Revista Apê Zero 1 - edição jan/fev 2015

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No seu condomínio. Na sua mão.

Distribuição dirigida Ano 12 . Nº 112 Jan/Fev de 2015

Jundiaienses por opção

Conheça a história de vida e a motivação de quem “adotou” a cidade

GALO DE JUNDIAÍ

Revisite a história dos mais de 100 anos do Paulista F. C.

OBESIDADE MENTAL

Saiba o que é, quais as consequências e como tratar o problema




indice 8 ud Cinema particular

Veja como decorar e equipar uma sala de tevê aconchegante e clean.

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14 viver em condominio Planejamento financeiro

Informações para síndicos, administradoras e condôminos sobre as finanças do condomínio, por Carlos Eduardo Quadratti.

Eles escolheram Jundiaí

Saiba o que motivou seis pessoas, que nasceram ou passaram pela Grande São Paulo, a morarem em Jundiaí: dificuldades, surpresas agradáveis e curiosidades.

31 pets É possível?

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curiosidades da terrinha Paulista F. C.

O Galo de Jundiaí já passou por muita coisa e o Cobrinha, que acompanha o time há 60 anos, conta tudo!

Saiba como é fácil criar uma boa convivência entre pets e condôminos.

42 turismo La Posada Conheça o restaurante de Buenos Aires que aceita real e tem cardápio em português.

10 voce Obesidade mental

Será que o acesso, cada vez mais fácil e rápido, às informações o contato contínuo com a tecnologia está fazendo bem para as pessoas? Veja os esclarecimentos da psicopedagoga Nani Gomes.

38 3º setor Superações

Dona Maria Aparecida de Oliveira conta sua história de vida, com dificuldades e superações para os leitores da Apê.


50 cronica No calor do verão

A piscina é o espaço onde acontece mais uma história narrada pelo José Miguel Simão.

49 classificados Lista de prestadores de serviços ideais para o seu dia a dia.

34 criancas Aprendendo a gostar de ler

Conheça a importância da leitura na vida das pessoas, principalmente quando elas tornam-se leitoras desde crianças.

28 RADAR APe Mais dicas para quem mora ou trabalha em condomínios.

44 multiplicadores Grendacc

Como fazer de uma experiência pessoal uma contribuição para a sociedade? Verci Bútalo fala sobre a fundação da entidade que atende crianças e adolescentes de Jundiaí e região.


editorial

Um compromisso com Jundiai stamos acompanhando transformações por Jundiaí. Talvez não no tempo ideal para alguns, talvez não na intensidade certa para outros. Mas para quem “vê de fora”, a cidade é um celeiro de oportunidades, principalmente quando o assunto é segurança - se comparada às metrópoles brasileiras.

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Nesta edição, conversamos com pessoas que adotaram Jundiaí como novo lar. São paulistanos ou pessoas que já passaram por São Paulo e que resolveram fugir do crescimento da falta de segurança na Capital. Para eles, Jundiaí ainda está longe das grandes ofertas de entretenimento e serviços, mas é um excelente local para morar com a família, respirar ar puro e até se adaptar às particularidades de uma cidade com jeitinho de interior. Quem sabe já estão até pedindo uma “coxinha de queijo”?! Recentemente, Jundiaí vem recebendo grande apoio de pessoas que, por conta, buscam o melhor para a cidade. São ações, muitas vezes isoladas, outras integradas, que lutam por maior mobilidade, cultura, entre outras reivindicações. Alguns desses personagens que estão à frente nesta luta já foram entrevistados pela revista APÊ ZERO 1, como Henrique Parra Parra Filho (edição 102). À época, ele falou sobre o movimento Voto Consciente. Porém, em janeiro de 2015 ele voltou a ser destaque na cidade, quando conseguiu reunir 150 ciclistas em um passeio em prol da segurança e políticas de mobilidade em Jundiaí. Outro personagem foi destaque na edição passada da revista: Maurício Ferreira. Ele contribui com registros históricos de Jundiaí, publicando fotos antigas da cidade em sua página no Facebook. Ele ajuda a revista, fornecendo esses materiais fotográficos. A exemplo disso, nesta edição, a Apê realizou uma reportagem especial sobre o time de coração dos jundiaienses, o Paulista! É interessante observar que a linha editorial da revista APÊ ZERO 1 se firma com uma particularidade: a busca por histórias através de personagens que merecem tê-las divulgadas. São Marílias, Vercis, Carlos, Andrés, Marias, Josés, enfim, jundiaienses nativos ou jundiaienses que adotaram a nossa cidade em um cantinho do seu coração. E que sejam sempre bem-vindas! Rodrigo Góes, jornalista responsável 6

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colaboraram nesta edicao José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.

Carlos Eduardo Quadratti, advogado e jornalista que assina a editoria Viver em Condomínio e faz parte da diretoria da Proempi.

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Motivos para anunciar na apê zero 1:

l Única revista totalmente direcionada para moradores de condomínios em Jundiaí; l 140 condomínios residenciais recebem os exemplares; l São 10 mil exemplares impressos todo bimestre; l Só recebem a revista os moradores que fazem parte do nosso banco de mailing. l As revistas são entregues com etiquetas e dados do destinatário; l Até agora foram publicadas 112 edições.

Expediente A revista APÊ ZERO 1 é a nova marca da antiga revista Portal dos Condomínios e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42.

Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1.com.br ou ligue: 11 4521-3670

Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, Jundiaí - SP CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 -

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam o pensamento da revista.

Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy e Jonas Junqueira

Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1

Redação: Renata Susigan Redes Sociais: Rafael Godoy, Gustavo Koch e

Associado:

Mônica Bacelar

Web: Vinicius Zonaro Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista.

André Luiz é o fotógrafo responsável pela maior parte das fotos desta edição.

Para Anunciar 11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br


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Home theater, TV, cortinas black out e um confortável sofá ajudam a criar um cinema particular


Sala de TV: cinema particular Reportagem: Renata Susigan Fotos: Divulgação 1

Fotos: Divulgação

Neste espaçoso apartamento de Jundiaí, a sala de televisão é um dos cômodos protagonistas. Com cerca de 20 metros quadrados, o espaço, integrado à sala de jantar, foi decorado respeitando o estilo contemporâneo sóbrio, de acordo com a preferência dos proprietários. O arquiteto Gustavo Mello, da Mello e Condini Arquitetura, explica que no estilo escolhido predominam materiais inovadores que sigam a tendência atual, sempre com aspecto clean. “Atualmente, o mobiliário é feito em MDF (material derivado da madeira) e o revestimento em porcelanato”, descreve. “Usamos a cor bege em um tom claro para mostrar sobriedade.” Para transformar a sala de tevê em uma sala de cinema particular é importante que a televisão tenha, pelo menos, 70 polegadas. Além disso, o espaço deve ser equipado com aparelho de blu-ray, uma bela coleção de filmes e séries e um pacote de canais fechados. “Outro aparelho indispensável é o home theater, que deve ter, no mínimo, 5.1 canais”, sugere. “Isso quer dizer que cinco pontos de autofalantes ajudam a propagar o som, causando no espectador a sensação de estar no local da ação do que ele está assistindo.” Sobre a qualidade do som, Joanna Condini, arquiteta do mesmo escritório, complementa com a informação de que as salas de tevê devem ter papeis de parede, cortinas e tapetes, que ajudam a absorver o som e não causar reverberação (eco). “Neste caso, temos a presença de dois elementos [cortina e tapete]”, afirma. “Colocamos dois dos cinco autofalantes do home theater no aparador que fica atrás do sofá.” A ventilação do local ocorre de maneira cruzada, ou seja, com entradas opostas. Já a iluminação é indireta – obtida com a sanca – e com diversos spots (lustres). Mello explica que os móveis também são importantes para deixar o ambiente mais confortável. O que não pode faltar são poltronas, sofás retráteis, aparadores, mesas de centro, gavetas para guardar a coleção de DVDs e blu-rays, entre outros. “Neste projeto instalamos um painel com um rack embutido e baixo para deixar o lugar mais ‘leve’ e não tirar a atenção da tevê, que é mais importante”, comenta Mello. “Usamos o painel de forma que escondesse o corredor de acesso aos quartos, o que amplia o espaço e dá a impressão de que a sala é maior”, conta Joanna. Para completar a sala de tevê ideal, a decoração deve ser ao gosto do cliente e estar em harmonia com o projeto. “Este cômodo tem luminárias, livros, miniaturas, vasos, caixas decorativas, esculturas e quadros”, enumera Joanna. “É imprescindível que se tenha cortinas blackout nas janelas para deixar a sala com cara de cinema”, acrescenta Mello.

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1. Grand Bicycle adorno R$ 72,00. 2. Nova York quadro R$ 278,00. 3. Rings mesa de centro R$ 485,00. 4. Barce recamier R$ 1685,00. Produtos da www.tokstok.com.br. *Preços sujeitos à alteração. Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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Obesidade mental e suas consequencias Reportagem: Renata Susigan Foto: André Luiz ocê sabe o que é obesidade mental? Não, não é pensar em comida o tempo todo como a maioria das pessoas acredita. Obesidade mental é um transtorno que tem aumentado de incidência desde a década de 1990. Ele consiste em sobrecarregar o cérebro de informações, recebidas através dos mais variados meios de comunicação altamente tecnológicas, enquanto o indivíduo perde a capacidade de interagir com outras pessoas adequadamente, tornando as relações humanas cada vez mais superficiais. Quem explica o fenômeno é a psicopedagoga Nani Gomes. Para ela, a rotina das pessoas está ficando mais acelerada gradativamente. “Recebemos informações a cada segundo e isso sobrecarrega nosso cérebro de informações que chegam de diversas fontes, a todo momento”, comenta. “Sabemos superficialmente de tudo, nada de maneira aprofundada.” Nani afirma que o tema ainda é bastante polêmico, pois enquanto alguns estudiosos encaram este fenômeno como um risco, outros acreditam que ele seja uma evolução da humanidade. “Com a aceleração na maneira de receber informações, nosso cérebro processa os dados de maneira diferente, o que faz nossas estruturas neuronais mudarem”, explica. “Nossa habilidade digital é diferente hoje do que há 10 anos. Atualmente, as pessoas já nascem com a musculatura do polegar diferente devido ao movimento do uso repetido dos aparelhos eletrônicos.” No entanto, Nani, assim como outros pesquisadores da obesidade mental, encaram o tema com cautela, pois apesar de os indivíduos acharem que estão cada vez mais informados, não estão. O contato com o universo virtual tem deixado as pessoas superficiais. “Elas perderam o senso de ética e moral”, afirma. “Essa diferença no comportamento é percebida principalmente por pessoas que lidam com os mais jovens, como pais e professores. Antes, bastava que os pais olhassem e seus filhos já percebiam que haviam cometido um erro; agora, os filhos fazem o que querem e não aceitam cumprir certas regras sociais,

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Nani Gomes, psicopedagoga, explica o que é e como combater a obesidade mental.


necessárias a vida conviver em sociedade.” A psicopedagoga esclarece que o problema não é o acesso às informações, mas a maneira como as pessoas as recebem. Ela exemplifica que atualmente é natural que dois amigos estejam lado a lado e ainda assim comuniquemse pelo celular. “Alguns pais preferem que seus filhos fiquem dentro de casa brincando no tablet do que na rua, se exercitando e socializando com outras pessoas”, alerta. “O fato de estar em casa não significa que o filho esteja isento de perigo. Muitos filhos acessam conteúdo inadequado para sua idade e maturidade e seus pais sequer percebem.” Nani cita os videogames. “Dependendo do conteúdo, os jogos podem ser benéficos, pois estimulam estratégias de defesa e agilizam o raciocínio. Entretanto, se o adolescente joga um jogo violento o dia inteiro, ocorre um acúmulo e acomodamento de tais informações, propiciando o aprendizado do comportamento agressivo.”, explica. Ela ressalta que as pessoas ficam mais propensas à violência. O ideal é que o uso do videogame e outras formas de tecnologia seja limitado a 40 minutos por dia, pois, dessa maneira, não há tempo para que as informações se acumulem e sejam aprendidas. “Os pais devem estar atentos, monitorar os sites que seus filhos acessam e orientá-los.” Ainda que respeitem o limite do uso de tecnologia, os pais devem atentar para a personalidade de seus filhos. Nani comenta que alguns seres humanos têm propensão ao desenvolvimento de alguns transtornos, que podem ser agravados se a pessoa não for orientada adequadamente. Tempo e bom senso Os 40 minutos diários para qualquer pessoa ter acesso à tecnologia são indicados com base em uma prática muito antiga, de acordo com a psicopedagoga Nani. “Na escola, as aulas têm 50 minutos, tempo que as pessoas conseguiam se concentrar, absorver informações, discutir e praticar. Infelizmente, hoje o tempo que uma criança consegue se concentrar é de seis minutos”, revela. Esse é um dos principais motivos que levaram a instituição escolar à falência. “As escolas não estão preparadas à nova realidade, em que tudo tem que ser o mais rápido possível.” Segundo Nani, paralelamente ao progresso tecnológico e científico está a decadência da convivência, valores éticos, morais e espiritu-

Segundo a especialista, a obesidade mental atinge pessoas de todas as faixas etárias, apesar de ser mais perceptível em crianças e adolescentes.

Dicas para ter uma vida com mais qualidade: - escolha e pratique uma atividade relaxante, como yoga, tai chi chuan, reiki, caminhada, meditação; - lute contra pensamentos que trazem ansiedade; - desligue o celular; - tenha um horário fixo para dormir, acordar e fazer as refeições; - busque o autoconhecimento, perceba-se; - tenha um hobby, como cantar, tocar instrumentos musicais, pintar; - converse com as pessoas frente a frente; - não pare no tempo, mas faça tudo com equilíbrio: assim você obterá melhores resultados do que se tentasse resolver tudo de uma vez; - se necessário, busque ajuda profissional. Fonte: Nani Gomes, psicopedagoga. Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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ais, que ajudariam a humanidade a viver mais em melhores condições. Quando questionada se falar em seguir valores morais e espirituais não seria uma forma de censura da liberdade individual, ela explica que não; a ética, moral e espiritualidade devem ser respeitadas na convivência entre as pessoas. “Sou livre para fazer o que eu quiser, mas devo ter cuidado com as consequências, especialmente quando outras pessoas dependem de mim”, analisa. “O que todos, mas principalmente as crianças e adolescentes precisam aprender é que para cada ação existe uma consequência e eles devem ser responsáveis pelas suas atitudes. O problema é que eles não querem isso, querem liberdade sem responsabilidade.” Excesso e mudanças A psicopedagoga Nani Gomes traz como exemplo os crimes explorados à exaustão pelos veículos de comunicação. “A abordagem desenfreada desses assuntos cria uma intoxicação no cérebro, ocorrida geralmente por causa da televisão”, diz. “Com tanta informação ruim, o cérebro se deteriora e deixa as pessoas mais insensíveis. Crimes hediondos passam a ser encarados com naturalidade e não chocam mais.” A contradição que se vive atualmente é claramente visível. “Estudos comprovam que da década de 1980 para cá as pessoas nasceram com habilidades emocional e cognitiva maiores do que as que nasceram antes”, reve12

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Nani Gomes: “Com tanta informação ruim, o cérebro se deteriora e deixa as pessoas mais insensíveis.”

la. “No entanto, a orientação e educação para viver neste mundo está comprometida, então, a habilidade dessas pessoas não é praticada como deveria ser.” Como consequência da obesidade mental, as estruturas cerebrais são alteradas em relação à atenção e concentração, e as pessoas ficam intolerantes, dependentes do imediatismo, não dormem suficientemente e apresentam grau de ansiedade elevada, que pode desencadear inúmeros transtornos, como a depressão. “Tudo isso influencia o pensar e agir das pessoas.” De acordo com a especialista, para tratar-se da obesidade mental é importante que o indivíduo eleja prioridades; cumpra suas obrigações com competência e zelo, sempre respeitando o seu próprio tempo de agir; valorize os princípios e valores que tem; esta-

beleça um ritmo menos frenético para o dia a dia; determine um horário para dormir e fazer as refeições; relaxe; dê preferência ao contato pessoal; diminua o acesso ao mundo virtual, entre outros. “As pessoas devem buscar fazer tudo com mais tranquilidade, sem entrar em sua zona de conforto”, opina. “Devo fazer o meu melhor, mas de maneira relaxada.” Estas dicas ajudam os adultos que se encontram em uma agitada rotina a se desintoxicarem, a reeducarem seu cérebro. “Mas se alguém já desenvolveu algum transtorno derivado da ansiedade, por exemplo, deve buscar ajuda profissional e, a depender do caso, tratá -lo com terapia e até medicamentos. Não é à toa que a depressão é a doença do século.” Já as crianças e adolescentes precisam ser melhor educadas e orientadas para que seus cérebros não fiquem obesos cada vez mais cedo.


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Viver em Condominio

O PLANEJAMENTO FINANCEIRO NOS CONDOMiNIOS

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para assembleia estando capacitado a responder todas as perguntas sobre a saúde financeira do condomínio. Segundo conceitos de administração: “O planejamento consiste em uma importante tarefa de gestão e administração, que está relacionada com a preparação, organização e estruturação de um determinado objetivo. É essencial na tomada de decisões e execução dessas mesmas tarefas.” O síndico que se utiliza de todos os meios, exigindo de sua administradora um planejamento bem elaborado demonstra interesse em prever e organizar ações e processos que vão acontecer no futuro, aumentando assim a racionalidade e eficácia na administração do condomínio.

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Outros artigos do advogado.

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É muito importante ter o conhecimento e elaborar junto com a administradora um calendário de manutenções e obras, verificando tudo que precisa ser feito, quando deverá ser feito e quanto vai custar, dessa maneira é possível antever a despesas e acumular de maneira planejada o saldo para enfrentar tais despesas, lembrando ainda que, com dinheiro em caixa, o condomínio consegue negociar melhor estes custos com os fornecedores. Neste sentido, a administradora deve efetuar um papel participativo importante no fornecimento de dados com rapidez e precisão realizando o acompanhamento periódico das contas, apontando os ajustes necessários. Nos condomínios onde existem empregados diretos é preciso considerar suas férias e o décimo terceiro salário de maneira que se constitua um caixa ao longo do ano, evitando assim despesas extras em momentos em que todos os condôminos já estão gastando mais com as despesas de final e de início de ano. Uma boa sugestão é contar sempre com a participação do conselho que pode auxiliar indicando as manutenções necessárias e também um bom apoio jurídico que pode auxiliar, na revisão dos contratos, evitando cláusulas que possam onerar ou amarrar o condomínio e ainda atuando no combate à inadimplência e também orientando as decisões do síndico para que evite demandas judiciais (cíveis ou trabalhistas) que possam causar grande prejuízo ao caixa do condomínio, pois hoje o judiciário conta com o bloqueio “on line” de contas, podendo se apoderar de valores encontrados na conta bancária do condomínio e que podem fazer falta na quitação das dívidas correntes, trazendo grande embaraço ao síndico e ao condomínio. Planejar as reformas e manutenções de alto custo, como a pintura do prédio, é recomendável que o condomínio mantenha uma arrecadação permanente, já incorporada na contribuição mensal, de forma a compor um fundo que evitaria uma despesa excessiva a ser rateada cada vez que se vai realizar esta obra. É muito importante o apoio da administradora para que o síndico siga preparado

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eralmente, no primeiro trimestre do ano é que ocorrem as assembleias de aprovação de contas do ano que findou e a aprovação do orçamento para o ano que inicia. Mas existe uma diferença entre previsão orçamentária e planejamento financeiro: na previsão orçamentária geralmente são considerados apenas os gastos fixos (folha de pagamento, serviços terceirizados, impostos, seguros e manutenções periódicas obrigatórias) enquanto no planejamento financeiro são consideradas todas as entradas e saídas que podem haver, tais como manutenções e consertos eventuais, arrecadação para obras de valor expressivo e entradas provenientes de acordos e ações judiciais, bem como a falta de receita ocasionada pela inadimplência de alguns condôminos. Tudo isso acaba por desafiar o síndico a encontrar um valor equilibrado para a cota condominial do ano em curso, de maneira que o valor fixo atenda a todas as necessidades do condomínio no ano sem causar surpresas aos condôminos com assembleia para votação de cotas extras ou aumento da contribuição condominial. Neste momento, a administradora do condomínio deve ser o apoio do síndico na elaboração de grande parte deste trabalho, afinal é a imprensa que tem o conhecimento do cotidiano financeiro dos condomínios e do mercado, podendo trazer a cada cliente um suporte individualizado, mas com base no que acontece coletivamente com seus clientes. Uma forma de elaborar o planejamento financeiro é observar o histórico do condomínio para considerar as possíveis despesas extraordinárias e o índice de inadimplência. Acompanhar a composição do fundo de reserva legal e adequar sua utilização visando manter as reservas é outro desafio para o síndico uma vez que muitos condôminos acabam por sugerir a utilização do fundo sem seguir os critérios para os quais ele foi criado e acabam por consumir esta reserva em despesas ordinárias ou eletivas quando ele deve ser reservado a despesas extraordinárias emergenciais.

autor do artigo Carlos Eduardo Quadratti, advogado especializado em direito condominial e de vizinhança, jornalista articulista inscrito no MTB 0062156SP.


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Grande, sim, mas com o charme do interior Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e Mônica Bacelar om 320 km² de área rural (incluindo a parte tombada da Serra do Japi), a menos de 60 quilômetros da Capital paulista, com grandes distritos industriais e acesso a algumas das principais rodovias do estado, Jundiaí tem atraído cada vez mais migrantes de diversas partes do País, mas principalmente de São Paulo, pela qualidade de vida que oferece aliada à forte economia e proximidade a centros urbanos. Com estrutura de cidade grande, mas com “jeitinho” de interior ainda preservado, o município oferece benefícios que vão além de sua posição geográfica estratégica: é a terceira melhor cidade para se viver, conforme o recente Índice das Melhores e Maiores Cidades Brasileiras, produzido pela Delta Economics & Finance, que avaliou itens como Saúde, Educação, Segurança e Finanças. Jundiaí ficou atrás apenas de Santos (primeira) e Belo Horizonte (segunda). Segundo a DAE Jundiaí, outro ranking que colocou a Terra da Uva entre as cinco melhores do Brasil foi o de saneamento básico nas 100 maiores cidades do País, do Instituto Trata Brasil, que avaliou dados de 2012. Atualmente, o município tem cerca de 385 mil habitantes, de acordo com levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), realizado em 2014; conforme o mesmo órgão, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, referente ao ano de 2010, é de 0,822 enquanto o do estado de São Paulo é 0,783 e o do Brasil 0,699 – nesta reportagem foi usado o IDH do Brasil de 2010 para comparar com os valores municipal e estadual, apesar de já estar disponível um dado mais recente, de 2013, divulgado em 2014, cujo valor é 0,744, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O Produto Interno Bruto (PIB), em 2012, foi de 23.712,62 em milhões de reais.

Prefeitura de Jundiaí

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Dados divulgados pela Prefeitura do Município de Jundiaí mostram que na cidade há 19 Complexos Educacionais, Culturais e Esportivos; seis parques municipais; prédios históricos, como a Catedral Nossa Senhora do Desterro e o Mosteiro São Bento; diversos espaços culturais; atrativos turísticos; bairros tradicionais; adegas artesanais; fazendas históricas; locais para praticar ecoturismo; uma orquestra, um coral e companhias de dança e teatro; e ainda seis museus. Entre os patrimônios tombados estão o Conjunto das Oficinas da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, reconhecido pelo Institu-

to do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); o Solar do Barão, Teatro Polytheama e Complexo da Estação Ferroviária, tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat); e Ponte Torta e as chaminés da Fábrica Japy e Complexo Argos, preservadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac). Conheça, a seguir, histórias de pessoas nascidas em outras cidades, que passaram grande parte de suas vidas na Grande São Paulo e escolheram Jundiaí para morar:


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Para fugir da violência Ser vítima de três assaltos e baleado em uma das vezes não é uma lembrança agradável para Aníbal Balera Junior, nascido em Santo André e há 11 anos morador de Jundiaí. Durante muito tempo, a estrada entre Santo André e São Paulo foi o caminho mais usado por Balera, já que ele, gerente de serviços, sempre trabalhou na Capital. As vezes em que foi assaltado, estava ou chegando ou saindo de casa para trabalhar até que, certa ocasião, às 5h30 de um domingo, ele preparava-se para mais um dia de serviço quando foi abordado. “Devido à minha reação, o criminoso disparou cinco vezes e uma bala acertou acima da minha costela”, lembra. “Fui dirigindo para o hospital, me recuperei, mas percebi que a violência estava chegando a um nível difícil de suportar.” No início dos anos 2000, Balera recebeu uma oferta de emprego em Campinas, onde passou a morar. Na cidade, ele conheceu a esposa, Adriana. “Quando nos casamos, começamos a procurar um lugar para morar que fosse o meio termo entre uma cidade grande e uma pequena”, afirma. Apesar de sua vida profissional estar voltada ao mercado de trabalho da Capital, eles mudaram-se para Jundiaí em 2003. “Eventualmente, eu teria que voltar a trabalhar em São Paulo, mas minha esposa, que é de Americana, não queria.” O casal logo se adaptou e adorou a cidade, mas ele continua a trabalhar na “terra da garoa” apesar de ir para lá apenas duas vezes por semana; nos outros dias, ele faz em esquema de home office. “Logo que mudamos para cá, eu ia todos os dias para São Paulo de fretado, o que era muito cansativo pra mim.” Quando chegaram a Jundiaí, eles perceberam que a cidade era menos agitada e conturbada que São Paulo, apesar de estar em franco crescimento e recebendo grande número de paulistanos que vêm para o interior. “Como minha referência é São Paulo, ainda considero Jundiaí uma cidade pequena”, comenta. “O clima, a geografia e a natureza são ótimos atrativos para mim”. Ele elogia o fato de o município ter conseguido passar pelo período de estiagem prolongada de 2014 sem grandes transtornos, enquanto cidades vizinhas sofriam sem água. “Vi que Jundiaí estava preparada para enfrentar este tipo de problema.”

Tenho oportunidade de ver o pôr-do-sol com frequência, o que é fantástico. Poder proporcionar a qualidade de vida daqui para minha filha Júlia é ótimo! Como desvantagem, ele cita a falta de mais opções de lazer para a população, que busca outros lugares para se distrair. “As boas opções que existem aqui são poucas, então, os programas de lazer acabam ficando repetitivos, por isso, buscamos outros locais.” Como empresário, já que junto com a esposa e um casal de amigos é proprietário de uma pizzaria no Eloy Chaves, ele cita a dificuldade de se encontrar mão de obra qualificada. “As pessoas com experiência são cheias de ‘vícios’ de trabalhos anteriores e as que não têm experiência precisam ser formadas pelo próprio empregador. Buscamos quem tem caráter e vontade de trabalhar para, depois, treinar aqui. Na minha opinião, isso ocorre porque existe um certo preconceito por parte dos jundiaienses contra trabalhos relacionados a servir os outros, como o de garçons e atendentes.” Segundo Balera, este costume não é exclusivo de Jundiaí, mas dos brasileiros de modo geral, diferentemente dos Estados Unidos para onde viajou várias vezes. “Posso dizer que lá os pais incentivam seus filhos a irem trabalhar em restaurantes e lanchonetes para aprender, principalmente na épo-

ca do primeiro emprego, a lidar com o público”, conta. “Outro ponto negativo é o fato de alguns locais já apresentarem congestionamento, mas como a cidade está crescendo é difícil evitar este fenômeno, precisa-se de muito planejamento.” Com relação à segurança, Balera afirma que este tema é relativo, pois, apesar de na última década não ter passado por experiências negativas, sabe que os problemas com criminalidade existem em vários pontos de Jundiaí. “Mas nossa qualidade de vida não poderia estar melhor. Consigo ter tempo para praticar esportes, tenho oportunidade de ver o pôr-do-sol com frequência, o que é fantástico”, comenta. “Poder proporcionar a vida que temos aqui para minha filha Júlia, de dois anos e meio, é ótimo.” Ele acredita que Jundiaí tem potencial para evoluir no mercado de trabalho, oferecer mais oportunidades de emprego e maior remuneração, devido à indústria e logística serem desenvolvidas e a área de serviços estar melhorando. “Como em São Paulo tem tudo durante 24 horas por dia, as pessoas encontram oportunidades de crescimento pessoal e profissional, mas acho que Jundiaí está no caminho certo.” Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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As feiras livres de Diadema são maiores e funcionam até a tarde. As daqui são pequenas e terminam ao meio dia. Um dia fui com minha esposa em uma às 11 horas de um domingo e já não tinha mais nada.

Admiração pela Serra Trabalhar e morar perto da Serra do Japi são motivos que fizeram Hilton Bacelar deixar Diadema para morar em Jundiaí, onde instalou-se em 2004, após ter passado dois anos na cidade. Ele é analista de assistência técnica e formou-se em Sistemas de Informação no último ano. Bacelar nasceu em São Paulo, na região central, e morou no Jardim Saúde. Depois mudou-se para São Caetano e Diadema, onde 18

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casou-se com a esposa, Sandra. “Em 1998, trabalhei dois anos em uma empresa de Jundiaí. No primeiro ano, eu ia e voltava para Diadema, o que era extremamente cansativo”, conta. “Por isso, decidi morar com minha família aqui, mas ficamos até 2000, quando meu contrato terminou.” No entanto, nesta época, Bacelar e Sandra já haviam se apaixonado pela cidade e, principalmente, pela Serra. De volta ao ABC paulista, o casal não conseguiu mais se readaptar à vida de Diadema. “A

cidade é violenta, vi muitos crimes serem cometidos até que não aguentei mais”, revela. “Resolvemos voltar para Jundiaí e, felizmente, surgiu outra oportunidade de emprego aqui, na mesma empresa, então, não pensei duas vezes.” O casal e as filhas (Marina, Mônica e Júlia) mudaram-se para a cidade em 2004 e moraram na Vila Lacerda até 2014. “Recentemente mudamos para um condomínio próximo à Serra, que era o sonho da família.” Bacelar gosta da cidade porque, em sua opinião, ela é tranquila, segura, a locomoção é rápida e a saúde, boa. O que poderia ser melhorado, segundo ele, é a quantidade de ônibus que circulam. Entre os aspectos que causaram estranhamento nele e em sua família estão o horário que o comércio fecha e a “falta” de padarias. “Em São Paulo tudo funciona 24 horas por dia, aqui, as lojas do Centro fecham na hora do almoço no sábado e a multidão vai embora”, diverte-se. “Outra coisa: em São Paulo, as padarias são diferentes das daqui, há uma em cada esquina e são lugares onde compra-se pão e leite. Em Jundiaí, você compra essas coisas no mercado e as padarias, na verdade, são pequenos mercados onde vende-se tudo.” Outra diferença é que em Diadema as feiras livres são maiores e funcionam até a tarde. “Aqui, são pequenas e terminam ao meio dia. Certa vez, fui com minha esposa em uma feira às 11 horas de um domingo e já não tinha mais nada.” Sobre o mercado de trabalho, ele opina que não é ruim e que, conforme a cidade crescer e se desenvolver mais, o empresariado estará preparado para oferecer mais empregos à população. “Um dos problemas do progresso é isso: se por um lado as coisas melhoram, por outro pioram, como a chegada da violência.” Bacelar gosta tanto do solo jundiaiense que trouxe os pais (Arlindo e Luzia) e sogros (Oswaldo e Valentina) para morarem na cidade. Apesar de estranhar alguns costumes e de a filha “do meio” ter sentido falta dos amigos de Diadema, a família não sentiu dificuldades para se adaptar à vida do interior. “Minha esposa e eu trabalhamos muito e mantivemos nossa privacidade desde que chegamos, então, não tivemos problemas de relacionamento com ninguém”, ressalta. “Já estive na Serra do Japi, que adoro, mas pretendo conhecer outros pontos turísticos e os bairros mais tradicionais.”


O que me atraiu em Jundiaí foi a possibilidade de viver sem medo constantemente, conhecer meus vizinhos e ter contato com pessoas mais amáveis. Aqui, todos se cumprimentam na rua, sorriem o tempo todo, são solícitos.

Para combater um trauma Violência foi o que fez Cynthia Alcausa e o marido, Marco Aurélio, a morarem em Jundiaí. Nascida em São Paulo, sua residência ficava na Freguesia do Ó, mas por trabalhar como promotora de vendas em uma empresa de cosméticos, circulava por toda cidade devido às visitas a consultoras. “Gostava de morar no meu bairro, pois era tranquilo”, conta. “Até que um dia vi uma pessoa ser assassinada e quatro meses depois fui assaltada a mão armada, o que me fez ter Síndrome do Pânico e me deixou afastada do trabalho por oito meses.” Quando saiu da organização onde trabalhava, ela atuou por quatro anos em outra companhia de cosméticos, onde também era promotora. “Na época, meu marido era redator em uma editora, mas foi demitido em um grande corte que a empresa fez”, lembra. “Eu já havia saído do meu emprego e estava trabalhando

como corretora de imóveis em uma imobiliária, quando levei meu marido para trabalhar na mesma área que eu.” O casal passou, então, a procurar uma casa que estivesse a até 100 quilômetros da Capital paulista. Em 2010, encontraram o imóvel ideal na Terra da Uva. “Continuava a trabalhar em São Paulo, mas não queria mais ir para lá todos os dias, então, em 2011, saí da imobiliária e me tornei corretora autônoma. Meu marido que não havia gostado já havia deixado a área também”, recorda. “O que me atraiu em Jundiaí foi a possibilidade de viver sem medo constantemente, conhecer meus vizinhos e ter contato com pessoas mais amáveis. Aqui, todos se cumprimentam na rua, sorriem o tempo todo, são solícitos.” Para ela, os benefícios não param por aí: ela cita que o trânsito é melhor e que morar em casa, algo impraticável em São Paulo, dá mais liberdade. “Tenho duas cachorrinhas, cuido de

plantas, fiz um jardim e uma horta, tenho tempo, consigo cozinhar e receber meus amigos”, descreve. “Mas como toda cidade que progride, há problemas, como o custo de vida que é maior do que na capital e o horário do comércio, que fecha muito cedo e você não encontra nada de sábado à tarde nem de domingo”, compara. Como o marido começou a trabalhar com administração de condomínios e os filhos (Nathália, João Ricardo e Fernanda) não moram mais com eles, Cynthia, que trabalha em casa, passou a se sentir sozinha e sentiu vontade de abrir um negócio. Ela conta que em 2010 o comércio estava crescendo no Eloy Chaves, onde mora, e que o aluguel dos imóveis estava caro. “Deixei minha vontade de lado, mas não a esqueci”, conta. Até que, em 2014, Cynthia foi à feira, fez um caminho diferente na volta para casa e viu um anúncio de aluguel de um imóvel. “O preço estava baixo e, então, decidi abrir uma chocolateria; aconteceu no momento certo.” Ela vende produtos da marca de um amigo de sua cidade natal e, em quatro meses de funcionamento, está contente com o movimento da loja. Quando mudou-se para a cidade, ela procurou conhecer aspectos que considerava importantes. “A reciclagem do lixo em Jundiaí é uma ação muito desenvolvida, a cidade é limpa, organizada, as pessoas respeitam o meio ambiente”, enumera. “Tem tudo: cinema, teatro, água de boa qualidade, pontos turísticos, parques, festas tradicionais.” Entretanto, Cynthia comenta que o Eloy Chaves especificamente melhoraria se tivesse um posto policial e um pronto-atendimento, já que é um bairro afastado do Centro. O que ela estranhou foi o modelo de padaria jundiaiense. Assim como Hilton, ela afirma que em São Paulo as padarias funcionam durante 24 horas. “É um local onde você faz tudo: toma café da manhã, almoça, compra um pedaço de pizza, encontra bolos, roscas, vários tipos de pães e frios”, explica. “Em Jundiaí, nunca vi uma padaria assim.” Ela gostou tanto do município que quer trazer os pais (Helena e Antônio) para morarem perto dela e comemora que eles já estejam passando os finais de semana na cidade. “Já sou uma jundiaiense. Aqui, acordo com os passarinhos, não com ônibus nem vizinhos. Tenho tempo para ir ao teatro, cinema, é tudo mais calmo”, complementa. Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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Do exterior para Jundiaí Não importa onde tenha morado e os locais que tenha conhecido, Alexis Kruckenfellner sempre volta para Jundiaí, sua cidade natal. Casada com Carlos Roberto, administrador de empresas, ela morou em várias cidades de São Paulo, em Manaus (AM), Manchester, na Inglaterra, e Jinan, na China. “Depois que casei, em 1989, passei a viajar com meu marido a trabalho e, por isso, tive oportunidade de conhecer lugares diferentes”, comenta. “Mas a maior parte da minha vida morei na cidade de São Paulo.” Em Manaus, Alexis conta que morou na região central, a população foi receptiva e conheceu um tipo de gastronomia diferente. “Eles costumam comer peixe de água doce, colocam legumes no feijão e os sucos mais comuns são de açaí e cupuaçu”, descreve. “O transporte era um pouco complicado porque as rodovias não eram muito boas, usamos avião e barco em inúmeras situações.” Além disso, ela demorou a acostumar com o tempo úmido e quente. Também pôde conhecer o famoso encontro das águas dos rios Negro e Solimões, a Praia da Ponta Negra, que tem a água avermelhada, e o Teatro Amazonas. Em 2008, o marido de Alexis passou três anos a trabalho na China, em Jinan, na Província de Shandong – que fica a duas horas e meia de trem de Pequim. Lá, ela ficou apenas cinco meses, entre idas e vindas. “Não consegui me adaptar”, revela. “Mas gostaria de voltar. Hoje, aproveitaria muito mais.” Alexis comenta que a grande dificuldade foi em relação à comunicação, apesar de os chineses tentarem conversar em inglês. “No supermercado, o que mais me chamava atenção eram os animais vendidos vivos, como enguias e sapos”, lembra. “Os produtos eram diferentes dos nossos, então, fazer compras não era uma tarefa fácil.” Ela recorda que os chineses são sorridentes. “Eles pedem para tirar fotos com os turistas, são muito simpáticos. A maioria da população é de baixa renda e o metrô é uma loucura.” Ela afirma ainda que visitou a cidade de Xangai na primavera, época em que é possível ver milhares de vasos com flores nas ruas. “Lindo!” E quando esteve na Muralha, passou um frio que nunca havia experimentado. 20

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Apesar de ter nascido aqui, ainda estranho um pouco o jeito de falar dos jundiaienses, mas não importa onde eu já tenha morado, sempre volto para cá.

Ela observa outras diferenças culturais que chamaram sua atenção. “Os homens ficam “sentados” de cócoras nas vias públicas; os bebês não usam fralda, ou seja, fazem as necessidades onde estiverem; as roupas ficam penduradas para fora dos edifícios para secar; e o ‘vaso sanitário’ é embutido no chão, você tem que usá-lo em pé”, finaliza. Enquanto o pai morava na China, a filha do casal (Thaís) passou um ano em Manchester, na Inglaterra, para estudar inglês. “Adorei a cidade, é muito tranquila”, elogia Alexis. “Eu não cheguei a morar, mas passava uma temporada lá, depois em Jinan, voltava para São Paulo. O metrô é ótimo, a cidade é limpa e as pessoas são educadas.”

Alexis está morando em Jundiaí novamente há cinco anos, já que atualmente o marido trabalha na Capital e a filha estuda no Rio de Janeiro. “Amo Jundiaí, já morei aqui algumas vezes. Escolhi a cidade para ficar porque é tranquila, tem boa infraestrutura e tem fácil acesso a outros lugares.” A adaptação no município é sempre fácil, já que Alexis é nascida na cidade, mas ela conta que ainda estranha o sotaque dos jundiaienses e o fato de o comércio fechar cedo. “Em São Paulo é tudo 24 horas, por isso, a vida fica mais fácil. Em Jundiaí, tudo fecha cedo”, comenta, lembrando que não importa onde tenha morado, ela sempre volta para cá.


Jundiai em numeros: 3ª melhor cidade do Brasil para se viver dentre as 100 maiores; 100% da zona urbana é abastecida com água tratada; 98% da cidade possui coleta, afastamento e tratamento de esgoto; tamanho: 432 km²; habitantes: 385 mil; 19 Complexos Educacionais, Culturais e Esportivos;

Em Jundiaí, os pratos dos restaurantes não são individuais, mas para quatro pessoas. Todo mundo come a mesma coisa, nos mesmos restaurantes antigos. Acho que é a tradição italiana de reunir a família.

Para casar O motivo da mudança de endereço de Gunther Brenneke foi um pouco diferente dos demais. Ele é nascido em São Paulo e formado em Gastronomia. Gunther morava no Jardim Taquaral quando começou a namorar a jundiaiense Juliana, sua esposa. “Estou aqui há quatro anos por causa dela, mas profissionalmente também foi bom”, afirma. “Apesar de a área gastronômica ser muito ampla em São Paulo, e por isso, haver mais concorrência, foi em Jundiaí que tive boas oportunidades de emprego.” Vir para o interior trouxe inúmeros aspectos positivos para a vida de Brenneke, já que ele afirma que sua qualidade de vida mudou por causa do trânsito menos intenso e da educação das pessoas. “Na rua, no ônibus, em qualquer lugar, as pessoas se cumprimentam, o que me assustou um pouco no início”, confessa. “A poluição é bem menor e há verde na cidade toda.” Os pais do rapaz (Kurt e Ângela) seguiram o exemplo do filho e compraram uma residência na cidade. “Meu pai faleceu recentemente, mas ado-

rava Jundiaí, sempre falava que quando se aposentasse gostaria de morar no interior ou no litoral”, conta. “A minha mãe é de Minas Gerais, então, está acostumada a cidades menores que São Paulo, mas ela trabalha lá, tem suas amigas, então, vem para Jundiaí apenas nos finais de semana.” Para Brenneke, a adaptação não foi difícil, mas ele achou curioso o sotaque, o fato de a cidade manter-se tradicional mesmo que esteja crescendo e alguns costumes. “Aqui, os pratos dos restaurantes não são individuais, mas para quatro pessoas”, estranha. “Todo mundo come a mesma coisa, nos mesmos restaurantes antigos. Acho que é a tradição italiana de reunir a família.” Na primeira vez em que esteve na cidade, Juliana o levou ao Jardim Botânico e, desde então, ele tem conhecido os pontos turísticos, inclusive as adegas artesanais. O que ele mais gosta em Jundiaí são as oportunidades de emprego para sua profissão e a tranquilidade. O que menos gosta: o horário restrito dos estabelecimentos comerciais, o número insuficiente de ônibus e o fato de ser mais quente e mais frio que a Capital.

6 parques municipais: Jardim Botânico de Jundiaí, Parque Botânico Eloy Chaves, Parque Botânico Tulipas Professor Aziz Ab`Saber, Parque Comendador Antônio Carbonari – Parque da Uva, Parque da Cidade e Parque do Trabalhador – Corrupira; 18 patrimônios tombados; 9 espaços culturais: Centro das Artes, Centro de Memória de Jundiaí, Complexo Fepasa, Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani, Galeria de Arte Pública de Jundiaí G9, Museu da Cia. Paulista, Museu Histórico e Cultural de Jundiaí - Solar do Barão, Pinacoteca Diógenes Duarte Paes e Teatro Polytheama; Orquestra Municipal de Jundiaí; Coral Municipal de Jundiaí; Cia. de Dança de Jundiaí; Cia. de Teatro de Jundiaí; 6 museus: Centro de Memória do Esporte Jundiaiense – Bolão, Espaço Cultural Museu do Vinho, Museu da Companhia Paulista, Museu do Café Barão da Serra Negra – Fazenda Nossa Senhora da Conceição, Museu Histórico e Cultural de Jundiaí - Solar do Barão e Pinacoteca Diógenes Duarte Paes; IDH: 0,822 (2010); PIB: 23.712,62 em milhões de reais (2012). Fontes: DAE Jundiaí, Prefeitura do Município de Jundiaí, Compac, Condephaat, Iphan, Seade e Delta Economics & Finance.


Em busca de mais saúde Beto Costa, jornalista, e sua família vieram para Jundiaí para fugir da poluição de São Paulo. A filha mais nova enfrentava problemas de otite e, por sugestão do médico, ele buscou um local que oferecesse melhores condições para se viver do que na Capital. Costa nasceu na cidade de Cerqueira César, mas ainda muito jovem, com 13 anos, foi para Bauru terminar os estudos. Já instalado em São Paulo, ele cursou Jornalismo na Cásper Líbrero e, apesar de já ter trabalhado em outras cidades, atualmente seu emprego é lá. Em 1999, Costa, a esposa (Andréa) e as duas filhas (Luah e Liz) conheceram Jundiaí por meio de um amigo e gostaram da cidade. “Naquela época, minha filha tinha muitos problemas com otite e o médico dela nos aconselhou a mudar de cidade”, lembra. “Depois que chegamos aqui, ela nunca mais teve a doença.” A primeira casa onde moraram ficava na rua dos Bandeirantes, depois mudaram-se para o Parque da Represa e hoje estão no Jardim Samambaia. “Quando chegamos à cidade, moramos em casas, e adoramos a experiência porque, até então, só tínhamos morado em apartamentos”, comenta. “Em Jundiaí, nossa qualidade de vida melhorou muito: estamos próximos à Serra do Japi, o ar é melhor, a cidade é bonita e o trânsito, apesar de já ter sido menor, não se compara ao caos de São Paulo.” Ao chegar na Terra da Uva, o que Beto e sua esposa mais estranharam foi a rapidez para realizar qualquer atividade. “Comentava com meus amigos paulistanos que conseguíamos chegar nos lugares de carro em cinco minutos e eles não acreditavam”, conta. “Também achava curioso o fato de os carros pararem em uma única fila quando o semáforo estava fechado, enquanto as outras faixas ficavam livres.” Ele, assim como outros migrantes, já tentou achar algum estabelecimento comercial aberto no domingo e não encontrou, mas reconhece que agora este costume está mudando. “Certa vez, fui a uma ótica e ela estava fechada para o almoço. Como pode?”, diverte-se. O jeito do jundiaiense falar e a tradição que as pessoas tentam manter foram outros aspectos que chamaram a atenção do jornalista. “Aqui, muita gente tem um sotaque bem diferente do 22

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Comentava com meus amigos paulistanos que conseguíamos chegar nos lugares de carro em cinco minutos e eles não acreditavam. Também achava curioso o fato de os carros pararem em uma única fila quando o semáforo estava fechado, enquanto as outras faixas ficavam livres.

que ouvimos em São Paulo e, no começo, me perguntavam à qual família eu pertencia”, recorda. “Quando respondia que não era daqui, sentia uma certa surpresa por parte das pessoas, como se para morar em Jundiaí fosse necessário ter nascido aqui ou ser de alguma família antiga. Não acredito que faziam isso por preconceito, mas porque ser de um família tradicional faz parte do RG social do jundiaiense.” A chegada à cidade foi tranquila para Costa, principalmente porque a esposa conseguiu ter tempo para realizar atividades diferentes das que podia fazer onde moravam, como trabalhar. Costa já integrou equipes em diversas emissoras de televisão conceituadas e, hoje, é editor chefe de um jornal matinal no SBT. “Na primeira

vez que trabalhei em Jundiaí, era produtor de TV, então, fiz muitas reportagens sobre a Festa Italiana, Festa da Uva, pontos turísticos, o que me ajudou a conhecer bem a cidade.” Para ele, as opções de lazer ainda são escassas, o que faz as pessoas ficarem acomodadas em relação a programas culturais. “Muitas vezes é necessário ir para São Paulo ou Campinas, mas acho que isso está mudando.” Costa está contente em fazer parte de Jundiaí e já se sente completamente integrado. “Em São Paulo, você tem que fazer tudo com pressa, até tomar um chope com os amigos”, opina. “Aqui não. Eu posso curtir cada momento, tenho menos preocupações e sofro menor pressão em relação ao tempo.”



radar ape Os leitores pediram e a revista APÊ ZERO 1 atendeu! Esta nova seção foi criada com o objetivo de ajudar síndicos, condôminos e colaboradores de condomínios a solucionarem suas dúvidas e conviverem melhor. Leia com atenção e aproveite as dicas.

É obrigatório ter banheiro dentro da portaria? Não há legislação específica sobre este caso, no entanto, pode existir previsão na convenção coletiva da categoria. Ainda assim, levando em consideração o tamanho da portaria, é recomendável que se construa um banheiro no local, principalmente quando são poucos os profissionais. A existência de um banheiro dentro da construção diminui a exposição do colaborador ao ambiente externo e reduz suas entradas e saídas, o que fortalece a segurança. É importante lembrar que, caso haja banheiro dentro da portaria, é necessário que a janela seja pequena e impossibilite o acesso de pessoas por meio dela.

Existe regulamentação em relação ao uso dos aparelhos de ginástica nos condomínios? A responsabilidade de regulamentar é do síndico. Quanto ao uso, este deve seguir os demais critérios de utilização da propriedade comum e contar com o bom senso dos moradores. A contratação de profissional da área de Educação Física para acompanhamento das atividades é uma medida bastante recomendável, já que ele também poderia orientar as pessoas quanto ao uso adequado dos aparelhos. O ideal é que os condôminos se reúnam com um profissional de Educação Física e um advogado para que, juntos, elaborem as normas de uso da academia, considerando as particularidades de cada condomínio.

Meu condomínio recebe a revista APÊ ZERO 1, mas existem alguns moradores que mudaram. O que devo fazer? A revista APÊ ZERO 1 mantém uma distribuição de suas revistas de forma organizada e prática, para evitar que o seu condomínio tenha trabalho na entrega dos exemplares aos moradores. Quase 90% da revista são entregues com etiquetas e dados do destinatário. É claro que há mudanças diárias de moradores e muitos pedem para nossa equipe fazer a alteração automaticamente. Outras atitudes pró-ativas são realizadas pelos próprios síndicos, que nos informam sobre as mudanças. Caso esteja de mudança, ligue para 11. 4521-3670 e nos informe o seu novo endereço de correspondência. O contato pode ser feito também por email: falecom@apezero1.com.br 24

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radar ape Qual a diferença entre condomínio e loteamento residencial? O condomínio é constituído por uma convenção condominial, tem características próprias, tais como áreas comuns, garagens demarcadas, entre outros itens. O loteamento é regulamentado geralmente por um estatuto e tem como responsáveis uma associação de moradores, e as áreas construídas não são necessariamente iguais.

Quando o inquilino recebe uma multa, deve-se enviar algum comunicado para o proprietário, para que ele fique ciente do que aconteceu? Normalmente, as multas referem-se à conduta do morador, mas como acabam recaindo sobre a unidade condominial seria prudente encaminhar cópia ao proprietário do imóvel, pois este pode vir a ser compelido ao pagamento desta no futuro. É interessante para o condomínio dar ciência ao locador sobre a conduta do locatário, pois existem fatos que podem até mesmo culminar com a rescisão do contrato de locação, seja por parte do próprio locador ou por pedido do condomínio.

Quantas vezes seguidas o síndico pode ser eleito? O artigo 1347 do Código Civil limita o prazo do mandato a dois anos, mas não impede a reeleição. Somente a convenção limita.

Qual a diferença entre um síndico morador e um profissional? O síndico morador tem como prioridade o seu trabalho, família e depois o condomínio. No caso do síndico profissional, a prioridade é o seu trabalho, ou seja, o condomínio. Normalmente, a visão administrativa do síndico morador é doméstica, com menos contato com problemas, soluções, empresas e especialistas na área de condomínios do que o profissional, que poderá solucionar com maior propriedade as situações que se apresentarem. Inevitavelmente, o síndico morador vai criar desafetos e seu relacionamento social no condomínio ficará comprometido. O síndico profissional poderá cumprir a Convenção, Regimento Interno e o Código Civil, além de advertir e multar, sem constrangimentos. A probabilidade de o síndico profissional ser imparcial e até impessoal em algumas situações é maior. Além disso, trata-se de uma pessoa atualizada e preparada para exercer tal função. Sendo o síndico profissional uma empresa, ele terá um contrato de prestação de serviços com o condomínio, indicando o proprietário da empresa como responsável junto aos órgãos públicos e responsável civil e criminal do condomínio. Finalmente, para que o convívio no ambiente coletivo ocorra com eficiência e respeito deve haver uma boa comunicação entre síndicos, funcionários e os próprios moradores. 26

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Como estabelecer uma boa convivência entre condôminos e pets Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e Renato Góes orar em condomínio, um ambiente coletivo, pode não ser fácil quando se trata de animais de estimação. Frequentemente eles são motivo de reclamações e brigas entre os moradores. No entanto, há que se levar em consideração que a boa convivência entre condôminos e pets é possível e necessária, já que as pessoas têm atentado para os benefícios que eles proporcionam aos seres humanos. O advogado especializado em Direito Condominial e de Vizinhança, Carlos Eduardo Quadratti, explica que apesar de existir a proibição de animais na maioria das convenções e regulamentos de condomínios, os tribunais têm flexibilizado as cláusulas desses documentos devido à evolução das leis de proteção animal. “Em certos países já existem leis específicas nesse sentido, como a França, onde a Lei 70.598/70 revogou a legislação anterior por considerar não escrita toda estipulação tendente a interditar a permanência de animais domésticos nas residências, salvo quando prejudiquem a higiene, a salubridade e o sossego dos moradores.” O advogado lembra que para que não ocorram problemas relacionados à presença de animais, os condomínios devem estipular regras, que devem constar do Regimento Interno e serem aprovadas nas assembleias, e o moradores devem segui-las. “A posse de um animal deve ser exercida com responsabilidade”, afirma. “Alguns dos cuidados que o morador deve ter são com a saúde e higiene do animal, manter as vacinas atualizadas e os comprovantes, usar coleiras com identificação e limpar imediatamente qualquer sujeira deixada pelos pets nas áreas comuns. Dessa maneira, evita-se problemas com vizinhos.” Para garantir a qualidade de vida de animais e moradores, o síndico pode realizar um censo para verificar quantos animais há no condomí-

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Golden retriever sendo adestrado.


pets

Carlos Eduardo Quadratti: “Bom senso é regra de ouro e serve para donos de animais e vizinhos.”

nio, assim como instalar um espaço adequado destinado ao lazer deles. “Estas são medidas recomendáveis, assim como a obrigatoriedade de apresentação da carteira de vacinação em dia.” Ele comenta que apesar de não ser comumente praticado, as regras internas de cada condomínio relacionadas a animais deveriam ser formuladas por uma comissão formada por profissionais, como veterinários, adestradores e especialistas em comportamento animal, para que o bem-estar dos pets seja levado em consideração. Quadratti informa ainda que algumas convenções e regulamentos não abordam a presença de animais em condomínios. “Caso isso ocorra, os moradores podem solicitar ao síndico a convocação de uma assembleia para tratar deste assunto”, sugere. “Isto possibilita que as regras sejam elaboradas pelos próprios moradores, a fim de evitar maiores problemas e facilitar a aplicabilidade das normas, uma vez que foram criadas pelos próprios moradores.” Ele ressalta que, caso o síndico insista na proibição da permanência do animal no condomínio, o morador pode obter um Alvará Judicial ou uma tutela da UIPA (União Internacional Protetora dos Animais). “O bom senso é uma regra de ouro e serve tanto para o dono do animal quanto para o vizinho.”

“Hoje, o pet é considerado parte da família, o que considero um grande avanço”, opina Fernando Mingotti.

Cuidados Quem pensa em ser guardião de um pet, seja em condomínio ou não, deve atentar para os cuidados que ele demanda, praticar a posse responsável e ainda contribuir para diminuir a população de animais abandonados, principalmente cães e gatos. O veterinário especialista em cirurgia geral e oncologia, Fernando Mingotti, da Clínica Veterinária Clinicão e Gato, orienta que é possível cuidar muito bem de um animal que vive em apartamento, desde que o responsável siga algumas diretrizes. “Até como forma de melhorar o comportamento do animal é importante que ele interaja com outros que podem ser, inclusive, de outras espécies”, comenta. “Para que a socialização ocorra deve-se desenvolvê-la com calma e segurança, sempre com supervisão de alguém.” Pensando na qualidade de vida dos pets, muitos condomínios já possuem áreas destinadas aos animais. “Os cães que vivem em apartamento principalmente, necessitam ter contato com o ambiente externo, pelo menos, uma vez ao dia”, ensina. “O tempo de permanência fora da casa melhora a vida e o comportamento deles. Por exemplo: um cachorro que late muito, se passar a socializar com outros cães irá diminuir o seu latido.”

Edson Gobbo: “Os guardiões devem prestar atenção às necessidades do animal e mantê-lo ocupado com uma atividade para distraí-lo.”

Entre os cuidados que os animais devem receber estão um ambiente não estressante, limpo, fresco e com boa ventilação; passeios diários durante o tempo necessário para o animal gastar energia, desestressar; horário certo para as refeições, para ajudar o metabolismo deles a funcionar corretamente e evitar que fiquem obesos e desenvolvam doenças, como a diabetes. “Eu acho o adestramento importante, especialmente para os animais maiores, mas é importante ressaltar que a técnica utilizada deve ser a da recompensa, do estímulo pelo acerto”, esclarece. “Hoje, o pet é considerado parte da família, o que considero um grande avanço. As pessoas têm que ter consciência de que devem ser guardiões responsáveis e dar um tratamento digno aos animais.” Adestramento Edson Gobbo é um adestrador que utiliza o método positivista, ou seja, aquele que recompensa o cachorro pelo bom comportamento. De acordo com o profissional, o adestramento consiste em ensinar ao animal como se comportar bem. “Todas as raças podem ser sociáveis porque os cachorros gostam de merecer o que querem, como um carinho, brinquedo, comida ou passeio”, afirma. “AlApê Zero 1. Jan/Fev 2015

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guns animais podem até ter uma tendência a serem mais agressivos, mas geralmente quem os deixa assim são os donos que batem ou não sabem lidar com ele.” Nem todos os motivos que levam um guardião a adestrar o seu pet estão relacionados a agressividade. Gobbo afirma que é melhor adestrar o cão quando ele ainda é filhote. “Assim, ele cresce aprendendo que deve obedecer, não pode pular nas pessoas ou fugir de casa, deve atender quando alguém chamá-lo”, orienta. “Os animais que gostam de pular nas visitas, que latem quando estão sozinhos, que puxam a guia não aprenderam que não devem fazer isso. O cachorro aprende os comandos (aqui, junto, senta, deita, fica) por repetição.” O adestrador afirma que a média de tempo que um filhote precisa para ser adestrado é de seis meses, e que as raças que aprendem rapidamente são pastor-alemão, border collie e golden retriever. Para evitar problemas, os guardiões, segundo Gobbo, devem prestar atenção às necessidades do animal e mantê-lo ocupado com uma atividade para distraí-lo. “É importante que os cães passeiem todos os dias por, em média, 40 minutos, fiquem livres para cheirar o que quiserem”, comenta. “No entanto, se não for possível levá-lo para passear em um determinado dia, procure enriquecer o ambiente em que ele está, acrescentando brinquedos, dando atenção a ele.” Gobbo afirma que, quando um cão é adestrado, os donos precisam seguir as regras e devem ser treinados pelos adestradores também, para não cometerem erros que possam comprometer o que o animal aprendeu. “Os animais precisam de regras, horários, mas, acima de tudo, de amor e atenção. Quem pensa em ter um pet deve considerar os gastos com veterinário, boa ração, tempo para dar atenção a ele. Enfim, tenha uma raça que combine com seu estilo de vida.” O adestrador condena o uso do método negativo, em que o animal é punido pelos maus modos com trancos, sustos e, até mesmo, violência física. Companhia animal Lisandra Góes, designer gráfico, mora em um condomínio em São Paulo. Ela tem uma lhasa apso chamada Nina, de seis anos. Ela conta que logo que a cachorrinha foi 30

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Lisandra e a lhasa apso de seis anos: “Usei dicas do Dr. Pet para treinar a Nina.”

para sua casa, não foi fácil. “Ela era muito novinha, chorava o tempo todo, o que causou um problema com o síndico”, lembra. “Todas as vezes que ela chorava durante o dia ele ligava para meu celular. A sorte é que na época eu trabalhava a 5 minutos de casa, então, conseguia revolver estas questões.” Lisandra afirma que ela mesma ensinou Nina e que o processo foi rápido, a cachorra sequer precisou de adestramento profissional. “Utilizei algumas dicas do site do Dr. Pet”, comenta. “Escolhi um cantinho do sofá para ela. Deixei uma manta sinalizando onde ela poderia ficar e na outra parte colei fitas dupla face. Li que o Dr. Pet dizia pra fazer isso, pois o cachorro não ia querer ficar um lugar incômodo. Ela passou a dormir na manta e, depois de uma semana, tirei as fitas. Até hoje ela deita na mantinha.” Lisandra afirma que atualmente está morando em outro condomínio, mais tranquilo, em que muitos moradores têm ani-

mais, por isso, nunca recebeu reclamações. “Não me passaram as normas do condomínio quanto a pets, mas eu usei o bom senso. Uma única vez recebi uma carta geral pedindo que não deixassem os cachorros fazerem as necessidades na garagem em dias de chuva. Mas como isso não dizia respeito a mim, não dei atenção.” Quanto aos cuidados com Nina, Lisandra afirma que ela se alimenta com ração, toma banho uma vez por semana, tem consulta com veterinário geralmente duas vezes ao ano para tomar as vacinas e passeia duas vezes ao dia, de manhã e à noite. “Tem dias que o passeio tem que ser apenas uma vez por causa do meu trabalho. Como somos só nós duas, não tenho quem passeie com ela”, conta. “O playground que ela frequenta é a casa do vovô e da vovó. E, neste caso, não se deve levar em consideração os hábitos alimentares e o local de necessidades. Lá é tudo uma bagunça...”, brinca.


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Para cair na folia Escolha uma roupa ou fantasia para o seu pet também aproveitar o Carnaval:

Fotos Produtos: Divulgação

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1. Capa de chuva Elegance R$ 45,90 www.petlove.com.br; 2. Óculos de sol K9 R$ 55,75 www.petlove.com.br; 3. Soft América Millie R$ 92,28 www.millie.com.br; 4. Smocking completo R$ 122,00 www.modacao.com; 5. Vestido rose Tendre R$ 103,60 www.modacao. com. *Preços sujeitos a alteração

Dicas para cuidar bem do seu bichinho: - mantenha as vacinas em dia; - lembre-se que o animal deve receber vermífugo; - mantenha o espaço em que ele fica sempre limpo e com boa ventilação. O tamanho do local varia de acordo com o do animal: para raças grandes, acima de 30 kg, é necessário, pelo menos, 200 metros quadrados; para os de raças menores, 50 metros quadrados são suficientes; - banho a cada 15 dias; - passeios diários: para os animais que moram em apartamento, o ideal é que tenham contato com o ambiente externo duas vezes ao dia. O tempo deve ser o necessário para ele desestressar; - é importante que ele tenha contato com outros animais para socializar; - alimentação: deve-se pré-estabelecer o horário, pois isso ajuda no funcionamento do metabolismo e previne a obesidade, que pode trazer problemas de saúde, como a diabetes; - em caso de necessidade de adestramento, procure um profissional que utilize apenas o método positivo; - aos síndicos de condomínio é recomendável que façam um censo de população animal e instalem uma área adequada e destinada apenas aos pets, com grama e árvores, pois os cães adoram a sensação de liberdade. Fontes: Fernando Mingotti, veterinário da Clinicão e Gato, e Edson Gobbo, adestrador..


Criancas

O que é

Tire o seu filho da frente do videogame e computador e o incentive a ter uma infância mais feliz e saudável.

Indique

Lembrou de alguma brincadeira que seu filho e os amigos do condomínio irão gostar? Conte-nos: falecom@apezero1.com.br

Leitura: a importância do incentivo Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação dicionário mostra que ler significa conhecer, interpretar, estudar, decifrar, perceber, reconhecer, entre tantos outros significados que podem mudar para cada pessoa. A leitura está em tudo: na bula do remédio, partitura da música, revista, no mapa, rótulo do refrigerante, livro, jornal, nos sinais. Até para conversar com alguém é necessário “ler” as expressões da pessoa. Numa época em que se lê cada vez menos, especialistas atestam a importância de se formar leitores desde cedo para que eles tornem-se cidadãos bem informados, críticos e mais conscientes. “Pais e professores não leitores não formam leitores”, segundo a psicóloga, docente em curso de Pedagogia e diretora de Ensino Médio da Escola Padre Anchieta, Amália Zamarrenho. Quem concorda com a afirmação é Silvana Maion, pedagoga, psicopedagoga e diretora de Ensino Fundamental, do ressaltar que o maior desafio hoje é fazer crianças e adolescentes voltarem a gostar de leitura. “A família deve participar ativamente. A escola ensina a ler, mas despertar o gosto pela literatura é obrigação dos pais.” Ela explica que a prática ajudaria a combater o individualismo que atualmente o mundo enfrenta. “As famílias deveriam se reunir para um momento de leitura, expressar opiniões sobre determinado livro ou reportagem, discutir problemas e soluções, e não ficar cada um em seu próprio computador, celular, tablet ou televisão.” Silvana comenta que pela falta de incentivo familiar e o maior contato com a tecnologia, a escola tem que se manter atualizada e atenta aos títulos e gêneros que mais podem interessar cada faixa etária de leitores. “Nossa maior luta é incentivar o manuseio do livro de papel, a leitura

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Para Silvana, é importante que a família incentive crianças e jovens a lerem.

Amália: “Ver minha família ler e escrever muito me fez gostar destas práticas desde cedo.”

em capítulos, que trabalha a paciência, combate a ansiedade e motiva o aluno a querer continuar a ler sempre.” Para Amália, hoje em dia a situação nas escolas, inclusive nas públicas, está mais favorável ao incentivo à leitura do que já foi, já que as instituições estão equipadas com bibliotecas, livros e vários tipos de periódicos. “Apesar disso, algumas vezes o aluno não é incentivado corretamente. Você não forma um leitor obrigando-o a ler um livro, mas lendo para ele histórias que o motivem, desenvolvam sua imaginação e criatividade”, ensina. “É importante trabalhar a interpretação de textos com os jovens, pedir para que eles expliquem o que entenderam, deem sua opinião

sobre o assunto. Muitas vezes, precisamos ensiná-los a segurar os livros, já que estão mais acostumados aos aparelhos eletrônicos.” A psicóloga afirma que mesmo que os índices de leitura do brasileiro sejam preocupantes, séries de livros como Harry Potter e a Saga Crepúsculo ajudaram a formar uma nova “safra” de leitores. “É importante que os pais apresentem os livros aos seus filhos, como aconteceu comigo. Minha mãe (Primitiva) era uma leitora ávida da revista Seleções e minha tia Claudinéia gostava tanto de ler e escrever, que usava até o papel de pão para expressar suas ideias. Foi ela quem me alfabetizou antes de eu ir para a escola.” Quanto mais cedo se tem contato com a


Maria Helena afirma que a leitura está em tudo: na bula, no rótulo, nos sinais, nas expressões.

leitura, o processo de alfabetização tende a ficar mais fácil, já que a escrita está intimamente relacionada à prática. “A leitura é um dos meios mais importantes para a construção de novas aprendizagens, possibilita o fortalecimento de ideias e ações, permite ampliar e adquirir novos conhecimentos, possibilitando a ascensão de quem lê a níveis mais elevados de desempenho cognitivo”, comenta Amália. “Os primeiros contatos do indivíduo com a leitura são de fundamental importância para suas percepções futuras, pois interferem na formação de um ser humano capaz de encontrar as possíveis soluções para os problemas sofridos pela sociedade à qual pertence.” Ela descreve ainda que ler enriquece o vocabulário, dinamiza o raciocínio, melhora a interpretação e mantém a pessoa informada sobre os acontecimentos do seu país e mundo. Silvana acrescenta que as editoras têm publicado livros para bebês com meses de idade, que utilizam recursos como desenhos, sons e dobraduras. “Se a pessoa tem esse contato cedo, conforme vai crescendo, ler torna-se mais uma das atividades cotidianas”, conta. “A leitura facilita a memorização da ortografia e o entendimento da concordância verbal, ajuda na escrita e melhora a oralidade.”

Mãe e filha discutem os assuntos mais adequados para a adolescente ler.

Gêneros A coordenadora pedagógica Maria Helena Yembo informa que existem vários gêneros de leitura, como visual, corporal/gestual, decodificação (escrita) e de sinais. “A leitura contribui para a melhora da habilidade de relacionamento interpessoal, pois você compreende o que o outro quer dizer além das palavras”, afirma. “Ela está em tudo: na receita do bolo, no gibi, na arte. Por exemplo: para entender uma pintura, o que o artista quis dizer que não está claro, é necessário entender o contexto histórico em que ele viveu. Tudo isso passa pela leitura.” Como sugestão, Maria Helena indica os seguintes autores para incentivar crianças e adolescentes a lerem: Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Walcyr Carrasco, Moacyr Scliar e Wagner Costa. Amor pelos livros Giovanna Miyazaki Grigoletto, de 13 anos, venceu a Olimpíada de Redação de Jundiaí em 2014 na categoria infantil. Esta foi a primeira vez em que ela participou do evento. O título de sua redação foi “Tecnologite”, em que abordou o vício da sociedade atual em tecnologia. “Escolhi

este tema porque é um assunto atual e muito abordado, principalmente pelos adultos”, explica. “Como também era uma proposta de redação para a escola, a professora nos ajudou.” Giovanna conta que escreve desde os oito anos textos de ficção e não ficção. “Gostei de ser reconhecida ao vencer em primeiro lugar, ainda mais por fazer algo que gosto”, comenta. “Fui premiada com uma quantia em dinheiro, um kit com cinco livros e uma camiseta.” Ela diz que deve o gosto pela leitura à sua mãe, Raquel, e à escola, que tem uma biblioteca bastante variada. A adolescente lê com assiduidade e mescla os gêneros literários, mas revela que seus preferidos são fantasia e aventura. “Eu amo ‘A menina que roubava livros’, de Markus Zusak, e gosto muito da escritora J. K. Rowling por sua história, modo de pensar”, reflete. “Acho importante que as crianças sejam incentivadas a ler porque, além de ser uma ótima forma de lazer, também traz muitos benefícios, como maior facilidade de interpretar textos e redigi-los.” A adolescente atribui à leitura o contato e aprendizado de assuntos variados. Esta diversidade desperta nela curiosidade para seguir várias profissões. “Ainda não sei qual curso Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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Giovanna exibe o prêmio que recebeu por vencer em primeiro lugar a Olimpíada de Redação de Jundiaí.

superior farei porque são muitas opções interessantes”, conta. Além de ler, a menina gosta de desenhar, ouvir música e assistir a filmes e séries de televisão. “Sempre gostei de tudo isso, com muita influência dos meus pais. Sabe os filmes da Marvel? Meus favoritos!” Tradição de família Mãe de Giovanna, Raquel Miyazaki, de 34 anos, é professora de Inglês. Ela conta que sempre incentivou a filha a ter gosto pela leitura porque acredita que quanto mais as pessoas leem, mas elas desenvolvem a habilidade da escrita e expressão. “Eu gosto muito de ler, mas, hoje em dia, escrevo pouco. Também fui incentivada pelos meus pais desde cedo. Meu pai é um leitor ávido de jornais e revistas.” Ela divide o crédito de Giovanna gostar de ler com a escola e professores que, desde muito cedo, ensinavam as crianças a irem à biblioteca e escolherem livros para os pais lerem a elas. “Esse incentivo era feito de forma mensal e começou quando Giovanna tinha quatro anos”, lembra. “Em geral, ela me faz um resumo de todos os assuntos que gosta de ler. Desse modo, pode34

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mos discutir e avaliar o que é positivo e negativo na forma de um bate-papo despretensioso entre mãe e filha.” Raquel comenta que a adolescente sempre pede livros de presente, mas como lê rapidamente, é necessário negociar as compras e os empréstimos que a menina faz com as amigas. Ela percebe nos pequenos gestos que a leitura tem gerado atitudes mais conscientes e equilibradas em Giovanna. “Minha filha sempre foi muito observadora e vejo que já é capaz de analisar várias situações que vive, colocando-se no lugar das pessoas, o que é realmente fantástico para alguém tão jovem. Me dá muito orgulho ver sua evolução.” Como também é professora, Raquel avalia a situação atual da relação entre a leitura e os jovens. “Estamos vivendo uma época de mudanças muito rápidas e de gerações ansiosas por mais novidade. Os recursos visuais têm prevalecido e deixado o bom e velho livro inanimado para trás”, reflete. “Não há como retroceder este processo, então, é importante que os pais participem ativamente da educação de seus filhos, estimulando-os como puderem, seja da forma tradicional, através de um gibi por exemplo, ou na forma de um e-book para ser lido em um tablet. Todo incentivo à leitura é bem-vindo.”

Para jovens que não gostam de ler, a dica é começar por livros mais simples, com a narrativa mais tranquila. Procure na internet alguns livros, leia a sinopse, resenhas e se estiver interessado, não perca tempo e leia. Com o tempo você vai querer mais e mais livros, até que você começa a querer escrever o seu livro! Ah, e não fique triste se você não lê desde criança, ler é para todas as idades!

Giovanna Grigoletto


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Curiosidades da Terrinha

O que é

O que você acha de resgatar o passado da nossa cidade? Acompanhe as fotos e histórias sobre locais que ficaram guardados na memória.

Colaboração Contato

Esse trabalho só é possível com o apoio do professor Maurício Ferreira, do Sebo Jundiaí.

Sebo Jundiaí: 11 2816-3387 | 2449-2140

Paulista F.C. Reportagem: Renata Susigan Fotos: Renata Susigan e divulgação undado em 17 de maio de 1909 pelos colaboradores da Companhia Paulista de Estradas de Ferro na Locomotiva de nº 34, o Paulista Futebol Clube jogou como amador até 1948, quando passou para a categorial profissional e disputou o Campeonato Paulista da segunda divisão. De acordo com Luiz Antônio de Oliveira, mais conhecido como Cobrinha, repórter esportivo da rádio Difusora, o primeiro presidente do time foi o inglês John Lewis Jones. Na verdade, o Paulista deu continuidade ao Jundiahy Foot Ball Club, como o time era conhecido entre os anos de 1903 e 1908. Cobrinha afirma que nem sempre a arena do Paulista foi no bairro Jardim Pacaembu, onde está até hoje. “Até 1957, o campo do time foi em frente ao Velório Municipal”, conta. Ainda antes de mudar de “casa”, o Paulista foi campeão da segunda divisão do Campeonato Paulista em 1957, após jogar três partidas contra o Botafogo de Ribeirão Preto. O repórter lembra que o gramado do estádio Dr. Jayme Cintra foi inaugurado em 30 de maio de 1957 com um amistoso em que o Galo enfrentou o Palmeiras e ganhou por três a um. “O primeiro jogador a marcar um gol aqui foi o Belmiro”, recorda. Por ser particular e depender de patrocínio, o Paulista já passou por diversas situações adversas e outras tantas fases boas. “O time teve algumas crises, e a primeira foi logo que mudou para o Jayme Cintra, pois ficou sem recursos e jogadores”, comenta. “Em 1961, o Galo recebeu 14 atletas do Amador para ajudar a recuperar o time. Nessa época, ficou conhecido como o ‘time do salário mínimo’, pois eles ganhavam pouco.”

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Prefeitura de Jundiaí


Fotos: Sebo Jundiaí

Time de 1947

Torcedores em Setembro de 1978

Campo do Galo

Paulista FC em 1950

Comemoração do acesso para a primeira divisão em 2001

Em 1963, o Paulista viveu mais uma fase sem jogadores, mas no ano seguinte conseguiu reunir o time que atingiu o ápice em 1968. “Neste ano, foi campeão invicto da segunda divisão de profissionais, com 19 jogos sem perder”, lembra. “O desempenho fez o Galo subir para a primeira divisão, categoria em que ficou durante 10 anos.” No início da década de 1980, o Paulista caiu e subiu de divisão mais uma vez. Em 1984, recebeu investimentos e subiu de novo. “Nesse ano, foi vice-campeão do Campeonato Paulista.” Entre 1986 e 1989 foi construída a estrutura atual do estádio Jayme Cintra, que conta com salão social, sala de imprensa, academia, departa-

Desfile de 7 de Setembro, próximo ao estádio, na déc. 70

Torcedores no Jayme Cintra

mento médico, administração e alojamento para os atletas profissionais e das categorias de base. Atualmente, o campo possui 105 por 72 metros, sendo que as medidas de um campo de futebol oficial são 90 a 120 metros de comprimento e 45 a 90 metros de largura. Em meados dos anos 1990, o Galo passou por outra fase em que enfrentou dificuldades financeiras, o que refletiu no desempenho do time. “Quando a empresa Lousano assumiu o clube, ele passou novamente para a primeira divisão.” Três anos depois, foi a vez da Parmalat comprá-lo, patrocinando-o até 2002. Em 2006, o Paulista viveu seu momento de

glória quando conquistou reconhecimento internacional pelo desempenho que teve na Copa Libertadores da América ao vencer o River Plate da Argentina por dois a um. A eficiência no campeonato atraiu o projeto Campus Pelé, que permaneceu no estádio de 2007 a 2012. Destaques Durante seus 105 anos, o Paulista ajudou a formar grandes atletas, como o Artur Gusmão, que hoje é goleiro do Benfica, de Portugal, e Victor Bagy, goleiro do Atlético Mineiro. Segundo Cobrinha, o Galo é um imporApê Zero 1. Jan/Fev 2015

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Curiosidades da Terrinha tante patrimônio de Jundiaí, pois é centenário e foi um dos responsáveis por tornar a cidade conhecida, devido à sua participação em campeonatos. “Infelizmente, alguns torcedores esquecem do time quando ele passa por momentos ruins”, opina. “Assim como a maioria dos clubes do interior, endividados, o nosso time também passa por um período complicado, já que os empresários pensam apenas nos grandes clubes.” O repórter, que acompanha o Galo de perto, afirma que o Paulista precisar tem potencial para voltar a crescer. “Um clube tão antigo, que tem sua história confundida com a da cidade, que tornou Jundiaí conhecida precisa ser mais valorizado.” Atualmente, o Galo encontra-se na segunda divisão, tem como presidente Djair Bocanella e Roberval Davino como técnico. Suas cores são o preto, vermelho e branco e o mascote, um galo, daí seu carinhoso apelido. Em 22 de dezembro de 2014, o Jayme Cintra recebeu pela quinta vez o jogo beneficente “Fome Só de Bola”. No evento, Neymar Jr., atacante do Barcelona, enfrentou o time do meia-atacante Nenê, jundiaiense, hoje camisa 10 do Al-Gharafa, do Catar. Os ingressos foram rapidamente esgotados e trocados por alimentos não perecíveis. Toda a doação foi entregue ao Fundo Social de Solidariedade de Jundiaí e Instituto Projeto Neymar Jr., de Praia Grande. Alguns dos famosos que participaram da partida foram Luís Fabiano, do São Paulo, os ex-jogadores Denilson e Fabiano Costa, além do piloto Felipe Massa, o cantor Gustavo Lima e a dupla João Neto & Frederico.

Cobrinha acompanha o Paulista há 60 anos.

Amor pelo Galo “Se me chamar pelo meu nome ninguém me conhece”, esclarece Cobrinha. Ele explica que o apelido tem origem quando ele jogava bola no amador. “Assinei com o Paulista em 1961 como profissional”, lembra. Como seu irmão também treinava no clube e tinha o apelido de Cobra, os colegas começaram a chamá-lo de Cobrinha. Entretanto, ele não fez carreira no futebol, tornou-se metalúrgico, profissão que oferecia maior segurança financeira a ele e sua família. Cobrinha acompanha o Paulista há 60 anos e, desde 1975, é repórter esportivo da rádio Difusora. “Sou setorista do Paulista e faço a cobertura do esporte amador de Jundiaí e região”, 38

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Sala dos troféus e fotos do Paulista F.C.

comenta. “Além de futebol, acompanho as equipes amadoras de basquete, handball, vôlei, entre outros esportes.” Novo Paulista O projeto foi apresentado à imprensa em novembro de 2014. Um grupo foi reunido para

captar recursos, pagar as dívidas, montar equipe e manter as contas em dia. O Novo Paulista tem como diretor-presidente Márcio Nogueira, mais 20 pessoas e um conselho consultivo que irá trabalhar paralelamente à diretoria atual. O objetivo maior é contribuir para que o Paulista volte a disputar os principais campeonatos com os maiores times.


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turismo

O que é

Vamos conhecer e indicar locais centenários.

Já foi?

Esteve no La Posada? Envie uma foto para a gente: falecom@apezero1.com.br

100 anos

Já foi em algum café, doceria, padaria ou restaurante centenário? Conte-nos sua experiência!

La Posada: quase 200 anos de gastronomia Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz a Posada nasce em 1820 brindando refúgio e alimento aos primeiros patriotas que lutaram por um novo país livre, justo e soberano.” É com esta frase em seu site (em tradução livre do espanhol) que o restaurante de Buenos Aires se apresenta. Quem busca história e gosta de comida boa sairá feliz do lugar, assim como a empresária Silmara Magalhães, que esteve no local recentemente. A trabalho, ela e o marido (André) viajaram até a capital argentina, cidade que já conheciam, em novembro de 2014. “Estávamos na rua Florida (que tem muitas lojas, feiras, restaurantes e cafés) fazendo compras e decidimos parar para almoçar”, lembra. “Caminhamos um pouco e encontramos o La Posada. É um restaurante de esquina, com várias janelas e uma varanda grande, apesar de a porta ser pequena. Decidimos conhecer.” Ao entrarem, o restaurante revelou-se maior do que imaginavam e com quase 200 anos. A comida servida no estabelecimento é típica portenha: carne. “Eu comi um filé à milanesa com batata-frita”, comenta. “A carne era diferente da que estamos acostumados a comer no Brasil: grande, fina, sem gordura e muito saborosa.” Os clientes podem experimentar os vinhos da vasta carta da casa, mas quem não consome bebida alcoólica pode “matar a saudade” ao pedir um 7UP, rival da Sprite, que não está mais disponível no mercado brasileiro. “Fazia muito tempo que não tomava 7UP, é mais cítrico e gostoso.” Frequentado por turistas de todo o mundo, inclusive por muitos brasileiros, o La Posada aceita pagamento em real e tem o cardápio traduzido para o português. Uma das curiosidades sobre o local que Silmara notou foi a tabela de câmbio própria. “A taxa de lá é mais alta do que a praticada oficialmente, mas, mesmo assim, o preço não é abusivo, está dentro da média.” Se para os turistas estar no restaurante é

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No La Posada, a carne é diferente da que as pessoas estão acostumadas a comer no Brasil: “grande, fina, sem gordura e muito saborosa”, descreve a empresária Silmara. uma viagem ao passado e a refeição pode ser saboreada calmamente, o Posada também recebe moradores locais e trabalhadores para um almoço rápido. A decoração é rústica, rica em madeira, com quadros, objetos antigos e panelas de cobre penduradas no teto. “O restaurante é lindo, o serviço é rápido e os garçons, já acostumados a atenderem turistas, nos tratam super bem, dão informações e dicas”, descreve. Apesar da rixa entre brasileiros e argentinos, a empresária comenta que todas as vezes em que esteve em Buenos Aires foi bem recebida. Para ela, ter ido a um restaurante que guarda 200 anos de acontecimentos foi uma experiência valiosa. “Achei ótimo porque você também passa a fazer parte da história daquele local e de tudo o que ele ‘passou’ até hoje”, elogia. “Recomendo muito. Outros lugares que quem vai a Buenos Aires não pode deixar de conhecer são a feira de artesanato da Recoleta, o Caminito (uma rua com casas colo-

ridas, muitos artistas e pessoas dançando tango) e o Zoo de Lujan, onde você pode entrar na jaula e interagir com os animais”, complementa. Silmara, formada em Turismo, é uma viajante. Ela já esteve em vários países, como México, Itália, Noruega e Inglaterra. Para ela, viajar agrega cultura e ensina muito às pessoas. “Na Europa, por exemplo, eles ‘respiram’ história, então, ir para lá é sempre uma oportunidade de entrar em contato com o passado e conhecer lugares antigos”, explica. “Ao viajar você aprende a respeitar as diferenças e dá mais valor para os momentos em que está com quem ama.” Restaurante – Fundado em 1820, o La Posada está localizado na rua Tucumán, na esquina com a San Martín, em Buenos Aires, próximo à rua Florida. Possui 200 lugares distribuídos em um ambiente com três salões e janelas artesanais, que permitem ao cliente fazer a refeição apreciando a vista da cidade.


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3° Setor

O que é

Histórias que são lições de vida estão presentes nesta editoria, ligada com o 3º setor.

Indique

Se você conhece alguma história emocionante vivida por algum assistido de uma entidade filantrópica de Jundiaí, conte-nos: falecom@apezero1.com.br

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Uma vida de superacoes Reportagem: Renata Susigan Fotos: Renata Susigan m câncer nos ossos tornou a vida de dona Maria Aparecida de Oliveira, de 75 anos, mais difícil nas últimas décadas. A senhora teve a doença no útero quando tinha 46 anos, em seguida ao nascimento do filho. Desde que retirou o órgão, sua saúde ficou mais frágil, conta. Para enfrentar as dificuldades, tem recebido assistência da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Jundiaí nos últimos anos. Aos 18, dona Maria trabalhava em uma lavoura de café quando, certa ocasião, sentiu uma “pontada” no pé, que se estendeu para o joelho. Após sofrer com a dor por um ano e pela ineficácia do tratamento com medicamentos, ela saiu do pequeno município de Garça e foi levada à Marília. “Lá, descobriram que eu tinha um tumor no osso da perna esquerda”, conta. Na época, a senhora passou por cirurgia e se recuperou. No entanto, com 58 anos, ao levantar-se da cama de manhã, sentiu uma dor aguda no joelho direito. “Foi tão forte que desmaiei”, revela. “Quem me encontrou foi minha mãe, Regina.” O médico que a consultou disse que o problema havia voltado, mas, desta vez, nos ossos do corpo inteiro. Ele conseguiu que dona Maria fosse tratada na Unicamp, mas somente após um ano ela foi internada. A demora ocorreu devido à grande demanda do hospital e à inflamação na perna, que precisava ser tratada com medicamentos antes da senhora poder ser submetida ao procedimento cirúrgico. Quando finalmente foi operada, ela teve duas paradas cardíacas e hoje já não pode mais passar por cirurgias. A partir dali, dona Maria passou a tratar a doença apenas com remédios que, depois de um tempo, pararam de fazer efeito. “Há alguns anos não tomo mais nada”, comenta.

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Dona Maria já passou por dificuldades, mas tem superado cada uma. Ela mantém-se forte para cuidar do filho e da neta.


O doença não acometeu apenas dona Maria, mas seu filho Davi, de 31 anos, e sua neta, Tereza Vitória, de quatro. Até agora, o rapaz já passou por três cirurgias. A senhora lembra que quando esteve na Unicamp uma equipe do hospital tentou encontrar a família de seu pai, com o objetivo de pesquisar a doença, obter informações sobre a origem e saber se mais alguém havia desenvolvido o problema, já que na família da mãe não houve outros casos. “Infelizmente, não conseguiram encontrar meus parentes.” Desafios - Nascida na Fazenda Jamarca, no município de Garça, próximo a Bauru, dona Maria mora há 31 anos em Jundiaí. Ela veio para a cidade dois anos após seu marido, Jair, falecer em uma véspera de Natal. Ela trabalhou muitos anos como empregada doméstica, mas hoje é dona de casa. Apesar de sentir fortes dores devido à doença, ela cria a neta junto com o filho, que trabalha em São Paulo. Os três moram na casa da comadre de dona Maria, sua xará. A senhora frequenta a Rede Feminina há 10 anos. Ela lembra que uma mulher, cujo nome é desconhecido, foi até sua casa levar o contato da entidade para que pudesse receber ajuda. “Duas pessoas conhecidas minhas conversavam sobre mim em um supermercado quando esta senhora ouviu e pediu para levarem-na até minha casa”, recorda. “Ela chegou aqui, me deu um papel com o endereço da Rede Feminina e foi embora. Como eu não andava boa, na época estava com uma depressão grave, nem perguntei o nome dela, mas gostaria de reencontrá-la, pois ela me ajudou muito.” No início, dona Maria frequentava a Rede todos os dias. Lá, ela recebeu atendimento psicológico e teve todo tipo de ajuda de que precisou. “Hoje, vou quando preciso de alguma coisa, como roupas, calçados, remédios”, descreve. “Todos os meses ganho uma cesta básica e leite, além de palavras de conforto e carinho, que são mais importantes do que qualquer coisa.” Apesar de as dores serem persistentes, dona Maria cozinha, lava roupa, limpa a casa, cuida da neta e do filho. Ela ainda conserta roupas, pois gosta da atividade, e pinta guardanapos. “Ninguém me ensinou, aprendi sozinha”, conta. Hoje, ela é agradecida à ajuda que recebeu e considera os assistidos da Rede Feminina seus amigos.

Mauro Della Serra afirma que a Rede Feminina precisa de doações para dar andamento à obra da nova sede, que poderá receber mais pessoas.

A instituição – Fundada há 42 anos por Norma Della Serra, a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Jundiaí tem como objetivo ajudar os portadores da doença que possuem poucos ou nenhum recurso financeiro e, principalmente, aumentar a expectativa de vida deles, além de alertar para a importância da prevenção (por meio de exames periódicos) e diagnóstico precoce, que aumenta as chances de cura. Segundo Mauro Della Serra, filho de Norma, advogado e atual presidente da entidade, ele atua no local desde a fundação e sabe que o câncer é uma das doenças que mais debilitam os pacientes, seja pelo prognóstico, tratamento ou estigma do qual o portador torna-se vítima. “A doença é grave e ainda carrega o peso do preconceito”, afirma, com a certeza de quem passou grande parte da vida vendo histórias de superação e algumas tristes também. A entidade recebe pessoas indicadas pelo Hospital São Vicente de Paulo. Os cerca de 50 assistidos recebem roupas, remédios, cestas básicas, apoio psicológico, assis-

tência social, médica e odontológica, sessões de acupuntura e participam de festas e passeios. O atendimento compreende também palestras referentes à prevenção e de apoio aos familiares. Segundo Della Serra, o número de pacientes tem aumentado e o prédio atual já não comporta mais pessoas. “Por isso, teve início a construção de uma nova sede”, revela. “No entanto, estamos em busca de recursos para conseguirmos dar andamento à obra, que está parada.” Ele afirma que o terreno onde estão instalados atualmente, no Centro da cidade, é doado pela Prefeitura de Jundiaí. A nova sede deverá ter aproximadamente mil metros quadrados e três pavimentos: clínica, salão de festa e administração. O terreno fica no bairro Anhangabaú. A Rede Feminina de Combate ao Câncer de Jundiaí precisa e aceita todo tipo de doação. Contatos: 11 4521-0602 / Rua Prudente de Moraes, 1070, Centro / redefeminina@hotmail.com / www.redefeminina@com.br Apê Zero 1. Jan/Fev 2015

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Multiplicadores Grendacc

O que é

Em Multiplicadores, mostramos as pessoas que fazem a diferença com projetos simples e funcionais.

Participe

Conhece alguém no bairro, escola, faculdade, trabalho, enfim, uma pessoa que tem a visão de mudança positiva para a cidade e as pessoas? Indique para a gente.

Comente

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gratificante trabalho em prol das criancas Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação

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Raio-X Verci

Andrêo

Bútalo

atuava

como promotora de vendas até seu filho, Cristiano, ser diagnosticado com linfoma. Desde que ele foi curado, ela e seu marido, Gilberto, têm se dedicado ao Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer). Da época da fundação até hoje já se passaram 20 anos: das reuniões com menos de 10 pessoas até ser referência em tratamentos oncológicos e hematológicos em Jundiaí e região, dificuldades e alegrias estiveram presentes na vida do casal Verci e Gilberto e das famílias assistidas pela entidade. O Grendacc aceita todo tipo de doação (dinheiro, roupas, brinquedos, materiais para escritório, Nota Fiscal, entre outros) e está aberto à visitação para quem quiser conhecer o seu trabalho: Rua Olívio Boa, 99, Parque da Represa – Jundiaí. Tel.: 11 4815-8440. Site: www. grendacc.org.br

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undado em 1994, quando as famílias de crianças diagnosticadas com câncer eram obrigadas a ir para Campinas ou São Paulo em busca de tratamento, o Grendacc surgiu como uma alternativa à população da cidade e região. Pioneiro em Jundiaí, o Grupo presta serviços para o Hospital São Vicente de Paulo, atende gratuitamente pacientes de zero a 19 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) e convênios particulares nas áreas de oncologia e hematologia. Atualmente instalado no Parque da Represa, em Jundiaí, o Grendacc ampliará o atendimento que oferece, mas, para isso, precisa da contribuição de pessoas físicas e jurídicas. Quando o Grendacc foi fundado? Quais os motivos? O Grendacc foi fundado em 1994. Meu filho caçula, o Cristiano, recebeu o diagnóstico de linfoma quando tinha cerca de 20 anos. Ele foi tratado na Unicamp, em Campinas, porque Jundiaí não contava com atendimento especializado para tratar crianças com câncer. Durante o tratamento do Cristiano, meu marido (Gilberto) visitou várias vezes o Centro Infantil Boldrini para conhecer o trabalho deles e obter informações sobre como poderíamos construir um local parecido aqui na cidade. Quando meu filho terminou o tratamen-

to, Gilberto e eu já estávamos decididos e preparados para assumir o desafio de fundar uma entidade de tratamento de crianças com câncer em Jundiaí. Como foi o processo de fundação da entidade? Procuramos pessoas interessadas que pudessem se engajar à nossa ideia. O início foi difícil, mas uma médica que atuava no Boldrini, a Dra. Maria José Mastelaro, abriu uma clínica em Jundiaí, que ficava no Parque do Colégio. Ela também tinha interesse em trazer o tratamento contra o câncer infantil para a cidade. Ela, que conhecia pais de ex-pacientes do Boldrini, fez um primeiro contato com eles e começamos a nos reunir. Éramos dois casais, duas mães e a Dra. Maria. Com base no conhecimento da médica e na nossa experiência, começamos a delinear o que seria uma associação para apoio a crianças com câncer. Os primeiros atendimentos eram feitos na clínica da Dra. Maria, em uma sala de 2 x 2 metros. Com o passar do tempo, ela não conseguiu credenciamento para atuar pelo Sistema Único de Saúde. Quem obteve a autorização foi o Hospital São Vicente de Paulo que, até então, não tratava crianças com a doença. Com as crescentes dificuldades, as pessoas do grupo foram desistindo da ideia e ficamos apenas meu marido e eu.



Como vocês conseguiram trabalhar por esta causa?

Quais especialidades atendem?

O São Vicente possuía o credenciamento, mas não tinha espaço. Então, nos tornamos prestadores de serviço do hospital: alugamos uma casa na Chácara Urbana, onde ficamos até 2002, e fazíamos os atendimentos. No início dos anos 2000, fomos para o Parque da Represa, quando inauguramos o Ambulatório, primeira fase de um grande projeto arquitetônico, que ainda não foi todo concluído por falta de recursos.

Oncologia, hematologia, ortopedia oncológica, cardiologia, nutrologia e neurologia. Além disso, oferecemos apoio pedagógico, enfermagem, farmácia, fisioterapia (motora e respiratória), nutrição, odontologia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional.

Qual o perfil dos assistidos? Quantos pacientes vocês tem? Recebemos crianças, adolescentes e jovens com câncer e doenças hematológicas de zero a 19 anos. Temos 460 pacientes, sendo 30 em quimioterapia por mês. Em média, eles permanecem em tratamento entre um e três anos. Cerca de 70% de nossos pacientes são provenientes do SUS e 30% de convênios particulares. 46

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vocês

Como é feito o atendimento aos pacientes? Eles são encaminhados pelos seus médicos e todo o tratamento é gratuito. Chegando aqui, eles passam por uma entrevista com a assistente social, depois por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, dentistas, fisioterapeutas e outros especialistas. Geralmente, ficam o período da manhã na instituição, passam por consulta, fazem quimioterapia, aguardam os resultados dos exames, realizam atividades na brinquedoteca. Se necessário, passam o dia inteiro. Quando precisam de internação, eles são encaminhados para o Hospital Universitário, no caso de pacientes do SUS,

ou para os hospitais dos convênios, para os que têm plano de saúde. Oferecemos atendimento psicológico para os pacientes e seus familiares. Quais profissionais integram a equipe? Temos 114 colaboradores entre médicos, assistentes sociais, psicólogos, entre outros. Os voluntários somam 270 pessoas e são divididos em grupos. O grupo Direto acompanha os pacientes durante o tratamento; os integrantes do Indireto não trabalham com as crianças, mas em atividades para elas; na Brinquedoteca, os voluntários fazem brincadeiras e ajudam os pequenos a resgatarem a fantasia, a esquecerem do momento difícil pelo qual estão passando; os membros do Apoio Escolar acompanham os estudos da criança para que ela não perca o ano letivo; os artesãos fazem artigos para serem vendidos nos bazares, a fim de arrecadar recursos para a entidade; o Apoio Clínico tem uma equipe interdisciplinar que atua onde os médicos solicitarem a sua ajuda; no Espaço Culinário, os voluntários cozinham,



Multiplicadores Grendacc participam de orientação nutricional e de projetos de geração de renda para as famílias dos pacientes; Eventos é o setor responsável pela captação de recursos por meio de jantares, campanhas (McDia Feliz) e demais projetos (Bazar de Natal). O Grendacc ainda passa por dificuldades? Quais? Acho que nossa pior dificuldade é recebermos pacientes em estágios avançados da doença, pois quanto mais cedo se descobre o problema, maiores são as chances de cura. Atendemos pessoas de Jundiaí e da região, de cidades como Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jarinu, Itupeva, Cabreúva, Louveira e Itatiba, então, o repasse que recebemos do São Vicente, por meio do SUS, equivale a 30% do que precisamos. Os outros 70% são conquistados arduamente pelo Telemarketing, que liga na casa das pessoas e pede doações; os bazares das lojas que usam nosso salão; o bazar permanente, que funciona o ano inteiro, onde vendemos de tudo (roupas, sapatos, objetos para casa). A população doa artigos diversos, as lojas doam pontas de estoque e vendemos tudo que chega aqui. Fazemos também eventos diversos, como jantares, rifas, campanhas, além de recebermos doações de algumas empresas. Cerca de 3% de pessoas jurídicas que existem na cidade doam, mesmo que tenhamos uma quantidade enorme de empresas na região. Outra grande dificuldade que já passamos, mas que hoje considero superada, foi a conquista do nosso reconhecimento. Principalmente no início, realizamos um trabalho árduo de visitação aos hospitais para nos apresentarmos, conversarmos e provarmos nossa capacidade para atender as crianças que precisam. Já passamos por muitas situações complicadas financeiramente, principalmente nos anos de 2008 e 2009, época da crise financeira, mas felizmente conseguimos superar. E as alegrias? São inúmeras. Temos uma média de cura de 70 a 80%, dependendo do caso; depois 48

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de cinco anos do término do tratamento, a pessoa é considerada sobrevivente do câncer, depois de 10 está curada, então, é muito gratificante ver ex-pacientes bem, casados, com filhos, formados na faculdade, trabalhando. Desenvolvemos uma laço tão forte com todos eles que a maioria mantêm contato, vem nos visitar. É uma alegria ver que eles também superaram suas dificuldades, que não são poucas, e estão vivendo normalmente! Você tem alguma história que tenha deixado alguma marca para contar? Tenho muitas. São vários os ex-pacientes, então, temos muitas histórias de superação para contar. Lembro-me de um garoto que queria ganhar uma festa de aniversário e uma semana após o evento faleceu. Recebemos um jovem de Maceió que veio para Jundiaí fazer tratamento e já chegou aqui com o braço amputado. Ele voltou para a cidade dele para visitar a família e teve uma recaída. Quando foi trazido de volta, sua mãe veio junto. Como o caso dele não estava evoluindo bem, tivemos que perguntar onde ele gostaria de ser enterrado. A princípio, ele respondeu Maceió. Mas depois mudou de ideia e pediu para ficar aqui, ao lado dos amigos do Grendacc [a entidade possui dois terrenos no Cemitério Nossa Senhora do Montenegro]. Posso falar também de uma adolescente que passou por tratamento aqui, foi curada, casou, teve filhos e hoje faz curso para ser cabeleireira nos espaços Geração de Renda e Culinário, aqui mesmo.


restaurante

fotografia

academia

classificados

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cronica

NO CALOR DO VERaO Com um verão que parece mais um inferno de tão quente, tem gente querendo visitar o capeta, pois dizem que lá está mais fresco do que aqui... mas, inferno mesmo, é piscina de condomínio. Como um arquiteto planeja 120 moradias e uma piscina tão pequena? Tem morador vendendo senha para molhar o pé na água não tão refrescante, na área de lazer do condomínio. Sem falar que a criançada está em férias e não há lugar melhor para passar o dia do que na piscina, dando “bomba” e molhando todo mundo. E dando “caldo” nos amigos para ver quem sai mais roxinho de dentro da água. Além do tamanho inferior à capacidade do condomínio e com as crianças em férias, temos outro problema: o visitante! Se houvesse somente um por moradia já não caberia na piscina, então, imagine aquele que recebe as tias, os primos, os avós, os cunhados “malas”, o cachorro e até o papagaio, mas com um alento, vieram paras as festas de fim de ano e só voltarão para suas casas depois do Carnaval. Mas todos querem frequentar a área da piscina, restrita a moradores. Na certa, dor de cabeça para o síndico e reclamações no livro de ocorrências. Não podemos deixar de incluir neste verão de felicidades a piscina infantil, essa sim é um problema de saúde pública. A água inicia o dia azul e termina meio amarelada. Logo de manhã seu pH está perfeito, já no fim do dia está PXiXi, quando não se encontra outros objetos boiando, fruto de uma mãe desapercebida. E, para terminar, temos aquela família folgada, que faz da piscina uma verdadeira farofada, com direito a frango frito, salgadinho, cerveja no gelo e até sopa na garrafa térmica, deixando a área da piscina um verdadeiro lixão, já que ninguém vê a lixeira que está a poucos metros do guarda sol. Mas é tudo alegria! Curta o verão, que este ano vai passar de março, com muito calor e confusão, principalmente na área da piscina.

Divu lgaç ão

Rafael Godoy

José Miguel Simão Advogado e cronista 50

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Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Procure pela palavra “crônica” no site: www.apezero1.com.br




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