3 minute read

Para o ano que está por vir, esperançar e seguir

Nisso, o rapaz escutou a voz alegre de uma menina que olhava pela janela, extasiada com a beleza das flores. Ela dizia: – Veja, papai, que lindo! Então o rapaz compreendeu o que aquela senhora fez: deu um presente para a natureza e para todos os que passariam por aquele caminho. Plantemos sementes de amor, de generosidade, de paz. Um dia, veremos flores e frutos de felicidade.

Odila Wilbert Ipanema, Rio de Janeiro/RJ

PARA O ANO QUE ESTÁ POR VIR, ESPERANÇAR E SEGUIR

Nós estamos sempre esperando por algo: esperamos a hora passar, o fim de semana chegar, a saúde melhorar, o salário entrar, o sol aparecer, a chuva chegar, nosso time vencer, nossos sonhos realizar e assim por diante. Mas esperar não é o mesmo que ter esperança, esperançar! Embora as palavras sejam parecidas, o conceito é bem diferente. Esperar é querer, desejar e aguardar que algo aconteça. Por exemplo, eu passei parte da minha infância e adolescência esperando e sonhando ser piloto de avião. Eu orava a Deus para que isso acontecesse, e quando tentei algo, ninguém me levou a sério e acabei desistindo do sonho. Por quê? Porque eu nunca havia falado com ninguém nem havia feito nada sobre isso. Assim, há muitas pessoas esperando por muitas coisas, mas acreditam que esperar é suficiente. Mas não, não é suficiente. Precisamos esperançar, sentir que é possível realizar aquilo que desejamos e isso envolve levantar, sacudir a poeira e fazer algo para alcançar o que esperamos. Há alguns anos, quando trabalhei num projeto diaconal, conheci uma mulher que desejava e esperava ter uma casa melhor, mais organizada e mais confortável, pois ela vivia numa casinha pequena, cheia de frestas e bem bagunçada. Então perguntei o que ela já havia tentado fazer para realizar esse sonho. Ela disse: “Pois é....”, e ficou um tempo em silencio. Depois seguimos

128

a conversa com outros assuntos e decidi que iríamos ajudar essa família por algum tempo. Passado esse período, perdi o contato com ela. Depois de alguns anos, resolvi visitá-la. Mas a casa estava irreconhecível; não era grande, mas era bonita, bem pintada e com um pequeno jardim. Achei que ela não morasse mais ali, mas resolvi chamar e perguntar por ela, e, para minha surpresa, foi ela mesma quem atendeu. Não consegui esconder minha surpresa e fui logo perguntando como ela havia conseguido. Então ela contou a história e revelou que aquela pergunta que eu havia feito para ela, anos atrás (o que ela já havia tentado fazer para realizar esse sonho?), acendeu uma inquietação muito grande no coração dela, pois apesar de sonhar com uma casa melhor, ela nunca havia feito nada para melhorá-la. Isso a levou a parar de esperar que a situação melhorasse e que os outros resolvessem seu problema; começou a cuidar e organizar melhor a casinha que tinha; depois foi, peça por peça (cômodo por cômodo), construindo a casa nova. Ou seja, ela parou de esperar e passou a esperançar. Ela levantou, sacudiu a poeira e fez algo para alcançar o que esperava. Esperançar é fazer com esperança o melhor que pudermos com as circunstâncias e as coisas que temos. Isso me lembra da mensagem de Deus para o povo de Israel, que havia sido levado para o exílio na Babilônia. O texto pode ser lido na íntegra em Jeremias 29.1-23, do qual reproduzo aqui uma parte: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia: “Construam casas e morem nelas; plantem pomares e comam o seu fruto. Casem e tenham filhos e filhas; escolham esposas para os filhos de vocês e deem as suas filhas em casamento, para que tenham filhos e filhas. Aumentem em número e não diminuam aí na Babilônia! Procurem a paz da cidade para onde eu os deportei e orem por ela ao Senhor; porque na sua paz vocês terão paz [...]Assim diz o Senhor: “Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vocês e cumprirei a promessa que fiz a vocês, trazendo-os de volta a este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês”, diz o Senhor. “São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança”. Se você prestou atenção no texto, sabe que o tempo de exílio não seria curto. De acordo com a profecia, seriam 70 anos, ou seja, alguns não retornariam mais e outros iriam nascer por lá. É de imaginar que numa situação dessas alguns estivessem pensando em fazer uma rebelião e provocar o caos; outros iriam fazer apenas o que fossem obrigados a fazer; outros talvez apenas ficariam se lamentando.

This article is from: