Revista APÊ ZERO 1 - ed: jul/ago 2014

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No seu condomínio. Na sua mão.

Distribuição dirigida Ano 12 . Nº 109 Jul/Ago de 2014

Você está seguro no seu condomínio? Especial Segurança 2014 ESCOLHA

Saiba mais sobre orientação vocacional e como ajudar seus filhos na hora da difícil escolha da profissão.

DADÁ

Você sabia que o Restaurante Dadá é centenário? Conheça a história do lugar que faz as melhores coxinhas e pastéis de Jundiaí.



editorial Pesquisa de Condominios Jundiai pesquisa da Revista Apê Zero 1 realizada nas últimas duas edições foi um grande passo para o aprimoramento e reconhecimento do potencial da nossa revista. E ainda, foi um sucesso onde 50 participantes da pesquisa ganharam um jantar no Restaurante Família Brunholi. É constatado que o interesse pela leitura da Revista Apê Zero 1 atinge tanto o público masculino como o feminino, predominantemente leitores casados (74%) e com grau de instrução superior completo (88%). São pessoas que conhecem e leem a revista há mais de 1 ano – 60% dos respondentes lê a revista entre 1 a 5 anos. E com relação ao hábito de leitura, é verificado que a revista já está inserida no dia a dia da grande maioria do público - 70% possui o hábito de ler sempre a revista e 26% às vezes. Tendo em vista estes dados, mostra o alto potencial da Revista como um parceiro na atualização e divulgação de informações importantes a este público. Com relação ao novo nome da revista – Apê Zero 1 (antes Portal dos Condomínios), percebe-se que é muito bem aceito e já está presente na mente dos leitores participantes da pesquisa, uma vez que cerca de 90% mencionou corretamente o novo nome e 8 a cada 10 participantes da pesquisa salientou gostar da nova escolha do nome.

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Nota-se ainda que, a revista transmite uma imagem bastante positiva, sendo que a grande maioria dos respondentes da pesquisa não sugeriu nenhuma melhoria. Contudo, dentre aqueles que pontuaram suas sugestões, estas serão analisadas para que a revista transmita sempre novas informações e buscando excelência. Dentre todos os editoriais abordados na revista, merecem destaque “Viver em Condomínio”, “Turismo”, “Curiosidade da Terrinha” e “Crônica”, pois foram mais frequentemente apontados como principais assuntos que mais geram interesse. Entretanto, é verificada que a leitura da revista da versão online ainda não é comum a maioria, muitos não sabem da existência deste outro canal ou não é hábito comum / preponderante o uso da internet para leitura de revistas ou preferem a versão impressa para a leitura de jornais e revistas. Quanto a logística 75% dos leitores recebem corretamente a revista com plástico e etiqueta com dados corretos, mas através desta pesquisa, também iremos levantar onde por ventura os dados estão incorretos ou rasurados para sempre minimizar erros e que a revista sempre chegue nas mãos do seu público.

Cristiane Mortensen, planejamento

colaboraram nesta edicao

Carlos E. Quadratti, advogado e jornalista que assina a editoria Viver em Condomínio e faz parte da diretoria da Proempi.

José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.

André Luiz, é o fotógrafo responsável pela maior parte das fotos desta edição.

Expediente A revista APÊ ZERO 1 é a nova marca da antiga revista Portal dos Condomínios e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42. Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy e Jonas Junqueira Redação: Renata Susigan Ilustração e Redes Sociais: Rafael Godoy, Gustavo Koch e Mônica Bacelar Planejamento: Júlia Hirano e Cristiane Mortensen Web: Vinicius Zonaro Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista.

Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1.com.br ou ligue: 11 4521-3670 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do autor e não representam o pensamento da revista.

Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1 Youtube: Ape Zero1 Associado:

Para Anunciar

11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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indice 6 ud Sala de banho Já ouviu falar? Saiba o que é.

8 mulher Trabalhar fora ou dentro de casa?

Leia sobre mulheres que, ao contrário da tendência atual, interromperam suas carreiras para dedicarem-se aos filhos.

12 capa Segurança

Especialistas e condôminos falam sobre criminalidade em condomínios.

18 pets Exóticos

10 viver em condominio Reformas? Só se estiverem de acordo com nova norma da ABNT Saiba quais as novidades para quem quer reformar o apartamento.

Saiba quais animais exóticos são permitidos de se ter em casa, como comprá-los e cuidar deles.

24 turismo Restaurante Dadá Sim, Jundiaí também tem um restaurante centenário.

28 Adolescentes O que você quer ser quando crescer?

Conheça os planos de dois adolescentes que sabem exatamente as profissões que seguirão. E mais: saiba a importância da orientação vocacional.

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curiosidades da terrinha Igreja da Ponte

Você conhece a história desta bela igreja?


38 cronica Sutiã e curto-circuito Como um sutiã pode causar curto-circuito? Por causa de uma briga de casal, conta o cronista José Miguel Simão.

22 3º setor Recomeço

Madalena (nome fictício) conta sua história de vida: ao invés de se arrepender das escolhas que fez, ela superou as dificuldades.

37 classificados Lista de prestadores de serviços ideais para o seu dia a dia.

32 multiplicadores Voto Consciente

Entenda o que são o Concurso Cidadonos, Agenda Cidadã, Ficha Pública e outras ferramentas de atuação política propostas pelo movimento.


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André Luiz

Jardim, televisão, sistema de som e mesa para maquiagem fazem parte da nova tendência: as salas de banho.

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Sala de banho: nao um simples banheiro, mas um ambiente para relaxar Reportagem: Renata Susigan 1

Fotos: Divulgação

Um banheiro pode ter jardim e televisão? Pode. Aliás, as salas de banho são uma das últimas tendências nas residências de alto padrão. Quem afirma é o arquiteto e urbanista há 12 anos, Vinícius Ferrari. O projeto em questão tem aproximadamente 20 metros quadrados. “Esse conceito é para pessoas que buscam relaxar após um dia estressante e não apenas tomar um banho rápido”, afirma. Por isso, o local conta com duas cubas, duas duchas, televisão, sistema de som integrado, espaço para mesa e maquiagem, além de uma banheira para duas pessoas com jardim interno. “O rebaixo de gesso e luz indireta propiciam um clima relaxante ao momento do banho”, comenta. Dentro do box, foram usados nichos que comportam produtos como sabonetes, xampus, entre outros. Segundo o arquiteto, o custo-benefício deve ser avaliado com cuidado, já que alguns materiais (como revestimentos) podem ter um valor alto, mas a metragem utilizada pode ser mínima, o que gera um custo final pequeno em relação ao efeito que proporcionam. “Faço a escolha dos materiais e demais detalhes de um ambiente em conjunto com as ideias, expectativas e gostos do cliente”, avalia. No entanto, a parte técnica e tendências cabem a ele definir. “Procuro captar o perfil e personalidade de cada pessoa e transportar para o projeto.”, comenta. “Não adianta projetar um ambiente moderno, se o cliente busca o lado rústico.”

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1. Barrock espelho R$ 1133,00. 2. Borboletinha gancho R$ 17,50. 3. Carré kit para bancada R$ 46,50. 4. Daisy Border tapete R$ 41,00. 5. Ming cesto para roupa R$ 225,90. Os produtos são encontrados no site www.tokstok.com.br *Preços sujeitos à alteração Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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mulher

Profissao: mae Reportagem: Renata Susigan Foto: André Luiz uma época em que as mulheres têm que encontrar tempo para trabalhar, administrar a casa e o casamento, a criação dos filhos passa a ser uma das tantas tarefas que elas têm que realizar. Diferentemente da tendência atual – de colocar os filhos em escolas desde o final da licença maternidade – há quem siga uma direção um pouco diferente. Contrariando a opinião de familiares e amigos ou sendo apoiada por eles, algumas mães estão abrindo mão de trabalhar fora de casa para cuidarem pessoalmente da educação dos filhos. Este é o caso de Fabiana Ranali Duque, de 38 anos, e de Sandra Bacelar, de 45. As duas (administradora de empresas e professora de Ensino Fundamental, respectivamente) interromperam sua carreiras temporariamente para criar os filhos e afirmam que esta foi a melhor escolha. Fabiana trabalhava na área de Recursos Humanos em uma empresa em Paulínia (a 65 quilômetros de Jundiaí), quando deu à luz Pietro, hoje com dois anos e meio. Ela revela que nunca havia pensado em parar de trabalhar para ter filhos, mas que a convivência com a criança a fez refletir e mudar. “Tirei três meses de licença maternidade e emendei com dois de férias”, comenta. “Quando a data de voltar para meu antigo emprego se aproximava, percebi que não tinha condições de deixar meu filho o dia inteiro em uma escolinha.” A profissional afirma que ir para outra cidade todos os dias, assim como o marido (que trabalha em São Paulo), deixou-lhe insegura. Nenhum dos dois estaria por perto, caso Pietro precisasse. “No início, não foi fácil. A rotina de casa era muito diferente daquela à qual eu estava acostumada, de conversar com meus colegas, fazer coisas diferentes todos os dias, me dedicar à minha evolução profissional, me arrumar para sair”, lembra. “Hoje, além de cuidar do meu filho, arrumo a casa, lavo roupa, faço comida, mas não me arrependo.” O apoio e compreensão do marido Philippe e das amigas – muitas delas também pararam de trabalhar para engravidar – foram imprescindíveis. “Acredito que junto com o bebê nasce uma

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Fabiana e Pietro: convivência desenvolve laço mais forte entre mãe e filho!


mulher

Sandra: amiga das três filhas.

O garoto Pietro cresce sob o olhar da mãe.

mãe”, opina. “A gente amadurece muito. Hoje, tenho mais paciência, tolerância, ampliei meus pontos de vista, penso sempre no que é melhor para a família, não apenas para mim. Devo essa mudança a meu filho.” Ela conta que, apesar de não ser fácil retomar a carreira, pretende voltar a trabalhar quando o filho começar a frequentar a escola. “Se eu trabalhasse em Jundiaí ou tivesse um horário mais flexível, talvez não tivesse parado”, admite. “Entretanto, aproveitei muito este período em que fiquei com o Pietro. O fortalecimento do laço afetivo é muito importante.” Ela celebra o fato de ter podido educá-lo, cuidá-lo e ainda presenciado momentos importantes, como quando ele começou a falar e andar. No entanto, Fabiana não é contra a prática de colocar os filhos na escola desde cedo, principalmente porque há vários fatores que ela considera, como as condições financeiras da família. “Meus irmãos e eu crescemos com minha mãe por perto, o que foi muito bom”, relembra. “Mas não é porque uma mãe coloca seu filho na escola que ela o ama menos do que uma que fica em casa; ela pode não ter condições de parar de trabalhar.” Ela ressalta que mais importante do que a

quantidade é a qualidade da atenção que os pais dedicam aos filhos. Quando chegar a hora da separação, Fabiana afirma que sofrerá mais do que Pietro, pois o filho sempre conviveu com outras crianças, é bastante sociável e independente. “Vou ficar preocupada, pensar nele o tempo inteiro, mas acredito que ele se acostumará mais rapidamente do que eu.” Filhas em primeiro lugar Sandra Bacelar era professora e parou de trabalhar quando ficou grávida da segunda filha. As duas primeiras, Marina e Mônica, têm pouco menos de um ano de diferença e, hoje, contam 22 e 21 anos. Quando Mônica tinha quatro, Sandra decidiu voltar ao mercado de trabalho e até já tinha um novo emprego, mas descobriu que estava grávida de Júlia (17 anos). Mais uma vez, ela decidiu adiar seus planos para cuidar no novo bebê. Sandra voltou a trabalhar há 12 anos, não como professora, mas no comércio. Há oito, está na mesma loja onde é operadora de caixa. Antes disso, ela precisou escolher entre o convívio com as filhas e a carreira no Magistério. “Meu

marido (Hilton) e minha mãe (Valentina) me deram todo o apoio que precisei”, lembra. “Algumas colegas não entenderam, mas eu não podia sacrificar o convívio com minhas filhas.” Por ser professora, ela sabia a importância de estar perto das meninas para ensiná-las. “Na época, não havia tantas creches nem escolas”, recorda. “E mesmo que tivesse, acredito que ninguém cuida melhor dos filhos do que os pais, que prestam mais atenção na alimentação, educação, saúde, são mais carinhosos.” Para Sandra não foi fácil deixar de fazer faculdade e seguir carreira, mas ela garante que não se arrepende. “Aquele período foi difícil porque meu marido sustentava a casa sozinho, mas as meninas eram prioridade”, conta. “Criamos um laço tão forte que nós quatro somos como amigas, muito unidas.” Para ela, ser mãe e profissional são dois trabalhos diferentes, que trazem ensinamentos. “Quando trabalhamos fora, aprendemos coisas novas todos os dias, temos contato com colegas, e isso motiva o profissional a crescer”, diz. “Mas ser mãe também proporciona um aprendizado diário. Os filhos nos ensinam muito”, complementa. Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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Viver em Condominio

REFORMAS EM CONDOMiNIOS AGORA DEVEM SEGUIR NORMA ABNT om a repercussão de acidentes ocorridos em São Paulo e Rio de Janeiro onde prédios desabaram em razão de obras que aconteciam no seu interior, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) através do Comitê Brasileiro de Construção Civil (ABNT/CB-02) e da Comissão de Estudo de Reformas em Edificações (CE-02:124.17) elaborou projeto que circulou em consulta nacional e resultou no normativo ABNT 16280:2014 que entrou em vigor a partir de 18/04/2014. Até então era muito comum que as reformas em apartamentos e áreas comuns seguissem as regras de cada condomínio ou ainda não houvesse regra alguma, aquele seu vizinho de prédio resolvia trocar o piso ou modificar a posição das paredes do apartamento e não havia regras claras para regulamentar ou até mesmo impedir tais modificações e isso colocava e coloca em risco toda a edificação, o patrimônio e vidas nela contida. A responsabilidade em fiscalizar as obras e o poder de embargo já era uma atribuição do sindico em razão do disposto no Código Civil e normativos do condomínio, agora estão regulamentadas por este normativo ABNT que já surgiu causando polêmicas e questionamentos. O primeiro questionamento surgido é acerca da exigibilidade da observância da norma ABNT uma vez que segundo o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” e a ABNT não é um órgão público ou equivalente a este, também não se trata de uma autarquia especial, na realidade a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é uma associação civil reconhecidamente de utilidade pública pela Lei 4.150, de 21 de novembro de 1962. Então devemos ressaltar que as normas técnicas da ABNT não são normas jurídicas ou legais e por isso não possuem poder vinculante, servindo apenas de regras balizadoras aos profissionais técnicos, conforme já decidiu o STJ – Superior Tribunal de Justiça. No entanto, a legislação nos remete às normas ABNT exigindo sua observação, como por exemplo, o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Desta forma podemos concluir que a normas em si não são leis, mas por determinações contidas nas leis nós devemos seguir as normas.

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Ademais se ocorrer algum incidente no condomínio tanto o síndico quanto o morador que realizou a obra serão responsabilizados uma vez que as leis os obrigam a seguir as normas da ABNT. Em leitura ao inteiro teor do normativo ABNT 16280:2014 a primeira coisa que nos chamou atenção foi o fato de que o próprio normativo remete a diversos outros normativos, desta maneira, para entender e interpretar a íntegra do instrumento seria necessário possuir uma coleção de normas ABNT, coisa que somente os profissionais do setor possuem, pois as normas ABNT não são gratuitas, elas são vendidas e é com essa receita que a ABNT se mantém. Dentre as novidades que podemos destacar é que agora os serviços de reforma em condomínio devem atender a um plano formal de diretrizes subscrito por um profissional habilitado que irá emitir uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) no caso de engenheiros ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica) no caso de arquitetos. O interessado em realizar a reforma deve então submeter a documentação da proposta de reforma ao síndico, que deverá encaminhar para uma análise técnica e legal e posteriormente emitir resposta escrita e justificada com um dos três pareceres: “aprovado”, ”aprovado com ressalvas” ou “rejeitado”. Outra obrigação do síndico é de manter a guarda da documentação referente às reformas e transferi-la integralmente e formalmente ao seu sucessor. Neste ponto é recomendável que o síndico que está saindo do cargo emita um recibo da documentação relacionando todo o seu conteúdo e solicite a assinatura do novo síndico, e este novo síndico deve conferir integralmente a documentação, pois agora a responsabilidade passa a ser dele. O plano de reforma que o morador deve entregar ao síndico tem que prever o início e término das obras, a emissão de barulho, o depósito e trânsito de materiais e pessoas no condomínio e também o escopo da reforma, ou seja, a intenção e o objetivo da reforma pretendida, pois cabe ao síndico fiscalizar o andamento da obra e caso esta se desvie do escopo especificado o síndico tem a prerrogativa de paralisar a obra e notificar o responsável que em alguns casos de-

verá apresentar uma nova documentação para o prosseguimento ou se adequar ao escopo inicial. Outra obrigação surgida com esta nova norma é a de atualizar o manual de uso, operação e manutenção do edifício e o manual do proprietário. Ainda, ao término das obras, o responsável deve emitir um termo de encerramento de obras e entregar ao síndico que de posse deste termo irá cancelar a autorização de circulação de materiais e pessoas pelo condomínio, relativas à obra terminada. Outra questão importante que o síndico e o responsável devem observar é quanto à garantia da construtora nos prédios novos, pois certas intervenções ou modificações podem invalidar a garantia da unidade autônoma ou da edificação como um todo. Como vimos agora o morador vai precisar contratar um profissional habilitado para a responsabilidade de sua obra e o condomínio terá que contar com igual assessoria de profissional habilitado para analisar a documentação apresentada e auxiliar na fiscalização da obra, muitas críticas estão surgindo a este procedimento pois irá onerar o condomínio e duplamente o condômino responsável pela obra. A própria norma ABNT possui um fluxograma que pode orientar no andamento da documentação e da reforma, estão também exemplificados quais os casos de reforma irão necessitar da aplicação da norma. A fiscalização, a análise dos projetos, os responsáveis técnicos e o dever de arquivar todos os projetos e documentos de reformas vem criar uma onerosidade que deve ser solucionada pelo condomínio frente ao risco de manutenção de vidas e a responsabilidade do síndico, por isso se faz necessário debater a questão e buscar o apoio das administradoras, profissionais técnicos da área jurídica, construção e até de TI (tecnologia da informação) visando cumprir os normativos de forma descomplicada e menos custo a todos os condôminos.

Carlos Eduardo Quadratti, advogado especializado em direito condominial e de vizinhança, jornalista articulista inscrito no MTB 0062156SP.



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Condominios: sinonimo de seguranca? Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz, Renata S. e divulgação m tema importante e, por isso, recorrente na sociedade brasileira é segurança. Este assunto pode ser tratado com abordagens diferentes, feitas por profissionais das mais diversas áreas. Segundo os especialistas entrevistados, a criminalidade é “flutuante”, ou seja, muda conforme o tempo passa, a sociedade desenvolve-se e as necessidades mostram-se diferentes. O fato é que as pessoas têm se protegido cada vez mais em suas casas e, muitas, em condomínios fechados. Para entender esse fenômeno, a reportagem da revista Apê Zero 1 conversou com delegados, síndico profissional, representantes de empresas de segurança e sociólogo para tentar entender melhor a constante sensação de insegurança que

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as pessoas vivem hoje em dia e o que ela modifica nas relações humanas e na vida em sociedade. Panorama da criminalidade Jorge Lordello, mais conhecido como Dr. Segurança, é especialista em segurança pública e privada e apresentador do programa Operação de Risco da RedeTV. Como pesquisa as causas e consequências da violência desde 1996 (época em que entrevistou criminosos e vítimas), ele afirma que tem havido um aumento grande na ocorrência de assaltos. Segundo ele, há aproximadamente 15 anos, o número de furtos (subtração sem violência) era maior que o número

de assaltos (quando há violência). “Em novembro de 2013, pela primeira vez na história, esse padrão foi invertido: agora, há muito mais assaltos do que furtos, segundo estatísticas policiais do Estado de São Paulo”, comenta. Para ele, isso indica que o criminoso mudou, está mais violento porque o jovem vem antecipando fases (tanto para situações boas quanto ruins). “Hoje, temos uma massa muito grande de crianças e adolescentes que ingressam no mundo do crime, o que não ocorria até um passado recente.” De acordo com o Lordello, um dos motivos para esse aumento considerável de menores criminosos e mudança no padrão do comportamento é o grande número de usu-


ários de drogas, que estimula o desenvolvimento do tráfico. “Em determinado momento, o usuário começa a subtrair dinheiro da família, do vizinho e, depois, passa a roubar”, comenta. “Do outro lado, mais de 50% dos presidiários estão presos por tráfico de drogas; o restante é por crimes com violência, como assaltos e homicídios.” Ele lembra que, atualmente, a criminalidade pode vitimar qualquer pessoa, não está mais restrita a um local com perfil específico. “Em junho deste ano tivemos um aumento de 42% de assaltos em relação ao mesmo mês, em 2013.” Lordello também atribui a mudança na criminalidade ao modelo de segurança pública, que, para ele, está ultrapassado. “As penas dos crimes atuais são praticamente as mesmas de quando o Código Penal foi criado, em 1940. Em um país daquela época, sem crimes, as penas eram rigorosas”, opina. “Como as penas são calculadas de acordo com a expectativa de vida da população, elas ficaram ultrapassadas, já que a expectativa subiu de cerca de 50 anos, naquela época, para 75 anos de hoje em dia.” Outro problema são as progressões do regime penitencial, que possui semiaberto, aberto, liberdade provisória. Para ele, um novo dispositivo, que permite ao juiz aplicar medidas cautelatórias para que pessoas que cometeram crimes graves respondam o processo em liberdade, também contribuiu para o retrocesso no que diz respeito ao combate à criminalidade. “Esse dispositivo foi criado em 2011 pelo Governo Federal, e aumentou ainda mais o sentimento de impunidade.” Necessidade de mudanças Lordello ressalta que, por enquanto, não há perspectiva de melhora da segurança na sociedade, devido às falhas do Código Penal e a certeza de impunidade por parte de criminosos. “Em São Paulo, o sistema penitenciário é de razoável para bom, mas outros estados não fizeram os investimentos necessários.” Ele explica que no Brasil existe a cultura da reatividade e não da prevenção e exemplifica sua afirmação com uma situação comum: “A polícia de São Paulo é eficiente em prender, mas a lei tem brechas, então, os criminosos pagam fiança ou ficam pouco tempo presos e são sol-

tos. Se as pessoas ficassem mais tempo presas haveria uma melhora enorme”, acredita. O especialista analisa a situação de menores infratores como exemplo da piora da criminalidade. Ele afirma que quando um adolescente é apreendido na Fundação Casa, ele tem uma série de atividades para desenvolver, que podem ajudá-lo a voltar à sociedade recuperado. No entanto, na grande maioria das vezes, esse jovem é viciado em drogas, não tem família ou a família é desestruturada, é semianalfabeto, não tem perspectivas na vida, então, encontra no mundo do crime uma alternativa e, ao invés de sair recuperado da internação, sai para tornar-se um reincidente. “Apesar de muitos jovens terem condições de vida desfavoráveis, eles sabem que matar é errado e, no entanto, o fazem e cumprem, no máximo, um ano e três meses de internação”, comenta. “Mesmo que tenham origem humilde, a maioria não pratica crimes por necessidade, mas por uma escolha que se mostra mais fácil.” Lordello informa que toda a população tem responsabilidades quanto à segurança. “Se temos 50 mil mortes no trânsito é porque o motorista não é educado, é desprevenido; além de acidentes, muitas mortes são causadas por atitudes inseguras, então, cada pessoa deve rever os seus próprios procedimentos”, sugere. Em Jundiaí Para o delegado de polícia titular do 3º Distrito Policial de Jundiaí, professor da Academia de Polícia do Estado de São Paulo e professor universitário, Fernando Bardi, assim como os condôminos, que se sentem mais seguros dentro de condomínios fechados, os criminosos também se sentem. “Lá, eles podem agir com tranquilidade”, alerta. Para Bardi, a atuação de criminosos em condomínios ocorre devido à informação que eles conseguem obter das maneiras mais diversas. “As pessoas devem preservar sua privacidade, não se expor em redes sociais porque as quadrilhas ficam atentas a qualquer fonte”, explica. Já o delegado de política titular do 1º Distrito Policial de Jundiaí, vereador, pós-graduado em segurança pública e privada, e especialista em segurança condominial, Paulo Sérgio Martins,

Jorge Lordello, o Dr. Segurança

afirma que apesar de alguns condomínios terem sistemas de segurança rígidos, eles são alvo fácil de criminosos porque ainda existe certa deficiência na preparação dos colaboradores. “Muitas quadrilhas escolhem seus alvos sem critério, contam com a falta de preparo dos funcionários e acabam obtendo sucesso porque existem muitos locais onde o controle de acesso é falho.” Martins conta que nem sempre as quadrilhas rendem a portaria, mas utilizam de práticas mais discretas, como enganar os profissionais do condomínio. “Mais do que preparar o funcionário, é necessário haver constância nesse treinamento, pois de tempos em tempos os golpes mudam”, diz. “Quando existe algum furo na segurança, geralmente é por falta de treinamento ou por uma falha na parte física do imóvel, que permite que o porteiro seja facilmente rendido”, conta, referindo-se à falta de guaritas blindadas, por exemplo. Bardi comenta que, assim como na sociedade, em que há um pacto social, nos condomínios não é diferente. “Quando alguém torna-se condômino, aceita as normas previstas no contrato e regimento interno”, analisa. “O problema é que, em condomínios, a falha de um pode Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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Fernando Bardi, Delegado titular do 3º DP de Jundiaí

prejudicar o coletivo e, em caso de descuido, é potencialmente mais perigoso.” Martins concorda que, em muitas ocasiões, a principal “falha” pela falta de segurança em condomínios é cometida pelo próprio morador, que não aceita que amigos e parentes passem pelo processo correto de identificação ou nem segue outras normas. “Os moradores têm que estar convencidos da sua cumplicidade dentro da segurança, tem que se adequar ao regimento interno para que o sistema seja eficiente. Segurança condominial é global, envolve desde a construção do prédio até síndicos, moradores, empregados, prestadores de serviço.” O preço do progresso Para o delegado Bardi, Jundiaí é uma cidade que atrai cada vez mais pessoas devido à qualidade de vida, infraestrutura e localização estratégica. “O progresso que a cidade vem obtendo gradualmente faz com que receba cada vez mais pessoas, então, o poder público deve estar preparado para receber esses novos moradores”, comenta. “O crescimento populacional tem que vir acompanhado de 14

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Paulo Sérgio Martins, Delegado titular do 1º DP de Jundiaí

uma adequação da infraestrutura em saneamento básico, sistema público de saúde, trânsito e, principalmente, segurança pública.” Martins também afirma que a especulação imobiliária é maior do que deveria ser em Jundiaí e que as empreiteiras deveriam se preocupar mais com a segurança e adequar a arquitetura dos empreendimentos às necessidades dos futuros moradores. “A parte física das construções depende das construtoras”, afirma. “Por exemplo: muitos empreendimentos não têm interfone; guaritas blindadas e de dois andares para que o porteiro fique na parte superior, o que dificulta de ser rendido; vidros espelhados.” Bardi explica que, há pouco mais de 10 anos, o tema segurança em condomínios não era prioridade, fato que mudou e está ganhando cada vez mais espaço nas reuniões entre síndicos e condôminos. “É responsabilidade do síndico buscar a adequação do condomínio ao sistema de segurança indicado ao tamanho e necessidades do local, por meio da contratação de empresas de segurança, consultores da área”, comenta. “Mas os condôminos também devem fazer sua parte, respeitando as normas internas, estando sempre atentos, checando os

antecedentes de quem vão contratar para trabalhar nas residências.” Ele informa ainda que os sistemas de monitoramento atuais têm contribuído para a polícia solucionar crimes. “Morar em condomínio ainda é sinônimo de morar com mais segurança, mas a colaboração e o cuidado fazem diferença entre morar em um local seguro ou inseguro”, complementa. Martins conclui que as pessoas ainda não perderam a referência de que morar em condomínio é mais seguro, mas estão começando a ficar preocupadas. “Não temos estatísticas de quantos crimes são cometidos em Jundiaí dentro de condomínios porque eles estão inclusos nos dados de assaltos, mas está em um nível que tem que diminuir.” Obs.: A reportagem da revista Apê Zero 1 tentou obter estatísticas de crimes cometidos em condomínios nas Polícias Civil e Militar e Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, mas nenhum dos órgãos soube informar o solicitado, uma vez que os crimes não possuem uma subdivisão que possa conter dados mais específicos.


Profissionais especializados Fernando Fernandes é síndico profissional há quatro anos em condomínios residenciais e comerciais de Jundiaí. Ele garante que nos locais onde trabalha nunca houve problemas com crimes. Ele comenta que com o aumento dos índices de criminalidade, as pessoas passaram a buscar locais mais reservados e seguros, com bom controle de acesso para morar. “Recentemente houve grande incidência de arrastões em condomínios, o que motivou um reforço em treinamento de profissionais e aumento de instalação de equipamentos”, conta. “A criminalidade migrou dos assaltos a bancos para sequestros e, agora, para arrastões em condomínios.” Ele opina que pelo fato de Jundiaí ser uma cidade com destaque nacional, ter distritos industriais com empresas importantes, aeroporto e boa infraestrutura, o poder aquisitivo da população cresceu, o que levou a um aumento na valorização dos imóveis e maior necessidade de segurança. Fernandes explica que cada condomínio apresenta uma necessidade diferente em relação à segurança, devido à localização e tamanho. Ele enumera algumas medidas importantes para se ter um sistema de segurança minimamente adequado: guarita blindada; alarme; cerca elétrica; botão de pânico; eclusa para pedestres e carros (uma espécie de “gaiola”, quando há dois portões que abrem em tempos diferentes, para que moradores, visitantes, prestadores de serviços e funcionários passem pelo procedimento de identificação antes de entrar efetivamente no condomínio, o que ajuda os porteiros a verificarem se a pessoa está rendida); acesso separado para moradores e visitantes; instalação de Circuito Fechado de TV (CFTV); controle de acesso informatizado; biometria; passa-volumes. “O visitante tem que ser atendido fora do condomínio, identificado (passar pela eclusa, tirar foto, registrar documentos) e deve entrar apenas com autorização do morador”, exemplifica. “Esses procedimentos devem ser feitos sempre, com todas as pessoas, não importa se são familiares de moradores”, alerta. “Isso porque se alguém estiver rendido e tentando entrar, o porteiro tem a chance de perceber algo estranho, pressionar o botão de

Fernandes: “A valorização dos imóveis fez aumentar a incidência de crimes em condomínios e a necessidade de melhorar os sistemas de segurança.”

pânico, chamar zelador ou síndico, que acionará a polícia, se necessário.” A manutenção dos equipamentos e treinamento constante dos empregados também são citados por ele como imprescindíveis para que se mantenha a segurança em um nível desejado. “Segurança armada é diferente de controle de acesso. Quando há segurança, geralmente o profissional fica na calçada do condomínio fazendo uma triagem antes de o visitante ter qualquer contato com o porteiro; além disso, o visitante tem que deixar o vidro aberto, abrir o carro, acender a luz interna dos veículos.” Em sua opinião, apesar de cada condomínio possuir uma necessidade específica, ter segurança armada atrai menos crimes, pois os criminosos se atentam para isso e, geralmente, escolhem abordar alguém do local onde há maior chance de serem bem sucedidos. “Por isso, o sistema de segurança deve ser configurado por profissionais e pessoas especializadas”, afirma. Empresas de segurança Um assunto que causa confusão quando se trata de segurança em condomínios é a responsabilidade das empresas prestadoras de serviços. Muitos condôminos e até síndicos não sabem a

diferença entre um serviço de controle de acesso e outro de segurança armada. A última é um serviço extra, que deve ser realizado por uma empresa especializada, em complemento ao trabalho do porteiro. Luiz Carlos Ruiz é coordenador operacional de segurança na LGM, que presta, entre outros, serviços de portaria. Segundo ele, neste caso, os profissionais trabalham com a prevenção, já que os funcionários não têm porte de arma. “Esta prevenção é realizada por meio de treinamentos dos porteiros, que aprendem procedimentos como recepcionar, registrar, documentar, anunciar, identificar pessoas, manter cadastros atualizados de moradores, prestadores de serviço e visitantes, manualmente ou com auxílio do computador.” Ele afirma que antes de ser contratado, o candidato passa por uma triagem rígida, treinamento e adaptação. Durante o período de adaptação, o futuro porteiro é acompanhado por um outro profissional experiente, a fim de acompanhar a rotina do condomínio e conhecer as pessoas. “Fazemos também um acompanhamento contínuo através de visitas de supervisores aos postos de trabalho, e trabalhamos com o fator surpresa, para verificarmos se o serviço está sendo executado adequadamente; além disso, realizamos treinamentos periodicamente.” Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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Luis Carlos Ruiz, coordenador operacional de segurança na LGM.

Como não trabalha com segurança armada, caso algum empregado do condomínio perceba que alguém ou outro profissional está rendido, o procedimento é solicitar reforço, geralmente por meio do botão de pânico, para que a supervisão possa apurar e solicitar ajuda da polícia, se for o caso. “O bandido profissional trabalha com o fator surpresa, então, antes de invadir um lugar, elabora um plano de ação”, explica. “Por isso, não basta que os profissionais sejam treinados, é necessário que o perímetro todo do condomínio seja devidamente monitorado.” Para ele, um local minimamente protegido chama menos atenção do que um local sem segurança alguma. “Também trabalhamos com construtoras e orientamos o que pode ser feito nas guaritas para que o empreendimento já seja inaugurado corretamente”, avisa. Segundo Ruiz, a maioria das situações de risco ocorre por causa do descuido dos moradores, que acionam a abertura do portão e vão embora sem fechá-lo (o que facilita a entrada 16

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Samuel Rubens Pereira, diretor operacional da Haganá.

de estranhos), que não têm paciência de seguir as normas de identificação (que serve para moradores e todos os visitantes, sem exceção) ou que, quando estão com visitantes dentro do carro, não querem parar, acender a luz interna e abrir os vidros. Samuel Rubens Pereira, diretor operacional da Haganá, explica que apesar de a empresa trabalhar com segurança armada, visa à prevenção. “Todas as nossas recomendações objetivam criar o desestímulo para que o criminoso invada o condomínio”, alerta. “Criamos barreiras que geram ‘retardos’ em uma eventual tentativa de invasão, de forma que nosso tempo de reação seja sempre maior que o do invasor.” Sobre os profissionais, Pereira informa que, após rigoroso processo de seleção e recrutamento, os profissionais recebem treinamentos específicos sobre as técnicas e métodos de atuação, com aulas teóricas e práticas. “Ao serem deslocados aos postos de serviços, são integrados pela equipe de supervisão ope-

racional e recebem treinamento específico, de acordo com a estrutura existente no cliente.” Além disso, os profissionais passam por treinamentos táticos mensais, como forma de “reciclagem”, no próprio local de trabalho, onde são simuladas situações de contingência e emergências, que criam condicionamento para o colaborador agir nesses casos. “Para avaliar a eficácia de todos estes treinamentos, desenvolvemos testes operacionais, através de auditores que vão até os postos de serviço sem prévio aviso e tentam burlar a segurança. Quando há êxito, o funcionário é imediatamente submetido a ação corretiva e dependendo da gravidade é demitido de imediato.” Sobre a quantidade de arrastões, Ruiz conclui que essa prática tem diminuído consideravelmente nos últimos anos. “Atribuo isso à adequação na segurança dos condomínios, preocupação das construtoras em fornecer estruturas de segurança adequadas, e a criação da 4ª Delegacia Especializada do DEIC, responsável por atuar nos roubos a condomínios.”


Breve contexto histórico do surgimento de condomínios e do aumento da criminalidade praticada dentro deles Como tudo possui um contexto histórico, com a criminalidade/violência não é diferente. A situação da sociedade – com seus aspectos positivos e negativos – é resultado da maneira como a história do País desenvolveu-se e das necessidades que acompanham as pessoas. Paulo Taffarello, sociólogo há 12 anos e professor universitário, resume assim o cenário atual. Taffarello conta que desde a época da faculdade realiza pesquisas e discussões relacionadas à criminalidade. Ele comenta que para entender o aumento da violência dentro de condomínios e da criminalidade de modo geral, é necessário conhecer como a história do Brasil foi configurada. “O surgimento do conceito de condomínios fechados vem desde a década de 1930 e 1940, no início do processo de industrialização e urbanização”, comenta. O centro da cidade era o local onde a classe mais abastada vivia por causa da infraestrutura existente, com rede de esgoto, sistema de saúde, ao contrário do que ocorria na periferia, onde a classe trabalhadora morava e sofria com a falta de necessidades básicas, como asfalto e água. “Esse modelo de centro e periferia durou por muitos anos.” Ele explica que durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, os governos de Juscelino Kubitschek e militar complementaram o processo de industrialização e, junto com ela, veio o sistema de transporte público, que permitiu ao trabalhador conseguir emprego em locais mais distantes. “Durante esse período, depois do Milagre Econômico Brasileiro, do aumento de indústrias e investimento em infraestrutura das cidades, vivemos

um momento em que o trabalhador estava empregado, economicamente bem”, comenta. Porém, como o Milagre Econômico baseava-se no empréstimo de dinheiro estrangeiro para atrair indústrias de fora, nas décadas de 1980 e 1990, ocorreu a crise econômica. “Tivemos que pagar a conta do progresso ocorrido pouco tempo antes.” Nesse momento de crise, consequentemente aumentou a criminalidade, violência e desemprego. “Começaram a surgir os primeiros condomínios fechados, que configuravam uma mudança no conceito de cidade; o rico passou a procurar as zonas periféricas para se afastar da realidade mais difícil.” Na época, os condomínios começaram a vender o conceito de segurança, tranquilidade, homogeneidade, isolamento, como se estivessem em um mundo à parte, afirma Taffarello. “A valorização excessiva do espaço privado fez o condomínio concretizar as diferenças sociais. No entanto, a criminalidade é um reflexo da sociedade, então, ela começa a invadir aqueles lugares, que não estão isentos”, diz, referindo-se aos problemas internos com os quais os condôminos convivem, como atropelamentos, problemas entre vizinhos e assaltos. A partir dos anos 2000, as pessoas passam a entender que se há violência fora, há violência dentro dos condomínios. Taffarello esclarece que a criminalidade sempre esteve presente na história. “A ineficácia do Estado contribui para a perpetuação do sentimento de insegurança”, afirma. Ele explica que a valorização do consumo – que é o que faz a economia mundial “girar” – somada à educação precária (que só foi tornada universal no Brasil recentemente, na Constituição de 1988) e o contexto

Taffarello: “É possível explicar, mas não justificar a violência.”

histórico resultam na criminalidade. “É possível explicar, mas não justificar.” Taffarello comenta que a violência existe pela necessidade extrema de consumo e que, para mudar, existe necessidade de se ter polícia, punição, mas que estas medidas são paliativas. Para mudar anos de história é um processo longo, que precisa de paciência, persistência e elaboração de melhores políticas públicas, principalmente na área de educação e segurança pública. “A violência acompanha o desenvolvimento da sociedade, os criminosos migram para os crimes que dão mais lucro, que é o que todos buscam. É difícil mudar essa situação porque o cenário político é reflexo da sociedade”, avalia. “Mas acredito que a democracia brasileira está amadurecendo.” Veja dicas de segurança e casos de condôminos que foram vítimas de violência no nosso site. Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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pets

Animais exoticos em alta Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação oi-se o tempo em que pet era cachorro ou gato apenas. Hoje, os animais exóticos e produtos especialmente fabricados para eles contam com um espaço cada vez maior e privilegiado nas pet shops. No entanto, para se ter um animalzinho diferente é necessário estar atento aos cuidados que eles requerem, afinal, sua alimentação e manutenção são específicas. O médico veterinário da Amazoo, Adriano Bauer, explica o que são animais exóticos: “São aqueles que não pertencem à fauna nacional, segundo o órgão regulador Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Como pets, são considerados exóticos os animais diferentes de cão e gato, aqueles que não são tão comuns.” Bauer afirma que para se comercializar animais exóticos e silvestres (que pertencem à fauna brasileira) é necessário que tanto o criador quanto a loja tenham autorização do Ibama. “Alguns animais permitidos de se ter em casa são canário, papagaio, calopsita, ferret, coelho, chinchila, porquinho-da-índia, serpentes”, enumera. “No entanto, no Brasil há apenas três criadores legalizados de serpentes e apenas um, o Jiboias Brasil, tem autorização para comercializá-las.” Ele lembra que qualquer tipo de aranha é proibido. O veterinário ensina que animais exóticos (no sentido de diferentes) criados para serem pets, geralmente são dóceis e tem um convívio amigável com os humanos. “Mas como todo animal, eles possuem personalidade e sofrem influência da maneira como são criados”, diz. “Esses animais são mais caros e demandam mais informação, por isso, quem quer ter um deve praticar a posse responsável, informar-se antes da compra, adquiri-lo em locais devidamente autorizados, pedir orientação a veterinários especializados, entre outras medidas.”

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Cuidados Bauer explica que algumas pessoas erroneamente alimentam suas aves com mistura de sementes, o que é prejudicial à sua saúde, já que o alimento tem carboidrato, que se transforma em 18

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gordura. “As aves de cativeiro não se exercitam nem gastam calorias, então a gordura que fica alojada no fígado pode causar insuficiência hepática ou outros problemas”, alerta. Para ele, o que falta a alguns guardiões é a informação, já que no Brasil existem todos os produtos necessários para cuidar adequadamente dos exóticos, como rações específicas, que são balanceadas e destinadas a animais que não vivem livres na natureza. “No caso das aves, se usadas com muita moderação, as sementes podem servir como um agrado.” Outros fatores aos quais as pessoas devem estar atentas são: viveiros, que devem ter um tamanho proporcional e serem limpos periodicamente; visitas a veterinários especializados; tempo de vida, entre outros. “Uma calopsita, por exemplo, vive entre 15 e 20 anos; um papagaio, em média 60 anos”, afirma. No entanto, ele esclarece que a expectativa de vida diminui (e muito!) quando a manutenção não é correta. Atenção na hora de comprar Além de comprar em lojas autorizadas,

Bauer chama atenção para a identificação dos animais que têm sua comercialização permitida. “Os papagaios vêm com uma anilha, já as serpentes têm uma identificação subcutânea”, avisa. “O preço é outro fator que ajuda o comprador a saber se a comercialização de determinado animal é legal ou não”, diz. Ele ressalta: um papagaio custa, em média, R$ 2500; uma serpente, R$ 2000. “Se o valor estiver muito abaixo do praticado no mercado legal, é importante ficar atento, não comprar e procurar os meios certos para a compra.” O veterinário esclarece que se um animal livre é capturado e colocado em cativeiro, sofre, mas um animal criado em cativeiro para ser pet, não, pois ele tem uma rotina diferente da dos livres e está acostumado à vida assim. “Quando um animal é criado para ser pet, ele gosta dessa vida, da companhia das pessoas, não sofre e exige atenção”, comenta. “A criação de animais exóticos para serem pets não contribui para a extinção das espécies”, enfatiza. “A produção em cativeiro fomenta o conhecimento e corrobora para a manutenção da população de vida livre.”


pets

Bauer: “Se o valor estiver muito abaixo do praticado no mercado legal, é importante ficar atento e procurar os meios certos para a compra.” Amor pelos exóticos Breno Jancowski, de 20 anos, toma conta de animais, como coelhos, galinhas e tartarugas, desde pequeno. “O porquê de ter começado a cuidar de animais eu não sei, só sei que sou apaixonado por eles”, declara. Atualmente, este estudante de Medicina Veterinária mora em apartamento e mantém nove pets exóticos: um lagarto teiú fêmea, de quatro anos, chamada Arlete; uma jiboia arco-íris da caatinga, fêmea, de quatro anos (Tauana); uma jiboia arco-íris do cerrado, macho, de oito meses (Bacco); uma jiboia macho de cinco meses (Simba); um pintagol macho de dois anos (Zé); um papagaio do mangue, macho, de 10 meses (Chico); um rato (Stuart); e duas ratas (Minnie e Pretinha). Antes de se propor a cuidar de tantos amigos, Breno conta que estudou muito a respeito deles. “Como são exóticos, eles precisam de cuidados diferentes de pets como cão e gato”, afirma. Todos os seus animais foram comprados em criadores autorizados e, para efetuar a compra, ele precisou fornecer seus dados pessoais e documentos para emissão de nota fiscal e termo de transferência. “Todos os animais que precisam de autorização, possuem a documentação correta, emitida pelos criadores legalizados perante o

Ibama.” Ele conta que os répteis vieram microchipados e as aves, além do microchip, vieram com anilha na pata. Breno explica que os pets vivem em recintos individuais, se alimentam de rações e outros alimentos específicos e alguns, como a teiú e as cobras, ficam em terrários com aquecimento. Os alojamentos são limpos periodicamente. Segundo o estudante, os répteis não possuem capacidade de adquirir afeição, portanto, vivem bem sozinhos. “Já as aves e ratos são bem sociáveis, adoram carinho e atenção.” Breno é totalmente contra o tráfico de animais e ressalta que existem estudos que comprovam que a cada animal que chega ao consumidor por meios ilegais, outros nove morrem entre o processo de captura e o destino final. Sobre a importância de se adquirir animais pelo mercado legal, ele afirma: “É mais que comprovado que a maior arma contra o tráfico de animais é adquirindo-os de criadores autorizados, pois se não houvesse demanda não haveria margem para essa atividade ilícita”, conclui.

Dica: Tem interesse pelo assunto? O veterinário Adriano Bauer indica a leitura da Instrução Normativa nº 169/2008, do Ibama.

Breno e seus vários animais exóticos. Apê Zero 1. Jul/Ago 2014

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mundo exotico Pets exóticos só podem receber alimentação e usar produtos específicos. Fique esperto!

Fotos Produtos: Divulgação

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lembre-se: - Quer comprar um exótico? Verifique se criador e loja têm autorização do Ibama e se os animais vêm identificados com microchip ou anilha; - Alguns exóticos permitidos de se ter em casa: canário, papagaio, calopsita, ferret, coelho, chinchila, porquinho-da-índia, serpentes;

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- Aranha é proibido;

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- Como todo animal, os exóticos têm personalidade e são influenciados pela criação que recebem, mas geralmente convivem amigavelmente com os humanos; - Pratique a posse responsável: pesquise e informe-se com veterinários especializados sobre como cuidar do seu exótico: alimentação adequada, vacinas, manutenção, expectativa de vida, entre outros;

1. Brinquedo Big Toy escada R$ 7,90; 2. Comedouro Smarty R$ 12,90; 3. Brinquedo Cia dos Coelhos X-Alfafa R$ 14,90; 4. Gaiola Chalesco hamster Habitat Confort R$ 142,90 5. Toca para répteis Zoomed R$ 32,90. Os produtos são encontrados no site www.petcentermarginal. com.br. *Preços sujeitos a alteração 20

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- Animais exóticos são mais caros, portanto, fique atento aos preços e não compactue com o tráfico de animais!


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3° Setor

O que é

Histórias que são lições de vida estão presentes nesta editoria, ligada diretamente com o 3º setor.

Indique

Se você conhece alguma história emocionante vivenciada em entidades filantrópicas de Jundiaí, conte-nos: falecom@apezero1.com.br

comente

Visite nossa fan page no Facebook (APÊ ZERO 1) e comente o que achou desta entrevista.

Superacao e mudancas Reportagem: Renata Susigan omo passar por situações adversas? A resposta não é fácil nem a mesma para todas as pessoas. Cada um tenta superar momentos difíceis à sua própria maneira, em seu próprio tempo. Foi assim com Madalena (nome fictício, usado para preservar a identidade da entrevistada). Criada pelos pais, ela conviveu com os irmãos em uma casa simples, mas onde nada faltou. Devido a um fato ocorrido na infância, Madalena sentia-se sozinha, desorientada e revoltada. Quando era menor de idade, engravidou e passou por dois abortos, devido a complicações de seu estado de saúde. Ainda criança, começou a trabalhar em casa de família como empregada doméstica, onde morava durante a semana. Aos sábados e domingos, a patroa costumava levá-la para a casa dos pais. Certo dia, precisou ir sozinha até o ponto de ônibus. Enquanto esperava pelo transporte, Madalena conta ter percebido as luzes do centro da cidade. “Decidi caminhar até lá”, lembra. “O local iluminado era a Praça das Rosas, onde vi mulheres entrando e saindo de carros”, conta ela, que afirma não ter entendido a situação. Na ocasião, passaram a conversar com Madalena e convidaram-na para conhecer o local onde o grupo morava. Inocente, ela aceitou. Chegando lá, explicaram-lhe qual era o trabalho que realizavam. A jovem começou a fazer programas também, mas falava para a família que continuava trabalhando como empregada. A partir daquela época, Madalena saiu da casa dos pais, mas voltou a morar com eles diversas vezes. “Lembro que depois de fazer programas por um tempo, tornei a trabalhar limpando casas, mas me prostituía esporadicamente.” Durante a adolescência, ela foi morar na rua. “Conforme a quantia de dinheiro que conseguia juntar, passava as noites em hotéis”, comenta. Se o valor não era suficiente, ficava no relento ou dormia na

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casa de amigas para, na manhã seguinte, voltar à sua difícil vida. Madalena trabalhou em São Paulo, na Boca do Lixo, e em boates de Campinas e Itatiba. “Apesar de ganhar bem nesse período, gastava tudo, não pensava no futuro”, lamenta. “Hoje, poderia estar em uma situação melhor.” No entanto, ela deixa claro que nunca usou drogas ilícitas nem bebeu. “Meu único vício é o cigarro.” Naquele período, Madalena engravidou oito vezes. “Tive seis meninas e um menino que foram adotados”, conta. “Além deles e dos dois que perdi, tenho um filho que hoje mora comigo.” Madalena reconhece que nunca fez programas pelo dinheiro. “Na minha casa não faltava nada”, garante. “Não estudei nem trabalhei como minhas irmãs porque não quis. Comecei a fazer programas porque não soube lidar com uma situação pela qual passei na minha infância e me revoltei”, afirma, resignada, como quem não tem arrependimentos, mas entende que a vida poderia ter sido diferente, caso tivesse feito outras escolhas. A partir da pré-adolescência, quando tornou-se prostituta, Madalena amadureceu rapidamente. “Eu era muito ingênua, não tive orientação alguma, então, aprendi tudo sozinha, com a vida.” Ela não tenta justificar sua entrada para a prostituição com desculpas. “Me responsabilizo pela opção que fiz”, declara com convicção. Além das dificuldades que enfrentava diariamente, Madalena chegou a ser presa e cumprir um ano de pena após um mal entendido. Logo, estava de volta à Praça das Rosas, onde sua trajetória na prostituição havia começado muitos anos antes. “Eu já conhecia a Maria Cristina [que fundou a Pastoral da

Mulher Santa Maria Madalena, em 1982] da época da cadeia, quando ela visitava as detentas para conversar sobre religiosidade”, recorda. “Um dia, estava na Praça trabalhando, ela parou e ofereceu uma leitura da Bíblia às meninas que quisessem ouvir.” A partir daí, Madalena não fez mais programas, começou a frequentar as reuniões da Pastoral da Mulher, realizadas na Catedral Nossa Senhora do Desterro, e os cursos de cabeleireira, manicure, artesanato e bordado, na época em que a Associação Maria de Magadala estava sendo formada, em 1995. “Consegui me distanciar daquela vida porque tive muita força de vontade. Deixei o passado para trás, caminhei olhando apenas para frente e tive muita fé em Deus, além de ter recebido ajuda de pessoas especiais que não me julgaram, mas me ofereceram apoio caso eu escolhesse mudar.” Madalena considera-se “recuperada” há cerca de 20 anos e afirma que sua vida atual é melhor. “Aluguei uma casa, comprei os móveis, trabalhei novamente como empregada e, depois, passei a vender semijoias e lingerie”. Hoje, é ela quem cuida dos pais e do filho. De todos que foram adotados, ela tem contato com dois, que a procuraram. “Me sinto bem porque durmo tranquila. Ao me recuperar, coisas boas aconteceram na minha vida. Perdoei todas as pessoas que, de alguma maneira, me prejudicaram e fico muito feliz que as filhas que conheço estejam bem e sejam pessoas boas.” Madalena revela, ao final da entrevista, um talento que poucas pessoas conhecem: escrever versos. “Escrevo sobre tudo: amor, família e também sobre minha recuperação”, conclui, depois de declamar algumas de suas criações.

Nomes, datas, alguns lugares e demais detalhes foram extraídos da reportagem, a fim de preservar a identidade da entrevistada e de seus familiares. Leia sobre a Associação Maria de Magdala no site da Apê Zero 1.


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turismo

O que é

Vamos viajar e indicar locais centenários.

Já foi?

Esteve no Restaurante Dadá? Envie uma foto para a gente: falecom@apezero1.com.br

Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz ual a melhor coxinha de Jundiaí? Se essa pergunta for feita a um jundiaiense que costuma frequentar o Centro, a resposta será: a do Dadá! Junto com a coxinha, virão elogios aos pasteizinhos de carne, queijo e palmito. Para quem não nasceu na cidade, o estabelecimento em questão é o Restaurante Dadá, que conta 103 anos. Tudo começou em 1911, com o imigrante português Abílio Ferreira, fundador da padaria São Sebastião. O local foi transformado em restaurante de comida à la carte em 1985, e no início da década de 1990 o método selfservice foi instaurado. Para administrar o estabelecimento, Abílio sempre contou com a ajuda de seu filho, Eduardo Ferreira, o Dadá, falecido há cinco anos. O tradicional restaurante, instalado em um ponto privilegiado da rua do Rosário – bem em frente à Catedral Nossa Senhora do Desterro – serve comida brasileira. “Como as pessoas que estão no Centro buscam refeições rápidas e gostosas, temos opções variadas e light”, comenta Cibele Vaz, nutricionista do local há um ano. Se o brasileiro não abre mão do arroz com feijão na hora do almoço, os clientes do Dadá também fazem questão da coxinha e dos pastéis. Servidos no balcão ou nas mesas do salão, a presença dos “protagonistas” é tão importante que há quem não almoce se o quarteto não estiver presente para acompanhar a refeição. “A receita da coxinha foi desenvolvida aqui e

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A famosa (e deliciosa!) coxinha do Dadá.

100 anos

Já foi em algum café, doceria, padaria ou restaurante centenário? Conte-nos sua experiência!


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turismo

Da direita para a esquerda: Márcio Fernandez, Natanael de Lima, Everton da Luz, Dilson Silva, Divanir Poli, Jaqueceline Rodrigues, Maria Luisa Alvarenga, Vanda Lúcia Bandeira, Cibele Vaz de Lima, alguns dos 17 colaboradores

Restaurante fica na rua do Rosário, em frente à Catedral. poucas pessoas a conhecem”, afirma Saulo Lima, gerente, que tem 20 anos de casa. “Dona Alaíde é responsável pelo quitute há 29 anos, é nossa funcionária mais antiga.” O restaurante produz quase mil salgados diariamente. O gerente Saulo tem 35 anos e trabalha no restaurante desde os 15. “Foi meu primeiro e único emprego. Não queria trabalhar em restaurante de forma alguma”, lembra. Por insistência da mãe e do sr. Dadá, que eram conhecidos, ele começou no trabalho pesando pratos, depois passou a ajudar no salão, limpando as mesas, tornou-se atendente, garçom e gerente. “Além de chefe, sr. Dadá era um amigo, uma pessoa muito generosa, que confiava em mim e me deu esta grande oportunidade”, conta ele, que chegou a ser acom26

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Saulo, 20 anos de casa: primeiro e único emprego.

Eduardo Ferreira, o Dadá, que deu nome ao restaurante.

panhante do ex-patrão quando este esteve internado no hospital. O Restaurante Dadá possui 17 funcionários, entre cozinheiros, balconistas e caixas. De acordo com Cibele, o ambiente é tão familiar que muitos dos colaboradores trabalham lá, em média, há duas décadas. Marcado pela tradição, o local recebe aproximadamente 600 pessoas diariamente: 35 destas são clientes fiéis, que almoçam no restaurante todos os dias. “Aqui, a amizade é tão grande que colaboradores e clientes se tratam pelo nome”, conta. Com tantos anos de história, o Dadá foi (e ainda é) cenário para o início e perpetuação de muitos romances. O gerente conta que na década de 1960, quando o estabelecimento ainda era uma padaria, os jovens frequentavam o local

para tomar a famosa banana split, seguiam para o Cinema Marabá e, depois, ficavam na praça da Catedral conversando. “Muitos casais se conheceram aqui, na juventude, estão casados e são clientes até hoje.” O Dadá também recebe, todos os dias, grupos de pessoas para o happy hour. “Tem uma mesa onde um grupo de amigos, formado por advogados, engenheiros, historiadores, se reúne para discutir política, tomar café e comer coxinha. Uma presença constante é do administrador e escritor Max Gehringer, que adora comer pastel de carne e tomar Turbaína”, declara Saulo. Desde 2009, quando sr. Dadá faleceu, os proprietários do restaurante são Júlio, Flávia, Márcio e Cassiano, sobrinhos de Eduardo; Júlio Ferreira, irmão; e Maria Aparecida Ferreira, irmã.



Adolescentes

O que é

Tire o seu filho da frente do videogame e computador e o incentive a ter uma infância mais feliz e saudável. Vamos relembrar brincadeiras antigas.

Indique

Lembrou de alguma brincadeira que seu filho e os amigos do condomínio irão gostar, conte-nos: falecom@apezero1.com.br

Quando crescer, serei... Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação ireito, Biblioteconomia, Pedagogia, Editoração, Terapia Ocupacional, Artes Cênicas, Gastronomia... nunca houve tantos cursos superiores para se escolher. Para alguns vestibulandos, a variedade confunde, mas há quem saiba o que quer ser “quando crescer” desde sempre. Para todos os casos, há a orientação vocacional, que ajuda adolescentes não apenas a escolher, mas a conhecer melhor a área e carreira escolhidas e mercado de trabalho. Jéssica Picchi, de 19 anos, e Carlos Alberto Ferreira Junior, de 16, são exemplos de pessoas que sabem onde querem estar daqui a 10 anos. Jéssica sempre se interessou pela área de Saúde, mas foi no primeiro ano do Ensino Médio que teve certeza: Medicina com especialização em Endocrinologia. Segundo a jovem, ela recebeu influência da família, mas sempre teve liberdade para fazer o que quisesse. “Minha mãe é fisioterapeuta, minha tia, primos e madrasta são médicos, então, me contavam a rotina da profissão, e isso aumentou ainda mais minha vontade”, afirma. “Tanto que faço pesquisas, participo de grupos de Medicina no Facebook e acompanho o trabalho da organização Médicos sem Fronteiras.” Mais do que ser médica, Jéssica objetiva ser uma “médica sem fronteira”, ajudar e fazer a diferença na vida de pessoas sem acesso a atendimento médico. Entretanto, antes disso acontecer, ela sabe que tem um caminho longo, porém gratificante, pela frente. “São seis anos de graduação mais o período de residência, que pode durar dois ou três anos”, comenta. Ela também almeja fazer uma especialização em Endocrinologia na Europa ou nos Estados Unidos, trabalhar em consultórios e fazer estágios para adquirir o máximo de experiência possível.

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A rotina de estudos pode ser desgastante para muitos, mas não para Jéssica, que gosta de estudar. Ela está no segundo ano de cursinho, onde fica das 7h às 13h30, além de ter aulas extras de redação e inglês e estudar entre quatro e cinco horas por dia em casa. Quando decidiu que seria médica, ela conta que recebeu apoio de toda a família, especialmente dos pais (Gregory, veterinário, e Adriana, fisioterapeuta e comerciante). “Mesmo sendo uma faculdade cara, eles sempre me incentivaram a seguir o meu sonho”, revela. “Mas estou estudando para entrar em uma universidade pública.” Dentre as instituições que prefere, Jéssica destaca a Unicamp, Unesp e Faculdade de Medicina de Jundiaí. Se não passar nos vestibulares no final deste ano, ela pretende fazer intercâmbio, algo que sempre quis, mas que ainda não teve oportunidade de fazer devido à sua dedicação aos estudos. No entanto, a Medicina para ela vem em primeiro lugar. “Além de ajudar, quero criar um vínculo com os pacientes e cuidar deles continuamente.” Corajosa, ela não se importa com as aulas de anatomia nem em ter que morar longe dos pais. Com tanta coisa para pensar e fazer, ela ainda encontra tempo para ir à academia, ao cinema e sair com as amigas. “É essencial se divertir e fazer exercícios, pois ajuda na concentração e estudos, além de relaxar um pouco.” Influência sem cobrança Assim como Jéssica, Carlos Alberto sabe como será seu futuro: fará Engenharia Química e trabalhará na Petrobrás. “Meu pai é químico, então, acabou me influenciando, pois me oferece uma visão realista e objetiva da profissão”,

Carlos Alberto quer ser engenheiro químico e trabalhar na Petrobrás.

Jéssica planeja ser uma “médica sem fronteira”. declara. “Sempre gostei da área de Exatas, não me vejo fazendo outra coisa.” Para conhecer melhor a área que escolheu, Carlos Alberto faz pesquisas e participa de feiras de profissões. “Estive em um evento na USP, onde aprendi mais sobre a Engenharia Química.” De acordo com o rapaz, os pais nunca o forçaram a nada, mas sempre apoiaram suas escolhas. “A única coisa que minha mãe não quer que eu faça é sair do Ensino Médio e ir direto para a faculdade”, informa. “Como estou um ano adiantado nos estudos, ela me incentiva a fazer intercâmbio e retomar o curso de línguas; um


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que vivenciem a rotina. “Isso ajuda a pessoa a ter uma visão mais real do que é o trabalho e a entender que não basta gostar, mas estar disposto a enfrentar os desafios que toda profissão apresenta.” Flávia lembra que a maioria das escolas particulares conta com planos de orientação vocacional para quem tem dúvidas, realiza feiras vocacionais e leva os alunos a universidades. Já quem estuda em escolas públicas que não possuem este tipo de ação, pode recorrer à internet e conversar com profissionais, que estão cada vez mais dispostos a dividirem suas experiências.

curso de tecnólogo em Química também é uma opção, mas pretendo prestar vestibular e, se passar, começarei este ano mesmo”, avisa. Carlos Alberto está no terceiro ano do Ensino Médio e, somando o período em que está na escola e em casa, estuda 10 horas por dia. Tanta dedicação tem motivo: ele quer se especializar em Petróleo, o que lhe dará grandes oportunidades de trabalho. “Quero entrar em uma universidade pública, como a UFRJ (Federal do Rio de Janeiro), Escola Politécnica da USP (campus de Santos), Unicamp ou Unesp.” Depois de estagiar, ele almeja prestar um concurso público para trabalhar na Petrobrás. Entre seus hobbies, está a prática de atividades físicas, como muai thai, karatê, futebol e natação.

Os pais

Escolha “Orientar é guiar os filhos à escolha, não escolher por eles”. É assim que Flávia Almeida, psicóloga, especialista clínica cognitiva comportamental, define o papel dos pais no que diz respeito à orientação vocacional. Segundo a profissional, as pessoas começam a pensar na profissão em idades, períodos e motivos diferentes. Entretanto, ela explica que cerca de 50% dos pais de pacientes que atende exigem que seus filhos sigam determinada profissão, o que pode gerar grande ansiedade nas crianças e adolescentes. “É natural que os filhos se sintam influenciados pela profissão dos pais ou pessoas próximas à família, mas esses devem atentar para o verdadeiro interesse e aptidão da criança”, explica. “Quando a cobrança dos pais é grande, ou os filhos cedem e se frustram ou não cedem e cria-se um conflito no relacionamento. A probabilidade de o sucesso vir é maior se a profissão escolhida for aquela que o jovem gosta, com a qual se identifica.” Flávia comenta que talento, dom e vocação existem, mas não são decisivos. Segundo ela, é muito comum que as pessoas queiram seguir profissões para as quais se consideram inaptas. “Por exemplo: para ser professora é necessário falar em público, mas algumas pessoas não conseguem se expor desta maneira”, analisa. “Isso não quer dizer que o indivíduo não poderá ensinar, mas que deverá identificar suas dificuldades, passar por um trabalho motivacional e treinar para superar seus limites”, afirma. E acrescenta que em alguns cursos, como o de Pedagogia e Letras, são oferecidas aulas de expressão corporal e oratória. “Além do treinamento da faculdade, existem inúmeros cur-

Flávia Almeida, orientadora de pais e filhos, no que diz respeito à profissão, sos livres que as pessoas podem fazer para aprimorarem suas performances.” A psicóloga atende cerca de 10 adolescentes de 14 a 16 anos por semana em seu consultório, onde passam pela orientação vocacional. O método dela consiste em realizar uma entrevista com pais e filhos. A partir das informações preliminares, ela foca no adolescente. “Atendo diversos tipos de situação”, comenta. “Há quem saiba exatamente o que quer ser, quem gosta de várias profissões e não sabe qual escolher, quem não faz ideia do que quer e quem visa apenas o sucesso financeiro e status social.” A partir daí, é realizado um processo de identificação de qual realmente é a pretensão do futuro profissional e sua motivação para, então, discutir com ele o mercado de trabalho, as vantagens e dificuldades da carreira, realizar pesquisas, amadurecer a ideia e detectar as habilidades que a função exige. “Se um paciente quer ser engenheiro, mas não é bom em matemática, oriento para que ele melhore, ou seja, estude mais a matéria ou ainda faça aulas complementares para que esse fator importante não o impeça nem o desestimule a seguir o seu sonho”, analisa. “Faço também testes vocacionais, que ajudam a pessoa a conhecer bem os próprios gostos e objetivos.” Ela explica que os testes complementam o trabalho realizado no consultório, e incentiva que seus pacientes entrem em contato com profissionais da área à qual estão inclinados a seguir para

É importante que os pais estejam sempre atentos às habilidades e preferências dos filhos. Flávia explica que eles precisam entender que a escolha da profissão não precisa ser definitiva. “Há algum tempo, as pessoas tinham que escolher uma carreira para a vida inteira”, opina. “Hoje não é mais assim. As pessoas estão em constante mudança, então, não há problema algum em querer mudar de profissão depois de algum tempo exercendo uma função.” O trabalho da especialista com os pais é apresentar o resultado da orientação vocacional dos filhos e orientá-los a respeitar a escolha deles, sem pressão, pois isso pode gerar conflitos na relação, além de ansiedade e transtornos desnecessários. “Minha conversa com os pais também refere-se ao excesso de informação e ausência”, declara. “Muitos pais e mães trabalham, estudam e não têm o tempo necessário e precioso para estarem ao lado dos filhos no momento da escolha.” Em contraponto a essa falta de tempo dos pais está o excesso de cursos que eles acreditam que os filhos devem fazer. “Ao invés de ajudar, atrapalha. Os pais devem incentivar a leitura, programas culturais, como teatro e cinema, prática de exercícios físicos.” Ela ensina que eles podem colocar seus filhos em um curso que queiram, mas não em todos, pois realizar muitas tarefas ao mesmo tempo pode causar um desgaste precoce nos adolescentes e acabar confundindo-os.

Dica: Quer saber mais sobre profissões, mercado de trabalho e fazer testes vocacionais? O Guia do Estudante é uma ótima ferramenta de ajuda. Acesse: www.guiadoestudante.com.br


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Multiplicadores Voto Consciente

O que é

Em Multiplicadores, mostramos as pessoas que fazem a diferença com projetos simples e funcionais.

Participe

Conhece alguém no bairro, escola, faculdade, trabalho, enfim, uma pessoa que tem a visão de mudança positiva para a cidade e as pessoas? Indique para a gente.

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Fomentando a consciencia politica Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

Raio-X O sociólogo e mestrando em Sociologia Ambiental, Alberto Matenhauer Urbinatti, tem 23 anos, e é um dos coordenadores do Voto Consciente, movimento do qual faz parte desde 2008. Alberto sempre gostou de ler sobre política e interessou-se pelo Voto Consciente por ser um movimento formado por voluntários, um grupo de amigos interessados em propor projetos de melhorias para a cidade. Voto Consciente: Trazido de São Paulo para Jundiaí em 2006, por uma iniciativa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), o movimento é formado por pessoas engajadas na promoção da cidadania e na educação da população quanto à importância do papel do cidadão na sociedade. O primeiro feito do Voto Consciente foi realizar um ranking de desempenho dos vereadores de Jundiaí. Desde então, os integrantes perceberam que podiam e, nas palavras de Alberto, “deveriam” expandir suas ações. Além de acompanharem o trabalho dos vereadores, eles passaram a incentivar os jundiaienses a frequentar a Câmara Municipal. Atualmente, o movimento tem 20 voluntários fixos, além de apoiadores, e utiliza três indicadores de acompanhamento e avaliação: ranking de desempenho dos vereadores; avaliação do Plano Diretor; e avaliação do grau de transparência do site da Câmara. 32

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e

m ano de eleições para presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, o movimento Voto Consciente realiza, mais uma vez, o financiamento coletivo para impressão das Fichas Públicas, nas quais constarão o perfil de candidatos locais, suas propostas e metas. Para chegar até aqui, o Voto Consciente marcou sua trajetória com diversas ações que culminaram em importantes instrumentos de documentação e cobrança. Confira na entrevista a seguir, com o coordenador Alberto Matenhauer Urbinatti, o que os voluntários e apoiadores do movimento já realizaram. Para quem ainda não conhece, o que é o projeto Cidadonos? Nós, do movimento, queríamos criar um ciclo de participação maior da população na cidade. Em 2009, conhecemos o site “Cidade Democrática”, que recebe propostas de todo o País, e propusemos para os responsáveis a criação de uma interface específica para Jundiaí. Surgiu, então, o Cidadonos, que comporta sugestões de melhorias para o município. Dois anos mais tarde, começamos a usar a ferramenta com mais efetividade. Os cidadãos apresentavam ideias e o próprio site selecionava as propostas mais acessadas, comentadas e apoiadas. As 12 com maior destaque integraram a 1ª Agenda Cidadã, que foi protocolada na Câmara Municipal e na Prefeitura de Jundiaí com o objetivo de servir como sugestão aos gestores e vereadores.

Como surgiu o Concurso Cidadonos? Percebemos que não bastava apresentar ideias, mas tínhamos que levá-las adiante. Em 2011, criamos o concurso para gerar concorrência e incentivar os participantes a se mobilizarem, pedirem apoio. Mais de mil ideias foram debatidas, comentadas e apoiadas por cerca de quatro mil pessoas. Ainda em 2011, criamos a 2ª Agenda Cidadã, com mais 12 propostas. Antes da criação do concurso, tivemos o Cidadonos Eleições 2010, que veio para complementar a ideia do site e trazer as propostas para o mundo real, para a prática. A partir daí, fizemos a Ficha Pública, que é a divulgação dos perfis e propostas dos candidatos da região de maneira justa, o que nem sempre acontece durante o horário eleitoral, já que alguns partidos são menores, tem menos recursos e, portanto, menos tempo para se apresentarem. As fichas são uma maneira de ajudar os cidadãos a escolherem com mais consciência antes de votar. Nossa intenção também era contribuir para que Jundiaí elegesse mais deputados e aumentasse sua representatividade. Foram impressas 20 mil fichas e estima-se que elas tenham sido lidas por aproximadamente 60 mil jundiaienses. Naquele ano, Jundiaí elegeu um deputado federal (Luiz Fernando Machado) e dois estaduais (Ary Fossen e Pedro Bigardi).


Multiplicadores Voto Consciente Com houve a integração entre as propostas da Agenda Cidadã com a Ficha Pública?

O movimento Voto Consciente também realiza algumas ações em escolas. Como elas funcionam?

Nosso trabalho foi muito objetivo. Perguntamos aos partidos dos candidatos se eles se comprometiam a desenvolver as ações. Alguns se comprometeram, outros não. Entre as ideias estavam a implantação de ciclovias, quilometragem, prazos. Percebemos que era necessário haver essa relação entre as propostas dos candidatos e as propostas dos cidadãos. Então, sugerimos que as ideias do primeiro Cidadonos fossem tema da Ficha Pública de 2012 [ano de eleições para vereadores e prefeito]. O melhor candidato não é o que tem boas ideias apenas, mas o que escuta as boas ideias e as coloca em prática. Assim, a Ficha Pública tornou-se um instrumento de cobrança. Nosso maior objetivo é incentivar as pessoas a cobrarem por elas mesmas, não esperarem que o movimento o faça. Depois de acompanharmos as ações, fazemos um balanço e o tornamos público.

Até agora, já visitamos 21 escolas públicas e particulares de Jundiaí porque nosso objetivo é entregar as Fichas Públicas e explicar o conteúdo delas. Além disso, já fizemos palestras, onde são realizadas oficinas de estimulação de ideias para os concursos e de educação cidadã: explicamos como os candidatos são eleitos, a questão da proporcionalidade, o que faz cada cargo político. Já participaram sete mil jovens.

Como será o financiamento coletivo em 2014? Qual sua importância? Mais uma vez, estamos tentando o financiamento coletivo para impressão da Ficha Pública. Nossa meta é R$ 18 mil e, até agora [data da entrevista, realizada em 11 de julho], conseguimos arrecadar cerca de R$ 10500 com 98 apoiadores. Nosso foco será nos deputados e tentaremos que eles se comprometam e protocolem as propostas do Cidadonos 2013. Este tipo de financiamento é importante porque faz com que as pessoas se sintam parte integrante do projeto, quem contribuiu também foi responsável pela realização de algo tão importante para a cidadania. Outro fator relevante é que, quando alguém doa uma quantia, este valor não é debitado da sua conta imediatamente. Ele é creditado na conta do projeto apenas se batermos a meta. Se não conseguirmos, ninguém terá o valor debitado. Isso dá mais segurança e estimula as pessoas a participarem. No site fica especificado como o dinheiro é gasto, quanto vai para impressão, impostos.

Quais as principais dificuldades de um movimento relacionado a política? Atualmente, nossa maior dificuldade é a participação dos cidadãos. Tudo que é novidade tem maior participação. A partir da segunda edição, fica mais difícil as pessoas se engajarem. Como Jundiaí é uma cidade dormitório, as pessoas têm menor comprometimento com a cidade porque elas acabam não “usando” o bairro onde moram. No entanto, percebemos que, a cada edição, as propostas do Cidadonos têm tido melhor formatação. Quais os objetivos do movimento? Temos um projeto chamado “Jundiaí 2022”, que nos lembra onde queremos chegar. Até lá, queremos contar com a participação de 40 mil jundiaienses, por causa do tamanho e importância da cidade e do número de eleitores. Seria o cenário ideal.

Para saber mais: votoconscientejundiai.com.br


Curiosidades da Terrinha

O que é

O que você acha de resgatar o passado da nossa cidade? Acompanhe as fotos e histórias sobre locais que ficaram guardados na memória.

Colaboração Contato

Esse trabalho só é possível com o apoio do professor Maurício Ferreira, do sebo “O Barato da Cultura”.

Sebo “O Barato da Cultura”: 11 2816-3387 | 2449-2140

Igreja da Ponte: antes (1939) e depois (2014).

Igreja Matriz de Sao Joao Batista Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz e divulgação necessidade de documentar a história da Igreja Matriz de São João Batista incentivou a professora de música, organista e catequista Maria Helena Rössler, que exerceu o cargo de secretária da paróquia por 42 anos, a pesquisar e compilar informações e objetos sobre o local. Entre os dados que conseguiu obter, estão papeis que documentam que, no final do século XIX, os monges beneditinos do Mosteiro de São Bento (SP) eram proprietários das terras onde hoje a igreja está localizada. Na época, havia uma capela no local, cujo santo padroeiro era São João Batista. Nas décadas de 1910 e 1920, os

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monges desocuparam o lugar e a capela ficou sob responsabilidade da Catedral Nossa Senhora do Desterro. Em dezembro de 1939, a capela foi elevada à categoria de paróquia e teve, como primeiro padre, Luiz Geraldini, da ordem dos salesianos. Durante os anos 1945 e 1946, a igreja não teve párocos. Em 1947, o padre da igreja era da Congregação dos Oblatos de Maria Virgem, Ângelo Cremonti, que esteve à frente da paróquia por 25 anos e foi o pioneiro dos Oblatos no Brasil, já que a congregação tem sede na Itália. O padre Cremonti fundou em 1952, na casa paroquial, a Escola Paroquial Nossa Senhora das

Graças, onde dava aulas de alfabetização com ajuda das irmãs Vicentinas, do Centro. Hoje, a escola, que funcionou até 1970, é a atual Sesi. Durante o período em que o padre Cremonti foi pároco da igreja, a construção passou por reformas: os altares foram renovados e uma pequena torre com campanário foi erguida. Entre os anos 1970 e 1978, foi construída uma nova igreja, quando o pároco já era Ângelo Ranalli. Na época, o responsável pelos vitrais e quadros foi o artista polonês Arystarch, que não tinha as mãos. Foi ele quem idealizou os vitrais e para fazer os quadros, obteve ajuda do pedreiro Antônio P. Rosa, preparador da massa que Arystarch coloria para


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Curiosidades da Terrinha

Vista da entrada da Igreja

fazer os desenhos nas paredes. A esposa do artista, Dona Ludmila, também o ajudou. Quando a obra foi concluída, em 1978, durante a administração do pároco Sérgio Mazzole, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, bispo de Jundiaí, elevou a paróquia à categoria de matriz: Igreja Matriz de São João Batista. Esta igreja têm outras unidades em Jundiaí: na Vila Nambi (padroeira Santa Maria Gorete); no Jardim Pacaembu (padroeiro Jesus Divino Mestre); na Vila Aparecida (padroeira Nossa Senhora Aparecida); e no Jardim São Camilo (padroeiro São Camilo de Leles). A Matriz de São João Batista comporta 800 pessoas sentadas e tem uma média de frequência de 400 por semana, exceto aos domingos, quando chega a receber mais de 1000. Na igreja são rezadas missas todos os dias, exceto às segundas-feiras. Nos dias 27 de cada mês, às 16h45, a paróquia abriga um ritual em 36

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Maria Helena Rössler, secretária da paróquia por 42 anos.

homenagem à Nossa Senhora das Graças. No dia, o local fica lotado de fiéis que agradecem as graças obtidas. A devoção à Nossa Senhora das Graças, celebrada na paróquia, teve início com o padre Ângelo Cremonti, em 1947, já que ele era seu devoto. A Matriz tem um Conselho Paroquial que administra as diversas pastorais, dentre as quais estão a do Menor (que oferece cursos e atividades a crianças e adolescentes no horário oposto ao da escola), da Saúde (de visitação aos doentes em hospitais que permitem) e da Pessoa Idosa. Até o final deste ano será inaugurado um Acervo Cultural/Museu com os documentos e objetos que Maria Helena Rössler, com ajuda de outras pessoas, conseguiu resgatar. Párocos - Luiz Geraldini, Ângelo Cremonti, Ângelo Ranalli, Sérgio Mazzole, Pedro Azzone, Cláudio Weronig, Márcio Pinho e André Mariano Flávio (atual).


saĂşde

restaurante

fotografia

academia

classificados

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cronica

SUTIa E CURTO-CIRCUITO

Divu lgaç ão

Não existe coisa mais desagradável em um condomínio que briga entre casais. Com as construções modernas é quase impossível não ouvir o teor da discussão, sendo que muitas vezes os casais se alteram e sobem um pouco o volume, deixando que suas fraquezas sejam dividas, muitas vezes com o prédio todo. Mas este casal era muito diferente, tinham mutuamente um ciúme doentio e bastava algum atraso, para o lamentável espetáculo começar. Os vizinhos do mesmo andar não suportavam mais as baixarias e palavrões que eram obrigados a compartilhar, quando o casal se desentendia. O marido chegava ao ponto de descer ao estacionamento para verificar a kilometragem do veiculo e comparar com o trajeto percorrido pela esposa. Os moradores, cansados de tantas brigas foram falar com o sindico, que foi rápido no gatilho: “ Em briga de marido e mulher, eu não boto minha colher”. Pois bem, já cansado de discussão com a mulher, naquela sexta feira, o caldo entornou. O marido, cego de ciúmes, pegou as roupas da mulher e começou a atirar pela janela da frente do apartamento, num espetáculo de horror, não só para o prédio, mas também para toda vizinhança. Como castigo vem á cavalo, e este veio da janela do apartamento, um sutiã de bojo, vermelho voou da janela para a fiação de entrada do prédio e causou um curto circuito, queimando a placa do portão eletrônico e consequentemente, o desligou. Pararam também os elevadores, todos eles com moradores presos e por fim quase sufocou o morador do apartamento 73 que usava respirador artificial e por pouco foi desta para melhor. Depois de duas horas com a presença do Corpo de Bombeiros, ambulância e da equipe técnica dos elevadores, a ordem foi restabelecida. Porém a confusão teria um breve intervalo, a mulher jurava de pé junto que o sutiã não era dela, e logo não poria ser lançado pelo marido, à confusão só terminou com a chegada de uma viatura da PM, que constatou que o sutiã não era da esposa e sim da amante do marido. A esposa cega de raiva disse que iria subir e jogar toda roupa do marido pela janela, mas foi contida pelo sindico que morria de medo de umas de suas cuecas caírem sobre o hall de entrada do prédio.

Rafael Godoy

José Miguel Simão Advogado e cronista 38

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Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Procure pela palavra “crônica” no site: www.apezero1.com.br


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