceber que a mesma está directamente associada à comercialização, ao tráfico e a exportação ilegal. "E na cadeia de valores quem mais ganha é quem se beneficia do negócio ilegal, quem está
Lixo preocupa a Associação Amigos de Katembe
Foto: Inocêncio Albino - Praia da Katembe
A praia de Katembe, na Província de Maputo continua suja, mesmo depois de iniciativas de recolha de lixo estarem a ser realizadas por associações como a Amigos da Katembe, que tentam garantir a limpeza da praia e sensibilizar os moradores sobre o impacto ambiental se continuarem a deitar lixo na areia da praia ou em outros locais não indicados como depósito. “Apesar de colocarem os tambores de lixo na praia, as pessoas continuam a deitar lixo na areia da praia e, isso faz com que as iniciativas de recolha de lixo não sejam efectivas”, declarou Francisco Gomes, morador e membro da Associação Amigos da Katembe. Francisco contou que depois
dos membros da Amigos da Katembe limparem a praia, às segundas-feiras, as pessoas continuam a sujar a praia durante os outros dias da semana, e principalmente no fim-de-semana seguinte, sábados e domingos. “As pessoas deitam lixo como garrafas, latas e plásticos na areia quando vêm passear na praia, aos sábados e domingos principalmente, e nunca recolhem seu lixo nem mesmo jogam nos caixotes que estão na praia”, explicou. Quando questionado se até agora as iniciativas estão a falhar e sobre o que as faz falhar, o activista respondeu que estas falham por falta de uma educação cívica dos cidadãos sobre os cuidados com o meio ambiente, e por falta de fiscais
O ambiente deve ser protegido
Exportação ilegal causa prejuízo
Madereiros desobedecem lei
EL Niño reduz intensidade méados
A questão do ambiente é bastante sensível e não tem merecido a devida atenção, diz Fátima Mimbire, coordenadora de pesquisa para a indústria extractiva, no Centro de Integridade Pública.Para ultrapassar, ela sugere mais trabalho para educar as comunidades e outros interessados sobre as questões ambientais. Tal deverá realçar “a importância da participação activa de todos na
Madeireiros, que operam no território nacional, usam documentação falsa. Por exemplo, a madeira cortada na província de Tete é declarada como proveniente da Zâmbia para influenciar a redução das taxas de exportação. As falsas declarações de proveniência devem-se as condições inadequadas de transporte da madeira.
Desde um de Janeiro é proibido explorar o pau-ferro no país, porém vários camiões foram apreendidos contendo esta espécie. O pau-ferro, a espécie de madeira mais comprada pelos chineses, e está a escassear na Zambezia. Distritos que outrora foram verdadeiros repositórios de repente ficaram sem aquela espécie. Devido à pressão do merca¬do, alguns operadores invadem o último reduto
Cientistas da Organização Meteorológica Mundial concluíram que o El Niño já passou pelo seu pico, mas que apesar disso continuará a ser um fenómeno forte que influencia o clima, como a seca que fustiga o Sul de Moçambique.As temperaturas da superfície do oceano "passaram dos 2 graus Celsius", confirmando que o El Niño registado entre 201 5 e 201 6 foi um dos mais fortes já vistos.
de limpeza nas praias. Porém, Gomes acredita que a limpeza na praia da Katembe melhorou em relação há uns anos atrás, e afirmou que os resultados definitivos levam tempo a serem observados. “Como disse antes, ainda falta a educação cívica ser observada”, enfatizou. Ele contou que o lixo recolhido na Katembe é usado como material reciclável por algumas empresas parceiras às associações responsáveis por campanhas de recolha de lixo nas praias. E exortou a imprensa a escrever mais artigos sobre a preservação do meio ambiente da Katembe, como forma de educar a sociedade para manter as praias limpas. (Keite Braquinho)
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curiosidade
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Índia ocupa primeiro lugar em selfies perigosas Cada vez mais pessoas morrem a fazer selfies que atentam a vida e Índia é líder nessa lista A moda de tirar selfies nos lugares mais perigosos do mundo (em cima de torres, perto de animais selvagens) não tem vez na cidade de Mumbai, na Índia. O governo de lá proibiu a prática de selfies em 1 6 lugares da cidade. E nem adianta tentar esconder a câmera e tirar a foto escondido - qualquer um que pisar nesses pontos proibidos corre o risco de receber uma multa equivalente a R$ 70. Tanta preocupação se deve ao alto índice de acidentes causados por tentativas frustradas de tirar esse tipo de foto. No mundo, há registro de 49 mortes relacionadas a selfies desde 201 4 - das quais 1 9 aconteceram na Índia. Um dos últimos casos
aconteceu em janeiro, quando uma jovem de 1 8 anos despencou do topo de uma pedra e caiu no mar. Outra pessoa se jogou na água para tentar salvá-la, em vão, os dois morreram afogados. A polícia deve colocar placas alertando sobre a proibição em alguns lugares turísticos, como nos fortes Sion e Worli, e em Bandra Bandstand (orla da praia de Mumbai, na foto abaixo).Outros países também andam preocupados com selfies perigosas. Algumas cidades do Japão baniram fotos nas estações de trem. A Rússia começou uma campanha para avisar sobre os perigos dessas selfies, com a lista dos mais perigosos lugares, como topos de
Café é antidepressivo, e os cientistas descobriram o por quê! Um estudo divulgado na Revista PNAS, realizado por cientistas do mundo todo, revelou que o café é antidepressivo e mostrou o por quê. Estudos anteriores já relataram que o stress pode ser um dos responsáveis por alguns transtornos psiquiátricos, em especial a depressão. Também já tinham observado que em períodos de stress, muitas pessoas tendem a aumentar o consumo de café e que a incidência da depressão, incluindo o risco de suicídio, são inversamente proporcionais ao do consumo de cafeína. Os pesquisadores já imaginavam que o café podia ter um efeito preventivo para evitar a depressão ocasionada pelo stress. O que não se sabia até então era como o café exercia esse efeito. Quando a cafeína é ingerida, os principais alvos dela no cérebro são os receptores de adenosina A2A e o
Foto tirada numa torre
Facebook terá mais mortos do que vivos em 2098 Até o fim deste século, o facebook vai se tornar um cemitério digital, segundo a previsão de um pesquisador dos Estados Unidos, Hachem Sadikki, doutorando em estatística na Universidade de Massachusetts. Em 2098, a rede social, com mais de 1 ,5 bilhão de usuários hoje, terá mais perfis de pessoas mortas do que de vivas, afirma ele. A Previsão do pesquisador consultado pela plataforma online Fusion parte do pressuposto de que o crescimento da rede social vai
estagnar e que todos os perfis serão transformados em memoriais. Ele se baseou em dados demográficos e o facebook. O modelo estatístico também parte da hipótese de que, em breve, o crescimento da rede social vai estagnar. Hoje, mais de 60% dos usuários do Facebook têm menos de 35 anos, e menos de 5% têm mais de 65. Se o crescimento global da rede realmente estagnar, ou se ela perder apelo entre os jovens, o número de mortos com perfil na plataforma poderá superar o de vivos antes mesmo do
fim do século. De acordo com o blog Digital Beyond, 972 mil usuários do Facebook nos EUA vão morrer somente neste ano. Quando adeptos da rede morrem, seus perfis podem ser transformados num memorial por seus familiares e amigos, permitindo que eles compartilhem memórias na timeline do falecido. "A transformação de uma conta em memorial também ajuda a protegê-la, impedindo que pessoas se conectem a ela", diz a central de ajuda do facebook em português.
foco dos cientistas foi observar esses receptores mais de perto. Os receptores A2A encontramse na membrana exterior das células e têm a missão de transmitir mensagens para o interior delas, além de regular neurotransmissores importantes como o glutamato (envolvido na memória) e a dopamina (envolvida nas emoções). Quando a cafeína se fixa nesses receptores, deixa-os inativos. Para comprovar o papel destes receptores no stress e na depressão, os pesquisadores realizaram uma série de experimentos com ratos que sofriam de stress crônico. Os resultados revelaram que as consequências mais prejudiciais do stress podem ser prevenidas de várias maneiras distintas, mas todas têm em comum o bloqueio dos receptores A2A. Por exemplo, ratos transgênicos que não têm os receptores A2A em suas células não chegam a
desenvolver depressão como sequela do stress. Ao mesmo tempo, os ratos tratados com medicamentos que bloqueiam os receptores A2A e os ratos que tomaram cafeína diluída na água, também não desenvolveram depressão. “Estes resultados sugerem que os receptores A2A têm um papel central no controle do transtorno de humor”, concluiu o coordenador do estudo da Universidade de Coimbra (Portugal), Rodrigo Cunha, em entrevista à Revista PNAS. Ele também afirma que “as drogas que bloqueiam esses receptores podem ser uma estratégia para lidar com o impacto negativo do estresse crônico.” Além de comprovar que o café é antidepressivo, o estudo certificou mais um efeito benéfico do café, que já é considerado cientificamente importante para a redução do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, cálculos biliares, cirrose hepática ou perda de memória com a idade.
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entrevista
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
"Quero implementar código de conduta nos Mambas"- disse Abel
"Não vim tirar lugar de ninguém" - Abel Xavier
O
novo seleccionador dos MAMBAS Abel Xavier, é responsável da selecção "A" e de sub-23, com contrato de dois anos. O técnico luso-moçambicano chegou e já fala das alterações que pretende fazer selecção nacional, de modo a ter uma equipa coesa e vencedora. O antigo defesa da selecção portuguesa, teve o primeiro teste com os jogadores dno campeonato interno, com objectivo de observar e mostrar seu modelo de trabalho.
MíDIALAB - Teve o primeiro treino com jogadores do moçambola, que observações tirou? Abel XavierPrimeiro tivemos que visitar os clubes que jogam no Moçambola, para saber
como trabalham, e conhecer os jogadores. Era fundamental para a proximação da Federação Moçambicana de Futebol aos clubes. Vamos continuar fazer acompanhamento dos atletas nos clubes, pois o trabalho da selecção é muito curto.
crescer profissionalmente.
ML - Durante o estágio de uma semana quais foram as exigências?
AX-Exigimos aos jogadores, maior entrega, no novo modelo de trabalho. Estamos a iniciar novo desafio, portanto isso requerer a ML - Que observações tirou compreensão. Foi uma semana que réportamos aos jogadores as regras no primeiro treino? AX- tivemos oportunidade de que deve ser implementadas, de modo conhecer os atletas numa data não ter equipa coesa, com valores morais FIFA, em que os clubes não tem para se tornar mais competitiva. responsabilidade de despensar seus jogadores. O estágio que na pratica ML - Durante o estágio, deu para tirar muitas informações houve ausência de algens sobre a qualidade dos jogadores. jogadores seleccionados o Neste encontro dei a conhecer as que aconteceu? mudanças que vão aparecer, caso de AX-Respeito a gestão dos clubes, código de conduta por parte dos atletas nivel de trabalho profissional. dos seus objectivos domésticos, onde Na comunicação social, os atletas estão na pré-época para o inicio do deve saber quando e como dar moçambola e a Liga Desportiva de entrevistas. Em linhas gerais o estágio Maputo e Ferroviário de Maputo , para foi produtivo, porque foi uma logística prepara se para as afrotaças, mas bem implementada no diz respeito as com tempo, houve aumento dos atletas que foi bom para trabalho como estava tarefas dadas. previsto. Falei com os presidente do Maxaquene, da Liga e do Ferroviário ML - Como avalia os de Maputo, para imformar da jogodores importância deste estágio. internos? AX-Existe talento, apesar de ML - Que grupo pensa que ter cons tatado problemas tem? AX-É um grupo novo, com tacticos, que vem desde a formação.Vamos avaliar o despenho ambição, estamos criar uma equipa de forma a melhorar, mesmo sabendo ganhadora. Devemos deixar de pensar que na selecção, os atletas tem pouco que teoricamente somos uma selecção tempo na selecção, assim poderá fraca que os outros, devemos nos
posicionar de forma organizada para puder olhar o adversário, olho a olho sem receio. ML-Falou da implementação do código de conduta, como pretende introduzir ? AX-O jogador faz aquilo que deixamos de fazer, o mesmo obedece regras e devem ser cumprimidas num grupo de trabalho. Para alcancer os objectivos traçados, comprir regras no seio do trabalho. Mesmo antes de ser técnico da selecção acompanhava, o que acontecia no grupo, não havia códigos de condutas, por isso, há necessidade melhorar as condições dos atletas.
ML-Como será feito o acompanhamento dos atletas que jogam fora? AX-Temos plataformas informáticas para acompanhar a evolução dos atletas, quantos jogos já realizaram. Outro meio é contacto com técnicos dos clubes que jogam, para ter mais informação.
Operação Ghana ML-Os MAMBAS ainda têm chances de se qualificar para CAN-201 7?
AX-Enquanto houver jogos iremos lutar pela qualificação, portanto ML - Caso um jogador seja matemáticamente ainda temos convocado e nao pareça, possibilidades de qualificar, pois em que medidas vai tomar? cada grupo duas selecções são AX-Vou procurar entender o qualificados. motivo da sua ausência, mas o atleta por respeito deve comunicar por ML-Em relação a logística escrito a equipa técnica. Não vou da operação Ghana, como aceitar falta de respeito e está sendo feita? responsabilidade no grupo, e caso verficar, terá uma sanção. AX-No domingo (20.03), termina a segunda jornada do Moçambola, e ML-Como pretende outros campeonatos dos jogadores acompanhar os atletas que jogam fora. Na segunda-feira (21 ) seleccionaveis e como viajamos para Ghana-Acra, onde nos irá trabalhar? juntaremos aos jogadores que actuam fora, para estagiar durante tres dias. AX-Vamos criar um ficheiro dos Não podemos perder tempo ao longo jogadores e novos talentos de sub da viagem, deve haver descanso, e o 23 que futuramente possa representar jogo é na quinta-feira (24.03). E depois selecção ''A''. Com objectivo de saber vamos receber a selecção do Ghana a sua evolução nos seus clubes, onde em Maputo no Estádio Nacional do vou análisar e tomar decisões. Zimpto.
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
economia
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Juros da dívida EMATUM aumenta para1 3,5%
A
queda dos preços das matérias-primas e o aumento da dívida pública contribuíram para aumentar as taxas de juros que Moçambique tem de pagar pela nova dívida. Inicialmente os juros eram de 6%. Porém, até fevereiro último subiram para 1 3,5%, no mercado secundário de acordo com a agência Bloomberg. O negócio da EMATUM feito pelo Governo moçambicano prejudicou a imagem do país no mercado financeiro internacional. O pagamento de mais uma tranche da dívida está à porta e ninguém sabe
de onde virão os fundos. Sem a degradação da taxa de juro, o pagamento já era uma "ginástica" para o Governo moçambicano, uma vez que o orçamento é deficitário. Por isso, numa altura em que a economia está em baixo, com a forte desvalorização do metical e a queda dos preços das matérias-primas, das quais a economia depende muito, a dívida do Orçamento de Estado, "aumenta significativamente" e isso em várias implicações, afirma o economista Nuno Castel-Branco.
Uma delas é "a redução da capacidade do Estado de prosseguir com políticas económicas mais amplas", porque "esse dinheiro tem de vir de algum lado", explica. O especialista prevê cortes na educação na saúde, no desporto, na proteção social, na infraestrutura social, para que haja dinheiro disponível para a EMATUM. "A EMATUM não está a produzir e os barcos estão enferrujados", lembra ainda. Dívidas para pagar dívidas A segunda implicação é que o Estado tem de recorrer a mais
Seca afecta comércio na província de Maputo
Grossista regista escassez de produtos
endividamento público para fazer face à situação, acrescenta o economista. É um endividamento comercial, o que significa que é caro, tanto os juros são altos, como os períodos de pagamento são curtos. Isso está a transformar-se numa espiral com contornos preocupantes. Economista Nuno Castel-Branco fala em "armadilhas de dívidas" "Estamos a começar a entrar em armadilhas de dívidas", alerta Castel-Branco. "Estamos a contrair dívida para pagar dívida, passamos essa dívida um bocadinho mais para Mercado grossista do Zimpeto está com défice produtos de necessidade básica. Os vendedores estão dificuldades para adquirir tomate, batata e cebola devido a seca que está a afetar a Africa Austral. As quantidades de produtos que que estão a entrar no mercado abaixo da metade do que é necessário. Antes da crise o mercado recebia 1 5 camiões de batata com a capacidade de 1 000 sacos cada, por dia. Atualmente recebe uma média de dois camiões de batata por dia. Dos 25 camiões de tomate que são necessários diariamente, apenas chegam 1 0 por dia. A cebola está mais escassa, o mercado fica até 3 dias sem receber. Esta situação está influenciar na subida dos preços. A cebola que custava 1 70 a 1 90 meticais o sacão de 1 0 kilos no princípio do ano agora custa 200 a 260 meticais. O preço do tomate que em janeiro era de 200 a 350 meticais agora varia entre os 350 a 550 meticais. De acordo com administrador do mercado, Moises Covane, os produtos vendidos no mercado grossista do Zimpeto são importados da vinha África do Sul, uma vez que o agricultores nacionais não estão a produzir. E só daqui a três meses poderão ter tomate, se chover. Os produtos vendidos no Zimpeto eram adquiridos em Mpumalanga
o futuro, provavelmente com juros mais altos, para pagar a dívida corrente." A terceira consequência é a cotação negativa de Moçambique no mercado financeiro internacional, finaliza o especialista, lembrando que a dívida pública cresceu meteoricamente nos últimos dez anos. Nuno Castel-Branco alerta que o país está a fazer grandes investimentos em infraestruturas para grandes recursos minerais, como o gás por exemplo, que vão hipoteticamente começar a render só daqui a 1 0 ou 1 5 anoss O MDM decidiu então usar uma prorrogativa regimental do Parlamento. Enviou um ofício à EMATUM, em junho do ano passado, e este ano voltou a fazê-lo, a pedir mais informação, documentação sobre a empresa e estudos de viabilidade. "A EMATUM simplesmente recusou-se a conceder os documentos exigidos", contou à DW África o deputado Fernando Bismark. "A alegação para nos negarem esse direito é que é uma empresa de direito privado. Mas há fundos do Estado", lembra o parlamentar do MDM. A recusa representa uma violação o regimento do Parlamento, já que os deputados têm a prorrogativa de fiscalizar instituições com participação financeira do Estado. É o caso da EMATUM, que é participada pela SISE, a polícia secreta moçambicana, e pelo Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE). Por isso, o MDM já está a efetuar diligências junto da Procuradoria-Geral da República.
Fonte: DW província da África do Sul que faz fronteira com Moçambique, porem esta zona não está a produzir devido à seca. Atualmente os comerciantes estão a viajar para as zonas interiores do país vizinho. O mercado grossista do Zimpeto abastece a zona a sul do país e alguns mercados da zona centro. De acordo com o Programa Mundial para a Alimentaçã (PMA), cerca de 1 4 milhões de pessoas passam fome devido à seca na África Austral pois grande parte da população é dependente da agricultura e para tal, depende das chuvas umas vez que não podem pagar sistemas de irrigação. A seca tem sido agravada pelo fenómeno climático “El Nino”, um aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico Oriental e Central, que ocorre a cada poucos anos, com efeitos em cascata ao redor do mundo. O "El Nino" normalmente tráz condições mais secas para a África Austral e as mais húmidas para Africas Oriental. As condições quentes e secas devem persistir no hemisfério sul até Abril ou Maio. As regiões de Mpumalanga, Limpopo, KwaZulu-Natal e Freestate estão particularmente afectadas por esta seca, com os solos áridos e os níveis das barragens abaixo do normal.
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economia
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
Preço de combustível mante-se elevado D Celeste Macuácua
esde o ano passado, Moçambique não observa mexidas no preço do barril de combustível, mas isso não se reflectiu nopreços de outros produtos. O preço de combustível não foi alterado mas continua elevado o que está a Influenciar na marcação de preços elevados para produtos de maior procura. O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheçe que se tem estado a registar uma recente queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais, mas no mercado nacional o preço se manteve elevado. De acordo com o economista Edson Arlindo Chilundzo, o preço do barril do petróleo e seus derivados manteve neste ano mas continua elevado.“Não há possivel justificação para subida dos preços. Esta situação está a afectar directamente o desenvolvimento do país”, afirmou Chilundzo.
Subida de preço favorece empresários
“A subida do preço do combustível é simplesmente uma forma de manter ou aumentar o nível de lucro por parte das organizações externas”, explicou Chilundzo, quando questionado sobre as possíveis razões que levam à marcação de preços elevados enquanto que no exterior o preço é baixo. Quando o valor da compra de combustivel sobe o preço dos outros bens e produtos automaticamente sobe, porque o transporte fica mais caro o que limita a carregamento de certos produtos. “Se por exemplo tratar-se de uma carga com pouca infraestrutura e que vai para o norte do país torna-se cmplicado devido aos custos. O transporte deve ser feito tendo em conta o retorno que virá para cubrir os gastos feitos pela compra de combustível”, esclareceu o economista. Não só o transporte particular mas também para a empresa.O custo
de qualquer tipo de serviço e produto sobe principalmente os de maior procura no mercado, uma vez que, a maior parte destes são importados. O FMI considera que a situação é resultado da ineficiência e mau direccionamento do sistema de importação de combustível por essa razão recomenda a Moçambique que proceda a reforma do sistema de importação e dos subsídios aos combustíveis. Por sua vez, o economista Chilundzo reitera que uma das formas de resolver o problema é “a criação de uma legislação do Governo que modere os preços de combustível em Moçabique. É certo que o Governo faz certos subsidios, mas deve limitar o poder de compra dos bancos e organizações externas. Deve também reduzir a dependência de importação de produtos externos, com destaque para o petróleo e seus derivados”, sugeriu.
Estima-se que 261 mil agricultores sejam afectados pelas estiagens, 11 % das áreas lavradas e semeadas durante a presente campanha agrícola em Moçambique foram dadas como perdidas.
Governo prevê défice de 81 % na produção de arroz para presente época Letícia Constantino O Conselho de Ministro anunciou na sua oitava sessão ordinária, realizada no dia 1 5 de Março, a redução de produção do arroz e do milho. Segundo Mouzinho Saide para este ano prevê-se défice na produção do arroz na ordem de 81 %, e espera se uma produção de 66 mil toneladas contra a necessidade de consumo de 243 mil toneladas. Em relação ao milho na ordem dos 7%, o país visa alcançar uma produção de 1 46 mil toneladas contra um consumo estimado na ordem de 462 mil toneladas. Numa época em que o país tem registado a pior seca nos últimos trinta anos, o presente ano hidrológico da região Sul do país é atípico pois, os escoamentos situam-se muito abaixo do ano médio secos de 1 991 e1 992 e de 1 997 e 1 998, quando se registou o fenómeno denominado El-Nino.
A situação está a causar insegurança alimentar nas províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Manica e Tete. A nível nacional a seca afectou 269.1 90 pessoas De acordo com o porta-voz do governo, Mouzinho Saide, nos primeiros quinze dias de Março foram distribuídas 1 .91 0 toneladas de alimentos, e prevê-se distribuir na próxima quinzena 1 .1 65 toneladas. Estima-se que 261 mil agricultores sejam afectados pelas estiagens, 11 % das áreas lavradas e semeadas durante a presente campanha agrícola em Moçambique foram dadas como perdidas. Segundo relatório do Gabinete da Coordenadora Residente das Nações Unidas em Moçambique, 380 mil pessoas precisam de assistência devido à seca, consta do relatório a informação de que 1 ,8 milhão de pessoas podem precisar de assistência no período compreendido
entre Março e a próxima estação das chuvas. A avaliação foi feita pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutrição, Setsan. O Plano de Contingência 201 5/201 6 está orçado em cerca de US$ 1 2,9 milhões para responder às necessidades imediatas que possam surgir devido a inundações, secas e ventos fortes. Na ocasião, o porta-voz anuncio que o Governo aprovou o Decreto que aprova o Regulamento da Fortificação de Alimentos. O regulamento visa definir o regime jurídico de fortificação de alimentos a nível industrial, nomeadamente na farinha de trigo, de milho, no óleo alimentar, açúcar e sal, com micro - nutrientes (PREMIX). Com este regime, procura-se garantir a maior oferta de produtos com qualidade deseja, a preços acessíveis e sensibilidade ao consumidor, promovendo a utilização de alimentos de alto valor nutritivo.
Porta-voz do Conselho de Ministros, Mousinho Saide
Moçambique vai registar apenas 5,2% do crescimento do PIB em 201 6 Economist Intelligence Unit (EIU) prevê o crescimento do PIB em apenas 5,2% para o corrente ano em Moçambique, contrariamente aos 7% previstos pelo governo do país e 6-6,5% previstos pelo FMI. Esta informação foi publicada pela agencia de informação “Lusa Mocambique” na edição da quartafeira, 1 6 de Março, através da Sapo Notícias. De acordo com os peritos da unidade de análise da revista britânica “The Economist” o baixo crescimento do PIB terá como consequência uma diminuição ainda maior na despesa pública, produção relativamente baixa no sector mineiro
e as consequências na produção agrícola do 'El Niño. A EIU diz ainda que, "as tensões entre o Governo e a Renamo, o principal partido da oposição, e os fracos esforços para melhorar a transparência orçamental vão dificultar as relações com os tradicionais parceiros do desenvolvimento, mas o Governo vai tomar passos suficientes para preservar o fluxo de ajudas externas". O crescimento em 5,2% em 201 6 é considerado o mais baixo do século XXI, mas a partir de 201 7 a 2020 vai chegar aos 6,8% influenciado pela indústria do carvão. De acordo com a EIU inflação está prevista para
1 0,3% ao longo deste ano, "impulsionada pelos efeitos da rápida depreciação da moeda no final do ano passado e pelo impacto negativo da seca nos preços dos alimentos" Entretanto o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) anunciou na semana finda que se espera para 201 6 uma inflação média anual de 5.6%, tendo já se começado a registar o aumento de preços em 2.24% no mês de fevereiro comparativamente à Janeiro, como resultado subida do preço de alimentos. A subida de preços dos produtos já se regista no Mercado grossista do Zimpeto justificada pela caída da produção agrícola interna que coloca o país numa situação de dependência das importações de alimentos a partir da África do Sul
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
economia
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Cortes de energia prejudicam empresários Ernesta Missage
O
s cortes de energia que afectam a cidade de Maputo estão a causar prejuízos financeiros para o sector empresarial. Os geradores quando colocados em funcionamento nos passeios provocam a poluição sonora e do ar. Estes soltam o dióxido de carbono que é prejudicial para a saúde das pessoas, causando doenças respiratórias. Quando há apagão na cidade é visível entre os passeios a presença de geradores em substituição da energia eléctrica. Os preços deste aparelho variam pela sua capacidade, chegando a custar um gerador da marca Power ZH 2800 a treze mil novecentos e setenta meticais, um gerador da narca Power ZH 3800 a dezanove mil oitocentos e cinquenta meticais e um gerador marca Ecco Diesel DC 70000 a setenta e cinco mil meticais. Para Gany Faruk, gerente da HI-FI METALEX, uma empresa que se destina a venda de geradores e electrodomésticos, os preços dos geradores tendem a subir por causa da inflação do dólar e esta subida regista-se desde o ano passado. “O aumento do preço dos geradores sobe a cada importação, mas mesmo assim a procura é maior. Os nossos clientes são empresas e pessoas singulares que usam os geradores como a segunda opção” disse Faruk. Momade Suadique Momade, um outro gestor da empresa SENSYS POWER, que caracteriza os seus clientes como pessoas colectivas, isto é, a sua empresa tem como compradores de gerador construtoras e indústrias transformadoras, como por exemplo Soares da Costa e
Cimentos de Moçambique. A empresa SENSYS POWER vende um gerador da marca TEKSAN GENERATOR a onze mil oitocentos e trinta e três dólares americanos. Momade diz que este tipo de gerador tem a capacidade de abastecer energia para um edifício de nove andares, daí que a sua manutenção é mais cara. A maior parte dos geradores referidos anteriormente funcionam a gasolina, onde um litro desse líquido chega a custar 47.52 meticais. E para um gerador que funciona à diesel um litro deste chega a custar 38.61 meticais. Fazendo uma comparação de um gerador à gasolina com um à diesel, o que sai mais caro na sua compra e sua manutenção é o gerador à gasolina. A subida de preços de geradores, e a compra da gasolina e diesel para abastecer os aparelhos causam prejuízos na gestão financeira da empresa GNG Jeans. Momade Ambasse, gerente da GNG Jeans, uma empresa de vestuários e de Cortes de energia tem sido sistemáticos calçados, disse que os apagões são sempre em equipar as frequentes chegando a atingir três mais um acréscimo para as nossas pautamos nossas instalações” afirmou contas e ainda por cima chegam as cortes por semana, facto que não Lamberque. facturas de energia” observou Momade justifica a sua empresa pagar uma Diferente da empresa Soares da factura de energia no valor de sete Ambasse. Costa, que tem um valor disponível Para empresas como a Soares mil meticais por mês. O gerente lembra para cobrir alguns dos prejuízos, que compraram o gerador da marca da Costa, os prejuízos financeiros não Sandra Belchior, do departamento de TIGER à gasolina, em Setembro do constituem obstáculos para o seu Marketing e Comunicação da Austral ano passado quando iniciaram os funcionamento, pois segundo o Seguros S.A, uma seguradora que se financeiro da empresa Rui Lamberque, cortes. “Compramos o nosso gerador destina a cobrir todos os riscos de a construtura tem um valor extra para a quinze mil meticais no ano passado perda ou danos, disse que a sede da este tipo de prejuízos. “Nós temos um quando iniciaram os cortes de energia” Austral na zona da Sommerschield fundo para este tipo de eventualidade recorda. Ambasse acrescentou que tido cortes de energia, das 8h00 “Quando recorremos para o uso do e muito antes dos cortes de energia tem às 1 0h00 por dia. Segundo Sandra, gerador gastamos mil meticais por dia terem iniciado já tinhamos o nosso os cortes têm prejudicado bastante na compra da gasolina. Este gasto é gerador. Por sermos uma construtura
nas actividades da empresa e confessa que a compra de gerador não constava da verba da seguradora. “Com os cortes frequentes de energia fomos obrigados a requisitar um gerador para garantir o funcionamento da empresa quando houver o apagão” disse. Em entrevista para o jornal “O País” Luís Amado, director da Distribuição da EDM explicou que sobre a avaria estão a ser montados transformadores adicionais que vão permitir, até Maio, recuperar 50% da produção na subestação da Matola.
Discórdia entre o Governo e Anadarko atrasa investimento na bacia do Rovuma Sérgio Mossela
(C) Infodiário
Anadarko não submeteu, ao Governo moçambicano, o Plano de Desenvolvimento de Gás Natural Liquefeito (LNG), para as áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma. O investimento previsto para 201 6, poderá não ser implementado no ano em curso, visto que o processo de análise e aprovação do Governo, em média, dura doze meses. Na edição número 20/201 6 do relatório do Centro de Integridade Pública (CIP), Adriano Nuvunga, Director Geral, explica que a demora deve-se a dificuldades nos aspectos legais e contratuais, facto que contribui para uma situação de ‘paragem’ não oficialmente anunciada. “Isto significa que não haverá investimento com impacto directo em Moçambique da Anadarko, em 201 6”, acrescenta Nuvunga. Citado pela Uol economia, John Peffer, gerente da Anadarko, disse que é preciso finalizar questões jurídicas, como as concessões marítimas que determinam a
propriedade de exportação projectado na província de Cabo Delgado, e concluir contractos de compra antes de tomar uma decisão de investimento final. "A chave é terminar a estrutura jurídica e contratual o mais rápido possível, porque esse elemento é fundamental para dar solidez ao projecto e assegurar um valor económico a longo prazo", concluiu Peffer. O acordo entre o Governo e Anadarko foi aprovado pelo DecretoLei 2/201 4, de 2 de Dezembro, onde estabelece a alocação de gás para o mercado nacional, incluindo a participação do Estado através da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), a concessão do Porto de Palma e comercialização do gás por parte da ENH. Para o mercado doméstico prevê a alocação de um total de 1 00 milhões de pés cúblicos de gás natural por dia (1 00 MMcf /d), sendo que para a fase inicial serão alocados cerca de 50.
O acordo sobre o financiamento da participação do Estado e a ENH está avaliado em 2.250 milhões de dólares. Enquanto isso, sobre a Concessão do Porto de Palma, à luz do decreto-lei, o Governo atribui à Anadarko uma parte da área geográfica concedida à empresa Portos de Cabo Delgado, para a instalação de descarga de materiais e de um terminal marítimo de LNG. Portanto, a área do Porto de Palma será parte da área concessionada à multinacional, na qual tem direitos exclusivos de acesso e operação pelo tempo de duração do projecto. A companhia petrolífera norteamericana, Anadarko, investiu em Moçambique, até ao momento, cerca de três biliões de dólares norteamericanos para a realização de pesquisa e produção de hidrocarbonetos na “área 1 ” da bacia do Rovuma, no norte do país, iniciadas em 201 0.
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desporto
Já existem convocados contra Gana Abdul Remane
O
selecionador nacional anunciou na quarta-feira (1 6) os nomes dos 20 jogadores convocados para o duplo confronto com o Gana (o primeiro a 23 de março em Acra, o segundo três dias depois, em Maputo), de qualificação para a fase final do Campeonato Africano das Nações (CAN-201 7).
Os Mambas ocupam o último lugar do Grupo H, sem pontos conquistados, depois de ter sido derrotados diante do Ruanda e Ilhas Maurícias (derrotas por 0-1 ) nas duas primeiras jornadas. Convocados:
Guarda-redes: Soarito (Fer. Beira) e Guirrugo (Maxaquene) Defesas: Clésio (Panetolikos), Zainadine (Tianjin Teda), Jeitoso (Fer. Maputo), Edmilson (Fer. Maputo), Macuapel (UD Songo) e Lolo (Estrela Vermelha). Médios: Jair e Médijair (Fer. Maputo), Geraldo (Liga Desportiva), Simão Mate (Levante), Jumisse (1 .º de Agosto), Gildo (Fer. Beira), Geraldo (Liga Desportiva), Witi (Nacional), Renildo (Benfica) e Diogo (Fer. Maputo) Avançados: Sonito (Liga Desportiva), Domingues (Bidwest), Pelembe (Bloemfontein) e Isac (Maxaquene)
Simão Mate (Levante)
Selecção de Moçambique
Falta de financiamento dificulta preparação de jogos paraolímpicos Vinódia Janete Os atletas portadores de deficiência, que vão representar o país nos próximos jogos paraolímpicos, não treinam em melhores condições. Segundo a presidente do Comité Paraolímpico de Moçambique, Fárida Gulamo, o comité não dispoẽm de verba suficienente para mandar os atletas treinarem fora do país. “Os nossos atletas treinam internamente, o que de certo modo, abala as nossas expectativas em relação aos jogos. E não só, este constragimento financeira dificulta a preparação das nossas actividades”, disse Gulamo. Os jogoa terão lugar no Rio de Janeiro de 7 à 1 8 de Setembro. Gulamo diz que a sua equipa já enderençou por diversas vezes pedidos de patrocínio para a preparação e realização das actividades a diversas instituições mais até hoje todos os pedidos foram infelizes. A previsão é que participem 6 atletas, acompanhados de 4 guias nos jogos paraolímpicos do Rio, mas tudo irá depender dos resultados que serão obtidos na Tunísia no campeonato africano, que terá lugar no dia 20 de Abril. Trata-se de 6 jogadores nomeadamente, Guildo Zacarias na categoria de T-1 3, Hilário Chavela (T-1 2) e Lupita Gulambe (T11 ). Em femeninos, as seleccionadas são Denise das Dívidas (T-1 3) e Edmilsa Governo (T-1 3) e Maria Muchavo, na categoria de T-1 2. Vale
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
Júlio César determinado em ser opção frente ao Bayern
(C) Globo Images
Atletismo adaptado ressalvar que a participação dos jogadores na Tunísia é uma précondição para irem aos jogos paraolímpicos de Setembro. A categoria (T-1 3) diz respeito a provas para pessoas portadoras de deficiência visual que só conseguem ver imagens até uma distância de 50 metros. E a categoria (T-1 2) também diz respeito a atletas que sofrem de problemas visuais, mas neste caso só conseguem ver imagens até uma distância de 20 metros. Segundo a presidente do
Comité Paraolímpico de Moçambique, Maria Muchavo, uma das atletas femeninas, não se encontra bem de saúde neste momento. “Ela precisa ir a portugal para ser observadas por especialistas, e todo este processo envolve custos e neste momento o comité não dispoẽm de dinheiro suficiente e a ateleta precisa de ser reclassificada”, realçou Fárida. Apesar das dificuldades financeiras, os atletas nacionais de desporto adaptado e o treinador Francisco Faquir tem expectativas
posetivas em relação aos jogos na Tunísia e no Rio do Janeiro. Para estas duas missões, os atletas vem trabalhando na pista do Estádio Nacional do Zimpeto, sob as ordens do Faquir .Para Edmilsa Governo, uma das atletas que bateu o recorde africano e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Africanos, Campeonatos Africanos, e bronze nos mundiais que tiveram lugar, no Qatar em 201 5, diz estar preparada e tem esperança de ganhar no jogo de Abril e nos do Rio.
Júlio César, guarda-redes do Benfica que se lesionou no início do mês, está, segundo o jornal O Jogo, determinado em regressar à competição a tempo de defrontar o Bayern Munique, na segunda mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. O brasileiro tem cumprido sessões bidiárias de tratamento à rotura insercional do tendão do adutor direito, lesão contraída no dia antes de as 'águias' enfrente o Sporting. Na altura, ficou estipulado que o jogador ficaria parado seis semanas mas, segundo O Jogo, é viável que regresse à competição ainda antes da data prevista, sendo que o guardião gostaria de dar o seu contributo à equipa no encontro com os bávaros.
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
cultura
PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LAB
“Não temos apoio da comunicação social”
Ester Cumbane
Doglas Atchinis, secretário adjunto da Associação dos Músicos, (AM) revela a falta de apoio da imprensa moçambicana na divulgação do trabalho do artista em Moçambique. Em entrevista, Doglas Atchinis, revela que os órgão de comunicação social nunca responderam positivamente aos pedidos de cobertura, quando respondem não aparecem no evento. Sgundo Doglas, alguns elementos que trabalham na televisão que são responsáveis por programas de entretenimento, exigem dinheiro, “se você quer que a sua música ou vídeo passe tem que pagar,” e isso abrange também a rádio Moçambique, disse o Achinis, citando os músicos da (AM). Os músicos fazem queixas muitas vezes. “Segundo as informações por eles dadas, tem sido norma, isto é, acontece frequentemente, disse. “Não posso citar os programas por que são queixas, lamentações que a (AM) não pode confirmar, mas os músicos falam disso e cabe aos que são de direito investigar, frisou. O director adjunto acha que as queixas dos músicos podem constituir a verdade. “Pela experiencia que tenho como músico, quando assisto esses programas, na questiono me como é possível que certas músicas e vídeos passem por nossas televisões e rádios, deixa a desejar”, indignou se. Elisa Manhiça, produtora do programa atracões, diz que criou uma rubrica para os novos talentos, que passa às segundas-feira, mas revela que, não vão muito pelo conteúdo e sim pelo beat, esforço do artista que quer aparecer e o dinheiro que ele gastou. Ressalta ainda que, “deixamos passar por que avaliamos os custos que ele fez, um vídeo não se grava de borla”.
Bailarinos preocupados com a paz
CNCD continua a “batucar pela paz” A CNCD, lança oficialmente a temporada 201 6 a 01 de Abril próximo na capital do país, prevê-se que o espectáculo de abertura seja réplica do concerto musical realizado no enceramento da época passada 201 5, Sob o lema “batucar pela paz”. Neste momento decorrem os trabalhos preparatórios para o lançamento do evento. Lindo Ncuna, Chefe do Departamento de Produção e Marketing na CNCD, justificou a opção da escolha do lema da temporada passada para abrir a época 201 6. “A ideia de dar continuidade surge pelo facto de na ocasião passada termos dado apenas um show, batucar pela paz, durante o encerramento da temporada 201 5, e como só fizemos um espectáculo, achou-se por bem dar continuidade e isto é inédito, nunca repetimos o lema, cada evento tem o seu lema”, contou Ncuna. Prosseguindo, Ncuna, referenciou que a próxima temporada, “batucar pela paz”, terá início a 01 de Abril do presente ano. Entretanto, o chefe do departamento da CNCD adiantou ainda que a exibição da obra não servirá apenas para abrir o ano cultural daquele agrupamento, mas também para dar oportunidade a todos apreciadores da dança tipicamente nacional o espaço para
reviver, e, acima de tudo, uma chance para fazer apelos a manutenção da paz no país. A fonte garantiu ainda que nesta época far-se-á o retrato da música moçambicana, com principal enfoque para ritmos tradicionais de todo o país. “Espera-se percorrer todo Moçambique através das diferentes manifestações culturais em línguas locais. Contrariamente, as outras temporadas, nesta, vamos olhar para o país no seu todo”, afirmou. Em relação ao Dia Internacional da Dança que se celebra a 29 de Abril de cada ano, Ncuna adiantou que está previsto um sarau cultural para assinalar a data. “Está em preparação uma manifestação artística, além da música, dança e poesia, contamos com intercâmbio de vários grupos, workshops e apresentações de criações de coreógrafos da companhia, assim como de fora”, sublinhou. Entretanto, Lindo Ncuna, afirmou que a Companhia Nacional de Canto e Dança recebeu vários convites para actuar no estrangeiro, todavia faltam as confirmações. A título de exemplo, Ncuna, disse que está prevista uma actuação da CNCD em Botswana inserido no quadro das celebrações do dia da independência daquele país em Setembro do ano em curso. A CNCD, é um grupo cultural moçambicano, fundado em 1 979 cujo
objectivo é a investigação, preservação e difusão das manifestações artísticas e culturais, especialmente canto e dança, mas também a poesia, dos vários grupos éticos que compõem Moçambique. O grupo faz igualmente a promoção de eventos artísticos, apresentação de espectáculos públicos (dança tradicional, contemporânea e clássica) e dá aulas de dança nas escolas. “Batucar pela paz” é uma obra concebida pelos coreógrafos Abel Fumo e Maria José Gonçalves, a mesma surgiu por ocasião da celebração do dia das Forças Armada de Defesa de Moçambique (FADM) no ano passado. Ao repetir a obra a ideia continua ser a exaltação de forma artística nos feitos de Samora Machel, em reconhecimento ao papel crucial que desempenhou na luta de libertação do país do jugo colonial português. A Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) foi galardoada em 201 4, pelo seu contributo no processo de construção e engrandecimento do Estado moçambicano através da cultura. O galardão dado à CNCD faz parte das acções do Governo de valorizar os feitos de cidadãos nacionais, estrangeiros e ainda de instituições de reconhecido mérito.
(Hélder Massinga)
Moçambique celebra 1 0 anos de Francofonia Ilídia Alberto
Celebra-se a 20 de Março, o Dia Internacional da Francofonia. Esta, corresponde a comunidade linguística que envolve todas as pessoas francófonas, as que têm em comum a língua francesa. Moçambique tem actualmente um universo de mais de 250.000 falantes da língua francesa, resultado da introdução da disciplina na 9ª classe do ensino secundário geral. Moçambique tornou-se membro da Francofonia em 2006. Este é, portanto, o 1 0° ano em que o país se tornou parte desta comunidade. No
âmbito das comemorações, o Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) tem agendado para o dia 1 8 de Março, um concerto de solidariedade às vítimas das secas no sul do país. O concerto, da Banda Kakana, madrinha do evento, é organizado pelo CCFM em parceria com o Moza Banco, Cervejas de Moçambique e OXFAM. 1 00% das receitas do mesmo será reencaminhado para o apoio às vítimas das cheias, através da OXFAM, ONG vocacionada na busca de soluções para o problema da pobreza e injustiça, através de
campanhas e programas de desenvolvimento. As celebrações dos 1 0 anos de francofonia em Moçambique decorrerem de 1 4 à 30 de Março em todo o país. A cerimónia oficial de abertura decorreu em Quelimane, na Zambézia. Em Maputo, as festividades iniciam na sexta-feira, com o concerto de Solidariedade da Banda Kakana. Até o dia 30, estão previstos eventos como música, cinema, exposição, poesia, torneio desportivo e concursos e actividades culturais que se realizarão em escolas do país inteiro.
CantoraYolanda, madrinha do concerto de solidariedade
PRODUTO EXPERIMENTAL DOS ESTAGIÁRIOS DO MÍDIA LAB
Poeta usa redes sociais para promover livros
cultura
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MÍDIALAB SEXTAFEIRA 19/03/2016
Lucílio Manjate de 35 anos é um jovem escritor moçambicano e professor de Literatura Moçambicana e Literatura Geral Comparada na Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Este jovem escritor já conta com três obras publicadas: “Manifesto”, “O silêncio do narrador” e “O contador de palavras”. No ano de 2006, participou na 6ª edição do concurso de revelações literárias da TDM – Telecomunicações de Moçambique e venceu na modalidade de contos com a obra “Manifesto”. Igualmente no ano de 2008 participou no “Concurso Literário 1 0 de Novembro”, promovido pelo Conselho Municipal de Maputo em parceria com Associação dos Escritores Moçambicanos, onde conquistou o prémio na categoria de contos com o livro “ O silêncio do narrador”. Apresentamos a seguir a entrevista com o escritor.
Abdul Remane e Pedro Fumo Mídia Lab (ML) - Quais são as estratégias para poder levar as suas obras aos seus leitores?
L
ucílio Manjate (LM) - No campo literário, tenho trabalhado nas redes sociais na página do Facebook onde tenho estado a apresentar livros. Assim os meus amigos e todos que estão conectados a eles ficam a saber o que eu ando a ler, sobretudo obras de jovens estreantes.
ML - Existe algum debate acerca da digitalização do livro? LM - Não sei se existe um debate Sobre a digitalização do livro em Moçambique. Mas o poeta Stélio Inácio tem estado a trabalhar nas redes sociais. Creio que o livro digital em Moçambique ainda é um projecto. Penso ainda que os autores estão presos aos livros físicos. Nova geração
Esta situação ainda vai se prolongar por mais tempo. Mas creio que uma nova geração vai trazer mudanças neste campo, nós teremos que embarcar nesse barco. ML - O que está sendo feito? LM - Há editoras que disponibilizam partes de livros em Lucíclio Manjate, escritor moçambicano formato digital. É o caso da editora brasileira "Capulana", que tem livros Penso que as editoras não fazem anos, com novas geração de autores de escritor moçambicano como Pedro um trabalho de marketing apurado. que apresentam proposta de obras Lopes, que escreve literatura infantil. Os autores, por si, adotam estratégias com qualidade, hoje e sempre a crescer. O poeta Humberto Pedro é para promoção das obras. ML - Quais são as estratégias um jovem e representa a nova que para levar as suas obras aos Impacto das redes sociais geração. O poeta ganhou o prémio do seus leitores? A mais de dez anos era melhor livro 201 5 de poesia, o mesmo LM - As redes sociais são um impensável ter as salas cheias. Mas mereceu destaque no concurso canal muito importante. Geralmente, com o advento das novas plataformas, internacional "Glórias Santanas". O antes do lançamento dos meus livros já podemos interagir com o maior Humberto não é o único poeta da nova há um trabalho de divulgação que se número de leitores. E deste modo os geração que ganhou este prémio, faz sobre os meus livros. Publico convidamos para os encontros. Temos Adelino Timóteo terá sse destacado fotografias de lançamentos passados tido muita adesão! também. Isto prova que a literatura textos ou partes deles, assim consigo ML - Qual é a avaliação da moçambicana “goza de boa saúde”. atrair leitores para os eventos. Tenho literátura Moçambicana? Temos também instituições, como estado a mobilizar os meus estudantes LM - O estágio da literatura FUNDAC-Fundo de Desenvolvimento a ler as minhas obras e a participar moçambicana é muito bom, penso que Artístico e Cultural, que apoiam a dos saraus. A posição das editoras ainda vai continuar assim no próximos literatura sobretudo os novos
escritores. Existem jovens proactivos do Movimento Kupaluxa sediado no Centro Cultural Moçambique-Brasil que se tem beneficiado deste fundo.
ML - Qual é conselho que deixa para os jovens que pretende abraçar esta área? LM - O conselho que deixo, é o que já disseram os mais velhos. Os jovens devem ler com muita paixão, ter prazer de pegar um livro, esfolhálo, lê-lo num lugar tranquilo, de preferência sem grandes problemas da vida. Para quem quer escrever, deve ler com objectivo de descobrir fórmulas da escrita. Não se ensina a escrever!
A cantora Sheyla Mahoze optou por música ao vivo para se livrar das “soupinhas” Ester Cumbane
Sheyla Mahoze, cantora moçambicana, conta que passou muitas dificuldades no início da carreira, para promover o seu trabalho nos programas moçambicanos de entretenimento. Houve muita dificuldade e falta de credibilidade da parte dos apresentadores para merecer espaço e reconhecimento em programas de entretenimento. Era como se existisse um grupo certo de artistas que merecesse estar nesses programas. “Foi difícil me instalar no mercado artístico e foi difícil ainda ser reconhecida como cantora para merecer um espaço de antena. O meu manager, Davide Mahoze era sujeito a pedir muito aos produtores e apresentadores dos programas de TV e Rádio, a informação que tinha era que devia pagar. “Nalgumas vezes, mesmo depois de ter pago para participar no programa atracões,
o meu vídeo não passou”, facto que a cansou e decidiu deixar de depender desses programas recorrendo à música ao vivo. A cantora conta que o senário das “sopinhas” se repetia na TV assim como na Rádio “me considero infeliz nesse aspecto porque a minha música não toca na rádio”. Sheyla Mahoze é membro da Associação dos Músicos mas diz não usufruir dos ganhos porque ainda não se interessou em participar ativamente das atividades da associação, acrescentando que, também não está muita clara das mesmas. Elisa Manhiça, actual produtora do programa atracões, diz que criou uma rubrica para os novos talentos, que passa às segundas-feira, mas revela que, o critério de selecção não é ditado pelo conteúdo, mas sim pelo “beat”, esforço do artista que quer
aparecer e o dinheiro por ele investido na produção do vídeo. “Deixamos passar porque avaliamos os custos que ele fez, um vídeo não se grava de borla”, acrescentou. A produtora do programa atracões confessa que criou a rubrica para os novos talentos, justamente para eliminar as famosas “sopinhas” (dinheiro pago em troca da exibição do vídeo no programa) mas também, alega que foi para diminuir o nível de choque que existia entre os artistas emergentes e os de renome. A Elisa, em entrevista assumi que, “houve tempo que realmente as “sopinhas” existiam no programa atracões”, afirma ainda que, desde que assumiu o cargo de produtora do Atracões, as “sopinhas” acabaram porque mudou se a equipe toda de produção, acrescentando ainda que, essas praticas não eram feitas por uma pessoa, mas sim por uma rede.
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Moçambique regista baixo aproveitamento de águas partilhadas na região
“Se há cheias nós não temos como controlar o curso das águas no nosso território, mesmo quando há seca como agora, ficamos sem água para irrigação porque o caudal de Incomati por exemplo, baixou do nosso lado” - Sitoe
Patrício Manjate
M
oçambique partilha nove das 1 4 bacias hidrográficas da região da (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Em todos eles, o país situa-se à jusante, com exceção do rio Rovuma situado na região norte, fazendo fronteira com Tanzania. De acordo com Sitoe, a falta de infraestruturas suficientes de armazenamento de água nestes rios aumenta a vulnerabilidade e a dependência dos países à montante. “Se há cheias nós não temos como controlar o curso das águas no nosso território, mesmo quando há seca como agora, ficamos sem água para irrigação porque o caudal de Incomati por exemplo, baixou do nosso lado”, analisou. A situação mais grave vive-se na zona sul do país, devido à seca que assola esta região há quase um ano. “este ano estamos com dificuldades de acesso a água para abastecimento das populações e animais ao longo do rio Incomati”, confessou Sitoe, acrescentando que poderá haver negociações
com a parte sul-africaca para discutir esta questão. No mesmo rio Incomati, a África do Sul construiu 6 diques com capacidade de armazenamento de água suficiente para abastecer água para beber, agricultura e pastagem durante 4 anos sem chuva. Em Moçambique, o rio Incomati entra pela vila de Ressano Garcia, com uma áres de 46.200km2, dos quais somente 32% situam-se no território moçambicano, 6% na Swazilandia e os restantes 62% na África do Sul. Sobre o Incomati, o país beneficia-se da barragem de Corrumane, construída na década de 80, com o principal objectivo de garantir água para as regiões de médio e baixo Incomati. Entretanto, devido a menor capacidade de armazenamento (456m2), a barragem depende em larga escala do curso de água libertado a partir da barragem de Incomat na África do Sul. O abastecimento de água para alimentação nas zonas urbanas e rurais constitui ainda um desafio longe de ser
Milhões de brasileiros protestam e pedem a destituição de Dilma Cerca de 3 milhões de pessoas, segundo estimativa da polícia militar, manifestaramse neste domingo (1 3) contra a corrupção e as medidas económicas, anunciadas pelo executivo. Os protestantes pediam a destituição da Presidente da República Dilma Roussefe e a saída do Partido Trabalhista (PT) do poder. O acto foi o maior já registado no país, tendo superado as manifestações em 1 984, quando 400 mil pessoas clamavam pela volta da democracia e fim da ditadura militar. No centro das críticas estão os casos de corrupção envolvendo a petrolífera estatal, Petrobas em que nesse momento tem como alvo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, fundador e principal líder do PT, investigado pela operação “Lava Jato” e pelo Ministério
Público de São Paulo. A operação Lava “Jato” foi desencadeada pela polícia federal em Março de 201 4 e já vai na sua sétima fase. A operação investiga um sistema de lavagem e desvio de dinheiro na petrolífera estatal, que envolve quarenta e nove políticos e empresas de construção civil. A manifestação acontece num momento em que Dilma vive desde Dezembro ameaça de um impeachment impulsionado pela oposição no Congresso, que acusa seu governo de ter maquiado as contas públicas em 201 4, ano da sua reeleição. Para Sérgio Praça, cientista político da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, o protesto terá um impacto real sobre o processo de impeachment. “ O preço de apoiar agora este governo é muito oneroso, sublinhou Praça. (Orbai Nobre)
satisfeito, considerando as necessidades actuais do país. A agricultura, também ressentese da indisponibilidade de água, apesar do país possuir cerca de 40 milhões de hectares de terra arável.
Abastecimento de água e saneamento De acordo com política de distribuição de água vigente até 201 5, o governo só conseguiu abastecer a 6 milhões de habitantes, de um total de 9 milhões nas zonas urbanas. Nas zonas rurais, onde reside a maior parte da população moçambicana, de um total de 1 7 milhões de habitantes, o governo só conseguiu abastecer água para 5 milhões, o que corresponde a uma cobertura de 29%. O estudo realizado pela UNICEF, revela que desde 1 990, a cobertura total do saneamento aumentou para 21 %, mas a
disparidade entre a cobertura nas zonas urbanas e rurais continua grande: 44% nas zonas urbanas vs. 11 % nas zonas rurais. 40% das pessoas ainda praticam a defecação a céu aberto, tendo diminuído de 66% em 1 990. A falta de saneamento melhorado custa a Moçambique cerca de 4 biliões de Meticais por ano devido às mortes prematuras, custos médicos e perdas de produtividade.
Agricultura
De acordo com Adelson Rafael, docente e investigador, é triste contatar que a produção alimentar em moçambique depende mais das chuvas do que da irrigação, apesar de todo potencial existente. “Infelizmente a pobreza no nosso país está ligada à dependência da agricultura do sequeiro de subsistência”, analisou, frisando enquanto não chove a população passa fome, ou se de contrário são cheias. Para o académico, a irrigação pode constituir um factor determinante para aumentar a produtividade agrícola e segurança alimentar, pois ajuda a diversificar os rendimentos de pequenos agricultores e reduzir os riscos relacionados com a precipitação. Entretanto, a política nacional de irrigação indica que o potencial de irrigação em Moçambique é estimado em 3 072 000 hectares, mas dos 11 8 1 20 hectares equipados para efeito, apenas aproximadamente 40 000 hectares são actualmente irrigados. Estes resultados de acordo com Rafael, apontam para o fraco aproveitamento dos rios que atravessam ou desaguam no país. Indo mais fundo, o académico afirma que se esta situação prevalecer, o país poderá entrar em water stress que resulta de falta de fontes alternativas de água devido ao aumento de infraestruturas de armazenamento nos países à montante dos rios que entram em Moçambique. Moçambique partilha as Bacias dos Rios Maputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save, Búzi, Púnguè, Zambeze e Rovuma, com África do Sul, Swazilândia, Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi, Angola e Tanzânia.