Elogio a superficialidade da arquitetura

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Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Disciplina Optativa

Matéria isolada

Arquitetura, tecnologias digitais e cultura contemporânea Dr. José dos Santos Cabral Filho

Aluna: Polyanna Lima Veras - Arquiteta e Urbanista

NPGAU

Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Período: 2010


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ELOGIO A SUPERFICIALIDADE DA ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA Aluna: Polyanna Lima Veras Prof. Dr. José dos Santos Cabral Filho Arquitetura, tecnologias digitais e cultura contemporânea NPGAU – Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMG

Introdução:

Na arquitetura contemporânea as ilimitáveis formas e materiais de alta tecnologia, estão cada vez mais disponíveis e exploradas. Essas mudanças determinam uma nova era, chamada de contemporânea. Na arquitetura, as mudanças são intensas e cada vez mais rápidas e todos os princípios conceituais e estéticos sofrem essas mudanças que geralmente são sempre complicadas e de difícil aceitação. A falta de críticas relacionadas a conceitos provém apenas de pensamentos teóricos o que provoca uma grande preocupação dos arquitetos que antecedem a nova geração. A tecnologia pode ser encarada pela geração atuante como a morte da arquitetura, e pela geração que a antecede com o futuro de uma nova era. O impacto tecnológico na cultura atual é percebido de forma paradoxal e paira sob duas vertentes, o fim ou renascimento da arquitetura. Se para muitos é o renascimento, sem dúvida são os primeiros passos que caminham para uma arquitetura futurista, e se apontar para o fim da arquitetura é devido ao excesso de informações tecnológicas desprovidas de conceitos.


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Metodologia Esta pesquisa está embasada em livros, textos, materiais bibliográficos, entrevistas, e artigos publicados.

1 Associação Histórica da Arquitetura Contemporânea através da visão de Flusser A arquitetura da atualidade é considerada por muitos críticos como abstrata, e tem duas vertentes a real e a induzida, uma imagem ilusória.

Quando essa

arquitetura não é entendida pela sociedade, ela passa a ser idolatrada, fica em evidência, mais admirada e por fim mais desejada. Com uma sociedade dependente da tecnologia e a arquitetura cada vez mais informatizada, questões como liberdade de criação, sensibilidade e consciência são fatores que estão desaparecendo aos poucos no perfil da nova geração de arquitetos. A liberdade pode ser algo bastante discutível se o homem é livre no seu sentido absoluto. Kant[1] define liberdade como a responsabilidade do individuo por seus próprios atos. Essa sem duvida é uma questão bastante polêmica quando o assunto está diretamente ligado à arquitetura. Para Sartre [2], tem que haver sempre a possibilidade de escolha a partir da condição em que nos encontramos porque “ o homem nunca é um ser acabado, predeterminado”, já para Leibhiz [3], é a capacidade de auto determinar-se, agir com sua própria vontade sem nenhuma determinação exterior. Sob o ponto de vista de Flusser, a questão relacionada à forma livre para lidar com a imagem técnica, é ter que abrir mão de toda sua formação filosófica, uma vez que na realidade não existe liberdade para criar um projeto em computador mas sim a liberdade de escolha de uma forma criada ao acaso.


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2 A programação de uma nova sociedade - Cosmogonia contemporânea No âmbito da nova sociedade, a forma livre de lidar com a imagem técnica não parece ser um problema. Na prática, para a grande maioria dessa sociedade, na imagem técnica não existe forma escrava, pois ignora-se na profundidade o real significado e sentido de liberdade. E ao ignorar o sentido de liberdade não se dá conta que a cada dia, se vive cada vez mais contribuindo para uma sociedade robotizada, mais dependente de linguagens de representações simbólicas e pela programação de um computador, que desmistifica valores, desvia as funções originais e elimina a liberdade de criação do homem, diante do desafio de poder viver livremente em uma era programada por aparelhos. Desde a revolução industrial o homem vem sendo absorvido pelas máquinas e pela tecnologia. O homem inventou a máquina para que ela trabalhasse para ele, hoje houve uma inversão de papeis, pois o homem é quem trabalha para a máquina. Mas até quando? Flusser diz que nem mesmo os fotógrafos experimentais "se dão conta do alcance de sua práxis" ele quer dizer que o homem ao transformar a natureza com seu trabalho, transforma-se a si mesmo sem enxergar que esse é o grande problema do homem atual. Problema que altera toda a estrutura da existência da sociedade e do próprio mundo em que ele vive, e assim se deixa escravizar no mundo programado por aparelhos. Nietzche[4], se utiliza da expressão “Moral dos Escravos” para designar a moral dos fracos que perverteram os valores originais, pretendendo passar sua impotência por uma virtude. Esse é um problema evidente e preocupante aferido à sociedade contemporânea em que para diminuir o número de analfabetos, países sub-desenvolvidos investem em imagens uma vez que grande parte da população não se enquadra na cultura dominada por textos. Dessa forma, o iletrado tem a possibilidade de participar da cultura dominada por imagens, uma tentativa bastante exagerada. Flusser vai mais longe ao mostrar que não são somente países subdesenvolvidos utilizam desse recurso como os Estados Unidos em “Johnny can’t spell”[5]. É fato que a sociedade contemporânea convive diariamente com os impactos das várias


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formas tecnológicas digitais, vivenciando a materialidade da vida real que é formada e transformada pelas possibilidades do não-material (digital). Essa lógica de raciocínio contribui para uma sociedade cada vez mais manipulada e se sentindo cada vez mais independente das complexidades teóricas, lógica do conceito, do raciocínio que torna cada vez distante a capacidade de saber distinguir o verdadeiro e o falso, o que é bom e o que é ruim. Para Flusser, filósofo alemão, é o que ele chama de involução inseparável das intenções codificadas, um regresso ao infinito. 3 Histórico 3.1 Arquitetura Moderna - séculos XIX e XX Modernismo foi um movimento significativo de mudanças que influenciou muitos arquitetos principalmente nos pensamentos na maneira de olhar o mundo com uma nova visão do homem para o homem, um homem tipo. Uma linguagem e um estilo universal, baseados na funcionalidade, racionalidade. Foi através da Revolução Industrial, que surgiu uma nova arquitetura. A arquitetura

moderna

foi

impulsionada

pela

evolução

tecnológica,

que

proporcionou para a arquitetura e a engenharia novas perspectivas, novos valores, novos materiais como o aço, o ferro e o vidro, materiais que marcavam uma nova era. O estilo internacional repetitivo, técnico, anônimo, contínuo, transparente, projetado para um homem irreal que negava a historia, se mostrou vulnerável dentro do próprio movimento. Mas sem dúvida todos estes fatores contribuíram para o surgimento de uma nova frente, o pós-modernismo, que segundo Lyotard [6]

“o pós indica algo como uma conversão: uma nova direção a uma anterior”

3.1.2 Arquitetura Pós-Moderna O pós-moderno é parte de um momento muito importante de reflexões, críticas e transições na história, que possibilitou a abertura, a liberdade de concepção, a


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repetição, as referências, e principalmente a opção por caminhos metodológicos distintos e ao mesmo tempo opostos, tornaram possíveis através destas transformações técnicas e tecnológicas arquiteturais, uma nova leitura para a arquitetura contemporânea. O arquiteto Philip Johnson mostrou a necessidade de voltar às questões especificas como olhar mais para as cidades e para as pessoas que nela habitam resgatando a hirtória, as imagens, o lugar, assim como Robert Venturi, Michael Graves e Aldo Rossi e Michael Wilford. O resgate às questões históricas mostra como foi a reformulação teórica entre o modernismo e o pós-modernismo através da necessidade da memória hitórica, da tradição do novo e de uma relação precisa de natureza dialógica, entre os novos edificios e o ambiente onde são construidos tanto nas periferias como nos lugares históricos.

3.1.3 Arquitetura Contemporânea Se a arquitetura contemporânea se mostra para o futuro com total liberdade na forma, com aparente instabilidade, com formas que fogem das matrizes visuais convencionais e sem referências estáveis, fica claro que irá prevalecer como uma nova maneira de criação desses arquitetos os atuais programas de computador , uma intenção da formação dessa nova geração de arquitetos que já nasceu em

um mundo pré - programado. Arquitetura é criar, recriar e continuar o desenvolvimento e mudanças da vida de todos os habitantes. Ela induz o pensamento analítico e criativo com razões solidadas ligadas diretamente ao conhecimento relacionado à cultura, à economia, técnica, política, leis ambientais, sociais, históricas além de implicações estéticas, se não for dessa maneira, fica impossível entender tamanha contradição da arquitetura contemporânea. Benévolo[7] intitulou em sua obra a atual arquitetura como A Arquitetura do Novo Milénio e a classificou em três grupos;


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“Os remanecentes da tradição moderna” com uma linha de conduta pessoal, destacando Alvaro Siza e a Escola do Porto, Vittorio Gregotti, Giancarlo di Carlo, Rafael Moneo e Gino Valle;

“Os inovadores paciêntes da arquitetura européia” capazes de sintetizar a renovação tecnológica e a adaptação aos lugares” destacando Norman Foster, Renzo Piano e Richard Rogers;

“Os pacientes e impacientes catadores de novidades”, descobridores impacientes de recursos técnicos, morfológicos e teóricos e os aprendizes pacientes que podem se tornar ou estão se tornando herdeiros dos mestres de hoje” como Frank O Gehry, Bernhard Tchumi, Daniel Libeskind, Zaha Hadid, Herzog &

De Meuron, Santiago Calatrava, Herman

Hertzberger, OMA( Rem Koolhaas, Madelon Vriesendrop, Elia e Zoe Zenghelis), Bem van Berkel, os Mecanoo ( Erick van Egeraat, Chris de Weijer, Francine Houben, Henk Doll), MVRDV( Winy Maas, Jacob van Rijs e Nathalie de Vries), o Foreign Office ( Farshid Moussavi e Alejandro Zaera-Polo), Philippe Chaix e Jean Paul Morel) Um fato bastante relevante e que chama atenção é que a grande maioria dos arquitetos citados acima nega a história apesar de possuir grande conhecimento científico e histórico. A grande questão é que a atual geração de arquitetos que está sendo preparada para o mercado, também se identifica com o terceiro grupo classificado por Benévolo, os pacientes e impacientes catadores de novidades, só que com um agravante, estão desprovidos de conhecimento científico e principalmente sem conhecimento histórico. Essa nova geração de arquitetos (ao se identificar com determinado grupo de arquitetos reconhecidos e respeitados internacionalmente por sua arquitetura que defendem uma nova linha de pensamento na qual a história é fator irrelevante), acha suficiente os conceitos elaborados pelos programas de arquitetura através de protótipos, símbolos, códigos com outros valores na visão conceitual, que são considerados auto suficientes. Se arquitetura contemporânea tem uma posição anti vernacular, confortável com novos materiais e não-materiais, locais e formas, assim pode se dizer que a


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arquitetura pós-moderna é uma das manifestações contemporâneas recentes que está se mostrando contraditória como foi o movimento moderno. Para que a arquitetura contemporânea tenha um caminho promissor, segundo o arquiteto Tadao Ando, seria necessário a superação do mecanismo e pensamento modernista para realmente criar um novo caminho para a arquitetura injetando novo vigor no espírito humano. Se isso for um fato, apostar 100% apenas nos recursos técnicos, morfológicos e teóricos dos computadores para a arquitetura contemporânea em que o tempo não é necessariamente linear, mas topológico, seria no mínimo uma contradição, pois o movimento moderno se mostrou vulnerável por negar a historia, pelo excesso tecnológico, anônimo e por projetar para um homem irreal.

3. 2 O novo paradigma da arquitetura contemporânea Esse novo paradigma não linear, mas computacional não tem a intenção de se fixar em relação espaço-temporal como o perspectívico. Com bases na velocidade dinâmica para haver possibilidade para constantes mudanças, a arquitetura deixa de ser relacionada a espaço-tempo, para se tornar uma relação continua de transformação em que material e não-material se influenciam simultaneamente, isto é, uma relação tempo-comportamento.

3. 2.1 Influência da arte moderna na arquitetura contemporânea A história da arquitetura está diretamente relacionada com a história da arte. Para o melhor entendimento de uma das vertentes da arquitetura contemporânea, a arquitetura desconstrutivista exibe, em sua arquitetura inequívoca como uma referência para a contemporaneidade, duas correntes importantes da arte moderna, que influenciaram vários arquitetos desconstrutivistas como Frank Gehry, Zaha Hadid, Bernard Tschumi foram o minimalismo e o cubismo.


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O cubismo analítico teve maior efeito sobre o desconstrutivismo, com as formas dissecadas e vistas de diferentes perspectivas simultaneamente. A sincronicidade de espaços dissociados é evidente em muitos projetos. O desconstrutivismo também compartilha com o minimalismo uma ausência de referências culturais, e a influência das noções minimalistas de arte conceitual e sua onipresença da forma arquitetural em relação ao lugar . As formas assumem uma tendência a deformação e deslocamento que na pintura remetem a uma geometria abstrata com formas e figuras angulares associadas ao expressionismo como mostram alguns dos exemplos abaixo, figuras 01, 02 e 03.

Fig.01 croquis Coop Himmelb(l)au Sketches UFA Palast 200 ,Dresden, Germany Fonte: www.arcspace.com/architec

Fig.-02 apartamento Wozoco Amsterdam Rem Koolhas

fig.03 Embaixada Holanda em Berlim Rem Koolhas

Fonte: www.arcspace.com/architects

Fonte: /www.arcspace.com/architects


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4 Derivações e transformações da forma: Morfogênese digital. Muitos seguidores da morfogênese da forma através de programas de computador afirmam que a historia, os valores, noções de origens e fins, processos estratégicos de composição e principalmente a função limitam as grandes possibilidades da arquitetura. É a própria reformulação da arquitetura através da geometria topológica bem diferente da geométrica não-euclidiana, uma arquitetura embasada em conceitos subjacentes.. Para Peter Eisenman a “arquitetura independente e livre de significados é intemporal”, e uma das derivações da forma de projetar é o uso de diagrama como idéia. Para Eisenman o uso de diagrama é uma forma de texto para se chegar às formas para se aproximar o máximo da arte e criar algo impactante diferente de uma arquitetura, (figuras 04 e 05).

Fig.04 Foto diagrama e maquete City of Culture of Galacia- Santiago de Compostela Peter Eisenman Architects

Para o arquiteto Greg Lynn, os programas de computador são fundamentais para a elaboração de seus projetos ele acha impossível desenhar e executar uma obra sem o auxílio da tecnologia, (figs 05 a 08). Assim como Lynn, o arquiteto Marcos Novak utiliza da tecnologia na elaboração de seus projetos na “criação de novos mundos” para superar novas idéias de realidade representada.


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Fig.05 Foto diagramas edigitais Slavin House

Fig.07 Diagrama da Embriological Housing

Fig.06 Diagrama da Embriological Housing

Fig.08 Foto; New City- Modelo de uma sociedade idealizada Greg Lyn, Peter Frankfurt e Alex McDowell

Para Novak arquitetura tecnológica é definida por três conceitos: Arquitetura Líquida, uma arquitetura mutável que se movem e reagem ao meio, Eversão: paralelo a imersão, informações e o aspecto virtual vêm para o mundo natural. Transarquitetura é o ciberespaço: significa transformação, todas as formas de mudança,

“São

entornos

virtuais

que

constituem

sítios

autônomos

e

arquitetônicos e que, por outro lado, se lança como um novo campo de amplitude sem precedentes, transurbano e abertamente público”. Isso significa que nesse espaço a presença pode ser variável, parcial ou casual, (fig. 10).


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Fig.09 Foto;Projetos de Novak mistura entre o real e o virtual

O que define a arquitetura topológica é a eliminação da geometria euclidiana para a nova geometria agora representada por funções paramétricas. São programas gráficos desenvolvido para representar curvas e superfícies como o NURBS, Non Uniform Rational Basis Spline. A arquitetura desconstrutivista, (fig.10 a 15) rompe com todas as formas, as normas e princípios teóricos fogem completamente dos padrões impostos quebrando com as normas e métodos ditados. Pela complexidade da forma do descontrutivismo, faz com que os programas de computador, sejam a ferramenta essencial e indispensável para muitos arquitetos como Zaha Hadid, Frank Gehry, Peter Eisenman, Rem Koolhaas, Daniel Lebiskind, Bernard Tschumi, dentre outros.

Fig.10 Foto;Burnham pavilion /Chicago-Zaha Hadid

Certamente projetar essas formas mais complexas com régua, compasso e esquadro torna pouco provável a possibilidade de gerar essa tipologia mesmo porque, o projeto sofre alterações pelo programa incidente informático, o acaso.


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Fig.11 Fig. Foto e croqui Frankc Gehry Guggenheim de Bilbao2003 Gehry Fonte: www.arcspace.com/architects

Fig.12 Conjunto de obras projetos Arquiteto Daniel Liebskind Fonte: www.arcspace.com/architect

Fig.13 Conjunto de obras – projetos Arquiteto Norman Foster Fonte: /www.arcspace.com/architec

A arquitetura contemporânea se encontra no mundo da revolução da informática e a nova geração de arquitetos convive com a imagem eletrônica e suas infinitas possibilidades.


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Fig.14 Conjunto de obras – projetos Arquiteto Jean Nouveau Fonte: /www.arcspace.com/architect

Fig.15 Conjunto de obras – projetos Arquiteto Renzo Pianno Fonte: /www.arcspace.com/architect

Corbusier, sempre deixou claro que a arquitetura tem que causar sensações, surpresas, essa tipologia também é sem duvida a maior característica da arquitetura contemporânea embora seja elaborada através de programas computacionais que proporcionam uma arquitetura futurista, abstrata, bastante instigante a imaginação. No movimento moderno, a arquitetura entrou em colapso principalmente pela tentativa de generalizar as necessidades do homem com um estilo internacional. Para uma arquitetura sobreviver ela tem que ser funcional, e seus espaços devem atender as necessidades do habitante. A grande questão é se essa arquitetura atenderia a esses quesitos e se realmente seria agradável de habitar. Estranhamente, os arquitetos que criam projetos como a casa Embrionária de Greg, não moram com a sua família em uma casa com essa tipologia.

A

arquitetura

contemporânea

possui

sem

duvida,

enormes

possibilidades estéticas e tecnológicas, capazes de produzir formas instigantes e espaços inusitados, mas que também necessitam de conhecimento preciso e concreto.


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5 A Relevância do conhecimento A crítica aos conceitos são peças fundamentais por duas razões: uma permite que a crítica de todo o ensino baseado nas Beaux-Arts e no Romantismo, remeta a investigação para a especificidade do fazer empírico do arquiteto; o outro, por não conseguir se libertar da idéia de processo que gera substituição, a do processo intuitivo-conceitual, metáforas clássicas arquitetônicas da estática e do equilíbrio, pela substituição do processo lógico-matemático com características autônomas, isto é processo tecnológico. Mas é através desse processo tecnológico que a representação, a criação mais difundida, a percepção da arquitetura se mostra mais abrangente ainda que sua elaboração seja feita entre níveis simbólicos e pragmáticos, e gerar o objeto tem mais relevância que o desenho da forma do objeto em si. O conhecimento e a apropriação de métodos são as principais ferramentas para análises, desenho, realização e evolução. A importância de aprimoramento da capacidade de percepção sensual e intelectual é que permitirá desenvolver grandes espaços. Um arquiteto deve ser capaz de conciliar idéias diferentes e contraditórias em relações a um desenho arquitetônico, poder se comunicar através da linguagem de desenhos e imagens e principalmente, torná-la exeqüível. Estes desenvolvimentos são signos arquitetônicos agregados às necessidades individuais e da sociedade em geral. A arquitetura induz o pensamento analítico e criativo com razões solidadas. Os pré–requisitos para estas habilidades estão ligados diretamente ao conhecimento de relações culturais, econômicas, técnicas, políticas, leis ambientais, sociais, históricas e implicações estéticas. A arquitetura contemporânea é aparente instabilidade das formas. Esta fluidificação das formas com a tecnologia digital não isenta o arquiteto da necessidade de conhecimentos matemáticos e científicos. Saber definir a topologia como possibilidade da arquitetura enquanto superfície midiática depende de conceitos e acima de tudo crítica. A velocidade das mudanças pelo impacto da tecnologia digital, tanto no cotidiano como na arquitetura, necessita


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um novo ciclo de ajuste para assumir novamente o controle da vida, do tempo e do espaço ainda que cibernético.

6 Conclusão A arquitetura contemporânea é fruto de uma evolução passível de construção entre produtos artísticos e arquitetônicos, elaborado através do deslocamento conceitual. A opção por caminhos metodológicos distintos e ao mesmo tempo opostos,

tornaram

possíveis,

através

destas transformações técnicas e

tecnológicas arquiteturais, uma nova leitura para a arquitetura contemporânea. A arquitetura contemporânea será constantemente questionada por seus intrigantes paradigmas e aceita-la é condição indispensável para entender como é o acesso e como se conecta, rumo ao novo mundo. A nova geração de arquitetos como criadores de sistemas, sem dúvida irá de encontro com a evolução de suas obras, para encarar o dinamismo arquitetônico na finalidade de tornar possível o diálogo entre a obra e o usuário, criar ambientes com uma constante interação não mais se preocupando com a funcionalidade.

Arquitetura contemporânea se mostra transdisciplinar, e confirma o seu caráter naturalmente cibernético. As novas formas da arquitetura contemporânea, já são o resultado de intervenção tecnológica avançada, em busca de um novo tempo, de uma nova era, o futuro.


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7 Referências Bibliográficas

FLUSSER, Vilém. O mundo codificado por uma filosofia do disign e da comunicação. Cosac Naift,200,São Paulo. FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Relume Dumará, 2002. FLUSSER, Vilém. Pós-história: vinte instantâneos e um modo de usar. São Paulo: Duas cidades, 1983. FLUSSER, Vilém Fenomenologia do brasileiro: em busca do novo homem. Rio de Janeiro: EdUerj 1998. Introdução de Gustavo Bernardo Krause. FLUSSER, Vilém O universo das imagens técnicas - Elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008. ANDO, ,Tadao. Por novos horizontes na arquitetura. In: NESBITT, Kate (org.) Uma nova agenda para a arquitetura: analogia teórica 1965- 1995. São Paulo: Cosac & Naify, 2006,p.494. MONTANER, Josep Maria. As formas do século XX. Barcelona: Gustavo Gilli, 2003. JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1996. CABRAL Filho, Jose. Formal Games and Interactive Design - Computers as formal devices for informal interaction between clie clients and architects. Sheffield: Sheffield University, School of Architectural Studies, 1996. CABRAL Filho. De volta às origens – Por uma arquitetura sempre contemporânea Escola de Arquitetura da UFMG. IBPA/LAGEAR CABRAL Filho. Um corpo para uma arquitetura irreversível. Escola de Arquitetura da UFMG. IBPA/LAGEAR CABRAL Filho. Um futuro além da transgressão. Escola de Arquitetura da UFMG.


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CABRAL Filho. Arquitetura como instrumento ético frente às tecnologias de disjunção Espaço-tempo. Escola de Arquitetura da UFMG. IBPA/LAGEAR http://www.fotoplus.com/flusser/index.html acessado em março de 2010 http://www.globalconstructionwatch.com/?p=215 acessado em junho de 2010 www.vitruvius.com.br/.../arq000/esp496.asp acessado em março de 2009 http://arquitectura.pt/forum/f11/zaha-hadid-iba-kreuzberg-berlim-1660.html acessado em março de 2009 www.essential-architecture.com/STYLE/STY-M13.htm acessado em março de 2009 www.uni-ak.ac.at/.../architektur/coop1.html acessado em março de 2009 www.arcspace.com/.../pages/13.htm acessado em março de 2009 http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/177/imprime118584.asp acessado em maio de 2009 http://www.abea-arq.org.br/ acessado em junho de 2009 http://www.revistaau.com.br/index.asp acessado em junho de 2009 http://escritoriointegracao.blogspot.com/2008/11/pensar-arquitetura.html acessado em junho de 2009 http://www.arquiteturarevista.unisinos.br/pdf/52.pdf acessado em junho de 2009


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Notas: [1 ]

Kant, Immanuel (1724-1804) Um dos filósofos que

mais profundamente

influenciou a formação da filosofia contemporânea.( pag 153). [2 ]

Sartre,Jean-Paul (1905-1980) filósofo principal representante do chamado

*Existencialismo Frances . Um dos pensadores mais famosos do século. [3]

Leibniz, Gottofrien Wilhein (1646-1716) Filósofo e matemático alemão.

[4]

Nietzsche, Friedrich (1844- 1900) Filósofo alemão uma dos pensadores mais

originais do Sec. XIX que influenciou o pensamento contemporâneo.

[5]

Mark Pennington, especialista MA Reading e autor de Ensino de Ortografia e

Vocabulário © 2002 Pennington Publishing.

Ele incentiva os professores a

"trabalhar mais esperto, não mais" para melhorar e aumentar o aprendizado do aluno. Mark é comprometido com o desenvolvimento pessoal baseado em padrões no ensino diferenciado para as diversas necessidades dos estudantes de hoje. [6]

LYOTARD, Jean François. O Pós-moderno explicado às crianças . Lisboa:

Publicações Dom Quixote, 1987, p.94 [7]

BENÉVOLO, Leonardo. A Arqitetura do Novo Milênio.São Paulo. Estação

Liberdade, 2007, p.56


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