Ano X - nº 114 Outubro 2015
CDL Fortaleza
Os benefícios da Logística Reversa para a sua empresa
Cobertura completa da 27ª Convenção Estadual da FCDL 2015
Fortaleza amplia incentivos para as compras municipais. Conheça as vantagens!
Conquiste clientes: conheça as técnicas do Marketing de Vizinhança
Nesta Edição
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Entrevista: Cláudia Buhamra Como fazer Marketing de Vizinhança
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Convenção Estadual anima o movimento lojista cearense
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Logística Reversa Os benefícios que o processo traz para a sua empresa
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Dólar O lado positivo da alta para o fluxo turístico, favorecendo o Ceará
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Compras Governamentais Portal garante processo mais rápido para MPEs
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Compre do Pequeno Campanha apoia o fortalecimento dos pequenos negócios
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CPMF Boa ou má para os brasileiros?
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Selma Cabral fala sobre os planos da sua gestão à frente da Alfe
ex pe ente di
Comércio & Conjuntura é uma publicação mensal editada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza. Presidente: Severino Ramalho Neto 1º Vice-presidente: Francisco Deusmar de Queirós 2º Vice-presidente: Pio Rodrigues Neto Gerente de Marketing: Silvia Freitas Jornalista responsável: Isabella Purcaru Diagramação: A R Neto Produção textual: Daniele de Andrade / Ádria Araújo Correção ortográfica: Ana Luiza Martins Tiragem: 10.000 exemplares Distribuição: Gratuita Impressão: Gráfica Minerva Sugestões e comentários: silvia.freitas@cdlfor.com.br Nesta edição teve a colaboração das jornalistas: Eugênia Nogueira e Kyara Aires Nossa Missão: Coordenar a integração e o desenvolvimento sustentável do comércio de Fortaleza, preservando os interesses coletivos, a responsabilidade socioambiental e os princípios do associativismo.
Rua 25 de Março, 882 – Centro – CEP 60060-120 – Fortaleza – CE – Fone: (85) 3464-5572 www.cdlfor.com.br
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sede da CDL de Fortaleza acolheu por uma semana os importantes debates setoriais sobre a cidade que queremos em 2040, um trabalho liderado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Propostas importantes foram feitas nas discussões sobre o centro da cidade, todas com uma visão de longo prazo, incluindo as atividades comerciais, pela sua importância no contexto econômico do Estado o terceiro polo de arrecadação do ICMS. Em conjunto com a Faculdade CDL, apresentaremos também uma densa proposta com caminhos de curto e médio prazos para o reordenamento do Centro, como parte do projeto Pacto em Ação, liderado pela Câmara Municipal de Fortaleza. Não arredaremos pé dos nossos objetivos de, com o apoio dos gestores públicos municipais, resgatarmos a urbanidade e os valores sociais, culturais e econômicos desse perímetro tão importante. Ao fazer chegar aos leitores mais uma edição da Comércio & Conjuntura, fazemos esses registros - que virão com mais detalhes na próxima edição - e entregamos uma pauta repleta de assuntos importantes e atuais para o varejo, como o debate referente à CPMF e a nova legislação municipal sobre Compras Governamentais, com oportunidades para o nosso negócio. 04
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Ainda nesta edição, os melhores momentos da vitoriosa Convenção Estadual do Comércio Lojista, que nos foi presenteada pelo presidente da Federação das CDLs do Ceará, Freitas Cordeiro. Boa leitura.
COMÉRCIO & MERCADO Compre do Pequeno
Compre dos Pequenos: eles impulsionam a economia O dia 5 de outubro de 2015 foi uma data muito importante para o micro e pequeno varejista: o dia em que o consumo estava voltado para os pequenos heróis, que estimulam a economia e a produção local. Recentemente, em parceria, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Sebrae se uniram em prol do Movimento Compre do Pequeno Negócio e escolheram esta data para que, preferencialmente, as pessoas comprem das micro e pequenas empresas e, assim, colaborem para o fortalecimento delas. A fim de aumentar o engajamento de todo o sistema, a CNDL também lançou o Prêmio Compre do Pequeno, que teve como objetivo reconhecer a participação e o engajamento das FCDLs e CDLs. O Estado do Ceará foi a federação que mais indicou empresas associadas para cadastros no portal do Movimento Compre do Peque-
no Negócio. “Como cearense, varejista e presidente da CNDL, é uma grande honra ver o meu estado com tanta representatividade e união no varejo”, afirma Honório Pinheiro.
Como cearense, varejista e presidente da CNDL, é uma grande honra ver o meu estado com tanta representatividade e união no varejo. Honório Pinheiro Presidente da CNDL
Segundo ele, o movimento, que ocorreu em todos os estados do Brasil, é um marco na história do varejo. “São os pequenos que impulsionam a economia. Afinal, as micro e pequenas empresas correspondem a 27% do PIB nacional e os microempreendedores individuais, as microempresas e empresas de pequeno porte e produtores rurais geram mais de 17 milhões de empregos formais”, diz. No último mês, o indicador mensal calculado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que, com a atividade econômica enfraquecida, os micro e pequenos empresários estão reticentes em aumentar os investimentos em seus negócios. Ao todo, menos de um quarto (23,7%) dos consultados pretende realizar algum investimento nos próximos três meses.
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ENTREVISTA Cláudia Buhamra
Este consumidor é seu!
As boas práticas do Marketing de Vizinhança. Saiba como algumas ações mercadológicas de marketing podem ajudar a sua empresa a fidelizar clientes
O marketing é um dos segmentos fundamentais para que uma empresa tenha sua divulgação efetiva. E o Marketing de Vizinhança acaba tornando-se um fator decisivo para despertar nos clientes o interesse em consumir, em decorrência das ações feitas em estabelecimentos próximos e com conveniência. Segundo a ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), o setor atacadista registrou uma queda real acumulada de 10,8% no faturamento de janeiro a maio de 2015, com relação ao mesmo período do ano passado. No Ceará, a queda foi de cerca de 2% no primeiro semestre, segundo informações da ACAD (Associação Cearense dos Atacadistas e Distribuidores). Com a queda nesse setor, o investimento em mercados de vizinhança tem aumentado. Em entrevista à Comércio &
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Conjuntura, a professora de Marketing da Universidade Federal do Ceará, Cláudia Buhamra, explica como uma empresa pode desenvolver o Marketing de Vizinhança, e pontua estratégias para melhorar a gestão e aprofundar o contato com seus clientes. Comércio & Conjuntura Como podemos definir a importância do Marketing de Vizinhança? Cláudia Buhamra - Marketing de Vizinhança diz respeito a ações mercadológicas dirigidas ao público-alvo localizado próximo à empresa. Tais práticas são indicadas para negócios como padarias, supermercados, farmácias e academias de ginástica, para citar alguns, cuja proximidade física com o cliente pode ser fator de decisão de compra e,
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consequentemente, importante diferencial competitivo. CC - E como esse marketing pode ajudar nas empresas? CB - Pela geração de estímulos à demanda contínua e, principalmente, à fidelização. Mas é importante ressaltar que conveniência de localização por si só não fideliza. Se o cliente não encontra bons produtos e serviços à disposição, abre mão da conveniência e percorre distâncias maiores que lhe tragam mais satisfação.
Marketing de Vizinhança diz respeito a ações mercadológicas dirigidas ao público-alvo localizado próximo à empresa.
Os clientes não são tão fiéis quanto desejam as empresas. CC – Quais estratégias podem ser adotadas por elas para conquistar e, futuramente, fidelizar os clientes? CB - Se o interesse da empresa é vender para a vizinhança, uma boa comunicação sempre funciona. Essa comunicação pode ser institucional, com o objetivo de lembrar a presença da empresa na redondeza, ou promocional, com ofertas atrativas que despertam a curiosidade do cliente, potencial ou já efetivo. Pode ocorrer, entretanto, que o interesse da empresa não seja vender para a vizinhança, mas apenas ser aceita no bairro, principalmente quando a sua instalação representa alto impacto no seu entorno. As estratégias, então, migram para ações de valorização da comunidade por meio da geração de emprego, da melhoria da qualidade de vida dos moradores e até da participação em festividades do bairro. O objetivo é tornar os vizinhos, apesar de não clientes, defensores da marca e da organização. CC - O que considera como sendo fundamental para o sucesso de mercados de vizinhança? CB - O conhecimento do comportamento do consumidor para que se possa definir as estratégias de marketing adequadas, prin-
cipalmente porque o conceito de vizinhança não se restringe a bairros de moradias, mas de negócios também. Há restaurantes, por exemplo, que especializaram-se em servir almoço para funcionários de empresas vizinhas que dispõem de apenas 1 hora de intervalo. A linguagem muda, e o tempo de atendimento também. Cada CEP tem suas especificidades, e o atendimento às suas necessidades ganha o nome de micromarketing. CC - O que os clientes mais buscam nesse tipo de empresa? CB - Familiaridade e qualidade no atendimento. As pessoas gostam de empresas de bairro porque são reconhecidas pelo nome e podem dispor de atendimento diferenciado. Some-se a esse fator a simpatia dos proprietários e funcionários, receita infalível para o bom Marketing de vizinhança. CC - Qual o diferencial das empresas que praticam Marketing de Vizinhança? CB - A capacidade de conhecer o cliente e ser criativo na renovação da oferta de produtos e serviços que o encantem no longo prazo. Os clientes não são tão fiéis quanto desejam as empresas. Estão sempre em busca de novidades e são muito
facilmente atraídos pelas ofertas dos concorrentes. É preciso, portanto, renovar-se e superar-se a cada dia. CC - A grande aposta para driblar a queda do setor atacadista é o crescimento do segmento de varejo de vizinhança. A que se deve a busca dos consumidores por esse tipo de mercado? CB - Conveniência. O tempo é o recurso mais caro do consumidor na atualidade, o que torna atraente a opção por empresas próximas, que ajudam a evitar desperdício de tempo, especialmente no trânsito. CC - Quais dicas se pode dar para que essas empresas melhorem sua gestão e a relação com o consumidor? CB - Em termos mercadológicos, são indispensáveis: um bom mix de produtos, preços competitivos, ponto de venda atraente, boa comunicação e, na linha de frente, gente que goste de gente. Mas administração não se faz só com marketing. É indispensável uma boa gestão financeira, de recursos humanos e, se for o caso, de produção. O marketing traz clientes e estimula vendas, mas uma empresa não se desenvolve sem os devidos controles gerenciais.
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SUSTENTABILIDADE E VAREJO Logística Reversa
Os benefícios
da Logística Reversa nas
empresas A Logística Reversa é um processo fundamental para evitar o descarte irregular de produtos e diminuir os impactos ambientais consequentes A gestão inadequada do lixo é um dos grandes problemas que o Brasil enfrenta atualmente. Além de gerar muitos danos ambientais, o descarte irregular desses resíduos compromete também a saúde da população. Para resolver essa situação, em 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNSRS), que definiu princípios e objetivos relacionados ao gerenciamento de resíduos sólidos. Com essa nova política, as empresas devem assumir a responsabilidade do retorno de seus produtos descartados e cuidar da destinação ambiental
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adequada, ao final de seu ciclo de vida útil. Esse processo é conhecido como Logística Reversa, em que os fabricantes de um determinado produto têm que examinar como será sua devolução e reciclagem. “Não é mais apenas responsabilidade do governo verificar essa questão do retorno dos produtos, da sustentabilidade e do acúmulo de lixo. É dever das empresas e da sociedade proverem um bem-estar em não produzirem tantos resíduos, pois eles geram uma poluição muito alta quando descartados no meio ambiente”, afirma a
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professora do curso de Logística da Faculdade CDL, Ana Rita Pinheiro de Freitas. Segundo o site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Logística Reversa engloba diferentes atores sociais na responsabilização da destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Gera obrigações, especialmente do setor empresarial, de realizar o recolhimento de produtos e embalagens pós-consumo, assim como de reassegurar seu reaproveitamento no mesmo ciclo produtivo ou garantir sua inserção em outros ciclos produtivos.
É importante que as empresas apliquem a Logística Reversa, pois há muitas lojas que não sabem o grande risco que o lixo produzido pode causar à saúde da população. Albert Gradvhol Diretor Executivo da Coordenadoria Especial de Limpeza Urbana A partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o sistema de Logística Reversa tornou-se obrigatório para as seguintes cadeias: agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes e produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro. Importância da logística reversa Para as empresas é muito importante que seja adotada a Logística Reversa devido aos benefícios trazidos, tanto para o estabelecimento, quanto para o meio ambiente. Segundo o Diretor Executivo da Coordenadora Especial de Limpeza Urbana, Albert Gradvhol, esse processo tem como objetivo a sustentabilidade da cidade, além da controladoria ambiental dos resíduos de uma empresa, da economia e diminuição dos seus custos. Para pôr essa estratégia em prática, Gradvhol recomenda que a empresa faça um planejamento e avalie quais os benefícios que essa logística pode trazer para ela e para o meio ambiente. “É importante que as empresas apliquem a Logística Reversa, pois há muitas lojas que não sabem o grande risco que o lixo produzido pode causar à saúde da população. E o varejo é o segmento certo para isso, que pode usar essa logística para monitorar
seus resíduos, legalizar suas empresas e até usar como ferramenta de marketing, três coisas fundamentais para o comércio”, ressalta. Exemplos de empresas que praticam Logística Reversa Gerardo Bastos Uma das empresas preocupadas com o destino correto de seus resíduos é a Gerardo Bastos. Desde 2002, a empresa recolhe todos os pneus velhos deixados em suas lojas e manda para um depósito próprio, no Anel Viário, o qual disponibilizou até para outras empresas do mesmo segmento. De lá, os pneus são recolhidos pela ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) e levados para centros de reciclagem em Salvador, Recife, Sobral, dentre outros. Segundo a vice-presidente administrativa, Liane Bastos, a ideia surgiu pela preocupação de alguns órgãos competentes de como seria feito o armazenamento desse produto e seu impacto para a população e o meio ambiente, chegando à conclusão da necessidade urgente de uma nova política de descarte. “A importância para a empresa é muito grande, pois não teria como dar destino a todos os pneus. Para o meio ambiente é maior ainda, porque hoje esses pneus, que seriam entulhos literalmente, servem para reutilização do próprio pneu (aqueles que dão
para reformar), a reciclagem energética é completada pelo uso da borracha em pisos, tapetes e asfalto-borracha. Muitos artistas usam para fazer cadeiras, mesas jarros etc. O meio ambiente e, consequentemente, a população futura agradecem a esses pensadores”, afirma. Ibyte Desde 2010, a empresa fabricante de tecnologia oferece postos de coleta de pilhas e baterias em todas as lojas da rede, recolhidas por parceiros certificados pelo Ministério do Meio Ambiente, para dar a destinação final correta desses materiais. Além da coleta, a Ibyte também tem um projeto para recebimento de lixo eletrônico, inicialmente na loja da Avenida Dom Luís. “No momento estamos em fase piloto, mas pretendemos levar para as outras lojas também”, conta a Analista de Marketing da Ibyte, Anna Beatriz Barroso.
SERVIÇOS Gerardo Bastos Rua Princesa Isabel, 900 Centro Tel.: (85) 4006-8322 Ibyte Avenida Dom Luís, 100 Meireles Tel.: (85) 4020-5000
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CAPA CPMF
A volta da CPMF: boa ou má para os brasileiros Governo quer recriar contribuição que cobra a alíquota de 0,2% sobre toda movimentação em conta bancária ou aplicação financeira Proposta pelo Governo Federal para cobrir os gastos da Saúde Pública, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), criada pela Lei nº 9.311, em 1996, e extinta em 2007, está prevista para retornar este ano. Na proposta anunciada, o governo prevê um impacto na arrecadação federal de R$ 32 bilhões, mas ela ainda precisa ser enviada para aprovação do Congresso Nacional. Também conhecida por “Imposto do cheque”, por afetar as transações bancárias, a CPMF faz parte do conjunto de medidas fiscais, num total
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de R$64,9 bilhões, para garantir a meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2016. Instituída com alíquota de 0,2%, com o tempo a contribuição aumentou para 0,38%, e incidia sobre qualquer movimentação em conta bancária ou aplicação financeira realizada pelos contribuintes (pessoas físicas e jurídicas). Desta vez, o governo propõe a cobrança da mesma alíquota de 0,2% - que aparece no extrato bancário do contribuinte.
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A CPMF faz parte do conjunto de medidas fiscais, num total de R$ 64,9 bilhões, para garantir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016.
Não é tributo sobre renda ou patrimônio, e sim sobre toda movimentação financeira. Isto onera toda a economia Dr. Schubert Machado Advogado especialista na área tributária
“No passado, a CPMF incidia sobre toda movimentação financeira, com a alíquota de 0,38%. Por exemplo, o pagamento de R$ 100,00 retirados de uma conta corrente gerava a incidência da CPMF, no valor de R$0,38 (trinta e oito centavos), que eram deduzidos automaticamente do saldo desta mesma conta. O débito total contra o correntista era de R$100,38”, exemplifica o advogado, especialista na área tributária, Dr. Schubert Machado. Segundo Schubert, há quem diga que a CPMF seria um tributo justo e de difícil sonegação, o que poderia ser considerado como seus únicos pontos positivos. Atuando sobre qualquer operação financeira, a con-
tribuição atinge a todos os que movimentam recursos em bancos. Com o pagamento por retenção do respectivo valor diretamente pelas instituições financeiras nas quais são feitas transações bancárias, fica mais fácil para o governo arrecadá-la. “A CPMF não pode ser considerada justa, na medida em que atinge por igual o assalariado de baixa renda e o grande especulador financeiro, e este ainda pode criar situações – legais – que evitem ou retardem o seu pagamento. Não é tributo sobre renda ou patrimônio, e sim sobre toda movimentação financeira e onera toda a economia, levando ao aumento dos preços em geral e contribuindo para mais inflação. Não vejo pontos positivos com
a sua instituição. Só ganha o governo, ávido por mais recursos”, explica Schubert. Esse imposto deve ser pago pelas pessoas ou empresas que transferirem qualquer valor através dos bancos ou instituições financeiras, tanto para quem paga uma conta de telefone via boleto bancário ou uma fatura do cartão de crédito, quanto para quem saca o dinheiro do caixa eletrônico. As exceções são: movimentações em dinheiro vivo, ações na Bolsa ou títulos de renda fixa, saques de Seguro-desemprego, salários e transferência de recursos entre contas correntes do mesmo titular e retiradas de aposentadorias.
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CAPA CPMF
Ônus e Bônus da CPMF De acordo com a declaração do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em evento na Fundação Getúlio Vargas, a CPMF tem um papel de grande importância para o crescimento do país em 2016. “A CPMF até agora tem mostrado papel muito importante, como teve na época do Fernando Henrique Cardoso. Quando o presidente teve que trazer o Brasil de volta para uma rota de equilíbrio, ele obviamente contou com a CPMF. Demorou uns ‘mesesinhos’, mas foi fundamental na arquitetura de reequilíbrio naquela época”, declarou. O ministro também declarou que o imposto será temporário – a ideia é que dure quatro anos – e servirá para o governo criar “uma ponte para se chegar com segurança aonde a gente quer. E essa segurança, esse aonde a gente quer, é um país que vai ter mais investimento, um país em que a gente vai ter uma infraestrutura funcionando melhor”. Diferente do Ministro da Fazenda, o advogado Schubert Machado afirma que não é a favor da criação de novos tributos, pois com a antiga CPMF – e mesmo com todos esses anos em que atuou - não foram resolvidos os problemas de saúde pública. Para ele, “o estrago não decorreu da insuficiência de recursos, e sim, da má gestão”. “A experiência anterior mostra que a instituição da CPMF não diminuiu as carências da saúde. Agora o governo está a prometer que os recursos serão destinados
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‘somente para a previdência social’. Não há como acreditar! O governo tem lutado pela desvinculação de suas receitas com o intuito de usar os recursos como bem entender. Nada garante o uso da CPMF para suprir a Previdência. Vimos que o prazo original da CPMF era de 13 meses, foi alongado para mais de 11 anos e somente findou depois de uma enorme pressão popular”, ressalta.
Se aprovada, virá agravar a situação das empresas, por demais combalidas, já no limite de suas capacidades de sobrevivência. Freitas Cordeiro Presidente da Federação das CDLs do Ceará Para a Federação das CDLs do Ceará (FCDL-CE), a opinião é a mesma: o prejuízo das contas públicas veio através da má gestão dos recursos públicos. Segundo o presidente Freitas Cordeiro, “a CPMF é um verdadeiro confisco. Se aprovada, virá agravar a situação das empresas, por demais combalidas, já no limite de suas capacidades de sobrevivência. Imposto dos mais nefastos, por seu efeito em cascata, viria apenas premiar a incompetência dos gestores, propiciando-lhes recursos para maiores desperdícios. Somos contrários, pois, a qualquer
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iniciativa que tenha por escopo o aumento de nossa carga tributária”. Já para o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Honório Pinheiro, a volta da CPMF potencializa a carga tributária e diminui a competitividade da produção interna. “A classe média já carrega mais um grande fardo tributário. É um grande retrocesso para o país. Além disso, a alíquota de 0,2% pode agravar ainda mais o quadro inflacionário. Acredito que o retorno da CPMF não será aprovado, porque mexe com custos em toda a cadeia produtiva. O cenário político está complicado e temos um governo extremamente desgastado. Há tentativa de equilibrar as contas, mas muita coisa precisa ainda ser alinhada”, finaliza. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, também posiciona-se contra qualquer taxação que retire dinheiro do setor produtivo para a manutenção da máquina governamental. “Somos contra, pois tivemos no início do ano aumento significativo da energia e por duas vezes seguidas de combustível, retirando diretamente do bolso do consumidor, consequentemente diminuindo nossas vendas, e obviamente diminuindo a nossa demanda junto à indústria, e fazendo com que a roda se movimente no sentido negativo, ou seja, o consumidor consuma menos, o comércio venda menos, a indústria produza menos, e a única coisa que aumenta é o desemprego”, afirma o presidente Severino Ramalho Neto.
COMÉRCIO & MERCADO Plano de telefonia
PARCERIA GARANTE BENEFÍCIOS CDL de Fortaleza oferece plano de telefonia com preços especiais para associados Toda empresa precisa construir um “canal” direto de comunicação com seus clientes; isso é fundamental para a sobrevivência e, principalmente, para o crescimento do negócio. Juntando essa necessidade de comunicação com o atual momento da economia, sobre o qual o lojista mais do que nunca deve manter o controle dos seus gastos, nada melhor do que interagir com o consumidor sabendo que também vai economizar no bolso. Pensando nisso, a CDL de Fortaleza firmou parceria com a Oi e simplificou os planos de telefonia. O objetivo: deixá-los com preços diferenciados. “Nós oferecemos três tipos de planos que custam R$ 24,90 (sem internet), R$34,90 (com 2GB) e R$54,80 (internet ilimitada)”, informa Victor Pimentel, gerente da
Área de Negócios e Relacionamento da CDL de Fortaleza. Segundo ele, as ligações de Oi para Oi, além de fixo-local, são ilimitadas em todo o Brasil. E há ainda o aspecto de que, caso o associado necessite de crédito extra, este poderá ser adicionado ao pacote. Há quatro anos associada à CDL de Fortaleza, a Primos Motos, distribuidora/autopeças de motocicletas, utiliza e elogia o plano de telefonia Oi. “Gostei muito do custo Oi pra Oi, Oi pra fixo e do pronto atendimento. Quando acontece algum problema, não precisamos ficar ligando para a operadora”, conta Gisele de Freitas Martins, sócia da empresa. Além de utilizar o plano Oi, a Primo Motos também usa o serviço de consultas e inclusões no SPC/Serasa.
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COMÉRCIO & MERCADO Convenção Estadual do Comércio Lojista
CONVENÇÃO ESTADUAL ANIMA MOVIMENTO LOJISTA
Presidente da CDL de Fortaleza, Severino Ramalho Neto; presidente da CNDL, Honório Pinheiro; vice-governadora, Izolda Cela; presidente da FCDL-Ce, Freitas Cordeiro
Há uma onda de pessimismo no país. Depois de uma década de crescimento, o Brasil vivencia uma queda no Produto Interno Bruto (PIB), ajuste fiscal, além de sofrer com a baixa confiança na indústria e com o aumento dos tributos e impostos. No varejo, entretanto, há mais motivos para comemorar do que para ser pessimista. A afirmação foi feita pelo presidente da Federação das CDLs do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, durante a 27ª Convenção Estadual do Comércio Lojista.
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Realizado no primeiro final de semana do mês de setembro, nos dias 05 e 06, o evento atraiu para o clima ameno da cidade de Ubajara, localizada na Serra da Ibiapaba, mais de mil lojistas de diversos municípios cearenses. “Quando imaginamos essa convenção, fui desestimulado. Diziam: ‘Freitas, o ano é de crise e não vai dar ninguém’. Mas eu acreditei e oportunizei. Estiveram presentes 1.500 convencionais e ainda quebramos recordes nacionais para convenções estaduais”.
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Com o tema “O Comércio do Ceará Unido em Tempo de Oportunidades”, a FCDL-Ce decidiu apostar na mudança e na reinvenção para que o comércio possa se adaptar e prosperar na nova realidade econômica. “O varejo no Estado do Ceará é surpreendente. Enfrentamos os mesmos problemas do varejista nacional acrescidos da crueldade de uma seca. Nosso comércio é corajoso, pujante, exemplar. O Brasil não vai parar”, afirma Freitas Cordeiro.
A importância da sinergia do Interior com a Capital Segundo Freitas, o principal objetivo desta Convenção foi congregar os lojistas de todo o Ceará. “De fato, a força lojista está em Fortaleza, mas essa sinergia entre o Interior e a Capital é que enriquece o movimento.” Hoje, a tecnologia tem permitido a convivência ainda mais efetiva com todas as CDLs do Ceará. Para concretizar essa comunicação, Freitas explica que o primeiro ato da sua gestão foi instalar uma sala de videoconferência, que viabiliza reunir as oito regiões-polos do Ceará, simultaneamente. “Em cada uma dessas cidades conseguimos instalar um aparelho receptor. Quando sentimos necessidade de debater algum assunto, convocamos a rede para uma reunião e o debate consegue ser efetivo graças as cinco linhas telefônicas, além das redes sociais, que são monitoradas e colocadas à disposição para esse momento. Sem dúvidas, essa rede de comunicação efetivou o sucesso da Convenção, mas ainda estamos buscando aprimorar essa ferramenta, que de fato vem motivando e colocando o Interior a par de tudo que acontece”. O que fica de concreto para o comércio Passada a euforia e a empolgação, quais os frutos sólidos desse encontro? “Todos na Convenção estavam movidos pela empolgação, mas era nítido o desejo de saber mais sobre as oportunidades que um momento de crise pode oferecer. E foi em cima desse anseio
que mostramos que o empresariado, nesse momento, tem que buscar sua capacidade. Tem que focar no seu negócio. Não é momento de buscar novas atividades, a não ser que você não tenha nada em que focar”, afirma Freitas. Segundo o presidente da FCDL-Ce, a força que mantém o interior pujante vem do próprio desafio. “É importante não deixar a chama da esperança se apagar. O Ceará, não fosse só a crise, ainda tem um elemento dificultador: está enfrentando uma estiagem que já se estende por quatro anos. No entanto, todos os presentes na Convenção estavam sempre na proposição de que se encontrará um caminho para superar esse momento difícil. E o nosso esforço não é de negar as evidências, mas de não antecipar cenários. Se a massa continua demandante, esse mercado precisa ser trabalhado. O mais importante é não perder a confiança, ficar atento ao seu negócio e focar no que o seu consumidor está querendo. Durante a Convenção foram apresentadas parcerias que vão fortalecer ainda mais a relação
De fato a força lojista está em Fortaleza, mas essa sinergia entre o Interior e a Capital é que enriquece o movimento. Freitas Cordeiro Presidente da Federação das CDLs do Ceará
do comércio com o seu consumidor. Uma delas é com a empresa Rede, que disponibilizará aos associados das CDLs do Ceará vantagens nas taxas e mensalidades, além da forma de antecipar o dinheiro com prerrogativas diferenciadas para quem fizer uso das máquinas de cartão. “As CDLs poderão disponibilizar para os seus associados as máquinas de cartão, o que significa que tudo que for faturado na maquineta, a CDL cedente receberá um percentual. Isso é recurso para as CDLs que precisam ser autossustentáveis. Temos que aprender a conviver com o cartão, que em muitos dos nossos negócios representam 80% das transações”, afirma Freitas Cordeiro. Entre as principais vantagens dessa parceria está a forma de resgate do dinheiro. O comerciante normalmente recebe o fluxo mensalmente, enquanto aos associados das CDLs será oferecida a opção de antecipar a sua fatura em até 15 dias, sem pagar a mais por isso. Freitas explica que o trabalho agora é qualificar o empresariado para fazer o uso dessas máquinas. Serão oferecidos treinamentos à distancia, além de cursos presenciais nas cidades-polo. Outra parceria que irá render bons frutos é a concretizada com a Faculdade CDL, juntamente com a Fortes Educação, que disponibilizarão aos associados das CDLs do Ceará cursos em plataformas de ensino à distância. Serão capacitações sequenciais com o objetivo de qualificar o varejo cearense no que ele ainda sente de carência em informação.
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COMÉRCIO & MERCADO Convenção Estadual do Comércio Lojista
Testemunhando o sucesso
Para Honório Pinheiro, a solução para a “crise econômica”, insuflada pelo noticiário tendencioso, está na mudança de comportamento do setor produtivo. “O comércio trabalha de forma anticíclica. Quando acreditam que ele não tem mais para onde ir, ele reage fortemente. As pessoas estão reagindo, interagindo, alegres e com essa felicidade que nós precisamos provocar no coração de cada homem e mulher que trabalha”. Honório Pinheiro, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
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Para Severino Neto, a participação em escala maior dos representantes do comércio na Convenção só veio revelar que a crise foi deixada em segundo lugar. “Quando um empresário percorre mais de 500 quilômetros de distância para buscar novos conhecimentos, ele já chutou a crise faz tempo! É óbvio que existe, mas não é ela que está tocando esse pessoal. O que toca essa gente é a vontade de vencer”. Severino Ramalho Neto, presidente da CDL de Fortaleza
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A vice-governadora elogiou o processo de interiorização protagonizado pelo Sistema CNDL e falou da importância do setor para o crescimento do Estado. “É inegável o quanto o Setor do Comércio tem contribuído para a garantia da empregabilidade em nosso Estado, e encontros como este só nos mostram o quanto a união pode ser fundamental para a busca de ações que respondam positivamente a este momento em que o País se encontra”. Izolda Cela, vice-governadora do Estado do Ceará
Secretário da Fazenda, Mauro Filho; presidente da CNDL, Honório Pinheiro; vice-governadora, Izolda Cela; presidente da CDL de Ubajara, Elisvaldo Bezerra Andrade; presidente da CDL de Fortaleza, Severino Ramalho Neto e presidente da FCDL-Ce, Freitas Cordeiro
O secretário da Fazenda reafirmou o compromisso firmado pelo chefe do Executivo cearense, Camilo Santana, de não aumentar e não criar novos impostos para o setor, que representa 75% do PIB cearense. “Naturalmente, a economia do Ceará não está imune às oscilações da economia brasileira. Mas nós estamos resistindo. Nosso trabalho é tornar o Estado mais eficiente, baixando impostos. Essa é uma experiência que nós construímos ao longo dos últimos oito anos - com o ex-governador Cid Gomes, e vamos segurar durante os próximos quatro anos”, garantiu. Mauro Filho, secretário da Fazenda do Estado do Ceará
Prefeito de Tianguá, Jean Azevedo; presidente da CDL de Ubajara, Elisvaldo Bezerra Andrade; empresário Deusmar Queirós e senador José Pimentel
“A crise não é igual para todo mundo. Nós, por exemplo, crescemos 16% no primeiro semestre. A maioria dos lojistas está vendendo mais do que no ano passado. Então, a imprensa alimenta muito esse pessimismo. É claro que ninguém é míope para dizer que não existe, mas um dos melhores momentos para se crescer é na crise. Quando está tudo bem, no marasmo, ninguém cresce. Agora, existem três tipos de pessoas: as que olham acontecer, as que perguntam o que aconteceu, e as que querem fazer acontecer. E aqui estamos entre 1.500 pessoas que querem fazer acontecer.” Deusmar Queirós, empresário e vice-presidente da CDL de Fortaleza
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COMÉRCIO & MERCADO Convenção Estadual do Comércio Lojista
Palestrantes Rafael Lucchesi, Deusmar Queirós, Beto Studart e Luis Nassif
OPORTUNIDADES O DIFERENCIAL DOS BONS EMPREENDEDORES
Palestrantes da 27ª Convenção Estadual do Comércio Lojista defendem que quem trabalha com mais otimismo sai na frente Durante a realização da 27ª Convenção Estadual do Comércio Lojista, os cearenses Deusmar Queirós, presidente do Grupo Pague Menos e Beto Studart, atual presidente da FIEC, além do potiguar eleito o “Empreendedor do Ano de 2015”, Pedro Lima, presidente do Grupo 3 Corações, compuseram o seleto grupo de palestrantes que compareceram ao evento na cidade de Ubajara-Ce. O circuito de palestras começou com o administrador de empresas Daniel Godri, eleito o segundo melhor palestrante no ranking brasileiro pela revista
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Veja. O catarinense falou sobre “Conquistar e manter clientes, vendendo mais e com maiores lucros”. Atitude e motivação ditaram o tom da conferência. “A atitude é que faz a diferença. Existem pessoas inteligentíssimas, extraordinárias, mas que não vibram, não acreditam, não participam. São pessoas apáticas. E o que nós precisamos no Brasil e no mundo são de pessoas motivadas”. Tempo de oportunidade Um dos pontos altos da programação ficou por conta do debate ministrado pelo jornalista econômico Luís Nassif, fundador da agência Dinheiro Vivo, que res-
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gatou episódios como o período em que o economista Maílson de Nóbrega foi Ministro da Fazenda, no Governo Sarney, e a inflação do País chegou a 80% ao mês, para desconstruir o “terrorismo midiático” que amplifica a crise, inibindo investidores e consumidores para acuar o Governo. “A gente escuta falar na ‘crise mais grave dos últimos vinte anos’, só que ela é pequena perto das grandes crises que enfrentamos nos anos 80 e 90. Basta lembrar do segundo governo do Fernando Henrique Cardoso, quando houve aquela maxidesvalorização e a economia parou”, explica.
O empresário Pedro Lima apresenta o case de sucesso da 3 Corações
A diferença, segundo o jornalista, está na robustez do mercado brasileiro, graças a inclusão social que criou uma nova geração de empreendedores e o incremento da cultura digital, que viabiliza novos investimentos. “Entretanto, sempre que você tem esse processo de inclusão, globalização, redes sociais, você cria um desconforto para a classe média. E a mídia usa isso para alimentar o pessimismo e o ódio como um instrumento político. Para Rafael Lucchesi, sócio-diretor da FORMATAR Consultoria e Assessoria Empresarial, o importante é driblar o medo provocado pela crise, enxergar o cenário real e ser empurrado para as oportunidades e soluções. “Enquanto você amarga o pessimismo, tem sempre alguém que está trabalhando e vai beber essa água limpa. Por isso é preciso respeitar a crise e saber trabalhar a sua competência. Porque se você for melhor do que alguém, quando a crise acabar - e ela vai acabar! - você vai sair na frente”, lança. Endossando o discurso do empresário mineiro, Deusmar Queirós fez questão de lembrar que a maior crise é a falta de percepção. “Essa crise não
Show de encerramento com a dupla Ítalo e Renno
é homogênea: o que vale para o Ceará nem sempre funciona nos estados vizinhos. E o bom é que as pessoas estão inquietas, buscando compreender o momento e achar soluções”. O preço da crise na Indústria Porta-voz da Indústria, o setor mais atingido pela crise, o presidente da FIEC, Beto Studart, lembrou que há muito o que ser feito ainda, principalmente pelo Governo que, aliado à força do mercado interno e à capacidade de endividamento, pode ajudar a preservar empregos e expandir investimentos em infraestrutura física e social. “ Toda época de crise maltrata muito a nós indústrias. Estamos enfrentando um momento muito arruído, mas, temos certeza que novos momentos virão e nós daremos continuidade ao nosso plano de investimentos, acreditando que as coisas mudem para melhor”, destaca. O setor, inclusive, encara como “oportunidade” a alta do dólar, por encarecer produtos importados, privilegiando a indústria nacional, que tem melhores condições de atender a um eventual aumento nas vendas.
Muita cautela nessa hora Para encerrar a programação, o empresário Pedro Lima, do Grupo 3 Corações, apresentou o “case de sucesso da 3 Corações”, demonstrando que é preciso recuperar a autoconfiança perdida: com resiliência e espírito de continuidade, os empresários devem seguir investindo e as famílias não podem ter medo de consumir, para que a economia volte a crescer. “O empreendedor aprende desde cedo os movimentos que fazem parte do ciclo da economia. O que não podemos é interromper um ciclo de desenvolvimento interno das companhias, porque existe uma crise externa no país. Nós temos é que, juntos, continuarmos e sairmos dessa situação”, dispara. O empresário aproveitou para elogiar a iniciativa da Federação de promover uma oportunidade de realinhamento, renovação e aprendizagem, para que o varejo cearense possa se prevenir diante do atual momento de ameaça. “Não podemos ficar atados, achando que mais tarde as coisas vão melhorar. Nós temos que fazer elas melhorarem! E o futuro do Brasil está na mão do empreendedor, que tem feito, ao longo da história do País, esse desenvolvimento de engrandecimento do Brasil”, conclui.
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COMÉRCIO & MERCADO Convenção Estadual do Comércio Lojista
Crença, fé e superação
na Convenção de Ubajara Quem teve a oportunidade de participar da 27ª Convenção Estadual do Comércio Lojista saiu com um sentimento de realização e, ao voltar para a sua cidade natal, poderá implementar novas ações na sua empresa com um olhar diferenciado, que foi absorvido nas palestras e debate do evento. Confira depoimentos de alguns dos representantes que estiveram na Convenção: Presidente da CDL de Juazeiro do Norte, Michael Araújo “Encontro fantástico batendo recorde de público de todas as convenções estaduais do Brasil, o que mostra que o cearense está procurando motivações para sair dessa tal crise. Então, em vez da gente se lamentar, reclamar, vamos fazer. E quem está aqui vai sair mais animado e com condições de aplicar esse aprendizado em seus negócios”. Presidente da CDL de Forquilha, José Bezerra “Essa convenção vem ao encontro das necessidades do lojista. Foi um grande evento!” Presidente da CDL de Canindé, Paulo Magalhães “Foram debates bastante enriquecedores. Nós podemos observar que cada palestrante nos trouxe algo especial e, com certeza, iremos pinçar algumas coisas para repercutir dentro do nosso comércio de Canindé”. Presidente da CDL de Iguatu, Dedé Duquesa “É um momento oportuno para nós empresários. São enriquecedores os conhecimentos adquiridos na Convenção. Com certeza,
vamos colocar esses ensinamentos e inovações, tão bem transmitidos por esses grandes líderes do comércio cearense, dentro das nossas empresas”. Presidente da CDL de Barbalha, Marcelo Alcides Trouxe um grupo de 13 pessoas, entre associados e empresários, e a busca por novidades no mercado provocou a vinda dos empresários para a região da Ibiapaba. Presidente da CDL de Limoeiro do Norte, Ney Wellington “O evento surpreendeu a todos. E todos ficaram antenados para as falas dos palestrantes. De parabéns, a CDL de Ubajara/Ibiapina”. Presidente da CDL de Alto Santo, Juvenal Rabelo “Momento muito proveitoso e de grandes conquistas para o comércio”. Presidente da CDL de Maranguape, Norma Suely Braga “Esse momento é importante por conta da situação pessimista por que passa o Brasil. Aqui estamos, tendo um sentimento positivo”.
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Presidente da CDL de Acopiara, José Leite “Nesse atual momento em que a gente vive, a convenção veio de maneira propícia, e então observei que é preciso ter coragem pois crise sempre tem, mas se trabalharmos com segurança a gente consegue sair desse sufoco”. Diretor Distrital de Tauá, Jefferson Massilon “Atendeu plenamente aos objetivos do encontro, tanto de trazer conhecimentos como motivações para o comércio. E a CDL de Ubajara/ Ibiapaba recebeu a todos muito bem. Estamos todos de Parabéns!” Presidente da CDL de Russas, Francisco José Gomes da Frota “Essa convenção superou todas as expectativas. Todas as palestras foram importantíssimas, dando o seu recado para o setor do Comércio”. Presidente da CDL de Varjota, Edgar Procópio “O encontro foi muito importante para a nossa região e também foi uma abertura para mostrar o que estar por vir, mostrando que devemos trabalhar mais em nossos comércios”.
COMÉRCIO & MERCADO Compras governamentais
Compras
governamentais ficam mais fáceis para as MPEs
Os micro e pequenos negócios representam hoje, na economia brasileira, 27% do PIB, 52% dos empregos com carteira assinada e 40% dos salários pagos. Quando se fala em comércio, a representatividade deles vai para 53,4% do PIB deste setor. Da mesma forma, tem crescido exponencialmente a participação dos Empreendedores Individuais (EI), profissionais que vieram para suprir e competir de forma agressiva na área de oferta de serviços. Não é para menos que o Governo Federal assinou, no início de outubro, um decreto que beneficia pequenos empreendedores nas contratações com o poder público federal. O texto regulamenta o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para micro e pequenas empresas nas contratações públicas, compra de bens, serviços e obras no âmbito federal, com medidas como exclusividade em licitações de até R$80 mil e preferência nos pregões. O decreto governamental prevê que as licitações federais até R$80 mil sejam exclusivas para micro e pequenas empresas; dá preferência a pequenos negócios como critério de desempate em processos licitatórios e trata da possibilidade de subcontratação de micro e pequenas empresas pelos vencedores das licitações. Portal facilita as compras governamentais em Fortaleza A Prefeitura de Fortaleza lançou também, no começo de outubro,
o Portal de Compras do Município, que vai viabilizar os MPEs locais a se tornarem fornecedores de bens e serviços da Prefeitura. O portal reúne, em um só ambiente, todas as informações sobre o processo de compras da Prefeitura, além de oferecer informações e serviços a todos os envolvidos no sistema de compras, facilitando a vida do servidor responsável pelas compras públicas e daquele que vende para a Prefeitura de Fortaleza. O Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Robinson de Castro, afirmou em entrevista ao Jornal O Povo que a meta é elevar a participação dos pequenos em cerca de 30% no primeiro ano. Segundo o Secretário, hoje, das 175 mil micro e pequenas empresas, apenas 280 fornecem para a Prefeitura de Fortaleza, que movimenta em torno de R$ 2 bilhões/ano. A presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Femicro), Dalvani Mota, acredita que com o portal e a aplicação da legislação que beneficia os pequenos negócios as vendas poderão triplicar.
ciais, infiltrando fatores exógenos que contribuem sobremaneira para que a nossa moeda seja depreciada e contamine toda a economia interna brasileira. Portanto, nada melhor que uma boa ideia como esta para alavancar nossas vendas e gerar novos postos de trabalho”, salienta o gestor. Para o presidente da CDL de Fortaleza, Severino Ramalho Neto, a iniciativa da Prefeitura de Fortaleza em parceria com o SEBRAE, de estimular as compras governamentais dos micro e pequenos negócios e também dos Empreendedores Individuais (EI) abre um caminho de oportunidade para o comércio. “Nesse sentido, a CDL vem acompanhando e apoiando todas as iniciativas com esse objetivo, até por que mais de 80% das empresas do setor de varejo são micro ou pequenos negócios. O que merece destaque é a efetividade da ação política do município, uma vez que há tempos as MPEs de Fortaleza aguardavam essa oportunidade”, conclui.
A importância para o comércio Segundo Cid Alves, presidente do Sindilojas Fortaleza, a iniciativa do Executivo Municipal em viabilizar essa plataforma é excelente para o comércio. “As dificuldades pelas quais passa o Setor Varejista do Brasil, em decorrência do momento econômico atual, contaminou a economia e as bases de confiança que norteiam as relações comer-
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INDICADORES Economia
Acredibilidade do ajuste fiscal tar o viés de segurança que as agências de classificação de rating necessitam para manter o grau de investimento do Brasil no mercado financeiro internacional. Mas, será que o ajuste fiscal está no caminho certo? Será que o Governo está conseguindo construir a credibilidade esperada? A resposta a essas perguntas pode ser dada iniciando uma avaliação dos atuais indicadores macroeconômicos, conforme quadro, a seguir: Não restam dúvidas de que o ajuste fiscal é uma condição necessária para a retomada do crescimento do Brasil. O motivo principal é a recuperação da “credibilidade” do Governo Federal e de suas políticas públicas. Conceitualmente, o ajuste recupera a poupança pública e deixa claro para os investidores internacionais que o governo terá condições de honrar seus compromissos financeiros nos próximos 24 meses. Essa percepção ajuda a susten-
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VARIÁVEIS E INDICADORES MACROECONÔMICOS
Sobre o ajuste fiscal, no final do ano passado a equipe econômica definiu a meta de superávit
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primário de 1,2% do PIB para 2015, ou cerca de R$ 55 bilhões, e de 2% do PIB para 2016. Essa meta era compatível com uma expansão do PIB da ordem de 0,8%. Atualmente, o governo refez suas estimativas para o PIB prevendo uma queda de 2,5%, o que criou a necessidade de refazer a estimativa do superávit para R$ 5,8 bilhões, ou 0,10% do PIB. Destaque-se que no primeiro semestre do corrente ano as contas apresentaram déficit de R$ 1,59 bilhão. Foi o pior desempenho dos últimos dez anos para dados de um primeiro semestre. Para dar melhor ideia de comparação, no ano passado o superávit no mesmo período de 2014 foi de R$17,35 bilhões. A queda na receita tributária foi de mais de 2,8%, provocada principalmente pela desaceleração da economia. Se a economia não cresce, a arrecadação dos impostos indiretos (ICMS e IPI) reduz fortemente e dificilmente pode ser compensado com outros im-
Já existe uma percepção no mercado de que aumentar a taxa de juros não terá eficácia sobre a redução da taxa de inflação postos diretos, como a CPMF ou o imposto sobre a renda. Logo, o Governo precisa estimular os investimentos privados, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Com relação à política monetária, o governo tem utilizado a política de juros elevados para conter a inflação e a valorização do dólar, mas essa estratégia está sendo prejudicada pelo ajuste nos preços administrados, como energia elétrica. Por esse motivo, já existe uma percepção no mercado de que aumentar a taxa de juros não terá eficácia sobre a redução da taxa de inflação. Já a taxa de câmbio encerrou o mês de setembro ao nível de R$ 3,96, representando uma maxidesvalorização de 33,2% sobre a última cotação de 2014, a menos de um ano atrás. Neste patamar, o dólar torna caras as importações e estimula fortemente as exportações, prejudicando o setor produtivo, notadamente as empresas que importaram máquinas e equipamentos e têm dívidas em dólar. Por outro lado, o Brasil tornou-se um país barato para os investimentos externos e a balança comercial reverteu o seu sinal, apresentando um superávit da ordem de US$ 9 bilhões, até setembro/2015. Para se avaliar o tamanho do ajuste, em 2014 a balança apresentou déficit de R$3,9 bilhões. Muito embora
agudizando uma recessão de 2,5% do PIB e pressionando a taxa interna de inflação, o ajuste no déficit da balança comercial está em andamento, mesmo com a desaceleração da economia chinesa. Todavia, o ajuste não ocorre sem custo social, já que o salário mínimo sofreu importante depreciação em dólares, passando a valer atualmente US$ 198.48, um valor bem inferior aos US$ 350.00 de dois anos atrás. O mais importante é minimizar esse custo, o que só será possível se o governo apresentar medidas de curto e longo prazo, que estimulem a atividade produtiva e que seja consistente com o crescimento econômico. Análise do Setor de Comércio De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio-PMC, do IBGE, o volume de vendas do varejo no Brasil apresentou uma contração de -3,5% no mês de julho/15, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano a queda foi de -2,4%, desempenho que revela a tendência continuada de queda. Os segmentos de melhor desempenho foram os de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com expansão de 1,6%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, com crescimento de 0,3%.
No Estado do Ceará, a queda do volume de vendas foi da ordem de -3,1%, desempenho semelhante ao da média do varejo nacional. No acumulado dos últimos 12 meses, a queda foi de -0,3%, enquanto que, no ano de 2015, a queda acumulada é de -2,8%. Os segmentos de melhor desempenho no varejo cearense foram os de tecidos, vestuário e calçados, com crescimento de 7,3%, e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com expansão de 4,4%. Convém salientar que a taxa de desemprego vem aumentando, devendo atingir até o fim deste ano o patamar de 8,0%. A inadimplência também vem crescendo, por conta da queda da massa salarial e da inflação, que deve ser superior a 9% este ano. Por todos estes motivos, é importante que o lojista adote uma postura mais realista diante do consumidor, que doravante deve estar mais atento à sua gestão orçamentária.
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COMÉRCIO & MERCADO Dólar
O lado positivo da alta do dólar A alta do dólar, que chegou a bater seu recorde em 24 de setembro, fechando o dia a R$ 4,24, acaba afetando diretamente o bolso do consumidor brasileiro. Segundo o consultor e economista Alcântara Macedo, o impacto da alta do dólar e a desvalorização do real trazem algumas consequências, como o aumento do preço dos produtos que têm na sua composição matérias-primas importadas; a redução da aquisição de bens de capital; e nos setores afetados, o aumento do desemprego. “Por outro lado, a paridade cambial, com a desvalorização torna o preço de alguns produtos competitivos, principalmente das pequenas e médias empresas, que poderão retornar a exportar, gerando emprego e divisa cambial”, complementa. Alta do dólar não é só ruim Mesmo diante da retração econômica que estamos vivendo, há também segmentos beneficiados com a alta do dólar. Um deles é o setor hoteleiro. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
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(ABIH-CE), entre 2006 e 2014 a demanda turística via Fortaleza cresceu 58,1%, com uma média de crescimento de 6,2% ao ano. Em 2014, a renda gerada de R$ 10.973,5 bilhões de reais representou um impacto de 11.2% do PIB do Estado. Além disso, foram gerados 140 mil empregos nas áreas de Hotelaria e Alimentação e novos voos internacionais diretos para Fortaleza foram captados. A partir da lei, que reduziu o imposto sobre o combustível das aeronaves, há voos diretos para Buenos Aires, Miami, Frankfurt, Bogotá, e os já existentes para Lisboa e Praia, em Cabo Verde. A oferta hoteleira apresentou um incremento de 26,3%. Segundo o presidente da ABIHCE, Darlan Teixeira Leite, o dólar elevado não favorece somente a hotelaria, mas toda a cadeia produtiva dos destinos turísticos brasileiros, na medida em que o poder de compra da moeda estrangeira fica ampliado e, consequentemente, os preços dos produtos e serviços se tornam bem mais acessíveis e
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competitivos em comparação a outros destinos. “O impacto é muito positivo tanto para o fluxo internacional, a partir de destinos já emissores como Argentina, Portugal, Itália, França, Estados Unidos, quanto para o fluxo interno de brasileiros, que alteram a sua opção de viagem para o exterior em virtude da alta do dólar, e buscam o turismo interno em condições bem mais atraentes”, ressalta o presidente. A expectativa para o aumento da procura do turista por nosso Estado nesses últimos meses do ano apresenta um crescimento de 3%. “Repetir a demanda de 2014 já será um bom resultado face ao cenário de crise atual. E temos ainda uma perspectiva real de conquistar o HUB da TAM, o que constituirá um novo marco histórico para o turismo de Fortaleza e do Estado do Ceará, com um impacto extraordinário na geração de negócios, emprego e renda para o setor. A conclusão do Acquário será também muito importante”, afirma.
COMÉRCIO & MERCADO CDL Jovem
Foi na primeira edição do Projeto Fast Trip que um grupo de 26 associados da CDL Jovem partiu em comitiva para a região noroeste do Ceará em busca de novos horizontes, num clima de grande descontração. A Fast Trip é uma imersão rápida para que, em poucos dias, sejam feitas visitas técnicas e compartilhamento de experiências. Nesta estreia, o grupo visitou a fábrica da Grendene, recepcionado pelo Diretor Industrial Nelson Rossi, que explicou todo o conhecimento da cultura fabril implantada em Sobral após sua instalação. Hoje, a unidade de Sobral da Grendene já é a maior do país com mais de 17.000 funcionários, exportando 4 a cada
10 sapatos fabricados no Brasil. Logo depois, a visita foi na fábrica da Votorantim, sendo o grupo recebido pelo Gerente de Fábrica Rafael Costa, que explicou como é realizada a complexa logística e o controle da produção, com 24h de funcionamento, gerando mais de 600 mil toneladas de cimento por ano. O jantar de encerramento em Sobral foi agraciado com a presença do Prefeito Municipal Clodoveu Arruda e da ViceGovernadora do Estado Izolda Cela. A comitiva da CDL Jovem seguiu para participar da 27ª Convenção Estadual do Comércio Lojista em Ubajara, na qual grandes nomes do cenário nacional, ícones nos
seus setores, foram palestrar: Daniel Godri (Administrador de empresas, eleito o segundo melhor palestrante no ranking brasileiro pela revista Veja), Deusmar Queirós (Grupo Pague Menos), Beto Studart (Grupo BSPar) e Pedro Lima (3 Corações). A primeira Fast Trip CDL Jovem foi sucesso e novas edições surgirão em breve para enriquecer cada vez mais a liderança, o desenvolvimento profissional e a integração do grupo de associados da entidade. Confira o que ACONTECEU na CDL Jovem: 25/08: Com a Palavra - Marcos Oliveira, diretor do Grupo Bezerra Oliveira. “Servir é o primeiro passo para o sucesso”. 01/09: História de Sucesso - Grupo CBL Alimentos-Betânia, com o sócio-diretor Bruno Girão; 15/09: Tô em Casa, com a palestra dos diretores Roberto Júnior, da Horizonte Transportes e Turismo, e Allan Sankey, da Ferrovia Eyewear, com o tema “Virando o Jogo”.
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Beth Furtado
Varejo na Era do Compartilhamento Beth Furtado é autora do livro “Desejos Contemporâneos” e é sócia-diretora da ALIA Consultoria de Marketing (www.aliasite.com.br). É âncora do programa “Reclame”, veiculado na Rádio Estadão, sobre Marketing, Propaganda e Comunicação. Existe um provérbio chinês muito intrigante: “Que você viva em tempos interessantes!” Na visão chinesa, viver tempos interessantes significa conviver com agitação, transformação e lutas. Estamos vivendo tempos interessantes. Tempos de uma transição econômica – e não estou falando dos desafios conjunturais presentes. As mudanças que vivemos são mudanças de “Era Econômica”. Até agora a tecnologia nos trouxe conectividade, velocidade, redes sociais sem limites e interações que amplificaram as possibilidades nas relações pessoais e nos negócios. A Era do Compartilhamento, que começou como uma faceta relacional, transforma-se agora em econômica, o que significa mudanças não apenas nas relações humanas, mas nas moedas de trocas e nos modelos de negócios. Pense nos embates do Uber e temos um exemplo desta época interessante. No excelente artigo “Entendendo o Novo Poder”, de Jeremy Heimans e Henry Timms, publicado na Harvard Business Review, o tema Compartilhamento é tratado como deslocamento de poder (e por isso uma Era Econômica) onde o Velho Poder requeria apenas o consumo por parte das massas. Já o Novo Poder, aproveita a capacidade e o desejo das pessoas em participarem da Economia para compartilhar um conteúdo ou
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objeto, remixar, cocriar, personalizar, financiar ou produzir.
Cabe lembrar a “Luiza que está no Canadá”.
Além disso, as formas de pagamento desta nova Era Econômica são diferentes. Por exemplo, ao invés do usuário comprar um carro ou usar um táxi para se deslocar, surge a Carona Compartilhada como a oferecida pelo site Carona Brasil. O Compartilhamento insere várias modalidades de pagamento, como: posse compartilhada ou copropriedade, empréstimos temporários, subcontratação, trocas, permissão, uso sob demanda, revenda, parcerias e aluguel em modalidades novas (como aluguel de roupa de bebê).
O próximo degrau é o Financiamento. Os sites brasileiros Catarse ou Kikante oferecem alternativas para que eu e/ou você coloquemos nossos recursos financeiros e invistamos em um projeto em que acreditamos ou que coloquemos nosso projeto para financiamento coletivo. A Produção, próximo estágio que cria o contexto de compartilhamento sem que seja necessário escala. Um bom exemplo é o Airbnb, plataforma que viabiliza você alugar um quarto da sua casa ou a sua casa, diretamente para outra pessoa ou para uma empresa. Por fim, temos a Copropriedade, em que pessoas compartilham completa ou parcialmente bens ou conteúdos, como o site Ciranda. Lá, você pode colocar bens que não usa tanto para que outros possam usá-lo. Por exemplo, a sua esteira que transformou-se em cabide. Em contrapartida, isso dará a você o direito de ter acesso a outro bem que precisa.
No artigo citado anteriormente há uma escala que esclarece a transição que estamos vivendo. O Consumo Tradicional, estágio em que vivíamos, envolvia uma empresa vendendo seu produto para outra empresa ou para pessoas. Por exemplo, uma editora que vende uma revista. Você vai lá, compra ou assina e assunto resolvido. O Compartilhamento de Conteúdos ou Ideias – degrau acima do Consumo, pode ser exemplificado pelo Youtube, ambiente em que uma pessoa física pode postar um vídeo ou reenviar conteúdos que achou interessante. O próximo estágio é a Modelagem, que envolve a remixagem ou adaptação de conteúdos, ou seja, uma pessoa adapta um vídeo, faz uma paródia, uma brincadeira, ou uma inspiração a partir de outro conteúdo, como por exemplo, uma propaganda.
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Estas transformações vieram para ficar e o varejo pode, deve e precisa lidar e, principalmente, aproveitar as incontáveis oportunidades criadas por esta nova Era Econômica. Foi o que fez um grupo de curitibanos ao criar a Simple Guest, empresa que gerencia propriedades oferecidas no Airbnb. Não esqueça: épocas interessantes envolvem transformação e também oportunidades.
ALFE Nova gestão
Selma Cabral começa mais uma década de sucessos da Alfe A Associação de Lojistas e Líderes Femininas – Alfe acaba de fechar sua quarta década de existência e para celebrar esta data e dar continuidade aos projetos da entidade, a empresária Selma Cabral assume a presidência do biênio 2015-2017. Dentro do planejamento para sua gestão está o projeto de criar uma linha de sustentabilidade associativa, capaz de interligar e fortalecer a parceria com outras entidades. Além de outros dois projetos, que ela acredita serem de extrema importância, como a criação de núcleos regionais de expansão da Alfe e, ainda, a Força Jovem-Alfe. Comércio & Conjuntura – Como começou a sua relação com a Alfe? Selma Cabral - Há mais ou menos quinze anos ingressei na ALFE pela mãos da conselheira Estefânia Pinheiro, que me delegou a responsabilidade de ser sua vice-presidente, cargo que me atribuiu muitos encargos e ações de efetivos resultados. Estávamos em um momento de política, então criamos a Comissão Permanente da Cidadania Feminina, o que provocou grande discussão e repercussão na sociedade. Na mesma época, criamos, ainda, dentro da ALFE, o programa Mulheres que Brilham, dando polimento na prata da casa, e a Feira ALFE Mostra Mulher. Projetos
que existem ainda hoje e rendem muitos e bons resultados. CC – Como você define a sua atuação como vice-presidente da Alfe na gestão da Fátima Duarte? SC - Nossa relação é de entendimento, respeito e recíproca amizade. Por ter uma formação técnica, sempre estou criando projetos e inovando. Já a Fátima, foi sempre receptiva e apoiadora das nossas propostas, uma grande parceira, daí o motivo de uma grande gestão. CC – O que planeja fazer na sua gestão? O que julga ser o mais importante a ser conquistado? SC - Temos a consciência de que renovar é preciso. Finalizamos quatro décadas. Estamos entrando numa nova estação e temos que promover mudanças. Temos que radicalizar um pouco na criatividade e na projeção de um novo caminho, valorizando as boas ações e as pessoas, promovendo alianças e projetando o futuro de uma grande instituição. Dentre as nossas metas está a criação de uma linha de sustentabilidade associativa, de núcleos regionais de expansão da Alfe e, ainda, a Força Jovem-Alfe.
CC – O que julga ser sua maior dificuldade à frente da Alfe? SC - Sempre a questão financeira, que não é só uma questão da Alfe, mas de todas as instituições de classe. Essa falta de recursos limita muito os nossos projetos, que só são efetivados com o apoio de parceiros fiéis e amigos da nossa instituição. CC – Como se sente sendo a presidente da entidade justo quando ela completa quatro décadas de atuação? SC - Pois é, imagine o nível de responsabilidade de iniciar uma nova década. Mas, tenho como trunfo a história de suas construtoras, as ex-presidentes, que estão dissertadas no meu livro Álbum de Memórias - ALFE 40 Anos. A trajetória delas me inspira e me motiva a continuar na promoção e valorização dessa querida instituição. CC – Em sua opinião, qual a importância da atuação da Alfe para o comércio cearense? SC - Representativa e participativa, com um toque da alma feminina, que ameniza a dureza da economia, tornando os negócios uma ferramenta de sustentabilidade e desenvolvimento não só monetária, mas, acima de tudo, social e humanamente justa.
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GIRO de Notícias CDL NA AÇÃO VERDES MARES A CDL de Fortaleza participou, na amanhã do último dia 03 de outubro, da Ação Verdes Mares no bairro João XXIII, em Fortaleza. A entidade ofereceu, gratuitamente, consulta ao SPC e Cadastro Positivo – banco de dados com informações de consumidores que têm histórico favorável de pagamento.
MOBILIZAÇÃO DO COMÉRCIO PELO HUB DA TAM A CDL de Fortaleza tem realizado várias ações em prol do hub da TAM no Ceará. No último dia 19 de setembro, a entidade esteve presente no evento realizado pela Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTUR), em comemoração ao Dia Mundial do Turismo. Na ocasião, o presidente da CDL de Fortaleza, Severino Neto, participou de um debate sobre “Turismo e Varejo”, no qual reforçou a importância do empreendimento para o nosso Estado. Também foram distribuídos adesivos para carro com a frase do movimento: “Comércio unido pelo hub da TAM em Fortaleza”. O adesivaço também foi realizado no Shopping RioMar e no North Shopping. Lá, os lojistas receberam adesivos para serem afixados nas vitrines dos estabelecimentos comerciais. CDL MÓVEL CHEGA A SUA 41ª EDIÇÃO NO BAIRRO CAMBEBA A EEFM Iracema, situada no bairro Cambeba, recebeu de 21 a 25 de setembro a última CDL Móvel deste ano. Seis cursos foram oferecidos gratuitamente, dentre eles: “Atendimento: sua excelência, o cliente”; “Controle de estoque” e “Marketing pessoal, comunicação e postura profissional”. No total, 118 alunos foram capacitados. Durante a semana, a CDL também disponibilizou à comunidade local inscrição no Cadastro Positivo e consulta ao SPC. Ano que vem tem mais! CONGRESSO NACIONAL DE VENDAS É REALIZADO EM FORTALEZA A CDL de Fortaleza marcou presença no Congresso Nacional de Vendas, que aconteceu nos últimos dias 07 e 08 de outubro, no Centro de Eventos do Ceará. Na ocasião, a entidade ofereceu consulta gratuita ao SPC e inscrição no Cadastro Positivo. Além disso, a Faculdade CDL também esteve presente, fazendo divulgação do vestibular.
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COMÉRCIO VAREJISTA REJEITA VOLTA DA CPMF E CRIA MOVIMENTO Rejeitando a proposta anunciada pelo Governo Federal sobre o retorno da Contribuição Provisória para Movimentação Financeira (CPMF), o Sistema CNDL lançou a campanha on-line “Sai pra lá CPMF”. O intuito é mobilizar o setor varejista e realizar um grande movimento contra a volta da contribuição. A CDL de Fortaleza apoia esta campanha. Se você também quiser participar, basta compartilhar a hashtag #saipralacpmf nas redes sociais. DESAFIO DAS EMPRESAS EM MERCADO COMPETITIVO Este foi o tema da palestra realizada, no último dia 28 de setembro, para 305 pessoas na CDL de Fortaleza. O palestrante foi o professor Marins, empresário de sucesso nos ramos de Agronegócios, Educação, Comunicação e Marketing. Mais de 200kg de alimentos foram arrecadados com a inscrição. As doações foram entregues à Associação Nossa Senhora Rainha da Paz, que contribui para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes em situação de risco social. A FORTALEZA QUE QUEREMOS Com a participação da CDL de Fortaleza, foram realizados no auditório da Entidade - de 19 a 23 de outubro - Fóruns Temáticos e Setoriais “A Fortaleza que queremos”, que integraram a segunda etapa do Projeto Fortaleza 2040. No total, 37 fóruns foram apresentados e discutidos. O presidente da CDL de Fortaleza, Severino Neto, foi um dos palestrantes. Ele deu um panorama sobre o Centro, destacando o papel fundamental do comércio, que emprega 69 mil pessoas e faz com que 350 mil circulem por ali todos os dias. “O Centro é de todos, e a Entidade está engajada no plano e vai participar com ênfase”, afirma Neto. Na próxima edição da Comércio & Conjuntura você confere uma matéria completa sobre esse assunto.
O QUE VEM POR AÍ: Solenidade de entrega do Prêmio CDL de Comunicação, que tem como tema “Luz, câmera, ação! O cliente como protagonista do varejo”. Dia 19 de novembro, às 19h, na CDL de Fortaleza.
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DIÁLOGOS Eduardo Gomes de Matos
Como alavancar suas vendas neste final de ano? Eduardo Gomes de Matos Consultor, palestrante, diretor-presidente da Gomes de Matos Consultores Associados, escritor, vice-presidente do IBCO - Instituto Brasileiro de Consultores de Organizações, e mentor da Endeavor. Vivemos uma crise? Esta talvez tenha sido a pergunta mais ouvida por nós durante este ano. Hoje, já sabemos a resposta: vivemos uma crise! Basta olharmos as manchetes dos principais jornais e revistas: “Vendas do Dia das Crianças podem ter pior resultado em 12 anos conforme a Confederação Nacional do Comércio. A data deve movimentar R$ 4,3 bilhões este ano e o crédito mais caro prejudica resultados, segundo a entidade”; “A expectativa é que as vendas tenham queda real de 2,8% comparado com 2014”; “Varejo paulista tem redução de mais de 57 mil empregos em 2015”; “Brasil registra maior queda em ranking de competitividade global”; “Queda nas vendas do varejo em julho é a mais forte desde 2000”. Mas, temos uma proposta a fazer a você: vamos pegar a frase “Vivemos uma crise!” e, ao invés do ponto de exclamação ou ponto final, vamos colocar uma vírgula e acrescentar: mas o mercado não para. A frase ficaria assim – “Vivemos uma crise, mas o mercado não para”. Porque olhando outras manchetes daqueles mesmos jornais e revistas citados anteriormente podemos encontrar: “Como um grupo de empresas brasileiras consegue faturar bilhões mesmo na crise”; “Lucro
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das Lojas Renner sobe mais de 30% no 2° trimestre”; “Lucro da Via Varejo sobe 37% no primeiro trimestre”. Ou seja, o mercado não para e muitas empresas estão tendo sucesso mesmo diante deste cenário desafiador. O que elas estão fazendo? Quais são os seus segredos? Como alavancar suas vendas neste final de ano? Vamos compartilhar com você algumas práticas destas empresas para que você possa adotá-las na sua empresa: Prática 1 – Busca pela excelência em produtos e serviços: Busque a excelência nos seus processos internos, produtos e serviços. Analise o que você pode melhorar; sempre se pode melhorar. Tenha processos eficientes que reduzam custos. Faça o acompanhamento diário das metas. Tenha rigor no controle de qualidade de produtos e insumos. Faça acompanhamento intenso na execução dos serviços e operações das lojas. Prática 2 – Busca pela excelência no atendimento e relacionamento: Os clientes, hoje, fazem uma maior avaliação da necessidade de compra e escolhem aquelas empresas que oferecem a melhor proposta de valor para eles. Retenha seus clientes e venda mais para os clientes atuais. Aumente o seu ticket médio. Defina ações para
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relacionamento com clientes frequentes. Faça acompanhamento intenso do padrão de atendimento ao cliente. Prática 3 – Não deixe sua equipe ficar desmotivada: Vendedores e atendentes estão também enfrentando desafios, por isso não os deixe ficar desmotivados. Os clientes continuarão comprando, mas com nível de exigência ainda maior e comprarão somente aquilo que vale a pena. E como conseguir que uma equipe não fique desmotivada e engaje-se neste momento desafiador? A quarta prática fala sobre isso. Prática 4 – Cuide de sua equipe: Se você toma conta das “suas pessoas”, elas tomam conta do cliente. Dê à sua equipe um propósito, uma razão para estar ali. Motive-a por meio de desafios e recompensas e reconheça seu valor. O valor do reconhecimento e da valorização é enorme. Podemos resumir as principais atividades para alavancar suas vendas neste final de ano em quatro grandes iniciativas: 1. Conheça seus clientes; 2. Conheça e cuide da sua equipe; 3. Elabore e dissemine planos e objetivos bem definidos; 4. Mantenha seu posicionamento de mercado.