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Ano XXXVI
Nº 7
Julho, 2013
ISSN 1518-8558
DEFESA AÉREA - FAB intercepta aeronaves durante a Copa das Confederações TEN ENILTON / CECOMSAER
Durante a Copa das Confederações, a Força Aérea Brasileira montou um esquema especial de vigilância e coordenação de voos nas cidades-sede dos jogos. Conheça o trabalho de defesa e controle do espaço aéreo que garantiu a segurança no evento. Págs 8 e 9
CLA prepara lançamento de novo foguete Conheça histórias dos militares que fazem do Centro de Lançamento um lugar diferente. A antiga capital do Maranhão abriga o mais moderno centro aeroespacial da América Latina. Págs 6 e 7
FAB renova parceria para desconto em cursos superiores PRONTIDÃO - Caça F-5EM Tiger durante demonstração de interceptação sobre o estádio Maracanã. Na Copa das Confederações, aeronaves da FAB estiveram de prontidão em todas as cidades-sede dos jogos.
INSTRUÇÃO
FINANÇAS
SAÚDE
Cadetes do terceiro ano da AFA fazem exercício de sobrevivência na selva amazônica. Pág. 5
Contabilidade da Aeronáutica é destaque em relatório do Tribunal de Contas da União. Pág. 11
Conheça as principais causas do mau hálito e saiba como se prevenir desse mal. Pág. 15
ENTREVISTA
Parceria com instituição de ensino dá descontos em cursos superiores a distância. Pág. 12
O Secretário de Defesa Ary Matos diz que as Forças Armadas estão entrando em uma nova fase de cooperação entre civis e militares. Pág. 10
2S JONHSON / CECOMSAER
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CARTA AO LEITOR
O jornal NOTAER é uma publicação mensal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), voltado ao público interno.
Prontidão O NOTAER de julho destaca o trabalho de profissionais da Força Aérea na Copa das Confederações, primeiro teste que prepara o País para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Tanto na defesa aérea como no controle e coordenação do tráfego aéreo, nossos militares estiveram de prontidão durante todo o evento. Durante os jogos, nas cidades-sede das partidas, o tráfego aéreo foi limitado e as aeronaves que infringiram as regras foram interceptadas por nossos helicópteros e caças. Confira também como foi o treinamento de sobrevivência na selva
Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador Henry Munhoz Wender
realizado por cadetes da Academia da Força Aérea em Cachimbo (PA). Os jovens aprendem a lidar com todos os riscos do isolamento no meio da floresta amazônica. Nesta edição você confere uma entrevista especial com o Dr. Ary Matos Cardoso, Secretário Geral do Ministério da Defesa. Ele fala da confiança que a Presidenta Dilma tem
nas Forças Armadas e da necessidade de cooperação entre civis e militares. Nesta edição trazemos uma dica de saúde bucal. Saiba como evitar e tratar o mau hálito. Boa leitura! Brig Ar Marcelo Kanitz Damasceno Chefe do CECOMSAER
PENSANDO EM INTELIGÊNCIA Hodiernamente, o cenário tem sido marcado por mudanças rápidas e imprevisíveis. Nesse contexto, a velocidade com que as informações precisam ser obtidas, analisadas e disseminadas, bem como os métodos e as tecnologias a serem empregadas nesse processo, são os atuais desafios da chamada era do conhecimento. As organizações militares, sobretudo aquelas envolvidas com a capacitação de recursos humanos para o exercício de atividades especificamente operacionais, também tiveram que se adequar a essa realidade, adaptando os seus métodos pedagógicos, de modo que os alunos fossem capazes de aperfeiçoar suas competências e acompanhar as mudanças na velocidade que estas ocorrem. O CIAER como Órgão Central do Sistema de Inteligência da Aeronáutica (SINTAER), tem direcionado suas ações no sentido de capacitar e preparar os recursos humanos para o exercício da Atividade de Inteligência. Dentro desse escopo, em 2007, adotou a modalidade de Ensino a Distância como ferramenta para impulsionar a formação básica de profissionais de Inteligência, e com isso fazer frente à imperiosa necessidade de formar novos especialistas.
Expediente
Contudo, durante a elaboração do projeto “Ensino a Distância para os Recursos Humanos do SINTAER”, um questionamento veio à tona: Como transmitir, em um curso realizado na modalidade de Ensino a Distância, conhecimentos característicos de uma atividade operacional alicerçada e desenvolvida, em grande parte, por meio de relações interpessoais e pela troca de experiências alheias? A resposta a essa complexa pergunta foi possível após o estudo das teorias sobre a criação do conhecimento organizacional. Dentre as correntes analisadas, a visão oriental norteou a metodologia didático-pedagógica dos cursos realizados na modalidade de Ensino a Distância do CIAER, por ser focada na interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito (experiências pessoais, habilidades técnicas, modelos mentais e elementos subjetivos, tais como ideias, valores, emoções, etc.) e o conhecimento explícito (aquele que pode ser definido em termos de palavras e números, sendo facilmente compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas ou princípios universais). Após conhecer as demandas necessárias à viabilização do projeto,
procurou-se estabelecer para cada curso, metodologias e desenhos pedagógicos com diferentes possibilidades interativas entre os agentes envolvidos, com o objetivo de conceber a relação entre teoria e prática, e, principalmente, de permitir a troca de informações e a intervenção de forma coletiva no processo de construção do conhecimento. O Chat, os fóruns de discussão e os correios eletrônicos são exemplos de dispositivos de comunicação empregados no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) dos cursos do CIAER. Para o corrente ano, além dos cursos listados na TCA 37-5 (Programa de Atividades de Ensino e Atualização Doutrinária do SINTAER), será disponibilizado ao efetivo do COMAER, em substituição ao curso RSAS/2013 (Regulamento para Salvaguardas de Assuntos Sigilosos), o curso TIC/2013 (Tratamento de Informações Classificadas), elaborado com base no FCA 200-6 (Guia prático de Execução das Medidas do Decreto de Tratamento de Informações Classificadas no Comando da Aeronáutica). Acesse www.ciaer.intraer e obtenha informações sobre os cursos do CIAER. Matricule-se e venha compartilhar o seu conhecimento conosco. (Centro de Inteligência da Aeronáutica)
Chefe da Divisão de Comunicação Corporativa: Tenente-Coronel Aviador Max Luiz da Silva Barreto Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Major Aviador Rodrigo Alessandro Cano Chefe da Seção de Divulgação: Capitão Aviador Bruno Perrut Gomes Garcez dos Reis Chefe da Agência Força Aérea: Capitão Aviador Igor Corrêa da Rocha Editor: Tenente JOR Willian Cavalcanti Repórteres: Ten JOR Márcia Silva, Ten JOR Alexandre Fernandes (I COMAR), Ten JOR Emilia Cristina (V COMAR), Ten REP Franciane Meleu (DEPENS), Ten JOR Humberto Leite, Ten JOR Flávio Nishimori, Ten JOR Glória Galembeck (III COMAR), Ten JOR Willian Cavalcanti, Ten JOR Jussara Peccini, Ten REP Daiana Marodin (VI COMAR), Ten JOR Sarah Albuquerque (COMGAP), Ten REP Paulo Cerqueira (AFA), Ten REP Mateus Candiani (BABV), Ten JOR Flávia Cocate (EDA) e Ten JOR Mariana Mazza (CGNA) Colaboradores: CDA, DECEA, SEFA, OABR, CIAER e SISCOMSAE (textos enviados ao CECOMSAER, via Sistema Kataná, por diversas unidades) Diagramação, Arte e Infográficos: Ten FOT José Mauricio Brum de Mello, Suboficial Claudio Bomfim Ramos, Sargento Emerson G. Rocha Linares e Sargento Rafael Lopes Revisão: Cap Av Igor Corrêa da Rocha Tiragem: 30.000 exemplares Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte. Comentários e sugestões de pauta sobre aviação militar devem ser enviados para: redacao@fab.mil.br Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º andar CEP - 70045-900 / Brasília - DF
Impressão e Acabamento: Log & Print Gráfica e Logística S.A
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PALAVRAS DO COMANDANTE
Força Aérea em campo Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito Comandante da Aeronáutica
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FOTOS: 1S REZENDE / CECOMSAER
Força Aérea Brasileira (FAB) entrou em campo e fez bonito durante a Copa das Confederações. Aeronaves remotamente pilotadas, caças, helicópteros, pilotos, mecânicos, controladores e muitos outros profissionais estiveram de prontidão durante todos os jogos buscando manter a segurança e a organização do tráfego aéreo brasileiro. O resultado do bom trabalho desempenhado foi o impacto praticamente nulo no tráfego aéreo. O Centro de Gerenciamento e Navegação Aérea (CGNA), no Rio de Janeiro, criou uma sala de Comando e Controle que reuniu profissionais dos órgãos governamentais atuantes na estrutura do transporte aéreo brasileiro. A equipe ficou reunida 24 horas para assegurar um fluxo ordenado e seguro do transporte aéreo sobre os céus das cidades-sede. A estrutura deu mais agilidade na tomada de decisões ao longo de todo o evento. Nos dias de jogos, uma hora antes e até quatro horas depois do início das partidas, foram ativadas três áreas de segurança em torno dos estádios, cada uma com regras próprias. Por meio de NOTAM (aviso aos aeronavegantes) e de um guia disponibilizado pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), foi feita ampla divulgação das restrições do espaço aéreo. Entretanto, as aeronaves que não respeitaram a aérea demarcada foram interceptadas por aviões de caça ou helicópteros da FAB. A organização da defesa aérea durante a Copa foi feita pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), que montou o Centro de Coordenação de Defesa de Área (CCDA). O COMDABRA acompanhou todo o tráfego em tempo real duran-
O CGNA coordenou as ações para que não houvesse atraso nos voos regulares e o COMDABRA vigiou as áreas restritas sobre os estádios te os jogos. As aeronaves suspeitas interceptadas passaram por medidas de policiamento, com a identificação do tráfego e o motivo de estar voando numa área proibida. Com uma coordenação do tráfego aéreo organizada e a defesa aérea atenta e ágil, a FAB mostrou que está preparada para cumprir sua missão maior: manter a soberania do espaço aéreo nacional com vistas à defesa da Pátria.
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MÍDIAS SOCIAIS
FAB TV traz programação diversificada no YouTube
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ARTE: SO SDE RAMOS / CECOMSAER
conta a importância daqueles que fizeram a Força Aérea de hoje. As entrevistas também estão presentes na programação. O “FAB pela FAB” traz os líderes da Força Aérea para discutir temas relevantes para o público interno. Já o “FAB Entrevista” leva personagens ligados à aviação militar para discutir a Força Aérea com uma visão diferente. No YouTube também é possível conferir “Videoclipes” e outras matérias publicadas no portal da FAB.
ntrevistas, matérias e reportagens especiais sobre a Força Aérea Brasileira podem ser vistas de uma forma diferente. Disponível no YouTube desde agosto do ano passado, a FAB TV mostra a diversidade de conteúdos da Aeronáutica. A programação tem mensalmente o “FAB em Ação”, que traz reportagens especiais sobre os temas de maior relevância na Força Aérea, e o “Conexão FAB”, revista eletrônica com o resumo dos eventos mais importantes. A FAB TV tem também programas temáticos, como o “Especialistas da FAB”, que traz o dia-a-dia dos nossos graduados, e o “FAB no Controle”, que explica como funciona o controle do tráfego aéreo. É possível relembrar os feitos dos heróis do passado no “FAB na História”, que
Acesse: www.youtube.com/portalfab
ACONTECE NA FAB Paraquedismo da FAB conquista campeonato de forma inédita
VI COMAR leva saúde para cidade no entorno de Brasília FALCÕES
O Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR) promoveu uma ação cívico-social no município de São João d’Aliança, a 150 km de Brasília. A ação contou com especialistas em dermatologia, cirurgia geral, cardiologia, pediatria e ginecologia obstetrícia, além de cirurgia buco-maxilo e endodontia. A ação somou 1262 procedimentos médicos e odontológicos e foi o marco inicial das comemorações do cinqüentenário do VI COMAR.
TEN CANDIANI / BABV
Os militares da Base Aérea de Boa Vista arrecadaram mais de cinco toneladas de arroz para a campanha “Patrulha da Chuva” de iniciativa da prefeitura da cidade. Os alimentos serão distribuídos a famílias atingidas pela chuva e alagamentos pela cheia do Rio Branco. “O sucesso dessa arrecadação foi fruto da conscientização de todo o efetivo para ajudar o próximo”, afirma o Tenente-Coronel Aviador Mauro Bellintani, Comandante da BABV.
Fase de liderança básica é concluída pela Esquadrilha da Fumaça Os pilotos do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) encerraram a última fase da primeira etapa de implantação da aeronave A-29 Super Tucano. A instrução teve início em abril com aulas teóricas na Academia da Força Aérea. A instrução prática consistiu em missões de acrobacias básicas e liderança em procedimentos de pouso por instrumentos. A próxima etapa será o desenvolvimento operacional do Super Tucano na missão EDA. EDA
SD PATRICK / VI COMAR
A equipe Falcões de paraquedismo conquistou, de forma inédita e histórica, o Campeonato Latino-Americano e o Bicampeonato Brasileiro de Precisão de Aterragem disputados em Passo Fundo (RS). Na última rodada de saltos, três das quatro marcas computadas pelos Falcões foram de 0.00 cm. Ou seja, três atletas da equipe da FAB abandonaram uma aeronave a 1000 metros de altitude, navegaram com os paraquedas e pousaram, de maneira precisa, num alvo denominado “mosca” de apenas 2 cm de diâmetro.
BABV doa cinco toneladas de arroz para desabrigados em Boa Vista
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INSTRUÇÃO
Cadetes fazem exercício de sobrevivência na selva
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urante cinco dias, os cadetes do terceiro ano dos cursos de formação de Oficiais Aviadores, Intendentes e de Infantaria da Academia da Força Aérea (AFA) ficaram isolados na selva amazônica em um duro exercício de sobrevivência. O treinamento ocorreu em junho no Campo de Provas Brigadeiro Velloso (CPBV), na Serra do Cachimbo (PA). Após desembarque no CPBV, os cadetes recebem os equipamentos para o exercício, que não são muitos: facão, pá, materiais de sinalização, velame (tecido do paraquedas), pistola 9 mm, arma de caça e mochila. Os jovens recebem instruções de segurança e seguem de ônibus e depois de barco por um rio até finalmente chegar à área do exercício. A área é selvagem, de mata fechada, um cenário típico encontrado por sobreviventes isolados em ambiente de selva. Divididos em grupos de 14 pessoas, os cadetes permanecem por cinco dias no local, com o desafio de sobreviver a todos os perigos possíveis. Apesar da prontidão em tempo integral da equipe de suporte, que consegue chegar ao local em cerca de 15 minutos, os cadetes ficam sozinhos durante todo o exercício. São vários os desafios que o sobrevivente enfrenta na selva. A
FOTOS: AFA
obtenção da comida é essencial, mas também os cuidados com a higiene e a identificação de frutos comestíveis são importantes para evitar intoxicação alimentar. A presença de animais selvagens e muitos insetos é outro forte obstáculo. É comum os cadetes avistarem animais como onças, macacos, porcos do mato e cobras. No local os cadetes colocam em prática as técnicas que aprenderam na AFA, visando à sobrevivência não só durante os cinco dias do treinamento, mas por tempo indeterminado, já que em uma situação real o tempo de espera do resgate pode variar muito. O correto preparo de uma área de sobrevivência inclui atividades que melhoram a segurança, como a limpeza do local e a construção de abrigos, de latrinas, área para abate de animais e fogueira. Os cadetes preparam, ainda, áreas estratégicas para aumentar as chances de visualização do grupo por parte da equipe de resgate. “Na AFA sempre tem alguém para cobrar aquilo que aprendemos, mas na selva não. Quando fazemos algo errado ou mal feito, nós mesmos sofremos as conseqüências da natureza. Nosso sucesso depende apenas do nosso esforço”, conta o Cadete Gabriel Sampaio Duarte, que
Os grupos de 14 cadetes ficaram isolados por cinco dias na floresta amazônica
A partir do CPBV, os cadetes seguiram de barco até o local do acampamento
participou da atividade. Após os primeiros dias de treinamento, os cadetes, já cansados e debilitados fisicamente, começam a sentir outro mal sofrido pelos sobreviventes: moral baixo, excesso de tempo ocioso e tédio. Nesse momento, a união do grupo e a imaginação dos sobreviventes são fortes aliados. “A fome, o sono ruim e o cansaço começam a abater muito as pessoas. Então trabalhar para melhorar a qualidade de vida do grupo ajuda muito”, relembra o Cadete Duarte. Segundo
o jovem, móveis improvisados, miniatura de uma pista de pouso e até mesmo um jogo de golfe improvisado foram algumas das engenhocas criadas pelos grupos. O treinamento traz aos cadetes a confiança de que, se algum dia tiverem o infortúnio de um incidente na selva, estarão preparados para enfrentar a situação. “Trabalhar em equipe sobre pressão, conhecer seus limites psicológicos e saber até onde o seu corpo vai são grandes lições aprendidas”, afirma o cadete.
Imaginação para passar o tempo
Barracas eram feitas com paraquedas
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TECNOLOGIA
Histórias que fazem Alcântara Entre ruínas dos casarões do Brasil Império e ruas de pedra tombadas pelo patrimônio histórico está o mais importante centro de lançamento de foguetes do país. O local, que emprega tecnologia de ponta, fica numa área de 8 mil km2 a dois graus ao sul da linha do Equador, latitude ideal que permite uma economia até 30% do combustível necessário para impulsionar um foguete. O Notaer traz os bastidores de uma operação de lançamento por meio das histórias dos militares que trabalham no local
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uem entra no prédio histórico bem no centro de Alcântara (MA) recebe logo as boas-vindas do Soldado Gilherllisson Rodrigues Ramos. Não se preocupe com a pronúncia trava língua do nome, ele atende apenas por Ramos (1). Há pouco mais de um ano e meio, o militar é o responsável por recepcionar turistas na Casa de Cultura Aeroespacial da FAB (2). Na época de férias, são quase 200 estudantes por dia. Rodeado por painéis, mapas, miniaturas e protótipos de foguetes em tamanho real, ele discorre sobre a história, o objetivo, a importância do que se faz no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), sem titubear em nenhuma resposta. “Até os turistas brasileiros desco-
nhecem que a cidade tem toda essa tecnologia e eu me sinto lisonjeado em mostrar o que produzimos aqui”, diz o soldado. Guiados pelo jovem de 20 anos, três turistas do sul do Brasil ficaram sabendo porque a região foi escolhida para ser a base de lançamento do programa espacial brasileiro. “É importante para o país investir nessa área. Ao lançar um satélite conseguimos monitorar a meteorologia, o clima, o solo. Sem isso, vamos ficar na agricultura de carroça”, afirma o gaúcho Ciro Dipp. Por meio dele, os rapazes ficaram sabendo que no dia anterior o centro havia lançado mais um foguete de treinamento (3). Em 30 anos, o CLA já fez quase 500 lançamentos. No mais recente,
foram quatro dias de preparação envolvendo cerca de 100 dos 900 profissionais que trabalham em Alcântara. Entre os técnicos de várias áreas estava o Sargento Michael Luis dos Santos (4). Natural de Belém (PA), o bombeiro aeronáutico trabalha há sete anos na cidade maranhense. Nos períodos de operação, ele controla os acessos à área onde é realizada a integração dos componentes do foguete. “Sou o elo entre a equipe que instala o foguete com a central de segurança”, explica. Além dele, a Central de Segurança mantém contatos com Doc, Faísca e Evam codinomes usados pelo técnico em segurança Erivelton Lopes para chamar as equipes médica, de contra-incêndio e de evacuação
aeromédica, respectivamente. A distância de pelo menos 6 km de um setor a outro obriga Erivelton a supervisionar tudo por meio de rádios, telefones e, principalmente, câmeras, a partir da sala de controle de segurança de superfície. “Eu só posso informar que estou operacional [ao controle de lançamento] quando todos estiverem a postos. Só depois disso podemos iniciar a atividade de risco”, reitera o profissional sobre a necessidade de ter equipes prontas para agir em caso de problemas. A atividade de risco a qual ele se refere está ligada ao manuseio do foguete (5). Um dos profissionais responsável por montar as partes do veículo, como o motor-foguete (propelente) e a carga útil (experimentos), é o Suboficial Cláudio Ferreira de Castro (6). Com quase 30 anos de FAB, o militar técnico em armamento só se aproxima do foguete depois de vestir jaleco, pulseira e calcanhazeira antiestáticas. “Tem a função de descarregar a energia estática e evitar acidentes de ignição”, explica o militar. Enquanto isso, o Sargento Lucas Corrêa dos Reis cuida dos cabos umbilicais no lançador universal, fios que enviam as informações de comando ao foguete (7). Para realizar as conexões, ele chega a subir até 32 metros de altura em cima de uma grua semelhante a um guindaste. Em outro canto do CLA está a técnica em meteorologia Sargento Jenni-
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na Suécia (10). Além da sala de comando digital, outro ícone da tecnologia empregada no CLA está na torre móvel de integração do veículo lançador de satélites, o VLS. Reconstruída depois do acidente 2003, a plataforma com 33 metros de altura está pronta e aguarda a integração dos sistemas. É para ela que os olhos se voltarão no próximo ano, quando está programado um novo lançamento. Por ora, seguem as simulações, treinamentos e testes para certificação. “No final do ano devemos receber a mock-up do veículo lançador de satélite em tamanho real para testes da rede elétrica”, adianta o diretor do CLA, Coronel Engenheiro César Demétrio Santos. Craque da maré No lugar onde a maré tem uma das maiores variações do mundo – mais de seis metros – o único porto flutuante da região, construído pela Aeronáutica, tem dois catamarãs atracados. A bordo, sistemas de entretenimento, ar condicionado, vidros com película protetora tornam a viagem mais confortável para os 110 passageiros, capacidade máxima da embarcação. É a bordo dele que a maior parte do efetivo do CLA vai para o trabalho (11). A configuração com dois cascos evita o choque com as ondas e também o balanço. Outra vantagem é a velocidade. O percurso de pouco mais de 20 km em linha reta na baía de São Marcos, que separa a península da ilha de São Luiz, podem ser superados em 30 minutos. “O mar é muito revolto nesta região, quando a maré está mais agitada, a gente navega mais devagar”, explica o experiente Sargento Edson Silva de Oliveira. O Sargento integra a equipe de 15 mestres e 22 marinheiros, todos militares da FAB treinados pela Marinha, que se revezam 365 dias por ano na travessia. Só no mês de abril deste ano, o setor de transporte marítimo do CLA contabilizou 5.200 passageiros, entre eles funcionários públicos de Alcântara, como procurador, juiz, delegados e policiais.
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FOTOS: 1S REZENDE / CECOMSAER
fer Sumar Gonçalvez. Ela prepara mais um balão meteorológico (8). O quarto liberado ao longo do dia para medir velocidade e direção do vento em diferentes altitudes. Dados que podem interferir na cronologia de lançamento e na inclinação da plataforma onde o veículo é posicionado. Faltavam 10 minutos para às 14h quando a cronologia simulada de lançamento, realizada um dia antes do disparo real, foi interrompida. A aeronave que faria o voo de esclarecimento, como é chamada a varredura no mar onde o foguete deve cair, foi deslocada para outra missão. Uma moradora de Alcântara teve de ser transportada às pressas para o hospital em São Luis. O transporte aeromédico realizado pelo CLA para atender a comunidade é frequente. Em 2012 foram 67 voos, um a cada cinco dias. No dia seguinte, a sala de comando está repleta de convidados. Da sacada, 30 alunos da escola de ensino fundamental Caminho das Estrelas, mantida pela FAB, estão ansiosos. As crianças de Alcântara são envolvidas desde cedo com os eventos do CLA. Segundo a diretora da escola, Rousiane Damasceno, além de aproximar a comunidade, a iniciativa pode despertar nos alunos o interesse pelas carreiras de ciência e tecnologia. “Aqui a ciência faz parte do cotidiano das crianças, não fica só na imaginação e assim a comunidade se sente coparticipante também”, relata a professora (9). Os lançamentos contam com sistemas de comando e controle interligados por fibra ótica e, desde maio, com sistema de controle operacional e disparo digital. Mais rápido e confiável, a modernização do gerenciamento de todas as etapas, chamada de cronologia, teve investimento de R$ 20 milhões. “Estamos equiparados aos centros mais modernos do mundo”, compara o engenheiro José Alano Perez Abreu, que conhece os principais pólos da área, como Kourou, na Guiana Francesa, e Esrange,
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COPA DAS CONFEDERAÇÕES
FAB intercepta aeronave em zona de restrição aérea Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou uma aeronave suspeita que entrou na área de exclusão aérea durante o jogo Brasil e Japão, na abertura da Copa das Confederações. A abordagem foi realizada por uma aeronave A-29 Super Tucano na região sul do Distrito Federal. A rota do avião de pequeno porte foi desviada e o destino modificado. A ação foi acompanhada de perto na sala de controle ativada no Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA). Durante o evento, militares da FAB, Marinha e Exército coordenaram todas as aeronaves autorizadas a voar nas áreas restritas. De acordo com o comandante do COMDABRA, Major-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, o caça foi engajado para realizar medidas de policiamento, com a identificação do tráfego e o motivo de estar
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Vant monitora jogo de abertura em Brasília As imagens captadas pelo vant (veículo aéreo não tripulado) da FAB foram utilizadas para monitorar o entorno do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, que sediou o jogo de abertura da Copa das Confederações. A aeronave sobrevoou por nove horas o local e transmitiu as imagens em tempo real para as autoridades do Centro de Coordenação de Defesa de Área (CCDA). 1S REZENDE / CECOMSAER
Sala de controle coordenou a interceptação de aeronaves suspeitas durante o evento
voando numa área proibida. “O A-29 seguiu todo o procedimento previsto até a medida final, que foi mudar a rota e fazer a aeronave sair da área restrita”, explica o oficial-general.
O piloto interceptado pode sofrer medidas administrativas. “Será proposto uma infração de tráfego aéreo por ter descumprido a norma estabelecida para o evento”, complementa.
COMDABRA monitora ações em tempo real 1S REZENDE / CECOMSAER
As áreas restritas foram monitoradas em uma estrutura especial montada no COMDABRA
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m dias de jogos da Copa das Confederações, uma hora antes até quatro horas depois do início das partidas, foram ativadas três áreas
de segurança em torno dos estádios: uma branca, uma amarela e uma vermelha. Cada uma com regras próprias. As restrições do espaço aé-
reo foram comunicadas por meio de NOTAM (aviso aos aeronavegantes) e um guia prático. Para a estreia da Copa das Confederações, a zona de exclusão aérea foi ativada uma hora antes da cerimônia de abertura. Dois vants da FAB sobrevoaram a região de Brasília ao longo do dia captando e enviando informações em tempo real para o Centro de Coordenação de Defesa de Área (CCDA). As imagens da manifestação ocorrida momentos antes da abertura dos portões do Mané Garrincha, por exemplo, foram acompanhadas pelas autoridades para decidirem sobre as ações adequadas. Além dos Vants, duas aeronaves A-29 Super-Tucano, dois helicópteros H-60 Black Hawk e dois caças F-2000 Mirage também sobrevoaram o local durante o período em que vigorou a zona de exclusão aérea.
“Estamos aqui preocupados com vários aspectos. Primeiro com a segurança das pessoas e da infraestrutura da Copa das Confederações. Ao mesmo tempo, garantindo que o trânsito aéreo no país inteiro se dê da forma mais normal possível”, avalia o Tenente-Brigadeiro do Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica. Veja vídeos da atuação da FAB na Copa das Confederações no portal da FAB no YouTube: www. youtube.com/portalfab.
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Base Aérea do Galeão recebe delegações
FAB intercepta helicóptero no Rio de Janeiro MARLLON SOUSA
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Base Aérea do Galeão (BAGL), sob coordenação geral do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), foi responsável por receber as delegações que chegaram ao Rio de Janeiro para a Copa das Confederações. Seleções como a Itália e México desembarcaram no terminal de passageiros da BAGL, onde os militares da FAB trabalharam em esforço conjunto com a Polícia Federal, Infraero, Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e com o Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional. A parceria possibilitou menor tempo de desembaraço alfandegário das comitivas. Estrutura para atender delegações O Centro de Operações (CEOP), composto por militares e membros das instituições governamentais, foi ativado para prestar o apoio adequado às delegações. O CEOP concentrou todas as informações e distribuiu as determinações e atribuições dos
As delegações participantes do torneio desembarcaram na Base Aéra do Galeão
ria durante o evento, a BAGL reforçou o controle de acesso e a segurança das instalações. Os militares fizeram a fiscalização e executaram procedimentos de varredura durante as escoltas e comboios das delegações, além de coordenar as atividades de policiamento, trânsito e estacionamento de veículos.
setores responsáveis pela segurança e defesa, coordenação de pátio, logística e recepção. Equipes de recepção, compostas por militares da BAGL e outras organizações da guarnição do Galeão, foram alocadas nos ponto de trânsito das delegações e forneceram informações ao CEOP. Para prover a segurança necessá-
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3º/8º GAV
Durante o primeiro jogo realizado no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, um helicóptero de turismo invadiu a área reservada branca. Sem comunicação com os órgãos de controle e equipamento de identificação (transponder), a aeronave foi interceptada por um helicóptero H-60 Black Hawk da FAB. O helicóptero teve que pousar no Campo dos Afonsos, onde foram aplicadas as medidas de controle em solo. O helicóptero ficou retido no local até a desativação das áreas restritas.
CGNA monitora movimentos aéreos durante os jogos FÁBIO MACIEL / ASCOM DECEA
Representantes de órgãos do governo trabalharam em conjunto no CGNA
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inte e quatro horas por dia. Sete dias por semana. Vinte dias ininterruptos. Esse foi o período em que representantes de diversos órgãos de governo estiveram reunidos na Sala Master de Comando e Controle da Copa das Confederações, que funcionou no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), no Rio de Janeiro. O objetivo do centro de comando foi garantir, com segurança, o fluxo do transporte aéreo nos principais aeroportos das cidades-sede do evento: Brasília, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador. Durante os jogos, áreas de exclusão do espaço aéreo foram ativadas. Todo o monitoramento e gerenciamento das aeronaves que circularam nestas porções foi feito a partir da Sala Master. “O trabalho na Sala Master agi-
lizou a demanda de informações e dos voos e garantiu a execução do que foi planejado”, disse o chefe do CGNA, Coronel Aviador Ary Rodrigues Bertolino. Dentre os profissionais envolvidos, estavam civis e militares do CGNA, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC-PR), da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Comitê Organizador Local da Copa das Confederações (COL), do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), do Exército Brasileiro, da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), da Polícia Federal, da Receita Federal e do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro).
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ENTREVISTA
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assados 14 anos da criação do Ministério da Defesa (MD), a pasta segue com os desafios de garantir a operacionalidade das Forças Armadas e, ao mesmo tempo, aproximá-las ainda mais da sociedade civil. A opinião é de Ary Matos Cardoso, Secretário Geral do Ministério da Defesa, um civil que há dez anos utiliza o broche do MD na lapela do terno e conhece a fundo a Marinha, o Exército e a Força Aérea. Tanto que já fala com expressões típicas dos militares: “Quem dá a missão, dá as meios”. Nesta entrevista exclusiva, o Secretário conta que a Presidenta Dilma Rousseff tem grande confiança nos militares brasileiros. Mas, com a visão de quem conhece Pelotões de Fronteira, grandes empresas e também os trâmites políticos em Brasília, Ary Matos é um defensor de que a garantia de operacionalidade e do reequipamento das Forças Armadas depende da cooperação de civis e militares. Passados 14 anos de criação do Ministério da Defesa, como o senhor avalia a integração dos civis
3S BATISTA / CECOMSAER
“A Presidenta demonstra uma confiança muito grande nas Forças Armadas” e dos militares? Digo que hoje estamos criando uma nova cultura, a cultura civil-militar. De um lado, os civis aprendem muito sobre organização, hierarquia e disciplina e, do outro lado, os militares aprendem a ter uma visão mais ampla, fácil, pertinente como órgão civil. Cabe ao Ministério, como um órgão civil, viabilizar os meios para que vocês operem. Como eu aprendi com vocês, “Quem dá a missão, dá aos meios”. A sociedade brasileira, e também o Governo Federal, têm tido uma percepção melhor da importância das Forças Armadas? Eu diria que sim. O Livro Branco de Defesa, por exemplo, não foi um trabalho isolado do MD. O Livro passa a ser um documento de disponibilidade nos vários segmentos públicos, principalmente o Congresso Nacional. A cada quatro anos, o Poder Executivo é obrigado a prestar contas ao Legislativo sobre o que foi feito em função daquilo que figura na Estratégia Nacional de Defesa e no Livro Branco. Defesa, antes, era conhecida
O Secretário Geral do Ministério da Defesa defende a operacionalidade das Forças
3S BATISTA / CECOMSAER
O secretário acredita que está sendo criada uma cultura civil-militar no Brasil
só por militares. Hoje, não. Diversos segmentos nacionais, as academias, a área de indústria, têm grande conhecimento sobre a área. Existe uma difusão das informações de defesa que é frequente e tem proporcionado questionamentos que são importantes para saber como estamos. Quanto aos grandes eventos, como o senhor avalia o papel das Forças Armadas? Eu avalio como natural o caminho de atribuir a segurança às Forças Armadas, que já viveram essa experiência com os Jogos Mundiais Militares (2011), a Rio+20 (2012) e agora os grandes eventos. As Forças têm uma participação altamente significativa e predominante pela sua experiência, qualificação dos homens e o sistema de controle que dispõe. A Presidenta demonstra uma confiança nas Forças Armadas muito grande, muito grande. Há um trabalho integrado forte entre o Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça. Para cumprir tudo isso, como está o trabalho de reequipamento das Forças? O que faz a Secretaria de Produtos de Defesa? Em março de 2012, tivemos a aprovação da Lei de Produtos de Defesa. Isso é um passo altamente significativo para o desenvolvimento industrial do Brasil. A Secretaria de Produtos de Defesa está implementando a regulamentação dessa Lei.
Nós vamos classificar, identificar e criar as condições para as indústrias estratégicas de defesa para que elas não só atendam às necessidades do País, mas, quem sabe, iniciem a exportação de produtos de defesa. A expectativa é que no futuro o Brasil tenha Forças Armadas fortes e também seja um exportador de alta tecnologia? Com certeza. Essa é a nossa esperança e expectativa, e temos tudo para isso. Acredito que se o MD for capaz de apresentar um projeto consistente, com suas necessidades, com definição de prioridades, não será difícil aprovar na área econômica. A gente precisa de duas coisas: garantir a operacionalidade das Forças e garantir a operacionalidade plena, além da modernização desses meios. É neste contexto que vai ser ampliado o número de vagas no Instituto Militar de Engenharia (IME) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)? A Presidenta foi muito feliz. Foi uma determinação dela. Ela percebeu duas escolas de excelência, conhecidas no mundo todo, e o Brasil carecendo de pessoal da área técnica. O ITA vai duplicar e o IME vai triplicar o número de alunos até 2018. Mas o aumento já começa agora, independente da ampliação da estrutura. O Ministério da Educação vai investir 500 milhões nos dois institutos.
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OPERACIONAL
Esquadrões realizam missão conjunta em apoio à embarcação estrangeira
A
ção integrada entre Força Aérea Brasileira (FAB) e Marinha do Brasil permitiu que dois brasileiros tripulantes do navio de pesquisa Ocean Stalwart, da República de Vanuatu, recebessem medicamentos por meio de lançamento aéreo. A Marinha recebeu a solicitação de evacuação aérea para dois tripulantes, Marcelo Maia Figueira e Gabriela Oliveira, que estavam a aproximadamente 1.740 km de São Luis (MA). Diabético, Marcelo apresentava hiperglicemia e necrose em um dos dedos do pé, e Gabriela tinha quadro de hipotensão, desidratação, desmaio e anemia. De imediato, a Marinha disponibilizou um médico para orientar por telefone o enfermeiro a bordo, que conseguiu estabilizar o estado de saúde dos doentes, dispensando a remoção. Entretanto, o agravamento do casal fez com que o SALVAMAR acionasse o SALVAERO para que a FAB realizasse o lançamento dos medicamentos ao mar. Enquanto o Hospital Naval de Belém providenciava a medicação e os
materiais médicos necessários, duas aeronaves da FAB foram engajadas na missão: um P-95 Bandeirulha do 3º/7º GAV, Esquadrão Netuno, e um C-95 Bandeirante do 1º ETA, Esquadrão Tracajá, ambos sediados na Base Aérea de Belém (BABE). O P-95 tinha a missão de localizar a embarcação e repassar as coordenadas à tripulação do C-95, que faria o lançamento do fardo com os medicamentos. O Bandeirulha localizou o alvo a 500 km de São Luis e lançou um marcador de mar, permitindo que o Bandeirante realizasse o lançamento dos medicamentos com precisão. De posse dos remédios, a tripulação conseguiu estabilizar novamente o quadro de saúde dos doentes, que seguiram até o Porto de Itaqui, onde receberam o atendimento médico de emergência. “Atuar em parceria com um esquadrão de transporte, com doutrina e procedimentos próprios, mostrou a interoperabilidade da FAB. Tão logo a missão foi deflagrada, juntamos as equipes, realizamos o planejamento e
3º/7º GAV
A aeronave da FAB localiza a embarcação para o lançamento dos medicamentos
agimos com a rapidez necessária para que a missão fosse cumprida com êxito”, destacou o Comandante do 3º/7º GAV, Tenente-Coronel Aviador Otávio Luiz Timóteo Alves. O Comandante do 1º ETA, Tenente-Coronel Aviador Webert Romeiro Freire ressalta que o preparo e o profissionalismo foram fundamentais para a rápida localização e o sucesso
do lançamento dos medicamentos. “A tranquilidade decorre do treinamento constante das nossas tripulações, a fim de torná-las eficientes, seja na paz ou na guerra. Nesta missão real, a aviação de transporte e de patrulha somaram esforços para que pudéssemos salvar vidas. E isso não tem preço para a motivação das nossas equipes”, concluiu o Tenente-Coronel Webert.
FINANÇAS
TCU destaca desempenho contábil da Aeronáutica
O
Tribunal de Contas da União (TCU) publicou o Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Governo da República em 2012, no qual destaca a atuação da Aeronáutica dentre os órgãos do poder executivo federal. O relatório do Tribunal de Contas da União chama a atenção para o número de restrições contábeis atribuídas aos órgãos do Governo e faz o contraponto com o desempenho do Comando da Aeronáutica: “Em
dezembro de 2012, dentre os 29 órgãos contábeis superiores do Poder Executivo Federal, apenas o Comando da Aeronáutica e o Ministério da Defesa não tiveram restrições na conformidade contábil”. De acordo com o Tribunal, a conformidade contábil “sem restrição” é registrada quando não há inconsistências ou desequilíbrios nas demonstrações contábeis do órgão ou quaisquer discrepâncias que afetem negativamente a qualidade das
informações disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). “É muito gratificante receber a distinção do Tribunal de Contas da União. Isso reflete o zelo que as nossas organizações possuem com a gestão dos processos administrativos. Estamos no caminho certo”, afirma o Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Franciscangelis Neto, Secretário de Economia e Finanças da Aeronáutica.
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EDUCAÇÃO
FAB renova convênio para descontos em cursos Departamento de Ensino da Aeronáutica (DEPENS) e a Fundação Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) assinaram termo aditivo ao convênio que oferece descontos em cursos superiores a distância a militares e a servidores civis, ativos, inativos e dependentes. O acordo foi assinado pelo Diretor-Geral de Ensino da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Dirceu Tondolo Nôro, e o Reitor da UNISUL, Sebastião Salésio Herdt. A oferta de cursos a distância leva em consideração que a Força Aérea possui unidades desdobradas em todo o território nacional, o que determina a existência de um elevado número de militares e civis em todas as regiões do país. “O ensino a distância facilita o acesso à educação para os militares que são transferidos com frequência, realizam inúmeras missões e nem sempre conseguem acompanhar um curso presencial”, afirma o TenenteBrigadeiro Nôro. O ingresso é feito através da análise do histórico escolar, reingresso (para portador de diploma de ensino
U
superior), ou transferência externa, divididos em três editais de ingresso durante o semestre letivo. A UNISUL está com inscrições abertas até o dia 16 de julho para ingresso no 2º período letivo. A inscrição pode ser feita no site da universidade, que indicará o convênio. Os militares da FAB têm direito ao desconto em todos os cursos oferecidos. O pagamento das mensalidades é feito por meio de boletos, que podem ser pagos até o vencimento em qualquer banco. A metodologia da UnisulVirtual é baseada no sistema e-learning, ou seja, totalmente pela internet, com encontros presenciais apenas para realização das avaliações presenciais. Não há aulas presenciais e tele presenciais, e o principal ambiente para estudos será o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). No EVA o aluno tem a disposição várias ferramentas de apoio, entre elas a “Professor”, em que pode entrar em contato com o professor para esclarecer eventuais dúvidas relacionadas ao conteúdo. Não há horário específico para acessar, mas o aluno deve ficar
1S REZENDE / CECOMSAER
O
O convênio foi assinado por representantes da UNISUL e o chefe do DEPENS
atento ao cronograma de cada disciplina, para enviar as atividades propostas dentro dos prazos estipulados. Os alunos da graduação contam também com materiais didáticos impressos e on-line disponibilizados no início de cada disciplina. Recebem
guias de estudo para orientar a aprendizagem na educação a distância, com as orientações específicas de cada curso e, ainda, contam com manuais de orientação e com equipes de tutores que auxiliam o aluno a utilizar os recursos da internet na educação a distância.
QUEM TEM DIREITO Informações: www.unisul.br
DESCONTO
Oficiais e servidores civis assemelhados, ativos e inativos Praças, praças especiais e servidores civis assemelhados, ativos e inativos
15% 25%
Colégio ganha menção honrosa em simpósio
m trabalho científico de alunos do Colégio Brigadeiro Newton Braga (CBNB) obteve menção honrosa em evento promovido pela Universidade Fundação Oswaldo Aranha. O trabalho intitulado “Extração de óleos essenciais de plantas aromáticas” conquistou o primeiro lugar na categoria Pôster Ciência e Meio Ambiente no III Simpósio em Ensino de Ciências e Meio Ambiente. O CBNB é uma instituição de ensino mantida pela Força Aérea Brasileira no Rio. Coordenado pelo professor de química, Suboficial Marcelo Delena Trancoso, o projeto tem a participação das estudantes Beatriz Alves Vieira Baptista, Gabriela Alves Gomes, Mylena Maciel Gonzalez e Thayane Borges Ribeiro, alunas da primeira série do Ensino Médio. A pesquisa demonstra a obtenção
de óleos essenciais de plantas aromáticas, que podem ser extraídos de raízes, caules e folhas de vários tipos de plantas, como hortelã, laranja, limão e cravo-da-índia. Estes óleos possuem grande importância industrial e podem ser empregados nas indústrias de perfumaria, cosméticos, alimentos e farmacêutica. Geralmente, são componentes de ação terapêutica de plantas medicinais. “O trabalho atinge os objetivos de motivar e incentivar nossos alunos quanto ao estudo das disciplinas científicas, de promover a interação com outras disciplinas e de mostrar a importância da pesquisa”, afirma o Suboficial Marcelo. Outros dois trabalhos científicos realizados pelo CBNB também foram apresentados no simpósio: “modelagem dos vírus da AIDS, da dengue,
SO MARCELO / CBNB
Projeto de alunos do CBNB tratou da extração de óleos essenciais em plantas aromáticas
da hepatite B e do HPV”, coordenado pelo professor de Matemática, Edison de Sousa; e “Coleta do óleo usado: preservando o meio ambiente e demonstrando a importância das práticas de química no ensino de ciências”, também coordenado pelo Suboficial Marcelo.
“A realização destes trabalhos e a premiação são muito importantes, pois motiva outros alunos a se dedicarem à pesquisa e ao estudo das disciplinas científicas e torna o Colégio Brigadeiro Newton Braga conhecido no meio acadêmico”, acrescenta o professor de química.
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MEIO AMBIENTE
COMGAP inicia programa de reflorestamento Comando-Geral de Apoio (COMGAP) iniciou um programa de reflorestamento com a previsão de plantar, até o final do ano, 10 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. O objetivo é recompor uma área de floresta de aproximadamente 100 mil m2 dentro Parque de Material Bélico do Rio de Janeiro (PAMB-RJ), na Ilha do Governador. O início do projeto foi marcado pela presença de alunos do Colégio Brigadeiro Newton Braga (CBNB), que realizaram o plantio de mudas de diversas espécies. Mais de 100 crianças com idades entre nove e dez anos viram palestra do Suboficial José Luiz Garruthe de Almeida sobre conscientização ambiental e assistiram a um vídeo sobre a história da Mata Atlântica e a importância do reflorestamento. “Eu plantei um monte de árvores, foi muito legal. A gente pegou
a muda, jogou areia e depois água. Daqui um tempo elas vão crescer e virar uma floresta enorme”, contou a estudante Yasmin Ferreira Mendonça, de nove anos. Para a professora Elaine Regina Maurício de Souza, essa foi uma experiência significativa para as crianças, pois uniu aspectos teóricos e práticos para complementar a aprendizagem. “Certamente é uma experiência que elas jamais vão esquecer, pois tudo que eles assistiram durante a palestra puderam vivenciar logo depois. Também há o aspecto emocional de participar de uma atividade de grupo, despertando a consciência para a coletividade e a preservação ambiental”, elogiou a educadora. Reflorestamento Acompanhado pelos estudantes, o Comandante-Geral de Apoio, Tenente-Brigadeiro do Ar Hélio Paes de Barros Júnior, realizou o ato inau-
2S WILLIAM / COMGAP
O
Crianças do Colégio Newton Braga fizeram o plantio em áerea do PAMB-RJ gural do programa. O comandante plantou uma muda de pau-brasil, árvore simbólica da Mata Atlântica e ameaçada de extinção. Na primeira etapa, duas mil mu-
das de espécies como ipê, aroeira e jequitibá estão sendo plantadas. Os efetivos do COMGAP e do PAMB-RJ continuam a atividade. As mudas são doadas pelo Grupo Baldim Bioenergia.
PERFIL
32 anos sem perder o fôlego 3S RIBAS / V COMAR
E
ntre várias especialidades militares, o corneteiro se destaca pela importância no auxílio à ordem unida, seja em solenidades, treinamentos ou ensino. A função é normalmente exercida por cabos ou soldados. Mas no Quinto Comando Aéreo Regional (V COMAR), em Canoas (RS), o Suboficial Músico Mauro Air Garcia, 51 anos, orgulha-se de continuar praticando a atividade desde que era soldado em 1981. “Comecei a tocar corneta como recruta porque já sabia antes de entrar para o serviço militar. Fui cabo, depois sargento do Quadro de Música e cheguei a Suboficial sempre mantendo a atividade de corneteiro”, conta. Após 32 anos de carreira, o Subo-
O SO Garcia é corneteiro há 32 anos
ficial contabiliza a experiência adquirida: tocou em 36 alas presidenciais e participou da formação de 12 turmas de recrutas, cerca de 15 turmas de
cabos e mais de 20 turmas de aspirantes. Participou também de incontáveis solenidades como passagens de comando, aniversários e desfiles cívico-militares. “Já participei de 30 desfiles da semana da Pátria, mas cada vez que passo na avenida, com os aviões sobrevoando, fico muito emocionado”, conta. Depois de servir na Base Aérea de Santa Maria, de 1981 a 1996, atualmente trabalha no Serviço Regional de Ensino do V COMAR (SERENS-5). Lá ele também é responsável pelas aulas de hinos e canções. Aos alunos, busca oferecer instruções dinâmicas e que sejam sempre lembradas: “Procuro passar minha experiência e orgulho em cantar as canções militares, mas principalmente o hino nacional”. Se-
gundo o Chefe do SERENS-5, Capitão R1 Martinho José Inácio Prujá, Garcia é envolvido com o trabalho, inclusive voluntariando-se para atividades extras. “Ele realiza muito bem suas atividades, mas o que se destaca nele é o amor à profissão e à formação”, diz o Capitão. Com o passar dos anos as despedidas acabam fazendo parte da rotina: “Os colegas vão indo para a reserva e eu continuo. Gosto muito do que faço, tenho prazer em realizar minha atividade e acredito que minha experiência contribui tanto com as formaturas quanto com a formação de alunos”. O Suboficial Garcia tem ainda mais quatro anos na ativa e não deve parar com o ofício que tanto gosta.
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ESPORTE
Desafrio: corrida a cinco graus negativos a maioria das unidades da FAB, o efetivo conta com dois horários para realizar atividades físicas durante a semana. Mas alguns militares não se limitam a esses períodos e fazem do esporte uma prática diária. A preocupação não é apenas o teste de avaliação de condicionamento físico, mas também as competições. E uma das atividades mais procuradas é a corrida. O Major Aviador Steven Meier, 41 anos, chefe do Serviço Regional de Engenharia do Quinto Comando Aéreo Regional, resolveu intensificar a prática de atividade física há quatro anos, para baixar os níveis de colesterol que permaneciam elevados mesmo com dieta. “No início, corria três vezes por semana e era obrigação. Mas se você vence a barreira dos quatro ou seis meses, acaba tomando gosto. Agora corro seis vezes por semana”, conta o Major. Os benefícios, segundo ele, vão além dos números mostrados nos exames: melhora na disposição, possibilidade de fazer amigos e motivação para superar os próprios limites são algumas vantagens. E foi para testar suas capacidades que o militar passou a participar de maratonas e corridas de aventura. “As capitais oferecem muitas provas, há corridas quase todo final de semana. Mas outro desafio
são as corridas de aventura, que aliam o esforço físico com as condições diversas de pistas na natureza”, conta. Após participar de muitas provas e desafios, ele foi em busca de um “Desafrio”, como é chamada a corrida de aventura realizada em Urubici, cidade catarinense distante 170 km da capital Florianópolis, cuja altitude varia de 900 a 1826 metros. No ponto mais alto do município, no Morro da Igreja, estão os radares de controle de tráfego aéreo do CINDACTA II. A corrida começa no centro da cidade e segue em subida por 27 quilômetros até o Morro. O retorno, quase todo em declive, termina no centro de Urubici. O percurso é feito em estradas de chão batido e trilhas que incluem riachos e asfalto. Para enfrentar a corrida sob um frio de cinco graus negativos, variação de altitude e ventos de até 79 km/h, o Major Steven não esteve sozinho: o Tenente-Coronel Aviador Carlos Afonso Mesquita de Araújo, Comandante do 1º/14º GAV, Esquadrão Pampa, completou a dupla. Os dois percorreram o percurso íngreme e escorregadio e conseguiram completar a prova sem ter feito um treinamento específico, a não ser a participação em outras corridas de aventura. Qualidade de vida O Tenente-Coronel Afonso diz
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
N
O Major Steven no alto do Morro da Igreja e ao lado do Tenente-Coronel Afonso após complentarem a prova
que a corrida melhora a condição psicológica e possibilita que se tenha qualidade de vida. Ele começou a correr regularmente quando ainda estudava na Academia da Força Aérea. “A prática esportiva nos mantêm ativos e conserva a saúde mental. Diante dos desafios do dia a dia, mesmo sob condições de pressão, permaneço íntegro e consigo buscar novas soluções
para os problemas”, destaca. Ele acredita que os benefícios são cumulativos e tudo que já fez no passado fez com que chegasse na condição atual, assim como a prática de hoje servirá como uma “poupança” para a saúde no futuro. “Eu tenho 42 anos e vi o campeão do Desafrio com 51, então sei que ainda é possível melhorar”, afirma o Tenente-Coronel.
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SAÚDE BUCAL
Você tem mau hálito?
O
ALIMENTAÇÃO - Evitar alimentos fritos ou condimentados, pois causam o ressecamento bucal - Evitar o consumo excessivo de alimentos com odor carregado ou contendo enxofre na composição: alho, cebola, picles, repolho, couve, brócolis, gorduras, café, refrigerantes e achocolatados
ARTE: 3S DANIELLE / CECOMSAER
mau hálito atinge 100% das pessoas. Ao acordar, todo mundo tem o chamado “hálito da manhã”. Ele ocorre pela falta de salivação durante o sono. É normal e desaparece após a primeira refeição e escovação matinal. Mas quando o mau cheiro persiste, é preciso ficar atento. O mau hálito, ou halitose, é um problema que afeta os relacionamentos amorosos, familiares, profissionais e até a autoestima. “Normalmente quem tem mau hálito não percebe. Isso acontece por causa da fadiga olfatória, ou seja, a pessoa se acostuma com o odor. Nesse caso, cabe aos mais próximos alertar sobre o problema. Na dúvida, o ideal é procurar um profissional de saúde para dar o diagnóstico”, explica a Tenente Dentista Daniele Unfer, da Odontoclínica de Aeronáutica de Brasília. A halitose tem duas causas principais. Uma temporária, provocada pelo fumo, bebidas alcoólicas e alguns alimentos. E outra permanente, determinada por bactérias presentes na língua e na superfície dos dentes. Um dos principais fatores ligados ao mau hálito é a chamada “saburra”, que é o acúmulo de resíduos alimentares e de bactérias sobre a língua. “O surgimento da saburra pode estar ligado à redução do fluxo salivar. O paciente deve remover os resíduos com limpadores linguais
e identificar as causas da redução do fluxo salivar”, afirma a dentista. A diminuição da saliva pode estar ligada a diversos fatores, como a baixa ingestão de água, dieta ali-
mentar, medicamentos, alterações hormonais, dentre outras. Algumas doenças também podem causar o mau hálito, como problemas intestinais e hepáticos, além de problemas
PREVENÇÃO - Visitar o dentista semestralmente - Fazer pequenas refeições a cada três horas - Ter uma dieta balanceada, incluindo alimentos duros e fibrosos - Evitar álcool e fumo - Ingerir muito líquido, principalmente água (média de 2 litros/dia)
PRINCIPAIS CAUSAS - Problemas intestinais, hepáticos, pulmonares, renais e estomacais - Medicamentos de uso contínuo - Alterações hormonais e emocionais - Diabetes - Doenças nas gengivas, lesão na mucosa bucal e cáries
HIGIENE BUCAL - Realizar higiene bucal completa - Limpar bem a língua - Evitar o uso de soluções para bochecho com álcool na composição
Saburra
nas gengivas e cáries. Se o problema não for na boca, o dentista deve encaminhar o paciente ao médico especialista na patologia identificada.