ARTIGOS AFONSO CHABY ROSA NOVA YORK ANTÓNIO FERNANDES MONGÓLIA CARLA QUELHAS LAPA PORTUGAL CARLA SANTOS ITÁLIA - VENEZA CARLOS SANTOS SILVA MADEIRA - CARNAVAL ETÃ SOBAL COSTA BELÉM, A AMAZÓNIA PARAENSE JORGE JACINTO BRASIL – OS INDIOS PATAXÓ LUÍS LEAL CENTRO DA EUROPA LUÍS MATA ESPANHA - BILBAU PAULO ALEXANDRE CARVALHO SUIÇA PEDRO MARTINS GEOPARK NATURTEJO PEDRO MIGUEL LUXEMBURGO RUI NEVES MUNHOZ IRÃO SANDRA AGUIAR LONDRES
PHOCALISTAS ANA PAULA AMARAL ANTÓNIO LOPES ISABEL DANIEL JORGE MANUR COSTA MANUEL ROQUE ONÉSIMO COSTA PAULO PINTO GALERIA DE MEMBROS IMAGENS QUE INSPIRAM
CONVIDADO JOEL SANTOS FOTÓGRAFOS GIGI S TOLL JOÃ O V ICENTE MA GA LI TA ROU CA AL EX A NDRE COSTA AGOSTINHO MENDE S
Revista do grupo
Edição e Direção da Revista
phocal photovisions
Pedro Sarmento
www.facebook.com/groups/phocalphotovisions/ Contactos: Email: phocal.photovisions@gmail.com revista.phocal.photovisions@gmail.com Website http://phocal-photovisons.weebly.com/index.html
NÚMERO 15 - FEVEREIRO 2013 Curry
Editorial Pedro Sarmento
Colaboradores nesta Edição AFONSO CHABY ROSA ANTÓNIO FERNANDES CARLA QUELHAS LAPA CARLA SANTOS CARLOS SANTOS SILVA ETÃ SOBAL COSTA JORGE JACINTO LUÍS LEAL
Foto de capa:
LUÍS MATA PAULO ALEXANDRE CARVALHO PEDRO MARTINS
Magali Tarouca | Índia Canon EOS 60 D | Canon 55-250 mm Exif: F7.1 - 1/250 seg - ISO 500
CARLOS NETO DE CARVALHO PEDRO MIGUEL CARVALHO RUI NEVES MUNHOZ SANDRA AGUIAR ANA PAULA AMARAL ANTÓNIO LOPES ISABEL DANIEL JORGE MANUR COSTA MANUEL ROQUE ONÉSIMO COSTA PAULO PINTO VÍTOR TRIPOLOGOS ÓSCAR VALÉRIO HELENA TEIXEIRA GINA RODRIGUES MÁRIO MEDEIROS SANTOS FERNANDO COELHO
FOTÓGRAFOS GIGI S TOL L J OÃ O VIC EN T E MA GA L I TA R OU C A A L EX A N D R E C OSTA A GOST IN H O ME N D ES
CONVIDADO ESPECIAL JOEL SANTOS
Periodicidade mensal Distribuição On-line / PAPEL Impressão ÁREA GRÁFICA Nº Depósito Legal 350102/12 Tiragem 100 EXEMPLARES
sumário ARTIGOS AFONSO CHABY ROSA NOVA YORK
26
ANTÓNIO FERNANDES MONGÓLIA
30
CARLA QUELHAS LAPA VIAJAR EM PORTUGAL
32
CARLA SANTOS VENEZA
34
CARLOS SANTOS SILVA MADEIRA - CARNAVAL
38
ETÃ SOBAL COSTA BELÉM, A AMAZÓNIA PARAENSE
42
JORGE JACINTO BRASIL – OS INDIOS PATAXÓ
44
LUÍS LEAL VIAJAR AO CENTRO DA EUROPA
48
LUÍS MATA ESPANHA - BILBAU
52
PAULO ALEXANDRE CARVALHO SUIÇA
54
PEDRO MARTINS GEOPARK NATURTEJO
58
PEDRO MIGUEL CARVALHO LUXEMBURGO
60
RUI NEVES MUNHOZ IRÃO
62
SANDRA AGUIAR LONDRES
PEDRO SARMENTO
EDITORIAL
03
Galeria IMAGENS QUE INSPIRAM
04
PHOCALISTAS ANA PAULA AMARAL ANTÓNIO LOPES ISABEL DANIEL JORGE MANUR COSTA MANUEL ROQUE ONÉSIMO COSTA PAULO PINTO
08 10 12 14 16 18 20
CONVIDADO ESPECIAL JOEL SANTOS
64
FOTÓGRAFOS
02 | Phocal Phototovisions
MAGALI TAROUCA
70
AGOSTINHO MENDES
76
ALEXNADRE COSTA
82
JOÃO VICENTE
88
GIGI STOLL
94
Pedro Sarm ento | Parc Joan Miró - B arcelona | Pentax k 5 | Pe ntax 1 4 m m F2 ,8 | F1 1 I S O 8 0 1 5 S eg
22
editorial Pior que não terminar uma viagem é nunca partir - Amyr Klink A vida é uma viagem em constante movimento, pode até parecer que estamos sempre no mesmo sitio.... mas efetivamente nunca deixamos de nos movimentar quer através de deslocações planeadas, quer simplesmente através do pensamento. Viajar significa valorização, conhecimento e partilha de culturas. O importante numa viagem não é de onde partimos mas sim para onde vamos, seja viajando cá dentro......Portugal é uma beleza e muitos de nós não o conhecem, quer seja partindo á descoberta para o outro lado do Mundo. As possibilidades de viajar são imensas, então para quem como nós tem esta paixoneta por fotografia, mais ainda. A Europa está aqui tão perto, cidades como Barcelona, Paris, Londres, Amesterdão e Roma por exemplo, são para qualquer fotógrafo um saco sem fundo de possibilidades fotográficas. Em qualquer uma delas a cultura transborda a cada esquina e o urbanismo é riquíssimo. A chamada Europa de leste menos explorada, tem locais que vale a pena visitar e fotografar e até a preços interessantes. Por lá a cultura é muito rica e todas as cidades estão repletas de História que apetece devorar e registar em fotografia. África..... bem áfrica dizem tem um “cheiro” no ar que nunca mais nos larga, que África será sempre “a viagem da uma vida”. África são as gentes, as planícies, a vida selvagem uma imensidão de motivos de interesse que absorve a nossa atenção. O Oriente é outra coisaaaaaa..... Índia, Tailândia, Bangladesh, China
e tantos outros destinos onde as culturas são de tal forma contrastantes com aquilo a que nos habituámos, que ficamos atónitos com tanta diversidade. São as cores, os cheiros, e os costumes, que por serem tão diferentes dos nossos, nos apetece nunca mais parar de ver, de registar e de tentar também de alguma forma “provar” um pouco daquilo que aquelas gentes e locais nos oferecem. A Phocal Photovisions deste mês leva-nos Mundo fora pelos 5 continentes através das palavras e das imagens de muitos fotógrafos que nos habituámos a admirar, uns mais conhecidos do que outros é certo, mas também é para isso que esta Revista serve, trazer ao conhecimento de todos aqueles que de alguma forma partilham esta paixão, mas que não são tão mediáticos. O tema deste mês da Phocal Photovisions é uma outra paixão partilhada em conjunto com a fotografia, há fotógrafos que fazem fotografia porque viajam, outros viajam porque fazem fotografia, e é nesta riqueza de opções que nos embrenhamos em mais um número da Revista, que todos os meses surpreende pelo trabalho apresentado. Se assim não fosse não teríamos de novo Joel Santos, um homem que me habituei a admirar quer pelo seu trabalho fotográfico, quer como pessoa..... Com trabalho de mérito reconhecido por muitos de nós, está a “milhas” das caganças de alguns outros, que fazendo umas “fotitas” se acham os maiores cá deste Jardim à beira mar plantado. Se assim não fosse não teríamos reunido numa só edição tão bons viajantes, tão excelentes fotógrafos.... que juntos e só à sua conta já meio mundo, com viagens a lugares fantásticos, e que tanta bela imagem nos oferecem, desta bola a que chamamos “Terra”. Boas fotos e viagem em segurança.....
Ro gé r i o Fe r re i ra | C ozu m e l - M ex i co | Ni kon D9 0 | 1 8 -2 0 0 m m | I S O 1 0 0 | 1 8 m m | f3 . 5 1/2000
Phocal Phototovisions | 03
04 | Phocal Phototovisions
Már io Mede iros S antos | Glac iar de Alets ch - S uíça | F 1 3 1/1 6 0s I so 1 0 0
Ferna ndo Coel ho | Co m m uters| FUJI FI LM |X 10 F5,6 I SO 400 1/ 250s
Ă“s car ValĂŠrio | Viagem para lugar nenhum -| Canon 4 0 D | Tv 1/2 0 0 Av 5 . 6 I S O 4 0 0
imagens que inspiram
Phocal Phototovisions | 05
Gina Rodrigues | Velas ao vento | Nikon Coolpix S3100 | 35mm | ISOS auto
Vitor Tripologos | Tradition | Liverpool | Nikon D60 | Tamron 18-200 | F 4.8 1/640
06 | Phocal Phototovisions
Phocal Phototovisions | 07
Helena Tei xeira | FAR AĂ“ | FUJI FI NE PIX S5600 ISO- 64
ANA PAULA AMARAL Leiria – Portugal
APaulaAmaral@sapo.pt https://www.facebook.com/anapaula.amaral.180
TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © ANA PAULA AMARAL
VIAGEM DE SONHO: PÉRIPLO PELA AMÉRICA DO SUL E CENTRAL (ARGENTINA, MÉXICO, PERU, CHILE, PANAMÁ
Ana Paula como começa a fotografia na tua vida? Sempre gostei, foi algo que sempre me despertou curiosidade. Trabalhei 15 anos nesta área desde então não parou mais, deixou de ser curiosidade e passou a ser paixão. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Comecei com fotografia de casamento contudo identifico-me mais com retrato, paisagem e macrofotografia. Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Portugal tem locais lindos que adoro fotografar, mas gostaria também de visitar e fotografar a Índia e Austrália. Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Paisagens, sem dúvida.
To m a r Leiria
Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? A PARTILHA….De ideias, gostos e experiências que é feita através das fotos de outras pessoas. Uma aprendizagem e um ensinamento mútuo todos os dias. A camaradagem e o conhecer pessoas com os mesmos gostos é um ponto muito positivo. A oportunidade de podermos mostrar o nosso trabalho através de iniciativas como esta entrevista é muito positivo e gratificante. Desejo a continuação de sucesso a esta revista e a quem a dirige e um muito obrigada a todos os participantes, boas fotos SEMPRE!!!
Queluz 08 | Phocal Phototovisions
LIsboa
Leiria
Rio Maior
Lisboa
Rio Maior
Praia do Ouro
Phocal Phototovisions | 09
ANTÓNIO LOPES
Montemor-o-Novo – Portugal
theater.dreams@gmail.com https://www.facebook.com/profile.php?id=100004416545942
TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © antónio lopes
VIAGEM DE SONHO: PÉRIPLO PELA AMÉRICA DO SUL E CENTRAL (ARGENTINA, MÉXICO, PERU, CHILE, PANAMÁ
António Lopes como começa a fotografia na tua vida? Desde pequeno que me lembro de ver o meu pai e o meu irmão a fazerem fotografia, com uma velhinha Canon, e sentiame fascinado por todo o processo: como é que se efectuava a passagem do rolo para o papel, etc.. Por motivos diversos, durante muito tempo estive afastado desta área. No entanto, com a massificação da fotografia digital, inicialmente nos telemóveis, comecei a fotografar há sensivelmente três anos, mais por brincadeira, e diziam-me que eu até tinha algum jeito para aquilo.. Foi aí que se deu o clik, e comecei por adquirir uma bridge, que foi a minha fiel companheira em workshops (que frequentei conjuntamente com alguns amigos), e em intermináveis horas de solidão e reflexão. Mais recentemente adquiri uma Reflex, e passei a encarar este processo de forma mais profissional, esperando ir evoluindo sempre, mas mantendo uma postura humilde, com a consciência de que não sabemos tudo, e que a aprendizagem nesta área será uma constante ao longo da vida.
Além de querer descobrir mais o nosso país, que tem locais lindissimos (e até para se ir desmistificando a idéia de que só é bom lá fora), adoraria ir à Índia, pela miscelânea de cores que lá poderemos encontrar, pelas feições muito características do seu povo, ir à Islândia (aquelas paisagens são verdadeiramente fascinantes), Escócia... Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Definitivamente as paisagens e as gentes. Gosto de também fotografar os locais que possam ser mais emblemáticos, ou identificativos desses mesmos lugares.
Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico?
PS - Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? Do que já vi, a Phocal Photovisions é produzida com um extremo cuidado, e com uma qualidade que não deixa nada a desejar relativamente a outras publicações do género. A extrema importância que a revista tem é fundamental, na medida em que não existem (pelo menos que eu conheça) revistas que ofereçam esta oportunidade de divulgação do nosso trabalho enquanto fotógrafos amadores. Além do orgulho em vermos os nossos trabalhos publicados, é motivo de satisfação saber que vamos contribuindo para a consolidação da Phocal Photovisions neste segmento, e esperando, obviamente, que se venha a tornar uma referência.
Barragem dos Minutos
Carrasqueira
Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto muito de todo o tipo de fotografia, mas os dois géneros que mais se identificam comigo são a fotografia de paisagem, e de pessoas (tanto a côr, como a preto e branco, em exterior ou em estúdio).
Carrasqueira
10 | Phocal Phototovisions
Alcochete
Lisboa Elvas
Alcochete
Phocal Phototovisions | 11
ISABEL DANIEL Coimbra – Portugal
isabel.daniel@netcabo.pt https://www.facebook.com/isabel.daniel.12
TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Isabel Daniel VIAGEM DE SONHO: COMBOIO TRANSIBERIANO
Isabel como começa a fotografia na tua vida? A fotografia surgiu na minha vida, por acaso, há cerca de 13 anos, com as minhas primeiras férias fora do país, em França e com a necessidade que tive de registar o que via. Comecei a fotografar apenas para mais tarde recordar e fui ganhando um interesse crescente pela fotografia, que considero sem dúvida, uma arte. A fotografia transformou-se para mim, numa verdadeira paixão. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto de fazer todo o tipo de fotografia e faço todo o tipo, mas tenho uma paixão muito especial pelos detalhes e pela fotografia de rua. Também aprecio muito o retrato. Captar as expressões e as particularidades do rosto de cada pessoa, pode nem sempre ser fácil, mas é aí que, na minha opinião, reside todo o interesse em retratar alguém. Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Qualquer lugar é bom para fotografar, pois tudo é fotografável. O nosso olhar é que faz o trabalho e portanto considero não haver locais mais ou menos adequados. É evidente que há países mais exóticos, com maior riqueza histórica, de grande beleza natural ou edificada, locais com características mais genuínas, mais tradicionais, onde se podem fazer trabalhos mais originais. Gosto das grandes metrópoles, como Paris, mas também aprecio as aldeias medievais de França. Talvez Nova Iorque seja uma excelente opção para se fazer todo o tipo de fotografia. Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Depende do local visitado, mas geralmente quando viajo fotografo sempre tudo o que posso, porque tenho necessidade de registar para memoria futura. Desde a arquitetura dos locais, à paisagem e claro, sempre as pessoas. Habitualmente quando saio do país, vou para a Europa, para França, onde e por ser um país de elevada componente turística, é muito fácil fotografar. As pessoas estão habituadas e reagem muito bem. Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? A revista Phocal Photovisions é um bom instrumento para os fotógrafos ditos amadores, mesmo para os que já tenham conhecimentos profundos de fotografia. Tem qualidade suficiente para ser didática e propõe uma troca de conhecimentos fundamental para a evolução técnica de quem que evoluir. É importante, sem dúvida. 12 | Phocal Phototovisions
Gondramaz Paris
Alentejo
Elvas
Paris
Colleville-sur-Mer Bretanha
Omaha Beach
Phocal Phototovisions | 13
JORGE MANUR COSTA
Tavira – Portugal
jorge.manuel.ribeiro.costa@gmail.com https://www.facebook.com/Jorge.Manur https://www.facebook.com/pages/-Photanima-by-Jorge-Manur/278992722211392 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Jorge Manur Costa
VIAGEM DE SONHO: ÁFRICA - SAVANA AFRICANA
Jorge Manur como começa a fotografia na tua vida? Ao longo da minha Vida e desde criança, sempre foi uma vertente técnica/artística que me despertou curiosidade, numa primeira fase como observador” e mais tarde como executante. Recordo-me de passar horas a observar os albuns fotográficos que existiam em casa dos meus pais, e pensar nas circunstâncias em que as fotos teriam sido tiradas e como poderiam ter ficado, se feitas com outro enquadramento. O meu primeiro contacto com a fotografia digital, (como fotógrafo amador), somente se revelou em finais de 2006, quando adquiri a minha primeira máquina fotográfica digital compacta. Nessa altura, devido à facilidade de utilização desse tipo de máquina, aliada ao baixo custo vs resultado final e possibilidade de exprimir e “expremer” as diversas técnicas, para além de poder usar e abusar da “tentativa/erro”, a curiosidade aumentou exponencialmente e gradualmente, fui adquirindo conhecimentos mais “elaborados” no que concerne a composição e técnica, muito por conta de amizades feitas com outros fotógrafos amadores e consequente partilha de conhecimentos, quer por conta de leitura de literatura técnica dedicada e também de revistas da especialidade. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? “Paisagem” e “macro” são os dois temas fotográficos que mais despertam a minha atenção e curiosidade, ambos pelo universo infinito de possibilidades, preparação e dificuldade, sendo que na fotografia de paisagem, “brincar com a luz” dá um gozo enorme quando o resultado final é o que idealizamos e na fotografia macro descobrimos um mundo “invisível a olho nú”. Quando fotografo paisagens, absorvo o ambiente envolvente e deixo-me absorver por ele. Torno-me mais calmo e introspectivo e sinto-me mais próximo das minhas origens. No que toca à “fotografia macro”, quando a faço, fico a “ver melhor” e tomo consciência da minha insignificância perante o universo . Também me cativa a foto-reportagem, apesar de ser um estilo de fotografia em que me retraio um pouco, porque por vezes implica “invadir o espaço” de terceiros... Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Em Portugal, ainda por visitar, os Açores. Fora de Portugal tenho muita curiosidade em conhecer dois países asiáticos, nomeadamente a China e o Japão devido a questões culturais e paisagisticas. No continente Africano a minha preferência 14 | Phocal Phototovisions
recai sobre a savana, num conciliar de paisagem com animais selvagens. A India e a Escócia também me cativam. A India numa componente de mistura de cores que provocam a procura de registos fotográficos mais centrados nas suas gentes e a Escócia por influência da sua história monumental e paisagens de sonho. Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Pegando na resposta anterior, dou primazia à fotografia sem elementos humanos quando saio propositadamente para fotografar paisagens, mas quando se trata de fazer uma viagem, (seja ela com intenção fotográfica ou não), procuro uma vez ou outra incluir pessoas e locais, até porque nem sempre a paisagem é o tema mais aliciante, devido ás condicionante do momento ou local. Por vezes o elemento humano dá uma “essência especial” à fotografia, permitindo contar uma história pontual ou servir de escala à paisagem ou local envolvente. Como raramente viajo sózinho, é normal que os meus acompanhantes de aventura sirvam de “modelos” e por vezes são os elementos das “reportagens” que faço para mais tarde recordar... uma coisa no entanto é certa: fotografia que tire com elementos humanos tem que ser espontânea. Não gosto de “fotografia de pose”. Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? Considero a Phocal Photovisions importantíssima na sua missão de divulgação da boa fotografia amadora que se faz neste país e, ao contrário do que muitos pensam e acham, faz falta uma revista que dê relevância “ao que se faz” e não ao “como se faz”. Para isso já existem outras. Qualquer fotógrafo amador gosta de ver o seu trabalho divulgado em papel e nesse aspecto, a Phocal é uma peça relevante na engrenagem divulgatória. Sou um pouco “suspeito” para falar desta revista porque mantenho com ela uma relação um tanto ou quanto “paternal”, porque a vi nascer e estive envolvido com a feitura dos primeiros números. A sua evolução tem sido notória e a qualidade, quer fotográfica quer técnica, são, para mim, um motivo de orgulho e divulgação. Ainda mantenho o “secreto anseio” de a ver um dia numa banca, porque conteúdo não lhe falta.
Piod達o
Phocal Phototovisions | 15
MANUEL ROQUE
Montemor-o-Novo – Portugal manueljroque@gmail.com https://www.facebook.com/manuel.roque.334
www.facebook.com/pages/Manuel-ROQUE-Photography TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Manuel Roque
VIAGEM DE SONHO: CATARATAS DO NIÁGARA
Manuel Roque como começa a fotografia na tua vida? Quase por acaso, no meu local de trabalho e por necessidade momentânea do serviço, mesmo sem quase saber como se ligava a máquina!!... A partir daí começou a fazer parte da minha vida, inspirandome uma tranquilidade e bem-estar quase indiscritíveis e que não consigo encontrar em qualquer outra actividade. Diria que é um vício saudável e uma paixão sem limites, sem os quais “não conseguiria” viver. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto de fotografar tudo Pedro, mas a fotografia de paisagem natural cativa-me de sobremaneira, com as horas mágicas a revelarem-se momentos únicos. Adoro também fotografar desporto, monumentos e lugares abandonados (onde me perco em toda a sua imensa secularidade…), bem como as gentes, tradições e costumes. Também gosto de macrofotografia… Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Apaixona-me, desde sempre, a vida selvagem. A ideia de fazer um safari fotográfico, nesse contexto, é um desejo antigo. Depois, o Gerês, Serra da Estrela, Sintra, Madeira e Açores. As Cataratas do Iguaçu e do Niágara, bem como a Índia, Itália, Egipto... Bom, vou parar de sonhar. Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Confesso que fotografo mais paisagem e os locais, porque tenho sempre algum receio de incomodar e invadir a privacidade das pessoas. Esta visita ao Piódão é o exemplo mais concreto disso mesmo, onde algum retraimento da minha parte me poderá ter custado a perda de um conjunto de bons registos das suas simpáticas e humildes gentes. Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? Em relação aos fotógrafos amadores penso que se revela um elemento muito importante para a sua evolução e aprendizagem, principalmente quando compramos a revista e podemos ler testemunhos extremamente interessantes de muitos e grandes fotógrafos. Acho a revista de uma qualidade bem acima da média, muito interessante e apelativa, quer ao nível dos materiais como dos 16 | Phocal Phototovisions
próprios conteúdos, e parece-me um projecto que é cada vez mais uma feliz realidade e que provavelmente merecia estar nas bancas um pouco por todo o lado. Gostava também de agradecer, ao Pedro Sarmento e à Revista Phocal, esta oportunidade de poder divulgar o meu trabalho de fotógrafo amador. Foi uma honra. Muito obrigado e boas fotos para todos.
Foz da Égua e PIodão
Phocal Phototovisions | 17
ONÉSIMO COSTA
Lisboa – Portugal
onesimo.serafim@gmail.com https://www.facebook.com/onesimo.costa.9 |http://500px.com/onesimo
TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Onésimo Costa
VIAGEM DE SONHO: JAPÃO
Onésimo Costa como começa a fotografia na tua vida? “A fotografia aparece já a muitos anos numa disciplina de “oficina de artes” onde tive as primeiras noções básicas de fotografia e laboratório P&B, já lá devem ir uns 15 anos… Mais recentemente, algures em 2008, recordo-me de ter perguntado a um fotografo como tinha conseguido fazer uma determinada foto e fiquei surpreendido com a resposta dele “não sabes, não percebes!” e não me explicou, nesse momento aquilo tornou-se num desafio e graças aquela resposta fui procurar aprender mais.” Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Adoro fotografia de paisagem, cascatas, rios, praia, adoro a natureza, longas exposições e fotos nocturnas em ambiente urbano. Mais recentemente tenho tentado fazer retratos, é esse o meu desafio do momento. Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Todas as viagens que faço são pensadas do ponto de vista da fotografia, a próxima viagem está pensada para S. Tomé e Príncipe no entanto gostava de visitar a China e toda aquela zona, Filipinas, Taiwan, Vietnam, Camboja, Malásia, Indonésia e tudo o que existe para aqueles lados. Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? A paisagem natural e urbana é o que preveligio, alias quando penso e planeio a viagem tento que de dia seja paisagem natural, de noite ambientes urbanos, tento “apanhar” as gentes locais mas penso que as fotos captadas são as típicas fotos de turista por isso não me foco muito aí. Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? Penso que com o aparecimento da Phocal Photovisions “os fotógrafos ditos amadores” passaram a ser vistos como fotógrafos, não apenas como alguém com uma camara nas mãos e que até tiram umas fotografias engraçadas, temos muito boas fotos captadas por pessoas auto didactas e ou com pouca “formação” em fotografia e acima de tudo vêm a fotografia como simples forma de expressar ou contar de histórias, a Phocal Photovisions tem dado a conhecer nomes e trabalhos desconhecidos do publico em geral e que agora são nomes que todos conhecemos das redes sociais. A revista em si, penso que está ao nível das revistas da especialidade claro que com mais espaço para aquilo que mais interessa: a fotografia. 18 | Phocal Phototovisions
Honk Kong
N o v a Yo r k
Paris
Ve n eza
Phocal Phototovisions | 19
PAULO PINTO
Zebreira - Castelo Branco– Portugal paulopitno23@hotmail.com https://www.facebook.com/paulo.pinto.12914 |
http://paulopitno23.wix.com/photography
TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Paulo Pinto
VIAGEM DE SONHO: ÍNDIA
Paulo Pinto como começa a fotografia na tua vida? A fotografia na minha vida começou já faz algum tempo, sempre tive gosto pela fotografia desde o tempo das fotografias analógicas em que era necessário colocar um rolo dentro de uma máquina e no final lá ia a correr para revelar numa casa de fotografia, curioso por ver a minha perícia atrás da máquina. Nessa altura cada fotografia tinha que ser aquele momento… ( o momento certo) pois não dava para apagar e repetir o clique… como o podemos fazer hoje com as máquinas digitais, mas tornava a fotografia mágica uma vez que o resultado só era visto depois de impressa no papel, mas claro nessa fase via a fotografia como um registo de momentos pessoais bem diferente da forma como a vejo hoje. A fotografia mais a sério, entrou na minha vida devido a uma situação profissional em que foi necessário fazer um trabalho para um projeto dentro da instituição que eu trabalho “ADRACES (Associação de Desenv. Local)” no lançamento de uma revista, a partir desse momento a vontade de aprender foi crescendo e hoje sei alguma coisa sobre fotografia… Tenho um longo caminho pela frente e consciente que ainda tenho muito que aprender … por isso aproveito todos as dicas / criticas para que cada fotografia seja sempre melhor que a ultima. Não poderia ficar sem agradecer a uma pessoa que me tem ajudado imenso nesta minha evolução de conhecimentos na fotografia que é o meu primo Maurício Reis que também faz da fotografia um hobbie e que tem tido uma paciência enorme comigo. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto de fazer todo o tipo de fotos, no entanto tenho preferência por finais de dia ( por de sol ), fotografias a rios, paisagens, animais principalmente a pássaros e em particular fotografias noturnas. Viagens.... quais os lugares que mais gostarias de visitar, tendo em conta também o aspecto fotográfico? Existem vários locais que adoraria fotografar, infelizmente não tenho disponibilidade de tempo para o fazer devido às minhas atividades profissionais. Os locais em questão que gostaria de visitar são algumas cidades na India, alguns locais do Pólo Norte, o Amazonas e adoraria visitar e fotografar Nova Iorque ( fotos urbanas )… pode ser que um dia se concretize… Quando viajas, aproveitas para fotografar mais paisagem ou mais as gentes e locais dos lugares que visitas? Normalmente aproveito para fazer mais registo fotográfico sobre o local ou seja dou preferência aos locais… mas nunca fico sem registar as gentes. É importante fazer a ligação do locais com as pessoas dos sítios que visitamos… Se possível meter as 2 situações na mesma foto. 20 | Phocal Phototovisions
Qual a importância que achas que a Phocal Photovisions tem para os fotógrafos ditos amadores, e o que achas da Revista em si, daquilo que tens visto? Como sabemos, infelizmente hoje em Portugal pouca gente consegue viver da fotografia, há uns anos atrás na época da fotografia analógica ainda dava para ganhar uns trocos, agora é bem mais complicado, daí a fotografia para muitas pessoas é tida como um hobbie. A Phocal Photovisions tem conseguido fazer um trabalho bem interessante, pois tem possibilitado a alguns fotógrafos amadores a exposição de alguns registos fotográficos e experiências de vida que dificilmente sairiam dos computadores f ou das redes sociais. Assim é com muito agrado meu que vejo fotografias fantásticas acompanhados de textos bem interessantes que nos fazem viajar nos nossos pensamentos. Além da revista fantástica, gostaria de realçar o excelente trabalho que tem desenvolvido através do Facebook/ site da Phocal Photovisions com a eleição da foto do dia.
Monsanto
Phocal Phototovisions | 21
AFONSO CHABY
Lisboa – Portugal
afonso.chaby@clix.pt https://www.facebook.com/afonso.chaby Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor
© Afonso Chaby Rosa
Afonso Chaby Rosa é natural de Lisboa, onde nasceu em 1944. Desde muito novo que se apaixonou pela fotografia, tendo-a praticado sempre como amador dedicado. Considerando que a idade é uma mera referência numerária, é depois de se ter aposentado que encontra mais espaço para se lhe dedicar , tendo frequentado diversos workshops e formações e aderido a diversos grupos especializados. Gosta de fotografar, seja fotografar a natureza, seja fotografar pessoas ou, como no caso presente, lugares por onde passou pois é na fotografia que procura guardar e reviver o que o seu olhar e a sua sensibilidade captaram em momentos que o tenham emocionado . Nova York Mais que uma cidade, um mundo em constante ebulição. “Se você se entendia em Nova Iorque, a culpa é só sua”. Myrna Loy Desde a minha primeira viagem a Nova YorK, já no distante ano de 1974, que senti uma enorme atracção por esta cidade diferente.. Uma atracção que se renova e aumenta cada vez que a visito e me deparo com a sua personalidade complexa e única no mundo de uma diversidade sem par. Caracteristicas essas que talvez encontrem explicação na sua origem, nas suas raizes. Sendo hoje composta por 5 grandes zonas administrativas, (Manhatan, Brooklin, Queens, Bronx, e Staten Island) o berço de Nova York foi a ilha de Manhatan, que continua a ser em muitos aspectos a zona que melhor a caracteriza. Muito antes de dar origem á cidade, a ilha de Manhatan era habitada por indigenas que consideravam o local mágico. De facto, Manhatan deriva do termo nativo “Manahactanienk” que significa “ ponto de embriaguês” . E qual é o viajante que não se sente exaltado, quando chegado ao seu hotel, (depois de ter sobrevivido á experiência traumatizante de passar por um controlo de emigração que enerva qualquer um) poisa as malas e só tem de escolher entre uma oferta para todos os gostos e que inclui algumas das atracções mais famosas do mundo, desde museus ( Guggenheim, Moma, Museu de História Natural , Metropolitan), a passeios em parques enormes, de que o Central Park é o exemplo mais significativo, a admirar monumentos como a Estátua da Liberdade, a visitar lugares cujos nomes povoam o nosso imaginário , ( 5ª Avenida, Broadway, Times Square, Rockefeller Center, Wall Street , Chinatown, Little Italy, Downtown, SoHo, Tribeca, West Side, Harlem, Lincoln Center...) a entrar em edifícios marcantes, verdadeiros simbolos das épocas em que foram construídos ( The Flatiron, The Chrysler , The Empire State, ONU, Grand Central Station), isto não esquecendo a indespensável visita ao bairro mais popular e talvez a zona mais interessante desta metrópole imensa – Greewich Village. 22 | Phocal Phototovisions
O Village e o seu ambiente profundamente boémio e cultural , densamente povoado de bares, galerias de arte, bistrots, teatros , livrarias , lojas de antiguidades com as suas ruas arborizadas, ladeadas de prédios antigos e onde nos podemos cruzar com pessoas de todas as idades e aspecto, sejam elas os jovens alunos da Universidade de Nova Yorque ou músicos a praticarem nos seus instrumentos favoritos, ou ainda todo o género de tipos alternativos mais ou menos respeitáveis. Mas todos os bairros desta cidade multicultural e diversificada têem interesse desde o Soho até ao Meatpacking passando por Chelsea onde se situa o histórico Chelsea Hotel, com o rol de famosos que por lá passaram desde Bob Dylan a Charles Bukowski, de Janis Joplin a Leonard Cohen, sem esquecer Patti Smith ou Iggy Pop. Com tanta oferta, a quantidade gera a dificuldade na escolha pelo que não nos atrevemos a dar dicas específicas e apontar lugares precisos. O melhor conselho que podemos dar a quem quer conhecer Nova York é que vista uma roupa confortável, calce uns sapatos que não lhe magoem os pés e prepare-se para andar, andar e andar. Perca-se… guarde o endereço no hotel no bolso e não pense mais no assunto até serem horas de deitar. Caminhe até estar cansado e com bolhas nos pés. Vá às compras em lojinhas ou em enormes armazéns; empaturre-se petiscando e beberricando em bares intimistas , cafés simpáticos e bistrots acolhedores; divirta-se cruzando a cada passo com pessoas e culturas diferentes ,e tudo isto enquanto se passeia entre os mais diversos tipos de arquitectura que somos capazes de imaginar. E faça isto todos os dias da sua estadia, pois Nova York tem sempre coisas diferentes para lhe mostrar, sejam elas uma “parade” celebrando um dia específico de uma das centenas de nacionalidades que por lá habitam, seja a surpresa de se cruzar com um “combo” de músicos a tocarem em plena rua, com uma qualidade que lhes poderia dar entrada em qualquer espectáculo em Portugal e não só.
E quando por fim acabar o tempo que destinou รก sua estadia e forem horas de apanhar o transporte para o Aeroporto, prepare-se para voltar a casa, eventualmente com excesso de bagagem, mas certamente, jรก com saudades e vontade de voltar de novo.
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Lisboa – Portugal
ajfc35@gmail.com www.facebook.com/#!/AntonioFernandes.Photography
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© António Fernandes
António Fernandes, nasceu na ainda vila do Montijo, em Dezembro de 1969. Começou nas andanças fotográficas com uma analógica Pratika, mas unicamente para recordar os momentos passados fora de Portugal. A fotografia de viagens surgiu na sua primeira viagem a Marrocos. Na altura nunca pensou que anos passados o seu caminho seguiria por fotografar os rostos do seu pequeno mundo. Gosta especialmente de fotografar gentes , expressões, momentos . Faz basicamente fotografia de rua roubando as almas a quem se cruza com a sua objectiva. As estepes da Mongólia A Mongólia é para a grande maioria uma incógnita vezes sem conta maior que o grande Deserto do Gobi. Poucos conseguem associar este enclave no Nordeste Asiático a um dos maiores conquistadores da História da Humanidade – Gengis Khan. Se o nome de Gengis é sobejamente conhecido, o seu país, as suas façanhas e o seu Império são realidades que, felizmente, ainda não despertaram o interesse generalizado. A Mongólia sempre foi o império dos nómadas, dos eternos céus azuis e das estepes, um sinónimo de distância e isolamento. Inóspito poderia ser outro adjectivo que caracterizaria este país que só abriu as suas portas ao turismo na década de 90. O frio cristalino da manhã permitiu-nos, pela primeira vez, ver o azul infinito do céu. Uma constante que só foi interrompida pelas tempestades de neve que apanhamos nas Montanhas de Khangai. O primeiro objectivo estava traçado, avançaríamos em direcção ao Norte para dormir no primeiro acampamento junto ao Mosteiro de Amarbayasgalant, na Província de Selenge. Esta primeira etapa da viagem levou-nos pela parte mais populosa da Mongólia e por alguns dos centros urbanos mais importantes. O dia terminou com a nossa chegada ao primeiro acampamento gear. Sempre em direcção a Norte, viajámos pelas impressionantes paisagens da região de Uran Togoo, na província de Bulgan. Se estranhámos o isolamento do nosso segundo acampamento, rapidamente nos habituámos a isso. Quanto mais a viagem progrediu maior foi o isolamento e maior se tornou o nosso contacto com a rude beleza da Mongólia. No terceiro dia de viagem estávamos já muito perto da fronteira russa, a chegada a Moren fazia-nos ansiar pelo objectivo mais a norte da nossa viagem – o Lago Huvsgul, que separa a Mongólia da Rússia e é palco das corridas de trenós no pico do Inverno, quando as temperaturas baixam até aos 45 graus negativos. Após dois dias de descanso, era altura de rumar a sul através da cordilheira montanhosa de Khangai, com os seus recortes rochosos e paisagens que eram supostamente verdejantes se não fosse a fortíssima tempestade de neve que nos acompanhou até às termas de Jargalant. Foi a parte mais difícil da nossa expedição, com muito frio e muitas dificuldades em avançar no nosso trajecto. Abro aqui uns parênteses para referir que na Mongólia, ex26 | Phocal Phototovisions
cepto na parte central onde estão os principais centros urbanos e onde vivem 1.5 dos 3 milhões de habitantes, não existem estradas. Toda a orientação é feita através da observação de pontos de referência que só os mais experientes condutores guias conseguem reconhecer. A orientação é difícil e há histórias de pessoas que se perdem durante dias. Daqui para a frente só muito raramente passámos por zonas habitadas, no entanto fomos encontrando muitas famílias de nómadas que iniciavam a sua mudança para zonas de pastoreio de Verão com os seus animais. Pontualmente fomos parando para interagir com estas famílias, o convite para tomar chá com leite e comer os biscoitos tradicionais era sempre o ponto alto destas paragens. O nosso agradecimento foi sempre em chocolates ou em trabalho. Quando digo trabalho refiro-me à ajuda para montar as tendas gear e arrumar os poucos pertences das famílias que acabavam de chegar aos novos locais de pastagem de Verão. A etapa seguinte levou-nos até ao Parque Nacional de Khorgo Terkh, uma zona vulcânica dominada pelo grande Lago Branco (Terkhiin Tsagaan) e pelo vulcão Khorgo. Depois de uma noite confortável num gear aquecido e satisfeitos pelas saborosas refeições preparadas no acampamento, estávamos preparados para as 5 horas de viagem necessárias até chegar às termas de Tsenkher. Tsenker acabou por ser uma surpresa, por momentos pensai que tinha chegado a uma estância de ski algures na Suíça ou na Áustria. Como as temperaturas durante a noite continuavam muito baixas fomos convidados a dormir, pela primeira vez em muitos dias, dentro do edifício central do acampamento, numas fantásticas águas furtadas muito confortáveis. Soube bem voltar ao conforto de uma “verdadeira” casa, mas ao mesmo tempo senti-me como se estivesse a trair o principal objectivo da viagem. A antiga capital da Mongólia, Karakorum, é o único local da Mongólia que ainda preserva a arquitectura tradicional mongol. Os templos e palácios estão soberbamente decorados. A cerca de 500 quilómetros a sul de Karakorum as estepes são o prenúncio do Grande Gobi, um dos maiores e mais emblemáticos desertos do mundo. As temperaturas rapidamente atingem os 40 graus e a paisagens adquire tonalidades ocres, a poeira passa a ser uma companhia constante. A primeira paragem foi no Mosteiro de Ongi, local místico e marco histórico para a religião budista na Mongólia. O Mosteiro foi o maior do país até 1937, ano do grande massacre de mais de 500 monges e a sua total destruição pela KGB Mongol, influenciada pela União Soviética. O grande Gobi revela formações rochosas imponentes, como os Flaming Cliffs (Bayanzag), aqui partimos à descoberta de pegadas e ovos de dinossauros!
Provincia Bulgan
ANTÓNIO FERNANDES
Karakorum Provincia Bulgan Karakorum
Provincia Huvsgul
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Karakorum
L a g o B r a n c o ( Te r k h i i n Ts a g a a n )
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Ongi
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CARLA QUELHAS LAPA
Lisboa – Portugal carlalap@gmail.com
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© Carla Quelhas Lapa
Carla Quelhas Lapa mais conhecida por Quelhas nasceu no Seixal, distrito de Setúbal, em novembro de 1970. É docente do 1.º ciclo do Ensino Básico. O seu interesse pela fotografia começou quando ofereceu uma Fujifilm à sua filha. A paixão despertou e passou a ser uma fuga “saudável” ao stress e à agitação do dia-a-dia. No ano seguinte, adquiriu uma Nikon D3100, e aí, nunca mais parou, entrando num processo de auto-aprendizagem. Gosta de lembrar que é uma fotógrafa amadora em constante evolução. No âmbito da fotografia participou numa exposição intitulada “A VELHA LISBOA”, no Hotel Solplay.
Parque dos Moínhos - Sardoal Este parque foi recentemente recuperado resultando num espaço muito agradavel... Na zona do Sardoal, distrito de Santarém, existe um local bastante aprazível no topo de um monte escondido. O acesso é feito por uma estrada de areia e pedra solta, e chegando ao topo deparamo-nos com este espaço. Um parque de merendas rodeado por moínhos em boa hora recuperados, um local organizado e rodeado de uma fantástica paisagem ribatejana. Aqui descansamos a mente e apreciamos o ar e o local. Fica a dica!
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Penedo Furado, está a cerca de 15 minutos de Abrantes e a 10 minutos de Vila de Rei, local paradisíaco que oferece um conjunto de pequenas quedas de água de grande beleza que podem ser apreciadas percorrendo a pé um estreito caminho talhado na rocha. Dois miradouros com acesso direto à estrada, permitem a visão deste conjunto. Este local, devido às suas características do maciço rochoso de que se destaca uma passagem natural na rocha, é conhecido por Penedo Furado. O local possui condições excelentes para atividades ao ar livre ou simplesmente para passar um dia calmo a relaxar. No leito da ribeira do Codes, os visitantes podem usufruir também de uma piscina fluvial. Com apoio de um bar com esplanada, o local tem todas as condições para que passe um dia de descanso ou em atividades ao ar livre.
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CARLA SANTOS
Lisboa – Portugal
carla.alexandra40@hotmail.com https://www.facebook.com/carla.santos.77985 Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor
© Carla Alexandra Santos Carla Santos nasceu em Lisboa em Março de 1969, o ano em que o homem foi à Lua. Foi filha única até aos 9 anos até que nasceu a sua irmã. Em 1992 concluiu o Bacharelato em Secretariado do ISLA de onde saiu para trabalhar como Assistente de Administração numa Multinacional Americana onde estou até hoje. Tem duas filhas com 16 e 13 anos e vive em Lisboa. A fotografia sempre foi uma paixão mas a dedicação à família e a consequente falta de tempo não adeixou concretizar antes esse sonho. Há um ano comprou a sua primeira máquina e a partir daí, e sem qualquer formação em fotografia, a paixão virou uma realidade. É agora o seu Hobby, a sua forma diferente de ver o mundo. Sempre com um olhar e um enquadramento diferentes. Cada clique marca um momento. Que fica registado para sempre…
Veneza - Itália Poucas cidades são tão amadas, poucas têm tanta personalidade e poucas são aquelas que são capazes de inspirar tantas pessoas como Veneza. A cidade continua a mesma desde a idade média e tem o poder de atrair pessoas de todos os cantos do mundo que durante anos sonham um dia poder conhecê-la, e que, ao chegarem, mal conseguem conter a emoção. Canais cortados por pontes em arco, gôndolas a deslizar em silêncio pelas águas, palácios medievais que formam um conjunto sem igual e transformam este lugar num sonho: o de visitar Veneza ao menos uma vez na vida. A mim foi-me dado esse privilégio no ano passado. Veneza é uma cidade pequena. Na verdade, é uma ilha de uma lagoa – Lagoa de Veneza - a qual está separada do mar Adriático por um istmo. É um lugar para esquecermos os automóveis e os autocarros – que não circulam em Veneza - e percorrermos tudo a pé, ou então no tradicional “autocarro” fluvial, o Vaporetto. As gôndolas são o transporte mais comum na cidade. O passeio de gôndola pelos canais de Veneza é quase uma obrigação para quem visita a cidade.Veneza é, sem qualquer dúvida, uma das cidades mais românticas do mundo!
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CARLOS SANTOS SILVA Sintra – Portugal photography@carlossantossilva.com https://www.facebook.com/carlos.a.santos.silva http://photography.carlossantossilva.com/Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor
© Carlos Santos Silva
Carlos Santos Silva nasceu em Paredes em 1976, estudou Informática na Universidade Portucalense no Porto, cidade onde trabalhou como Administrador de Sistemas. A paixão pela fotografia despertou quando acompanhava um amigo de longa data fotógrafo profissional em alguns casamentos. Em 1994 recebeu de surpresa a sua primeira camara reflex analógica, uma Canon F1, com a qual começou a fotografar. Mais tarde já na era digital adquiriu uma Canon 350D e em 2008 investe na sua Canon 40D e parte à descoberta de um novo mundo através da objectiva. Os seus primeiros cursos de fotografia foram realizados na Madeira com o Daniel Camacho como formador. Na Madeira onde viveu 2 anos integrou dois grupos de fotógrafos com os quais aperfeiçoou a fotografia de natureza e HDR; tendo em 2012 regressado ao continente para fazer um Workshop de Fotografia de Rua com o Tiago Monteiro e também Fotografia de Moda e Iluminação com o Formador Fernando Bagnola. Desde aí tem dedicado uma grande parte do seu tempo à Fotografia de Moda, sendo regular a realização de alguns trabalhos e partilha com outros colegas que nutrem igual paixão. Madeira Como destino de viagem dentro de Portugal, elego a Madeira no topo das minhas preferências, onde aproveito para reviver amizades e descobrir cada vez mais um pouco do mar e montanha do arquipélago, usufruir do clima e dos óptimos cartazes que existem durante todo ano. Com o carnaval deste ano terminado, aqui fica uma pequena amostra do que foi esta festa, tendo sido feito um acompanhamento mais chegado à Associação de Animação Geringonça dirigida por Paulo Marques. A Geringonça, fundada em 1988, tem actividades de Janeiro a Dezembro, começa com o Carnaval, segue-se a Festa da Flor, após a Páscoa, as Marchas Populares, em Setembro a Festa do Vinho e termina com as Festas de Fim de Ano. A preparação do Carnaval inicia-se entre os meses de Outubro e Novembro com a compra dos materiais junto de fornecedores portugueses. O tema do desfile de Carnaval é lançado pela Secretaria Regional do Turismo e Transportes, este ano escolheu “MADEIRA – MOMENTOS MÁGICOS”, e a Geringonça optou pelo tema ENCANTOS DA NATUREZA: a água cristalina do mar, as montanhas verdejantes com a sua Laurissilva e o sol que brilha todo o ano. Sugere-se a consulta do site www.geringonca. pt onde pode recolher informação sobre esta e outras tantas actividades. 34 | Phocal Phototovisions
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ETA SOBAL COSTA Sintra – Portugal etasobal@gmail.com https://www.facebook.com/etacosta www.facebook.com/EtaSobalCostaFotografia Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor
© Eta Sobal Costa
Etã Sobal Costa iniciou-se na fotografia amadora mais “a sério”, como costuma dizer, em Julho de 2011. Desde então, participou em algumas exposições, foi premiada em concurso, e viu as suas fotos publicadas em revistas. Praticamente nasceu a viajar. Já morou em 21 cidades distribuídas por quatro países (e três continentes), tendo ainda visitado, em férias ou a trabalho, outros 15. Esta viagem “na rota do Expresso do Oriente” foi um presente em todos os sentidos, sendo também uma oportunidade de fazer outra das coisas que mais gosta: escrever. Juntar viagem, fotografia e narrativa de viagem foi, segundo afirma, a “cereja no topo do bolo”. “Que mais se pode querer?”, pergunta.
Cidade Velha (Centro Histórico), um dos maiores referenciais do património histórico e cultural do Pará, com sobradinhos geminados, azulejos portugueses, ruas estreitas, becos e calçadas de pedra. Aqui fazem-se excelentes fotografias das fachadas e seus detalhes, bem como das gentes. Olho para essas gentes. Mulheres e homens de peles morenas, surradas pelo sol andam por todos os lados, absortos nos seus caminhos. Meninos descalços ou de ‘havaianas’ procuram vender frutas ou outras iguarias aos turistas que por ali passam. De repente, oiço alguém que passa perto de mim a conversar ao telemóvel, dizer “mas quando, maninha?” (“mas quando” é uma expressão que significa que a coisa, seja qual for de que se esteja a falar, não vai acontecer, e “maninha” é uma forma de tratamento carinhoso) e reconheço, caso restasse alguma dúvida, que estou mesmo no Pará. Sorrio e sigo em frente olhando o rio. Belém é banhada pelo rio Guamá, e de vários pontos da cidade podem avistar-se ilhas repletas de flora e fauna típicas da floresta, também presentes nos seus parques (como o Mangal das Garças, inaugurado há apenas 8 anos, e o Bosque Rodrigues Alves). Conta ainda com importantes monumentos e museus, e é palco de eventos de grande repercussão, como a Amazónia Fashion Week e o Círio de Nazaré. Debaixo dum sol escaldante, chego ao mercado Ver-o-Peso, um dos cartões-postais da cidade. Repleto de gentes, cheiros, formas e texturas, apresenta os mais variados motivos para fazer belíssimas fotografias.
BELÉM, A AMAZÓNIA PARAENSE Metrópole e floresta, dois em um para as objetivas mais exigentes “Quero te encontrar numa noite de luar... no Bar do Parque, Farol Velho, Marudá... sentindo o cheiro de amor no ar... me enquadra no zoom do teu olhar”... Oiço esta música vezes e vezes sem conta pelo auscultador do meu mp3, enquanto sinto o avião perder altitude. Estou a chegar ao Pará (nome de origem Tupi, que significa mar), um dos 27 Estados do Brasil, o segundo maior, com uma extensão de mais de 1 milhão e 200 mil km2. Dividido em 144 municípios, tem como limites 6 outros Estados brasileiros, 2 países (Suriname e Guiana) e, a nordeste, o Oceano Atlântico. A aproximação do avião à terra, faz-me sentir um frio no estómago. A última vez que cá estive foi há 8 anos, e pergunto-me o que irei encontrar desta vez. A cidade escolhida para a aterragem, como não podia deixar de ser, é Belém, lugar onde vivi alguns anos, e onde me graduei em psicologia. Quem me conhece sabe que costumo dizer que não tenho “Terra”, pois me considero “cidadã do Mundo”: “a minha Terra é onde eu estiver bem e onde me tratarem bem”, anuncio em alto e bom som para quem quiser ouvir. Esta filosofia facilitou muito a minha integração em todos os lugares onde já morei nesta vida meio nómada que tenho levado desde sempre. Mas, costumo acrescentar, “se algum dia eu vier a chamar algum lugar de ‘minha Terra’, este lugar será Belém do Pará”. E se me perguntarem o porquê desta escolha, posso dar milhões de razões, mas a principal delas é de que Belém está “enquadrada no zoom do meu olhar”. Aos fotógrafos de plantão, preciso dizer mais? Capital do Estado do Pará, Belém é conhecida como “Cidade das Mangueiras”, “Metrópole da Amazónia”, “Cidade Morena”, “Capital Cultural do Norte” e, como já citei anteriormente, “Belém do Pará”. Com uma população estimada de mais de 2 milhões de habitantes em 2011, é a cidade com maior densidade demográfica da Região Norte, estando em segundo lugar como destino turístico da Amazónia. Apesar de cosmopolita e moderna em diferentes aspectos, Belém não perdeu o ar tradicional das fachadas dos casarões, das igrejas e das capelas do período colonial. Passeio pelas ruas da 38 | Phocal Phototovisions
No mercado encontra-se de tudo, peixe, artesanatos, perfumes, comida pronta. Por falar em comida, a exótica culinária da região, reúne pratos famosos no Brasil e no estrangeiro. Apesar do calor que se faz sentir o ano todo, receitas típicas como o pato no tucupi (goma de mandioca) e o tacacá (caldo feito com tucupi, jambu,
camarão seco e pimenta-de-cheiro) são servidos muito quentes tanto nos restaurantes quanto nas barraquinhas montadas nas ruas e no mercado. A maniçoba (feita com a folha da mandioca), apesar do seu aspecto pouco convidativo, é igualmente, muito apreciada. Sumos e gelados com frutas regionais complementam o menu. O Forte do Castelo, ainda no Centro, apresenta uma belíssima vista da baía do Guarjará. Foi erguido em 1878 no mesmo local onde os portugueses construíram, em 1616, o Forte do Presépio, marco da fundação da cidade. Os canhões ainda estão sobre seus trilhos de ajuste de pontaria no piso de pedra. Mais uma vez, fazem-se aqui fotos fantásticas de detalhes, e também do rio Guamá. O meu dia termina na Praça da República, uma grande área verde centralmente localizada, onde aos domingos se realiza uma feirinha de artesanato, e onde fica também o Teatro da Paz, inaugurado em 1878, em estilo neoclássico, com 1.100 lugares. A sua fachada é sustentada por seis colunas. No teto do salão, a pintura do italiano Domenico de Angelis retrata o deus Apolo e seu carro triunfal puxado por cavalos, entre motivos da fauna e da flora amazónicas. Marco da fase áurea do ciclo da borracha no Pará, recebeu companhias líricas famosas da Europa. Atenção para antigos avisos do regulamento, impressos em placas de ágata dispostas pelos corredores. O Teatro está aberto à visitação de terça a sábado. No dia seguinte, pelas 4h da manhã, agendei um passeio de barco à Ilha dos Papagaios, onde vivem milhares dessas aves. Assistir e fotografar a sua revoada é um espetáculo inesquecível, que eu não podia perder.
Alias, passear de barco pelo Rio Guamá é algo que vale a pena, quer de dia, quer de noite. Percorre-se os furos (canais naturais) e igarapés (pequenos rios no interior da mata), com excelentes oportunidades para a observação da fauna e flora da região e do dia-dia das populações ribeirinhas. À noite, visito a Estação das Docas, um complexo de lazer que
é uma versão amazónica do Puerto Madero, de Buenos Aires. A Estação ocupa uma área de 32 mil m2 na beira da baía do Guajará, repleta de restaurantes, bares, lojas e teatro. O processo de restauro do antigo armazém manteve intocado a bela estrutura em ferro inglês, apesar das novidades como janelas de vidro e arcondicionado (indispensável no calor que se faz sentir). Na área externa, o espaço oferece esplanadas variadas e um calçadão com 500 metros de extensão ao longo da baía, perfeito para uma boa caminhada, que faço a passos lentos, observando tudo com atenção. Há motivos variados para fotografar. A qualquer momento ocorrem apresentações de carimbó, a folclórica dança típica paraense que não deixa o europeu mais desavisado indiferente.
No dia seguinte, a pé pela Avenida Nazaré, encontro a Basílica de Nazaré (uma reprodução da Basílica de São Paulo, de Roma), a Concha Acústica, o Parque da Residência, e o Museu Emílio Goeldi. O Parque da Residência, que entre outras coisas, tem um orquidário com 400 espécies, convida também a sentar nos seus jardins e a comer um gelado numa antiga carruagem de comboio. “Cupuaçu”, peço, e espero impacientemente a iguaria, que recebo como se do manjar dos deuses se tratasse. Phocal Phototovisions | 39
Saboreio o segundo gelado do mesmo sabor, já a caminho do Museu Goeldi. Sendo um centro de pesquisa biológica e agronómica, o Museu é uma rara oportunidade de conhecer, num único local, um verdadeiro santuário da fauna e da flora amazónicas, com mais de 2.000 espécies de plantas e cerca de 600 animais em cativeiro ou soltos nos 52 mil m2 de bosque. Há peixes-bois, pirarucus, araras de todas as cores, pés de guaraná, paus-brasis, vitórias-régias, castanheiras-do-pará, palmeiras de açaí, entre outras espécies. Para terminar o dia, nada como petiscar num bar/restaurante de música ao vivo. Delicio-me ao som de Nilson Chaves e Lucinha Bastos (nomes sonantes tipicamente paraenses), que “dividem o palco” com outros grandes nomes da MPB. Chamo o empregado, a quem entrego um guardanapo de papel, e agradeço. Ele sabe o que fazer. Leva-o diretamente ao cantor da noite, que o lê e, prontamente, executa o meu pedido: Paixão (de Kleiton & Kledir), e a noite para mim é fechada com chave de oiro! A aventura fotográfica continua no dia a seguir logo de manhã cedo, no Parque Ecológico Mangal das Garças, o maior parque amazónico da América do Sul. Debruçado sobre o Rio Guamá, oferece ao visitante um pedaço da floresta amazónica dentro do Centro Histórico da cidade. São 40 mil m2 de área, que proporciona um contacto direto com o ecossistema da floresta. O parque cumpre um importante papel na preservação ambiental, sobretudo por incentivar a reprodução em cativeiro de guarás, colhereiros, beija-flores e cisnes negros, e também por abrigar animais resgatados de cativeiros clandestinos apreendidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O Viveiro dos Pássaros conta com cerca de 150 animais de 35 espécies, com destaque para o beija-flor negro, a primeira reprodução em cativeiro na América Latina. Já o borboletário José Márcio Ayres reúne cerca de mil borboletas (um paraíso para quem gosta 40 | Phocal Phototovisions
de macro). Os visitantes também têm a oportunidade de conhecer a torre-mirante do Mangal, a 47 metros de altura, que oferece dois níveis de observação com vista para toda a capital paraense. No dia a seguir é a vez de visitar o Bosque Rodrigues Alves, uma amostra da mata amazónica original, com 2.500 árvores. O bosque tem uma área total de 152 mil m2 com lagos, grutas e orquidário. Foi construído pelo barão de Marajó, que sonhava com uma réplica do ‘Bois de Boulogne’, de Paris. No zoológico, animais amazónicos como peixes-bois e tartarugas. Para manter as lendas vivas, esculturas do Curupira, defensor das matas, e do Mapinguari, espécie de monstro humano, ornamentam a alameda principal. Quem vai à Belém, por menor que seja o tempo de estadia, não pode deixar de fazer uma viagem à Mosqueiro, uma das ilhas fluviais que integram o município. Tem como principais atrações, igarapés, matas e comunidades no interior da Ilha, mais de 20 praias fluviais com ondas que chegam a mais de um metro de altura e permitem, inclusive, a prática do surf (nada como as ondas de Nazaré, mas lembrem-se que estamos a falar duma praia de rio), sol que brilha praticamente o ano todo e raridades da arquitetura do século XIX, como os chalés de madeira construídos por europeus. A caminhada pela orla das praias do Chapéu Virado, Farol e Murubira, locais onde estão edificados os famosos chalés de veraneio do Mosqueiro, construídos pelos grandes barões durante o ciclo áureo da borracha na Amazónia, é obrigatória. Para coroar o passeio, o almoço numa das praias, é com peixe da região. A meio da tarde, não resisto a comer uma deliciosa tapioca (primeiro com manteiga, e depois com leite condensado e côco) na Praça da Matriz. Para quem gosta, um bom açaí (puro, com tapioca, com açúcar, ou como melhor apetecer) pode ser saboreado a olhar o rio no final da tarde. Quem fizer isso, arrisca-se a cumprir o que diz a música: “Quem vai ao Pará, parou, bebeu açaí, ficou...”
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JORGE JACINTO Lisboa – Portugal jorgejacintofoto@gmail.com https://www.facebook.com/jorge.jacinto.14 Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor
© Jorge Jacinto
Jorge Jacinto, é fotógrafo profissional há mais de 40 anos, nasceu em Coimbra ( Sé Nova) em Março de 1944. Iniciou-se nos anos 60 na Revista “Estúdio” , (Grupo Diário de Noticias) onde se manteve durante dez anos, até ao desaparecimento do título. A seguir, colabora também nas mais diversas revistas ligadas ao Mundo do Espectáculo: “Plateia”, “Música & Som”, “Alcance”, “Ela-Donas de Casa”, “Tele-Semana”,”Tv-Top”,etc. Premiado em diversos certames fotográficos, já expôs, individual e colectivamente, por todo o País e no Brasil. Desde 1980, é Jornalista ( Repórter-Fotográfico) da revistas “Tv Guia”, “Flash”, “Tv Guia Novelas” do grupo Cofina . Colaborou igualmente nas revistas de fotografia “Foto Digital” e “Foto Plus”. INDIOS PATAXÓ IN BRASIL Terra mágica de muita cores, o Brasil encanta não só pelas belas e relaxantes paisagens, como pela simpatia do seu povo, e neste plano estão os índios Pataxó, que vivem quase isolados da sociedade que os rodeia. As cores intensas das coroas de penas e das pinturas dos índios misturam-se nos tons da Natureza, e por isso vivem em completa harmonia. Defensores acérrimos de uma vivência ecológica, os índios Pataxó, são uma paixão para qualquer fotojornalista, por isso mesmo e para o que era uma simples viagem de turismo, tornou-se a visita á aldeia deste índios (em Coroa Vermelha), por ser uma grande reportagem sobre os usos e costumes, e o dia era de festa, pois preparavam-se com as suas pinturas e belas vestimentas, para descer á cidade e participar em vários eventos para turistas na zona de Porto Seguro. Para mim foi uma interessante experiência, consegui que estas pessoas tímidas e pouco habituadas ao contacto exterior se sentissem à vontade frente a uma objectiva, apesar disso muitos deles os mais jovens (homens e mulheres), estudam, trabalham, e querem fazer uma vida normal como a de tantos brasileiro.
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NOTA: “A pintura corporal é um bem cultural de grande valor para os Pataxó. Ela representa parte da sua história, sentimentos do quotidiano e os bens sagrados. Usam a pintura corporal em festas tradicionais na Aldeia, como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, protecção, etc. Tem pinturas para o rosto, braços, costas e até mesmo para as pernas. Usam pinturas específicas para homens e mulheres casadas e solteiros. “
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LUÍS LEAL
Lisboa – Portugal Luis.leal70@gmail.com https://www.facebook.com/luis.leal.7547 http://luisleal.zenfolio.com Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Luís Leal
Luis Leal começou a sua paixão pela fotografia em 1993 com a compra de uma Minolta 7xi aquando de uma longa estadia na Alemanha em trabalho. A máquina era usada sobretudo para registar viagens e eventos familiares. A grande mudança surge em 2008 com a passagem para uma Nikon D300, e o frequentar de várias workshops da FotoNature e do IPF de Lisboa. Engenheiro de telecomunicações, aproveita todos os momentos livres para fotografar, editar ou aprender also sobre fotografia. O registo da luz, o contraste criado por jogos de sombras e planos, o detalhe de superficies e o registo de composições simples de paisagem natural são o que mais lhe agrada explorar em fotografia.
Viagem ao Centro da Europa Quando no ano passado a minha sobrinha me perguntou se não queria fazer uma visita a uma cidade europeia nas férias de Verão, não sabia ainda que a ideia se iria desenvolver numa viagem com contornos bem diferentes. E ainda bem que tal sucedeu, pois permitiu uma fantástica viagem ao centro da Europa. O conceito terminou numa viagem de 12 dias com inicio e fim em Budapeste na Hungria e composta por uma viagem por etapas com passagem pela Eslováquia, Polónia e Republica Checa. Alugamos um carro para nos dar a flexibilidade para visitar diferentes tipos de locais: paisagem natural, locais históricos, cidades, aldeias, montanha, rios, etc … Muito útil nesta viagem em substituição dos habituais guias que se compram antes da viagem, foi a utilização intensiva de diferentes sites online como por exemplo a Wikipedia para obter informação sobre locais a visitar assim como onde se encontrava a melhor cozinha, usando a experiência acumulada de muitos outros turistas. Sendo português e considerando a cozinha portuguesa das melhores do mundo, gosto de experimentar os sabores locais sempre que viajo. E claro como não podia faltar, todo o equipamento fotográfico foi usado nesta viagem. É óptimo ter tudo sempre à disposição numa viagem deste tipo pois não sabemos quando vamos precisar do tripé, da grande angular, do polarizador ou dos filtros em gradiente. Budapeste, tendo sido uma das 2 capitais do império AustroHungaro (a outra era Viena) mantêm um centro histórico fabuloso e muito bem conservado. Ao passear ao longo desta grande cidade, devido ao grande número de edificios de finais do século XIX é inveitável que não se tente imaginar como seria na época anterior à 1ª Guerra mundial. A influência na arquitectura e em alguns monumentos mais recentes da presença soviética são inevitáveis mas não mudam a traça original da cidade. As suas inúmeras pontes tornam incontornável a comparação com Praga, mas na verdade são cidades bem diferentes, tendo 44 | Phocal Phototovisions
Budapeste um impacto mais imperial. Aconselha-se a visita ao castelo, passeio pelas margens do rio e os banhos tradicionais. A viagem prosseguiu pela zona rural da Hungria (Eger, Miskolc), bastante plana, onde a agricultura surge em grande escala. A paragem seguinte foi no Slovakian Paradise, uma reserva natural bem conservada com muitos trilhos para passeios perfeitamente classificados quanto à sua dureza, tempo e tipo de terreno. Deviamos seguir estes bons exemplos por cá. A ausência de aglomerados populacionais permite a fotografia nocturna, infelizmente a camada de nuvens que tambêm se encontrava de férias no local não o permitiu. Toda a região que se desenvolve desde este parque até ao sul da Polónia é bastante montanhoso, sendo possivel no pico do Verão ver neve nos topo das montanhas. Bela paisagem , onde as belas casas de madeira do lado polaco (Zakopane) contrastam com as aldeias de tijolo e chapa do lado eslovaco (Poprad) que parecem paradas no tempo. As condições para uso de bicicleta BTT são excelentes. No inverno as estâncias de ski da região devem ser muito procuradas. O resto da viagem até Cracóvia com uma grande quantidade de veiculos comerciais na estrada, permite perceber porque razão a economia deste pais está em forte crescimento. Cracóvia é um autêntico diamante que nos dá vontade de repetir todo o passeio vezes sem conta entre a Praça do Mercado, o antigo castelo, o bairro judaico e o rio Wisla, parando em cada esplanada para saborear o tempo e o espaço. Que pena que sejamos interrompidos constantemente para nos venderem uma viagem turistica num coche de cavalos ou num veiculo electrico. Inevitável a visita aos campos de concentração de Auschwitz (Oswiecim), se chegarem cedo não são obrigados a entrar com as visitas guiadas e podem explorar o campo 1 (famoso pelo portão com a frase “Arbeit macht frei”) em paz e sossego. Todo o local está bastante bem documentado.
Há que passar ainda pelos portões do campo 2 (famoso pelo portão com a linha de comboio) para se tentar (porque só se pode tentar) compreeender a escala do que ali se passou durante a 2ª grande Guerra. Seguiu-se uma paragem mais prolongada em Wroclaw, que se revelou uma cidade cheia de surpresas para os seus visitantes. O grande número de estátuas de rua de diferentes escalas e uma bem conservada arquitectura tornam esta cidade universitária um prazer de fotografar. A não perder um pequeno bairro cheio de grafitis e o centro histórico com ruas peatonais com calçada. Prosseguimos com um passeio ao longo da região sul da Polónia passando por parte da Republica Checa (Hradec-Kralove, KutnaHora, Brno) até Bratislava de novo na República Eslovaca. Apesar de ter um centro histórico pequeno, foi possivel encontrar tambêm muitas estátuas de rua, embora o estado de conservação
dos monumentos não igualar o das anteriores cidades. E por fim foi o regresso a Budapeste, não sem antes ir ao local de férias de Verão de grande parte da população desta região (incluindo alemães) no lago Balaton, um dos maiores da Europa. Ao longo deste lago é possivel dar grandes passeios, tomar banho e visitar um enorme número de pequenas aldeias com centros históricos bem conservados. É uma zona turistica e os preços reflectem isso mesmo nesta altura do ano. Foi com pena que tomamos o avião de regresso, mas com a certeza de umas férias bem passadas e de muitas fotos interessantes dos locais que visitamos para mais tarde recordar e partilhar. A viagem iria prosseguir na edição dessas fotos.
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LUÍS MATA Lisboa – Portugal mata@netcabo.pt www.facebook.com/luis.mata.58173 www.facebook.com/LuisMataPhotography Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Luís Mata
Luís Mata começou a fotografar para recordar as viagens que fazia. Quando comprou uma reflex da Canon em 2008, o prazer de fotografar deixou de ser apenas para fixar na memória determinado lugar. Em 2009, fez um workshop com o Joel Santos que lhe mudou a forma de ver e de captar o mundo que o rodeia e o motivou a melhorar a técnica fotográfica. Médico radiologista de profissão, vive rodeado de imagens, mas a imagem fotográfica funciona como um escape para o desgaste da vida diária. Continua apaixonado pela fotografia de viagem, da paisagem natural e urbana. A fotografia a preto e branco tem vindo a ocupar um papel cada vez mais importante na forma como pretende transmitir aquilo que vê e que sente.
BILBAU Bilbau, no país basco espanhol, é uma cidade interessantíssima para se visitar, ainda mais se se for amante de fotografia. Era uma cidade portuária e foi revitalizada, nos últimos anos, destacando-se a construção do Museu Guggenheim. Mas Bilbau não é só o Guggenheim. Ao longo de todo o rio Nervión, temos várias pontes, das quais eu destaco pela sua singela beleza a ponte Zubi Zuri desenhada pelo arquiteto Santiago Calatrava; é uma ponte pedonal e de quem vem da margem norte, a visão com as Torres Isozaki é fabulosa. A ponte La Salve recebeu uns “Arcos Rojos” que a integraram com o Guggenheim. Vários edifícios chamam a nossa atenção: a Torre Iberdrola, enorme, espelhada, refletindo tudo à sua volta; o edifício Osakidetza, com a sua fachada “esquizofrénica”. O Hotel Gran Domine, decorado por Javier Mariscal, tem um átrio central fabuloso. Mas Bilbau não é só arquitetura. Ao fim da tarde, os bascos reúnem-se nas ruas para confraternizar com um copo de vinho na mão e petiscar um pintxo. Ao pôr-do-sol, enquanto eu procurava a melhor luz para fotografar, os habitantes de Bilbau dirigiam-se para as margens do rio para passear, fazer jogging, andar de bicicleta, namorar ou ouvir a música duma banda de jazz numa esplanada. Aquela hora, a cidade transformava-se e ganhava uma nova vida.
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PAULO A. CARVALHO
Lisboa – Portugal paulo1111@sapo.pt
Humanidade da UNESCO, e graças aos seus 6 km de arcadas, os moradores do local referem-se a elas como “Lauben”, a cidade ostenta os mais longos calçadões de compras cobertos da Europa.
www.flickr.com/photos/paulo-carvalho www.flickriver.com/photos/paulo-carvalho www.500px.com/Paulo_Carvalho Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Paulo Alexandre Carvalho
Paulo Carvalho é desenhador projetista, nasceu a 11 de Agosto de 1962 na cidade de Odivelas e desde sempre sentiu o enorme fascínio pela fotografia. Aos 12 anos seus pais ofereceram-lhe a sua primeira maquina, uma Kodak brownie reflex 20. Mais tarde começou a fotografar com uma Yashica TL-Electro que ainda hoje funciona na perfeição. Passava horas nos jardins á espera que as abelhas pousassem nas flores para as poder fotografar e onde gastava rolos de filme quase ao kilo. Surge a era digital e adquiriu a sua primeira compacta, uma PowerShot S50 que ainda hoje o acompanha no dia a dia para aquele momento mais inesperado que precisa ser registado. Em 2011 começou a fotografar com uma Canon 5D Mark ll. Gosta de fotografar um pouco de tudo mas é a fotografia de paisagem que mais o fascina, o contacto com a natureza, as cores, os cheiros e principalmente as emoções que esses de momentos nos transmitem. A fotografia é a sua forma de escrita, poder contar e partilhar uma história através da imagem, poder congelar aquele momento para sempre. Claro que nem sempre consegue captar a melhor foto desse mesmo local, por isso tem o lema que da próxima é que vai sair a melhor foto, e é isso que o move a percorrer os mais variados locais por vezes de difícil acesso, sempre em busca da tal foto perfeita.
Barcos no Lago Genebra
Suiça
Já são 130 anos desde que os barcos a vapor da Belle Epoque começaram a cruzar as águas do maior lago da Europa Central, riscando a sua beleza ligando as pequenas cidades da Suíça a destinos no lado francês, como Genebra, Lausanne e Montreux, através de Evian (França). Independentemente do lago se encontrar envolto em névoas matinais ou pelo pôr do sol vermelhosangue descendo por detrás das montanhas, o restaurante a bordo é sempre uma boa opção para se experimentar deliciosos petiscos.
Berna Poucas cidades conseguiram manter suas características históricas tão bem preservadas como Berna, a capital da Suíça. O centro histórico de Berna entrou para a lista de Patrimônios da 52 | Phocal Phototovisions
Castelo de Chillon O Castelo de Chillon é um dos castelos da Suíça mais conhecidos em todo o mundo, além de ser o monumento suíço mais visitado e um dos mais bem preservados da Europa, estando classificado como monumento histórico. Situa-se numa das margens do Lago Léman, em Veytaux, a três quilómetros de Montreux. De forma oblonga, mede 110 metros de comprimento por 50 de largura, culminando com uma torre de menagem de 25 metros de altura. Foi construído sobre um rochedo, um ponto de proteção natural e estratégico para controlar a passagem entre o sul e o norte da Europa. De um lado, é uma magnífica residência à beira do lago e, do outro, uma imponente fortaleza em frente às montanhas.
Castelo/Restaurante “Schadau” O Castelo/Restaurante Schadau foi construído entre 1846 e 1854 para o banqueiro Alfred Neuchâtel Denis de Rougemont. O Edifício encontra-se na margem sul do Lago Thun, onde o rio Aare flui para fora do lago. O Castelo é agora o lar de “Artes”, restaurante gourmet e restaurante museu da gastronomia Suíça. Genebra
Lago Thun
Genebra
Encaixado no meio de um imponente cenário de montanhas, o azul escuro do Lago Thun encontra-se na periferia norte dos Alpes, entre as cidades do Oberland Bernês de Thun e Interlaken. O Lago Thun é especialmente popular entre os marinheiros e praticantes de windsurf, que adoram a leve brisa sempre presente. Numerosas áreas litorâneas e ótimas para natação convidam os visitantes a se refrescarem.
Genebra é uma cidade Suíça, localizada no oeste do país, figurando como a segunda mais populosa cidade suíça, depois de Zurique. Como uma importante cidade global, Genebra é, ao lado de Nova York, o centro mais importante da diplomacia e da cooperação internacional em razão da presença de inúmeras organizações internacionais, fazendo de Genebra sede de diversos departamentos e filiais das Nações Unidas, da Cruz Vermelha e da UNESCO — fazendo com que a cidade tenha a alcunha de “Cidade da Paz”, uma vez que lá foram assinadas diversos tratados em prol da paz mundial, incluindo, o durante a Convenções de Genebra que dizem sobretudo respeito ao tratamento de não-combatentes de guerra e Prisioneiros de Guerra. Genebra é considerada um dos mais importantes centros financeiros do mundo. Passeios de barco Um passeio de barco no Lago Thun é uma experiência relaxante, enquanto desfruta de uma boa refeição, um copo de vinho ou simplesmente do glorioso sol no convés, seu olhar viajará para além da costa encantadora, com seus românticos vilarejos e castelos majestosos, alcançando os picos do Eiger, Mönch e Jungfrau.
Gruyère – Moléson (Região de Friburgo) A região de Gruyère, com suas paisagens de verde ondulado e com os picos dos Pré-Alpes de Friburgo, é a terra natal do mundialmente famoso queijo Gruyère. A cidadezinha medieval de Gruyères tem aparência de cartão postal, estando situada ao topo de uma pequena colina. Phocal Phototovisions | 53
PEDRO MARTINS
Castelo branco – Portugal
info@pmartins.net http://www.pmartins.net http://www.pedrormartins.blogspot.com http://www.photosensibilidade.blogspot.com Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Pedro Martins
Pedro Martins -1976, S. Vicente da Beira - Castelo Branco. Fotógrafo Profissional Freelancer há 10 anos. Encontrou na natureza o cenário perfeito, cheio de cores, simetrias, formas e modelos, uma fonte inesgotável de
Garcia nos legaram, criadas com um propósito de sobrevivência diária, tenham deixado uma marca genética permanente no nosso sentido do estético, um apreço vincado para as geometrias funcionais da Natureza. Pelo menos para as gentes de Penha Garcia estas formas conhecidas como Cruziana trouxeram há muitos séculos admiração…e explicações alternativas nas “Cobras Pintadas”. Para quem se fascina com a compreensão da origem das coisas naturais que nos rodeiam não poderíamos estar em melhor local. Este é o Geopark Naturtejo, um vasto território aberto ao conhecimento que se estende a partir da fronteira Centro e Sul na direcção do Pinhal. Para compreender que a paisagem é algo complexo a que pertencemos e que evolui em todas as dimensões do espaço-tempo, por processos naturais e culturais.
conhecimentos e beleza. Hoje em dia trabalha a reportagem com temas sociais, culturais e de ambiente. É fotógrafo colaborador regular de várias revistas destacando-se a National Geographic – Portugal e a Noticias Magazine e alguns jornais nacionais como o Publico e internacionais exemplos do El Mundo de Espanha. Tem também trabalhado com várias empresas e instituições do nosso País em termos de imagem e promoção. É orientador de muitos cursos, workshops e passeios nas temáticas da Fotografia, Natureza e biodiversidade, sendo um dos formadores da empresa de fotografia Dream Pictures. É autor das imagens no livro “Geopark Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens” e em muitas outras publicações com uso das suas imagens.
Geopark Naturtejo da Meseta Meridional Estórias de Vida erguidas no Tempo Texto: Carlos Neto de Carvalho Memórias de um mar sem peixes No cimo de uma aldeia espraiada pela encosta solarenga da Serra do Ramilo, o contraste não poderia ser mais surpreendente: quem vai a Penha Garcia não deixa de se arrepiar! No caminho tortuoso que dá acesso à ruína templária que por aqui impôs respeito a “nuestros hermanos”, as fragas crescem impressionantes sobre um ainda jovem, mas nem por isso menos rebelde rio Ponsul, incontido nos seus propósitos de alcançar esse grande Tejo. No vale paira uma sensação de intemporalidade. Estamos na Rota dos Fósseis e somos impelidos inconscientemente a mergulhar num Tempo profundo. Tão primordial que, há quase 500 milhões de anos, neste mesmo lugar poderíamos mergulhar num oceano ao invés do abismo entre montanhas. Na verdade, cada camada de rocha que aponta o céu, como escamas de uma besta lendária que nos faz pequeninos, já foi porção de fundo marinho. Foi a dança dos continentes à escala do mundo que criou uma montanha de que vemos hoje esta bela amostra. Folhas de pedra dobradas para que pudessem ser relidas mais tarde. E de facto, basta querer e podemos aprender muito nesta enciclopédia escrita por alguns dos primeiros habitantes da região. A jovem guia que nos acompanha ajuda-nos neste propósito. Os rabiscos que preenchem a maior parte das rochas são infinitamente mais antigos que as gravuras do Côa e têm origem no interior do quartzito, comprovando a sua origem pré-humana. Uma arte fóssil deixada no fundo marinho por trilobites, é-nos dito, num oceano sem peixes. Animais há muito extintos, mas que estão na base evolutiva da imensidade de formas de insectos que abundam na região, que levaram à conquista da terra firme e do ar e que, em última análise, estão incluídos numa pequena parte do nosso genoma. Talvez a beleza das formas que em Penha 54 | Phocal Phototovisions
Granito feito de gente Para observarmos toda a dimensão cultural de uma paisagem antiga aproveitada pela humanidade vai para mais de 150 mil anos não basta escalar Monsanto, é preciso aqui pousar por uns tempos. Percorremos as intricadas ruas que souberam aproveitar os espaços entre um caos granítico ciclópico e não podemos deixar de ser assolados pelos mesmos sentimentos aparentemente contraditórios que inspiraram escritor Fernando Namora na década de 40. As formas graníticas, gigantescas ao trato, foram moldadas pela sagacidade das gentes, que vivem no alto desta ilha de pedra rodeada de um quase perfeito plano. Escolheremos S. Pedro de Vir-a-Corça para ver a água incessantemente esculpir as mais inusitadas formas na rocha, tomando mineral por mineral no subsolo. Não longe, nesta manhã gélida de inverno, Maria do Nascimento entra nas águas do Rio Torto “- Há mais de 65 anos que não areava uma bacia de minério; a gente daqui somos tesos!”.
Ao encontro da simplicidade das coisas complexas Solos revolvidos pela tenacidade da enxada. Por mais de dois mil anos foram aqui explorados metais, como o ouro, o estanho ou, muito mais tarde, o volfrâmio. As mesmas técnicas de mineração aplicadas pelas comunidades locais foram aproveitadas, à escala de toda uma paisagem transformada, pelo Império Romano neste Tejo Aurífero, ou deixando uma marca indelével mas orgulhosa e pessoal na memória, como foi a “febre do volfro” durante a Segunda Guerra Mundial. Um património intangível em vias de irreversível extinção. Aos pés das grandiosas Portas de Ródão, esse Monumento Natural, inclui-se o Conhal do Arneiro, reminiscência maior dos trabalhos mineiros durante o período Romano. São milhões de seixos estéreis acumulados pacientemente para deixar passar as minúsculas partículas de ouro lavado que ainda hoje fazem as delícias de quem as busca nas aluviões dos rios, ribeiros e barrocas. Não poderia ser mais contraditório que os resíduos dos trabalhos mineiros do passado sejam hoje habitat privilegiado para a conservação de espécies em risco de extinção. Nas Portas de Ródão conta-se a complexa história da origem e evolução do rio Tejo tal como o conhecemos, ibérico e grandioso, massa de água fundamental. Nas vertiginosas fragas da montanha talhada pelo rio nidificam espécies de grande importância para o equilíbrio dos ecossistemas naturais e para as paisagens cujos recursos hoje exploramos, pelas mais distintas necessidades. É desse aproveitamento responsável e participado dos recursos geológicos, mas também biológicos, culturais e paisagísticos, que se constitui um geoparque reconhecido pela UNESCO. As Portas deste Geopark Naturtejo escancaram-se no Ródão para mundos passados que ajudam a construir um futuro diverso e dourado. E é tão simples arriscarmos a permanência…
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PEDRO MIGUEL Seia - PORTUGAL
pedroevt1@gmail.com www.facebook.com/pedro.ribeiro.7547031 http://500px.com/pedroribeirophotography Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Pedro Miguel Ribeiro
Pedro Miguel Lourenço Ribeiro nasceu em 1983, em Sandomil/ Seia. A paixão pelo mundo da fotografia nasce desde criança, ainda na escola começa a frequentar o clube da fotografia e natureza com o seu professor e actual amigo Carlos Nabais, desde ai a paixão nunca mais parou. Em 1998 entra no curso Profissional Desenhador Projectista, mais tarde em 2001 segue o seu percurso na Universidade onde em 2005 se licencia em Educação Visual e Tecnológica, é a partir deste momento que a sua mente e visão sobre o mundo se altera, afirmando-se inicialmente através da pintura. Em 2008 compra a sua primeira Câmara reflex, onde regista o fervilhar da vida nas suas viagens a Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Brasil, Madeira e Portugal Continental. No ano de 2011 frequenta dois cursos profissionais de fotografia de estúdio com a fotojornalista Sofia Vieira no CEARTE em Coimbra, onde aprende verdadeiramente a técnica fotográfica. A sua aventura começa em 2011 quando vai a um estúdio revelar fotografias para participar num concurso e a fotógrafa após visualizar os seus trabalhos o convida prontamente a colaborar com a sua equipa em fotografia de eventos sociais. No verão de 2012 recebe novo convite de outro estúdio para realizar o mesmo género de trabalho. Apesar de tudo isto o que lhe dá maior prazer é o contacto com a natureza e a descoberta de “lugares mágicos”, os seus trabalhos centram-se principalmente na macrofotografia e paisagem natural, e desenvolveu uma paixão que é fotografar cursos de água. Actualmente, frequenta o 2ª ano de Mestrado em Design Gráfico na ESART/Faculdade de Arquitectura de Lisboa, e está a desenvolver como tese de mestrado “ A Comunicação Corporativa do Município de Tábua”. Luxemburgo Um país de florestas vales e colinas onde a neve impera A aventura começa no dia 24 de Janeiro de 2013, a espectativa era grande uma vez que as temperaturas apontavam -10º. Eis que o avião rasga as nuvens o céu alemão, e por entre as frestas da sua pequena janela, surgem no solo as primeiras formas geométricas onde o branco dominava, enormes concentrações de pinheiros nórdicos quase derrubados de neve criavam padrões magníficos que me arrebatavam o olhar. Após a aterragem em Frankfurt, esperava-nos uma viagem de duas horas para o Luxemburgo. Era fim de tarde, as vilas, florestas, lagos, colinas e encostas mostravam um belíssimo cenário natural. Não resisti e mesmo com o vidro do autocarro como fator delimitador, puxei da minha máquina fotográfica, elevei a ISO, visto ser fim de tarde e comecei a fazer registos de luz, pensando eu que estes serviriam de memória para recordar algo único e irrepetível. O centro da cidade do Luxemburgo esperava-nos, cheio de luz junto à Gare Centrale, local este onde as pessoas se deslocam a um ritmo frenético para apanharem o TGV, comboios urbanos e autocarros. Nos telhados pretos e inclinados, nas linhas de comboio, junto às avenidas e automóveis a neve reinava. Era hora de jantar, o cansaço era muito, jantei e fui dormir, pois o dia seguinte 58 | Phocal Phototovisions
prometia boas fotografias. A manhã seguinte surge gelada com cerca de -7º, levantei-me bem cedo, preparei o equipamento fotográfico, cachecol e roupas bem quentes segui em direção à zona histórica do Luxemburgo nomeadamente Bisserweg, que remonta à época do Império Romano. Para vos contextualizar o Luxemburgo é uma região geograficamente acidentada, a cidade é cortada por um vale com penhascos íngremes e ocupa diversos níveis topográficos, este mesmo vale é cortado por várias pontes como a famosa Ponte Adolfo. O país apresenta ainda grandes áreas como parques, áreas florestais e Património Histórico da UNESCO. As fotografias e surpresas foram imensas neste dia, desde fazer registos de luz com neve a cair, uma visita à floresta de Bonnevoir, onde o manto branco era imenso sobre a vegetação em estado natural e pouco povoada, rasgada por um pequeno curso de água. Numa saída à noite houve a oportunidade de verificar que os bares e discotecas da cidade se enchem de vida e divertimentos onde o consumo das pessoas é imenso. Em síntese seguiram-se algumas viagens de comboio, o regresso a Portugal e a ideia em mente de um país marcado por contrastes entre a pureza da natureza e o ritmo laboral frenético onde o frio e a neve predominam o Inverno.
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RUI NEVES MUNHOZ
Cantanhede – Portugal ruimunhoz@gmail.com
https://www.facebook.com/ruimunhoz http://ruimunhoz.wordpress.com Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor © Rui Neves Munhos
Rui Neves Munhoz é um viajante amador, por tradição familiar, paixão, vocação e devoção. Eterno aprendiz de escritor, com muitos livros escritos e guardados na gaveta; inventados num registo muito pessoal, caótico e desorganizado, com a finalidade única, de emprestar aos amigos e a quem tenha paciência de os saborear. A única obrigação que o leitor tem, é de devolver os manuscritos, para de imediato, serem entregues a outro leitor. Não colecciona carimbos, nem passaportes caducados e não sabe quantos lugares visitou. Encontra sempre novos amigos e vivências e apenas guarda imagens e sentimentos, enquanto a memória não lhe faltar, porque depois disso, já não se sentirá com forças para viver. Parte sem preconceitos e regressa incomensuravelmente mais rico, porque conhece e aprende com todos os que se cruzam no seu caminho, mais tolerante e solidário. Em cada viagem que faz, descobre que apesar de todos diferentes, somos todos iguais, independentemente de credos, tradições e politicas. Gosta de fotografar pessoas e rostos, mas pede sempre autorização para o poder fazer. Gosta de contar ‘’estórias’’ de viagens e de recordar pessoas que, apenas passando fugazes, na sua vida, ai permanecerão para sempre…” O IRÃO O Irão é vasto e populoso, Asiático e Chiita, de cultura milenar e população hospitaleira, estende-se de Norte para Sul, nasce junto ao Mar Cáspio e faz fronteira com a Arménia, Azerbaijão e Turquemenistão, estende-se até ao Golfo Pérsico, debruça-se no estreito de Ormuz, sobre o Golfo de Oman e alarga-se até o Mar Arábico onde se abre ao Oceano Indico. Encosta-se ao Médio Oriente a Oeste junto ao Iraque e à Turquia e alarga-se para Leste até ao Afeganistão e Paquistão. Nesse fabuloso país conversa-se em Persa e negocia-se em Rials. Há muitos anos, quatro décadas, pensei pela primeira vez, se bem me lembro, em como gostaria de, um dia poder visitar o Irão. Nesse já longínquo início da década de setenta, as revistas e jornais, abriam-nos as páginas com as fotografias, das comemorações dos 2.500 do império Persa, acontecidas nas ruínas de Persépolis. Decorria o ano de 1971 e eu, uma criança deslumbrada de escassos 10 anos, gravei na memória já aventureira e preenchida de sonhos nascidos de livros, a vontade de um dia peregrinar pelos pórticos e escadarias da monumental cidade de Dário. Então já sonhava com Alexandre da Macedónia, com os Assírios, os Hititas, os Persas e os Egípcios, com as civilizações Indianas, com marajás de Jaipur, cremações em Varanasi e o Taj Mahal, com as nascentes do Nilo, com as culturas perdidas dos Andes e da América central, com a muralha da China e os templos de Angkor, com os desertos de África e da rota da seda, com Lawrence da Arábia e com o Rajá Brooke, com savanas, estepes e com o vale do Rift, com Petra, Damasco e Jerusalém, com Marraquexe, Isfahan, Xian e Cuzco, com a baía de Halong e as ruas de Praga, com cidades medievais de altivas e inexpugnáveis muralhas e com os Kracks do médio Oriente, com a Anatólia, os vales das 60 | Phocal Phototovisions
kashbas do Atlas, Sidi Bou Saíd e os mosteiros dos Meteora, com Creta, os templos de Agrigento, Florença, Cesky e o litoral do Adriático, com as ruas e basílicas de Roma, Londres, Paris e New York, nas montanhas e rios da Indochina e nos lagos salgados dos Andes, nas aldeias de pescadores das Astúrias e Cantábria e no litoral Africano do Índico, em suma em todos os lugares e em lado nenhum, sonhava com ver, conhecer e aprender, para tentar tudo compreender, estranha ambição a minha. Nestes lugares e em centenas de outros com nomes difíceis ou impronunciáveis, isolado no meio da multidão, ou acompanhado pelo silêncio e pela paisagem, senti-me em paz e feliz por ter o coração aberto e o espírito livre, para ver, conhecer, aprender. Porque assim não esqueço, que cada estação tem os seus frutos e as suas flores, que cada árvore tem o seu tempo e que cada homem tem o seu lugar, mas que todos os homens cabem no coração de um único homem, porque a nossa capacidade de amar e compreender é infinita e eterna. Acredito que cada espécie animal, ou vegetal, é como cada homem, indispensável e insubstituível neste planeta que já foi azul e verde e que em cada dia que passa, se torna mais cinzento, mas ao contrário dos profetas da desgraça, que afirmam que já é tarde, eu grito que ainda não é demasiado tarde, que ainda temos tempo, de mudar, de criar um mundo melhor, de acreditar que somos todos iguais e de tomar consciência de que se uma criança morrer de fome, no outro lado do mundo, então é um pouco de cada um de nós que morre também. É esta a minha visão do mundo, da natureza, dos povos e das culturas, a nossa riqueza está na nossa diversidade e ainda bem que assim é. Em 1971, uma faustosa celebração comemorativa dos 2.500 anos do império Persa, aconteceu nas ruínas de Persépolis, por ordem e vaidade do então Shah Reza Pahlavi, o último da dinastia e o ultimo imperador do Irão. Não foi uma festa para o povo do Irão, obrigado a permanecer a uma cautelosa distância, para não importunar o Shah e convidados. Foi antes uma feira de vaidades, para o então todo-poderoso Shah e os seus amigos de então, os mesmos que 8 anos depois, não lhe deram abrigo para morrer. Nesse momento nasceu o meu sonho Persa e levei quase uma vida a concretizá-lo. Tinha eu então 10 anos de idade e todas as ilusões e esperanças de uma quase criança, depois vivi sonhos e utopias de mais bela revolução do mundo, que me levou por uma juventude inquieta, mas pouco irrequieta. Estudei e continuei a sonhar, desiludi-me cedo com algumas pessoas e muitas circunstâncias da vida. Li muito e estudei tudo o que não interessava aos adolescentes como eu, mas aprendi, aprendi, aprendi sempre, sem nunca me cansar. Viajei e continuei a ler, quase com um carácter compulsivo, comecei a escrever, como um aprendiz de feiticeiro que queria ser escritor e, que no seu íntimo, sabia que nunca o poderia ser. Inventei registos de escrita sempre diferentes e continuei a viajar e a escrever e a aprender, a conhecer e a acreditar que somos todos iguais, apesar de todos diferentes. Corri mundo, primeiro com alguma companhia, depois com companhias esporádicas, com desconhecidos e sozinho e acabei por encontrar o meu caminho, a minha forma insatisfeita de viajar, ‘’…o só estar bem onde não estou…’’, ‘’…o já lá estar antes de chegar e ainda lá continuar depois de partir…’’. Fiz amigos e encontrei e perdi pessoas, algumas passaram fugazes, mas permaneceram em mim, porque ‘’…eu, sou eu e a minha circunstância…’’, como disse o filósofo. Outros que ficaram por muitos anos, esfumaram-se com ‘’…esse leve ar do tempo…’’ e esqueci-os. A vida é assim, imperfeita e injusta, talvez só a morte seja perfeita. Levei cerca de 40 anos a chegar ao Irão, no final de um dia de Abril de 2011. Quando vi um programa de uma viagem cultural e de aventura, inventada dentro do espírito da Nomad, pelo Filipe
Morato Gomes, então e em poucos minutos, decidi que era já o tempo da partida, de mais uma aventura para aprender e abraçar outro povo, outra cultura. O Irão aproximava-se agora, do meu horizonte visual, pois a Pérsia já se instalara há muito nos meus horizontes culturais, mas para partir não bastam as vontades e os impulsos, são necessárias as burocracias, preencher formulários, pedir autorizações e vistos e procurar voos. Como seria bom e perfeito se fosse suficiente apenas partir, resolver num dia e partir no outro, sem destino, com rumo incerto. Estranha utopia a minha, ou se calhar, espantosa ingenuidade. Como eu gostaria de poder percorrer um mundo sem fronteiras físicas, nem barreiras no coração dos homens. Uma semana antes da partida, ainda não tinha o visto, nem a autorização de entrada no Irão, o meu passaporte permanecia na embaixada à espera de um tal código de acesso, mas como ao viajante crónico põem os deuses todos a mão por baixo, finalmente, no dia 31 de Março, tudo se resolveu, a autorização de entrada no Irão foi dada, o visto foi autorizado e o meu novo passaporte, com a minha mais assustadora foto, parecida com a imagem de um personagem do ‘’Crime e Castigo’’ já estava nas mãos da ‘’Nomad’’. A propósito de passaporte, é uma experiência traumatizante, tirá-lo no Governo Civil de Coimbra, onde a máquina fotográfica
parece um aparelho de raio X do século passado e as vozes dos funcionários, não são vozes, são mais grunhidos, mas como quem corre por gosto não cansa, é sempre bom saber que nós, os ‘’Tugas’’, somos mal tratados em casa e bem recebidos no exterior. A mochila é sempre preparada tendo por base o critério’’… menos é mais…’’, roupas leves e simples, que possam ser vestidas ás camadas e fáceis de lavar e secar pelo utilizador. Com pouco mais de 8 quilos, incluindo carregadores, baterias e produtos de banho, fica o problema resolvido. Nos bons e já longínquos tempos, antes das paranóias colectivas e sucessivas que assaltaram as viagens aéreas, em que era permitido transportar tudo o necessário para 3 semanas de aventura, em bagagem de mão, eu conseguia ser sempre o primeiro a sair do aeroporto. No dia fatídico de 6 de Abril de 2011, o país dos ‘’Tugas’’, afundase, bate na lama, como disse Miguel Sousa Tavares, numa crónica do ‘Expresso’’, escrita dias antes: ‘’…afundamo-nos, caramba, mas merecemos…’’. Estranho povo, que permite políticos que chafurdam como porcos, no lodaçal que nós os ajudamos a criar, pela força dos nossos votos depositados nas urnas, que já só são sepulcros. Parti desanimado e desiludido, com medo de um futuro próximo e trémulo, que me impeça de viajar, em suma, de viver.
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SANDRA AGUIAR
Gondomar– Portugal
sandra.c.aguiar@gmail.com https://www.facebook.com/sandra.aguiar.7543 Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor © SANDRA AGUIAR
Sandra Aguiar nasceu no Porto, em Junho de 1974, é licenciada em Organização e Gestão de Empresas pela Universidade do Porto. A paixão pela fotografia nasceu verdadeiramente com a primeira máquina digital, Nikon Coolpix E885 em 2001. Agora este “vício” diário que regista momentos para a eternidade é realizado com uma Canon EOS 450D. Fotografia de paisagem e arquitetura são os motivos que mais a apaixonam. Na verdade fotografar é captar o mundo à minha maneira através de uma objetiva. LONDES A mística cidade londrina singular e misteriosa… O céu encoberto e chuva constante deu lugar como por magia a um manto de neve que cobriu a cidade. Percorrer as áreas da cidade leva-nos a uma diversidade de gentes e locais. Turismo As áreas com as atrações turísticas são uma referência para todos os que visitam Londres. O parlamento e a torre do Big Ben nas margens do Tamisa levamnos a um cenário que faz parte do nosso imaginário. Quem não ouviu falar no famoso sino BIG BEN? A ponte “ Tower bridge” é de uma beleza que não passa despercebida assim como a torre de Londres, outrora de significado terrível para os prisioneiros que lá eram encarcerados. Parques A cidade possui dezenas de parques de dimensões generosas para as atividades de lazer. Encontramos, com frequência, os londrinos a passear os seus cães nos parques, mesmo nestes dias de neve. Os parques parecem autênticos bosques onde, se estivermos atentos, conseguimos ver alguns dos seus habitantes como raposas e esquilos. Moderno e o tradicional A arte moderna mistura-se com as tradições londrinas. Paredes repletas de belos grafitis preenchem várias áreas da cidade. Arte! Ruas As ruas de Londres são dignas de se percorrerem. Desde os clássicos táxis aos autocarros de dois andares. Como a tradição ainda é o que era em Londres, não podemos esquecer-nos das típicas cabines telefónicas.
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VIAGENS Joel Santos nasceu em 1978, sendo licenciado e mestre em Economia. A paixão pela fotografia desperta em 2003, com génese na macrofotografia a água e na fotografia de paisagem natural. Em 2004 ruma a Timor-Leste como docente da Universidade de Economia em Díli – uma experiência de três anos que impulsionaria a sua apetência pelo retrato espontâneo e pela reportagem de vida quotidiana. Em 2005 inicia a sua ligação ao mundo editorial, através da revista FotoDigital, sendo que, em 2007, após o seu regresso a Portugal, assume, durante três anos, a direcção da revista ‘O Mundo da Fotografia Digital’. Em 2009, durante praticamente um ano, acumula o cargo anterior com o de coordenação editorial de todas as publicações de tecnologia da editora Goody. Desde 2010 é colunista regular da revista Visão Vida & Viagens e, ocasionalmente, da revista Visão, publicando crónicas e fotografias. Nos últimos nove anos, entre publicações nacionais e estrangeiras, editou centenas de artigos e imagens, protagonizando mais de quatro dezenas de capas e artigos centrais. Em 2007 escreve o livro “Fotografia Digital com Adobe Photoshop Lightroom”, em 2010 o livro best-seller “Fotografia - Luz, Exposição, Composição e Equipamento”, em 2011 o livro “India – A Cor do Contraste / The Color of Contrast”, em 2012 o caderno/guia de terreno “FOTOpad” e, também em 2012, o “FOTOedição – O Guia Essencial de Pós-Produção com Photoshop Lightroom e Adobe Camera Raw”, todos eles publicados pela editora Centro Atlântico. Actualmente, com a agência de viagens Papa-Léguas, lidera viagens e workshops fotográficos em Portugal e por todo o mundo, aliando a vasta experiência como viajante ao gosto por comunicar e formar. Em Junho de 2012 é nomeado Canon Explorer ao abrigo do Canon Ambassador Programe, em virtude do seu trabalho fotográfico em fotografia de viagem, paisagem e retrato. As suas fotografias foram distinguidas com alguns dos mais prestigiados galardões nacionais e internacionais de fotografia. Realizou múltiplas exposições em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Timor-Leste (Instituto Camões e Fundação Oriente) e na Polónia (III Foto Art Festival). O seu trabalho fotográfico é representado pela Aurora Photos, que também distribui os seus trabalhos na Getty Images e Corbis, sendo as suas imagens usadas à escala global por empresas como a Canon Europa, Samsung, IKEA, organizações de turismo, agências de publicidade, companhias de aviação, entre outras.
Viajar é estar em movimento e um estado de espírito. É aprender com aquilo que nos rodeia, abraçando a diversidade à medida que o contexto se modifica. É sair da zona de conforto e desafiar o desconhecido, procurando novos caminhos. É perceber o que realmente significa ‘casa’, onde é o que nosso coração de facto mora. Viajar é uma descoberta interior, é encontrar, através das pessoas e dos lugares, quem é que realmente somos, o que nos define. Viajar é um sorriso, um gesto, um olhar, um sabor, um odor ou uma palavra. Viajar é uma imagem. Viajar permitiu-me perceber que, independentemente da parte do planeta em que as pessoas se encontram, todas sentem necessidades idênticas: ter o que comer, sentir segurança e protecção, dar e receber afecto, transmitir conhecimento e experiências a alguém, acreditar em algo que lhes seja superior. No entanto, apesar deste traço comum, a forma como essas necessidades são satisfeitas é, muitas vezes, completamente diferente. É precisamente essa diversidade que nos enriquece em viagem, conferindo-nos a oportunidade de aprender que existem outras formas de sobreviver e de sermos felizes, de construirmos uma nova perspectiva da realidade. A par das pessoas com quem nos cruzamos, os locais visitados também contribuem significativamente para o nosso crescimento interno. De facto, a mudança de contexto e a vivência num local distinto do de origem leva a que os nossos instintos mais primários sejam estimulados, estabelecendo um contacto mais próximo com a nossa essência e obrigando-nos a um esforço de adaptação. Nesse processo somos impelidos a procurar novas soluções para os desafios que se apresentam, sejam eles conhecidos ou desconhe-
JOEL SANTOS
joel sa ntos .foto@ gm a i l .co m www.facebook.com/Joel.Santos.Photography w w w. joel s a nto s .n et Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Joel Santos
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P ORT UG AL - AL BA ND EI RA
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P O RT U GA L - CO RVO
cidos. Testamos os nossos limites e, com frequência, percebemos que os conseguimos ultrapassar, encontrando energia onde esta parecia não existir, nem que seja pela adrenalina e pela excitação de nos auto superarmos.
PO RT UG A L - FLO R ES
No meu caso, fotografar reforça toda esta experiência de vida e de aprendizagem em viagem, pois os sentidos estão mais alerta e a câmara torna-se uma extensão natural do meu corpo. Procuro constantemente situações invulgares e obrigo-me a fazer pausas mais prolongadas, esperando até que algo de singular aconteça. Não me limito a ver os motivos, mas também a observar para lá deles, nomeadamente a forma como a luz os desenha e transforma ao longo do tempo, num diálogo que procura antever o futuro nas subtilizas do presente. Assim, ao escrutinar a realidade através de um rectângulo, consigo eliminar o ruído lateral e simplificar a mensagem que as pessoas ou as paisagens têm para me transmitir, concentrando-me no essencial e incorporando essas experiências no meu crescimento pessoal. Uma vez congelado o tempo num fotograma, tenho a oportunidade de continuar a aprender com o momento registado, de reparar em pormenores que estavam para lá da minha percepção inicial e, por fim, de partilhar essa imagem com terceiros e extrair novos conhecimentos através das suas interpretações. Em suma, reiterando o que inicialmente foi referido, viajar é uma imagem. Como tal, as imagens aqui partilhadas são muitas viagens — pelo espaço, pelo tempo e pelo meu interior. São o culminar do que as pessoas e os lugares me ensinaram nos últimos anos, o testemunho de algo que aconteceu e que, por diversas razões, se tornou especial para mim. Humildemente e com muita paixão, são um tributo às gentes e aos lugares que tanto me deram, com a esperança de que eles se tornem igualmente especiais para quem os observa. Phocal Phototovisions | 65
CHI NA - YA NGS HUO 66 | Phocal Phototovisions
A RG E NT INA PATAG Ó NIA
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C H INA - G R A ND E M UR A L H A
C H INA - YA NG SH UO
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A RGE NTI NA - PATAG ÓNI A
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Magali Tarouca nasceu em 1981, em França, sendo formada em Jornalismo. Ao longo da sua carreira profissional trabalhou em diversas agências de comunicação, nomeadamente a “Primeira Imagem” (Discovery Channel e People & Arts), e grupos editoriais, como a Cofina (Record e PC Guia), Bit Sociedade Editora (Bit e PC Mais) e Goody (“O Mundo da Fotografia Digital”). Apesar de o jornalismo lhe correr nas veias, foi nesta última editora que despontou para a fotografia, tendo dedicado três anos à referida publicação de fotografia, sendo parte ativa no sucesso daquela que é a revista de fotografia digital líder de mercado. Em Maio de 2010 decide dedicar-se totalmente à formação de fotografia e viagens fotográficas por todo o mundo, trabalhando, juntamente com o fotógrafo Joel Santos, para a agência de viagens de aventura Papa-Léguas e paralelamente, é editora técnica da revista O Mundo da Fotografia Digital e colabora com algumas publicações estrangeiras.
M A G A L I TA R O U C A
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m a ga l i .ta rou ca @ g m a i l .co m w w w.fa c eb ook . com / m a gal i .ta ro u ca www.facebook.com/Magali.Tarouca.Fotografia Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Magali Tarouca
Magali agradeço a tua participação na Phocal deste mês. Que tem um tema que te é muito querido. És uma amante da fotografia ou a fotografia tem de incluir uma viagem? Pedro, eu é que agradeço imenso o convite e aproveito para dar os parabéns pela revista e pelo trabalho fantástico que tens feito, de edição para edição. Posso dizer que sou amante da fotografia, pois tenho o mesmo prazer em entrar num avião e ir fotografar para a China que ao pegar na câmara e fotografar um simples objeto dentro de casa. É o ato de fotografar em si que dá prazer e isso nem sempre implica fazê-lo no outro lado do mundo. Quando é que a fotografia passou a ocupar a tua vida de forma mais consistente? Ao contrário da maioria dos fotógrafos, a fotografia não é uma paixão que me acompanha desde criança, nem tive ninguém na família que me tivesse despertado esse interesse. Usava a fotografia apenas para registar momentos em família que mais tarde queria recordar, não tendo a mínima sensibilidade para o enquadramento, luz, etc. Limitava-me a disparar e torcer para que quando fosse revelar a foto, ela lá estivesse. Em 2007, quando fui trabalhar como jornalista para a revista “O Mundo da Fotografia Digital”, comecei a perceber o funcionamento da fotografia e com a entrada do Joel Santos para a direção foi uma questão de tempo até me apaixonar pela fotografia. Na altura comprei a minha primeira reflex, uma 450D da Canon, e fui para a rua fotografar. A partir daí fui evoluindo, aprendendo cada vez mais e foi na minha primeira viagem à China, quando fiz a imagem de uma pessoa debaixo de um arco no Temple of Heaven, que percebi que nunca mais queria deixar de fotografar e que daí para a frente tinha de conjugar a paixão pelo jornalismo com a fotografia. 70 | Phocal Phototovisions
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Tens uma profissão que está toda ela ligada à fotografia, jornalista, guia de viagens, formadora em fotografia, editora no Mundo da Fotografia Digital? Como é que é conjugar tudo isto? Nem sempre é fácil porque o tempo acaba por ser escasso, deixando pouca disponibilidade para a família e para os amigos. Por vezes acontece não poder estar presente em festas de aniversários e eventos importantes porque temos uma viagem ou um workshop durante o fim-de-semana. No entanto é gratificante quando vemos o resultado final, quando recebemos um elogio ou quando vemos que ensinámos algo a alguém e que isso muda a vida de uma pessoa. Ao longo destes anos percebi que no meio destas pessoas que cruzam o nosso caminho também podemos descobrir uma nova família que nos faz sentir em casa, mesmo quando estamos longe dela. Como é que as viagens entram também na tua vida? Em 2010 o Joel Santos, com quem trabalhava na revista O Mundo da Fotografia Digital resolveu abandonar a publicação e começou a colaborar com a agência de viagens de aventura Papa-Léguas. Após um jantar com o Artur, um dos donos da agência, identifiquei-me com o projeto e poucos dias depois estávamos na nossa primeira viagem fotográfica à Islândia. Basicamente foi assim que comecei a viajar mais, o que me fez desenvolver ainda mais a sensibilidade para a fotografia e ter o privilégio de conhecer locais fantásticos e conhecer pessoas inesquecíveis. De facto, a melhor forma de moldar o carácter é viajar, conhecer diferentes realidades, perceber como vivem certos povos, entender as diferenças culturais, étnicas e religiosas. É um verdadeiro privilégio e torna-nos melhores pessoas.
As tuas viagens tem incluído o oriente.... sentes-te muito fascinada por aqueles lugares e aquelas gentes? Sem dúvida. Por exemplo, desde pequena que me identifico imenso com a cultura chinesa (excepto tudo o que diga respeito a animais). Em 2009 tive a oportunidade de conhecer o país e fiquei completamente rendida. Ainda hoje não tenho palavras para descrever o que senti quando pisei a muralha ou quando entrei na cidade proibida pela primeira vez. A China tem uma luz absolutamente apaixonante e está envolta numa magia inexplicável e que me atrai imenso. Depois disso surgiu a Índia e aí o que me apaixonou mesmo foram as pessoas, em particular as crianças. A primeira viagem à Índia foi um verdadeiro murro no estômago, em todos os sentidos. Num primeiro impacto custa perceber a pobreza em grande parte daquelas pessoas vivem, o que nos faz colocar a nossa vida toda em perspectiva. Depois de passado o choque inicial temos a maior das lições de vida quando vemos que eles são felizes com o pouco que têm. Em termos de beleza natural, a Indonésia foi o país que mais me impressionou, com os vulcões, os campos de arroz e as praias.
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A tua participação na Papa- Léguas, cada nova viagem é um novo desafio? Como é que é programar uma viagem deste género? Antes de lançarmos uma viagem fotográfica é feita uma grande preparação. Nada é feito ao acaso. Na maioria dos casos, primeiro vamos conhecer os locais (ou já os conhecíamos muito bem), ver quais os melhores sítios para fotografar, as melhores horas, estabelecer contactos locais e traçar um plano lógico para podermos levar as pessoas em segurança. Í n d i a - Va ra n a s i
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Depois contamos com a experiência e profissionalismo da PapaLéguas nos restantes aspectos organizativos, beneficiando também dos seus contactos locais em alguns dos destinos, fruto dos seus 14 anos de existência. Com toda esta segurança e garantia de que nada falha, as nossas viagens acabam por ser bastante divertidas e ao mesmo tempo intensas, proporcionando às pessoas oportunidades fotográficas únicas, um acompanhamento muito próximo e um espírito de grupo muito forte, pois as viagens estão limitadas a grupos pequenos. Posso dizer que nestas viagens já se criaram amizades para a vida e continuamos a manter contacto praticamente com todas as pessoas que já viajaram connosco. És uma fotografa mais de paisagem, ou mais de pessoas nas tuas viagens? O que mais te agrada captar? Gosto muito de fotografia de paisagem, mas apenas como observadora. Não sou, de todo, uma fotógrafa de tripé debaixo do braço. Gosto de fotografar com a câmara na mão, de sentir a liberdade de poder correr atrás de um momento que passe em frente aos meus olhos. Admiro imenso quem tem a capacidade de esperar pelo momento certo para registar uma bela paisagem, mas sou uma pessoa demasiado inquieta para o fazer. Eu gosto mesmo é de pessoas, de registar o olhar de uma criança, porque sei que o olhar que vou obter é o mais verdadeiro possível. Para além disso, gosto muito de arquitetura e sou apaixonada por pormenores... gosto da “caça” por coisas simples, que passam despercebidas à maioria dos olhares. Í n d i a - J a i p u r - 2011
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Nas tuas viagens, quando fotografas depreendo que o fazes em Grupo.... tens momentos em que preferirias a solidão que te permitisse pensar mais a fotografia ? Quando fotografo em grupo é sempre em viagens fotográficas e aí estou no papel de quem ensina e raramente fotografo. Mas sim, posso dizer que gosto de fotografar sozinha. Gosto de estar comigo própria, ouvir a minha música e viver os locais à minha maneira e registar o que vou sentindo. Não é uma questão de egoísmo, mas quando estou com outras pessoas acabo por não me conseguir concentrar a cem por cento naquilo que vejo. Pela experiência que tenho de contactar as pessoas, a maioria dos fotógrafos não imprime as suas fotos, o que achas disso? Na minha opinião o papel, o ter na mão não tem nada a ver com o ver no computador, imprimes as tuas fotos com frequência mesmo que não seja para uma exposição? Infelizmente, e digo isto por experiência própria, com o ritmo de vida alucinante muitas vezes existem imagens que ficam esquecidas algures nos discos rígidos ou até nos cartões de memória. Já me aconteceu apagar cartões sem ter cópias das imagens. Antes da era digital isso não acontecia. Revelava-se o rolo e quer se gostasse de algumas fotos ou não, tínhamos de ficar com todas. Hoje em dia perdeu-se a ansiedade de esperar por um resultado e a maioria das pessoas limita-se a guardar tudo numa pasta no computador e não lhes volta a pegar tão cedo. Infelizmente, assumo que eu sou uma dessas pessoas. Não imprimo tanto quanto devia, mas dá um enorme prazer e orgulho ver as nossas imagens impressas e expostas em casa, ou quando um amigo nos faz a surpresa de decorar o escritório com as nossas fotos. Is l â n d i a 2 0 1 0
China 2010
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As tuas exposições como têm corrido... tens mais projetos deste tipo em mente? Até hoje só expus uma vez com dois grandes amigos. Foi uma coisa muito intima e com pouca divulgação. Por vezes tenho dificuldade em partilhar o meu trabalho. Talvez porque dentro de mim ainda exista um grande conflito entre ser jornalista ou fotógrafa e, possivelmente, tenha receio de sobrepor cada vez mais a fotografia ao jornalismo. Mas, progressivamente, fico mais interessada e envolvida em projetos que integrem ambas as artes, nomeadamente projetos culturais, exposições temáticas e livros ilustrados. É algo que me dá bastante prazer pois obriga-me a fotografar com um propósito. O que achas do panorama nacional, estamos bem servidos de fotógrafos, nomeadamente de fotógrafos de viagens? Sem dúvida. Devido aos projetos dos quais faço parte, tenho mais essa percepção e acho que cada vez há mais pessoas a fotografar muito bem e a fazer enormes sacrifícios em nome da fotografia. Muitas dessas pessoas fazem-no apenas como um passatempo e com resultados de nível profissional. Passam-nos pelas mãos imensas pessoas nos cursos, workshops e viagens que levam a fotografia a sério e que se entregam de corpo e alma, produzindo trabalhos fantásticos. Se pudermos, de alguma forma, contribuir para que essas pessoas se tornem melhores fotógrafos, então isso é muito gratificante e significa que estamos no caminho certo. Trabalhas muito com o Joel Santos um fotógrafo que admiro muito, não só como fotógrafo, mas também como pessoa, e que já participou na Phocal Photovisions quando a Revista estava a começar. O Joel parece-me uma pessoa muito “meticulosa” , é fácil trabalhar com ele? O Joel é uma pessoa que eu admiro muito e é o responsável por eu hoje em dia fotografar. Quando comecei a trabalhar com ele lembro-me de ter pensado que não ia ser fácil porque sabia que era uma pessoa bastante exigente. Mas posso dizer que foram fantásticos os anos que trabalhámos na revista e ele teve a capacidade de me ensinar fotografia sem nunca impor os seus gostos ou preferências. Sempre teve a capacidade de explicar as coisas de uma forma simples e intuitiva tornando as coisas muito mais acessíveis. Para além disso sempre respeitou o meu espaço e incentivou-me imenso, dando-me a liberdade de criar. Formámos uma boa equipa, divertimo-nos muito a fazer a revista e isso fez com que eu acabasse por abandonar a publicação para começarmos a trabalhar juntos, especificamente no projeto com a Papa-Léguas. Apesar de sermos bastante diferentes um do outro, julgo que profissionalmente nos complementamos muito bem e as pessoas sentem isso quando fazem cursos, workshops ou viagens connosco. O que encontramos na tua mochila cada vez que viajas... vais carregada?? Tentas atualizar-te com frequência ou és das pessoas que acha que a máquina é importante mas não é tudo? Quem me conhece sabe que odeio andar carregada e sou conhecida por andar sempre com as malas quase vazias. Muitas vezes levo coisas só para não me sentir ‘culpada’, porque na verdade sei que nunca as vou usar. Na minha mochila está sempre a minha Canon EOS 60D, uma teleobjetiva para fazer retrato, uma grande-angular de zoom intermédio e, por fim, alguns cartões de memória. Não sou da opinião que o equipamento faz o fotógrafo, mas a verdade é que, em certas situações, ter uma câmara com LiveView ou com uma gama de ISO mais elevada faz toda a diferença. Até se pode ter o equipamento topo de gama, mas, se não se 74 | Phocal Phototovisions
souber enquadrar e não se tiver sentido estético, uma imagem tecnicamente perfeita pode estar condenada. De resto, algo que nunca pode faltar na minha mochila é o meu o iPod, pois não sei viver sem a minha música, que é a minha inspiração para fotografar. Para terminar, que viagens já fizeste, e que país no Mundo ainda não conheces, mas que não perderás com toda a certeza?? Enquanto jornalista fiz muitas viagens pela Europa e devido a um projeto que integrei visitei a Guiné-Bissau. Enquanto fotógrafa conheci várias zonas da China, da Índia, conheci Bali e Java na Indonésia, a Islândia, a Croácia, etc. Por visitar e no topo das minhas prioridades estão Nova Iorque, nos Estados Unidos, e o Japão. Nova Iorque pela arquitetura e pela vibração apaixonante que a cidade transmite; e o Japão para visitar Nagano, onde os macacos se banham nas águas termais. In d o n é s i a - Java - 2 0 1 1
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Chi na - Templ e o f Heaven - 2009
Agostinho Mendes nasce em 1972 na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa. Em 1988 recebe a sua primeira câmara fotográfica compacta: um presente que iria mudar significativamente a forma como observa as pessoas e o espaço que o envolve. Seguem-se as primeiras viagens internacionais, a compra da primeira reflex, do crescente interesse pelo poder da imagem e da necessidade em desenvolver outro tipo de competências enquanto fotógrafo. Em 2003 faz uma viagem durante 4 meses ao subcontinente indiano, experiência que veio a revelar-se com um dos momentos mais marcantes da sua vida. Foi também no decorrer dessa viagem que o fotógrafo decidiu aprofundar o estudo da fotografia, pois só assim poderia alcançar outro patamar qualitativo e atingir a plena realização pessoal. De 2004 a 2006 frequenta o Curso Profissional do Instituto Português de Fotografia. Seque-se um longo período de introspecção e analise crítica mas, ainda assim, consegue participar pontualmente em diversas exposições colectivas, bem como desenvolver alguns projetos pessoais, que o levaram a atravessar vários continentes. Em 2013 realiza a sua primeira exposição individual à qual chama “Vinte anos de olhar pelo mundo”. São 25 imagens que na sua opinião representam um mergulho no imaginário individual e resultam não só da errância pelo mundo, tantas vezes feita de caminhos inesperados e surpreendentes, mas também do muito que Portugal tem ainda por descobrir.
chegou ao seu estado atual, do ponto de vista da importância que tem na minha vida, por causa das viagens e da grande necessidade que eu comecei a sentir em trazer na bagagem um pouco deste nosso maravilhoso mundo. Quando é que efetivamente te sentes amante da fotografia? A questão da fotografia ser minha amante tem a sua graça, pois não são poucas as vezes em que a minha mulher, em jeito de brincadeira, diz ter ciúmes das minhas camaras fotografias e do tempo que eu dedico a esta verdadeira paixão. Mais uma vez é difícil estabelecer uma data de calendário ou definir o momento exato em que os níveis de testosterona terão começado a subir, porque é o acumular de várias experiências ao longo do tempo. Com o passar dos anos há um amadurecimento do meu olhar e uma análise critica muito mais construtiva sobre a necessidade em me tornar fotógrafo. Eu diria que o enamoramento vem desde sempre, mas assumidamente como amante acho que é mesmo desde a tal viagem à Índia que referi na resposta anterior.
AGOSTINHO MENDES
L i s b o a – Port uga l
Pra ça D j e m m a E l Fn a , M a r ra q u exe | M e d i n a, Marraquexe
https:/ / w w w.fa c eb ook . com /a go m e n d es a gom en d es@ gm a i l .co m Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Agostinho Mendes
Agostinho a fotografia começa na tua vida por causa das viagens ou terá sido o contrário? Vendo bem as coisas eu acho que a fotografia sempre esteve presente na minha vida. Não me consigo lembrar de momentos onde a camara fotografia não estivesse presente, nem que fosse em simples brincadeiras. Lembro-me perfeitamente de ser ainda muito criança e já andar lá por casa com uma camara compacta, sem filme para expor, só pelo prazer de ouvir o obturador disparar. É, portanto, desde muito cedo que me habituei a também ver o mundo através do retângulo, procurar os melhores enquadramentos e ter atenção com a composição da imagem. Mas vendo as coisas por um prisma mais sério, não tenho duvida que foram as viagens que me levaram a buscar outras respostas e conhecimentos. Em concreto, foi em 2003, durante uma viagem à India, curiosamente onde me encontro agora, que decidi aprofundar os meus conhecimentos e estudar fotografia de uma forma mais séria, pois o autoestudo e a tentativa-erro já não eram suficientes. Assim que regressei a Portugal, uma das primeiras coisas que fiz foi inscrever-me no Instituto Português de Fotografia. Em jeito de conclusão, acho que posso dizer que a fotografia só 76 | Phocal Phototovisions
Quando te decidiste a fotografar mais a sério, optaste por algum tipo de formação em Fotografia? Em parte já respondi anteriormente, mas sim. Comecei pelo curso profissional do Instituto Português de Fotografia, ao que se seguiram vários workshops mais específicos e muito trabalho para chegar há maturidade que acredito ter atingido no presente. O tema desta edição da Phocal vem mesmo a calhar para ti, porque te consideras um viajante compulsivo. Como é que é isso de ser viajante compulsivo? É como no poema da Florbela Espanca. “É o amar perdidamente…” este desejo que me impele a partir, mas também a sempre regressar; é o buscar experiências,
Depende um pouco do que se trata. Quando estou a desenvolver um projeto pessoal, normalmente tenho tempo para preparar e pensar bem no que vou fazer, pelo que sai tudo mais certinho e próximo do que foi idealizado. Agora quando estou em viagem tenho que reconhecer que sou talvez demasiado impulsivo. Não tenho vergonha de dizer que já perdi excelentes fotografias por cometer alguns erros técnicos, isto é, não olhar para aberturas ou velocidades, tamanha é a impulsividade e a vivência daquele momento. É uma coisa que vou ter que aprender a controlar e melhorar no futuro.
Casa tí pi ca do Atl a s m a r roq u i n o
situações, vivências e o estar junto de pessoas que são diferentes, pensam diferente e têm seguramente respostas diferentes das minhas. Talvez seja a necessidade constante em tentar “condensar o mundo…” e torna-lo num “astro que flameja…” em cada um dos meus dias. Questões poéticas à parte, a compulsividade resume-se à vontade em partir para receber, mas também para dar o melhor mim. Na minha opinião, além de todo aquele exotismo que está normalmente inerente ao conhecimento de novos lugares, há nas viagens um grande conhecimento que não se aprende na escola. Eu não tenho a menor das dúvidas que seria uma pessoa completamente diferente, caso não tivesse desde os 18 anos começado a acumular milhares de quilómetros de estrada. Pelo tipo de viagens que tens feito, achas que o exemplo do Steve McCurry terá sido uma inspiração para ti? O que achas do trabalho do Steve McCurry? O Steve McCurry, que sei que também esteve há dias no Kumbh Mela mas com quem infelizmente não tive oportunidade de me cruzar, é o autor de um dos trabalhos mais inspiradores e importantes na minha formação enquanto fotógrafo. Há outros, como o Sebastião Salgado, o Cartier Bresson, o Capa, ou o nosso Castello-Lopes, mas o McCurry foi dos primeiros a fazer-me olhar para a fotografia de uma forma diferente. A tua vontade e gosto por viagens lança-te para o projecto: http://proximaviagem.com. Queres falar um pouco sobre isso? Bem, o projeto Próxima Viagem foi algo que andou bastante tempo a ser maturado na minha cabeça. Há muito tempo que queria fazer algo do género, mas que não passasse por mais um simples blog pessoal, para onde eu fosse “despejando” os meus desabafos de viajante. Sempre tive em mente desenvolver um projeto mais sério e que pudesse ser útil a outros viajantes ou pessoas que simplesmente procuram novos destinos para as suas viagens. Para já a quantidade de informação não é ainda muito expressiva, mas com o tempo espero que a Próxima Viagem se possa afirmar e se venha a tornar numa referência no que em sites de viagens escritos em língua portuguesa diz respeito. Voltando à fotografia. Tu és uma pessoa que pensa muito a fotografia, ou és muito impulsivo?
Nas tuas viagens, quando fotografas gostas de o fazer em Grupo ou preferes a tua “própria solidão” que te permita outro tipo de atenção ao que te rodeia? Quando estou a fotografar para um trabalho ou projeto procuro estar sozinho. Preciso da tal atenção para o que me rodeia e, além disso, procuro fazer imagens que pelo menos naquele instante eu sinta que são apenas minhas, apesar que já poderem ter passado por aquele local centenas de fotógrafos a fazer exatamente o mesmo que eu. Agora não vejo qualquer problema em que também de possa fotografar em grupo em algumas circunstâncias. Há por aí uma série de viagens fotografias onde isso é feito exatamente desse modo. És uma pessoa que gosta de ver o teu trabalho impresso em papel? Costumas fazê-lo? Tenho que reconhecer a enorme sensação de “dever cumprido” quando vejo uma imagem que realmente gosto impressa em papel. Falo sobretudo de uma impressão com qualidade, normalmente em grande dimensão e na maior parte das vezes a preto e branco. Talvez me chamem saudosista, mas eu sou daqueles que ainda gosta de ir para o laboratório e passar horas a mexer em químicos, agitar o papel e ver tudo através de uma ténue luz vermelha. Exposições já fizeste, já pensaste em organizar, é algo que te esteja em mente caso ainda o não tenhas feito? Sim, já tive o prazer e oportunidade de fazer algumas coisas nesse sentido. Curiosamente acabou no passado dia 9 de Fevereiro a exposição “Vinte Anos de Olhar pelo Mundo”, que tive em exibição cerca de um mês na Livraria Palavra de Viajante, em Lisboa. És uma pessoa atenta ao panorama fotográfico nacional, ou seja estás atenta ao trabalho de muitos dos nossos amigos, gostas de “cuscar” o que de bom de faz por aí? Estamos bem servidos de fotógrafos nacionais? Sim, sigo com atenção o trabalho de alguns fotógrafos nacionais. O “cuscar” faz parte e acho que todos, uns mais que outros, o fazemos um pouco. Muitas vezes a inspiração para o nosso trabalho, sem se tratar obviamente de fazer uma cópia, vem daquilo que vamos vendo em muitos dos excelentes trabalhos que vão, felizmente, aparecendo com alguma regularidade em Portugal. O país tem excelentes fotógrafos e há uma nova geração, na minha opinião cheia de potencial, a imergir com rapidez e maturidade. Phocal Phototovisions | 77
Sorris os d e Criança, Telouet
O principal problema é que o mercado nacional é demasiado pequeno e muito fechado sobre as mesmas pessoas. É por isto que me parece que muitos dos novos talentos vão ter incontornavelmente que ficar pelo caminho. Mas isto é conversa que dava para outras entrevista, pelo que terá que ficar para um momento mais oportuno. Quando estás numa viagem, tentas estabelecer contactos com as pessoas que fotografas? Por exemplo e voltando ao Steve McCurry, uma das coisas que me faz apreciar o trabalho dele é que ele realmente contacta com quase todas as pessoas que fotografa. Em primeiro lugar depende do tipo de viagem que estou a fazer, pois há lugares em que a abordagem e o contacto é muito mais difícil. Há países ou regiões em que é extremamente complicado fotografar pessoas, pelo que o tal contacto pode ser a prova que não queremos entregar a uma pessoa já de si desconfiada com nossa presença. Por norma eu não tenho uma abordagem agressiva quando fotografo pessoas, mas reconheço que são muitas as vezes onde procuro fotografar as pessoas sem que elas se apercebam, pois sei de antemão que de outro modo elas não o iriam permitir. Agora quando a situação o permite, como é o caso aqui na Índia, acho que faz parte da nossa ação enquanto fotógrafos. Após o tal contacto, que nem sempre é fácil por questões linguísticas, há em muitos casos uma valorização diferente sobre a imagem que acabamos de fazer. Não são poucas as vezes que uma imagem que num primeiro instante até nem me parece nada de especial, passa a ter um peso e importância muito maior após conhecer e saber um pouco mais da história daquela pessoa. És uma pessoa viciada em tecnologia, atento às novidades e 78 | Phocal Phototovisions
tentas estar atualizado? Se Abrirmos a tua mochila o que é que encontramos? Por inerência das funções profissionais que tenho vindo a desempenhar ao longo da minha carreira enquanto analista de sistemas informáticos, sempre tive que acompanhar a evolução tecnológica e estar minimamente a par das novidades que vão surgindo no mercado. Gosto da tecnologia e utilizo-a para que simplifique o meu trabalho, nomeadamente na área da fotografia, mas não me considero em nada um viciado. Há tanta coisa tão mais interessante para fazer. Na minha mochila dificilmente se encontra o último grito em tecnologia. Excluindo o material fotográfico, normalmente pode-se por lá encontrar um laptop a correr Windows e um smartphone a correr Android. Portanto nada de coisas extravagantes ou equipamentos com o símbolo da maça que é nos dias que correm a tendência geral. Como última questão e agradecendo desde já a tua participação na Phocal Photovisions que fotografia não gostarias de perder a oportunidade de fazer e onde, ou seja que viagem não vais querer deixar de fazer? A minha viagem de sonho é sem sombra de dúvida a Antártida. Mas como não é fácil, além de ser demasiado cara, tenho muitas outras que quero fazer num futuro próximo. É difícil escolher uma em particular, mas posso dizer que tenho na lista, entre outras, a Patagónia, o Transiberiano – que já poderia ter sido feito não fosse a burocracia russa –, a antiga “Route 66” americana e a Amazónia. Estas são talvez as viagens que mais quero fazer nos próximos tempos. Na lista também estava o Kumbh Mela, na Índia, mas essa acabei felizmente de a fazer.
A ca m i n h o d e Bou Ta g h ra r - D e s co nf i a n รงa p era nte est ra n h o s , A i t O u ff i
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Ka s b a h em r u i n a s , A i t A c h i b - D ege l o n o A l to At l a s
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A ca m i n h o d e B o u Ta gh ra r - C a m i n h o p a ra o d e s co n h e c i d o
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CO LO MB I A- Cali
Alexandre Costa não gosta de espartilhos, regras ou convenções. Gosta de ir onde a imaginação o leva não matando “a sua criança” e assim continuar a sonhar. Desde longa data tem a paranóia de fotografia. Tirou um curso de iniciação à fotografia na A.P.A.F. (Associação Portuguesa de Arte Fotográfica) e por lá ficou ao longo de seis anos, quatro deles como director. Entretanto fez mais dois cursos. Participou em concursos, ganhando alguns prémios. Participou em exposições colectivas e individuais em Portugal e no estrangeiro. Tem também algumas fotografias publicadas em revistas. A sua última aventura foi a publicação de um livro sobre uma viagem à Líbia, com exposição no Casino de Lisboa. Esta repetiu-se em Alcochete, na Biblioteca Municipal, com a presença de uma delegação Líbia, na inauguração. O acto de fotografar é tão subjectivo, como o conceito que temos sobre vida, o amor, paz, liberdade, justiça, enfim uma infinidade de coisas. Quando prime o botão e faz clique, o que aconteceu nesse momento? – Congelou o instante. Momento não repetível. Nas suas viagens regista os “olhares olhando o mundo”, outros hábitos, outras vivências. Socialmente como fotógrafo voluntário da Médicos do Mundo, são estes registos que partilha em exposições e publicações e através do seu site e do Facebook. Vai continuar a sonhar e muito. A utopia, tal como a verdade, são conceitos que não devemos deixar morrer dentro de nós. Devem ser testemunhos, transportados durante a nossa vida, com o dever de legarmos mais belos e perfeitos, para ao fechar os olhos a esta vida, o fazermos com um sorriso e noção do dever cumprido.
A L E X A N D R E C O S TA
Li s b oa – Po r t u ga l
a l exa n d re. costa . a r p i a l @ gm a i l .co m w w w.fa c eb ook. com /a l exa n d re.co sta .5 2 w w w.fa c eb ook. com /ol h a n d o. p e l o .m u n d o http :/ / w w w. ol h a n d op el om u n d o .co m / http :/ / w w w. a l exa n d re co sta .pt / Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Alexandre Costa
Alexandre Costa quando é que a fotografia começa na tua vida? Tiveste influencias por exemplo familiares ou foi uma opção de hobby ? Começa aos vinte anos,(1965), quando da minha ida para a tropa. A família dá-me dinheiro e eu agarro nessa colecta familiar e compro uma camara Zeiss Ikon. Fiquei sem dinheiro mas com a dita. Em 1973 roubam-me a máquina num Carnaval nas Caldas da Rainha. Esta perda afectiva mas também material, fez-me desligar da fotografia. A fotografia foi uma opção de hobby. Tens alguma formação em fotografia, ou consideras-te um autodidata? Tive alguma formação, e sempre que tenho oportunidade faço alguma actualização aos meus conhecimentos. Mas considero-me um homem do terreno, logo um autodidata. Fotografas já há muitos anos, tem imensas participações em concursos e exposições de fotografia, tens por isso bastante experiência, como vês este “boom” fotográfico que o digital veio trazer? O boom digital veio democratizar a fotografia. Lembro-me quando comprava rolos tinha que gerir bem os disparos, pois o dinheiro não abundava. Também o equipamento hoje tem um grande leque de oferta, abrindo-se um leque variado de opções. 82 | Phocal Phototovisions
No entanto a manipulação que é possível hoje, desvirtua a realidade fotográfica. Mas a “evolução” não se compadece de sentimentalismos, em suma o resultado final é que é importante. Indo de encontro ao tema deste mês da Phocal Photovisions, as viagens, foi a fotografia que te fez ser um apaixonado pelas viagens? Sim foi a fotografia que me fez viajar. A vontade de fotografar outras vivências, despoletou em mim o desejo de viajar que se tornou noutra paixão. A partir de determinada altura, tornas-te voluntário da Associação Médicos do Mundo, como é que isso surgiu? Surge de uma campanha de vacinação a levar a cabo em Moçambique, o que me levou a colaborar a partir daí com esta ONG. Com essa Associação fazes missões solidarias em Timor e na Guiné..... como é de repente viver duas realidades tão diferentes da nossa? E fotograficamente como foram essa experiências? A experiência adquirida nas viagens deu-me a capacidade de aceitar todo o tipo de diferenças. Assim, Timor e Guiné foram mais emoções e o enriquecer interiormente, sempre que falamos, que um rosto me olha e comunica comigo, sinto-me mais integrado no Mundo e mais vivo. Mais tarde surge o Projeto “olhando pelo mundo” como surgiu essa ideia? Este projecto surge da oferta de um livro do João Vicente no Natal de 1011, que serviu de clique e desafio para esta aventura.
E T I Ó P I A-Axu m
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SIRIA- St Simeon
16 países do Continente Americano.... Argentina, Chile, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize, México, Alaska(EUA), Canadá, e EUA fotografando ao longo de 6 meses... podes dar uma pequena ideia de como foi o desenrolar do projeto? A viagem estava prevista de seis a oito meses, mas acabou por se estender ao longo de dez meses. Esta seria realizada na totalidade por mim e o João Vicente. Vicissitudes obrigaram-nos à sua reformulação, e assim o João termina a sua participação, continuando a dar apoio em Portugal. Após o nosso regresso arranjo companhia para prosseguir o projecto. Percorrida a América do Sul com o J. V.. Agora a América Central, Canadá e Alaska foram percorridos na companhia do António Herrarte. Uma pequena incursão nos EUA, cumprida esta etapa, regressámos. Alvaro Barcelos foi o companheiro que me ajudou a concluir o projecto percorrendo nós o México e EUA. Este vosso projeto, além das ambições pessoais também tinha um lado solidário... queres explicar? Inicialmente, queríamos contactar com a ONG “Médicos do Mundo” que se encontrassem nos países percorridos durante o nosso trajecto, mas a receptividade a esta ideia não existiu, “espirito de capelinha” gorou esta pretensão. O nosso contributo resume-se a cada livro vendido uma verba será para esta organização. Também estabelecemos contacto com o CANTIC - Centro de Avaliação de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, que funciona em 4 hospitais da área de Lisboa, Estefânia, Santa Maria, IPO e Alcoitão, estabelecem programas curriculares específicos para crianças e jovens especiais. Assim criou-se um intercâmbio entre o que nós víamos e fotografávamos, dando imagens para esses jovens desenvolverem temas suportados pelas fotos tiradas. Estabelecemos através da Câmara Municipal de Alcochete contacto com a Escola Secundária para quem mandávamos imagens. Phocal Phototovisions | 83
Consegues desses 6 meses...... tirar 3 ou 4 momentos mais importantes que possas partilhar? A Bolivia: sendo o país mais pobre do Continente Americano, a zona das lagunas de montanha, deixaram-me extasiado pela beleza e armonia de cores. Fiquei triste ao ver as condições em que os mineiros de Potosi trabalham. Em Guayaquil(Equador) a companhia do capitão Jimenez que nos acompanhou garantindo a nossa segurança em La Peña e nosso guia, com quem mantemos contacto. No México, o encontro com o Grupo de Forcados de Mazatlan, a sua disponibilidade e ajuda não tem explicação, Não temos palavras para agradecer. Esta situação resultou de um encontro em Alcochete por altura das Festas do Barrete Verde e das Salinas em 2011, com este grupo antes de iniciarmos a nossa viagem. Depois da viagem que projetos tens tido em andamento.... O Lançamento do livro, exposições, e agarrar projectos novos de fotografia, alguns com pernas para andar, “o segredo é a alma da fotografia”. E também alguma formação. Já visitaste uma imensidade de países nos vários continentes e em todos fotografaste, qual é a experiencia de vida que tiras desse teu percurso? Viver, sentindo! Tens fotografado em locais onde a segurança não é muito “simpática” como a Líbia por exemplo, como foi essa viagem, tiveste algum momento em que sentiste vontade de não ter iso lá?? Pelo contrário, Estive na Líbia em 2008, esta tinha-se aberto ao turismo um ou dois anos antes. Durante o tempo que lá estive nunca senti insegurança. 84 | Phocal Phototovisions
B u ta n - L AO S- B a n L a o Kh a o
Tens como viagens favoritas: Líbia, Vietname, Uzebequistão, Etiópia, Equador, (Galápagos), Butão, Tanzânia, Laos, Camboja, Argentina e a próxima..... qual é a próxima viagem?? Tenho 2/3 do Mundo para conhecer... Talvez o Irão, e o resto do Mundo.
Como ultima questão e agradecendo desde já a tua participação na Phocal Photovisions se te pedisse que escolhesses uma viagem como aquela que mais gostaste de realizar, conseguiras sem dificuldade fazê-lo? Não conseguiria.
CAMBOJA-An g ko r t h o m - T i b ete - M O NG Ó L IA- Kh o n go r yn E l s
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CHI NA- Pequim. T ia nanmen
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BOL IV I A-Potosi .M ina Cerro Rico
Vivo com uma frase em mente: “No meio da dificuldade, vive a oportunidade”, Albert Einstein – e é assim que quer continuar a crescer! João Vicente nasceu em m Lisboa mas não é alfacinha, sou português. Já viveu em bastantes cidades deste jardim, mas acaba sempre por voltar a Lisboa. Nostalgia? Não sei. Necessidade de mudança? Talvez. Começou a viajar bem cedo, com a família, depois com os amigos e mais tarde profissionalmente. Agora viaja para viver e para fotografar sensações, para resumir, num amontoado de pixéis, todo um povo, um local, uma cultura ou um país. A cada viagem que faz a vontade de mudança leva-o para mais longe, por mais tempo, para sítios mais inóspitos, para aventuras mais audaciosas. Para os amigos “viajantes” é o Joni Walker. E não, não bebe! Caminha, caminha mais e mais, em direcção à fotografia perfeita, tal surfista em busca da onda. As suas melhores exposições foram em casa, à família e aos amigos, os maiores críticos que pode haver! E ofereçe muitas, por toda e nenhuma razão. Sinte que ofereçe parte desi Também publico no Facebook chegando assim aos “amigos” deste mundo. Teve a sua primeira máquina fotográfica aos 8 anos, uma AGFA 108. Perto dos 14 anos recebeu uma Kodak Discman e depois herdou do seu pai a primeira 35mm. Começou nas máquinas digitais já neste século, com uma Sony e uns anos depois passou para uma Canon Powershot S5IS. Em 2008 mudou para a Nikon D80...e agora são amigos inseparáveis! E no meio desta dificuldade que é crescer e envelhecer, vive a oportunidade que tem de ser feliz, de fazer o que gosta e deixar algo através do que fotografa.
JOÃO VICENTE
Li s b oa – Po r t u ga l
vi cente72 @ s a p o .pt w w w.fa cebook. com / j m av i c ente w w w.fa c eb ook . com /ol h a n d o. p e l o .m u n d o http :/ / w w w. ol h a n d op el om u n d o .co m / Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © João Vicente
João Vicente começo por te perguntar o que é a fotografia na tua vida? A fotografia na minha vida é um escape, é uma forma de liberdade e criação que me deixa tranquilo, sereno, em paz. Quando é que realmente começaste a ter interesse por fotografar e porque é que começaste? Lembro-me de sempre ter tido máquina fotográfica, mas esta não era mais do que uma forma de registo. Comecei a ver a fotografia de outra forma em 2007 na viagem que fiz à Nova Zelândia. Não consigo separar uma coisa da outra – viagem e fotografia. Dentro da fotografia qual é o tipo de fotografia que mais te dá gozo fazer? És mais uma paisagista ou um humanista por exemplo? Pegando na resposta anterior e visto a Nova Zelândia ter paisa88 | Phocal Phototovisions
gens de cortar a respiração, penso que sou mais um paisagista. Indo de encontro ao tema deste mês da Phocal Photovisions, as viagens, tens no curriculum já um rol invejável de “passeios” por esse mundo fora. O que é que te move? Tal como digo na minha apresentação do site “Olhando pelo Mundo” - viajo para viver e para fotografar sensações, para resumir, num amontoado de pixéis, todo um povo, um local, uma cultura ou um país. A cada viagem que faço a vontade de mudança leva-me para mais longe, por mais tempo, para sítios mais inóspitos, para aventuras mais audaciosas. A partir de determinada altura, tornas-te voluntário da Associação Médicos do Mundo, como é que isso surgiu e que experiencias tiraste dessa oportunidade ? É verdade, a forma com que fazemos voluntariado não necessita de ser a tradicional e a minha é esta – tirar fotografias dos eventos realizados pela MdM de modo a estes poderem documentar os seus feitos. A oportunidade surgiu a convite do meu amigo Alexandre Costa, que já o era, e de modo a poder alargar a cobertura dos eventos. A experiência não podia ser melhor. Por vezes é dura ...constatar com realidades difíceis, por vezes a poucos quilómetros da porta da nossa casa é algo que me deixa triste mas chegar ao fim do dia e saber que as minha fotos vão servir para algo valioso é óptimo. Com essa Associação fazes missões solidarias em Timor e na Guiné..... como é de repente viver duas realidades tão diferentes da nossa? E fotograficamente como foram essas experiências? Ne p a l - Rei n o M u sta n g
As fotos que tenho tirado para a MdM foram exclusivamente em Portugal. Essas duas viagens foram realizadas pelo Alexandre. Mas das experiências que tenho tido lá fora, em países como a Índia ou o Nepal, apenas posso dizer que foram uma grande aprendizagem. Mais tarde surge o Projeto “olhando pelo mundo” como surgiu essa ideia? Essa ideia surgiu depois da oferta que fiz de um livro de um fotografo alemão que fez o mesmo percurso de caravana (mas de norte para sul) ao Alexandre no Natal de 2010. Passámos o ano de 2011 a preparar o projecto e no dia 26 de Dezembro 2011 voámos para a Argentina para iniciar a subida no dia 1 de Janeiro de 2012 em Ushuaia.
Este vosso projeto, além das ambições pessoais também tinha um lado solidário... queres explicar? Sendo voluntários da MdM decidimos que o livro que iríamos publicar deveria ajudá-los também. Assim parte da venda do mesmo reverte para a MdM. Estamos nós e todas as pessoas que o compram a ajudar. Desta tua experiência com o Alexandre Costa, o que reténs como momentos chaves da viagem e porquê?? A amizade. Viajar com alguém e estar 24h por dia a partilhar quarto, autocarro, refeição, conversa é a maior experiência que se pode ter. Aliado a isso ter o Alexandre como professor pois a experiência fotográfica dele é muito superior à minha foi fabuloso. O momento alto da nossa viagem foi a Bolívia. Era dos países que tinha menos expectativas e, apesar da dificuldade de termos viajado sempre em grandes altitudes, foi o mais belo fotograficamente. Depois da viagem que projetos tens tido em andamento.... e o que virá aí?? Depois desta viagem abracei outra um pouco diferente...o casamento... e a viagem de lua de mel à Indonésia. Relativamente à fotografia estou a fazer um curso no IPF – Instituto Português de Fotografia e a pensar qual será a próxima aventura. Achas que fazer essas viagens todas sem registar fotograficamente esses momentos seria completamente diferente? Tens ideia de quantas fotos fizeste enquanto viajante?
B olí vi a - La guna B lanca
16 países do Continente Americano.... Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize, México, Alasca(EUA), Canadá, e EUA fotografando ao longo de 6 meses... podes dar uma pequena ideia de como foi o desenrolar do projeto? As coisas nunca correm como o planeado.... (risos)...mas isso não quer dizer que tenham corrido mal. Mesmo nada. Mas infelizmente estava na Colômbia e tive de regressar devido a constrangimentos familiares. Dos 16 países apenas percorri os 6 do continente sul americano. Nestes fizemos 100 dias de viagem e percorremos aproximadamente 13.000 quilómetros de autocarro/comboio/barco. Foi uma verdadeira aventura, visto termos um percurso delineado mas apenas tínhamos o primeiro hotel marcado. Percebi que é muito duro viajar nestas condições, mas também é muito mais gratificante. Podemos parar quando queremos, mudar de rota, conhecer pes-
soas diferentes e visitar locais fora do tradicional. E com a máquina ao ombro captar a nossa visão do percurso.
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Sim, completamente. Não me imagino a viajar sem a máquina ao ombro. Número certo não sei.....mas muitas! A era do digital só veio facilitar as coisas.
Eq u a d o r - G u aya q u i l - L a s Pe ñ a s
Já passaste por momentos delicados enquanto viajante e fotografo, por exemplo ao nível da segurança? Insegurança há em todo o mundo, mas temos de ter noção onde nos metemos e adequar o nosso percurso a isso. Posso dar o exemplo que se passou na Colômbia – estávamos em Popayan e queríamos ir fotografar uma Ermida no cimo de um monte. Íamos muito bem pela estrada fora com a máquina a tiracolo. Parou um carro a nosso lado e perguntou onde íamos, explicamos e ele disse-nos para não ir para ali com máquinas tão vistosas como as nossas pois iríamos passar por um bairro problemático e poderíamos ficar sem elas. Acedemos e voltámos para trás. Segurança primeiro, fotografia depois. Mas no geral o mundo é um local seguro para viajar e fotografar. Temos apenas de ter consciência onde estamos e actuar de acordo com as regras locais. Tens como viagens favoritas: Nova Zelândia, Tibete, Nepal, Cuba, Índia, República Checa, Bolívia, Colômbia..... e qual é a próxima viagem que estás a planear? Na cabeças está sempre mais do que uma em planeamento mas a concretizar será provavelmente o Irão lá para o fim do ano. Como ultima questão e agradecendo desde já a tua participação na Phocal Photovisions se te pedisse que escolhesses apenas um dos destinos como destino de eleição, qual seria? Essa é difícil.....o Nepal! T i b ete - Ya m d ro k L a ke
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Chi l e - Est reito de Maga lh達 es
Nepa l - Reino Musta ng 92 | Phocal Phototovisions
Nep a l - Rei n o Mu sta n g - C h i n a - M u ra l h a B a d a l i n g - C o l 么 m b i a - M e d el l i n
A rgent i n a - Per i to M o re n o - T i b ete - L h a s a - Po ta l a Palace
Ti bete - Rom b u k - Per u - La go T i ti ca ca Phocal Phototovisions | 93
Gigi Stoll Specialties: Portraits, Humanitarian, Travel and Nudes. Originally from San Antonio, Texas. Currently lives and works as a photographer in New York City. Private commissions available upon request. Advertising Clients include: Orient Express, 100cameras.org, Leica Cameras, Save The Children, ISMS Operation Kids, Chadwick Bell, and Make-A-Wish Foundation. Magazine Clients include: British Vogue, French Vogue, Japanese Vogue, Vanity Fair, W Magazine, Harpers Bazaar, GQ Japan, Instyle, Visionaire, V Magazine and VMan. Artist Statement: “An old friend gave me a Polaroid camera. I started shooting my model friends and taking portraits during my travels as a model. I went to a Tattoo Convention in Amsterdam to document a family of artists,The Leu Family Iron, and when I returned to NYC, one of the nude images ended up in an Upper East Side gallery. Then, Art Unlimited from Amsterdam approached me to print postcards worldwide. I continued showing in galleries and started selling my nudes to private collectors. What started as snapping Polaroids of friends quickly evolved into a second career shooting portraits for magazines and taking me to the far reaches of the world such as Morocco and Peru to shoot humanitarian missions for children.”
GIGI STOLL
New Yo r k - USA
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Gigi Stoll agradeço a tua participação na Phocal Photovisions deste mês. Que têm um tema que te é muito querido. És uma amante da fotografia ou das viagens, ou para ti a fotografia tem sempre de incluir uma viagem? Obrigada. Eu sempre fui uma viciada em viagens pela aventura e experiência de diferentes culturas. Felizmente os meus trabalhos humanitários levam-me a diversos sí6os. Estou sempre entusiasmada pela próxima viagem. Quando é que a fotografia passou a ocupar a tua vida de forma mais consistente? Tiveste algum tipo de influencia que te levasse a começar a fotografar? Eu passei 20 anos em frente a uma câmera como modelo. Um querido amigo meu deu-me uma camera polaroid e eu comecei a fotografar retratos, nus e imagens de viagens pelo meu percurso. Foi uma educação conUnua enquanto 6ve excelentes amigos à minha volta por inspiração. As minhas primeiras fotos de nus foram aceites para um galley show em Nova York. Depois comecei a fotografar retratos para revistas e a passar todo o meu tempo atrás de uma câmera. Que tipo de fotografia mais gostas de fazer? Tens tido muito sucesso com as tuas fotografias de nus, mas também fazes retrato, muito fotografia de viagem que é o nosso tema deste mês e ainda algo que me parece muito importante, que é a fotografia humanitária. Quando fotografo, nada mais existe. É a minha paixão e estou constantemente presa no momento seja em retratos, viagens, nus ou humanitários. Como é que acontecem essas viagens fotográficas de cariz humanitário? E porque as começaste a realizar? 94 | Phocal Phototovisions
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Em 2008, estava a regressar a New York depois de viajar pelo Deserto de Sahara, Marrocos, e comecei uma longa conversa com uma mulher no Aeroporto de Casablanca. Ela estava a regressar para Nova York no mesmo vôo. Disse-me que estava envolvida num grupo de médicos que queriam começar uma missão médica pediátrica e que procuravam um fotógrafo. Posteriormente encontrei-me com o grupo e a nossa primeira missão foi Marrocos. SMS Operation Kids é um projeto de enormíssima importância, como é que surgiu a tua escolha como fotografa oficial do projeto? Eu tornei-me a fotógrafa oficial do IMS Opera6on Kids em 2008. Desde então tenho viajado uma vez por ano para documentar o seu trabalho. Já fomos ao Peru, Egipto e Kenia duas vezes. O próximo mês a missão é em Guatemala. O meu trabalho é usado para promoções, angariação de fundos & websites. Nessas tuas viagens de cariz humanitário acredito que tenhas já visto muita miséria, muito horror e injustiça... ainda por cima ligado ás crianças. É muito importante para ti enquanto fotografa denunciar essas situações? Sim, porque se uma imagem pode sensibilizar e ajudar uma criança, vale a pena. Depois de 6 missões médicas, estou viciada. Os médicos são os artistas reais, eu simplesmente documento o seu trabalho.
Este tipo de trabalho de caris humanitário que fazes, parece-me a mim de grande dificuldade.... até emotiva, achas que é preciso uma preparação especial para o fazer, ou qualquer um pode fazer ? Eu preparo-me mentalmente com uma semana de avanço, depois logisticamente nos VOOS compridos e depois o trabalho pode ser de até dez dias com horas bastante longas. É um processo longo. Discussões & preparações podem tomar meses de avanço. Toda a gente o devia tentar pelo menos uma vez. As tuas viagens tem incluído o oriente.... sentes-te muito fascinada por aqueles lugares e aquelas gentes? Sim, acabei de fotogrofar várias missões humanitárias/CRS projects para o Orient-Express Hotels Ltd em Myammar. Foi fascinante e estamos neste momento nas edições finais. Viajei por Bagan, Yangon, Mandalay e Maymyo para documentar um médico e as missões que este supporta; clínicas, edipcios escolares doados, orfanatos, etc. Viagei por pequenas aldeias e cruzei o Rio Ayeryarwady. Dos países que já visitaste qual foi aquele que te deixou mais ligações afectivas? Cada missão, independentemente do cliente, têm os seus momentos especiais. Mas no seu todo, eu adoro Marrocos, Quénia, Índia, Tailândia, Myammar e Peru. É dipcil escolher um. A minha viagem recente à Índia foi muito especial com 100cameras.org patricionado pelas Camaras Leica. Nas tuas viagens pelo mundo, já tiveste algum tipo de problema nomeadamente em termos de segurança? É difícil para uma senhora aparecer de máquina na mão e ser aceite com naturalidade e ser respeitada? Somente alguns pequenos problemas. O Egipto era um pouco duro em 2010. Tinhamos que ter guardas armados que acompanhavam a equipa para o hospital cada dia. Coloquei fita preta nos logos das Câmeras Leica que usei para cada missão.
Como achas que a fotografia se enquadra no mercado de arte?? Entendes como muitos outros fotógrafos que a fotografia apesar de importante não tem infelizmente o devido valor que esta forma de arte merecia ter? Eu vendo muito do meu trabalho a clientes privados no meu website e outras plataformas online. Um novo e-commerce site chamado de UPLO.COM vai ser lançado em breve. Ajuda a pagar a renda. Eu acredito que os direitos da fotografia se irão tornar mais valorizados. Toda a gente é um fotógrafo. Vivemos num mundo visual. A internet é como o Wild West. Estou op6mista sobre o mercado da arte. Projetos para o futuro... tens tido exposições, pensas em livros por exemplo? As tuas missões humanitárias deixam-te tempo livre para outro tipo de projetos? Tenho estado a trabalhar numa Série de Sombras/Colecção de Nus por anos. Espero publicar um dia em conjunto com os meus livros sobre viagens e missões humanitárias. Estou sempre envolvida em vários projectos e sempre à procura de mais. Para terminar e agradecendo de novo a tua participação,..... Portugal seria um país onde gostarias um dia de visitar e fotografar? Eu adoro Portugal! Vivi em Lisboa por 4 meses nos princípios dos anos noventa como modelo de moda. Adorei a experiência, a arquitectura, a paisagem, a comida e as pessoas. Espero regressar um dia! Obrigada pelo seu tempo e pela belíssima revista SM S O p Ki d s - Po r t ra i t s - Ke nya
Já fotografaste em muitos países do Mundo, penso mesmo que já passaste por todos os 5 continentes. Existe algum país em especial que te cativou tanto que voltarás uma e outra vez? E Já agora porque razão o escolhes? Eu estou ansiosa por cada nova experiência. A equipa ISMS OpKids já foi ao Quénia duas vezes. Eu acredito que uma terceira irá acontecer. Há tantos sítios. Preciso de fazer uma lista. Como é depois de uma viagem de cariz humanitário (o cansaço da própria viagem, os dramas com que te deparas ) voltar a casa em Nova York? Apetece-te fotografar nestes momentos? Vês a fotografia como algo libertador, uma forma de relaxar? Quando regresso a casa, começo o processo de edição, o qual leva uma a duas semanas dependendo do projecto/cliente e revivo toda a experiência vezes sem conta. Vai ficando mais fácil com cada viagem. A equipa médica é como uma família e apoiamo-nos uns aos outros. O meu trabalho é muito recompensador. Na tua opinião, uma fotografia pode ter apenas técnica ou interessas-te também pelo que está para lá da técnica, ou seja, a emoção ou mensagem? Na tua perspetiva a técnica pode ser superada por emoções que a foto transmita? A fotografia é apenas em parte técnica, tudo reside no olho, misturado com partes saudáveis do musclo, coragem e sorte. Há momentos em que tudo está simplesmente certo. Tudo está conectado. Retratos são uma colaboração. Os olhos são muito importantes. Os nus são uma paisagem. É tudo emocional para mim. Eu vivo, respiro e sonho com isto. Phocal Phototovisions | 95
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When did Photography became a constant part of your life? Did you had any influence that made you start taking photos? I spent 20 years in front of the camera as a model. A dear friend gave me a polaroid camera and I began shooting portraits, nudes and travel images along my journey. It was a continous education while having beautiful friends around for inspiration. My first nude photos were accepted for a galley show in NYC. Then I began shooting portraits for magazines and started spending all my time behind the camera.
100cameras.org sponsored by Leica Cameras.
What kind of photography do you like to do? You have been very sucesseful with your nude photos but besides that you make portraits, a lot of traveling photos which is our month theme and also something that seems very important to me, humanitarian photos. GS – When I am shooting, nothing else exisits. It is my passion and I am constantly caught up in the moment whether portraits, travel, nude or humanitarian work.
You have photographed in a lot of countries around the world, I belive you have passed across all the fived continents. Is there any country that cativated you so much that will make you return more than one time? If yes, what’s the reason? I look forward to each new experience. ISMS OpKids team has gone to Kenya twice. I believe a third mission will happen. There are so many places. I need to make a list.
How do these photography travels with humanitarian theme happen? And why did you start making them? In 2008, I was returning to NYC after traveling in the Sahara Desert, Morocco and I began one of those long layover conversations with a woman in Casablanca Airport. She was returning to New York on the same flight. She told me she was involved with a group of doctors who wanted to start a pediatric medical mission and they were looking for a photographer. I later met with the group and our first mission was to Morocco.
How does it feel to come back to New York after a humanitarian travel (the fatigue of the journey itself and the dramas you find)? Do you feel like making photography in these moments? Do you see photograpfy like something than as the power of relief, a way to relax? Upon returning home, I begin the edit process which takes 1-2 weeks depending on the project/client and relive the whole experience several times again. It gets easier each trip. The medical team is like a family and we support each. My job is very rewarding.
ISMS Operation Kids is a project of large importance, how did you became the official photographer of the project? I became official photographer in 2008 with ISMS Operation Kids. I have since traveled once a year to document their work. We have gone to Peru, Egypt, and Kenya twice. Next month the mission to Guatemala. My work is used for promotions, fundraisers, & websites.
In your opinion, a photography can be only about technique or are you more interested about what’s beside technique, like emotion or message? In your perspective, can technique be overcomed by the emotions that a photo can pass on? Photography is only partially technique, everything resides in the eye, mixed with healthy parts of muscle, guts and luck. There are moments when everything is just right. Everything is connected. Portraits are a collaboration. The eyes are very important. Nudes are landscape. It is all emotional for me. I live, breathe and dream it.
I belive you have seen a lot of misery, injustice and horror in these humanitarian journeys... speacially conected to children. Is it very importante to you as a photographer to report this situations? Yes, because if an image can bring awareness and help one child, it is worth it. After 6 medical missions, I am addicted. The doctors are the real artists, I just document their work. This kind of humanitarian work that you do seems to be very dificult... also emotional, do you think that is necessary a special preparation or is everybody able to do it? I mentally prepare a week in advance, then logistically on the long flights, and then the work can be a week to ten days with very long hours. It is a long process. Discussions & preparations can take months in advance. Everyone should try it at least once. Your travels have included the Orient.... Are you particularly fascinated for those places and people? Yes, I just shot several humanitarian/CSR projects for The OrientExpress Hotels Ltd in Myanmar. It was fascinating and we are going through the final edits now. I traveled to Bagan, Yangon, Mandalay, and Maymyo to document a doctor and the missions he supports; clinics, donated school buildings, orphanages, etc. I traveled to small villages and cruised up the Ayeyarwady River. From all the countries you visited, wich one did you got the most emotionally attached? Each mission - regardless the client, has it’s own special moments. But in all, I love Morocco, Kenya, India, Thailand, Myanmar and Peru. It is difficult to pick one. My recent trip to India was very special with
In your journeys around the world, did you ever had some kind of problems, for exemple, in terms of security? Is it hard for a woman to show up with a camera on her hand and be accepted or respected naturally? Only a few small problems. Egypt was a little tough in 2010. We had to have armed guards escort the team to the hospital each day. I put black tape on logos on the Leica Cameras I use for each mission.
How do you feel that photography fits in the Art Market? Do you feel, like many other photographers, that even thought its important, it hasn’t been given to photography the deserved value that it should have? I sell alot of work to private clients from my website and other online platforms. A new e-commerce site called UPLO.COM will launch soon. It helps to pay the rent. I believe photography rights will become more valuable. Everyone is a photographer. It’s a visual world we live in. The web is like the wild wild west. I am optimistic about the art market. Future projects... you made some expositions, do you think about making books for example? Do your humanitarian missions leave you any free time for other projects? I have been working on a Shadow Series/Nude collection for years. I hope to publish it one day along with books on travel and humanitarian missions. I am always involved in several projects at a time and I am constantly on the lookout for more. To finish and thanking you once again for your colaboration... Is Portugal a country that you would like to visit and photograph someday? I love Portugal! I lived in Lisbon for 4 months in the early nineties as a fashion model. I loved the experience, the architecture, the landscape, the food and the people. I hope to return one day soon! Thank you for your time and beautiful magazine. Gigi Stoll Phocal Phototovisions | 101