Aerovisao 258 out nov dez 2018

Page 1

Edição Especial - Português / English



Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Arte: Subdivisão de Publicidade e Propaganda


Prepare seu plano de voo

08

Cb André Feitosa / Agência Força Aérea Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Edição nº 258 Ano 45 Outubro / Novembro / Dezembro - 2018

ENTREVISTA /INTERVIEW

Por que investir dinheiro no espaço? Why invest money in space?

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

A astrofísica italiana Simonetta Di Pippo defende os benefícios trazidos pela exploração espacial

16

OPERACIONAL / OPERATIONAL

CRUZEX 2018 CRUZEX 2018

Oitava edição do maior exercício realizado pela FAB reúne 13 países, além do Brasil, no Rio Grande do Norte

24

COMAEX / COMAEX

Guerra virtual Virtual War

Exercício treina a tomada de decisões em um cenário de conflito simulado

EXPEDIENTE Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Official publication of the Brazilian Air Force, Aerovisão magazine is produced by the Aeronautical Social Communication Center (CECOMSAER) - Air Force Agency. Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF

Tiragem: 18 mil exemplares.

Período: Outubro / Novembro / Dezembro Period: October / November / December 2018 - Ano 45 / year 45

4

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo Brigadier Antonio Ramirez Lorenzo Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Flávio Eduardo Mendonça Tarraf Colonel Aviator Flávio Eduardo Mendonça Tarraf Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador Paulo César Andari Colonel Aviator Paulo César Andari Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Bruno Pedra Lieutenant Colonel Aviador Bruno Pedra Edição: Tenente / Lieutenant Gabriélli Dala Vechia (Jornalista Responsável - 16128/RS) e Tenente / Lieutenant Jonathan Jayme (Jornalista - 2481/GO)

Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Authorized whole or partial transcripts of the material, provided that the source is mentioned. Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao See electronic edition: www.fab.mil.br Impressão: Gráfica Pallotti ArtLaser. Tradução: TradService - Smart Traduções Eireli - ME


38

DESENVOLVIMENTO / DEVELOPMENT

Aeródromos da Amazônia Aerodromes of the Amazon COMARA reduz o isolamento de comunidades e permite serviços essenciais em lugares inóspitos com a construção e manutenção de pistas de pouso

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Veja a edição digital

30

TECNOLOGIA / TECHNOLOGY

Simulação Aeroespacial Aerospace Simulation

Projeto desenvolvido pela FAB poderá antecipar possíveis movimentos, melhorando a tomada de decisão e aumentando as probabilidades de sucesso em missões

Veja na FAB TV MODERNIZAÇÃO DA INDÚSTRIA AEROESPACIAL BRASILEIRA

52

Conheça a história da indústria aeroespacial brasileira e como ela se desenvolveu até os dias atuais.

REESTRUTURAÇÃO / RESTRUCTURING

Ala 12 - um dos maiores complexos Aerotáticos da América Latina Ala 12 - one of the largest Aerial Tactical complexes From Latin America Dispondo de quatro Esquadrões Aéreos Operacionais, de aviações distintas, a Ala 12 concentra uma parcela do Poder Aéreo da FAB

60

MEMÓRIA FAB / FAB MEMORY

Bandeirante 50 anos Bandeirante 50 years O dia em que todo o Brasil alçou voo

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

5



Aos Leitores/ To the readers UMA FORÇA EM CONSTANTE APERFEIÇOAMENTO A constantly improving force

A última edição de 2018 da revista oficial da Força Aérea Brasileira traz uma excelente oportunidade para os leitores entenderem o quanto a FAB tem buscado evoluir a cada dia. Neste número especial bilíngue, abordamos os 50 anos de uma aeronave precursora tanto no aspecto tecnológico quanto no seu nome: o Bandeirante. Mas também mostramos como a FAB está cada vez mais direcionada para uma exploração adequada do ambiente espacial, do qual o Brasil não pode prescindir. Em 1968, graças à determinação de dedicados brasileiros como Ozires Silva, o sonho de Santos-Dumont uma vez mais se repetiu, desta vez em solo nacional. O primeiro voo do Bandeirante foi o passo inicial para a criação da empresa que se tornou orgulho de todos os brasileiros, a EMBRAER. Esse crescente tecnológico nos levou ao ponto de hoje estarmos plenamente imersos em um projeto de inserção no ambiente espacial, como poderemos constatar na entrevista especial desta edição. Paralelamente a tudo isso, a Força Aérea Brasileira aprimorou continuadamente sua forma de atuar em prol da defesa e segurança do país, passando a sediar, a partir de 2002, o maior exercício operacional da América Latina, a CRUZEX. Internamente, a reestruturação empreendida nos últimos anos buscou otimizar os recursos pessoais e materiais da Força, concentrando seus meios em organizações militares estratégicas como a Ala 12, no Rio de Janeiro, conforme poderemos entender na reportagem que trata desse moderno complexo aerotático. Enfim, esta edição chega não só para celebrar o término de mais um ano de trabalho, mas principalmente a continuidade de um ciclo de crescimento e modernidade que nunca deixou de existir desde a criação da Força Aérea Brasileira, em 20 de janeiro de 1941. Uma ótima leitura a todos! Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

The 2018’s latest edition of the Brazilian Air Force official magazine provides an excellent opportunity for readers to understand how the FAB has sought to evolve every day. In this special bilingual issue, we approach the 50 years of a precursor aircraft in terms of technology as well as in its name: Bandeirante. But we also show how the FAB is increasingly directed towards a proper exploration of the space environment, which Brazil cannot do without. In 1968, thanks to the determination of dedicated Brazilians like Ozires Silva, Santos-Dumont’s dream was once again repeated, this time on national land. The first Bandeirante flight was the initial step towards the creation of the company that became the pride of all Brazilians, EMBRAER. This technological increase has taken us to the point where we are fully immersed in a project of insertion in the space environment, as we can see in the special interview of this edition. Parallel to all this, the Brazilian Air Force has continuously improved its way of acting for the defense and security of the country, starting to host from 2002, the largest operational exercise in Latin America, the CRUZEX. Internally, the restructuring undertaken in recent years has sought to optimize the Force’s personal and material resources, concentrating its resources on strategic military organizations such as Ala 12 in Rio de Janeiro, as we can understand in the report that deals with this modern aerotactical complex. Finally, this edition comes not only to celebrate the end of one more year of work, but mainly the continuity of a cycle of growth and modernity that never ceased to exist since the creation of the Brazilian Air Force, on January 20, 1941. A great read to all! Brigadier Antonio Ramirez Lorenzo Head of the Aeronautical Social Communication Center (CECOMSAER)

“Nossa capa / Our cover: A foto do Sargento Johnson, realizada durante o exercício CRUZEX 2010, mostra o emprego aéreo multinacional. The photo of Sergeant Johnson, held during the CRUZEX 2010 exercise, shows multinational aerial employment.

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

7


ENTREVISTA INTERVIEW

“INVESTIR DINHEIRO NO ESPAÇO É JUSTAMENTE PARA RESOLVER OS PROBLEMAS DA TERRA” “INVESTING MONEY IN SPACE IS PRECISELY TO SOLVE THE PROBLEMS OF THE EARTH” Aos 59 anos, a astrofísica italiana Simonetta Di Pippo coleciona importantes feitos na área espacial. Com passagens pelas agências espaciais Italiana e Europeia, e homenageada com um asteroide que leva seu nome, Di Pippo hoje está à frente do Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior (UNOOSA, do inglês United Nations Office for Outer Space Affairs). Em sua primeira visita oficial ao Brasil, a convite da Força Aérea Brasileira (FAB), a representante da ONU conheceu as principais estruturas ligadas ao desenvolvimento espacial do país e destacou que há muitas possibilidades a serem potencializadas por meio de parcerias internacionais. Sobre os investimentos na área espacial, a representante da ONU explicou que, em países em desenvolvimento, é difícil olhar para o espaço sendo que há, ainda, muitas questões a serem resolvidas em setores básicos, como saúde e educação. Di Pippo, porém, argumenta: “muitas vezes nós ouvimos: por que investir dinheiro no espaço se temos tantos problemas aqui? Investir dinheiro com o espaço é justamente para resolver os problemas da Terra”. Age 59, the Italian astrophysicist Simonetta Di Pippo collects important achievements in space area. With passes by the Italian and European space agencies, and honored with an asteroid that bears his name, Di Pippo now heads the United Nations Office for Outer Space Affairs (UNOOSA). In her first official visit to Brazil, at the invitation of the Brazilian Air Force (FAB), the UN representative met the main structures linked to the country’s space development and emphasized that there are many possibilities to be enhanced through international partnerships. On investment in space area, the UN representative explained that in developing countries it is difficult to look at space if there are still many issues to be addressed in basic sectors such as health and education. Di Pippo, however, argues: “we often hear: why invest money in space if we have so much trouble here? Investing money in space is precisely to solve the problems of the Earth “. TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST GABRIÉLLI DALA VEChIA

8

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Divulgação UNOOSA

A Diretora do escritório da ONU voltado para a área espacial esteve no Brasil e destacou as potencialidades do país no setor

The Director of the United Nations space office was in Brazil and highlighted the country’s potential in the sector

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

9


Quais são suas impressões sobre as estruturas visitadas durante a estada no Brasil? Com certeza, há muitas facilidades e também aprendi bastante sobre os planos para o futuro. Pude acompanhar, inclusive, a assinatura do novo PESE [Programa Estratégico de Sistemas Espaciais], que traz o planejamento do Brasil para os próximos anos, principalmente, no que diz respeito a lançadores e centros de lançamento. Há, com certeza, tópicos principais em que poderemos cooperar e nós já estamos discutindo casos concretos em que se dará essa colaboração.

What are your impressions about the structures visited during your stay in Brazil? Of course, there are many facilities and I also learned a lot about the plans. I was able to follow up with the signing of the new PESE [Strategic Space Systems Program], which brings Brazil’s planning for the next few years, especially about launchers and launch centers. There are, of course, key topics where we can cooperate, and we are already discussing concrete cases where this collaboration will take place.

Quais são os pontos fortes do país no campo espacial? Sem dúvida, Alcântara [Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão], devido às bases e às benfeitorias que a Força Aérea possui lá, e entendo que há planos para incrementar os usos do local, algo em que podemos ajudar, colocando o país em contato com outros países. E também o VLM [Veículo Lançador de Microssatélites], pela sua atualidade e oportunidade em se voltar a essa categoria de satélites, que está em expansão. O cronograma desse projeto está adiantado e o teste do motor já deve acontecer no ano que vem.

What are the country’s strengths in the space field? Undoubtedly, Alcântara [Alcântara Launch Center, in Maranhão], due to the bases and improvements that the Air Force has there, and I understand that there are plans to increase the uses of the place, something that we can help, putting the country in contact with other countries. And, the VLM [Microsatellite Launcher Vehicle], for its actuality and opportunity to return to this category of satellites, which is expanding. The schedule for this project is advanced and the engine test should happen next year.

“Há, com certeza,

tópicos principais em que poderemos cooperar e nós já estamos discutindo casos concretos em que se dará essa colaboração”

10

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

“There are, of course, key topics where we can cooperate and we are already discussing concrete cases where this collaboration will take place”


Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Representante da ONU acredita que o CLA e o VLM são os pontos fortes do Brasil na área espacial UN representative believes CLA and VLM are Brazil’s strengths in space Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

11


Como a Sra. disse, existe um esforço da FAB para fomentar os usos de Alcântara, de forma que outros países, mediante acordo, utilizem o Centro para lançamentos, a exemplo de acordos que já são praticados em todo o mundo. Como a Sra. avalia a estrutura do CLA? É uma estrutura muito interessante, principalmente - mas não só - a Torre de Integração [Torre Móvel de Integração (TMI), que permite a montagem de um foguete na base, deixando-o pronto para o lançamento]. Eu acredito que o CLA é um ótimo exemplo do que o Brasil pode fazer para o programa espacial internacional e pela cooperação internacional nessa área, de modo geral. É por isso que fui até lá: para ver se nós podemos fomentar e reforçar a colaboração entre o Brasil e o UNOOSA. E, pelo que vi, posso dizer que há uma série de oportunidades. Qual é o primeiro passo na aproximação entre o Brasil e o UNOOSA? Estamos desenvolvendo um acordo com a Força Aérea, para que possamos ter, trabalhando conosco em Viena [a sede do UNOOSA fica na capital austríaca], uma representação brasileira permanente. Isso já está em fase de tratativas finais e deve se concretizar já em 2019. As you said, an effort has been made by FAB to foster the uses of Alcântara, so that other countries, by agreement, use the Center for launches, such as agreements that are already practiced around the world. How you evaluate the structure of CLA? It is a very interesting structure, mainly - but not only - the Integration Tower [Mobile Integration Tower (TMI), which allows the assembly of a rocket at the base, leaving it ready for launch]. I believe that CLA is a great example of what Brazil can do for the international space program and for international cooperation in this area, in general. That’s why I went there: to see if we can foster and strengthen collaboration between Brazil and UNOOSA. And from what I’ve seen, I can say there are a lot of opportunities. What is the first step in the approximation between Brazil and UNOOSA? We are developing an agreement with the Air Force, so that we can have, working with us in Vienna [the UNOOSA headquarters is in the Austrian capital], a permanent Brazilian representation. This is already in the final stages of negotiations and should take place as early as 2019.

12

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Chefe da UNOOSA disse que o Brasil pode ter um representante no escritório do órgão, na Europa. Na foto, é recebida pelo Comandante da Força Aérea, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato

Head of UNOOSA said that Brazil may have a representative in the organ’s office in Europe. In the photo, she is received by the Air Force Commander, Lieutenant Brigadier Nivaldo Luiz Rossato


Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

13 Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea


Di Pippo também conheceu laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), como o Laboratório de Integração e Testes (LIT) Di Pippo also met laboratories of the National Institute of Space Research (INPE), such as the Integration and Testing Laboratory (LIT)

14

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Petherson Ramos / DCTA

Falar sobre espaço para populações de países em desenvolvimento ainda é um desafio, pois as pessoas têm dificuldade de entender os recursos alocados na área espacial como investimento. Como argumentar em relação a isso? É muito importante explicar a todos o quão importante é ter satélites em nossa vida cotidiana. Hoje há em torno de 1.800 satélites em operação no mundo. Precisamos demonstrar que gastar dinheiro em atividades espaciais traz benefícios para os países que o fazem. Benefícios que podem e devem ser estendidos a toda a população. Muitas vezes nós ouvimos: por que investir dinheiro no espaço se temos tantos problemas aqui? Investir dinheiro com o espaço é justamente para resolver os problemas da Terra.

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

A Sra. sempre reforça a questão de que os benefícios do espaço precisam chegar para toda a humanidade. Como o UNOOSA trabalha para que isso aconteça? Nossa atuação é para que até mesmo as populações dos países que não têm satélite em órbita sintam esses benefícios. A ONU definiu, em 2015, 17 objetivos globais para o desenvolvimento sustentável e nós pautamos nossas ações de forma que a área espacial também possa contribuir para atingir essas metas. Então o UNOOSA se compromete com essas questões, relacionadas, por exemplo, à educação de qualidade e à promoção de parcerias para soluções conjuntas. Nesse mesmo sentido, existe também o SPACE 2030, um dos resultados do UNISPACE +50, que foi uma conferência realizada em junho deste ano. O SPACE 2030 é um documento que reforça o compromisso dos países em cooperar e estreitar laços na área espacial e de fazer com que ela sirva ao desenvolvimento sustentável. Talking about space for people in developing countries is still a challenge because people have difficulty understanding the resources allocated in the space area as an investment. How to argue about it? It is very important to explain to everyone how important it is to have satellites in our daily lives. Today there are around 1.800 satellites in operation in the world. We need to demonstrate that spending money on space activities brings benefits to countries that do so. Benefits that can and should be extended to the entire population. We often hear: Why invest money in space if we have so much trouble here? Investing money in space is precisely to solve the problems on Earth. Di Pippo, em visita a Brasília (DF), acompanhada do Comandante de Operações Aeroespaciais, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Di Pippo, on a visit to Brasília (DF), accompanied by the Commander of Aerospace Operations, Lieut enant Brigadier Carlos Vuyk de Aquino

You always reinforce the point that the benefits of space must reach all humanity. How does UNOOSA work to make this happen? Our action is so that even the populations of the countries that do not have satellite in orbit feel these benefits. The UN has set 17 global goals for sustainable development by 2015 and we are guiding our actions so that the space area can also contribute to achieving those goals. UNOOSA is committed to these issues, for example, quality education and the promotion of partnerships for joint solutions. In the same vein, there is also SPACE 2030, one of the results of UNISPACE +50, which was a conference held in June this year. SPACE 2030 is a document that reinforces countries’ commitment to cooperate and strengthen ties in the space area and to make it serve to sustainable development. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

15


OPERACIONAL OPERATIONAL

CRUZEX 2018 - É HORA DE ACIONAR OS MOTORES CRUZEX 2018 - IT’S TIME TO START UP ENGINES

Maior Exercício Operacional realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB), a CRUZEX 2018 acontece de 18 a 30 de novembro na Ala 10, em Natal (RN), com a presença de 13 países, além do Brasil. O objetivo é treinar, de forma cooperativa, cenários de conflito, em um formato “flight”, ou seja, engajando em missões simuladas as mais de cem aeronaves brasileiras e estrangeiras participantes The largest operational exercise conducted by the Brazilian Air Force (FAB), CRUZEX 2018 will take place from November 18 to 30 at Ala 10, in Natal (RN), with the presence of 13 countries, besides Brazil. The objective is to cooperatively train conflict scenarios in a “flight” format, that is, engaging in simulated missions the more than one hundred Brazilian and foreign aircraft participating TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST GABRIÉLLI DALA VEChIA

A

pós cinco anos desde a última edição, a Força Aérea Brasileira (FAB) realiza, em novembro, a oitava edição do Cruzeiro do Sul Exercise, a CRUZEX 2018. Trata-se de um Exercício Operacional multinacional que reúne 13 países, além do Brasil, sendo que seis deles, participarão não só com militares, mas também com aeronaves. Serão, ao todo, em torno de cem helicópteros e aviões militares, somando brasileiros e estrangeiros. A ideia é treinar cenários de conflito de forma integrada e cooperativa, promovendo a troca de experiências entre os participantes. “Nós queremos aprender um pouco mais e aprimorar nossa capacidade operacional”, diz o Diretor do

16

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Exercício CRUZEX, Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros. Segundo ele, esse é o maior treinamento conjunto multinacional das Forças Armadas do Brasil - pois também reúne Marinha e Exército. Em consonância ao momento de Reestruturação por que vem passando a FAB, o diretor explica que se observou a necessidade de integrar e desenvolver novos procedimentos, técnicas e táticas que já estão em uso em outros países. A principal diferença em relação às sete edições anteriores da CRUZEX é o cenário de guerra não convencional (também conhecido como UW scenario,


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Última edição do Exercício CRUZEX, quando essa foto foi tirada, aconteceu em 2013. Na edição de 2018, participam 13 países, além do Brasil Last edition of CRUZEX Exercise, when this photo was taken, it happened in 2013. In the 2018 edition, 13 countries participate, in addition to Brazil

A

fter five years since the last edition, the Brazilian Air Force (FAB) holds, in November, the eighth edition of the Cruzeiro do Sul Exercise, the CRUZEX 2018. It is a multinational Operational Exercise that brings together 13 countries, besides Brazil, and six of them, will participate not only with the military, but also with aircraft. There will be, in all, about 100 helicopters and military aircraft, adding up Brazilians and foreigners. The idea is to train conflict scenarios in an integrated and cooperative way, promoting the exchange of experiences among participants. “We want to learn a bit more and improve our operational capacity”, says

CRUZEX Exercise Director, Brigadier Luiz Guilherme Silveira de Medeiros. According to him, this is the largest joint multinational training of the Brazilian Armed Forces – because it also brings together the Navy and the Army. In line with the moment of Restructuring that the FAB is going through, the director explains that there was a need to integrate and develop new procedures, techniques and tactics that are already in use in other countries. The main difference from the CRUZEX previous seven editions is the unconventional warfare scenario (also known as UW scenario). The term became better known in Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

17


sigla em inglês para Unconventional Warfare). O termo ficou mais conhecido no Brasil após a realização, por parte da FAB, do Exercício Operacional Tápio, em maio deste ano, que reuniu, na Ala 5, em Campo Grande (MS), cerca de 700 militares com 40 aeronaves, no mesmo tipo de cenário, sendo executadas mais de mil horas de voo. Trata-se do perfil encontrado em missões da ONU. No cenário de guerra não convencional, o combate é contra forças insurgentes ou paramilitares e não entre dois Estados constituídos. O Comandante de Preparo da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral, explica que, nas CRUZEX anteriores, apenas o cenário de guerra convencional era treinado, então o mote do exercício era a aviação de caça. A guerra não convencional traz a necessidade e a possibilidade de serem empregadas múltiplas equipagens, aviação de asas rotativas, forças especiais, transporte, entre outras, inclusive colocando em cooperação, em uma mesma missão, FAB, Marinha, Exército e Forças Armadas de outros países. É o que acontece, segundo o oficial-general, em uma situação real. “O diferente é que estamos saindo do nosso nível de conforto. Vamos avançar, fazer algo que não fizemos. Aprender. Estamos partindo para um outro patamar, em que vamos ganhar muito”, avalia o Tenente-Brigadeiro Egito.

Brazil after the FAB carried out the Tápio Operational Exercise in May of this year, which brought together, at Ala 5, in Campo Grande (MS), about 700 military with 40 aircraft, in the same kind of scenario, being over a thousand flight hours. This is the profile found in UN missions. In the unconventional warfare, the combat is against insurgent or paramilitary forces and not between two constituted states. The FAB Preparation Commander, Lieutenant Brigadier Antonio Carlos Egito do Amaral, explains that in the previous CRUZEX, only the conventional war scenario was trained, so the motto of the exercise was fighter aviation. The unconventional warfare brings the necessity and the possibility of being used multiple equipment, rotary wing aviaton, special forces, transport, among others, including FAB, Navy, Amy and Armed Forces of other countries cooperating in the same mission. That is what happens, according to the general, in a real situation. “What’s different is that we’re getting out of our comfort level. We will move forward, do something we did not do. Learn. We are leaving for another level, where we will gain a lot”, evaluates Lieutenant Brigadier Egito.

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Integração: militares de 13 países, além do Brasil, participam do exercício Integration: military from 13 countries, besides Brazil, participate in the exercise

18

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Tenente-Brigadeiro Egito

Mais de 100 aeronaves entram em cenários de guerras regular e irregular More than 100 aircraft enter regular and irregular wars scenarios

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

“O diferente é que estamos saindo do nosso nível de conforto. Vamos avançar, fazer algo que não fizemos. Aprender. Estamos partindo para um outro patamar, em que vamos ganhar muito” What’s different is that we’re getting out of our comfort level. We will move forward, do something we did not do. Learn. We are leaving for another level, where we will gain a lot” Lieutenant Brigadier Egito

Segundo o Brigadeiro Medeiros, esse cenário está cada vez mais próximo. “A ideia é a de que a gente passe a integrar tropas de paz, principalmente na África. E, se acontecer, precisamos estar preparados para desenvolver a missão a contento”, explica o diretor do exercício. Segundo ele, a CRUZEX vai permitir aos brasileiros serem treinados ao lado de militares estrangeiros que já realizam esse tipo de missão no contexto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). É o caso, por exemplo, dos militares das forças especiais da França que vão atuar em ações de Guiamento Aéreo Avançado (GAA) - em inglês, conhecidas como Joint Terminal Attack Controller (JTAC). Segundo explica o Adido de Defesa Francês, Coronel Charles Orlianges, os franceses estiveram em operações reais recentemente. “É importante aprimorar a interoperabilidade entre os países, para que o profissionalismo seja nivelado, pen-

According to Brigadier Medeiros, this scenario is gettin and closer. “The idea is for us to join peacekeeping troops, especially in Africa. And if it does, we need to be prepared to accomplish the mission properly”, explains the exercise director. According to him, CRUZEX will allow Brazilians to be trained alongside foreign military who already carry out this type of mission in the context of the North Atlantic Treaty Organization (NATO). This is the case, for example, of the French military special forces that will act on Advanced Air Guidance (GAA) actions - known as Joint Terminal Attack Controller (JTAC). According to the French Attaché of Defense, Colonel Charles Orlianges, the French have been in real operations recently. “It is important to improve interoperability between countries so that professionalism is leveled, especially considering the possibility of some future joint engagement in UN missions, as there is Aerovisão Out/Nov/Dez/2018

19


Aeronaves de caça da FAB participaram da CRUZEX em 2013. Da esquerda para a direita, o Mirage 2000, o A-1 e o F-5 FA B f i g h t e r a i r c r a f t participated in CRUZEX 2013. From left to right, the Mirage 2000, A-1 and F-5

sando, especialmente, na possibilidade de algum futuro engajamento conjunto em missões de paz, como existe o debate em torno da participação do Brasil na República Centro-Africana”, avalia o Coronel Orlianges. A possibilidade de emprego de meios de Força Aérea em missões da ONU, trabalhando em cooperação com outros países, implica a necessidade de preparação e é com essa preocupação que a CRUZEX foi formatada. “Precisamos falar a mesma língua. E isso não se refere só ao idioma, mas às técnicas. Não adianta atuação conjunta se cada um tem um procedimento próprio”, afirma o Brigadeiro Medeiros. Ele explica que outro conceito a ser aprimorado na Força Aérea Brasileira é o de “segurança multidimensional” - termo que passou a ser incorporado recentemente à doutrina, fruto de estudos acadêmicos desenvolvidos especialmente no Colégio Interamericano de Defesa. O conceito se refere ao fato de que a atuação das Forças Armadas se tornou complexa nos últimos anos, extrapolando as ideias de guerra regular e segurança pública, para abarcar cibernética, contraterrorismo, questões espaciais, entre outras. E os novos treinamentos,

20

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

a discussion about Brazil’s participation in the Central African Republic”, evaluates Colonel Orlianges. The possibility of using Air Force resources in UN missions, working in cooperation with other countries, implies the need for preparation and it is with this concern that CRUZEX has been formatted. “We need to speak the same language. And this does not refer only to language, but to techniques. It is no use to act together if each one has its own procedure”, affirms Brigadier Medeiros. He explains that another concept to be improved in the Brazilian Air Force is “multidimensional security” - a term that has recently been incorporated into the doctrine, the result of academic studies developed especially in the Inter-American Defense College. The concept refers to the fact that the Armed Forces has become complex in recent years, extrapolating ideas of regular warfare and public safety, to cover cybernetics, counterterrorism, space issues, among others. And the new trainings, argues Brigadier Medeiros, need to be in line with the current situation. In the regular war scenario of CRUZEX 2018, will be held the so-called “COMAOs”, initials for Composite Air


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Na primeira foto acima: Aeronave CC-130J, do Canadá. Logo abaixo: reabastecedor KC-135, da Força Aérea Norte-Americana. Ambas aeronaves participam da edição de 2018 da CRUZEX In the first photo above: CC-130J, Canada Aircraft. Below: KC-135 refueling, from the US Air Force. Both aircraft participate in the CRUZEX 2018 edition

argumenta o Brigadeiro Medeiros, precisam estar em consonância com a atualidade. No cenário de guerra regular da CRUZEX 2018, serão realizados os chamados “COMAOs”, sigla em inglês para Composite Air Operations, em que um conjunto de diversas aeronaves, de naturezas distintas, decola em sequência para - em tempo e espaço limitados - realizar missões com objetivos comuns ou complementares. “Já temos as escalas de voo diárias para serem executadas durante todo o exercício”, afirma o Chefe da Divisão de Controle da CRUZEX, Coronel Aviador Francisco Bento Antunes Neto. Segundo ele, além dos COMAOs, que vão reunir, a cada missão, de 40 a 50 aeronaves, também haverá os chamados FAM-FIT, sigla em inglês para Familiarization and Integration Trainning, que diz respeito à adaptação dos esquadrões às condições do aeródromo e a missões menos complexas em preparação para o COMAO. Participantes da Cruzex 2018 Nesta edição, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, França, Peru e Uruguai vão participar com militares e

Operations, in which several different aircraft of distinct nature take off in sequence to carry out missions with common or complementary objectives, in limited time and space. “We already have the daily flight scales to execute during the whole exercise”, affirms the Chief of the CRUZEX Control Division, Colonel Aviator Francisco Bento Antunes Neto. According to him, in addition to the COMAOs, which will bring together 40 to 50 aircraft each mission, there will also have the so-called FAM-FIT, initials for Familiarization and Integration Trainning, which concerns the adaptation of squadrons to airfield conditions and less complex missions in preparation for COMAO. Cruzex 2018 Participants In this edition, Brazil, Canada, Chile, United States, France, Peru and Uruguay will participate with military and aircraft; Germany, Bolivia, India, Portugal, Sweden, United Kingdom and Venezuela, with only military. Participating countries will move fighter aircraft, such as the US and Chilean F-16; freighters and refuelers, such as the Canadian CC-130J. The USA participates with approximately 130 military, Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

21


one KC-135 refueler and six F-16 fighters. To get an idea of the logistics involved, for every two F-16 in transit between the United States and Brazil, it is necessary a tanker for refueling. Lieutenant-Colonel Nathan Dennen of the United States Air Force explains that in the contemporary international scenario, a country in isolation cannot produce results. That is why we need to work together. “This exercise is the biggest and best in South America. There is nothing like it, we cannot miss the opportunity. All participants will have operational gains. Nowadays, there is no peacekeeping mission alone: interoperability relations between countries are the key to making the world a better place, more stable and able to face problems”, he says. The Chilean Air Force participates with an effort very similar to that of the North Americans: there are five F-16 fighters and one KC-135 refueler. The delegation, among pilots and maintenance teams, will have around 90 military, according to Colonel Cesar Pineda. This is the fourth time that Chile participates in CRUZEX, just as Brazil usually participates in the Salitre Exercise, promoted by Chileans - the last one was in 2014. “We are very interested in updating our tactics and in increasing our level of interoperability,

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

aviões; Alemanha, Bolívia, Índia, Portugal, Suécia, Reino Unido e Venezuela, apenas com militares. Os países participantes deslocarão aeronaves de caça, como os F-16 norte-americanos e chilenos; cargueiros e reabastecedores, como os CC-130J canadenses. Os EUA participam com aproximadamente 130 militares, um reabastecedor KC-135 e seis caças F-16. Para se ter uma ideia da logística envolvida, para cada dois F-16 em trânsito entre Estados Unidos e Brasil, é necessário um tanker para realizar o reabastecimento. O Tenente-Coronel Nathan Dennen, da Força Aérea dos Estados Unidos, explica que, no cenário internacional contemporâneo, um país, isoladamente, não consegue resultados. Por isso, é preciso trabalhar em conjunto. “Este exercício é o maior e melhor na América do Sul. Não há nada parecido, não podemos deixar passar a oportunidade. Todos os participantes terão ganhos operacionais. Hoje em dia não se realiza uma missão de paz sozinho: as relações de interoperabilidade entre os países são a chave para fazer do mundo um lugar melhor, mais estável, mais capaz de enfrentar os problemas”, diz. A Força Aérea Chilena participa com um esforço muito semelhante ao dos norte-americanos: são cinco caças F-16 e um reabastecedor KC-135. A delegação, entre pilotos e equipes de manutenção, terá em torno de 90 militares, segundo explica o Coronel Cesar Pineda. Essa é a quarta

Intercâmbio: Aeronave uruguaia durante a CRUZEX 2013 (foto). País vizinho participa novamente da CRUZEX 2018 Exchange: Uruguayan aircraft during CRUZEX 2013 (photo). Neighboring country participates again in CRUZEX 2018

22

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Durante o exercício, grupo de aeronaves distintas voam em formação During the exercise, a group of distinct aircraft fly in formation

vez que o Chile participa da CRUZEX, assim como o Brasil costuma participar do Exercício Salitre, promovido pelos chilenos - sendo que o último foi em 2014. “Estamos muito interessados em atualizar nossas táticas e em aumentar nosso nível de interoperabilidade, além de reforçar os laços com as Forças Aéreas de nações amigas”, avalia o Coronel Pineda. Do Peru, vêm, pela primeira vez, quatro caças A-37 e quatro caças Mirage 2000, com uma comitiva composta por aproximadamente cem militares. “A CRUZEX será nossa primeira grande participação em um evento internacional desse tipo. Nós esperamos mostrar à América do Sul, ao mundo, que nós somos uma Força Aérea preparada e temos um alto nível profissional, além de aprender muito, especialmente com o Brasil, que tem grande experiência com a organização deste treinamento”, afirma o Tenente-Coronel Gustavo Obergoso, da Força Aérea Peruana. Além desses países, a França participa com um cargueiro C-235; o Canadá com dois cargueiros CC-130J; e o Uruguai com quatro caças A-37. A Força Aérea Brasileira desloca para Natal em torno de 70 aeronaves de múltiplas aviações, além dos caças AF-1 da Marinha do Brasil.A Marinha também participa com paraquedistas e o Exército Brasileiro, com tropas e paraquedistas.

as well as strengthening ties with the Air Forces of friendly nations”, evaluates Colonel Pineda. From Peru, four A-37 fighters and four Mirage 2000 fighters will come for the first time with a delegation consisting of approximately one hundred military. “CRUZEX will be our first major participation in an international event of this type. We hope to show South America, to the world, that we are a prepared Air Force and we have a high level of professionalism, besides learning a lot, especially with Brazil, who has great experience with the organization of this training”, affirms LieutenantColonel Gustavo Obergoso, of the Peruvian Air Force. In addition to these countries, France participates with a C-235 freighter; Canada with two CC-130J freighters; and Uruguay with four A-37 fighters. The Brazilian Air Force moves to Natal around 70 aircraft of multiple aviation, besides the AF-1 fighters of the Brazil Navy. The Navy also participates with parachutists and the Brazilian Army, with troops and parachutists. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

23


COMAEX COMAEX

Militares que participaram do exercício, em que foram criados cenários táticos e operacionais complexos Military who participated in the exercise, in which complex tactical and operational scenarios were created

24

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

DECISÕES EM DIA DECISIONS IN DAY

Exercício treina a tomada de decisões em um cenário de conflito convencional simulado Exercise trains decision-making in a simulated conventional conflict scenario TENENTES JORNALISTAS / LIEUTENANT JOURNALISTS FELIPE BUENO E EMÍLIA MARIA

U

m conflito armado entre países com nomes de cores, com capitais em cidades como Maxaranguape, Mossoró e Quixadá? Em um certo continente “Gama” com características geográficas muito parecidas com a Região Nordeste do Brasil? Este é o COMAEX, exercício que simula um cenário completo de guerra sem uma única decolagem. Realizada em setembro de 2018 no Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em Brasília (DF), a atividade envolveu mais de 100 militares e produziu um treinamento fundamental para a tomada de decisões em uma situação de conflito convencional, diferente do que é treinado na CRUZEX Flight.

A

n armed conflict between countries with color names, with capitals in cities like Maxaranguape, Mossoró and Quixadá? In a certain continent “Gama” with geographical characteristics very similar to the Northeast Region of Brazil? This is COMAEX, an exercise that simulates a complete war scenario without a single takeoff. Held in September 2018 at the Aerospace Operations Command (COMAE) in Brasília (DF), the activity involved more than 100 military and produced fundamental training for decision-making in a situation of conventional conflict, different from what is trained in the CRUZEX Flight. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

25


Information operations

Entre as áreas treinadas no COMAEX, a comunicação social estava presente. Para simular um contexto próximo da realidade, militares do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) montaram um “site simulado” – com publicação de matérias que seriam veiculadas na mídia e possibilidade de postagens de comentários pelos integrantes do exercício. Do lado da Força Aérea Componente (FAC), outra equipe de comunicação social fez as vezes de assessoria de imprensa. Assim como em uma situação real, a proatividade ou a falta de respostas por parte de uma instituição influenciam diretamente na repercussão das notícias veiculadas na mídia e esse é apenas um dos aspectos levados em consideração no treinamento. Existem algumas diferenças fundamentais entre o trabalho da comunicação social em tempos de paz e em tempos de conflito, conforme explica o Chefe da Divisão de Comunicação Corporativa do CECOMSAER, Coronel Aviador Rodrigo Fontes de Almeida. “A transformação das áreas de jornalismo, relações públicas e publicidade e propaganda em informações públicas, assuntos civis e operações psicológicas, respectivamente, confirma o potencial de atuação da comunicação social em uma guerra”, resume. Para o Comandante de Operações Aeroespaciais, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino, a questão da opinião pública é fundamental. “Há cada vez mais possibilidades de as pessoas se expressarem individualmente e essa expressão da sociedade toma um vulto que não deve ser relegado a segundo plano. O comando militar pode vir a precisar explicar qualquer ação de uso de armamento que gere algum problema ou que haja uma enorme discordância da sociedade”, ressalta. O Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), Tenente-Coronel Aviador Bruno Pedra, que participou do exercício, acrescenta que as decisões em um conflito podem ser influenciadas pela sociedade. “A opinião pública pode diminuir as opções de comando, por isso deve sempre ser considerada no processo decisório”, diz.

Among the trained areas in COMAEX, the social communication was present. To simulate a context close to reality, the military of the Aeronautical Social Communication Center (CECOMSAER) set up a “simulated website” - with publication of articles that would be broadcast in the media and possibility of comments posts by exercise members. On the Air Force Component (FAC) side, another social communication team served as a press office. Just as in a real situation, the proactivity or the lack of answers by an institution directly influence the repercussion of the news published in the media and this is only one of the aspects considered in the training. There are some fundamental differences between the work of the social communication in times of peace and times of conflict, as explained by the Chief of the Corporate Communications Division of CECOMSAER, Colonel Aviator Rodrigo Fontes de Almeida. “The transformation of the areas of journalism, public relations and advertising and propaganda into public information, civil affairs and psychological operations, respectively, confirms the potential of social communication action in a war,” he summarizes. For the Aerospace Operations Commander, Lieutenant Brigadier, Carlos Vuyk de Aquino, the question of public opinion is fundamental. “There are more and more possibilities for people to express themselves individually and this expression of society takes a figure that should not be relegated to the background. The military command may need to explain any action using weapons that generates some problem or that there is a great disagreement of the society “, he emphasizes. The Head of the Production Subdivision and Dissemination of the Aeronautical Social Communication Center (CECOMSAER), Lieutenant Colonel Aviator Bruno Pedra, who participated in the exercise, adds that decisions in a conflict can be influenced by society. “Public opinion can decrease command options, so it should always be considered in the decision-making process”, he says.

Exercício passa a ser permanente, podendo ser realizado mais de uma vez por ano Exercise becomes permanent and may be performed more than once a year.

26

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Operações de Informação


Aerospace Operations Commander, Lieutenant Brigadier Carlos Vuyk de Aquino and FAB Commander, Lieutenant Brigadier Nivaldo Luiz Rossato, during a visit to COMAEX Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Comandante de Operações Aeroespaciais, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino e Comandante da FAB, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, durante visita ao COMAEX

Comandante da Força Aérea Brasileira recebe briefing sobre a programação Brazilian Air Force Commander receives briefing on programming

O objetivo desse embate virtual é exercitar a atividade de Comando e Controle (C2), ou seja, praticar processos, confecção de ordens e treinar comandantes nas tomadas de decisão necessárias em situações de guerra. Os militares pensam, planejam e discutem missões como se estivessem em uma coalizão do modelo empregado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em conflitos internacionais. As ações de comando envolvem desde a inteligência até a escolha de alvos e armamentos, de acordo com necessidades estratégicas e regras do Direito Internacional de Conflitos Armados. “A realização do COMAEX possibilita o treinamento necessário aos militares participantes na condução de operações aeroespaciais. É uma excelente ferramenta para atualizá-los sobre o processo completo na condução da guerra aérea. Além das ações mais conhecidas e treinadas, inserimos no cenário a utilização dos meios espaciais para verificar a integração de sensores satelitais como ferramentas para complementar o trabalho de sensores aeroembarcados”, explica o Diretor do Exercício, Major-Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich, Chefe do Estado-Maior Conjunto do COMAE.

The purpose of this virtual conflict is to exercise the activities of Command and Control (C2), that is, to practice processes, make orders and train commanders in the necessary decision-making in war situations. The military thinks, about plans and discusses missions as if they were in a North Atlantic Treaty Organization (NATO) coalition model in international conflicts. Command actions involve from intelligence to the choice of targets and armaments, in accordance with strategic needs and International Law of Armed Conflict rules. “The accomplishment of COMAEX allows the necessary training to the participating military in the aerospace operations conduction. It is an excellent tool to update them on the complete process in conducting the air war. In addition to the most well-known and trained actions, we insert in the scenario the use of space means to verify the integration of satellite sensors as tools to complement the airborne sensors work”, explains the Director of Exercise, Major Brigadier Ricardo Cesar Mangrich, Joint Chief of COMAE Staff. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

27


Initially, these activities were developed in the CRUZEX Exercise, which included the Flight arrangements (involving the use of aircraft) and C2. This was done in five editions, held in Natal (RN), Canoas (RS) and Anápolis (GO). In 2012, CRUZEX C2 was the first to have only the decision making modality - the following year the CRUZEX Flight occurred. “The advantages are the possibility of creating more complex tactical and operational scenarios, planning missions with more aircraft, greater difficulties in simulated problems with results control, and increasing the capacity to identify processes and interactions within the air component itself”, adds the Brazilian Air Force general.

O cenário Como pano de fundo fictício, o histórico do local é conturbado desde a Segunda Guerra Mundial, quando os países Azul e Vermelho lutaram em lados opostos. Com o fim do conflito, o derrotado Vermelho teve seu território dividido em dois, nascendo o Amarelo. Anos depois, vivendo um regime autoritário, o Vermelho anexa novamente uma parte do território que perdera, atraindo a atenção da comunidade internacional. No mundo virtual, isso significa que durante duas semanas a maior parte da Região Nordeste se tornou um Teatro de Operações com tudo o que uma guerra envolve: aviões de combate, cercos, refugiados e até ameaça de armas químicas. As forças aéreas aliadas têm que operar de forma coor-

The scenario As a fictitious backdrop, the history of the site has been troubled since World War II, when the Blue and Red countries fought on opposite sides. With the end of the conflict, the defeated Red had its territory divided in two, being born the Yellow one. Years later, under an authoritarian regime, the Red again annexes a part of the territory that had lost, attracting the international community attention. In the virtual world, this means that for two weeks most of the Northeast Region has become an Operations Theater with everything a war involves: combat aircraft, sieges, refugees and even threat of chemical weapons.

Participantes do COMAEX simulam cenário de guerra entre dois países, com aviões de combate, refugiados e ameaça de armas químicas COMAEX participants simulate war scenario between two countries, with combat aircraft, refugees and chemical weapons threat

28

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

Inicialmente, tais atividades eram desenvolvidas no Exercício CRUZEX, que englobava as modalidades Flight (envolvendo o uso de aeronaves) e C2. Foi assim em cinco edições, realizadas em Natal (RN), Canoas (RS) e Anápolis (GO). Em 2012, a CRUZEX C2 foi a primeira a ter apenas a modalidade de tomada de decisões - no ano seguinte, aconteceu a CRUZEX Flight. “As vantagens são a possibilidade de se criar cenários táticos e operacionais mais complexos, planejando missões com maior quantidade de aviões, maiores dificuldades nos problemas simulados com controle dos resultados, além de aumentar a capacidade de identificar processos e interações dentro do próprio componente aéreo”, acrescenta o oficial-general.


Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

O cenário é conduzido de acordo com as normas adotadas pela OTAN, desde as reuniões de planejamento até a discussão dos resultados de cada missão The scenario is conducted according to the standards adopted by NATO, from the planning meetings to the results of each mission discussion

denada, como em missões autorizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). Desde as reuniões de planejamento até a discussão dos resultados de cada missão, o COMAEX é conduzido de acordo com as normas adotadas pela OTAN. O cenário criado é muito parecido com conflitos recentes, como os que aconteceram nos Bálcãs, Oriente Médio e Líbia. “Os eventos utilizados nas simulações do exercício são baseados em conflitos reais buscando utilizar conceitos atuais de emprego à luz da atual Doutrina Básica da FAB”, explica o diretor do exercício. A partir de 2018, o COMAEX será um exercício permanente, sendo executado periodicamente no mesmo local. A estrutura montada para a edição inicial ficará permanentemente dedicada ao exercício. “Isso significa que podemos rodar o exercício até mais de uma vez por ano. Podemos, a qualquer momento, retomar as operações a partir do ponto onde elas foram interrompidas. Isso irá propiciar um rápido e profundo aprendizado, que permitirá a validação ou testes de novos processos de Comando e Controle. E também vai possibilitar a atualização e a correção de manuais e outros documentos”, conclui o Major-Brigadeiro Mangrich.

Allied air forces must operate in a coordinated way, as in missions authorized by the United Nations (UN). From the planning meetings to the discussion of the outcomes of each mission, COMAEX is conducted in accordance with standards adopted by NATO. The scenario created is very similar to recent conflicts, such as those in the Balkans, the Middle East and Libya. “The events used in the exercise simulations are based on real conflicts seeking out to use current concepts in light of the actual FAB Basic Doctrine”, explains the exercise director. As from 2018, COMAEX will be a permanent exercise, being performed periodically in the same place. The structure set up for the initial edition will be permanently dedicated to the exercise. “That means we can run the exercise more than once a year. We can, at any moment, resume operations from the point where they were interrupted. This will provide rapid and deep learning, which will allow the validation or testing of new Command and Control processes. And it will also enable the updating and correction of manuals and other documents”, concludes Major Brigadier Mangrich. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

29


TECNOLOGIA TECHNOLOGY

UM OLHO NO COMBATE E OUTRO NO FUTURO AN EYE IN COMBAT AND THE OTHER IN THE FUTURE

Imagine sair de casa para qualquer compromisso já sabendo das adversidades que pode enfrentar naquele dia ou ainda com a possibilidade de vislumbrar êxito em todas as suas atividades. Para as Forças Armadas, a capacidade de antecipar movimentos e reações do inimigo pode significar a decisão de acionar ou não uma missão. Para isso, utilizam ferramentas de simulação como fontes de informação Imagine leaving home for any appointment already knowing of the adversities you may face that day or even with the possibility of glimpsing success in all your activities. For the Armed Forces, the ability to anticipate enemy movements and reactions may mean deciding whether to fire a mission. For this, they use simulation tools as sources of information TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST EMÍLIA MARIA

30

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Desenvolvedores do projeto ASA e a sede do IEAV: tecnologia 100% nacional Developers of the ASA project and the IEAV headquarters: 100% national technology

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

31


Cabo Vinícius Santos / Agência Força Aérea

O primeiro cenário criado pelo novo software será o de combate BVR, ou seja, combate além do alcance visual, entre duas duplas de aeronaves F-5M The first scenario created by the new software will be the combat BVR, that is, combat beyond the visual range, between two pairs of F-5M aircraft

N

a cidade de São José dos Campos (SP), pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados (IEAV), unidade da Força Aérea Brasileira (FAB), trabalham no desenvolvimento de um sistema que terá a capacidade de simular diversos cenários operacionais, proporcionando, principalmente, apoio a decisões em situações de emprego aéreo. O Ambiente de Simulação Aeroespacial (ASA) é um projeto que deve ganhar seu protótipo em 2020. O conceito trata de auxílios à tomada de decisões com base em modelos de inteligência artificial ou regras arbitrárias previamente estipuladas. “Simulações assim, chamadas de construtivas, podem ser empregadas no processo decisório, por exemplo, para prever possíveis resultados de engajamentos entre forças oponentes e auxiliar na definição de cursos de ação”, explica o Major Aviador Diego Geraldo, um dos desenvolvedores. A partir do protótipo, poderão ser elaborados tantos modelos e cenários quanto necessários. “Para desenvolver o projeto, optamos inicialmente pelo combate BVR (do inglês Beyond Visual Range) ou ‘combate além do alcance visual’ entre duas duplas de aeronaves de caça, e depois faremos as adaptações de acordo com as necessidades da FAB”, diz o oficial. “Temos que desenvolver um modelo de inteligência artificial para uma aeronave de alta performance, além de fazer as duplas se

32

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

I

n the city of São José dos Campos (SP), researchers from the Institute of Advanced Studies (IEAV), a unit of the Brazilian Air Force (FAB), are working on the development of a system that will simulate various operational scenarios, providing, mainly, support to decisions in situations of aerial use. The Aerospace Simulation Environment (ASA) is a project that should get its prototype by 2020. The concept deals with decision-making aids based on artificial intelligence models or arbitrary rules previously stipulated. “ Simulations like this, called constructive, can be used in the decision-making process, for example to predict possible engagement results between opposing forces and help define courses of action”, explains Major Aviator Diego Geraldo, one of the developers. From the prototype, so many models and scenarios can be elaborated as necessary. “In order to develop the project, we initially opted for the BVR combat (known in English as Beyond Visual Range) or ‘combat beyond the visual range’ between two double fighter aircraft, and then we will make the adaptations according to the FAB needs”, says the official. “We have to develop an artificial intelligence model for a high performance,


in addition to making the doubles coordinate, which is a technological challenge”, he says. “This type of scenario - involving high-performance aircraft with different armaments and embedded sensors - was chosen because it is highly dynamic and complex from the point of view of the decision-making of the agents involved, who must operate in a coordinated and cooperative manner”, complements the Head of the IEAV Decision Support Systems Subdivision, Marcia Rodrigues Campos de Aquino. The team goal, at the stage of the project, is to create models of the so-called “entities” involved in the process: aircraft and pilots are created through computational resources and placed in a simulated environment. “These models make their own decisions through artificial intelligence and in accordance with what we have established to simulate what would happen. There are variables that are random, so the simulation is repeated many times with different results. From there, it is evaluated in what percentage of the times would be victorious”, summarizes Major Diego. Thus, the objective is to use simulation as a decision support tool, providing enough information so that the authority in command can decide more likely to succeed - before the mission is launched - whether it should or should not happen.

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

coordenarem, o que é um desafio tecnológico”, conta. “Esse tipo de cenário – que envolve aeronaves de alto desempenho, com diferentes armamentos e sensores embarcados – foi escolhido por ser altamente dinâmico e complexo do ponto de vista da tomada de decisão dos agentes envolvidos, que devem operar de maneira coordenada e cooperativa”, complementa a Chefe da Subdivisão de Sistemas de Apoio à Decisão do IEAV, Marcia Rodrigues Campos de Aquino. O trabalho da equipe, no estágio em que se encontra o projeto, é criar modelos das chamadas “entidades” envolvidas no processo: aeronaves e pilotos são criados por meio de recursos computacionais e colocados em ambiente simulado. “Esses modelos tomam decisões próprias por meio da inteligência artificial e de acordo com o que nós estabelecemos para simular o que aconteceria. Há variáveis que são aleatórias, por isso a simulação é repetida muitas vezes com resultados diferentes. A partir daí, avalia-se em que porcentagem das vezes se sairia vitorioso”, resume o Major Diego. Assim, o objetivo é usar a simulação como ferramenta de apoio à decisão, fornecendo informações suficientes para que a autoridade em comando possa decidir com maior probabilidade de sucesso - antes de deflagrar a missão - se ela deve ou não acontecer.

Projeto desenvolvido em São José dos Campos (SP) deve ganhar protótipo em 2020 Project developed in São José dos Campos (SP) should get prototype in 2020 Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

33


Benefits In addition to the advantage of predicting results, the project has other benefits. At tactical level, a pilot may test a new attack procedure and the ASA will have available the parameters of use before each takeoff. Thus, the military will tests the possibilities before taking any risks or spending hours flying. Another possibility is to evaluate new technologies to define acquisitions, as Major Diego points out. “If the Force plans to buy a new missile, for example, and wants to know what impact this would bring operationally, we model that weapon mathematically and put it into simulated scenarios to serve as a subsidy for the decision maker”. In addition, analysis of simulations can serve to review existing doctrines or develop new ones. The system cost and the customization possibilities also represent important benefits. According to the developers, there are similar commercial solutions, but none meets all the FAB needs, in addition to being offered by very high values. “What we are trying to do is meet 100% of our needs at a considerably lower cost. Here we are looking for independence from beginning to end”, says Major Diego.

O precursor O projeto ASA nasceu da iniciativa dos próprios desenvolvedores, com base na observação de exercícios como a CRUZEX. Em edições anteriores, os participantes utilizaram outro

The precursor The ASA project was born from the initiative of the developers themselves, based on the observation of exercises such as CRUZEX. In previous editions,

“O que estamos tentando fazer é atender 100% das nossas necessidades a um custo consideravelmente mais baixo. Aqui o que buscamos é a independência do início ao fim“ - Major Diego “What we are trying to do is meet 100% of our needs at a considerably lower cost. Here we are looking for independence from beginning to end” - Major Diego

34

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Benefícios Além da vantagem de prever resultados, o projeto apresenta outros benefícios. Em nível tático, um piloto poderá testar um novo procedimento de ataque e o ASA terá como disponibilizar os parâmetros de emprego antes de cada decolagem. Assim, o militar testa as possibilidades antes de correr algum risco ou gastar horas de voo. Outra possibilidade é a de avaliar novas tecnologias para definir aquisições, conforme pontua o Major Diego. “Se a Força planeja comprar um novo míssil, por exemplo, e quer saber qual impacto isso traria operacionalmente, modelamos matematicamente essa arma e colocamos em cenários simulados para servir como subsídio para o decisor”. Além disso, a análise das simulações pode servir para rever doutrinas existentes ou desenvolver novas. O custo do sistema e as possibilidades de customização também representam importantes benefícios. Segundo os desenvolvedores, existem soluções comerciais semelhantes, mas nenhuma atende a todas as necessidades da FAB, além de serem oferecidas por valores muito altos. “O que estamos tentando fazer é atender 100% das nossas necessidades a um custo consideravelmente mais baixo. Aqui o que buscamos é a independência do início ao fim”, ressalta o Major Diego.


O ASA foi desenvolvido a partir do Planejador de Missões Aéreas, que permite a exibição de dados em ambiente georreferenciado, visualização de bases cartográficas e imagens de satélite em até três dimensões

Daniel Antunes

The ASA was developed from the Air Missions Planner, which allows the data visualization in a geo-referenced environment, visualization of cartographic bases and satellite images in up to three dimensions

software desenvolvido pelo IEAV, o Planejador de Missões Aéreas (PMA). A partir daí, os pesquisadores levantaram aspectos que poderiam ser melhorados no trabalho de planejar e avaliar as missões. “Durante um exercício como a CRUZEX temos um ‘enxame’ de aviões e precisamos de uma ferramenta que possa compilar dados para reunir os pilotos e mostrar a todos como foram as missões”, exemplifica o Major Diego. O PMA, utilizado por esquadrões aéreos e unidades de artilharia antiaérea da FAB, permite a exibição de dados em ambiente georreferenciado, visualização de bases cartográficas e imagens de satélite em até três dimensões, visualização de modelos de elevação do terreno, animações baseadas em tempo. Atualmente, o planejador é gerido pelo Comando de Preparo (COMPREP) da FAB, tanto para uso rotineiro quanto para exercícios e operações conjuntas. Durante a CRUZEX 2018, todos os participantes utilizarão o PMA para planejar e avaliar as missões. “Esta vai ser a ferramenta comum utilizada em nível tático por todos os países para planejar missões e desconflitar rotas. A partir disso, cada piloto leva para o sistema de sua própria aeronave e realiza os ajustes necessários. Depois, o PMA será utilizado para o processo de validação dos combates”, explica o Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral.

participants used another software developed by IEAV, the Air Missions Planner (PMA). Starting hence the researchers raised aspects that could be improved in the work of planning and evaluating the missions. “During an exercise like CRUZEX we have a ‘swarm’ of aircraft and we need a tool that can compile data to gather the pilots and show everyone how the missions were”, exemplifies Major Diego. The PMA, used by air squadrons and FAB antiaircraft artillery units, allows the data visualization in a geo-referenced environment, visualization of cartographic bases and satellite images in up to three dimensions, visualization of terrain elevation models, and time-based animations. Currently, the planner is managed by the FAB Preparatory Command (COMPREP), both for routine use and for exercises and joint operations. During CRUZEX 2018, all participants will use the PMA to plan and evaluate the missions. “This will be the common tool used at the tactical level by all countries to plan missions and deconflict routes. From there, each pilot takes to the system of his own aircraft and makes the necessary adjustments. Then, the PMA will be used for the fighting validation process”, explains the Preparing Commander, Lieutenant Brigadier Antonio Carlos Egito do Amaral. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

35


36

Set/Out/Nov/2018

AerovisĂŁo


Aerovisão

Set/Out/Nov/2018

37 Sargento Rezende / Agência Força Aérea

Arte:Subdivisão de Publicidade e Propaganda


DESENVOLVIMENTO DEVELOPMENT Obras da COMARA na Amazônia priorizam a recuperação e a ampliação de pistas construídas em décadas passadas COMARA works in Amazonia prioritize the recovery and expansion of runways built in previous decades

38

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

MISSÃO: ABRIR CAMINHOS MISSION: OPENING ROADS

Mesmo séculos após as primeiras expedições, abrir caminhos na Região Amazônica continua sendo uma atividade complexa e fortemente relacionada à missão da Força Aérea Brasileira. Para isso, em 1956, foi criada a Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), com o objetivo de construir e manter pistas de pouso para reduzir o isolamento da região Even centuries after the first expeditions, to open paths in the Amazon Region it continues being a complex activity and strongly related to the Brazilian Air Force mission. For this, in 1956, the Airports of the Amazon Region Commission (COMARA) was created with the objective of constructing and maintaining runway to reduce the region isolation TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST CRISTIANE DOS SANTOS

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

39


C

C

onquer the interior of the country has always been challenging. To break the Amazon Region, more so. The difficulty starts from territorial extension and geographical characteristics. Even today, rivers are often “the streets” of local communities. At other times, the long distances could not be overcome only using inland navigation. Adversities hindered even the construction of highways. Hence, it was imperative to establish an air network that could integrate most of the cities and region localities. In 1956, a partnership between the Superintendence of the Amazon Economic Valuation Plan (SPVEA) and the Brazilian Air Force (FAB) began a transformation of this reality, through the creation of the Airports of the Amazon Region Commission, COMARA. The mission was to design, renovate and build airports

Na foto abaixo, trabalhadores atuam nas primeiras pistas da região Norte In the picture below, employees work on the first runways of the North region

Acervo CECOMSAER

onquistar o interior do país sempre foi desafi ador. Desbravar a Região Amazônica, mais ainda. A dificuldade parte da extensão territorial e das características geográficas. Ainda hoje, os rios são, muitas vezes,“as ruas” das comunidades locais. Em outros tempos, as longas distâncias não podiam ser vencidas apenas com o uso da navegação fluvial. As adversidades prejudicavam até mesmo a construção de rodovias. Daí, tornava-se inadiável implantar uma malha aeroviária que pudesse integrar a maior parte das cidades e localidades da região. Em 1956, uma parceria entre a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciava uma transformação dessa realidade, por meio da criação da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica, a COMARA. A missão era projetar, reformar e construir aeroportos na região. Além disso, a organização também objetiva integrar a Ama-

40

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


COMARA

Acima, pista de pouso movimentou o município de Tarauacá (AC), a 400 quilômetros da capital Rio Branco. Até o início da atuação da COMARA, acesso à comunidade só era possível por rota fluvial ou estradas em situação precária. A foto abaixo, de São Gabriel da Cachoeira (AM), mostra uma das mais de 170 pistas de pouso viabilizadas pela Comissão

Acervo CECOMSAER

Above, runway changed the municipality of Tarauacá (AC), 400 kilometers from the capital Rio Branco. Until the beginning of the COMARA operation, access to the community was only possible by fluvial route or roads in precarious situation. The photo below, from São Gabriel da Cachoeira (AM), shows one of more than 170 runways made possible by the Commission

Aerovisão Out/Nov/Dez/2018

41


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Novos aeródromos permitiram que serviços chegassem às comunidades mais distantes New airfields allowed services to reach the more dist ant communities

42

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


in the region. In addition, the organization also aims to integrate the Amazon to the rest of the country and reduce the isolation of the dispersed communities in it, contributing to the sovereignty and progress of Brazil. Considered a milestone, COMARA’s actions allowed for the development and progress of the Amazon, as well as fundamental rights actions for the poor in regions that are difficult to access. As an example, today’s runways allow the Health Ministry to provide care to the population; that the Brazilian Army maintain security at the land borders; and that the Electoral Justice reaches inhospitable places, allowing the riverside people to exercise the right to vote. In the early 1950s, there were only 17 airfields in the Amazon, with only two asphalted. Today, COMARA is responsible for a set of more than 170 runways, in more diverse localities, such as Estirão do Equador - border with Peru, 2 thousand kilometers away from Manaus (via the river) - and Iauaretê, on the border with Colombia.

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

zônia ao restante do país e reduzir o isolamento das dispersas comunidades nela existentes, contribuindo para a soberania e o progresso do Brasil. Considerada um marco, a atuação da COMARA permitiu desenvolvimento e progresso da Amazônia, além de ações de direitos fundamentais às populações carentes nas regiões de difícil acesso. Como exemplo, hoje as pistas de pouso permitem que o Ministério da Saúde leve atendimento à população; que o Exército Brasileiro mantenha a segurança nas fronteiras terrestres; e que a Justiça Eleitoral chegue a locais inóspitos, permitindo aos ribeirinhos o exercício do direito a voto. No início da década de 1950, existiam apenas 17 aeródromos na Amazônia, sendo somente dois asfaltados. Hoje, a COMARA é responsável por um conjunto de mais de 170 pistas, em localidades mais diversas, como Estirão do Equador - fronteira com o Peru, a 2 mil quilômetros de distância de Manaus (pela via fluvial) - e Iauaretê, na fronteira com a Colômbia.

Simbolismo: o menino e o avião sintetizam os benefícios alcançados pelo acesso a locais inóspitos e comunidades mais afastadas Symbolism: the boy and the aircraft summaries the benefits of access to inhospitable places and more remote communities Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

43


With a focus on engineering and logistics, COMARA is based in Belém (PA) and installs Detachments of Support and Engineering, according to the regions of the works. Currently, works of renovation or expansion are undergoing at the Moura airfield (AM); Iauaretê (AM); Estirão do Equador (AM), besides the beaconing of the airfield in Oiapoque (AP). COMARA also has projects works for runway in Coari (AM), Lábrea (AM), Breves (PA), Marechal Thaumaturgo (AC), Boca do Acre (AM) and Maraã (AM), and in the first two, work should start in 2019. According to the Brazilian Air Force Commander, Lieutenant Brigadier Nivaldo Luiz Rossato, to overcome the logistical challenges related to the distances and the long periods of rain characteristic of the Amazon Region was the differential of COMARA. With these difficulties, private companies were not able to carry out this type of work, leaving COMARA alone the responsibilities of building and maintaining airport structures in the region. The Commander notes, however, that the resources have not been enough and important works are paralyzed. In 2017, the budget for COMARA was R$ 7.6 million. “With that money, we cannot keep what it takes. Machines

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Com o foco na engenharia e na logística, a COMARA tem sede em Belém (PA) e instala Destacamentos de Apoio e de Engenharia, conforme as regiões das obras. Atualmente, estão em andamento obras de reforma ou de ampliação no aeródromo de Moura (AM); de Iauaretê (AM); de Estirão do Equador (AM), além do balizamento do aeródromo em Oiapoque (AP). A COMARA conta, ainda, com projetos de obras para pistas de Coari (AM), Lábrea (AM), Breves (PA), Marechal Thaumaturgo (AC), Boca do Acre (AM) e Maraã (AM), sendo que, nas duas primeiras, os trabalhos devem começar em 2019. De acordo com o Comandante da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, superar os desafios logísticos relacionados às distâncias e aos longos períodos de chuvas característicos da Região Amazônica foi o diferencial da COMARA. Com essas dificuldades, empresas privadas não encontravam viabilidade para executar esse tipo de trabalho, deixando exclusivamente à COMARA as atribuições de construir e manter as estruturas aeroportuárias na região. O Comandante observa, no entanto, que os recursos não têm sido suficientes e obras importantes estão paralisadas. Em 2017, o orçamento destinado à COMARA foi de R$ 7,6 milhões. “Com esse dinheiro, não conseguimos manter o que é preciso. Máquinas pararam e trabalhadores foram demitidos. A infraestrutura aeroportuária está entrando

44

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

Nove meses de mobilização para três meses de operação - Por conta das grandes distâncias e chuvas características do clima equatorial, a COMARA desenvolve toda a logística de transporte para que, nos meses do período seco, quando é possível operar, tudo esteja pronto e em condições para cumprir a missão de projetar e construir aeroportos Nine months of mobilization for three months of operation - Due to the great distances and rains characteristic of the equatorial climate, COMARA develops all transport logistics so that, in the dry months, when it is possible to operate, everything is ready and in conditions to fulfill the mission of designing and building airports


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

A foto acima, de Iauaretê (AM), mostra parte da pista antiga e parte recapeada pela COMARA, reforçando a importância da manutenção The photo above, from Iauaretê (AM), shows part of the old runway and part resurfaced by COMARA, reinforcing the importance of the maintenance Balsas com empurradores transportam matéria-prima para construção de pistas onde veículos terrestres não têm acesso Rafters with pushers transport raw material for construction of runways where land vehicles do not have access

em um colapso sem precedentes”, disse. Sem a atuação da COMARA, acontece a deterioração das estruturas, ocasionando a impossibilidade de pouso em diversos pontos do território. “A Amazônia depende muito de órgãos públicos. Diminuir a presença do Estado nesses locais significa aumentar o tráfico e o contrabando na região. Se nós não tomarmos conta da Amazônia, alguém vai”, alertou o Comandante. Para solucionar o problema, as sugestões da FAB são alterações na Lei nº 12.462/2011, que criou o Fundo Nacional da Aviação Civil (FNAC), e mudanças no modelo de concessões de aeroportos adotado pelo Governo Federal. Para o Vice-Presidente da COMARA, Coronel Aviador Cleber dos Passos Jorge, é preciso reconhecer o trabalho realizado até agora. “É efetivamente um produto de integração e desenvolvimento no país”, diz. Para ele, a prioridade no momento é a recuperação e manutenção do que já foi feito. “É preciso manter os recursos para que possamos fazer obras de recuperação e ampliação das pistas que foram construídas há mais de 30, 40 anos”, afirmou. “Além disso, manter a infraestrutura aeroportuária e a malha aeroviária na Amazônia é imprescindível ao processo de integração nacional”, reforçou o Coronel Cleber.

stopped, and workers were fired. The airport infrastructure is entering an unprecedented collapse”, he said. Without the action of COMARA, the deterioration of the structures occurs, causing the impossibility of landing in several points of the territory. “The Amazon depends a lot on public agencies. Reducing the presence of the state in these places means increasing trafficking and smuggling in the region. If we do not take care of the Amazon, someone will”, warned the Commander. To solve the problem, FAB’s suggestions are changes in Law No. 12.462/2011, which created the National Civil Aviation Fund (FNAC), and changes in the model of airport concessions adopted by the Federal Government. For the Vice President of COMARA, Colonel Aviator Cleber dos Passos Jorge, it is necessary to recognize the work done so far. “It is effectively a product of integration and development in the country”, he says. For him, the priority now is the recovery and maintenance of what has already been done. “We need to maintain the resources so that we can do works of recovery and expansion of the runways that were built more than 30, 40 years ago”, he said. “In addition, maintaining the airport infrastructure and the airway network in the Amazon is essential to the process of national integration,” reinforced Colonel Cleber. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018 Jan/Fev/Mar/2018

45


INTEGRAÇÃO INTEGRATION

RETRATOS DA AMAZÔNIA: A ATUAÇÃO DA FAB EM IMAGENS AMAZON PORTRAITS: THE FAB OPERATION IN IMAGES A capacidade de atuação da Força Aérea Brasileira (FAB) vai muito além de suas ações de vigilância, controle e defesa do espaço aéreo. Mesmo em localidades isoladas, praticamente inacessíveis, como a Região Amazônica, a FAB está presente e cumpre atribuições subsidiárias que promovem o desenvolvimento nacional e integram o território. Confira, nas próximas páginas, imagens que ilustram as diversas atividades da Força Aérea no Norte do país, como as missões de Transporte Aéreo Logístico, as ações cívico-sociais e o patrulhamento de fronteiras The acting capacity of the Brazilian Air Force (FAB) goes beyond its actions of surveillance, control and defense of airspace. Even in isolated locations, practically inaccessible, such as the Amazon Region, FAB is present and fulfills subsidiary assignments that promote national development and integrate the territory. Check out in the next pages, images that illustrate the various activities of the Air Force in the North of the country, such as Logistics Air Transport missions, civic-social actions and border patrols TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST CARLOS BALBINO

46

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Caças da FAB atuam nas regiões de fronteira, cumprindo o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), que prevê a atuação integrada e coordenada dos órgãos de segurança pública, dos órgãos de inteligência, da Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda e do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, contra ilícitos transfronteiriços FAB fighters operate in the border regions, complying with the Border Integrated Protection Program (PPIF), which provides for the integrated and coordinated action of public security agencies, intelligence agencies, the Brazil Federal Revenue Secretariat, the Ministry of Finance and the Joint Staff of the Armed Forces, against illicit cross-border

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

47


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

A bordo do helicóptero H-60 Black Hawk, o Esquadrão Harpia (7°/8° GAV) sobrevoa a regiao sul do Pará, onde realiza ação de vigilância patrimonial com o auxílio de equipamento de visão noturna para a identificação de possíveis invasores em áreas ameaçadas de desmatamento.

1

On board the H-60 Black Hawk helicopter, the Harpia Squadron (7°/8° GAV) overlaps the southern region of Pará, where it performs patrimonial surveillance with the aid of night vision equipment for the identification of possible invaders in areas threatened with deforestation.

48

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Militares atendem moradores em comunidades isoladas, como a de Iauaretê (AM), localizada a cerca de 1100 km de Manaus, na Escola Estadual Indígena Pamuri Mahsã Wi’i. O atendimento médico e odontológico é garantido por meio de Ação Cívico-Social (ACISO) e realizado pelos profissionais da área de saúde da Força Aérea.

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

2

Por meio do Transporte Aéreo Logístico (TAL), em 2018, a FAB ajudou a levar duas onças ameaçadas de extinção de volta à Floresta Amazônica. O cumprimento da missão ocorreu numa área de preservação ambiental de aproximadamente 14 mil metros quadrados, no Pará (PA), protegida com o apoio da Força Aérea.

3

Assista ao vídeo e veja como foi a reinserção das onças à natureza Watch the video and see how the jaguars reinsertion to nature was

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Military serve residents in isolated communities, such as Iauaretê (AM), located about 1100 km from Manaus, at the State Indian School Pamuri Mahsã Wi’i. Medical and dental care is guaranteed through Civic-Social Action (ACISO) and performed by professionals in the health area of the Air Force.

Through Logistic Air Transport (TAL), in 2018, the FAB helped carry two threatened of extinction jaguars back into the Amazon Rainforest. The accomplishment of the mission took place in an environmental preservation area of approximately 14 thousand square meters in Pará (PA), protected with the support of the Air Force.

Aerovisão Out/Nov/Dez/2018

49


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

É rotina dos militares que estão servindo na Região Norte do Brasil transportar mantimentos e medicamentos em apoio a comunidades indígenas como a de Surucucu (RR), localizada em área de difícil acesso. A missão demanda bastante esforço e dedicação de todo o efetivo. It is routine for the military who are serving in the Northern Region of Brazil to transport supplies and medicines in support of indigenous communities such as Surucucu (RR), located in an area of difficult access. The mission demands a lot of effort and dedication from the whole staff.

50

Out/Nov/Dez/2018 Aerovisão

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

4


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Militares desembarcam da aeronave C-97 no Destacamento de São Gabriel da Cachoeira (AM), perto da fronteira do Brasil com a Colômbia e com a Venezuela. Importante Organização Militar da FAB na Amazônia Ocidental, o destacamento desempenha função estratégica no apoio logístico e em ações de defesa, como combate ao narcotráfico, à biopirataria e à extração ilegal de madeira e de minerais.

5

Military disembark from the aircraft C-97 in the Detachment of São Gabriel da Cachoeira (AM), near the border of Brazil with Colombia and with Venezuela. An important Brazilian Air Forces’s Military Organization in the Western Amazon, the detachment plays a strategic role in the logistical support and defense actions, such as fight against narcotics trafficking, biopiracy and the illegal extraction of wood and minerals.

Aerovisão Out/Nov/Dez/2018

51


REESTRUTURAÇÃO RESTRUCTURING O aeródromo, localizado no Rio de Janeiro, é de uso apenas militar, o que facilita as operações The airfield, located in Rio de Janeiro, is for military use only, which facilitates operations

52

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

ALA 12 - UM DOS MAIORES COMPLEXOS AEROTÁTICOS DA AMÉRICA LATINA ALA 12 - ONE THE LARGEST AERIAL TACTICAL COMPLEXES FROM LATIN AMERICA Com a chegada de novos esquadrões, a Organização Militar concentra uma parcela do Poder Aéreo da FAB no Rio de Janeiro With the arrival of new squadrons, the Military Organization concentrates a portion of the FAB Air Power in Rio de Janeiro TENENTE JORNALISTA / LIEUTENANT JOURNALIST JOÃO ELIAS

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

53


Esquadrão Puma é uma das três unidades aéreas transferidas para a Ala 12. Na foto, realiza treinamento de içamento de vítima na nova sede Puma Squadron is one of three air units transferred to Ala 12. In the photo, it carries out training of victim lifting in the new headquarters

54

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

L

ocated in the Santa Cruz neighborhood of Rio de Janeiro (RJ), the Ala 12 was activated on February 8, 2017, in line with the search for greater effectiveness in the use of the resources of the Restructuring Plan of the Aeronautics Command. On the same day, the Santa Cruz Air Base (BASC), which operated on the same site, was deactivated. Historically, BASC has fulfi lled the mission of administratively supporting based or in transit units for 74 years. The Ala 12 is a tactical-level organization that also performs operational missions in compliance with the Preparation Command guidelines (COMPREP), as well as offering air support as demanded by the Aerospace Operations Command (COMAE), thus providing adequate logistic support as well as guaranteeing the safety and defense of its facilities. Between the air units, besides the First Group of Fighter Aviation (1st GAVCA), became subordinate to the Ala 12 the Orungan Squadron (1st/7th GAV), the Pioneiro Squadron (3rd ETA) and the Puma Squadron (3rd/8th GAV). See pages 56 and 57.

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

L

ocalizada no bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro (RJ), a Ala 12 foi ativada em 8 de fevereiro de 2017, em consonância com a busca por maior efetividade no emprego dos recursos do Plano de Reestruturação do Comando da Aeronáutica. No mesmo dia, foi desativada a Base Aérea de Santa Cruz (BASC), que funcionava no mesmo local. Historicamente, a BASC cumpriu, por 74 anos, a missão de apoiar administrativamente as unidades sediadas ou em trânsito. A Ala 12 é uma organização de nível tático que também executa missões operacionais em cumprimento às diretrizes do Comando de Preparo (COMPREP), além de oferecer meios aéreos para o emprego conforme demanda do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), provendo assim o adequado suporte logístico, bem como a garantia da segurança e defesa de suas instalações. Entre as unidades aéreas, além do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1° GAVCA), passaram a ser subordinados à Ala 12 o Esquadrão Orungan (1°/7° GAV), o Esquadrão Pioneiro (3° ETA) e o Esquadrão Puma (3°/8° GAV). Confira mais detalhes nas páginas 56 e 57.


Sede do Comando da Ala 12: Unidade ganhou perfil mais operacional

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Ala 12 Command Headquarters: Unit gained more operational profile

Visão geral da Ala 12, que recebeu, com a Reestruturação, três novos esquadrões Overview of Ala 12, which received, due to Restructuring, three new squadrons

“A Ala 12 atualmente é considerada um dos maiores complexos aerotáticos da América Latina. Como dispomos de quatro Esquadrões Aéreos Operacionais, de Aviações distintas, a Ala 12 concentra uma parcela do Poder Aéreo da FAB de valor inestimável. Desta forma, fica impossível imaginar uma guerra aérea sem a nossa participação. Considerando também que somos um aeródromo exclusivamente militar, podemos receber outros Esquadrões da FAB para aqui operarem, temporariamente ou em definitivo, se assim for determinado. Temos uma extensa área patrimonial que permite a expansão da Organização Militar, caso recebamos outras Unidades”, destacou o Comandante da Ala 12, Coronel Aviador Alessandro Cramer. Também são subordinados à Ala o Grupamento Logístico (GLOG) e o Esquadrão de Segurança e Defesa (ESD). Já o 1°/1°GCC, DTCEA-SC e Esquadrão de Saúde estão sediados na Ala 12, mas não subordinados a ela.

“Ala 12 is currently considered one of the biggest aerial tactical complexes in Latin America. As we have four Operational Air Squadrons, of distinct Aviation, the Ala 12 concentrates a portion of the FAB Air Power of inestimable value. In this way, it is impossible to imagine an air war without our participation. Considering also that we are an exclusively military airfield, we can receive other FAB Squadrons to operate here, temporarily or definitively, if so determined. We have an extensive patrimonial area that allows the expansion of the Military Organization, in case we receive other Units”, said the Ala 12 Commander, Colonel Aviator Alessandro Cramer. The Logistic Grouping (GLOG) and the Security and Defense Squadron (ESD) are also subordinated to the Wing. The 1st/1st GCC, DTCEA-SC and Health Squadron are based in Ala 12, but not subordinate to it. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

55


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Caça F-5EM utilizado pelo 1° GAVCA: modernidade em aviônica e armamento Fighter F-5EM used by the 1st GAVCA: modernity in avionics and armament

Esquadrões Aéreos

56

Air Squadrons

1° GAVCA - Primeiro Grupo de Aviação de Caça Foi criado em 18 de dezembro de 1943, com a finalidade de atuar durante a Segunda Guerra Mundial, sendo comandado pelo então Major Aviador Nero Moura, hoje Patrono da Aviação de Caça da FAB. Na década de 70, o Esquadrão recebeu as aeronaves F-5, sendo a primeira unidade brasileira a ter a capacidade de realizar missões de reabastecimento em voo. No ano de 2006, receberam os F-5EM, aeronaves que passaram por um processo de atualização com o que há de mais moderno em termos de aviônica e armamento.

1st GAVCA - First Hunting Aviation Group It was created on December 18, 1943, for the purpose of acting during World War II, being commanded by the then Major Aviator Nero Moura, now FAB Patron of Fighter Aviation. In the 1970s, the squadron received the F-5 aircraft, being the first Brazilian unit to be able to perform in-flight refueling missions. In 2006, they received the F-5EM, aircraft that underwent an update process with the most modern in terms of avionics and armament.

3°/8° GAV - Esquadrão Puma Foi ativado em 9 de setembro de 1980 na Base Aérea dos Afonsos (BAAF). Já utilizou as aeronaves UH-1H, CH-33 Puma, T-25 Universal, L-42 Regente, H-34 Super Puma e, a partir de 2015, passou a operar as aeronaves H-36 Caracal. Entre as principais tarefas sob a sua responsabilidade estão as missões de Busca e Salvamento (SAR), Busca e Salvamento em Combate (CSAR), Evacuação Aeromédica (EVAM), Exfiltração Aérea e Infiltração Aérea. Chegou à Ala em janeiro de 2017.

3°/8° GAV - Puma Squadron It was activated on September 9, 1980 at Afonsos Air Base (BAAF). It has already used the aircraft UH1H, CH-33 Puma, T-25 Universal, L-42 Regente, H-34 Super Puma and, from 2015, started to operate the H-36 Caracal aircraft. Among the main tasks under its responsibility are the Search and Rescue (SAR), Search and Rescue in Combat (CSAR), Aeromedical Evacuation (EVAM), Air Exfiltration and Air Infiltration missions. He arrived in the Ala in January 2017.

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


1st / 7th GAV - Orungan Squadron It was activated at the Salvador Air Base (BASV) on November 8, 1947. It operated with the American aircraft Lockheed B-34 Harpoon, North American B-25J Mitchell and P-15 Neptune, in addition to the Brazilian P-95 Bandeirulha, maritime patrol activities. It currently operates the Orion P-3AM, equipped with the most modern and advanced sensors and tactical mission systems in the world. He arrived in the Ala in March 2018.

3º ETA - Esquadrão Pioneiro Foi ativado em 1969 na antiga Base Aérea do Galeão (RJ), atualmente Ala 11, e operou com as aeronaves C-47, C-95 Bandeirante e C-97 Brasília. Hoje opera com o C-95M, o Bandeirante modernizado, na realização de atividades de transporte aéreo-logístico e lançamento de paraquedistas, além de cumprir diversas missões de transporte de órgãos vitais nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Chegou à Ala 12 em março de 2018.

3º ETA - Pioneer Squadron It was activated in 1969 at the former Galeão Air Base (RJ), currently Ala 11, and operated with the C-47, C-95 Bandeirante and C-97 Brasília aircraft. Today it operates with the C-95M, the modernized Bandeirante, in the accomplishment of activities of air-logistic transport and launch of paratropers, besides fulfilling several missions of transport vital organs in the South and Southeast regions of Brazil. He arrived at Ala 12 in March 2018.

Sargento Simo / Agência Força Aérea

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

1º/7º GAV - Esquadrão Orungan Foi ativado na Base Aérea de Salvador (BASV) em 8 de novembro de 1947. Operou com os aviões norte-americanos Lockheed B-34 Harpoon, North American B-25J Mitchell e P-15 Netuno, além do brasileiro P-95 Bandeirulha, nas atividades de patrulha marítima. Atualmente opera o P-3AM Orion, equipado com o que há de mais moderno e avançado no mundo em sensores e sistemas táticos de missão. Chegou à Ala em março de 2018.

Acima, à esquerda: Missões de Busca e Salvamento e Evacuação Aeromédica com o H-36 movimentam o esquadrão. À esquerda: O histórico C-95 Bandeirante demonstra sua versatilidade em missões. Acima: Esquadrão Orungan opera o P-3AM, com seus sensores e sistemas táticos de missão Above, to the left: Search and Rescue Missions and Aeromedical Evacuation with the H-36 move the squadron. Left: The historical C-95 Bandeirante demonstrates its versatility in missions. Above: Orungan Squadron operates the P-3AM, with its sensors and tactical mission systems Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

57


58

Out/Nov/Dez/2018

AerovisĂŁo


Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea

Arte: Subdivisão de Publicidade e Propaganda


MEMÓRIA FAB FAB MEMORY

BANDEIRANTE 50 ANOS - O DIA EM QUE TODO O BRASIL ALÇOU VOO BANDEIRANTE 50 YEARS - THE DAY WHEN ALL BRAZIL FLEW

Até os dias atuais, aeronave está entre os mais importantes vetores para o transporte nacional To this day, aircraft are among the most important vectors for national transportation

60

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Era madrugada do dia 22 de outubro de 1968 e a equipe que trabalhava no projeto IPD 6504 estava reunida no hangar X-10, na pista do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos (SP). Os técnicos, engenheiros e pilotos decidiam se a forte chuva que caía naquele momento iria ou não adiar os planos de fazer voar, pela primeira vez, o avião Bandeirante: o maior e mais tecnológico avião desenvolvido no Brasil até então. O mau tempo não fez frente à obstinação daquele grupo: o sol nasceu, o céu abriu e, nas asas do Bandeirante, que alçou voo às 6h15 - conforme o previsto - todo o Brasil decolou também. Há 50 anos, voou a aeronave que deu origem à indústria aeronáutica brasileira It was dawn on October 22, 1968, and the team that worked on the IPD 6504 project was assembled in the X-10 hangar, on the runway of the then Technical Aeronautics Center (CTA) in São José dos Campos, São Paulo. The technicians, engineers and pilots decided whether or not the heavy rain falling at that moment would delay the plans to fly for the first time the Bandeirante aircraft: the biggest and most technologically developed aircraft in Brazil so far. Bad weather did not face the obstinacy of that group: the sun rises, the sky opened, and, on the Bandeirante wings, which took off at 6:15 a.m. - as planned - all Brazil took off as well. Fifty years ago, the aircraft which originated the brazilian aeronautical industry, flew. TENENTE Jornalista / LIEUTENANT JOURNALIST GabriÉlli Dala Vechia

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

61


Cerimônia de batismo do C-95, em São José dos Campos (SP) C-95 baptism ceremony, in São José dos Campos (SP)

62

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

T

he Lieutenant Colonel Reformed Ozires Silva, 87, still remembers in detail the story of the Bandeirante aircraft, which began when he was Major Aviator yet, a recent graduate engineer at the Technological Institute of Aeronautics (ITA). On October 22, 1968, 50 years ago, happened the first flight of the aircraft - baptized in the Brazilian Air Force (FAB) by C-95. Although it was not the first aircraft designed, developed and manufactured in the country - other initiatives, such as the Paulistinha CAP-4 came before - Bandeirante had as a differential the fact that it was destined to a niche market where there was options gap, the regional aviation. Adapted for poorly prepared runways, the Bandeirante ended up becoming a great international success, with 498 aircrafts manufactured - the last one in 1991. Since Bandeirante was a victory not only for Brazilian engineering but also found industrial viability, the Federal Government created Embraer in 1969 as a mixed-economy company to produce it in series. The story that began in the FAB laboratories completes its 50th anniversary in 2018, with Brazil occupying the third place in the world with its aeronautical industry.

Divulgação EMBRAER

O

Tenente-Coronel Reformado Ozires Silva, de 87 anos, ainda lembra em detalhes a história do avião Bandeirante, que começou quando ele ainda era Major Aviador, recém-formado engenheiro pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 22 de outubro de 1968, há 50 anos, acontecia o primeiro voo da aeronave - batizada na Força Aérea Brasileira (FAB) de C-95. Embora não tenha sido o primeiro avião projetado, desenvolvido e fabricado no país - outras iniciativas, como o Paulistinha CAP-4, vieram anteriormente - o Bandeirante tinha como diferencial o fato de se destinar a um nicho de mercado em que havia uma lacuna de opções, o da aviação regional. Adaptado para pistas pouco preparadas, o Bandeirante acabou se tornando um grande sucesso internacional, com 498 aeronaves fabricadas - a última em 1991. Como o Bandeirante foi uma vitória não só da engenharia brasileira, mas também encontrou viabilidade industrial, o Governo Federal criou, em 1969, a Embraer - à época, como uma sociedade de economia mista - para produzi-lo em série. A história que começou nos laboratórios da FAB completa, em 2018, seu cinquentenário, com o Brasil ocupando a terceira colocação mundial com sua indústria aeronáutica.


Divulgação Embraer Foto internet

Divulgação Ânima Educação

À esquerda: Tenente-Coronel Reformado Ozires Silva; Acima: uma das primeiras unidades do Bandeirante alça voo; Abaixo: sede do ITA, onde parte da tecnologia foi desenvolvida Left: Lieutenant Colonel Reformed Ozires Silva; Above: one of the first units of the Bandeirante takes flight; Below: ITA headquarters, where part of the technology was developed

Ozires Silva conta que o primeiro voo do Bandeirante, ocorrido na pista do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos (SP), hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), foi planejado para ser um evento fechado. Afinal, era arriscado, segundo ele, fazê-lo na presença das autoridades. A notícia, porém, se espalhou e o público apareceu, como é possível ver nas fotos da época. O piloto foi o Major José Mariotto Ferreira e o Engenheiro era Michel Cury. A chuva que caiu na madrugada deixou a equipe em dúvida sobre se o voo seria exequível: eram necessários 15 mil pés de visualização vertical e, pelo menos, 5 km na horizontal. O tempo começou a melhorar, relembra Ozires Silva, por volta de 5 horas. Nesse momento, a equipe questionou se a pista não estaria encharcada, inviabilizando a decolagem. “Eu saí do meu escritório e fui para a pista. Vi que estava bem. Falei para eles: nós vamos voar”, relembra Ozires. Da pista ainda não pavimentada, o Bandeirante alçou voo às 6h15.

Ozires Silva says that the first Bandeirante flight, which took place on the runway of the then Technical Aeronautics Center (CTA), in São José dos Campos (SP), today the Department of Aerospace Science and Technology (DCTA), was planned to be a closed event. After all, it was risky, he said, to do so in the presence of the authorities. The news, however, spread and the public appeared, as you can see in the photos of the time. The pilot was Major José Mariotto Ferreira and the Engineer was Michel Cury. The rain that fell at dawn left the team in doubt as to whether the flight would be achievable: it took 15.000 feet of vertical viewing and at least 5 kilometers horizontally. The weather has started to improve, remembers Ozires Silva, around 5 am. At that moment, the team questioned if the runway would not be soaked, making it impossible to take off. “I left my office and went to the runway. I saw that it was well. I told them: we’re going to fly”, Ozires recalls. From the unpaved runway, Bandeirante took off at 6:15 am. Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

63


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Tecnologia do C-95 foi base para desenvolvimento das aeronaves Xingu e Brasília C-95 technology was the basis for the development of the Xingu and Brasilia aircraft

Depois do voo do dia 22, houve um segundo, cinco dias depois, na presença do Vice-Presidente da República e do Ministro da Aeronáutica da época, entre outras autoridades, além da imprensa. “Uma festa”, segundo Ozires. Passada a empolgação inicial, porém, o projeto encontrou dificuldades: que empresa iria aceitar o desafio de produzi-lo em série? “Nós já estávamos bem desanimados, ninguém acreditava que pudéssemos fabricar avião no Brasil. O país produzia apenas bicicletas àquela altura”, conta ele. Após muitos ‘nãos’ das empresas procuradas e da negativa do Governo em criar uma sociedade de economia mista - entidade recém regulamentada - outro mau tempo veio para mudar o rumo da aviação no país. Era 20 de abril de 1969 quando o voo do então Presidente da República, Artur da Costa e Silva, que se dirigia à cidade de Guaratinguetá (SP), foi desviado para São José dos Campos devido às condições meteorológicas e o então Major Ozires Silva foi chamado para recebê-lo. “Eu o levei para conhecer o Bandeirante e nossas instalações, que eram muito precárias, pareciam mais uma carpintaria do que uma fábrica de avião. E apresentei a ele nossa proposta de vender a aeronave com marca nacional para todo o mundo, fomentando a aviação regional. Depois

64

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

After the flight on the 22nd, there was a second, five days later, in the presence of the Vice-President of the Republic and the Minister of Aeronautics of the time, among other authorities, besides the press. “A party”, according to Ozires. After the initial excitement, however, the project encountered difficulties: what company would accept the challenge of producing it in series? “We were already very discouraged, no one believed we could fabricate aircraft in Brazil. The country only produced bicycles by that time”, he says. After many ‘no’ from the companies and the Government’s refusal to create a mixed-economy society - a newly regulated entity - another bad time has come to change the direction of aviation in the country. It was April 20, 1969 when the flight of the then President of the Republic, Artur da Costa e Silva, to the city of Guaratinguetá (SP), was diverted to São José dos Campos due to the weather conditions and the then Major Ozires Silva called to welcome him. “I took him to see Bandeirante and our very precarious facilities looked more like a carpentry than an Aircraft factory. And I presented to him our proposal to sell the aircraft with national brand to the whole world, fomenting the regional aviation. After


more than an hour of conversation, time opened and, as he said goodbye to me, he put his hand on my shoulder and said: let’s think about it”, he recalls. In August of that year, the creation of Embraer was signed, which today generates 16 thousand jobs in Brazil alone. Bandeirante had 18 different versions. Guilherme Cará, Embraer test pilot, flew in all of them and explained that each one brought improvements like systems, structures, engines, performance. “I made many crossings, in the South Atlantic, in the Pacific, with the Bandeirante, the Aircraft flying two hours, three hours, 14 hours, it is impeccable. Fantastic”, he recalls. The pilot also evaluates that the knowledge acquired with Bandeirante was the basis for the development of later aircraft, such as Brasília and Xingu. Bandeirante’s success can also be measured by the fact that even today it is an important vector for FAB Transport Aviation and for the training of military pilots. The current Interim Director of DCTA, Major Brigadier Hudson Costa Potiguara, explains that all Brazilian aviators, at some point in their career, passed through Bandeirante or other Embraer projects developed from the expertise built with the fifty-year-old aircraft. “Today we have the KC-390, a state-of-the-art aircraft that is already flying and whose success is already certain, and all this began with Bandeirante in the 1960s,” he evaluates. Avião teve 18 versões diferentes. Sua aplicabilidade versátil permite uso civil e militar

Sargento Simo / Agência Força Aérea

de mais de uma hora de conversa, o tempo abriu e, ao se despedir de mim, colocou a mão no meu ombro e disse: vamos pensar nisso”, relembra. Em agosto daquele ano, foi assinada a criação da Embraer, que hoje gera 16 mil empregos só no Brasil. O Bandeirante teve 18 versões diferentes. Guilherme Cará, piloto de provas da Embraer, voou em todas elas e explica que cada uma trouxe melhorias, de sistemas, de estruturas, de motores, de performance. “Fiz muitas travessias, no Atlântico Sul, no Pacífico, com o Bandeirante, o avião voando duas horas, três horas, 14 horas, ele é impecável. Fantástico”, relembra ele. O piloto também avalia que o conhecimento adquirido com o Bandeirante foi a base para o desenvolvimento de aeronaves posteriores, como o Brasília e o Xingu. O sucesso do Bandeirante pode ser medido também pelo fato de que, até hoje, é um importante vetor da Aviação de Transporte da FAB e também na formação dos pilotos militares. O atual Diretor interino do DCTA, Major-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara, explica que todos os aviadores brasileiros, em algum momento de sua carreira, passaram pelo Bandeirante ou por outros projetos da Embraer desenvolvidos a partir da expertise construída com a aeronave cinquentenária. “Hoje temos o KC-390, um avião no estado da arte, que já está voando e cujo sucesso já é certo, e tudo isso começou com o Bandeirante, na década de 1960”, avalia.

Aircraft had 18 different versions. Its versatile applicability allows civil and military use

Aerovisão

Out/Nov/Dez/2018

65


VOO MENTAL

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

MUITO ALÉM DOS CONFLITOS BEYOND CONFLICTS José Cláudio Manesco é o Vice-Presidente Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança - ABIMDE Os desavisados podem achar que o setor de defesa nacional se resume a arsenal bélico para enfrentar ameaças externas. Não há como negar que a defesa nacional passa por armas e equipamentos dissuasórios, como garantia da paz, mas o mais importante é saber o que esse setor e sua indústria podem proporcionar para o desenvolvimento e autonomia tecnológica de um país. É importante lembrar que a internet, o micro-ondas e o GPS, tão presentes em nossas vidas, são aplicações que surgiram no segmento de defesa. Investir em defesa não é gasto supérfluo e não é necessário que tenhamos inimigos externos para fazê-lo. Esse investimento é essencial para quem quer andar com as próprias pernas e ter protagonismo no cenário internacional. Especialmente quando se trata de país continental como o Brasil com todos os seus recursos naturais e riquezas adjacentes construídas ao longo do tempo, tais como hidroelétricas, ferrovias para escoamento de minérios, plataformas de petróleo, parques eólicos, portos, aeroportos, etc. É miopia não enxergar a soberania nacional como prioridade. Ela não pode ser apenas motivação para um discurso de 7 de setembro. Essa filosofia tem que ser incorporada ao dia a dia da nossa política, endossando projetos estruturantes como o do caça Gripen, do Sistema de Vigilância de Fronteiras (SISFRON), do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) e do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz). Deles decorrem e decorrerão investimentos em capacitação tecnológica e deles advirão aplicações duais importantes para a nossa sociedade. Só para lembrar um caso de sucesso, cito o Sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo no Brasil. Na década de 1980, éramos dependentes da tecnologia francesa até que um bem-sucedido programa conduzido pela Força Aérea Brasileira transformou completamente essa realidade. Hoje o Sistema de Gerenciamento de Tráfego Aéreo é totalmente nacional e o software Sagitário, desenvolvido por uma empresa da Base Industrial de Defesa, é um dos mais modernos sistemas de monitoramento do mundo. Este setor, com todas as dificuldades, já corresponde a 3,7% do PIB. Cada investimento modular de R$ 10 milhões gera 18,6 milhões de efeito direto e indireto na economia; incrementa R$ 9,7 milhões no PIB; isso sem contar o efeito induzido que torna esses números ainda mais impressionantes. Não tenham dúvidas: investir em defesa é acreditar no Brasil, gerar desenvolvimento tecnológico e econômico e garantir a soberania.

66

Out/Nov/Dez/2018

Aerovisão

José Cláudio Manesco is the Executive Vice-President of the Brazilian Association of Defense and Security Materials Industries - ABIMDE

The unsuspecting may think that the national defense sector comes down to weapons arsenal to face external threats. There is no denying that national defense goes through weapons and dissuasive equipment as a guarantee of peace, but the most important thing is to know what this sector and its industry can provide for the development and technological autonomy of a country. It is important to remember that the Internet, the microwave and GPS, so present in our lives, are applications that have arisen in the defense segment. Investing in defense is not superfluous and it is not necessary that we have external enemies to do so. This investment is essential for those who want to walk with their own legs and have a leading role on the international scenario. Especially when referring to continental country like Brazil with all its natural resources and adjacent riches built over time, such as hydroelectric, railroads for ore disposal, oil platforms, wind farms, ports, airports, etc. It is myopia not to see national sovereignty as a priority. It cannot be just a motivation for a September 7 speech. This philosophy must be incorporated into our day-to-day policy, endorsing structuring projects such as the Gripen fighter, the Border Surveillance System (SISFRON), the Strategic Space Systems Program (PESE) and the Blue Amazon Management System (SisGAAz). From these projects will happen investments in technological training, and from them will emerge important dual applications for our society. Just to remember a case of success, I mention the Air Traffic Management System in Brazil. In the 1980s, we were dependent on French technology until a successful program conducted by the Brazilian Air Force completely transformed that reality. Today the Air Traffic Management System is totally national and the Sagitário software, developed by a company of the Industrial Defense Base, is one of the most modern monitoring systems in the world. This sector, with all the difficulties, already corresponds to 3.7% of PIB. Each modular investment of R$ 10 million generates 18,6 million direct and indirect effects on the economy; increases R$ 9.7 million in PIB; not to mention the induced effect that makes these numbers even more impressive. Do not hesitate: investing in defense is believing in Brazil, generating technological and economic development and guarantee sovereignty.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.