Aerovisão 264 - Abr/Mai/Jun de 2020

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Abr /Mai /Jun - 2020 Nº 264 - Ano 47

ITA 70 ANOS

ENTREVISTA

MEMÓRIA

Instituto Tecnológico de Aeronáutica mantém excelência no ensino e pesquisa desde sua criação

Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica fala sobre gestão e integração entre os Grandes Comandos da FAB

Força Aérea Brasileira celebra 75 anos da participação na Segunda Guerra Mundial



ARTE: SubdivisĂŁo de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER


Plano de voo Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Edição nº 264 Ano 47 Abril / Maio / Junho - 2020

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ENTREVISTA

Estado-Maior da Aeronáutica

Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira fala sobre os desafios à frente do EMAER

OPERACIONAL

COVID-19

FAB demonstra capacidade de prontaresposta no emprego de pessoal e vetores em Operação do Ministério da Defesa

EXPEDIENTE

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Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Paulo César Andari Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Ricardo Feijó Pinheiro Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).

Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF

Tiragem: 18 mil exemplares. Período: Abril / Maio / Junho 2020 - Ano 47 Contato: redacao@fab.mil.br

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Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Tenente-Coronel Aviador Denys Martins de Oliveira Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Claudio Mariano Rodrigues Santana Edição: Tenente Jornalista Jonathan Jayme (MTB - 2481) Tenente Jornalista Letícia Faria (MTB - 3327)

Diagramação: 3º Sargento SDE Pollyana Dias Barroso Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao Impressão: Gráfica Pallotti ArtLaser.


Veja a edição digital

HOMENAGEM

Criação das Aviações

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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

Asas Rotativas, Caça, Patrulha, Transporte, Reconhecimento e Busca e Salvamento são homenageadas em oito páginas

32 1º /9º GAV

Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

50 anos do Esquadrão Arara

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DEFESA CIBERNÉTICA

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HISTÓRIA

Soldados virtuais

Organizações da FAB são protegidas também no mundo cibernético. Militares são preparados para os mais diversos desafios em ambientes virtuais

75 anos da participação da FAB na Segunda Guerra Mundial

Em 22 de abril de 1945, o 1º Grupo de Aviação de Caça alcançou o esforço máximo de combate no céu da Itália, a bordo das aeronaves P-47D Thunderbolt

Unidade Aérea chega ao cinquentenário sendo referência na integração da região Amazônica

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ITA

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COMUNICAÇÃO SOCIAL

70 anos de excelência

Instituição de Ensino da Força Aérea celebra aniversário e se coloca como uma das maiores desenvolvedoras nas áreas de ensino e pesquisa

Meio século do CECOMSAER

Centro de Comunicação Social da Aeronáutica completa cinco décadas protegendo e projetando a imagem da FAB

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Aos Leitores

O LEGADO EM NOSSAS PÁGINAS Há 75 anos, a Força Aérea Brasileira colocava seu nome na história ao empregar seus bravos heróis na Segunda Guerra Mundial. A revista Aerovisão relembra essa trajetória, destacando, dentre outros feitos, o glorioso 22 de abril de 1945, quando o 1° Grupo de Aviação de Caça alcançou o esforço máximo de combate no céu da Itália. Nesta mesma reportagem, contamos, ainda, como a FAB se prepara para ampliar seu Poder Aeroespacial com a implantação da aeronave F-39 Gripen. Assim como naquela guerra, a Força Aérea também embarcou em uma grande mobilização no combate à pandemia do novo Coronavírus. Nossos jornalistas produziram uma reportagem sobre a participação da Força, sob a coordenação do Ministério da Defesa. Nesta edição, prestamos a justa homenagem a todas as Aviações – Asas Rotativas, Caça, Patrulha, Transporte, Reconhecimento e Busca e Salvamento, convidando o leitor a conhecer mais sobre cada uma delas. Nas páginas da Aerovisão, nosso leitor poderá conferir a entrevista com o Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, que aborda os principais aspectos do trabalho do EMAER no planejamento estratégico das ações do Comando da Aeronáutica e os desafios da Instituição. Ao completar 70 anos, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) se apresenta como referência quando o assunto é excelência no ensino e pesquisa. Esta publicação mostra o início de tudo, quando homens visionários decidiram construir o ITA no coração do Vale do Paraíba, em São José dos Campos (SP). A edição 264 da revista também celebra o cinquentenário do Esquadrão Arara (1º/9º GAV), uma das Unidades da Força responsáveis pela integração da Região Amazônica. Seguindo o contexto histórico, destacamos os 50 anos do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Seja com sua presença nas mídias sociais, na atuação da assessoria de imprensa, na produção de vídeos institucionais ou na confecção de grandes reportagens, o leitor poderá conferir como o Centro sempre esteve pronto para registrar as principais atividades da FAB. Nossa reportagem traz o legado de ex-Chefes da Organização, a quem devemos honrar com nosso empenho para dar continuidade ao trabalho iniciado por eles. Devemos lembrar, ainda, dos homens e mulheres que contribuíram com labor incansável para a construção do Centro de hoje. No jubileu de ouro do CECOMSAER, confeccionamos a Aerovisão com o zelo e o primor que a informação de qualidade requer. Esperamos, com isso, conduzir o leitor ao incremento do conhecimento, aproximando-o ainda mais da nossa gloriosa Força Aérea Brasileira. Boa leitura!

Brigadeiro do Ar Paulo César Andari Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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“Nossa capa: A participação da Força Aérea Brasileira na Operação COVID-19 é o tema da capa desta edição. A arte desenvolvida pelo Centro de Comunicação Social da Aeronáutica traz imagens de parte das ações desenvolvidas no combate à pandemia do novo Coronavírus.


Palavras do Comandante CONTE SEMPRE COM A FORÇA AÉREA BRASILEIRA! Nos 22 milhões de quilômetros quadrados da área sob nossa responsabilidade, ou além dela, estamos unidos ao povo brasileiro no enfrentamento da pandemia de COVID-19. Nós, da Força Aérea Brasileira (FAB), não cessamos nossas atividades e, por meio de nossas ações, queremos transmitir uma só mensagem à população do nosso País: conte conosco! A FAB enfrenta a COVID-19 desde o início de fevereiro. Mais de um mês antes de as primeiras medidas de prevenção serem adotadas em nosso País, as aeronaves da Força Aérea decolaram rumo a Wuhan, China, para resgatar compatriotas no epicentro do surto da doença durante a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil. A missão cumprida foi apenas o início de um grande desafio em 2020. Quando o Ministério da Defesa ativou o Centro de Operações Conjuntas para atuar na Operação COVID-19, Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira passaram a atuar unidos em dez Comandos Conjuntos, distribuídos por todo o território nacional, além do nosso Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), ativado permanentemente. Desde então, os recursos operacionais e logísticos, necessários para apoiar as ações em combate à COVID-19, foram somados e empregados no apoio às ações federais, no controle de passageiros e tripulantes nos aeroportos, portos e terminais marítimos e no controle de acesso das fronteiras. A Força Aérea já cumpriu as mais variadas atividades para cuidar do povo brasileiro: resgatamos irmãos além de nossas fronteiras, impedidos de voltar para casa após as restrições de deslocamento adotadas em todo o mundo; transportamos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), cilindros de oxigênio, álcool em gel e respiradores para diversas localidades do País; nossas Organizações de Saúde implantaram medidas para se adequarem ao combate à doença, inclusive com apoio psicológico aos profissionais que atuam na linha de frente; auxiliamos na produção de EPIs; incentivamos campanhas de doação de sangue; fornecemos refeições para caminhoneiros, entre outras atividades - e manteremos os esforços até que tudo esteja bem.

Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez Comandante da Aeronáutica

A atuação da FAB nas ações de combate ao novo Coronavírus é a materialização do juramento feito por todo militar brasileiro: “dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições, defenderei com o sacrifício da própria vida”. Conte sempre com a Força Aérea Brasileira nos momentos mais delicados, na guerra ou na paz. Sigamos em frente com o nosso compromisso com todos os brasileiros. Obrigado!

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PLANEJANDO A FORÇA AÉREA DO FUTURO Ancorado sobre a premissa de que o desafio na concepção doutrinária de uma Força Aérea reside na atualização tecnológica dos meios utilizados, o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) desenvolve estratégias para a Força do futuro. Em entrevista à Aerovisão, o Chefe do EMAER, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, diz que os planejamentos devem acompanhar as novidades na área de tecnologia, que afetam as táticas, técnicas e procedimentos utilizados nas diversas ações executadas pela Instituição. O Oficial-General fala também sobre a importância da interação com os Grandes Comandos, o aperfeiçoamento do Programa de Formação e Fortalecimento de Valores e, ainda, os resultados do Projeto Graduado-Master. TENENTE JORNALISTA JONATHAN JAYME

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definidas pelo nosso Comandante na Concepção Operacional “Força Aérea 100”, no entanto, compartilho alguns

Sinteticamente, o

maior desafio na concepção doutrinária de uma Força Aérea reside na

A amplitude e a diversidade dos assuntos tratados pelo EMAER atestam a relevância de sua presença no dia a dia do Comando da Aeronáutica. Dentre esses aspectos, na atualidade, quais têm sido prioridade para o Estado-Maior para a construção de uma Força Aérea moderna e eficaz? É atribuição do EMAER planejar, orientar, coordenar e supervisionar, no nível de direção-geral, as atividades relacionadas com Pessoal, Educação, Legislação, Inteligência e Assuntos Internacionais, Comando e Controle, Doutrina, Preparo e Emprego, Defesa Cibernética e Tecnologia da Informação, Logística, Mobilização, Patrimônio, Economia, Orçamento, Planejamento Plurianual, Planejamento Institucional, Assuntos Estratégicos, Ciência, Tecnologia e Inovação, Portfolio de Projetos, Gestão de Processos e Espaço. Nesse contexto, as prioridades do Estado-Maior são as mesmas que estão

atualização tecnológica dos meios utilizados.

desafios que se descortinam diante de nós: pensar, no presente, a Força do futuro sem ser seduzido por personalismos,

vontades e vaidades. Isso é desafiador e complexo e não permite erros; projetar, estudar e conceber, por meio do Planejamento Baseado em Capacidades, uma Força Aeroespacial forte e pujante para a próxima geração, focando nas necessidades, tecnologias e capacidades operacionais desejadas. Essa adesão à realidade significa trazer para este processo os companheiros do Exército e da Marinha, liderados pelo Ministério da Defesa, pois os recursos serão sempre insuficientes face às necessidades de cada um de nós isoladamente. A sociedade exige essa integração nos planejamentos e uma priorização integrada do emprego dos recursos para a satisfação das necessidades. Outro desafio remete a contribuir para o fortalecimento da nossa base industrial de Defesa no setor aeroespacial, a fim de que o Estado brasileiro seja plenamente soberano, escapando dos embargos tecnológicos impostos por


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Tenente-Brigadeiro Amaral diz que o EMAER adotou novas linhas de ação para intensificar o Programa de Formação e Fortalecimento de Valores (PFV): “A instituição reconhece a importância estratégica do programa, a curto, médio e longo prazos”

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Quais são os principais desafios do EMAER na concepção e aprimoramento das matrizes doutrinárias que norteiam os integrantes da Força Aérea Brasileira?

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Sinteticamente, o maior desafio na concepção doutrinária de uma Força Aérea reside na atualização tecnológica dos meios utilizados. A Força Aérea é extremamente influenciada pelas novidades na área de tecnologia, que afetam as táticas, técnicas e procedimentos utilizados nas diversas ações executadas. Assim, o sistema de doutrina deve estar sempre levando em consideração as mudanças nos equipamentos, que afetam diretamente o alcance de radares, armamentos, das aeronaves, etc. A con-

Em todas as áreas de

atuação, essa coordena-

ção do EMAER envolve ações desenvolvidas no exterior, nos países de

diversos países. Tal desafio significa, por exemplo, cuidar do cluster aeroespacial, que muito tem sofrido com a dependência das compras de Defesa e a crise econômica. A realidade orçamentária exige a busca de alternativas, como a implementação de fundos de investimento em Defesa, o estabelecimento das empresas públicas NAV-Brasil e ALADA. Ainda no tema desafios, cito perseguir o alcance e a conclusão dos objetivos, metas e projetos que foram planejados e delineados na Concepção Estratégica “Força Aérea 100”, com base nos estudos e diagnósticos dos cenários de Defesa, por meio do cumprimento das ações decorrentes que constam do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER), do Plano de Articulação e Equipamentos (PLAER), da Diretriz de Planejamento (DIPLAN) e de seus planos complementares. Internamente, temos que enfrentar, em curto prazo, a avaliação qualitativa dos processos de transferência de tecnologia, num refinamento do já excelente sistema de comprovação quantitativa do cumprimento das obrigações por parte dos contratados. No tema orçamentário, sempre presente, e reafirmo, sempre insuficiente, é imperativo o comprometimento das Instituições do Estado brasileiro, Executivo, Legislativo e Judiciário, na discussão das necessidades x possibilidades das Forças Armadas. Essa tarefa não é simples, assim como não o é Controlar, Defender e Integrar um País com 8,5 milhões de km2 de território, 16.866km de fronteiras, 10 países limítrofes, 7.491km de litoral e 206 milhões de habitantes, chegando aos 22 milhões de quilômetros quadrados ao considerarmos o espaço aéreo continental e as águas internacionais.

interesse, e dentro do Brasil

cepção deve trabalhar com horizontes temporais que considerem essas mudanças, a fim de evitar a obsolescência de seus meios, humanos ou materiais. No entanto, para evitar a obsolescência dos meios, é necessário discriminar futuros cenários de emprego das Forças Armadas, desafios e ameaças associadas, efeitos a serem obtidos e respectivas demandas de capacidades e, mais importante, priorizar quais capacidades serão mais relevantes. Considerando a imprevisibilidade associada à geopolítica, observa-se que tal processo configura um dos principais desafios do EMAER para executar suas tarefas de planejamento estratégico.

A Diretriz do Comandante da Aeronáutica prevê, entre outros assuntos, o estreitamento dos laços com Embaixadores, Diplomatas e Adidos Aeronáuticos Estrangeiros, promovendo e dando visibilidade da Base Industrial de Defesa, especialmente no que se refere ao segmento aeroespacial. Como o EMAER tem tratado os acordos e intercâmbios internacionais, e quais são os benefícios dessas iniciativas para a Força Aérea? A coordenação dos assuntos internacionais pelo EMAER está alinhada com a Estratégia Nacional de Defesa (END) e abrange três áreas principais: a busca por oportunidades para fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID) nacional; o estabelecimento de acordos e intercâmbios que ampliem a capacidade operacional da FAB; e a consolidação da liderança regional na área do entorno estratégico. Em todas as áreas de atuação, essa coordenação do EMAER envolve ações desenvolvidas no exterior, nos países de interesse, e dentro do Brasil. Em apoio à BID, os Adidos Militares no exterior são orientados a promover os produtos estratégicos de Defesa, assim como a buscar oportunidades de parcerias para desenvolvimento de projetos prioritários para a FAB. Vale lembrar que o projeto do KC-390 foi desenvolvido com apoio de nações parceiras. Concomitantemente, são planejadas atividades de promoção da BID dentro do próprio País, por meio de visitas, seminários e encontros. O EMAER coordena para que autoridades governamentais e militares de países de interesse tenham a oportunidade de conhecer algumas indústrias nacionais e a utilização dos produtos de Defesa pelas Forças Armadas brasileiras. O sucesso de vendas da aeronave A-29 Super Tucano para diversos operadores no mundo é fruto dessa estratégia. Não se trabalha somente com a promoção dos produtos da BID, mas


Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Chefe do EMAER reforça que a Governança garante que as ações no âmbito do Comando da Aeronáutica estejam alinhadas com os objetivos estratégicos da FAB, atingindo resultados eficazes

também há ações voltadas à cooperação na área de inovação, em especial na inovação conjunta de novos produtos. Em relação aos acordos e intercâmbios, periodicamente são tratadas as oportunidades de parceria a fim de ampliar a capacidade de preparo operacional da FAB, por meio da utilização compartilhada de potencialidades de forma a economizar recursos orçamentários. A aproximação com a Força Aérea Sueca, derivada do projeto Gripen, tem contribuído para atualização doutrinária e para projeção dos desafios futuros a serem superados. Outro exemplo em que há a contribuição da parceria internacional é o desenvolvimento do setor espacial, abrangendo acesso a conhecimentos, ampliação de capacidades e incremento no uso do Centro de Lançamento de Alcântara. Também podem ser citados os intercâmbios de treinamentos em simuladores.

O Programa de Formação e Fortalecimento de Valores (PFV) tem sido intensificado pelo EMAER. Como o Estado-Maior atua para que esse conjunto de ações envolva todos os integrantes da Força Aérea Brasileira? O Estado-Maior, como gerente do PFV no Comando da Aeronáutica (COMAER), adotou duas linhas de ação para intensificar o programa, uma vez que a instituição reconhece a importância estratégica do PFV, a curto, médio e longo prazos. Ambas as linhas de ação estão sendo estruturadas neste momento pela Primeira Subchefia e serão efetivadas a partir do segundo semestre de 2020. A primeira linha de ação consiste na criação de um Conselho de Ética Militar (CEM), com representantes de cada um dos ODS, assessorados pelo Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), pelo Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica (SARA) e pela Comissão de

Desportos da Aeronáutica (CDA). Este conselho promoverá a atuação transversal do PFV em cada Organização Militar (OM), valendo-se da capilaridade sistêmica que o COMAER possui para incorporá-lo na rotina administrativa e operacional de cada Unidade. O diálogo institucional entre as OM do COMAER já acontece sob a coordenação do EMAER. No entanto, o CEM visa sistematizar e fortalecer estes laços. A segunda linha de ação é a ressignificação do programa, incorporando nas reedições dos normativos do PFV o seu conceito multidimensional, que atuará na promoção do bem-estar social, mental, físico e espiritual do profissional militar, enxergando cada indivíduo de forma plena, promovendo o aperfeiçoamento destes aspectos. O COMAER entende que o PFV auxiliará na edificação destes quatro pilares básicos da construção do caráter militar, de modo preventivo, mitigando a necessidade de ações corretivas. Aerovisão

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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Oficial-General sobre a Assessoria para Estudos Estratégicos: grande benefício para o Comando da Aeronáutica é a qualidade no assessoramento

Afinal, o resultado de um programa de fortalecimento ético abrangente é um profissional militar de alto desempenho, contribuindo de forma decisiva no cumprimento da missão da Força Aérea Brasileira. Para permitir uma melhor mensuração quantitativa/qualitativa da efetividade do Programa, estão sendo desenvolvidos indicadores para aplicação. O Planejamento Baseado em Capacidades (PBC) discute a qualificação e o dimensionamento que a FAB deve ter para estar preparada para os desafios que se apresentarão nos próximos

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anos. O que representa este planejamento e qual deve ser a reação da FAB diante do cenário futuro? O PBC apresenta a oportunidade de uma conexão entre as diversas modalidades de planejamento (por hipóteses, por cenários prospectivos, por ameaças e por recursos), além de permitir uma abordagem integrada dos diversos cenários considerados (também chamados de possibilidades de atuação). Considerando um espaço temporal de 10 a 12 anos, o processo deve propiciar uma contestação das capacidades atuais e em processo de aquisição (no caso de novos

sistemas já contratados), verificando as suas deficiências, lacunas e mesmo se existem excessos, tudo isso em comparação com determinadas capacidades opositoras, considerada a evolução dessas no mesmo espaço temporal. Para cada função capaz de gerar efeitos, ou seja, para cada capacidade, são analisados diversos fatores, sejam a quantidade e a qualidade de pessoal, a nossa doutrina, o adestramento, entre outros. Com essa análise, não só o material é considerado, mas uma gama muito maior de aspectos, que podem influenciar em nosso potencial de atender aos efeitos necessários em cada cenário considerado. Um dos grandes diferenciais do PBC é a busca inicial por soluções não materiais para, posteriormente, caso o desafio não seja atendido, buscar soluções materiais. Uma vez que o Comandante da Força apontou, em sua Diretriz de Comando, a importância do PBC para as diversas definições futuras, desde aquisições de sistemas até a formação de pessoal, o trabalho tem sido levado a cabo com os melhores especialistas da FAB, sejam eles operacionais, logísticos, de comunicações, de pesquisa e desenvolvimento, citando alguns. Dessa forma, buscamos responder às perguntas feitas pelas situações geradas em cada possibilidade de atuação, verificando não só as capacidades necessárias ao emprego e apoio ao emprego do Poder Aéreo, isoladamente, mas também em conjugação com as demais Forças, sempre considerando as orientações do Ministério da Defesa, que, por final, lidera o processo em termos de Brasil. Outro aspecto importante ligado ao processo é a revisão doutrinária da FAB, evidenciada nas diversas concepções relacionadas ao emprego do Poder Aéreo, sejam elas relacionadas ao controle do ar ou mesmo ao comando e controle, citando apenas duas, e como elas estão relacionadas, considerando as possibilidades de atuação e as possíveis ameaças.


Foi criada uma estrutura de Governança no COMAER, com órgãos bem definidos, em todos os níveis, para que a implementação e observância continuada das boas práticas de Governança possam ser mensuradas, acompanhadas e aperfeiçoadas pelos dirigentes do COMAER. O Estado-Maior da Aeronáutica tem trabalhado na implantação da Assessoria de Estudos Estratégicos. Qual é a função dessa assessoria e os benefícios para o Comando da Aeronáutica? A Assessoria para Estudos Estratégicos (AEE) é um setor do EMAER

O projeto Graduado-

Master faz parte do

programa de capacitação e valorização de

O EMAER possui forte interação com os Grandes Comandos. Quais os principais benefícios desta integração? Garantir o alinhamento entre o que foi planejado e a execução pelos diversos Grandes Comandos, evitando superposições e lacunas, é o maior benefício resultante da integração que ocorre entre o EMAER e os demais Grandes Comandos da FAB. Para maior objetividade nessa tarefa de integração, entretanto, destaco a implementação da Governança, regulamentada no COMAER por intermédio da DCA 161/2019, devidamente fundamentada nos princípios, funções e mecanismos de Governança preconizados para a Administração Pública e determinados pelos órgãos de controle. A Governança tem por finalidade garantir que tudo o que se faça ou se busque fazer no COMAER esteja, direta ou indiretamente, alinhado com os objetivos estratégicos da FAB, e que seja feito de forma eficiente, para que sejam atingidos resultados eficazes. Para se alcançar tal desiderato da Boa Governança, busca-se os seguintes propósitos: promover um planejamento institucional, em todos os níveis, que esteja em conformidade com os objetivos estratégicos da FAB; realizar gestão de riscos dos processos atinentes aos objetivos estratégicos e setoriais, para que esses sejam atingidos com eficiência e eficácia, graças à implementação ou o aperfeiçoamento das ações de controle desses processos; acompanhar o desempenho institucional, por meio de índices estratégicos e demais indicadores deles decorrentes; e promover ações ligadas ao Plano de Integridade da Instituição, a fim de prevenir, detectar e corrigir atitudes não condizentes com a Ética Militar, conjunto de regras de conduta preconizadas pelo Estatuto dos Militares, pelo Código Penal Militar, pelo Regulamento Disciplinar da Aeronáutica e pelas demais legislações ou regulamentos, bem como pelas ordens escritas e orais das autoridades militares.

Graduados no Comando da Aeronáutica ...

que tem por finalidade assessorar em assuntos variados de interesse da Força Aérea, relacionados à Defesa Nacional, com ênfase no pensamento político-estratégico aeroespacial. Nessa linha, solicita pesquisas, participa e realiza simpósios de assuntos de interesse da FAB, como o ocorrido ano passado sobre Gestão do Conhecimento, que serviu para a expansão e o fortalecimento da rede de especialistas de diversos órgãos do COMAER. A AEE pratica a Gestão do Conhecimento no sentido mais simples, estruturando redes de peritos em determinados assuntos. Funciona seja por demanda,

seja por prospecção. É um hub, um conector. Ela liga os vários Institutos de Pesquisa, de Gestão Especializada e Escolas da Força Aérea, elos colaboradores para a busca dos melhores resultados sobre um determinado assunto. É gestão do conhecimento em “duas mãos”. A coordenação disso é na AEE. Esses elos de apoio intelectual, acadêmico, tecnológico e especializado buscam subsídios dentro de seus meios orgânicos e também externos junto às universidades, ao ambiente acadêmico, ou ao especializado onde participam, enriquecendo a base de informações sobre os temas de interesse da Força para que seja estruturado o assessoramento mais adequado. E esse é o grande benefício para o COMAER: qualidade no assessoramento. O Projeto Graduado-Master, fruto de estudos realizados pelo EMAER e pelo Comando-Geral do Pessoal (COMGEP), já formou dezenas de militares. Como o senhor avalia a condução do programa até aqui e quais têm sido os resultados práticos? O projeto Graduado-Master faz parte do programa de capacitação e valorização de Graduados no Comando da Aeronáutica e, desde a sua criação, já foram formadas duas turmas, contando atualmente com um número de 25 Graduados-Master. A função exige destacada liderança, reconhecida competência profissional e ilibada conduta pessoal. Sua área de responsabilidade está muito ligada às questões relativas à moral, disciplina, motivação e carreira das demais Praças. Pode-se dizer que o Graduado-Master é o difusor e catalisador das decisões do Comandante da Guarnição, perante os Graduados. O acompanhamento do projeto, por meio de relatórios entregues mensalmente pelos Comandantes das Guarnições que possuem Graduado-Master, tem contribuído para seu constante aprimoramento, além de revelar a sua grande utilidade como ferramenta de Aerovisão

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Quais são os principais projetos estratégicos em andamento no COMAER e como o EMAER tem lidado com as dificuldades orçamentárias considerando que, além dos investimentos necessários, existem demandas extremamente importantes de custeio, como por exemplo, suprimento e manutenção e vida vegetativa das unidades? Os Projetos Estratégicos do COMAER constam do Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER). Neste documento, com última edição em dezembro de 2018, são listados 18 Projetos, agrupados em três eixos estratégicos: Meios de Força Aérea, Infraestrutura Aeroespacial e Tecnologia Aeroespacial. Um descritivo básico do objetivo de cada um dos projetos poderá ser obtido diretamente na publicação, disponível em fab.mil.br/legislacoes. Com relação às dificuldades de balanceamento entre custeio e investi-

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mento, este não é um tema novo, haja vista que sempre houve este impasse. Convém destacar que cada projeto tem uma realidade diferente, mas, de modo geral, a estratégia institucional está focada em envolver toda a Organização nestas poucas prioridades (Projetos Estratégicos), de modo que, mesmo com as eventuais dificuldades financeiras, elas prossigam avançando, com maior ou menor velocidade. Uma das estratégias adotadas foi o

Melhorando o “processo interno, entendo que influenciaremos positivamente fora do ambiente FAB

apoio à decisão aos Comandantes. Dentre outros, pode-se destacar como resultados práticos da atuação dos Graduados-Master: o melhor acolhimento a militares recém-transferidos, melhora dos índices de condicionamento físico da tropa, elevação do padrão disciplinar nas Guarnições e melhor assessoramento dos comandantes em assuntos relacionados ao corpo de Graduados. Importante salientar que os Graduados-Master foram fundamentais durante o processo de aprovação da lei nº 13.954 no ano de 2019, a qual reestruturou a carreira dos militares, uma vez que havia muita desinformação acerca do assunto. Os Graduados-Master foram difusores da correta interpretação da lei e, através de palestras e reuniões em suas Guarnições, conseguiram trazer maior segurança a nossos Graduados, pacificando e homogeneizando o conhecimento sobre o tema. É um projeto complexo ainda em fase de consolidação, mas os resultados obtidos até o momento indicam que estamos na direção correta.

ajuste nas horas de voo. Podemos citar que, até 2010, o COMAER voava ao redor de 180 mil horas anuais, reduzindo-se para em torno de 150 mil entre 2011 e 2014 e um pico inferior de 103 mil horas em 2016. Desde 2017 são planejadas ao redor de 120 mil horas, o que se entende como um parâmetro mínimo que garante a formação e o adestramento das equipagens operacionais. Este tipo de redução propiciou uma redução dos custos relacionados ao suporte logístico da frota, bem como os gastos atrelados a combustível de aviação. Convém destacar ainda o trabalho da Assessoria Parlamentar da Aeronáutica (ASPAER), considerado

fundamental para sensibilizar os membros do Congresso Nacional a fim destinarem maior quantidade de recursos ao COMAER, com vistas à melhoria do serviço a ser prestado à sociedade brasileira. A FAB passou por um recente processo de Reestruturação profundo em sua organização. Existe alguma avaliação sobre esse processo implementado? A conjuntura política, econômica e social que o País atravessava, na qual a nossa Força Aérea se via inserida, apontava para uma premente necessidade de racionalização, simplificação e otimização das suas atividades, com o objetivo de alcançar maior efetividade nas ações e processos administrativos e operacionais. Com isso, ao longo dos anos de 2016 a 2018, tais mudanças foram implementadas e ficaram conhecidas como Reestruturação do Comando da Aeronáutica. Considerando a complexidade e o dinamismo desse processo de Reestruturação, o Comandante da Aeronáutica bem expressou, em sua Diretriz de Comando, de 13 de fevereiro de 2019, o sentimento que ora impera em nossa Instituição e que bem responde à pergunta. Dessa forma, a fim de atender ao documento, o EMAER realizou um estudo visando ao Aprimoramento da Reestruturação, com foco na manutenção das premissas originais estabelecidas em 2016: economicidade; concentração de atividades afins; definição de processos; padronização de trabalhos; e foco na atividade fim da Força (preparo e emprego). Alicerçado na premissa pétrea da reestruturação, que estabelecia a separação entre a atividade operacional e a administrativa, o estudo apontou, dentre outros aspectos, para a necessidade de resgatar a referência e a representatividade do COMAER, a nível regional, além de melhorar a governança e a supervisão matricial e sistêmica de processos. Em maio, foi publicada a


Diretriz para o Aprimoramento da Reestruturação do Comando da Aeronáutica - Projeto Piloto (DCA 19-5/2020). A Força Aérea Brasileira se prepara para chegar ao seu 80º aniversário de criação. Quais são os legados que sua gestão carrega e o que o Estado-Maior dos dias atuais pretende deixar para a construção da Força Aérea dos próximos 80 anos? Quando o COMAER completar seu 80º aniversário, logo depois estarei concluindo meu tempo, após 46 anos de serviço ativo. Acho que a FAB hoje é muito melhor do que aquela que encontrei nos idos de 1975 e isso me dá uma sensação muito agradável. Não gosto muito de falar em legado de minha gestão, pois a intenção é poder dar continuidade ao trabalho dos que me precederam e ter contribuído para o engrandecimento de nossa Organização. Citando algo mais específico, ficaria muito feliz se tivéssemos andado de forma consistente em termos da consolidação do Programa de Formação e Fortalecimento de Valores, pois entendo que essa é uma atividade fundamental para o fortalecimento do ethos de nossa profissão. Nesse mesmo diapasão, a consolidação de métodos de governança que garantam transparência na prestação de contas à sociedade, sobre os resultados obtidos e a utilização dos recursos disponíveis, humanos, organizacionais e orçamentários, de custeio e de investimento, é um caminho que buscamos implementar, mas também extrapola meu período como Chefe do EMAER. A consolidação do Planejamento Baseado em Capacidades é esforço que perpassa a minha passagem pelo EMAER e não pode perder prioridade, independentemente do estágio de maturidade alcançado. Melhorando o processo interno, entendo que influenciaremos positivamente fora do ambiente FAB, como, por exemplo, o processo para a priorização

conjunta dos recursos para aquisições de novos sistemas, ora em implementação sob a liderança do Ministério da Defesa. O esforço deve ser sinérgico, uma vez que os sistemas atuais são cada vez mais caros, os recursos são limitados e as necessidades quase sempre ilimitadas. Essa reflexão sobre os recursos entra em um tema mais amplo do próprio papel do Ministério, em que a atuação ocorre sempre de forma conjunta e muito demandada pelo tempo de reação curto. É uma discussão doutrinária muito importante e que não deve ser atrasada e, obviamente, interfere no papel da FAB. Também o espaço e seus efeitos em todas as áreas, principalmente como forte indutor da indústria de alta

complexidade e valor agregado, são fundamentais para os países realmente soberanos, como o nosso. Esse tema é tão importante, como área de interesse, que muitos países estão criando o Comando Espacial como uma Força Singular (conjunta). Temos a necessidade de continuar os esforços para a consolidação do Centro Espacial de Alcântara (CEA) e de todo o Programa Espacial Brasileiro como um grande objetivo. Entendo que ainda há muito por fazer, mas tenho certeza de que os que se seguirão na chefia e subchefias do EMAER certamente desenvolverão ótimos trabalhos para o equacionamento desses desafios e demandas de uma FAB octogenária. Aerovisão

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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

Tenente-Brigadeiro Amaral fala sobre o Aprimoramento da Reestruturação do Comando da Aeronáutica. Diretriz foi publicada em maio


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esde o surgimento do primeiro caso da COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease 2019), doença infecciosa causada pelo novo Coronavírus, diversos países vêm se esforçando para atenuar os efeitos da pandemia. No Brasil, a situação não é diferente. Após um esforço governamental conjunto para trazer os brasileiros e seus familiares da China, em fevereiro deste ano, na Operação

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Regresso à Pátria Amada Brasil, o País se empenha agora na Operação COVID-19. Com a aprovação do Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, pelo Congresso Nacional, reconhecendo o estado de calamidade pública no Brasil, o Governo Federal acionou o Ministério da Defesa (MD) para atuação na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate à pandemia. Com isso, foi ati-

vado o Centro de Operações Conjuntas (COC), em Brasília (DF), além de dez Comandos Conjuntos distribuídos em todo território nacional, e do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) da Força Aérea Brasileira (FAB), de funcionamento permanente. Ao mesmo tempo em que foi acionado o COC, o Centro de Coordenação de Logística e Mobilização (CCLM), órgão integrante da estrutura do MD, instituiu setores


Organizações Militares da Força Aérea em todo o País demonstram capacidade de pronta-resposta no combate ao novo Coronavírus TENENTE JORNALISTA CRISTIANE DOS SANTOS TENENTE JORNALISTA LETÍCIA FARIA

para agir de forma ampla e coordenada, atuando em ligação com agências e organizações governamentais e não governamentais e em coordenação com as Forças Armadas para execução do deslocamento estratégico de meios, desde a origem até o local de emprego. Em apoio à Operação, o Comando da Aeronáutica (COMAER) disponibiliza recursos operacionais e logísticos para o planejamento e execução das missões.

Além do COMAE, a atuação da FAB na Operação COVID-19 ocorre por meio de ações do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), do Comando-Geral de Apoio (COMGAP), do Comando de Preparo (COMPREP), da Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA), do Comando-Geral do Pessoal (COMGEP), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), do Departamento de Ciência e Tecnologia

Aeroespacial (DCTA) e do Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER). O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, ressalta que todos os recursos necessários para o combate à pandemia estão sendo empregados pela FAB. “A Força Aérea não cessa suas atividades e, por meio de suas ações, transmite à sociedade a mensagem segura de que o povo brasileiro pode sempre contar com ela”, diz.

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Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

DO TRANSPORTE AÉREO LOGÍSTICO À ASSISTÊNCIA HOSPITALAR


Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

EMAER A atuação do EMAER também teve início a partir da necessidade de repatriar brasileiros oriundos da China, quando emitiu a Diretriz de Planejamento que estabeleceu a concepção básica da participação da FAB nas ações logísticas e de acolhimento. O EMAER conduziu, ainda, a coordenação das autorizações de sobrevoo, de decolagem e pouso, por toda a rota, nas diversas escalas técnicas em países da Ásia e da Europa. No âmbito interno, o EMAER editou o Plano de Contingenciamento Específico para enfrentamento ao novo Coronavírus, esclarecendo o efetivo quanto aos riscos da doença e determinando o trabalho no regime de home office. Para o Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, diante dos desafios atuais, fica cada vez mais clara a ne-

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Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

Militares e aeronaves de diversas Unidades da FAB são empregados na Operação COVID-19, coordenada pelo Ministério da Defesa


cessidade da continuidade dos esforços que consolidam o cumprimento da missão da Força Aérea e sua participação no combate ao vírus no Brasil. “O EMAER emitiu a Diretriz de Planejamento visando definir a estratégia da participação dos diversos órgãos da FAB nas ações para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo Coronavírus, dentro do território nacional, em apoio aos órgãos de saúde competentes”, afirma. DECEA Juntamente com suas organizações militares, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) é o provedor dos serviços de navegação aérea. Dentre as ações de auxílio no combate à pandemia, o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Anápolis (DTCEA-AN) reforçou a quantidade de controladores do PAR, em inglês Precision Approach Radar, para a chegada das aeronaves da FAB que foram buscar os brasileiros, pois a previsão

Sargento Marcos Poleto / Agência Força Aérea

Duas aeronaves C-130 Hércules foram acionadas para buscar brasileiros em Cuzco.

meteorológica para a data de chegada exigia a operação por instrumentos. Já o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) gerencia o fluxo de tráfego aéreo nos transportes de materiais emergenciais. Isto é, prioriza os voos que tratam de atividade essencial para sociedade, como transporte de material e medicamentos contra a COVID-19. Também vinculado ao DECEA, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), realiza, dentre outras atividades, a centralização de informações operacionais dos países caribenhos e sul-americanos relacionadas à COVID-19. As ações desenvolvidas, segundo o então Diretor-Geral do DECEA no início da Operação, Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas, têm suma importância. “Estamos atentos às ações de Controle e Defesa do espaço aéreo, atividade de extrema necessidade para a sociedade brasileira, visto que o serviço continua operando, mesmo que de forma reduzida, e que

é, muitas vezes, pelos ares que estão chegando grande parte dos materiais emergenciais e essenciais no controle e combate à pandemia”, salienta. COMGAP O Comando-Geral de Apoio (COMGAP) atuou, por meio da Base Aérea de São Paulo (BASP), nas ações de repatriação de brasileiros d a C h i n a e Pe r u . C o n t r i b u i u , ainda, na logística de recebimento, carregamento e distribuição de insumos e equipamentos para d i ve r s a s l o c a l i d a d e s d o B r a s i l . Para que os serviços da FAB se mantenham, a Diretoria de Tecnologia da Informação de Aeronáutica (DTI) provê às Organizações Militares ferramentas de trabalho remoto, como vídeoconferência, acesso aos sistemas internos e armazenamento de arquivos em nuvens. O ComandanteGeral de Apoio, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, garante que, orientado pela missão da Aerovisão

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Força Aérea Brasileira e pelas diretrizes do Comandante da Aeronáutica, tem alocado todos os meios disponíveis, humanos e materiais, no enfrentamento da COVID-19. “Nesse sentido, os maiores esforços serão envidados para que as aeronaves da FAB estejam disponíveis para o cumprimento das tarefas recebidas, em apoio ao esforço nacional de combate à pandemia”, pontua. COMPREP Desde o início do combate à pandemia, o Comando de Preparo (COMPREP) está envolvido nas mais distintas atividades. Após o retorno dos brasileiros de Wuhan, o Comando apoiou a quarentena dos repatriados. Com o encerramento da ação, passou a atender às demandas do apoio no Transporte Aéreo Logístico, com o envolvimento dos Esquadrões, de prontidão para cumprir as missões. O Comandante de Preparo, TenenteBrigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar, lembra que, desde a primeira ação do Governo Federal, que deflagrou o enfrentamento ao vírus, o COMPREP está presente. “Atuamos na concepção de preparo das tropas empregadas, além de disponibilizarmos as instalações das Alas, dando apoio às missões de Transporte Aéreo Logístico, tanto de material quanto de pessoal, para que possamos enfrentar e superar esse obstáculo que o País atravessa”, comenta. COMAE São de responsabilidade do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) a execução e o controle das operações aeroespaciais. O Comando já atuou em ações de Transporte Aéreo Logístico para levar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), medicamentos, respiradores hospitalares, profissionais de saúde, entre outros materiais. Desde o dia 27 de abril, aeronaves da FAB se concentram em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ), de onde decolam para cumprir as missões demandadas pelo Centro de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa,

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Missões de Transporte Aéreo Logístico têm levado insumos e equipamentos de saúde para diversas regiões do País


COMGEP O Comando-Geral do Pessoal (COMGEP) tem acompanhado a evolução dos cenários por meio da Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA), das Subdiretorias de Logística, Técnica e de Perícias Médicas e das Organizações de Saúde da Aeronáutica (OSAs). Profissionais de saúde do Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto Teixeira (IMAE), por exemplo, acompanharam presencialmente os brasileiros vindos da China e do Peru. Com sua capacitação doutrinária de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), o IMAE realizou o adequado monitoramento dos passageiros transportados, seguindo os rígidos protocolos de segurança. Outra ação, voltada para o momento, trata-se da parceria entre a DIRSA e o Instituto de Psicologia da Aeronáutica Aerovisão

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Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

prestando apoio aos dez Comandos Conjuntos ativados. Estão à disposição aeronaves como: KC-390 Millenniun, C-130 Hércules, C-105 Amazonas, C-99, VC-99, C-97 Brasília, C-98 Caravan e C-95 Bandeirante. As missões não se limitam ao território nacional. Após duas aeronaves VC-2 (Embraer 190) realizarem o transporte de 34 brasileiros de Wuhan, na China, até a Ala 2 - Base Aérea de Anápolis (GO), em apoio à Operação Regresso à Pátria Amada Brasil, a FAB empregou duas aeronaves C-130 Hércules para resgatar cerca de 70 brasileiros que estavam em Cuzco, no Peru, impedidos de voltar ao País, devido ao fechamento das fronteiras em ação de combate ao novo vírus. Também foi realizada uma missão para repatriar brasileiros que estavam na Venezuela. De acordo com o Chefe do Estado-Maior Conjunto do Comando de Operações Aeroespaciais, Major-Brigadeiro do Ar Ricardo Cesar Mangrich, praticamente todos os meios de transporte da Força Aérea estão empenhados. “Nossa atuação é 24 horas por dia e sem data definida para terminar”, esclarece.


Integração entre os Grandes Comandos da Força Aérea Brasileira permite a execução de atividades que vão desde o transporte mais complexo até o atendimento mais humanizado

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Sargento Marcos Poleto / Agência Força Aérea Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

SEFA O apoio logístico e financeiro promovido pela Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA) também é destaque na FAB durante a Operação COVID-19. Desde a missão que buscou brasileiros na China, a Secretaria atua com ações de dimensionamento de recursos humanos e financeiros para garantir as medidas implementadas. Além disso, é responsável pela aquisição de materiais e equipamentos necessários e pela montagem do Hospital de Campanha (HCAMP) na Base Aérea de Santos (BAST). A Organização cedeu o hangar operacional para a Prefeitura de Guarujá, para montagem do Hospital de Campanha. São 70 leitos de apoio à rede municipal, sendo 50 clínicos e 20 de UTIs, em uma estrutura composta por tendas, que totalizam

Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

(IPA). Foi criada a Central de Atendimento para apoio psicológico aos profissionais do Sistema de Saúde da Aeronáutica (SISAU). Além disso, os Hospitais da Força Aérea adequaram um Setor de Triagem exclusivo, segregado do corpo do Hospital, para o primeiro atendimento aos pacientes suspeitos de COVID-19. Para atender à demanda crescente, o Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP), por exemplo, realizou treinamentos de pessoal, aquisição de equipamentos, adequações estruturais, entre outras ações. O Laboratório QuímicoFarmacêutico da Aeronáutica (LAQFA) atua na produção e envasamento de álcool em gel, com uma meta de 200 litros por dia. O Comandante-Geral do Pessoal da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, esclarece que o COMGEP atua de forma coordenada na área da Saúde. “A FAB faz o que pode ser feito de melhor no combate ao novo Coronavírus e tendo como foco um atendimento com qualidade, rapidez, precisão e humanidade”, disse. A atuação está baseada nas Portarias 358 e 359/GC3, que estabelece as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional.


1.900 m² de área. Em ação coordenada entre o Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC), a BAST e os Grupamentos de Apoio dos Afonsos (GAP-AF) e de São Paulo (GAP-SP), a FAB iniciou a produção e distribuição de refeições para caminhoneiros que trafegam pela rodovia SP-055. A estrutura montada próximo ao Porto de Santos, no litoral paulista, entrega cerca de 800 “quentinhas” diariamente. Para o Secretário de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, o trabalho é realizado em consonância com as diretrizes do Governo Federal. “Estamos envidando esforços em diversas áreas, como a montagem de HCAMP, orientações regimentais para aquisições e contratos, adaptações nos refeitórios e nas viaturas, campanhas informativas e de prevenção, bem como aquisições de materiais, bens

e insumos para o enfrentamento ao Coronavírus”, reforça. DCTA Em São José dos Campos (SP), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), vinculadao ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), se empenha para encontrar soluções úteis à sociedade. Um dos laboratórios do ITA, o Centro de Competência em Manufatura (CCM) coordena a produção de peças criadas por manufatura aditiva e impressoras 3D. A intenção é auxiliar na produção de equipamentos para uso em ventiladores e respiradores mecânicos, além de máscaras. “O DCTA emprega parte de seus recursos humanos para o combate à COVID-19. Engenheiros e técnicos oferecem à sociedade sua expertise, e colocamos à disposição de entidades e empresas da área da saúde a estrutura de laboratórios do

Campus”, afirma o Diretor-Geral do DCTA, Major-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara. GABAER No âmbito do Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER), a atuação na Operação COVID-19 ocorre desde as primeiras tratativas para que a Força Aérea Brasileira pudesse oferecer todos os seus meios e condições em prol da nação. Para tanto, foi publicada uma portaria que estabeleceu medidas para o enfrentamento ao vírus, bem como estão à disposição aeronaves do Grupo de Transporte Especial (GTE). As poltronas de passageiros de uma das aeronaves foram removidas para permitir o transporte de maior peso e volume de carga, chegando a até 4.000 quilos. Uma das missões realizadas foi o envio de respiradores hospitalares para serem recuperados e de vacinas para os estados do Tocantins e do Amapá. Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

Aeronaves K-390 Millennium do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) empregadas em Missões de Transporte Aéreo Logístico

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HOMENAGEM

ASAS QUE PROTEGEM O PAÍS Ao ser acionada, para cada missão, a Força Aérea Brasileira entra em ação com suas tripulações a bordo das mais distintas aeronaves, sejam elas de Asas Rotativas, de Caça, de Patrulha, de Transporte, de Reconhecimento ou de Busca e Salvamento TENENTE JORNALISTA LETÍCIA FARIA

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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

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ara proteger um cenário tridimensional que inclui uma área de 22 milhões de km², a Dimensão 22, a Força Aérea Brasileira (FAB) cumpre ações de Controlar, Defender e Integrar por meio das Aviações de Asas Rotativas, de Caça, de Patrulha, de Transporte, de Reco-

nhecimento e de Busca e Salvamento. Em todo o território nacional, de forma estratégica, a FAB conta com Esquadrões especializados para cumprir cada uma das missões, mantendo a soberania do espaço aéreo e integrando o território nacional, com vistas à defesa da Pátria. São as asas que protegem o País. Aerovisão

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Flexibilidade e versatilidade são algumas das características das aeronaves de Asas Rotativas. A primeira missão de resgate em combate ocorreu em 1964 e, desde então, em 3 de fevereiro, é comemorado o Dia da Aviação de Asas Rotativas. A FAB conta, atualmente,

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com o H-50 Esquilo, aeronave usada na formação dos pilotos; H-60 Black Hawk e H-36 Caracal, aeronaves multimissões empregadas em Missões de Busca e Salvamento, Busca e Salvamento em Combate, Evacuação Aeromédica e Transporte Aéreo Logístico; e o AH-2

Sabre, aeronave de ataque. A perspectiva para o ano de 2020, bem como ações futuras da Aeronáutica, conforme o Comando de Preparo (COMPREP), é dar continuidade ao treinamento de Reabastecimento em Voo (REVO) com as aeronaves H-36 Caracal.

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

AVIAÇÃO DE ASAS ROTATIVAS


Divulgação: SAAB

AVIAÇÃO DE CAÇA O Dia da Aviação de Caça é comemorado em 22 de abril. Nessa data, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizou o maior número de surtidas na Itália, quando foram cumpridas 44 missões de guerra, tendo destruído mais de 100 alvos. Atualmente, os pilotos de caça operam as aeronaves F-5M, A-1M e A-29 Super Tucano. Além disso, uma série de ações estão acontecendo para o efetivo recebimento e implantação do F-39 Gripen, o novo caça supersônico da Força Aérea Brasileira. A aeronave já foi apresentada na Suécia e o primeiro simulador, inaugurado em Gavião Peixoto (SP). Algumas implementações tecnológicas estão em curso, como a integração do Targo, visor acoplado ao capacete, que permitirá piloto visualizar dados reais e virtuais do alvo, facilitando, assim, a tomada de decisões no campo de batalha.

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Soldado Silva Lopes / Agência Força Aérea

AVIAÇÃO DE PATRULHA Com a responsabilidade de vigiar 24 horas por dia uma área de aproximadamente 13,5 milhões de km² sobre o litoral brasileiro, a Aviação de Patrulha tem seu dia comemorado em 22 de maio. De acordo com a história, a atuação teve início em 1942, quando o Brasil se viu aviltado pelos sucessi-

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vos afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. Com apenas um ano e meio de existência, a FAB iniciou uma atividade para superar as dificuldades que envolviam a falta de aeronaves apropriadas para a guerra antissubmarina e de pessoal devidamente treinado. Atualmente, as aeronaves ope-

radas pelos Esquadrões são o P-3AM Orion e o P-95BM Bandeirulha. Pensando no crescimento e no domínio do espaço aéreo, os pilotos participam de diversos Exercícios Operacionais de Patrulha Marítima e Antissubmarino. A Patrulha integra a Aviação de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento.


Soldado Felipe Coelho / Agência Força Aérea

AVIAÇÃO DE TRANSPORTE Em homenagem a uma de suas mais célebres missões, o Correio Aéreo Nacional (CAN), comemorase o Dia da Aviação de Transporte em 12 de junho. Neste dia, em 1931, ocorreu o primeiro voo do CAN da história, saindo do Rio de Janeiro com destino a São Paulo para transporte de

um malote com cartas. Atualmente, a FAB conta com Esquadrões da Aviação de Transporte que operam as aeronaves KC-390 Millennium, K/C-130 Hércules, C-105 Amazonas, C-99 (Embraer 145), C-97 Brasília, C-95 Bandeirante, C-98 Caravan, U-55 Learjet e U-100 Phenom. Buscando o

incremento operacional, a capacitação tecnológica e um expressivo avanço para a indústria aeronáutica brasileira, já foram incorporadas à FAB três modelos da aeronave multimissão, que contam com o sistema de comando de voo eletrônico fly-by-wire, maior capacidade de carga e velocidade. Aerovisão

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A Aviação de Reconhecimento, que comemora seu dia em 24 de junho, atua em uma gama variada de cenários, cumprindo ações de Controle e Alarme em Voo e Reconhecimento Aéreo. As aeronaves de reconhecimen-

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to também fazem parte da história do Brasil, uma vez que colaboraram com a realização de levantamentos aerofotogramétricos de relevo, curso dos rios, queimadas, desmatamentos, mapeamento de carvoarias clandestinas, entre outros. Atualmente, a FAB

conta com as seguintes aeronaves: A-1M, R-99, R-35A, R-35AM, RQ-900, RQ-450, RQ-1150 e com o E-99M, que integram a Aviação de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento

Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

AVIAÇÃO DE RECONHECIMENTO


A data de comemoração da Aviação de Busca e Salvamento é em 26 de junho. A missão dos tripulantes que atuam nesta Aviação está em localizar e socorrer ocupantes de aeronaves e embarcações em situações de perigo. Milhares de vítimas de acidentes aeronáuticos e marítimos foram socorridas

e localizadas pela FAB em operações de Busca e Salvamento (SAR, do inglês, Search And Rescue). Recentemente, a FAB recebeu o SC-105 Amazonas SAR. Trata-se da segunda aeronave do Projeto CLX-2, e a primeira a ser entregue com o Sistema de Reabastecimento em Voo (REVO), o que permitirá ampliar

sua capacidade operacional. A chegada do SC-105 coloca a FAB na vanguarda da Busca e Salvamento, criando, assim, um novo conceito, o SAR² (Search and Rescue x Synthetic Aperture Radar), diante da possibilidade de buscar sobreviventes em condições meteorológicas desfavoráveis ou no período noturno.

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Cabo André Feitosa / Agência Força Aérea

AVIAÇÃO DE BUSCA E SALVAMENTO


ESQUADRÃO ARARA

Unidade Aérea iniciou suas atividades operacionais em 1970

50 ANOS INTEGRANDO A AMAZÔNIA Sediado na Ala 8, em Manaus (AM), Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1º/9º GAV) chega ao jubileu de ouro como referência em missões operacionais e ações cívico-sociais no Norte do País TENENTE JORNALISTA JONATHAN JAIME

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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea

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raras são aves admiradas por sua inteligência, fidelidade, longevidade, habilidade de voo e robustez. Dentre outras características, são, também, essenciais para o ecossistema, especialmente na Amazônia brasileira, onde podem ser encontradas com frequência. Nesse habitat, há 50 anos, uma Unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) constrói sua história ins-

pirada nos predicados desse pássaro típico. O Esquadrão Arara (1º/9º GAV) chega ao seu cinquentenário carregando a missão de integrar a Região Norte, transportando passageiros e cargas para os lugares mais remotos do País. “A Região Amazônica tem a característica peculiar de não possuir uma malha rodoviária como todas as outras áreas do País, sendo todo transporte direcionado para os modais aéreo e flu-

vial. Mas até mesmo as embarcações, em determinada época do ano, têm seu deslocamento restrito devido à seca dos rios. Nesse contexto, o Esquadrão Arara tem uma participação fundamental, nos seus 50 anos de existência, no desenvolvimento da Amazônia”, destaca o Comandante do 1º/9º GAV, Tenente-Coronel Aviador Leonardo Amorim de Oliveira. Criado em 31 de março de 1970,

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o versátil Esquadrão realiza ações de Assalto Aeroterrestre, Infiltração Aérea, Exfiltração Aérea, Evacuação Aeromédica e Transporte Aéreo Logístico. Apoia a presença das Forças Armadas na região de fronteira, demais órgãos governamentais e a população civil da Amazônia. Desempenha, ainda, outras ações complementares, como as cívico-sociais. A versatilidade no cumprimento de tantas missões é refletida na quantidade de histórias acumuladas nas vidas “dos Araras”, como são chamados os integrantes do Esquadrão, seja a bordo da aeronave C-105 Amazonas, operada nos dias atuais pela Unidade, seja nas asas do C-115 Buffalo, que voou no período de 1970 a 2008. Um dos fundadores do Núcleo do 1º/9º GAV, o Coronel da Reserva Carlos José Pollhüber, Arara número 7, lembra com clareza dos anos que voou no C-115 Buffalo. “Fiquei no Esquadrão até setembro de 1971, acompanhando missões vitais de transporte e apoio humanitário, em especial para locais de acesso restrito”, lembra. O Veterano, à época no posto de Capitão, recorda-se que, naquele tempo, a atividade aérea noturna na região era um “tabu” por conta dos incidentes que eram registrados neste tipo de voo. “Em certa ocasião, fui escalado diretamente pelo Comandante da 1ª Zona Aérea para uma missão à noite no trajeto Manaus - Belém - Manaus. Foi concluída com sucesso, sem problema algum. Foi um voo delicioso, com a iluminação de uma lua cheia, um voo visual deslumbrante. Foram horas inesquecíveis, tanto por quebrar aquele receio de operações noturnas, como pela empolgação de visualizar uma Amazônia diferente”, discorre. Para os Araras mais modernos e aqueles que ainda construirão a história dos próximos 50 anos, o Coronel Pollhüber busca palavras inspiradas naquela noite no céu da selva. “Nunca esmoreçam, um Arara sempre será um elemento essencial para o desenvolvimento da nossa querida Amazônia e para a proteção do Brasil”, conclui.


Aeronaves da Força Aérea apoiam atuação de militares do Exército Brasileiro na Amazônia

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Tenente Adalberto / 1º / 9º GAV

Acervo: 1º/ 9º GAV

Ícone da Aviação de Transporte, o C-115 Buffalo participou da integração da Região Norte


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Tenente Adalberto / 1º / 9º GAV

Acervo: 1º/ 9º GAV

Acima, imagem regis tra a construção do hangar em Manaus (AM). Ao lado, estrutura atual recebe o C-105 Amazonas


Arara 279 O Tenente Aviador Matheus Protásio do Nascimento chegou no Esquadrão há apenas cinco anos. Mais do que suprimentos e bons préstimos às mais diversas instituições que auxiliam a FAB no controle, defesa e integração da região, ele acredita que o 1º/9º GAV carrega esperança e dignidade para as comunidades mais desprovidas. Para o Oficial, a missão mais marcante que cumpriu foi um acionamento para transportar um órgão, em novembro de 2018. “Fomos buscar um fígado em Cacoal [RO]. Decolamos com uma equipe médica do Hospital das Clínicas de Rio Branco e, em menos de duas horas, pousamos no destino. O procedimento de retirada do órgão durou aproximadamente três horas e, de pronto, retornamos à capital acreana”, detalha o Arara 279. O jovem piloto se orgulha do relato estar junto a tantas outras narrativas de Veteranos do Esquadrão. “A bordo do C-115 Buffalo, outros Araras participaram da árdua tarefa de desenvolver a Região Amazônica e devemos agradecê-los por terem colocado o 1°/9° GAV em posição de destaque. É uma grande honra dar continuidade a este

trabalho, que é realizado há 50 anos, ao lado de gente que mantém elevado o nome da Unidade”, relata o Tenente Protásio. Para sempre Arara A história de vida do Suboficial Mecânico de Aeronaves Evandro Cesar Bastos se confunde com as memórias do Esquadrão Arara. Ele está há 30 anos na Unidade Aérea, o que equivale a praticamente toda sua carreira na FAB. Já foi Mantenedor do C-115, Inspetor de Manutenção, Encarregado da Seção de Operações, Mecânico Instrutor do C-115 e do C-105, entre outras funções. “Assisti o 1º/9º GAV em todas as suas tarefas para desbravar e integrar a Amazônia. Eu vi nascerem Pelotões Especiais de Fronteira com o nosso apoio, vi a FAB dar assistência a obras grandiosas na Amazônia”, lembra. O militar disse que se deu conta de que estava em um Esquadrão tão fundamental para a Amazônia quando, ainda muito jovem, como Terceiro Sargento, foi acionado para participar da missão de resgate do voo Varig 254, em 1989. A aeronave, que partiu de São Paulo (SP) com destino a Belém (PA), teve que fazer um pouso forçado no meio da floresta. “O avião em que eu estava transportou os corpos das vítimas. Tínhamos que cumprir a missão. Então, fomos lá e cumprimos. Ao longo de sua história, o Arara não colaborou apenas com a comunidade militar, mas com toda a sociedade civil, pelo desenvolvimento da região”, finaliza o Suboficial. História O Esquadrão Arara teve sua primeira sede de comando em Belém (PA), ainda como Núcleo, no período de 31 de março a 17 de abril de 1970, sob a gestão do Major Aviador Raimundo Alves Campos. Em seguida, seu efetivo e material foram transferidos para Manaus (AM), onde iniciou as atividades operacionais, desta vez comandado pelo Major Aviador Camilo Ferraz de Barros. A partir do ano de sua ativação, o Esquadrão recebeu aeronaves C-115 Buffalo, de fabricação canadense e características que permitiam operação de pouso e decolagem em pistas não preparadas, o que proporcionou o cumprimento das mais diversas missões do Esquadrão. Os aviões C-105 Amazonas foram entregues em 2007. A aeronave faz a ligação da capital do Amazonas com aeródromos e sítios radar espalhados por toda a região e ainda executa missões em apoio ao Exército, levando suprimentos aos Pelotões Especiais de Fronteira. Aerovisão

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Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

DEFESA CIBERNÉTICA

PREVER PARA PROTEGER Antecipação aos ataques cibernéticos é tratada como necessidade tática para as Forças Armadas

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a mesma velocidade que avançam as novas tecnologias, surgem as tentativas de explorações cibernéticas aos bancos de dados das mais distintas Organizações, sejam elas privadas ou públicas. Na Força Aérea Brasileira (FAB), a Defesa Cibernética, uma das ações previstas em sua Doutrina Aeroespacial, trabalha a necessidade tática de proteger todo o sistema, antecipando-se aos possíveis ataques dos hackers. Militares que atuam na área de proteção cibernética precisam estar preparados para tais manifestações, utilizando métodos ou buscando soluções inovadoras para a Defesa Cibernética. Essa ação consiste em empregar meios de Força Aérea para proteger os Sistemas de Comuni-

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Focados no ambiente de colaboração no combate aos ataques cibernéticos, as Forças Armadas atuam de forma integrada

cações e Tecnologia da Informação para Comando e Controle (SCTIC²) das Forças Amigas, para obter dados para produção de conhecimento de inteligência e para causar prejuízos aos sistemas similares do oponente. O Centro de Computação da Aeronáutica de Brasília (CCA-BR) é a Organização Militar (OM) da Força que atua, de forma integrada com outros Centros do Brasil, na realização das ações de proteção cibernética, que é a atividade defensiva para neutralizar ações suspeitas e explorações realizadas contra as Forças. A capacidade de gestão de incidentes de redes é executada, não somente pelo CCA-BR, mas por outros atores da FAB, como as Equipes de Tratamento de Incidentes de Redes (ETIRs).


O caminho da proteção As Capacidades Operativas com atuação na FAB caminham para o desenvolvimento de métodos que poderão ser divididos da seguinte forma: grupo com foco em eventos ocorridos, que é responsável pela detecção e tratamento de incidentes cibernéticos. Em seguida, o grupo com foco no status dos serviços críticos, que identifica,

analisa e avalia os riscos. E, por fim, o grupo de consciência situacional e pronta-resposta, o qual promove a verificação constante dos dados de ataques, informando o nível de alerta cibernético. “É com base neste nível que a pronta-resposta deve atuar, podendo ser branco, que é considerado baixo; azul, moderado; amarelo, médio; laranja, alto; e vermelho, muito alto. Essa capacidade é responsável por elaborar, e testar, frequentemente, o plano de pronta-resposta para todos os serviços críticos, o que inclui ações para cada um dos níveis de alerta cibernético”, explica o Chefe da Área de Proteção Cibernética do CCA-BR, Capitão Rafael Oliveira da Rocha. Novo sistema O Sistema Integrado de Análise de Ameaça Cibernética (SIA²Ciber) é um projeto que pretende promover ao Centro de Tratamento e Resposta a Incidentes das Forças Armadas do Ministério da Defesa, do Governo e do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), melhor efetividade e eficácia no combate aos inimigos virtuais. O foco central é prever para proteger, ou seja, antecipar-se aos possíveis ataques cibernéticos. O projeto é de autoria do Chefe da

Seção de Análise de Incidentes do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), Tenente-Coronel Aviador James de Castro Martins, Mestre em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Doutorando na área de cibernética pela Universidade de Brasília (UnB). “A iniciativa tem a finalidade de proporcionar a automatização da análise de incidentes cibernéticos e a predição da ameaça cibernética às Forças Armadas e órgãos de interesse, explica. Esse estudo, que está em fase de concepção e tem aplicabilidade à Marinha, ao Exército e à FAB, faz com que as equipes que tratam das ocorrências tenham maior celeridade e consciência situacional, além de outros atributos indispensáveis à mitigação de ataques e efeitos colaterais. Focados neste ambiente de colaboração no combate às adversidades cibernéticas, as Forças Armadas atuam integradas. “As Forças enviam seus incidentes e informações relacionados ao comportamento do espaço cibernético por meio de um Gestor de Eventos. O CDCiber atua em ações que contribuem com a defesa cibernética das Forças”, comenta o Tenente-Coronel. Soldado A. Soares / Agência Força Aérea

Combate O CCA-BR é quem coordena e facilita o trabalho das ETIRs do Comando da Aeronáutica em todo Brasil, com profissionais especializados no combate aos inimigos cibernéticos dos mais diversos sistemas da FAB. A Força Aérea, eminentemente tecnológica, se preocupa em desenvolver suas capacidades cibernéticas a fim de viabilizar o cumprimento de sua Missão. Esse desenvolvimento tem como principal desafio a grande complexidade e variedade de serviços críticos que devem ser protegidos contra as ameaças, o que exige constante capacitação e pessoal especializado em sua área de atuação. A ETIR do Grupamento de Apoio de São José dos Campos (SP) é especializada no tratamento de ataques afetos à pesquisa, ao desenvolvimento e ao ensino. A ETIR DECEA, com unidades nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Distrito Federal e Amazonas, atua quando ocorrem ações suspeitas envolvendo o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). A ETIR CCA-RJ, no Rio de Janeiro (RJ), conta com profissionais atuando nos sistemas hospedados em seu centro de processamento de dados. Esta unidade também dá suporte aos incidentes cibernéticos que ocorrem na Universidade da Força Aérea (UNIFA). Já a ETIR Central, que está localizada em Brasília, é especializada no tratamento de movimentos nas estruturas hospedadas no sistema do CCA-BR.

O Centro de Computação da Aeronáutica de Brasília é a Organização Militar que atua de forma integrada com outros centros, na realização das ações de proteção sibernética

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EXCELÊNCIA

ITA: 70 ANOS DE SONHOS REALIZADOS E PROJETOS CONCRETIZADOS Orgulho para o Brasil e referência no ensino, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica comemora sete décadas de contribuições para a indústria aeronáutica nacional TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA

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otivo de orgulho para os brasileiros, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos (SP), comemora 70 anos em 2020. São sete décadas de contribuições, principalmente para a indústria aeronáutica nacional. Criado em 1950, o Instituto foi idealizado pelo Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho (1904-2000), pioneiro do Correio Aéreo Nacional e Doutor Honoris Causa em Engenharia Aeronáutica pelo ITA. De lá para cá, o sonho não apenas se tornou realidade, como se transformou numa Instituição de excelência na área da educação e um centro de referência no ensino de Engenharia no Brasil. Em uma escala constante, o ITA vem figurando entre as melhores faculdades do Brasil. Em 2018, no último resultado do Índice Geral de Cursos (IGC) – um indicador de qualidade que avalia as Instituições de Educação Superior, cujo cálculo é realizado pelo Ministério da Educação –, o Instituto ranqueou entre as dez melhores faculdades do País. Instituto Tecnológico de Aeronáutica figura entre as melhores faculdades do País, oferecendo cursos de excelência há 70 anos

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O ITA foi inspirado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, com o objetivo de formar engenheiros de excelência e desenvolver tecnologia aeronáutica de ponta

Sob jurisdição do Comando da Aeronáutica (COMAER), o ITA é uma Instituição universitária pública, que integra o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Especializado nas áreas de ciência e tecnologia no Setor Aeroespacial, o Instituto oferece cursos de graduação em Engenharia, pós-graduações em nível de Doutorado, Mestrado, Mestrado Profissional e Especialização, além de cursos de extensão. História: O Visionário Em 1945, no local que seria o futuro campus do ITA, o Marechal Casimiro fez uma apresentação. O público era um grupo de Oficiais do Estado-Maior da Aeronáutica. O então sonhador expôs, sobre o chão e segura por pedras, uma carta aerofotogramétrica (mapa com dados topográficos por meio de foto-

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grafias aéreas). Ora apontando para o papel, ora para o vasto descampado, o visionário Marechal afirmou: “Aqui construiremos o túnel aerodinâmico; mais à direita, o laboratório de motores; ali, a área residencial: casas e apartamentos para os professores, Oficiais e pessoal da administração e alojamento para os alunos. Ali à esquerda, os edifícios escolares e laboratórios. Aqui será o futuro aeroporto. Esta área está reservada para a indústria aeronáutica. Tudo isso constituirá o Centro Técnico da Aeronáutica”. Cinco anos depois, o ambicioso projeto começou a ser concretizado. Fruto de intensa cooperação internacional, o ITA foi inspirado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, com o objetivo de formar engenheiros de excelência e desenvolver tecnologia aeronáutica de ponta.

Como as obras ainda estavam sendo desenvolvidas, o primeiro curso foi iniciado numa sala (405-A), da então Escola Técnica do Exército (EsTE), hoje Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro (RJ). Em 14 de março de 1950, o Exame para o Curso de Preparação de Engenheiro Aeronáutico passou, da Escola Técnica do Exército, para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos (SP), por já se encontrarem as obras da nova escola em adiantado estágio de construção. Os primeiros grandes projetos desenvolvidos por professores, ex-alunos e alunos do ITA, em laboratórios do então Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD), foram o Projeto Convertiplano (aeronave híbrida de decolagem vertical, que contém características tanto de aviões quanto


Divulgação: ITA

Acervo: ITA

Acervo: ITA

Laboratório de Química ontem e hoje: Instituto se transformou em centro de referência em ensino no Brasil

de helicópteros), idealizado em 1952, e o Projeto Beija-Flor (helicóptero de rotor rígido com capacidade para duas pessoas). O BF 1 Beija-Flor fez o primeiro voo em 1958, simbolizando um importante estágio da engenharia aeronáutica brasileira. Comemorava-se, afinal, o primeiro helicóptero projetado e construído no Brasil. Para o Reitor do ITA, Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia, entre os fatos mais marcantes na história do Instituto estão as intensas participações de professores e pesquisadores estrangeiros nas primeiras décadas de sua existência, que propiciou a criação das Divisões de Aeronaves (1950), Aerovias (1950), Eletrônica (1951) e Mecânica (1962). Posteriormente, foram ainda criados os Cursos de Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica (1975), de Computação (1989) e Aeroespacial (2010). Aerovisão

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Relevantes contribuições para a Defesa Nacional A Instituição coleciona relevantes contribuições para o setor de Defesa no Brasil. “Principalmente na formação de Recursos Humanos. Por exemplo, cerca de 30% dos engenheiros que atuam no Projeto KC-390 Millennium são ex-alunos do Programa de Especialização em Engenharia (PEE) / Mestrado Profissional (MP) Embraer-ITA”, afirmou o Reitor. Além do mais, desde 1998, atendendo a demandas do Comando da Aeronáutica, o ITA tem criado cursos de pós-graduação vocacionados para a formação de pessoal oriundo do setor operacional das Forças Armadas. “Conta, atualmente, com cursos regulares de especialização em guerra eletrônica, análise operacional e armamento aéreo, oferecidos anualmente no calendário escolar do ITA, que já formou cerca de 250 especialistas para as Forças Armadas Brasileiras”, explicou o Reitor. No entanto, a contribuição do ITA vai além. A equipe especializada em aplicações operacionais do seu corpo docente e de pesquisadores, bem como a infraestrutura de laboratórios existente, tem sido constantemente demandada para prestar serviço em campanhas de avaliações operacionais e testes em sistemas de defesa de aeronaves militares, como, por exemplo, as aeronaves H-36, SH-16, A-1M, P-3 AM, R-35, C-105 e AH-2. “Essa mesma equipe tem prestado consultoria técnico-científica quanto aos requisitos dos sistemas de guerra eletrônica das aeronaves recentemente adquiridas pela FAB, como o F-39 Gripen e o KC-390 Millennium, bem como para a concepção e especificação do estande de guerra eletrônica da FAB”, pontuou o Professor Anderson. Na área de guerra eletrônica, o ITA tem desenvolvido pesquisas de vanguarda diretamente aplicadas ao setor operacional das Forças Armadas, em especial a geração de cenários radar de múltiplas emissões eletromagnéticas. Além disso, realiza pesquisas na área de predição de assinatura radar de aeronaves militares, por simulações computacionais, caracterização de materiais absorvedores de radiação eletromagnética e medição de assinatura infravermelha de aeronaves militares, entre outras tecnologias.

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Acervo: ITA

ITA hoje e os principais avanços para o Brasil De acordo com o Reitor, o ITA foi o primeiro Instituto criado pela Comissão de Organização do Centro Técnico Aeroespacial (COCTA), com marcante atuação na criação do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) e do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em 1954. Por meio de seus ex-alunos, contribuiu para a criação do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e demais Institutos que, hoje, compõem o DCTA, um dos maiores complexos científico-tecnológicos militares do Hemisfério Sul. “Teve ainda forte participação, pelo pioneirismo da criação do primeiro Curso de Engenharia Eletrônica do Brasil, na implantação do sistema de telecomunicações no País [através da Embratel]”, lembrou o Reitor. “O ITA e o CTA tiveram papel decisivo na criação da Embraer, em 1969”, completou. Além da Embraer-Defesa, outras empresas foram criadas por ex-alunos do ITA, entre elas a Avibrás e a Mectron (agora, SIATT: Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico). E o pioneirismo do ITA não para por aí. O Professor Doutor Anderson Ribeiro destacou que o Instituto foi precursor, também, na estruturação no País da Pós-Graduação stricto sensu no modelo atual (inspirado no americano), tendo formado o primeiro Mestre na área de Engenharia, em 1961, e o primeiro Doutor, em 1970.

Acervo: ITA

Acima, Marechal Casimiro apresenta projeto das futuras Instalações. Ao lado, estrutura é erguida em São José dos Campos (SP)

Comemoração Segundo a Chefe da Divisão de Assuntos Estudantis e coordenadora das comemorações dos 70 anos do ITA, Professora Doutora Cristiane Pessôa da Cunha Lacaz, a Associação dos Engenheiros do ITA (AEITA) está resgatando a memória da escola, com a realização do Projeto ITA 70 anos, que envolve uma série de ações ao longo de 2020. Entre as principais atividades previstas está a Exposição “Asas pra que te quero”, que terá como espinha dorsal a exibição de uma linha do tempo – do ITA dos anos 50 ao ITA atual –, ilustrada com objetos, projetos de alunos, documentos e fotografias de época, com alguns itens nunca exibidos. Haverá, ainda, o lançamento de um livro, a produção do selo comemorativo dos 70 anos em formato adesivo, além de site na internet e vídeo com animações gráficas, entre outros produtos.

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MEMÓRIA

FORÇA AÉREA BRASILEIRA CELEBRA 75 ANOS DA PARTICIPAÇÃO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Em 22 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça alcançou o esforço máximo de combate no céu da Itália, a bordo das aeronaves P-47D Thunderbolt TENENTE JORNALISTA JOÃO ELIAS

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R EALI ZAR M I S SÕE S D E RECONHECIMENTO ARMADO

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A S AE R O NAVE S P-47D THUNDERBOLT DECOLARAM DE TARQUÍNIA, NA REGIÃO CENTRAL DA ITÁLIA, PARA


Cada um dos nossos

aviões P-47D possuía oito metralhadoras

ColtBrowning M2 de calibre .50pol. Cada metralhadora era capaz de atingir uma cadência de 750 a 850 tiros por minuto.

Tenentes-Aviadores Rui Barbosa Moreira Lima e José Rebelo Meira de Vasconcelos

armadas com duas bombas de emprego geral AN/M43 de 500 libras (227 kg). O Grupo de Caça passou a fazer bombardeio picado contra alvos no Vale do Pó, cerca de 45 minutos de voo de Tarquínia. Até o final do mês de novembro, os brasileiros executaram 68 surtidas. “Cada um dos nossos aviões P-47D possuía oito metralhadoras ColtBrowning M2 de calibre .50pol. Cada metralhadora era capaz de atingir uma cadência de 750 a 850 tiros por minuto. Disparadas simultaneamente, o concentrado poder de fogo que elas apresentavam despedaçava praticamente qualquer tipo de alvo que pudéssemos encontrar, até mesmo veículos blindados”, relembram os então Tenentes-Aviadores Rui Barbosa Moreira Lima e José Rebelo Meira de Vasconcelos, em depoimentos no livro Heróis dos Céus - a Iconografia do 1º Grupo de Aviação de Caça na Acervo: FAB

Militares do 1° GAVCA realizaram 44 surtidas entre 11 missões em um só dia. Aquele 22 de abril de 1945 ficou marcado como o Dia da Aviação de Caça

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ra um sábado, dia 11 de novembro de 1944, quando o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) voou, pela primeira vez, como unidade independente, para combater na Segunda Guerra Mundial. As aeronaves P-47D Thunderbolt decolaram de Tarquínia, na região central da Itália, para realizar missões de reconhecimento armado. Essa primeira missão foi realizada após quase um ano de criação do 1º GAVCA - que tinha como Comandante o então Major Nero Moura - e um intenso período de treinamento (veja no infográfico). Dez dias depois, em 21 de novembro de 1944, as varreduras deram lugar às missões de interdição, com as aeronaves

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Campanha da Itália 1944-1945. No início de dezembro de 1944, os brasileiros passaram a operar a partir da cidade de Pisa, também localizada na região central da Itália e a apenas 50 km da linha de frente. O 1° GAVCA executava, diariamente, surtidas de ataque contra pontes ferroviárias e rodoviárias, trechos de linhas férreas e estradas de rodagem, depósitos de combustível e de munição, e edificações ocupadas por forças inimigas. Para reforçar sua capacidade de destruição, a partir de fevereiro de 1945, as aeronaves do 1º GAVCA foram progressivamente modificadas para receberem o sistema de lançamento de foguetes M10, composto de três tubos, cada um capaz de lançar um foguete M8A2 de quatro polegadas e meia. Ao final da guerra, no mês de maio, os militares da FAB haviam realizado 445 missões, com um total de 2.546 saídas ofensivas de aviões e de 5.465 horas de voo em operações de guerra. Foram

destruídas 1.304 viaturas motorizadas, 13 locomotivas, 250 vagões de estradas de ferro, 8 carros blindados, 25 pontes de estrada de ferro e de rodagem e 31 depósitos de combustível e de munição, entre outros alvos. Ópera do Danilo Uma história que marcou a participação do Brasil na guerra foi a do então Tenente Danilo Moura. No dia 4 de fevereiro de 1945, após ter seu P-47D Thunderbolt abatido pela artilharia antiaérea inimiga na Itália, o Tenente Danilo percorreu uma jornada de 386 quilômetros, caminhando durante 24 dias. Passando despercebido pelas Forças do Eixo e contando com a ajuda da população italiana, ele conseguiu chegar à Base aliada em Pisa, 19 quilos mais magro. A história da fuga deu origem à Ópera do Danilo, que todo ano é encenada no Dia da Aviação de Caça, 22 de abril, data em que o 1° GAVCA atingiu

o auge das atuações, tendo realizado 44 surtidas, distribuídas em 11 missões. 1ª ELO A Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO), que, com pilotos e mecânicos da FAB, atuou junto à Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), também participou da guerra na Itália, realizando 682 missões de guerra e regulações de tiro de artilharia. “Dizer do seu trabalho nesta Campanha é cantar um hino ao destemor e à noção de dever dos aviadores e artilheiros que a constituem. Não houve mau tempo, não houve neve, tampouco acidentes e pistas impróprias que arrefecessem o ânimo e a disposição dos seus componentes”, ressaltou o então Comandante da FEB, Marechal João Batista Mascarenhas de Morais, em depoimento no livro “A Força Aérea Brasileira na Segunda Guerra Mundial”. Aerovisão

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Surpreendido pela rápida ação, o submarino Italiano Barbarigo reagiu intensamente com fogo antiaéreo, submergiu e se evadiu. Até o final da guerra, 11 submarinos foram afundados durante a execução de missões de Patrulha

Aviação de Patrulha A Aviação de Patrulha também atuou durante a Segunda Guerra Mundial. O Capitão Aviador Affonso Celso Parreiras Horta e o Capitão Aviador Oswaldo Pamplona Pinto, pilotos da aeronave B-25 Mitchell, ainda em formação operacional como patrulheiros, realizaram o primeiro ataque contra um submarino em águas brasileiras, que ocorreu em 22 de maio de 1942, próximo ao Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte. Surpreendido pela rápida ação, o submarino Italiano Barbarigo reagiu intensamente com fogo antiaéreo, submergiu e se evadiu.

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Até o final da guerra, 11 submarinos foram afundados durante a execução de missões de Patrulha. Reconhecimento Em 1986, os feitos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça na Itália foram mais uma vez reconhecidos. O 1º GAVCA tornou-se a terceira organização não pertencente às Forças Armadas Americanas a receber a Presidential Unit Citation, comenda do governo dos Estados Unidos. Além do Esquadrão da Força Aérea Brasileira, apenas duas unidades estrangeiras foram agraciadas com a medalha – ambas da Força Aérea Australiana.

Símbolo Comemorativo Os 75 anos da participação da Força Aérea Brasileira na 2ª Guerra Mundial contam com um Símbolo Comemorativo, que está sendo incluído em documentos administrativos. A Portaria nº 296/GC3, de 9 de março de 2020, orienta que o Símbolo seja utilizado por todas as Organizações Militares do Comando da Aeronáutica (COMAER), nos limites do estabelecido na ICA 903-1 “Símbolos Heráldicos do Comando da Aeronáutica”, de 2017. A determinação foi publicada no Boletim do Comando da Aeronáutica (BCA) nº 44, de 17 de março de 2020.


(3°/3° GAV) operam a aeronave A-29. E os Esquadrões Poker (1°/10° GAV) e Centauro (3°/10° GAV) o A-1M. A previsão é que, a partir de 2021, a FAB inicie a operação do caça supersônico F-39 Gripen. No segundo semestre deste ano, a aeronave chega ao Brasil para dar continuidade à campanha de ensaios em voo por aqui. O avião foi concebido para ser flexível e utilizar pequena infraestrutura logística, precisando de apenas 500 metros de pista para decolar e 600 metros de distância para pousar. Além disso, o tempo de mudança de configuração também é mínimo: são necessários apenas dez minutos para configurá-lo para missões ar-ar, incluindo o reabastecimento e o remuniciamento das armas.

Acima, símbolo comemorativo da participação da FAB na Segunda Guerra Mundial. Abaixo, o F-39 gripen, com previsão de operar a partir de 2021

Divulgação: Divulgação: SAABSAAB

Evolução da Aviação de Caça Durante os 75 anos posteriores ao fim da guerra, a FAB operou diversas aeronaves de caça, como o Gloster Meteor, primeira aeronave a jato a voar na FAB; o Lockheed F-80; o Cessna T-37; o Dassault Mirage III; o Embraer AT-26 Xavante e o Mirage 2000. Atualmente, a Força Aérea conta com Esquadrões da Aviação de Caça, localizados nas diversas regiões do País, que operam as aeronaves F-5M, A-1M e A-29. Além do 1° Grupo de Aviação de Caça, que opera a aeronave F-5M da Ala 12, no Rio de Janeiro, também, operam o F-5M os Esquadrões Pacau (1°/4° GAV), Pampa (1°/14° GAV) e Jaguar (1° GDA). Já os Esquadrões Joker (2°/5° GAV), Escorpião (1°/3° GAV), Grifo (2°/3° GAV) e Flecha

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Acervo: FAB

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Ao final da guerra, os militares da FAB haviam realizado 445 missões, com um total de 2.546 saídas ofensivas de aviões e de 5.465 horas de voo em operações de guerra

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O JUBILEU DE OURO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FAB Há 50 anos, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica repercute para o Brasil e para o mundo as principais ações da Força Aérea Brasileira

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TENENTE JORNALISTA RAQUEL ALVES TENENTE JORNALISTA JONATHAN JAYME TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA

á cinco décadas a Força Aérea Brasileira (FAB) conta sua trajetória de conquistas e desafios nas linhas dos impressos, pelas ondas hertzianas, em imagens e cliques que deixam marcas na memória dos usuários das redes, nas pautas dos noticiários do Brasil e do mundo. Toda atividade de Comunicação Institucional da Aeronáutica tem sido construída de forma abnegada e com fé na missão. Cultuando a Verdade, a Oportunidade e a Transparência, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) atua em diversos campos, regulando, estimulando e orientando ações que favoreçam o fortalecimento e projeção da imagem da FAB. São 50 anos em que homens e mulheres trabalham diuturnamente com disciplina, patriotismo, integridade, comprometimento e profissionalismo. Assim, cada página da história da FAB é escrita com técnica e criatividade, sempre de maneira pro-

ativa e eficaz, por meio de um sistema altamente moderno e integrado. A Força Aérea está presente nos locais mais remotos, de difícil acesso, nos resgates, nas calamidades, levando socorro, alimentos e insumos a quem necessita. Conduz esperança e segurança aos locais em conflito, atravessa oceanos para repatriar cidadãos, transporta oportunidade de vida aos que aguardam transplante de órgãos, protege as fronteiras e o céu do Brasil, leva dignidade aos brasileiros em prol da cidadania. Por trás de cada missão, os profissionais de comunicação da Aeronáutica estão presentes para transmitir, em detalhes, os fatos à sociedade. Por isso, neste cinquentenário, o CECOMSAER tem muita história para contar. E o foco desta narrativa não poderia ser outra: uma viagem ao universo da FAB. Mais próximo da sociedade A Força Aérea Brasileira se preparava para comemorar três décadas de sua

criação. Para acompanhar a evolução do Poder Aeroespacial e atender ao iminente desejo de aumentar o diálogo com a sociedade da época, a Comunicação Social era a peça que faltava. Tudo começou em 30 de abril de 1970, com a criação do Centro de Relações Públicas do Ministério da Aeronáutica (CRPA), no então Estado da Guanabara, atual município do Rio de Janeiro (RJ). O ambiente que, atualmente, ocupa o sétimo andar do prédio do Comando da Aeronáutica, em Brasília (DF), une Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade, Assessoria de Imprensa, Mídias Sociais e Comunicação Social Operacional num sistema integrado, com centenas de elos pelo País afora. Tamanho poderio era inimaginável naquele momento inicial da Comunicação. No entanto, o anseio por dar maior visibilidade ao trabalho da Força já nasceu forte. Nesse cenário, em 27 de dezembro de 1972, foi criado o Sistema de

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“As informações são transmitidas aos integrantes da Força, trazendo a veracidade dos fatos de interesse e a tempo de que sejam tomadas as medidas cabíveis”. (Major-Brigadeiro do Ar José Brandão Lisboa Filho, Chefe do CECOMSAER de 12/12/74 a 02/02/77). O então Ministério da Aeronáutica já estava instalado na nova Capital Federal. Era evidente a necessidade de aproximar a comunicação do seu Comandante.

Em 1977, o Centro de Relações Públicas foi transferido do Rio de Janeiro para Brasília (DF). Uma das primeiras ações foi a abertura de um canal de comunicação voltado para o público interno. Em 3 de janeiro de 1978, publicava-se o Noticiário Diário. Anos mais tarde, esse produto recebeu a denominação de Noticiário da Aeronáutica, ou simplesmente Notaer. “Inicialmente, era veiculado todos os dias, datilografado no papel estêncil e, depois, rodado no mimeógrafo”, conta o Suboficial Francisco José de Medeiros. “Foi um grande desafio que se converteu em raro privilégio, pela ajuda da equipe preparada que encontrei, permitindo atingir todos os objetivos com êxito”. (Brigadeiro do Ar Volnei Monclaro Mena Barreto, Chefe do CECOMSAER de 15/03/79 a 18/08/80) Décadas de 1980 e 1990 Alguns fatos foram marcantes para a Força no início da década de 1980: a incorporação da Mulher na FAB, a integração do CRPA ao Sistema de Co-

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Aerovisão

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Tudo começou em 30 de abril de 1970, com a criação do Centro de Relações Públicas do Ministério da Aeronáutica (CRPA), no Rio de Janeiro (RJ)

Acervo: CECOMSAER

Comunicação Social da Aeronáutica (SISCOMSAE), que reúne militares e civis de todas as unidades da Força. Desde o princípio, o CECOMSAER e os elos do Sistema levam em consideração, além dos valores intrínsecos à vida militar, outros imprescindíveis para a boa prática da Comunicação Social. No Brasil, as publicações impressas estavam a todo vapor. E a FAB necessitava de uma ferramenta para ampliar a divulgação do seu trabalho. Assim, foi idealizada a revista Aerovisão, tendo sua edição nº 1 publicada em março de 1973. A pioneira destacava o “PARASAR” (Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento), que representou a FAB no auxílio do Brasil às vítimas da catástrofe de Manágua, o terremoto que destruiu parte da capital da Nicarágua em dezembro de 1972, deixando cerca de 40 mil vítimas, entre mortos e feridos. Na capa, noticiava-se também a revitalização das aeronaves Albatroz (SA-16A) – capazes de pousar em terra, no mar, na lama, e até no gelo. “O projeto surgiu como um periódico mensal, com fatos de alcance nacional. A implantação da revista, inicialmente, no formato 21x28 cm, com quatro páginas, mesclava policromia nas páginas 1 e 4, e preto e branco nas internas, 2 e 3”. (Coronel Aviador Ubirajara Carvalho da Cruz, um dos idealizadores e editor da Aerovisão no período de 1973 a 1975).


CECOMSAER de 08/02/82 a 20/12/82). Para ampliar o escopo de atuação da atividade de Comunicação da Aeronáutica, o CRPA teve sua denominação alterada para Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). “Naquele período, o Centro de Relações Públicas do Ministério da Aeronáutica se deparou com a inexorável necessidade de interagirmos com todos os segmentos da sociedade.Foi criado o Centro de Comunicação da Aeronáutica.” (Brigadeiro do Ar Eden de Oliveira Asvolinsque, Chefe do CECOMSAER de 22/07/87 a 29/06/89). “Tendo sido movimentado para o CECOMSAER, minha primeira preocupação foi aproveitar para aprender o máximo possível no exercício da função. E assim foi!” (Tenente-Brigadeiro do Ar Sérgio Pedro Bambini, Chefe do CECOMSAER de 07/05/90 a 19/07/90). “Em apenas dois meses e 20 dias na Chefia do CECOMSAER, num momento politicamente conturbado, pude comprovar quão necessário e fundamental foi o assessoramento eficaz ao Ministro da Aeronáutica.” (Major-Brigadeiro do Ar Walacir Cheriegate, Chefe do CECOMSAER de 27/08/90 a 14/11/90). Diante do propósito de ampliar o número de profissionais capacitados e

O Coronel Aviador Reformado Ubirajara Carvalho da Cruz, um dos idealizadores da Aerovisão Acervo: CECOMSAER

municação Social do Poder Executivo e a mudança na denominação do Centro de Relações Públicas. “No período da minha Chefia, houve a criação do corpo feminino na Força Aérea. Em 1982, as mulheres ingressaram no efetivo, o que gerou uma divulgação muito interessante para a imprensa.” (Coronel Aviador José de Mattos Souza, Chefe do

dar capilaridade às atividades, foi desenvolvido, em 1993, o I Curso Básico de Comunicação Social. Seguindo essa premissa, a FAB continua investindo e aperfeiçoando seus recursos humanos nas áreas de Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Fotografia, Mídias Sociais, entre outras. “Foi o maior desafio que tive na minha carreira militar.” (Major-Brigadeiro do Ar Nelson Teixeira Pinto, Chefe do CECOMSAER de 08/08/94 a 04/04/97). “Com muito orgulho, vivemos o eletrizante advento da informatização do Centro, naquele ano de 1997.” (Brigadeiro do Ar José Montgomeri Melo Rebouças, Chefe do CECOMSAER de 04/04/97 a 05/08/97). “Comunicação e disseminação da informação, de forma clara e objetiva ao público, garantindo a compreensão da missão da Instituição.” (Coronel Aviador Ananias Pereira da Cunha Neto, Chefe do CECOMSAER de 05/08/97 a 09/02/98). Novo milênio Novos caminhos começam a ser trilhados com a internet. No dia 3 de julho de 2000, a FAB lança a primeira versão do site oficial da Instituição. “Importante Organização onde vivenciei uma das ricas experiências da minha carreira, assessorado por um efetivo dinâmico, profissional e amigo, na divulgação ao público da real imagem da FAB.” (Tenente-Brigadeiro do Ar William de Oliveira Barros, Chefe do CECOMSAER de 09/02/98 a 08/03/00). A Força Aérea necessitava ir mais além. Traçando conceitos contemporâneos e buscando ampliar seu portfólio de mídias, no dia 12 de maio de 2005, foi inaugurado o canal de videorreportagem da FAB: o Aerovia. “Em muitas oportunidades, que não foram poucas, a sensibilidade dos profissionais do Centro auxiliou, de forma muito eficaz, a administração do Comando da Aeronáutica em ações oportunas que permitiram o reconhecimento e fortalecimento da Instituição. Aerovisão

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(Major-Brigadeiro do Ar Antonio Guilherme Telles Ribeiro, Chefe do CECOMSAER de 08/03/03 a 15/03/07). Pensando na sua identidade e padronização da linguagem dos seus produtos e de cerimonial, o CECOMSAER, em 2007, lança o Manual de Uso da Marca (digital) e publica o Manual de Eventos do Centro. “A trajetória do CECOMSAER é marcada pela incessante busca pela evolução. Devido ao dinamismo da Comunicação Social, o Centro se reinventa, busca novos produtos e plataformas para que a FAB se comunique com os públicos interno e externo. Durante minha gestão, entre 2007 e 2010, destaco a criação da Rádio Força Aérea. Fruto da soma de esforços diversos para que os planos se tornassem realidade, construímos instalações, obtivemos a cessão da frequência 91,1 MHz FM em Brasília e elaboramos uma programação baseada em informações, música de qualidade e interatividade. Nesse mesmo período, também gostaria de destacar a inserção no Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER) da criação da TV FAB, hoje disponibilizada em nossa página (www.fab.mil. br). O CECOMSAER está sempre em busca de voos mais altos, projetando e preservando a imagem da nossa Força Aérea, de modo que as ações de Controlar, Defender e Integrar estejam sempre presentes no dia a dia de cada cidadão.” (Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, Chefe do CECOMSAER de 15/03/07 a 29/01/10). CECOMSAER investe na interação e conquista novos públicos A última década exigiu, no campo da Comunicação Institucional, que profis-

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sionais e organizações se reinventassem em suas atuações. O aprimoramento dos canais de diálogo com a sociedade passou, necessariamente, pela criação de novas estruturas, pela ampliação da linguagem para diferentes públicos e pela implementação de ferramentas, como as redes sociais, os aplicativos, os serviços de streaming, entre outras. A Força Aérea, como propulsora de inovações que lhe é característica em vários setores, propiciou que o CECOMSAER tivesse os recursos disponíveis para que a criatividade de homens e mulheres ajudasse o cidadão moderno a entender o papel da Instituição. “Muita gratidão e privilégio por ter atuado por 22 anos da carreira militar na Comunicação Social, 12 deles no CECOMSAER e, com incomensurável orgulho, por intensos 120 dias como seu Chefe Interino. Faria tudo de novo, do mesmo jeito.” (Coronel Aviador Jorge Antônio Araújo Amaral, Chefe do CECOMSAER de 29/01/10 a 28/05/10). A FAB passou a ocupar espaço em todas as redes sociais. Criou um perfil no Twitter em 2010, permitindo aos usuários o acompanhamento das ações em tempo real, de forma rápida e objetiva, além de interagir com a Força de uma maneira mais informal. Recentemente, a conta oficial alcançou a marca de 540 mil seguidores. Diversificando a linguagem para que o público infantil fosse alcançado, o CECOMSAER lançou, naquele ano, A Turma do Fabinho, revista em quadrinhos criada por meio de um complexo processo de desenvolvimento. “Estu-

damos e pesquisamos muito para criar histórias e narrativas adaptadas para crianças”, conta um dos idealizadores dos personagens, o Suboficial Desenhista Jobson Augusto Pacheco. A revista A Turma do Fabinho saiu do papel e ganhou outros ares, com novos produtos, em formato de vídeo, musical, audiobook, jogo de memória e desenhos para colorir.

Vídeo Para inovar e interagir no campo do audiovisual, em 2010, a FAB criou o seu canal no YouTube, um dos principais meios para divulgar missões, operações,


treinamentos e exercícios realizados pela Força no Brasil e no mundo. Com mais de 30 milhões de visualizações, o perfil já soma 260 mil inscritos. Um dos vídeos mais assistidos é o documentário “VOO 1907 – 10 anos depois”, que mostra os bastidores do resgate das vítimas do acidente com a aeronave da Gol, na selva amazônica, ocorrido em 29 de setembro de 2006. “Em 2014, o tema da nossa Campanha Institucional foi Força Aérea Brasileira: presente na vida dos brasileiros. A ideia era mostrar que a FAB faz parte do dia a dia da população, por meio das várias atividades realizadas pelos homens e máquinas que formam as Asas que protegem o País. É nossa prestação de contas com os cidadãos brasileiros!” (Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, Chefe do CECOMSAER de 28/05/10 a 10/04/14). “O CECOMSAER é um órgão estratégico para a Força Aérea. Composto de uma equipe de pessoas dedicadas e que se desdobram para elevar o nome da Instituição. Para isso, é preciso buscar novas ideias a cada dia, conectando as ações da Força aos interesses do Brasil. É um time que sempre surpreende, principalmente pela dinâmica de pensamentos inovadores. Estar à frente do Centro foi um dos momentos mais incríveis da minha carreira. Lidar com todos os assuntos da FAB, tendo a responsabilidade de assessorar diretamente o Comandante

da Aeronáutica, é uma experiência que levo para o resto da vida.” (Major-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, Chefe do CECOMSAER de 11/04/14 a 11/02/16). Fumaça já Em julho de 2015, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), mais conhecido como Esquadrilha da Fumaça, concluiu o Programa de Implantação da Aeronave A-29 Super Tucano. Com reconhecimento nacional e internacional, o EDA reafirmou-se como instrumento de difusão da política de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica. O CECOMSAER é responsável por coordenar a confecção da agenda de apresentações do EDA junto ao Gabinete do Comandante da Aeronáutica, ao Estado-Maior da Aeronáutica e outros órgãos envolvidos. No dia 17 de maio de 2020, a Esquadrilha da Fumaça celebrou 68 anos da sua criação. Devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19, a data foi marcada por uma apresentação que pôde ser assistida, ao vivo, por meio do Youtube. Milhares de brasileiros acompanharam, por quase duas horas, as acrobacias das aeronaves do EDA. Aplicativo da FAB Em 2015, os serviços e informações tornaram-se ainda mais práticos, à palma da mão: é lançado o aplicativo da FAB para smartphones. A tecnologia oferece acesso a notícias, impressos, redes sociais, vídeos e serviços voltados ao público interno.

“Acompanhamos de perto e realizamos toda a cobertura do roll out da aeronave Gripen, na Suécia, ação que contou com a presença do Comandante da Aeronáutica e de diversas personalidades, com grande repercussão na mídia internacional. De certo, um dos maiores marcos operacionais da FAB deste século.” (Major-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita, Chefe do CECOMSAER de 12/02/2016 a 22/01/2017) Dimensão 22 A FAB lançou, em 2017, o novo conceito da campanha Dimensão 22, criada em 2013, que sintetiza a responsabilidade de atuação da Instituição em sua missão de manter a soberania

do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria, em uma área de 22 milhões de km², com as ações de Controlar, Defender e Integrar. “Mais do que apenas uma campanha ocasional, a Dimensão 22 surge como o DNA da FAB, o ente que faltava para unir, em apenas um conceito, todas as diversas ações executadas nos mais diferentes campos de atuação da Força.”

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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea

(Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo, Chefe CECOMSAER de 23/01/17 a 13/03/19). Desde 2019, o Centro intensificou a projeção da imagem da Força, ampliando e aprimorando a produção de vídeos institucionais, publicações impressas, posts para as redes sociais e outros. Por esses canais, divulgou as grandes Operações nas quais a FAB atuou, como a Verde Brasil, a Amazônia Azul e a Regresso à Pátria Amada Brasil. No ano passado, os profissionais do Centro tiveram participação decisiva para o sucesso da cerimônia que marcou o início de uma nova era para a Força Aérea: o recebimento da aeronave multimissão KC-390 Millennium. A solenidade em Anápolis (GO), que contou com a presença do Presidente da República, Jair Bolsonaro, exigiu do CECOMSAER o emprego de todos os seus recursos para dar a ampla divulgação que um Projeto Estratégico tão robusto requer. Deu grande repercussão, também, ao primeiro voo do modelo F-39 Gripen brasileiro, ocorrido na Suécia, com a veiculação em diversas mídias especializadas. Ainda em 2019, idealizou e produziu a exposição fotográfica, de maquetes e da réplica do Demoiselle, no Museu Nacional da República Honestino Guimarães, na Capital Federal, em homenagem à Semana do Aviador. Neste evento, ocorreu a inédita projeção de imagens tridimensionais na cúpula. “Nosso desafio é dar continuidade ao legado de todos que por aqui passaram, entendendo que a comunicação é, em síntese, a integração de todas as atividades da Força, sendo transmitidas, informadas


Soldado T. Amorim / Agência Força Aérea Soldado T. Amorim / Agência Força Aérea

A entrega da aeronave multimissão KC-390 Millennium aconteceu em 2019 em Anápolis (GO)

e reconhecidas pelos nossos militares da ativa, veteranos, servidores civis e pela sociedade.” (Brigadeiro do Ar Paulo César Andari, atual Chefe do CECOMSAER desde 14/03/19). Como podemos ver, são 50 anos comunicando e documentando a história dos principais fatos da Força Aérea Brasileira. Chefes, repórteres, editores, diagramadores, publicitários, profissionais de Relações Públicas, além de dezenas de elos espalhados pelo Brasil, fazem a informação chegar aos brasileiros, por meio das mais diversas plataformas. E a Comunicação Social da Força Aérea não para de crescer. Em 2020, a página da FAB no Facebook chega a quase 1,5 milhão de seguidores e, no Instagram, a conta está prestes a alcançar 1 milhão de inscritos. O canal do Spotify possui quase mil músicas, em 15 diferentes playlists, e mais de 30 FABCASTs – programetes que trazem assuntos variados sobre a Força. Em 10 anos de existência, o Flickr já acumula mais de 12 mil fotos para os fãs do mundo da aviação militar e o LinkedIn tornou-se mais uma página desenvolvida para divulgar as formas de ingresso e processos seletivos da Aeronáutica. A criação da Rádio Força Aérea foi fruto da soma de esforços diversos

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CONFIRA AS IMAGENS DE OUTRAS AÇÕES DA FORÇA AÉREA

2006 – Líbano A Força Aérea re sgatou brasileiro se encontravam s que na região de confl ito no Líbano

ou nas buscas France 447 - FAB atu 2009 – Acidente Air vítimas do Air s ronave e resgate da dos destroços da ae Atlântico com no ea Oc no acidentou France 447, que se rdo 228 pessoas a bo

2013 a 2019 – Ev entos esportivos - A FAB atuou na e controle do es defesa paço aéreo dura nte eventos espo como a Copa da rtivos, s Confederações (2 013), Copa do M (2014) e Olimpía undo das (2016)

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2008 – Enchentes na Bolívia - Aviões e militares da FAB participaram de Operação Humanitária em apoio às vítimas das enchentes na Bolívia

2010 – Te rr 300 mil m emo no Haiti - O te o FAB mob rtos e quase meio rremoto deixou c ilizou aviõ erca de milhão de es além de enviar um de transporte para desabrigados. A ajuda hum Hospital de Camp anha (HC anitária, AMP)

2014 – Papa no Brasil - O Papa Francisco esteve no Brasil durante a 28ª edição da Jornada Mundial da Juventude. A Força Aérea foi responsável por trazer o veículo oficial do pontífice da Itália na aeronave C-130 Hércules


BRASILEIRA QUE CONTARAM COM A ATUAÇÃO DO CECOMSAER

2019 – 30 anos do voo de Ayrton Senna - Há 30 ano s, a FAB e o ídolo Ayrton Senna se encontraram para um voo a bordo do supersônico Mir age III

-A Amada Brasil gresso à Pátria ia tr Re Pá ão à aç so er es Op 2020 – eração Regr Op da u de po o ici tiv rt je Força Aérea pa inisterial com ob uma ação interm em Wuhan, na China Amada Brasil, m va ileiros que esta repatriar bras

2018 – O Cruz eiro do Sul Ex ercise (CRUZE operacional mul X), exercício tinacional prom ovido pela FAB, 7ª edição, reun chegou a indo naquele an o 13 paises e ce aeronaves milit rca de 100 ares

a Brasil foi desencadeada par 2019 – A Operação Verde A . nica azô Am ndio na Região combater os focos de incê a auxiliar nas ações. par ves ona aer gou pre FAB em

2020 – Operaç ão COVID-19 A Operação CO coordenada pelo VID-19, Ministério da De fesa, conta com div ações da Força Aé ersas rea Brasileira, qu e emprega militar aeronaves no co es e mbate à pandem ia do novo Corona vírus Aerovisão

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FAB trans2016 – Acidente Chapecoense - Aeronaves da coense, Chape da avião o portaram vítimas do acidente com bia ocorrido na Colôm

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VOO MENTAL

Arcevo pessoal

Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

LEMBRANÇAS DE FAB Por Alexandre Garcia, Jornalista

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“ Os valentes não

choram de medo, mas sabem chorar por amor. Eu vi o inferno no céu, eu vi um valente chorar.

Tenente Aviador Fernando Pereyron Mocellin

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ia 2 de maio completou 50 anos que o Tenente Aviador Fernando Pereyron Mocellin estava recebendo o roteiro da missão de guerra daquela manhã, quando o oficial de operações foi chamado ao telefone. Voltou agitado: “A missão está suspensa. Todas as missões estão suspensas. A guerra terminou!”. Seria a sexagésima missão daquele aviador voluntário. Estava entre os pilotos de caça mais experientes dos céus da Itália. Os brasileiros eram poucos; não eram substituídos, como os americanos. Um deles, o Tenente Alberto Martins Torres, chegou a cumprir 100 missões. Também num 2 de maio, 26 anos depois, eu entrava no Jornal do Brasil, o mais importante da época, iniciando minha carreira jornalística. Há 75 anos, quando eu tinha quase cinco anos, meus ouvidos escutavam curiosos os gritos alegres das pessoas: “A guerra acabou! A guerra acabou!”, nas ruas da minha Cachoeira do Sul, também de Nero Moura, o comandante do Senta a Púa - o 1º Grupo de Aviação de Caça, o mais veterano conjunto de heróis dos céus da Itália. Nero Moura dava exemplo, comandou com seu Thunderbolt 62 missões de ataque. Já havia combatido o totalitarismo antes, na intentona comunista de 1935, no Campo dos Afonsos. Um homem forte que chorou, no dia 4 de fevereiro de 1945, quando soube que o P-47D de seu irmão Danilo fora abatido pela flak alemã e o paraquedas não se abrira. O Tenente Mocellin descreveu a reação em seu livro Missão 60: “Os valentes não choram de medo, mas sabem chorar por amor. Eu vi o inferno no céu, eu vi um valente chorar”. Um amigo

de meu pai me emprestou o livro do Tenente Mocellin, que fiz chegar a meu amigo Haroldo de Castro, oficial R1 da FAB, pai do cineasta Erik de Castro, que, baseado no livro, produziu o filme Senta a Púa, premiado em Cannes. A recomendação que eu havia recebido de quem me emprestou o livro era: é preciso colher logo os depoimentos dos sobreviventes, porque já estão decolando para outros céus e outras missões. Aproveito para lembrar a Aeronáutica e a “abertura”. Era Ministro o Tenente-Brigadeiro do Ar Délio Jardim de Mattos e seu chefe de gabinete, o Brigadeiro do Ar Nélson Taveira. Os dois tiveram um importantíssimo papel naquele período de transição, e contribuíram para que o momento histórico transcorresse com normalidade nas três forças. O recado era dado pelas ordens do dia do Ministro Délio, com a ajuda do talento do Brigadeiro Taveira, traduzindo a vontade do presidente e prevenindo situações como aquela que Geisel teve que administrar em relação ao General Sílvio Frota e seus companheiros de ideias. Quando estava pronta uma ordem-do-dia, os dois me explicavam os motivos e os objetivos de cada novo documento. As mensagens para a FAB, eram, na verdade, destinadas a todos os militares e ao País. E eu traduzia isso na TV. Era uma espécie de válvula: o Ministro, ocupante de cargo político, falava, para que nenhum outro fardado se sentisse tentado a desabafar. Era pavimentação de caminhos para Figueiredo entregar o poder a um civil. Foi das mãos daqueles dois que recebi minha primeira condecoração, a Medalha Santos-Dumont.




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