Nº 16 – ANO 8
JUNHO DE 2018
Amsterdã
A atmosfera vibrante da capital holandesa conquista cada vez mais turistas brasileiros
Arte
Exposição Da Terra Brasilis à Aldeia Global é destaque no Espaço Cultural Unifor
Cultura
Herdeiros de grandes mestres mantêm vivas as técnicas artesanais no interior do Ceará
r$ 14,00
00016
9 771518 223083
nesta edição n°16 14. Casa e ofício
30. Unifor
Profissionais liberais cearenses ressignificam o homme office, unindo trabalho e bem-estar em um só espaço
Exposição 'Da Terra Brasilis à Aldeia Global' faz um recorte histórico do acervo da Fundação Edson Queiroz
48. Comportamento Tendência contemporânea, os espaços sob medida resultam na estrutura perfeita para quem prefere morar só
22. Cultura Herdeiros de grandes mestres da criação artesanal mantêm vivas as tradições nordestinas
52. MODA Roupas e acessórios de estilo único misturam-se à profusão de cores dos quadros assinados por Mano Alencar
Gente indica. p 10 — mercado de luxo. p 38 — beleza. p 62 — meu luxo. p 66 — DECORAÇÃO. p 84
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maio – 2018 68. arte Urbana Elevadas a um novo patamar, as intervenções de artistas multifacetados transformam as cidades em painéis vivos
78. trekking Unindo ecologia, esporte e turismo, as caminhadas por trilhas, em meio à natureza, ganham novos adeptos
114. gastronomia Com um toque de modernidade urbana, os rooftops são tendência na cena gastronômica de Fortaleza
120. CAPA Com novos voos ligando Fortaleza a Amsterdã, a capital holandesa é um convite à viagem. História, arte e belas paisagens aguardam os visitantes
pompeu vasconcelos. p 96 — tecnologia. p 100 — serviço. p 128 — pERCEPÇÕES. p 130
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16ª Edição – Maio de 2018
Revista Gente é uma publicação do JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE diariodonordeste.com.br
EDITORA VERDES MARES LTDA. Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz, S/N Bairro Dionísio Torres Fortaleza, CE - CEP 60135-690 C.G.C.07.209.299/0001-38 Diretor Superintendente: Pádua Lopes Diretor Editor: Ildefonso Rodrigues Gerente Geral de Comercialização: Rafael Rodrigues Coordenação Editorial: Ildefonso Rodrigues Edição: Marlyana Lima Produção: Larissa Freire Projeto Gráfico e Design: Felipe Goes e Wanessa Rodrigues - Carta&Carta Textos: Adriana Martins, Anchieta Dantas Jr., André Marinho, Carol Kossling, Karine Zaranza, Marlyana Lima Fotografias: Eduardo Queiroz, Kleber Gonçalves e Natinho Rodrigues Editorial de moda: Márcia Travessoni Tratamento e Finalização de Imagens: Edilberto Rodrigues Revisão: Vânia Monte Gerente de Noticiário e Suplementos Editoriais: Lívia Medeiros Gerente de Projetos e Eventos: Pollyana Brandão Planejamento de Vendas: Adriano Mollik Impressão: Tecnograf
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editorial
Viagem multifacetada e sem fronteiras A dimensão transformadora da arte, desde as suas vertentes mais tradicionais até as linguagens nascidas nas ruas de grandes centros urbanos, traça o caminho para uma nova edição da Gente. Nunca o mundo esteve tão atento à necessidade de inovar, criar novas formas de interação e expressão. Assim, optamos por trafegar na contramão do imediatismo e da urgência, deixando o descartável de lado, para seguir em busca de histórias e inspirações que brotam de uma fonte mais preciosa: a exclusividade. O luxo que trazemos nas páginas seguintes encontra ressonância no modo de viver de quem valoriza experiências únicas. Abrimos espaço para o que nos torna únicos em um cenário global e multifacetado. A leitura que propomos vem envolta em emoção e descobertas. Assim como no processo de elaboração das obras de arte, saímos do esboço para chegar à versão definitiva de um longo passeio pelo universo da moda, gastronomia, economia, tecnologia e turismo. Percorrendo um caminho sem fronteiras, sugerimos que o leitor venha conosco em uma visita pela exposição Da Terra Brasilis à Aldeia Global, um recorte maior e mais vivo do acervo da Fundação Edson Queiroz. Viajamos ao Cariri, berço de importantes mestres da cultura popular brasileira. De lá trouxemos relatos, imagens e lições deixadas aos herdeiros de matrizes artísticas tipicamente nordestinas. Embarcamos também numa viagem rumo ao Velho Mundo. Mais especificamente em direção à surpreendente cidade de Amsterdã, na Holanda, destino agora mais acessível aos cearenses. Por entre canais e monumentos icônicos, traçamos um roteiro para viajantes de diferentes estilos. Entre entrevistas, fotografias e um design arrojado, esperamos fazer junto com você, leitor, mais uma jornada de leitura transformadora. Seja bem-vindo, a revista é sua!
nossa capa:
Moinhos de Zaanse Schans, vila histórica típica da Holanda
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A gente Indica
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Romance monumental "4321", escrito por Paul Auster, foi finalista do Man Booker Prize de 2017. O livro chega às livrarias brasileiras com tradução de Rubens Figueiredo. Literatura Brasil quando Julho de 2018 site www.asa.pt/pt o que onde
Estilo europeu ♦ Iorrana Aguiar, estilista e diretora de artE
“Quem quer saber o que rola nas vitrines das grandes marcas mundiais, tem que ir a Kufürstendamm, rua que os berlinenses chamam de Kudam. Ali encontramos a KaDeWe, luxuosa loja de departamentos e ótimo lugar para se começar o passeio"
Arte sacra Novo Álbum Tranquility Base Hotel & Casino é o mais recente trabalho da banda britânica Arctic Monkeys, após um hiato de 4 anos sem shows. Música Lançamento mundial quando Maio site arcticmonkeys.com
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Turismo Berlim, Alemanha www.kadewe.de
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Artes plásticas São Paulo quando Até junho de 2018 site masp.org.br
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O Museu de Arte de São Paulo (MASP) inaugura seu ciclo dedicado às histórias afro-atlânticas, com a exposição Imagens do Aleijadinho, dedicada à obra de Antônio Francisco Lisboa.
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A gente Indica
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Ode a carlitos O público terá uma nova chance de ver Jarbas Homem de Mello dando vida ao ícone do cinema na reestreia de Chaplin, The Musical.
Verão pop e rock
Musical São Paulo quando 17 maio a 29 julho site theatronetsaopaulo.com.br o que onde
♦ Pantico Rocha, instrumentista e produtor musical
“Minha indicação é o show de lançamento do novo CD e DVD Em Trânsito que Lenine faz este ano. O espetáculo irá percorrer o Brasil, incluindo Fortaleza, e exterior. É um trabalho consistente e bem mais pop e rock que ele está fazendo”
homenagem A 25ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo terá o emirado de Sharjah como convidado de honra.
Clássico repaginado Literatura onde Parque Anhembi - SP quando 3 a 12 de agosto site bienaldolivrosp.com.br o que
Show Brasil quando 2018 site www.lenine.com.br
Com belíssimos cenários e figurino, o Quebra-Nozes e os Quatro Reinos é a nova aposta da Disney para o cinema. Com Keira Knightley e Helen Mirren no elenco. Cinema Estreia mundial quando 1º de novembro site disney.com.br
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A ARTE DE CONTAR A HISTÓRIA DO BRASIL VISITE A EXPOSIÇÃO
COLEÇÃO FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIFOR – 45 ANOS
ESPAÇO CULTURAL UNIFOR ENTRADA GRATUITA TERÇA A SEXTA, 9H ÀS 19H SÁBADOS E DOMINGOS, 10H ÀS 18H WWW.UNIFOR.BR
Apoio
Realização
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Sem preconceito ♦ Silvero Pereira, ator
“Indico Devassos no Paraíso, de João Silvério Trevissan, editora Record. É um livro para se entender as questões da homoafetividade no Brasil, do ano de 1500 até hoje. Um passeio pela arte, política, antropologia e psicanálise. Tudo isso para desconstruir preconceitos e entender espaços de luta e aceitação” Literatura Brasil www.record.com.br
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Encantos e cores ♦ Felipe Rocha, empresário
concerto no Brasil
“Gosto muito de Marraquexe, no Marrocos. O La Mamounia Palace Hotel é, por si só, um ponto turístico belíssimo. Lá você é muito bem recebido. Interessante também é passear pelo Souk, um mercado com lojas de antiquários"
O tenor italiano Andrea Bocelli virá ao Brasil para a turnê de 20 anos de seu álbum Romanza. Passará por Brasília, Porto Alegre e São Paulo. Show BSB/RS/SP quando Setembro site stubhub.com.br o que onde
Circo da China On Ice Visualmente grandioso, o Mundo da Imaginação promete encantar o público com um show de equilibrismo, acrobacias e contorcionismo.
Turismo Marraquexe - Marrocos informações visitmarrakech.co
Espetáculo SP / RJ quando Junho a agosto site espacodasamericas.com.br
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Perfeito equilíbrio Para ter mais qualidade de vida e exercer uma atividade que atenda seus anseios, profissionais bem-sucedidos que residem no Ceará optaram por trabalhar em casa, mesclando os espaços de labor e prazer. Fique à vontade para descobrir com a Gente essas (con)vivências cheias de bons momentos
texto Carol Kossling fotos Eduardo Queiroz produção Larissa Freire
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o número 660 da Rua dos Tabajaras, na Praia de Iracema, em Fortaleza, existem três andares que acolhem a loja, o ateliê, a casa e, ainda, servem como ponto de encontro de pessoas do afeto da estilista Silvania de Deus. É neste mesmo espaço que Sil, como é conhecida, trabalha e mora há 25 anos com o filho, Junan. O afeto pelo local é tão grande, por parte dela e dos amigos, que em dia de festa esse calor humano espalha-se por pontos na rua e nas calçadas. A estilista conta que, quando começou a trabalhar com moda, não encontrava espaço para criar peças exclusivas. “É interessante falar disso, abri meu ateliê porque achava que ninguém me daria emprego. Eu só sabia fazer peças únicas e na época não se falava nisso. Então resolvi montar um espaço na minha casa para poder comercializar o que fazia. Hoje eu amo, pois moro num bairro onde aproveito 100% a vida nele”, comenta. Silvania considera a Praia de Iracema o bairro mais democrático de Fortaleza. Confessa que não sabe viver longe do mar, de onde tira inspiração. “Acho um privilégio como criadora não ter que pegar trânsito para ir trabalhar”, declara. Pertencimento Ainda como vantagem destaca a proA estilista Silvania ximidade dos locais. “Minha cabeça não de Deus mora e trabalha, há mais para de pensar. Às vezes, em um horário de 25 anos, na Rua mais tarde me vem uma ideia. Morandos Tabajaras, na do no mesmo espaço onde crio, eu Praia de Iracema
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posso rapidamente executá-la porque o acesso é muito fácil. O ateliê está ali, então facilita bastante”, explica. Ainda assim, ela tem consciência de que, em algumas situações, não consegue parar. Então é preciso desligar o "botão", do contrário passa todo o tempo dentro do ateliê produzindo. Além de reunir muitos momentos de sua vida no mesmo espaço, Sil gosta de compartilhar com os amigos. Há alguns anos, uma vez por mês, abre a casa para realizar o evento batizado de Fuá da Sil. “É um encontro de criadores. Nesse dia, reúno minha rede de afetos. Também é um evento de resistência, um convite para ir à rua”, pontua. “A gente se sente protegida quando tem mais gente por perto. Precisamos ocupar as ruas, a cidade e abrir suas portas, sentar na calçada e não ter medo do outro”, observa a criadora, que expõe as novidades neste dia. O evento também apresenta ideias e criações que Sil acha interessante. Assim, convida de músicos a profissionais da área da gastronomia que, por sinal, acabam por
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1 — Mensalmente a estilista abre sua casa para realização do Fuá da Sil, evento onde reúne amigos e clientes para desfrutar dos seus cantinhos prediletos 2 — Até a cozinha é compartilhada com amigos e chefs de Fortaleza que preparam quitutes e drinks especiais 3 — A loja funciona durante o evento e muitas pessoas acabam se identificando com os modelos
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A relação com os tecidos tem um significado especial na produção de peças exclusivas, feitas a partir da observação e vivência. Cada modelo ganha o nome de quem vai usá-lo, numa personificação referenciada
“Minha busca tem sido para aumentar a autoestima da mulher, buscando uma modelagem que a valorize, então me inspiro em pessoas reais. Fico traduzindo e batizo o vestido com o nome da inspiração” Silvania de Deus, estilista
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usar sua cozinha para criar pratos bem bacanas. “Também convido artistas que ocupam a sala com alguma exposição de arte plástica ou design. É uma troca de criação, de saberes, de tudo. Afeto sobre tudo", completa. Para Silvania, a relação com a moda vai além do criar e do produzir. Trata-se de uma intimidade com o tecer sentimentos com as pessoas e vesti-las da melhor forma. “Gosto de observar os corpos e os gestos. Vejo os registros das vivências das pessoas e tento traduzir para uma roupa”, reflete sobre seu processo de criação, que busca aumentar a autoestima da mulher com uma modelagem que a valorize. Inspira-se em pessoas reais, traduz tudo isso e batiza os vestidos com o nome de cada inspiração. A estilista ressalta que ama garimpar matérias-primas. “Adoro quando encontro tecidos que conversam muito comigo e me dizem o que fazer. Amo ficar em busca dessa conversa boa”, diz. “Um criador é o que ele é e está vivendo, cada fase vai representá-lo”, acredita.
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“Ouço música o dia todo. Em casa, no carro também, no avião e até estudando. Com o passar dos anos comecei e observar que poderia levar mais conhecimento para outras pessoas sobre a arte de ser DJ” Itaquê Figueiredo, DJ
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4 — Enquanto aguarda a inauguração de seu novo espaço comercial, aparelhos de trabalho ficam na casa do DJ 5 — Fones e equipamentos eletrônicos dividem lugar com os objetos da rotina diária de Itaquê Figueiredo
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Formado em Odontologia e cursando Nutrição, um dos mais renomados DJs do Ceará, Itaquê Figueiredo, apesar da rotina bastante agitada, consegue conciliar agenda de trabalho, estudo e vida pessoal da melhor forma possível. Divide apartamento com um amigo, no bairro da Aldeota, para ficar perto da família e de seu futuro escritório, na torre comercial de um shopping próximo. Enquanto aguarda a reforma do espaço, abriga seus aparelhos de discotecagem, de fácil transporte, na sala de casa. Já os demais, prefere deixar no antigo endereço. Itaquê brinca que não gosta muito de trabalhar em casa, pois acredita que o espaço combina mais com momentos de descontração. “Casa é para o lazer, para assistir TV, cozinhar, receber amigos, familiares, planejar viagens, essas coisas. Mas, nesse intervalo curto no qual estou trabalhando em casa, coloquei umas regras para não haver interferências”, diz. Entre as adaptações que fez está a definição de um horário de trabalho. Os telefones ficam ligados em horário comercial e, se não houver urgência, os trabalhos pendentes são finalizados no dia seguinte. O DJ presume que o novo endereço facilitará seu dia a dia, pois concentrará todos os equipamentos e os serviços num mesmo espaço. Atualmente, Itaquê trabalha em eventos variados com foco em festas sociais de casamentos e aniversários. A carreira
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como DJ começou por acaso. Recorda-se que, na infância, era muito tímido. “Tinha medo de falar em público. Estudava flauta doce e as apresentações me deixavam sempre tenso”, rememora.
Nova profissão
No entanto, a fase na qual estudou flauta, piano e outros instrumentos lhe propiciou uma consciência artística que ficou guardada na memória e foi resgatada posteriormente. Na época da faculdade, quando ia às festas na casa dos amigos não se identificava com os repertórios dos profissionais contratados. Como sempre foi ligado à música, em certa ocasião pediu espaço para mostrar seu repertório. “Assim comecei a ser DJ. Um dia, uns amigos que trabalhavam com eventos me ligaram dizendo que tinham fechado uma festa para eu fazer e que já estavam com o pagamento em mãos. Tomei um susto, pois não me achava profissional”, conta. Mas com a insistência dos companheiros acabou animando a festa. Depois do sucesso inicial, Itaquê continua até hoje, após 18 anos, discotecando nos principais eventos do Estado. Chegou a montar, com o DJ Morr, um curso sobre técnicas na área (que será retomado em breve). “Com o passar dos anos comecei e observar que poderia levar mais conhecimento para outras pessoas sobre a arte de ser DJ. Vejo isso como uma arte, além de ser profissão”, esclarece.
A casa de Itaquê, usada habitualmente apenas como espaço de lazer e convivência pessoal com amigos e familiares, no momento abriga o seu ambiente de trabalho e experimentações musicais
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Atualmente cursando MBA em design gráfico, Isaac Monteiro optou por ter um home office. O espaço reflete sua personalidade criativa e deixa as ferramentas de trabalho sempre à disposição
Nesse intervalo, acabou se ausentando do consultório, pois o trabalho em festas pedia muita dedicação, com uma rotina de escritório e a produção da comemoração. Ao completar 40 anos, em 2016, decidiu retomar os estudos que estavam parados na área de Nutrição. Hoje, consegue perfeitamente conciliar todos os compromissos.
Home office
Por escolher trabalhar como freelancer em design de moda, digital e gráfico, Isaac Monteiro decidiu equipar seu próprio quarto, na casa dos pais, no Eusébio, para atender aos serviços contratados por empresas e pessoas físicas. Num ambiente
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com todos os itens que precisa para criar, tanto digitalmente como manualmente, faz estampas, desenvolve produtos e ilustrações. “Sempre gostei muito de trabalhar em casa. Então, quando decidi montar o espaço, sinalizei para a projetista essa necessidade de ter uma área exclusivamente dedicada a isso”, relata. Monteiro conta que não foi necessário fazer nenhum tipo de malabarismo para a adaptação física no quarto, mas sim criar uma disciplina maior em relação aos horários e, claro, equipá-lo. “Procuro não me distrair com outras atividades dentro de casa. Às vezes a cama parece muito tentadora e trabalhar no mesmo ambiente pode ser um risco”, brinca.
Para facilitar os processos, montou um verdadeiro escritório, com computador dedicado somente ao trabalho. Além de diversos materiais de desenho tradicional como canetas, marcadores, lápis, giz pastel guarda também uma quantidade considerável de sketchbooks onde rabisca casualmente nas horas vagas. “Também tenho uma mesa de luz que me auxilia bastante quando quero fazer um desenho mais detalhado ou experimentações artísticas", completa.
“Comecei a criar gosto pelo design de superfície na época em que trabalhei com meus pais muma confecção. Iniciei alguns trabalhos misturando fotografias com desenhos e pinturas manuais. Decidi me especializar nessa área” Isaac Monteiro, designer
Ao ar livre
Uma regalia que se tem ao trabalhar em casa, no ponto de vista do designer, é não se preocupar com o trânsito. Monteiro também considera um benefício poder trabalhar em ambientes diferentes. “Posso fazer meu trabalho não só em casa, mas em bibliotecas, cafés ou na praia. Meu sonho era poder executar as tarefas profissionais em um ambiente que não fosse o escritório de trabalho. Hoje em dia a tecnologia evoluiu e isto já é possível”. O pontapé inicial na carreira de designer foi dado ainda na adolescência, ao conviver com a rotina de trabalho dos pais em uma confecção. “Quando estava na empresa conciliava os estudos com os desenhos de produtos. Era algo que gostava bastante. Fui aos poucos aprendendo a mexer nos softwares e pesquisando sobre design, tendências de moda, estamparia e combinação de cores”, detalha. Depois cursou moda, estagiou com o arquiteto e estilista Mark Greiner, com o alfaiate Domenico e em empresas de acessórios e de moda. Após formado, voltou a trabalhar com os pais até receber o convite da grife cearense Água de Coco, onde desenvolveu uma nova visão sobre as técnicas de estamparia. “Comecei a criar gosto pelo design de superfície nessa época. Iniciei alguns processos criativos misturando fotografias com desenhos e pinturas manuais. Decidi me especializar mais nessa área, que é minha atual paixão”, diz Monteiro.
Além de diversos materiais de desenho, Monteiro tem em casa uma quantidade considerável de sketchbooks, onde costuma rabiscar, além de uma mesa de luz que o auxilia nas produções mais detalhadas
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Herança de mestre
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uma oficina em Nova Olinda, com No Cariri, as criações artesanais se mantêm cerca de sete anos, Francisco Her- vivas não só no meio familiar, mas também mano, o Maninho, observava seu entre amigos. Mestres do couro, madeira, pai, o mestre Espedito Seleiro, desenhar barro e xilogravura perpetuam seus dons os moldes para criar peças em couro. “Ele sempre me colocava em cima da mesa e, enquanto trabalhava, eu ficava desenhando moldes”, recorda-se o artesão e filho de um dos mais respeitados Mestres da Cultura no Ceará. Hoje, aos 42 anos, Maninho revive esse momento olhando a sobrinha de 2 anos, Maysa, filha de Welton, sentada na mesa do mestre, ao lado da sua, rabiscando alguns moldes. Nas palavras, traduz o orgulho pelo ofício do pai e a vontade de manter viva a arte por toda as gerações de sua família. “Na hora de ensinar, meu pai ficava só observando. Não dizia o que cada um tinha que fazer. Ele via o que a pessoa gostava e incentivava. As netas dele já sentam aqui no ateliê, desde pequenininhas e fazem como eu fazia”, observa. O artesão conta que foi assim também com seus irmãos, que ficaram responsáveis por outras partes do processo de produção. Maninho, assim como Espedito, cuida da criação de novas peças e já repassa os ensinamentos para sobrinhos e vizinhos. Certo dia, percebeu que o filho de sua irmã Marinês, 50, Adriano, 25, tinha o dom de desenhar. Não demorou para o jovem começar a cuidar dos itens de decoração. Espedito Seleiro ao lado do filho e herdeiro de Aos 78 anos, sendo 70 destinados artes, Francisco Hermano, o Maninho. Na oficina, à criação de peças de couro, Espedito os dois transformam o couro em objetos de desejo Seleiro vê tudo isso com muito amor, felicidade e orgulho. Criou um estilo próprio para propagar suas selas e sapatos por todo o País. Só reclama quando vê alguém copiando seus modelos. “Se você quiser aprender, eu ensino. Mas não copie!”, enfatiza. Hoje, os cinco filhos e cinco netos, além das noras, seguem seus ensinamentos para cortar, montar e costurar as peças. O mestre gosta de repassar a arte para os mais próximos à família, como sobrinhos, primos e vizinhos, além de agregados, que também
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“Na hora de ensinar, ele ficava observando e não dizendo o que cada um tinha que fazer. Via o que a pessoa gostava e incentivava. Com certeza a cultura do couro deve ser valorizada e repassada. As netas sentam no ateliê, desde pequenininhas, e aprendem”
os calçados de seu espedito são reconhecidos em todo o País e se tornaram objetos de desejo
recebem a oportunidade de aprender. O filho Welton comenta, assim como os demais artesãos, que o pai sempre foi exigente. “até hoje a gente faz um modelo e sempre tem que mostrar. ele tira aquele defeitinho para fazer do jeito que sabe, mantendo a qualidade”, explica. Já a filha mais velha, marinês, confessa que, aos 13 anos, foi a mãe, francisca de brito Carvalho, que a ensinou a costurar as peças. para espedito, repassar esses ensinamentos é algo vital. “primeiro pelo fato de manter o trabalho e segundo para mANINHo seleIro, Artesão garantir que a tradição do couro viva. na região, se não fosse eu ter mantido essa tradição, a muito sacrifício, isso teria se acabado”, reflete. ignorando o passar dos anos, o artesão confessa sentir-se com 18 anos quando entra em seu ateliê. Gosta do cheiro do couro e de transmitir seus conhecimentos. “Já dei muitas oficinas por aí afora. uns aprendem, outros não. É a vida! sinto que tenho uma missão: repassar essa cultura. se não, quando morrer eu levo comigo e o mundo vai ficar sem nada?”, afirma, lembrando que um dia aprendeu com o pai e o avô a ser vaqueiro, de onde veio a paixão pelo couro.
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Inspiração
a facilidade em esculpir belas peças a partir de troncos de umburana é tradição na família de Cícero ferreira, o Cicinho. seu pai, manoel Graciano, que já faleceu, iniciou o ofício entre os descendentes. Hoje, a arte segue viva com os netos francisco e Geovane e o outro filho Francisco Graciano. reconhecido como mestre na artesania, manoel Graciano iniciou o trabalho com madeira produzindo pilões e gamelas. Com o passar do tempo, aderiu às peças decorativas como reisados, bandas cabaçais, presépios, sereias, homens híbridos, mulheres
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1 — Qualidade na finalização dos detalhes é fator primordial na elaboração das peças 2 — Além de acessórios, itens de decoração também fazem parte do portfólio 3 — o dia a dia simples é compartilhado por todos que gostam de trabalhar com o couro 4 — Na frente da loja, em Nova olinda, o mestre artesão posa ao lado da família e amigos 5 — Na região do Cariri, o ateliê de espedito seleiro se transformou em ponto turístico
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grávidas e diferentes animais. Inspiração nunca lhe faltou para criar peças únicas, as quais sua esposa Cícera ajudava a colorir. O legado continua firme na casa de Cicinho, em Juazeiro do Norte. Ao lado de Geovane, o artesão se dedica ao ofício que abraçou aos 17 anos. “Via meu pai trabalhar e gostava. Assim, fui pegando gosto”, recorda. “Ele me falava por qual parte tinha que começar e como cortar as peças, assim fui aprendendo”. Hoje, para dar continuidade à herança familiar, Cicinho busca no Centro de Cultura Popular Mestre Noza, no Centro de Juazeiro, a madeira que esculpe com o filho. É por lá também que vende suas peças, assim como as envia para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde tem clientela. Mesmo com todas as dificuldades atuais, que vão do acesso à matéria-prima,
aos valores de venda, Cicinho enfatiza que deseja manter a tradição. “Meu pai trabalhou até bem dizer o seu último dia de vida e também quero isso pra mim”.
Máscaras e lampiões
Também em Juazeiro do Norte, o dom de modelar o barro se mantém vivo e presente na família de Mauro Ferreira. Tudo começou com seu pai, Francisco que, hoje, está na memória e no retrato na parede de sua oficina, montada perto de casa. Sua mãe, instruída pelo marido, fazia panelinhas e depois foi para as máscaras, enquanto observava o companheiro dando forma aos lampiões. "Quando pequeno não podia chegar nem perto das peças para não quebrar”, lembra.
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cultura Sua primeira peça foi uma máscara, sugestão da mãe. Depois, se atreveu a fazer o lampião, com aprovação do pai. “Ficou 60% melhor do que a dele. Ele admirou a peça e sentiu orgulho de mim”, relembra. A partir deste momento, Mauro assumiu a criação como herança de família, tomou gosto pela profissão e aperfeiçoou as criações. Repassou sua prática para a esposa, Silvana Marcelino, que atualmente trabalha no quintal de casa. Ela conta, aliás, que descobriu na atividade com a argila uma verdadeira terapia. Os filhos, Cleiton e Jéssica, também seguem o ofício da família. Mauro que ir além e ensinar o que sabe por meio de oficinas. “Quero deixar uma herança para os novos artesãos do barro. Tenho disponibilidade de ensinar, isso é uma coisa que ninguém pode tirar”, declara.
Expansão do dom
Quando o mestre da xilogravura Stênio Diniz desatina a contar como tudo começou, as lembranças voam longe e a emoção aflora. Foi na tipografia São Francisco (atual Lira Nordestina), fundada pelo avô José Bernardo da Silva, que ele começou juntando os papéis de uma impressora. À época, o foco era o cordel. De tanto ouvir as rimas, acabou se tornando compositor. Depois de uma passagem pelo Rio de Janeiro, no retorno a Juazeiro do Norte, em 1970, começou a fazer xilogravuras e não parou mais. Por conta da arte, visitou muitos países da Europa como França, Portugal, Bélgica e Alemanha, onde já residiu, e ensinou xilogravura para crianças e adultos, incluindo pessoas portadoras de necessidades especiais. Para ele, um mestre tem por missão passar seu saber adiante. “Para qualquer idade a mensagem é a mesma. A arte é muito delicada e aparentemente é difícil, mas tudo é questão de paciência”.
Arte em madeira. O ofício do mestre Manoel Graciano se perpetua nas peças esculpidas por seu filho e neto
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“Quero deixar uma herança para os novos artesãos que gostam de trabalhar com o barro. Tenho disponibilidade de ensinar, isso é uma coisa que ninguém pode tirar” Mário Ferreira, artesão
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6 — A figura do cangaceiro esculpida no barro é uma das prediletas de Mauro Ferreira 7 — Na parede da casa, as máscaras coloridas são assinadas pela família 8 — A foto do patriarca Francisco inspira o artesão em suas novas criações 9 — O quintal da casa serve como ateliê para Silvana Marcelino
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cultura 10 — José Bernardo da Silva, fundador da antiga tipografia São Francisco, e avô de Stênio Diniz 11 — Stênio Diniz (ao centro) ao lado dos "seguidores" Antônio Dias de Sousa da Silva e José Lourenço
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Um dos seus seguidores e admirador, o xilógrafo Antônio Dias de Sousa da Silva, trabalha atualmente na Lira Nordestina e elogia o mestre. “Lembro muito dos seus ensinamentos na parte da impressão. Ele sempre dizia 'use pouca tinta, olhe o alto relevo e não encharque demais a matriz'. Até hoje, é o melhor que tem no Cariri”, garante. O primeiro contato com Stênio Diniz foi há 15 anos na gráfica, por meio do cordel e todo o aprendizado se deu na prática. Hoje, o que gosta mesmo de fazer é imprimir em madeira pequenas temáticas como o reisado e os orixás coloridos. Antônio também já ensina o ofício. Há oito anos, leciona para jovens e adultos. “A xilogravura significa cultura e se expande para sempre. Meu desejo é passar este patrimônio cultural do Ceará para as crianças”, diz. O xilogravurista e atual coordenador da Lira Nordestina, José Lourenço, tem um estreito contato com a arte há 32 anos e conta que começou a trabalhar com essa matriz quando assinou sua primeira capa. Pegou gosto e ampliou o trabalho para linha de utilitários e cerâmicas enfocando tanto a vertente cultural como religiosa da região. “Faço romaria, bandas cabaçais e reisado, fósseis da chapada, entre outros”. De gravador dos trabalhos do mestre Stênio a xilogravurista, a relação dos dois artesãos se solidificou. E, assim como o seu mentor, desde criança Lourenço frequentava a gráfica e observava a produção. “O mestre sempre deu atenção a mim e a tantos outros artistas que precisavam. Lembro nas exposições ele orientando como montava e criava os trabalhos sobre Stênio Diniz, artesão o Cariri. Guardo isso na memória”.
“Para qualquer idade a mensagem a ser passada é a mesma. A arte é muito delicada e aparentemente é difícil, mas tudo é questão de paciência” 11
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Em 1970, o Mestre da Cultura cearense Stênio Diniz começou a fazer xilogravura, mesmo ano em que perdeu seu pai
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exposição Primeira Missa, Victor Meirelles. Século XIX, óleo sobre tela
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texto Adriana Martins fotos Eduardo Queiroz produção Larissa Freire
Arte através do tempo Exposição Da Terra Brasilis à Aldeia Global traz um recorte maior e mais vivo do acervo da Fundação Edson Queiroz. A mostra, em cartaz no Espaço Cultural Unifor, propõe um passeio por obras que documentam a formação de nossa identidade cultural
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elecionar, organizar e combinar elementos de maneira que contem uma história. Eis a essência de quem se aventura a construir uma narrativa, seja numa exposição, no cinema, na literatura, na dança ou em qualquer linguagem artística. Foi exatamente esse o desafio de Denise Mattar ao aceitar o convite de curadoria da exposição Da Terra Brasilis à Aldeia Global – Coleção Fundação Edson Queiroz. Ao todo, foram reunidas 280 obras, a maior até hoje montada a partir do acervo da Fundação, um valioso conjunto de trabalhos, de diversos tempos e linguagens, que já rendeu mostras vistas não apenas no Ceará, mas em outros estados e também países. Da Terra Brasilis à Aldeia Global integra as ações de comemoração dos 45 anos da Universidade de Fortaleza (Unifor) e representa mais um esforço da instituição em democratizar o acesso à arte. Dessa vez, a exposição cobre um arco temporal do século XVI ao século XXI, dividido em 9 módulos estético-cronológicos, tendo como marco inicial o livro America Tertia Pars, do belga Theodore de Bry, publicado na Europa em 1592.
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exposição o título está presente na Biblioteca de Acervos Especiais da Unifor e, assim como ele, outros foram selecionados para dialogar com as obras visuais da exposição. “sou uma leitora contumaz. durante uma das visitas à unifor, conheci a biblioteca de acervos especiais. fiquei encantada. aí pensei: 'quero começar lá do início da história', lembrei-me desse livro (America Tertia Pars). Consultei a fundação sobre a ideia de fazer a curadoria integrando as obras visuais aos livros e a recepção foi calorosíssima”, recorda denise mattar. A raridade bibliográfica de Theodore de Bry apresenta narrativas sobre a recém-descoberta Terra Brasilis, baseadas em relatos de viajantes. e esse momento é representado por uma obra nada menos que icônica: Primeira Missa, um estudo de victor meirelles (1861) para sua obra homônima. “Chegou a ser comovente ter essas obras à disposição. no caso da Primeira Missa, naturalmente a conhecemos do Museu Nacional de Belas Artes e das reproduções em livros escolares. É um trabalho totalmente emblemático”, celebra denise victor meirelles pintou-a em paris, a partir da carta de pero vaz de Caminha ao então rei de portugal, dom manuel, na qual registrou impressões sobre a terra que posteriormente viria a ser chamada brasil; datado de 1 de maio de 1500, é o primeiro documento escrito da história do país. "Há várias leituras que se encaixam nesse trabalho. Como curadora enxergo uma questão interessante de como as artes plásticas constroem nossa visualidade, mesmo que a gente não se dê conta. Quando pensamos na primeira missa, pensamos neste quadro”, detalha. “Havia exatamente essa vontade de construir uma nação, logo depois da proclamação da independência; uma imagem do brasil, até então uma colônia; e de sua história”, completa denise.
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2 1 — Elemento Cinético, s/d" (1928), de Abraham Palatnik. Aço, latão, madeira pintada 2 — Cabeça de Sofia (1935), de lasar segall. óleo sobre tela 3 — visitantes observam uma das obras do módulo "o brasil Holandês" 4 — Retrato de Mauricio de Nassau (16491652), de govaert Flinck. óleo sobre tela
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“Chegou a ser comovente ter essas obras à disposição. No caso da Primeira Missa, naturalmente a conhecemos do Museu Nacional de Belas Artes e das reproduções em livros escolares. É um trabalho totalmente emblemático” deNIse mAttAr, CurAdorA
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5 — Retrato de Dom Pedro (1829), por simplício rodrigues de sá 6 — Mulher (1956), de Candido Portinari. óleo sobre tela 7 — A Penca (1972), de Antonio Henrique Amaral. óleo sobre tela
os textos de apresentação em cada módulo facilitam a contextualização das obras de acordo com seu período e estética
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assim, partindo de um entendimento que vai muito além do cronológico, a curadora tomou o cuidado de pensar a expografia de cada módulo baseada na estética do período ou das correntes artísticas que aborda, além de sempre referenciar o Ceará em algum aspecto. “incomoda-me muito essa dissociação que as pessoas têm do lugar e dos artistas locais; então fomos mexendo sempre que possível", pontua. no primeiro módulo, por exemplo, essa relação com o estado dá-se através de um elemento querido por todos: a rede de dormir. “sou superinteressada na rede brasileira. fiz uma mostra só sobre ela, quando vim ao Ceará durante a pesquisa, onde cidades têm uma produção mais expressiva do que outras no país. a rede aparece no módulo Terra Brasilis porque é um saber dos indígenas, posteriormente incorporado pelos europeus, que a transforma numa peça feita de tecido”, explica. no segundo, dedicado aos retratos da família imperial, a escolha foi por uma estética popular no século xix, com obras dispostas uma sobre as outras na parede. “São como fotografias da época, quando era preciso divulgar a imagem do rei. na unifor, há o conjunto completo, e isso pedia um núcleo, porque são trabalhos importantes nesse processo de contar a história do País”, justifica a curadora. Já no terceiro, dedicado ao barroco, a ligação com o Ceará ganhou contornos ainda mais inusitados, a partir de quatro pinturas em forro de caixote de autor não identificado. “Achei essas peças incríveis, queria dispô-las da mesma maneira que estariam na época. passei-as então para um especialista, percival tirapelli, em busca de uma opinião. nesse tempo, acabei me deparando com os painéis da igreja matriz de aquiraz. encontrei um livro sobre eles, de uma jornalista cearense (o livro-reportagem Painéis de Aquiraz – Jóias da Arte Popular do
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exposição Ceará Colonial, de Lúcia Helena Galvão). Quando fui visitar o local, percebi que as quatro pinturas tinham tudo a ver com os painéis!”, conta Denise. A descoberta levou à realização de um filme sobre os painéis e a própria igreja (dirigido pelo cineasta Glauber Filho, professor do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor), que integra o módulo do Barroco. A ideia atesta que o processo curatorial vai muito além de uma mera seleção. A partir do Modernismo já se percebe uma limpeza gradual da expografia, com obras posicionadas mais distantes uma das outras. Um pouco antes dos modernos, Denise cita outro destaque, a sala especial de Di Cavalcanti – onde, além dos quadros, está a edição completa de Fantoches da Meia Noite, livro editado como uma caixa de pranchas contendo desenhos do pintor. “É um privilégio colocar essa obra, uma edição pequena de gravuras de Di Cavalcanti publicada em 1921, porque se trata de seu primeiro trabalho autoral. No início, como outros artistas, ele trabalhava como ilustrador para revistas. É raro encontrar a edição completa desta obra”, comemora Denise. Até então nenhuma exposição com peças do acervo da Fundação Edson Queiroz havia incluído esse diálogo entre artes plásticas e literatura, o que torna Da Terra Brasilis à Aldeia Global uma oportunidade particularmente rica. Ao longo de seus módulos, ancorado nessa e em outras pontes construídas cuidadosamente por Denise Mattar e sua equipe, a mostra oferece um verdadeiro passeio pela história e a formação cultural do País – o quão múltiplos somos, como chegamos até aqui, de que maneira podemos nos entender enquanto sociedade a partir da arte que produzimos.
“Sou superinteressada na rede brasileira. Fiz uma mostra só sobre ela, quando vim ao Ceará durante a pesquisa, onde cidades têm uma produção mais expressiva do que outras no País” denise mattar, curadora
8 — A rede cearense foi um dos elementos usados para compor a expografia do módulo Terra Brasilis, que abre a exposição 9 — Anunciação, obra com oratório em madeira, assinada pelo brasileiro Farnese de Andrade 10 — Metaesquema (1957), um dos trabalhos de Hélio Oiticica presente na mostra. Técnica de guache sobre cartão
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Bicho parafuso sem fim, s/d, de Lygia Clarck. Obra em alumínio
Módulos da exposição → Terra Brasilis → A matriz barroca (séculos XVII-XVIII) → Reais mudanças (1808-1821) → Uma Academia nos trópicos (1826-1922) → Modernidade (1917-1950) → A Força da Abstração (fim dos anos 1940 até a atualidade) → Tempos difíceis (1960-1970) → Chuvas de verão (1980-1990) → A Aldeia Global (de 1990 até a atualidade)
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MERCADOdeLUXO vitrines - coleções - mundos - edições
Mordomias à beira-mar em Dubai
Recém-inaugurado, o Drift é o mais novo e descolado Beach Club de Dubai. Sua localização privilegiada, à beira do luxuoso One&Only Royal Mirage, proporciona vistas deslumbrantes para o icônico skyline e para a baía de Palm Island. Com praia particular à disposição, os convidados podem desfrutar da piscina privativa com borda infinita, no melhor estilo praiano-chique. Para aqueles que buscam agito, o ideal é comparecer nos fins de semana, quando DJs e música ao vivo tomam conta do local e garantem uma atmosfera mais animada. → U$ 9.257 (diária) — oneandonlyresorts.com
Moda engajada Clássico repaginado Uma das bolsas mais icônicas da Bottega Veneta, a Cabat é desejada por 10 entre 10 fashionistas. O modelo foi projetado pela primeira vez pelo diretor criativo Tomas Maier quando entrou para a Maison, em 2001. Apresentada recentemente, a coleção de inverno 2018 da grife traz entre os modelos uma Cabat inteiramente trançada em couro "off white" e uma cascata intermitente de pequenos círculos que contrastam com a textura de base. O design clássico e elegante, com um toque de ousadia, transformou a peça em um objeto de desejo. → US 19.900 — bottegaveneta.com
Um dos símbolos da moda francesa foi ressignificado por uma boa causa. O famoso crocodilo da Lacoste cedeu espaço a 10 outras espécies ameaçadas de extinção, graças à parceria da empresa com a União Internacional para Conservação da Natureza. Em edição limitada, os modelos correspondem ao número de animais restantes de cada espécie. Entre eles, 350 para o tigre da Sumatra, 157 para o papagaio Kakapo, 40 para a tartaruga Burmese e 30 para os golfinhos Vaquita. → U$ 185 — lacoste.com
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Arte de Louboutin
Luxo sob medida
Lançado no Baselworld – Salão da Alta Relojoaria, o Patek Philippe Reference 7150R / 250 foi feito sob medida para mulheres apaixonadas por relógios clássicos. A caixa redonda de 38 mm é feita de ouro rosa e possui 72 diamantes, de 0,78 quilates, na coroa, enquanto o mostrador prateado exibe um visual vintage graças aos numerais Breguet em ouro. Em seu interior fica o mecanismo de movimento - à prova d'água - com uma reserva de energia de 65 horas. A pulseira é feita artesanalmente em couro de crocodilo, com um tom neutro, para garantir à peça um ar mais esportivo. → U$ 80 mil — www.patek.com/en
Após colaborações bem-sucedidas, Christian Louboutin anunciou uma parceria com a Disney e Lucas Film O resultado é a coleção inspirada no universo da saga "Star Wars". Ao todo foram quatro peças de arte criadas pela grife francesa de sapatos. Um dos mais impressionantes faz alusão à personagem Amilyn Holdo, vice-almirante vivida pela atriz Laura Dern’s. O modelo em tom lilás é a extensão natural do seu traje, com um salto poderoso de 15 cm, uma das marcas registradas do estilista que ficou famoso por seus solados vermelhos. → sem cotação — us.christianlouboutin.com
Austrália nas alturas O restaurante Altitude redefiniu o significado do que costumamos chamar de jantar romântico. Localizado no 36º andar do Shangri-La Hotel Lhasa e com capacidade para apenas 18 pessoas, o espaço possui janelas panorâmicas que proporcionam uma visão única do Sydney Harbour, em Sydney, Austrália. No menu, o melhor da cozinha australiana e vinhos exclusivos para a devida harmonização. Com tantos diferenciais, a lista de espera é tão grande quanto a fama do local. → A partir de U$ 115 — 36levelsabove.com.au/altitude
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souvenir de viagem
texto Anchieta dantas Jr. fotos eduardo Queiroz produção larissa Freire
Col eçãode a s m e m ode Col i a s m e ode Col a s m de Co m e m ó r i a s de Co i a s m tem sensação mais prazerosa do que voltar de viagem com uma mala cheia de boas recordações? além de conhecer novos lugares e fazer centenas de fotos, há quem vá além, procurando lembranças mais significativas como memórias
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m objeto, mesmo depois de muito tempo, pode trazer à tona sentimentos e reminiscências de momentos inesquecíveis. reunir itens repletos de histórias é também uma forma de contar um pouco da nossa própria trajetória. Isso não significa sair por aí comprando souvenirs indiscriminadamente. É preciso que haja identificação pessoal, que os objetos representem uma época especial de suas vidas, para que não passem direto da mala para uma caixa. Combinar com a decoração da casa ou estilo pessoal, para que se incorporem ao dia a dia, também é fundamental, a fim de manter vivas as lembranças de viagens. de origem francesa, a palavra souvenir define aqueles itens característicos de um lugar que se traz de viagem. além de resgatarem recordações, denotam a cultura de determinada região. e comprá-los sempre entra no roteiro, é quase que uma obrigação. Conheça, então, a história de três criativos viajantes e suas coleções de memórias garimpadas pelo mundo. tecidos, santos, caixas de joias, livros, louças e quadros figuram na lista de pequenos e genuínos tesouros.
Mundo dentro de casa
o empresário paulo Cavalcante é um desses viajantes colecionadores de recordações. entrar em sua casa é como dar a volta ao mundo. Há souvenirs nas paredes, sobre as mesas, piso e até no teto. são tapetes, luminárias, tecidos, cerâmicas, santos, peças em ferro, cristais, entre outros tantos adornos que revelam sua passagem por mais de uma centena de países, em todos os continentes. para ser mais preciso, são recordações de 122 nações. não há exatidão, no entanto, quando se questiona o número de itens que possui, oriundos de suas andanças pelo mundo. “não tenho ideia de quantas peças tenho, mas confesso que ainda possuo muita coisa encaixotada à espera de um lugar. vou criando os espaços e acomodando cada um dos objetos. acho que, só em tecidos,
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1 — Imagem de Notre dame de la garde, marselha, França 2 — santa trazida de medjugorje, na bósnia e Herzegovina 3 — mosaico feito por artistas da Jordânia, no sudoeste asiático 4 — Pavão em porcelana, da malásia 5 — marionetes do teatro balinês, da Indonésia 6 — Imagem sacra comprada em medjugorje, na bósnia e Herzegovina
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souvenir de viagem
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A casa do empresário Paulo Cavalcante é decorada com objetos trazidos de suas viagens. os itens foram garimpados em 122 países
7 — As delicadas miniaturas de músicos foram compradas no vietnã 8 — rica em detalhes, a porcelana foi trazida da longínqua república de myanmar 9 — estudante de direito, a cearense lara Araújo encontrou nas placas dos lugares por onde passou uma forma de manter viva as lembranças de viagem
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tenho guardado o suficiente para dar a volta ao mundo”, diz em tom de brincadeira. o empresário explica que cada peça tem impressa uma conexão, um sentimento. “eu olho e, se gosto, a partir daí não importa mais como vou trazê-la, nem o trabalho que vai dar. Simplesmente trago”, afirma. o esforço é compensador. em sua casa, tudo chama a atenção. impossível não se admirar, por exemplo, com o gazebo erguido em um canto do jardim. foi em marraquexe, no marrocos, que paulo encontrou a cerâmica de seu piso, que também serve de tampo para a mesa com base de ferro batido. o mais impressionante é o tom de azul, igual ao que se vê no Majorrele, parque botânico inspirado nos jardins islâmicos situado no centro da cidade marroquina, adquirido por yves saint laurent e pierre bergé, em 1980. na sala de estar há pequenas esculturas naif, anjos trazidos da nicarágua, uma madonna comprada na etiópia e outra na polônia, máscaras garimpadas na África e na Ásia, sem falar dos tecidos do líbano e azerbaijão sobre os sofás, tapetes do uzbequistão, do tibet, do irã, da tunísia e de países do oriente médio. em uma estante, entre adornos de todas as partes do planeta, destacam-se pequenas estatuetas representando o teatro balinês e o de marionetes do vietnã. tem ainda louças trazidas de Hebron, na palestina, e uma infinidade de peças, incluindo vasos em laca de ouro. À sala de jantar, reina sobre a mesa um lustre que veio da turquia; nas paredes, pratos mexicanos e um calendário asteca; tapeçaria da Geórgia decorando a porta do lavabo e na cozinha americana, utensílios trazidos de portugal. na escada que leva ao primeiro andar, vê-se uma parede cheia de nichos onde o empresário exibe uma rica coleção de santos trazidos da venezuela, rússia, república tcheca, lituânia e espanha, só para citar alguns. aliás, suas lembranças de viagem não se limitam ao interior da casa. estão presentes inclusive na entrada, como as
aldragas fixadas na porta, vindas de Portugal. No alto, figura uma peça de ferro do Marrocos, país que inspira o nome de sua morada: Riad Aurora. Em tempo: Riad é a designação dada a casas ou palacetes que constituem o habitat tradicional das medinas marroquinas. Paulo conta que além de galerias de arte e mercados públicos, visita sucatas, e, se possível, vai direto à fonte, ou seja, às casas de artesãos e ateliês de artistas locais. “Conversar, saber quem fez e como o objeto foi confeccionado já cria uma história e uma identificação a partir daquele momento", confessa. E dá uma dica preciosa: “Não se blinde e não tenha preconceito. Existem locais onde nem imaginamos encontrar objetos tão bonitos e de qualidade. Às vezes no meio de quinquilharias e badulaques comuns para atrair o turista, podemos nos deparar com peças valiosas, com as quais nos identificamos e criamos uma relação sentimental para a vida”, conclui.
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Uma parede, vários destinos
Embora não carregue um currículo de viagens tão extenso, a estudante de Direito Lara Araújo encontrou nas placas adquiridas nos lugares por onde passou uma forma de manter viva as lembranças desses locais. É na parede do seu quarto que estão cuidadosamente pendurados os 11 exemplares de oito países: Espanha, França, Malta, Bélgica, Holanda, Havaí, Bahamas e Estados Unidos. “O interesse por colecionar placas começou em Nova York, quando vi uma delas na loja de souvenirs. Este item é bastante comum por lá. Achei a ideia diferente e pensei que poderia ser uma forma de recordar o lugar”, lembra. Para definir as peças que vai pôr na mala, procura escolher aquelas que têm o nome do local e alguma característica da cidade. “Percebi que é mais fácil achar as placas fora do Brasil. Por aqui, ainda não encontrei nenhuma. Acho que pelo fato de serem mais comuns no exterior”.
“O interesse por colecionar placas começou em Nova York. Ainda não pensei em quantas quero ter, mas meu objetivo é sempre trazê-las. A ideia mesmo é ter uma de cada localidade” lara araújo, estudante de direito
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Apesar de sua coleção ser pequena, Lara é taxativa: está apenas começando. “Penso em visitar mais países, em especial da Europa. Quero ir aonde nunca estive e conhecer culturas diferentes. Ainda não pensei em quantas placas quero ter, mas meu objetivo é sempre trazê-las. A ideia é ter uma de cada localidade”, afirma.
Pedacinhos de cada lugar
Ao invés de objetos clássicos de decoração, o que você diria sobre alguém colecionar amostras de solos como lembranças de viagem? Pois é o que faz a professora universitária e doutora em Comunicação Débora Leite. Tudo começou, em 2011, ao visitar uma amiga que havia iniciado um projeto de decoração usando areia que amigos traziam como lembrança das viagens. “Quando viajei, lembrei dela e coletei um pouco como souvenir. Daí, pensei: vou começar uma coleção também". Aos poucos, as pedrinhas também passaram a integrar o acervo de solos que a professora coleciona. “Soube que uma amiga viajaria para Cabo Verde, na África. Contei minha mania e, para minha surpresa, ela trouxe um pedaço de lava vulcânica da Ilha do Fogo. Fiquei encantada", diz. Porém, não é qualquer amostra que passa a constar da sua coleção. “Busco solos que caracterizem, de fato, a região. Principalmente que possam ser apanhados com facilidade”, afirma. Até o momento, Débora guarda cerca de 15 amostras, de países diferentes, entre eles Israel, Espanha, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e de alguns estados do Brasil. O que fará com amostras tão inusitadas? A resposta de Débora Leite é imediata: um memorial das nações. "Será um local que me lembre que devo orar pelos povos daqueles lugares", enfatiza.
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10 — Débora Leite coleciona amostras de solo, de seis países diferentes e outros tantos Estados brasileiros 11 — As porções de areias e pedras são catalogadas pela professora que pretende montar um "memorial" 12 — A inusitada amostra de lava vulcânica trazida por uma amiga de Débora que esteve na Ilha do Fogo, em Cabo Verde, na África
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texto Karine Zaranza fotos Eduardo Queiroz
Espaço sob medida Quem casa quer casa. O ditado popular vem perdendo força e alterando ordens. Para ter uma morada que seja sua não se faz necessário um par. É preciso apenas desejo de construir um ninho onde caibam sonhos, afetos, personalidade, memórias e planos. Depende mais de um que de dois, três, quatro…
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eguindo essa tendência mundial de vida solo, os brasileiros também apostam em morar sozinhos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2005 para 2015, o número de moradias com uma pessoa aumentou de 10,4% para 14,6%. Essa tendência é mais forte em países desenvolvidos, como a Dinamarca e Finlândia, que têm, respectivamente, 45% e 41% da população de “moradores solo”. Especialistas apontam a acessibilidade financeira, emancipação feminina, avanços tecnológicos, urbanização crescente e a independência e longevidade como fatores principais para essa mudança no morar. Os moradores únicos, como Rodrigo Maia, Lara Romcy e Tiago Lopes defendem esse estilo de viver e morar. Cada um com sua personalidade fez do espaço um lar! O fenômeno social criou também um novo conceito de casa. Receber bem é um dos traços marcantes do arquiteto Rodrigo Maia, 48 anos. Há quase 20 anos, ele descobriu a delícia e a liberdade daqueles que moram só. No entanto, também faz de seu pequeno paraíso particular uma morada de muitos outros. É no reunir os amigos que ele se diverte e preenche todos os espaços de seu apartamento de 212 metros quadrados no Meireles. E, como arquiteto, fez da própria casa um cartão de visita de seu trabalho. O apartamento foi escolhido há mais de seis anos, ainda na planta. O que o Celebração. impulsionou a seleção do imóvel foi a Rodrigo Maia alterou a planta original do possibilidade de alterá-lo. E ele o fez! apartamento de 212 Mudou quase tudo. Derrubou paredes, metros quadrados transformou dormitórios e apostou num para receber melhor imóvel com uma enorme área social toda seus amigos
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comportamento integrada que lhe permitiu fazer festinhas memoráveis. “O apartamento é grande. No dia a dia, uso mais o quarto e a cozinha. Mas, gosto de receber. Nos meus aniversários, coloco cerca de 80 pessoas”, justifica. Apreciador de arte e designer, Rodrigo apostou em peças de destaque na decoração. Tem obras de arte grifadas por Burle Marx, Carlos Vergara, Amilcar de Castro e Tomie Ohtake. No mobiliário, assinaturas de peso como Sérgio Rodrigues e Oscar Niemeyer. Um de seus itens prediletos é a coleção de três esculturas do cearense Sérvulo Esmeraldo. Como gosta de garimpar peças, vez por outra, ele muda algo no seu apartamento. Mudar é preciso! Entre os recantos preferidos, o quarto e a varanda dividem seu coração. O primeiro é um espaço amplo, muito utilizado e com um destaque para o banheiro integrado. “É possível eu estar na banheira e ficar vendo a TV no meu quarto”, conta Rodrigo, que apostou na sensação de amplitude e fluidez em todo o projeto. A varanda, por sua vez, foge à regra. Acomoda peças de design e jardim vertical. É lá que também recebe amigos e relaxa. Apesar de uma aparência moderna, o arquiteto explica que o apartamento apresenta uma decoração supereclética, com mistura de ícones do design dos anos 1960, 1970 e do modernismo. “Gosto muito da estética desses anos e isso se reflete muito nessas peças”, aposta. Entre as principais comodidades para alguém que mora só, ele aponta a localização como facilitador no dia a dia. Perto do local de trabalho, demora pouco tempo se deslocando e ainda pode ir a pé para um passeio na orla da Capital cearense. São seus pequenos luxos cotidianos.
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1 — Apreciador de peças de design, o arquiteto reúne mobiliário grifado com obras de arte, como o quadro de Ademir Martins 2 — Um dos xodós de Rodrigo Maia é sua coleção de esculturas do cearense Sérvulo Esmeraldo 3 — Lara Romcy curte a casa com família e amigos. Ela aponta a varanda, com jardim vertical, como seu lugar preferido
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Sem solidão
Morar sozinho não precisa ser uma experiência solitária. A empresária Lara Romcy, 40 anos, jura que seu apartamento é ponto de encontro da família e amigos. Para reunir tanta gente, o lugar não poderia ser
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A casa da estilista segue a proposta de uma decoração jovem e despojada. A mistura de estilos dá um toque moderno ao lugar
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pequeno. A escolha do apartamento no qual mora há três anos se deu levando em conta dois fatores: tamanho suficiente para acolher seus afetos e localização próxima à família. “O apartamento tem 160 metros quadrados. É um tamanho ótimo. Minha casa parece ‘casa de vó’, as pessoas chegam no domingo e tem sempre uma mesa montada com bolo. Adoro receber. Amo crianças. Por isso minha casa sempre é palco das reuniões familiares e de amigos”, conta ela que já colocou uma banda e 70 pessoas no espaço para celebrar o aniversário. O projeto arquitetônico do apartamento foi assinado por Tássia Ferreira, arquiteta e cunhada de Lara, e leva em conta o estilo
“Meu apartamento parece ‘casa de vó’. As pessoas chegam no domingo e tem sempre uma mesa montada com bolo. Adoro receber. Amo crianças. Por isso minha casa sempre é palco das reuniões familiares e de amigos” Lara Romcy, empresária
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comportamento
“Como trabalho com audiovisual, decoração é pesquisa para mim. Gosto muito do hi-low. Misturo caixotes, pallets e equipamentos mais caros de última tecnologia e obras de arte”
da moradora: jovem e despojado. “Parece muito comigo. É superfeminino, tem mistura de estilos. Meu quarto já é mais retrô, outros espaços são mais clássicos. Tem coisas modernas e também peças que são antiguidade de família”, explica. O objetivo é fazer dele um lugar onde coleciona histórias. Deve ser por esse motivo que Lara avisa: “Ainda falta terminar. Pendurar alguns quadros, alguns detalhes”. Natural para quem continua suas vivências. A varanda é um dos cantinhos preferidos. Lá é onde ela senta e relaxa apreciando suas orquídeas, cuida de suas suculentas e também gosta de ler e ouvir música. Outro destaque é o gabinete. “Tem o cantinho onde guardo objetos de viagem,
Tiago Lopes, fotógrafo
Adepto do minimalismo, o apartamento do fotógrafo tem poucos móveis, parede de cimento e verde em todos os cômodos
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4 — O estilo de vida do fotógrafo está presente em cada detalhe do apartamento. Os skates são sinônimo de liberdade 5 — As referências à fotografia estão nos quadros, nas paredes e em ícones que fazem alusão ao ofício e paixão 6 — Casa cheia de vida. É assim que Tiago denomina a morada repleta de plantas. Os gatos são suas companhias constantes 4
meus livros, uma arara de roupas. É onde eu faço o que considero o suprassumo do luxo: monto meus looks de viagem”, conta Lara, que apesar de ser dentista por formação, trabalha com moda, comandando a grife de roupas Joiola. Entre os hobbies da cearense está o de decorar a casa para receber. Ela ama montar uma mesa para esperar seus convidados e acaba até fazendo isso para os amigos. Por isso, uma das características do lugar é ter sempre a mesa posta. Outro traço forte é encontrar objetos cheios de valor afetivo. Ela confessa que as plantas e uma luminária centenária que foi de sua tia avó são seus xodós. “Acho que casa é lugar de afetividade, criatividade e conforto. Nada disso está ligado a valor monetário. O afetivo é o que, de fato, faz de uma casa um lar. E isso eu tenho”.
Minimalismo chique
Adepto do “menos é mais”, o fotógrafo baiano radicado em Fortaleza desde 2003, Tiago Lopes imprimiu seu estilo minimalista para o lugar onde mora. Paredes em cimento queimado, caixotes, pallets, plantas, poucos móveis e quadros se acomodam com muita fluidez no apartamento de 74 metros quadrados no Meireles, bairro nobre de Fortaleza. É um retrato do que o baiano é. Mas nem sempre foi assim. Há menos de seis meses morando no endereço, Tiago conta que em seu antigo apartamento, de 160 metros quadrados e com mais móveis e cores, ele vivia numa vibe diferente. A nova casa, mais compacta e minimalista, é ideal para ele, que mora e trabalha no
local. “Tenho poucos itens, mas o que tenho é o necessário”. A localização permite que o fotógrafo se locomova a pé ou de bicicleta uma vez que optou por se libertar do carro. O tamanho também é ideal para que ele consiga manter tudo em ordem sozinho. Além de cuidar de todos os afazeres domésticos, inclusive a cozinha, é o baiano que decora a casa. “Como trabalho com audiovisual, decoração é pesquisa para mim. Gosto muito do hi-low. Misturo caixotes, pallets e equipamentos mais caros de última tecnologia e obras de arte”, justifica Tiago, que aponta um quadro de Cris Frota como um dos destaques na casa. Nas paredes, também há fotografias de sua autoria. Outro ponto alto são as plantas, que estão em todos os cômodos, incluindo o banheiro. É o que traz vida e também o religa ao espiritual. Nessa perspectiva, ele também aponta a luminosidade como um destaque. Para Tiago, sua casa precisa ser seu espaço no mundo, afinal, é lá onde passa a maior parte do tempo. “Minha casa é o lugar onde moro e trabalho. Não pode ser chata, entediante, quente”, destaca. Pelo contrário, o clima é de leveza e aconchego. Além de morada e ofício, o apartamento minimalista do fotógrafo também é palco de encontro com amigos. Apontado como conexão de vários grupos de pessoas, Tiago se orgulha de promover encontro de pessoas, em casa ou fora dela. Por isso é fácil encontrá-lo em um bate -papo com amigos. Afinal, casa é onde se cultiva também as amizades.
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Artsy MOOD por Márcia Travessoni
Os grandes costureiros e estilistas sempre dialogaram com os artistas do seu tempo. Isso explica bem a conversa honesta entre a moda e a arte. Yves Saint Laurent sintetizou esse encontro com sua icônica coleção de Piet Mondrian, em 1965. Revista Gente visitou o ateliê do artista plástico cearense Mano Alencar para mostrar como belas roupas conseguem se misturar perfeitamente a quadros, pinturas e todo o mood de um estúdio artsy
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Vestido: Cris Barros para Lisieux Maison Scarpin: Rosa Chรก Brincos: Lucianna Rangel
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Vestido plissado: Spezzato Pulseira: Lucianna Rangel Lenรงo: Acervo
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Terninho estampado: PatrĂcia Bonaldi para Garage Scarpin: Rosa ChĂĄ Anel e Brincos: Lucianna Rangel
Vestidos + Camisa: Bobstore Boots: John John Tiaras: Acervo Brincos: Lucianna Rangel 57
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Vestido: Reinaldo Lourenço para Garage Óculos: Acervo Brincos: Lucianna Rangel
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Vestido: Fรกtima Scofield para Garage Anel e Pulseira: Lucianna Rangel
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Vestido de paetês: John John Colar + Brincos: Lucianna Rangel
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Expediente Direção: Márcia Travessoni Fotos: Jooão Luís Assistente de fotografia: Alexandre Rodrigues Styling: Milena Lima Beleza: Carla Ferreira Assistente de beleza: Nêga Modelos: Raquel Bandeira e Monika Ferreira (RC Model Agency) Produção executiva: Lucas Magno Macacão: Cris Barros para Lisieux Maison Scarpin: Rosa Chá Anel + Brinco: Lucianna Rangel
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1. Óleo capilar Gold lust 100 ml, Oribe. r$ 203 — 2. Coleção de esmaltes le vernis, Chanel. r$ 112 (cada) — 3. prada la femme l'eau, 100ml, Prada. r$ 649 — 4. eau de parfum Cartier la panthere edt 100ml, Cartier. r$ 736 — 5. emulsão hidratante the prebiotic emulsion 50ml, Orveda. r$ 1.170 — 6. paleta de sombras urban scape- verão 2018, Yves Saint Laurent. r$ 270 — 7. platinum rare Cellular night elixir, La Prairie. r$ 4.750
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8. delineador rock n roller, Nudestix . r$ 140 — 9. autobronzeador para rosto e corpo Clinique sun 125ml, Clinique. r$ 179 — 10. xtrio de cremes para as mãos rifle paper Co., L'Occitane. r$ 102 — 11. batom rouge G, Guerlain. r$ 265 — 12. kit redken all soft - shamppo e condicionador 250ml, Redken. r$ 247 — 13. perfume lalique mon premier Cristal Hirondelles 80ml, Lalique. r$ 4.150 — 14. Coleção de maquiagem primaveraverão 2018, Chanel. preço sob consulta
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MEU LUXO com TERESA SANTOS moda - estilo - comportamento
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Eleita Miss Ceará 2018, a modelo e estudante de Direito se considera uma pessoa esportista, amante de praia, cinema e livros. À Gente, revela a preocupação em ser participativa em relação aos problemas sociais do País: "luxo vai além de exibir a coroa, é usar minha voz, hoje reconhecida e ouvida, para levantar a bandeira da solidariedade". No nécessaire, não podem faltar a água termal da La Roche-Posay, creme hidratante Nívea e o perfume Trésor La Nuit, da Lâncome. 5
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1. Teresa veste um conjunto de cropped e saia da Scala— 2. Coroa da Miss Ceará 2018 em ouro branco cravejada com diamantes híbridos, da La Vie Joias — 3. Brincos e anel em prata com banho de ouro branco e cravejados de zircônias, da La Vie Joias. — 4. Esmalte cremoso - Linha Nude cada um tem o seu! Cor bala de leite, da Dailus— 5. Bolsa Louis Vuitton — 6. Sandália Schutz — 7. Perfume Trésor La Nuit, da Lâncome.
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arte urbana
Na Praia de Iracema, o muralista Rafael Sagarra, mais conhecido como Finok, deixou seus traços e cores nas paredes
texto Karine Zaranza fotos Eduardo Queiroz produção Larissa Freire
todas as cores daaldeia
A arte urbana rompe preconceitos e leva a ousadia da rua para as galerias. No Ceará, celeiro de grandes artistas, a efervescência criativa se revela em cores e formas tomadas de expressividade
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Quando Jean Michel-Basquiat surgiu, no início da década de 1980, poucos críticos acreditavam na força de sua obra. O jovem e irreverente artista foi precursor ao levar a street art para galerias. Ele bebeu na fonte de uma Nova York caótica e produziu como ninguém. Quase três décadas depois, o nome do pintor não só está na moda como é uma grife poderosa. Em 2017, seu quadro Sem Título, feito em 1982, foi arrematado por 110,5 milhões de dólares, se tornando a obra mais cara já vendida de um artista americano. O feito colocou Basquiat no mesmo patamar de pintores como Pablo Picasso e Francis Bacon. É possível perceber toda a força e personalidade da obra do artista neoexpressionista com a exposição JeanMichel Basquiat - obras da coleção Mugrabi que faz a retrospectiva de seu trabalho no Brasil. A mostra gratuita, que passa por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, é também rara, uma vez que cerca de 80% da produção do artista pertence a coleções privadas. O interessante é que a chegada às terras tupiniquins da exposição de arte urbana coincide com a efervescência produtiva de brasileiros que despontam nesse cenário. OSGEMEOS, assinatura dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, assim como Eduardo Kobra são referências no mundo do grafite. Através de suas cores e traços, firmaram o nome do Brasil no cenário mundial com um trabalho que data de 1980, quando iniciaram suas carreiras.
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arte urbana 1
Os irmãos que espalharam suas criaturas amarelas pelo mundo, ultrapassaram o grafite e exploraram outras técnicas e linguagens para materializar seu universo lúdico e onírico. Das paredes de São Paulo para murais e painéis em Cuba, Estados Unidos, Alemanha, Lituânia e Japão. Foram para festivais e galerias, assinaram produtos e chegaram a vender telas por valores que chegavam a 130 mil dólares. Já Kobra, que tem mais de 100 obras de grandes dimensões espalhadas pelo mundo, chegou a entrar no livro dos recordes como o autor do maior grafite do mundo, o Etnias, na Praça Mauá (SP). O muralista tem uma assinatura forte, sobretudo com sua street art tridimensional e seu hiper-realismo. Autodidata, admite que desenvolveu sua técnica observando obras de artistas que
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admira, como o misterioso Banksy, Eric Grohe e Keith Haring.
Experimentalismo cearense
Em Fortaleza, a cidade se abre para a arte de rua e ganha paredes, postes e até caixas d’água ressignificados. Tudo é tela e chamamento à contemplação. Nessa metrópole multicolorida e que acolhe trabalhos de artistas estrangeiros, quem é de casa também encanta. Um dos nomes fortes da arte urbana local é o Acidum Project, coletivo criado em 2006 por Robézio Marqs e que depois ganhou a presença de Tereza Dequinta. O casal faz uma simbiose artística que ultrapassou fronteiras. O grupo foi o representante do Brasil no Festival Mural, no Canadá, em 2016, como também foi convidado para expor em galerias e participar de festivais na França, Estados Unidos e Alemanha.
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Com a experiência de quem tem 12 anos dedicados à arte urbana, Robézio confessa que nunca chegou a ter seu ofício questionado e conseguiu fugir de uma possível descriminalização do grafite. “Acho que, na verdade, a gente nunca entrou nessa fase de não ser classificado como artista. Somos um coletivo de arte urbana, com grafite, street art, várias dessas técnicas. Começamos, em 2006, com uma geração que já reconhece o valor da técnica. A gente já tinha muita consciência desse trânsito da ação de intervenção como fazer artístico mesmo, de ser político, de vida e de vivência”, conta. “A arte urbana já pode, inclusive, entender os últimos cinco anos como auge, declive, chegando agora a uma certa estabilidade. É algo que está se diluindo e se transformando nesse momento. Já tivemos grandes festivais
que aconteceram em grande escala e agora está diminuido. É elástico, não está parado em si e não segue uma linha muito cronológica”, avalia o artista. Para Tereza, houve uma abertura gigante de espaços e de reconhecimento. Ela reforça que não apenas o coletivo cearense, mas também outros nomes locais e nacionais estão conseguindo se destacar nesse terreno fértil, criando novos editais, festivais e galerias. Cada um com sua realidade. Em São Paulo ou na França; em Cabo Verde ou Cariri, Robézio e Tereza registram seus sentimentos e emoções. Por isso, a dupla reluta em apontar seus trabalhos preferidos. “Até hoje algo bem influente foi na Mostra Cariri, lá no comecinho. Mas também houve momentos especiais nos Estados Unidos. Foi muito bom pelo contato com as pessoas. Sem falar em viagens como o intercâmbio que fazemos, há cinco anos, em Cabo Verde. Envolve formação e troca de linguagens”, explica Robézio. Alguns murais se destacam dentro do portfólio do coletivo. Em Fortaleza, na Avenida Domingos Olímpio, o painel de 25x11m, intitulado Eva, foi eleito, em 2016, um dos 30 melhores produzidos no Brasil pelo Street Art Brasil. A mulher negra carregando o rebento resiste, embora desgastada, na
Em 2017, um quadro de Basquiat foi arrematado por 110,5 milhões de dólares, se tornando a obra mais cara já vendida de um artista americano. O feito o colocou no mesmo patamar de pintores como Pablo Picasso e Francis Bacon 2
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1 — Obras de JeanMichel Basquiat: A tela Sem Título, de 1982, mistura tinta a óleo, crayon, colagem e penas; o pintor trazia em sua obra muita referência à anatomia humana, um tema recorrente 2 — O artista americano morreu aos 27 anos e deixou uma produção grande embora tenha tido uma carreiravida breve 3 — No Centro de Eventos do Ceará, foram pintados murais de diversos artistas durante o Festival Concreto. No destaque, trabalho de Grud e Rafael Limaverde
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arte urbana Um dos pioneiros do grafite no Brasil, Speto desenhou a história do pescador no maior mural da sua carreira, no Ceará
movimentada avenida da Capital cearense. Junto a ela, o mural pintado na Embaixada do Brasil em Cabo Verde e o trabalho Brincando de Deus, em Colônia, na Alemanha, estão entre os que ganharam maior destaque. Recém-chegados de Cabo Verde, onde passaram uma temporada intensa de trabalhos, formação e vivências, a dupla reconhece que viver de arte é desafio. “Se pensar bem não é tão diferente de um trabalho normal. Essa constância, de ter sempre a mesma capacidade de independência de produção é que é o desafio. Mas é também o meio material, o combustível para você se reciclar. Acho que ter a capacidade de estar produzindo o que você sente é o desafio para a manutenção do trabalho”, defende. Adepto do experimentalismo, o Acidum faz jus à sua própria definição. Experimenta técnicas, materiais, incorpora linguagens e bebe na fonte do cinema, poesia, literatura e música para buscar suas inspirações. A criação coletiva chegou a uma fase de pura conexão, resultado dos sete anos assinando juntos os trabalhos. O ritmo dos artistas é mais acelerado. Eles estão aqui e ali. Por enquanto, trabalham em um produto novo do Acidum. Mas a agenda está movimentada. Tem uma exposição em São Paulo e depois, participações em festivais internacionais.
Multilinguagens
Pequenos são os espaços para encaixar a arte e o próprio Narcélio Grud em categorias. Artista e inventor, graduado
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4 — O muralista brasileiro Eduardo Kobra fez uma homenagem ao cantor David Bowie, nos Estados Unidos. No prédio de 18 andares, a obra de 55 metros de altura, virou ponto turístico 5 — OSGEMEOS participaram de festivais e galerias ao redor do mundo, assinaram produtos e venderam telas por valores que chegaram a 130 mil dólares 6 —Mural assinado pelo coletivo cearense Acidum Project, composto por Robézio Marqs e Tereza Dequinta, em Fortaleza
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arte urbana em Design de Interiores, ele iniciou sua carreira marcando os muros lá pelos idos 1990. Uma história semelhante à do gênio Basquiat. Hoje assina pinturas, esculturas e intervenções que invadem os espaços urbanos. Apesar de batalhar pela promoção da urban art, seja criando o Festival Concreto ou através de formações, de trabalhos desenvolvidos dentro e fora do País, Grud enxerga o preconceito de quem classifica como menor a arte que nasce na rua, mas que já chega às galerias. “No começo era tudo rebeldia e diversão. Hoje a diversão é maior e a rebeldia ganhou outros significados, novas potências. Com o passar do tempo algumas coisas foram se revelando, se desenvolvendo, naturalmente ocupando seus lugares e outras ainda continuam desabrochando. A arte urbana vem se firmando mundialmente como uma linguagem artística das mais potentes e democráticas, ganhando espaços, rompendo paradigmas e transformando realidades. No meu plantio, dentro desse universo, colhi coisas bacanas que, para mim, é o suficiente para validar como arte o que faço”. O cearense rememora o cenário artístico local e aponta que essa turma que chega com a alcunha de contemporâneo e da rua teve uma estrada aberta por nomes como Sérvulo Esmeraldo, Chico da Silva e Descartes
No Centro de Fortaleza, o grafite de Neurótik reforça lutas sociais feministas pela participação da mulher também nessa área
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Gadelha. Com uma renovação de técnicas e materiais, essa nova leva de urban artist desponta aqui e lá fora, levando Fortaleza para esse cenário mundial de capitais com arte urbana, com obras públicas significativas, sejam de grande escala ou não. Apesar de otimista, Grud engrossa o canto de Tereza Dequinta quando aponta a necessidade de ainda mais abertura. “O mercado de arte local ainda está se abrindo para essa linguagem. Obras de artistas mortos ainda são os que mais vendem por aqui. Em outros estados brasileiros e em diversos países, espaços oficiais das artes como museus e galerias são mais abertos, possibilitando o desenvolvimento maior dos artistas e da linguagem, que por sua vez produz mais obras nas ruas, fazendo da população a maior beneficiada”, critica. Para esse explorador-inventor-artista, criar é misturar experiências. Inspira-se em nomes como Daniel Azulay, Hélio Leites, Guto Lacaz, Olafur Eliasson, Leandro Erlich, OSGEMEOS, Manoel de Barros, Gudeba e Fernando Catatau. Para quem pensa fora da caixa, criar festival para reunir artistas e celebrar talentos é o caminho. Foi assim que Grud criou o Concreto. Ele viu que os festivais transformavam e resolveu trazer para a cena local. Desde então, formou artistas e plateia e mudou a realidade não apenas da arte urbana,
Em Fortaleza, o painel de 25x11m intitulado Eva foi eleito, em 2016, um dos 30 melhores murais produzidos no Brasil pelo Street Art Brasil. A mulher negra carregando o rebento resiste, embora desgastada, na avenida da Capital cearense
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arte urbana
mas de vidas. “Fortaleza, com o aumento significativo da violência e O mural Eva, do da desigualdade social é um ambiente Acidum Project, em onde se faz necessário esse tipo de Fortaleza foi eleito intervenção, que busca humanizar, em 2016 um dos 30 melhores murais criar laços, afetividade, colorindo e produzidos no Brasil melhorando de alguma maneira a cidade pelo Street Art Brasil onde vivemos”, observa Marcelo. Além de Grud, Acidum, tantos outros nomes locais pintam suas criações nas ruas. André Nódoa, publicitário de formação, desenhista por paixão é outro destaque. Com um traço fino, limpo e orgânico, utiliza parede, madeira, couro e tecido como tela. Inspirado pelo cubismo, tem Picasso e o pai Antino Silva, também artista, como referências. Nascido em Belém e naturalizado cearense, o xilogravurista, ilustrador e pintor, Rafael Limaverde também
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é referência local em arte urbana. Ex-integrante do Acidum Project, vem sozinho criando e expondo seus trabalhos em mostras e festivais. Com mais de 20 anos dedicados ao fazer artístico, Gleison Araújo, que assumiu a alcunha de Luz, figura entre os artistasreferência. Trouxe da formação em Belas Artes muito do que levou para sua melhor galeria: a rua. Hoje, seus traços resistem nas paredes da cidade, ganham outros territórios e fazem das salas de exposições um lugar de resistência. Quem já chegou a um patamar de referência, aponta Jabson Rodrigues, Doug, Solrac, Raísa Cristina, Diego Maia, Vitor Grilo, Ramon Sales, Dinha, Priscila Amorim, entre outros tantos que fazem o ciclo criativo, forte e resistente da arte urbana permanecer vivo. Tão vivo quanto as obras de Basquiat, artista que morreu aos 27 anos, mas que se torna imortal através de suas cores.
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trekking
Chapada do Araripe. No Crato, região do Cariri, o Sitio Fundão atrai visitantes com ambientes focados na preservação dos ecossistemas naturais
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Sobe a trilha
texto Carol Kossling fotos Eduardo Queiroz e Kléber A. Gonçalves
Seja pelo contato direto com a natureza ou apenas para quebrar a rotina, a prática do trekking tem se expandido por todo o Ceará. Experiência única, as trilhas promovem uma renovação pessoal a cada passo
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erceber o cantar dos pássaros. Sentir o cheiro das flores e das plantas. Ouvir o barulho do vento e da água. Estas são algumas das sensações que a caminhada por uma trilha possibilita. O contato com a natureza e, consigo, é único e indescritível. Para quem se desafia a fazer trekking também é possível se desconectar dos meios tecnológicos e se desafiar em alguns momentos. Já é costume, no Parque Estadual Sítio Fundão, no município do Crato, se observar o grande fluxo de pessoas que buscam a adrenalina no esporte de aventura. O local, que se tornou unidade de conservação há dez anos, faz parte do Geossítio Batateira, vinculado ao Geopark Araripe. Em um trajeto de 3,5 Km, que pode ser percorrido a pé ou de bicicleta, os cenários se revezam entre o cerrado e a caatinga, onde se observa diferentes espécies de pássaros e saguis. Para aproveitar todos os espaços leva-se até cinco horas. A sensação, no entanto, é de que a vivência é bem maior do que o tempo, ainda mais quando se caminha acompanhado de guias de turismo como Nilton Alves, um profundo conhecedor da região no Cariri.
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trekking No local, encontramos bens históricos como a parede de pedra e as ruínas de um engenho de rapadura de tração animal, datados do século XIX. Há também o Rio Batateiras e uma casa de taipa com dois andares. “A visitação a esses pontos está entre os atrativos dessa trilha. Assim como uma barragem construída por escravos”, informa o especialista.
Experiência
1 — Todo domingo e feriado, o grupo Trilhas Araripe, formado há pouco mais de um ano, se reúne para diferentes vivências em diversos pontos da região do Cariri 2 — O médico Wantuil Matias Neto realiza sua primeira trilha e descobre uma nova opção de lazer para os fins de semana 3 — O acompanhamento do guia de turismo é indispensável em qualquer trilha
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E foi este o cenário escolhido pelo médico Wantuil Matias Neto, 31, para fazer sua primeira trilha. “A experiência me surpreendeu. O ambiente é animador para quem está acostumado à correria do dia a dia. Esse momento de lazer e contato com a natureza nos renova”, pontua. O fato de estar ao lado de pessoas de diferentes faixas etárias é visto por ele como uma excelente oportunidade para fazer novas amizades. Em relação ao desgaste físico, o médico recomenda um preparo prévio mínimo. “Achei a caminhada segura, mas é fundamental a presença do guia para orientar o grupo”, comenta. A motivação para praticar 1 trekking, segundo lembra, veio junto com o desejo de buscar uma renovação mental e espiritual. “Tivemos contato com água e isso renova. Descobri no ecoturismo mais uma opção de lazer na região”, completa Neto.
Alta frequência
Se para o médico a trilha se revelou uma grande descoberta turística e esportiva, para o jovem engenheiro de produção Hércules de Souza Santana, 23, o contato com a natureza é algo que faz parte de sua vida desde 2011, quando acompanhava os amigos de escola em trilhas e acampamentos. “Achava legal, mas nessa época não tinha muito acesso pois estudava muito e só tinha as tardes de domingo livres”, recorda.
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Respeitar o meio ambiente é essencial para uma boa experiência com a natureza e a integração com os demais participantes
Em 2017, quando precisou acompanhar a recuperação de sua mãe, Cícera de Souza, após um problema de saúde, decidiu que era o momento certo para um grupo. Daí surgiu o Trilhas Araripe. A principal diferença, em relação às primeiras empreitadas, segundo aponta, é a preparação. “No início, fomos despreparados em relação a cuidados como transportar água, a comida e observar os horários de exposição ao sol”, explica. O engenheiro diz que o grupo nasceu da necessidade de reunir pessoas mais próximas que trouxessem na vivência mais aconchego e atenção em relação à carona e à assistência. Hoje, a turma comemora a realização de mais de 50 trilhas. Foi uma questão de saúde que afastou, por quatro anos, a articuladora do banco de oportunidades do Senac Juazeiro do Norte, Emmanuela Leite, 3 38, das caminhadas em meio à natureza. Durante esse período, ela conta que sentiu falta da conexão com a mata, do barulho da água e do canto dos pássaros. Nos 13 anos em que se dedica ao trekking, a cearense conta que sua paixão já a levou até uma trilha na Chapada Diamantina, na Bahia. “É outro tipo de ecoturismo. A paisagem por lá é diferente, mas a conexão é a mesma”, garante Emmanuela. Ela avalia que o mais importante é se desligar das redes sociais e silenciar um pouco. “Precisamos nos permitir viver esses momentos que são raros”, avalia.
“O desejo de realizar uma trilha veio junto com a vontade de dar uma renovada mental e espiritualmente, pois a natureza traz muito isso. Tivemos contato com água, algo que nos renova. Achei bem interessante e descobri mais uma opção de lazer” Wantuil Matias Neto, médico
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Mata fechada
Existem diferentes tipos de trilha. Na Serra do Maranguape é possível experimentar um contato ainda mais próximo da mata. Uma opção é a caminhada que dá acesso até a Pedra Branca, onde é permitida a prática de rapel com até 30 metros de altura. Desde 2006 atuando como guia
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trekking
“O mais prazeroso é sem dúvida o desconhecido, a experiência de viver o desconhecido. Porque isso te tira da rotina diária, te conecta a um outro mundo” Luciano Andrade, empresário
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nativo, Israel Mendes é habilitado a acompanhar os visitantes. O acesso, por locais íngremes e em meio à mata fechada, é feito pela Pousada Encanto da Serra. “Essa é uma parte não muito procurada, por ter maior controle”, informa o guia. Nos grupos que acompanha, conta que percebe muitas pessoas buscando vencer desafios e também saindo da rotina para eliminar o estresse. “A natureza e a aventura têm o poder de transformar as pessoas”, filosofa. Quem encarou o desafio, proposto pelo coordenador de experiências da agência Ceará Aventura, Victor Emmanuel, e realizado no local foi a dona de casa mineira Nice Duarte, 57. Ela fez a trilha acompanhada da filha, advogada, Gisele Duarte Silva, 36. Foi por volta dos anos 1990 que Nice resolveu se aventurar com a família e as crianças, quando morava no Rio de Janeiro. Depois em Minas Gerais, frequentou o Parque Nacional da Serra do Cipó. “É sempre muito relaxante para a mente. E o corpo responde com disposição”. A filha Gisele, que já costuma praticar esportes outdoor, confessa que durante a caminhada só pensa em agradecer a Deus pela possibilidade de estar em contato com a natureza. Fazendo rapel pela primeira vez, o empresário e mergulhador Luciano Andrade, 40, aproveitou bem o panorama visto a partir de um novo ângulo. “Quanto à altura ainda estou me acostumando. No mais foi só confiar no profissional e nos equipamentos, e aproveitar a vista incrível que somente o rapel poderia proporcionar”, avaliou. Para ele, o mais prazeroso é sem dúvida o desconhecido, a experiência. “Isso te tira da rotina, te conecta a um outro mundo. Esse lugar, às vezes, está pertinho e poucas vezes nos conectamos com ele”, concluiu.
Em Maranguape, a recepção para o início da trilha nativa acontece no aconchego da Pousada Encanto da Serra, no Parque Santa Fé
“Às vezes, nós mesmos colocamos dificuldades e achamos desculpas para não fazer as atividades. Mas acho que o básico é sair de casa e procurar algo. Dá preguiça acordar cedo, mas compensa colocar isso de lado e realmente se motivar, se permitir fazer o novo” Gisele Duarte Silva, advogada
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Decoração ambientes - móveis - tendências
SofáGentry
→ PatriciaUrquiola
Gentry. Em tradução livre, Aristocracia. É esse o termo que dá nome ao fabuloso sofá criado por Patricia Urquiola para a grife italiana Moroso. O projeto mira no conforto meticuloso e bem equilibrado. O grande assento independente se ajusta perfeitamente à estrutura de aço cromado preto ou aço revestido. A parte de trás, apoio de braço e almofadas opcionais são de penas de ganso. Além disso, toda a coleção Gentry tem capas removíveis. → € 5.548 — moroso.it
N01
→ FritzHansen
O estúdio de design japonês Nendo firmou parceria com a empresa dinamarquesa Republic Fritz Hansen para reeditar um clássico do mobiliário contemporâneo. O projeto atualizou a estética da cadeira de jantar, criando a N01, feita de madeira maciça. A peça, de linhas clássicas e design acolhedor, registra a reaproximação dos estilos escandinavos e japoneses e foi uma das estrelas do Milan Salon 2018. → € 675 — fritzhansen.com
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cadeira pudica →pedropaulo venzon
Riyar Big Light → Kamaro'an Low fashion talvez seja o melhor termo para explicar a criação da marca taiwanesa Kamaro’an. Seus objetos de decoração, entre os quais se destaca a coleção Riyar, são elaborados com fibras de bambu que demoram seis meses para crescer em água cristalina. Só depois disso são transformados em luminárias de formas assimétricas que transportam a natureza para os ambientes de convivência. Em tempo: Riyar significa oceano na língua Pangcah. → € 517 — kamaroan.com
O minimalismo é o trunfo criativo da cadeira Pudica, criada pelo designer brasileiro Pedro Paulo Venzon para a grife Matter Made. A peça parece fundir o estilo racionalista do início do século XX aos traços referenciados no Brasil Colônia. As formas aparentemente simples transcendem o viés contemporâneo, numa interpretação (quase) delicada de nossas memórias. → U$ 1.799 — mattermatters.com
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deCoração ambientes - móveis - tendências
NoMadeS → louisvuittoN’S
riviera → sArAH LavoiNe
A coleção "Riviera", de Sarah Lavoine, sugere um "passeio" pelas praias da Côte d'Azur em pleno verão. A paleta de cores marcantes e sua estética singular aparecem nas criações de extremo bom gosto, a exemplo do console de rattan com detalhes em azul mediterrâneo e laqueado "noir". Com toque vintage e muita leveza, as peças, feitas à mão na Espanha, foram lançadas em março. → € 1.370 — maisonsaraHlavoine.Com
Nido→ pErsonA
Fernando Pessoa já dizia: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". É assim, com detalhes quase poéticos, que a designer Patricia Urquiola assina as cadeiras Palaver e de balanço criadas para a coleção "Objets Nomades", exibida em abril, no Salão de Milão, pela maison Louis Vuitton. As duas peças foram primorosamente concebidas usando couro, madeira e fibras naturais, canalizando o foco para a qualidade artesanal dos móveis de edição limitada.
→ u$ 3.799 — estudiopersona.Com
→ preÇo sob Consulta — br.louisvuitton.Com
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Inspirada na forma de um ninho, a cadeira Nido foi projetada pela designer Emiliana Gonzalez e pelo o artista conceitual Jessie Young, para o Estudio Persona, de Los Angeles. A peça parece brincar com a justaposição de formas da madeira e do estofado em couro. As linhas fortes da base, feita em nogueira ou carvalho, garantem o estilo e a estabilidade sem sacrificar o conforto.
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A única TV para você assistir aos grandes jogos ao vivo em 4K. QLED 75”
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Validade da promoção do dia 01/06/2018 até o dia 15/07/2018.
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Decoração ambientes - móveis - tendências
greenhouse → atelier 2+
O verde natural está mais forte do que nunca no cenário da arquitetura moderna. Mirando na tendência de inserir a floresta urbana na vida cotidiana, o estúdio Atelier 2+, de Bangkok, elaborou para a mostra Stokholm House, três modelos da peça Greenhouse, produzida tanto em madeira clara quanto escura. A proposta é ter uma estufa em casa, para criação de uma horta ou jardim, sem abrir mão do charme e da funcionalidade. → € 756 — ateliertwoplus.com
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carros
QUARTETO FANTÁSTICO
por André Marinho
Exclusividade e a excelência elevadas à máxima potência. Assim os SUVs Premium apostam nos diferenciais para conquistar novos consumidores
lexus nx 300 motor :2.0 turbo a gasolina potência : 238 cv torque: 35,7 kgfm câmbio: Automático 6 marchas, tração integral preços: NX 300 Dynamic R$ 220 mil/ Luxury R$ 230 mil / F-Sport R$ 255 mil
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s utilitários esportivos, famosos SUVs, estão no topo da preferência global. Motivos para isso não faltam. Altura elevada do solo, espaço interno, conforto, segurança e desempenho. E quando se fala em SUVs Premium essas qualidades incorporam materiais nobres, alta performance e muita tecnologia. Selecionamos um quarteto que está no topo da preferência.
Lexus NX 300 A marca já vende no Brasil a linha 2018 do utilitário esportivo NX. O SUV foi reestilizado, com destaque para os novos para-choques e conjuntos óticos com discretas alterações. Os faróis e luzes de neblina agora usam LEDs, enquanto as lanternas alongadas invadem mais a tampa traseira. Antes chamado de NX 200t, o SUV passa a adotar o nome NX 300. A mecânica é a mesma em todas as configurações: um 2.0 turbo a gasolina com 238 cv e 35,7 kgfm de torque, transmissão automática de seis marchas e tração integral. Testei a máquina e aprovei: o NX leva 7,1 segundos para arrancar de 0 a 100 km/h. Entre os equipamentos, há muitos itens de luxo, como ajustes elétricos nos bancos dianteiros, ar-condicionado de duas zonas e oito airbags. A versão de entrada traz teto solar elétrico, enquanto as superiores têm teto panorâmico fixo, aquecimento e refrigeração nos bancos, além de abertura e fechamento elétricos da tampa. O head-up display é restrito ao F-Sport. Audi Q5 Alemã com reconhecida eficiência nos motores e design esportivo, a Audi aposta no Q5, equipado com um motor 2.0 TFSI a gasolina de 252 cv, 37,7 kgfm de torque, câmbio de dupla embreagem de sete velocidades e tração integral. A versão top de linha (Ambiction) do Audi Q5 vem de série com trio elétrico, direção elétrica, ar-condicionado automático de três zonas, bancos de couro sintético, bancos dianteiros elétricos com ajuste lombar e memória do 56banco do motorista, painel
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carros de instrumentos 100% digital, controle de velocidade de cruzeiro, sensor de luz e chuva, retrovisor fotocromático, sistema start-stop, volante multifuncional de três raios, teto solar panorâmico, porta-malas com abertura e fechamento elétrico, airbag lateral dianteiro e de cabeça, alarme, faróis 100% LED, lanternas traseiras em LED com indicação dinâmica. São muitos equipamentos para facilitar e dar comodidade ao motorista. Durante cinco dias testei o veículo em Fortaleza e sou testemunha de seu desempenho fantástico. Um Super SUV, sem dúvida. Mercedes-Benz GLC Falar da alemã Mercedes-Benz é mostrar a excelência em acabamento, performance de motores, conforto e cuidado nos detalhes. Marca referência em todos os segmentos nos quais atua, com o SUV GLC não é diferente. Seu motor 2.0, com 221 cv de potência tem uma combinação perfeita com o câmbio de nove velocidades. São quatro versões, GLC 250 Highway, GLC 250 Sport, GLC 43 AMG Coupé e GLC 43 AMG SUV. Todas trazem de série ar-condicionado digital de duas zonas, sete airbags, start-stop, cinco modos de condução, sensor de chuva, piloto automático e controles de tração e estabilidade. A Sport traz também park assist, banco do motorista com ajuste elétrico e memória, teto solar panorâmico, suspensão esportiva, rebatimento elétrico dos retrovisores, rodas de liga leve de 19 polegadas, partida sem a necessidade de chaves nas mãos, porta-malas com acionamento elétrico. Um Mercedes que tem o DNA alemão e faz jus à marca que inventou o automóvel. Volvo XC60 SUV mais vendido da Volvo no mundo, a segunda geração do XC60 ficou 9 cv mais potente e cresceu. São 9 centímetros a mais de entre-eixos, 4 cm no comprimento e 11 cm a mais na largura. As configurações diesel e híbrida chegam no segundo semestre do ano que vem ao
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Audi Q5 motor 2.0l, 16V potência 252 cv a 6.000 rpm câmbio Dupla embreagem de 7 marchas e tração integral preço A partir de R$ 255.990 (Attraction)
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Mercedes-Benz GLC motor 2.0l, 16 válvulas 3.0 l v6 biturbo potência 211 (g) cv a 5.500 rpm/367 cv torque 35,6 (g) kgfm a 1.200 rpm câmbio Automático de nove marchas, tração integral preços R$ 279.900 (Highway) R$ 314.900 (Sport) / R$ 334.900 (AMG suv) / R$ 429.900 (AMG Coupé)
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carros
Volvo XC60 motor 2.0l, 4 cilindros potência 254 cv a 5.400 rpm torque 35,6 kgfm a 4.800 rpm câmbio Automático 8 velocidades preços Momentum R$ 239.950 / Inscription R$ 265.950 / R-Design R$ 275.950
Brasil. São ofertadas três versões de acabamento: Momentum, Inscription e R-Design. Um dos principais pontos fortes é o acabamento refinado. Cada detalhe do XC60 parece ter sido pensado para ser bonito, luxuoso e funcional. O botão star-stop tem revestimento lapidado que lembra uma pedra de diamante, os compartimentos do console central têm tampa (ótimo para não deixar celular e dinheiro à mostra) e tanto manopla quanto volante possuem o mesmo couro perfurado da chave. Os bancos são destaque na versão R-Design: combinam couro com costura branca e alcântara. O SUV da Volvo é daqueles perfeitos para longas viagens e conferi isso em um test drive no interior de Minas Gerais. O volante é pequeno, a direção é calibrada na medida certa e o carro é leve. São cinco modos de condução: comfort, efficiency, dynamics, off-road e individual. As versões mais top vêm equipadas com ar-condicionado digital duas zonas, computador de bordo, painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, central multimídia com tela sensível ao toque de 9 polegadas com Apple CarPlay, sistema de audio com 10 alto-falantes e controle eletrônico de estabilidade. Um SUV requintado e cheio de mimos.
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SUV ideal para viagens longas, o Volvo XC60 tem desempenho, estilo e um conjunto motor com câmbio excepcional
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pompeu vasconcelos viagem - estilo - sociedade
Localizado no coração da Ribeira, com vista para a famosa ponte D. Luís I e para a Vila Nova de Gaia, na outra margem do Rio Douro, o Hotel Pestana Vintage é uma excelente opção para quem viaja ao Porto
Situado em uma quinta do século XIX, totalmente renovada, o Six Senses Douro Valley é a dica certeira para quem quer se hospedar em um local mágico e romântico em plena colina no Vale do Douro
Na margem do Douro, entre a Régua e o Pinhão, encontramos o estrelado restaurante DOC, do chef Rui Paula, parada obrigatória para os viajantes de bom gosto
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Visita a Graham`s, conceituada cave de vinho do Porto construída em 1890, em Vila Nova de Gaia
Do Six Senses Resort & Spa, Pompeu e Marília Vasconcelos apreciam a deslumbrante paisagem do Vale do Douro
Vista magnífica do Douro Valley
Stopover Portugal Vivenciando uma fase de efervescência, Lisboa pulsa, atraindo turistas do mundo inteiro e conquistando os brasileiros pela língua, comida, bebida, qualidade de vida e pela pegada cosmopolita que adquiriu nos últimos anos. Aproveitamos o programa Stopover da Tap, para desbravar a capital portuguesa e visitar o Porto Cascais e a região do Douro, três dos destinos mais charmosos de Portugal
Lisboa / Porto Portugal idioma Português população 10,3 milhões (2016) Euro fuso normal +4 horas inverno entre 2°C e 16°C verão entre 20°C e 30°C país
moeda
Caminhar pela Avenida da Liberdade, que liga a Praça dos Restauradores à Praça do Marquês de Pombal, rumo ao Chiado é um passeio inesquecível pela história da Lisboa medieval
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pompeu vasconcelos viagem - estilo - sociedade
Da fabulosa piscina do Six Senses Resort & Spa, no Vale do Douro, a natureza e a tranquilidade se misturam criando ambiente propício à reflexão e ao relaxamento
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Antes de seguirem para uma visitação seguida de almoço harmonizado na Quinta da Pacheca, Camile e Rodrigo Carneiro desfrutaram das mordomias do Six Senses Resort & Spa
Em uma visita a Cascais, localizada na área metropolitana de Lisboa, não deixe de fazer uma parada na Boca do Inferno, onde está localizado o Restaurante Mar do Inferno
Patrimônio da Humanidade, a Torre de Belém é um ícone da arquitetura do reinado de Manuel I de Portugal. Localizado na margem direita do Rio Tejo, na freguesia de Belém, o monumento, próximo ao Museu Coleção Berardo e ao Mosteiro dos Jerônimos, destaca-se pelo nacionalismo implícito, visto que é todo rodeado por decorações do brasão de armas portuguesas
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teCnologia
gadgets acessórios lançamentos
Velocidade e conexão máximas
smArt Home
mirrorless
De linhas simples e toque retrô, "Hello" é o despertador inteligente da Holi. Mais do que informar as horas, ele funciona como um assistente pessoal. Conectado à internet, adapta o momento do alarme de acordo com o tempo ou compromissos na agenda. Se houver problemas no trânsito, tocará antes para evitar atrasos. A startup chinesa Byton apresentou sua proposta para o mercado de carros elétricos e autônomos: um SUV capaz de agradar desde os amantes de automóveis até os apaixonados por alta tecnologia. O carro terá central multimídia fabricada em vidro especial e conexão de internet 5G. A previsão é que o veículo chegue ao mercado europeu em 2020.
→ € 199 — WWW.Holi.io/en
→ u$ 45 mil — byton.Com
O modelo A7 III é a mais recente adição à linha de câmeras sem espelho da Sony. O equipamento tem sensor de 24,2 MP, capacidade de vídeo HDR de 4K e bateria de série Z, com vida útil mais longa. Também traz versão atualizada do processador Bionz X, que permite disparar fotos em até 10 quadros por segundo. → u$ 2.200 — sony.Com
CArgA totAl
inoVação nas alturas Ultraportátil, leve e dobrável, o Mavic Air, mais recente drone da DJI, vem equipado com câmera 4K estabilizada por um gimbal de 3 eixos, exclusividade para máquinas desse porte. Seu tempo de voo é de até 28 minutos por
carga da bateria, com alcance de até 4km e velocidade máxima de 68km/h. Equipado com sensores em todos os lados, identifica e desvia de obstáculos sem parar de voar e pode ser controlado com o rádio ou por gestos.
→ r$ 5.129 — dJi.Com/maviC-air
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Especializada em tecnologias de energia wireless, a Ossia desenvolveu a 'Cota Forever Battery', uma impressionante pilha AA capaz de capturar energia vinda através do ar (graças às antenas embutidas que recebem sinais de radiofrequência). A novidade ainda não tem data certa de chegada às lojas ou preços definidos. → u$ a definir — ossia.Com
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ALTA FREQUÊNCIA
Potência tecnológica e Design futurista
extra versatilidade
Com design contemporâneo, sem fio e feito de materiais Premium, o Beoplay H9i, da Bang & Olufsen, chega ao mercado com espuma adaptável para maior conforto e uma experiência de áudio inigualável. O equipamento conta com cancelamento de ruído e seu sensor de proximidade faz pausa automática. → U$ 499 — bang-olufsen.com
Além da imagem
Quem está acostumado com os HDs extenos certamente vai se surpreender com o equipamento que deve chegar ao mercado até o fim de 2018. O novo pendrive apresentado pela SanDisk tem o tamanho de uma moeda e é o menor dispositivo capaz de suportar 1TB de memória flash com conexão USB-C. → U$ A definir — sandisk.com
Pet robô
Em abril, a LG apresentou ao mercado brasileiro a TV OLED W8, na versão 65 polegadas. Além de exibir imagens em 4K, o aparelho tem espessura de apenas 2,6 milímetros, altamente flexível. Para os entusiastas de sistemas de inteligência artificial, o televisor também conta com a plataforma ThinQ AI. → R$ 39.999 — LG.com
Durante a CES 2018, a In Win apresentou o seu mais recente e ambicioso projeto: um gabinete superpotente chamado Winbot. Além da estética futurista de seu corpo esférico, a máquina já vem com integração de fábrica a reconhecimento de comandos por gestos e a assistente virtual da Amazon, Alexa. O conceito é totalmente baseado na interação humana. E, para que tomasse a forma esférica, o "plexiglass", tipo de acrílico utilizado no Winbot, foi manipulado num ambiente com temperatura e pressão controladas. Unindo criatividade e avanço tecnológico, o produto pode ser comprado em três modelos de cores: azul, vermelha e verde.
Aibo, o cãozinho robô, da Sony, está de volta. A nova versão, bem mais sofisticada, conta com inteligência artificial para reconhecer rostos e sons. Assim como um ser vivo, ele também ganha noção espacial com o passar do tempo. As informações são processadas no serviço de nuvem da companhia japonesa. → U$ 1.730 — sony.com
→ U$ 3,5 mil — www.in-win.com
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negócios
texto Anchieta Dantas Jr. fotos Eduardo Queiroz produção Larissa Freire
A quarta Revolução O desenvolvimento tecnológico tem progredido exponencialmente, dando origem a avanços como a internet das coisas, inteligência artificial, robótica, computação em nuvem entre outras inovações. Saiba como essa revolução digital afeta o mercado, sua profissão e a vida de todos
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Doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, José Maria Monteiro é professor do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará
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aminhando para uma total convergência, o que já está sendo chamado de quarta revolução industrial, transformará completamente a forma como vivemos, trabalhamos, consumimos e nos relacionamos. Embora nem todos percebam o quão enraizada ela está em nossas vidas, seu avanço é rápido. Aliás, em uma velocidade sem precedentes. Com a popularização da mobilidade - hoje, praticamente todo mundo tem um smartphone -, tudo à nossa volta gravita em torno da tecnologia: WhatsApp, e-mail, aplicativos com as mais diversas finalidades, redes sociais e até simples eletrodomésticos já estão ligados à rede mundial de computadores, colocando o mundo físico e o digital praticamente no mesmo patamar. A ideia é que cada vez mais esses dois mundos se tornem um só, por meio de dispositivos que se comuniquem uns com os outros, o que traz à tona o que se convencionou chamar de Internet das Coisas. O aparecimento em larga escala de dispositivos que simulam a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões, resolver problemas, resultou em outro conceito muito em voga na atualidade: o da inteligência artificial. E não para por aí. O que você sabe sobre Data Center, computação em nuvem, Big Data, robótica, impressoras 3D, drones,
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chatbot, nano e biotecnologias entre tantas outras inovações? Acredita que estes e outros avanços tecnológicos estão longe de serem incorporados ao seu cotidiano? Saiba que não! Embora, você possa não ter a menor ideia do que significam ou a mínima familiaridade com essas tecnologias, elas estão mais perto do que você imagina. Provavelmente até já as utilizou, continua usando, e não tenha se dado conta. Elas são tão importantes, para não dizer necessárias na atualidade, que chegam a desaparecer. Ou seja, se integram à vida do dia a dia de uma forma que se tornam indistinguíveis. “A boa tecnologia se insere naturalmente”, comenta o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor, professor Vasco Furtado. O fato é que a integração da tecnologia e em especial da internet às nossas vidas, com os robôs integrados em sistemas ciberfísicos, é um dos grandes eixos do que os economistas estão chamando de Revolução Digital ou de a 4ª Revolução Industrial. E já não se trata mais apenas de computadores e smartphones. A rede mundial está se espalhando pelos objetos de nossas casas, ambientes de trabalho e outros meios, trazendo, a reboque, todos os seus benefícios, oportunidades e, também, ameaças e desafios.
“Em um site de compras de passagens, por exemplo, os robôs monitoram o seu tempo de permanência e sabem se você está prestes a comprar ou desistindo da compra. Se demora, estimulam a compra. Se estiver saindo, oferecem promoções” José Maria Monteiro, doutor em informática
“Você tem um aplicativo de uma rede relógios, equipamentos fitness, ar-condiciosocial instalado no seu celular. Está diri- nado e uma série de objetos inteligentes com gindo e deixa o telefone no porta-copos acesso à web e às infinitas possibilidades do carro, como mandam os manuais de que ela proporciona. segurança. Enquanto guia, conversa com De acordo com um estudo do Gartner sua esposa: ‘olha, amor, a nova versão do Group, até 2020, teremos mais 20 bilhões carro x, como ficou linda!’ Quando você de coisas conectadas. Isto significa que chega em casa, pega o computador e vai se forem considerados os cerca de sete conferir as novidades, qual a propaganda bilhões de habitantes do planeta, haverá que aparece para você? O novo modelo do quase três vezes coisas mais conectadas referido carro. Sim, o áudio da sua conversa do que pessoas. foi minerado (extraído) e utilizado para lhe “Muitos objetos comuns ao dia a dia já oferecer um produto”, exemplifica José Ma- começaram a ter vida própria e outros logo ria Monteiro, doutor em Informática pela o farão. Por meio da inteligência artificial, Pontifícia Universidade Católica (PUC) do uma geladeira por exemplo, poderá muito Rio de Janeiro e professor do Departamento bem detectar o momento em que não deve de Computação da Universidade Federal gastar tanta energia, pois ‘entenderá’ que do Ceará (UFC). não está sendo usada com frequência. Ela Outra situação clara de como esses poderá, ainda, por meio de sensores, inforavanços tecnológicos estão diretamente mar que está faltando um produto. É como conectados ao nosso cotidiano, destaca, se interagisse com o ser humano”, completa é quando acessamos um site para fazer o professor Vasco Furtado. uma compra e de repente uma “atendente” De acordo com ele, os produtos intese coloca à disposição para tirar nossas ligentes têm um efeito bastante positivo. dúvidas. “Na verdade, você está falando “Vão conferir mais produtividade a uma com um chatbot, um programa de com- série de tarefas, mesmo as mais cotidianas”, putador que tenta simular um ser humano relata. No campo da medicina, emenda o na conversação com as pessoas”, explica pesquisador, já existem equipamentos capao pesquisador. zes de dar laudos de imagens com precisão. De acordo com ele, as perguntas são “Isto é um grande avanço e terá um impacto respondidas de tal forma que o usuário tem profundo na área da saúde”, afirma. a impressão de estar conversando mesmo Mas nem é preciso ir tão longe para ver com outra pessoa. “O software é capaz os benefícios da inteligência artificial sobre de processar textos em linguagem natural, o nosso bem-estar. “Uma simples pulseira consultar uma base de conhecimento e em de relógio, como o da Apple Watch, já é seguida fornecer uma resposta que tenta capaz de realizar um eletrocardiograma”, imitar o comportamento humano”, comenta. complementa Monteiro, do Departamento “Já em um site de compras de passagens de Computação da UFC. aéreas ou hospedagens, por exemplo, os No mundo dos negócios também não robôs monitoram o seu tempo de perma- será diferente, concordam os pesquisadores. nência, os seus cliques e sabem se você A internet das coisas terá um impacto signiestá prestes a comprar ou desistindo da ficativo em todos os segmentos. Para eles, os compra. Se você demora, eles diminuem "objetos" conectados estão provendo uma o número de lugares disponíveis, estimu- série de informações que antes não existiam lando a compra, ou, se você está deixando ou demandavam um esforço enorme para o site oferecem promoções. É o chamado se obter. No varejo, por exemplo, os dispofunil de vendas”, fala. sitivos inteligentes serão responsáveis por Ao mesmo tempo, as tais coisas conec- identificar o perfil de cada consumidor de tadas já estão disponíveis no mercado. São uma loja – desde o sexo e faixa etária, até
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negócios Conectados. A revolução tecnológica transformará a maneira como vivemos, trabalhamos, consumimos e nos relacionamos
a frequência de visitas ao local, tornando “As relações entre empresas e consumidores possível um planejamento de vendas mais se tornarão mais eficientes e a vida das direcionado. pessoas ficará ainda mais prática e cômoda”, Vem também por aí, afirmam os estu- conclui Medeiros. diosos, o que se pode chamar de “Fábrica Inteligente”. Uma indústria com forte ten- O mercado está preparado? dência à completa automação, que pode Também chamada de 4.0, essa revolução levar a uma total independência da mão de acontece após três processos históricos obra humana. “Teremos um nível elevado transformadores. O primeiro marcou o de produtividade e qualidade dos serviços ritmo da produção manual à mecanizada, até então inimagináveis, menos suscetíveis entre 1760 e 1830, com o surgimento da a erros”, aponta Furtado. máquina a vapor. A segunda, por volta de No agronegócio, lembra Medeiros, para 1850, trouxe a eletricidade e permitiu a mase ter uma ideia do poder da inteligência nufatura em massa. E a terceira aconteceu artificial, aplicativos podem determinar, em meados do século XX, com a chegada pela coloração da folha de uma fruta, se a da eletrônica, da tecnologia da informação plantação está pronta para a colheita ou pre- e das telecomunicações. cisa de mais nutrientes.Ao mesmo tempo, Já o momento pelo qual passamos, desno mercado de trabalho, conta o professor, taca Schwab, não pode ser definido por um currículos são cada vez mais descartados conjunto de tecnologias emergentes em si sem sequer passarem por mãos humanas. mesmas, mas a transição em direção a no“Isso porque as empresas estão empregando vos sistemas que foram construídos sobre a sistemas automatizados em seus processos infraestrutura da revolução digital anterior. seletivos”, afirma. Enfim, todas essas inovaPara o consultor de empresas Eduardo ções e os seus desdobramentos, enfatizam Gomes de Matos, autor de vários livros os pesquisadores, mudará o mundo como sobre gestão, nesse contexto existem três o conhecemos. Soa muito radical? Se cum- grupos: os que negam a mudança; aqueles pridas, as previsões de convergência de que buscam entender os impactos; e o grutodas as tecnologias e com as coisas cada po dos que já estão implantando as novas vez mais conectadas, assim será. tecnologias e colhendo os frutos. Não é à toa que em seu livro A Quarta “O fato é que todo esse avanço não mexe Revolução Industrial, Klaus Schwab, que apenas com máquinas e sistemas, com a também é diretor executivo do Fórum Eco- tecnologia como se fala, mas com três pinômico Mundial, destaca que estamos a lares importantíssimos para um negócio: o bordo de uma revolução tecnológica que relacionamento com o cliente, os processos transformará fundamentalmente a maneira da empresa com os produtos colocados no como vivemos, trabalhamos, consumimos mercado e os serviços prestados ao cone nos relacionamos. “Em sua escala, al- sumidor”, afirma. Conforme alerta, com a cance e complexidade, a transformação inteligência artificial e a internet das coisas, será diferente de qualquer coisa que o ser por meio das quais consegue-se lidar com o humano tenha experimentado antes”, prevê. grande volume de dados existente e analisar
“Com a inteligência artificial, teremos um nível elevado de produtividade e qualidade dos serviços até então inimagináveis, menos suscetíveis a erros” Vasco Furtado, professor
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Para o consultor de empresas Eduardo Gomes de Matos, será difícil permanecer no mercado sem aderir à transformação digital
as informações geradas corretamente, é possível conhecer cada vez mais o cliente, saber seu histórico de compra, antecipar necessidades, fazer sugestões assertivas e muito mais, transformando tudo isso em conhecimento, inovação e competitividade. Mas como qualquer novidade, explica o consultor, no começo, é difícil enxergar quais serão os benefícios, que a tecnologia trará. “Foi assim até com o celular”, recorda. De uma maneira geral, o mercado ainda tem dificuldade para entender que esse investimento trará retorno, mais rápido do que se espera. E não só em vendas, mas em experiência para o consumidor, dia após dia mais digital e ávido por um atendimento mais personalizado. O pesquisador chama atenção para o Os relógios estudo que mostra que 67% dos CEOs de inteligentes têm grandes corporações mundiais enxergam diversas utilidades: que as mudanças são tantas e a uma vedesde a previsão do locidade tão grande que seus negócios da tempo até realizar um eletrocardiograma forma que existem não perdurarão além do usuário dos próximos cinco anos. “Vai ficar difícil permanecer no mercado se uma empresa ou profissional não aderir à transformação digital. Quem não fizer vai desaparecer”, prega o consultor. “Resistência só atrapalha. O mercado não precisa de preparo, mas sim estar à disposição do novo, a conhecer, aceitar, experimentar e arriscar”, completa o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unifor, Vasco Furtado.
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Embora os mais entusiastas comemorem maior produtividade, menor suscetibilidade ao erro e relações mais eficientes, esses benefícios serão os causadores da parte mais controversa da quarta revolução industrial: estima-se que ela pode acabar com algo em torno de cinco a sete milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados. “No Brasil, a probabilidade é de que 49% dos empregos atuais irão desaparecer”, sinaliza Eduardo Gomes de Matos. Em sua maioria, explica, são postos de trabalho que envolvem tarefas repetitivas, rotineiras e que não agregam valor. “Muitas profissões deixarão de existir”, corrobora o professor José Maria Monteiro. De acordo com ele, quase dois terços das crianças que ingressam no ensino primário irão trabalhar em empregos que ainda não existem hoje, ao citar o estudo Futuro do Trabalho, publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2016. O documento aponta também que até 2020, serão 7,1 milhões de postos de trabalho perdidos. De acordo com o professor Vasco Furtado, cada vez mais habilidades intelectuais serão exigidas e palavras-chaves como criação, experimento, questionamento, relacionamento e interação vão dominar a educação e a qualificação.
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joias
A digital influencer Thássia Naves com peças da linha DD Lovers: coleção combina despojamento e sofisticação
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por Adriana Martins
Tendências de brilho eterno Da atemporalidade às tendências do momento, as joias seguem traduzindo um universo de sonho e requinte onde beleza é fundamental
Peças em esmeralda da Tallis Joias: pedra vem se confirmando como forte tendência nas últimas temporadas
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a manhã calma de uma Nova York improvavelmente deserta, a câmera enquadra uma elegante jovem descendo do táxi. Exibindo o seu pretinho básico, ela para em frente à joalheria Tiffany's e se deleita com um croissant e um café – enquanto admira as peças da vitrine. Nesses poucos minutos, o cineasta Blake Edwards apresenta não só a essência de Bonequinha de Luxo – protagonizado por Audrey Hepburn – mas da própria personagem, cujo fascínio pelo glamour se traduz no gosto por joias. “Nada muito ruim pode lhe acontecer lá”, diz Holly Golightly, referindo-se a Tiffany's. Esse é apenas um dos inúmeros exemplos do poder simbólico das joias na cultura ocidental. Das narrativas históricas e de fantasia – reis e suas coroas, piratas e seus tesouros –, atravessando o apelo pop de Hollywood, com Marilyn Monroe – até o irrevogável caráter romântico das alianças de casamento, essas peças seguem como elementos de expressão, cravada na dedicação da artesania. Na contemporaneidade, o poder das joias encontra terreno fértil dentro da moda. Mas como explorar seu caráter acrônico em um dos setores mais dinâmicos do mercado? “Não temos
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joias Coleção da Diamond Design desenvolvida especialmente para o Mês dedicado às mães: referências clássicas em uma proposta contemporânea
1 — Anel da Coleção Roberto Burle Marx por H.Stern, lançada recentemente: inspiração na arquitetura e paisagismo 2 — Brincos de ouro amarelo com detalhes em diamante da coleção Simplechic H.Stern: design geométrico 3 — Brinco de ouro amarelo com diamantes: dois materiais clássicos cuja combinação nunca sai de moda
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uma fórmula. Procuramos estar alinhados ao espírito do tempo. Joias são eternas, tanto pela preciosidade dos materiais quanto pela estética. Como joalheiros, trabalhamos sintonizados às tendências, mas sempre buscando uma interpretação atemporal”, resume Alix de Ligne, gerente de marketing da H.Stern. A análise é compartilhada por Ana Carolina Fontenele, sócia proprietária da marca cearense Diamond Design. “Uma joia faz toda a diferença, pode ser a peça central de uma composição. Além disso, são passadas entre gerações, conseguem contar a história da família, de um dia especial, uma data comemorativa”, destaca. “Por isso elas podem ir do clássico ao moderno. Em nossas coleções investimos tanto em estéticas atemporais quanto em outras com 'pegada' mais moderna, seja em um tipo de lapidação, de cravação que esteja em alta”, completa. Nessa equação, um dos caminhos possíveis para a busca por tendências é a participação em feiras internacionais. “Em março estivemos na Suíça, em uma das maiores feiras de joias do mundo. Em maio já temos outra marcada”, adianta Talyzie Mihaliuc, da Tallis Joias. “Também há eventos em Dubai e em cidades da Itália”, pontua. 2
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Peças autorais da Tallis Joias com pingentes em turmalina paraíba, outra pedra bastante presente em coleções atuais
Uma das pedras mais cobiçadas, o diamante é versátil, podendo ser a estrela da peça ou entrar para compor detalhes que fazem a diferença. Independente das tendências, ele aparece sempre ao lado do ouro branco ou amarelo
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joias Mas pensar em uma identidade própria também constitui estratégia importante. “Estamos sempre de olho nas tendências, em grandes marcas como Tiffany's, Cartier, na alta joalheria como referência. Mas junto a isso procuramos criar uma identidade nossa”, destaca Ana Carolina Fontenele. Por isso, muitas empresas locais desenvolvem coleções próprias, paralelamente à revenda de peças das gigantes do ramo. Em geral, são lançadas duas a três por ano, sendo obrigatoriamente uma para o Dia das Mães e outra para o Natal.
Preciosas tendências
“Estamos sempre de olho nas tendências, em grandes marcas como Tiffany's, Cartier, na alta joalheria como referência. Mas junto a isso procuramos criar uma identidade nossa nas coleções” Ana Carolina Fontenele, sócia-proprietária da diamond design
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Algumas marcas também pensam coleções a partir do público-alvo. A MyCollection, por exemplo, é a coleção mais casual da H.Stern. No Ceará, a Diamond Design tem a DD Lovers, que segue a mesma linha. É dentro das coleções que as tendências de mercado são mais trabalhadas. “Formas geométricas e linhas puras estão em alta já há algumas temporadas e seguem como afirmação indiscutível de elegância”, pontua Ligne. Mas as verdadeiras queridinhas do momento são as pedras – inclusive brasileiras. “Temos a turmalina paraíba (que vai do azul neon ao esverdeado), a morganita, em tons de rosa e salmão, e a tanzanita (entre o lilás e o azul)”, cita Tayra Romcy, da também cearense La Vie Joias. “A turmalina paraíba tem uma cor inconfundível, é a pedra do momento, e uma das mais caras depois do diamante. A esmeralda – tanto a brasileira quanto a colombiana – também está em alta”, aponta Talyzie Mihaliuc. Turquesa, pedra coral e turmalina pink são outras apostas citadas. Todas em paralelo aos clássicos que nunca saem de moda: ouro branco (normalmente acompanhado de detalhes em diamante) e ouro amarelo.
gastronomia
Sucesso nas alturas
texto Adriana Martins fotos Eduardo Queiroz produção Larissa Freire
Ao unir modernidade urbana e clima agradável, os rooftops ganham destaque no cenário de Fortaleza. Com cardápio e ambientação especiais, atraem diferentes tipos de público
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rata-se de uma daquelas ideias que imediatamente desperta a pergunta: "por que não pensei nisso antes?". A estrutura é completa, mas flexível: pode funcionar como bar, um restaurante, um local para festas ou até para a projeção de um filme. Tudo isso ao ar livre, sem paredes ou teto. Por essas e outras vantagens o chamado rootfop tem se destacado como um espaço bacana de entretenimento para diferentes tipos de estabelecimento. Ao contrário de tantos casos, aqui o uso da palavra em inglês não é mero capricho ou moda: a tradução em português é um tanto desencontrada. Sim, temos o terraço, mas que segundo definições técnicas pode ser uma construção no térreo (ou apenas ligeramente elevada). Pensemos então no rooftop como um terraço no topo do prédio, onde se pode montar uma estrutura para receber o público. Sabe aquele famoso concerto dos Beatles, no telhado de um prédio, em 1969? Então, chamado Apple Rooftop Concert, foi realizado no telhado da gravadora Apple. Até pouco tempo, o rooftop como um espaço de entretenimento era mais comum no exterior - Estados Unidos, Canadá e vários países da Europa apresentavam casas famosas com esse tipo de estrutura. De lá a tendência ganhou adeptos em São Paulo e Rio, para depois se espalhar por outras cidades do País. Em Fortaleza, uma vantagem é indiscutível: o clima quente, que quando não exige ar-condicionado sugere facilmente uma noite cheia de brisa ao ar livre. "As pessoas gostam dessa proposta", reforça Victor Marão, sócio proprietário do Blue Door Pub.
"Temos essa identidade de pub, com um ambiente interno mais escuro. Mas nosso rooftop é tão procurado quanto. À noite ele tem um charme especial", continua ele. De fato, o espaço, embora tenha sido inaugurado depois do salão, foi pensado ainda no projeto da casa - único em Fortaleza a oferecer o chopp da famosa cerveja irlandesa Guinness, com torneiras fixas. O mesmo aconteceu com o Hey Joe Food 'n' Bar, que começou como um foodtruck em 2015 e, dois anos depois, abriu em endereço fixo. Nessa segunda etapa, lá estava a ideia do rooftop. "Queríamos um lugar para ampliar nosso cardápio, mas dentro dessa proposta de bar, que nos desse flexibilidade para trabalhar segmentos diferentes, do tradicional ao light e vegetariano", recordam os sócios Fabiano Melquiades Pedon, Marina Mapurunga e Priscylla Mesquita. A partir daí, o rooftop surgiu como um diferencial. "Vimos em outros lugares do Brasil, mas não com essa proposta de bar", pontua Fabiano. Segundo ele, o local reforça o objetivo fundamental do Hey Joe: promover uma experiência que explore todos os sentidos. "Para nós, sempre foi um desafio assumido unir música, arte e boa comida. Seja com uma trilha sonora bacana, com o visual caprichado da casa. Obviamente, a base é a culinária, que não sai de foco mesmo quando incorporamos o entretenimento", observa o trio.
Rooftop do Moleskine Gastrobar: plantas ganham destaque na ambientação e conferem uma sensação de bem-estar
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gastronomia
Outro aspecto que fazem questão de destacar é o cuidado com seus ingredientes, que levam o mínimo possível de conservantes e aditivos. Praticamente tudo que você vê em um prato do Hey Joe é feito na casa. Decisão semelhante passa por vários itens do Blue Door, onde a equipe prepara o blend exclusivo dos hambúrgueres, além de molhos e detalhes como os xaropes que vão nos drinques (com exceção do de cranberry). No Moleskine Gastrobar, o rooftop também inspira sugestões do cardápio, Essa última escolha tem ganhado que combinam mais com o ambiente ao a preferência de bares e do público de ar livre e o clima fresco e descontraído Fortaleza. No Blue Door, por exemplo, do "topo do telhado". as edições do Sunday Grooves, aos do"Nossa ideia era ter uma pegada de loft nova-iorquino, um ambiente industrial, mingos, costumavam ser concorridas. descolado mas elegante. Pesquisamos "Começava no fim de tarde, com um set bastante em muitos prédios e hotéis e mais eletrônico e projeções nas paredes vimos uma demanda crescente por essa de prédios vizinhos. Pretendemos retomar, proposta, de transformar um espaço não com mais frequência nos meses de férias", tão nobre em destaque", detalha Felipe comenta Victor. Ele também adianta uma reforma Lima Neto, sócio proprietário do Mopara ampliação do rooftop, por demanleskine, junto com Deda Gomes. Assim como no Hey Joe, o Moleskine da do público. "Já fechamos várias vezes conta com um bar no próprio rooftop, o esse espaço para eventos, há uma boa que naturalmente acentua o destaque dos procura nesse sentido de empresas para drinques no local. Nesse quesito, os três confraternizações". estabelecimentos foram unânimes ao citar o gim como queridinho da temporada.
Diversão
Aliado às delícias dos cardápios, temos o potencial dos rooftops para receber diferentes eventos e atrações. A depender do tamanho do local, podemos pensar em grandes festas (mais comuns nos espaços dos hotéis, por exemplo) ou projetos mais intimistas.
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Drinque "Gonzagão", do Moleskine Gastrobar: lima-da-pérsia, abacaxi e capim-santo em uma deliciosa combinação cítrica
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No Hey Joe a agenda também é agitada. "Desde o princípio queríamos um espaço descolado, para receber grupos de todos os tipos, algo que facilitasse o encontro, conhecer gente nova", explica Fabiano. Não por acaso, lá o rooftop tem um cantinho com bancos compridos, com mais cara de lounge. Para atender a essa diversidade, a programação musical varia ao longo da semana, alternando DJs e bandas locais, em estilos tão distintos quanto rock e música brasileira. "Temos atrações seis vezes na semana, porque o retorno foi imediato", destacam os sócios. No Moleskine a programação acontece às sextas-feiras, com open bar de espumante. "Costumamos ter muitas reservas de grandes grupos", pontua Felipe.
“Temos essa identidade de pub, mas nosso rooftop é tão procurado quanto o salão. À noite ele tem um charme especial. Também já fechamos várias vezes esse espaço para eventos, para confraternizações de empresas. Há uma boa procura” Victor Marão, sócio proprietário do Blue Door Pub
Rooftop do Blue Door Pub: espaço costuma ser requisitado por grandes grupos; no cardápio, gim é a aposta da temporada
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escolha certo destaques do cardápio para passar bem nos rooftops
Blue Door Pub → As asinhas de frango fritas vêm regadas com molho barbecue da casa, e servidas com sour cream → Provamos e aprovamos o queijo
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provolone empanado com caipirosca → A costela vai bem com a famosa Guinness → os hambúrgueres são destaque da casa (não deixe de experimentar o ketchup de goiaba) e, na versão mini, funcionam como petiscos → entre os drinques, aposte no Se tem gim eu quero (Tanqueray, água tônica e tempero – varia entre hibisco, canela, anis ou outro, a depender da preferência do cliente) → outra pedida é o “Não é só mais uma caipiroska” (purê de frutas vermelhas, vodca Ketel One, xarope de amora e limão siciliano) → Por falar em preferência, aqui ela ganha ainda mais espaço na seção Bartender's Choice: o cliente fala do que gosta mais e o bartender prepara um drinque
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Pela sua versatilidade, rooftops são perfeitos tanto para o happy hour da semana quanto para festas mais intimistas, com DJs ou música ao vivo. A proposta pode ser casual ou sofisticada, por isso as casas investem na ambientação Hey Joe Food 'n' Bar → O hambúrguer Cheddar Pepperoni é imperdível → Mas se você é vegetariano, tem o Vegan Burger (de caju) → Vai de frango? O sanduíche Chicken ao pesto é delicioso → Prefere um petisco? Aposte sem medo na porção de bolinho falafel, na Batata Nordestina (frita, acompanhada
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de creme de queijo fundido, bacon e pimentinha) ou no Trio de Arancinis (bolinho de arroz de risoto com diferentes recheios) → Para beber, a casa sugere o Mary'n Gin (saborizado de morango, sumo de limão siciliano, xarope de hibisco, xarope de framboesa e tônica citrus) e Hendrix (gin, sumo de limão, xarope de pepino e água tônica) Moleskine Gastrobar → Para comer, a sugestão da casa é o Tuna Asian (atum selado com tartar de
1 — Mobiliário compartilhado no Hey Joe Food 'n' Bar imprime uma cara de lounge ao espaço, ideal para conhecer gente nova 2 — Sucesso no cardápio da casa, drinques trazem uma variedade de sabores e surpreendem pelas combinações 3 — Batata Nordestina, com creme de queijo fundido, bacon e pimentinha: um dos petiscos mais solicitados
manga), o Polvo confit ou Tartare La Seine (salmão com abacate e tomate) → Para beber, lá vem o gim de novo: aqui, na preparação clássica Gim Tônica → Prefere variar? Paradise (Absolut Mango, xarope de gengibre, suco de abacaxi, suco de cranberry e limão).
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por Anchieta Dantas Jr.
Viagem obrigatória Com três frequências semanais passando a ligar Fortaleza diretamente ao aeroporto de Schiphol, não há mais desculpa para não descobrir os atrativos de Amsterdã
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AmsterdĂŁ ĂŠ cortada por mais de 160 canais,ligados por lindas pontes, que mais lembram uma enorme teia. Fazer um passeio de barco ĂŠ uma excelente forma de entender a cidade
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1 — Cheia de histórias e opções de entretenimento, a capital da Holanda tem a maior densidade de museus do mundo 2 — Durante a primavera, um passeio imperdível é ao Keukenhof, o maior parque de tulipas do mundo, a 30 minutos do centro 3 — Os famosos coffee-shops, conhecidos por vender o que você não encontraria em uma cafeteria brasileira 4 — A cidade é cheia de edifícios imponentes, entre eles a Estação Central de trens
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radicional, inovadora e, acima de tudo, tolerante. Em Amsterdã, capital da Holanda, essas características se harmonizam e resultam numa atmosfera charmosa, vibrante, culturalmente rica e atrativa, seja na arquitetura, nas artes, no estilo de vida ou na gastronomia. Não é de se estranhar, que a cidade seja a mais visitada do país e uma das mais requisitadas de toda a Europa. Cheia de história e com opções de entretenimento que agradam pessoas dos 8 aos 80 anos, Amsterdã tem a maior densidade de museus do mundo, bares e restaurantes para todos os gostos, bairros cheios de vida – cortados por charmosos canais – e parques de beleza singular. Com três frequências semanais, da companhia aérea holandesa KLM, que passam a ligar Fortaleza diretamente a Schiphol, aeroporto que é hub de diversos voos para o restante do continente europeu e do mundo, a viagem a Amsterdã nunca esteve tão convidativa. Nesta edição trouxemos as principais dicas sobre o que ver e fazer. Welkom in Amsterdam!
Por onde começar
A cidade surgiu de um povoado de pescadores, e seu nome, Amsterdam (em holandês), vem da construção de um dique (dam) sobre o Rio Amstel, ainda no século XII. Este pequeno povoado passou a ser chamado de Amsteldam e foi crescendo, tornando-se o que é hoje, uma cidade quase que flutuante, digna de estar em qualquer roteiro. Sua área central lembra mais uma teia constituída pelos famosos canais, ligados por lindas pontes, cujo ponto principal é a estação central, por onde passam quase todas as linhas de tram, os eficientes bondes locais. A cidade não seria a mesma sem essas vias que fazem parte da essência do lugar. Construídos no século XVII para conter a água que entrava na cidade – parte da Holanda está abaixo do nível do mar - , os canais se tornaram um dos principais cartões-postais da capital. Além da circulação, servem de ponto de pesca e local
Países Baixos idioma holandês e inglês 2,4 milhões hab moeda Euro fuso+ 4h temperaturas no verão entre 20°C onde
população
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amsterdã de moradia. Sim! Há quem more em houseboats, graciosos barcos transformados em casas, ancorados ao longo dos canais. A dica é começar a desbravar, e entender, a cidade em um cruzeiro de barco que parte do píer em frente à Estação Central. O trajeto dura aproximadamente uma hora e meia e passa pelos principais e mais pitorescos exemplares dos mais de 160 canais que formam Amsterdã. O tour pode ser acompanhado por meio de um audioguia disponível nos assentos do barco, com narração em mais de 15 línguas, incluindo o português. No retorno, o visitante já estará apto a desbravar o destino por conta própria, seja caminhando, de bicicleta (há muitas para alugar) ou, utilizando o tram. Amsterdã é uma cidade deliciosa para passear sem roteiro ou compromisso.
Coração da cidade
A 800 metros da Estação Central, cerca de dez minutos de caminhada pela Damrak, larga e movimentada avenida – cheia de lojas e edifícios imponentes -, está o coração histórico de Amsterdã. Estamos falando de Dam, a praça que abriga, no entorno, a Nieuwe Kerk, a Catedral em estilo gótico; Koninklijk Paleis, o neoclássico Palácio Real; e ainda o Nationaal Monument, obelisco de 22 metros de altura, erguido em homenagem aos mortos na Segunda Guerra Mundial. Vale destacar que é em Nieuwe Kerk, onde acontecem, desde 1814, as cerimônias de coroação dos monarcas holandeses e o local que guarda tesouros importantes, assim como sedia exposições. A Dam tem 750 m² de área e recebe muitos eventos sazonais como feiras gastronômicas, parques de diversões e o tradicional mercado de Natal. Ao redor desta praça, está também uma filial do museu de cera londrino Madame Tussauds. Os que desejam conhecer a história de Amsterdã mais a fundo, não podem deixar de visitar o Amsterdam Historisch Museum, a poucos passos de lá. Além do interessante acervo, a atração é bastante interativa. Dali, a próxima parada deve ser
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a Casa de Anne Frank, hoje uma interessante casa-museu, onde a menina judia de origem alemã escreveu o diário, que virou livro. Foi neste local, em um anexo secreto, que ela viveu escondida com a família e amigos, durante a ocupação nazista alemã. A atração é tão procurada que você deve comprar os ingressos antecipadamente para dia e hora marcados.
Arte e história
Falando em museus, se você gosta desse tipo de programa, Amsterdã não vai lhe decepcionar. São mais de 60 equipamentos. Os principais estão em Museumplein, também conhecida como a Praça dos Museus. Ela abriga os três dos mais importantes espaços da cidade, além do famoso letreiro “I love Amsterdam”.
Se você gosta de museus, Amsterdã não vai lhe decepcionar. O Museu Van Gogh é um dos mais visitados pelos turistas
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O primeiro deles é o Museu Van Gogh, onde pinturas importantes do famoso pintor holandês, como O Quarto (1888), Girassóis (1889), alguns autorretratos, entre outras obras, estão expostas. Reserve no mínimo uma hora para conhecer e apreciar os diversos ambientes do local e, depois, não deixe de saborear um cappuccino com uma fatia da legítima torta holandesa no café instalado no térreo. O Rijksmuseum, ou simplesmente Rijks é considerado um dos melhores museus da Europa. Lá, o visitante encontra uma enorme coleção de artistas holandeses, entre eles Rembrandt (“A Ronda Noturna” é uma das obras imperdíveis!) e Vermeer. Além disso, o edifício do museu é um espetáculo à parte, assim como o seu café, que tem um cardápio apetitoso e uma atmosfera incrível. Por fim, temos o Museu Stedelijk, construído no fim do século XIX para ser o principal da cidade. Em sua coleção há obras de artistas como Van Gogh, Picasso, Kandinsky e vários outros. Para se ter ideia, a coleção desse museu cresceu tanto que seu o antigo prédio fechou para uma enorme reforma e ficou oito anos paralisado. Reabriu
CORES. Na primavera,
entre o fim de março e o início de maio, quem for à Holanda não deve deixar de visitar o Keukenhof, parque de tulipas próximo a Lisse Os moinhos de vento (molen) são parte importante da herança cultural holandesa. Um bom local para vê-los é em Zaanse Schans, nos arredores de Amsterdã
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em 2012, com o edifício restaurado e uma nova construção. Por ter no acervo muitas obras de arte moderna, os visitantes têm a oportunidade de interagir com os trabalhos e não apenas observá-los.
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5 — Bastante interativa, a Heineken Experience é um passeio bem divertido para se fazer e conhecer a produção da bebida 6 — Os biscoitos Stroopwafel são uma espécie de waffle bem fininho, recheado de caramelo. A iguaria é famosa em toda a cidade 7 — Programa noturno que não pode ficar fora do roteiro: o histórico e mítico Red Light District, o Bairro da Luz Vermelha
Para relaxar
Vondelpark, bem próximo a Museumplein, é o maior e mais famoso parque da capital e atrai uma grande quantidade de moradores e turistas para relaxar, não só pelos convidativos gramados, perfeitos para um piquenique em um dia de sol, mas também pelos lagos, pista de corrida, bares e restaurantes. No verão, entre os meses de junho a agosto, a programação de eventos ao ar livre é extensa. Falando em diversão, a Heineken Experience é um passeio bem divertido para se fazer. No local, os visitantes podem conferir todos os processos de fabricação da bebida, que tem mais de 150 anos de existência. O tour demora em média uma hora e meia. No trajeto, há uma pequena sala de cinema 3D que simula o processo de envasamento da bebida. Outro detalhe interessante é a opção de imprimir o seu nome em uma garrafa da cerveja. É um souvenir e tanto! No roteiro cervejeiro, experimente incluir também a cervejaria Brouwerij De Prael, onde todas as cervejas produzidas na casa são orgânicas e foram batizadas com nomes de cantores holandeses. Já o bar In de Wildeman, a poucos minutos
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Amsterdã é, ao mesmo tempo tradicional, inovadora e tolerante. Não é de se estranhar, portanto, que a cidade seja a mais visitada da Holanda e uma das mais requisitadas de toda a Europa
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A Casa de Anne Frank, hoje uma interessante casa-museu, foi onde a menina judia de origem alemã escreveu o diário, que virou livro
da Estação Central, oferece 250 tipos de cervejas engarrafadas e mais 18 “tiradas na hora”, entre marcas belgas e holandesas.
Baladas e compras
A região de Leidseplein, outra praça referência em Amsterdã, é bastante animada, com bares, boates e os famosos coffee-shops, conhecidos na Holanda por vender o que você não encontraria em uma cafeteria brasileira. Neles, a maconha é vendida legalmente, mas, ao contrário do que se imagina, não é permitido o consumo nas ruas. Outra excelente opção é a Praça Rembrandt, também cercada de casas noturnas, bares e lanchonetes que costumam fechar bem tarde. Mas um programa
noturno que não pode ficar fora do roteiro é o histórico e mítico Red Light District, o Bairro da Luz Vermelha. Relativamente próximo à Praça Dam, tem como rua principal Oudezijds Achterburgwal. Nela e em outros logradouros transversais e perpendiculares, há mulheres se exibindo em vitrines, esperando as ofertas dos "clientes". Independentemente disso, o local é adorado pelos turistas, por terem a chance de ver o inusitado. No entanto, uma vez por lá, lembre-se que é proibido tirar fotos ou filmar. Amsterdã também tem muito a oferecer aos visitantes que gostam de comprar. Nesse caso, há endereços que são obrigatórios. Entre eles, Albert Heijn, a rede de
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supermercados mais famosa da Holanda, onde se encontra bebidas, chocolates, queijos e os famosos biscoitos stroopwafel (waffle fininho, recheado de caramelo), todos a preços bem convidativos. Em PC Hoofstraat ficam as grandes grifes mundiais, como Prada, Armani, Diesel, Chanel, Louis Vuitton, entre outras. Vale o passeio também pela vizinhança de Jordaan, um dos bairros mais charmosos de Amsterdã e suas famosas nove ruas de compras, com brechós, galerias de artes e algumas lojas de grifes. Por fim, há que se conferir Bloemenmarkt, o famoso mercado de flores e lugar onde as tulipas são vendidas em cerca de 20 barracas à beira do Canal Singel.
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serviço
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casa e estilo
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percepções Marcelo Grud — artista plástico
Roda de Bicicleta
"A Roda Dharma é uma escultura sonora que faz referência à obra "Roda de Bicicleta", do artista Marcel Duchamp. Através de sistemas sonoros internos chamados de TAAG (Tecla de Alumínio Acionadas por Gravidade) permite que as pessoas possam girar a roda e, a partir disto, trechos de músicas são tocados. Faz parte de uma pesquisa que busca criar instrumentos sonoros/ musicais para não músicos, onde qualquer pessoa possa interagir e gerar sons".
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