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José Luiz, líder inspirador

JOSÉ LUIZ da Miramontes

POR CELSO MACHADO E CARLOS GUIMARAES

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O NOME DE UMA LOJA DE SUCESSO VIROU SOBRENOME DE UM EMPRESÁRIO BEM SUCEDIDO.

José Luiz Rodrigues nasceu em Uberlândia na rua Duque de Caxias quase esquina com a rua Portugal. Passou sua primeira infância no distrito de Cruzeiro dos Peixotos, onde seu pai possuía um comércio. Ali morou até cerca de quatro anos. Aprendeu cedo a trabalhar. Aos sete anos, levava marmitas para os peões e aprendia a lida sob o rigor disciplinar de seu pai.

Recorda com carinho: “Meu pai era um comerciante extraordinário e se eu viver mais vinte, trinta ou quarenta anos sei lá, até quando Deus permitir eu não vou conhecer uma pessoa igual meu pai”

E foi com o pai que vendia de tudo e era excelente “catireiro” que José Luiz aprendeu a ser comerciante. Por volta de oito anos voltou à cidade, onde estudou nas escolas Brasil Central e Bueno Brandão. Aos 11 anos, por ter sido reprovado na escola, o pai o fez voltar para a fazenda. Continuou estudando lá e aos 13 veio para a casa do avô no centro de Uberlândia. Seu pai acabou vendendo a fazenda e se mudando para Goiás. José Luiz permaneceu em Uberlândia. Ele recorda que a aptidão profissional é algo inerente ao seu espírito familiar. Mencionou o avô, que, mesmo analfabeto, ensinava os filhos e netos a trabalharem bem. Tinham que levantar, lavar o rosto direito, arrumar a cama, entre outras coisas simples que educam as crianças ao trabalho, fazendo com que o corpo se habitue a ele.

Na adolescência, além de estudar, José Luiz trabalhava em um bar e em uma loja. Levantava-se de madrugada, por volta de 5h30, para atender no bar as pessoas que trabalhavam nos armazéns próximos à Fepasa, cerca de 50 “chapas” diariamente. Ali já começou a compreender o quanto o trabalho exige disposição. Para ele, não era apenas trabalho, era aprendizado..

Aprender era uma orientação que recebeu de seu pai, antes de ele partir para Goiás. José Luiz não recebia nem salário, mas era valoroso o aprendizado que adquiria. E foi isso que o levou a trabalhar na loja Miramontes, de propriedade do seu primo, Newton que era conhecido pelo apelido de “Pescadinha”. A avenida Fernando Vilela, nessa época, nem era asfaltada. Ele lembra que a Miramontes, além de tecidos finos vendia muitos chapéus, um consumo bastante comum na época. Próximo havia a loja do Sr. Geraldo, bastante tradicional e o Sr. Ferdinando, que vendia lambretas e bicicletas. Era uma esquina espetacular.

Em 1972 o Sr. Newton teve de fechar a Miramontes, foi trabalhar no Tecidos Tita e arranjou para José Luiz um emprego no extinto Rei do Rayon, onde ele permaneceu por cinco anos, até 1977. Desde quando havia saído da Miramontes, ele já havia colocado em mente que um dia a compraria. Em fevereiro de 1977, assim que deixou O Rei do Rayon, o antigo dono da Miramontes ligou para ele e disse que tinha chegado a hora de José Luiz realizar o sonho de comprá-la.

Convencido, pegou o seu velho fusca e foi conversar com o pai, que residia em Pontalina, Goiás. O pai prometeu vender 150 novilhas magras após elas engordarem, o que seria uns seis meses depois. Contraiu o empréstimo com o Sr. Valter, dono da loja O Rei do Rayon, mesmo com juros altíssimos, depositando fé que o pagaria após o pai lhe dar o dinheiro. O pai o avalizou no empréstimo e ele comprou a Miramontes, renovando o estoque por meio de uma negociação consignada com o proprietário do Tecidos Tita. Assim, sob sábio tino comercial que herdou do pai, ele começou a Miramontes.

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ALMANAQUE | UBERLÂNDIA S.A.

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Com o foco em excelência no atendimento, ele se jogou com vigor no seu empreendimento. Atendia muito bem a todos e criava relacionamento de amizade com cada um. Passou a ter várias senhoras que eram clientes “de caderneta”. Boa parte delas, esposas de pessoas bastante conhecidas na cidade, que gostavam de ser atendidas pessoalmente por ele. Passou também a atrair moradoras de cidades vizinhas. Algumas vinham especialmente no fim do ano, para fazer as compras de presentes natalinos. Desse modo, José Luiz foi construindo sua carteira de clientes e ampliando as conquistas de sua loja.

José Luiz buscava ser ardiloso nos negócios. Quando adquiriu a loja, ela estava desfalcada, com balcões velhos. Ao receber um pedido de clientes que não conseguisse atender, ele apenas dizia que faria a entrega no dia seguinte e corria atrás do produto, principalmente no Tecidos Tita. E comprava além do necessário, para consolidar o seu próprio estoque.

No fim do primeiro ano, José Luiz estava com sua loja completamente estocada e já tinha quitado antecipadamente o empréstimo contraído para a aquisição. Em julho do ano seguinte, comprou na rua Buriti Alegre, um terreno para o pai. No mesmo ano construiu uma casa que ficou de herança para sua irmã. Em menos de dois anos pagou a todos, incluindo seu pai.

Para José Luiz, o sucesso da Miramontes é, em primeiro lugar, pelo bom atendimento. Ainda hoje ele orienta seus funcionários a considerar o cliente a peça mais importante de qualquer comércio, ressaltando para eles, inclusive, que quem paga o salário não é ele, mas sim a clientela.

“Quanto mais clientes nós tivermos, melhor para a empresa, melhor para vocês. Porque - se temos movimento, temos faturamento e a coisa anda. Se nós não temos cliente, o que vai acontecer? A empresa vai ficar paralisada, nós não vamos crescer e vocês vão acabar tendo que procurar outra empresa para trabalhar. Então o motivo e o sucesso da Miramontes são ter sempre a mercadoria que a pessoa quer e o vendedor ter conhecimento do que ele está vendendo para saber dialogar com o cliente.”

Considera que não há ensinamento para ser um bom vendedor. Isso vem da prática. Quando a pessoa tem o dom de ser vendedor, não precisa ensinar, ele vai se aperfeiçoando.

Para José Luiz, a função do patrão deve ser a de solucionar os problemas e tratar a todos como uma família. Sempre tendo como premissa que o funcionário precisa estar sempre de bom humor, satisfeito. Por isso, trata e considera seus vendedores colegas de trabalho.

O empresário comenta que seus filhos e, portanto, sucessores, estão se aprimorando. E os orienta a ter sempre um foco e honestidade. “O mais velho, Thiago, é excelente vendedor. Antes dava tiro para tudo quanto é lado, mas agora tem o foco certo. O outro, Rodrigo, é mais comercial. José Luiz se orgulha deles, por estarem trabalhando bem, o ajudando. “Não tive nenhum problema com eles e agradeço a Deus todo dia pela maneira que consegui criá-los e por eles seguirem a vida como estão seguindo”, afirmou.

Para ele, as dificuldades são os ensinamentos da vida. Quem não tem dificuldade nenhuma se acomoda, não cresce. E, acrescenta: se você não tivesse alguma dificuldade na sua vida, você faria alguma coisa? Você acomodava, tá tudo bem, tá tudo legal. Então fica do jeito que está. Os problemas ensinam você às vezes a ganhar e perder, porque

“Hoje o segmento imobiliário é maior que a Miramontes. Mas a paixão como negócio é a Miramontes”

José Luiz faz questão de comemorar as conquistas da Miramontes com seu time que considera peça fundamental no sucesso da empresa.

A Loja da Tecidos Miramontes está situada numa esquina estratégica da Av. Fernando Vilela com a rua Arlindo Teixeira

isso faz parte da vida. Eu já perdi muito. Mas quando eu perdia, dava jeito de correr para recompensar aquela perda”.

Na visão dele, o produto, o atendimento e o bom preço são cruciais para o sucesso. “Não é que eu vou vender mais barato que todo mundo. É preciso ter boas mercadorias e um preço bom. Se a pessoa chega, encontra aquilo que precisa, o vendedor o deixa satisfeito, a venda flui naturalmente. O sucesso é esse. Hoje a Miramontes atende clientes de toda a região.

José Luiz disse ter esse foco no sucesso durante toda sua vida. Aprendeu muito com o avô, José Rodrigues Correa, que veio para cá quando seu pai tinha 12 anos, e orientava a adquirir imóveis, que são pouco suscetíveis a mudanças da economia. Seguindo essas orientações, com o que foi ganhando na Miramontes começou a comprar lotes nos bairros. “Eu gosto de tudo o que faço. Não posso dizer que gosto mais disso ou daquilo. Mas, a razão da minha vida é a Miramontes. Tudo o que eu tenho hoje ali na zona Sul, tudo foi tirado da Miramontes. Hoje o segmento imobiliário é maior que a Miramontes. Mas a paixão, como negócio, é a Miramontes”, relatou o empresário.

Na trajetória de vida de José Luiz, há de se falar também de sua vida romântica. O seu casamento tem uma história interessante. Os seus pais não deram certo. Por isso, o pai vendeu a fazenda aqui e foi embora para Goiás. Ao estudar no Colégio Inconfidência, José Luiz conheceu Irani. Gostou dela. Com a ajuda da irmã, ele tentou se aproximar, começou a frequentar sua casa, para fazer os trabalhos de escola. Mas ela não dava bola. E ele insistiu. Ele trabalhava no Rei do Rayon e ela trabalhava na Clerce Modas. Até que, relembra: “Um belo dia eu estava lá na casa de um tio dela que tinha apelido de bode. Porque quando ele foi para a guerra lá na Itália, a mãe dele fez um voto para que, se voltasse vivo. ele tinha que ficar não sei quantos anos sem fazer a barba. Aí ele ficou com a barba bem longa. né, e apelidaram ele de bode. Aquele velhão sistemático, sério, né. Aí eu cheguei, estava lá na sala, namorando, já tinha visto ele uma vez, mas só cumprimentei. Aí ele entrou. me cumprimentou – boa noite, boa noite – conversamos um pouquinho.

No outro dia, a Irani me ligou antes de eu ligar para ela. Eu falei, uai, tem uma coisa diferente que ela nunca fez isso né. Aí. eu fui saber depois que esse tio chegou nela e falou – Irani. agora você arrumou um homem para casar, não é aqueles bundas moles que você ficava namorando aí. não. E a coisa virou e a gente está aí, eu namorei ela 6 anos e mais, nós vamos fazer 44 anos de casado, vamos fazer 50 anos juntos. Graças a Deus estamos aí, firme. Tivemos dois filhos. Ela me ajudou muito na Miramontes. É uma ótima vendedora também, meu estilo. E é uma pessoa econômica, muito segura também ,né. E a gente, como se diz, juntou a unha com a carne. Deu tudo certo. É isso aí. Namoramos por seis anos e estamos casados há quarenta e quatro, portanto cinco décadas juntos.

“Hoje estou mais focado nas coisas que tenho. Vamos segurar o que a gente tem e procurar desenvolver aquilo que a gente já tem na parte imobiliária. E quanto a Miramontes, está chegando a hora dos filhos formarem a clientela deles para mantê-la em pé”.

Para ele, as dificuldades são os ensinamentos da vida. Quem não tem dificuldade nenhuma se acomoda, não cresce.

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