Portal dos Condomínios - mar/abr 2011

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Evento: primeiro ciclo de palestras do Portal dos Condomínios. Reserve já sua vaga!

SAÚDE

CRÔNICA

Idosos. Seu condomímo está preparado?

Meu caramelo

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Distribuição gratuita Ano 10 . Nº 89 Mar/Abr de 2011

O seu condomínio em revista



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EDITORIAL

ÍNDICE

Exclusividade na leitura e “o” evento Já dizia o velho ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”. E para você, a frase faz sentido? Ou você encara a realidade, antevê aos acontecimentos e planeja as ações? No Brasil, ainda caminha, mas é constante, a busca pela acessibilidade. A deputada, Mara Gabrilli, é um exemplo de sucesso na conquista dos direitos nacionais. No âmbito municipal, Paulo Moretti abraça a causa em busca dos direitos através do Conselho da Pessoa Portadora de Deficiência, em Jundiaí. Se para você esse assunto parece longe da sua realidade, atente-se: todos nós estamos sujeitos a figurar, amanhã, entre os 45 milhões de deficientes brasileiros. Veja, analise e reflita sobre a reportagem de capa. Nesta edição, o Portal dos Condomínios não ficou somente na teoria na luta pela acessibilidade e produziu a reportagem especial de capa em linguagem braille. São alguns exemplares impressos, limitados, que podem ser solicitados gratuitamente. Trata-se de um projeto inovador para os condomínios de Jundiaí. Solicite o seu até o dia 29 de abril através do email contato@condomínioemrevista.com.br ou pelo telefone: 11 4521-3670. * O dia 21 de maio de 2011 ficará marcado para os condomínios de Jundiaí. Além de comemorar oito anos do Portal dos Condomínios, a revista promoverá o “Portal De-

*Portal Debate

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*As cores da sua casa

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bate” - primeiro ciclo de palestras para *Seu condomínio é síndicos, sub-sindicos, administradores e membros de conselho dos condomínios da 8 acessível? cidade. 10 *Capa: acessibilidade O evento será realizado no período da manhã de um sábado, no Hotel Serra de Jun18 *Condomínio X Idosos diaí, com entrada franca, e a apresentação de três palestras: “A importância do AVCB *Linguagem Comportapara os condomínios”, com o cabo da PM/SP Ghoren Vedovelli; “Segurança condominial”, 20 mento infantil com o delegado Paulo Sérgio Martins; “Como resolver questões polêmicas em condomínios”, 23 * UD: relógios com os advogados Márcio Rachkosky, Newton Nery F. de Sousa Neto e Carlos Eduardo * A escolha da profissão 23 Quadratti. *Crônica: meu caramelo 26 O “Portal Debate” terá uma formatação exclusiva, na qual os palestrantes darão sua visão sobre o tema em apenas 30 minutos, sobrando a outra meia-hora para um debate. Com isso, a interatividade será a marca desse encontro, deixando-o mais dinâmico e oferecendo maior tempo para soluções de dúvidas. CADASTRO Fique atento desde já para fazer sua reserva. Ela deverá ser realizada antecipadamente, pois as Atenção síndico e administravagas são limitadas. Será permitida a participação dor. Mantenha o cadastro do nas três palestras. E ainda, ao final, haverá sorteio de brindes. As inscrições deverão ser realizadas exseu condomínio atualizado. clusivamente através do site www.portaldebate. Entre em contato com nosso com.br. Aguardaremos ansiosamente a sua presencanal direto exclusivo para ça no Portal Debate 2011 - 1º Encontro Regional de Síndicos, uma realização Portal dos Condomínios. você: sindico@condominioemrevista.com.br

EXPEDIENTE Redação: Rua Bela Vista, 650 - Bela Vista CEP.13207-780 - Jundiaí / - Tel: 4522-2142 contato@condominioemrevista.com.br A revista é um produto da io! comunica CNPJ: 06.539.018/0001-42 www.iocomunica.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes. MTB: 41.654 Designer Gráfico: Paloma Cremonesi Arte Final: Paloma Cremonesi Reportagens: Rodrigo Góes Atendimento e Logística: Sérgio Porcari Filho Colaboradores: Márcio Lestingi e Talita Rocca Tiragem: 7.000 exemplares. Entrega: Mala direta e direto em caixa de correio,

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mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro do Portal dos Condomínios. Caso ainda não receba e queira o exemplar em seu condomínio, ligue para 11. 4522-2142. Site: www.condominioemrevista.com.br Twitter: @pcondominios Blog: http://portaldoscondominios.wordpress.com Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do autor e não representam o pensamento do jornal.

PARA ANUNCIAR 11 4522.2142 11 4521.3670


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DECORAÇÃO & DESIGN

Fotos de baixo: Talita Rocca

shutterstock AlexRoz

Cor: Detalhe que faz a diferença

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Por Talita Rocca Claro, escuro, branco ou vermelho. As paredes da casa podem ser pintadas de inúmeras cores e tons, mas é necessário tomar cuidado para não tornar o ambiente pesado. Ao escolher as cores para pintar uma parede, sejam elas fortes ou não, é necessário sempre levar em conta a área do ambiente. Segundo a arquiteta, Rosemile Luchini Nogueira, não há segredo, o importante é atentar-se aos detalhes. “Se o ambiente é iluminado, qual o tipo de atividade exerce no local, se o morador quer um cômodo quente ou frio, e, principalmente, levar em consideração a personalidade das pessoas que irão desfrutar deste local”, conta. A lojista Mariana Maia, por exemplo, utilizou o verde e o azul para dar ânimo em seu lar. “Quando mudei, a minha casa era monocromática. Por achar meio sem graça eu mesma escolhi as cores e colori. O ambiente ficou mais alegre”, relata. Além da sala de estar verde, Mariana pintou todas as paredes da copa de azul. Rosemile explica o porquê de escolher a cor certa, como as feitas pela lojista. “Paredes da mesma cor tornam o ambiente abafado, como a cozinha na casa de Mariana é branca, o contraste deixou a

cozinha agradável.” ensina Rosemile. Além disso, “o teto azul claro A arquiteta alerta que existem cores que se ajuda a criança ter um sono melhor, pois é uma adéquam melhor a determinados ambientes. cor que acalma”, explica a arquiteta. Ao dormir, As salas são locais que aceitam vários estilos de absorve-se energia, por isso, os profissionais repintura. “Nesse ambiente, por exemplo, podecomendam que os quartos sejam coloridos com mos utilizar laranja, azul, amarelo e verde, pois tons claros, exemplo disso é o azul suave, indisão ótimas opções para esse tipo de decoração. cado para relaxar e o verde claro que têm a funAfinal é o lugar onde se recebe pessoas diferenção de antiestresse. tes, o que estimula sentimentos”, completa. Logo, a sala de jantar é um ambiente que se pode escolher qual ‘clima’ atribuir. “O azul é mais sério, indicado para negócios, já o vermelho é mais pessoal e bastante íntimo”, dá a Para ambientes pequenos, as cores dica. claras são as melhores opções fazendo com Já em lugares amplos, onde a permanênque o ambiente pareça mais amplo. Pode-se até cia não é prolongada, tons fortes podem colocar tons brilhantes nas paredes do teto. “O ser utilizados. “As pessoas não devem utiúnico ambiente com pouca metragem que aceita tons lizar cores chamativas em todas as parefortes é a adega, por não precisar ter uma aparência des, apenas em algumas. Misturá-las com maior e mais fresca”, complementa Rosemile. tons pastéis dá um excelente resultado”, Para obter efeito contrário, ou seja, quando a afirma. intenção é reduzir o tamanho, para torná-lo mais Estudos comprovam que as cores afeaconchegante, pode-se pintar o ambiente todo ou tam, diretamente, o humor das pessoas que mesmo duas paredes com tons mais escuros. “O vivem no local. “Em quarto de criança, de até teto com uma cor mais forte do que a um ano e meio de idade, é aconselhável evitar parede dá a sensação de cores fortes, pois podem deixar o bebê agitaaconchego”, finaliza. do. Nesse caso, deve-se preferir tons pastéis”,

Dicas de profissional

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VIVER EM CONDOMÍNIO

Quando alguém fala em acessibilidade logo nos vem à memória aquele símbolo O normativo da ABNT que citamos é muito completo e vale a pena ser azul de um “cadeirante” estilizado! Essa frase é lugar comum em todos os textos que conhecido, pelo menos, pelos síndicos, mas deveria ser de conhecimento pesquisamos para escrever essa matéria, mas realmente essa é a imagem que primeiro de todos! Um exemplo interessante é a exigência de “sinalização tátil de nos vem à cabeça, mas ocorre que acessibilidade não é só para os utilizadores de caalerta junto à porta de elevador” que consiste basicamente em uma faixa deira de rodas, os chamados “cadeirantes”, acessibilidade também contempla, segunde pisos com aquelas “bolinhas” salientes, que colocado à frente da porta do a lei, “pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no condo elevador e antes do início de escadas permite que o deficiente visual ceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de identifique o obstáculo à frente. Isso também seria útil a todos em caso de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobium apagão e o esgotamento das luzes de emergência entre outros casos. lidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção”, aí estão incluídos os idosos, Em Jundiaí, temos a Lei Complementar 440 de 12 de junho de 2007 as gestantes, os acidentados, as pessoas com criança de colo, os deficientes visuais que determina, nos loteamentos e condomínios horizontais novos, o ree até mesmo aquela pessoa que sofreu uma cirurgia recente e momentaneamente baixamento das guias de acordo com a norma ABNT citada para permitir a tem sua mobilidade reduzida. circulação de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, além da deSegundo Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - acessibilidade é terminação de que as calçadas devem ser executadas com “superfície regular, “proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de firme e estável e antiderrapante, sob qualquer condição climática e isenta de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maquaisquer degraus”, outro fator a observar quando da compra de um imóvel em neira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamenloteamento ou condomínio horizontal. tos urbanos e elementos.” A verdade é que nem todos os condomínios anteriores à legislação estão aptos Nosso intuito é despertar nos síndicos a razão de fazer, como fazer e a promover obras de adaptação para adequar perfeitamente as instalações à nova onde fazer adaptações que podem humanizar a acessibilidade no conlegislação, assim cabe uma dica que consiste em identificar primeiramente quais as domínio. atitudes poderiam ser implantadas de imediato e com baixo custo, por exemplo, a Em muitos casos essas adaptações implicam em investimentos instalação de rampas nos acessos a piscinas, andares de recreação, salão de festas e e este tema torna polêmica a assembleia para aprovação dessas reuniões, saunas e banheiros, quadras esportivas, portarias, estacionamentos, garagens, adaptações, sendo que primeiramente devemos dizer que eentre outras partes das áreas internas ou externas de uso comum. xistem muitos entendimentos no sentido de que “por se tratar Outra atitude seria a de realizar um estudo para implantação de vagas preferenciais, de uma questão legal, não há a necessidade da assembleia sejam apenas para embarque e desembarque, aprovar a realização de obras que garantam a acessibilidade sejam definitivas. do condomínio”, mas o nosso entendimento é no sentido Uma boa razão para adotar medidas de de que deva haver a assembleia e mais: deve ser observado acessibilidade é a valorização do imóvel frente quórum em razão do valor da obra. a outros que não possuem essas condições. Além da Constituição Federal, o Decreto-lei 5.296 de Como podemos ver, nós mesmos em al2 de dezembro de 2004, juntamente com a NBR9050 da gum momento da vida podemos ser ou estar ABNT, são os principais regulamentos que disciplinam a portadores de necessidades especiais, portanmatéria. to, criar a possibilidade de todos se movimenTemos uma questão curiosa na legislação ora citada, tarem não é somente uma questão legal, pois ela traz exigências para os novos empreendimentos mas de cidadania. e não trata dos já existentes quando da promulgação da Reginaldo Moron - SSST/MTb lei, portanto, se o seu prédio teve o projeto aprovado após 51/09744-2 a nova lei ele deve estar adaptado e totalmente “acessível” certo? Bem, não é o que temos observado em alguns empreendimentos que estão à venda atualmente! Daí vale uma conversa do síndico com a incorporadora para verificar essa questão, e se for o caso, exigir judicialmente que essas adaptações sejam feitas. Uma outra questão que tem causado muita controvérsia, trata-se das vagas de garagem. Enquanto a lei determina que em “estacionamentos externos ou internos das edificações de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles localizados nas vias públicas” exista a tal da vaga preferencial. Nos condomínios ou “edificações de uso privado multifamiliar” a lei federal não traz essa obrigatoriedade. Então vem o bom senso. Temos visto condomínios que reservam vagas maiores para carros maiores, mas se esquecem do ser humano que por uma questão transitória (gravidez, acidente, cirurgia, etc.) tem dificuldades para se movimentar ou usa a cadeira de rodas, por exemplo, e precisa de espaço para fazer as transições da cadeira para o carro e do carro para a cadeira. Assim, vale a dica de observar quando vamos comprar um apartamento, se o condomínio dispõe de vagas para essas situações.

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shutterstock Robert Kneschke

Seu condomínio é acessível?


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Shutterstock Viorel Sima

Capa

DE LIDA SIBI ACES Acesso negado? A sociedade organizada estende o conceito de inclusão social para preservar a dignidade humana

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Por Márcio Lestingi A primeira vez em que se usou conceitualmente a palavra acessibilidade, os desafios da humanidade eram, aparentemente, outros. No entanto, modernamente, poucas palavras são tão absolutas, universais e globais como acessibilidade. O mundo das redes sociais e das tragédias climáticas cada vez mais frequentes é também o mundo de uma única luta, de uma única bandeira, a de mais e mais acessibilidade. As grandes empresas pedem acesso a novos e diferentes mercados, a classe C pede acesso a novos e personalizados produtos, a população brasileira envelhece e desloca a base de sua pirâmide em direção ao topo, pedindo mais atenção, planejamento e acesso às necessidades do time da melhor idade, e os japoneses refazem, a toque de caixa, o acesso às suas estradas, para poder reconstruir o país depois do tsunami de 2011. Embora pareça mais uma das palavras inventadas pelo técnico de futebol Tite - em uma entrevista coletiva do ano passado, o futebolista usou o termo “treinabilidade”, que não existe na língua portuguesa – acessibilidade deveria ser componente obrigatório do nosso vocabulário e do planejamento de nossas vidas, pelo simples motivo que, um dia, mais cedo ou mais tarde, precisaremos de acessibilidade total para subir uma escada, andar de elevador ou fazer atividades cotidianas ainda mais simples, como escrever essa matéria. Postas as cartas na mesa, pergunta-se: o que é acessibilidade? A conceituação mais simples para o termo é a qualidade do que é acessível ou a facilidade para obtenção de algo ou de aproximação a alguém. No entanto, seu significado, oriundo do latim tardio acessibilitate, escapa dos limites do verbete definido no Aurélio e passa a agregar, continuamente, novos sentidos, acompanhando a busca incessante da sociedade por um mundo de inclusão total das pessoas à lista de


Abrindo os portos às legislações amigas

A Constituição Federal de 1988 já previu em seu texto originalmente promulgado uma série de garantias e direitos às pessoas com deficiência, bem como uma série de diretrizes para construção e adequação dos espaços públicos e veículos de transporte, como o dispos-

to nos artigos 227 e 244, em sua integralidade. Desde então a legislação foi aperfeiçoada com o acréscimo de dispositivos de força constitucional - como a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Congresso Nacional em 09 de julho de 2008 – e outros que vieram a regular situações específicas que permitiram, mais que a inclusão social, a melhoria da qualidade de vida dos deficientes, como a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, regulamentada depois pelo Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que segundo o tradutor e intérprete de libras, José Antônio Gomes, da central de intérprete do clube dos surdos, em Jundiaí, deveria ser Língua de Sinais Brasileira, antes de explicar o seu atual estágio de uso para a língua: “Como intérprete, uso mais libras que português”, mas completa explicando que a sociedade faz mal uso desse tão importante meio de comunicação para os deficientes: “Muitos pais e familiares de crianças surdas pouco ou nada sabem de libras e pouco se esforçam para mudar essa situação”. Outra falha no entendimento do que é acessibilidade é achar que todo surdo é mudo e que sabe ler e escrever perfeitamente. O intérprete afirma que a tentativa de inclusão social de um surdo nas salas de aula é completamente inviável e que prejudica o desenvolvimento e interação do mesmo com o seu meio. “Surdo, em geral, não sabe português, e uma palavra, em libras, pode ter até cinco sinais diferentes, de acordo com a região do país. Portanto, o trabalho do intérprete e do familiar praticante

Márcio Lestingi

direitos, bens e serviços essenciais. Na vida em condomínio, as normas de acessibilidade se impõem tão necessários quanto em qualquer outro lugar. Afinal, promover acessibilidade nestes ambientes significa disponibilizar vagas exclusivas para deficientes tanto nos estacionamentos internos quanto no de visitantes, significa disponibilizar o jornal do condomínio em braille, ensinar libras aos funcionários da portaria e ter elevadores adaptados a cadeirantes, sem esquecer das rotas táteis para guiar os deficiente visuais da portaria até os diferentes pontos de interesse dentro de seu prédio ou de seu espaço condominial. Quantas dessas ações são possíveis ver em seu prédio ou condomínio hoje? Por que não observamos mais desse mesmo nos locais públicos e privados que visitamos? A resposta para essas perguntas exige entender quem são os demandantes do aumento da acessibilidade em nosso mundo e quem são os beneficiados. Será que um elevador com espaço adequado para receber um cadeirante e com quadro de comando capaz de ser operado também por um anão auxiliará apenas a esse público? Por que precisamos ter uma atitude pró-acessibilidade? As próximas linhas dessa reportagem estão acessíveis para quem, como um criador de páginas da enciclopédia digital Wikipedia quer aumentar a abrangência de suas atitudes, promover um debate sadio e conquistar o patamar de acessibilidade total (que os gurus do marketing e da administração nos perdoem pelo uso das expressões dignas de best-sellers do mundo dos negócios).

O intérpete bilíngue português-libras em companhia do fundador do clube dos surdos de Jundiaí, Germano Luiz Gonçalves, afirma que a inclusão social dos surdos só ocorrerá quando houver entendimento de sua língua e da cultura

de libras começa com o entendimento da cultura do surdo”, esclarece. Na esteira dos casos de sucesso de outros países, a legislação brasileira também evoluiu para atender aos anseios da sociedade e, através do decreto nº 5296/2004 – que regulamentou as leis federais nº 10.048/2000 e 10.098/2000, conhecidas como leis da acessibilidade – definiu o tema de nossa reportagem como a condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaçosmobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. Já o especialista e consultor em acessibilidade, Eduardo Moretti, preferiu humanizar essa definição para traduzir o sentimento de quem necessita de melhores e maiores condições de acessibilidade para melhoria da qualidade de vida. “Acessibilidade é o instrumento arquitetônico da dignidade”, e completa com um valor importante de quem conhece os desafios e percalços para se alcançar a acessibi-

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shutterstock Rick’s Photography

Glossário:

O que diz a Norma ABNT NBR:9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - não têm, por definição, força de lei, no entanto, por força do decreto 5296/2004 – que regulamentou a lei da acessibilidade - a NBR:9050 ganhou força de lei e, num acordo inédito entre o Google e a entidade, está disponível para download gratuito na web. A ABNT é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. Uma norma técnica é estabelecida por consenso e fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. A NBR:9050 estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. No estabelecimento desses critérios e parâmetros técnicos foram consideradas diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como: próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais. Esta norma visa também proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos. Algumas definições importantes da norma que se aplicam aos universo dos condomínios: Acessibilidade: Possibilidade e condição de al-

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cance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. Acessível: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação. Adaptável: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características possam ser alteradas para que se torne acessível. Adaptado: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características originais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis. Adequado: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características foram originalmente planejadas para serem acessíveis. Barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental: qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano. Deficiência: redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente. Desenho universal: aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população. Espaço acessível: espaço que pode ser percebido e utilizado em sua totalidade por todas as pessoas, inclusive aquelas com mobilidade reduzida.

Linha-guia: qualquer elemento natural ou edificado que possa ser utilizado como guia de balizamento para pessoas com deficiência visual que utilizem bengala de rastreamento. Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizálo. Entende-se por pessoa com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante entre outros. Piso cromo-diferenciado: piso caracterizado pela utilização de cor contrastante em relação às áreas adjacentes e destinado a constituir guia de balizamento ou complemento de informação visual ou tátil, perceptível por pessoas com deficiência visual. Piso tátil: piso caracterizado pela diferenciação de textura em relação ao piso adjacente, destinado a constituir alerta ou linha guia, perceptível por pessoas com deficiência visual. Rampa: inclinação da superfície de piso, longitudinal ao sentido de caminhamento. Consideramse rampas aquelas com declividade igual ou superior a 5%. Reforma: intervenção física em edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que implique a modificação de suas características estruturais e funcionais. Rota acessível: trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecta os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência. A rota acessível externa pode incorporar estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas, etc. A rota acessível interna pode incorporar corredores, pisos, rampas, escadas, elevadores etc.


M i ng sti Le

solução e uma norma de serviço ladeando ou tratando diretamente de direitos dos portadores de deficiência ou definindo regras específicas para acessibilidade. Em nível regional, 43 são as leis do estado de São Paulo, acompanhadas de 19 decretos e duas resoluções. Em Jundiaí, a mais recente iniciativa do poder legislativo foi a criação em 2010 da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida, cujos participantes já elaboraram leis como a complementar 500/2011 – de autoria do vereador Enivaldo Ramos de Freitas (PTB-SP), o Val - que prevê a adaptação de guichês de atendimento ao público (já aprovada) ou o Projeto de Lei n° 10.733 – de autoria dos vereadores Val e Paulo Sérgio Martins (PV- SP) – que atribui ao Conselho Municipal autonomia para opinar previamente sobre casos de verificação de atendimento de acessibilidade em contratos de renovação ou locação de imóveis destinados a abrigar repartições públicas, em projetos de obras particulares e públicas, de logradouros públicos e de veículos de transporte coletivo, e na criação de serviços públicos.

cio ár

lidade plena: “Nessa área não há espaço para politicagem!” Em tempos de derrubada de regimes ditatoriais mundo afora, acessibilidade é uma condição sine qua non para se definir o nível de desenvolvimento humano de um país e a maturidade de seu estado democrático de direito. Levando os holofotes para o universo da cidadania, acessibilidade é uma condição de acesso por parte dos portadores de necessidades especiais – mas não só deles – aos diferentes locais em que se organiza a atividade humana. Moretti, que também é presidente do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência de Jundiaí, desde 2009, explica que o tema passou a ser motivo de preocupação das sociedades modernas depois do término da Primeira Guerra Mundial, quando se atinou para a necessidade de se reinserir na sociedade os soldados que voltavam para casa vítimas de mutilação e dispensados de cumprir suas obrigações militares. A temática é tão recorrente que desde 1962, quando se publicou a Lei n° 4169, oficializando as convenções “Braille” para uso na escrita e na leitura dos cegos, mais o código de contrações e abreviaturas “Braille”, já foram publicadas 46 leis federais, 25 decretos, quatro instruções normativas, três portarias, uma re-

O especialista em especialidade Paulo Eduardo Moretti e Bina, assessor do vereador Paulo Sérgio Martins, defendem a criação da Cordenadoria dos Diretos dos Deficientes como instrumento para promoção da acessibilidade

Para quem acha que as legislações sobre acessibilidade mudaram o comportamento da sociedade, Moretti explica: “A questão da acessibilidade envolve muito mais que uma rampa ou rota tátil. Na Europa, não se consegue imaginar o que é fazer algo sem acessibilidade. As cerca de 45mil pessoas portadoras de deficiência que moram em Jundiaí poderiam ser mais beneficiadas se houvesse uma Coordena-

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Acessibilidade em condomínios – Estamos no patamar ideal?

A simples menção ao tema já faz Moretti torcer o nariz. “Não conheço edifícios ou empreendimentos que sejam referência no assunto.” Os assessores do gabinete do vereador Val, por outro lado, relatam que há uma possibilidade de mudança nesse cenário. Em 2010 o referido fez uma indicação ao presidente da Câmara Municipal de Jundiaí para que o município estabelecesse, normativamente, que só concederia alvará de funcionamento e aprovaria novos empreendimentos imobiliários se os mesmos seguissem as condições de acessibilidade previstas no Decreto 5296/04 e na NBR 9050:2004. Já Célia Benassi, presidente da Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região – PROEMPI - reconhece que o setor imobiliário tem incorporado esse conceito e melhorado a cada dia, porém, demonstra preocupação com o tamanho do desafio imposto à sociedade organizada: “Deparamos todos os dias com escadas, elevadores inadequados e portas estreitas, principalmente em construções antigas, além de apertadas vagas no estacionamento. Trata-se de um cenário considerado como normal em uma cidade. No entanto, esse mesmo cenário exclui um em

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Mara Gabrilli, o exemplo que vem de cima

Há 16 anos Mara Gabrilli sofreu um acidente de carro que a deixou tetraplégica. Fundou, em 1997 a ONG Projeto Próximo Passo, que hoje se tornou um instituto que leva seu nome. Ela foi a primeira titular da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, criada em abril de 2005, em São Paulo. Hoje é deputada federal. Mara Gabrilli conversou com a nossa reportagem para tratar de um assunto que ela vive 24 horas por dia e busca melhores soluções de acessibilidade para todos hoje, e amanhã.

Divulgação

ria – órgão administrativo municipal com status de secretaria – com o propósito de cuidar das questões de acessibilidade”, e ainda faz uma confissão que só poderia fazê-la quem é defensor da causa há vários anos: “O tema só ganhou destaque depois que a TV Globo o abordou com a personagem da atriz Alinne Moraes, Luciana, em ‘Viver a Vida’. No entanto, a novela mostrou um nível de acessibilidade que é muito diferente da realidade vivida pelos deficientes do país. Apenas uma pequena minoria vive com as facilidades disponibilizadas para a personagem paraplégica”.

Portal dos Condomínios: Qual é o principal desafio governamental, nas três esferas (federal, estadual e municipal) para atingir um nível de “Estado Total de Acessibilidade”? E qual o próximo passo em sua atividade parlamentar pela acessibilidade? Mara Gabrilli: Para um “Estado Total de Acessibilidade” é necessário que haja duas coisas: informação e infraestrutura. E isso precisa partir do Governo, em suas três esferas. Em primeiro lugar, falta informação sobre o universo da pessoa com deficiência. Não fomos educados para conviver com o “diferente” e isso acaba excluindo milhares de pessoas de desfrutarem seus direitos. Esse é um trabalho que não ocorre de um dia para o outro, pelo contrário, é gradativo. E é muito mais fácil quando começa desde cedo, quando criança. Por exemplo, uma criança que convive com outra com deficiência será um adulto preparado para lidar com a diversidade humana. Saberá respeitar as necessidades de cada um e, fazendo isso, estará apto a cobrar para que outras pessoas façam o mesmo. Mas inclusão não se faz apenas com convivência. É preciso que os acessos sejam iguais para todos, ou seja, os serviços precisam ser disponibilizados a todas as pessoas da mesma maneira. Hoje, são 30 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e que durante muitos e muitos anos tiveram subtraído o direito de frequentar uma escola, de ter transporte público, de ter um trabalho digno, de ter saúde, cultura e acesso ao esporte. Para que essas políticas públicas funcionem concomitantemente é preciso que as três esferas do Poder trabalhem em conjunto.


Distribuição gratuita Ano 01 . Nº 01 Mar/Abr de 2011

JUNDIAÍ: imóveis em alta

Rodrigo Góes

Por Rodrigo Góes O Secovi-SP (Sindicato da Habitação) encomendou estudos sobre o mercado imobiliário do interior de São Paulo. Em Jundiaí, o levantamento contemplou 11.066 unidades residenciais verticais de abril a novembro de 2010. E viu o crescimento refletir, principalmente, nas unidades de dois dormitórios. Para a presidente da Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiai e Região (Proempi), Célia Benassi, segurança, qualidade de vida e áreas disponíveis para construção foram fatores determinantes para a migração de habitantes para o interior paulista. “As pessoas procuram qualidade de vida, mas é importante ficar atento em diversos fatores para a compra do imóvel. Quando se fala em qualidade, de nada adianta se o condomínio possuir diversas torres, uma ‘colada’ na outra. A casa necessita de entrada de sol. Outro fator é a área de lazer, onde se constrói diversas opções, em um curtíssimo espaço. O morador

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de Imóveis . Mar/Abr 2011 2011 Portal dos Condomínios . Mar/Abr

precisa também de liberdade para gozar dessa qualidade”, explica. Em Jundiaí, as regiões Oeste e Noroeste, que englobam, por exemplo, bairros como Engordadouro, Eloy Chaves e Medeiros vêm crescendo constantemente. Porém é necessário que haja uma preocupação com o planejamento urbano. A Proempi já estreitou alguns diálogos com a Prefeitura de Jundiaí, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para realizar um estudo viário na cidade. Não só a qualidade de vida atrai investidores e pessoas para Jundiaí. As facilidades na concessão de crédito bancário para a compra do imóvel, o programa Minha Casa, Minha Vida e o aumento da renda das famílias das classes C e D impulsionaram o lançamento de empreendimentos econômicos. Consequentemente, os segmentos de 2 dormitórios sem elevador e/ou econômicos representaram a maior participação nas unidades lançadas e a lançar. Em Jundiaí, 33,8%. Estas modalidades também obtiveram o maior giro de vendas ao mês, seguidas pelas unidades tradicionais de 2 e 3 dormitórios. Devido à grande procura por imóveis do segmento econômico, o levantamento demonstrou que a busca maior se deu por unidades de 46m² a 65m². Já entre 66m² a 85m² vem em segundo, onde ficam os produtos mais bem localizados. A partir desse intervalo a performance de vendas vai decrescendo, na medida em que o ta-

manho dos segmentos aumentam. Para Célia, a procura por imóveis de luxo é mínima, pois esse perfil de público busca a customização e prepara o seu próprio projeto arquitetônico. Mesmo com a facilidade de crédito para novos imóveis, a busca pelos usados ainda é algo a se considerar, principalmente às pessoas que procuram mudanças iminentes. “Os imóveis usados também são atraídos aos que precisam estar próximos a centros comerciais. Já, muito dos novos, estão sendo instalados em regiões mais afastadas que, futuramente, irão atrair a chegada do comércio”, relata a presidente da Proempi. Mercado imobiliário em ascensão, Jundiaí deve manter o ágil até, pelo menos, a Copa de 2014. Célia afirma que a oferta e procura são muito grandes e a essa cadeia impulsiona os preços. Segundo a pesquisa do Secovi, as características dos custos por metro quadrado em Jundiaí seguiram o seguinte patamar: segmento econômico: R$ 2.200,00. Demais segmentos: de R$ 3.200,00 a R$ 4.000,00 o m², conforme padrão e localização. Nota do editor: Até o fechamento desta edição, estava programada a apresentação do Projeto de Lei 10.779/10, que cria o Estudo de Impacto de Vizinhança, para novos empreendimentos na cidade, na qual a Prefeitura de Jundiaí poderá analisar mais detalhadamente os projetos, com base nos impactos ambientais, nos sistemas viários ou na comunidade.


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Dados do mercado imobiliário de Jundiaí

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Como deputada federal, quero propagar a informação sobre a pessoa com deficiência para todo o País e trabalhar em leis que contribuam para melhorar a vida dessa importante parcela da população, a começar por duas áreas fundamentais: saúde e educação. Portal: O que os cidadãos precisam saber para promover a acessibilidade nas diferentes organizações das quais fazem parte? Mara: Novamente caímos na questão da falta de informação. As pessoas ainda não conhecem exatamente as necessidades de uma pessoa com deficiência. Digo sempre que as barreiras de acesso físico são fáceis de quebrar. Se falta uma rampa, basta chamar o pedreiro, comprar tijolos e cimento, certo? Agora, derrubar barreiras de atitude é muito mais complexo. Para acabar com o preconceito é necessário um árduo trabalho, que diz respeito à maneira como o ser humano olha para o outro. Outra questão é o conhecimento sobre a legislação concernente ao tema. Isso é primordial na hora de cobrar seus direitos. Portal: Existe uma grande diferença entre saber o que é acessibilidade e gerar acessibilidade. Por que é importante que toda a sociedade se envolva e promova realmente a acessibilidade em seus locais de vivência e convivência? Mara: Porque uma cidade inclusiva não se faz sem uma sociedade inclusiva. Inclusão se faz com convivência e consciência. Cada um precisa olhar para o outro e enxergar suas necessidades, cobrando melhorias, cobrando direitos, cobrando acessos. É um trabalho conjunto. Portal: As estatísticas sobre deficientes e pessoas com mobilidade reduzida no país são confiáveis? O Censo do IBGE 2010 reflete o que se vê na sociedade? Quais os números da população brasileira de deficientes em % e em número absoluto? Mara: As estatísticas não são confiáveis! Trabalhamos com um número de aproximadamente

30 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, que é do Censo 2000 do IBGE, equivalente a 14,5% da população brasileira. Acontece que as perguntas do Censo relacionadas às pessoas com deficiência não são feitas em todas as residências; esse dado é feito por amostragem. Uma das minhas brigas nos últimos anos foi justamente para que as perguntas do Censo 2010 fossem feitas em todas as residências, o que, infelizmente, não aconteceu. É importante que os números sejam corretos, para que possamos diagnosticar as pessoas com deficiência pelo país e saber quais são essas deficiências, quais são as condições e as necessidades dessas pessoas. Com esses números é possível trabalhar de uma melhor maneira as políticas públicas voltadas para essa área. Portal: Em Jundiaí há um movimento na Câmara de Vereadores para se criar uma Coordenadoria dos Direitos dos Deficientes. Quais as cidades e organizações no Brasil são referência na promoção da acessibilidade? Mara: Acho muito importante a criação de órgãos voltados para as pessoas com deficiência em todo o Brasil, pelas três esferas do Poder. Quando se fala de São Paulo , de sua região central, as pessoas já conseguem, de certa forma, viver com mais dignidade. Mas quando nos afastamos do Centro e enveredamos pela periferia e por cidades menores, do interior, percebemos que muita gente ainda não consegue sair de casa - e isso também ocorre em cidades maiores. Imaginem então o que acontece, por exemplo, no sertão nordestino, a uma pessoa que, com muito menos deficiência não precisa ser, teoricamente, grave como a minha -, não consegue exercer sua cidadania. O Brasil tem potencial para promover uma grande mudança, algo que já começou a ocorrer em de São Paulo , com a criação da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, a primeira do gênero no Brasil, em 2005, pelo então Prefeito José Serra. Hoje, são mais de 100 espalhadas por todo o Estado. Quando Governador, Serra tam-

bém criou a primeira Secretaria da Pessoa com Deficiência no Estado de São Paulo, que vem trabalhando e fazendo diferença em vários municípios. Portal: Deputada Mara Gabrilli, quais são suas dicas para os síndicos e administradoras de condomínios que estão tomando contato agora com o tema. Que medidas eficientes administrativas e/ou técnicas eles podem tomar no dia a dia para promover a acessibilidade em prédios residenciais e comerciais? Mara: Acho importante todo mundo conhecer o conceito do Desenho Universal, que tem por objetivo definir produtos e ambientes contemplando a diversidade humana: desde as crianças, adultos altos e baixos, anões, idosos, gestantes, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Afinal, um condomínio pode vir a receber qualquer uma dessas pessoas e o acesso tem que ser igual para todos. No meu site (http://maragabrilli.com.br/desenho-universal.html) existem mais informações sobre esse conceito e pode-se, inclusive, fazer o download de um manual que elaboramos sobre esse tema. Portal: Por fim, qual a sua mensagem para os jundiaienses que esperam do poder público e da sociedade uma maior atenção ao tema da acessibilidade? Como eles podem acompanhar os seus projetos, palestras e debates sobre acessibilidade? Mara: Costumo dizer que sou um exemplo prático de que sozinhos não chegamos a lugar algum. Durante toda minha trajetória política pude contar com o apoio de pessoas que acreditam na política do bem, para melhorar a vida de pessoas. Meus projetos são baseados nas necessidades e demandas que recebo da população. Continuem cobrando, opinando e sugerindo, pois conto com vocês, por meio de suas ideias e sugestões, para construirmos um Brasil com mais acessos.

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as legislações federal, estadual e as normas da ABNT, Roberval ensina que é preciso muito bom senso para elaboração de um projeto consciente e eficaz.

Conclusão

Segundo o censo 2010 do IBGE, cerca de 14,5% da população, ou 30 milhões de brasileiros, tem algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida. Porém, de acordo com o que ensina a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) – uma das ferrenhas defensoras e promotoras da acessibilidade nesse país - esse número é muito maior, pois o censo do IBGE é feito por amostragem e não leva em conta as pessoas que estão temporariamente em estado de mobilidade reduzida, como gestantes, crianças, atletas machucados ou acidentados, de maneira geral. O caráter invisível das estatísticas – que escondem o real número de portadores de necessidades especiais – não nos desobriga da responsabilidade de trazer o mundo da acessibilidade para todos, o que inclui os que passam grande parte da sua vida nos espaços condominiais, onde ser acessível é mais importante que estar acessível. Ser acessível é adotar continuamente uma postura de acessibilidade, adotando o concei-

to do desenho universal nos projetos e na execução das obras, é ensinar aos porteiros um pouquinho de libras necessário para receber e atender os que nela se comunicam, é ter espaços comuns não apenas inteligentes, mas funcionais, que possam ser utilizados por idosos, gestantes, obesos e contundidos, sem que estes precisem se sentir no pregão da bolsa de valores ou no mercado de peixe para se locomover. Como atestam os especialistas entrevistados para essa reportagem, o caminho

para acessibilidade aprende-se cedo, educando-se as crianças a aceitarem a diversidade em tudo o que fazem, eliminando o desprezo e a ignorância por tudo o que é diferente. Como na teoria do universo cíclico - que explica que o universo se expande e se contrai continuamente as grandes lutas dos direitos enfrentam uma exclusão a cada inclusão, com a diferença que esse ciclo não está a anos-luz de distância, pelo contrário, é presente em todos os aspectos de nossas vidas.

Shutterstock Alexander Raths

cada mais de 14 brasileiros com determinados tipos de deficiência física. Para alterar essa situação é preciso vontade política, face às providências que precisam ser tomadas nos edifícios utilizados pelas diversas esferas do governo, e uma luta contínua no sentido de alterar essas situações nos variados ambientes privados”, elucida. O arquiteto Roberval Guitarrari, vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Jundiaí – AEJ - explica como o assunto é visto na área de construção civil. “Acessibilidade é um conceito que remete ao desenho universal dos meios e equipamentos de mobilidade urbana, para que, através deste, consigamos proporcionar aos seres humanos uma qualidade de deslocamento e de uso dos equipamentos e mobiliários comum a todos e não segregados aos que possuam algum tipo de necessidade específica. Ainda não se assimila que as restrições de mobilidade possam ser temporárias (acidentes, gravidez etc), ou ainda definitivas, porém não patológicas (velhice, por exemplo). Então, o conceito de acessibilidade deve abranger a todos os cidadãos e não ser excludente.” Roberval ainda explica que os projetos arquitetônicos que elabora devem, por norma e por dispositivos legais, abranger os quesitos obrigatórios, no âmbito de sua aplicação, nos edifícios, públicos ou privados, e nos recintos de uso coletivo, mas que, neste caso, ainda geram dúvidas, pois indústrias ou empresas privadas absorvem funcionários com algum tipo de deficiência e não possuem os setores adaptados para esta situação. Já os projetos de urbanismo devem absorver por completo os requisitos preconizados pelas normas técnicas e legislações, embora, também se saiba que as condições geográficas muitas vezes são restritivas aos deslocamentos de cadeirantes e as legislações que determinam as declividades de vias de circulação urbana são incompatíveis com o conceito de desenho universal. Como, em alguns pontos, há conflito entre


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SAÚDE

Condomínio Por Neto Aiello - Fisioterapeuta

idosos necessitam, precisamos entender o pro-

Geografia e Estatística (IBGE), os idosos repre-

cesso de envelhecimento e suas limitações. Se-

sentam 8,6% da população brasileira. O institu-

gundo a fisioterapeuta, Aline Gut, proprietária

to considera idosas as pessoas com 60 anos ou

de uma clínica especializada em exercício para

mais, mesmo limite de idade considerada pela

terceira idade, ”o processo de envelhecimento

Organização Mundial de Saúde (OMS) para os

difere de pessoa para pessoa, assim como de

países em desenvolvimento. Em uma década, o

um aparelho ou um sistema (cardíaco, respi-

número de idosos no Brasil cresceu 17%.

ratório, muscular, etc) para o outro. É um fe-

O envelhecimento da população brasileira

nômeno fisiológico, pois ocorre em todo ser

é reflexo do aumento da expectativa de vida,

humano, e caracteriza-se por ser um processo

graças ao avanço no campo da saúde e a redu-

progressivo. A diminuição da força muscular e

ção da taxa de natalidade. Prova disso é a par-

da flexibilidade são as maiores limitações para

ticipação dos idosos com 75 anos ou mais no

as atividades de vida diária. O equilíbrio para

total da população, que cresceu 2,1% em uma

caminhar, agachar e levantar, subir e descer

década.

escadas, levantar objetos pesados, banhar-se

Devido ao envelhecimento da população,

e vestir-se são exemplos de atividades prejudi-

cada vez mais idosos estão morando sozinhos,

cadas pela diminuição da força e flexibilidade.

bem como muitos casais de idosos. Em busca

Muitas dessas limitações podem ser significati-

de segurança e comodidade muitos optam por

vamente amenizadas com a prática regular de

morarem em condomínios. Será que os condo-

atividade física (principalmente a musculação

mínios estão preparados para receberem este

na terceira idade)”.

público?

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Para conscientizar das necessidades que os

Segundo dados do Instituto Brasileiro de

Esse problema de acessibilidade levantado


x Idosos

por Aline, é um fato cada vez mais presente,

devem ser acessíveis para pessoas com defici-

principalmente quando estão envolvidas popu-

ência e mobilidade reduzida (caso dos idosos)”,

lações cada vez mais atuantes como os idosos

relata a fisioterapeuta.

e os deficientes físicos.

Este assunto deve atenção e respeito de to-

Atualmente há diversas regras para ga-

dos, tanto na parte técnica na elaboração dos

ragem, que variam de acordo com a localida-

projetos da construção, tanto para síndicos dos

de. Em São Paulo, por exemplo, condomínios

condomínios já habitados. Algumas pequenas

construídos a partir de 2006 devem destinar

adaptações nesses condomínios podem fazer

5% das vagas para os portadores de neces-

uma grande diferença para os idosos e porta-

sidades especiais. Já é um começo, mas ainda

dores de deficiência física. Lembre-se, um dia

está longe de suprir todas as necessidades dos

você será um idoso!

idosos: “Sabendo de todas essas limitações, queremos mostrar a importância de adapta-

Participação: Aline Gut (Fisioterapeuta)

ções em condomínios para uma melhor acessibilidade de idosos e deficientes físicos. Os ambientes devem ser planejados para promodas as necessidades dos usuários. Implantação

Gostou deste artigo? Quer sugerir algum tema?

de corrimão, rampas, pisos antiderrapantes,

Envie mensagem para

portas largas, degraus bem sinalizados são al-

saude@condominioemrevista.com.br

gumas providências que devem ser tomadas.

Você terá um atendimento exclusivo com o

ver a independência, autonomia e atender to-

De acordo com a Lei Federal 10.098/2000 e o Decreto Federal 5296/2004, todos os lugares

fisioterapeuta Neto Aillo shutterstock Andrejs Pidjass

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ARTIGO

Linguagem e Comportamento Infantil Nós, seres humanos, contamos com a linguagem verbal para auxiliar em nossa expressão de pensamentos, aspecto único entre todos os animais existentes. Sabemos que diversas espécies apresentam algum tipo de linguagem, entretanto, apenas o ser humano é dotado da capacidade de falar, expressar suas ideias por meio da linguagem verbal e também escrita. Podemos também fazer uso de outras linguagens, como a corporal/gestual, mas mesmo essas, estão fortemente ligadas ao que temos processado internamente como linguagem, aspectos aprendidos culturalmente e pela nossa capacidade cognitiva. A linguagem é a capacidade mais fantástica do ser humano. Ela nos diferencia, nos marca, nos torna únicos, soberanos entre os animais; é de todas as habilidades neurológicas a mais complexa, pois envolve capacidades cognitivas, motoras, sensitivas e emocionais. Podemos dizer que se fossemos comparados a um carro, nós humanos seríamos o top de linha. Utilizamos linguagem desde muito cedo em nossas vidas; inicialmente como forma simples de expressão de nossos desejos de sobrevivência, depois, através dos vínculos estabelecidos e das informações e estimulações trazidas de figuras significativas (pai, mãe, avós, cuidadores) o pensamento vai se estruturando num código linguístico e num prazo breve de um ano, já somos capazes de iniciar nossas verbalizações mais diretas, chamando mamãe, papai, expressando a fome, sede e repetindo infinitas combinações de sons que formarão novas palavras. Aos 3 anos já apresentamos um conteúdo imenso de palavras, somos capazes de realizar frases complexas e cantamos pequenas músicas com adequado ritmo, melodia e letra. Mesmo que ainda nessa fase possamos ter alguns erros de pronuncia, somos plenos na capacidade de nos fazer entender pelo outro. O pensamento nessa fase é rico de simbolismos e processos imaginativos e associativos que nos ajudam a compreender e copiar o meio que nos cerca. Desenvolvendo esses aspectos, (aparentemente apenas cognitivos) estamos também nos educando para um outro componente: nosso comportamento em sociedade. Quanto mais formos capazes de utilizarmos nossa expressão verbal para o que sentimos ou desejamos, menor será a necessidade de reações físicas inadequadas. É fundamental que os pais e adultos que convivam com as crianças auxiliem para essa melhora da capacidade verbal como forma de controle do comportamento, pois isso facilitará o convívio da criança no meio social, bem como ensinará a lidar

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melhor com suas reações emocionais. Vejamos esse exemplo: Paulo tem dois anos e não consegue montar um jogo de encaixe, então se levanta, joga tudo pelos ares e começa a chorar e ter acesso de raiva. Sua mãe que não estava presente no exato momento do acontecido, ao escutar a gritaria, entra na sala e pergunta o que aconteceu. A criança ainda não é capaz de expressar corretamente o que houve e também o que a deixou frustrada e nervosa, então continua a chorar e gritar. A mãe se irrita e dá um chacoalhar para que ela pare com aquele comportamento. Nesse momento a criança chora ainda mais e a mãe se irrita ainda mais...Ciclo vicioso cruel que não ajudará a criança, além de fortalecer a ideia de que quando nos irritamos, temos como resposta ações motoras. Seria mais produtivo que a mãe, em vez de questionar sobre o comportamento da criança, buscasse auxiliá-la, sendo cúmplice de seu sentimento dizendo: “Puxa, você estava brincando tão bem, que pena que agora está triste. Posso brincar com você se quiser”. Nesse momento a criança se sentiria acolhida em seus sentimentos e encontraria uma forma de aliviar sua frustração sem reações exacerbadas. Talvez até pegasse o jogo e mostrasse para a mãe, trazendo a informação que era isso que havia causado sua explosão de raiva. A mãe novamente como intérprete da criança, poderia dizer : “AH! Então foi esse brinquedo que deixou você com tanta raiva hein?! Nem sempre as coisas dão certo, isso realmente dá muita raiva, mas vamos tentar novamente, é assim que se aprende”. Ou, então dizer: ”Vamos brincar de outra coisa até você se acalmar e depois tentamos montar esse jogo novamente”. É fundamental que respeitemos os sentimentos e, se possível, os transformemos em palavras, dando sentido aos acontecimentos. Também é importante que ao traduzir um determinado comportamento em palavras, evitemos julgamentos ou sermões moralistas, mas que deixemos claro que respeitamos e compreendemos os sentimentos, entretanto não iremos permitir atitudes e ações inadequadas. Usar uma linguagem clara, direta e sem dupla informação, expressando também seus sentimentos com relação ao acontecido, ajudará a criança a compreender o certo e errado, mesmo que num primeiro momento ela aparentemente ignore a informação. É importante que os pais não tentem esconder que também estão descontentes ou até com profunda irritação por determinado comportamento da criança, pois assim a criança também aprenderá

a “ler” corretamente os sentimentos envolvidos e a informação se torna mais verdadeira. Outra situação: Uma criança de 4 anos chuta seu cãozinho como forma de brincadeira. A mãe vê a cena e diz “ Não faça isso meu docinho, não chute seu cachorro que ele fica triste com você”. Essa não é uma forma adequada de limitar o comportamento da criança, pois, cachorros não ficam tristes e sim bravos e até violentos como forma de defesa ao serem agredidos, dessa forma, usar uma linguagem mais clara e firme resulta numa limitação mais efetiva e compreendida pela criança. “Não chute o cachorro, ele não é bola. Nós não devemos chutar os animais, se você quer chutar algo para brincar, pegue a bola.” Ou dizer “ se você está com raiva eu entendo, mas você não pode chutar o cachorro, ele poderá morder você.” Se necessário segurar firme o braço da criança e afastá-la do cão, que seja feito, mas não devemos permitir atos cruéis aos animais. Em resumo, ao educar a criança na linguagem, aprendemos a nos educar e a controlar nossas ações e talvez esse seja o maior desafio. Compreender e respeitar o desejo alheio quando ele difere do nosso e agirmos de forma coerente com as repreensões que são necessárias, não é tarefa fácil, mas devemos tentar sempre. Gosto muito de usar algumas frases com meus filhos que costumeiramente gritam “eu quero”, para inúmeras coisas: Meu filho, compreendo plenamente o que você quer, na realidade você tem todo direito de querer tudo, mas na vida não podemos ter tudo, temos que escolher, ou simplesmente digo: “compreendo o que você quer, mas agora não é possível”. A educação é a arte de ensinar que não devemos viver apenas pelo princípio do prazer. Que na vida não fazemos ou agimos somente pelos nossos desejos e vontades, mas fazemos o que tem que ser feito se quisermos ter um ambiente melhor ao nosso redor. Sei que é uma dura lição a ser aprendida por eles (meus filhos) e também por mim, mas juntos vamos lidando com nossos desejos frustrados e às vezes impossíveis de serem realizados, nossas raivas, tristezas, angústias e todos os demais sentimentos que diariamente participam de nossas vidas. Acredito que de todas as ferramentas que podemos escolher para educar, a linguagem é a mais poderosa e a única realmente capaz de nos marcar. Façamos então marcas positivas para que nossas crianças sejam realmente felizes e seguras.

Susana Bueno de Souza – Fonoaudióloga e Psicopedagoga –CRFa 5932/SP


FIQUE POR DENTRO

do CONDOMÍNIO NORMAS DE SEGURANÇA Existe uma série de exigências legais, principalmente municipais, no que diz respeito às normas de higiene e segurança. Quando não cumpridas, implicam desde punições até interdição do edifício. Por envolverem questões de segurança, dentre outras, devem ser observadas as exigências quanto: - condições de instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e de gás; - sistema de para-raios; limpeza de caixa d’água; - acondicionamento, recolhimento e depósito de lixo; - extintores, porta corta-fogo, saídas de emergência e elevadores; Seguro de Incêndio - O Artigo 13 da Lei 4.591/64 obriga a contratação de seguro que inclua tanto as unidades autônomas quanto as áreas comuns. É uma despesa ordinária. No caso de imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), esse seguro já vem incluso no boleto de pagamento das prestações; por isso é necessário que, antes da contratação do seguro, o proprietário que esteja vinculado ao SFH comunique ao síndico por escrito, evitando pagá-lo em dobro. Furto em condomínio – Para os casos envolvendo furto, roubo, quebra de vidros, etc., o seguro é opcional. É conveniente que a atribuição de responsabilidades esteja prevista em convenção e

em contratos por vezes firmados com empresas de prestação de serviços ou de vigilância. Geralmente, quando a chave do carro é deixada em quadro de chaves, com o garagista, ou zelador para manobras, na ocorrência de furto ou avaria do veículo a responsabilidade é do condomínio. DICAS PARA DIMINUIR DESPESAS E EVITAR RISCOS A Fundação Procon/SP relaciona, a seguir, algumas recomendações para que você, administrador, síndico, proprietário ou inquilino de um condomínio, venha a contribuir para a melhoria da qualidade de vida, harmonização no convívio coletivo e até redução de custos condominiais. Agindo de acordo com as leis em vigor, dando cumprimento à convenção e regulamento interno e procurando atuar com bom senso respeitando os direitos individuais e assumindo a sua responsabilidade ao cumprimento dos deveres e obrigações estabelecidas, com certeza o seu “Viver em Condomínio” será bastante agradável. Participe do dia a dia do condomínio, auxiliando vizinhos e o sindíco na administração do prédio. Faça críticas quando cabíveis, mas também apresente sugestões como: - Estudo voltado à utilização racional da água, evitando desperdícios e vazamentos. Limpeza das caixas d’água regularmente e tratamento da água

das piscinas; - Vistoriar periodicamente a parte elétrica, hidráulica da edificação e de gás; - Verificação do cumprimento das normas municipais e estaduais quanto à segurança da edificação (extintores, seguros, sinalização, elevadores etc.); - Realização de pesquisas de preços na aquisição de produtos, principalmente de limpeza, e a sua guarda em local seguro; controle de entrada e retirada, evitando, desta forma, furtos, desvios ou desperdícios; - Análise prévia dos contratos, inclusive os de prestação de serviços que forem assinados em nome do condomínio; - Exigência de emissão de notas fiscais ou recibos em nome do condomínio, quando da compra de materiais e execução de serviços; - Manutenção atualizada e em local seguro dos livros contábeis, notas fiscais e recibos que comprovem pagamentos; - Programação e realização de campanhas educativas (material reciclado, limpeza, fumo, drogas, bebidas etc.). Mobilização para implementação dos programas; - Evitar atraso no pagamento das contas, que acarretam multas e aborrecimentos. Fonte: SECOVI-SP

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UTILIDADES DOMÉSTICAS

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EDUCAÇÃO

A Escolha da Profissão

Por Maria Isabel Gut - Orientadora Educacional e Psicóloga - Colégio Divino Salvador. Escolher significa pensar no futuro, ter projetos como: que tipo de pessoa quero ser, com quem desejo estar, que tipo de ambiente quero frequentar. Quando estamos na escola, escolhemos onde sentar, se vamos prestar atenção ou não à aula, se vamos abrir ou não a apostila. Escolhemos também quem são os nossos amigos, os colegas com quem conversaremos... e assim o dia passa. As decisões são comuns em nossa vida, e a busca pelo curso superior é mais uma escolha, porém mais significativa que as corriqueiras. Então, essa escolha deve ser cuidadosa, porque será ruim se eles optarem por algo onde todos os dias tiverem queixa do trabalho, ambiente, das pessoas, pressões... Geralmente, a escolha da profissão no 3º ano culmina com o filho fazendo 18 anos de vida, tirando carta de motorista, passando a não depender mais tanto da mãe e do pai para levar e buscar. É um “divisor de águas” na vida do filho e também de seus pais. Essa escolha traz consigo o código que a família utilizou para educar: se mais livre, se mais

dependente dos pais, se o filho teve o direito a opinar... A família passa a ficar mais vulnerável quando surge no filho a insegurança, o medo de errar, o receio de deixar a “casa dos pais” e, digase de passagem, são temores compreensíveis. Temos dificuldade em reconhecer os bons valores, a essência da família, o empenho que tivemos em passar a eles as “ferramentas de amor e de caráter” que, com certeza, saberão usar. Precisamos confiar mais no que passamos aos nossos filhos, munindo-os de recursos internos para que dêem conta desse “mundão” que os chama. Hoje, as opções são as mais variadas, enchem os olhos dos jovens porque há cursos muito interessantes em universidades públicas, particulares, na cidade, no interior, nos outros estados e alguns até fora do país. Escolher diante de tantas opções é um ato de coragem, que poderá ser minimizado se o aluno tiver a possibilidade de pensar sobre si, suas facilidades, dificuldades, habilidades, hobbies, preferências no currículo escolar, seus interesses, curiosidades, suas leituras, programas preferidos e, além de tudo isso, se o aluno tiver acesso às informações sobre diversos cursos. Tudo isso requer empenho. Não adianta a decisão de prestar vestibular se eu não

sei qual profissão eu quero! A orientação é que os alunos “coloquem a mão e a alma na massa”, contem com a ajuda de seus pais, professores, psicólogos do colégio, leiam, pesquisem, vasculhem páginas na internet, conversem com profissionais das áreas de interesse, visitem universidades... O papel dos pais será o de ter uma participação ativa de auxílio nessas buscas, conversar e permitir que o filho expresse realmente seus desejos e sentimentos, até sobre o receio de morar fora, o medo de errar e ter que começar de novo, entre outros. Importante também ter a consciência de que, na maioria das vezes, “o nosso desejo não é o desejo deles”. Que eles escolham aquilo que de fato quiserem, sem ter que dar conta de atender às solicitações das pessoas que ama. Eles precisam ser respeitados para se tornarem grandes profissionais e, acima de tudo, grandes pessoas.

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BEM-ESTAR

Os segredos do Dente de leão

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chá da planta, ingerido três vezes ao dia é emagrecedor e nem eficaz para óleo de massagem, mas como não há risco para a saúde, não custa experimentar”, completa. Na culinária, o dente de leão também é muito utilizado tanto para fazer saladas quanto para vinhos. Antigamente a planta era a matéria principal para o Vinho da Alegria

Óleo de massagem Para preparar um óleo de massagem, basta misturar a planta com óleo, deixar repousar por oito

Vinho da Alegria

dias em um vidro de boca larga

Modo de preparo:

exposto ao sol da manhã. Coe as

- colha uma cesta cheia de flores de

ervas do óleo e já terá o produto

dente de leão;

pronto para massagem.

- coloque-as no sol de meio-dia para secar e eliminar todas as impurezas; - misture as flores com vinho tinto seco e deixe descansar por mais oito dias; - Coe o vinho, misture com um

Cultivo Por ser uma planta com folhas

leves, o vento espalha as com facilidade,

pouco de mel e é

por isso pode ser cultivada em

só saborear.

qualquer jardim: - ao montar seu arranjo, corte os caules diagonalmente e diminua as hastes diariamente em 1 cm; - escolha qualquer espécie de dente de leão; -coloque em um recipiente com água; -troque a água a cada três dias; - não deixe seu arranjo

div

ulg

ão

exposto ao vento.

tos

Taraxacum Officinale: apesar do nome ser estranho, é a planta mais disseminada pertencente ao gênero botânico Taraxacum. Ainda não sabe do que estamos falando? Dente de leão, amor de homem, alface de cão, salada de topeira, ou esperança. Esses são os nomes vulgares da planta citada acima. A dente de leão, como é mais conhecida, tem várias utilidades. Além de ser um ótimo ítem de decoração, é muito usada na medicina e até na culinária. A planta é utilizada como diurético, purificador do sangue, para sanar problemas no fígado e na vesícula biliar e até para curar problemas de reumatismo. Mas será que pode confiar inteiramente nesse ‘remédio’? O uso de plantas na medicina é bastante polêmico. Não há como dizer se essas informações são corretas. Grandes estudos são desenvolvidos com um alto número de pacientes quando o objetivo é comprovar se uma medicação é eficaz e segura para determinada doença, e com base nesses estudos é que médicos prescrevem os medicamentos para os pacientes. Segundo a reumatologista, Fernanda Guaratini, com as plantas não há geralmente estudos dessa dimensão. “O que ocorre frequentemente é algum pesquisador que estuda uma determinada planta e aplica em alguns pacientes. A notícia se espalha, mas sem comprovação científica”, alerta. A médica afirma que é necessário ter cuidado ao tratar de doenças sérias com plantas, mas para algumas ocasiões o risco não é grande. “Também não é provado cientificamente que o

Fo

Por Talita Rocca


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CRÔNICA

Meu Caramelo Quem nunca teve medo de ficar preso em um elevador que atire a primeira pedra. Calma, cada edifício tem uma história para contar, mas essa aconteceu com a filha de um amigo meu, e é muito boa. Foi em um edifício aqui em Jundiaí, com uma vista maravilhosa para a Serra do Japi. Depois que seu marido morreu, Dona Encarnacion, foi morar com a filha e o genro, neste prédio. Todos os dias, após o jantar, ela se punha em um canto mais afastado do prédio e não queria companhia, ficava observando a Serra do Japi e todos pensavam que ela navegava em seus pensamentos, ou que sentia saudades do marido. Pois bem, naquele dia armava um tremendo temporal na cidade. Desciam no mesmo elevador, Júlia, a filha deste amigo meu, o seu namorado, a Dona Encarnacion e Seu Berto, um viúvo de 88 anos que morava com um sobrinho. Quando menos se esperava o elevador parou entre o 4º e 5º andares, por falta de energia elétrica, ficando todos presos no escuro. De repente, Dona Encarnacion foi ficando desesperada, Seu Berto não entendia e o casal muito impaciente com aquela situação. Seu Berto começou a gritar: Cuidado com meu caramelo!

Não vão pisar no meu caramelo! Não pise no meu caramelo! Pelo amor de Deus, cuidado com meu caramelo! Tudo na mais profunda escuridão, quando começaram a ouvir uns estampidos e um mal cheiro profundo invadiu o elevador. Seu Berto continuava a implorar que não pisassem no seu caramelo. O tempo passava, os bombeiros que não chegavam e os estampidos continuavam, o mal cheiro aumentava, Seu Berto querendo seu caramelo, os minutos demoravam a passar, o casal pensava que ia morrer asfixiado tamanho o mal cheiro, até que a energia voltou, o elevador voltou a funcionar e todos puderam entender o que acontecia. Dona Encarnacion, sofria de distúrbios intestinais e descia todas as noites para poder soltar livremente suas ventosidades intestinais longe da filha, do genro e de outros moradores, daí seu isolamento noturno. Quanto ao casal, tiveram que tomar banho e trocar de roupa, pois o cheiro tomou conta das vestes e até do cabelo. Enquanto seu Berto, foi questionado por que queria tanto seu caramelo naquela situação. O velhinho, ainda se refazendo do susto, respondeu: “No caramelo está grudada minha dentadura!”

Por Dr. José Miguel Simão Advogado e cronista

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Portal dos Condomínios . Mar/Abr 2011

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