Viver o batismo na família Catequista Mariane Noely Bail da Cruz
I – Subsídio teórico Em tempos em que o individualismo prevalece, viver o batismo na família não é tão simples. Mas podemos exercitar esta vivência porque estamos unidas e unidos a Jesus Cristo a partir do sacramento. Em João 15.1-17, Jesus usa uma imagem muito conhecida na época: a videira e seus ramos. Jesus é a videira, nós somos os ramos e Deus é o agricultor que cuida dos ramos. Para permanecer vivo e produzir fruto, o ramo precisa ficar unido à videira. O texto da videira e dos ramos aponta para o amor de Deus como fonte de vida. O amor de Deus sustenta, acolhe, cuida, transforma. Como pessoas criadas à imagem de Deus e amadas por Ele, temos o chamado para seguir o exemplo de Jesus, para viver o amor que acolhe, perdoa, cuida, integra, transforma. O discipulado somente se concretiza lá onde pessoas permanecem no amor de Deus. A comunidade, e assim também a família, deve permanecer na palavra e no amor de Deus. Dessa forma, poderá praticar o amor e viver o batismo. Jesus disse “amem uns aos outros” (João 15.17). É claro que esse amor não pode ficar restrito ao grupo de discípulos e discípulas, ou às pessoas que participam da comunidade, ou somente a familiares. Conforme Mateus 5.44, o amor deve estender-se inclusive às pessoas que poderiam ser consideradas inimigas. Entretanto, o que se vê muitas vezes é a falta de amor entre os irmãos e as irmãs na fé ou mesmo entre familiares. A forma com que tantas vezes se “mal” tratam mostra que o amor ainda permanece somente como discurso. A vivência do amor começa com aquele e aquela que está ao nosso lado na família e que comunga da mesma fé na comunidade. A partir daí, o amor alcança outras pessoas fora do círculo da família e da comunidade. O batismo é uma prova concreta de que o amor de Deus se destina a nós. Através dele, Deus nos chama pelo nome e perdoa o nosso pecado (cf. Isaías 43.1). A iniciativa de oferecer o amor parte de Deus. Nós temos a liberdade de nos fechar ao amor, de não aceitá-lo. Por outro lado, não temos a liberdade ou possibilidade de, numa decisão pessoal, nos tornar amigos ou amigas de Jesus. “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, eu os escolhi”. Ou, como diz Lutero na explicação do terceiro artigo do Credo Apostólico: “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele...”. Deus quer que este o amor – amor em favor das outras pessoas – seja vivenciado, seja divulgado, seja ensinado. Para que isso aconteça, é preciso que permaneçamos em seu amor. Sem essa íntima e concreta ligação não o conseguiremos, assim como o ramo não pode produzir fruto se não permanecer na videira. “Como o Pai me amou, também eu amei vocês; permaneçam no meu amor”. Viver e permanecer nesse amor se concretiza no cumprimento dos mandamentos, da 24