Viver o Batismo - Caderno de Estudos - Tema do Ano 2020

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Batismo como base da existência cristã Pastor Renato Creutzberg

I – Subsídio teórico “Penso, logo existo” é uma frase famosa do filósofo René Descartes. Pensar, obviamente, nos traz consciência da existência. Não obstante, como filhos e filhas de Deus, o nosso sentido existencial vem de outra fonte! Como pessoas cristãs, poderíamos parafrasear o filósofo, confessando: Sou batizado, logo, existo no amor de Deus / Sou batizada, logo, existo no amor de Deus. O reformador Martim Lutero redescobriu a alegria desta nova existência em Deus, especialmente a partir da Carta de Paulo aos Romanos: “Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida” (Romanos 6.4). Lutero concluiu que nossa velha existência deve ser afogada e ressurgir diariamente como nova criatura diante de Deus (Catecismo Menor, explicação sobre o Sacramento do Batismo). Pessoas que lutam contra o alcoolismo ou outra dependência costumam dizer que vivem um dia de cada vez. Para se livrar da dependência, a pessoa precisa acordar a cada dia e dizer: “Hoje não!”. De certa forma, a vida da pessoa cristã pode ser comparada a este propósito. A pessoa cristã também precisa dizer diariamente: “Sou batizada, por isso quero renunciar ao pecado e viver como filha de Deus”. Tanto Paulo quanto Lutero enxergaram no batismo a possibilidade de uma vida nova DIÁRIA! É como se Paulo dissesse em outras palavras: Você participa da cruz e da ressurreição de Jesus. Ou seja, a ressurreição não é somente uma esperança distante, para o futuro. Ao contrário, a força da ressurreição é para ser vivida hoje, a cada dia! Na prática, isso significa que, como filhas e filhos de Deus, não podemos dissociar a fé na ressurreição da nossa vida diária, das decisões cotidianas. É no relacionamento com familiares, pessoas amigas, com a comunidade e a sociedade, é quando temos de tomar decisões profissionais, na honestidade, na política, na economia, é ali que existimos como novas criaturas. É fácil isso? – Não, claro que não! De onde provêm nossas forças para isso? Nisto reside a grandeza do presente que Deus nos deu no batismo: a força e a coragem de fazer o bem não estão em nós (cf. Romanos 7), mas são ação do Espírito Santo através de nós. O batismo não nos torna “super-heróis” ou “super-heroínas” da fé. O batismo nos define como filhos e filhas de Deus, a partir da iniciativa exclusiva de Deus de nos acolher e declarar seu amor incondicional na cruz de Cristo. Convém lembrar dois detalhes em duas parábolas de Jesus, que nos ajudam nesta compreensão existencial diante de Deus: Primeiro: na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15.11-32), o filho “fujão” foi recebido de braços abertos pelo pai: “E, arrumando-se, foi para o seu pai. — Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou” (v. 20). 20


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