PHOCAL PHOTOVISIONS Nº 16 MARÇO 2013

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ARTIGOS

TIAGO MEIRELES

ARQUITETURA & FOTOGRAFIA

ETÃ SOBAL COSTA

FOTÓGRAFOS FERNANDO GUERRA MIGUEL COELHO MARCO MARTINS

VALÊNCIA

JORGE JACINTO

MUSEU DA ELECTRICIDADE

LUIS LEAL BERLIM

MANUEL ROQUE

SAFIRA E OS MONGES

RICARDO MENDES

PARQUE DAS NAÇÕES

RICARDO PERNA ROMA

RUI MUNHOZ

ARQUITETURA & URBANISMO

FOTOGRAFIAS ESCRITAS RODRIGO BELAVISTA GALERIA DE MEMBROS IMAGENS QUE INSPIRAM

PHOCALISTAS CARLOS ROXO CESAR TORRES FÁTIMA CONDEÇO FATIMA MENDES HELENA TEIXEIRA MARIA FERNANDA

NESTOR SANTOS OSCAR VALÉRIO PEDRO BELCHIOR PEDRO FILIPE SANDRA AGUIAR VIRGÍNIA RODRIGUES



Revista do grupo

Edição e Direção da Revista

phocal photovisions

Pedro Sarmento

www.facebook.com/groups/phocalphotovisions/ Contactos: Email: phocal.photovisions@gmail.com revista.phocal.photovisions@gmail.com Website http://phocal-photovisons.weebly.com/index.html

NÚMERO 16 - MARÇO 2013 Curry

Foto de capa: Fernando Guerra Zaha Hadid | Galaxy Soho Beijing | China

Editorial Pedro Sarmento

Colaboradores nesta Edição TIAGO MEIRELES ETÃ SOBAL COSTA JORGE JACINTO LUIS LEAL MANUEL ROQUE RICARDO MENDES RICARDO PERNA RUI MUNHOZ RODRIGO BELAVISTA CARLOS ROXO CESAR TORRES FÁTIMA CONDEÇO FATIMA MENDES HELENA TEIXEIRA MARIA FERNANDA NESTOR SANTOS ÓSCAR VALÉRIO PEDRO BELCHIOR PEDRO FILIPE SANDRA AGUIAR VIRGÍNIA RODRIGUES ANA PAULA AMARAL CARLA QUELHAS JOÃO MADEIRA JOÃO VAZ RICO LUCIANO MAGNO MARIO M SANTOS PEDRO MIGUEL ROGÉRIO FERREIRA PAULA CORREIA

FOTÓGRAFOS

FERNANDO GUERRA MIGUEL COELHO MARCO MARTINS

Periodicidade mensal Distribuição On-line / PAPEL Impressão ÁREA GRÁFICA Nº Depósito Legal 350102/12 Tiragem 100 EXEMPLARES


sumário

34

TIAGO MEIRELES ARQUITETURA & FOTOGRAFIA

38

ETÃ SOBAL COSTA VALÊNCIA

42

JORGE JACINTO MUSEU DA ELECTRICIDADE

46

LUIS LEAL BERLIM

50

MANUEL ROQUE SAFIRA E OS MONGES

54

RICARDO MENDES PARQUE DAS NAÇÕES

58

RICARDO PERNA ROMA

62

RUI MUNHOZ ARQUITETURA & URBANISMO

PEDRO SARMENTO

EDITORIAL

03

Galeria IMAGENS QUE INSPIRAM

04

PHOCALISTAS FOTOGRAFIAS ESCRITAS RODRIGO BELAVISTA

08

CARLOS ROXO

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

CESAR TORRES FÁTIMA CONDEÇO FATIMA MENDES HELENA TEIXEIRA MARIA FERNANDA NESTOR SANTOS ÓSCAR VALÉRIO PEDRO BELCHIOR PEDRO FILIPE SANDRA AGUIAR VIRGÍNIA RODRIGUES

FOTÓGRAFOS

66

FERNANDO GUERRA

76

MIGUEL COELHO

84

MARCO MARTINS

02 | Phocal Phototovisions

Pedro S armento |Cas a da Música - Porto | Pentax k5 | Pe ntax 1 2 -2 4 F4 | F 9 I S O 8 0 1 5 S eg

ARTIGOS


editorial Eram 750 milhões em 1950, mas de

Ajuda a essa situação a falta de condições sociais em

r e p e n t e p a s s o u p a ra q u a s e 4 m i l

muitos bairros que albergam imensa gente com menos

milhões de pessoas.

r e c u r s o s f i n a n c e i r o s , o q u e a i n d a fa z c o m o q u e a s

Bastou pouco mais de 60 anos para

condições de vida dos cidadãos se deteriore.

que a população urbana a nível

Ainda assim nem tudo é mau nas nossas cidades.

mundial atingisse este número: as

Algumas são palco de erros políticos na sua concep -

cidades albergam quase metade

ção.... produzem-se edifícios perfeitamente desa-

dos sete mil milhões de habitantes

j u s t a d o s t e n d o e m c o n t a a i n t e g ra ç ã o n a q u i l o q u e

do nosso planeta.

o s ro d e i a , n o m e a d a m e nte q u a n d o s e t rata d e zo n a s

A tendência não irá atenuar-se, tanto mais que a ONU

históricas.

estima que em 2030 teremos 60 por cento da popu -

Diz-se qua a história de um povo é a alma de uma

lação mundial a viver em urbes.

n a ç ã o e Po r t u ga l é u m p a í s r i q u í s s i m o e m H i stó r i a .

Em Portugal, os Censos denunciam a mesma evolução,

Infelizmente não são poucos os exemplos de “mamar-

com 40 por cento dos residentes em território

rachos” construídos em zonas que deviam ser melhor

nacional a localizarem-se nas áreas metropolitanas de

preser vadas.

Lisboa e Porto, isto apesar de elas ocuparem apenas

Ainda assim os tempos mudam, e os cidadãos são

quatro por cento da superfície do país.

muitas vezes chamados a inter vir e dar a sua opinião

O resultado, para as cidades modernas, é um ambiente

nos planos diretores municipais, de modo a que seja

urbano e social cada vez mais complexo que põe em

g e ra d o c o n s e n s o e m d e t e r m i n a d o s l o c a i s e o b ra s a

risco o bem-estar humano.

efetuar.

A qualidade de vida de todos nós depende muito de

Algumas cidades como é o caso do Porto, têm em

quem pensa e projeta as nossas cidades, a sua cria -

marchas planos de recuperação dos Centros históricos,

tividade e os meios que têm á sua disposição para o

algo que devia ser primordial em qualquer município

fa ze re m p o d e m p o r i s s o c o n d i c i o n a r a n o s s a fo r m a

d o p a í s . Pa ra n ó s a m a nte s d a fo to g ra f i a é u m te m a

d e d e v i v e r q u e r fa m i l i a r m e n t e q u e r e m t e r m o s d e

deveras interessante e que não deixa de captar a nos-

comunidade.

sa atenção para alguns registos muito interessantes.

Há quem diga que em muitos locais se vive como animais em jaulas, tão densa é a quantidade populacional

Boa Revista e boas fotos... Abril vem já a seguir

para tão pouco espaço de terreno. Pau la C o rreia | I nver n o à b ei ra - r i o | N i kon D3 1 0 0 - Ni kon AF -S DX 1 8 -5 5 m m f/ 3 . 5 -5 . 6 G VR | F/ 4 1/1000 ISO 100

Phocal Phototovisions | 03


J o 達 o Va z R i co | U n i ted co l o rs| CAS I O COMPUT ER EX-H1 0 | 1 / 2 5 0 | F 3 ,2 | I S O 6 4 C arla Qu el h a s L a p a | M a l a s fe i ta s | Ni kon D 3 1 0 0 | 1 8 -5 5 m m f/ 3 . 5 -5 . 6 G | 1 / 1 2 5 s; I SO 1 0 0 ; F5.6

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imagens que inspiram

A n a Pa u l a Am a ra l | C a n o n Power Shot SX 4 0 HS | O Tejo e L i sboa | 1 / 5 0 0 s F5 I SO 100

L u c i a n o M a g n o | O c e a n รก r i o d e L i sboa | Ni kon -d7 0 0 0 | S i g m a 1 0 2 0 m m | 3 0 s I S O 1 0 0 F3.5

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RogĂŠr io Fe rreira | Casa da Mus ica | Nikon D9 0 | Tamrom 7 0-20 0 mm | I S O 2 0 0 | F 3 . 5 | 1 / 2 5 0 0


Ped ro R i b e i ro | Ju m p i n g fo r evo l ut i on - Ni kon D4 0 , Ex posi çã o 1 / 2 0 0 se g . F/ 7 . 1 4 2 m m I SO 200 J o ã o M ad eira | To d o s ca m i n h a m o s p a ra a l g um l uga r | Ni kon D4 - Ni kon 2 4 -7 0 f 2 . 8 | F5 I SO 3 20 - 1/400 sec

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RODRIGO BELAVISTA

lisboa – PORTUGAL

aminhacaixademail@gmail.com www.facebook.com/ruimaosdecenoura TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © rodrigo belavista

Crónica dos dias apressados. Manhã cedo, no pingar de um sol que se alimenta de pele. Hoje vesti-me de negro, sapatos enfiados no presságio de um dia lamento; E sabe-se lá porquê, é molde preguiçoso de uma vontade que se teima cinzenta. Lavo os dentes até ao cérebro, penteio o redondo cabelo com mãos de alicate, cerco-me de um perfume que não cheira, cheira-me a monotonia ao procurar nos bolsos o dinheiro dos dias. E é num rompante que abro a porta ao medo, saco de lixo na mão e uma canção que não me d e i x a p e n s a r. Lá fora, o vento. O vento que me esbofeteia na violência de um despertar na rua, essa artéria crua onde os p a s s o s , n a e n o r m e p r e s s a d e a c u m p r i r, m a i s p a r e c e m s e r c ú m p l i c e s d o v a g a r. Cá fora, o vento. E no peito uma espada, atravessada, em que uma mão incolor a torce porque sim, porque a mente deambula por curvas e rectas, rotundas e setas, porque é ó b v i o q u e l h e b a s t a u m a p a r t e d o v e r b o n e g a r, porque tantas são as vezes em que caminho s e m p e n s a r, m a s a e s p a d a é c a t i v a e a d o r u m vício que a alma – inconsciente – alimenta. Ta l c o m o a s m ã o s d a s o f r e g u i d ã o , n a r a z ã o diária de querer esquecer e, porém, nada faça p a r a o m e r e c e r. Manhã cedo, neste cais. Navego sem velas e não me guio pelas estrelas, t a m b é m o m e u f u n d o n ã o é o m a r, é m a i s u m tapete gasto e áspero, de onde parto na viagem rotina, dobrando esquinas – todas iguais – lambendo colinas e o sol, o que se alimenta da pele, tudo percebe, até o motivo porque digo navegar quando, no rosto da verdade, nada mais me é permitido do que a garantia que v o l t a r e i a a t r a c a r. Depois, como quem diz após, aparece o tal 08 | Phocal Phototovisions

animal selvagem com ponteiros na pele. A hora sucede à hora, o minuto cheira a fezes do tempo, a cadência é grotesca, embora pareça tudo tão normal. Quase mordo as entranhas do masoquismo, ao girar de mais uma volta e outra volta e ainda outra volta, que, volta na volta, aparecem ilesas na contrariedade. Porque é só essa, a contrariedade, que veste o fluorescente colete dos acidentes.


fotografias escritas

Já passaram tantas horas e eu não me esqueci de lavar os dentes. A o r e d o r, c o l m e i a s . Z u m b i d o s . È neste momento que me apetece ter nascido sem ouvidos. E mais zumbidos. Finto as vozes, finto as dores, finto-me. Golos? Nem vê-los, estou aqui apenas para não ser colocado fora de jogo. Parece-me tão simples escolher o mesmo verde caminho de sempre, em que os pés levitam cem

mil metros por cima do chão e o tecto é o de uma gaiola, um azul maior que me agita o olh a r, n o g a r a n t e m a l c h e i r o s o d e q u e , a m a n h ã , o verde a pisar é o mesmo, o azul a admirar é o mesmo, os meus pés sabem ao mesmo, peças usadas e rotinadas. E as mãos a suar de medo. Bem cedo se levantará a manhã e, de novo, serei lambido pela escolha contrafeita de mais um dia. Um novo dia apressado. Phocal Phototovisions | 09


CARLOS ROXO

Alcains - Castelo Branco Portugal

carlosroxo@netcabo.pt www.facebook.com/CarlosJoaquimRoxoPhotography TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Carlos Roxo

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei com a fotografia analógica, mas sempre tive dificuldade em gerir o tempo de espera, mesmo quando fazia revelações caseiras e provas de contacto. A juventude e outros interesses nomeadamente a música e a informática afastaram-me da fotografia, mantendome apenas como observador, quer através de revistas o u e m v i s i ta s a ex p o s i çõ e s fo to g ráf i ca s . M a s o i n teresse não tinha morrido, pois desde o princípio da era digital que tenho máquinas digitais compactas, mas só em 2006 com a compra de um Olympus E500 voltei a fazer fotografia, tendo esta desde então vindo a ganhar espaço as outras áreas de interesse, atualmente utilizo uma Fujifilm Finepix F750 EXR e uma Canon EOS 60D com uma objetiva Canon 18-135 mm. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Carlos Roxo – Basicamente todo o tipo de fotografia, tendo uma predileção pela fotografia de rua, aquela em que o momento tem de ser captado naquele preciso instante. Gosto também da fotografia com grande impacto visual com cores intensas e elevados con trastes, noturnos, NDS ou PDS, existem alguns tipos de fotografia pela qual tenho bastante curiosidade, sessões de estúdio, montagens com um cariz temático ou com base num objeto, esta curiosidade nasce principalmente pelo facto de a experiencia nessa área ser pouca, uma falha que pretendo colmatar brevemente. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Já perdi muitos momentos fotográficos por não ter

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n e n h u m a m a q u i n a co m i go, at u a l m e nte t ra go u m a máquina compacta para tentar que tal não aconteça, mesmo assim não raras vezes deixo escapar situações que posteriormente percebo serem excelentes mo mentos fotográficos. Contudo o facto de as máquinas fotográficas intimidarem as pessoas, faz com que me retraia no seu uso, pois já passei por situações desagradáveis por estar a manusear uma máquina fotográfica em público. Como defines uma boa fotografia?? Pergunta muito difícil! Acima de tudo uma fotografia que me traga algo de novo, que me capte a atenção num primeiro olhar, mesmo que seja por algo que não goste, mas sempre fazendo a diferenciação pela forma específica como a imagem foi criada, composta ou até captada no momento. As técnicas que se aprendem podem ajudar a fazer uma bela fotografia, contudo é na forma como estas são aplicadas que o resultado final faz a diferença, e desse modo criar novas formas de percecionar o que nos rodeia, essa é para mim a diferença entre uma fotografia e uma fotografia excecional. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido co n j u g a r m u i to s fo tó g r a fo s a m a d o r e s co m o u t r o s de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que ado ramos fotografia e para Revista A vida é uma constante aprendizagem, por isso essa “mistura” é saudável no melhor dos sentidos, todos s a e m a g a n h a r, o s m a i s i n e x p e r i e n t e s a p r e n d e m com os mais experientes e evoluem toda a vez que olham para uma fotografia nova, criando referencias nas técnicas, enquadramentos e formas de edição, etc., os mais experientes recuperam alguma ingenuidade e ganham perspetivas diferentes, mas é p r i n c i p a l m e nte a n e c e s s i d a d e d e s e u l t ra p a s s a re m a s i p ró p r i o s q u e o s fa z e v o l u i r. C o m t u d o i s t o a fotografia ganha uma dinâmica de crescimento nos mais variados sentidos, sendo positivo para todos os que acompanham este fenómeno. A Revista Phocal P h o t o v i s i o n s c o m o p a r t e i n t e g ra n t e d o fe n ó m e n o Fo t o g ra f i a , q u e r c o m o d i v u l ga d o r d a fo t o g ra f i a , o u co m o s u a i m p u l s i o n a d o ra , co nt r i b u i e a o m e s mo temp o reco l h e créd i to s n este p ro ces so . C o m o crescimento dos fotógrafos cresce a qualidade das fo t o g ra f i a s q u e a P h o c a l P h o t o v i s i o n s p u b l i c a n a revista.


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CESÁR TORRES

VIANA DO CASTELO - PORTUGAL

ctsonyk@gmail.com w w w.facebook.com/CesarTorresPhotography w w w.cesartorresphotography.com/ TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © CESAR TORRES

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de mate rial usas? C re s c i n u m a p e q u e n a a l d e i a e m V i a n a d o C a ste l o, lidava todos os dias com animais e desenvolvi o gosto pela natureza. Em 2 00 4 co m p rei uma má qui na compa c ta e come cei a fazer imagens essencialmente de natureza, no ano seguinte, mais exigente e descontente com as f u n çõ e s d a m á q u i n a q u e p o s s u í a , a d q u i r i u m a N i kon D50 e uma lente Nikkor 18-55mm, com a qual captei o momento em que uma criança abandonada, deambulava sozinha, pela praça em frente ao Museu da Marinha - Lisboa. Actualmente uso uma DSLR Nikon D90, Lentes Sigma 17-70mm OS Macro, Sigma 70-300mm APO Macro e a minha preferida Sigma 180mm Macro. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Sendo um amante incondicional da natureza e tendo desenvolvido o gosto pelos pormenores captados em cada imagem, é à fotografia Macro, na vertente da natureza que mais tempo dedico actualmente. Dou por mim vagueando dias inteiros pelos campos e florestas, à procura dos mais pequenos insectos, f l o re s o u q u a l q u e r o u t ro p o r m e n o r q u e s e re ve l e interessante. A fotografia Urbana/Noturna desperta-me igualmente i nteres s e, as l u ze s , ru a s movi me nta d a s , o trân sito, revelam composições bastante interessantes. As ruas das nossas cidades proporcionam momen tos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Nem sempre nos lembramos de levar a máquina connosco, posso dizer que já perdi muitos aconte cimentos, imagens únicas, por naquele preciso dia ou pequena saída não a ter comigo. É f r u st ra nte , q u a n d o n ã o p o d e m o s g u a rd a r o q u e vemos em imagens, é imprevisível ao percorrer uma cidade rodeados de actividades e pessoas, saber o q u e p o d e rá a co nte c e r, p o r e s s e m o t i vo ra ra m e nte prescindo do meu equipamento fotográfico quando saio à rua. Como defines uma boa fotografia?? Semp re q u e tento eternizar um momento, procuro seguir as regras básicas da fotografia, a Regra dos 12 | Phocal Phototovisions

Te r ç o s , u m a e x p o s i ç ã o e q u i l i b r a d a , a f o c a g e m , tudo isso é importante e ajudam a compor uma boa fotografia. Po r o u t ro l a d o e p r i n c i p a l m e nte n a fo to g ra f i a U rbana e de Arquitectura, o olhar do artista, a com posição mental, a construção das imagens antes do clic final, é e sempre será, a principal regra ou componente para uma boa fotografia. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido co n j u g a r m u i to s fo tó g r a fo s a m a d o r e s co m o u t r o s de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista. O talento e a criatividade podem ser inatos, mas é n ec es s á r i o ver, co m p a ra r e a p ren d er co m o t ra b a lho de fotógrafos profissionais ou de reconhecidos méritos. Tenho aprendido bastante com a revista Phocal Photovisions, o conteúdo das entrevistas e imagens de excelentes fotógrafos, proporcionam um vasto leque de novos conceitos e técnicas, que qualquer amador pode interiorizar para posteriormente aplicar. Entre as revistas nacionais de fotografia, destaco a P h o ca l P h o to v i s i o n s co m o a d e m e l h o r q u a l i d a d e , a nível de conteúdo e aparência, e para isso muito c o n t r i b u e m o s exc e l e n te s fo t ó g ra fo s p ro f i s s i o n a i s e a m a d o re s , q u e n e l a re ve l a m o s s e u s p o r t fo l i o s , técnicas e conselhos.


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FÁTIMA CONDEÇO almeirim – Portugal

fcondeco@gmail.com https://www.facebook.com/fatima.condeco TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © Fátima Condeço

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Pa r te d o m e u p r i m e i ro ve n c i m e nto fo i u s a d o p a ra comprar uma camara fotográfica, já havia uma vontade grande de registar momentos. No entanto foi com o digital e com o uso da internet que comecei a usar “diariamente” a câmara. Uso uma Nikon D90 , objetiva 18-250 da Tamron ou 50mm da Nikon. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? gosto de fotografar sobretudo detalhes, momentos e expressões instantâneas. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a máquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a máquina em casa? Regra geral a máquina anda sempre comigo, no enta nto m u i ta s veze s s i nto - m e i n i b i d a e m a p o nta r a objetiva a certas situações, e ai sim, já senti perder boas oportunidades Como defines uma boa fotografia?? U m a b o a fo t o g ra f i a é s e m d ú v i d a a q u e l a q u e m e conta uma história. Aquela que me diz algo, que mexe comigo. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista O c o n h e c i m e n t o d o t ra b a l h o d e fo t ó g ra fo s d e re conhecidos méritos é sempre uma mais-valia para uma evolução do fotógrafo amador. Aprendemos com os seus registos com os seus saberes. Com a inclusão de fotógrafos reconhecidos na revista aumentamos o nosso conhecimento e damos à revista um maior valor e reconhecimento.

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FÁTIMA MENDES SEIXAL – Portugal

fatmend7@gmail.com w w w.facebook.com/pages/Fátima-Mendes-photography TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © Fátima Mendes

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei a interessar-me pela fotografia, aos 18 anos, quando por herança de um tio avô, me veio parar às mãos uma câmara “caixote” – uma Brownie Hawkeye da Kodak. Poucos anos depois, já a trabalhar, pude comprar uma analógica, que me proporcionou mais conhecimentos sobre a arte de fotografar. Actualmente, uso uma compacta tipo bridge, bastante versátil que me permite tirar partido também do modo manual. Por vezes ainda fotografo com câmara analógica, pois dá-me muito gozo todo o processo, até chegarem às minhas mãos as fotos reveladas. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Aprecio fazer fotografia que envolva composição e traduza sentimentos, emoções, mesmo que subentendidos. Penso que uma foto ainda que de natureza, poderá igualmente suscitar algo de sensorial no observador. Também e paradoxalmente, gosto muito de instantâneos. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a máquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a máquina em casa? Geralmente procuro ter sempre dentro da mala, uma pequena digital compacta, mas já me aconteceu perder grandes momentos por não ter câmara à mão… Como defines uma boa fotografia?? A fotografia que nos transporta para lá daquilo que observamos, aquela que nos sugere uma estória e nos suscita emoções, para mim, é essa a boa fotografia. Claro que se tecnicamente ela for perfeita, tanto melhor . A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista É enriquecedor esse facto – o estímulo que recebemos daqueles que têm mais rodagem na fotografia, entusiasma-nos e sugere-nos novas ideias e uma busca incessante de maior perfeição técnica. A revista destaca-se de outras, pela sua grande qualidade: o que a torna diferente é mesmo apresentar-nos tanto amadores como profissionais e essa diversidade só nos pode enriquecer, obviamente

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HELENA TEIXEIRA GONDOMAR – Portugal

helena_pedrosa9@hotmail.com https://w w w.facebook.com/helena.teixeira.777 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © HELENA TEIXEIRA

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei a fotografar desde muito cedo Pedro. Acho que nasci com o “bichinho” da fotografia. Neste momento tenho uma reflex Canon 1000D e uma compacta Pentax Optio r218 que anda sempre comigo. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto de fotografar tudo mas o que me dá mais prazer é fazer fotografia de rua. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo

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ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Costumo andar sempre com a compacta mas já me aconteceu esquecer-me dela no carro e querer registar momentos e não o poder fazer. Como defines uma boa fotografia?? Uma boa fotografia é a que me consegue transmitir o que o fotógrafo “viu” quando a registou. Claro que é importante aliar o “ olhar ” com técnica( é o que me faz falta). A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista A união que a Phocal consegue fazer entre amadores e profissionais é de extrema importância pois dá-nos (amadores) a possibilidade de as nossas imagens serem vistas por quem entende desta arte e de aprender com as fotos deles. Quero deixar um agradecimento muito sincero a ti e ao grupo por me darem a possibilidade de partilhar os “meus olhares” numa revista com a qualidade da Phocal.


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MARIA FERNANDA sintra – Portugal

mfernandacsilva@gmail.com https://www.facebook.com/maria.fernanda9898 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © MARIA FERNANDA

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Quando a minha filhota nasceu, comecei a fazer um “álbum do bebé”, com a intenção de registar, o melhor possível, todas as fases do seu crescimento. Quando mostrava as fotos que ia tirando aos amigos e família… todos iam dizendo que estavam muito engraçadas, diferentes, inovadoras! Continuei por aí, simplesmente efetuando registos familiares de passeios, festinhas de aniversário, sem qualquer pretensão nem conhecimentos técnicos. T i ve vá r i a s m á q u i n a s fo to g ráf i ca s m a s re co rd o - m e s o b ret u d o d e u m a Ni ko n F 5 0 q u e me a co mp an h o u durante muito tempo e que me proporcionou muito boas imagens. A era digital e a internet simplificaram todo o processo, possibilitando o intercâmbio e a divulgação, abrindo caminho para a evolução. Comecei a interessar-me de outra forma pelas imagens que captava, construindo mais cuidadosamente os enquadramentos, sendo cada vez mais crítica e exigente. Procurei alguma informação de carácter técnico, comprei livros, software de edição de imagem e comecei a sair de casa, apenas com o intuito de fotografar. Essas saídas dão-me imenso prazer, a expectativa de descarregar um cartão cheio de informação (frequentemente nada ou quase nada se aproveita…) motiva-me a tentar mais uma vez e outra… e outra… Neste momento tenho uma Nikon D90 da qual gosto

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muito. Precisava de trocar as lentes… mas o dinheiro “está caro” ! Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto sobretudo de formas geométricas. Apaixonei-me pelo grafismo urbano e comecei a andar, sempre, “de nariz no ar ”. Esta preferência é muito curiosa e até algo estranha, porque eu detesto a cidade… gosto de espaços verdes, calmos e silenciosos. Vá-se lá entender estas coisas! As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a máquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a máquina em casa? Sim, creio que já perdi muito boas fotografias, quase nunca trago a máquina comigo. É grande, as objetivas são pesadas e não é muito prático transportá-las. Arrependo-me muitas vezes porque alguns momentos são únicos e irrepetíveis. Como defines uma boa fotografia?? Aí está algo muito subjetivo, uma boa fotografia, no meu entender, pode sê-lo por diversas razões. Apenas porque o que vejo me parece harmonioso, equilibrado e agradável, porque me desperta emoções (sejam elas quais forem) ou consegue de alguma maneira comunicar aquilo que quem a obteve sentiu. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conj u g a r m u i to s fo tó g r a fo s a m a d o r e s co m o u t r o s d e reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista Claro que a “Phocal Photovisions” é importante. Faz parte do que já referi acima. Promove a partilha de experiências, junta as pessoas em redor de algo de que todos gostam, divulga o que vamos fazendo, mesmo ao nível do puro amadorismo como é o meu caso. Estou feliz por poder participar em pé de igualdade com pessoas cheias de talento e conhecedoras das técnicas mais apuradas.


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NESTOR SANTOS sintra – Portugal

nestorlcs@gmail.com https://www.facebook.com/nestor.santos.9699 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © NESTOR SANTOS

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei a fotografar quando era escuteiro e participei nas actividades de fotografia, tinha na altura uma pequena câmara de rolo , que comprei quando tinha chegado á Figueira depois das inspecções para o serviço militar …. os anos foram passando e a pequena câmara foi ficando desactualizada , o tempo económico , não permitia um passo em frente para uma slr , até um dia chegar altura de adquirir uma Pentax k-10D a minha primeira DSLR , com ela muito aprendi e melhorei a minha técnica , hoje mais recente fiz um upgrade para uma K-5D . Lentes Sigma 10-20mm ; Tamron macro 90mm f2,8 , Pentax 35mm f2,8 ; Tamron 17-55mm f2,8 . Hoje a fotografia faz parte da minha vida, uma paixão ,uma arte ,uma terapia …. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Paisagem, natureza , macro e foto de rua ... As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Agora ando sempre com a máquina por quer que ande , pois já perdi muitas oportunidades de boas fotos, outros tempos também tinha um certo receio e medo de andar com a máquina , por algumas pessoas estarem sempre a olhar para a máquina , e de outras não gostarem muito de lhe tirar-mos fotos, mas foi situação que com o tempo fui perdendo , e ainda bem.. Como defines uma boa fotografia?? Uma boa foto para mim tem de ter Harmonia no 1 olhar, de sentirmos aquilo que ela nos demonstra ... A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista Para mim tem a maior importância , por todos aqueles que amam a Fotografia poderem divulgar os seus trabalhos , melhorem as suas técnicas , e principalmente estar num núcleo de fotografia! 22 | Phocal Phototovisions


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ÓSCAR VALÉRIO AROUCA – Portugal

oscarvalerio64@gmail.com https://www.facebook.com/oscar.valerio.18 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © oscar valério

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Verdadeiramente não sei quando comecei, mas recordo bem quando em segunda mão comprei a minha primeira câmara, Olympus OM1 estávamos na década de 80. Depois com o nascimento da minha filha compro a nova Canon EOS 300, e frequento um curso de iniciação à fotografia com laboratório a preto e branco. Já na era digital adquiro a Canon 400D e mais tarde em segunda mão a Canon 40D. Como lentes uso as Sigma 10/20, 18/50 e 28/300, Canon 50mm e 80/200mm. Sou membro e socio fundador da associação “Movimento Fotográfico de Arouca”, administrador do grupo facebook UFA “união de fotógrafos amigos de arouca”. Apaixonado pala transformação de caixas de sapatos em câmaras de Pinhole! Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? As minhas, sobretudo os “diálogos abstracionistas da água”! As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Isso acontece a todos os amantes da fotografia é normal. Lixado é quando decides fazer uma fotografia num determinado sítio, andas uns valentes quilómetros e quando vais para fotografar notas que o cartão ficou em casa. Como defines uma boa fotografia?? Gosto e muito! A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista É de continuar este projeto, é louvável a junção de amadores com mestres consagrados. Para mim, funciona como inspiração e conhecimento, obrigados pela oportunidade.

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PEDRO BELCHIOR ODIVELAS – Portugal

pmbelchior@gmail.com https://www.facebook.com/pmbelchior TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © Pedro Belchior

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? A fotografia sempre esteve presente na minha vida, embora até á coisa de dois anos mais em compactas,depois senti necessidade de mudar para uma reflex,na altura comprei uma canon, e de á cerca de uma ano a esta parte tenho nikokn.a velha guerra canon/nikokn…mas para lá da marca que se usa…é preciso ter olho e vontade de aprender…pois elas não fazem fotos sozinhas…e eu sou uma pessoa que quero muito aprender a cada dia. Cada dia tento sempre aprender algo de novo,um agradecimento a um grande amigo que me incentivou na altura a optar por uma reflex, e que tem estado presente na maioria das vezes que saio para fotografar,Rogério Kok You, grande abraço amigo! Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Pessoalmente gosto de todo o tipo de fotografia,mas d e m o m e n t o o q u e m a i s fo t o g ra fo é fo t o g ra f i a d e paisagem,embora me fascine muito fotografia de rua. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos

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interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Infelizmente só mais ao fim de semana é que posso fotografar…e por isso mesmo não ando c/ a maquina sempre atrás…e já perdi muitos momentos por isso mesmo…momentos que não se repetem…situações que ficas a pensar ”se tenho trazido a maquina comigo”… mas logo penso para comigo…”perdeste estes mas outros terás oportunidade de captar ”! Como defines uma boa fotografia? Para mim, uma boa fotografia tem de me fazer sentir algo,tem de ficar na minha memória, tem de ter conteúdo…embora a definição de boa foto possa variar de pessoa para pessoa…mas o mais importante é que quem tira a foto goste dela, do que lhe transmite no momento de carregar no botão…isso é o mais importante. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista A c o n j u ga ç ã o d e fo t ó g ra fo s d i t o s “a m a d o re s ” c o m outros mais profissionais, no meu ver é de tam a n h a i m p o r tâ n c i a , o s m a i s a m a d o re s “o n d e m e incluo”,aprendem muito plas criticas construtivas que o s m a i s ex p e r i e nte s l h e s p o s s a m t ra n s m i t i r, e u p o r exe m p l o p ref i ro re c e b e r u m a c r i t i ca co n st r u t i va á s minhas fotos em vez do tradicional “linda/magnifica”… pois só assim se cresce…e a revista focal photovisions tem tido um papel importante nessa conjugação de “hierarquias” fotográficas,faço votos que este projecto continue por muitos e muitos anos e que tenha sempre trabalhos interessantes nas suas paginas como tem tido até aqui.


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PEDRO FILIPE PORTO – Portugal

pedro.filipe84@gmail.com https://www.facebook.com/pedro.filipe84 www.pedrofilipe.pt TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © Pedro Filipe

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei a fotografar aos 16 anos com uma compacta do meu irmão. Mas apesar deste começo tardio, nunca mais consegui parar. O meu gosto pela fotografia aumentou a cada dia. Evoluí na minha formação e no meu material. Atualmente fotografo com uma Canon 7D e a minha lente favorita é a 50mm f1.4. Uso-a para quase todo o tipo de fotografia. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? A fotografia que mais aprecio é a de retrato. Mas quase a par com a fotografia de urbano. Julgo que até de certo modo estão ligadas… As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? Ando sempre com a máquina comigo, mas já aconteceu no final do dia ter um excelente momento para fotografar e a preguiça fazer com que perdesse esse momento mágico.. Como defines uma boa fotografia?? Uma boa fotografia é claro, aquela que obedece às regras. Bem exposta e bem enquadrada. Já a excelente foto é aquele que além das regras possui a nossa paixão naquilo que fazemos. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista É fundamental. Pois a troca de fotos, experiências e técnicas não ajuda só os amadores, mas também os profissionais. Este intercâmbio é fundamental e espero que continue.

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me sentir muito à vontade nesta última.

SANDRA AGUIAR Gondomar – Portugal

sandra.c.aguiar@gmail.com https://www.facebook.com/sandra.aguiar.7543 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © SANDRA AGUIAR

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Desde sempre que adoro a fotografia. Desde muito nova comecei a fotografar, mas apenas durante as férias ou nas festas de amigos. De há alguns anos para cá comecei a ficar cada vez mais interessada pela fotografia, até que em 2010, altura em que comprei a minha primeira DSLR, procurei obter conhecimentos técnicos de forma a conseguir melhores resultados e claro está, um melhor aproveitamento do equipamento. Procuro explorar novos estilos e aplicar e aproveitar os momentos de fotografia. Recorro também a programas de edição de imagem para o tratamento de fotografias. Utilizo equipamento digital. Neste momento, trabalho com uma Canon 450D e, na maioria dos casos, com uma objectiva de 50mm. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? O que gosto mesmo de fotografar são paisagens naturais e urbanas. Atualmente também dedico-me a macro e fotografia de rua e momentos, apesar de ainda não

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As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a maquina em casa? A máquina acompanha-me sempre que possível. Como frequentemente afirmo, o momento fotográfico surge quando menos se espera… N o e n t a n t o, n e m s e m p r e é p o s s í v e l t ra n s p o r t a r a máquina e infelizmente já perdi várias oportunidades de excelentes fotos. Como defines uma boa fotografia?? Há quem diga que na fotografia não há regras. Uma boa fotografia é aquela que quebra todas as regras, é uma questão de sensibilidade e de “olho”. Mas a verdade é que uma composição cuidada é, a par com a luz, o que mais define uma boa fotografia. E algo que pode ser posto em prática por toda a gente, independentemente do equipamento utilizado, partindo de algumas técnicas básicas. Uma boa fotografia está no olhar de quem sente e no sentimento de quem vê. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista A o p o r t u n i d a d e d e d i v u l ga r o s n o s s o s t ra b a l h o s e partilhar com quem tem gosto pela fotografia é um incentivo. Conjugado pela participação ativa e dinâmica dos que fazem deste grupo. Desta forma todos crescemos como fotógrafos e em aprendizagem contínua.


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VIRGINIA RODRIGUES SINTRA – PORTUGAL

virgin.rodrigues@gmail.com https://www.facebook.com/gina.rodrigues.121 TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR © VIRGINIA RODRIGUES

A fotografia é parte integrante da tua vida. Como é que começaste a fotografar e que tipo de material usas? Comecei a interessar-me mais pela fotografia há cerca de um ano. Senti a necessidade de registar fotograficamente tudo o que meus olhos viam e me despertava mais a atenção. A fotografia permite-me recordar todas as memórias visuais que me deslumbraram e marcaram e que com o passar do tempo se desvanecem e perdem. Para tal, adquiri uma Máquina Digital Nikon Coolpix, 5x Zoom,14 Megapixels, automática, muito simples mas o suficiente para iniciar a arte de fotografar. Que tipo de fotografia mais aprecias fazer? Gosto mais de fotografar a Natureza, principalmente quando o elemento água está presente. As paisagens são as minhas preferidas, o mar, os rios, os cursos de água, as árvores, as flores deslumbram-me, no entanto há bons e interessantes momentos p a ra fo to g rafa r e m to d a a p a r te , t u d o d e p e n d e d a nossa visão, perspectiva e do sentido que damos ao que vemos. As ruas das nossas cidades proporcionam momentos interessantes, andas sempre com a maquina contigo ou já perdeste uma boa oportunidade por deixar a

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maquina em casa? Realmente as nossas cidades estão repletas de grandes e bons momentos para fotografar, e como não ando sempre com a minha máquina, posso afirmar com toda a certeza que já perdi boas oportunidades para fotografar. Como defines uma boa fotografia?? Uma boa fotografia para mim, é aquela que acima de tudo me transmite algo, que tem “alma” e “coração”. É u m a fo t o g ra f i a t i ra d a n u m â n g u l o e p e rs p e c t i va adequada, pode ser a cores ou a preto e branco, com mais ou menos definição mas a focagem e o ênfase, que se dá, ao que é realmente importante, é que faz toda a diferença. A Revista Phocal Photovisions tem conseguido conjugar muitos fotógrafos amadores com outros de reconhecidos méritos. Na tua opinião qual é a importância desse factor para todos nós que adoramos fotografia e para Revista? É bastante enriquecedora a conjugação dos fotógrafos amadores com os de reconhecido mérito, nós amadores aprendemos, tiramos dúvidas, vamos adquirindo experiência e aumentando o nosso gosto pela fotografia,por outro lado, os fotógrafos de mérito veêm o reconhecimento e valorização do seu trabalho, e sentem-se incentivados a fotografar e a melhorar o seu desempenho. Para todos nós que adoramos fotografia, a Revista Phocal Photovisions é o nosso suporte e elo de ligação. É o local onde nos “encontramos” e “juntamos” todos os os meses, onde expomos e apreciamos em conjunto as nossas fotografias, tiradas ao longo do mês é onde podemos dar “asas” à nossa criatividade e imaginação. A Revista é a recompensa mensal de todo o trabalho e desempenho ao longo de cada mês, é o fulcro de interacção de todos os membros do grupo Phocal Photo Visions.


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TIAGO MEIRELES

porto – Portugal

tiagoabmeireles@gmail.com Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor

© tiago Meireles

Tiago Meireles nasceu no Porto em 1966, onde ainda reside, e licenciou-se em Arquitectura pela F.A.U.P em 1991. Desde cedo a paixão pelas viagens e pela fotografia, de vez em quando cruzadas com a arquitectura, motivaram incursões pelos quatro cantos do mundo. Depois da Europa, quase sempre África, de vez em quando a Ásia, algumas vezes a América e uma vez a Oceânia. Realizou alguns Workshop de fotografia com o fotógrafo António Sá, e desde há algum tempo a fotografia, que era essencialmente de viagem, passou a ser mais constante e abrangente. Participou com fotografias suas em duas edições da “Casa Porto”, e teve temporariamente trabalhos seus expostos no restaurante “Terra”, no Porto. Realizou três exposições individuais de fotografia, e recebeu uma menção honrosa num concurso de fotografia sobre a ilha de S. Tomé, promovido pela AMAI, Associação para a Medicina, as Artes e as Ideias. Foi incluído em 2009, na revista “bombarte”, num artigo dedicado ao percurso de 10 artistas, que apresentaram obras de fotografia e vídeo. Nem sempre a arquitectura e a fotografia estão tão próximas quanto por vezes parecem. Na maioria das vezes, o acto de projectar está dissociado do acto consequente de fotografar a obra projectada, e cada vez mais em arquitectura, se recorre a um profissional da área da fotografia, preferencialmente destacado no tema da arquitectura, para fotografar uma obra quando concluída, Se, por um lado, um olhar distanciado e dissociado da obra permite uma abordagem livre e sem preconceitos d a o b ra d e a rq u i te c t u ra , p o r o u t ro, p o d e m e s ca p a r pormenores ou conceitos que um autor do projecto, conhece ou desvenda desde o início. Poucos serão os autores destacados, que se evidenciam ao fotografar a própria obra. Do mesmo modo, penso que poucos serão, os que como fotógrafos se destacam como grandes projectistas. Como arquitecto e amador da fotografia, e embora por vezes fotografe a própria obra, é no campo das viagens que encontro um desprendimento que permite novas e diferentes abordagens. Ao contrário de muitos antecessores e actuais colegas de profissão, que viajam muitas vezes com um roteiro arquitectónico bem definido, com um número determinado de obras e “mestres” a visitar, é no improviso e 34 | Phocal Phototovisions

na surpresa, e fora dos circuitos, que encontro a melhor forma de me realizar, mesmo que inconscientemente a minha formação esteja sempre presente. Embora enquanto viajo ou passeio, não busque incess a nte m e nte e n co nt ra r e fo to g rafa r u m d ete r m i n a d o número de obras, o triângulo arquitectura – fotografia - viagens, nas três vertentes associadas ao lazer, fomentam e determinam um percurso que vai evoluindo distanciadamente da formação original, complementada por aprendizagens paralelas e diversas, quer se tratem de Workshop, livros e revistas sobre o assunto ou qualquer outra coisa. Esta abordagem e presença neste número da revista, evidencia apesar de tudo um carácter abrangente, quase contraditório relativamente ao que antes disse, porque ao nem sempre correr propositadamente atrás de determinada arquitectura ou obra, o facto é que as inúmeras viagens ou simples passeios nos fazem sempre esbarrar – evidenciar – encontrar, obras de algum interesse, arquitectónico e/ou fotográfico, quer se tratem de edifícios de grande dimensão, quer de simples cubatas nos sítios mais desclassificados – penso, e por “deformação” profissional, que ainda assim, tudo isto é arquitectura, merecedora ou não, de ser fotografada. E aqui o campo complexo de que uma má obra pode resultar numa excelente fotografia, sendo que o contrário também é válido. Mas, adiante… Julgo, no entanto, que foi e é importante, e sendo o tema das viagens recorrente na minha componente de formação fotográfica, aproveitar ao máximo as situ ações com que me deparo, nomeadamente no tema da arquitectura e pelos locais por onde fui/vou passando. Mesmo sabendo que o cliché do Taj Mahal, é demasiado óbvio, e na maioria das vezes fotografado do mesmo ângulo, é difícil resistir a não o fazer, quer seja para guardar o momento para a posteridade, quer seja para posteriormente comparar com as outras/mesmas perspectivas. Seja como for, sempre consciente, e por melhor que tente fazer, estarei sempre, e no caso concreto, a anosluz do que fez e faz Steve McCurry. A q u i i m p o r ta ta m b é m a b o rd a r u m a q u e stã o c r u c i a l , que é a componente Tempo – para a boa fotografia de arquitectura, é fundamental tempo para estudar a luz, a perspectiva e a composição. Se, por um lado os dois últimos factores apenas dependem do tempo como factor para a apreensão da obra, a luz, associada às condições meteorológicas já não depende de nós, e o factor tempo pode permitir esperar pelo melhor “ Tempo”, o que não significa necessariamente um dia de luz radiosa, mas o momento ideal para determinada situação. Apesar de tudo, e por mais longos que sejam os discursos, as desculpas ou explicação, as imagens devem valer por si – e aqui, quer se tratem de arquitectura ou qualquer outro tema. Ao valerem por si, deverão também ser vulneráveis, permitir a critica ou aclamação, ou a simples indiferença – em qualquer dos casos, e como em todas as “Artes”, fomentar a aprendizagem…


ADEGA DO VALLADO - DOURO Proj. Francisco Vieira Campos

AFIFE - PORTUGAL - Projecto Tiago Meireles

Japur - Ă?ndi a

BIBLIOTECA O. A . - PORTUGAL Projecto Lopes da Costa e Tiago Meireles

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TORRES PETRONAS - M ALÁSI A


MARROCOS

S R I L ANKA

M US E U S ER R ALVES - P O RTO - P ro j. S i za Vi ei ra

SRI LANKA

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ETA SOBAL COSTA Sintra – Portugal etasobal@gmail.com www.facebook.com/EtaSobalCostaFotografia http://etasobal.wix.com/etascostaphotography Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor

© Eta Sobal Costa

Etã Sobal Costa iniciou-se na fotografia amadora mais “a sério”, como costuma dizer, em Julho de 2011. Desde então, dedica-se à “arte” com paixão. Tem participado em exposições, foi premiada em concurso, e tem visto as suas fotos serem publicadas em revistas. Sobre as viagens, conta que praticamente nasceu a viajar. Já morou em 21 cidades distribuídas por quatro países (e três continentes), tendo ainda visitado, em férias ou a trabalho, outros 15 países. Considera cada viagem que faz como um presente em todos os sentidos, sendo que mais recentemente vê as suas “saídas” como uma oportunidade para fazer outra das coisas que mais gosta: escrever. Juntar viagem, fotografia e escrita de viagem é, segundo afirma, a “cereja no topo do bolo”. “Que mais se pode querer?”, pergunta. Quando soube do tema da nova revista Phocal Photovisions, pensou ser o momento ideal para partilhar a sua incursão por terras espanholas, mais precisamente pelo cantinho do Mundo onde a arquitetura futurista ganha destaque, a Cidade das Artes e das Ciências, em Valência (Espanha). Por uma questão de pronúncia e geografia (se um dia me pedirem com jeitinho, eu conto a história completa), u m a v i a ge m p a ra Va l e n ça d o M i n h o t ra n sfo r m o u - s e numa viagem para Valência de Espanha, e sem arrependimentos no final! A te rc ei ra m a i o r c i d a d e d a q u e l e p a í s f i ca n u m a d a s principais regiões agrícolas da Europa, no meio duma planície fértil, em que se cultivam laranjas e flores. A praia (Valência fica na costa do Mediterrâneo) e o clima contribuem para o gosto pela vida ao ar livre. Quando, em 1957 o rio Turia inundou Valência, o seu curso foi desviado para que as suas águas não mais passassem pelo centro da cidade. O grande espaço antes ocupado pelo rio, foi preenchido com áreas verdes e campos de jogos, até que, em Julho de 1996 foi lá iniciada a construção dum grandioso complexo arquitetónico, cultural e de entretenimento (A Cidade das Artes e das Ciências), cujo projeto da maioria dos edifícios foi entregue a Santiago Calatrava, tendo a primeira construção inaugurada a 16 de Abril de 1998, e a última a 9 de Outubro de 2005. É, de facto, um complexo espetacular e futurista (do género “science fiction”) que não deixa as pessoas indiferentes, sendo um regalo às objetivas mais exigentes. Com um enorme espelho d’água, apresenta cinco diferentes edifícios, abaixo descritos pela ordem de inauguração: O “Hemisfério”, um planetário com um cinema IMax, cuja tela de projeção é a cúpula do edifício, que tem um ângulo de 180º, onde são projetados filmes científicos e documentários. 38 | Phocal Phototovisions

O “Museu das Ciências Principe Filipe” (interativo), cuja estrutura produz grande efeito cenográfico, parecendo um grande animal arqueológico,. O “Umbracle”, sob o qual foi construído um jardim com plantas regionais, é o pórtico de entrada da “Cidade”, e conta também com uma galeria de arte com esculturas de artistas contemporâneos , formando o “Passeio das Esculturas”. O “Oceanográfico”, o maior aquário oceanográfico da Europa , conhecido pelos espetáculos de som e imagens que exibe. O “Palácio das Artes Rainha Sofia”, com quatro salas de espetáculo que permitem uma multiciplidade de atividades (de óperas a espetáculos de dança contemporânea) ao mesmo tempo. Em suma, poucos complexos no Mundo reunem, num só espaço, um património arquitetónico tão rico, ao mesmo tempo que constitui um importante centro de entretenimento e de cultura. Vale a pena a visita (e o “desvio”, se for o caso)!


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JORGE JACINTO Lisboa – Portugal jorgejacintofoto@gmail.com https://www.facebook.com/jorge.jacinto.14 Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor

© Jorge Jacinto

Jorge Jacinto, é fotógrafo profissional há mais de 40 anos, nasceu em Coimbra ( Sé Nova) em Março de 1944. Iniciou-se nos anos 60 na Revista “Estúdio” , (Grupo Diário de Noticias) onde se manteve durante dez anos, até ao desaparecimento do título. A seguir, colabora também nas mais diversas revistas ligadas ao Mundo do Espectáculo: “Plateia”, “Música & Som”, “Alcance”, “Ela-Donas de Casa”, “Tele-Semana”,”Tv-Top”,etc. Premiado em diversos certames fotográficos, já expôs, individual e colectivamente, por todo o País e no Brasil. Desde 1980, é Jornalista ( Repórter-Fotográfico) da revistas “Tv Guia”, “Flash”, “Tv Guia Novelas” do grupo Cofina . Colaborou igualmente nas revistas de fotografia “Foto Digital” e “Foto Plus”. MUSEU DE ELECTRICIDADE UM MARCO DA ARQUITECTURA EM LISBOA A LUZ , AS FORMAS, A COR, MESMO ALI À BEIRA TEJO O Museu da Eletricidade abriu as suas portas ao público em Maio de 2006, à luz de um conceito mais actual de musealização. Associado à sua vocação primeira de repositório do passado, surge um espaço preparado também para dar

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a conhecer o presente e debater o futuro na área da energia. Marco arquitectónico da cidade de Lisboa e detentor de uma fachada de inegável beleza, o edifício da Central Tejo foi um verdadeiro pioneiro no seu tempo no domínio da produção de electricidade. H o j e, e p a s s a d o q u a s e u m s éc u l o d es d e a s u a co n strução, a Central assume, de novo, aspectos inovadores e de grande protagonismo enquanto Museu da Electricidade. O n ú c l e o p r i n c i p a l d a ex p o s i ç ã o p e r m a n e n te é a própria Central, ou seja, todo o conjunto de equipamentos que faziam parte da instalação da antiga unidade de produção e que, felizmente, se encontram ainda hoje com uma integridade assinalável. A exposição procura transmitir aos visitantes uma noção clara do funcionamento desta antiga central termoeléctrica de Lisboa, desde a identificação dos seus diversos componentes até à explicação do seu funcionamento.


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LUÍS LEAL

Lisboa – Portugal Luis.leal70@gmail.com https://www.facebook.com/luis.leal.7547 http://luisleal.zenfolio.com Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Luís Leal

Luis Leal começou a sua paixão pela fotografia em 1993 com a compra de uma Minolta 7xi aquando de uma longa estadia na Alemanha em trabalho. A máquina era usada sobretudo para registar viagens e eventos familiares. A grande mudança surge em 2008 com a passagem para uma Nikon D300, e o frequentar de várias workshops da FotoNature e do IPF de Lisboa. Engenheiro de telecomunicações, aproveita todos os momentos livres para fotografar, editar ou aprender also sobre fotografia. O registo da luz, o contraste criado por jogos de sombras e planos, o detalhe de superficies e o registo de composições simples de paisagem natural são o que mais lhe agrada explorar em fotografia.

BERLIM – FACETAS DE UMA CIDADE COSMOPOLITA Há muitas cidades que tentam manter um registo histórico vivo na traça dos seus edifícios de uma forma equilibrada e que não se impedem de abraçar o futuro com inovação e novos estilos. De facto há muitas que o tentam, mas poucas o conseguem com sucesso. A cidade de Berlim, com a sua história recente impar, é um exemplo do que uma enorme cidade consegue abarcar em termos de variedade arquitectónica. Nem sempre a coexistência é pacifica com essa história, como o demonstram os recentes conflitos entre população e polícia demonstram, durante uma manifestação que ocorreu para impedir a remoção de um dos poucos troços originais do muro que ainda resiste. Os exemplos das diferentes vertentes e traços arquitectónicos que a cidade viveu nos últimos 200 anos são constantes a cada esquina, rua, quarteirão, bairro, pátio, jardim, lago, mercados, loja, cores, … Podemos acompanhar ao longo dos muitos quilómetros quadrados (praticamente todos planos) várias fases e momentos históricos: FASE 1 : O centro histórico retrato de uma grande capital nos finais do século XIX, com inúmeros edifícios de arte (universidade, igrejas, teatros, palácios, ópera) e a concentração de grandes industrias mais afastadas do centro. FASE 2 : o momento anterior à II GM. Não resta muito devido ao nível de destruição da cidade no final da Guerra. O estádio olímpico é talvez o melhor exemplo desse estilo. Assim como os grandes parques naturais da cidade. 46 | Phocal Phototovisions

FASE 3 : o período do pós Guerra e do terrível muro faz aumentar a variedade e a dimensão da cidade explosivamente. Se por um lado os locais de fronteira eram locais desoladores - com largos espaços vazios onde a pressão das armas era constante -, na verdade a cidade cresceu de forma bem diferente em cada zona dominada pelas potências vencedores da Guerra: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia. É possível ver a influência de cada cultura destes países e das suas raizes no desenho dos edifícios, na dimensão das ruas, no estilo utlizado, no espaço interior das habitações, na interacção com os espaços verdes, nos edifícios oficiais, na iluminação nocturna, no tipo de transporte publico, e até há bem pouco tempo inclusive nos cheiros e na limpeza das ruas e edifícios. O facto de se tratarem de enclaves com fronteiras bem definidas levava a que a utilização dos espaços fosse bem planificada. Em resultado disto, no momento da queda do muro, existiam infraestruturas em duplicado: duas câmaras municipais, dois jardins botânicos, dois museus de arte nacional, etc. … Não era difícil ao percorrer a cidade, reconhecer a influência de cada potência no seu “território” e ainda hoje, apesar das alterações massivas efectuadas, é possível ver essas marcas. FASE 4 : a reunificação levou ao regresso da grande capital, com o regresso das instituições governamentais, administrativa e a demonstração do poder económico. Tal é bem visível no profuso número de edifícios modernos que albergam o governo federal assim como novos bairros habitacionais, na reorganização de grandes museus, assim como no nascimento de novos bairros de habitação em locais que estavam abandonados desde o fim da II GM. No finais do século XX, Berlim foi a cidade europeia com mais obras a decorrer simultaneamente. A nostalgia permitiu, apesar de tudo, o nascimento de um bairro turco, de um bairro dedicado às artes e de grandes zonas comerciais para todos os preços. Actualmente, Berlim não é apenas uma grande capital, é uma cidade que ultrapassou o ódio dos Homens e que conseguiu fazer a fusão entre o passado e o presente. Para muitos não será um destino óbvio de viagem, o que é pena pois é a soma de tudo isto que torna Berlim uma cidade cosmopolita e fascinante.


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MANUEL ROQUE

Montemor-o-Novo – Portugal manueljroque@gmail.com https://www.facebook.com/manuel.roque.334

www.facebook.com/pages/Manuel-ROQUE-Photography TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - © Manuel Roque

Manuel Joaquim do Cabido Roque nasceu no Reguengo/S. Mateus, Montemor-o-Novo, em Agosto de 1964. É funcionário do Serviço de Relações Públicas e Comunicação da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo. É aí que surge a fotografia na sua vida, paixão que nunca mais o abandonou, bem pelo contrário. Foi correspondente dos jornais desportivos “Off-Side” e “O Jogo”. Entre 1993 e 2003, exerce funções de redactor do jornal “Folha de Montemor”. Foi membro dos órgãos sociais do Grupo Desportivo do Reguengo/São Mateus durante vinte e quatro anos, entre 1982 e 2009, os últimos treze como presidente da direcção. Integra presentemente os corpos gerentes do Grupo União Sport, dos Serviços Sociais dos Trabalhadores do Município e da Casa do Benfica de Montemor-o-Novo, depois de ter feito parte da Associação de Pais e Encarregados de Educação “Escola em Movimento”. É membro da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora da Vila. Colaborou com a Rádio “Antena Sul”, entre Setembro de 2006 e Maio de 2007, e com a Rádio “Nova Antena”, entre Setembro de 2004 e Maio de 2006. Em Setembro de 2007, regressa a esta última para o relato de jogos de futebol, no âmbito do programa “Bancada Desportiva”, colaboração que mantém até ao momento presente. É autor dos livros: Do Reguengo a São Mateus (2002), Ao Correr da Pena (2004), Momentos... (2004, fotografia), Grupo Desportivo do Reguengo/São Mateus - as bodas de prata (2007) e Intemporalidades… (2010, fotografia). É co-autor do livro Heranças… (2013, fotografia). Vive em Montemor-o-Novo, é casado e tem dois filhos.

Entre Safira e os Monges, passando pelo Almansor… Até que enfim!... Finalmente, aí estava o fim-de-semana e com ele o desejo irreprimível de ir fotografar, matar o vício e cami-nhar em busca de uma tranquilidade única e imperdível. O sábado estava perfeitamente delineado, a mochila estava pronta e verifico, uma vez mais, a colocação do tripé na bagageira do carro. E ra s ó a r ra n j a r o l a n c h e e , n o d i a s e g u i nte , o m e u concelho (Montemor-o-Novo) esperava por mim… O itinerário estava definido. Acordo com uma disposição fenomenal. Antes de sair da cidade, mergulho na arquitectura do Centro Histórico e, ali mesmo, no seu coração, está a degradada habitação (Travessa das Piçarras) com a altiva chaminé, adornada de cântaros típicos, que lhe conferem um misticismo apelativo. A luz marca uma boa presença: uma abertura f 9, 320s de velocidade e um ISO baixo (100), conjugado com uma temperatura de cor mais quente dá-nos a imagem que aqui partilho convosco.

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Não havia tempo a perder. A abandonada Igreja de Safira (séc. XV), antigamente denominada Igreja de Nossa Senhora da Natividade, já na freguesia de Silveiras, era o destino dos próximos registos. Parte integrante da aldeia com o mesmo nome, há muito desabitada, o templo mantém o seu porte e a sua altivez de outras eras. Penetro no seu interior. Os d estro ço s “ mago am” a al ma mas n ão o fu scam a beleza que “(re)nasce” a cada canto e que nos faz brilhar o olhar. Preparo o tripé, busco o melhor ângulo, concentro-me e o mundo deixa de existir. Era apenas eu, a minha máquina e… Safira!... Perco-me no tempo, entre clicks e mais clicks… O cartão de memória já tinha umas quantas fotos mas, antes do almoço, havia que dar um saltinho até ao Rio Almansor (rio que banha a cidade de Montemoro-Novo), esse mesmo recheado de histórias e de inesquecíveis momentos da infância dos montemorenses, onde tudo, então, era tão diferente. Chegamos e, desde logo, o olhar perde-se pelo fraco caudal do rio, fruto de um Verão implacável e de recursos naturais e essenciais que vão escasseando. Colho as primeiras fotos, como se de orégãos, poejos ou pés de hortelã-da-ribeira se tratassem, atraindo-me desde logo um “espanta – espíritos”, não vá o diabo tecê-las. Quase inconscientemente, dirijo-me ao velho e inactivo Moinho, do Ananil de seu nome próprio, que tanto moeu e tanto trabalho proporcionou. Outros tempos!... As exposições mais prolongadas exigem o tripé e ele, qual companheiro inseparável, ali estava para ajudar a registar espaços cheios de vida, apesar de desertos, presentemente, onde o vazio e a imobilidade eram bem contrastantes com todo o passado. As teias de aranha marcam presença, como sinal de vida de um tempo quase imutável. A luz que entra pelas janelas, na altura ainda destapadas, rasga o escuro do interior do velho Moinho, trazendo mais beleza a um espaço já de si bem cativante para a fotografia. Confiro os meus registos, alguns para esquecer, outros mais conseguidos… Era mais do que tempo de ir em busca do almoço, no Reguengo (pequeno lugar rural na freguesia de Nossa S e n h o ra d a V i l a ) , n a c a s a d o s p a i s q u e re c e b e m o filho “caçula” sempre com um sorriso rasgado, bem a caminho do Convento dos Monges, última paragem de um dia intenso. Ia ser bom reconfortar o estômago e matar saudades dos meus “velhotes”… O almoço, um bom cozido, regado com um tinto caseiro, foi bem saboroso. O cafezinho veio a “matar ”!... Pôs-se a conversa em dia e deu-se conta das aventuras da manhã… Retomámos os caminhos da paixão em direcção ao velho e imponente Convento, já na freguesia de Santiago do Escoural, a pouco mais de 5 quilómetros.


Já chegámos e tinha ainda mais umas dezenas de metros a pé, por entre a paisagem de montado, até conseguir (tornava-se cada vez mais difícil) entrar no majestoso monumento, também conhecido como Convento de Nossa Senhora do Castelo das Covas de Monfurado. O terramoto de 1755 destruíra grande parte do edifício, ainda em construção e, em 1834, o decreto de extinção das ordens religiosas condenara-o ao abandono e ao esquecimento. Ainda assim, a igreja serviu de culto até ao princípio do séc. XX. Entramos por essa mesma igreja. Como sempre, paro um pouco, respiro fundo e contemplo a força imensa do local de culto, que me faz sentir mais pequenino perante toda a sua grandiosidade. Sinto-me bem, com todo aquele silêncio, cortado apenas

pelo chilrear dos pássaros no exterior. Sorrio, quase que de forma infantil, porque adoro o lugar onde fotografo há tantos anos, sempre com novos motivos para (re) descobertas, para momentos de sublime conforto… Selecciono a abertura e a velocidade, escolho o ISO e o balanço de brancos, enquadro (atenção ao horizonte) e foco… Disparo!... Sabia que ia perder-me por ali umas boas 2 horas, em que nada mais existia… Depois, regressaria a casa, cansado mas feliz, após um sábado fantástico. Adoro isto!... É parte da minha vida.

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RICARDO MENDES

CORROIOS - PORTUGAL

rcomp@sapo.ptwww.facebook.com/ ricardo.m.m.mendes TODAS AS IMAGENS ESTÃO PROTEGIDAS POR DIREITOS DE AUTOR - ©

ricardo mendes

Ricardo Mendes nasceu em Oeiras no ano de 1977, só muito recentemente se iniciou no mundo da fotografia com a compra da sua 1.ª máquina digital em 2010, uma NIKON D3000 e é assim que começou a dar os primeiros passos; é um autodidata, um curioso, um mero aprendiz... adquirindo todo o tipo de revistas sobre o assunto, tenta aprender e interiorizar todos os conceitos e dicas, esperando um dia ter a oportunidade de ingressar num curso de fotografia. Em 2012 foi convidado para integrar uma exposição de fotografia “DESCOBRIR A FORMA ATRAVÉS DA LUZ E DA COR” elaborada pela Associação Portuguesa da Cor que ficou patente na Faculdade de Arquitectura de Lisboa, exposição que foi transferida para o Centro Cultural de Paredes de Coura. É neste mesmo ano que integra o grupo PHOCAL PHOTOVISIONS, onde passou a publicar algumas das suas fotos e a participar na revista do grupo.

Parque das Nações Estavamos no ínicio de 1989, quando surge a ideia de organizar uma exposição internacional para comemorar os 500 anos das viagens dos navegadores portugueses dos séc. XV e XVI. Assim começa a ser delineada a ideia da EXPO 98, uma exposição que devia deixar de lado os temas históricos ligados aos descobrimentos e centrar-se em novas ideias que se destinguissem das outras exposições que estavam e iriam decorrer; surgir então a ideia central baseado nos oceanos, a sua diversidade e a sua função essencial no equílibrio planetário. Com esta exposição era necessário trabalhar no sentido de evitar o desperdício que resultava das exposições semelhantes no séc. XX (exemplo de Barcelona, que o espaço utilizado esteve 10 anos ao abandono), assim a opção passou pela zona oriental de Lisboa, numa vasta àrea degradada e poluída, de instalações industriais antiquadas, depósitos petrolíferos, velhos armazéns militares, um matadouro obsoleto e até uma lixeira a céu aberto deveriam dar lugar a um novo conceito de ocupação de espaço que permitisse, no futuro, devolver à cidade de Lisboa uma importante faixa do território com cerca de 5 Km de zona ribeirinha. Após a votação e a escolha da realização da exposição em Portugal, foi então necessário dar ínicio aos trabalhos de limpeza e remoção de lixo da zona escolhida e os anos de 1995 e 1996 foram assim de construção das àreas mais emblemáticas da exposição, onde se incluem o Pavilhão de Portugal, o Pavilhão do Futuro e principalmente o terminal ferroviário conhecido como Gare 54 | Phocal Phototovisions

do Oriente. Após o enorme sucesso que foi a EXPO 98, chegou a hora de recuperar o investimento feito e dar assas ao plano urbanístico inicialmente pensado para o espaço, assim começa uma nova fase do projeto e dá-se ínicio a demolições de antigo pavilhões utilizados na exposição para dar lugar a novos edifícios de habitação e inicia-se assim uma nova fase do Parque das Nações. É assim hoje conhecido o novo bairro da cidade de Lisboa com um àrea de 4,30 Km2 pertencente ao 4º Bairro Administrativo da Capital e com cerca de 15.000 habitantes, um terço da sua àrea são espaço verdes, é um dos mais importantes centros empresariais de Lisboa, onde se encontram as sedes de vários empresas nacionais e internacionais. Fazendo parte integrante deste bairro existem vários pontos de interesse, a começar pela torre Vasco da Gama, inicialmente era um restaurante de luxo, que foi fechado alguns anos depois, tendo vindo a ser recuperada e integrada na contrução de um hotel. Aberga também o núcleo de tribunais adminstrativos de Lisboa, também conhecido pelo “Campus da Justiça”. Encontramos também espaços de lazer como o Pavilhão Atlântico, onde são realizados enúmeros concertos de artistas nacionais e internacionais. A nível habitacional, destacam-se as duas torres construidas nas zona central do bairro, Torre de São Rafael e Torre São Gabriel, que representam a proa de dois barcos. Existem também vários hoteis, mas temos que realçar o Hotel VIP EXECUTIVE ART’S com o seu mural de azulejos onde podemos apreciar vários super heróis imortalizados nas famosas bandas desenhadas. Vários foram os arquitetos que deixaram a sua marca neste bairro, Alexandre Burmester, Álvaro Siza Vieira, Diogo Lima Mayer, Fernando Nuñez Robles, entre outros; assim podemos concluir que após anos de estudo, preparação e construção temos um novo bairro com um plano urbanistico coerente e que com o passo do tempo se vai integrando na velha Lisboa tão conhecida de todos.


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RICARDO PERNA

Charneca de Caparica - PORTUGAL

ricardo.perna@gmail.com www.facebook.com/ricardoperna Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Ricardo perna

Ricardo Perna é um fotógrafo com paixão por contar histórias. Em Moçambique nasceu o bicho da fotografia e cresceu o bicho das viagens. Os dois juntos fazem-no ter vontade de explorar o mundo conhecido e desconhecido e voltar com uma história em imagens para contar. É fotojornalista de profissão, e faz trabalhos na área de casamentos, sessões fotográficas, com uma particular paixão por recém-nascidos, que adora fotografar quase tanto como locais exóticos...

Roma é, segundo dizem, a Cidade Eterna. Não sei se durará para sempre, mas que é das cidades onde é mais possível observar aquilo que foi a própria História da Humanidade, isso é praticamente certo. Ser professor de história em Roma deve ser das profissões mais fáceis de ter, já que a riqueza histórica da cidade permite aulas explicativos como em poucas cidades. O facto de se ter conservado, desde a sua fundação, como uma cidade importante na história mundial, permitiu que mutos dos seus edifícios não fossem abandonados, tendo tido ao longo dos séculos diferentes utilizações, o que permitiu que se mantivessem em excelentes condições até aos dias de hoje, alguns deles ainda com utilização ativa. Em termos urbanísticos, um aspeto de mudança nas construções do Império Romano foi o incêndio de Roma, em 64 d.C., que durou nove dias. Após o desastre, o imperador Nero promulgou um plano de reconstrução para tornar a arquitetura mais sólida. Ele ordenou que as construções fossem feitas com cimento, e não com barro e madeira, como até à altura. O imperador também determinou a construção de pórticos ao longo das ruas para proteger as fachadas. O fogo ser viu como uma mudança nos traços arquitetónicos da cidade: as ruas passaram a ser mais largas, a altura dos prédios foi limitada e o uso da madeira foi reduzido, o que facilitou a conser vação dos edifícios. Neste sentido, há muito que ver em Roma. Desde as ruínas romanas que, apesar de hoje não se encontrarem em utilização, estão num estado de conservação muito bom, o que permite um conhecimento aprofundado sobre os monumentos e a sua utilidade, até à Basílica de S. Pedro, um monumento mais recente que tem uma utilização ainda hoje constante, em virtude de ser a “casa” do Catolicismo, inserida que está no Estado do Vaticano, onde reside o Papa.

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Não tendo tido oportunidade de visitar toda a cidade, ficam alguns destaques que me impressionaram. De forma alguma excluem outros locais, igualmente impressionantes, mas que por não ter visitado não posso apresentar registo fotográfico que acompanhe as palavras: - O Coliseu de Roma: pouco há a dizer sobre esta estrutura. Imaginem um estádio de futebol com capacidade para 70 mil pessoas sentadas (o Estádio da Luz é o maior, em Portugal, e leva 65 mil apenas), com cobertura de lonas por causa do sol e da chuva, com uma rede de corredores e celas por baixo da arena (que seria o relvado no estádio de hoje), com capacidade de se inundar a arena para possibilitar a realização de batalhas navais, construído há 2000 anos atrás. Sim, há 2000 anos atrás… Há muito mais a dizer, obviamente, mas este termo de comparação foi o primeiro pensamento que tive quando entrei e pude observar o espaço; - O Panteão: é o único edifício construído na época greco-romana que, atualmente, se encontra em perfeito estado de conservação. Desde que foi construído que se manteve em uso: primeiro como templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (daí o seu nome) e, desde o século VII, como templo cristão. É famoso pela sua cúpula, até há poucos anos a maior cúpula do mundo, com 43m de diâmetro, construído utilizado uma técnica que consistia na utilização de materiais cada vez mais leves, o que permitiu que se mantivesse durante quase 2000 anos com uma cúpula sem ruir; - A Basílica de S. Pedro: Entrar na Basílica de S. Pedro é qualquer coisa de espantoso. É a maior das igrejas do cristianismo e um dos locais cristãos mais visitados, com uma média de 25 mil visitantes diários. Cobre uma área de 23.000 m² e pode albergar mais de 60 mil devotos (a nova Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, leva 9 mil devotos). É o edifício com o interior mais proeminente do Vaticano, sendo a sua cúpula uma característica dominante do horizonte de Roma, sendo adornada com centenas de estátuas de santos, mártires e anjos. Situada na Praça de São Pedro, a sua construção recebeu con tribuições de alguns dos maiores artistas da história da humanidade, tais como Bramante, Michelangelo, Rafael e Bernini. No centro da Basílica, há uma linha que marca as diferentes catedrais europeias e o tamanho de cada uma. A de Notre Dame, uma das maiores, não chega sequer a meio desta… - Igrejas: entrar numa igreja em Roma é sempre uma experiência fascinante. Para além de estarem bem ilu-


minadas e permitirem observar toda a riqueza artística do espaço, há um silêncio e uma tranquilidade que até as massas turísticas que se deslocam em grandes grupos para dentro de cada uma delas respeita de forma impressionante. Há Igreja para todos os gostos e tamanhos, mas na maior parte delas há sempre a sensação de grandeza quando se entra, já que olhando de fora, raramente se tem noção do espaço aberto que vamos encontrar lá fora… - Prédios: a zona mais histórica de Roma, que se estende por um raio de vários quilómetros, tem-se mantido fiel à sua estrutura renascentista. Por todo o lado, se veem lojas modernas que mantêm as fachadas dos edifícios antigos. Se por um lado se enaltece a vontade em manter as fachadas, por outro lado há questões logísticas a considerar: por baixo desta cidade, há toda uma outra cidade romana ainda por descobrir. Destruir edifícios e co n st r u i r n ovo s o b r i ga r i a a m exe r n o s u bs o l o e a í encontrar-se-ia sempre novos vestígios arquitetónicos que impediriam a construção de novos edifícios. Por isso, sai também mais barato manter o que já existe… É também por isso, aliás, que a linha do metropolitano n ã o c h e ga à P ra ça d e S . Pe d ro n e m p a s s a p e l a zo n a histórica, pois cada avanço iria ser parado pelas descobertas arqueológicas que sem dúvida se sucederiam,

a avaliar pela riqueza que é o Fórum Romano, uma das poucas zonas antigas que está completamente a descoberto e é visitável. Em termos arquitetónicos, Roma é uma cidade riquíssima, com muito para oferecer para pessoas com interesses completamente distintos. Recomendo a visita! : ) e m m a nte r a s fa c h a d a s , p o r o u t ro l a d o h á q u e stõ e s logísticas a considerar: por baixo desta cidade, há toda uma outra cidade romana ainda por descobrir. Destruir edifícios e construir novos obrigaria a mexer no subsolo e aí encontrar-se-ia sempre novos vestígios arquitetónicos que impediriam a construção de novos edifícios. Por isso, sai também mais barato manter o que já existe… É também por isso, aliás, que a linha do metropolitano n ã o c h e ga à P ra ça d e S . Pe d ro n e m p a s s a p e l a zo n a histórica, pois cada avanço iria ser parado pelas descobertas arqueológicas que sem dúvida se sucederiam, a avaliar pela riqueza que é o Fórum Romano, uma das poucas zonas antigas que está completamente a descoberto e é visitável. Em termos arquitetónicos, Roma é uma cidade riquíssima, com muito para oferecer para pessoas com interesses completamente distintos. Recomendo a visita!

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RUI NEVES MUNHOZ

Cantanhede – Portugal ruimunhoz@gmail.com

https://www.facebook.com/ruimunhoz http://ruimunhoz.wordpress.com Todas as imagens estão protegidas por direitos de autor © Rui Neves Munhos

Rui Neves Munhoz é um viajante amador, por tradição familiar, paixão, vocação e devoção. Eterno aprendiz de escritor, com muitos livros escritos e guardados na gaveta; inventados num registo muito pessoal, caótico e desorganizado, com a finalidade única, de emprestar aos amigos e a quem tenha paciência de os saborear. A única obrigação que o leitor tem, é de devolver os manuscritos, para de imediato, serem entregues a outro leitor. Não colecciona carimbos, nem passaportes caducados e não sabe quantos lugares visitou. Encontra sempre novos amigos e vivências e apenas guarda imagens e sentimentos, enquanto a memória não lhe faltar, porque depois disso, já não se sentirá com forças para viver. Parte sem preconceitos e regressa incomensuravelmente mais rico, porque conhece e aprende com todos os que se cruzam no seu caminho, mais tolerante e solidário. Em cada viagem que faz, descobre que apesar de todos diferentes, somos todos iguais, independentemente de credos, tradições e politicas. Gosta de fotografar pessoas e rostos, mas pede sempre autorização para o poder fazer. Gosta de contar ‘’estórias’’ de viagens e de recordar pessoas que, apenas passando fugazes, na sua vida, ai permanecerão para sempre…” Não sou arquitecto, nem urbanista, sou o Português tipo, que pensa que entende de tudo um pouco, desde mecânica automóvel, a teologia, mas que no final de cada dia; apenas sabe que nada sabe. Interesso-me pelas coisas do mundo e dos homens. Gosto de ver, conhecer, aprender sempre. A arquitectura e o urbanismo, reflectem a ocupação do espaço físico, em cada momento, em cada cultura, do indivíduo e da cidade. Entendo-as como globais, multidisciplinares e como reflexo da própria condição humana. Sou um apaixonado por cidades, gosto de me sentir mero grão de areia no espaço urbano; solitário e perdido na multidão. Talvez a arquitectura tenha nascido quanto o homem, numa gruta, procurou utilizar e rentabilizar o espaço envolvente, procurando o melhor e mais protegido lugar para dormir, o mais ventilado para manter o fogo. Aquele espaço, muitas vezes exíguo, muitas vezes desmesurado, passou a ser a sua zona de conforto, por muito escasso de este fosse. O homem, na sua indomável vontade de controlar e dominar um determinado espaço, criou a arquitectura. Quando o homem sujou as mãos e as colocou na pedra fria; desenhando silhuetas de animais e de corpos no longínquo Paleolítico superior; quer estivesse em Altamira ou Lascaux, há mais de 15 milénios, inventou a arte. Então a arquitectura terá sido a arte que nasceu quando o homem se fez humano, muito antes da ciência ser inventada. O tempo continuou a correr e o homem saiu das cavernas, passou a viver em grupos, motivado pelo instinto natural de protecção, sobrevivência e procriação, um novo e infinito universo, desenhava-se já no futuro. Aos primeiros ajuntamentos, quando o homem saiu da caverna e construiu simples coberturas, com troncos e folhagem, para se abrigar, sucederam-se aglomerados cada vez maiores. Talvez tenha nascido aí uma forma residual de urbanismo, no modo como se distribuíam e implantavam aquelas 62 | Phocal Phototovisions

toscas cabanas. Os milénios continuaram a decorrer e o homem; domesticou alguns animais; aprendeu a génese da agricultura; começou a efectuar trocas de alguns produtos. Alguns aglomerados cresceram, outros extinguiram-se. O homem evoluía num percurso lento, mas irreversível, em passos que hoje, parecem tão pequenos, mas que foram gigantescos, para a humanidade. Para enfrentar o desconhecido e atenuar o medo, o homem inventou os deuses; para os honrar ergueu altares e fez sacrifícios. Em função das necessidades humanas, ou da hierarquia em torno de um chefe, do clima, dos animais, ou das culturas, do medo e da dúvida, esses aglomerados desenvolveram-se em função de uma finalidade. Talvez tenha nascido então o urbanismo; para facilitar a vida em comunidade, ao homem. Então, a arquitectura e o urbanismo, nasceram do homem e para servir o homem, como a ciência e a arte, como entidades diversas, mas complementares, porque todas foram criadas para servir o ser supremo, esse homem curioso, hábil, intrépido, indómito e voluntarioso. Tenho tido a sorte e o engenho, de poder viajar e partilhar os trilhos deste vasto planeta e se alguma coisa aprendi, foi que a arquitectura e o espaço urbano, se não forem adequados e integrados, no meio ambiente e na vivência humana, então permanecem utópicos, teóricos, não se cumprindo como obra do homem e para o homem. Há alguns anos, quando cheguei a Catalhhuyuk, um assentamento neolítico, erguido na Anatólia, há mais de 8.500 anos, senti-me fascinado, perante aquela arquitectura e aquele urbanismo; (6.700 a.c.). Um povo construtor que soube erguer casas em tijolo, todas encostadas, enclausuradas como pequenos labirintos, integradas num grande labirinto, nas quais se entrava exclusivamente pela cobertura, por escadas de madeira, só podia ser genial. A completa ausência de arruamentos, obrigava a que a população circulasse sobre as edificações, protegendo a cidade de invasões e do clima. Todas as casas apresentam-se construídas com plataformas elevadas para dormir, sentar e trabalhar; têm fogão interior e dividem-se em zonas limpas e zonas sujas. Os sepultamentos eram feitos dentro das casas. As peças de cerâmica e os murais figurativos e geométricos, assim com estatuária, indiciam um grau civilizacional muito elevado, para a época. Em Catalhhuyuk impressiona o extraordinário equilíbrio entre arquitectura e urbanismo, ao serviço do homem e das suas necessidades e funções. A cidade de Ani, na região Turca de Kars, a Sul do Cáucaso, junto à fronteira Arménia, foi capital de um poderoso reino Arménio. De planta triangular e estrategicamente implantada entre ravinas, rios e vales, ergueu-se nas rotas das caravanas, como rico entreposto comercial e também religioso. Dotada de muitas igrejas e palácios, de soberba arquitectura e construção, chegou a ser uma das maiores cidades do mundo, rival de Constantinopla e de Bagdad. Logo após o final do primeiro milénio, foi destruída e absorvida pelo império Bizantino. Ani é uma lição de arquitectura e de urbanismo. Mohenjo Daro, lugar com mais de 4.000 anos, localizada no Paquistão, foi uma grande cidade planeada e construída no vale do Indo. Dotada de largas ruas com 10 metros de largura, ladeadas por edificações de três pisos, de magnifica arquitectura, mas ausente de templos e palácios reais. O urbanismo e a arquitectura de Mohenjo Daro, ainda se nos apresentam magníficos, com sistemas de recolha de águas pluviais e de saneamento, muito avançados para aqueles tempos longínquos.


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Ali utilizava-se um tipo de escrita pictográfica ainda desconhecida e vestiam-se roupas de algodão, mas o que mais nos espanta, é a forma como a vida cessou subitamente, cerca de 1700 a.c. naquela avançada civilização. Chegaram até nós, a cidade e algumas dezenas de esqueletos calcinados de homens e animais, como se uma catástrofe repentina, tivesse interrompido subitamente a vida quotidiana de tão evoluída civilização. Quando cheguei a Knossos, na ilha de Creta, bebi da taça sagrada da arquitectura e do urbanismo, percorrendo um dédalo magnífico, de uma cidade mítica, destruída por um cataclismo. Vi Pompeia, vi Agrigento, vi Side, Aspendos, Perge, Éfeso e tantos lugares da envolvente Mediterrânica. Assim se aprendem as cidades do passado. Foram a arquitectura e o urbanismo, ao serviço do homem, do comércio, da cultura e da arte. No vale do Nilo, há 4.500 anos, a arquitectura e o urbanismo, existiam não em função dos homens, mas da vida do soberano para além da morte. Cada civilização utilizou a técnica, a ciência e a arte, em função dos seus próprios valores. As grandes pirâmides construídas no planalto de Gizé e muitas outras pirâmides e mastabas, são ainda hoje, desmesuradas obras arquitectónicas, erguidas para os deuses. Assim como as salas hipóstilas e as alamedas monumentais e obeliscos, de Karnac e Luxor. Percorri o sublime templo funerário da rainha Hatshepsut, em Deir el Bahari, obra do genial arquitecto Senmut, construído há cerca de trinta e cinco séculos, (1.500 a.c.), implantado em terraços horizontais, encravados na base da alta escarpa, é a mais bela obra de arquitectura que já vi e toquei. Quando o olho, vejo uma obra intemporal de arquitectura contemporânea. Tamanha beleza e pureza de linhas, só no pavilhão projectado por Mies Van Der Rohe, para a feira mundial de Barcelona, em 1929. Duas cons-truções com 3.500 anos de diferença. Só nos podem provar que a arquitectura é, um percurso, para que o homem se torne deus. No antigo Egipto dos faraós, das cidades dos vivos nada resta, das cidades dos mortos e dos templos, quase tudo permaneceu. Para que não possamos esquecer que a arquitectura e o urbanismo, também foram inventados, para servir outras vidas, que não a dos comuns mortais. Vi Persépolis, a antiga capital do império Arqueménida, desde o século VI a.c., foi talvez a mais impressionante obra de arquitectura e urbanismo, que estes meus cansados olhos já puderam ver. As largas avenidas, desenhadas num traçado ortogonal; os magníficos pórticos guardados por alados leões; os enormes e belíssimos palácios, de vastas salas com florestas de colunas; os frisos processionais de homenagem ao imperador e as monumentais escadarias; todo este gigantesco cenário eleva-se sobre um plataforma artificial, de modo a que a cidade nos impressione ainda mais. Se alguém enfermar de algum conflito com a arquitectura, como um todo, então será curado de todos os males em Persépolis, Quando lá cheguei, há quase 2 anos, sentei-me diante daquela mole imensa e perfeita e sonhei, de olhos bem abertos, com o incêndio devastador que a partir do palácio de Xerxes, há 23 séculos, devorou toda a cidade. Não sabemos se foi vingança dos Macedónios, talvez ressaca de uma orgia de álcool, mas o que importa, é que Persépolis é ainda um triunfo da arquitectura e do urbanismo. Um dia, em pleno Ramadão, perdido no deserto do Sul do reino Hachemita da Jordânia, envolto em calor e poeira, cheguei à cidade de Petra. Os Nabateus, estabelecidos nos desertos do médio oriente, ao Sul da actual Jordânia, cerca do século III a.c., souberam criar um importante entreposto na rota das caravanas, monopolizando o comércio das especiarias, enquanto os reinos Selêucida 64 | Phocal Phototovisions

e Ptolomaico, herdeiros do esfarrapado império de Alexandre, se fragmentavam em efémeras rivalidades. Os Nabateus beberam das influências Helenísticas e Romanas, combinando-as com a estética dos reinos do oriente, criando uma civilização cosmopolita que se dedicou a criar um universo arquitectónico, encerrado num vale encantado. Magníficos arquitectos e urbanistas, inventaram uma fabulosa cidade de arrojada dimensão, esculpida nas verticais encostas pétreas, em indecifráveis e improváveis tonalidades. E por todo o médio oriente, desde Jerash, (Jordânia), a Palmyra, (Síria); desde Balbek, (Líbano), ás fabulosas cidades do Hadhramaut, (Iémen), onde a arquitectura e o urbanismo, criaram escolas e exemplos admiráveis. Eis a arquitectura em todo o seu esplendor. Ainda não estive na cidade de Shibam, (Iémen, século XVI), desenhada num urbanismo de malha regular e construída na vertical, com centenas de edifícios de, entre 5 e 11 pisos, em tijolos de terra e barro. Esta muralha de arranha-céus do deserto, delimita a cidade de Shibam, como inexpugnável fortaleza. Eis a arquitectura e o urbanismo ao serviço do homem e respeitando as regras da natureza.

Regressei de Angkor, há cerca de um mês; um vastíssimo complexo urbano e arquitectónico, implantado na floresta Cambojana, junto a um grande lago, abriga cerca de um milhar de templos. Erguida em nome dos deuses, ora Budistas, ora Hinduístas, conforme iam sendo, preferidos ou preteridos, pelos poderosos soberanos Khmer. Floresceu entre os séculos IX a XIII, legando-nos um impressionante conjunto de perfeitos exemplos de arquitectura, ao serviço da religião. O espaço arquitectónico de Angkor, ultrapassa em termos de escala, de implantação e de construção, tudo o que a mais fértil imaginação, nos permite sonhar. O homem ao longo de milénios, na sua infinita busca de ilusórias explicações, para o que desconhece, ergueu desmesurados monumentos, procurando agradar a hipotéticos deuses, em vez de tentar compreender-se a si próprio. Em Angkor Wat, a desmedida vontade construtora, ultrapassa-se ao próprio homem, num indomável desafio a limites, por força de formidáveis vontades. Os templos Khmer, não foram edificados como lugares para os homens, mas como moradas dos deuses, onde apenas a alguns era permitido o acesso. Os torreões e toda a monumentalidade, foram desenhados para uma visão de conjunto exterior, com os adequados efeitos de perspectiva, propiciados pela diferente altura dos terraços e patamares, conforme a construção se eleva. Se nos fosse pedido para calcular a altura e a volumetria de Angkor Wat, decerto o efeito cénico sugerido, será superior ao dimensionamento real, que já é enorme. Até os pormenores dos elementos decorativos, foram esculpidos em termos de perspectiva; assim os que estão mais próximos do olhar do observador apresentam-se de grande rigor, sendo que os mais longínquos são mais ténues, difusos e alguns mesmo incompletos. Este tipo de encenação arquitectónica, acontece também no templo


Budista de Borobudur, século VIII d.c., perto da cidade Indonésia de Yogyakarta. A arquitectura ao serviço da religião, portanto dos homens. Estive em Tiwanaku, no altiplano da Bolívia, entre a cordilheira dos Andes e o lago Titicaca, há alguns anos. Toda a região apresenta sinais de assentamentos desde 1.500 a.c., mas é entre os séculos III a.c e III d.c. que Tiwanaku se torna num centro de peregrinações, (relacionadas com o universo), ainda indecifráveis, o que vem a originar um poderoso império, que perdurará até ao ano 1.000. Em Tiwanaku talvez tenha nascido a técnica das grandes construções megalíticas da América do Sul, com gigantescos blocos de pedra, alguns pesando 100 toneladas, que se apresentam esculpidos, talhados e cortados, com precisão e rigor, em magníficos arcos triunfais, pórticos e muralhas. O legado de Tiwanaku, como o de outras culturas Andinas; por exemplo Paracas e, dos posteriores impérios Incas, permanece ainda como um tributo à arquitectura e ao urbanismo, que nasceram por motivações de índole religiosa, envolvidas nos mistérios e incógnitas de um passado misterioso. E não escreverei aqui, sobre as muralhas Incas de Sacsaihuaman, em Cuzco; sobre a Tikal, na Guatemala; e tantas outras obras de arquitectura e urbanismo na América pré Colombiana. Em Chandigarh, cidade Indiana, desenhada por Le Corbusier, a partir de 1951, é talvez sinónimo de utopia elevada à realidade e tornada lugar; primeiro de encanto, hoje de desencanto, por ter fugir à realidade da Índia. A belíssima cidade, cuja construção foi ordenada pelo então primeiro-ministro Nheru depois da independência e da ‘’partição’’ do sub-continente, é a actual capital dos estados do Punjab e Haryana. É uma obra belíssima, de desenho ortogonal, em dezenas de rectângulos iguais, separados por largas avenidas verdejantes, símbolo de um racionalismo arquitectónico, de que o projectista foi mestre. Cada quarteirão foi planeado para ser autónomo; os edifícios públicos e governamentais obedeceram a critérios muito específicos de implantação; existem parques, alamedas verdejantes e até um lago. É uma cidade de universitários e de burocratas. Chandigarh é um compêndio de arquitectura e urbanismo, foi inventada e construída, numa escala gigantesca, mas que em alguns anos, se viu ultrapassada por um desmesurado crescimento. Hoje a cidade não funciona; não consegue crescer de uma forma equilibrada; falta-lhe quase tudo e sobra-lhe corrupção.

desmesurado catálogo de arquitectura contemporânea, hino a um desmedido luxo e exibicionismo cruel, obra de mão-de-obra escrava. Edifícios magníficos, arrojados, belos, obras do engenho e dos grandes arquitectos, competem por classificações de absurdos superlativos: o mais alto, o mais luxuoso, etc. Na cidade do Dubai, o excesso de obras de arte de arquitectura, cansa os olhos e os sentidos. O mais belo e as linhas puras de uma arquitectura de qualidade, inovadora e sensível, convivem lado a lado, com o inestético, o ‘’pastiche’’, a imitação e cópia ridícula, a colagem de elementos desgarrados. O urbanismo, a uma escala desmedida, não foi desenhado para peões, não há passeios, ausência de vegetação, mas abundam lagos musicais e dançantes fontes luminosas, pistas de ‘’ski’’ cobertas, com amplitudes térmicas de 50 gruas, entre o interior e exterior e tudo o que é supérfluo. Perante este urbanismo pseudo-futurista, de banda desenhada, perante esta arquitectura feita de megalomanias de catálogo, onde o homem perde a dignidade e a complexidade do ser e do querer. Onde a envolvente, a natureza e o clima são propositadamente esquecidos: então prefiro as ‘’favelas’’ do Rio de Janeiro; as frescas ‘’medinas’’ das cidades dos desertos e as pequenas povoações Árabes; as aldeias da Indochina; os bazares da Ásia central; os mercados dos Andes; as cidades medievais, ou renascentistas, ou barrocas da Europa central. Gosto das aldeias Africanas; das cidades Iranianas; dos lugares onde se sente e vive uma dimensão humana. Gosto de Mumbai, de Nova York, de Londres, do Cairo, de Jerusalém, de Havana, de Lisboa e do Porto, do caos das malhas urbanas desorganizadas, mas humanas, onde me sinto preso nas teias de uma arquitectura caótica, mas viva, habitada. Gosto das pequenas cidades barrocas de Minas Gerais; dos gritos que ecoam em Nápoles; das ruas de Damasco; dos mercados de Inverno na Europa e de todos os cafés onde posso sentir palpitar, um coração. Enfim gosto de quase tudo e de muito mais que haja para gostar, gosto do que sei e do que não sei, por isso admiro o engenho e a arte, daqueles que sabem inventar arquitecturas e urbanismos, à escala humana, porque o homem é o centro do universo.

Em Brasília assaltaram-me as mesmas emoções que em Chandigah; os edifícios de Niemeyer são belos, simples, depurados em curvilíneas silhuetas, implantados num urbanismo funcional e adequado à envolvente natural, ao meio ambiente, criando um conjunto equilibrado, perfeito e que nos continua a deslumbrar em cada dia que passa. Brasília é o triunfo da arquitectura e do urbanismo. Mas à Chandigarh de Le Coubusier, como à Brasília de Niemeyer, obras-mestras da arquitectura contemporânea, o que lhes sobra em arquitectura, urbanismo e em arte, falta-lhes em vivência humana. Estão cercadas por miseráveis cidades satélites, bairros de lata imensos. Falta-lhes um coração a bater e um povo a viver; falta-lhes vida e morte, alegria e tristeza; falta-lhes humanidade. Cada uma delas, encerra uma história de duas cidades, diferentes e separadas; a cidade dos homens e a cidade da arquitectura e do urbanismo. A Brasília faltam-lhe largos passeios, não foi desenhada para peões, mas para veículos de políticos e manipuladores de eleitores. E a propósito de passeios, talvez a cidade que mais me impressionou, pela negativa, em termos urbanísticos e arquitectónicos, foi a cidade do Dubai: verdadeira e imensa feira de vaidades, Phocal Phototovisions | 65


Fernando Guerra foi pioneiro na forma de fotografar e comunicar a arquitectura. Há 12 anos abriu o estúdio FG+SG em colaboração com seu irmão e juntos são responsáveis por grande parte da difusão da arquitectura contemporânea portuguesa, nos últimos doze anos. Fernando Guerra é fotógrafo de arquitectura. A sua formação, porém, é de arquitecto. O seu olhar divide-se entre dois modos distintos de construir o mundo. Por esta circunstância, ele encontra-se numa posição privilegiada para protagonizar a metamorfose do campo fotográfico que fará com que esta prática de criação de imagens se venha a identificar, em parte, com o próprio campo arquitectónico. Para compreender o espaço, os arquitectos, eventualmente com uma intencionalidade mais consciente que os simples utilizadores, circulam pelos edifícios. Captam a espacialidade da arquitectura deambulando, perscrutando, fazendo associações de ideias, de formas, de dimensões. É através desse movimento que descobrem as infinitas variáveis do espaço arquitectónico, as singularidades que fazem distinguir um espaço significante da miríade de construções insignificantes que invadem o nosso campo visual. E fazem-no cruzando aquilo que vêem com as memórias de outros edifícios que transportam consigo, muitas vezes adquiridas através da observação mediada pela fotografia. A nossa cultura arquitectónica, na impossibilidade de visitar todos os edifícios do mundo, é maioritariamente construída através do olhar de outros. É neste sentido que Fernando Guerra lança um olhar generoso sobre a arquitectura que regista. Entre os edifícios que fotografa, não se percebe, exactamente, um juízo de valor sobre os conteúdos da arquitectura; antes um controle, ao nível das emoções, que busca homogeneizar todos os registos. Portanto, cultiva-se a ausência de qualquer moralismo-crítico que possa interferir com o resultado final da imagem e que busca posicionar-se (arquitectonicamente) num plano neutral, valendo-se a si mesmo. É simultaneamente um mundo onde não há arquitecturas melhores, nem piores. O fotógrafo, ao contrário do fotógrafo-artista, é convocado e responde através do seu conhecimento de expert. Se manipula a imagem, isto é, se lhe retira um excesso qualquer de “realismo”, fá-lo consciente que trabalha num domínio de imparcialidade. Os seus trabalhos são editados regularmente em diversas publicações tanto a nível nacional como internacional, em revistas como Casabella, Wallpaper*, Dwell, Icon, Domus, A+U, entre muitas outras. Em 2012, foi nomeado Canon Explorer, assumindo o papel de embaixador da Canon Europa ao nível da fotografia de arquitetura.

FERNANDO GUERRA

L I S B OA – Port uga l

fs.guerra@netcabo.pt www.facebook.com/fernando.g.guerra Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © Fernando Guerra

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Fernando Guerra muito obrigado pela tua disponibilidade para a Phocal deste mês de Março que tem um tema que é digamos a tua vida... és um arquiteto que se tornou um fotografo conceituado? Sou arquiteto e faço fotografia. Nunca houve um momento em que deixei de ser o fotógrafo amador ou deixei de ser arquiteto. Fazes fotografia desde os teus 16 anos, como é que isso começou? Um pouco por influência dos meus pais que sempre fotografaram e me deram máquinas para a mão muito cedo. Era fácil gostar de fotografar. Em 1986, a minha mãe que tinha uma fábrica de fatos de banho em Alvalade, LIsboa, e ciclicamente precisava de um fotógrafo para fazer as coleções e achei que era capaz de ter interesse experimentar e acompanhar o processo. Já fotografava para mim há algum tempo, mas claro que não fui eu que fiz as campanhas, mas fui observando e aprendendo. Percebi que era aquilo que queria fazer no tempo que tinha, que era muito, não necessariamente moda. Curiosamente, hoje faço produções nessa área, que gosto muito. Lava-me os olhos. Quando comprei a minha primeira máquina, todos pensaram que estaria arrumada passado uns meses, mas não aconteceu. Nessa altura, já sabias que querias ser Arquiteto? Alguma vez imaginaste que também te tornarias um fotógrafo profissional? Já sabia que queria ser arquiteto. Nunca pensei sequer fazer outra coisa. Queria ser arquiteto e provavelmente mais uma vez, por influência da família. O meu pai é arquitecto e tinha um atelier onde eu passava muito tempo a desenhar num espaço só meu. A fotografia apareceu mais tarde como um hobby paralelo, mas nunca como possível ocupação futura. Como arquitetos vivemos obcecados pela preservação do nosso trabalho e por poder ver e aprender com o dos outros, seja no local da própria obra, se for possível, ou através de uma fotografia. E a fotografia acaba por acontecer de uma forma mais ou menos descontraída para um arquitecto. Tanto durante o curso numa fase de aprendizagem como mais tarde em que se tentam guardar referências e exemplos de trabalhos que nos podem ser importantes. Fotografo há muitos anos, muito antes de decidir tornar-me arquitecto. Depois de uns anos fora de Portugal a trabalhar num atelier em Macau, o meu regresso a Lisboa coincidiu com o fim do curso também de arquitectura, do meu irmão Sérgio. Apesar de projectos em que fomos trabalhando , começamos aos poucos aquilo que hoje é o nosso dia a dia. Fizémo-lo de uma forma descontraída e sem pensar em formar aquilo em que a FG+SG acabou por se tornar uns anos mais tarde. Íamos fazendo trabalhos que foram surgindo encadeados e aos poucos as nossas imagens foram trazendo novas oportunidades e começamos a ter uma resposta profissional em que é dada tanta importância às imagens como ao que é feito com elas depois do trabalho entregue. O hobby de muitos anos transformou-se num serviço, sem nunca perder, no entanto, o encanto inicial de fotografar e de trabalhar com pessoas que admiramos. Hoje, passados 14 anos, temos uma equipa especializada em imagem de arquitectura formada por arquitectos e designers que trabalha diariamente na comunicação da arquitectura portuguesa, não só através


Atelier Central | Escola Secundรกria de Montemor-o-Velho | Portugal

DrissKettani, Saad El Kabbaj, Mohamed Amine Siana | Universidade em Toroudant | Marrocos

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Zaha Hadid | Galaxy Soho | Beijing | China

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de livros e revistas mas também na web, em blogs nacionais Após a tua formação universitária sentiste necessidade de e internacionais ou em sites como o nosso. O estúdio hoje, seres tu próprio o responsável pelas reportagens dos teus assegura o contacto com praticamente todas as revistas trabalhos em vez de as entregares a terceiros? Como foi de arquitectura internacionais, servindo de interface entre esse trajeto? estas e os arquitectos para quem trabalhamos. O nosso Não. Nunca fotografei o que fiz curiosamente, nunca tive trabalho não acaba no dia da entrega das imagens. É talvez qualquer interesse nesse registo. O meu portfolio de uma segunda parte da colaboração, assente na comunicação projetos em 1997/98 estava repleto de desenhos meus da obra. Seja através do nosso site ultimasreportagens. e pouquíssimas fotografias. A fotografia de arquitectura com, blogs sobre arquitectura ou de revistas especializa- não me interessava. Tudo o que via feito aborrecia-me das. Sugerir a uma publicação a obra certa pode fazer a completamente. E apesar de nessa altura fotografar todos diferença entre o desconhecimento total do projecto ou a os dias, essencialmente na rua ou em viagem, não tinha sua aclamação a nível mundial. essa preocupação do registo do que fazia. Hoje claro que Uma boa fotografia de arquitectura conta uma história me arrependo de nunca ter feito essas fotografias. Como sobre a obra, baseada na procura da síntese do que se a maior parte do meu trabalho está em Macau, espero sente mas não se vê necessariamente e que pode apenas este ano regressar e fazer um registo de projetos, obras por vezes ser sugerido: a emoção de uma visita através provavelmente adulteradas, estragadas e desbotadas. Mas da sedução de uma fotografia. No final do dia as imagens isso promete ser uma experiência por si só. Já passaram que fiz de uma obra não são mais do que convites a uma 15 anos desde que deixei o território profissionalmente. visita, seduções. A mensagem essencial a transmitir num trabalho passa por E hoje a tua formação em Arquitetura é útil para a elabomostrar o que é a obra, como é, onde fica, o que a rodeia, ração dos projetos aos quais és chamado a intervir como como funciona. fotografo? A fotografia de arquitectura tem vindo a tornar- se num Sim muito útil. Não é coincidência que os fotógrafos de ponto cada vez mais imprescindível no exercício da arqui- arquitectura mais relevantes são arquitetos ou estudaram tectura. São já muitas as vezes em que basta um bom fotó- arquitectura. Ajuda a perceber como se deve ler e transmitir grafo orientar a sua objectiva para uma obra, para que esta um edifício. Existem excepções e conheço algumas, mas passe a ser conhecida em todo o mundo. Pelo contrário, passar anos a estudar, visitar e a falar sobre arquitetura é uma obra de arquitectura não fotografada torna-se inad- uma quase condição para depois se desenvolver uma pratica vertida. A importância de uma fotografia só tem relevância eficaz nesta área. Até porque, ajuda ter interesse por visitar associada a uma comunicação do trabalho bem sucedida. A projetos para se ser bem sucedido. fotografia de arquitectura profissional se escondida ou mal divulgada perde o seu principal objectivo que é comunicar Tens corrido o mundo atrás de imagens perfeitas, trabaa obra. lhando para imensos arquitetos com trabalhos fabulosos Exit Arquitectos | Centro Cultural | Palência - Espanha

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em Arquitetura. É algo que realmente adoras fazer ou sentes saudades de te sentar ao estirador e desenhares projetos arquitectónicos ? Ninguém deixa de ser arquiteto, depois de o ser. A formação fica. E mesmo que não desenhe, é complicado não intervir naquilo que nos rodeia, seja a nossa casa ou o espaço onde trabalhamos ou onde fotografamos naquele dia. Ser arquitecto é 5% de desenhos inspirados no estirador e provavelmente 95% de problemas a resolver para ver a obra construída. Como fotógrafo, por outro lado, o limite é a minha cabeça. E a pior coisa que me pode acontecer num determinado dia é ter má luz. Quando a nossa cabeça é o limite para o bem que fazemos alguma coisa, é libertador. Por outro lado não existem desculpas para não se ser o melhor. Todos os fotógrafos diz-se tem uma fonte de inspiração... qual é a tua? Achas que têm? Acho que o trabalho que fazemos pode ser a inspiração. É provavelmente o meu caso. A procura diaria pela imagem perfeita. E depois querer fazer outra. É viciante. O dia a dia e o trabalho dos meus clientes chegame como inspiração. Enquanto fotografo tens alguém que possa de alguma forma ter influenciado a tua forma de ver a fotografia? FG Alex Webb essencialmente. Antes dele, outros clássicos, como Sebastião Salgado, Cartier Bresson ou Steve McCurry ou David Alan Harvey. Mas este fotografo da magnum ensinou-me a ver o mundo de uma forma diferente, muito mais expressiva e penso que mais eficaz. Apesar de no entanto ser muito mais complexa. Penso que os meus trabalhos transmitem essa influencia inicial, uma coisa de que me orgulho sem complexos. Ainda te recordas dos teus primeiros trabalhos como fotografo de Arquitetura?? Se fosse hoje mudarias alguma coisa no trabalho que á época fizeste? Teria uma resposta diferente para trabalhos que fiz no ano passado. Trabalhos feitos há 13 anos, não vejo. Nunca fico muito satisfeito com o que está feito. É raro rever o que fiz. Individualmente acontece, quando tenho uma exposição ou um livro. Mas não vejo as revistas onde saio ou blogs de arquitectura. Está feito. Existem imagens de que gosto muito, mas só servem como percurso para fazer melhor o que fotografo hoje. Uma boa parte do sucesso da fotografia é pelo controle da luz. Qual a melhor luz para o seu trabalho? Tens alguma hora do dia que gostes mais de trabalhar? É o clássico para qualquer tipo de fotografia, melhor luz no principio e no fim do dia. No entanto, fotografo todos os dias pelo menos 10 horas. Se a luz está menos bem numa zona, estará provavelmente perfeita noutra. Passar por uma obra não acontece. Consideras a fotografia de um edifício ou de uma estrutura uma arte criativa, tendo em conta que o mesmo assunto fotografado por pessoas diferentes pode transmitir emoções diferentes? Não me interessa muito pensar se é arte ou não. Existem discussões que se arrastam durante anos sobre o assunto.

Entretanto eu fotografo todos os dias e não penso nisso. Mas sim, é um processo muito criativo e em que cada fotografo vê a obra de uma forma diferente. O único perigo é transmitir indiferença, alguma emoção transmite sempre. Durante o teu percurso já passaste por situações complicadas, por exemplo situações de perigo pessoal? Passei por várias, algumas que hoje têm graça recordar, por terem passado, desde problemas em aviões pequenos a uma ou outra queda minha ou por exemplo ser mordido por um cão ou atacado por cabras. Mas se alguma coisa me assusta hoje, é o homem. Entrar no bairro errado em Luanda ou no Rio de Janeiro no final de um dia, pode ser bem pior do que estar num avião que não consegue aterrar. Mas vai-se vivendo bem, desde que se sigam algumas regras de bom senso. E existem coisas piores, como estar perfeitamente seguro, sentado na mesma secretária durante 30 anos. Dos teus trabalhos fotográficos , qual consideras o mais marcante e porquê? O conjunto Pedro. As mais de 700 obras que tenho no ultimasreportagens. Talvez a consistência do olhar nessas obras e nas que vão entrar brevemente. Tenho imagens de que gosto muito, algumas que fizeram capas de que me orgulho especialmente, por ter sido o único fotógrafo português a fazê-las, como várias capas da revista italiana Casabella, ou das norte americanas Architectural Record, ou Interior Design, revistas de que sou leitor desde que o projecto fazia o meu dia a dia. Igualmente marcante talvez seja também a relação que tenho com alguns arquitetos, com quem fico amigo ou do orgulho que tenho por o Siza me ter escolhido para fotografar e registar a sua obra e poder acompanhá-lo nas suas viagens. Criaste o portal http://www.ultimasreportagens.com/index.php que é uma referencia na fotografia de Arquitetura não só em Portugal, achas importante perpetuar a tua obra e a de outros em fotografia disponível para todos? Tenho consciência que é importante perpetuar a memória, a nossa e a das cidades. Muito que já fiz há mais de 10 anos, foi modificado ou simplesmente deitado abaixo, estragado, ou construiu-se ao lado algo novo, ampliou-se. Mudou para sempre. No entanto, no ultimas está para sempre online e disponível, servindo diariamente como um recurso para estudantes, arquitetos e interessados. É a minha obra, mas é também a obra dos meus clientes que me permitiram construir. Fazer 1800 sessões é um processo longo. São muitos dias, muita estrada. Na FG+SG, ajudamos a sistematizar a recolha, a fazer um arquivo de fácil acesso e busca, do que melhor se tem feito em Portugal nos últimos anos. Orgulho-me de termos feito mais pela promoção da arquitetura portuguesa do que a ordem dos arquitetos ou mesmo o ICEP nos últimos 14 anos. Tenho orgulho, aliás, acho quase divertido. No fundo somos dois miúdos que fizeram um negócio que não existia neste registo, e de uma forma sustenta e com vários colaboradores e que mudou a forma como este trabalho é feito e consumido, promovendo o trabalho de uma classe inteira. Mesmo que não seja fotografada por mim, este tipo de partilha nasceu e pequenas réplicas deste tipo de partilha vão povoando a web. Há 11 ou 12 anos, em Portugal, eram poucos os que queriam encomendar fotografias da sua arquitectura. Há uns dias recebi um email da Ordem dos Arquitetos a anunciar um curso de fotografia de arquitectura orientado Phocal Phototovisions | 71


ร lvaro Siza | House in Korea | South Korea Aires Mateus | Alcaรงer | Portugal

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por um fotógrafo, que não conheço. É curioso fazer parte desta mudança. Normalizou-se a pratica fotográfica e ainda bem. Mas Pedro, tudo isto faz parte de um processo diário, e não devemos parar para pensar muito no que estamos a fazer. Está tudo por fazer e ainda me sinto a aquecer os motores. Nada mais. Interessa-me crescer com o que faço. Fazer de uma forma diferente e claro, fazer muito melhor. Talvez daqui a uns anos possa olhar para trás e ter outro olhar. Agora é cedo, nem tenho tempo para pensar, sinceramente. Quando comecei a pensar no conceito de um site como o meu, o ultimas reportagens, a base era possibilitar a partilha do que fazia. O que era uma procura muito simples de compreender hoje, mas menos na altura, pelo menos de uma forma tão aberta. Em 2003 contavam-se pelos dedos de uma mão, os sites de fotógrafos de arquitectura que eram abertos ao público. Antes pelo contrário, eram fechados e tinham uma password que era dada a quem trabalhasse no mundo editorial ou clientes. A partilha era nula. Não só não era procurada como era dificultada. Pensava-se que se protegia assim o trabalho do fotógrafo. Sempre achei que o oposto era o único caminho a seguir, e foi assim que nasceu o ultimasreportagens.com, que é hoje o sitio para ver arquitectura contemporânea em Portugal. Os blogs começam a aparecer nos primeiros anos dessa década, mas existia pouco conteúdo diário, escrevia-se mais sobre arquitectura do que hoje, em que tudo assenta mais na imagem. Disponibilizo através do facebook e do google + muitas reportagens inteiras, sem marcas de água, sem limites à sua utilização para estudo, documentação etc. Nunca me preocupou muito o roubo das imagens, até porque faço muitas. As que estão feitas fazem bem em seguir o seu caminho pela net, e pelos computadores de milhares de interessados. Só podemos ganhar com esta partilha.

Agrada-me ver o meu trabalho usado em todos os suportes. Seja suporte digital ou print. Em print, claro, porque tenho mais de 40 anos e gosto de livros e revistas, de os ter na mão, mas a web é sem dúvida a forma preferencial como as novas gerações vêm o que se faz. Consome-se arquitectura a uma velocidade vertiginosa. Projectos novos entram na web a cada hora. E o mais incrível é que muitos são bons, e muito bem fotografados. Preocupa-me, curiosamente, a importância excessiva dada à imagem e menor ao conteúdo, às palavras, à atenção que se dá a cada projecto. Quando estudava arquitectura e o acesso a fotografias ou aos desenhos de uma casa era limitado, existia uma atenção demorada sobre o detalhe, sobre o conceito do projecto. Passavamos dias à volta de uma casa, e colávamos os desenhos nas paredes do nosso quarto como referência para aquilo que fazíamos. Hoje passa-se por um projecto em pouco mais de 10 minutos, no meio de um feed do facebook. Passada meia hora, outro projecto fantástico aparece nesse mesmo feed e a atenção muda para o novo. Não sei se isto é óptimo, ainda é muito cedo para perceber. Mas vive-se numa época marcada pela imagem. Talvez em demasiado. Mas gosto de pensar, que o tempo encarregar-se-á de corrigir se não for a direcção ideal. Sou um optimista convicto. São tempos apaixonantes cheios de possibilidades, em que a criatividade e a tecnologia estão ligados como nunca estiveram. O acesso às ferramentas para fazer um filme ou uma fotografia generalizou-se. O sucesso depende mais do que nunca do talento e não do poder financeiro para chegar ao equipamento. Mas são também tempos novos e são apenas o principio de algo maior e mais sustentado que deve vir aí. Vivemos em adaptação a uma nova realidade, sem um manual, à qual ainda não chegamos mas em que a viagem tem de ser tão interessante como a chegada.

Vaumm Architects | Basque Culinar y Center | san Sebastian | Espanha

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Atelier Central | Escola Secundária de Montemor-o-Velho | Portugal

Steven Holl | Cité de L´Océan et du Surf Museum | Biarritz | França

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ARX Portugal | Casa em Leiria | Portugal

Isay Weinfeld | Fasano Boa Vista | S達o paulo | Brasil

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Licenciado em Arquitectura (2001) pela FA-UP (Porto) e mestre em Belas Artes pela FBA-UB (Barcelona), Miguel Coelho iniciou-se na fotografia aos onze anos de idade e, desde essa data, teve a felicidade de poder fotografar quase todos os dias. Profissional desde 2004, trabalha essencialmente em fotografia de arquitectura e de comida, sem deixar de se aventurar por outras áreas como o retrato ou a fotografia de publicidade. Professor no Instituto Português de Fotografia (Porto) e coordenador nacional da Nikon School Portugal, dirigiu a Galeria Ars Lucida (Guimarães, 2011-12) e é membro da comissão científica do curso de pós-graduação em Fotografia, da Alquimia da Cor (Porto). As suas imagens são publicadas regularmente em revistas nacionais e internacionais, bem como em livros e catálogos. O seu trabalho está representado pela agência Arcaid Images (Reino Unido).

MIGUEL COELHO

P O RTO – Port uga l

info@miguelcoelho.com www.facebook.com/miguelcoelho www.facebook.com/fotografiadearquitectura http://miguelcoelho.com Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © MIGUEL COELHO

Miguel Coelho muito obrigado pela disponibilidade para participar nesta edição da Phocal Photovisions, começo po r te perguntar se a fotografia e a arquitetura são duas paixões para ti? A fo to g ra f i a é , c l a ra m e nte , a p a i xã o m a i o r ( e m a i s antiga). No entanto, pelo meu percurso e pelo meu trabalho, lido com a arquitectura diariamente há quase 18 anos e é quase inevitável não me apaixonar pela arquitectura todos os dias, com todas as obras que fotografo. Quando começas realmente a dar os primeiros passos na fotografia? I n i c i o - m e n a fo t o g ra f i a a o s 1 1 a n o s d e i d a d e n u m curso de verão. O entusiasmo foi imediato e, pouco tempo depois, já tinha um pequeno laboratório im p ro v i s a d o e m c a s a o n d e m e r e f u g i av a s e m p r e q u e podia. Comecei por fotografar os temas tradicionais até me aproximar da fotografia de arquitectura pouco antes de ter entrado na universidade. És um arquiteto que faz fotografia ou um fotógrafo que gosta de muito de arquitetura? Acima de tudo, sou fotógrafo. Comecei a fotografar m u i t o a n t e s d e s e r a rq u i te c t o, m a s re c o n h e ç o q u e o curso de arquitectura foi, talvez, o momento mais importante da minha formação como fotógrafo. Durante o curso fui derrubando vários mitos e apercebi-me que a arquitectura não se resume uni camente ao projecto e à construção. 76 | Phocal Phototovisions

Era um mundo muito mais vasto e, naquele momento c o m o a g o ra , a q u i l o q u e m a i s m e i n te re s s ava e ra a sua documentação e comunicação. Fazes formação em fotografia no IPF antes ou depois da formação em Arquitetura? [nunca estudei no IPF. Dou aulas no IPF desde 2010.] A minha formação em fotografia foge daquilo que se considera tradicional hoje em dia. Fiz uma série de cursos desde muito novo e quando me deparei com a impossibilidade de tirar um curso superior de fotografia (na altura, as opções em Portugal eram poucas e muito recentes), decidi-me pela arquitectura. Fo i j á a l g u m te m p o d e p o i s d e te r m i n a r o c u rs o d e arquitectura que decidi inscrever-me num mestrado em Belas Artes (na Universidade de Barcelona) que, e m b o ra n ã o fo s s e u m c u rs o d e fo to g raf i a , p e r m i t i a c o m p l e t a r a m i n h a fo r m a ç ã o e d a r- m e b a s e s m a i s sólidas para tentar evoluir. Como é que essa formação influenciou a forma como h o j e f a ze s f o to g r a f i a , n o m e a d a m e n te n a t u a á r e a de formação? Neste momento, quando olho para trás percebo que t u d o a q u i l o q u e f i z a ca b o u p o r i n f l u e n c i a r o m o d o como fotografo. Não só os cursos de fotografia e os workshops, como também o curso de arquitectura, que me ajudou a ver e a e nte n d e r a a rq u i te c t u ra d e u m a fo r m a e s p e c i a l e mais atenta. Por outro lado, todos os dias sou influenciado pelos meus alunos e pela sua abordagem menos técnica e mais livre da arquitectura. O facto de ter convivido de perto com muitos fotó grafos também foi um factor determinante, bem como a minha paixão (enorme) pelos livros de fotografia. Entendes que fotografar Arquitetura é um processo bastante destinto de outro tipo de fotografia? Como processo não é muito diferente.


Te m a l g u m a s e s p e c i f i c i d a d e s q u e d e p e n d e m m u i t o d a o b ra q u e e sta m o s a fo to g rafa r, m a s e ste t i p o d e c o n d i c i o n a n t e s ex i s t e e m p ra t i c a m e n t e t o d o o t i p o de fotografia. A grande diferença aqui é que fotografamos o produto final de um longo processo de trabalho que envolveu muitas pessoas, muitos meios e muitos recursos. Naquele dia (ou naqueles dias) não podemos falhar, até porque em muitos casos aquelas são as imagens q u e vã o m o st ra r a o b ra a o p ú b l i co q u e n ã o a p o d e vivenciar. Quando fotografas, o que é que procuras transmitir para além de uma formação de betão ou um edifício de vidro, etc? I d e a l s e r i a p o d e r t ra n s m i t i r co m a s m i n h a s i m a ge n s a q u i l o q u e s e nt i q u a n d o v i s i te i e fo to g rafe i a o b ra . M a s co m o i s s o é i m p o s s í ve l ( e i r re l e va nte n a s l g u n s casos), limito-m e a contar a obra a quem estiver dis posto a ver as imagens. Tento partir do geral para o particular: mostrar a envolvente, as pré-existências, os materiais, o modo de construir, as relações entre as partes, a escala, o uso, os detalhes, etc. Quando tens um trabalho fotográfico a realizar como é q u e o p r o g r a m a s , é u m p r o ce s s o s i m p l e s o u n e m por isso? É um processo relativamente simples e que depende muito da escala do edifício. Regra geral, quanto maior

a escala, menor o nível de detalhe necessário. O re-gisto do detalhe construtivo é muito menos importante numa reportagem de um conjunto de quatro edifícios de apartamentos do que num interior de uma loja em que muitas vezes chegamos ao detalhe d a s fe r ra g e n s o u d a c a i x i l h a r i a . A p a r t i r d a í , t e n t o d i stri b u i r o trab al h o p el o temp o d i sp o n í vel p ara fotografar e tentar cobrir todos estes aspectos. Achas que um fotografo de arquitetura tal como um de moda, pode ter um estilo próprio? Esta é uma questão sensível... Eu defendo que na fo tografia de arquitectura, o fotógrafo-autor deve quase desaparecer em favor do arquitecto-autor. É inevitável que possam existir algumas marcas, mas rapidamente p e rc e b e m o s q u e u l t ra p a s s a m o s a l i n h a q u a n d o co n seguimos identificar o fotógrafo com uma só imagem. Os últimos anos, com a facilidade do digital e com a crise na arquitectura, empurrou a fotografia da arquitectura para um mundo novo. Salvo raras excepções, d e i xo u d e s e fa ze r ‘ fo to g raf i a d e a rq u i te c t u ra ’ p a ra s e fa ze r ‘ fo to g raf i a d e p u b l i c i d a d e d e a rq u i te c t u ra ’. Fo i o p ró p r i o m e rc a d o q u e n o s t ro u xe até a q u i : h á concursos de arquitectura online onde o público vota a partir de imagens!!! Os arquitectos (novos e velhos) precisam disso e, uma boa parte dos fotógrafos que se dedicam a esta área não consegue distinguir uma obra do Álvaro Siza duma obra do Gonçalo Byrne. Phocal Phototovisions | 77


E quando temos sempre a mesma abordagem independemente da arquitectura, é sinal que estamos a falhar na representação dessa mesma arquitectura. Mas este era um tema quase infinto... A c h a s p o r exe m p l o q u e a f o to g r a f i a e m s i j á é u m p r o c e s s o a r q u i t e c t ó n i c o, é a l g o q u e p r e c i s a s c o n s truir com peso conta e medida ou não sairá bem? Fo t o g ra f i a é , n a s u a e s s ê n c i a , l u z , c o n t ex t o e c o m posição e eu acredito que apenas as boas imagens possuem um equilíbrio entre estes três factores. Mas não nos podemos nunca esquecer que o mais importante é a nossa intenção: que história queremos contar? De o nde o lhamos (ponto de vista), para onde o l h a m o s ( e n q u a d ra m e nto ) e co m o o l h a m o s ( e q u i p a mento)? Em temos de fotografia, tens preferência nos teus trabalhos, por exemplo preferes o trabalho de inte riores ou exteriores ? A s m i n h a s p refe rê n c i a s p re n d e m - s e a nte s co m a e s cala. Prefiro as grandes obras, os projectos urbanos, as cidades. Interessam-me menos os detalhes e mais as relações entre os diversos elementos. Ser fotografo de arquitetura, implica um trabalho solitário?? Sentes-te bem a pensar sozinho aquilo que tens de fazer ? Ser fotógrafo é, por definição, um trabalho solitário. A i n d a q u e p o s s a ex i st i r u m a e q u i p a n a re c ta g u a rd a , as decisões cabem sempre ao fotógrafo. Desde as es co l h a s m a i s b á s i ca s e m re l a çã o a o e q u i p a m e nto até à edição final das imagens. A partir daí as decisões passam para o outro lado (clientes, revistas, editores, etc.) O co nt r o l e d e l u z é f u n d a m e nta l p a r a u m a b o a fo to g r a f ia . . . te n s h o r a s d o d ia e m q u e n ã o g o sta s d e fotografar? Cada vez me deixo afectar menos pela luz menos boa e tento programar o trabalho em função disso usando a luz do meio-dia para fotografar interiores. 78 | Phocal Phototovisions

Ta m b é m d á s a u l a s d e f o t o g r a f i a , n o m e a d a m e n t e n a á r e a d a a r q u i te t u r a , a m a i o r i a d o s a l u n o s s ã o da área ou há pessoas que não tem formação em Arquitetura mas pretender aprender a fotografar corretamente? Foram muito raros os casos em que os alunos tinham formação em arquitectura. Na sua maioria são pessoas q u e q u e re m a p re n d e r a fo t o g ra fa r c o r re c ta m e n t e e muitos deles não têm ainda noção do caminho que querem seguir. A minha ideia é sempre poder usar a fotografia de arquitectura como mais uma ferramenta que os ajude a compreender e a melhorar a fotografia q ue gostam de fazer, seja el a qu al for. Acred i to q u e a fotografia de arquitectura, pela sua especificidade técnica pode ajudar a compreender melhor a fotogra fia e aquilo que nos rodeia. Como é que está o mercado Português, quer em temos de fotógrafos quer em termos de trabalho, até pela crise que se faz sentir? E x i ste m a g o ra m a i s fo tó g ra fo s d o q u e n u n ca . Pe n s o que em nenhuma outra altura existiram tantos fotó grafos de arquitectura em Portugal como hoje em dia. Basta recuarmos uns 10 anos para ver que nessa altura existia meia dúzia de fotógrafos nesta área. Hoje em dia, com a chegada em força do digital isso mudou mas, com a crise (económica e da construção), o mercado da fotografia de arquitectura também mu d o u . H á m e n o s t ra b a l h o e m a i s fo t ó g ra fo s e n ã o é difícil perceber o que isso significa. Para terminar Miguel, que trabalho que já fizeste de deu mais gozo fazer? Talvez por ter sido o meu primeiro grande trabalho e o mais abrangente, aquele de que mais gostei foi ‘O Porto da Escola’, um livro sobre a produção da Escola do Porto ao longo dos últimos 50 anos. Retrata a arquitectura do Porto feita por arquitectos do Porto ao longo deste período e permite-nos fazer uma leitura geral desta ex tensa obra colectiva.


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Marco António Marvão Martins, é natural de Vila Nova de Tázem, concelho de Gouveia no sopé da Serra da Estrela. Com 33 anos, exerce a sua actividade profissional como arquitecto, num atelier em nome próprio desde que concluiu o curso de Arquitectura no Porto. Cedo percebeu que a arquitectura e a fotografia são indissociáveis no que se refere ao uso da imagem para estabelecer a ligação e a comunicação entre o que se imagina no acto de concepção do projecto e o que resulta como produto final. Em 2012 decidiu finalmente fazer a ligação entre estas duas áreas e frequentou um Curso de Fotografia Profissional, através da Oficina da Imagem, na escola do Porto. Foi-lhe atribuído um diploma da Associação de Fotógrafos Profissionais de Portugal e recebeu ainda uma Menção Honrosa pelas suas fotografias na área de Fotografia de Arquitectura.

MARCO MARTINS

V I L A N O VA D E TÁ Z E M – Port uga l marcoammartins@gmail.com www.facebook.com/marcoammartins Todas as imagens estão protegidas por direito de autor © MARCO MARTINS

Marco a fotografia começou na tua vida como? Tinhas alguém na família que te desse um empurrão ou partiu de ti começares a clicar? Lembro-te que o meu pai comprou uma máquina fotográfica analógica, uma Minolta que ainda hoje existe, para mim e para o meu irmão, tinha eu uns... 15 anos. O meu irmão é que tirava imensas fotografias nessa altura. Gastou rolos e rolos, uns atrás dos outros com macros, longas exposições, paisagem, etc. Nessa altura limitava-me a ver como ele fazia as fotografias dele. Acompanhava-o muitas vezes quando ele ía fazer as longas exposições e paisagens num terreno acima da nossa casa num ponto mais elevado e onde temos ainda hoje uma panorâmica geral sobre a vila onde eu vivo. De vez em quando lá fazia também eu umas experimentações. Depois, quando entrei para a faculdade, tive necessidade de comprar uma máquina fotográfica digital. Comprei-a com o meu irmão, mas claro, como era estudante não tinha dinheiro para pagar a minha parte. Quando acabei o curso e comecei a trabalhar a primeira coisa que fiz com o meu primeiro ordenado foi pagar a minha parte ao meu irmão. Aposto que ele já se tinha esquecido passados tantos anos, mas foi uma boa sensação para mim ter saldado a dívida. Com tudo isto posso afirmar que o meu irmão foi uma influência na minha abordagem à fotografia. Quando tiras Arquitetura sentes necessidade de fotografar mais e controlares os teus projetos da forma 84 | Phocal Phototovisions

como tu os vês em vez de recorreres a terceiros? Eu sou da opinião que a arquitectura não vive sem a fotografia. Quando começo um projecto novo e me desloco ao terreno onde vai ser implantada a obra, ou se se trata da recuperação de um edifício já existente, tenho sempre que tirar imensas fotografias de todos os pormenores. São elas que mais tarde me vão transportar para o local novamente quando quero recordar um ou outro pormenor. Vejamos um exemplo noutra situação. Quando conduzimos um carro numa cidade nem sequer damos conta dos pormenores de como é este ou aquele edifício ou esta ou aquela rua. Viajamos demasiado depressa e não registamos na memória. Se passarmos a pé ou de bicicleta nesses mesmo locais já conseguimos ver tudo de maneira pormenorizada, isto porque é tudo feito mais devagar, embora mais tarde até possamos não recordar tudo até ao ínfimo detalhe. Nos meus projectos é a mesma coisa. Posso ir à obra e ver as coisas com atenção, mas certamente vão-me escapar vários pormenores. É o tal “andar de carro na cidade”. Se eu fotografar todo o meu edifício tenho isso registado sempre para memória futura, para ir perceber este ou aquele pormenor. Vi com mais atenção e registei em fotografia, ou seja “ andei de bicicleta ou a pé na cidade” Como é que a fotografia e a forma como a vês influencia o teu trabalho até como arquiteto? O facto de eu ser arquitecto ja faz com que eu tenha u m a p e rc e p çã o v i s u a l m a i s ate nta d o m e i o q u e m e envolve.


As ruas, praças, largos, edifícios, toda a malha urbana e todo o espaço rural que me envolve prende-me o olhar e por isso mesmo, muitas vezes quando circulo nestes sítios acabo por tirar fotografias “mentais” daquilo que vejo e guardo isso na minha memória. Se em vez de as guardar na minha memória, as registar em fotografia então isso faz com que eu fique com esse registo sempre disponível para quando o quiser consultar. Isto passa-se com toda a envolvente construída e projectada por outros colegas arquitectos, mas passa-se obviamente também com as minhas obras. Sinto sempre necessidade de as fotografar, registando a forma como elas evoluem desde o início até à sua conclusão e no fim gosto de ter o resultado final em fotografia. Qual é a principal fonte de inspiração para o teu trabalho, já agora quer como arquiteto quer como fotografo, duas formas de arte na minha opinião? E x i s t e m s e m p r e a s i n f l u ê n c i a s e a s r e fe r e n c i a s d o s grandes arquitectos. Óscar Niemeyer desaparecido há poucos meses atrás, Mies van der Rohe e Le Corbousier que mudaram a face da arquitectura no início do Séc. XX. Mas depois também tenho grande admiração por arquitectos mais desconstrutivistas como é o caso de Daniel Liebskind. Têm todos eles uma arquitectura fascinante. A nível de fotografia existem muitos fotógrafos que admiro imenso, mas Steve McCurry é sem dúvida aquele cujo trabalho mais me encanta.

05# PS – E hoje a tua formação em Arquitetura é útil para a elaboração dos projetos aos quais és chamado a intervir como fotografo? A arquitectura é uma actividade muito criativa mas ao mesmo tempo bastante rigorosa. É possivel dar asas à imaginação mas também existe aquele momento em que temos que baixar à terra e colocar rigor no trabalho. A fotografia de arquitectura é a mesma coisa. Pode ser muito criativa mas exige também um enorme rigor. Caso contrária em vez de existir fotografia de arquitectura, existe fotografia de rua. Ainda que se possa ser criativo na abordagem de um edifício quer a projectá-lo, quer a fotografá-lo, existe sempre a “obrigação” de lhe dar uma carácter de rigor e isso é transportado da arquitectura para a fotografia mas também da fotografia para a arquitectura. Diz-se que todos os fotógrafos têm uma fonte de inspiração... qual é a tua? Existe um fotografo que eu admiro muito. Não posso dizer que é para mim uma fonte de inspiração para o meu trabalho, porque é um tipo de fotografia que não faço com muita frequência, mas os retratos de Steve McCurry, transmitem uma sensibilidade tal, que parece que as pessoas comunicam através da fotografia. Tem um trabalho fantástico do ponto de vista documental em zonas de enorme tensão, ao conseguir trazer aos olhos do mundo a drama dos povos que tentam sobreviver aos conflitos.

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Tiveste formação em fotografia, entendes que a formação basta ou é apenas uma extensão da forma que cada um tem de fazer uma fotografia? Ter a formação por si só não basta creio eu. Eu posso ter formação em muitas coisas, mas posso não saber aplicar essa formação na prática. Ou seja, posso saber a teoria, mas depois na prática também conta muito a nossa sensibilidade e o nosso olho. Se tivermos formação mas não a aplicarmos com sensibilidade não vai sair certamente algo do qual nos possamos orgulhar. Trazes sempre o material pronto a utilizar na mala do carro, ou já te arrependeste de ter ido a qualquer lado e não teres a máquina contigo? S ó a n d o co m o m ate r i a l q u a n d o te n h o i nte n çõ e s d e fotografar. Quando saio de casa e digo: “ Vou fotografar ”. Mas claro, maioria das vezes que saio de casa sem maquina acabo sempre por me arrepender, porque vejo sempre coisas muito interessantes para registar. Em termos fotográficos, haveria alguma outra área que gostasses de trabalhar como fotografo, fotojornalismo, moda, desporto etc?? A c o m p a n h o m u i t o o fo to j o r n a l i s m o, p r i n c i p a l m e n te aquele que é registado em zonas de conflito em várias regiões do globo. Fico sempre impressionado com essas fotos porque são tiradas em situações extremas onde existe na maioria das vezes uma segurança extremamente precária. Portanto eu admiro esses fotógrafos pela sua coragem e perseverança em trazerem aos nossos olhos aquilo que se passa nesses locais. Gostava imenso de poder ter essa oportunidade enquanto fotógrafo mas também como ser humano. Além disso são fotografias 86 | Phocal Phototovisions

muito difíceis porque são registos momentâneas e isso aumenta o grau de exigência do fotografo perante o seu trabalho. Há certas áreas que temos a possibilidade de estar horas a preparar uma fotografia e somos nós que controlamos tudo até ao ultimo pormenor. No fotojornalismo isso não se verifica. “Aquele” momento só acontece uma única vez e se nós não estamos preparados... é tarde demais. Fotografar edifícios julgo que a abordagem é diferente, o que é que mais importa neste tipo de fotografia na tua opinião? A fotografia de arquitectura tem algumas regras e caso não sejam cumpridas acaba por se transformar numa espécie de fotografia convencional de rua, tal como já referi anteriormente. Existe sempre uma preocupação com a distorção da perspectiva do edifício devido à objectiva que se utiliza. Existem obviamente objectivas adequadas a este tipo de fotografia que são as “tilt and shift ” e que possibilitam a correcção das perspectivas no momento em que fotografa. As linhas verticais têm que ser mesmo v e r t i c a i s e n ã o p o d e m c o nv e rg i r p a ra u m p o n t o d e fuga. Ao desfolharmos uma revista de arquitectura, os edifícios são sempre muito bem fotografados e embora algumas vezes nem reparemos, as linhas estão sempre rigorosamente verticais. Que outro tipo quitetura? Tenho recebido moda tipo book últimos tempos

de fotografia fazes para além de arvários convites para fazer sessões de e é a isso que me tenho dedicado nos em termos fotográficos. Tenho estado


também em vários eventos desportivos. Aliado a isso vou fotografando ocasionalmente quando saio de casa com essa intenção. Não sou daqueles que anda sempre com a máquina colada a mim, até porque se torna incómodo dadas as dimensões e o peso do material que tenho. A maioria das vezes que saio de casa sem a máquina acabo por me arrepender porque de uma maneira ou de outra acabo sempre por encontrar algo interessante para registar. Nesse caso apenas tiro uma fotografia mental e mais tarde tento regressar com a máquina para tirar a verdadeira fotografia Quando espreitamos a tua mochila o que podemos por lá encontrar? Agora comprei uma mochila maior o que me dá liberdade de transportar mais material. Mas não tenho grandes coisas. Para além do óbvio e indispensável como a máquina e objectivas, trago também sempre comigo um flash, filtros. Tenho também vários cartões e baterias extra para não ficar mal a meio de uma qualquer sessão fotográfica e um bloco de notas onde registo o que for necessário. És uma pessoa atenta ás novidades, trocas de material com frequência ou achas que o material não é o mais importante? Considero que sou atento às novidades e mais tarde ou mais cedo é necessário fazer um upgrade por se ter atingido um determinado patamar e não há muitos mais para além daquele limite se não fizermos uma evolução. Infelizmente a fotografia também é uma actividade bastante cara e isso logo à partida nos põe um travão aos nossos desejos mais loucos.

Em termos de fotógrafos, achas que estamos bem servidos, nomeadamente na tua área de intervenção? Em termos de fotografia de arquitectura, em Portugal temos excelentes fotógrafos como é o caso do Fernando Guerra com o seu projecto “Ultimas Reportagens”. Ele agora até tem uma espécie de helicóptero que lhe permi te fo to g rafar o 5º al çad o d o s ed i f í ci o s , o u sej a, a cobertura. Tem excelentes reportagens fotográficas de magníficos edifícios dos melhores arquitectos portu gueses e estrangeiros. Termino agradecendo a tua participação na Phocal Photovisions deste mês, pedindo-te um edifício no Mundo que gostasses se ter sido tu a projetar e um outro que gostasses muito de fotografar... Pensando bem isso resume-se a um edifício. O Museu Judaico de Berlim, do Arquitecto Daniel Liebskind é algo de transcendente. Se calhar agora os leitores desta revista vão pesquisar o edifício e vão achá-lo algo estranho mas é um edifício com um carácter especial e diferente em termos de organização espacial e visual, quer ao nível do exterior, quer ao nível do interior. Nunca lá estive (ainda) mas conta quem já lá esteve que o arquitecto, ele próprio judeu, projectou alguns dos espaços do edifício de forma tão austera e fria que o visitante é convidado a sentir essa própria austeridade e frieza com que os judeus foram tratados durante o holocausto. É por esse motivo um edifício que me cativa porque o arquitecto nos consegue transportar para uma realidade muito pouco confortável do ponto de vista físico, psicológico e emocional. Phocal Phototovisions | 87


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