Revista APÊ ZERO 1 - ed: nov/dez 2014

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No seu condomínio. Na sua mão.

Resgatando memórias

Distribuição dirigida Ano 12 . Nº 111 Nov/Dez de 2014

A reportagem da Apê percorreu os patrmônios tombados em Jundiaí em busca de grandes histórias




indice 8 ud Adega multiuso

Aos amantes do vinho e apreciadores de bebidas, uma reportagem de copo cheio

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14 viver em condominio 13° salário

Os prestadores de serviço do condomínio podem cobrar décimo terceiro? Confira artigo do jornalista e advogado condominial, Dr. Carlos Eduardo Quadratti.

31 pets Com quem deixar?

Pessoas que, voluntariamente, se dispõem a cuidar dos animais de estimação dos outros. Conheça a história de Maria Augusta e Rosana Pagano

Patrimônio Histórico

Conheça a história por trás de alguns patrimônios históricos de Jundiaí e de pessoas que lutam pela preservação

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38 3º setor Viver plenamente

Conheça a história de vida de Dona Odília e como ela se adaptou a uma nova rotina com a ajuda do Grupo Longevitá.

Viajar sozinha

Mulheres dispostas a pegar estrada e viver a experiência de viajar sozinhas

42 turismo Confeitaria Colombo

As histórias da centenária confeitaria carioca que já foi palco da minissérie Chiquinha Gonzaga. Você já foi? Leia e envie uma foto

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curiosidades da terrinha Conde

Você sabia que a escola é centenária, uma das mais antigas, uma das primeiras a terem o banheiro na parte interna do imóvel, pioneira do modelo integral para o Ensino Médio em Jundiaí?


50 cronica Churrasco do Careca

O que será que aconteceu neste novo texto do cronista José Miguel Simão?

49 classificados Lista de prestadores de serviços ideais para o seu dia a dia.

34 criancas Papai Noel

Conhecemos histórias de crianças que acreditam em Papai Noel. Encante-se!

28 RADAR APe Descubra dicas que facilitarão a vida de todos que estão envolvidos nos condomínios, inclusive você, morador!

44 multiplicadores Sebo Jundiaí

Conversamos com o professor Maurício Ferreira, praticamente uma enciclopédia humana. Confira o bate papo.


editorial

Mobilizacao em prol da Preservacao foi o ano da democracia. Com fortes influências das passeatas de junho de 2013, chegamos a um pleito eleitoral disputadíssimo, mostrando que o brasileiro está disposto a lutar por melhorias, independentemente de preferências partidárias. A cada dia que passa, presenciamos o engajamento de jovens nas redes sociais e, alguns deles, investindo a energia para o mundo real ainda. Falta um pouco de disposição desses grandes incentivadores do mundo online para a prática do dia a dia.

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Em nossa reportagem de capa fomos investigar a importância e o incansável trabalho em busca da permanência da história do povo. Fomos atrás de cultura e preservação de lugares, momentos e pessoas ligadas de alguma forma com Jundiaí. A preservação depende de cada pessoa, que se dispõe a lutar, mas que principalmente mobilize e ajude a manter viva a história. Um complemento à reportagem de capa é a editoria Multiplicadores. Conversamos com Maurício Ferreira, responsável pelo Sebo Jundiaí e pela página no Facebook que divulga diversas imagens históricas da cidade. Um trabalho interessante e prazeroso de se acompanhar. Convido você a saber como foi a 3ª Festa do Síndico, promovida pela Proempi, e com a cobertura completa no site www.apezero1.com.br. Inclusive, esta edição pode ser lida também em sua versão online. No site, você ainda encontra complementos das reportagens, com fotos exclusivas. Para encerrar, agradeço em nome de toda equipe da APÊ ZERO 1, a você que acompanha a revista que chegará em 2015 ao seu 12° aniversário. Estamos na edição de número 111 e a cada exemplar, diversas pessoas são envolvidas na produção e muitas outras nas reportagens. Procuramos oferecer um material exclusivo e imparcial, preservando a qualidade jornalística. Ótima leitura, Feliz Natal e um Excelente 2015 com muita Paz, Amor e Sucesso!

Rodrigo Góes, jornalista responsável

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colaboraram nesta edicao José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.

Carlos Eduardo Quadratti, advogado e jornalista que assina a editoria Viver em Condomínio e faz parte da diretoria da Proempi.

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Motivos para anunciar na apê zero 1:

l Única revista totalmente direcionada para moradores de condomínios em Jundiaí l 140 condomínios residenciais recebem os exemplares. l São 10 mil exemplares impressos todo bimestre. l Só recebem a revista os moradores que fazem parte do nosso banco de mailing. l As revistas são entregues com etiquetas e dados do destinatário. l Até agora foram publicadas 110 edições.

Expediente A revista APÊ ZERO 1 é a nova marca da antiga revista Portal dos Condomínios e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42.

Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1.com.br ou ligue: 11 4521-3670

Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, Jundiaí - SP CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 -

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do autor e não representam o pensamento da revista.

Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy e Jonas Junqueira

Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1

Redação: Renata Susigan Redes Sociais: Rafael Godoy, Gustavo Koch e

Associado:

Mônica Bacelar

Web: Vinicius Zonaro Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista.

André Luiz, é o fotógrafo responsável pela maior parte das fotos desta edição.

Para Anunciar 11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br


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Uma adega/ bar foi a solução encontrada para que um espaço anexo à sala de TV pudesse ser aproveitado


Adega multiuso

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Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

Fotos: Divulgação

Um espaço pequeno, com pé direito baixo, necessidade de se guardar documentos de maneira organizada e ainda ter um lugar aconchegante para receber os amigos com bebidas diferenciadas. Uma adega/bar foi a solução encontrada pela designer de interiores Fernanda Torricelli, da L-arki Arquitetura, para aproveitar ao máximo um ambiente anexo à sala de TV. Fernanda explica que o estilo escolhido para o local foi o rústico, que pede cores neutras e escuras, puxando para o marrom, materiais de demolição e outros com aspecto de “gastos”, para dar sensação de aconchego. “No piso e móveis, usei cores mais escuras, já em uma parede, fizemos o revestimento com tijolos de demolição sem rejunte”, comenta. “O chão foi revestido com piso de vinil, que imita madeira, por ser fácil de limpar.” Para arquivar documentos, foi instalado um móvel com gavetas e portas, que divide espaço com uma adega para 12 garrafas. Ao lado, foi colocada uma cristaleira para guardar bebidas e taças e uma cruzeta – prateleira de madeira feita com antigos trilhos de trem. “Coloquei também duas poltronas e um banco feito com madeira de demolição, e no chão, um tapete de couro.” Para a iluminação, Fernanda utilizou três pontos de luz. “Dois pontos de luz amarela, que contribuem para deixar o local mais aconchegante, e outro de luz branca, mais clara, para receber os amigos ou para ler.” Já a ventilação ocorre com as janelas do lado oposto à adega, que faz o ar circular bem, mesmo que o ambiente não tenha aberturas. Em contraste ao estilo rústico, Fernanda sugere que a decoração tenha objetos mais coloridos para “quebrar” um pouco a sobriedade. “Usei objetos como rolhas, vasos de vidro, baú de madeira, coleção de copos de cristal bico de jaca e quadros modernos. A luminária pendente ilumina, além de ser um objeto diferente, que ajuda na decoração.” Se o proprietário quiser, ainda dá para colocar um vaso de plantas, como zezés, ráfias e algumas suculentas, que resistem a ambientes fechados. Apesar de o tijolo sugerir dificuldade de manutenção, Fernanda afirma que o único produto aplicado nele foi um impermeabilizante. “Não precisa de manutenção específica. O único cuidado é não bater nele porque, por ser de demolição, é mais delicado e pode quebrar.” Segundo a profissional, os materiais de demolição necessitam de restauração feita por especialistas, mas é possível encontrar esses profissionais em Jundiaí. “É melhor procurar um marceneiro que saiba trabalhar com esses materiais.” Desta maneira, ela ressalta, o artigo é preservado com suas características originais.

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1. Conjunto de duas taças para vinho branco Rona R$ 89,99 www.etna.com.br. 2. Adega para vinho Ever 4 garrafas R$ 79,99 www.etna.com.br. 3. Audrey balde para gelo R$ 56,50 www.tokstok.com.br. 4. Juno cadeira R$ 330,00 www.tokstok.com.br. *Preços sujeitos à alteração. Apê Zero 1. Nov/Dez 2014

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Pra mim, viajar e... Reportagem: Renata Susigan Foto: André Luiz e divulgação iajar: a melhor aula de história, a mais rica forma de trocar experiências e conhecer novas culturas. Há quem prefira ir para lugares diferentes em grupo, por sentir maior segurança e porque gosta de dividir bons momentos com outras pessoas. Mas há um número, cada vez maior, de pessoas que viajam sozinhas, seja por (ou falta de) opção. Foi assim com Danielle Coimbra, jornalista de 30 anos, nascida em Brasília, que encarou seu primeiro mochilão pela Europa em 2012. “Tudo começou em outubro, quando convidei alguns amigos para embarcarem na aventura de passar um mês pela Europa mochilando, mas ninguém pôde naquela época”, lembra. “Então, decidi que iria sozinha.” Ela entrou em um grupo no Facebook para

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obter informações sobre uma das atrações que fariam parte de seu roteiro, o festival Tomorrowland, na Bélgica. Para sua surpresa, encontrou outros mochileiros que, assim como ela, fariam a viagem sozinhos. “Após algumas conversas, montamos um grupo com gente de todas as partes do Brasil e fomos nos conhecendo aos poucos, cada mês indo para um lugar diferente do País, para estreitar os laços”, comenta. Em julho de 2013, cada um partiu de sua cidade para a sonhada aventura. Ela ressalta que foram 30 dias emocionantes de Ibiza a Bélgica, de Amsterdam a Paris, de Berlim a Budapeste. “Cada lugar foi mágico à sua maneira!” Na segunda vez em que viajou sozinha, Danielle decidiu fazer um intercâmbio para a Índia, na área de marketing. Como na primeira

vez, fez pesquisas nas redes sociais sobre a cidade em que moraria e descobriu que um rapaz de Vitória (ES) faria o mesmo percurso que ela. “Mantivemos contato pela internet durante nossa preparação para a mudança e, nesse processo, encontramos uma casa para dividir com outros sete intercambistas”, revela. “Cheguei em Chandigarh, no norte da Índia, em abril de 2014, e desembarquei direto nessa casa cheia de gente de todas as partes do mundo. Nossa família era composta por três russos, uma colombiana, uma turca, uma americana e dois brasileiros.” Ela ficou na Índia até agosto de 2014, quando decidiu mudar-se para a Irlanda para trabalhar como voluntária em uma comunidade para pessoas portadoras de necessidades especiais, em Naas, a 40 quilômetros da capital, Dublin. “Fiz


mulher a solidão tem me ajudado a refletir sobre a minha vida e condição neste mundo. É duro se sentir sozinho, principalmente pra uma pessoa como eu, que odeia estar sozinha, mas a cada dia tenho sentido que é um momento essencial para me observar e tentar internalizar o que tenho realizado desde que deixei minha casa.” Além de ter tempo para reavaliar sua vida, Danielle afirma que quando se tem companhia, tudo tem que ser feito e pensado em conjunto, o que pode ser chato e limitador. “Ao mesmo tempo, é bom ter uma pessoa para compartilhar daquele momento especial, uma pessoa que você ame e faça parte da sua vida. Uma pessoa pra você se apoiar em momentos difíceis.”

Danielle e sua tatoo, na Índia.

Dicas da Danielle para viajar sozinha: - Pesquise o máximo que puder sobre o lugar onde quer morar ou conhecer; - conheça a cultural local, a maneira com as pessoas vivem, o custo de vida ou de uma viagem como turista; - “Não tenha medo do mundo, ele está aí para ser seu. E tem muita gente por aí com os braços abertos pra te ajudar!” uma entrevista e passei por todo o processo burocrático”, conta. “Hoje, moro e trabalho com mais 13 voluntários e cerca de 20 adultos com necessidades especiais. Assim como as demais experiências, aqui está sendo um momento único e completamente diferente de tudo o que já vivenciei, tanto no campo profissional quanto no campo espiritual. Estou me redescobrindo como pessoa, como ser humano.” Ela pretende ficar lá até agosto de 2015, quando termina o ano letivo dos residentes. Aprendizado – Danielle, na verdade, nunca esteve totalmente sozinha em suas viagens. Para ela, viajar sem companhia dá a ela liberdade para fazer o que quiser, quando quiser. “Para mim, viajar sozinha é ter a possibilidade de realizar meus próprios sonhos, sem esperar que um amigo, primo, mãe estejam disponíveis para me acompanhar”, comenta. Mas a jornalista afirma que há vantagens e des-

vantagens. Ela aprendeu que estar sozinha a faz tomar suas próprias decisões e, por estar longe da família e amigos, ficou mais forte, corajosa e até mais capaz de enfrentar obstáculos. “Tenho aprendido que, sim, a vida se faz com pessoas que você ama, aquelas que fazem parte da sua vida desde sempre, mas também é feita junto e pelas pessoas que você encontra enquanto está vivendo a experiência de viajar ‘sozinho’ pelo mundo”, reflete. “São pessoas que, às vezes, convivem com você por um dia, uma semana ou poucos meses, mas que vão agregar algum conhecimento que você vai levar para sempre no seu coração.” Segundo Danielle, estar sozinha não significa necessariamente ser uma pessoa solitária. Durante sua trajetória até agora, ela tem encontrado pessoas importantes, com quem tem compartilhado momentos especiais. “Viajar sozinha é apenas não ter a presença constante de uma mesma pessoa ao seu lado no voo ou na cama de cima do albergue ou durante o almoço”, analisa. “Mas

Diferenças culturais – Ir para lugares tão diferentes do Brasil trouxe dificuldades para Danielle. Quando ela esteve prestes a ir para a Índia, percebeu que viajaria para um lugar conhecido pelo grande índice de criminalidade, especialmente estupros, e em desenvolvimento. “Mas nada prepara a nossa alma e o nosso coração para o que a Índia tem a nos oferecer, a nos surpreender.” Apesar de achar difícil deixar suas raízes, ela decidiu viajar e, depois, morar fora, porque era um desejo que tinha há muitos anos. “Eu pensava no meu emprego, carro, conforto que tinha em casa e como seria deixar tudo isso para trás sem saber como seria quando eu voltasse”, comenta. Ela lembra que alguns meses antes de ir para a Europa pela primeira vez, foi demitida e, como já tinha a viagem planejada e paga, decidiu que procuraria uma nova colocação no mercado de trabalho quando voltasse. “Duas semanas após voltar, arrumei um emprego super bacana, com um bom salário, na minha área. E, ironicamente, foi após ter passado por esse momento que decidi que, enfim, eu precisava criar as minhas asas e voar! Não havia mais necessidade de ter medo de tentar algo novo e, depois, voltar às raízes. A vida no Brasil, em Brasília, na minha casa, continua lá, e eu sei que sou boa profissional o suficiente para conseguir outro emprego, e comprar outro carro, e financiar uma casa, se for pra ser.” Quanto às diferenças culturais, a jornalista afirma que a Índia é país extremamente diferente do Brasil e que o choque e a necessidade de tempo para se acostumar e entender como a vida acontece por lá foram inevitáveis. “A comida é muito apimentada, os olhares na rua (de homens e mulheres) são constrangedores, a mão contráApê Zero 1. Nov/Dez 2014

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mulher ria do trânsito e o próprio trânsito são exemplos das diferenças”, relata. “Minha maior dificuldade foi entender o modelo de trabalho deles, como as empresas e a cabeça dos CEOs funcionam. Infelizmente, é um país que não te dá liberdade para criar, que não te proporciona um ambiente de trabalho mútuo entre empregados e empregadores. Isso, pra mim, foi o maior choque, e o que me fez desistir da minha experiência lá antes da hora.” Positivamente, as diferenças podem ser percebidas na diversidade de pessoas, cores, sabores e cheiros. “O mais impressionante na Índia é viajar oito horas subindo e chegar numa montanha encoberta por neve ou, ao contrário, viajar oito horas descendo e chegar ao Rajastão, enfrentando um calor de 40 graus.” Já na Irlanda, a principal dificuldade que encontrou foi em aprender a trabalhar com pessoas portadoras de necessidades especiais que, segundo Danielle, é uma experiência nova e desafiadora, assim como foi na Índia, porém, em outro contexto. “Aqui, tudo se baseia em compartilhar o nosso tempo, nosso carinho e nosso amor, em ter paciência. Posso dizer que a Índia me preparou para chegar aqui como uma pessoa mais paciente, mais calma, que agora consegue dar tempo ao tempo para que as situações se resolvam.” Danielle faz questão de enumerar tudo o que aprendeu ao se tornar uma pessoa que coleciona experiências internacionais. “Aprendi a ter respeito ao próximo e às diferentes culturas; a ter paciência para encarar desafios e obstáculos; saber que, às vezes, solidão é necessária e convidativa; dar valor aos pequenos momentos que as experiências proporcionam e às pessoas que amamos; viver tudo com a maior intensidade possível; e distribuir sorrisos, pois as pessoas, em geral, preferem estar próximas de quem é feliz, que encara a vida com bom humor”, complementa. Marília Scarabello: aberta às experiências A arquiteta e fotógrafa de 32 anos, Marília Scarabello, fará sua primeira viagem sozinha em 2015, mas está disposta a dividir sua experiência com outras pessoas, se encontrar alguém que se interesse pelo roteiro que está preparando com cuidado. Marília já viajou muito, para dentro e fora do Brasil. No País, ela morou em Londrina e São Paulo e já visitou Curitiba, Florianópolis, Porto 12

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Marília: planejando sua primeira viagem sozinha.

Alegre, Rio de Janeiro, Maceió, Ouro Preto, Belo Horizonte, Brumadinho, São Luiz do Maranhão, Salvador e Porto Seguro. No exterior, esteve em várias cidades dos Estados Unidos e Itália, além de ter visitado Paris, Londres, Berlim, Barcelona, Praga e Budapeste. Com tantas experiências, Marília lembra que, mesmo com companhias em suas viagens anteriores, já passou por problemas diversos. “Já enfrentei desconforto, perdi voo, dormi em aeroporto”, enumera. “A bagagem cultural que trazemos é imensa, mas qualquer viagem demanda empenho de energia, você corre riscos, ninguém fala sua língua, é maltratado em alguns lugares. Em Praga, fui parar no hospital com infecção no olho.” Mas ela ressalta que o viajante tem que estar preparado para enfrentar qualquer situação e sair da zona de conforto. Em junho de 2015, quando vai para Praga pela segunda vez, ela irá comparecer ao Quadrienal de Praga, evento que conheceu pessoalmente em 2011. “Desta vez, quero fazer vários workshops com arquitetos, cenógrafos, artistas e performers do mundo todo. É uma oportunidade de me reciclar”, afirma ela, que também trabalha como cenógrafa. Marília quer passar uma semana no evento e, depois, ir para a Croácia ou Áustria ou, ainda, Alemanha. “Minha meta é ir para um lugar desconhecido, por isso, ainda estou estudando as possibilidades”, comenta. “Sempre vou para lugares que me acrescentem culturalmente. Por

exemplo: gostaria de conhecer melhor o trabalho do artirta Hundert Waser. Ela afirma que está gostando da ideia de viajar sozinha porque poderá planejar o seu roteiro. “No entanto, acho que às vezes as pessoas não viajam sozinhas por opção, mas por falta dela”, reflete. “Considero um ato de extrema coragem e desprendimento, é saudável, mas acho mais legal estar com alguém, dividir as experiências.” Marília opina ainda que a sociedade atual está criando pessoas solitárias, que confundem independência com egoísmo. “O mundo contemporâneo é muito rápido; as pessoas não param para olhar para as coisas com calma, para se relacionar, é tudo descartável. Tenho a sensação de que as pessoas não precisam mais construir nada”, ressalta. “Você experimenta de tudo sem ter vivido nada profundamente.” Ela, que mora apenas com o gatinho vira-lata Bento (ou Cookies, seu apelido), exemplifica que estar sozinho é importante para que o indivíduo obtenha autoconhecimento. “A solidão é necessária até certo ponto, é bom para você estudar, refletir, se cuidar porque para conviver com outras pessoas é preciso gostar da própria companhia.” Ela afirma que Cookies a ensinou a respeitar o espaço das pessoas e que existem limites que não podem ser ultrapassados. “Respeitando a individualidade, ainda precisamos de todo mundo para tudo, ninguém é cem por cento independente”, analisa.


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Viver em Condominio

OS PRESTADORES DE SERVIcO DO CONDOMiNIO PODEM COBRAR DeCIMO TERCEIRO?

“São constantes as reclamações de síndicos, condôminos e moradores de condomínios edilícios sobre a cobrança de 13º salário pelo administrador ou pela empresa administradora de condomínios, em alguns casos com o título de ‘13º salário’, em outros de forma mascarada como ‘trabalho extraordinário’, ’serviço especial’, ‘elaboração e entrega de imposto de renda’, ‘despesas não previstas’, ‘fundo especial de serviço’, entre outros, mas sem as cautelas de afastar dessas ‘fantasias’ o principal, ou seja, o valor da cobrança igual ao da mensali14

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Por comungarmos da opinião do ilustre magistrado é esse nosso breve parecer sobre a matéria em tratamento. Contudo, vale lembrar que as partes gozam da liberdade de contratação, portanto, se o contratante livremente concorda com o pagamento dessa mensalidade extra e uma vez que a contratação foi aprovada segundo as regras do condomínio, não vemos óbice

à cobrança, no entanto, fato que não deve ocorrer e que veementemente refutamos é a imposição da mensalidade extra para formalização do contrato. Ratificamos então que a cobrança jamais poderá ocorrer por imposição e sim por liberalidade, devendo sempre o síndico e o seu conselho ficar atento e inteirar-se de todos os itens do contrato, para que fiquem cientes desta taxa extra cobrada pelo prestador, já que o final de ano costuma ser época de maiores gastos no condomínio.

+confira No site:

Outros artigos do advogado condominal.

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dade prevista pelo contrato, fixo ou em percentual, às vezes aquém ou além. O contrato de serviço entre condomínio e o administrador compreende todos os serviços necessários para a escorreita administração. Basta que se analise o art. 601 do CC/2002 – que corresponde ao art. 1.224 do CC/1916: ‘Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho, entenderse-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições’. O que existe entre condomínios e administradores é sempre contrato de prestação de serviços, de acordo com o Código Civil de 2002, ou contrato de locação de serviços como previa o Código Civil de 1916. Como não há vínculo empregatício entre os condomínios e os administradores de condomínios, a cobrança do décimo terceiro salário, legalmente destinado a empregados, sob qualquer título, além de se tratar de cobrança indevida, fruto de conduta imoral, pode configurar crime de estelionato ou outras fraudes e, ainda, dar ensejo para que as vítimas promovam contra esse responsável ação de restituição de indébito, cumulada ou não com prestação de contas, ou em alguns casos, até de ação de reparação de danos materiais e morais.”

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om a proximidade do final do ano, os trabalhadores de carteira assinada começam a receber a sua gratificação natalina, o chamado décimo terceiro salário, e nesta esteira muitas administradoras de condomínio e outros prestadores de serviço também acabam por cobrar de seus clientes esta “mensalidade extra”, fato que acaba refletido na taxa do condomínio e gerando a polêmica. Este assunto já foi tema de coluna em 2008, mas devido a vários questionamentos que temos recebido e também a renovação de síndicos e novos empreendimentos surgidos nestes últimos seis anos desde que abordamos a questão, julgamos pertinente retornar ao assunto. Pois é bem esta questão que buscamos enfrentar nesta coluna, tudo em razão da enorme quantidade de questionamentos que recebemos sobre o assunto. Buscando um posicionamento imparcial para esclarecer esta questão vimos trazer o entendimento do ilustre desembargador Dr. Irineu Pedrotti do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que trata especificamente dos administradores, mas também se aplica aos demais prestadores de serviço ao condomínio:

autor do artigo Carlos Eduardo Quadratti, advogado especializado em direito condominial e de vizinhança, jornalista articulista inscrito no MTB 0062156SP.


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Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação reservar a história não é fácil, por mais contraditório que possa parecer, já que as possibilidades de se arquivar informações estão cada vez mais fáceis e acessíveis. O que ocorre é que quando as pessoas participam ativamente da história, quando ela ainda é um fato, tal liberdade provoca enriquecimento cultural, mudanças e falhas. Se antigamente a história era passada de geração para geração pela tradição oral, o que gerava a perda e mudança de informações pelo caminho, há muito tempo ela é escrita, mas também (e cada vez mais) gravada em mídias, fotografada e perpetuada nas redes sociais e internet. Esteja correta ou não. Então, como preservar documentos, móveis, objetos, construções, expressões artísticas, personagens e lugares que têm sua própria his-

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tória confundida com a da época em que viveram ou foram feitos? Uma das maneiras é o tombamento, um ato administrativo feito pelo Poder Público para preservar para a população bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e até afetivo, de acordo com o site do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O tombamento pode se dar nas esferas municipal, estadual e/ou federal. No Brasil, o órgão nacional responsável pelas medidas de preservação patrimonial é o Iphan. No Estado de São Paulo quem atua é o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). Em Jundiaí, o Compac (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural) foi fundado em 2007 e tem atuado na área desde então.

Patrimônio – Para a arquiteta e professora doutora no Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Sueli Ferreira de Bem, o patrimônio cultural envolve um conjunto de bens materiais e imateriais. “Jundiaí é um município rico em seu patrimônio cultural, que se apresenta vasto, significativo e diverso. Ressaltam-se seus valores naturais, representados, por exemplo, na Serra do Japi, além daqueles construídos em áreas rural e urbana, que, integrados a modos de organização social, vem contribuindo para conferir à cidade singularidades e identidades próprias”, comenta. Segundo Sueli, parte relevante deste patrimônio pode ser observada na área central da cidade, a “colina histórica”. Ela conta que foi lá a origem da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Jundiahy nas primeiras décadas do sécu-


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João Borin, “Existem muitos bens que precisam ser tombados e, portanto, preservados para as gerações futuras, para a valorização da nossa memória.”

lo XVII. “As características físicas – de topografia, regularidade, geometria e forma alongada – deste primitivo traçado urbano estão presentes até hoje e são vivenciados cotidianamente por seus moradores e visitantes. Isto é algo muito precioso para uma cidade.” Ela explica que preservação e proteção são ações diferentes. Preservação compreende cuidados técnicos, práticos e conceituais relacionados à conservação física de um bem. “O Solar do Barão, o Polytheama e o Grupo Escolar Coronel Siqueira de Moraes são edifícios preservados em Jundiaí. Eles recebem ou receberam cuidados especiais para a manutenção de características importantes e típicas de um dado momento da história da arquitetura, da cidade, do estado ou do País”, afirma. Já a proteção envolve aspectos legais e ocorre por ordem institucional, como pode ser exemplificado pela atuação do Iphan, Condephaat e Compac. “Essas três instituições têm por atribuição zelar pelo patrimônio cultural de Jundiaí.” O tombamento, Sueli ressalta, tem sido usado como forma de proteger bens culturais de natureza material. “O tombamento pode levar à preservação, mas não é necessariamente seu

determinante. Por seu lado, a preservação pode despertar atenções e influir positivamente na proteção de um bem cultural.” Tombamento x direitos de propriedade – Quando um bem é particular há uma dificuldade maior em conseguir seu tombamento, pois este influencia no direito de propriedade. “Não é raro o proprietário de um imóvel tombado sentir-se prejudicado em seus direitos, entendendo que foi limitado por regras de preservação impostas e contrárias às suas expectativas econômicas”, analisa. “O tombamento pretende a conservação da obra com os atributos pelos quais é reconhecida e assim restringe as oportunidades de intervenção.” No entanto, ela esclarece que é possível que a preservação ocorra com menos ônus financeiro ao proprietário. E mais: a conservação das características originais de um imóvel, por exemplo, pode valorizá-lo no mercado imobiliário. “Um imóvel tombado pode ter sua função modificada, desde que esta seja adequada à preservação daquelas características reconhecidas pelo seu tombamento.” Cenário atual – “Um grande desafio é acom-

Sueli de Bem, arquiteta e professora, no lançamento do livro “Conversa de Patrimônio em Jundiaí”

panhar e propor transformações reconhecendo permanências com significado sócio cultural para moradores e visitantes da cidade. É possível conciliar desenvolvimento urbano e preservação do patrimônio cultural”, atesta Sueli. Ela comenta que o espaço urbano está em constante transformação e que as instituições e sociedade têm participado das discussões de proteção e preservação e, assim, construído uma história do patrimônio cultural. Entretanto, para o pesquisador João Borin, falta muito para que as ações de preservação e proteção do patrimônio cultural de Jundiaí sejam satisfatórias. “Uma cidade como a nossa, rica em história, que foi palco de acontecimentos importantes, poderia estar mais avançada nesse quesito”, opina. “Existem muitos bens que ainda precisam ser tombados e, portanto, preservados para as gerações futuras, para a valorização da nossa memória.” Como preservar – Segundo o diretor de Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí, Donizeti Aparecido Pinto, qualquer pessoa pode protocolar pedido de tombamento na Prefeitura de Jundiaí. “A Diretoria reúne documentação, faz levantamento histórico, verifica a pertinência e o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) delibera e decide se o bem será Apê Zero 1. Nov/Dez 2014

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tombado ou não”, explica. “Se a decisão é não, o processo é arquivado, mas se é decidido que o bem deve ser tombado, o proprietário do local é notificado.” Ele garante que algumas pessoas ficam felizes com a notícia do tombamento, mas que muitas recorrem da decisão. Maria Angélica Ribeiro, presidente do Compac, informa que o proprietário tem 30 dias para recorrer e apresentar justificativa. Depois, o recurso é avaliado pelo Compac novamente. A última fase é a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal e, a partir daí, se não houver mais desdobramentos, o bem é tombado. “O recurso do proprietário pode ser aceito se, por exemplo, ele justificar que o imóvel não tem a arquitetura original”, comenta. “Se o recurso não for aceito, o processo pode tramitar na Justiça por cerca de dois anos. Isso acontece porque muitas pessoas acreditam que irão perder a autonomia em relação à sua propriedade.” Angélica, no entanto, garante que essa informação não procede: basta que as características do patrimônio sejam preservadas. “É possível conciliar as necessidades do proprietário à necessidade de preservação da história e memória da cidade.” A cada intervenção que um imóvel precisar sofrer, ela deverá passar pela autorização do Compac. “Não se pode tirar uma janela antiga e colocar outra nova no lugar, é preciso encomendar uma a alguém que faça uma réplica ou encontrar o artigo em um antiquário, o que pode ter um valor elevado.” Se o que caracteriza uma casa é sua cor, ela não pode ser modificada, mas nada impede que o proprietário utilize -a para o objetivo que quiser, como cafeteria, livraria e até estacionamento em áreas livres. Dependendo do patrimônio, Angélica afirma que a Prefeitura pode ainda manifestar interesse em torná-lo público e dar entrada em processo de desapropriação. Donizeti informa que características originais, técnica de construção, história e importância são algumas das informações consideradas e que podem qualificar um patrimônio para ser tombado. “O objetivo é sempre preservar a história do lugar e a memória das pessoas.” Apesar de Jundiaí ser uma cidade em franco desenvolvimento, que tem atraído cada vez mais investimentos de diversos setores, ainda não possui um número elevado de patrimônios tombados, principalmente em nível municipal. “Isso 18

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Donizeti Pinto, diretor de Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí

Maria Angélica Ribeira, presidente do Compac

ocorre porque o Compac é novo [foi criado em 2007], os procedimentos são demorados e há muitas possibilidades de recursos”, conta. “Muitas pessoas ainda temem que seu imóvel antigo, se tombado, fique impossibilitado de ser usado.” Segundo Donizeti, a Prefeitura de Jundiaí, por meio da Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural, realiza um programa de educação patrimonial, normalmente ocorrido em museus. “As escolas geralmente levam seus alunos até os locais para que eles conheçam e saibam mais sobre estes lugares”, afirma. “Temos também um projeto, sem data para ser lançado, de elaboração de um catálogo com todos os bens tombados, a fim de que esta informação chegue mais facilmente à população.” Além disso, ele conta que são realizados eventos acadêmicos nos referidos locais e que a criação de projetos, como o “Sexta no Centro”, são formas de estreitar os laços da população com os bens tombados em Jundiaí. “O Sexta no Cen-

tro [evento mensal com apresentação de bandas, feira de artesanato e gastronômica que acontece em frente ao Solar do Barão] leva a população ao Centro de Jundiaí, onde estão muitos dos bens tombados, enquanto as peças e exposições de artistas plásticos da Galeria do Polytheama chamam público para o Teatro.” De acordo com o Compac, a Casa Rosa (veja mais abaixo) está em processo de tombamento, faltando apenas a realização da audiência pública para que seja concluído. No entanto, foi criado um grupo no Facebook (que conta com cerca de 100 pessoas) para se certificar de que o patrimônio será efetivamente tombado e preservado. Para isso, os integrantes realizaram no dia 8 de novembro uma mobilização com diversas expressões artísticas, em frente ao imóvel, a fim de conscientizar a população sobre a importância da manutenção de monumentos e, consequentemente, da história de Jundiaí.


De acordo com o Compac (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural), os patrimônios tombados na esfera municipal em Jundiaí são: - Sede da Fazenda Ermida Decreto nº 21.650, de 6 de Abril de 2009 Processo nº 15.777-7/2008 - Teatro Polytheama Decreto nº 22.620, de 25 Outubro de 2010 Processo nº 15.712-4/2008 - Casa Rosa, em processo de tombamento Processo 8411/2013 - Romaria Diocesana Masculina de Jundiaí Processo 8.801-2/2014 - Ponte Torta - Decreto 23.293, de 18 de Agosto de 2011 - Processo nº 15.786/2008 - Chaminé da Fábrica Japy, através de decreto municipal - Chaminé do Complexo Argos, através de decreto municipal Aos itens acima citados, o pesquisador João Borin acrescenta ainda os seguintes bens imateriais registrados como patrimônios: - Banda São João Batista - Vinho de Agricultura Familiar - Milton Domingos, o Carlitos jundiaiense - Núcleo Japi de Preservação de Patrimônio de Cultura Imaterial, formado por oito municípios (Jundiaí, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Itatiba, Itupeva, Louveira, Várzea Paulista e Vinhedo), instituído pela Comissão Paulista de Folclore Abaçaí Cultura e Arte, órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura. O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e

Turístico), que atua no Estado, tombou em Jundiaí os seguintes bens: Solar do Barão de Jundiaí Processo: 07857/69 - Tombamento: Resolução de 13/03/1970 Grupo Escolar Coronel Siqueira Moraes Número do Processo: 24929/86 - Tombamento: Resolução 60 de 21/07/2010 Gabinete de Leitura Ruy Barbosa Número do Processo: 44.853/02 - Tombamento: Resolução SC-09 de 11.03.2010 Fachada do imóvel situado na Rua Barão de Jundiaí nº 736 Número do Processo: 64142/11 - Tombamento: Resolução 43 de 04/07/2013 Cine Teatro Polytheama Número do Processo: 41522/01 - Tombamento: Resolução 38 de 16/07/2012 Grupo Escolar Conde do Parnaíba Número do Processo: 24929/86 - Tombamento: Resolução 60 de 21/07/2010 Serra do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara Número do Processo: 20814/79 - Tombamento: Resolução 11 de 08/03/1983 Complexo da Estação Ferroviária de Jundiaí Número do Processo: 60142/09 - Tombamento: Resolução 53 de 13/06/2011 Pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o único bem tombado em Jundiaí é o Conjunto das Oficinas da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (sob processo de nº 1485-T-01 de14/07/2004), que também fica na Avenida União dos Ferroviários, s/nº, no Centro.

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Confira, a seguir, as histórias de alguns bens tombados em Jundiaí: Gabinete de Leitura Fundado em 1908 por Benedito de Godoy Ferraz, o Gabinete de Leitura Ruy Barbosa (Biblioteca Circulante, Infantil e de Pesquisa, Centro Cultural e Pinacoteca), foi o último do Estado a ser inaugurado – os outros datam do século. Quem explica o surgimento do Gabinete é João Borin, pesquisador e diretor de Biblioteca do lugar que, hoje, está instalado na Rua Cândido Rodrigues, nº 301, em frente ao antigo quartel, no Centro de Jundiaí. O Gabinete de Leitura em seus mais de cem anos “testemunhou” diversos fatos históricos. Na época da fundação, foi feita a primeira assembleia, ocasião de formação de uma diretoria provisória, que conduziria a sociedade até que o estatuto e regimento internos fossem elaborados. Entre os integrantes da diretoria estavam Conrado Augusto Offa, Arthur Brasilio de Oliveira e Carlos Hummel Guimarães. À época, o local chamava-se Gabinete de Leitura Jundiahyense e ocupava um prédio na Rua do Rosário, no número 153. Mais tarde, passaria para a Rua Barão de Jundiaí, nº 69. Na década de 1920, Jundiaí passa por reformas no centro urbano, promovidas pelo prefeitura que, naquela ocasião, era de administração do Dr. Olavo de Queiroz Guimarães. “Uma das metas era a demolição da Capela do Rosário para permitir o prolongamento da Rua do Rosário”, comenta Borin. “No terreno remanescente, a Prefeitura construiu o prédio onde seria instalado o Gabinete de Leitura e o cedeu à associação que o compunha.” Em 1923, por meio do prefeito (Olavo Guimarães) e intermédio da Câmara Municipal, o local passa a ser chamado de Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, em homenagem ao político e jurista baiano falecido naquele ano. O atual prédio foi inaugurado em 5 de janeiro de 1924. Em julho, por causa da Revolução de 1924, o Gabinete foi desmontado e os livros, transferidos para outro endereço. “Na ata não consta o local para onde os livros foram levados”, comenta Borin. “O prédio passou a abrigar uma família de São Paulo que ninguém sabe o nome, já que a ata não traz a informação, o que sugere 20

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Sala interna do Gabinete, hoje

Gabinete na Década de 1920.

que devia ser alguma família importante.” Quando o Gabinete foi reconstituído, muitos dos livros foram perdidos. Em 1943, com a iniciativa de criação de um museu, o local passou a receber doações que comporiam o acervo. “O Ministério da Agricultura doou uma coleção de minerais, José Romeiro Pereira, uma espada e garrucha, esta encontrada em escavações ocorridas pela cidade.” Foram doados também documentos, moedas, cédulas, correspondências originais de figuras ilustres, como Ruy Barbosa, Campos Salles, Epitácio Pessoa, Bernardino de Campos, entre outros. No ano de 1946 ocorreu a inauguração da Pinacoteca Guelfos Oscar Campiglia, instalada no Gabinete. Quatro anos mais tarde foi realizado o “1º Salão de Belas Artes”, do qual participaram Adelina Ferrari Garcia, Fernanda Milani, Maria

Augusta Traldi, Dinah Bocchino, Lúcia Ricci, Antônio Del Monte, entre outros artistas. Em 2002 foi aberto o processo de estudo de tombamento do Gabinete a pedido da Soapha (Associação Amigos da Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico de Jundiaí). Entre as visitas ilustres que o Gabinete já recebeu, pode-se destacar Agripino Griecco, Menotti Del Picchia, Ciro Mendes, Margarida Lopes de Almeida, Dr. Carlton Prague Smith, José Feliciano de Oliveira e Professor Nelson Foot. Desde sua fundação, o Gabinete sediou a fundação do Aeroclube de Jundiaí, em 1941, assim como a do Tênis Clube de Jundiaí em 1958. Na década de 1980, recebeu o CineClube de Esquina, entidade pioneira em Jundiaí, que trazia para a cidade filmes que não integravam o circuito comercial.


Apenas a fachada do imóvel é tombada. À direita: dentro do Solar.

Fachada do imóvel da Rua Barão de Jundiaí, nº 736 Situada na Rua Barão de Jundiaí, nº 736, e atualmente propriedade de Arthur Lundgren Tecidos S.A. (Casas Pernambucanas), a história do sobrado é difícil de ser contada devido à falta de documentação que possa certificar a cronologia do local. De acordo com o pesquisador João Borin, apenas a fachada do imóvel é tombada porque o prédio, no interior, foi demolido para abrigar a loja. “A construção é do século XVIII, conforme data encontrada no próprio prédio (1754), e pertencia à Família Silva Prado”, explica. Depois, pertenceu a João Maria de Lacerda, que contribuiu para o desenvolvimento do núcleo urbano por ter propiciado a energia elétrica, e à Cúria Metropolitana, já que as famílias tinham o costume de doar suas propriedades à Igreja. “Pertenceu também ao segundo prefeito de Jundiaí, Francisco de Paula Penteado.” A casa já abrigou a farmácia São João, de João Luiz Gonzaga, e, em seguida, o consultório e a residência do Dr. Almeida, enquanto na outra porta havia a barbearia Salão Orestes. Já estiveram lá também o Bar Castelões, a pastelaria de Guido Maso, Casa das Meias, Restaurante Haiti e, mais recentemente, as Casas Pernambucanas. A fachada possui 13 metros e é vizinha ao Solar do Barão.

Solar do Barão Propriedade particular do Barão de Jundiaí, falecido em 1870, o Solar pertenceu à sua família até 1972, aproximadamente, quando Francisca Setembrina de Queiroz Telles, sua última proprietária, faleceu. Segundo a arquiteta e professora Sueli Ferreira de Bem, Francisca deixou testamento transferindo a propriedade às irmãs de São Vicente de Paulo. “A residência ficou fechada e sem uso por muitos anos, enquanto se discutiam questões de desapropriação do imóvel pelo Estado, pois o Condephaat procurava consolidar a sua proteção instalando nela um museu, o que só aconteceu em 1982, quando a construção foi restaurada e recebeu a função de Museu Histórico e Cultural de Jundiaí”, detalha. Ela afirma que o tombamento do Solar do Barão pelo Condephaat foi marcado por polêmicas entre instituições, técnicos, proprietários, profissionais liberais e moradores da cidade. “Nos anos 1960, havia uma proposta da Prefeitura de Jundiaí para demolição do Solar e construção de ampla avenida passando pelo local. Em nome do progresso, alegava-se o objetivo de liberação do fluxo de veículos na cidade”, lembra. O tombamento pelo Condephaat ocorreu em 1970 e sofreu várias tentativas de revogação, o que nunca aconteceu, e ainda contribuiu para

que a demolição e consequente descaracterização do espaço não ocorresse. Sueli comenta que o Solar do Barão, antes residência, transformou-se em espaço museológico, fato que contribui para sua preservação. “Provavelmente sua interação com a cidade é mais intensa como museu, como hoje se apresenta, do que seria se houvesse permanecido como uma residência particular. Caso fosse ainda uma residência teria passado por algumas modificações internas adaptativas, pois o modo de morar hoje é bem diferente dos momentos em que foi construído”, analisa. Hoje, o Solar permanece com sua fachada e cobertura originais. A técnica de construção usada – associação de taipa de pilão e pau a pique – ainda sustenta a antiga residência do Barão. “Ele utilizava o imóvel com a família em ocasiões festivas e religiosas, ou em fins de semana na cidade, hábito comum aos fazendeiros abastados de então.” Grupo Escolar Coronel Siqueira de Moraes O edifício do Grupo Escolar Coronel Siqueira de Moraes, localizado na Rua Barão de Jundiaí, onde atualmente encontra-se a Pinacoteca Diógenes Duarte Paes, sempre foi um edifício de propriedade do Poder Público. Inaugurado Apê Zero 1. Nov/Dez 2014

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Ponte Torta, do final do séc. XIX, será restaurada. À direita: fachada do Teatro Polytheama. como escola em 1896, foi pioneiro como Grupo Escolar no interior paulista, durante programa educacional da Primeira República. O arquiteto responsável foi Ramos de Azevedo. “Lembra os aspectos exteriores de um chalé urbano e seu arranjo arquitetônico em planta merece notas, como a solução apresentada para o sistema de circulação de pessoas”, comenta. Ela afirma ainda que o arquiteto desenhou uma ligação direta entre o acesso principal e a escada interna, de modo a separar simetricamente as alas feminina e masculina, o que se tornou padrão em outras escolas do período. O tombamento do imóvel foi concluído no final de 2010, mas a proposta tramitava desde 1986. Sueli explica que o motivo da demora foi o estudo que envolveu outros 162 edifícios escolares de São Paulo da mesma época. “Tratava-se de um estudo temático, relacionando um conjunto muito grande de cidades com todas as consequências e desdobramentos do tombamento a serem considerados.”

grantes que chegava ao País. Jundiaí abrigava, no início do século XX, dois grandes teatros particulares ligados à Empresa Venchiarutti e Cia. Um deles era o Polytheama, um dos três maiores do estado de São Paulo, o que tornava a cidade de Jundiaí conhecida regionalmente. “Um Pavilhão Polytheama, desde 1897, apresentava espetáculos populares circenses”, revela Sueli. “Em 1911, no mesmo local desse Pavilhão, concluiu-se um edifício para o teatro, que passou por grande reforma em 1930 e tomou as feições hoje conhecidas, acentuadas por um expressivo restauro proposto pela arquiteta Lina Bo Boardi na década de 1980.” A conquista do tombamento do Polyhtemama, também pelo Condephaat, veio após a desapropriação do imóvel pela Prefeitura de Jundiaí, que objetivava realizar projeto e restauração arquitetônica. “Nesse caso, a preservação do edifício foi item positivo somado aos estudos favoráveis ao tombamento estadual do edifício.” Ponte Torta

Teatro Polytheama Surgido na virada dos séculos XIX e XX, o Teatro Polytheama (Rua Barão de Jundiaí, próximo à Pinacoteca) simbolizava o progresso trazido pelo café e ferrovia, e pela grande massa de imi22

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A Prefeitura de Jundiaí e o Estúdio Sarasá deram início ao projeto de “Ações de Conservação e Zeladoria da Ponte Torta” em novembro deste ano. Diversos eventos, como palestras e carreata, visam o desenvolvimento de laços entre o

patrimônio e a população jundiaiense. Em cada encontro estão sendo realizadas ainda gravações de depoimentos de moradores sobre a Ponte, além de oficinas de prensagem de tijolos. O projeto contempla também a limpeza, higienização, aplicação de cera e outras melhorias no monumento, que receberá iluminação indireta e um belvedere – pequeno mirante - que permitirá a visão de como a paisagem era no passado. A Ponte Torta fica localizada na rua Odil Campos Saes, no Vianelo, e foi construída no final do século XIX para permitir a passagem de material para olarias e, mais tarde, de bondes. É feita em alvenaria, com tijolos de barro maciço sobre o Rio Guapeva.

Chaminé da Fábrica Japy, através de decreto municipal Situada à Rua Lacerda Franco, na Vila Arens, as atividades da Fábrica de Tecidos Japy tiveram início em 1914. A princípio, a fábrica produziu sacos de estopa e, posteriormente, uniformes dos soldados paulistas da Revolução Constitucionalista de 1932. A empresa chegou a empregar quase metade dos trabalhadores de Jundiaí, entre eles, o compositor Adoniran Barbosa. Segundo a Prefeitura de Jundiaí, em 2014 a manutenção da chaminé - ape-


sar de ser tombada pelo Compac - e do galpão da antiga fábrica fizeram parte de um acordo entre a administração municipal e a construtora PDG, que dará início a um empreendimento imobiliário no local, de manutenção dos monumentos. Até o fechamento desta edição, o Compac não enviou o número do decreto municipal referente ao tombamento da chaminé.

Chaminé do Complexo Argos, através de decreto municipal A Argos Industrial foi fundada em 1913 na Avenida Dr. Cavalcanti, na Vila Arens. A empresa de tecelagem produzia gabardines e os uniformes usados pelo Exército. O sucesso da Argos no mercado têxtil foi grande, já que contava com vendedores em todo o Brasil. Além disso, a empresa se destacava pelos benefícios sociais que oferecia a seus funcionários, como grupo escolar, escola de fiação e tecelagem, cinema, capela, biblioteca, curso pré-vocacional para os filhos dos empregados, entre outros.

Iphan: Conforme o próprio site, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional atua na esfera federal e tem sob sua tutela mais de 45 mil bens imóveis tombados; 910 edificações isoladas, equipamentos urbanos e de infraestrutura; um conjunto rural; 17 paisagens naturais; 16 ruínas; 10 jardins e parques históricos; seis terreiros; seis sítios arqueológicos; um sítio paleontológico; 417 mil objetos e bens integrados; e sete coleções e acervos arqueológicos. O Iphan possui ainda o “Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial”, que preserva, reconhece e valoriza o patrimônio cultural imaterial bra-

Chaminé da antiga Argos Industrial refletida no vidro da janela da atual Biblioteca Municipal.

sileiro, que contribuiu para a formação da sociedade: Celebrações, Lugares, Formas de Expressão e Saberes. Condephaat: De acordo com o site da Secretaria de Estado da Cultura, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico é um órgão que atua na esfera estadual, em São Paulo, e objetiva proteger, valorizar e divulgar o patrimônio cultural no Estado. Os patrimônios podem ser bens móveis, imóveis, edificações, monumentos, bairros, núcleos históricos, áreas naturais e bens imateriais. Desde 1968, o Condephaat já tombou mais de 500 bens.

Compac: Segundo o site da Prefeitura de Jundiaí, a Lei Complementar n° 443, de 14 de agosto de 2007, instituiu o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, composto por 19 membros da administração pública, sociedade civil e associação de classes, que atuam na esfera municipal. O grupo reúne-se uma vez ao mês e a população pode participar como ouvinte. Entre as principais diretrizes do Compac estão a promoção da preservação do patrimônio cultural e dos sítios históricos e arqueológicos; orientação e incentivo ao uso adequado do patrimônio histórico municipal; e a promoção da formação de cultura de preservação na cidade.

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No início da década de 1980, a Argos passou por um período de declínio devido a crises internas e problemas com a administração do local até ir à falência. Em 1989, a Prefeitura de Jundiaí comprou o prédio e, hoje, o local abriga o Complexo Argos, onde estão a TV Educativa, Biblioteca Municipal Professor Nelson Foot, e um centro de capacitação e formação para professores da rede municipal de ensino, entre outros. A creche da antiga Argos também voltou a funcionar. A chaminé também foi tombada por meio de decreto, mas o Compac não enviou o número do documento até o fechamento desta edição.

Serra do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara Localizada entre os municípios de Cabreúva, Jundiaí e Pirapora do Bom Jesus, a Serra do Japi, juntamente com as Serras Guaxinduva e Jaguacoara, integra um grupo de serras de rochas resistentes (quartzitos), que ocorrem entre a Bacia de São Paulo e a Depressão Periférica Paulista. A Serra é um raro remanescente de Mata Atlântica no interior do Estado de São Paulo e possui rica biodiversidade, pois está em região de encontro de dois tipos de vegetação: Mata 24

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Atlântica característica da Serra do Mar e Mata Atlântica do interior paulista. A Serra do Japi tem solo pobre e frágil, vegetação natural adaptada a solos de baixa fertilidade natural, e tem sua riqueza hídrica conhecida como “castelo das águas”, o que contribuiu para o processo de tombamento. Sua fauna e flora são diversificadas. É uma das últimas áreas de floresta contínua em São Paulo. Complexo da Estação Ferroviária de Jundiaí Localizado na Avenida União dos Ferroviários, na Vila Arens, o Complexo da Estação Ferroviária de Jundiaí compreende a Estação, a Vila Operária e todas as construções próximas à ferrovia até a divisa com Várzea Paulista. A Estação Ferroviária é o ponto final da antiga São Paulo Railway, depois chamada de Estrada de Ferro Santos – Jundiaí, a primeira linha férrea paulista, que ligava o interior ao litoral. O Complexo foi sinônimo de desenvolvimento econômico do interior porque a produção agrícola era escoada através dele. Construída com capital inglês a partir de 1860, a Estação teve a introdução de novas técnicas como a alvenaria de tijolos e o ferro fundido.

Sueli Ferreira de Bem lançou em outubro passado o livro “Conversa de Patrimônio em Jundiaí” pela Editora da Universidade de São Paulo. No volume, ela fala sobre a proteção e preservação do patrimônio cultural, atuação das instituições e participação da sociedade. Sueli não é natural de Jundiaí, mas afirma que a cidade foi escolhida por critérios técnicos. “Fui atraída, num primeiro momento, pelo porte dos equipamentos ferroviários que a cidade recebeu e em parte ainda conserva”, revela. “Fui percebendo durante a pesquisa que a ferrovia estava impregnada na história da cidade, e que precisava ser vista como parte de um amplo patrimônio ambiental urbano ainda pouco estudado no seu conjunto.” Fontes da reportagem: www.jundiai.sp.gov.br; www.cultura.sp.gov. br; portal.iphan.gov.br


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radar ape Os leitores pediram e a revista APÊ ZERO 1 atendeu! Esta nova seção foi criada com o objetivo de ajudar síndicos, condôminos e colaboradores de condomínios a solucionarem suas dúvidas e a conviverem melhor. Leia com atenção e aproveite as dicas.

Se na Assembleia Geral Ordinária o demonstrativo financeiro não for aprovado, o que deve ser feito? Se as contas forem reprovadas, deve haver um parecer do Conselho Fiscal e outro da Assembleia no qual sejam apontados detalhadamente os motivos de as contas não terem sido aprovadas. O síndico pode solicitar um prazo para efetuar as correções ou explicações e propor uma nova assembleia para o caso ser discutido novamente. Apenas após este procedimento, se as contas continuarem a apresentar problemas, deve-se pensar em destituição do síndico e processo jurídico. Cada caso é um caso.

É permitido que se tranque a porta do hall social que dá acesso aos elevadores e se exigir que cada morador carregue uma chave? É importante lembrar que o Corpo de Bombeiros define que rotas de fuga, em casos de incêndios, devem estar desobstruídas. Paralelamente a essa norma, é necessário levar em consideração a segurança do prédio.

Como faço para adquirir a Cartilha de Reformas e Manutenções em condomínios de acordo com a NBR 16.280? A Cartilha é fruto de um trabalho coletivo envolvendo a PROEMPI – Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário, da AEJ – Associação do Engenheiros de Jundiai, do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil, e do Conselho de Síndicos do Secovi de Jundiai E Região, com o objetivo de apresentar procedimentos para manutenção ou reformas em unidades autônomas e condomínios edilícios. O material pode ser solicitado para a Proempi, através do telefone: 11. 4586-3535

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Com quem deixar? Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e Renata Susigan

nde deixar os animais de estimação quando os guardiões viajam? Há quem contrate os serviços de hotéis especializados, mas muitas pessoas confiam apenas em familiares e amigos. Tem um aspecto que é unanimidade: para exercer a função de cuidador de um animal, seja em casa ou em um hotel, é preciso, além de gostar, ser comprometido com o bem-estar dele. Maria Augusta Marques é secretária de escola e tem dois gatos, o Félix, de nove anos, e o Tuninho (de gatuno), de quatro. Sua irmã, Raquel, sempre pôde contar ela para cuidar de suas cachorras. Maria cuidou de Alissa, uma poodle que viveu 14 anos, diversas vezes para que Raquel pudesse trabalhar e viajar. “Ela era diabética, então, a comida era balanceada. Comia ração com arroz integral e um pouco de carne, precisava de ajuda para urinar”, lembra. “Eu precisava também dar injeções de insulina nela e, às vezes, tinha que ligar para o veterinário ou minha sobrinha Paloma vir me ajudar, sempre tarde da noite.” Alissa era apegada às pessoas e lugares, por isso, não conseguiu acostumar-se com a estadia em um hotel para cachorros, certa vez. No segundo dia fora de seu ambiente, ficou triste, brava, sem comer. “Precisamos ir buscá-la”, comenta. “E quando ia passear, ficava no colo.” Como Alissa faleceu há dois anos, Raquel tem hoje uma lhasa apso chamada Hayla. Maria também cuida da cachorra quando a irmã viaja. “Ela é mais fácil de cuidar, apesar de brigar com meus gatos”, afirma Maria, que precisa planejar com cuidado toda a logística quando vai abrigar a Hayla. “Certo dia, numa manhã de domingo, ela fugiu e foi até a avenida Antenor Soares Gandra, que tem intenso fluxo de carros”, conta. “Saí correndo atrás dela, mas não consegui pegá-la de volta. Depois de uns 15 minutos, ela voltou para casa e subiu até o apartamento certo sozinha.” Maria tem várias histórias com animais para contar. Ela os adora. Tanto que Félix, seu gato mais velho, foi pego para não ter que ir para uma casa onde ficaria preso na garagem. “Gatos são mais fáceis de cuidar, são apegados à casa e aos donos, mas também são independentes e gostam de passear”, afirma.

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Rosana sabe que a ajuda é mútua.

Maria Augusta tem várias histórias com os animais, e os adora!


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Mimos para seu pet Confira as novidades do mundo pet para agradar seu bichinho de estimação:

Fotos Produtos: Divulgação

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A gatinha Nina.

Apoio – A jornalista Rosana Pagano já teve uma cachorrinha chamada Meg, mas após ela falecer há um ano, decidiu não adotar mais animais. A filha Cíntia, no entanto, depois de ser apaixonada por cães, decidiu que queria cuidar de gatos. Elas não moram juntas, mas são vizinhas “de frente”. “Cíntia achou duas gatinhas de três meses para adotar em Jarinu. Foi orientada a não separá -las, pois são irmãs e não gostariam de perder a companhia uma da outra”, conta. “Uma chamase Kika (malhada) e a outra é Nina (branca), elas têm seis meses.” Desde que chegaram, há 90 dias, as gatinhas já foram cuidadas por Rosana cinco vezes para a filha poder viajar ou sair com os amigos. “Além delas, sempre cuidei da cachorra da minha irmã Gilmara, a Mia, que tem 19 anos”, revela. Para não causar mais transtornos aos animais, ela vai até a casa da filha ou da irmã e limpa o banheiro deles, troca a água, dá comida, lava os recipientes e leva para passear. “Todos os dias”, ressalta. No entanto, Rosana encara a tarefa com bom humor, pois sabe que pode contar com a irmã e a filha, se precisar. Ela afirma que nunca deixou seus animais de estimação em hotéis e até já contratou uma pessoa para cuidar e dormir com sua cachorra em casa. “Acho que cuidam bem dos animais em hotéis, mas nunca tive coragem de deixar meus bichinhos em um, tenho dó”, complementa. 32

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1. Caixa para transporte rígida R$ 294,90 www.petelegante.com.br; 2. Corrente Audrey e pingente R$ 74,90 www.petelegante.com.br; 3. Rede para gatos R$ 129,90 www.petelegante. com.br; 4. Bandeja para gatos Chalesco R$ 34,00 www.petlove.com.br; 5. Cama Madri R$ 143,90 www.petlove.com.br. *Preços sujeitos a alteração


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Criancas

O que é

Tire o seu filho da frente do videogame e computador e o incentive a ter uma infância mais feliz e saudável.

Indique

Lembrou de alguma brincadeira que seu filho e os amigos do condomínio irão gostar, conte-nos: falecom@apezero1.com.br

Papai Noel existe, sim! Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz Papai Noel é bonzinho porque ele gosta de crianças. Ele faz os presentes e os anõezinhos ajudam a embrulhar. Quando a gente tá dormindo, ele para o trenó perto da janela, coloca o presente na porta e vai embora rapidinho porque tem muitas crianças para presentear.” Quem explica a ação secreta do Papai Noel, ricamente descrita com a imaginação de uma criança, é a comunicativa Isabelly Caroline Queiroz de Souza, de apenas quatro anos. A história narrada pela menina é fruto do incentivo de seus pais, Maurício de Souza e Daiana Queiroz, para que ela aproveite a infância com intensidade. O pai comenta que durante a época em que ele e sua esposa eram crianças, não tiveram oportunidade de imaginar nem viver fantasias. “Por isso, quisemos fazer diferente com a nossa filha”, afirma. “É importante que ela tenha belas lembranças da infância.” Quem atesta os benefícios de se acreditar em Papai Noel é a psicóloga clínica e especialista em psicopedagogia, Aline Cestaroli, que atende crianças e adolescentes em seu consultório. Para a profissional, é importante que as crianças sejam incentivadas a imaginar, brincar, acreditar em fantasias, pois a prática contribui para o desenvolvimento da criatividade e inteligência delas. “Os adultos têm recursos para se expressar ao contrário delas, que utilizam o lúdico para isso.” A psicóloga afirma ainda que está cada vez mais difícil qualquer tipo de fantasia “sobreviver” no mundo atual, devido ao acesso fácil que os pequenos, desde muito cedo, têm à tecnologia, como a internet, por exemplo. “Se a criança desconfia, não deve ser incentivada por muito

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Isabelly sabe que para ganhar presentes tem que obedecer os pais e ajudar a cuidar da irmãzinha Laura mais tempo”, revela. “Os pais ou responsáveis devem perguntar qual a opinião delas e atentar para o tipo de sentimento que a revelação pode trazer. Se esta é uma questão bem resolvida para a criança, os pais devem falar que ele existe sim, na imaginação das pessoas, mas contar que quem compra os presentes são eles, pois, desta maneira, a assimilação é mais fácil e natural, sem traumas.” Se ainda não estiver preparada, a fantasia pode continuar, uma vez que descobrir que Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e outros personagens são imaginados deve ser algo natural, que respeite o tempo de cada pessoa. “A partir dos sete anos aproximadamente elas começam a

perceber que existem diversos ‘papais noéis’, em vários lugares e passam a questionar a existência de um único bom velhinho.” Ser criança – Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criança é toda pessoa até 12 anos de idade incompletos. “Criança é um ser em formação, que está se desenvolvendo, aprendendo, precisa de atenção, carinho, cuidado, que ensinem-lhe valores e limites.” A psicóloga explica que atualmente elas são pouco estimuladas a viverem sua infância, devido ao contato com internet, jogos e até mesmo a televisão, que provocam a perda do contato com a fantasia e o enfrentamento da realidade mais


cedo, até antes da hora. “A internet também tem coisas boas”, analisa. “Existem jogos que estimulam o desenvolvimento delas, mas tem que haver supervisão.” Para incentivar a imaginação, criatividade e fantasia, os pais devem separar tempo para brincar com seus filhos, valorizar o momento em que estão juntos, criar histórias. Para Aline, os pais também devem ensinar seus filhos a aceitarem quem são. “Uma das maiores dificuldades de ser criança hoje em dia é que elas podem se sentir deslocadas”, exemplifica. “Se a maioria das meninas usa salto alto e maquiagem, é natural que a criança queira fazer o mesmo para pertencer ao grupo. É neste momento que entram os pais para impor limites e ajudar os filhos a entenderem que, apesar de todas as pessoas terem a necessidade de se sentirem aceitas, elas devem se respeitar, serem do jeito que são, sem precisarem se adequar aos padrões sociais do momento.” No entanto, este ensinamento deve vir acompanhado da segurança e exemplos que os pais devem passar aos filhos para que eles se sintam efetivamente seguros de quem são, sem precisarem mudar para serem aceitos. Pulando etapas – Aline orienta que as crianças “crescem” cada vez mais rapidamente porque existe grande parcela de pais que terceirizam a atenção que deveriam dar a seus filhos para outros recursos, como computadores. “É mais fácil satisfazer a vontade do filho do que impor limites”, ressalta. “Não filtrar o conteúdo que as crianças acessam na internet, não checar o que elas assistem na televisão pode trazer prejuízos, porque dependendo da idade, elas não conseguem distinguir ainda a realidade da fantasia, podem achar que absolutamente tudo é permitido, e isso faz a criança crescer intolerante, sem capacidade de lidar com frustrações, despertar muito cedo para a sexualidade.” De acordo com Aline, o mundo atual exige que as experiências sejam vividas rapidamente, então, levar uma criança para escolher o seu próprio presente de Natal é mais fácil do que criar um mundo onde o Papai Noel exista. “Ninguém nasce sabendo, as pessoas tornam-se pais por diferentes motivos, mas conseguem aprender conforme seus filhos crescem. Para isso, precisam estar atentas a eles”, avalia. As dificuldades de ser criança também estão relacionadas ao fato de elas, muitas vezes, terem contatos com outras mais velhas, que podem ser

Para a psicóloga Aline, é importante que toda criança viva a fantasia do Papai Noel. os irmãos ou colegas de escola. “Ao irem muito novas para a escola, as crianças são inseridas em um contexto que exige que se adequem às necessidades”, informa. “A socialização que ocorre no ambiente escolar é positiva, traz estímulos, aprendizado, mas é necessário que se tenha equilíbrio, que se respeite o tempo para as etapas da vida acontecerem naturalmente.” Quando se “pula” etapas do desenvolvimento, não se vive cada fase plenamente. Aline exemplifica: “uma adolescente que engravida não vive plenamente as experiências desta fase.” Outro problema de “crescer” muito rá-

pido é que a criança não é madura o suficiente para entender e enfrentar as consequências das experiências pelas quais passa precocemente. Pelo contrário. “Anseio é algo natural, é normal que qualquer pessoa queira descobrir coisas novas”, garante. “Entretanto, se uma criança chega à adolescência pulando etapas, cresce sem aproveitar as novidades da vida e pode buscar novos prazeres em drogas, por exemplo, já que não encontra mais motivação nas descobertas naturais. Pode não estar psicologicamente preparada. Se respeitar o processo natural, o amadurecimento acompanha.” Apê Zero 1. Nov/Dez 2014

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Isabelly vai pedir uma bicicleta para o Papai Noel...

Respeitar cada fase – Maurício de Souza, motorista de ônibus, e a esposa Daiana Queiroz, pais da garotinha Isabelly, afirmam que querem que a filha aproveite a infância ao máximo, acredite em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, contos de fadas. “Isso a faz ser criança!”, ressalta Maurício. Para isso, os jovens pais criam um mundo fantástico onde existem a tradicional árvore de Natal, os presentes, a tentativa de encontrar o bom velhinho e a esperança de conseguir vê-lo no ano seguinte. Mas a menina sabe que para ganhar presentes tem que obedecer os pais, comer toda a comida, ajudar a cuidar da irmãzinha Laura, de oito meses, e guardar a bagunça. Para ela, nada disso é problema, já que garante ser uma boa filha. “No ano passado, ganhei um carrinho e uma piscina de bolinhas”, lembra. “Este ano, vou pedir uma bicicleta.” Para escrever a cartinha terá ajuda dos pais. Juju, apelido de Juliana Picolo, de sete anos, está no primeiro ano do Ensino Fundamental. Esperta, sua matéria preferida é matemática. Quando crescer, quer ser professora porque gosta de ajudar as amiguinhas. Ela conta que já viu o Papai Noel duas vezes no shopping e que adora a época do Natal. Este ano, escreveu uma cartinha pedindo a Cléo Monster High, acessórios e o banheiro para a boneca. Mas em sua casa, o Papai Noel age de maneira diferente. 36

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...já a Juju, a Cléo Monster High, acessórios e banheiro para a boneca.

Lá, ele liga primeiro para se certificar de que ela foi uma menina obediente e perguntar o que quer de presente. Depois, os pais dela dão dinheiro a ele. “Porque o Papai Noel não tem dinheiro pra comprar presente pra todas as crianças”, comenta Juju. E continua: “No Natal, eu e meu pai [Joel] penduramos uma meia na janela com grama e cenoura para as renas comerem porque elas viajam muito e, depois, o Papai Noel deixa o presente.” A mãe, Rosângela Picolo, professora universitária, explica que sua família sempre teve o costume de preservar a imagem do Papai Noel e que ela, assim como o marido, passa a tradição para a filha. “Acho importante transmitir a tradição para minha filha porque parece que as crianças estão crescendo cada vez mais cedo”, lamenta. “Há meninas que,

com a idade da Juju, já querem se produzir e ir ao shopping para ver meninos.” Rosângela afirma que não contará a verdade para a filha, deixará que ela descubra naturalmente. “É sadio acreditar, pois ajuda a pessoa a lidar com decepções, é um exercício de esperança.” A psicóloga Aline conclui que, independentemente da crença de cada família, é importante que toda criança viva a fantasia do Papai Noel, entre tantas outras. “Não faz mal a ninguém acreditar em um bom velhinho, generoso, que realiza desejos, que pede às crianças para serem boas alunas, pois isso ajuda as pessoas a terem fé na vida.” Segundo ela, mais importante do que comprar presentes, o Natal é uma data para se renovar a fé naquilo que se acredita, inclusive no Papai Noel.

Se seu filho quiser enviar uma cartinha para o Papai Noel oficial, que mora lá na Finlândia, aqui está o endereço: Santa Claus Post Office, FI-96930 Arctic Circle


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3° Setor

O que é

Histórias que são lições de vida estão presentes nesta editoria, ligada diretamente com o 3º setor.

Indique

Se você conhece alguma história emocionante vivenciada em entidades filantrópicas de Jundiaí, conte-nos: falecom@apezero1.com.br

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Viver plenamente Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz ma hérnia de disco e reumatismo na coluna fizeram a ativa senhora Maria Odília Simoni Neworal, de 72 anos, mudar sua rotina. Fazer massas para vender – entre macarrão, lasanha e mais uma infinidade de tipos – foi a atividade preferida de Dona Odília durante 15 anos, que fazia algo que gostava (cozinhar) e ainda ganhava dinheiro. Dona Odília é casada há 52 anos com Rubens Otto Neworal, tem três filhos (Maria Roberta, Tadeu e Laura) e quatro netos (Clara, Giulia, Artur e Letícia). Aposentada há sete anos, ela conta que o Grupo Longevitá, do Lar do Idoso de Jundiaí, ajudou-a a superar o difícil momento em que precisou parar de trabalhar e dirigir. “Não cheguei a ter depressão, mas passei por um momento muito difícil, de bastante tristeza”, explica. No entanto, no final de 2013, ela conheceu o Longevitá ao frequentar as aulas de Lian Gong da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Caxambu, mesmo local onde o Grupo se reúne. “Não foi fácil diminuir o ritmo, mas ao assistir às palestras e fazer as atividades do Longevitá, consegui aceitar os limites que a idade, às vezes, impõe”, revela. “Aprendi como realizar minhas tarefas diárias sem prejudicar minha saúde, mas principalmente sem ficar ansiosa por não fazer mais.” A senhora participa das aulas de artesanato, Dança Circular e palestras com médicos, assistentes sociais e Guarda Municipal sobre autoestima e valorização da terceira idade, segurança do idoso, doenças do coração, entre outros temas direcionados ao público. “Recebemos também a visita dos estudantes da Faculdade de Medicina de Jundiaí, que nos pesam, medem nossa pressão, conferem o índice de glicemia e realizam atividades conosco também.” Os cerca de 20 membros do grupo estrei-

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Para Dona Odília, manter-se ocupada melhora, inclusive, a convivência dentro de casa.


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taram tanto seus laços de amizade que vão juntos a bailes e jantares dançantes em São Paulo, fazem festas juninas, promovem almoços e passeios a parques. “Temos também aula de música com o professor Fernando, com quem aprendemos a cantar. Nós até gravamos um CD com três faixas no estúdio dele”, orgulha-se. História – Dona Odília nasceu em Sorocaba e estudou em colégio de freiras Beneditinas até o ginásio. Depois, cursou técnico em Contabilidade, mas nunca exerceu a profissão. “Com 20 anos, casei-me com Rubens e, depois de três, fui trabalhar como cozinheira no Mosteiro São Bento, onde meu marido era administrador”, conta. “Fiquei sete anos lá.” Ela lembra que há quatro décadas o casal chegou em Jundiaí. “Meu marido trabalhou na Ideal Standard e Cereser, enquanto eu cuidava dos nossos filhos”, comenta. “Quando eles cresceram e entraram no Ensino Médio, passei a fazer massas, pães e sonhos para vender, pois já tinha experiência como cozinheira.” Segundo Dona Odília, o início no Caxambu – onde mora até hoje – foi um desafio, pois o bairro era um pouco “fechado”. “Quando cheguei, os moradores se conheciam, mas eu não conhecia ninguém. No entanto, com o passar do tempo, fui fazendo amizades”, ressalta. “Frequentar o Longevitá me ajudou muito neste aspecto também.” Hoje, ela não deixa de realizar suas atividades, mas respeita seus limites para não prejudicar a saúde. Dona Odília frequenta há 18 anos um grupo de oração do bairro. Quando os integrantes se reúnem, rezam o terço, leem o Evangelho e tomam café. Além disso, ela gosta de manter sua casa arrumada, fazer bolos e doces, ler jornais e livros. “Procuro me manter informada sobre os acontecimentos do País e do mundo”, explica. “Com relação aos livros, gosto daqueles que me transmitam algum ensinamento”, comenta. Sobre frequentar o Longevitá, seu hobby, Dona Odília afirma que é importante ter uma atividade em qualquer idade, mas que para isso é necessário que a pessoa seja “aberta”. “Tem gente que acha que participar de grupo como o nosso é perder tempo, mas as pessoas devem tentar, pois assim elas perceberão que manterse ocupado faz bem para a saúde física, emocional, mental e melhora, inclusive, a convivência dentro de casa”, sugere. 40

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Aprendi a realizar minhas tarefas sem prejudicar minha saúde,

Lar do Idoso Reconhecido como entidade de utilidade pública municipal em 2007 pela Câmara Municipal de Jundiaí, o Lar do Idoso atualmente mantém o Grupo Longevitá, que teve início em setembro de 2013 na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Caxambu, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde e da gerente da unidade, Marilu. Os principais objetivos do Grupo são a prevenção contra o isolamento do idoso, aprendizado de tarefas diversas, desenvolvimento de amizades e habilidades, além de comemorações. O projeto é destinado a pessoas a partir de 55 anos, que, semanalmente, reúnem-se com a assistente social da entidade para participarem, entre outras atividades, da Terapia Comunitária, aula de música (com o professor voluntário Fernando), aula de artesanato, palestras, dinâmicas de grupo e confraternizações, como passeios a locais públicos, feiras, bailes e celebração de datas comemorativas. O Grupo Longevitá contabiliza 610 participações, de 16 de janeiro a 25 de setembro de 2014, com reuniões semanais e outra extra por mês, às sextas-feiras, para realização da Dança Circular, um método terapêutico caracterizado pela execução de uma coreografia que trabalha movimentos, atenção, coordenação e flexibilidades dos idosos. O Lar do Idoso precisa de apoio para continuar suas atividades. Por isso, quem puder contribuir mensalmente com um valor mínimo de R$ 20, deve entrar em contato pelo email laridoso@hotmail.com ou depositar notas ou cupons fiscais, sem CPF, nas urnas credenciadas, disponíveis nas praças de alimentação dos shoppings de Jundiaí e cidades da região.


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turismo

O que é

Vamos conhecer e indicar locais centenários.

Já foi?

Esteve no Rei do Filet? Envie uma foto para a gente: falecom@apezero1.com.br

100 anos

Já foi em algum café, doceria, padaria ou restaurante centenário? Conte-nos sua experiência!

Colombo: sofisticação centenária e democrática Reportagem: Renata Susigan Fotos: Divulgação ma pesquisa sobre o centro do Rio de Janeiro e a minissérie Chiquinha Gonzaga, protagonizada pela atriz Regina Duarte em 1999, foram o incentivo para Maria Helena Barsanelli Cella, bibliotecária aposentada, conhecer a centenária Confeitaria Colombo. No final do ano de 2008, Maria Helena e o marido, Vladimir Cella, em uma de suas muitas viagens, fizeram um cruzeiro de Santos a Salvador, com parada no Rio para assistir à queima de fogos de artifício no orla de Copacabana. Apesar de já conhecerem a cidade e os principais pontos turísticos, pesquisaram na internet os locais que gostariam de explorar melhor no centro e a Confeitaria Colombo, tradicional e famosa, foi um dos locais que eles fizeram questão de conhecer. “Na verdade, tenho vontade de conhecer a confeitaria desde que assisti à minissérie Chiquinha Gonzaga com a Regina Duarte”, comenta. “Lembro que os personagens iam até lá para degustar comida boa e conversar.” Fazer o percurso do centro a pé foi importante para que Maria Helena e Vladimir aproveitassem cada detalhe do passeio. A confeitaria fica na rua Gonçalves Dias que, segundo Maria Helena, apesar de ter belas construções antigas, não é muito atraente por falta de cuidados. “A confeitaria chama atenção, pois contrasta com os outros imóveis da rua”, explica. “Ela é imponente, tem vitrais e lustres lindos; o teto e o piso são maravilhosos, todo trabalhados.” O casal ficou na confeitaria durante uma tarde inteira, no Bar Jardim, um dos ambientes do estabelecimento. “Provamos o bolinho de bacalhau e o croquete de carne, tomamos chopp e comemos o folhado de creme e coco

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A centenária Confeitaria Colombo já foi cenário da minissérie Chiquinha Gonzaga.

e a torta de nozes”, descreve. “Estava uma delícia, tudo feito com capricho, com ingredientes de qualidade.” Ela revela que em relação a lanchonetes comuns, o valor gasto na confeitaria é um pouco mais elevado, porém, recompensador. “Além de os quitutes serem excelentes, o atendimento é ótimo. Os garçons são pessoas mais velhas, que trabalham lá há bastante

tempo, são atenciosos e educados”, elogia. Algo que chamou bastante atenção de Maria Helena foi a diversidade da clientela, formada por jovens, idosos, famílias, turistas e trabalhadores. “Cada pessoa estava vestida de um jeito, comendo em um ambiente diferente”, lembra. “Algumas vão para almoçar, outras para tomar um cafezinho ou encontrar os amigos: todos são bem-vindos.”


Para Maria Helena, a experiência de visitar um lugar tão famoso, centenário e que já recebeu ilustres de diversos países do mundo foi uma experiência marcante. Como aproveitou bem o tempo que passou na Colombo, ela sugere que as pessoas façam o mesmo, ‘separem’ um período inteiro tomar café da manhã, pois é mais fresco e menos lotado, e à tarde, façam um happy hour e aproveitem a música ao vivo. “Seja qual for o horário, vá sem pressa para aproveitar, comer comida boa, bater papo e ouvir música.” Viagens – Maria Helena já conhecia o Rio de Janeiro antes da viagem em que foi a Confeitaria Colombo. “Naquela vez, quis explorar melhor o centro da cidade”, comenta. Entre os locais onde esteve, visitou a Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal, o Palácio do Governador e o bairro Santa Teresa. O casal fez todo o percurso no Rio a pé, de táxi ou de ônibus, e aprovaram a ideia. “Achei o transporte de lá eficiente: os ônibus têm ar-condicionado, você compra o bilhete para 24 ou 12 horas e eles param onde você quiser.” Ela conta ainda que faz duas viagens por ano: uma no Brasil e outra ao exterior. Ela conhece praticamente o País inteiro, do Sul ao Nordeste, passando por Minas Gerais e suas cidades históricas. “Já estive também em várias cidades dos Estados Unidos, Itália, França e Reino Unido.”

Maria Helena lembra que o ambiente é frequentado por clientela diversificada e que os quitutes são ótimos!

Confeitaria Colombo Centenária, a Colombo foi inaugurada em 1894 e hoje faz parte do patrimônio histórico e artístico do Rio de Janeiro, como símbolo máximo do que representou a belle époque na vida da cidade. É um dos pontos turísticos e culturais mais famosos do Rio. Frequentada por uma clientela diversificada, a Colombo foi (e ainda é) ponto de encontro da intelectualidade e boemia, onde se reuniram poetas, literatos e artistas, chegando a ser considerada uma extensão da Academia Brasileira de Letras. Está imortalizada na literatura nacional como cenário de diversas histórias, foi consagrada como tema de Carnaval na marchinha “Sassaricando” (1952), na voz da vedete Virgínia Lane, e recebeu presidentes e a realeza, como o rei Alberto da Bélgica, em 1920, e a rainha Elizabeth da Inglaterra, em 1968. Olavo Bilac, Machado de Assis, José do Patrocínio, João do Rio, Washington Luiz, Epitácio Pessoa, Getúlio Vargas e muitos outros foram assíduos frequentadores deste local, palco de inúmeros debates políticos. A Colombo tem decoração art nouveau, que remete aos salões europeus daquela época: espelhos belgas, mobiliário em jacarandá e bancadas em mármore italiano. Possui três ambientes: Bar Jardim, Restaurante Cabral e o refinado Restaurante Cristóvão, que fica no segundo andar. O Café do Forte, na praia de Copacabana, também pertence à Confeitaria.

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Multiplicadores Sebo Jundiai

O que é

Em Multiplicadores, mostramos as pessoas que fazem a diferença com projetos simples e funcionais.

Participe

Conhece alguém no bairro, escola, faculdade, trabalho, enfim, uma pessoa que tem a visão de mudança positiva para a cidade e as pessoas? Indique para a gente.

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Contribuindo para preservar a memoria de Jundiai Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

Raio-X Maurício Ferreira é professor, advogado e proprietário do Sebo Jundiaí, que cede as fotografias antigas utilizadas na seção “Curiosidades da Terrinha”, da Apê Zero 1. Sua irmã, Márcia, costuma dizer que ele já nasceu com saudades, pois já colecionou de tudo e, hoje, sua mais preciosa (talvez!) coleção está disponível gratuitamente no Facebook para quem quiser usar: 7500 fotos de famílias, lugares, empresas e momentos. Sebo Jundiaí Rua Torres Neves, 271 Centro 11 2816-3387 / 2449-2140 Facebook: Sebo Jundiaí

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paixão de Maurício pela fotografia começou quando ainda criança, pois era o mais atento ouvinte dos causos que seu avô, Zé Ferreira, contava. “Ele contava histórias e eu, mesmo sendo muito pequeno, conseguia imaginá-las”, lembra. “Ele também me mostrava fotos frequentemente e eu passei a guardar todas da minha família.” No entanto, ele teve a ideia de montar um sebo quando tinha 16 anos e conheceu estes lugares cheios de história em São Paulo, no final da década de 1970, quando trabalhava em uma agência de turismo como office boy e ia, diariamente, para a Capital a serviço.

Você poderia detalhar como foi seu primeiro contato com as fotografias? Quando era pequeno, meu avô paterno, Zé Ferreira, era um grande contador de causos e eu adorava ouvi-lo. Ele contava os detalhes e eu conseguia imaginar as histórias. Ele também vivia me mostrando fotos. Com seis anos, comecei a guardar as imagens de família porque gostava e era muito zeloso. Minha paixão começou nessa época. Por isso, minha irmã, Márcia, sempre fala que eu já nasci com saudades, porque gosto de documentar histórias, seja de pessoas, lugares ou acontecimentos. Depois de adulto, passaram a me dar fo-

tografias, que comecei a colocar no Orkut. Nessa época, tive grande repercussão. Mas o sucesso imediato veio em 2013, quando transferi todo o meu acervo fotográfico de 7500 fotos para o Facebook. E quando ocorreu a ideia de montar o sebo? Por quê? Fundei meu sebo há 10 anos, mas guardo a ideia comigo desde os 16. Em meu segundo trabalho com carteira assinada. Fui office boy de uma agência de turismo e tinha que ir para São Paulo todos os dias a serviço. Foi lá, no final da década de 1970, que conheci os sebos, muitos com mais de 100 anos hoje. Gostei da ideia. As pessoas procuram muito pelos sebos, antes mesmo de irem a uma livraria, pois a economia pode chegar a 70%. Hoje existe também a responsabilidade ambiental, incentivada pelas escolas, e muitos volumes que você não encontra em livrarias, encontra nos sebos. Quantos e quais artigos você tem em seu acervo? Tenho um dos maiores acervos do interior: 60 mil livros, 300 mil revistas, 10 mil CDs, dois mil DVDs, 100 mil gibis, HQs e mangás. Tudo que tenho foi comprado de terceiros, ponta de estoque ou trocado. Tenho também as 7500 fotos publicadas no Facebook e, os arquivos físicos, bem guardados comigo.


Multiplicadores Sebo Jundiai Por favor, fale sobre algumas imagens raras e curiosas que existem em seu acervo. Tenho uma foto de 1956 que é rara, pois retrata a Avenida Nove de Julho naquela época, quando tinha apenas o Córrego do Mato e vegetação. Em outra, o “Detetive Susto” aparece ao lado de sua mãe, com seu tradicional paletó preto e o crachá de detetive. Ele foi muito famoso nos anos 1960. Já recebeu algum objeto (livro, revista, brinquedo, foto) inusitado? Qual? Geralmente aparecem muitas raridades fantásticas no que diz respeito ao patrimônio histórico e cultural da cidade. Em certa ocasião, recebi de uma senhora de 89 anos uma boneca linda e perfeita, que ela ganhou quando tinha quatro anos de idade. Sabe de amizades que tenham sido reativadas, de pessoas que se reencontraram, por causa das fotos? Muitas, dezenas delas, principalmente em fotos do álbum “Escolas de Jundiaí”, que as pessoas visitam para recordar o tempo em que estudavam e sempre encontram colegas daquela época, décadas depois. Por que você decidiu publicar suas fotos no Facebook e disponibilizá-las gratuitamente? Se cobrar pelo uso das fotos, meu trabalho perde o sentido. Minha intenção é ajudar as pessoas a terem contato com a memória da própria cidade, lugares especiais. Por exemplo: um jornal diário imprime seis mil exemplares. Em minha fan page, 80 mil pessoas veem as fotos em 24 horas. A abrangência é muito grande e o uso que cada um faz delas tem sua importância. Como é a interação? Cerca de 100 mil pessoas interagem na página semanalmente. Tenho cinco mil amigos em meu perfil pessoal (que é o limite), por isso, tive que criar uma fan page. Recebo 80 mensagens de agradecimento por dia pelo fato de publicar as fotos. As visitas são realizadas por pessoas a

partir de 35 anos, mas a interação acontece mais com quem tem entre 50 e 85 anos. Os jovens gostam de ver as fotos pela beleza, os mais velhos, pela história mesmo. Tem pessoas de fora do País que entram em contato comigo por causa das imagens. Uma senhora, que hoje mora no Japão, já me escreveu dizendo que eu levo Jundiaí a ela todos os dias. Fico feliz, emocionado porque a finalidade é essa: ajudar as pessoas a criarem um vínculo afetivo com a cidade. Qual a importância dessa iniciativa para a população? Colaboro com a Prefeitura, empresas, professores, alunos fazendo Trabalho de Conclusão de Curso, que recorrem ao acervo à procura de um arquivo histórico de pessoas, lugares, empesas, fatos. Quando as fotos são acessadas, acontece uma revisitação da história. A população fala sobre uma época que muitos nem lembram mais. A gratuidade deve-se ao fato de eu amar esta cidade, sua história e ser um entusiasta da preservação de sua memória. Deixar fotos na gaveta pode ter sentido para algumas pessoas lembrarem de seus entes queridos, por exemplo. Mas na internet, a dimensão e abrangência são maiores. Cuidar da cidade é obrigação de todos, então, desenvolver um vínculo com Jundiaí por meio de fotos é um ótimo começo para ser um cidadão mais consciente e participativo. Quais são seus planos? Bem, eu também coleciono brinquedos que vão da década de 1920 até hoje. Serei curador de uma exposição que acontecerá no próximo ano. Também estou pensando em fazer com os internautas uma eleição das 100 fotos com maior interação para publicá-las em um livro, e distribuir em escolas de Jundiaí em 2015.

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Curiosidades da Terrinha

O que é

O que você acha de resgatar o passado da nossa cidade? Acompanhe as fotos e histórias sobre locais que ficaram guardados na memória.

Colaboração Contato

Esse trabalho só é possível com o apoio do professor Maurício Ferreira, do Sebo Jundiaí.

Escola Conde do Parnaiba Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e Renata Susigan entenária, uma das mais antigas, uma das primeiras a terem o banheiro na parte interna do imóvel, pioneira do modelo de ensino integral para o Ensino Médio em Jundiaí e tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - órgão ligado à Secretaria de Estado da Cultura), a Escola Estadual Conde do Parnaíba coleciona fatos importantes e curiosidades marcantes em sua história. A escola foi fundada em 2 de abril de 1906 como Casa de Ensino. De acordo com a diretora do local, Mônica Rodrigues, os documentos que a escola mantém arquivados revelam que o terreno foi doado pelo Coronel Boaventura Mendes Pereira (na época, mantenedor do Hospital São Vicente de Paulo) para o Estado. “Ele indicou como patrono Antônio de Queiroz Teles Filho, o Conde do Parnaíba, filho do Barão de Jundiaí, Antônio de Queiroz Teles”, comenta. Durante as próximas décadas, a instituição passou por mudanças: em 1906, tornou-se oficialmente Grupo Escolar Conde do Parnaíba; em 1923, houve a construção do prédio – hoje tombado; em 1969, recebeu o Segundo Ginásio Estadual de Jundiaí Professor Lázaro Miranda Duarte, mesmo ano em que outro prédio foi construído para atender a demanda; em 1976, a instituição teve o nome mudado para Escola de Primeiro Grau Conde do Parnaíba e a unidade Lázaro Miranda foi transferida para o bairro Boa Vista (onde existe até hoje); 1983 foi o ano de instalação do segundo grau; e 2006 foi o ano de comemoração do centenário, mesmo do tombamento. O prédio tombado e mais antigo possui seis salas de aula, laboratório de informática, Sala de Leitura (antiga biblioteca), dois banheiros, uma sala de coordenação, vice-direção e direção,

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Sebo Jundiaí: 11 2816-3387 | 2449-2140


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Curiosidades da Terrinha banheiro e sala de professores, e sala do Protagonismo Juvenil (onde ocorrem as reuniões do grêmio estudantil e tutoria acadêmica, própria do modelo de ensino integral). “O Conde estreou o modelo atual há três anos, em Jundiaí é a pioneira”, conta Stella Maris do Amaral, professora de Português e Professora Coordenadora Geral (PCG), que dá aula na escola há 15 anos. O modelo de ensino compreende nove aulas diárias, que fazem parte da base nacional de ensino: Português, Matemática, Geografia, História, Biologia, Física, Química, Inglês, Sociologia, Filosofia, Artes e Educação Física. Os alunos entram às 7h30 e saem às 16h30 e fazem três refeições no local (café da manhã, almoço e café da tarde). “Hoje, existem mais três escolas em Jundiaí que são integrais”, afirma Stella. “A incorporação do modelo integral depende da demanda da sociedade e de solicitação da própria escola à Secretaria de Estado da Educação, que realiza estudo de viabilidade”, explica Mônica. As diferenças entre o ensino integral e o comum são as aulas da área Diversificada. “No primeiro dia na escola é realizado o Projeto de Vida, em que alunos ingressantes são acolhidos pelos jovens acolhedores”, comenta Mônica. “Eles (ingressantes e acolhedores) passam um dia e meio fazendo atividades, oficinas, relatos, varal dos sonhos, conversas sobre o que esperam e planejam para suas vidas.” De acordo com ela, essa prática gera duas disciplinas: a Projeto de Vida (apenas para os dois primeiros anos do Ensino Médio, em que os alunos trabalham o autoconhecimento) e a Eletiva. “A Eletiva reúne o material produzido em disciplinas com privilégio das áreas de interesse de cada aluno, como por exemplo, gastronomia e edificações”, exemplifica Stella. Além destas, existe a Preparação para a Vida Acadêmica (PAC), durante a qual os alunos pesquisam cursos, profissões, universidades, Enem, fazem simulados; a Introdução ao Mundo do Trabalho (IMT), realizado em parceria com o Instituto Unibanco, é destinada para alunos que querem trabalhar e estudar ou apenas trabalhar, já que cada um tem necessidades e interesses diferentes. Nesta disciplina, eles são preparados para ingressar no mercado de trabalho, aprendem a fazer currículo, como portarem-se em entrevistas e fazem dinâmicas de grupo. Há ainda a Orientação de Estudos, na qual os estudantes aprendem técnicas de estudo. Para Mônica, o acolhimento que ocorre nos pri48

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As educadoras consideram o grupo como uma grande família. meiros dias de aula, assim como as matérias da área Diversificada, integram os alunos e não dão espaço para trotes e bullying. “Nos consideramos como uma grande família, pois temos uma relação de confiança que é construída desde o primeiro dia.” Já Stella afirma que os resultados do modelo integral podem ser percebidos com o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp). A nota do Conde subiu significativamente em pouco tempo, cerca de três anos. “Em 2011, ainda no modelo antigo, nossa nota foi 1,72, enquanto a média do Estado foi 1,78”, comenta. “Em 2012, já com o modelo integral implantado, subimos para 3,57, enquanto São Paulo foi para 1,91.” Em 2013, a nota foi 4 e a estadual 1,83, motivo pelo qual a escola foi destaque no portal IG. As notas variam de zero a 10 e as notas do Conde são consideradas ótimas tanto pela diretora quanto pela professora. Outra conquista do Conde é a nulidade da vazão escolar há cerca de três anos. Tradição e inovação – Na Escola Conde do Parnaíba a tradição “caminha” aliada à inovação tecnológica. O prédio mais novo da instituição abriga dois laboratórios (para aulas práticas de Matemática, Química, Física e Biologia) e seis salas. Todos os espaços contam com projetores interativos/digitais. Há ainda os carrinhos itinerantes com 120 netbooks para os alunos usarem durante as aulas. Em 2006, por ocasião do centenário, o Conde passou por mudanças. O prédio mais antigo foi restaurado e o mais novo reformado. “Foi neste ano que o prédio antigo foi tombado pelo Condephaat por ser centenário e pelo fato de a

escola ser uma das mais antigas de São Paulo”, afirma Mônica. Stella ressalta que estudar em uma escola com tanta história e importância para a cidade e São Paulo, faz os alunos terem orgulho. “Eles respeitam a estrutura física dos prédios e as pessoas participam ativamente das aulas e atividades.” Atualmente, a instituição possui 350 alunos, 20 professores, um professor para a Sala de Leitura, um Professor Coordenador Geral, três Professores Coordenadores de Área, um vice-diretor, uma diretora e seis agentes de organização escolar (que atuam na secretaria ou no pátio com os alunos), além de quatro ajudantes de limpeza terceirizados. Os alunos participam da Feira Científica Estadual, junto com outras escolas, feiras de profissões, Cultura é Currículo – programa da Secretaria de Educação, que abrange todas as escolas estaduais –, entre outros eventos. A entrada no Conde não é por meio de processo seletivo, mas por matrícula de quem demonstra interesse primeiro, como nos outros lugares. A escola tem capacidade para receber alunos portadores de necessidades especiais. “Quando isso ocorre, se necessário, os professores usam a Sala de Recursos, que é itinerante, toda equipada e tem um professor especializado que dá apoio”, explica Mônica. “Se não é necessário, não usamos a sala e nós mesmos atendemos a demanda”, complementa Stella. Sobre o costume de cantar o Hino Nacional e hastear a bandeira, elas afirmam que, apesar de haver projeto para implantação, esta tradição ainda não está em vigor. “No entanto, os professores trabalham a letra e a parte histórica do hino em sala de aula”, finaliza Mônica.


Utilidades

restaurante

educação

Automóveis

academia

classificados

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cronica

CHURRASCO COM O PATROCiNIO DO CARECA

Divu lgaç ão

Todo condomínio tem problemas de relacionamento entre gerações, principalmente quando as ruas se transformam em pistas de skate. Foi assim, numa grande confusão envolvendo moradores, seguranças, Polícia Militar, boletim de ocorrência e para fechar com chave de ouro, até um processo por Danos Morais. Naquela sexta-feira, os meninos se reuniram para andar de skate, ouvir música e jogar conversa fora, mas escolheram o lugar errado, bem em frente a casa do morador mais irritado do conjunto. Quando faltavam poucos minutos para as 22 horas, o morador aborrecido com o barulho, saiu a rua e ofendeu todos os meninos com palavras que não posso escrevê-las aqui. Os meninos se dispersaram, mas não deixaram barato. Voltaram na calada da noite e picharam a casa do morador com o apelido que ele mais odiava: CARECA. Quando acordou e viu a fachada da casa toda pichada, e com seu apelido em letras garrafais, ficou doido e saiu em busca daqueles que deram o troco após da confusão da noite anterior. Tirou fotos, fez um boletim de ocorrência e começou uma investigação por conta própria. Foi aí que cometeu o maior erro. O morador descobriu que, um tal de Caio, havia participado da pichação. Sem conhecê-lo, denunciou-o à polícia e adentrou com um processo de Danos Materiais e Morais. Porém, no condomínio haviam duas pessoas com o nome de Caio; um deles que realmente participou do ataque e outro que não tinha nada a ver com os skatistas, nem muito menos com a ação dos meninos naquela madrugada. O Caio inocente, teve que dar explicações para o delegado e respondeu ao processo de Danos Materiais e Morais. Porém este, teve ganho de causa, e recebeu do morador uma gorda indenização . Com o dinheiro, ele alugou o salão de festas do condomínio e chamou todo mundo, inclusive os skatistas, que comeram o maior churrasco, e ainda... financiado pelo CARECA.

Rafael Godoy

José Miguel Simão Advogado e cronista 50

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Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Procure pela palavra “crônica” no site: www.apezero1.com.br


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