Teologia e Prática do Chamado Divino

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TEOLOGIA E PRÁTICA DO “CHAMADO DIVINO”: UMA OPINIÃO MINORITÁRIA

Este artigo aborda o parecer da [CTRE]: A Teologia e Prática do “o Chamado Divino”1. Este artigo quer prover: • Importante e útil material de Lutero, Chemnitz e outros teólogos Luteranos que falaram diretamente sobre o tema do Chamado Divino, mas parecem não ter sido utilizados no parecer da Comissão. • Uma crítica dos vários pontos que requerem uma visão ou ênfase diferente, devido às conexões ausentes ou soltas entre Teologia e Prática e/ou implicações perturbadoras. Nosso Senhor Jesus Cristo disse a Pedro: “Pastoreia as minha ovelhas”2 Esta é a razão pela qual Deus estabeleceu o ofício do Santo Ministério3 (literalmente, “dom ou obra de servir”). Este ofício é inseparável da igreja. Pastores de Cristo não são meros empregados da congregação, sujeitos às suas ordens. O homem chamado por Deus como Pastor (literalmente, “pastor de ovelhas”) deve prestar contas a Deus pelas almas que Deus confia a seu cuidado.4 Ele serve à igreja de Cristo proclamando claramente a Palavra de Deus e administrando a esta igreja, ao mesmo tempo exercendo o Ofício das Chavens em seu nome.

Para o bem do Evangelho O Chamado Divino é importante para o bem do Evangelho. Isto é experimentado vividamente por todo cristão que confessa seus pecados ao Pastor, quando ele pergunta: “Você acredita que o meu perdoar é o perdão de Deus?” O penitente responde: “Sim, eu creio”, e assim confessa sua fé no Evangelho – entregue pela voz do servo da Palavra, chamado e ordenado. Aqui a Teologia e Prática do “Chamado Divino” estão ligados direta, clara e pessoalmente ao Evangelho. No exercício do Ofício das Chaves, o pastor, então diz: “Que seja feito como você crê. E eu, pela ordem de nosso Senhor Jesus Cristo, perdoo os teus pecados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Vá em paz.”5 A pessoa que ouve estas palavras de absolvição precisa ter a convicção que o pastor é verdadeiramente um homem de Deus, e não uma autoridade religiosa herética ou auto-proclamada. Ela precisa ter o conforto de saber que este servo lhe foi dado por Deus para ficar no lugar de Cristo, falando as

1 Adotado pela [CTRE] em sua reunião de 17 a 19 de fevereiro de 2003. 2 João 21.16-17 (ARA – Almeida Revista e Atualizada) 3 Boa teologia começa com definições claras. Na nota de abertura do rodapé, o Relatório adotado pela [CTRE] como A Teologia e Prática do “Chamado Divino” (de agora em diante “Relatório [CTRE]”) declara que este se baseia num relatório de 1981 da [CTRE] chamado: “O Ministério: Ofício, Procedimentos e Nomenclatora como um ponto de partida. Preocupações e revisões decorrentes do primeiro documento, portanto, foram feitas no segundo documento. Nenhum relatório explica de forma satisfatória o uso variado do termo diakoneo (“ministério”) e seus cognatos nas Escrituras. Às vezes a Bíblia usa o termo num sentido mais restrito, i .e.., o ofício do Santo Ministério, ocupado por um servo da Palavra chamado e ordenado. Outras vezes diakoneoo se refere ao serviço prespado pela igreja a outros. A confusão em torno deste termo crucial continua. Martinho Lutero foi o exegeta bíblico por excelência. Um bom entendimento do uso de Lutero da palavra “ministério” e seus termos relacionados, podem ser úteis para reselver esta confusão. Veja o Apêndice A para uma explicação introdutória da distinção necessária entre as palavras “ministério” (serviço) e “vocação” (chamado). Quando esta distinção é introduzida, definida, explicada e enfatizada haverá clareza no ensino da teologia e prática do Chamado Divino. Outra área confusa remanecente do relatório de 1981 sobre O Ministério é o relacionamento entre ofícios auxiliares na igreja e o ofício do Santo Ministério. Novamente, confusão aqui levará à confusão quanto ao Chamado Divino. Veja Apêndice B para uma breve discussão sobre este tópico. 4 “Obedecei aos vosso guias e sede submissos para com eloes; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.” Hb 13.17 (ARA). 5 Catecismo Menor de Lutero, “Breve forma de se confessar,” (St. Louis: Concordia Publishing House, 1986), 219. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


2 palavras do próprio Cristo. O pastor sabe que por si mesmo, é um mortal impotente. Para servir as pessoas com o Evangelho, ele precisa ter a convicção de todas as promessas feitas para ajudar e abençoar os apóstolos no Santo Ministério foram datas a ele também, e que ele é equipado pelo próprio Cristo para o seelsorge (“cura de almas”) e a alimentação espiritual da congregação para a qual ele foi chamado. O grande teólogo Luterano Martin Chemnitz descreveu a importância do Chamado Divino: Por que razões é tão importante que o ministro da igreja tenha um chamado legítimo? Não devemos pensar que isso é feito por meio de arranjos humanos ou só por uma questão de ordem. mas há muitas razões sólidas, que no sensinam muitas coisas e são extremamente necessárias para cada ministro da igreja. I. Como o próprio Deus trata conosco na igreja por meio do ministério assim como pelos meios ordenados e instrumentos. Pois Ele mesmo é quem fala, exora, absolve, batiza, etc. no ministério e por meio dos ministros. Lc 1.70; Hb 1.1; Jo 1.23 (Deus clamando por meio de João Batista); 2Co 2.10,17; 5.20; 13.3. É, portanto, absolutamente necessário que o ministro, assim como a igreja tenham provas seguras de que Deus quer usar esta mesma pessoa para este Seu meio ordenado e instrumento, a saber, o ministério. Assim, um chamado legítimo ou regular prove estas provas; pois desta forma todos os ministros da Palavra podem aplicar a si mesmos as afirmações escriturístas 2Co 5.19; Is 59.21; Mt 10.20; Lc 10.16; 1Ts 4.8. II. Realmente muitos e necessários dons são necessários para o ministério, 2Co 2.16. Mas aquele que foi levado ao ministério por meio de uma pretensão legítma pode aplicar as promessa divinas a si mesmo, pedir a Deus que seja fiel nestas promessas, e esperar tanto os dons que são necessários para ele administrar corretamente o ministério (1Tm 4.14; 2Tm 1.6; 2Co 3.5-6) e direção e proteção no ofício que lhe foi confiado (Is 49.2; 51.16). III. A coisa principal do ministério é que Deus quer estar presente nele com seu Espírito Santo, graça e dons para trabalhar eficazmente por meio dele. Mas Paulo diz, Rm 10.15: “E como pregarão, se não forem enviados?” Ou seja, deste modo a fé é gerada pelo ouvir)? Mas Deus quer aumentar o plantio e o regar daquele que foi legitimamente chamado ao ministério e expõe a doutrina sem dolo e administra fielmente o que pertence ao ministério (1Co 3.6; 15.58), para que tanto ele mesmo quanto os outros possam ser salvos. 1Tm 4.16. IV. A garantia de um chamado divino desperta ministros da Palavra, de tal maneira que cada um, em sua posição, em temor de Deus, realiza sua função com grande diligência, fé e entusiasmo, sem fadiga. E ele não se deixa abater ou perseguir ou amedrontar de seu ofício por medo ou qualquer perigo ou perseguição, uma vez que ele está certo de que foi chamado por Deus e que este ofício foi confiado a ele de modo divino. V. Finalmente, nesta base os ouvintes são estimulados a uma verdadeira reverência e obediência para com o ministério, a saber, uma vez que eles foram ensinados na Palavra de Deus, que Deus, presente por este meio, quer lidar com as pessoas na igreja e trabalhar eficazmente entre as pessoas.6

Deus mesmo trabalh em e por meio do ministro da Palavra chamado. O pregador é fortalecido pela confiança que, por ter sido divinamente chamado, as promessas de Deus realmente são aplicadas a ele. Os ouvintes são fortalecidos pela confiança de que, pelo fato do pastor ter sido chamado por Deus, as promessas de Deus que ele profere são aplicáveis a eles. As Confissões Luteranas (CA XIV, CA XXVIII, CM IV) certamente enfatizam isto com o termo rite vocatus.

A Divindade do Chamado “Em todos os tempos,” observou Chemnitz, “tem acontecido grande e muitas vezes também

6 Martin Chemnitz, Ministério, Palavra e Sacramentos: Un Enchiridion, tradução de Luther Poellet (St. Louis: Concordia Publishing House, 1981), 29-30. Parte 1 deste volume abordando “O legítimo e ordinário chamado dos ministros da Palavra e dos Sacramentos”, e cuidadosamente trata do assunto por meio de 28 perguntas e respostas quejovens pregadores deveriam saber de memória em seus ducados de Brunswick e Lüneburg durante o século 16. Teólogos, pastores e leigos que estudaram regularmente este pequeno volume, se beneficiaram muito com ele. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


3 sangrentas, controvérsias quanto ao direito de expedir o chamado”. Para resolver essas controvércias, nos ajuda relembrar que o próprio Senhor está ativo e trabalhando nesse Chamado. Quem, então, corretamente tem o direito ou o poder para enviar e chamar ministros da Palavra e dos Sacramentos? Falando propriamente e com base na Escritura, o direito de chamar e enviar trabalhadores à seara pertence a Ele que é o Senhor da ceifa, e é bom notar na Escritura que o direito e administração deste chamado foi atribuído expressamente a cada pessoa individual da Santíssima Trindade. Porque o Filho diz ao Pai, Mt 9.38: “Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua ceara.” Paulo testemunha do Filho de Deus, Ef 4.8,11-12, “ele subiu às alturas ... e concedeu dons aos homens... ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres... para a edificação do corpo de Cristo”, o mesmo também é atribuído ao Espírito Santo em At 13.2,4; 20.28. ...7

Chemnitz explicou que o Chamado acontece em duas maneiras: imediatamente (sem meios) ou mediatamente (com meios). Deus chamou os patriarcas, profetas e apóstolos sem nenhuma intervenção de meios humanos. Ele os dotou “com dom de milagres ou outros testemunhos do Espírito com os quais eles provaram e confirmaram seu chamado.” Já não somos ordenados a aguardar pelo milagrosos Chamado imediato. “Nós, portanto, observamos e devemos observar, a forma que os apóstols prescreveram para nós, por meio do Espírito Santo, a saber, que, e como, Deus, agora, quer chamar e enviar ministros para a Sua igreja por um chamdo mediato [i.e. através de meios] ou meios regulares.8 Quais, então, são os meios regulares que Deus quer usar para um chamado meditato? Para um chamado meditao Deus normalmente não usa o ministério dos angjos, mas o ministério de Sua igreja, que é o sacerdócio real. 1Pe 2.9. A ele, assim como à sua esposa Cristo confiou as chaves do reino. Mt 18.18. Da mesma forma Ele confiou a Palavra e os Sacramentos. Rm 3.2; 9.4. E logo, todas as coisas são da igreja, tanto o ministério como os ministros. Ef 4.12; Cl 3.21-22.9

Em sua “Leitura de Gálatas, de 1535 (entre os mais importantes e proeminentes de seus escritos), Lutero descreve a importância do Chamado Divino por notar como o apóstolo Paulo o enfatiza nos seu próprio trabalho. Lutero enfatiza nossa necessidade de saber “que o homem que ocupa o ofício pastoral foi colocado ali por Deus.” Vários parágrafos podem ser lidos na íntegra: Mas o que Paulo pretende por estar se gabando? Eu respondo: Esta doutrina tem como objetivo que cada ministro da Palavra de Deus deveria ter certeza de sua vocação. Aos olhos de Deus, assim como dos homens, ele deve audaciosamente gloriar-se de que prega o Evangelho como alguém que foi chamado e enviado. Assim, o emissário do rei ostenta e se gloria de que ele não veio como uma pessoa particularmente, mas como o emissário do rei. Devido esta dignidade como o emissário do rei, ele é honrado e ganha posição de destaque e alta honra, a qual nunca receberia se estivesse vindo apenas por si mesmo. Portanto, que o pregador do Evangelho não se esqueça que este seu chamado vem de Deus. É perfeitamente apropriado que o pregador deva seguir o exemplo de Paulo e exaltar este seu chamado, de modo que ele possa receber credibilidade e autoridade entre as pessoas.10 ... Atualmente esta doutrina da certeza do chamado é extremamente necessário em fazão dos espíritos demoníacos e perniciosos. Cada ministra da Palavra pode se gavar com João Batista (Lc 3.2): ‘A PALAVRA DO SENHOR VEIO SOBRE MIM’. Então, quando eu pregar, batizar, ou administrar os sacramentos, o farei como alguém que tem uma ordem e um chamado. Pois a voz do Senhor veio sobre mim, não em um canto qualquer, como se gabam os

7 Chemnitz, 30. 8 Chemnitz, 31, ênfase adicionada. 9 Chemnitz, 32-33. Explicação de Chemnitz sobre os procedimentos da igreja para implementar o Chamado Divino mediato foram incluídos no Apêndice C. 10 Martinho Lutero, “Leitura de Gálatas” (1535), Luther's Works, Jaroslav Pelikan, ed. e trad. (St. Louis: Concordia Publishing House, 1963), 26:16. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


4 sectários, mas por meio da boca de um homem que está exercendo seu direito legal.11 … ... O chamado, portanto, não deve ser desprezado. A este não é suficiente, se é um homem que tem a Palavra e a doutrina pura. Ele também deve ter certeza de seu chamado e quem entra sem esta certeza entra somente para madar e destruir (Jo 10.10). Pois Deus não prospera o trabalho daqueles que não são chamados. Mesmo que eles ensinem alguma coisa boa e útil, isto não edifica. Assim, em nossos tempos os sectários (?) têm o vocabulário da fé em seus lábios, mas eles não produzem nenhum fruto. Seu objetivo princial é atrair homens às suas falsas opiniões. Permanecendo em sua tarefa salvadora, aqueles que têm um chamado santo e certo devem, muitas vezes, ter muitos conflitos graves, como devem ter aqueles que ensinam a pura e sadia, contra o diabo com sua constante e interminável astúcia, e contra o mundo com seus ataques. Nestes conflitos o que deve fazer alguém que tem um chamado incerto e cuja doutrina é corrompida? Portanto, nós que estamos no ministério da Palavra temos este conforto, que nós temos um ofício santo e celestial; sendo legitimamente chamados para isto, nós prevalecemos sobre os portões do inferno (Mt 16.18). Por outro lado é terrível quando a consciência diz: ‘Você fez isto sem um chamado!’ Aqui um homem sem um chamado é abalado por tamanho terro que desejará nunca ter ouvido a Palavra que ele mesmo prega. Pois por sua desobediência, ele macula todas as suas obras, independente de quão boas elas são, de modo que mesmo suas maiores atitudes e obras se tornam seus maiores pecados. Assim você ve como este é necessário se vangloriar e se gloriar em nosso ministério desta forma. No passado, quando eu era apenas um jovem teólogo e doubor, eu pensava que era uma imprudência de Paulo em sua epístola se vangloriar tantas vezes de seu chamado. Mas eu não entendi seu propósito, pois eu não sabia que o ministério da Palavra de Deus era uma questão tão importante. Eu não sabia nada sobre a doutrina da fé e uma consciência verdadeira. Nas escolas e igrejas nada certo estava sendo ensinado, mas tudo estava cheio de futilidades sofistas e rimas dos canonistas e comentaristas sobre as sentenças. (??) Portanto, ninguém conseguia entender quão forte e poderoso é este santo e espiritual gloriar-se sobre o chamado, que serve, primeiro para a glórida de Deus, segundo para o avanço de nosso próprio ministério e também para nosso próprio benefício e para o benefício do povo. Quando temos orgulho desta forma, nós não estamos procurando por prestígio no mundo, ou dinheiro ou elogios de homens, ou ainda prazer ou a boa vontade do mundo. A razão para nossa orgulhosa glória é que nós estamos em um chamado divino e na própria hobra de Deus, e que as pessoas precisam estar seguras de nosso chamado, para que saibam que nossa palavra é, de fato, Palavra de Deus. Isto, então, não é um orgulho vão; este é o mais santo orgulho contra o diabo e o mundo. E este é uma verdadeira humildade diante de Deus.12

Claramente, a divindade do Chamado era um assunto de extrema importância para Lutero. Uma boa compreensão do Chamado permite, tanto ao pregador quanto aos ouvintes, reconhecerem os dons recebidos na Palavra e Sacramentos, como sendo do próprio Deus. Esta é uma aplicação simples e específica de uma tendência em toda a teologia de Lutero: a certeza se encontra na e da Palavra de Deus, e em nenhum outro lugar. [Qualquer pessoa que pretenda entender a Teologia e Prática do “Chamado Divino” desejará se familizar com as citações e comentários anteriores, os quais não foram incluídos no Relatório da Comissão.]

Abordagem do Parecer da [CTRE]: Prática “Sectária” Desconectada da Teologia “Católica”? De acordo com a atribuição de 1992 da resolução da convenção sinodal 3-09A “Para Estudar Teologia e Prática do “Chamado Divino”, o relatório da [CTRE] foi produzido com a colaboração da Comissão, o Concílio de Presidentes e os dois seminários do Sínodo. Diferentemente de alguns outros

11 Lutero, “Gálatas,” 18. 12 Lutero, “Gálatas,” 19-21. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


5 documentos producidos apenas pela [CTRE], este Relatório reúne diversas peças divergentes (se não concorrentes) em seus interesses teológicos e institucionais. Em feral, as seções introdutórias de “Teologia” são louváveis, mas uma conexão crucial requer uma maior clareza e discussão explícita (como apresentada na próxima seção deste parecer). O pequeno resumo e discussão de textos da escritura, chamado “The Biblical Witness”13 conclui com dois pontos cruciais para avaliar criticamente o Relatório da [CTRE]: O Novo testamento parece estar mais preocupado com as qualificações e características do indivíduo chamado para servir do que o procedimento para coloca-lo no ofício. Também parece mais importante para a igreja, saber que o homem que ocupa o ofício pastoral, foi ali colocado por Deus.14

Isto poderia indicar que o Relatório da [CTRE] discutindo a “Prática” do Chamado Divino (em três quartos de seu conteúdo) deriva primeiramente da razão humana e observação da prática passada. Estas seções posteriores sobre prática, certamente emergem das seções anteriores da teologia, não de forma natural e convincente, mas aparecem apenas para empregá-las como ponto de partida necessário. O leitor astuto do Relatório da Comissão pode facilmente ter a impressão de que assuntos de política e estrutura sinodal interna pesam fortemente na última parte do documento.15 Estas considerações não são suscetíveis para estabelecer a legitimidade doas conclusões teológicas do Relatório e sua prática proposta.16 Isso é lamentável neste momento em que qualquer que tenha sido o entendimento teológico comum da “Prática do Chamado Divino” parece estar se dissipando. Um participante das discussões descreveu a necessidade de ensino claro sobre o assunto: A teologia séria constantemente precisa chamar a prática da igreja de volta para os padrões puros de sua doutrina. É uma marca de declínio quando, em vez de justificar prática pragmática frouxa, são usadas teologizações. Desta forma a prática doentia, em última análise, leva à doutrina doentia, em vez da sã doutrina prática sendo usada para curar os males da doutrina doentia. É fácil para a igreja, especialmente numa época de pragmatismo, cair em práticas frouxas. No assunto chamado, todos os tipos de anomalias práticas surgiram e foram aparentemente aceitas, sem uma análise teológica séria.17

Um artigo excelente sbore o Chamado Divino começa a partir desta conexão essencial: “De acordo com as Confissões Luteranas, teologia e prática são uma completa e indissolúvel unidade. ... No que diz respeito a todos e quaisquer artigos de fé, se a doutrina, prática ou adoração é errônea ou incomum, tudo será errôneo e fora do comum.”18 Outro ensaio impresso, distribuído aos participantes da Reunião de Agosto de 2002 da [CTRE], Conferência Modelo Teológico em Phoenix, descreve doutrina e prática como “dois lados de uma mesma moeda”.

13 Relatório da [CTRE], Teologia e Prática do “Chamado Divino”, “Testemunho Bíblico”, 6-10. 14 Relatório da [CTRE], 10. 15 Por exemplo, o Relatório da [CTRE] usa os termos “Distrito Presidente” e “Councílio de Presidentes” (desconhecidos para muitas comunhões cristãs) 26 vezes ao todo. Parece bastante incompum para uma publicação da [CTRE] e mais apropriado para um manual de instruções ou manual de procedimentos institucionais. 16 O Relatório da [CTRE] poderia ser facilmente percebido como sendo um esforço para “batizar” e centralizar ainda mais a atual prática sinodal ao invés de uma exposição teológica apropriada. 17 Kurt Marquart, declaração inédita apresentada à [CTRE], Dezembro de 2002. 18 Robert D. Preus, “The Doctrine of the Call in the Confessions and Lutheran Orthodoxy,” em Church and Ministry Today: Three Confessional Lutheran Essays, John A. Maxfield, editor (St. Louis: The Luther Academy, 2001), 1. Este belo ensaio abrange a doutrina do chamado divino abrangente, por meio do seguinte esboço: A. A Unidade de Doutrina e Prática; B. O Chamado; C. O Chamado vem de Deus; D. Deus Chama por meio da Igreja; E. A Necessidade do Chamado; F. O Ofício; G. O Processo de Chamado; H. Conclusões, A Situação Atual (Aberrações, Excessos, Avaliações, Diagnóstico, Prognóstico); I. Conclusão. Como um leigo, este escritor não pode esperar uma proximidade (muito menos reproduzir) da excelente escolaridade teológica Luterana apresentada no ensaio do Dr. Preus, e até agora recomenda-se este para um cuidadoso estudo para qualquer pessoa interessada neste tópico o suficiente para ler as notas de rodapé em uma Opinição Menor, juntamente com o Relatório da [CTRE]. O leitor encontrará aí, corretivos úteis para algumas das conclusões mais especulativas deste último documento. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


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A doutrina expressa em certas práticas e incorporada em nossas práticas é que nós cremos, muitas vezes antes de uma formulação de uma doutrina particular. ... Tanto doutrina quanto a prática deriva seu conteúdo das realidades subjacentes da vida Trinitária íntima e dos eventos salvíficos da vida de Cristo, que incluem o envio do seu Espírito. Essas realidades divinas são transmitidas, preservadas com autoridade e são acessíveis a nós na Escritura (norma normans). Num momento, tanto a doutrina quanto a prática existia antes das Escrituras, mas esses escritos inspirados são nossa única fonte de doutrina (FC, Ep, § 1). … Formulações doutrinárias não surgiram apenas como uma respostas à formulações ruins, como acontece com Ário, (e.g. o Credo Nicendo), mas também por causa de certas práticas, como as indulgências, foram julgadas contraditórias ao fundamento da fé, que à época pode não ter sido completamente formulado. ... As pessoas, muitas vezes, fizeram o certo ou as coisas erradas (prática) muito antes de terem sido dadas explicações teológicas (doutrina). No início de nossa teologia como causa (doutrina), movendo-se para o efeito (prática), nós seguimos o exemplo de Paulo em Romanos e A Confissão de Augsburgo e a Apologia. A prática decorre de nossa doutrina e a reflete. ... Esta ordem bíblica é lógica, mas pode dar a impressão de que as crenças podem ser isoladas das prácias e assim podemos concluir que nossa prática pode realmente ser algo diferente do que nós cremos. Podemos ainda supor que nossas práticas podem ser mais livres do que nossas formulações doutrinárias. Mas uma vez que tando a doutrina quanto a prática derivam seu conteúdo e forma da mesma realidade, a qual é o Deus Triúno em seus atos salvíficos, então as criticas de uma são necessárias também à outra (Cf. AC e Ap.) Schleiermacher é notório para inverter a ordem dogmática tradicional e começando com a vida da comunidade cristã (prática; ética) como a norma para a doutrina da igreja. Aquilo que os cristãos são observados fazendo (prática) foi a chave para determinar a doutrina. ... Apesar das negativas de Schleiermacher, tanto em nossa vida secular, como na religiosa, nós experimentamos os efeitos do nosso conhecimento prévio (determinam) as causas. Nós observamos e fazemos coisas (prática), antes de entender as coisas em si mesmas (doutrina). Muitos cristãos fazem as coisas certas (prática) sem ter sido dada ou de ser capazes de fornecer uma justificativa para fazê-las (doutrina). … Doutrina e prática não existem numa esfera autônoma. ... Doutrina define “porque” uma coisa (prática) é como é. Prática é “o que” fazemos. … Prática contraditória à doutrina é inaceitável. Uma vez que tanto doutrina quanto prática surgem da mesma realidade fundamenta, nós não podemos ser mais condescendentes com um do que com outro. Nós não podemos nos permitir uma liberdade na prática que nós nunca permitiríamos a nós mesmos na doutrina. ... O ditado ‘o que você está fazendo fala tão alto que e não posso ouvir o que você está dizendo’ tem algo a ver com a prática de nossa doutrina. ... Mesmo uma omissão insignificante na prática pode sinalizar uma mudança na doutrina.19 (Exemplos e citações da Escritura foram omitidos).

Um frase concisa do parecer da [CTRE] da “Lutheran Church” do Canadá resume bem a questão: “Se pensarmos bem, a prática não é só o que fazemos, mas o que é requerido por causa daquilo que cremos”.20 No Relatório da Comissão, o que é permitido parece ser uma preocupação mais relevante. A teologia Luterana (e Missuriana) alega sustentar firmemente a verdadeira confissão da fé católica (isto é, universal), refutando aceitar o rótulo sectário.21 Considere a seguinte pergunta: (sem esperar seu acordo com suas conclusões) pode um teólogo Romano, Batista ou Presbiteriano reconhecer este documento como uma declaração escriturística e confessional da “Teologia e Prática do ‘Chamado

19 David P. Scaer, “Doctrine and Practice: Setting the Boundaries – An Abstract Essay with Practical Implications,” distribuído até o momento por The Lutheran Church—Missouri Synod’s Commission on Theology and Church Relations, 19 de Abril de 2002. 20 Closed Communion in Contemporary Context, Um Relatório da [CTRE] — Canada, January, 1998 (Manitoba: Lutheran Church – Canada, 2000), 7. 21 C.F.W. Walther vigorosamente se manteve nesta posição contra os Luteranos Americanos definida atualmente. Veja Apêndice D para a posição de Walther sobre catolicidade Luterana. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


7 Divino’”? O forte sentimento de que a resposta seria “não”, finalmente convenceu-me que este escrito, “Relatório Minoritário”, era necessário. Teme-se que as seções práticas do Relatório da [CTRE] poderia ser mais descrito como “sectário” – quer dizer, reivindicando a aplicação apenas dentro de uma comunhão de seguidores em particular, e não para toda a Igreja. No Relatório da Comissão, considerações humanas de que seriam permitidas certas Práticas parecem prejudicar e concorrer significativamente com a Teologia sobre o Chamado Divino e o Ofício, especialmente no que diz respeito ao mandato permanente do pastor. Num tempo em que muitos púltitos já estão vazios, as potenciais implicações para congregações e pastores são muito preocupantes. [De agora em diante, este comentário vai citar áreas específicas de discordância com o Relatório da Comissão, seguindo o esboço da [CTRE] e empregando legendas idênticas (na maioria dos casos)].

As Confissões Luteranas Qualquer discussão sobre como as Confissões Luteranas tratam a teologia do Chamado Divino, certamente deverá incluir o artigo V da Confissão de Augsburgo, o primeiro artigo sobre o ofício do Ministério, que emerge teologicamente do artigo IV.22 O artigo IV é, obviamente, o principal artigo sobre a justificação, a doutrina sobre a qual “a igreja é erigida ou desmorona”. Para entender estreita relação entre o Evangelho e a teologia do Chamado Divino, é preciso entender a ligação estreita entre os artigos IV e V. Note a similaridade na forma de expressar-se: Entre nós também é ensinado que não podemos obter perdão dos pecados e justiça perante Deus por méritos próprios, obras, ou satisfações, mas que nós recebemos perdão dos pecados e somos tornados justos perante Deus por graça, por amor de Cristo, por meio da fé, quando nós cremos que Cristo sofreu por nós e que por causa dele o nosso pecado é perdoado e recebemos justificação e vida eterna. Pois Deus leva em conta e reconhece esta fé com justiça, como Paulo diz em Romanos 3.21-26 e 4.5. Para obter tal fé Deus instituiu o ofício do ministério, isto é, provendo o Evangelho e os sacramentos. Por meio deles, nestes meios, ele dá o Espírito Santo, que opera a fé, quando e onde lhe apraz, naqueles que ouvem o Evanelho. E o Evangelho ensina que nós temos um Deus gracioso, não por nossos méritos própriso, mas pelos méritos de Cristo, quando nós acreditamos nele. Condenamos os Anabatistas e outros que ensinam que o Espírito Santo vem a nós mediante nosso preparo, pensamentos e ações sem a palavra externa do Evangelho.23 (ênfase adicionada)

Aqui nestes dois artigos o Chamado Divino emerge do Evangelho. O ofício do ministério foi estabelecido por Deus para que possamos “obter tal fé”. São condenados todos aqueles que ensinam que qualquer um pode tomar o ofício do ministério sobre si mesmo “por meio de seu próprio preparo, pensamentos e obras, sem a palavra externa do Evangelho”. Como o chamado do Evangelho mesmo, o Chamado Divino ao ofício vem de fora, por meio de uma palavra externa. O Espírito Santo está em ação em e por meio do Evangelho e também na obra e por meio do Chamado Divino, assim que Ele pode operar por meio do ofício do ministério, assim como entregar tal fé a nós. O Chamado Divino não é o evangelho em si mesmo, mas o Chamado Divino é um chamdo de Deus no Evangelho, não a Lei. Da CA V nós entendemos que o “Chamado” é um convite originado em Deus e instituição de Deus. CA XIV (artigo que o Relatório da comissão não discute) pressupõe o AC V, que diz: “Deus instituiu

22 Não é mencionada a CA V no Relatório da [CTRE]. Como se nota acima, entretanto, o documento da Comissão é claramente dependente do Relatóriod a [CTRE] de 1981: The Ministry: Offices, Procedures and Nomenclature, which begins with AC V and provides some exposition within its own text. 23 Livro de Concórdia, A Confissão de Augsburgo, Artigos IV-V, tradução e edição Theodore T. Tappert (Philadelphia: Fortress Press, 1959), 30-31. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


8 o ofício do ministério”. Quando Deus institui alguma coisa, Sua divina Palavra faz isto permanecer. Um homem recebe o Chamado Divino para ofício estabelecido por esta duradoura Palavra divina. Fora desta Palavra divina, não se pode remover ou ameaçar o homem do ofício sem violentar o ofício e a santidade do próprio Chamado Divino. Apesar de não explicitar a conexão descrita acima, o Relatório da [CTRE], em seu resumo da Confissão de Augsburgo não apresenta uma explicação do inter-relacionamento entre seus vários artigos. Esse resumo começa assim: Ao considerarmos o Artigo XIV da Confissão de Augsburgo, é importante, primeiramente, onde este aparece dentro da Confissão. Dos artigos I até VI apresenta a mensagem da Reforma baseada na teologia da igreja antiga e seus credos. Essa mensagem entõ forma a porção eclesiológica da CA (Artigos VII até XVI).24 (ênfase adicionada)

Eclesiologia é um subconjunto da teologia. É uma perspectiva necessária e válida, a partir da qual, é possível entender o Chamado Divino. O raciocínio do Relatório da [CTRE] realmente procede da história e eclesiologia da igreja. No entando, preocupa muito mais com o Chamado Divino do que com a Igreja. Trata-se do Evangelho. História e eclesiologia não são o melhor ponto de partida para entender o Chamado Divino. Quando o Evangelho não tem a primazia, qualquer argumentação, derivações práticas e conclusões sobre o Chamado Divino são suscetíveis de fundamentar mais em fenomenologia do que em teologia.25 A conecção ao Evangelho não pode ser presumida. É preciso ênfase explícita para que o Chamado seja entendido como procedendo do Evangelho. Neste ponto, porém, nós continuaremos a seguir o raciocícino do Relatório da [CTRE]. Os luteranos não estavam procurando estabelecer uma igreja nova26, e a Confissão de Augsburgo foi apresentada como uma esperança de que o cisma fosse dissolvido.27 Muitos anos de negociação provaram, entretanto, que a Igreja Romana não admite seus erros. Por esta razão, Lutero e seus aliados prosseguiram com os Artigos de Esmalcalde e o Tratado sobre o Poder e Primado do Papa para recordar sua posição final sobre a legitimidade da igreja fora da comunhão com Roma. Efetivamente, isto ocorreu quando os bispos Romanos se recusaram a ordenar seus pastores, e os Luteranos ordenaram eles mesmos. Num sentido importante, porém, o reconhecimento histórico da igreja Luterana como uma entidade independente e separada de Roma28 deriva da teologia e prática do Chamado Divino.29

24 Parecer da [CTRE], 10. 25 Francis Pieper advertiu contra a inversão da ordem na teologia. O último parágrao de sua seção sobre “The Means By Which Theology Accomplishes Its Purpose” (Os Meios pelos Quais a Teologia cumpre o seu objetivo) diz o seguinte: “Uma palavra sobre o governo da igreja a este respeito. Schleiermachar afirma que um dos propósitos finais da teologia é ‘o governo e direito da Igreja.’ Poderíamos subscrever que, com o entendimento de que é a apenas Palavra de Deus que dirige e governa a Igreja. Os regulamentos feitos por pequenos ou grandes corpos eclesiásticos, que dizem respeito à exterioridade do seu trabalho comum, não deveria ser chamados de ‘meios de governar a Igreja’. útero: ‘Os cristãos não podem ser governados por outros meios que não a Palavra de Deus. Pois os cristãos devem ser governados pela fé, não por obras exteriores. Fé, no entanto, pode não pode vir por meio de nenhuma palavra humana, mas somente por meio da Palavra de Deus, como Paulo diz em Romanos 10 (.17): a fé vem pela pregação e a pregação, pela palavra de Cristo.’ (St. L. X:406),” Francis Pieper, Christian Dogmatics (St. Louis: Concordia Publishing House, 1950), 1:106. Em outros lugares Pieper sustenta que Schleiermacher substituiu as Escrituras com “a impressão da realidade” e “experiência,” e “sente que deve harmonizar a aprendizagem da experiência com Escritura.” (2:367). Teria o Relatório da [CTRE] caído em uma influência similar? 26 A Comissão afirma: “Nesses artigos, os reformadores demonstraram que os Luteranos não estavam estabelecendo uma nova igreja, mas fazendo seu clamor de ser igreja” (10-11). Os Luteranos entenderam a si mesmos com estando em congruência ininterrupta com os ensinos da igreja apostólica antiga. Roma tomou a decisão institucional de separar, não Wittenberg. O fato que ambos não encontraram nenhuma possibilidade levou ao reconhecimento institucional (por Roma e os próprios Luteranos) de “Igreja Luterana.” 27 A Conclusão da Confissão de Augsburgo diz: “Só estas coisas têm sido contadas, que nos pareceu necessário dizer, para que elas possam ser entendidas, que nada foi aceito entre nós, em doutrina ou em cerimônias, que é contrário às escrituras ou a igreja católica. Pois é manifesto que temos vigiado diligentemente contra a introdução em nossas igrejas de qualquer nova e ímpia doutrina.” [Tappert, 95]. Em outras palavras, os confessores se limitaram a reproduzir os ensinamentos da igreja através dos temos desde a antiguidade. 28 A igreja do papado foi atualmente a igreja recém-estabelecida. O catecismo anotado de Koehlers corretamente identifica o Concílio de Trento (1545-1563) como o nascimento da igreja papal de acordo com a confissão pública. Então Koehler corretamente identifica a Igreja Luterana como a mais antiga igreja da Cristandade Ocidental por causa de sua confissão distintiva de 1530. 29 “Isto sempre será um critério para um conceito de Igreja Evangélica [Luterana] e do ministério, que se alguém concorda com Lutero aqui ou não, que no caso de necessidade a congregação [Gemeinde] pode nomear seu próprir titular do ofício. E, de fato, tanto quanto Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


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Porém a igreja Luterana reconhece a si mesma e seu ministério continua numa cadeia ininterrupta que se extende desde o ministério apostólico original estabelecido por Cristo. O Chamado é divino porque coloca o homem no ofício e ministério que foi divinamente instituído. Outros chamados não são divinos, porque os ofícios nos quais estão postos os homens não são divinamente, mas sim homanamente instituídos.30

C.F.W. Walther e a Igreja Luterana-Sínodo de Missúri O Parecer da Comissão fornece uma visão respeitável dos ensinamentos de C.F.W. Walther sobre a teologia do Chamado Divino. Porém, algumas conclusões extrapolaram das citações escolhidas de Walther sendo suscetíveis a provocar controvérsia.31 A mudança mais surpreendente ocorre dentro da seção sobre “Duração de um Chamadol,” que cita um único artigo de Lehre und Wehre de 1898 escrito por Franz Pieper para propor uma distinção entre um chamado temporário (condenado por Walther e Pieper) e “um chamado por assistência temporária” (que, diz-se, Pieper não pode rejeitar imediatamente com base na motivação por trás de tal chamado e as circunstâncias atenuantes).32 Este parece ser o frágil apoio para reconfigurar a natureza aberta do Chalado. A aprovação de Pieper da “assistência temporária” parece enfatizar, não os limites arbitrários de tempo, mas o caso especial de necessidade determinada pela imposição do desejo de Deus sobre uma congregação. Ao descrever os casos em que Deus sobrecarregou uma congregação com a doença ou fraqueza do pastor, ou dando a este pastor tarefas adicionais, a congregação acredita que esta condição é temporária, mas não sabe quando ela vai terminar. Eles podem esperar seu pastor retornar ao serviço

sei, nenhum teólogo Luterano jamais se opôs a Lutero nesta questão. August Vilmar mesmo, o propomente de uma expressamente “igreja superior” da visão do ofício, enfaticamente concordou com Lutero...” Herman Sasse, “The Lutheran Doctrine of the Office of the Ministry”, em The Lonely Way: Selected Essays and Letters – Volume II (1941-1976), traduzido por Matthew C. Harrison (St. Louis: Concordia Publishing House, 2002), 133. 30 “Walther frequentemente cita do alemão do Tratado [sobre o Poder e Primado do Papa], parágrafo 10, que ‘nós temos uma doutrina pura de que o ministério (Predigtamt) vem do chamado comum aos apóstolos.’ Aqui, em vez de um remexer filosófico por meio de kaleoo (“chamado” em grego) o material é o ponto de partida adequado para um entendimento do ‘chamado divino’. Em nossa tradição dogmática o inexorável da ‘cadeia de evidências’ que liga o atual ministério aos apóstolos é o seguinte (1) Cristo estabeleceu os apóstolos por seu chamado imediato; (2) O ofício Evangélico essencial — menos as especiais prerrogativas apostólicas — foi transmitido pelos apóstolos aos seus socessores, e por eles a outros, até os dias atuais (2Tm 2.2); (3) O posterior, chamado mediato por meio da igreja não é menos divino do que o chamado original imediato (At 1.15-26. 20.28; Ef 4.11), e como tal necessário (Rm 10.15). Em outras palavras, a ‘divindade do chamado’ repousa inequivocamente sobre a divindade do ministério publico ou ofício da pregação. Se o ofício pertence a Cristo, então é ele quem coloca o homem no mesmo e remove dele, apesar de agora ele fazer isso mediatamente. Isto é o que se entende por ‘chamado divino’. “Nossas Confissões da Reforma, como toda a teologia Luterana subsequente, entende o ministério ordinário de Palavra-eSacramentos como sendo instituído por Cristo mesmo em, com e sob o Ofício Apostólico. O grande dogmático do Sínodo de Wisconsin, Adolf Hoenecke explica isto desta forma: ‘O ordinário ofício da pregação é a continuação, desejada pelo próprio Deus, do extraordinário ofício Apostólico, e é no e com o ofício Apostólico de instituição divina.’ Walther diz o mesmo quando fala do ‘ofício da pregação fundado [ou instituído] por Cristo com o apostolado.’ Isto tem consequência de longo alcance para o chamado divino atualmente, dentro do ofício divino. ‘Muito menos pode um tal procedimento [pregador-leigo na igreja] estar baseado num chamado especial, pois a igreja não pode criar um chamado de acordo com seus próprios critérios. [Belieben, caprichos], mas pode emitir apenas o chamado que Deus instituiu e o qual [somente ele] reconhece (por meio do qual só um servo de Deus passa a existir, não, porém, por meio de um contrato humano para poucas horas e dias.)” “O chamado é ‘divino’ então porque (1) o ofício é divino e (2) Deus mesmo chama o homem para o ofício, mesmo que mediatamente, por meio da igreja. É um absurdo falar de “chamado divino” em todas as sortes de posições que não são o ofício do Evangelho divinamente instituído. O chamado não pode criar o ofício. Ele quer transmitir (uebertragen!) este ofício, ou não — isto é, se os termos do ‘chamado’ violam o essencial do ofício (e.g. ‘ordenação’ de mulher). A divindade do chamado deriva da divindade do ofício, não o contrário — assim como a celebração dos sacramentos na igreja não pode os criar, mas somente quer dar o que o Senhor, de fato, instituiu, ou então falha em oferecer a Ceia. Ofícios humanos a igreja pode realmente criar em seu discernimento dentro da liberdade cristã, e como queira ‘chamar’ irá com eles. Mas o ofício divino e o chamado só o próprio Deus pode outorgar.” Kurt Marquart, “The Ministry, Confessionally Speaking: Just What is Divinely Instituted?” em The Office of the Holy Ministry: Documentos apresentados no Congresso de Confissão Luterana, Itasca, Illinois, 10 a 13 de Abril de 1996 (Crestwood: Luther Academy, and Minneapolis MN: the Association of Confessional Lutherans, 1996), 23, 25-26. 31 As opiniões dos escritos de Walther tem um contesto que deve ser entendido, e algumas citações tiradas de seu contexto podem revelar-se enganosas. Mais pesquisa pode e deve ser feita para explorar as formas específicas que Walther descreve colocando a doutrina do chamado dentro da prática do Sínodo de Missúri de décadas anteriores. Um pastor sugeriu que Baier-Walther fornecem um diferente e, talvez, esclarecedora perspectiva nessas questões que também devem ser consideradas. 32 Relatório da [CTRE], 20. Trad.: Jarbas Hoffimann, qualquer sugestão para melhorar para: pastorjarbas@gmail.com


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