PHOCAL PHOTOVISIONS Nº 11 NOVEMBRO 2012

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N O V E M B R O

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Colunistas Fotografias Escritas

RODRIGO BELAVISTA

Delirios & Utupias MARTA FERREIRA

COLUNISTAS FOTOGRAFIAS ESCRITAS RODRIGO BELAVISTA DELIRIOS & UTUPIAS MARTA FERREIRA

PAULO HOMEM MELO

Mithos Expresso do Oriente ETÃ SOBAL COSTA

JOSÉ CRUZ NUNO PALHA ISABEL MONTE INÊS GONÇALVES SARA CONSTANÇA

conceitos

Pin-up

FOTÓGRAFOS

EXPRESSO DO ORIENTE ETÃ SOBAL COSTA PHOTO TOUR’S

Património Humanidade Douro JOÃO CARROLA

Fotografar Aves Selvagens

PAULO DIONÍSIO

Inspiração

RICARDO TEIXEIRA

Locais Ilha Terceira

SARA BENTO

CONCURSOS DESAFIOS

GALERIAS DE MEMBROS IMAGENS QUE INSPIRAM

GALERIAS DE MEMBROS IMAGENS QUE INSPIRAM DESAFIOS CÉUS | ARVORES | MÃOS | FRUTAS CONCURSOS AFETOS | RUÍNAS



Número 11 - Novembro 2012

fotógrafos & projectos convidados José Cruz Nuno Palha Isabel Monte Inês Gonçalves Sara Constança

Revista do grupo phocal photo visions www.facebook.com/groups/phocalphotovisions/ Edição e Direção da Revista Pedro Sarmento Editorial Pedro Sarmento Colaboradores nesta Edição Marta Ferreira Etã Sobal Costa Paulo Homem de Melo

Foto de capa:

Sara Bento

José Cruz José Cruz | Hasselblad H1 Hasselblad 80mm F2,8 1/60 sec | iso 50

Rodrigo Belavista

Bebé: Tiago

Paulo Dionísio Ricardo Teixeira João Carrola Periodicidade mensal Distribuição On-line / PAPEL Impressão ÁREA GRÁFICA Nº Depósito Legal 350102/12 Tiragem 100 EXEMPLARES Contactos: Email: phocal.photovisions@gmail.com revista.phocal.photovisions@gmail.com Website http://phocal-photovisons.weebly.com/index.html


sumário

editorial pedro sarmento galeria imagens que inspiram delirios

&

utúpias

|

famílias

marta ferreira fotografias escritas rodrigo belavista património mundial

|

douro

joão carrola conceitos

| Pin-up

paulo homem de melo inspiração ricardo teixeira locais

|

ilha

Terceira

sara bento fotografar

|

aves selvagens

mithos

|

expresso do oriente etã sobal costa

Fátima Condeço | 2 | Phocal Phototovisions

04 10 14 64 68 72 76 80 86

PROJECTOS & FOTÓGRAFOS

josé cruz

18

inês gonçalves

28

sara constança

36

nuno palha

46

isabel monte

56

CONCURSOS

a espera

| Nikon D90 | Tamron 18-250 | F4, 1/25s ISO 200

paulo dionísio

03

afetos

92

ruínas

93

DESAFIOS céus

|

arvores

|

mãos

|

frutas

94


editorial PEDRO SARMENTO Maia – Portugal apnsarmento.santos@gmail.com | www.facebook.com/pedronsarmento | www.pedrosarmento.com Todas as imagens estão proteguidas por direitos de autor - © Pedro Sarmento

Vida em família! As Nações Unidas são brincadeira de criança se comparadas às lutas, malabarismos e necessidade de compreensão e perdão em qualquer família. May Sarton Diz-se que a família é o pilar de uma sociedade, que uma família forte e unida é meio caminho andado para a estabilidade emocional, que a família é aquele ombro amigo, aquele porto de abrigo que tantas vezes, muitos de nós sentimos necessidade. A realidade é que os tempos modernos baniram para muitos o conceito de família, de sentimos a necessidade de voltar àquela rua, àquele bairro onde crescemos e jogámos a bola, o sentir imperioso sentido de saudade de abraçar aqueles que são do nosso sangue. Afazeres profissionais, distâncias, novos interesses levam a que muitas famílias se não vejam e não convivam durante tempos que para alguns serão demasiado longos para outros nem por isso. Relacionamento é daquelas coisas que não tem receita, não existe formula certa ou secreta. Acontece muitas vezes fruto da educação recebida, outras nem por isso e desvanece-se como por milagre. Óbvio que tenho uma opinião muito pessoal sobre esta matéria, aqueles que me conhecem sabem que que aqueles que me são mais queridos, a minha mulher e os meus filhos são o meu suporte de vida a minha

inspiração para muitos dos meus atos e das minhas artes. Para mim família é importante... na minha família só entra quem eu quero e não quem se julga ser por direito ou por afinidade. Trouxemos a Família á discussão fotográfica nesta Phocal Photovisions deste mês frio de Novembro, um mês abraçado pelas cores lindas de Outono e por muitas atividades fotográficas, várias exposições, passeios fotográficos por aqui e por ai, e um muito interessante e importantíssimo Devaneios Fotográficos – Delírios & Utopias em 24 de Novembro que se realizará na Casa de Mozelos, aqui bem perto do Porto pela mão da Marta Ferreira. E mais uma vez a vossa Revista se prepara para mais um Número especial dedicado a um dia que envolve nada mais nada menos do que 100 Fotógrafos, dezenas de modelos, bailarinos e figurantes, no staff organizador uma equipa maravilha de 14 pessoas, imensa gente na produção, Make-up, Cabeleireiros, Estilistas, etc teremos Fernando Bagnola em mais um work shop sempre vivo de grande valor de aprendizagem e muita camaradagem, desta vez com todo o apoio da AFF – Material Fotográfico sempre dispostos a apoiar estas iniciativas, teremos Fetiches, Glamour e muito mais..... um dia inesquecível como podem calcular. Como sempre desejo-vos uma boa revista e voltando ao tema família, não se esqueçam de dizer á pessoa que amam..... que a amam

Tila Santos| “AVÓS E NETOS: UM AMOR INCONDICIONAL” | Nikon D500 | Nikon 18-55 | F4,2 1/32 ISO 3200

Phocal Phototovisions | 3


Carla Quelhas Lapa | Os

amores da minha vida

Paulo Dionísio | “Ways

4 | Phocal Phototovisions

of

| Nikon D3100 | Sigma 18-55mm |F5.0 ISO 450 1/200s

Faith” | Canon 450D | f/16 1/125 ISO: 100


imagens que inspiram

José Sobral | Família | Lisboa 2002 | Máq. HP | F4.6 1/294S ISO-100 Pedro Miguel | The

enchanted forest

| Canon 550 D | Sigma 55-200 | F/9 1/200

seg.

ISO 100

Phocal Phototovisions | 5


luciano magno

|

serra da estrela

Laura Sarmento| Uma

6 | Phocal Phototovisions

tarde de

M達e

e

|

nikon d60

|

sigma

18/200mm

F9 1/1320s ISO100

Filho |Pentax 20 |Pentax 28-70 - F6,7 1/125 ISO 100


Pedro Sarmento |

serra da estrela

5

amores

| Sony DSC-H2 | F8 1/1320s ISO100

Graรงa Quaresma | |

Helena Teixeira | Que

se passa

nikon-d80| nikon

18-70mm | F4 1/60 ISO 400

Mรฃe | Canon EOS 1000D | Canon 18/200 | F5,6 1/60 ISO 100 Phocal Phototovisions | 7


Graça Quaresma |1º Banho |

nikon-d80| nikon

18-70mm |

F5 1/60 ISo 800

Etã Sobal Costa| De mãos dadas | Nikon D60 | Nikon 18-55mm | ISO 100 F/8 1/160

8 | Phocal Phototovisions


Phocal Phototovisions | 9

Pedro Sarmento | As minhas Marietas | Pentax K5 | Tamron 70-200 F2,8 | F4.5 1/90 ISO 400


delírios & utupias

MARTA FERREIRA mf@mfotografia.com

Todas

|

Nos tempos que correm ter uma família como apoio emocional, financeiro e moral é mais do que o euro milhões... Sempre que me ligam para marcarem fotos em família o meu sorriso abre-se e a cara torna-se maior, adoro ver a cumplicidade entre famílias, os filhos a brincar com os pais, os pais a tentarem não se mostrar nervosos e stressados a minha frente e as gargalhadas... bem as gargalhadas soam a anos de felicidade em conjunto. Ter uma família em estúdio é sempre uma hora de gargalhadas e de boa disposição, sejam eles grandes, pequenos meninas ou meninos... o que importa é que estão ali todos para o mesmo e conseguir fazer “poses” e sorrirem todos ao mesmo tempo, é algo mágico! Vou partilhar convosco algumas fotos de famílias “perfeitas” que nos fazem olhar e dizer... também quero uma família assim para mim !!!

10 | Phocal Phototovisions

– PORTUGAL

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O que é uma família senão o mais admirável dos governos? Henri Lacordaire

Beijos fotográficos Marta Ferreira

valongo

https://www.facebook.com/mf.mfotografia

| www.mfotografia.com © Marta Ferreira


Phocal Phototovisions | 11


12 | Phocal Phototovisions


Phocal Phototovisions | 13


fotografias escritas

RODRIGO BELAVISTA lisboa

– Portugal

aminhacaixademail@gmail.com| https://www.facebook.com/ruimaosdecenoura

Todas

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- © Rodrigo Belavista

Razão de ser Vinte e um de abril de um ano qualquer. Fim de tarde de um dia de aparência normal, sentado nos meus infinitos erros, respiro o bulício que de fora me invade, distraio o olhar por entre árvores, verdes pequenas e verdes grandes, candeeiros girafa semeados na calçada e o passar de caixas de fósforos com quatro rodas que transportam pessoas, como eu e como tu. E isto de escrever tem que se lhe diga, tantas vezes o desejamos. Tantas outras o frustramos. Estou a pouco mais de cem quilómetros do teu cheiro, a oitenta minutos do teu sorriso e vejo-te como se aqui estivesses ou, no agradável contrário, eu por aí aparecesse. Vejo-te a rir, a apontar, a cantar o ‘Parabéns a você’ na tua mais genuína coreografia, cantando com tanto entusiasmo como se outro menino também hoje celebrasse; Vejo a avalanche de beijos da tua mãe, os abraços que dás aos teus avós; Vejo a dança com que abrilhantas as músicas do rádio que invadem o carro, vejo as corridas com que desafias o alcatrão, a pé ou montado na aventura de uma moto Disney, uma bicicleta colorida ou um carrinho a combustível musical; Vejo-te a querer comer de talher em punho, na decisão de quem o já pretende fazer como os demais; Vejo-te a negar a mudança da fralda, porque agora aprendeste a palavra não e não mais a gostarias de largar; Vejote a transportar a sacola com mil animais, que colocas ordeiramente para, logo após, lhes destruíres o lugar; Vejo-te com o balde do Lego enfiado na cabeça, quando as peças já foram semeadas pelo espaço destinado a elas e outras demais; Vejo-te aos pulos, a pedir colo e, na ginástica de quem é grande e te envolve nos braços, vejo-te também a pedir ‘mais’, nesse teu jeito que desarma o não e arruma a questão, oferecendo-te mais e mais e mais; Vejo-te sempre a rir, olhar brilhante nesses globos pureza, aos pinotes porque sim e agarrado a tudo onde não possas mexer e desinteressado pelos pequenos plásticos que teimam em te oferecer; Vejo-te os caracóis, soltos, rebeldes, numa cabeça que não para e vejo-te a cair, a levantar, a cair, a levantar, a cair, a levantar e naquele nunca acabar de rir, intervalado a chorar; Vejo-te do tamanho de um duende, arcado andar feito gente graúda e a cumprimentar, de mão estendida, todos os que te falam, na Praça, onde corres sem fim, a mesma onde existe o café que serve gelados e tem maquinetas com bolas surpresa e, melhor que tudo isto, também lá aparecem outros meninos de tamanho aproximado ao teu medir; Vejo-te pasmado a olhar para eles, na construção imediata de uma urgente amizade e também te vejo a bater palmas, palminhas, todas embrulhadinhas no teu mais ingénuo querer; Vejo os pontapés com que assustas a mais pequena das bolas saltitantes e vejo-te no medo de não conseguires descer daquele parapeito, feito para gigantes; Vejo os teus banhos, onde engoles a água do chuveiro e as tropelias na nudez de quem assim tão bem se sente; Vejo-te a mirar o reflexo no espelho, em conversas estrangeiras 14 | Phocal Phototovisions

no telefone, na mesa do almoço em que comer é uma festa explosiva e também te vejo a apontar, dedo em riste, direccionado ao teu mais singelo gostar; Vejo-te no jogo de beijar a testa da tua mãe, dos teus avós, vejo e sinto os que me deixas gostosamente molhados acima das sobrancelhas; Vejo-te a dançar, no abanar de ancas e braços que provocam sorrisos, palmas, palminhas e dizeres de boca pequena, porque tu és pequeno, mas um enorme bailarino. Vejo tudo isto e muito mais. Quando me encontro contigo sei que me chamas pelo nome e eu chamo o teu, na igualdade. E, quando me abraças e beijas, por tudo o que de longe eu vejo, acabo por me perder e, no teu cheiro e no teu toque, é aí que deixo de ver. Vinte e um de abril de um ano qualquer. Tanto é o que vejo que quero ver muito mais. (ao meu sobrinho)


A trincheira da felicidade O vento junta, o vento separa. Quantos grãos de areia serão necessários para erigir uma fortaleza, um castelo blindado que vos proteja do presente amaciado, que esconde o amargo fardo de o ser, ainda que leves sejam as folhas que já se não veem cair? Entrincheirado, escondo a pele das escaldantes línguas de sol, ponho-me a jeito para vos admirar. Uma admiração sem fim. Ela, balde na mão e um curvar atarefado, ele numa nuvem de algodão que não se vê e o transporta ao reino da fantasia, onde cada fatia de areia molhada é um pretexto para uma moradia. Castelos feitos de quase nada e que duram tanto tempo quanto o desejo de os manter erguidos. Depois, essas tuas mãos pequenas e curiosas, abatem o momento, para se iniciar um novo ciclo. De novo o balde na mão, em busca da mansidão da água e do sal, que farão betão e – outra vez – trará brilho ao seu olhar. Curiosa, a figura estática, que se admira com aquele milagre da gravidade, em que um bilião de grãos de areia se torna uma ínfima e erigida eternidade. O vento, alheio a tais construções umbilicais, tudo varre. Ora juntando, ora separando aqueles milhões de irmãos que teimosamente se juntam e reveem, na viagem da vontade soprada, também no inútil resistir a uma força sem igual, ao capricho de algo que se sente mas não se enxerga. Porque o vento é assim, forte, poderoso, mas não revela o rosto, é personagem selvagem nunca antes fotografada. Os baldes que se repetem, no desperdício da água pelo caminho, nascem da cor dos olhos de uma criança, alimentam-se dos seus sonhos. E a areia, tornada molhada, deixa-se moldar a cada dedo apontado. É ali, diz do alto do palmo e meio. E de novo acolá, sempre perfeito, este projecto pioneiro. O vento junta o infinito, a areia toda do mundo; O vento desmancha, separa-lhe os grãos irmãos e consegue deixar numa criança um olhar mais húmido. A tudo isto respondem os baldes, a água que eles transportam, os braços que tudo carregam e o coração de mãe, ancorado ao mais perfeito desejo de um menino ansioso, ambicioso no apontar dos projectos que um decidido indicador lhe empresta. O vento junta e separa. O amor une e cuida. E, por mais baldes que ela tenha que ir buscar ou maior seja a inesperada ventania, nada os separa, nada os afasta. Por detrás desta minha trincheira ouço risos e correrias, palavras doces e gritarias. Diria que é a mais bonita das trincheiras, a única de onde se assistem a sucessivos assaltos de uma interminável festa. (á irmã e ao sobrinho)

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Boca de sabão Acordas e tens as mãos cheias. Tens a vida toda engomadinha, à espera de ser pendurada nas horas que a crucificam. Beijas o filho no verbo amar, fazes lembrar o amável frio de uma manhã de outubro. Na escarpa dos dias tornas-te alpinista e baloiças, destemida, por entre ravinas, coisas pequeninas que te assaltam aos poucos e, num repente de loucos, te trazem de volta ao mundo. Tens amor para dar, suor para lamber, carne disposta ao remoer do premente gastar. Quando acordas, mãos cheias de vida e uma esplanada fresca no olhar, namoras a vida no seu gasto chão. Parecem horas contadas, aquelas que passas na entrega. Um bombear incansável num musculoso coração. Mãos despejadas na meta cumprida, descansas. E lembras ao teu peito, nesse menino jeito, que folgas o tempo em bolas de sabão. (á minha irmã)

16 | Phocal Phototovisions


A equilibrada leveza do teu peso O antes é um trapo, enxovalhado, esquecido a um canto. Não é o cantar dos feitos que nos alimenta os dias. Agora, na tua presença, o que importam os resultados das contendas e as cores que garriram as batalhas? Depois de ti a pele aveludou e o s g e s t o s f u i b u s c á - l o s a o esquecido ninho dos carinhos, na velha árvore ternura. Próximo ou na lonjura, estou ao pé de ti. (ao meu sobrinho)


JOSÉ CRUZ Aveiro – Portugal http://www.facebook.com/JoseCruzFotografia

Todas

|

estudiocruz@estudiocruz.com| www.estudiocruz.com

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- © José Cruz

José Cruz, nasceu em 1973 em Aveiro, neto e filho de fotógrafos, cresceu no mundo da fotografia analógica. Aos 23 anos de idade especializou-se na fotografia de Retrato. Actualmente é fotografo especialista em Retrato pela Associação de Fotógrafos Profissionais de Portugal (AFPP) e fotógrafo europeu qualificado pela Federação Europeia de Fotógrafos (FEP). Desenvolve a sua paixão pela fotografia através dos retratos de recém nascidos e de família.

José Cruz como é que a fotografia começa a preencher a tua vida, tiveste influencias, foi uma paixão que apareceu? Nasci na fotografia, o meu pai já era fotografo, tenho uma ideia muito clara do “quarto escuro”, assim era chamado o então laboratório preto e branco. És uma pessoa com formação em fotografia a vários níveis. Achas que formação por si só basta para ser bom fotógrafo? Não, já fiz muita formação na área da fotografia, mas, os melhores resultados só apareceram depois de uma conexão com o meu “Eu” interior. Além de fotografar também dás alguma formação. És uma pessoa que sente necessidade de partilhar conhecimento ? Sim, preciso mesmo muito de partilhar.

Simão 18 | Phocal Phototovisions

O tema da Phocal deste mês “Família” , tu és uma pessoa que estás completamente virado para o tema, inclusive anuncias ser especializado em recém-nascidos. Porquê a decisão dos bebés? Porque conseguimos fotografar um “Ser Puro”, fico sempre com uma satisfação enorme depois de fotografar um bebe recém nascido, é algo único!!! Como é que decorre uma das tuas sessões de bebés? São momento delicados? São inesquecíveis?? Muito delicados, são momentos de uma ternura e de uma emoção inexplicável. As tuas sessões fotográficas são um trabalho de equipa, trabalhas com a tua mulher que te ajuda muito e que também é responsável pela criatividade, sem ela não seria a mesma coisa? Aquele toque feminino é importante?


Pedro Sim, de facto o projecto que estamos a desenvolver com recém nascidos sem a Paula não seria a mesma coisa, ela é a responsável por acalmar o bebe pela execução dos cenários e pela pose, o toque feminino é muito importante. Já te aconteceu não conseguires terminar o teu trabalho porque o bebé o não permitiu, tens alguma história engraçada para partilhar? Sim, no inicio foi um pouco complicado!!!! Tivemos um bebe que ao fim de quatro horas de choro nos fez desistir. Foi a partir desse mesmo momento que percebemos a dificuldade de fotografar recém nascidos, e foi realmente a partir dessa altura que percebemos que era mesmo aquilo que queríamos fotografar!!!! Em termos de equipamento, sei que és um utilizador Hasselblad, para o teu trabalho o médio formato é essencial? Para mim é. Sempre fui utilizador Hasselblad, gosto bastante da qualidade de imagem que consigo alcançar com o médio formato. Como é para ti depois de fotografares um bebé, fazeres o tratamento digital da fotografia. É mais um momento emocionante? To d o o p r o c e s s o é f e i t o p o r n ó s e é r e a l m e n t e emocionante ver as imagens a ganhar vida no papel, como aliás, já era no tempo do “quarto escuro”!!! Quando uns pais te confiam um recém nascido para uma sessão, como é? Eles ficam tipo pai coruja a

vigiar, deixam-te trabalhar ou gostam de participar e dar opiniões? Atingimos neste momento um patamar onde os pais confiam totalmente em nós e depositam em nós toda a responsabilidade na execução do trabalho, o que eles querem realmente, é ficar com o registo digno do momento que estão a viver para toda a vida. Como é que vês o panorama fotográfico nacional, achas que temos bons valores ? Segues o trabalho de outros fotógrafos ou seja és uma pessoa atenta ao que te rodeia? Temos muita qualidade fotográfica em Portugal. Estou atento ao que me rodeia, tento inovar e ser criativo. Voltando ainda á fotografia e ao teu trabalho, cada sessão é uma sessão diferente, ou consegues ter uma linha de rumo que tentas não fugir porque é essa linha que te oferece resultados? Tentamos sempre que possível fazer coisas diferentes, embora, sempre com o nosso estilo. Os resultados aparecem sempre, porque estamos a fazer algo que realmente nos diz muito. Tens trabalhos de rara beleza e que muitos já conhecem outros ficarão a conhecer também via Phocal Photovisions. Já fizeste exposições desses trabalhos? É algo que tenhas ideia de programar para o futuro? Ainda não fiz nenhuma exposição, pondero fazê-lo. Temos alguns pedidos para utilização das nossas imagens, neste momento estou a ponderar algumas situações…. Phocal Phototovisions | 19


Lara 20 | Phocal Phototovisions


Phocal Phototovisions | 21


Obrigado pela tua participação na Phocal Photovisions de Novembro, claro não te vou pedir que nos digas que bebé te deu mais gozo fotografar, mas haveria um bebé que tu não gostasses de perder a oportunidade de fotografar,

Vasco Iris

22 | Phocal Phototovisions

e por exemplo terias um local especial para fazer essa foto? Todos os recém nascidos nos dão muito prazer ao fotografar, e todos eles têm a sua magia, cada vez desfrutamos mais do trabalho que estamos a desenvolver!!!


Afonso & Dinis Matilde

Phocal Phototovisions | 23


Sim達o 24 | Phocal Phototovisions


Phocal Phototovisions | 25


Vasco

Rui

26 | Phocal Phototovisions


Lucas IrĂ­s

Phocal Phototovisions | 27


INÊS GONÇALVES Valongo – Portugal cantinhodafotografia2010@gmail.com| https://www.facebook.com/Cantinhodafotografia

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- © Inês Gonçalves

Inês Gonçalves tem quase 36 anos, é casada e mãe de 2 crianças maravilhosas, uma menina de 7 anos e um menino de 3. É licenciada em Relações Internacionais, e possui ainda um curso de Personal Trainer (outra paixão grande) área onde trabalhou 10 anos, até que “apareceu” a fotografia na sua vida… Inês a fotografia aparece na tua vida como? Tiveste influencias, foi um amor repentino, como é que aconteceu? A fotografia aparece na minha vida de uma forma muito natural. Primeiro com uma máquina analógica e depois com as digitais. Lembro-me de pedir uma máquina digital como prenda de anos e desde então andava sempre de máquina na mão. A partir de que altura decidiste enveredar pelo profissionalismo e fazer apenas fotografia? Não houve uma altura especifica, ainda hoje me custa assumir como fotografa “profissional”, nunca me passou pela cabeça que a fotografia iria entrar na minha vida de uma forma tão intensa, como um “trabalho” full-time. Começou quase como uma brincadeira e, felizmente, tornou-se na minha profissão. Dentro das muitas vertentes que a fotografia têm optaste pela Família, que é o tema da Phocal deste mês.... és uma pessoa muito ligada à família e captar esses momentos é muito importante para ti??

Sempre fui extremamente ligada à família e com o nascimento dos meus filhos esse sentimento ainda ficou mais vincado. Vai parecer um cliché mas são eles que me inspiram, e tento captar nas famílias o sentimento que tenho em relação aos meus, uma amor puro e verdadeiro. Sobre este trabalho para a Phocal, que anda á volta do principio da vida.... a gravidez, como é que é uma sessão contigo, é um momento divertido, as futuras mamãs são modelos muito ansiosos?? Eu sou suspeita em falar, mas penso que uma sessão comigo é descontraída e animada. 99% das mamãs ,antes de começar a sessão, me diz que não tem jeito para tirar fotografias ou até mesmo que não gostam ou se sentem à vontade. Os papás, alguns deles (grande parte) se pudesse nem ia à sessão só para não ter que tirar fotos, mas o que acaba por acontecer é que as mamãs acabam por se revelar verdadeiras modelos, algumas delas eu nem preciso de dizer nada porque naturalmente vão mudando de pose, os papás após as primeiras fotos até me perguntam quando os chamo novamente para tirarem mais. Acho que é um momento de muita descontracção e também de muita partilha e conversa. Geralmente no fim ouço sempre qualquer coisa como “já está? pensei que fosse muito mais difícil”. Quando planeias um sessão fotográfica, és rígida na forma como a pensaste tens na cabeça um plano que gostas de cumprir? Não sou nada rígida, nem planeio muito. Gosto de chegar ao local e procurar pela “luz”. A minha prioridade em termos técnicos é a luz, adoro uma boa luz, de resto conforme vamos caminhando durante a sessão se vir algum local que me chame à atenção digo “vamos parar aqui” e as coisas acontecem naturalmente. Quando espreitamos a tua mochila, que equipamento te acompanha nas tuas sessões? Pouca coisa, não gosto de complicar. A minha Nikon D700 (brevemente será uma D800), uma Nikkor 50mm 1.4, Nikkor 85mm 1.8 e uma 24-70mm 2.8. És uma pessoa muito obcecada pela tecnologia, tentas manter-te atualizada ou dás mais importância á tua forma de olhar do que ao Equipamento? Nada. Bem pelo contrário, embora ache que o equipamento ajuda, principalmente na qualidade da foto, mas se não soubermos manusear bem esse equipamento de nada nos adianta.

28 | Phocal Phototovisions

Tiveste algum tipo de formação em fotografia, achas que a formação não é o mais importante ou recomendas vivamente que quem começa agora o faça? Não. Sou uma autodidacta. Pela minha experiência enquanto autodidacta, o mais importante é conhecer bem o material com que se trabalha, ler muito sobre


as bases da fotografia e depois dar asas à imaginação. O conhecimento e aprendizagem nunca são demais, mas no meu caso nunca senti falta de uma formação especifica. Tento trocar ideias e aprender com os meus fotógrafos de referência (o que nem sempre é fácil) e como já disse, leio muito e vou experimentando. Voltando á tua fotografia, tens casos de pessoas que acompanhas ao longo do tempo, ou seja fotografas a futura mamã, o bebé e mais tarde em ambiente familiar? Acho que 90% das mamãs que fotografei acabei por de alguma forma acompanhar os crescimento do bebé, desde a sessão de recém-nascido, passando pelo baptizado e depois por sessões que as mamãs vão fazendo acompanhando o crescimento dos seus bebés. Qual é a sensação se quando vês chegar um bebé que já tinhas fotografado ainda no ventre da mãe? Acredito que como Mãe que também és seja um momento especial? É uma sensação fantástica porque faço sempre a ligação da barriga da mamã que fotografei semanas antes ao bebé que conheço naquele momento e penso “como é possível ser este bebé que estava dentro daquela barriguinha? A natureza é maravilhosa”. És uma pessoa que em temos profissionais, tentas estar atenta ao que se passa à tua volta? Segues o trabalho de outros colegas quer portugueses quer estrangeiros? Sim, vou estando atenta, gosto de ver outros trabal-

hos, perceber como trabalham, o que “nos” distingue… Sem querer desvalorizar o trabalhos dos meus colegas portugueses, até porque há alguns que eu aprecio muito a fotografia que fazem, os verdadeiros “impulsionadores” desta minha aventura foram fotografas americanas e australianas. Aquela que me fez apaixonar e que influencia o meu tipo de edição eu acompanho-a há mais de 7 anos, muito antes de sequer pensar em me aventurar na fotografia. Nesta tua área, nota-se uma evolução muito grande em termos de criatividade, ou seja aquela velha foto do menino nu em cima duma almofada de 1950 já era, a criatividade marca a escolha de um fotógrafo em detrimento de outro ? Sim, definitivamente. Existe uma guerra muito grande, nomeadamente de preços neste mercado da fotografia de família? É um mercado muito competitivo? Bem “guerra” não digo, porque felizmente nunca senti isso, mas competitividade há, como em todo o lado e cada vez mais, mas é isso que nos faz evoluir e crescer. Como vês o futuro da fotografia em Portugal com o aparecimento do digital e por via disso de inúmeros “novos fotógrafos”? É uma questão complicada, porque no fundo foi assim que comecei, se não fosse assim provavelmente não estaria onde estou hoje, por isso é uma oportunidade ao alcance de qualquer um. Phocal Phototovisions | 29


Agora, tem uma outra parte menos favorável que hoje em dia qualquer pessoa que goste de fotografia e tenha uma máquina DSLR já se considera “fotografo”, e infelizmente, ou felizmente as coisas não são assim tão lineares. E claro, há bons fotógrafos e há trabalhos muito pouco profissionais. Inês queria terminar agradecendo a tua colaboração neste Nº 11 da Phocal Photovisions, e aproveitar para saber aquilo que te vai na alma e no coração, tens projetos e sonhos que pretendas ver concretizados em termos fotográficos? 30 | Phocal Phototovisions

Sinceramente não sou muito de fazer projectos. Como todo este caminho tem acontecido tão naturalmente, tão gradual, eu vou-me apenas esforçando para ser cada vez melhor no que faço, aprender novas técnicas e ser feliz fazendo aquilo que adoro fazer, principalmente ao nível dos “meus” bebés. O que me vai na alma e no coração… uma gratidão profunda por tudo o que tenho vindo a alcançar, pelo reconhecimento (inesperado) que tenho, pela confiança que as pessoas depositam em mim e por estas oportunidades que jamais em tempo algum eu imaginaria ter. Por isso é que eu não faço projectos, porque eles me vão surgindo e eu agradeço, como agradeço a ti por esta oportunidade.


Phocal Phototovisions | 31


32 | Phocal Phototovisions


Phocal Phototovisions | 33


SARA CONSTANÇA Lisboa – Portugal info@saraconstanca.pt

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Sara Constança nasce em Aveiro, em 1971. Vive e trabalha em Lisboa. Começa a fotografar cedo mas é nos finais de oitenta que se dedica a tempo inteiro. Faz os cursos de fotografia da António Arroio e do Ar.Co, onde desenvolve primeiro a técnica e depois a arte, a poética e a estética. Torna-se profissional a tempo inteiro em 1993 e trabalha em muitas áreas diferentes da fotografia, enquanto desenvolve os seus projectos de arte em paralelo. Ao mesmo tempo ensina a sua disciplina, tanto no liceu, como na universidade. Faz o curso de filosofia da Universidade Nova, onde vai adquirir melhor as ferramentas necessárias ao seu pensamento. Sara desenvolve diversos projectos, tanto pelas novas tecnologias, como pelas dos primórdios da fotografia. Em 2010, depois de uma longa e variada carreira profissional, decide juntar a fotografia social ao espólio do seu trabalho, no qual a fotografia de família e a festa do casamento têm sido uma experiência interessante. És uma mulher ligada às artes, diria eu até, que emocionalmente. Essa tua paixão pelas artes e pela fotografia como é que apareceu? Boa pergunta… é uma daquelas coisas que nem eu sei. Deve ter a ver com um certo tipo de sensibilidade que me leva a olhar para o mundo com um olhar particular, sempre novo. Inconformidade? Talvez... Mas não basta, porque há disciplinas criativas e inconformadas que não têm obrigatoriamente a ver com as artes, como a ciência ou a filosofia. O que te posso dizer é que ainda antes de o saber já tinha tendência para ver as coisas de um certo ângulo, de-compor as vistas à medida que nelas mergulhava. Percebi que eu era assim quando descobri que nem todos eram. E não consigo estar muito tempo sem criar coisas, é uma necessidade que sempre tive... seja imagens, sons, palavras. Podemos ser objectores de consciência em relação ao acordo ortográfico? Quando te iniciaste na fotografia o analógico era o sistema da altura. Achas importante ter passado essa fase para o teu crescimento como fotógrafa? Trabalhei mais de 15 anos sempre só com película e nunca permiti que me revelassem um filme P&B. Essa autonomia é muito importante! Resisti muito à transição para o digital e de certa forma estou lá como se continuasse com película, a revelar, imprimir, etc., tal como sempre fiz. Disparo RAW e processo todas as fotografias uma por uma, seja qual for o projecto. A película nunca deixou de fazer parte do meu trabalho, e com o advento do digital acabei por me voltar mais para os primórdios das técnicas fotográficas. Tinha de me desdobrar para ambos os lados. És uma fotógrafa informada quanto ao trabalho de outros profissionais, tens a preocupação de acompanhar o mercado nesse aspecto? Tenho pouco tempo disponível para acompanhar tudo o que de bom se faz por cá e lá fora, de forma que espreito só muito esporadicamente o trabalho de outros profissionais “do mercado”. E como sempre estive voltada para as artes — essa é a minha formação — tenho uma certa tendência para seguir mais o trabalho de artistas que usam, ou não, fotografia. Têm surgido trabalhos muito interessantes. Tens fotógrafos que cujo trabalho tenham influenciado na tua forma de ver a fotografia e de registares aquilo que te rodeia? Sim, muitas referências, tantas que não cabe aqui expôlas, mas só algumas são da fotografia. Como te dizia as minhas influências vêm sobretudo do mundo das artes em geral e muito da poesia. Poesia e filosofia. 34 | Phocal Phototovisions

Em relação ao assunto que me trás a esta edição da Phocus, a Família, posso dizer que há presenças fortes como a do Joseph Koudelka, na forma como ele se aproxima dos seus sujeitos, ou a da paciência do Jeff Ascough para esperar pelos momentos mais genuínos. Fizeram-me achar que o casamento podia ser interessante. Por outro lado evito, tal como sempre evitei, andar a ver outros trabalhos de área criativa idêntica aos que desenvolvo nesse momento, porque gosto de me manter livre para a inspiração pura. É muito fácil cair na repetição e mais fácil ainda fazer cópias. O plágio é útil como exercício para aprender a fazer ou para criar a ilusão do marketing, mas nunca como trabalho de autor. É mesmo preciso ter muito cuidado com aquilo de que nos servimos para alimento. Como vês o panorama actual da fotografia com o aparecimento em força do digital. Achas que a fotografia ganhou ou perdeu com o “boom” de máquinas que inundam as nossas ruas? O paradigma mudou. Hoje somos testemunhas de duas grandes viragens: Primeiro a libertação da pintura, enquanto esta se viu livre da representação literal dos seus assuntos no advento da fotografia, e a seguir a libertação definitiva da fotografia para o mundo dos possíveis imaginários, com possibilidades quase ilimitadas de pós-processamento. A fotografia acabou por reaproximar-se da pintura. Hoje basta ter uma máquina e um computador para se fazer quase tudo, ou melhor, basta ter um smartphone. Mas isso não é necessariamente mau. Como fotógrafa acho interessante que todas as pessoas desenvolvam a sua “percepção fotográfica”. Este é um assunto muito complexo que tenho vindo a trabalhar para um dia tornar-se texto numa abordagem própria da filosofia. Falando do equipamento, começaste com uma Nikon analógica, e agora? És uma pessoa dependente da tecnologia, trocas de equipamentos com frequência, o que é que podemos encontrar na tua mochila? Na verdade, comecei com os olhos e assim continuo. O equipamento é importante mas são os olhos que fazem a fotografia. Os olhos de vidro vêm depois para tentar reproduzir o que se desvelou perante os olhos da alma. Na minha mochila encontras só o essencial para cada situação. A primeira máquina que usei foi a Olympus OM do meu tio, depois uma Leica M5 emprestada quando decidi fazer o curso e comprei uma Praktica MTL5 já na António


Arroio. A Nikon FM2 veio no fim do curso com os primeiros trabalhos em meados de 90. Depois disso trabalhei com muitos formatos dos quais destaco a Pentax 67, que usei muito em exteriores, e a Sinar F, no estúdio, de 1999 em diante com o primeiro back da Phase One. Uso uma D3S mas perfiro andar com a D700 e confesso que estou curiosa com a D800E. O equipamento de primeira linha é muito pesado para a mochila. Nunca gostei de zooms e durante 15 anos fiz tudo com focais fixas, mas acabei por ceder à versatilidade das variáveis assim que me envolvi com a fotografia social. A determinada altura decides optar pelo profissionalismo, e nessa área abarcas não só a fotografia como profissão, mas também o ensino da fotografia. Foi um percurso pensado ou foi uma daquelas oportunidades que não se devem perder? Foi um percurso natural. Gosto de ajudar sempre que posso e o ensino assentou-me como uma luva. No meu último ano, a António Arroio estava a organizar workshops das seis oficinas para os alunos da via de ensino e eu fui convidada a leccionar o de fotografia. Uma oportunidade que se deveu ao professor da cadeira não estar disponível. Foi muito bom! Ainda antes de terminar o workshop surgiu o convite para dar aulas na Bento de Jesus Caraça, e assim começaram o que seriam 10 anos de ensino a culminar nas Belas Artes. O ensino foi sempre muito importante para mim, é um exercício que me é natural e é uma tradição que vem do lado da minha mãe. Mas é preciso perceber que ensinar não é possível, só é possível aprender e é aprendendo com os alunos que se dá a aprendizagem. A tua experiência como fotógrafa é grande já, que tipo de projectos é que não te apaixonam, ou que definitivamente dirias não?

Todas as coisas têm o seu apelo e magia. Durante os muitos anos de vida profissional, nunca imaginei que viesse um dia a fazer casamentos e a verdade é que me bastou fazer primeiro, em 2010, para romper com o preconceito. Não me imagino a fazer coisas que vão contra os meus princípios, i.e., paparazzi. Em 1995 propuseram-me integrar a equipa da revista Caras antes do seu lançamento e cheguei a fazer um trabalho para lhes mostrar o que faria. Gostaram e quiseram publicar e contratar-me, mas como tinha de fazer algumas coisas que íam contra o que acredito, declinei. Também surgiram oportunidades no fotojornalismo, e.g., Bósnia, só que eu nunca me identifiquei com a fotografia rápida e não queria ir para a guerra. Gosto da grande reportagem, com o tempo da demora. Depois, para mim, a fotografia é muito mais que o “momento decisivo”, que é fundamental, mas a maior parte do trabalho vem depois. No laboratório queria sempre fazer a impressão perfeita. O digital só me acelerou o processo. Digo não a largar o perfeccionismo. Quando fotografas, quando idealizas um projecto e chega a hora de registar em imagem aquilo que foi o teu pensamento, qual é a principal preocupação que tens? Ser o mais fiel possível aos meus olhos. Sou uma visionária: vejo a fotografia já concluída e depois faço-a. Para isso conto com elevado rigor técnico e uma grande dose de poesia, mas estou sempre livre. Não me perturba nada descobrir que a visão estava incompleta. Tenho uma atração muito forte pelo que é genuino, todavia também encontro verdades improváveis. A linha é muito ténue como nos mostra bem Jeff Wall. Não me interesso muito pela procura, prefiro a prática da atenção para ser capaz de encontrar. Acho que fui abençoada com a sorte de conseguir ser uma descobridora de tesouros. Phocal Phototovisions | 35


A determinada altura da tua vida, decidiste começar a fazer fotografia de casamento, foi uma experiência que te marcou ao ponto de não mais a deixares? Bem… ainda agora acabei de chegar ao casamento, só tenho dois anos completos, mas não sinto que vá deixar de o fazer tão cedo. A tendência é fazer menos e melhor, esse é o meu caminho, e assim fico com tempo para outros projectos, tão importantes para me manter viva. Gosto de festa e de alegria. O casamento é uma elegia à celebração da felicidade. Como é para ti pensar um casamento? Quando as pessoas te escolhem como fotógrafa aceitam bem as tuas ideias para um momento tão importante? Tudo começa com a criação duma relação de amizade. Tem de ser assim para se conseguir a intimidade e empatia e necessárias a este tipo de trabalho. Aprendi isso com o Koudelka, há que conhecer bem as pessoas e tê-las à vontade antes de começar a fotografá-las. Depois o trabalho acaba por ser uma co-criação e eu nunca faço duas vezes a mesma coisa. Os noivos que vêm ter comigo procuram a artista, é muito raro chegar a fazer uma reunião com alguém que não tenha já uma boa noção do que faço. Também faço questão que o saibam bem, cada reunião é quase um workshop intensivo de fotografia no meio de muita conversa. Se ao fim de umas horas não há empatia e o início de uma amizade não vale a pena avançar. Quem conhece o teu trabalho percebe que procuras um resultado diferente do habitual. Utilizas perspectivas alternativas, valorizas detalhes e jogas muito bem com a luz, achas que é um dos factores de sucesso a capacidade de se oferecer um produto final diferente?

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Depende do que se tem por sucesso: se for o sucesso comercial não mas se for o sucesso criativo sim. Prefiro orientar o meu trabalho para os resultados e não para o comércio. A luz é muito importante, pode quase dizer-se que a luz é o mais importante e é por isso que me recuso a usar flash na maioria das situações, prefiro luz natural e ambiente. Mas não é aí que está a diferença. A diferença está, sobretudo, em não procurar. O meu processo criativo está ligado ao encontro na abertura e o que faço surge sempre na relação que se estabelece, é sempre diferente porque ninguém é igual. Mas é preciso mergulhar de cabeça sem fazer salpicar gotas. Fotografar um momento importante na vida de uma pessoa é difícil e delicado, porque é muito fácil cair na reportagem da nossa relação com o evento e não do próprio evento em si. Temos de deixar acontecer e prestar muita atenção ao que acontece, porque mesmo os eventos menos animados estão carregados de oportunidades fotogénicas interessantes. Depois vem a inspiração, que eu vou buscar sempre fora do casamento e fora da fotografia. Além dos casamentos, gostas de abraçar outros projectos, és uma pessoa tipicamente virada para as artes, de diversas formas de expressão, mas em que a fotografia é sempre uma constante. Que projectos tens em mente? Tenho muitos, mas ando sem tempo. Tenho de começar a fazer menos casamentos, o ideal seria uns seis por ano, mas ainda falta para chegar lá. Estamos em crise. Para além das artes plásticas, gosto de ler, investigar, pensar e pôr ideias no papel. Volta e meia escrevo um texto mais denso, como a Planódia, publicado no fim de 2010. Poesia! Poesia não só no que faço mas também da que está nas palavras. Dança e música! Danço no chão com os pés e danço no tambor com as mãos.


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És uma pessoa que gosta de mostrar o seu trabalho ao público, tens feito exposições, participado em outro tipo de eventos? Ora aí está uma pergunta que me podia pôr para aqui a falar até ao fim deste artigo. Mas o leitor está mais interessado em ter experiências visuais. Sempre tive grandes reticências em relação a exposições, mas não por causa da exposição em si e sim por tudo o que a rodeia. A meio de 1990 cheguei a conceber e executar um projecto de exposição discreta/directa para o sujeito de cada trabalho, sem autorias ou curadorias. A ideia era experimentar o não-ego que está numa exposição dirigida a cada sujeito em que a autora nunca chega a estar presente e perceber na pele como o que interessa numa exposição é a experiência estética de quem a vive e não o autor. O importante é que se faça bem, não quem o faz. Foi revelador! Em 2005 dois artistas companheiros de aventura conseguiram convencer-me e fizemos uma grande exposição para a Faro Capital da Cultura.

fazer impressões de albuminas em ampliador a partir do 35mm, algo que os grandes da fotografia em Portugal me diziam não ser possível, ninguém o tinha feito, mas eu fui teimosa e depois de meses de testes e alterações ao equipamento consegui ter bons resultados. Criei uma máquina que me permitia ampliar os rolos de Technical Pan e TMAX3200, disparados no deserto com a Nikon FM2, dia e noite, em papel albuminado. Durante dois anos imprimi cerca de 100 fotografias. Um processo de impressão longo e demorado, tal como a investigação sobre o desenho e a demora no lugar da individuação, que resulta numa média de 50 horas por fotografia, com a impressão mais demorada a durar 72 horas. Por piada chamei-lhe slow photography em homenagem ao movimento slow food que conheci em Palermo uns anos antes. Há uns meses resolvi imaginar um livro, as 100 — a curadoria da exposição escolheu 70 — agora acompanhadas de texto com estórias vividas e poetadas. E quem sabe algo mais.

Para terminar, sei que realizaste uma viagem ao deserto Marroquino que te marcou e de onde sai um outro projecto fotográfico e editorial? O que nos podes dizer sobre isso? Foi dessa viagem a Marrocos que surgiu o material físico e espiritual para a tal exposição de 2005. Fizemos a viagem ao deserto em 2002 e eu estive interruptamente a trabalhar nesse projecto quase três anos. Resolvi

Mais que a inspiração, estou interessada na expiração, porque é nela que tudo se abre.

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NUNO PALHA Paço D’Arcos – Portugal nunopalha@gmail.com

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http://www.nunopalhacasamentos.com/ - © Nuno Palha

Nuno Palha nasceu em Lisboa em 1979, filho de pai fotógrafo, começou a usar a câmara fotográfica desde muito cedo. Durante 5 anos viajou pelo mundo em busca de novas experiências e em 2003, enquanto estava na Índia, percebeu que a Fotografia era “o seu caminho”. Após voltar a Portugal estudou fotojornalismo e em 2005 documentou o seu primeiro casamento. Em 2010 fundou o seu Estúdio e dedicou-se a “full-time” à fotografia. Desde então tem desenvolvido o seu trabalho e estilo pessoal. Emoção, vida , humor e dinamismo são características das suas imagens. Nuno adora encontrar a união na diversidade cultural, viajar e conhecer novas pessoas, mas sobretudo, adora fazer a diferença na vida das pessoas através do seu trabalho. É membro da prestigiada Associação Internacional de Fotojornalistas de Casamentos (WPJA) e membro convidado da Associação “Best of Wedding Photography” (BOWP).

Nuno é caso para dizer que filho de peixe sabe nadar. Realmente quando é que tiraste a primeira foto lembras? Olá Pedro. De facto não me lembro da minha “primeira foto”. Lembro-me contudo de uma época da minha infância em que estava muito entusiasmado com a fotografia. Penso que tinha 7 ou 8 anos e costumávamos sair em família aos fins de semana para fotografar em diferentes locais. Tinha uma máquina pequena que tirava fotos quadradas. Ainda as tenho guardadas. Foi nessa altura que comecei. Aos 11 anos os meus pais colocaram uma foto minha num concurso de adultos e fiquei entre os primeiros lugares. Isso deu-me inspiração e confiança. Apesar de teres uma influencia forte na família, o teu percurso e orientação como fotógrafo não seguiu as mesmas pisadas do teu pai. Alguma razão especial? Sempre foi uma preocupação minha seguir os meus próprios passos. O facto de ter uma família de fotógrafos foi a certa altura um obstáculo para mim no sentido em que nunca gostei de copiar nem de seguir ninguém. Tinha que encontrar o meu próprio percurso. Além disso procurava algo que me desse perspectivas de carreira. A influência do meu pai sempre teve presente, não na direção do meu caminho, mas na inspiração através do seu exemplo pessoal e dos seus valiosos conselhos. Falas que a tua passagem pela Índia influenciou a tua decisão. Todos os fotógrafos que conheço e que visitaram Índia dizem algo idêntico, afinal o que e que a índia faz aos fotógrafos? A Í n d i a é u m p a í s d e “ c o n f u s ã o h a r m o n i o s a ”. A diversidade que lá se encontra inspira qualquer pessoa. Não é preciso ser-se fotógrafo. Aliás quando lá cheguei não era ainda fotógrafo, nem sequer levava camera. Foi o culminar de uma viagem de auto-descoberta. Durante 5 anos viajei o mundo e penso que foram todas essas experiências que tornaram a viagem à Índia tão especial. Fiz serviço humanitário na Venezuela, trabalhei numa fábrica nos EUA, vendi bolas de Natal na Noruega, fiz tatuagens na Irlanda, estudei yoga na Califórnia, fui padeiro na Suécia, etc. Passei por muitas dificuldades mas também aprendi muito. Todas estas experiências culminaram numa viagem à Índia. A sua riqueza espiritual e cultural é gigantesca e penso que a Índia tem a capacidade de intensificar aquilo que somos. No meu caso deu-me a certeza do meu caminho. 46 | Phocal Phototovisions


O tema da Phocal deste mês é “Família” , tu és uma pessoa que estás completamente virado para o tema, e desde 2005 que fazes casamentos. Qual foi o motivo dessa opção? Em 2005 comecei a fazer casamentos como 2º fotógrafo. Tinha ido a uma entrevista em 2004 mas nunca obtive resposta. Um ano depois acordei com o nome do fotógrafo na minha mente. Telefonei-lhe e milagrosamente comecei a fotografar com ele. Estava nessa altura a estudar fotojornalismo no CENJOR. Tinha uma Canon 20D com uma 17-55mm e uma 50mm. Foi uma época de aprendizagem. Eu queria ser fotojornalista e trabalhar para várias publicações. Percebi depois que a minha personalidade se enquadrava melhor ao contexto dos casamentos. Conseguia vislumbrar uma perspectiva de futuro e uma carreira em que poderia conciliar todos os meus sonhos: viajar, ser trabalhador independente, fazer foto-reportagem e ser bem pago. Só depois em 2010 iniciei o meu percurso em nome individual.Sou portanto, neste sentido, um novato na área dos casamentos.

Um casamento para ti o que é? Mais um trabalho fotográfico ou uma oportunidade de criares momentos eternos? O dia do casamento é um dia especial para muitas pessoas. É um dia de alegria, reencontros, emoções e festa. Para mim é uma oportunidade de lá estar a captar esses momentos.Tão simples como isso. É claro que a fotografia é o meu negócio e tenho que encará-la com profissionalismo. É necessário muito trabalho e dedicação antes e depois de um casamento, mas no próprio dia encaro-o como um pintor encara uma tela em branco – um mundo de oportunidades. Como é que tu programas um casamento, és rígido na tua linha de rumo, ou consegues ter abertura para aceitar alterações de ultima hora? Eu tento influenciar o mínimo possível os acontecimentos à minha volta durante o dia do casamento. Por vezes perguntam-me quando é que os noivos entram para a sala, quanto isto e quando aquilo, eu respondo sempre:

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“Não sei, eu sou só o fotógrafo”. Há muitos fotógrafos, talvez a maior parte deles, a tentarem ser mestres de cerimónia. Querem decidir e controlar tudo. É isso que dá má fama aos fotógrafos nesta área. O casamento é o dia dos noivos. Os fotógrafos por acaso estão lá para captar esses momentos, e devem fazê-lo com humildade e respeito. Ao contrario do fotografo tradicional dos noivos e convidados, tu tens muito trabalho que marca a diferença. Achas que é essa diferença e criatividade que pode fazer uns noivos decidirem por um fotografo? A razão pela qual os noivos escolhem um fotógrafo continua a ser um mistério para mim. Sei que os noivos que me contratam colocam a fotografia no topo da lista de prioridades. Muitas vezes fazem-no antes de decidir a data do casamento porque sabem que a minha agenda é muito preenchida. Mas noivos assim são raros. A maior parte coloca a fotografia nos últimos lugares da lista e são maioritariamente influenciados pelo preço de cada um, e não pela qualidade. Ainda na tua fotografia, utilizas muito o B&W que é algo parece-me impensável à pouco tempo num casamento. Achas que é uma moda que pegou, ou realmente consegues fazer ver aos noivos que existe no B&W uma magia que lhes pode guardar as memórias de uma forma especial? No P&B jaz o carácter intemporal da fotografia. Quando eu penso em fotografia penso naturalmente em P&B. Eu pessoalmente prefiro porque consegue transmitir melhor as emoções, a geometria e a história que caracteriza a imagem. No entanto o meu trabalho é composto também por imagens a cor. Normalmente entrego 50% do trabalho a P&B e 50% a cor, dependendo da preferência dos noivos. 48 | Phocal Phototovisions

Para o meu portfólio pessoal uso 80% a P&B. Analisando o teu trabalho percebe-se que existe além da emoção normal de um casamento, muita diversão, como é que consegues num dia sempre de alguma tensão....... libertar os noivos para esse tempo extra que é a fotografia? Eu não creio que consiga alguma coisa…. Talvez a minha presença dê confiança aos noivos, talvez eles fiquem mais relaxados, não sei. O facto é que o dia do casamento é um dia de tensão mas também é um dia de muita alegria e emoção. Há uma grande variedade de cenários. Eu simplesmente estou atento. Às vezes quando acho oportuno posso sugerir algo aos noivos, dar ideias ou algum conselho. Mas depende da situação. Um fotógrafo tem que compreender bem a psicologia dos noivos e de suas famílias e perceber até onde deve ir. Há famílias que consideram o fotógrafo um intruso. Nesses casos o melhor é falar pouco e estar sempre presente de uma forma discreta e sincera. Noutras situações o fotógrafo é considerado amigo. Nesses casos o ambiente torna-se mais leve e familiar. Mas eu por natureza sou bastante alegre e dinâmico. Penso que no final isso acabe por se reflectir no meu trabalho. Outra coisa que se percebe, é que és uma pessoa que dá muita atenção aos detalhes, fazes fotos que se calhar não lembraria à maioria. Achas que esse detalhes são também importantes para a futura memória do casal? Acredito que um trabalho ganha valor de acordo com o seu grau de originalidade e singularidade. Hoje em dia quase todos os convidados tiram fotografias durante o casamento. Mas a verdade é que é normalmente o trabalho do fotógrafo profissional que faz a diferença e regista as fotos que depois se penduram nas paredes.


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Há quem diga, testemunhos de noivos até, que as tuas fotos são pouco convencionais. É essa tua forma diferente de olhar um casamento que te trás mais valias? Talvez seja. Admito que tenho um elevado número de procura pelos meus serviços. Cerca de 600 pedidos de orçamento este ano até agora. Em 2010 fiz 10 casamentos, em 2011 fiz 20 e este ano cheguei aos 30 casamentos. Penso que isso é positivo para quem trabalha sozinho. Em 2013 queria manter o número reduzido de forma a concentrar-me na qualidade e continuar a ter tempo para estar com o meu filho. Como é que vês o panorama fotográfico nacional na tua área. Os casais Portugueses estão bem servidos em termos fotográficos. A fotografia de casamentos nacional deu um grande salto qualitativo este ano. Tenho notado uma grande melhoria no trabalho de alguns fotógrafos portugueses. Isso é muito bom. Mas são poucos os fotógrafos que o fazem. Também há poucos noivos portugueses que procuram bons fotógrafos. A maioria contenta-se com o que aparece primeiro ou com o que as quintas sugerem. Dou o exemplo do meu caso. Este ano fiz 30 casamentos e 70% deles foram com casais estrangeiros. Gostava de em 2013 fotografar mais casais portugueses. Tens trabalhos fantásticos de casamentos, momentos especiais, utilizas meios de divulgação do teu trabalho para além do teu website, por exemplo já fizeste exposições fotográficas, ou tens projetos nesse sentido? 50 | Phocal Phototovisions

Pedro, tenho muitos projectos em mente e pouco tempo para concretizá-los. Entre 2004 e 2008 fiz 7 exposições individuais e colectivas em algumas galerias municipais, na Quinta da Regaleira e em outros espaços de divulgação de arte. Nessa altura tinha tempo para o fazer. Em 2005 participei também numa obra pública “O Sentido dos Caminhos” com um projecto pioneiro “Sussurros”. “Sussurros” é uma exposição de fotografia permanente, ao ar livre, que se encontra no parque das Merendas em Sintra, aberto ao público 365 dias por ano. É uma exposição feita com imagens impressas em fotocerâmica e colocadas sob suportes de betão espalhados ao longo de um percurso. Foi um projecto que me deu grande satisfação fazer. Em 2013 quero definitivamente levar o meu trabalho para esse nível novamente. Dependerá certamente das oportunidades que tiver e do tempo de poderei despender, mas gostaria sem dúvida de levar a fotografia de casamentos para as galerias de arte. Quero agradecer a tua participação na Phocal Photovisions de Novembro, e a ultima questão será que casal cujo casamento gostarias de poder fotografar, existe alguém que fosse muito importante para a tua própria memória fotográfica? Obrigado Pedro por me dares esta oportunidade de partilha. Gostaria de ter um forte contraste no meu corpo de trabalho. Fotografar casamentos reais num dia, e no dia a seguir fotografar um casamento tribal em África. Este contraste e diversidade de culturas interessa-me.


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ISABEL MONTE Amora – Portugal isabel_monte@hotmail.com | https://www.facebook.com/imontefotografia?fref=ts | http://www.isabelmonte.com/ Todas as imgens estão protegidas por direitos de autor © Isabel Monte Isabel Monte nasceu em Lisboa em 1974, mas cresceu, estudou, e trabalhou no Dubai. Saiu do Dubai pela primeira vez para a Suiça por um período de 3 anos, para tirar o diploma de gestão de hotéis na escola Les Roches, em Bluche. Após o regresso ao Dubai, trabalhou em hotelaria e ao fim de 9 meses, decidiu continuar os estudos, licenciando-se em gestão de empresas, e fez o mestrado em marketing. No entanto, a sua grande paixão hoje é a fotografia. Regressou a Portugal em 2009 com uma passagem de 10 meses pela África do Sul, e agora como fotógrafa profissional, realiza sessões fotográficas de solteiros, casais, famílias, grávidas, crianças, bebés, como também sessões de “Trash The Dress” ou pós-nupciais, na zona de Lisboa e Setúbal, em estúdio ou no exterior.

Assim que tem a máquina fotográfica pronta nas mãos, desliga por completo do que se passa á sua volta e com muita emoção e dedicação começa a fotografar um casal, uma família, uma criança, ou um bebé, vê apenas a beleza, o amor, os momentos únicos, cada detalhe especial ali à espera de ser perfeitamente capturado.

Como mãe que é, conhece bem a emoção de lidar com um recém-nascido, as noites sem dormir, o amor, os laços familiares, a beleza de um bebé ou uma criança a dormir, e a rapidez com que tudo passa por nós. Sabe perfeitamente como todas as fases da nossa vida merecem ser documentadas. Não há nada que ame mais do que as imagens que tem capturado ao longo do tempo, das suas próprias filhas a crescerem. Isabel a fotografia na tua vida começa ainda no Dubai onde viveste grande parte da tua vida, ou apenas quando regressas a Portugal? E porque razão a fotografia aparece na tua vida? A fotografia aparece na minha vida no Dubai quando conheci o pai das minhas filhas, meu ex-marido, fotógrafo profissional no Araman Studio no Dubai, com quem iniciei o meu primeiro trabalho e com quem aprendi o necessário para poder iniciar a minha viagem na fotografia. Porquê a fotografia depois de uma licenciatura em gestão de empresas?

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É uma longa história Cheguei a Portugal para férias em Agos-to de 2009, vinda da África do Sul onde vivi 10 meses com o meu ex-marido, depois de ao fim de 20 anos ter deixado o Dubai. Grávida de 5 meses decidi, por várias razões, ficar por cá e ter a minha filha mais nova a Emma, que infelizmente e devido ao parto sofre de paralisia cerebral, o que me levou a repensar a minha vida. A Emma necessitou e necessita de muito tempo repartido por hospitais, consultas, exames, terapias, etc. que não me deixa comprometer com um trabalho efectivo e por isso decidi aproveitar o conhecimento, que adquiri com o meu ex-marido em fotografia e dedicar-me a


essa arte que me deixa cada vez mais apaixonada e que sem dúvida serviu de escape e de distracção para toda a minha situação. A determinada altura decides enveredar pelo profissionalismo? Como foi esse processo? É verdade. Fotografando e ganhando cada vez mais o gosto pela fotografia e em princípio como pensava voltar à África do Sul, ainda antes do parto da minha filha Emma, fui fazendo alguns trabalhos para portefólio de famílias, pensando que um dia iria lá trabalhar. Depois do parto da minha filha, não regressei à África do Sul e como já disse decidi ficar por Portugal e como tal, para ter total disponibilidade, continuei com o trabalho que já vinha fazendo gratuitamente e dedicar-me mais seriamente à fotografia de família. O tema da Phocal deste mês “Família” é um tema que te é querido, quase toda a tua obra fotográfica gira á volta desse tema, alguma razão especial? Como já citei anteriormente, quis dedicar-me à fotografia mas numa área diferente da do meu ex-marido porque sempre achei aquela área com pouco interesse para mim, gosto muito mais de capturar momentos especiais e de alguma forma marcantes para as famílias, que me deixam fascinada. Quando pensas um trabalho, segues á risca o teu plano ou sentes necessidade de inovar e criar momentos diferentes? Nunca, gosto de deixar os momentos fluírem, capturando na hora todos os momentos diferentes que surgirem. As tuas sessões fotográficas são momentos de muito divertimento, estamos a falar de crianças famílias, há momentos de pura descontração que possam dar imagens fantásticas?

Sim, esses momentos são na verdade quando as melhores imagens são capturadas! Equipamentos, és uma pessoa muito “tecnológica” andas sempre atrás das novidades? Espreitando a tua mochila o que encontramos? Nem por isso, mas de vez em quando gosto de dar uma espreitadela! Podemos encontrar a minha primeira máquina que utilizei em Portugal, a Canon 1000D, uma Canon 5D Mk II, um flash 580 EX II, dois flashes 430 EX II, e objectivas Canon 24 F/1,4L USM, Canon 50 F/2,5 Compacta Macro, Canon 100 F/2,8 Macro USM, e Tamron 28-300 F/3,5-6,3 DI VC Macro, e mais algum espaço à espera das objectivas dos meus sonhos! Como é a tua relação com a miudagem, também és mãe por isso tens experiência, achas que a sua irrequietude também ajuda ao resultado final? Sim. Na verdade a irrequietude da maior parte das crianças dá-me a oportunidade de um trabalho final com bons resultados, muito embora seja um pouco mais trabalhoso e cansativo mas no final é sempre gratificante. No entanto, alguns pais desejam sempre aquela fotografia com todos os membros da família a riremse ao mesmo tempo, o que com crianças pequenas é quase impossível. Exposições fotográficas do teu trabalho, já fizeste, já pensaste em organizar, é algo que te esteja em mente caso ainda o não tenhas feito? Não e nunca pensei em organizar uma, mas é com certeza algo que vou querer fazer no futuro! És uma fotografa que está atenta ao que de bom por aí se faz? Segues o trabalho de outros fotógrafos? Phocal Phototovisions | 57


No princípio sim, mas agora nem por isso, o normal é ver trabalhos de fotógrafos diferentes pelo mundo fora, provavelmente uma única vez por falta de tempo e também porque não me quero sentir muito influenciada! Tens fotógrafos que de alguma forma te tenham inspirado, que tenham mudado a tua forma de ver a fotografia? Sim, o trabalho do meu ex-marido e do seu sócio, procuro sempre a perfeição em todos os aspectos, mas principalmente no tratamento das minhas imagens, por causa deles que também eram muito exigentes. Como vês o mercado em Portugal na tua área? Achas que existe espaço para tanto “fotógrafo” ou o próprio mercado irá fazer a seleção dos melhores? Como é que te vês inserida no mercado? Sinceramente nunca fiz nenhuma pesquisa detalhada de mercado em Portugal, mas penso que o próprio mercado irá com toda a certeza fazer a selecção dos melhores. No meu caso, não tenho intenções de competir em termos de preço, só quero que as pessoas venham ter comigo porque valorizam e querem o trabalho de Isabel Monte. Como ultima questão e agradecendo desde já a tua participação na Phocal Photovisions de Novembro, que família tu não gostarias de deixar de ter a oportunidade de fotografar e porquê? Para mim todas as famílias são importantes e merecem a mesma atenção e dedicação da minha parte. É um imenso prazer poder proporcionar fotografias de família que irão permanecer com todo o carinho por muitos anos, momentos especiais que irão com certeza ser recordados para sempre com muitas saudades por cada membro da família!

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JOÃO CARROLA Vila Real - Portugal https://www.facebook.com/joao.carrola.7

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- © João Carrola

João Carrola nasceu em França em 1971. È docente na UTAD tendo terminado recentemente o doutoramento em Ciências do Ambiente (relacionado com o efeito da poluição na saúde dos peixes). Fotógrafo amador que sempre gostou da natureza e vida selvagem é membro da NUTAGRAFIA, associação de fotografia de natureza de Portugal. A paixão pela fotografia despertou de forma mais dedicada com a aquisição de primeira máquina reflex analógica em 2008. Mas foi com o digital que as coisas mudaram, e ai começou o primeiro projeto, o de fotografar o Jardim Botânico da UTAD um dos maiores da Europa e que coincide com um dos mais belos Campus universitário da Europa. As suas fotos são utilizadas na divulgação da UTAD e do Jardim Botânico, em diversas atividades, jornadas, congressos nacionais ou internacionais, etc. - https:// www.facebook.com/#!/FotosdoCampusdaUTAD. A seguir surgiu um projeto pessoal o de fotografar o Douro.

Douro Patrimomio Mundial da Humanidade Muito falado nos últimos anos, a região Duriense é um das mais belas regiões do país, e em termos vitivinícolas é possivelmente umas das mais belas e características regiões da Europa. O Douro e o seu rio estão na moda e muitas são as pessoas que o visitam. A região montanhosa do Douro, em Portugal, onde parreiras são cultivadas em jardins esculpidos pela mão do homem, foi a primeira região vinícola demarcada no planeta, em 1756, pelo Marquês de Pombal. É por isso a zona demarcada mais antiga do Mundo, e sua paisagem com contornos próprios e com os seus socalcos dispersos pela região, tornam-na num Grandioso anfiteatro vinhateiro muito bem descrito por Agustina Beça-Luís, o qual foi consagrado a Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2001.

Como é obvio é um local excelente de visitar com as rotas dos Vinhos do Porto, do Douro e de Trás-os-Mont es, tal como exposto no livro de José Salvador. È um local peculiar para quem gosta de passear, com características únicas, mas principalmente excelente para quem gosta de viajar, conhecer gentes diferentes, e claro apreciar um calice de um bom vinho do Porto, junto às vinhas que lhe deram origem. O vinho do Porto é um vinho contemplativo, com a sua doçura e viscosidade, e é um vinho que harmoniza com a leitura e com o convívio, valoriza ainda a observação e integração da paisagem envolvente. A suavidade e o opulento sabor de um Tawny de Idade tornam-no no vinho ideal para essa meditação paisagística e de relaxe. E porque não apreciar um Vinho do Porto com um queijo nacional ou com uma iguaria gastronómica regional. Sendo assim as suas diferentes paisagens esculpidas ao longo da zona demarcada, e as atividades humanas ligadas à vitivinicultura tornam esta região, um lugar 64 | Phocal Phototovisions

de referência para quem goste de fotografia. Não faltam oportunidades para fazer fotografia com momentos únicos que estimulam constantemente os vários


sentidos, típicos, com cores distintas ao longo do ano, tornando os passeios também diferentes ao longo das várias estações. Tantas oportunidades que nos despertam os sentidos fotográficos, e que por isso, obrigam a inúmeras paragens, nem sempre fáceis nas estradas estreitas e tortuosas, para poder fazer registos de imagens de recantos, vales, socalcos, horizontes dilatados, vinhas, videiras e suas uvas, e até as suas folhas coloridas no outono merecem atenção, as oliveiras carregadas de azeitonas e as amendoeiras em flor, as sombras e cores, as cores das diferentes parcelas no Outono, as numerosas Quintas, os vários miradouros com vista privilegiada para o rio, os barcos a passear pelo rio, as diferentes texturas nas encostas, a vegetação junto ao rio, os contornos dos socalcos no inverno, ou as finas linhas verdes durante a primavera que seguem as curvas de nível… e mais do que nunca a máquina fotográfica mostra-se uma excelente companhia. Durante grande parte do ano a paisagem mantêm-se algo calma, mas é durante as vindimas que o corrupio das carinhas e camionetas cheias de caixas e pessoas não para, o frenesim dos vindimadores nas encostas, quase que parecem formigas frenéticas a preparar-se para enfrentar o duro inverno que vem ai .... mas é também nesta altura que nos podemos aperceber que de facto a vida por estas belas paisagens não é uma vida fácil.. ao contrário do que se possa pensar. A reduzida ou quase inexistente mecanização da cultura da vinha, o subir e descer constante dos socalcos carregados com os baldes (antigamente com cestos pesados), tornam a jornada longa e árdua...e ai os euros que se ganham ao fim do dia parecem de ouro.... e até o vinho ganha o valor do suor gasto... A reduzida ou quase inexistente mecanização das vinhas, o subir e descer constante dos socalcos carregado com os baldes ou sacos com uvas, tornam a jornada longa e árdua...e ai os euros que se ganham ao fim do dia parecem de ouro.... e até o vinho ganha o valor do suor gasto... No fundo o “Douro é ver, olhar, ouvir e provar “mas podemos dizer ainda, que o Douro é fotografar. Em muitos casos o rio é o centro das atenções e a sua integração na fotografias traz algum encontro e justifica o nome da região. Onde não falta nem espaço, nem paisagens, nem oportunidades para traçar rotas de passeio e pontos de paragem para fotografar e apreciar a natureza e as paisagens, e claro provar um bom vinho do Porto no meio deste anfiteatro natural.

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PAULO HOMEM DE MELO Ovar – Portugal Todas

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- © Paulo Homem

de

Melo

Paulo Homem de Melo nasceu a 11 de Setembro de 1969, em Espinho. O seu interesse pela fotografia começou quando tinha 10 anos quando os pais lhe ofereceram uma maquina compacta da Kodak. Na década de 80 ainda adolescente, já tinha uma Nikon compacta que usava regularmente para fotografar os colegas do liceu. Ainda nos anos 80 teve ainda uma Pentax e uma Yashica, ambas compactas mas que permitiu adquirir o interesse pela fotografia. A primeira reflex (analogica), adquiriu no inicio dos anos 90. Andava com a máquina para todo o lado. Utilizou essa maquina até meados dos 2000, mesmo depois de ter adquirido uma máquina digital, uma Sony Cybershot, hoje usada pela sua filha. De inicio mostrou-se sempre contra a fotografia digital mesmo depois de utilizar a Cybershot. Quando adquiriu em 2007 a primeira Nikon digital começou a mudar de opinião. Continua fiel à Nikon.

Gosta de fotografar “tudo” embora a sua área de actuação seja a foto-reportagem de acontecimentos e concertos. Actualmente produz conteúdos multimédia para a Internet e comunicação social. Pin-up Art O conceito pin-up actual é bastante diferente do que era no início do século XX, onde a sexualidade era escondida e reprimida. Nessa altura a mulher não poderia revelar qualquer parte do seu corpo além do aceitável na época. Como forma de contornar as regras da sociedade repressiva, associada a um desejo de revelar uma imagem erótica da mulher, surgem as primeiras pinturas de mulheres semi-nuas como forma de expressar a arte pin-up.

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Estas pinturas foram aceites pela sociedade da época, sendo as primeiras ilustrações pin-up conhecidas, retratando de uma forma burlesca as rotinas quotidianas da mulher. Durante os anos 20 a sociedade começou a expressar a sua rebeldia contra a repressão moralista, inovando os hábitos de vestir da mulher, tais como saias e vestidos que permitiam uma maior liberdade de movimentos mais reveladores do corpo feminino. Surgem as primeiras revistas “underground” com ilustrações de nudez e erotismo, que nos anos 30 evoluíram para publicações mais comerciais.


A arte pin-up teve origem neste tipo de publicações. Artistas como George Petty e Alberto Vargas criaram calendários eróticos que eram pendurados (pin-up em inglês) nas oficinas dos Estados Unidos. Contudo, foi só nos anos 40, após a II guerra mundial, que a arte pin-up se tornou popular. Era comum os militares pendurarem ilustrações das suas actrizes favoritas, tais como Rita Hayworth ou Bettie Grable nos seus cacifos. Artistas como Gil Elvgren publicam em várias revistas pinturas representativas de mulheres bonitas e ousadas tentando provocar os leitores da época, através de imagens ilustrativas de episódios quotidianos inocentes e divertidos, mas apelando sempre a um sentido provocatório. Gil Elvgren é considerado o ilustrador clássico americano mais importante do século XX. Grande parte da sua fama deve-se sem dúvida, à colecção lendária de pinturas de pin-ups produzidas para calendários ao longo de 30 anos para a “Brown and Bigelow”, responsável pela sua publicação. Durante os anos 50 e inícios dos anos 60 a arte pin-up surge na forma de fotografia. Revistas como a Playboy publicaram fotografias estilo pin-up que ilustraram artigos “lifestyle” com uma boa aceitação por parte dos leitores. No final dos anos 60, assistimos a uma evolução do conceito para um estilo “fetish” através de modelos e fotógrafos, tais como Bettie Page e Irving Claws. Nos anos 70 o conceito original e inocente da arte pinup foi esquecido, tendo renascido nos anos 90 com a massificação da Internet, que permitiu novamente a sua divulgação. Nos últimos anos, várias modelos e fotógrafos têm recriado as ilustrações clássicas da arte pin-up com bastante sucesso. Curioso… ter sido a Internet a permitir que no século XXI a arte clássica pin-up continue a despertar a atenção da sociedade contemporânea. O mais importante é que o conceito original continua vivo….. Phocal Phototovisions | 69


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RICARDO TEIXEIRA Lisboa – Portugal immagine.fotografia@gmail.com

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Ricardo Teixeira Simões, nasceu em Lisboa, na zona tipica da Costa do Castelo. Viveu a sua infància na Junceira, Freguesia da Cidade de Tomar, local que o distanciou desde de sempre dos meios urbanos, moldando-o desde tenra idade, a revelar-se quem é actualmente. Desde Criança, demonstrou grande aptidão para o desenho e gravura a carvão, e durante a adolescência, aproximou-se das artes que envolviam a imagem, tal como a fotografia, pintura, etc, levando-o à Fotografia como Autor numa fase mais recente. Vive actualmente em Lisboa, mas sempre com uma imensa vontade de mudar. Sempre que lhe é permitido, desloca-se com frequencia a ambientes mais rurais, naturais, para captar as suas imagens, mas sempre com o pretexto de sentir o pulsar da vida perante a Natureza. Como Autor, tenta mostrar o seu ponto de vista, o modo como vê o que o rodeia, de diferentes perspectivas e períodos de tempo. O Ontem não será igual ao Amanhã, e uma fotografia jamais será repetida. Inspiração... ou a falta dela? Depois de uma temporada a fotografar diversos lugares e ambientes para mim desconhecidos, surgiu uma quebra de inspiração e criatividade. Após um inverno desafiante e uma primavera proveitosa em fotografia estava em pleno Verão sem saber o que fotografar, não querendo repetir os mesmos motivos dos anos anteriores.

Importante é, por algum tempo, abstrairmo-nos do que se fez nos dias,semanas e meses anteriores, fazer uma pausa. Nada melhor que ver outros filmes, ouvir outras músicas, ler outros livros ou planear um novo destino ou ver os mesmos locais em horários diferentes.

De acordo com a minha experiência quando temos quebras de inspiração não vale a pena insistir, tentar inventar e sofrer por antecipação devido ao facto de não ter ideias ou de momentos e ocasiões quando queremos.

Em pleno mês de agosto e com a antecedência de uma semana para um destino de férias onde teria os dias ocupados e as noites bem descansadas, sem preocupações e sem horários, decidi percorrer os mesmos locais que percorro em passeio, mas de noite. Com uma temperatura agradável durante essa época de Verão, e céu limpo, permitiu-me olhar os mesmos locais de outro modo... mas apenas sem luz. Mesmo assim não me surgiram ideias. Numa dessas noites de Verão, e esperando por uns amigos, tentei fotografar a lua, a qual se mostrava brilhante em quarto minguante. Claro está que, em longa exposição, o resultado seria o esperado: fotos tremidas! Mesmo assim tentei utilizando o vidro do carro como suporte da câmera, mas sempre com resultados aquém do esperado; O fundo escuro, meia bola branca, trémula, uma chapa sem interesse e sem sentido estético. Talvez perguntem, e o tripé?? Esse, não me fazia companhia nessa noite, apenas a camera e as lentes. As fotografias daquela noite seriam apenas rostos alegres e sorrisos entre amigos. Se não conseguimos saltar por cima, passamos por baixo, se não dá pela direita, tenta-se pela esquerda... se não consigo estabilizar a câmera e a lente, então estas que se mexam que nem um shaker, em longa exposição com movimentos mais aleatórios e trémulos do que aqueles que são provocados num tripé em dias de rajadas, vento e sei lá que mais. É deste modo que nasce este efeito. Após ter feito uma e outra vez, repeti o estilo e criei diversos tipos de movimentos, dando origem a “fumos” provocados pela Luz reflectida da Lua. Uma mente abstraida e longe do que tinha feito nos meses anteriores, fez-me pintar com outra luz, aquilo que se fotografa do modo mais estético possível. Foi uma saída da rotina e do conceito habitual que se tem da lua, e como a mesma se fotografa. Inspiração não havia, a criatividade, perante a adversidade, surgiu.

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SARA BENTO Carcavelos – Portugal sbento.photo@gmail.com

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- © Sara Bento

Sara conviveu com a fotografia desde cedo, graças à paixão de fotografar que lhe foi transmitida pelo pai, também fotógrafo amador. Aos 10 anos recebeu a sua primeira máquina, uma Agfa, que a acompanhou para todo o lado. Durante a adolescência, com uma velhinha “Konica Reflex T”, deu largas à sua criatividade e evoluiu tecnicamente, sempre como auto-didacta. Daí, passou para Nikon, marca que ainda hoje a acompanha. Fotografou muito no tempo do analógico e foi aí que “cresceu”. Quando surgiu o digital, alheou-se um pouco da fotografia, porque esta lhe pareceu ter perdido a aura mística... mas nunca a perdeu de vista... o final de 2011, com a compra da sua primeira reflex digital, voltou a abraçar a fotografia e a reaprendê-la. Gosta de lembrar que é fotógrafa amadora e sempre o será, pois “amador, é aquele que ama”. Acredita que a fotografia é um amor, uma paixão indescritível, um desejo incontrolável de “pintar” o mundo com a “nossas cores”. As viagens são momentos ansiados para a minha criação artística, onde inevitavelmente acabo por privilegiar uma das minhas áreas de eleição: a fotografia de paisagem natural. Este ano, depois de muitos destinos percorridos, tinha finalmente em vista fazer a minha primeira viagem aos Açores. A escolhida, foi a Ilha Terceira. A ansiedade era muita, pois os relatos dos Açores tinham-me deixado com “nervoso miudinho”... Aconteceu assim... Na Ilha Terceira ainda reina a paisagem natural, pouco alterada pelo homem. É um lugar de entes mágicos, que se escondem por entre vegetação luxuriosa. É um lugar de paisagens grandiosas, de cortar a respiração. A luz, soberba, pinta de forma indisciplinada as paisagens, oferecendo-lhes diferentes tonalidades a cada segundo que passa. Aprendi, que nos Açores, ficar largos minutos a apreciar uma paisagem, pode significar ver e conhecer imagens completamente distintas... E que privilégio isso é! Um amigo terceirense, um dos açorianos que conhece todas as ilhas do arquipélago, contou que um dia lhe tinham dito que “tinha de visitar Sintra”. Ele foi, e achou-a bela, mas nas suas próprias palavras, não ficou surpreso: “Sintra é algo de bastante natural para um açoriano. Tive a sensação de estar nos Açores”. Como o compreendi… para mim, que vivi toda a minha vida ligada a Sintra, ao viajar pela Ilha Terceira também eu tive muitas vezes a sensação de estar em casa… O tempo...Nos Açores a metereologia tem “génio” , diz quem sabe que num só dia se podem percorrer as 4 estações do ano. E assim foi na minha visita à Ilha Terceira... num mesmo dia tentei a subida à Serra dro Cume, famosa pelo seu miradouro, balcão imaginado para apreciar a manta quadriculada de campos agrícolas, delineada por muros de pedra e pintalgados por vacas... nessa manhã fui brindada por muita chuva e muito nevoeiro, só a custoatingi o topo, onde apenas vi a estrada e muito branco à volta... à tarde, nova tentativa... melhor sorte, assisti ao melhor dessa paisagem, salpicada por “Rasgos de luz”.

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A Ilha Terceira é também famosa pelas suas estradas ladeadas por hortensias que pintam o serpentear do sobe e desce das serras. É uma terra em que as cores se misturam com os cheiros da terra e o perfume da vegetação. Mas é também M a r, u m m a r m u i t o azul e imenso.... às vezes, com a Ilha de São Jorge no horizonte e, com alguma sorte, também a Ilha do Pico. Um mar respeitado por um povo que aprendeu a valorizar a força da natureza. Ainda assim, um mar muito ligado ao lazer e à vida em família. Em toda a ilha encontramos praias de rocha, com áreas balneares e pontos de entrada na água. Para quem sabe nadar obviamente... A paisagem não nos deixa esquecer a origem vulcânica da ilha. Um dos pontos mais impressionantes foi a visita ao “Algar do Carvão”, uma cavidade vulcânica, onde descemos 100 metros de profundidade. As cores exuberantes do seu interior(verde, amarelo, roxo...), ao contrário de grutas que habitualmente visitamos, não são criadas pela iluminação, mas sim a verdadeira tonalidade da pedra. Certamente me esqueci de mencionar muitos locais, mas não seria possível terminar sem falar de Angra do Heroísmo, a cidade histórica construída sobre a baía de Angra, classificada Património Mundial pela UNESCO. Angra foi um ponto central da navegação no Atlântico Norte, um ponto de confluência de culturas, que se tornam patentes a quem a visita. Voltei, conquistada pela Ilha Terceira e pelas suas gentes. Voltei, fascinada pelas cores e pela luz! ...e com um desejo louco de regressar aos Açores e conhecer as restantes ilhas!


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PAULO DIONÍSIO Moita – PORTUGAL paulodioni@gmail.com

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- © Paulo Dionísio

Paulo Dionísio nasceu em Setúbal a 7 de Outubro de 1965, é licenciado em Radiologia pela Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa e pós graduado em Gestão de Serviços de Saúde pela Universidade de Évora. Desde muito cedo se interessou por fotografia, tendo adquirido a sua primeira máquina fotográfica analógica, uma Pentax P30T, aos 22 anos, com o seu primeiro salário como licenciado em radiologia. O fotógrafo que mais admira e o inspira é Ansel Adams. Não existem temas com que se identifica mais, no entanto, são na sua grande maioria temas ligados à natureza, paisagem, vida selvagem (em especial aves selvagens) e macros aqueles que lhe dá mais prazer fotografar.

Já realizou diversas exposições individuais participando também em várias exposições coletivas de fotografia. FOTOGRAFAR AVES SELVAGENS Fotografar aves selvagens é o sonho para algumas pessoas que se dedicam á fotografia e uma forma também de conhecerem e aprofundarem os seus conhecimentos na área da ornitologia e da avifauna autóctone. Apesar de parecer ser uma tarefa quase impossível é muito acessível a quem tem uma objectiva de 300mm ou mesmo de 250mm fazer fotografia de algumas espécies de aves selvagens. O importante é, na grande parte dos casos, estar no local certo e ter um comportamento adequado para que as aves não se sintam ameaçadas. A pergunta que muitas vezes fazemos a nós mesmos é: onde e como o podemos fazer? Espero dar o meu contributo para que muitos dos que se interessam por este tema possam disfrutar e ter o prazer de obter as suas primeiras fotografias de aves selvagens. Que material fotográfico necessito para obter fotografias de aves selvagens? Uma câmara reflex...... Uma objectiva de 300mm ou mesmo de 250mm bastam para fazermos as nossas primeiras fotografias, com qualidade, de algumas aves selvagens. To d a s a s f o t o g ra f i a s q u e v o u a p r e s e n t a r n e s t e artigo foram efetuadas ou com objectivas de 300mm ou 250mm. Normalmente utilizo um tempo de exposição perto dos 1/250 ou menos, dependendo das condições de luminosidade na altura. Um ISO de 200 é na grande maior parte dos casos uma boa opção porque nos dá um ligeiro aumento da velocidade de obturação necessário para que as fotografias não fiquem tremidas, não esqueçamos que as aves são seres vivos muito ativos e sempre em movimento, mesmo quando pousadas. Onde fotografar aves selvagens? Pode parecer à primeira impressão que temos de nos deslocar para muito longe para procurar aves selvagens. Isto é verdade para algumas espécies raras e sensíveis à presença humana e cujo habitat exige determinadas características mais exigentes. Mas o objetivo deste artigo é demonstrar, a principiantes, o como é possível fazer fotografia de aves sem grandes complicações e segredos. Obviamente que à medida que este gosto pela fotografia de aves selvagens aumentar, maior a dificuldade em encontrar determinada espécie mais esquiva ou mesmo rara.

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Existem em Lisboa locais, como o Parque das Nações, Jardim da Estrela, Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, Jardim Zoológico de Lisboa e Parque Eduardo 7º em que é possível encontrar um grande número de espécies de aves selvagens que já se habituaram à presença humana e em que, com algum cuidado na aproximação, podemos realizar uma boa fotografia. Quem diz em Lisboa diz em qualquer cidade que tenha um parque ou um jardim. Na bela cidade do Porto, um dos locais onde consegui algumas fotos de aves foi no Parque da Cidade. Herdades e estuários de rios em abrigos próprios que nalguns locais já existem com o objetivo de observação de aves selvagens. Como fotografar? Pela experiência que tenho nesta área, e falo por mim, 90% das minhas fotografias de aves selvagens foram efetuadas da janela do carro com a ajuda de sacos de sementes, os quais foram colocados de forma a estabilizar a câmara e objectiva. Por vezes coloco também um pano verde mesclado a cobrir a parte de cima da janela aberta para que não sejam visíveis os movimentos que eu possa fazer dentro da viatura. O local que escolhemos para colocar o carro deverá ser um local calmo, de preferência, junto a uma árvore. Podemos levar sementes (aquelas misturas que se vendem para canários servem perfeitamente) que espalhamos por debaixo da árvore e… ter muita, mas muita paciência…! A câmara deverá estar devidamente preparada para a qualquer momento fazer uma fotografia. As aves surgem muito rapidamente e bastam segundos de precipitação para tudo se perder. Nunca fazer movimentos bruscos, as aves interpretam isso como “actos” predatórios, normalmente os predadores agem muito rapidamente quando querem apanhar as presas. Sem querer, e se repararmos na forma como muitas vezes nos aproximamos das aves, é quase como se fossemos felinos, andamos devagar na direcção delas e ligeiramente agachados… imaginem se fossem uma ave… que fariam num caso destes, confiavam? Se nos tivermos de aproximar de aves selvagens nalgum parque, de câmara em punho, deveremos fazer uma aproximação, não direta e nem olhando a ave fixamente. Uma aproximação mais calma e contornando suavemente a ave em círculos tem melhores resultados.


O simples facto de nos sentarmos num banco de jardim, calmamente, faz com que algumas aves, como melros, se aproximem de nós. Nessa altura podemos aproveitar um momento de distração da ave e fazer uma fotografia. Não esquecer que todos os nossos movimentos devem ser feitos muito calmamente. Quando formos fazer o disparo para uma fotografia deixemo-nos ficar de lado e nunca de frente para a ave a qual vai interpretar isso como uma ameaça. Em Barroca D’Alva a facilidade com que se fotografam tecelões africanos, já adaptados ao nosso clima, é muito gratificante. Há muito pouco tempo consegui realizar aqui uma fotografia de um corvo-marinho que se mostrou calmo e tranquilo proporcionando-me uma aproximação razoavelmente boa conseguindo a fotografia que podem ver na imagem deste artigo. Neste local é importante fazer as fotografias de dentro do carro, com os sacos de sementes colocados previamente na janela, de que falei anteriormente.

Na primavera estas aves tecem ninhos, com folhas dos canaviais, em forma de bola com uma entrada em baixo. Basta esperar junto a um ninho destes (os ninhos são construídos muitas vezes perto da estrada) e mais tarde ou mais cedo aparece uma ave. A presença humana não parece afetá-las muito desde que estejamos dentro do carro de preferência em silêncio e com movimentos suaves, evitar a todo o custo movimentos bruscos e repentinos. A melhor altura para se fotografarem tecelões africanos é a partir de Março em diante. Se por qualquer razão num determinado dia não se conseguir uma boa fotografia, não podemos desanimar, é a persistência a razão do sucesso de muitas fotografias de aves selvagens e muita, mas muita paciência… Desejo-vos boa sorte e espero que, de algum modo, este artigo sirva para vos incentivar a iniciar na fotografia de vida selvagem, neste caso aves selvagens.

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ETÃ SOBAL COSTA Sintra - Portugal etasobal@gmail.com

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- © Etã Sobal Costa

Etã Sobal Costa iniciou-se na fotografia amadora mais “a sério”, como costuma dizer, em Julho de 2011. Desde então, participou em algumas exposições, foi premiada em concurso, e viu as suas fotos publicadas em revistas. Praticamente nasceu a viajar. Já morou em 21 cidades distribuídas por quatro países (e três continentes), tendo ainda visitado, em férias ou a trabalho, outros 15. Esta viagem “na rota do Expresso do Oriente” foi um presente em todos os sentidos, sendo também uma oportunidade de fazer outra das coisas que mais gosta: escrever. Juntar viagem, fotografia e narrativa de viagem foi, segundo afirma, a “cereja no topo do bolo”. “Que mais se pode querer?”, pergunta. Na rota do Expresso do oritente - Parte II Depois da primeira noite no comboio, chegamos Belgrado, cidade que nos surpreendeu pela positiva! A capital Sérvia, localizada entre os rios Danúbio e Sava respira vida por todos os poros! É uma cidade jovem de espírito (apesar de ser uma das capitais mais antigas da Europa), repleta de cafés e esplanadas, e com uma intensa vida noturna, frequentada por pessoas dos países próximos que viajam centenas de quilómetros para a desfrutar. De amplas avenidas, Belgrado é limpa e convidativa. Percorremos as ruas do centro, e chegamos ao sítio onde, em 1999, forças aéreas das Nações Unidas bombardearam diversos edifícios administrativos. Alguns continuam lá, exatamente como ficaram após os bombardeios, e quase conseguimos imaginar o quão difícil foi essa época para o País.

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Após o jantar num restaurante que revivia o antigo Expresso do Oriente, encontramos, no “Dom omladine Beograde”, uma programação sobre a história do fado, com a apresentação do filme “Amália” marcada para o 1 de Outubro. No dia a seguir, passeamos pelo Parque Kalemegdan, que ocupa uma vasta área em frente aos dois rios, proporcionando uma bela vista panorâmica, que aproveitámos para eternizar em foto. À noite embarcámos no comboio que nos levou a Sófia, na Bulgária, onde chegámos pela manhã. Sófia é a capital mais alta da Europa e igualmente uma das mais antigas. Caminhar por suas ruas foi uma experiência interessante.


A zona onde ficámos hospedados albergava diversas lojinhas que exibiam nas suas montras roupas de cerimónia, vestidos e fatos de noivos, de gosto um tanto peculiar (que primavam por apresentar cores demasiado vivas e muitos brilhos). Fotografar essas montras é um exercício deveras aliciante. Na praça junto à Catedral Alexandre Nevsky (uma das maiores igrejas ortodoxas do Mundo), havia uma feirinha de antiguidades que fez a alegria do pessoal (eu, inclusive). Entre vinis e câmeras fotográficas analógicas datadas de “muito antigamente” vendia-se de tudo um pouco, e pechinchava-se bastante. A arquitetura da cidade, cujos edifícios antigos de traços marcadamente soviéticos convivem com modernos prédios de escritórios, é um convite às objetivas mais entusiastas. O Teatro Nacional Ivan Vazov, cujo interior é belíssimo, foi alvo da nossa visita por duas vezes.

A primeira, de dia, para apreciar o seu exterior, e a segunda, à noite, para assistir a uma peça búlgara. Recomendo a experiência! Na noite do nosso segundo dia em Sófia, embarcámos no último comboio desta viagem, desta vez em direção a Istambul (ou Constantinopla, como era chamada nos velhos tempos do Expresso do Oriente), onde Ásia e Europa estão separadas apenas pelo Estreito do Bósforo. Istambul é, assim, a única cidade que ocupa dois continentes. Aqui, tão depressa podemos estar a jantar na Ásia, como a seguir, ir beber um café turco na Europa. Por falar em jantar, a gastronomia é impressionante, e os seus diferentes mercados enchem os nossos olhos de cores e satisfazem os paladares mais exigentes com diversificados sabores. Quer estejamos no Grande Bazar, quer no Bazar das Especiarias, quer em outro mercado mais pequeno, sentimos a vida da cidade, e aspiramos o cheiro do oriente em cada lojinha. Na praça Taksin, vive-se outra Istambul, moderna, ocidental e muito musical. O vermelho do elétrico que percorre a Istiklal Caddesi (uma rua pedonal repleta de lojas de diferentes marcas do Mundo ocidental, livrarias de paragem obrigatória e restaurantes para todos os gostos), chama a atenção quando passa no meio da multidão que circula em todas as direções. Nesta cidade, difícil é escolher os monumentos e lugares principais a visitar, especialmente quando se tem pouco tempo. Como passagem obrigatória, temos a zona de Sultanahmet, onde está localizada a Mesquita Azul, a Basílica de Santa Sofia e o Palácio Topkapi, entre outros sítios de interesse. Deambular pelos restaurantes que ficam por baixo da Ponte Gálata, beber um copo (seja do que for) Phocal Phototovisions | 87


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apreciando o movimento dos barcos no Bósforo, deixar-se estar como que hipnotizado pelas suas águas, certamente é algo que igualmente convém experimentar. Subir a Torre Gálata para apreciar a vista e fazer uma panorâmica da cidade, pode ficar para o final da tarde, de modo a aproveitar melhor a luz. E como estamos em ritmo de Expresso do Oriente, e recordando o famoso e fictício crime que nele

aconteceu, interessante será voltar durante o dia à Estação Sirkeci, de onde Poirot embarcou, de modo a apreciar o restaurante Expresso do Oriente que lá está situado, e fotografar cada detalhe da própria estação. Para completar, uma visita ao Hotel Pera, na zona do mesmo nome, onde supostamente, Ágatha Christie terá escrito o afamado livro que deu mote à esta fantástica viagem. Phocal Phototovisions | 89


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Vencedora FÁTIMA MENDES | DESTE-ME FLORES e BEIJOS | LISBOA | ABR 2010

19º concurso phocal - afetos 4

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2º lugar: Helena Lagartinho UCI | estou aqui | Set2012

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3º Lugar - JOÃO VAZ RICO DESCULPA| TOMAR | JUL 2011

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Jorge Fonseca | Paixão | Praia S.Rafael - Albufeira Luís Mata | “Cumplicidade” | Mafra Maria Fernanda | Ligações Eternas | Sintra Paulo Mendonça | Pares | Lisboa Raquel Branquinho | Brindas sonhos ao relento | Paris PEDRO SARMENTO | O QUE É MEU É TEU | VALONGO

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20º concurso phocal - ruínas

Vencedor - Luis Mata | Ruinas | Évora

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6 2º

lugar

- Anita Nunes | Deixaste-me

| Alcochete

7

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lugar

-

José Sobral | 1ª Plateia | Cantanhede

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Foto

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Luciano Magno |Explosão TILA SANTOS l “ONCE UPON A TIME...” l F. DA FOZ Maria Fernanda | “decadência” | Azenhas do Mar Marco Martins |O Guarda da ruina | Porto Pedro Sarmento | Palacete M.M. Gomes | Porto Fatima Condeço| O bebé | Lisboa | Set 2012 Helena Teixeira JOÃO VAZ RICO | PAST | TUNÍSIA

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7º desafio domingueiro - “Céus” Mário Medeiros Santos | Até amanhã | Arrepiado | Fev 2012

desafios domingueiros

8º desafio domingueiro - “árvores” Rogério Ferreira | Tunel | Ponte de Lima

9º desafio domingueiro - “Mãos” Rogério Ferreira | Trabalho Árduo | Viarco - S.J. Madeira

10º desafio domingueiro - “Frutas” Mário Medeiros Santos | Azedo | Abrantes 2012

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