Portal dos condomínios-ed.Janeiro-fev 2013

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PORTAL DOS O seu condomínio em revista

CONDOMÍNIOS Distribuição gratuita Ano 09 . Nº 100 Jan/Fev de 2013

PLANEJAMENTO

2013 não adianta

CHORAR PELO

LEITE DERRAMADO PARTICIPE DA ASSEMBLEIA E DECIDA a previsão de gastos e o que será feito

!

ESTE ANO


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Portal dos CondomĂ­nios . Jan/Fev 2013


EDITORIAL

ÍNDICE

EDIÇÃO 100

* Iluminação da sua casa * Responsabilidade do síndico

Chegar aos 100 é motivo para se orgulhar. E che-

Não se assuste. Apenas aguarde, que a espera

gamos. Foram 100 edições, que se iniciaram com um

será válida. Ao mesmo tempo, tempos a opor-

jornalzinho há quase 10 anos. Neste período, profis-

tunidade de aguardar a sua sugestão. O que você

sionalizamos, aperfeiçamos, conquistamos credibili-

gostaria de ver na revista Portal dos Condomínios?

dade, contribuímos para desenvolvimento do mercado

O que não gosta? Tem problemas na distribuição

condominial e, cá estamos, assoprando essa infinita

da revista? Quer participar mais ativamente? Envie

união de velinhas!

a sua opinião para contato@condominioemrevista.

Para atingir esse número simbólico, chamamos a sua atenção, seja síndico, morador, porteiro, zelador, anunciante, enfim, todos aqueles que, de alguma forma, participaram da história da marca Portal dos Con-

com.br Feliz Ano que se inicia com grandes novidades *

Em toda a trajetória, pensamos sempre a frente,

O departamento comercial do Portal dos Con-

até que atingimos um padrão de distribuição dirigida

domínios está à sua disposição para criar os melhores

com etiquetas e dados do destinatário e uma linha

planos de investimento na revista que atende mais de

editorial imparcial e diferenciada, provando (para nós

130 condomínios residenciais, sejam verticais ou hori-

mesmos) que é possível criar uma mídia sem vínculo

zontais, atinge cerca de 30 mil leitores e é distribuída via

com o comercial.

mala direta, protegida por um plástico e etiqueta.

Mas as mudanças são constantes, pois o mundo

A revista tem periodicidade bimestral e circula

(parece) está mais rápido. As necessidades são outras

através de 10.500 exemplares desde maio de 2003.

e, por este motivo, estamos montando um novo Por-

Atualmente, é associada da Proempi - Associação das

tal. Uma nova linguagem. Uma nova formatação. Mas

Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e

com a grande responsabilidade de continuar levando

Região, e segue uma linha editorial independente.

informação de qualidade para dentro da sua casa. Em 2013, quando completarmos 10 anos, agora no primeiro semestre, você receberá uma nova revista.

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* Portal Debate: as dúvidas do seu condomínio

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* Capa: Planejamento 2013 10 * Compra de imóveis

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* Projeto contra incêndio

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* UD: dicas para churrasco 20

para todos nós!’

domínios.

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* Crônica: As gêmeas

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Quando pensar em investimento de mídia em 2013, lembre-se da revista Portal dos Condomínios, o seu condomínio em revista.

EXPEDIENTE Redação: Rua das Pitangueiras, 652 - Jd. Pitangueiras

mediante protocolo para moradores de condomínios

CEP.13206-716 - Jundiaí / - Tel: 4522-2142

constantes em cadastro do Portal dos Condomínios.

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Caso ainda não receba e queira o exemplar em seu condomínio, ligue para 11. 4522-2142.

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Associado

Reportagens: Vivian Lourenço MTB: 57471 Ilustração e Redes Sociais: Rafael Godoy Planejamento: Júlia Hirano Tiragem: 10.500 exemplares.

PARA ANUNCIAR 11 4522.2142 | 4521.3670

Entrega: Mala direta e direto em caixa de correio,

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Estagiário: Paulo Toledo

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Decoração & Design

A LUZ

Divulgação

que faz bem

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Por Vivian Lourenço Quem não quer uma residência aconchegante? Aquela que você pensa duas vezes se precisa realmente sair ou não do seu refúgio. Difícil é achar quem não queira algo assim. E deixar a casa dessa maneira não dá tanto trabalho, basta pensar em um item essencial que vai mexer no seu humor e no bolso: a iluminação. Ela é responsável por aquecer e gerar bem estar, além de elevar a autoestima e reduzir o estresse. Não é pouca coisa que o sol pode fazer por você. Se a residência está escura e em cada cômodo é preciso deixar uma luz acesa para conseguir enxergar bem, está na hora de mudanças. Quanto mais luz acesa, maior o gasto com energia elétrica. Além disso, a luz natural proporciona benefícios como o fato de ser bactericida (ajudando na saúde) e de promover a circulação e renovação do ar. E não é somente o quarto e a sala que podem ser redecorados. “Podemos mudar praticamente todos os ambientes, para torná-los mais aconchegantes, românticos, suaves ou simplesmente funcionais”, explica a arquiteta Pâmela Cabbia de Oliveira. A arquiteta e docente do Senac Jundiaí, Ivelise Oliveira, explica que há duas maneiras de mudar o ambiente: com ajuda de profissionais ou a abordagem prática. “O ideal é que o projeto seja elaborado de maneira a aproveitar a luz/ventilação natural; isso justifica o investimento na contratação de um arquiteto, já que é este o profissional capaz de tirar proveito das condições existentes e o proprietário poderá fazer economia”, explica Ivelise. Mas calma que arquiteto também não faz milagre, ou seja, não dá pra mudar a casa ou o apartamento de posição para aproveitar melhor a luminosidade. Há casos que é possível, com uma reforma, aumentar janelas ou até mesmo substituí-las por peças com aberturas maiores. “Existem também profissionais que podem fazer um projeto que valorize cada cômodo, alternando as luzes para criar ambientações mais fortes, mais fracas, destacando algum objeto ou lugar”, ressalta Ivelise. O morador também tem a possibilidade de somente trocar as lâmpadas por tipos mais eficientes, ou fazer uso de luminárias que produzam focos direto (dirigida diretamente para o alvo, com o uso de spot, luminária de mesa, abajur, etc.), indireto (que não tem um foco dirigido; é uma luz de ambientação), difuso ou de várias tonalidades. “As mudanças que uma iluminação artificial adequada fará em seu ambiente será deixá-los mais claros, dar


destaque há algum objeto ou móvel, realçar cores ou até mesmo criar cenários em seu ambiente; lembrando-se que para cada tipo de destaque, ou uso, há uma lâmpada correta“, explica Pâmela. Uma dica legal para quem gosta de ler em diversos lugares da casa é comprar luminárias que possam ser transportadas de lá pra cá, sem transtornos. Outra ideia é que, se a parede da sua casa não for muito alta, você pode optar por uma luminária estilo coluna, que ilumina de baixo para cima e dá impressão que o pé direito é mais alto. No banheiro o correto é usar arandelas ao lado do espelho; já na sala pode-se usar luz baixa para não refletir a luminosidade na tela da TV. Porém, se for uma sala de jantar, opte por uma luz pendente sobre a mesa, com distância mínima de 70 cm, para que não aconteçam sombras. Na cozinha é bom que seja tudo bem iluminado, pois é um local de trabalho, assim pode usar arandelas no teto e spot nos armários. E no corredor a ideia é usar trilhos, que podem ser fixos e de diversos tamanhos, além de uma luz central. Se existir algum quadro, direcione a luz para ele para dar um bom destaque. Agora quem não quer gastar com o pro-

jeto de iluminação, pode começar a redecorar a casa, ou seja, mexer nas cores das paredes, dos móveis e trocar as cortinas. Mas cuidado para não trocar seis por meia dúzia. A substituição de móveis nem sempre é a solução; isto só vale se eles forem trocados por peças com cores mais leves, cortinas com tecidos mais claros e adequados a sua finalidade. As cortinas exercem um papel muito importante no ambiente, ela não serve só como parte da decoração, mas como proteção dos raios solares. “Uma cortina mais fluída, de voil, pode deixar a luz natural entrar, difundindo-a pelo ambiente. Uma cortina mais pesada, de linho ou chantung escuros, pode bloquear a interferência da luz externa e valorizar, por meio da iluminação artificial, os pontos focais (um quadro, uma peça de família, uma planta, etc.)”, ressalta Ivelise. Assim os de tipos lisos e claros são para quem quer transparência ou luminosidade e geralmente podem ser usadas em salas. Já os tipos escuros ou com listras e estampas, deixa para ambientes mais íntimos como os dormitórios. A tela solar por sua vez, usada mais na cozinha e na área de serviço, reduz a incidência de luz solar e resiste à gordura, sendo mais fácil sua manutenção, podendo ser lavada com mais frequência.

Quanto aos móveis, Ivelise explica que os tecidos brilhantes refletem a luz e destaca a peça; já os tecidos mais foscos, como o veludo ou chenille, absorvem a iluminação, mas são detalhes bem técnicos. “O uso de cromados também reflete a luminosidade ampliando-a. Cores das paredes também influenciam da mesma maneira (foscas e brilhantes), lembrando que as cores claras ampliam e as escuras reduzem a sensação de espaço”, ressalta a docente e arquiteta. As cores das paredes também influenciam e muito no seu ambiente, por isso na hora de mudar lembre-se de escolher uma tinta com qualidade. As tintas possuem em suas formulações “agentes” que refletem a luz, variando de fornecedor para fornecedor. “A correta utilização das cores é um importante aliado para o equilíbrio dos ambientes e daqueles que os habitam, podendo gerar bem estar, o que eleva a autoestima e reduz o estresse, além de facilitar a comunicação e aumentar a produtividade, eliminando ansiedade, angústia e depressão”, avalia Pâmela. Ou seja, se você anda estressado, não está querendo ficar em casa e está até mesmo meio triste, deixe um pouco de luz entrar na residência. Ela pode fazer toda a diferença no seu dia. Não é complicado, só requer vontade.

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VIVER EM CONDOMÍNIO

SÍNDICO O Código Civil possibilita em seu artigo 1348 que o síndico transfira a outros, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas, mediante aprovação em assembleia, salvo disposição em contrário da convenção. Nasce assim a possibilidade jurídica da contratação da chamada “administradora de condomínio” e esta “como recebe poderes de gerência e representação, fica adstrita à prestação de contas ao síndico e à assembleia, que aprovou a delegação.“i Ensina ainda o nobre ministro que “os atos ilícitos praticados pela administradora não são, a princípio, de responsabilidade do síndico, pois a delegação e a escolha derivam de deliberação da própria assembleia. Claro, porém, que se o síndico se omite dos deveres de acompanhamento e de fiscalização das tarefas delegadas à administradora, pode responder solidariamente pelos danos causados ao condomínio, por culpa in vigilando.” ii Estaria então tudo certo, a lei e a convenção permitem contratar a administradora de condomínio, a doutrina diz que o síndico não responde, a princípio, pelos erros da administradora, pois foi a assembleia que a escolheu.

PODE SER RESPONSABILIZADO POR ERROS DA ADMINISTRADORA

Vida mansa para o senhor síndico, correto? Errado! Temos aí a tal da “culpa in vigilando”, ou seja, o síndico tem a responsabilidade de vigiar, fiscalizar, acompanhar e conferir todo o trabalho da administradora, caso contrário poderá ser punido por sua negligência. Podemos citar a realidade fática em recente julgado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que condenou uma síndica a indenizar um morador pelas multas que o condomínio teve que pagar em razão do recolhimento atrasado das contribuições de FGTS e INSS por parte da administradora. iii Em sua defesa, a síndica alegou que a administradora foi escolhida pela assembleia e não por ela e ainda mais, que a escolha foi realizada em gestão anterior à dela. Alegou ainda que a assembleia geral dos condôminos decidiu por isentar a administradora dos erros ocorridos em tais recolhimentos. O caro leitor deve estar pensando, mas a assembleia não é soberana? Se a assembleia decidiu, pronto! É um engano pensar que a “soberania” da assembleia pode se sobrepujar às leis e poderia por tanto isentar o síndico de suas responsabilidades. No caso em comento, o autor da ação

cobrou a devolução da parte que lhe coube nos valores desembolsados pelo condomínio e rateados entre todos os condôminos acerca dos recolhimentos vencidos de INSS e FGTS, o Tribunal entendeu que a síndica da época dos fatos tinha a obrigação de fiscalizar o trabalho da administradora e que a “isenção” outorgada pela assembleia geral não deveria valer no caso específico. Tudo isso ainda considerando que o autor do processo era integrante do conselho consultivo à época. Ainda que possamos discordar em termos da decisão do Tribunal, certo é que cada vez mais se ressalta a importância do síndico se capacitar e se reciclar cada vez mais, buscando sempre se assessorar por profissionais especializados, competentes, experientes e que sejam de sua confiança. * Carlos Eduardo Quadratti, advogado especializado em direito condominial e de vizinhança, jornalista articulista inscrito no MTB 0062156SP. i

Código Civil Comentado, Ministro Cezar Peluzo, 2ª Edição, Editora Manole, pág. 1343.

ii Código Civil Comentado, Ministro Cezar Peluzo, 2ª Edição, Editora Manole, pág. 1344. iii

Apelação com revisão N° 9092096-422004.8.26.0000 – TJ/SP

Envie sua sugestão de tema jurídico para viveremcondominio@condominioemrevista.com.br

síndico

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PORTAL DEBATE

Dúvidas de moradores e síndicos expostas aqui, para você

PORTAL

DEBATE

A editoria Portal Debate é aberta aos leitores que possuem dúvidas referente ao âmbito condominial. Participe e envie o seu questionamento. Com certeza, ele também poderá ajudar outros moradores. As perguntas devem ser enviadas para contato@condominioemrevista.com.br Raquel Marques - Cond. Sítio do Botão: Um síndico precisa ficar disponível 24 horas? Qual a carga horária? Portal Debate: Não existe a obrigação de cumprir carga horária, até porquê a função de síndico não é vínculo empregatício. O mais aconselhável é que o síndico se reúna com os moradores e defina um período em que ele pode ser acionado, ficando bem claro quais serão as questões emergenciais e como serão tratadas. Cristiane Mortensen - Ed. Palas Atena:

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Está dentro da lei decidir trancar a porta do Hall Social que dá acesso aos elevadores e cada morador ter uma chave? Portal Debate: A questão deve ser ponderada considerando a segurança do prédio (assaltos, invasões) mas também há o normativo do corpo de bombeiros que define a rota de fuga em caso incêndios, e esta deve ficar desimpedida. Odete Chiqueto - Palmeiras da Malota: O Condomínio é obrigatório ter apólice de seguro? Qual? Portal Debate: Sim, é o imperativo da lei. O Código Civil determina em seu artigo 1346 que “ é obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial”, e ainda mais adiante o mesmo diploma legal impõe expressamente essa obrigação ao síndico no artigo 1348 quando afirma que “compete ao síndico realizar o seguro da edificação.”

Luana Cárnio - Res. Joana: Síndico que não recebe pela função, mas é isento de taxa condominial, é obrigado a contribuir para o INSS? Portal Debate: Sim. A questão já foi apreciada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) à luz da Lei Complementar Nº 84 - de 18 de janeiro de 1996 – (DOU DE 19/1/96) e assim decidiu aquela corte: “Não há mais discussão acerca da legalidade da cobrança da contribuição social a partir da vigência da citada norma, a qual determinou expressamente como contribuinte o síndico eleito para desempenhar serviços em condomínios, passando a ser devido no percentual de 20% da remuneração” afirmou o ministro Francisco Falcão. Apenas para esclarecer, nos autos do processo um sindicato do Rio Grande do Sul sustentava exatamente a inexigibilidade da contribuição sobre de isenção concedido ao síndico.


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Capa

Não é despesa, é investimento

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Por Vivian Lourenço Ah que bom seria sair por aí fazendo tudo o que tivesse vontade (ou como dizem, o que desse na telha), sem ao menos pensar no que poderia dar certo ou errado. É o tal do carpe diem, a história de aproveitar o momento. Porém, não dá para sair fazendo isso. Quer dizer, na verdade, qualquer um poderia agir dessa forma, mas o resultado, na maioria das vezes, seria bem catastrófico. Ainda mais envolvendo outras pessoas. Não dá pra ser egoísta o tempo todo, principalmente vivendo em comunidade. Poucas pessoas têm a sorte de fazer isso e alcançar o objetivo da forma mais rápida e eficiente. Imagine se desde o começo do mundo as pessoas agissem assim, por impulso; sem pensar no futuro. Sem planejamento, provavelmente Júlio César não teria sido imperador de Roma; como entrar em uma guerra sem planejar cada ação, cada passo pensando no futuro. Aposto que nenhuma guerra teria saído com vencedor sem o estudo estratégico de todas as ações. Pode parecer um pouco demais pensar que há detalhes tão importantes em uma guerra, mas são esses pequenos planos que fazem toda a diferença. Em tudo, entra em ação a palavrinha planejamento. Provavelmente você nasceu depois de um planejamento. Mais tarde planejou sua faculdade ou carreira profissional; e agora vem o planejamento do casamento e dos filhos. Tudo na sua vida envolve planejar. Imagine, por exemplo, ganhar sozinho na Mega Sena. A vontade de sair por aí gastando é grande, porém, todo mundo sabe que, se não planejar e organizar os gastos, o dinheiro não vai ser o suficiente para satisfazer todas as vontades do ganhador. Por mais bagunçado que o país possa parecer, o Governo Federal tem um planejamento definido de gastos, arrecadação, previsão de juros, etc. é claro que imprevistos podem acontecer, mas ter uma visão estratégica de como serão os próximos meses – ou anos - pode dar margem para que grandes catástrofes não aconteçam. Foi graças a isso que o Brasil não sentiu tão fortemente os efeitos da crise mundial de 2008, por exemplo. Guerras, grandes quantias em dinheiro e orçamento federal podem parecer um pouco distantes da realidade prática do dia a dia. Mas o conceito é o mesmo com grandes empresas e em uma família. Uma viagem de final de semana precisa de pesquisa de preços para ver se cabe no orçamento, além de escolher um destino que agrade todos e uma previsão de quanto gastará para não ficar no vermelho. Se acontece assim em todos os setores da sociedade, não seria diferente em um condomínio. Essa pequena cidade também precisa ser planejada; senão um dia o mundo desaba sobre os moradores. Manter as dependências do condomínio em


ordem não é tarefa fácil. São elevadores, bombas, interfones, portões automáticos, antenas coletivas, geradores, iluminação de emergência, hidrantes, extintores de incêndio, bombas de águas pluviais, para-raios, filtros de piscina, equipamentos de sauna e piscina, jardins, equipamentos de segurança, entre outros itens, que devem entrar na lista de verificados constantemente. Cabe ao síndico cuidar de tudo isso e, ainda, observar o desgaste aparente do edifício. Aquele item que todo mundo vê, como rejuntamento de pisos e pastilhas, vazamentos de água, queima de lâmpadas, fixação de corrimão, falhas na pintura e limpeza de caixa d’água. Se o síndico é o prefeito e os moradores são a população, e como vivemos em uma democracia, todo mundo tem que participar, cada um com sua responsabilidade. O síndico é o responsável por fazer a previsão de gastos e do que deve ser realizado no condomínio, porém, todos são responsáveis pelo bem-estar do local onde moram e precisam participar das decisões que envolvem o condomínio, ou seja, a sua casa. Do mesmo jeito que muitos foram às ruas para exigir o direto de votar para eleger quem irá comandar o país, no condomínio o voto também existe; não é obrigatório igual nas eleições federais ou municipais, porém praticamente funciona da mesma maneira: quem não vota, tem que acatar a decisão da maioria. É como diz o ditado popular: não adianta chorar pelo leite derramado. Os condomínios realizam, ou no final ou no começo do ano, assembleias que tem o intuito de mostrar aos condôminos toda a previsão de gastos e o que será feito durante o ano todo no condomínio. Um condomínio é equivalente a uma empresa e a falta de um planejamento é como um navio que não sabe qual direção seguir. Já dizia o escritor e filósofo romano Sêneca: “Não há bons ventos para quem não sabe para onde vai”. E olha que ele escreveu isso há cerca de dois mil anos. A preparação de um plano de ação pelo síndico é indispensável e isso não quer dizer que ele precise pensar pequeno, já que nada impede que a proposta seja por período superior a sua gestão. Mas cuidado morador: tem muito síndico que tenta se eleger com a proposta de diminuir a taxa condominial, sem analisar os gastos e as necessidades do local. Assim como as falsas promessas dos políticos, há falsas promessas de candidatos a síndico. A falta de planejamento ocasiona, por exemplo, a descontinuidade de projetos, obras inacabadas e, em especial, a surpresa de cada período de mandato estar sujeita à individualidade do síndico. A esse conjunto de gastos é dado o nome de previsão orçamentária. Ela é feita com base na inflação do período, inadimplência dos condôminos, contratos a serem negociados, gastos com funcionários (como dissídios, 13º salário e férias).

Além de todas as contas, o síndico também deve contabilizar uma folga, para que as contas não fiquem apertadas e ele tenha uma reserva em caso de emergência. Um planejamento bem elaborado impedirá surpresas e, se aprovado pela maioria dos condôminos, terá validade e garantia de execução até que uma nova assembleia geral a altere ou complemente. Um bom plano prevê inclusive revisões periódicas das ações propostas, para que dessa forma possam ser permanentemente reavaliadas suas prioridades e atender a eventuais necessidades inesperadas. Com tanto dinheiro em jogo, não tem como o morador não participar da assembleia, já que a conta será paga por ele. Imagine uma pequena parte decidir gastar com a pintura do local, sendo que não há necessidade. Se você não se manifestar na assembleia, não tem como reverter a situação depois, quando der de cara com os pintores e as latas de tinta espalhadas pelo local. Isso é apenas um exemplo, que serve para qualquer outra melhoria que for realizada – ou deixar de acontecer. Lembre-se que você mora ali e é sua responsabilidade apontar falhas, assim como elogiar as melhorias. Mas para isso precisa saber quando e como requerer os seus direitos e cumprir com seus deveres. E só entendendo como funciona o planejamento de um condomínio, é que você pode realmente participar das decisões. O síndico do Condomínio Residencial Chácara das Flores II, Wagner Carpi, explica como funciona o planejamento do local. “Nossa Assembleia Ordinária ocorre sempre entre novembro e dezembro de cada ano. O que faço é apresentar nestas assembleias uma previsão de quanto será reajustado o valor da taxa ordinária do condomínio para o ano seguinte, levando em consideração os aumentos médios que ocorrerão durante o ano (reajuste dos prestadores de serviço, do dissídio de funcionários, da água, da energia elétrica, etc.)”. Para que o síndico faça a previsão, é preciso levar em conta os gastos de cada item do orçamento, para todo o ano. Somando todos os valores, é hora de dividir por 12; tem-se então o cálculo da despesa de cada mês. Nada como ter conhecimento do que o condomínio precisa com antecedência para, no momento do reajuste da taxa, saber exatamente quanto aumentar. Mas há sempre muito a considerar, como a inflação do período, a idade da edificação. Como mostrar que o dinheiro pedido a mais

será bem empregado? O síndico do Condomínio Residencial Canto da Natureza, João Cardoso Sartarelo, explica que para que não haja brigas e discussão desnecessária é primordial que você faça análise dos assuntos a serem tratados nas assembleias. “Não deixar entrar na convocação a palavra outros assuntos, isto é o que deixa uma assembleia totalmente sem rumo e sem decisões concretas”, alerta Cardoso. No residencial que Cardoso comanda está sendo formada uma equipe que colhe todas as informações dos condôminos. “É para saber quais as obras e informações com maiores prioridades, estas são analisadas e citadas na pauta da convocação”. É uma boa ideia para o síndico que não sabe por onde começar. O momento de reajustar a taxa é sempre tenso, já que seu aumento impacta diretamente no bolso dos condôminos. Para que a ocasião não seja tumultuada, é importante que síndico e conselho estejam bem a par da situação financeira do local e das alterações a serem apresentadas. E na hora de reajustar, a inflação é a colocada como a maior vilã, mas isso nem sempre é verdade. Muitos usam essa desculpa para aumentar a taxa sem haver necessidade. Por exemplo, o simples fato de adequar o quadro de funcionários, reduzindo as horas extras ou de acúmulos de função, pode gerar uma economia. Um dos maiores gastos do condomínio é a mão de obra, que pode chegar a até 60% do custo total. Economizando de um lado, pode-se gastar de outro. Além disso, é bom sempre pesquisar outros valores para os contratos já existentes. A boa lei da oferta e da procura também pode garantir economia. Faça uma pesquisa de preços com outras empresas para saber se o cobrado está dentro do mercado. Mas cuidado para o barato não sair caro: o preço menor tem que atender a todas as necessidades do condomínio, caso contrário não adianta ter que contratar outra empresa mais tarde para terminar o trabalho e pagar o dobro do que pagaria. “Nossa arrecadação mensal é feita por rateio das despesas ocorridas no mês anterior e minha função é manter o equilíbrio desses gastos com a programação dos serviços (limpeza de reservatórios d’água, de caixas de gordura, recarga de extintores, etc.) de tal forma que não tenhamos grandes oscilações do valor anteriormente previsto para a taxa ordinária”, explica Wagner. Sempre tenha como base as despesas dos

“Com tanto dinheiro em jogo, não tem como o morador não participar da assembleia, já que a conta será paga por ele. Se você não se manifestar na assembleia, não tem como reverter a situação depois”

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anos anteriores, para pelo menos saber uma média de gastos. Coloque as despesas periódicas (recargas de extintores, dedetização, limpeza de caixa d’’água, cursos, etc.) de forma isolada, já que nem sempre você precisará fazer essas tarefas todos os anos. É aconselhável também que o síndico trabalhe com uma previsão de inadimplentes. A base para esse cálculo deve ser o histórico dos condôminos do local, mas na média é de 10% do total. Já as despesas de 13º salário dos funcionários devem ser distribuídas ao longo do ano. As obras e benfeitorias devem ser colocadas em uma lista e depois decididas quais as prioridades. E o que fazer com o dinheiro que sobrar, ou seja, aquela reserva extra que todo condomínio deve ter em caso de emergência? Ele deve ser aplicado. Caso haja dúvidas, a administradora do condomínio ou o gerente do banco podem orientar sobre as melhores formas de aplicar o dinheiro, rentabilidade que pode ser revertida em benefício para o morador. E mesmo com planejamento, acontecem alguns sustos. “O maior problema é quando ocorrem despesas ‘imprevistas e urgentes’ que acabam alterando o valor do rateio, mas mesmo assim, estamos conseguindo manter o valor mensal sem grandes distorções“, detalha Wagner. Para ter ideia de quanto cada despesa pesa no orçamento do condomínio, há uma porcentagem estimada para cada uma. A folha de pagamento é o encargo que mais consome a verba, com aproximadamente 65%, seguido por manutenção 8%; energia elétrica 4%; água 12%; despesas diversas 12% e administração 5%.

Depois do detalhamento dos gastos é possível ter ideia de quanto é importante manter as contas em dia e principalmente não atrasar a taxa condominial. Imagine se todo mundo – ou a maioria – resolvesse ser inadimplente. As despesas com limpeza, manutenção, pagamento de funcionários, além de água e luz não poderiam ser pagas. Morar em um local onde não há essas manutenções não deve ser nada agradável; é aí que seu dinheiro é empregado. Já pensou chegar depois de um longo dia de trabalho e encontrar o elevador fora de serviço? Ou faltar água e energia elétrica? Sentir vergonha de convidar os amigos para visitar seu condomínio porque a fachada está caindo? É para isso que serve a taxa condominial. O planejamento feito no começo – ou fim – do ano detalha onde e quando o dinheiro será usado. E todo mundo gosta de saber onde e como o próprio dinheiro será aplicado. É muito fácil depois apontar as falhas e cobrar quando a previsão do orçamento está feita. Quem não participa da assembleia e não opina na hora, dificilmente terá como reverter o que já foi decidido. Por isso, antes “perder” umas horas com a reunião do que passar o ano todo reclamando que o seu dinheiro está sendo mal empregado. Para não pegar nenhum morador desprevenido, o síndico pode marcar com antecedência as reuniões, que não precisam ser somente as assembleias. Isso pode facilitar as futuras deliberações nas reuniões formais, uma vez que os assuntos já são de conhecimento prévio. Mas antes de partir para a reunião propriamente dita, é indispensável organizar todos os arquivos de documentos do condomínio: contratos

O que é obrigatório Um check-list do que é necessário realizar no condomínio é sempre importante. Organização é uma das peças fundamentais do planejamento. Os itens mais importantes e obrigatórios para entrar na lista de gastos são: • Caixas d’água – desinfecção e análise de água a cada ano; • Elevadores – contrato de manutenção ou conservação; • Recarga de extintores – anual ou de acordo com fabricante. Para a inspeção visual e anotação é preciso olhar a etiqueta de controle; • Teste de mangueiras – inspeção anual; • Teste hidrostático – a cada cinco anos; • Formação e treinamento de brigada de incêndio - anual; • AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) – a cada três anos; • Para-raios – medição ôhmica (resistência do metal) anual e vistoria completa do sis-

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tema a cada cinco anos; • CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) – pelo menos um funcionário designado – anual; • Sinalização interna – indicação fluorescente de escada, extintores, porta corta-fogo etc. e de filmagem no ambiente – vistoria periódica; • Seguro predial – renovação anual; • Habite-se (Regularização da planta da edificação e alvará de conclusão) – renovação quando ocorre alteração de área e/ ou tipo de uso. • Alvará de Licença de Funcionamento do Condomínio – para condomínios comerciais e/ou de uso misto.

em vigor, balancetes, documentos trabalhistas, todas as plantas da edificação e todos os documentos que atendam a legislação em vigor. Com essa organização é que se obterá a maioria das informações necessárias a elaboração do plano. Depois de tudo organizado, é preciso determinar os prazos para cada etapa do planejamento, para deixar o morador ciente de quando e como cada ação se iniciará. Um plano bem elaborado não só destaca o trabalho do síndico com transparência e participação, mas principalmente beneficiará todos os que possuem seu patrimônio no empreendimento. Se não houver um plano de manutenção constante, os problemas irão se acumular, acarretando a desvalorização do patrimônio, além de colocar em risco a vida dos moradores. Ou seja, sem prevenção, a estrutura começará a se deteriorar, o local perderá valor comercial. Depois de tanta teoria, é necessário aplicar na prática e, é aí que a figura do síndico aparece, para deixar tudo mais fácil. “No Jatobás, que é residencial, eu e a administradora fazemos planejamento de gastos (previsão orçamentária) do ano todo, apresentamos a assembleia onde é aprovado”, explica Fabíola Martho, presidente da Associação Bosques dos Jatobás. E apesar de o nome ser orçamento e envolver dinheiro, não significa que é despesa, é, na verdade, investimento. Para assegurar a saúde do condomínio é necessário que o síndico solicite uma inspeção, a qual deve ficar a cargo de um profissional habilitado na checagem de cima a baixo do prédio, verificando, inclusive, tubulações de incêndio e água. De posse do relatório técnico, ele poderá identificar os problemas e priorizar as correções por ordem de importância: urgentes – quando oferecem riscos aos moradores ou à estrutura; reparadoras – quando podem comprometer equipamentos; e estéticas. Para todas as ações, o síndico pode contar com a orientação da administradora e, inclusive, recorrer a ela para a indicação de empresas idôneas nessa avaliação. Mas, apesar de ter responsabilidades, nem sempre o morador tem a boa vontade – ou tem a ideia da importância – de participar das decisões que afetam diretamente a sua vida. “Quanto a participação, poderia ser melhor, hoje temos 371 lotes e participam em média 60 pessoas”, explica Fabíola. E claro que quem não participa, se acha no direito de dar palpite mais tarde, depois de que tudo está decido. “Não temos brigas, apenas pontos de vista diferentes, sempre chegamos a um acordo. Sempre tem quem não participa, reclama de assuntos já discutidos e nem lê a ata de assembleia para se interar do assunto”, finaliza a presidente da Associação Bosques dos Jatobás. E a baixa participação não é privilégio somente


Capa de um condomínio. “A participação em assembleia é muito relativa, depende dos assuntos constantes em pauta. No geral, o comparecimento é baixo, mas os que comparecem são bastante participativos e há muito tempo não temos ‘confusões’ durante as Assembleias”. Wagner explica que eventualmente ocorrem discussões sobre pontos de vista, mas sempre de forma respeitosa e civilizada. Cardoso também relata que no Residencial Canto da Natureza também existem aqueles que não participam, não compartilham com os problemas e, quando há algo de seu interesse, formam equipes para fazer tais solicitações, ”e se alguma coisa não estiver a contento do grupo, está criado o problema. Por isso a importância da equipe que ajuda a peneirar todos os assuntos e pendentes” , ressalta o síndico. Os síndicos geralmente relatam que as reuniões de condomínios, quando são tratados assuntos individuais, como é o caso do sorteio de garagens, sempre atraem mais participantes. O que não deixa de ser uma postura incoerente, pois muitos moradores estão mais preocupados com o local que seu carro irá ficar do que com assuntos mais importantes, como a segurança do prédio. “Como em toda organização, sempre existe o ‘insatisfeito por natureza’ que não participa, nunca se propõe a ajudar, critica o que é feito e não aceita aquilo que é decidido pela maioria, mas nem por isso deixam de receber de nossa parte o mesmo tratamento como qualquer outro condômino”, diz Wagner. No Chácara das Flores II, de acordo com o síndico, felizmente a grande maioria dos nossos condôminos possui bom senso e acompanham cada um do seu jeito o trabalho. E o problema de tentar agradar a todos parece tirar o sono do síndico na hora do planejamento. “Agradar a todos é difícil, porém temos que trabalhar com transparência, honestidade, sinceridade. O condomínio não é o culpado e não pode ser deixado de lado por interesses pessoais”, enfatiza Cardoso. Controle das contas Muitos fatores podem fazer com que a previsão orçamentária fique com valor menor do que o esperado, e isso reflete diretamente na taxa que o morador vai pagar. São pequenos detalhes que podem fazer totalmente a diferença na hora de fazer a previsão para o ano. Muitas vezes os controle de vazamentos são os responsáveis por aumentos injustificados na conta. Além disso, os vazamentos podem trazer danos para a estrutura do prédio. É importante que o zelador sempre faça vistorias na edificação, identificando possíveis vazamentos, e comunique imediatamente a administração quando forem encontrados. O morador também pode ficar de olho e relatar problemas, ou há empresas que realizam

vistorias mais aprofundadas, incluindo inspeções nas unidades. O zelador também pode verificar as descargas dos banheiros das unidades, que são outro grande foco “invisível” de vazamento. Outra solução é a individualização dos hidrômetros. Há empresas que instalam aparelhos de medição em cada apartamento ou unidade, para que cada um pague diretamente o que consumiu. É só mexendo no bolso para o morador se conscientizar. Isso, é claro, gera maior controle e economia na grande maioria dos casos. Neste caso, cada condômino deixa de pagar a conta de água no condomínio, recebendo-a em casa. Se isso ainda não resolver, o condomínio pode conscientizar funcionários e moradores com campanhas. A economia também pode surgir dessa forma, mas depende também da participação de todos. Para os condomínios que têm piscina, a ideia é cobri-las quando não estiveram em uso, já que se perde muita água com a evaporação. Outro grande vilão do orçamento é o consumo de energia elétrica. É com a racionalização do uso das luzes que se tem a melhor relação custo-benefício na economia de energia elétrica. A introdução de sistemas inteligentes, que incluem sensores de presença, não requer grandes investimentos e pode ser um gasto que gerará grande economia no futuro. Lâmpadas fluorescentes gastam menos energia, principalmente se usadas com refletores, e têm maior vida útil do que as incandescentes. Além disso, é preciso verificar se as lâmpadas têm voltagem apropriada para o local, pois se isso não ocorre, a vida útil é reduzida. Outra forma de economizar energia é rodízio de elevadores. Pode-se deixar um dos elevadores desligados entre às 22 horas e às 6 horas, quando o fluxo de pessoas é menor. Mesmo parado, o equipamento gasta energia com sua iluminação. E de quebra, evita-se que o usuário chame dois elevadores neste período. Falando em elevador, é difícil para o leigo saber se seu condomínio está com contrato superior às necessidades de manutenção do equipamento. Mas não é por isso que você não pode ficar de olho. Os elevadores de prédios novos não precisam necessariamente de contratos de manutenção, já que não haverá muitas substituições de peças. Já em elevadores mais antigos, a modernização do equipamento, apesar de exigir investimento elevado, pode gerar economia considerável. Falando em condomínios mais antigos, eles têm a tendência a gastar mais em reparos de equipamentos e reformas emergenciais em sua estrutura. Assim, sempre há taxas extras para custear estas obras ou reparos, ou ainda, estes custos estão sempre embutidos na taxa mensal. A manutenção preventiva pode ser fonte de economia, apesar de ser um gasto constante. O condomínio também pode perder dinhei-

ro com prestadores quando não firma contratos adequados, gastando mais do que o previsto, até pagando pelo mesmo serviço duas vezes. Muitas vezes o condomínio tem contratos de manutenção e mão de obra que não resguardam seus direitos. Além dos gastos mais aparentes, como água, energia elétrica e manutenção, pequenos gastos podem gerar uma folha de pagamento desnecessária, por isso que se deve ter um registro das despesas mensais para identificar aumentos injustificados, e até o desperdício. E muitas vezes esse desperdício é culpa do próprio morador. A falta de interesse do condômino, em alguns casos, pode fazer com que o síndico ou a administração relaxem nos cuidados com o condomínio. Por que pensar em alternativas que economizem dinheiro se o condômino não está preocupado em participar das decisões de como e onde o dinheiro será usado? Por isso é importante a participação. Se todo mundo gosta de saber aonde vai cada centavo do dinheiro que ganha com o suor do trabalho, qual o sentido de não participar da reunião do planejamento orçamentário do condomínio. O seu dinheiro também está envolvido ali. É como pagar um decorador ou um pedreiro para mexer na sua residência e não poder palpitar; só lamentar depois que o serviço estiver pronto.

Além dos itens essenciais, há alguns que não são obrigatórios, mas que o síndico precisa estar de olho para que outros problemas não apareçam. Na lista entram: • Dedetização e desratização; • Limpeza da caixa d’água – a cada seis meses; • Revisão periódica de portas corta-fogo, escadas, corrimãos, cabine de elevadores; • Ferramentas de trabalho dos funcionários; • Atestado de regularidade das instalações elétricas; • Bombas d’água, portões, porteiro eletrônico, portão automático, circuito interno de TV, interfones, telefones, antenas coletiva e parabólica, geradores, TV a cabo, aquecimento central, jardins, sistema de alarmes, cercas e CFTV – revisões periódicas e conforme contratos; • Telhados, calhas e ralo – vistoria antes do período das chuvas (janeiro a março); • Condição dos pisos, de janelas e portas, piscinas e arredores, playground, salão de jogos, salão de festas; depósitos, hall de entrada, vidraças; • Banheiros da área comum ou de funcionários; • Casa de máquinas; • Iluminação geral e de emergência.

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Capa

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Distribuição gratuita Ano 02 . Nº 12 Jan/Fev de 2013 Mas como funciona o pagamento desse

menor a ser financiado. Não dá para financiar

tipo de compra? Primeiro a pessoa paga 20%

o imóvel antes da entrega, pois o banco exige o

do valor total e depois, na entrega das chaves,

habite-se”.

De olho na compra

começa a pagar os 80% restantes. O

No período que antecede a entrega das

consultor econômico Marino Mazzei Jr.

chaves, o cliente paga as prestações referentes

explica porque a divisão é feita. “O fato

aos juros do período sobre os valores liberados

de se pagar um percentual na construção

até a data do pagamento das parcelas. “Após

tem dois objetivos: Do lado do vendedor,

a entrega das chaves, as prestações incluirão

para ter um reforço de caixa e dar um

a amortização do valor financiado e juros do

maior comprometimento ao comprador,

período”, finaliza Margareth.

que investe antecipadamente. Do lado

Mas não se preocupe, que o valor que ainda

Por Vivian Lourenço

do comprador, que espera o imóvel ser entregue,

não foi pago pelo imóvel não rende juros, já que

Comprar é sempre bom, por mais capitalista

para completar o pagamento do imóvel”, explica

está amortizando o valor da compra. “O Código

Mazzei.

do Consumidor define os direitos do comprador

que essa frase possa ser. Compramos para curar a tristeza, quando estamos alegres; para presen-

Segundo a assessora de imprensa do Banco

e procura evitar abusos por parte do vendedor.

tear uma pessoa querida e, principalmente, para

do Brasil, Margareth Valente Tavares, o valor fi-

Porém, sempre os juros cobrados pelo vendedor

realizar um grande sonho.

nanciado é liberado para a construtora é propor-

são maiores que o cobrado pelos bancos que

E quem não tem uma grande vontade,

cional à liberação da obra, e cobra os juros so-

financiam imóveis”. Assim, é melhor pagar o

daquela que exige tempo, planejamento e dedi-

bre o capital liberado do cliente, que neste caso

mais rápido possível e financiar o imóvel em um

cação? Todo mundo tem e para a maioria das

é o tomador do financiamento imobiliário. “Por

banco logo que conseguir, para evitar reajustes

pessoas, ter a sua própria casa, novinha em fo-

exemplo: comprovado que 30% da obra está

maiores pelo vendedor, que normalmente au-

lha, é o maior dos desejos.

concluída, o Banco libera o valor proporcional

menta os preços pelo INCC, índice específico da

Imagine entrar em uma casa ou aparta-

ao crédito da construtora, sendo que cobrará

construção e que sobe mais que os índices infla-

mento que nunca foi usado por ninguém;

os juros sobre os 30% do valor financiado”, diz

cionários.

de poder escolher todos os detalhes, a cor

Margareth.

Além dessas dicas, Mazzei completa dizendo

das paredes, disposição dos móveis. De ver

Normalmente as operações de compra e

que o comprador, na hora de financiar, deve veri-

um monte de bloco virar, dia após dia, um

venda de imóveis na planta são feitas dessa ma-

ficar o sistema de amortização que o banco está

pedacinho do local que, muito em breve,

neira. O que pode variar é o percentual do valor

propondo, pois há diferenças de custos finais en-

você vai chamar de lar.

a ser pago antes da entrega do imóvel. Mas não

tre as diversas modalidades.

Por isso muitos decidem por comprar um

é possível mudar o modo como se paga o valor

Ou seja, nada melhor do que discutir com

imóvel direto na planta. Isso significa que você

do imóvel? Mazzei explica que sim. “A forma

o banco e a construtora as melhores condições

vai pagar antes mesmo de usar a residência, o

de antecipar um valor maior que o percentu-

para realizar o sonho da residência nova. Há al-

que vale a pena, se o planejamento permite você

al contratado é pagar diretamente mais ao

ternativas que não devem pesar no bolso, basta

usufruir de um imóvel novinho em folha.

vendedor/construtora, pois sobraria um valor

pesquisar e saber dos seus direitos.

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Artigo

Um incêndio se apaga no projeto! Esta frase, citada no Manual de Condições de Segurança Contra Incêndios do arquiteto Manoel Altivo da Luz Neto, resume a importância do planejamento na área de segurança contra incêndios, esta que é medida pelos sinistros evitados e não pelos incêndios extintos. Neste processo preventivo, os projetistas têm participação fundamental. Apesar disto, a criação arquitetônica e muitos dos projetos derivados ainda não são elaborados à margem do conhecimento da ciência da prevenção contra o fogo. O profissional projetista (arquiteto/engenheiro) é o autor principal do plano da edificação e, portanto, deve atuar como um coordenador geral dos projetos complementares ao projeto de arquitetura (estrutural e fundações, hidráulico, elétrico, ar-condicionado, elevadores, etc.). Paralelamente, o profissional precisa traçar parcerias com empresas especializadas, principalmente nos projetos mais complexos e específicos, no que abrange o ramo da segurança contra incêndios. É importante ressaltar que

as instalações de proteção contra incêndio têm grande interface com os demais tipos de instalações e sistemas do edifício e o profissional, com ajuda do especialista, precisa analisar essa interface para eliminar os conflitos e garantir a funcionalidade de todos os sistemas. Assim como temos poucos profissionais qualificados nessa área, podemos dizer que o número de especialistas também é reduzido, apesar de notarmos um leve crescimento destes nos últimos anos.

relativa e normalmente determinada segundo uma conjunção de interesses de ordem econômica. Adicionalmente, outros fatores podem ainda contribuir para definições de interesse como a preservação histórica ou cultural e manutenção de serviços essenciais. Porém, a vida é o principal objetivo desta disciplina. Fabiano Carreiras, Consultor em segurança contra incêndios da BLEVE Engenharia de Incêndio.

Objetivo dos planejamentos em Segurança Contra Incêndios A proteção da vida humana é essencial. O negligenciamento neste aspecto do planejamento não pode ser admitido em qualquer hipótese. Um planejamento bem elaborado, baseando-se em todas as normas e experiências profissionais publicadas disponíveis, torna-se elemento indispensável para a possibilidade de certeza de que muitas vidas poderão ser preservadas em uma situação de emergência. A proteção do patrimônio, por sua vez, é

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BEM-ESTAR

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Cuidado ao podar a árvore Por Vivian Lourenço Asfalto, calçada, carros, prédios e casas. Difícil achar na selva de pedra alguma outra referência que não seja feita de concreto. E quando se acha um alívio natural é aquela briga: uns ficam contentes e fazem de tudo pra preservar, já outros só reclamam da sujeira e do trabalho que as árvores dão. Mas apesar das opiniões divididas, é inegável a sensação de bem-estar que uma rua arborizada pode trazer, como por exemplo, a diminuição em aproximadamente 15ºC da temperatura ambiente e até menos barulho, já que as copas das árvores podem funcionar como isolante acústico em determinadas situações. Tudo isso sem contar o fato de que elas servem de abrigo para pássaros, melhorar a qualidade do ar e embelezar. Realmente, se mal cuidadas, as árvores podem mais atrapalhar do que ajudar, por isso é importante um projeto de arborização para que as ruas e condomínios consigam aproveitar ao máximo o benefício. Há, por exemplo, espécies que não crescem muito ou que não soltam muitas folhas; tudo é uma questão de pesquisar, Depois da pesquisa e projeto prontos, é hora de plantar e ver as árvores crescerem. Porém, além de recolher as folhas do chão, chega uma hora que é preciso cortar os galhos, até mesmo para a planta se manter saudável e evitar acidentes na rede elétrica. Quem não gostaria de chegar do trabalho e ter a oportunidade de poder desfrutar de uma sombra ou até mesmo um bosque no condomínio? Mas o que fazer quando a árvore precisa ser podada? Com as leis ambientais, muitos ficam com receio de cortar um galho e infringirem a lei. A dúvida acontece justamente por causa da legislação, já que para tratar do assunto há uma lei municipal, uma estadual e uma federal; é tanta lei, que fica difícil saber qual você tem que seguir, nesse caso, é melhor conhecer todas. A lei municipal (Jundiaí) nº 3.233, de setembro de 1988, diz no seu artigo 5º que nenhuma árvore ou forma de vegetação poderá ser eliminada, podada, desplantada ou plantada sem que sejam pagas, pelo interessado, as despesas relativas ao corte, plantio ou replantio. Na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) há o artigo 49 que explica que destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia pode gerar detenção de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas. De acordo com responsável pela Divisão de Parques e Jardins da Prefeitura de Jundiaí, Renato Steck, o síndico ou o morador não precisam pedir autoriza-

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Com um serrote de poda, faça um primeiro corte (A), de baixo para cima, a uns 10cm da base, junto ao tronco. Isso evita que oa galho lasque. Só então, faça o segundo corte (B), a uns 3cm do primeiro, de cima para baixo, até o fim.

ção para a prefeitura para fazer a poda das árvores que estão dentro do condomínio. “Só precisa quando é na área externa, ou seja, em área pública. Em loteamentos fechados é muito comum nos chamarem para executar esse serviço, já que são ruas, onde há iluminação pública, etc. então é nossa competência”, explica Renato. Ou seja, o síndico pode contratar ele mesmo uma empresa de paisagismo para fazer o trabalho ou permitir que o outro funcionário do condomínio esteja atento ao cuidado das árvores. “Desde que não danifique, pode podar, mas é sempre bom buscar auxílio com pessoas especializadas para fazer o serviço, para não ter problemas depois”, ressalta o responsável. Porém a mesma orientação não vale em outro caso, o da retirada ou corte total da árvore. “Precisa consultar a prefeitura, para que os técnicos façam uma avaliação (para saber se é uma árvore nativa, se precisa ser reposta, etc.) e atuem da melhor forma para a retirada”. O ato de podar as árvores serve para que elas cresçam saudáveis, não fiquem presas na rede elétrica, não interfiram na circulação nem destruam telhados, o que pode ser muito comum, segundo Renato. Todo esse processo exige técnicas apropriadas. E não é em qualquer dia ou mês que você pode cortá-la, já que isso pode atrapalhar o crescimento da planta. Para quem vai fazer a poda por conta própria (o que não é recomendado), precisa primeiro identificar qual é a espécie da árvore, para não atrapalhar o ciclo de crescimento. O segundo passo é definir o tipo de poda, que é de formação (quando a árvore é jovem); poda sanitária (manutenção) ou poda incentivadora da floração. Para o primeiro caso, retire os galhos que não partem diretamente do tronco; no segundo caso, retire os galhos secos e limpe todo o material vegetal (como o musgo e outros fungos, mas sem ferir a casca) e no último caso, retire os brotos que julgar menos fortes. A maior parte das árvores pode ser podada no final do inverno e nunca se deve retirar mais do que 30% do volume total da planta. Para a tarefa é reco-

Agora, restará apenas um toco do galho original. Corte-o bem junto do tronco. Primeira, corte de baixo para cima até a metade. Conclua a remoção do toco com um corte de cima para baixo. Usando um canivete bem afiado, corrija irregularidades.

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Após a poda, aplique pasta cicatrizante no local do corte. Esse produto pode ser encontrado em lojas de jardinagem ou de material agrícola e evita que sua árvore sofra ataque de fungos.

mendado usar equipamentos de segurança e escolher materiais adequados, como tesouras, serrotes e motosserra; tudo bem afiado e limpo para não contaminar a árvore. Se a poda for mal realizada, além da árvore ficar torta ou não crescer como deveria,há o risco de até mesmo tombar, causando mais estragos que benefícios. Agora se a árvore não está dentro do condomínio, como proceder? “Nas calçadas é responsabilidade da prefeitura, se o morador mexer, tem abertura de processo civil e ele responderá por crime ambiental. Há multa também, mas ela é de um valor simbólico apenas”, detalha Renato. Agora se o intuito é arborizar a frente do condomínio, é necessário pedir autorização na prefeitura, pelo telefone 156 ou pelo site. “Podemos indicar a espécie mais indicada. Há aquelas que não crescem tanto e não atingem os fios de alta-tensão. Para os loteamentos fechados, é necessária a aprovação do projeto de arborização, senão não pode construir”, relata o responsável do setor. Em Jundiaí, a Divisão de Parques e Jardins não recebe muitas reclamações sobre corte ilegal. “A cidade tem mais de 110 mil árvores nas ruas e o número de danificadas é pequeno. Agora o número de pedidos de remoções é bem grande, chegando a quase mil pedidos de vistoria por ano”. Tantos cuidados não devem desanimar quem pretende arborizar o condomínio ou até requisitar para a prefeitura mais árvores na calçada. O que Renato pretende é a conscientização. “Planejar primeiro é sempre melhor. Uma arborização bem executada, trás muitos benefícios”, finaliza. Para quem se animou as espécies mais adequadas são camélia, acácia, gardênia, hibisco, manacá e ipê-rosa anão. Nas calçadas sem poste de rede elétrica, podem-se usar espécies de médio porte, com até sete metros de altura, como aroeira-mansa, gabiroba-branca, jacarandá, oiti, pau-brasil e quaresmeira. Podar uma árvore pode ser comparado a um médico cuidados dos seus pacientes, requer estudo, dedicação e não é qualquer um que pode fazer. Por isso, a orientação é sempre buscar auxilio de pessoas qualificadas para não ter prejuízos, ao invés de benefícios. Portal dos Condomínios . Jan/Fev 2013

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CRÔNICA

As Gêmeas Naquela manhã tudo parecia transcorrer na maior normalidade no Edifício Condomínio Nova York. A entrega do serviço da noite para o dia foi passada sem ocorrências. As empregadas já estavam chegando, as peruas pegando as crianças para o colégio, os moradores saindo para o trabalho, até que um condômino avisa a portaria: - Chamem o síndico! Tem um pacote suspeito na porta da garagem. Parece ser uma bomba! O síndico não pensou duas vezes, ligou para a Polícia Militar e essa, para o GATE. O quarteirão foi isolado. Ninguém mais saía ou entrava no prédio. Um verdadeiro caos foi instaurado no condomínio e suas proximidades. Enquanto a viatura do GATE não chegava, toda a imprensa escrita, falada e digital já estava na portaria. Todos queriam informações do síndico. Quem poderia armar uma bomba contra o prédio? Foi pedida uma lista de todos os moradores, proprietários e inquilinos, para checar se ali podia estar morando algum terrorista Xiita, é o que diziam. Nesse meio de tempo, o morador do 308, engenheiro florestal e sua esposa bióloga tentavam, sem sorte, falar na portaria do edifício. Enquanto isso, os homens do GATE chegaram. Colocaram suas roupas especiais e utilizaram até um robô para se aproxi-

marem do artefato. O caso parecia grave. A explosão deveria ser ali mesmo. Não era seguro removê-la. Foram feitas barricadas com sacos de areia e adicionados mais “explosivos”. Para evitar qualquer incidente, o prédio foi evacuado. Então... o pacote foi pelos ares! Como não conseguia contato com o síndico, nem com a portaria do condomínio, o engenheiro, morador do 308, saiu do trabalho e foi até o prédio a fim de resgatar o embrulho que tinha esquecido na garagem logo pela manhã, quando saiu atrasado e o pneu do seu carro estava furado. Devido ao apego aos valores ambientais, o jovem casal optava por utilizar fraudas de tecido de algodão nas filhinhas gêmeas de 3 meses de idade. Porém devido ao trabalho dobrado com as gêmeas, quem lavava diariamente as fraudas era a sua mãe e a rotina era sempre a mesma. Toda manhã a esposa preparava um pacote bem fechado e ele levava para a casa da mãe no caminho do trabalho. Porém, nesta manhã, o pacote foi esquecido na saída da garagem. O artefato já havia sido explodido, quando o engenheiro chegou ao prédio e o conteúdo das fraudas foi espalhado por cerca de 50 metros. Até os postes ficaram marcados. Tudo esclarecido e a paz voltou a reinar no condomínio. Só as faxineiras tiveram um pouco mais de trabalho. Naquela manhã, não foram as torres, mas sim as fraudas das gêmeas que foram para os ares.

Por Dr. José Miguel Simão Advogado e cronista

Ilustração: Rafael Godoy

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