Revista Gente 13ª Edição

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Em atenção à Lei Federal nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), esclarecemos que as imagens deste impresso são meramente ilustrativas. Todos os itens e especificações estão contidos no memorial descritivo de incorporação. Empreendimentos Juridicamente Perfeitos. WSTC SOHO: Registro de Incorporação R.02/86027 1ª Zona. Cosmopolitan: Registro de Incorporação R.02/78551 1ª Zona. Parc Victoria: Registro de Incorporação R.03/81278 1ª Zona.


Nesta Edição

Exposição

Setembro 2016

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MEMÓRIA

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DECORAÇÃO

50

COMPORTAMENTO

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Centenário

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Gastronomia

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beleza

As lojas e os negociantes visionários que marcaram a história do comércio de Fortaleza

Handmade cearense ganha lugar de destaque no design de interiores

A criação do Código Civil Brasileiro pelo catedrático cearense Clóvis Beviláqua

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Happy hour, em bares e cafés, ganha sabores inusitados e atraí novos adeptos

Designers apostam na criação de acessórios para ocasiões especiais

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O Ceará visto por empresários estrangeiros que fincaram raízes no Estado

VEÍCULOS Quadriciclos oferecem conforto e segurança aos apaixonados pelo off-road

TECNOLOGIA Alta fidelidade e acessórios multimídias revolucionam os sistemas de som

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Lenhador em repouso, obra de Tarsila do Amaral (1886-1973). Óleo sobre tela medindo 91 x 66,5 cm, circa 1946

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agenda cultural

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MERCADO DE LUXO

100

Eventos & lançamentos

Grifes & Tendências

POMPEU VASCONCELOS Requinte & Glamour


Economia

106 esporte

136 TURISMO

82 CAPA

A ressignificação estética da moda cearense sobre o olhar de renomados estilistas que destacam em seus trabalhos o artesanal, como o macramé, rendas, renascença e bordado richelieu

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EDITORIAL

A arte atemporal de apreciar a vida

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Rapidez, fluidez, instantaneidade. O mundo está,

genialidade de mestres da pintura, escultura e

a cada dia, mais acelerado. Tempos líquidos,

gravura, podem ser apreciados, sem pressa. Em

como diria o sociólogo polonês Zygmunt

cada uma das 251 obras da mostra, a emoção

Bauman. Talvez, por isso, algo antes banal, ou

emoldura a arte.

pouco valioso, agora pode ter seu sentido revisto

A partir de outra forma de fazer (quase) artístico,

e atingir o status de exclusivo.

revelamos o trabalho de profissionais que

De certa forma, nós, “Homo Modernus”, estamos

ressignificaram o termo handmade. O nosso

redescobrindo a valia inigualável do tempo que é

famoso “feito à mão” ganha fôlego frente aos

usado para criar, sentir, apreciar e bem viver.

produtos industrializados da moda e se revela

Nesta edição, trouxemos algumas conexões

majestoso em rendas e bordados que enfeitam

com esse novo olhar acerca do que é,

peças dignas de passarelas internacionais. Até

verdadeiramente, único. Tendo o Ceará como

mesmo as tradicionais roupas de alfaiataria,

ponto de partida, mas sempre com os olhos

despontam fortes no mercado e driblam a crise

voltados para o mundo, seguimos em busca de

com cortes e costuras precisos.

matérias que evidenciam o belo em suas mais

Quando o assunto é design, o tempo e a maestria

variadas vertentes. A arte, claro, norteia nossa

também são matérias-primas usadas por quem

viagem editorial.

transforma elementos naturais como a palha, o

Uma das paradas obrigatórias se dá no passado

barro e a madeira em acessórios decorativos de

de Fortaleza, época na qual o comércio ganhava

puro bom gosto. Ao lado de mobiliários grifados,

vigor a partir do empreendedorismo de famílias

peças de artesãos cearenses ganham lugar de

locais e estrangeiras. Em lojas de variedades e

destaque. São únicas e carregam consigo um

firmas que entraram para a história do Estado,

valor milenar: o dom da criação!

há marcas indeléveis de visionários. Muitos deles

Nosso passeio editorial segue até alguns dos

estão eternizados pela herança que deixaram

recantos mais belos e sofisticados do planeta.

edificada nas ruas e praças da Capital.

Revelamos quais são os dez melhores hotéis

Também resgatamos um presente em sintonia

de luxo do mundo, eleitos recentemente. E é

com as artes. Caso, em especial, da Coleção

assim, trazendo personagens ímpares e conteúdo

Airton Queiroz, exposta no Espaço Cultural da

exclusivo que a revista Gente chega à sua 13ª

Universidade de Fortaleza, a Unifor. Em um

edição renovando o convite a mais uma viagem

dos maiores acervos particulares da América

por suas páginas.

Latina, séculos de execução artística, fruto da

Boa leitura!

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13ª Edição Setembro de 2016

Revista Gente é uma publicação do JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE diariodonordeste.com.br

EDITORA VERDES MARES LTDA. Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz ,S/N Bairro Dionísio Torres Fortaleza, CE - CEP 60135-690 C.G.C.07.209.299/0001-38 Diretor Superintendente: Pádua Lopes Diretor Editor: Ildefonso Rodrigues Gerente Geral de Comercialização: Rafael Rodrigues Coordenação Editorial: Ildefonso Rodrigues Edição: Marlyana Lima Subedição: Carol Kossling Produção: Rafaella Bastos Projeto Gráfico: Felipe Goes Direção de Arte: Grace Sampaio Textos: Anchieta Dantas Jr., André Marinho, Armando de Oliveira Lima, Carol Kossling, Dellano Rios, Germana Cabral, José Augusto Lopes, Lígia Nottingham, Marlyana Lima, Naiana Rodrigues, Raone Saraiva e Ticiana de Castro Fotografias: Eduardo Queiroz e Fabiane de Paula Ilustrações: Lincoln Souza Editorial de moda: Márcia Travessoni Tratamento e Finalização de Imagens: Edilberto Rodrigues Revisão: Vânia Monte Gerente Mercado Anunciante: Lívia Medeiros Planejamento de Vendas: Adriano Mollik Impressão: Gráfica Santa Marta

Nossa capa As modelos Lais Trussardi, Vanessa Oliveira e Rebeca Bertoldo usam vestidos Vanilla com nervuras, assinados por Gil Braga. Ensaio dirigido por Márcia Travessoni, na Fazenda Magé, em Quixadá (CE) Foto: Nicolas Gondim

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SAIA DO QUADRO VISITE A EXPOSIÇÃO COLEÇÃO AIRTON QUEIROZ FORTALEZA | CE

Uma das maiores coleções de arte do país, a Coleção Airton Queiroz, expõe pela primeira vez 251 obras para o público interessado em conhecer mais sobre história da arte. A exposição acontece no Espaço Cultural Unifor, referência no Brasil como um dos principais locais de democratização do acesso às artes, localizado no vasto campus da Universidade de Fortaleza, onde conhecimento, natureza e cultura convivem harmoniosamente. Visite e aprecie de perto 500 anos de história da arte com artistas estrangeiros e nacionais de movimentos artísticos distintos como Monet, Miró, Dalí, Antonio Bandeira, Portinari, Anita Malfatti e Beatriz Milhazes. Entrada gratuita Terça a sexta: 9h às 19h Sábado: 10h às 18h Domingo: 12h às 18h Av. Washington Soares, 1321 Edson Queiroz – Fortaleza, Ceará Campus da Universidade de Fortaleza www.unifor.br

produção executiva

realização


a magia dos espetáculos

inTERcâMBiO dE MOviMEnTOS

O Festival Internacional de Teatro Infantil do Ceará reunirá,

A quinta edição da Bienal Internacional de Dança do Ceará

em outubro, cerca de 30 apresentações artísticas de grupos

de Par em Par dialoga com outras linguagens artísticas e

de arte para infância nacionais, do Ceará e do Rio Grande

promove um verdadeiro intercâmbio cultural. O evento

do Norte, e, também, internacionais, vindos da França,

conta com a realização de oficinas, residências artísticas,

Bélgica, Espanha e Chile. Entre as atrações, destaque para

espetáculos e o seminário franco-brasileiro batizado de

a companhia francesa Les Rois Vagabonds (na foto), com o

Aller-Rétour. Além da apresentação de artistas da Suíça,

espetáculo Concerto por Dois Clowns, que mistura clown,

Bélgica, França e Canadá e de trabalhos locais e de esta-

circo, balé e música clássica.

dos como Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.

quando 6 a 16 de outubro/2016

quando De 21 a 30 de outubro/2016

onde Fortaleza e sobral (CE)

onde Fortaleza, Paracuru, sobral, Itapipoca e Juazeiro do norte

informações festivaltic.com.br

informações bienaldedanca.com

FuR acãO ELiS nOS cinEMaS Após ter sido tema de um musical, em 2013, e de dois livros, em 2015, a vida da Pimentinha, Elis Regina, será contada nos cinemas sob o olhar do cineasta Hugo Prata, em Elis. Protagonizado pela atriz Andreia Horta, o filme aborda a chegada da cantora ao Rio, seu sucesso e sua trágica morte. No elenco, Caco Ciocler, como César Camargo Mariano, e Gustavo Machado, como Ronaldo Bôscoli. quando 13 de outubro onde Circuito nacional de Cinema informações globofilmes.globo.com/filme/elis/

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A v i n g a n ç a d e ele k tr a O Theatro Municipal de São Paulo recebe a ópera Elektra,

Elektra finalmente concretiza a vingança. A trama tem di-

de Richard Strauss, que conta a saga da personagem

reção musical e regência de John Neschling e conta com a

homônima, filha de Agamenon, rei de Micenas. Com o

Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e o Coro Lírico

término da Guerra de Troia, o rei retorna para casa e é

Municipal de São Paulo.

assassinado pela esposa, Clitemnestra, e pelo amante dela, Egisto. A protagonista nutre um ódio doentio pela mãe,

quando Outubro/2016

com a intenção de vingar a morte do pai. Com a ajuda

onde Theatro Municipal de São Paulo - SP

de seu irmão, Orestes, que também retornou para casa,

informações theatromunicipal.org.br

i n é d i ta s d o R o c k L o n d r i n o

Clássicos italianos O gigante do rock inglês, Pink Floyd, lança a luxuosa caixa O tenor Andrea Bocelli se apresenta no Brasil com a turnê

The Early Years 1965-1972, em novembro. A coletânea

Cinema World Tour. O espetáculo contempla o repertório

traz a fase inicial da banda, sob a influência de seu pri-

de seu mais recente disco, Cinema, que celebra as maiores

meiro líder o guitarrista Syd Barret. São 27 discos (vinis,

canções da sétima arte. No show, músicas-tema de filmes

CD, DVD e Blue-Ray) que incluem versões remasterizadas

épicos como Doutor Jivago, Love Story, O Poderoso Chefão,

das canções já lançadas, outras alternativas, músicas

A Vida é Bela, Gladiador e Bonequinha de Luxo.

inéditas e registros de aparições e filmagens ao vivo.

quando 12 e 13; 15 e 19 de outubro/2016

quando 11 de novembro

onde São Paulo e Aparecida (SP) e Curitiba (PR)

onde Lançamento mundial

informações andreabocelli.com

informações pinkfloyd.com

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Velozes e elegantes De casa nova, um dos principais eventos automotivos do mundo, o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, acontecerá, este ano, no São Paulo Expo. Os apaixonados por carros poderão conferir modelos com alta tecnologia, modernidade, conectividade e conforto que serão lançados pelas grandes montadoras. Nesta edição, o número de test drives será dobrado, chegando a 40 mil em 20 mil m² de espaço, com previsão de 35 modelos e 80 veículos. quando 10 a 20 de novembro onde São Paulo Expo - SP informações salaodoautomovel.com.br

Cor N a c a s a b a r ã o

S u c esso l i ter á r i o

A Casa Cor Ceará retorna ao Centro de Fortaleza e, este ano, acontece no Palacete do Barão de Camocim. Renomados profissionais de arquitetura, designers de interiores e paisagismo assinam 35 ambientes que ocupam dois andares do imóvel histórico, instalado num terreno de 3.415 m². Em homenagem a Geminiano Maia, o Barão de Camocim, a Sala da Família será criada por seus trinetos Almir Campos, Beatriz Miranda, Ellen Benevides e Paula Campos. Após a exposição, o casarão será anexado ao espaço Vila das Artes.

quando 6 outubro a 15 de novembro onde Rua General Sampaio, 1632, Centro - Fortaleza informações casacor.com.br/ceara

A editora Rocco lança, no Brasil, a edição especial de ensaio da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, que estreou, em junho, no Palace Theatre, em Londres. Considerado o oitavo livro de aventuras do famoso bruxo, a obra, dividida em dois volumes e escrita numa parceria de Jack Thorne, John Tiffany e J.K. Rowling, mostra o personagem já na idade adulta. quando 31 de outubro/2016 onde Lançamento nacional informações rocco.com.br

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memória

As grandes lojas tExto

JosÉ auGusto loPes linColn de sousa

iluStraçÕES

das ruas principais Fortaleza éhoje uma cidade de imagem turística, mais identificada com a área de serviços ligada ao setor, mas se desenvolveu graças à pujança e diversificação do seu comercio

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Casa Boris em 1910

Foi uma das empresas mais importantes da região. Fundada em 1869, a Théodore Boris & irmão localizava-se na Travessa da Praia (atual Rua Boris). Fazia o comércio de exportação dos principais produtos do Estado e era também destaque como versátil importadora

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memória

S

em diminuir o louvável mérito de cearenses de várias gerações, deve-se em boa parte à presença de estrangeiros no Ceará a evolução comercial que transformou Fortaleza em uma das metrópoles mais importantes do Brasil. Do mesmo modo que o cearense é considerado “o judeu brasileiro”, por sua constante compulsão de migrar para outras terras, ele também se tornou conhecido por sua capacidade de bem receber todos os povos e raças, logo aculturados pelo tradicional e familiar acolhimento nativo. A atuação de pessoas provenientes de outras nações, com o intuito de radicar-se naquele que sempre costuma ser considerado um dos mais hospitaleiros estados do País, foi fundamental no processo de evolução do comércio fortalezense. O primeiro negociante estrangeiro a fixar-se na cidade teria sido, segundo registros de época, o irlandês William Ware, em 1811, seguido pelos irmãos Levy. Com o decorrer do tempo, casas de importação e exportação como a Boris e a Gradvohl, pertencentes a famílias logo integradas pelo casamento com autóctones, chegaram a possuir prestígio internacional. Interessante é observar como, num tempo em que a maioria dos produtos provinha de outras regiões e países, tais casas souberam integrar-se à artesania e à criatividade locais.

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Botica do Ferreira Década de 1840

Antônio Rodrigues Ferreira, o Boticário Ferreira, instalou uma botica na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo. O local ficou tão conhecido que virou importante ponto de referência político e social da cidade


volvimento de outras cidades do Norte e Nordeste, como Salvador, Recife, São Luís, Belém e Manaus, o que hoje pode explicar parcialmente certa desvinculação com elos do passado, por parte da sociedade e até mesmo de alguns intelectuais cearenses. Uma figura é mitológica no desenvolvimento do comércio de Fortaleza: o boticário fluminense Antônio Rodrigues Ferreira, que até hoje dá nome ao centro nevrálgico da urbe, a famosa Praça do Ferreira, cognominada de “coração da cidade” e sempre representada como um de seus mais significativos cartões-postais. A partir desse logradouro público, Fortaleza impulsionou sua vocação de centro comercial irradiador de influência, até mesmo para vários estados do Nordeste. Entre outros pioneiros, destacam-se os estabelecimentos das firmas de Antônio Justa, Diogo & Cia., Esmerino Barroso, Seixas & Cia - capitaneado por Luís de Seixas Correia, Frota & Gentil, Conrado Cabral, Geminiano Maia (depois Barão de Camocim), bem como os das famílias Albano, Villar e Menescal, entre vários outros. Passaram a proliferar as lojas de artigos finos como a de Confúcio Pamplona, o primeiro comerciante cearense a compreender o valor da publicidade para o sucesso das vendas.

Os Boris foram intermediários na compra da estrutura metálica do imponente Theatro José de Alencar, que veio da Escócia. Era a participação comercial no campo da cultura, proporcionada por essa louvável espécie de “desbravadores” do Ceará. A versatilidade desses comerciantes era surpreendente: lidavam com praticamente tudo, geralmente passando a ideia de grandiosidade. Ficou famosa a lenda urbana de que um “matuto” sertanejo, ao ver o mar pela primeira vez, teria declarado perplexo: “Parece o açude do Boris”. elos da memória Em paralelo à afi rmação do Ceará como grande polo produtor de algodão, com transporte posteriormente intensificado para os portos do litoral pela construção das primeiras ferrovias, sua Capital começou a crescer vertiginosamente. Isso ocorreu bem depois do desen-

Benfazejos migrantes Os imigrantes sírio-libaneses, que chegaram ao Ceará no fim do século XIX, de início eram chamados de “galegos”. O primeiro deles foi o comerciante Demitre Dibe. Todos constituíram fortes presenças no crescimento comercial do Ceará, alguns deles até os dias atuais. Assim fizeram seu renome os Romcy, Ary, Jereissati, Bachá, Otoch, Boutala e outros de considerável relevo. Também os judeus, perseguidos na Europa e muitos convertidos em “cristãos-novos”, foram raízes de algumas das mais importantes famílias cearenses e locomotivas poderosas do comércio local, homogeneizando-se com estirpes de outras plagas ou já enraizadas no próprio Estado.

Uma figura é mitológica no comércio de Fortaleza: o boticário fluminense antônio Rodrigues Ferreira, responsável por dar nome ao centro nevrálgico da cidade, a famosa praça do Ferreira

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memória

Um dos judeus, Aron Braun, sobrenome depois abrasileirado para Bruno por parte de seus descendentes, veio para o Brasil com os irmãos Isidoro e Gambetá. Gambetá casou-se com D. Dolores e fundou a firma cuja loja expandiu o comércio para a tradicional Avenida do Imperador: a Gambetá Bruno & Cia. Ltda., especializada na compra e venda de tecidos, armarinho e miudezas. Se árabes e judeus houvessem sido harmonizados pelo poder agregador do cearense, como dizem pessoas com uma pitada de humor, o Oriente Médio talvez fosse mais pacífico... Mas por incrível que possa parecer, os primeiros comerciantes do Ceará foram desdenhados por alguns segmentos da sociedade tradicional de Fortaleza, pela falsa crença de que o afã de ganhar e acumular dinheiro, sobretudo quando posto em prática pelos “estrangeiros”, caracterizaria um processo algo profano de mera ambição. Tal sentimento era absolutamente injustificável e se desfez ao longo do tempo, terminando por reafi rmar a solidez das múltiplas interligações formadoras da identidade cearense. A partir da primeira metade do século XX, ocorreu o surgimento das grandes e sofisticadas lojas que emprestavam um brilho todo especial ao chamado “coração”

segundo o memorialista Marciano Lopes, os proprietários das grandes lojas não se preocupavam em camuflar as fachadas de prédios antigos, mas sim em “apresentar mercadorias de qualidade e vitrinas de alto nível, seu maior promotor de vendas”

da urbe. Romeu Aldigueri, de atuante presença na vida social de Fortaleza, era filho de italiano. Foi responsável por um dos mais emblemáticos pontos de comércio do Centro da cidade, então visitado por todas as classes sociais. Esse frequentado local era as “Lojas de Variedades”, na Rua Barão do Rio Branco com fundos para a Major Facundo, que vendia quase tudo, de perfumes e bijuterias a artigos para crianças, montando também em seguida uma concorrida sorveteria e lanchonete, que fazia a delícia dos paladares fortalezenses, antes e depois das sessões de cinema. A Casa Parente, da família do mesmo nome, a loja A Cruzeiro, de Rubens Lima Barros, e as Casas Novas, de Gutemberg Telles, figuram entre os estabelecimentos que igualmente marcaram época no passado de Fortaleza. Romeu Aldigueri também assinalou sua presença e sensível tino para os negócios com a loja Flama, que veio substituir, na Praça do Ferreira, a antiga filial cearense da sofisticada loja da rede nacional Sloper, porém logo superou sua antecessora com um dos mais populares “slogans” já criados na história da cidade: “Flama - Símbolo de distinção”. Outro italiano de renome era Francisco di Francesco, fundador da Casa Veneza de calçados, em cujo ramo brilha até hoje o empresário de múltiplos empreendimentos Pio Rodrigues Neto, que também manteve e expandiu entre seus diversificados campos de atuação a Casa Pio, fundada pelo avô de quem herdou o nome.

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A Abafilm, criada por Ademar Bezerra Albuquerque, pai do fotógrafo internacionalmente renomado Chico Albuquerque, foi fundada em 1934. Diante de suas câmeras de refinado senso estético passaram inúmeros nomes famosos do Brasil, entre eles os presidentes Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra e Juscelino Kubitschek. Uma pequena multidão se postava em frente à loja, situada no chamado “quarteirão sucesso da cidade” (Barão do Rio Branco, entre Guilherme Rocha e Liberato Barroso), para ver as fotos das candidatas ao então cobiçado título de “Miss Ceará”. Segundo registrou o memorialista Marciano Lopes, os proprietários das grandes lojas não se preocupavam em camuflar as fachadas com vergonha de estarem ocupando prédios antigos, porém incontestavelmente belos, mas sim no sentido de “apresentar mercadorias de alta qualidade, vendedores educados e limpos e vitrinas de alto nível, melhor veículo promotor de vendas”. Ele cita em especial

Firma Rebello Década de 1920

Esquina das ruas Barão do Rio Branco com Liberato Barroso, local onde funcionava a Firma S. A. Comércio e Indústria Rebello Lourenço. Transformada em sociedade anônima, teve como agente o professor Luís Mozart da Costa e Silva (Mozart Solon)

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memória

Romcy de 1948 a 1990

O Grupo Romcy comandou uma das maiores lojas de departamentos de Fortaleza, o Romcy Magazine. As atividades comerciais começaram em 1948, com a firma Jacob Elias & Filho. A empresa ficou famosa por sua promoção chamada “o Barato do Dia Romcy”

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“A Cearense”, de Aprígio Coelho de Araújo, e a “Rianil”, filial de uma loja maranhense, na qual Marciano afirmava existir “as mais bem arquitetadas vitrinas de tecidos da cidade”. Por causa da “Broadway”, pertencente à família Bardawill, a popular esquina (Guilherme Rocha com Major Facundo), onde um ventinho indiscreto tentava desnudar as pernas das belas normalistas em trânsito na Praça do Ferreira, passou a ser denominada “esquina da Broadway”. Ramos diversos No setor da hotelaria, destacaram-se as famílias Lazar, Jereissati, Ary e Philomeno, com os hotéis San Pedro, Savanah, Premier e Lord, todos localizados no Centro, onde se situava o comércio considerado “fino” e pontificara o Excelsior Hotel, reputado pelo crônico bairrismo fortalezense como “o maior prédio de alvenaria do mundo”. O primeiro grande hotel na orla marítima foi o Iracema Plaza, dos Philomeno, cuja original arquitetura hoje se desgasta implacavelmente, corroída pelo tempo e por ventos do mar, à espera de um destino condigno ao seu majestoso passado. Na área do cinema, dois homens de grande visão exerceram um papel fundamental. Um deles foi Luiz Severiano Ribeiro, natural de Baturité, que comandou a maior cadeia de cinemas do Brasil e deu a Fortaleza algumas das mais belas salas exibidoras do País, tais como o São Luiz, ainda em funcionamento, hoje sob a chancela da Secretaria de Cultura do Ceará; o Diogo, onde atualmente existe um “shopping”, e o Majestic-Palace, este último destruído por um incêndio. O outro grande nome na área cinematográfica foi Amadeus Barros Leal, empresário de extraordinária visão, que ousou enfrentar a concorrência e fundou a Cinemar - Empresa Cinematográfica do Ceará S.A., proprietária das salas

Jangada, Araçanga, Atapu, Toaçu e Samburá, as primeiras a trazerem a Fortaleza as melhores produções do cinema europeu, no contexto de um mercado em que predominavam as superproduções de Hollywood. Amadeu não resistiu muito tempo diante do poderio econômico da concorrência e terminou se desfazendo de suas salas. Reclames e anúncios De início, sem a existência de agências de propaganda e ainda sem contar com o engenho e arte de Eduardo Brígido Monteiro (Dudu) e Tarcísio Tavares na pioneira agência Publicinorte, muitas vezes os anúncios ou “reclames”, como eram chamados na época, foram criados pelos proprietários dos estabelecimentos comerciais, que por vezes tinham “insights” brilhantes. “Um pneu é um pneu”, a despeito da suposta redundância, teve o sentido compreendido pelo público e permaneceu um “slogan” associado à imagem de Gerardo Bastos. A maioria das divulgações, ainda em tom amadorístico, recrudesceu com o surgimento do rádio, por meio da Ceará Rádio Clube. Com a chegada da TV Verdes Mares, fruto do espírito empreendedor de Edson Queiroz, a publicidade do comércio fortalezense ganhou novos padrões, mais profissionais, municiada pelo surgimento de novas agências de criação, entre elas a revolucionária Scala, de Barroso Damasceno, e a SG, calcada no espontâneo poder de comunicação popular tão característico de Assis Santos. Com a deterioração do Centro da cidade e a mudança de grande parte da população para o conforto e segurança proporcionados aos frequentadores dos “shoppings” de diferentes bairros, dissipou-se de certa forma o charme deliciosamente ingênuo e provinciano da outrora encantadora área central de Fortaleza. Quando uma cidade que se perdeu no tempo era adornada por jardins exuberantes, ruas limpas, estudantes saudavelmente festivos e impecáveis modelos dos estilistas das grandes lojas delineando corpos de educado gestual.

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decoração

Germana Cabral Fabiane de Paula produção Rafaella Bastos texto fotos

do fazer Os designers Carlos Zaranza, Ramiro Mendes e Roberto Dias harmonizam o conceito contemporâneo com autênticas peças do artesanato cearense

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S E T E M B R O n . 1 13 2 0 1 56 setembro


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a palha de carnaúba, surgem trançados em forma de vasos e almofadas. Da fécula de mandioca, jogo de xadrez. Do rústico cipó extraído do mato, um singelo coração. Do couro, símbolo das vestimentas do sertanejo, o baú; e da madeira esculpida, o Rei do Baião. Em comum, essas peças revelam o sofisticado fazer à mão de artesãos cearenses. Com maestria, eles preservam o talento herdado de antepassados e, se preciso for, reinventam-se. Buscam novos significados, conquistando lugar merecido na decoração de ambientes. Harmonizar é a palavra-chave quando se deseja unir essa forte influência regional ao estilo contemporâneo. Assim defende Carlos Zaranza. Segundo ele, “a mistura de estilos e referências forma um conjunto no qual a premissa é harmonizar e não combinar”. Roberto Dias complementa: “mesclar em um só ambiente peças contemporâneas e de design só harmonizam ainda mais quando bem escolhidas”. E Ramiro Mendes arremata: “É possível, sim, usar o rústico em um ambiente totalmente urbano com ótimo resultado”. Convidados pela Revista Gente, esses três designers mostram, em propostas ímpares de salas de estar e de jantar, saber muito bem do que estão falando.

Na mesa de centro, Carlos Zaranza reúne potes de cerâmica (Ceart), arranjos florais de Ricardo Lins e colares decorativos de mesa criados, com pastilhas de coco, pelo designer Roberto Dias

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decoração

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Ao cenário, mobiliário e peças da loja Galpão D, Carlos Zaranza, Roberto e Ramiro inseriram trabalhos de artesãos, garimpados na Central de Artesanato do Ceará (Ceart). Além desse diferencial, destacaram peças despojadas e de design único do próprio Roberto Dias e arranjos do designer floral Ricardo Lins. O grande sofá Sector, do estúdio Nada se leva, na proposta de Carlos Zaranza, é o eixo para a distribuição dos elementos decorativos, sobretudo os artesanais. “É possível mesclar esses tipos de peça com as industrializadas. É forte corrente no design de interiores, pois além do efeito exclusivo, o contraste entre o feito à mão pelo homem e o feito à máquina gera um lindo resultado”, pondera. Transformar insumos da natureza em adornos inusitados é igualmente a premissa que conduz o trabalho autoral de Roberto Dias. São colares

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As novas gerações de profissionais têm mostrado que o uso do handmade pode ser extremamente sofisticado. Isso foi confirmado na Feira de Design de Milão deste ano e está cada vez mais sendo difundido mundo afora”

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Carlos Zaranza, designer de interiores

e

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[A] Assinado pelo estúdio Nada se leva, o grande sofá Sector é o eixo para a distribuição dos elementos decorativos nesta proposta de Carlos Zaranza. Criando uma base para a decoração, o tapete de sisal tingido (Ceart)) é um dos grandes destaques dessa composição. [B] No aparador, são também da Ceart a luminária de palitos de coqueiro e a cesta em sisal tingido. [C] No sofá, almofadas, sejam artesanais ou não, estão em perfeita sintonia. [D] De madeira e palhinha, as poltronas Mad, do designer Jader Almeida, sobressaem-se entre as peças assinadas. [E] Zaranza diz que a mistura de estilos e referências forma um conjunto no qual a premissa é harmonizar e não combinar. [F] Na poltrona MH, do Studio H, o toque artesanal da charmosa almofada em crochê da Artfio (Ceart)

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decoração

Hoje, o artesanato não está apenas em casas de praia ou campo. As pessoas têm lido muito a respeito, frequentado feiras, exposições, e vão se inteirando, conhecendo coisas belas, feitas por mãos talentosas e repletas de criatividade” Roberto Dias, designer

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[G] Roberto Dias sugere, nesta sala de jantar, um ambiente com personalidade, com “algo que possa contar uma história, que tenha alma”. Por isso, harmoniza peças do próprio atelier com exemplares de design contemporâneo e do artesanato cearense. Os arranjos de ruscus são de Ricardo Lins. [H] Na estante, chama a atenção a escultura em madeira de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião (Ceart). [I] Talheres de serviço feitos com chifres bovinos, assinados por Dias. [J] O designer apresenta mais uma criação: o colar de quenga de coco polida com balangandã de frutas (palha de raiz e madeira de demolição) em substituição ao tradicional arranjo de centro de mesa. [L] É também do profissional a bandeja com madeira de demolição e pastilhas de chifre bovino, mesmo material do porta-vinho. Na Ceart, ele garimpou o baú de couro

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de mesa, pingentes de cortinas e talheres de serviço, entre outros, feitos com matérias-primas como chifre bovino, madrepérola, madeira e pastilhas de coco. Com esse espírito inovador, o designer mescla, na sala de jantar, peças contemporâneas e artesanais, hoje não mais restritas às casas de praia ou campo: “E, assim, surge um espaço com personalidade, com algo que possa contar uma história, com alma. Fica muito mais agradável mostrar sua casa aos amigos”. Para Ramiro Mendes, a palavra “personalidade” também se encaixa na concepção de sua sala de visita. Ao fugir dos tons neutros, ele aposta na cor vibrante dos artefatos, tanto os artesanais quanto os assinados. “Hoje, temos artesãos que fazem peças modernas, com bom acabamento, e um excelente desenho! Por isso, neste ambiente contemporâneo, valorizei o rústico e o artesanal. Somos urbanos, mas nossa alma está no mar, no sol, temos que ter casas de praia ou de campo na cidade!”.

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decoração

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“Criei um ambiente moderno, urbano, colorido, com uma pegada mais pop, já que quase sempre o artesanato é usado em locais rústicos e em tons neutros. Então, mostro isso em outra perspectiva, uma casa de praia na cidade!” Ramiro Mendes, designer de interiores

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[M] e [N] Ramiro Mendes mesclou, na estante, peças artesanais de diversas tipologias (Ceart), entre elas miniaturas de João Teimoso em papel, isopor e pintura acrílica, de Dim Brinquedim, malas de madeira e a escultura Calango sorrindo. [O] Na sala de estar, o banco Blade, do designer Jader Almeida, vira mesa de centro, compondo com jogo de xadrez em fécula de mandioca, de Demóstenes Fidélis (Ceart). [P] A poltrona Peacock (azul), do designer Hans Wegner para Cappellini, está entre as peças assinadas do ambiente. [Q] Vasos trançados com palha de carnaúba, adorno em cerâmica, com arranjo de sementes de uva de Ricardo Lins, e colar de mesa de Roberto Dias revelam a diversidade e beleza do feito à mão no Ceará. [R] Almofadas em crochê e em palha de carnaúba (Ceart)

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exposição

Mulher de cabelo verde, obra icĂ´nica do Modernismo, da artista Anita Malfati

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NaRRa tiVas do BeLo a exposição

Coleção airton Queiroz

apresenta ao

público obras do acervo particular do chanceler da

naiana rodriGues fotoS Fabiane de Paula tExto

Universidade de Fortaleza que narram a história da arte brasileira e as influências estrangeiras para a criação nacional diáRiOdOnORdESTE.cOM.BR

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exposição

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que diferencia o homem dos outros animais? A capacidade de construir discursos dirão alguns, o raciocínio complexo apontarão outros e a arte afirmarão muitos. A ausência de uma resposta definitiva para essa pergunta inquieta cientistas, filósofos e anima o imaginário dos sonhadores. Enquanto não se chega a um consenso sobre a questão, os cientistas continuam em busca da verdade, os filósofos a questionar essa mesma verdade e os artistas a criar, exercendo a liberdade através do belo, pois como defendia o filósofo alemão Friedrich Schiller, “é somente por meio da arte que o homem se torna realmente livre”. Seja mimetizando a natureza e esboçando o corpo humano ou embaralhando a lógica e desafiando a própria razão, o homem exerceu sua liberdade estetizando a existência. Ele exprimiu seus afetos e angústias, dores e ale-

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grias, em telas, esculturas, tecidos, projeções, sons, palavras, em duas ou três dimensões, de forma amadora, instintiva ou ordenada e academicamente correta. Portanto, o homem é também um animal artístico e uma expressão do poder criativo desse homo aestheticus ao longo do tempo pode ser conferida na mostra Coleção Airton Queiroz, em cartaz no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor). A exposição é um grande passeio histórico por cinco séculos de liberdade criativa expressa em 251 obras. São pinturas, esculturas e instalações de artistas brasileiros e estrangeiros representativas de diferentes escolas e tendências estéticas realizadas em terras tupiniquins ou que influenciaram a criação artística nacional. A mostra é constituída de obras saídas do acervo pessoal do chanceler Airton Queiroz, cuja coleção


[A] Obra Mulato II, de Lasar Segall, recepciona os visitantes na sala sobre Modernismo [B] Cabeça feminina, de Emiliano di Cavalcanti é uma das obras que representam a feminilidade na exposição [C] Lenhador em repouso, Tarsila do Amaral, exemplifica bem o estilo da artista nacionalmente conhecida por seu Abaporu [D] Vaqueiro do Nordeste, obra de Candido Portinari, pode ser conferida no eixo modernista. b

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[e] negros oriundos de moçambique, Jean-Baptiste debret, data do século XiX [f] dengosa, de emiliano di cavalcanti, outra obra que é um elogio modernista [G] santo bispo, escultura de aleijadinho, data do século XViii.

integral guarda cerca de 700 obras, e, pela primeira vez, vem a público em uma iniciativa generosa e de grande relevância para a educação artística local e nacional. “Nem eu nem ninguém participou da organização de uma mostra dessa natureza. É muito raro. A primeira exposição semelhante da qual participei foi em 1985, da coleção de Roberto Marinho, e eram menos obras, menor diversidade, período bem menor, era focada apenas no Modernismo”, compara um dos curadores da mostra, Max Perlingeiro, que também administra a coleção particular do chanceler. A exposição está dividida em cinco eixos: Do Brasil Holandês à República, Modernismo, Abstração, Contemporâneos e Presença Estrangeira. A obra mais antiga exposta data de 1640. É

um esboço de carvão sobre papel de um menino indígena feito pelo holandês Albert Eckhout, convidado pelo Conde Maurício de Nassau para integrar sua comitiva e assim retratar o Brasil para os europeus. Raridades como essa é que fazem da coleção uma das maiores da América Latina, e uma oportunidade única não só para a fruição do belo mas para o aprendizado histórico da arte. “Visitar a exposição, percorrendo-lhes as numerosas salas, além de propiciar momentos do mais elevado prazer estético, equivale a um mergulho em profundidade na melhor arte brasileira produzida entre a primeira metade do século XVII e começo do século XXI”, advertem os curadores da exposição Max Perlingeiro, Fábio Magalhães e José Roberto Teixeira, no texto de abertura do livro-guia da mostra. Max Perlingeiro estima que, se o visitante destinar dois minutos na observação de cada obra, levará em torno de 10 horas para realizar todo o percurso de produções que ocupam as salas do Espaço Cultural da Unifor. O ideal é iniciar seguindo o percurso cronológico que os cinco eixos narram, mas aquele mais familiarizado com as artes plásticas pode também ir direto à sala de preferência, em busca de autores ou de um estilo ou escola artística com a qual mais se identifica. Esse roteiro não-linear não prejudicará a experiência. Seja nessa observação demorada ou mesmo numa visita despretensiosa, o público irá se deparar com um grande volume de informações e poderá viver momentos epifânicos ao g

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a obra mais antiga em exibição na Coleção airton Queiroz foi realizada pelo holandês albert eckhout e consiste em um estudo de menino indígena ajoelhado, realizado como uma documentação do Novo Mundo pelos holandeses


exposição

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[H] Paisagem de Neve, de Antonio Bandeira, obra enquadrada no abstracionismo informal [I] Objeto cinético, de Abraham Palatnik, uma das quatro obras abstratas da subcategoria artistas cinéticos. [J] Bicho, escultura de Ligya Clark, exposta na ala Grupo Ruptura e Concretismo.

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se defrontar com obras de grandes mestres da arte mundial, na sala Presença Estrangeira. Os destaques ficam por conta da delicadeza sublime da obra de Renoir, do ar onírico das produções de Chagall, da vibração das cores de Matisse e a silhueta inconfundível das esculturas e pinturas de Fernando Botero. Na sala do Modernismo, por exemplo, a emoção fica reservada ao encontro com Anita Malfati, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Portinari, só para citar alguns dos nomes da sala que tem grande expressividade na mostra. “Um dos destaques é A mulher de cabelo verde, de Anita Malfati. Essa é uma obra icônica do Modernismo, que foi comentada por Monteiro Lobato, o qual destacou o contraponto entre o uso do vermelho e do verde como cores complementares. Até hoje, é uma obra que desperta curiosidade”, explica Max Perlingeiro. O eixo Do Brasil Holandês à República, que reúne exemplares do século XVII ao século XIX, ficou sob a responsabilidade do curador Fábio Magalhães. Ele destaca como itens de grande importância e valor cultural os quadros de Frans Janszoon Post, paisagista que chegou a Pernambuco também na comitiva do conde de Nassau no século XVII, cuja estadia de oito anos no Novo Mundo


Na sala da arte contemporânea, as obras de Beatriz Milhazes, Adriana Varejão e Henrique Oliveira impressionam os observadores com suas cores, formas e texturas

fez com que, mesmo retornando a Holanda, continuasse a pintar paisagens tropicais. Fábio Magalhães observa que no século XVIII se sobressai a obra de Aleijadinho, o Santo Bispo, uma imagem em madeira dourada. O artista e arquiteto mineiro tem em seu portfólio várias obras sacras, como a série Profetas, de esculturas em pedra-sabão, e cujo estilo é situado por alguns críticos na transição entre o Barroco e o Rococó. O curador ressalta ainda que o século XIX é animado pelos impressionistas como Eliseu Visconti, que trouxe a técnica nascida na Belle Époque francesa e a adaptou ao cenário luminoso brasileiro. “É uma importante exposição porque está vinculada a uma universidade”, frisa Magalhães que também trabalhou na finalização de um livro sobre toda a Coleção de Airton Queiroz, terminado em agosto. O percurso da exibição traz ainda os representantes do Modernismo pós-anos 1950, os abstracionistas e os artistas cinéticos,

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obras compõem a mostra, uma das maiores e com maior diversidade já realizadas no Brasil com acervo de um colecionador

todos agrupados sob o eixo Abstração. Nomes como Lygia Clark e Amílcar de Castro marcam presença na ala destinada ao Grupo Ruptura e ao Concretismo. Já Hélio Oiticica é um dos contemplados no espaço do Grupo Frente e do Neoconcretismo, enquanto o cearense Antonio Bandeira, Manabu Mabe e Tomie Ohtake exemplificam a abstração informal. Os cinéticos, geométricos e a segunda geração de neoconcretistas encerram o eixo de obras que não se preocupam com o aspecto representacional. Organizam ou desorganizam com extrema maestria linhas, cores, formas e superfícies de forma que ficaram conhecidos quando de seu surgimento como vanguardistas. O último eixo, o dos Contemporâneos, é o mais desafiador para muitos leigos, pois foge completamente ao academicismo, à representação formal da realidade, porém investe em novos materiais, formas e expressa as inquietações próprias do presente. É o espaço da beleza fora das convenções, que pode

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exposição

não ser agradável de se ver, mas que é capaz de desestabilizar as certezas estéticas do observador. É nesse universo que encontramos a geração ligada à formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, como Beatriz Milhazes, cujas obras coloridas e contagiantes têm alto valor de mercado. Na feira SP Arte, realizada em abril deste ano, uma de suas telas foi arrematada por R$ 16 milhões. Entre suas obras expostas na Unifor, está o grande painel de quase 3m² intitulado Moreno, que exemplifica bem a psicodelia e magnetismo de suas criações. Adriana Varejão é outra artista radicada no Parque Lage e cujas obras são, no mínimo, impressionantes. Em Sereias bêbadas, ela serve a criação em um prato no qual podemos saborear figos, corpos de mulheres lânguidas e elementos tridimensionais. Ainda nesta sala, temos obras do cearense Leonilson e do maranhense Marçal de Athayde. O didatismo da exposição não compromete a experiência dos iniciados nas artes e nem atrai apenas espectadores ocasionais. A forma de contar essa extensa história é um atrativo para que o público continue acompanhando novas narrativas artísticas.

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Na sala Presença Estrangeira, a sequência de obras de Marc Chagall chama a atenção por sua estética perturbadora, para alguns, e onírica, para outros


[L] Mulher comendo banana, obra do mexicano Diego Rivera, que foi casado com Frida Khalo [M] Gabrielle et Jean Renoir, obra de Renoir, um dos grandes mestres do Impressionismo [N] Deux figures dans un paysage é assinada por Henri Matisse e está na sala Presença Estrangeira.

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consistência da arte cearense É impossível passar pela exposição Coleção Airton Queiroz sem notar a participação dos cearenses na construção da história da arte brasileira. Na cronologia da mostra, a primeira aparição se dá com Raimundo Cela, na sala dedicada às produções do século XIX. Conhecido por sua formação acadêmica, o artista sobralense retratou o cenário litorâneo local como jangadeiros e rendeiras de forma sublime, com cores claras e luminosas. A tela “Moça Bordando”, de 1932, exemplifica bem a poética do pintor.

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No eixo Abstrato, Sérvulo Esmeraldo aparece como artista cinético. Ele participa com “Excitável”, uma produção de uma série realizada nos anos de 1960 e 1970 que trabalha com formas e linhas movidas à eletricidade estática produzida pelo espectador na interação com o objeto. Apesar de ser considerado um gravador moderno, ele desafia a fruição estática da arte clássica com obras que requerem a interação, a intervenção do público. É nesse eixo ainda que encontramos um dos mais proeminentes artistas nascidos pelos lados de cá: Antonio Bandeira. Da pintura de cenas da vida marginal da capital cearense na primeira metade do século XX ao abstracionismo informal, de pinturas gestuais, Bandeira é elogiado por sua inventividade, o que lhe rendeu a participação em exposições internacionais e até mesmo uma bolsa de estudos para aprender Belas Artes em Paris. Sendo hoje um dos cearenses com obras academicamente pesquisadas por quem se propõe a investigar artes. Na arte contemporânea, as contribuições ficam a cargo da escultura “Cabra”, de Efrain Almeida, artista com obras que apelam para as reminiscências da vida simples no interior do Ceará; e também de Leonilson, cuja subjetividade e biografia não podem ser dissociadas de suas delicadas obras. Em destaque, bordados, desenhos e pinturas que expressam sua intrínsica relação com o corpo, seus pensamentos e estados de humor.


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[o] excitável, obra de sérvulo esmeraldo, artista cinético cearense [P] moça Bordando, obra de raimundo cela, pode ser admirada na sala dedicada ao século XiX [q] a catedral, de antonio Bandeira [r] norte e sul, de Leonilson [s] cabra, escultura do artista contemporâneo efrain almeida.

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MeRCado de LUxo ao sabor da arte Com design exclusivo, desenvolvido pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o chocolate Q0 é quase uma obra de arte comestível. Elogiado até pela rainha Rainha Elizabeth II, o produto brasileiro é vendido em uma caixa sob medida para o ritual de degustação. O conjunto vem com uma pinça de ouro para a manipulação das barras onduladas e pastilhas de diferentes graduações de cacau — 30%, 50% e 70%. A chef Samantha Aquim assina a criação gourmet comercializada em quatro pontos no País, além das lojas Fortnum & Mason e Harrod’s, ambas situadas em Londres.

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elegância em todos os sentidos Lançada durante a Semana da Alta Costura em Paris, a coleção Jimmy Choo Cruise 2017 mostrou muito mais do que os famosos sapatos de luxo. A marca ícone de elegância feminina em acessórios se uniu a Swarovski para deslumbrar as consumidoras mais exigentes do mundo. O resultado foi um “jantar fashion”: uma mesa-instalação onde calçados e bolsas da grife eram exibidos em meio a um banquete e milhares de cristais. A diretora de criação da Jimmy Choo, Sandra Choi, explicou que o intuito era mesmo “alimentar os olhos e mente” com as criações para a próxima temporada fashion. preços sob consUlta | jimmYchoo.com

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MERCADO DE LUXO

Joia tecnológica A empresa suíça Sirin Labs escreveu um novo sinônimo para celular de luxo. Chama-se Solarin o aparelho concebido para milionários que desejam a máxima proteção para seus dados. O smartphone de linhas elegantes e sóbrias vem equipado com tecnologias usadas, inclusive, por forças armadas. Além de um leitor de digitais, o aparelho tem dispositivo baseado no sistema Android capaz de criptografar todas as conversas telefônicas e envio de mensagens de texto. Também possui tela de 5,5 polegadas IPS LED 2K, processador Snapdragon 810 e uma câmera de 23,8 megapixels com focagem a laser. P reço : € 12.000 | sirinlabs . com

Mansão cinematográfica de John Lautner Tem a assinatura de John Lautner a mansão futurista avaliada como uma das mais caras e desejadas do mundo. O imóvel, que já serviu como locação para vários filmes, foi construído em 1973, na Califórnia, para o comediante de Hollywood Bob Hope. Com 23 mil m² de área, é a maior residência privada construída pelo famoso arquiteto americano – e hoje está valendo nada menos do que US$ 50 milhões. Exibindo clara influência da escola Bauhaus, o projeto foi feito em concreto, aço e vidro. Mas, o que se destaca no contexto é o teto de cobre curvado, criado para simular o formato de um vulcão.

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MeRCado de LUxo

tão valioso quanto o tempo

Über uísque

Ultrapassando seus próprios limites de perfeição,

Uma sensação inesquecível e feita para poucos

a Rolex lançou o Oyster Perpetual Yacht-Master

apreciadores. Assim a Octomore define o resultado

40, o relógio para navegadores por excelência. A

de sua experiência ao maturar, em barris de carvalho

peça foi desenvolvida numa combinação entre aço

virgens, um destilado de cevada maltada escocesa e

904 e ouro rosê 18 quilates – e associada a um

turfada a níveis elevadíssimos. Por sete anos, o head

mostrador de cor chocolate. Mais do que uma joia,

distiller Adam Hannet desenvolveu um uísque raro,

esse acessório carrega a certificação Cronômetro

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Superlativo, redefinida pela marca para garantir um

cuidadoso para garantir que a textura e o equilíbrio

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fossem perfeitos. Em 2016, apenas 12 mil garrafas

vem com luneta giratória bidirecional com graduação

da bebida foram colocadas à venda.

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comportamento

MAiS DO QUE UM LUGAR DE viSiTA, AS TERRAS CEARENSES ApARECEM COMO pONTO FixO NO MApA DE váRiOS ESTRANGEiROS QUE AQUi SE ESTABELECERAM E ADOTARAM O ESTADO COMO SUA SEGUNDA CASA naiana rodriGues Fabiane de Paula produção raFaella bastos tExto fotoS

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onquistar novos territórios sempre foi uma ambição do homem. Em nome da posse de terras desconhecidas foram travadas guerras e confrontos que acompanharam toda a formação da civilização ocidental. Apesar de muito sangue ter sido derramado pela ambição de chefes de Estado e líderes de Governo, há quem tenha fascínio ou apenas uma leve curiosidade com o que está para além dos limites geográficos da terra natal. Movidos por esse interesse, milhares de pessoas decidem trocar de nação em busca de aventura, trabalho, qualidade de vida, amor, calor, frio… As razões são muitas, a permanência no lugar alheio é difícil, a saudade de casa é grande, mas muitos imigrantes conseguem se estabelecer, construir famílias, erguer negócios e fazer de outro país um lar. O Ceará tornou-se endereço fi xo para mais de 5 mil estrangeiros, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010. De lá para cá, muitos podem ter retornado aos seus lugares de origem e outros chegado em busca de algo que não conseguiram encontrar onde nasceram. Esse fluxo de idas e vindas é contínuo, mas são muitos os que fincam os pés nas terras alencarinas e daqui não ousam sair. Inebriados pela brisa litorânea e energizados pelo calor que não dá trégua, os italianos Lucca Lunghi, 39 anos, e Andrea Antonucci, 36 anos, arriscaram-se em uma aventura que, até agora, deu muito certo. Naturais da cidade de Frosione, região do Locio, a 60 km de Roma, os amigos de infância vieram a Fortaleza, de férias, em 2003. Aqui, Lucca recebeu o convite para trabalhar em um restaurante italiano. Ele retornou para casa com a tentação que se alinhava a um sonho de quando ainda era garoto: morar fora da Itália. Ao perceber que a proposta era irrecusável, Lucca a estendeu ao amigo Andrea, que já enveradara no caminho da gastronomia. Ainda na Itália, quando chegava as férias do colégio, Andrea ia trabalhar em um gastrobar e aprimorava ensinamentos adquiridos ainda observando a mãe e a avó cozinhado massas caseiras. Com essa experiência, o jovem Andrea chegou a Fortaleza, no ano de 2006. A coragem e o otimismo vieram na bagagem de Lucca um pouco antes, ainda em 2004. Dupla reunida, o desafio foi abrir um restaurante italiano. “Queríamos oferecer uma gastronomia italiana legítima, por isso, foi difícil, havia certa resistência do público. Tivemos que fazer um trabalho grande no salão junto aos clientes, explicando tudo”, lembra Lucca. Com essa proposta nasceu o Bella Italia, centrado no coração da Praia de Iracema. Juntos, eles esperam tornar a casa uma referência na cidade. Para manter o objetivo, eles viajam, em busca de atualização e insumos, para São Paulo, e para a própria Itália, onde tentam ir uma vez ao ano, e assim também sanar a saudade dos familiares e amigos. Sentimento esse com o qual os italianos já se acostumaram a lidar depois de mais de uma década morando fora. Lucca está inclusive ficando raízes mais fortes no Ceará. Há dois anos, casou-se com

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comportamento

Lucca e andrea antonucci saíram da itália ainda jovem e amadureceram como empresário e chef, respectivamente, em Fortaleza

uma cearense e pensa em, talvez, com a aposentadoria, voltar a morar na Itália. A tendência é que eles se ocupem cada vez mais com a ideia de criação de uma nova casa, completamente diferente do Bella Italia. Andrea, por sua vez, mantem o coração ocupado com os afetos, mas também com o ciclismo e ainda com as experiências na culinária cearense. “Eu cozinho sarapatel e buchada para os funcionários e para mim também. O Ceará tem uma boa diversidade gastronômica”, observa. Lucca também aderiu ao cardápio cearense e prefere um bom pargo e baião de dois como opções. Eles podem até divergir no quesito paladar, contudo são unânimes em destacar a simpatia do cearense, povo cuja admiração e acolhimento de estrangeiros estão na gênese de sua própria história. Basta folhear o romance Iracema, de José de Alencar, no qual a índia cearense se apaixona pelo

mancebo europeu Martim Soares Moreno. Isso mostra que a migração, sobretudo europeia, é um tema recorrente no nosso imaginário cultural desde acolonização.

do frio ao calor E por falar em histórias de amor que dão vida à cultura, temos a de Ida Axenstdet e David Barreira, uma verdadeira versão atualizada para os tempos de globalização do romance de José de Alencar. Com uma leve mudança de papéis e de cenário, a narrativa do cearense apaixonado pelo estrangeiro se repete. Desta vez, o encantamento se deu na paisagem austera e fria da Suécia, onde David encontrou Ida e não resistiu à beleza nórdica da sueca de olhar azul. E o que deveria ter sido um curso de língua estrangeira de um semestre virou um casamento que já tem sete anos apenas no Ceará.

as casas aqui trabalhavam com uma massa mais cozida e com muito molho. Queríamos oferecer uma gastronomia italiana legítima, por isso, foi difícil, havia certa resistência do público” Lucca Lunghi, empresário

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comportamento

Tudo começou em 1999. A história, que deveria ser temporária, foi se consolidando com a permanência de David graças a um emprego na Volvo, fabricante de automóveis. A estadia se prolongou por uma década e o namoro virou casamento. O casal viveu sete anos na cidade de Gothemburg e sempre vinha ao Brasil passar férias. Até que chegou o momento de trocar as noite de inverno sem fim pela luz natural de Fortaleza e, há sete anos, Ida e David vieram de vez para cá. No novo endereço, Ida teve que lidar com os desafios de morar em outro país e se deparar com hábitos culturais diferentes. “Quando você vem de férias, pensa que o que não te agrada é algo passageiro, pois em breve, irá embora. Mas quando se muda, aí você precisa lidar com essas questões”, compara. A sueca trocou as águas congelantes do mar Báltico pelas ondas mornas do Atlântico e fala que o melhor de morar no Ceará é “poder acordar e ver o sol brilhando todos os dias”. Apesar de ter adotado a cor “bronze permanente” e agradecer pelo calor, a mulher de 31 anos, natural da cidade de Byske, localizada na região litorânea de Skelleftea, sente falta de ver e viver as quatro estações do ano. “Sinto falta disso, então, planejo ir para lá durante uma estação diferente para ter um pouquinho da experiência de cada uma”, diz. Da mesma forma que não imaginava vir morar no Ceará, Ida também não arrisca pensar em retorno. Até porque dois grandes afetos estão aqui: o marido e o trabalho. Logo que chegou a Fortaleza para morar, ela abriu um salão de beleza. Na Suécia, já atuava na profissão, a qual é muito valorizada pelos lados de lá, tanto que precisou de uma formação de quatro anos para iniciar os trabalhos. Foi na escola Pivot Point, no ano 2000, onde foi iniciada na arte tratar bem as madeixas. No salão que leva seu nome, localizado na Aldeota, área nobre da cidade, ela atende com perfeição a clientela que conquistou. “Me sinto realizada, pois faço o que gosto e sou super feliz com minha equipe”, afi rma a sueca que roubou o coração do cearense cuja história de amor promete prosperidade.

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a sueca é cabeleireira formada, profissão muito valorizada em seu país e que ela exerce com muito orgulho

o melhor de morar no Ceará époder acordar e ver o sol brilhando todos os dias”

desbravador Sair de casa, da zona do conforto, da acolhida da família é, sem dúvida, uma aventura. E partir de Paris rumo ao Ceará, para muitos, pode até soar como loucura. Mas para o empresário Célian Chaufour foi uma oportunidade inesperada e promissora de mudança profissional. Ele trocou a Cidade Luz pela Terra do Sol e escolheu como porto a Praia Pontal do Maceió, no município de Fortim,


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Célian Chaufour já havia morado no Rio de Janeiro, quando criança, e voltou ao Brasil a convite de seu pai, que encontrou em Fortim, um lugar privilegiado para viver

nos idos de 2006. Lá ergueu o Vila Selvagem, empreendimento turístico que entrou para o roteiro de charme do Brasil. Essa história não tem apenas Célian como protagonista. Seu pai, Jean Michel Chaufour foi o pioneiro, o desbravador da terra selvagem no litoral cearense. Dono de uma galeria de arte em Paris, Jean veio ao Ceará visitar uma artista que tinha casa no litoral. O francês já era familiarizado com o Brasil, pois morara no Rio de Janeiro, por cinco anos, durante a década de 1980, com a família. “Tivemos uma casa de praia em Búzios e minha família guardava muitas lembranças boas de lá”, recorda Célian. No Ceará, Jean Michel decidiu retomar essa narrativa com as terras tropicais iniciada há mais de duas décadas. Encantado pelas belezas naturais que o litoral cearense revela, ele foi de leste a oeste em busca do lugar ideal para construir uma casa de veraneio. Acabou descobrindo Pontal de Maceió, praia quase intocada pelo homem e com uma vida cujo

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Meu desejo agora é aumentar a qualidade na hotelaria e ser uma referência de qualidade no Brasil, seja no atendimento, na culinária, e na proposta de hospedagem que hoje temos”

tempo tempo parece não transcorrer com a mesma celeridade das metrópoles. Lá, construiu uma casa para receber a família. A residência da família Chaufour era marcada pelo sossego da praia, um espaço privilegiado pela beleza advinda também do Rio Jaguaribe. Logo, as visitas sugeriram que ampliassem o local de acolhimento para receber outros franceses e, por que não, visitantes de outras partes do Brasil e do mundo. Jean Michel, um homem de imaginação, que já trabalhou em ramos completamente diferentes, das artes à área imobiliária, enveredando até na moda, decidiu lançar a proposta ao fi lho Célian, que encarou o desafio. Jean Michel comprou uma casa à beira mar de Pontal do Maceió e assim um hotel começou a ganhar seus primeiros contornos com apenas quatro quartos disponíveis. Célian, hoje com 41 anos, trouxe toda sua expertise no ramo de hotelaria adquirida com formação na Suíça e aprimorada em trabalhos realizados na China, Tailândia e Espanha.


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comportamento

Juntos, expandiram o Vila Selvagem Hotel Contemporâneo que atualmente conta com 28 bangalôs e ainda se encontra em fase de expansão. Impacto maior mesmo só o da mudança de vida. Agora, Célian só retorna à Paris uma vez ao ano. “Meu desejo agora é aumentar a qualidade na hotelaria e ser uma referência de qualidade no Brasil, seja no atendimento, na culinária, e na proposta de hospedagem que hoje temos”, revela

Hispano-brasileiro Essa história começa como a de muitos outros imigrantes europeus que chegaram ao Brasil na segunda metade do século XX em busca da paz que seus países não tinham. Na Espanha, a ascensão de Francisco Franco, em 1939, instaurou um clima de medo que empurrou muitas famílias para fora da península Ibérica. A de Julio e Josefa, composta ainda por quatro fi lhos, abandonou a região fria da Astúrias para se refugiar nos trópicos. No ano de 1961, eles desembarcaram em São Paulo. Na época, Jorge Clemente Diego era apenas um menino de seis anos que guardava a saudade de sua casa. As lembranças, mais do que alimentar a nostalgia, nutrem a alma do espanhol, que se põe a cozinhar aos moldes da mãe e avó, animado por uma memória afetiva e gustativa que tenta materializar em seus pratos no El Molino, restaurante encravado no bairro Varjota onde realiza pratos como se pintasse um quadro. Na casa, um empreendimento aberto em uma parceria de amor e cumplicidade com a esposa

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engenheiro, formado na espanha, Jorge Clemente diego montou no Ceará o restaurante el Molino, o qual comanda junto com a família

o Ceará é um celeiro, é um terreno a ser plantado, é um nicho de oportunidades. Basta ter uma visão e identidade, criar algo com personalidade, algo que seja seu. o que me atrai aqui é esse potencial” Luciana Figueiredo Diego, 45 anos, cearense que arrebatou o coração do estrangeiro, o clima é de aconchego, de simplicidade. Os adornos nas paredes não apenas criam a ambiência temática que o restaurante pede. Cada item marca o encontro do chef com suas origens e foi adquirido em alguma das viagens de retorno, feitas a cada dois anos. A essas raízes, Jorge atribui seu espírito empreendedor. Os mesmos objetivos de seus ancestrais colonizadores, ele percebe em sua gana por realização. Mas diferente dos pioneiros e de seu desejo pela posse de novos territórios, esse hispano-brasileiro não se guia pelo poder de dominar, mas de viver bem. Engenheiro, Jorge também é acupunturista, trabalhou em indústria de alimentos e hoje é professor de Gastronomia e chef. “Me considero bastante feliz com isso. Me sinto bem como imigrante e como empreendedor”, revela o homem de 61 anos de idade cujo legado também inclui cinco filhos legitimamente brasileiros.



centenário

a letra

a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei em 1˚ de janeiro de 1916, foi publicado a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei o Código Civil Brasileiro, de autoria do a letra e a lei a letra e aBeviláqua. lei a letra a leiartigos a letra e a lei cearense Clóvis seuse 1.807 passaram seguinte. a letra e a lei a letraa valer e a no leiano a letra e a lei a letra e a lei o resultado do esforço intelectual do jurista a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei tornou-se um marco da construção da a letra e a lei a letranacional e a leibrasileira a letra e a lei a letra e a lei identidade a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei a letra e a lei 60

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e a lei


texto

Dellano Rios fotos Fabiane de Paula

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m 1916, as notícias ainda demoravam a atravessar o globo. O século XX se iniciara sob o signo da ciência, mas logo revelaria sua vocação para as grandes catástrofes. A Europa estava em guerra, em sujas batalhas de trincheiras, sangrentas e maquinais como até então não se havia visto. Longe dos disparos, o Brasil reaprendia a andar e tentava se reinventar. Após quatro séculos de colonização europeia, era uma terra onde ainda se havia muito o que construir. O País era então uma jovem república. Proclamada em 1889, havia deixado para trás o século XIX e com ele a monarquia, títulos de nobreza e outros valores que não pareciam condizentes com aquela nova e veloz época que se iniciava. No primeiro dia desse ano, foi publicado o Código Civil Brasileiro, projeto de autoria do cearense Clóvis Beviláqua (1859-1944). Seus 1.807 artigos passaram a valer no ano seguinte. O esforço intelectual do jurista tomou ares de feito histórico. A solidez da sua arquitetura jurídica manteve a Lei nº 3.071 em vigor até sua revogação pelo atual Código Civil, a Lei nº 10.406, de 1º de janeiro de 2002. No intervalo de pouco mais de oito décadas, não apenas o mundo se transformou como o Brasil atravessou tempestades políticas, mudanças de regime

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Peça manuscrita de Clóvis Beviláqua. Documentos e livros raros do jurista cearense integram coleção de itens da Biblioteca de Acervos Especiais da Unifor

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e embates violentos. O projeto de Beviláqua, contudo, seguia firme, em consonância com a realidade. O Código, aliás, tem suas raízes em uma demanda antiga, a de estabelecer e solidificar as instituições nacionais. Desde a independência de Portugal, o Brasil havia adotado legislações imprecisas, inconsistentes e tinha a difícil tarefa de ajustar o compasso entre os juristas e a classe política, que aprovava ou refutava os resultados de seus esforços. Foi Epitácio Pessoa (1865-1942), ministro da Justiça do presidente Manuel Ferraz de Campos Sales (1841-1913), que buscou quem redigisse um projeto para o Código Civil Brasileiro. O ano era 1899 e o nome escolhido pelo ministro foi visto com reservas por alguns. Beviláqua era relativamente jovem (contava então 40 anos) e, à época, havia juristas mais experientes e com maior renome no Rio de Janeiro. Cria da Faculdade de Direito do Recife, Beviláqua já tinha atuado como jornalista, militante republicano, em tempos imperiais; promotor público de Alcântara, no Maranhão; professor de Direito e Filosofia da mesma instituição em que se formou. Intelectual prolífico, fazia multiplicar uma bibliografia que não se esgotava nas reflexões sobre o Direito. Suas obras escritas nesta área - Estudos de Direito e Economia Política (1886) e Lições de Legislação Comparada sobre o Direito Privado (1893), por exemplo; e, mais tarde, Teoria Geral do Direito Civil (1908) - ajudaram a credenciá-lo para a empreitada confiada pelo governo de Campos Sales. Beviláqua não se intimidou diante das críticas. Deixou o Recife, onde se radicara em 1878, e se fixou no Rio de Janeiro, então capital da República. Em outubro de 1900, entregou o texto do projeto para ser encaminhado ao Congresso Nacional. O hiato de quase 16 anos, entre a apresentação e a aprovação do Código, se explica pelas reações extremadas que o texto provocou. A obra do cearense ganhou um oponente poderoso: o baiano Rui Barbosa (1849-1923). Dez anos mais velho do que Beviláqua, Barbosa era um intelectual robusto e uma voz que ressoava alto nos meios políticos. Presidente da comissão do Senado encarregada de estudar o projeto, desferiu ataques violentos à proposta. O trabalho de Beviláqua foi por ele descrito como uma “obra tosca, indigesta, aleijada”. A crítica de Rui Barbosa tomou


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forma em um volume de 560 páginas, publicado pela Imprensa Nacional com o título Parecer do Senador Rui Barbosa sobre a Redação do Projeto do Código Civil. É possível que a proposta de Código Civil de Beviláqua sucumbisse à indisposição de uma autoridade daquele porte não tivesse ela encontrado um defensor igualmente qualificado. Quem debateu com Rui Barbosa, numa série de tratados, de réplicas e tréplicas, foi o médico e filólogo baiano Ernesto Carneiro Ribeiro (18301920). O opositor, que havia sido professor de Barbosa e responsável pela revisão gramatical do Código, soube defendê-lo. A peleja se arrastou por anos e só em 1916 o texto foi publicado. À época, o prestígio de Beviláqua havia ascendido ainda mais e, curiosamente, um dos méritos de seu trabalho, reconhecido anos mais tarde, era o estilo de sua escrita e a correção dos conceitos.

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Literatura O gigantismo da empreitada de Clóvis Beviláqua e a longeva vigência do Código Civil por ele escrito, em um País com tradição em burilar suas leis, acabaram por motivar um retrato do cearense ligado quase exclusivamente ao mundo do Direito. Tal descrição intelectual estaria incompleta, por maiores que tenham sido seus méritos como jurista. Sua bibliografia extensa, inclui sim uma maioria de peças teóricas e de jurisprudência. Mas há também uma parte esquecida pelo mercado editorial (e, portanto, de difícil acesso aos leitores) formada por estudos que tinham por objeto a literatura, a sociologia e a filosofia. Caberiam ainda nesta estante de livros olvidados seus textos memorialísticos. Embora pouco lembrado nos meios literários, ao contrário de sua glória no Direito, Beviláqua foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Neste empreendimento, foi parceiro de Aluísio Azevedo, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, José Veríssimo, Machado de Assis, Olavo Bilac, Visconde de Taunay, Coelho Neto, José do Patrocínio, Rui Barbosa e Sílvio Romero. Neste grupo, não era apenas um notável. Sua dedicação a outras temáticas, se constituiu como incursões regulares que nada

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[a] clóvis Beviláqua, ainda no ceará: por aqui, flertou com a cena literária e a Padaria Espiritual [B] O jurista, com as vestes acadêmicas, já no Recife. Em Permambuco, ele se projetou nacionalmente.


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Nascido em Viçosa do Ceará, filho de José Beviláqua, que foi deputado provincial por muito tempo, e de Martiniana Aires Beviláqua, Clóvis estudou em Sobral e Fortaleza, antes de ir ao Rio de Janeiro e, de lá, para o Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito

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tinham de aventurescas. Escreveu sobre o Romantismo, quando esta escola ainda não havia sido reduzida às cinzas, além de ensaios que tinham por objeto temas filosóficos. É dele um pioneiro ensaio sobre o filósofo, jurista e cientista social austro-húngaro Ludwig Gumplowicz (1838–1909). Nascido em Viçosa do Ceará, filho de José Beviláqua, que foi deputado provincial, e de Martiniana Aires Beviláqua, Clóvis estudou em Sobral e Fortaleza, antes de ir ao Rio e, de lá, para o Recife, onde ingressou na Faculdade de Direito. Ali, confirmou sua vocação para os meios intelectuais e literários. Escreveu em jornais e revistas, fundou um periódico e se tornou positivista. Enquanto uma corrente dessa escola filosófica no Brasil enveredava por um híbrido místico, Beviláqua compunha o grupo radicalmente racionalista. Não que tal rigor tenha sido marca unívoca de seu caráter. Afinal, ele compôs a Academia Francesa (antecessora da Academia Cearense de Letras), mas também brincou com a turma da Padaria Espiritual. Nos meios jurídicos, sua figura intelectual é sempre louvada em sua terra. Há um fórum batizado em sua homenagem e a tradicional Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará tem uma estátua do jurista a lançar-lhe olhares da praça que leva seu nome. Há também boas opções para conhecer, direto na fonte, seu trabalho. A Biblioteca de Acervos Especiais da Universidade de Fortaleza (Unifor) possui edições raras de seus trabalhos e um escrito de próprio punho pelo catedrático. São peças assim que sugerem outro olhar sobre Clóvis Beviláqua. Não aquele distanciado, como o de quem aprecia vastidão de uma paisagem, mas sim um olhar disposto ao mergulho e à imersão em suas águas profundas.



gastronomia

Carol Kossling fotos Fabiane de Paula produção Rafaella Bastos texto

Um brinde aos bons encontros Curtir um happy hour gastronômico é vivenciar um momento único e especial para alimentar o corpo e a alma. É ter a chance de colocar conversas em dia com amigos, em ambientes diferenciados, feitos sob medida para celebrar a vida

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a m e lh o r hora do dia No quesito bebidas, as mulheres preferem os drinks criativos. E o que desponta para ambos os gêneros são criações que levam Gin por serem mais refrescantes e combinarem com o clima local. Um cardápio exclusivo traz seis tipos que fazem um balanço entre a refrescância, o aroma e a criatividade

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m fim de tarde ou um começo de noite podem ter um sabor especial quando os amigos se reúnem em meio a um bate-papo alegre e descontraído para debater sobre qualquer assunto, como cultura, arte, viagens ou moda. Enquanto conversam, estreitam relações e aproveitam para degustar alguns pratos, tomar belos drinks ou mesmo saborear um café. Esta, entre outras cenas similares, pode ser vista com frequência cada vez maior em Fortaleza, onde existem inúmeras opções para quem tem o hábito de dar uma “paradinha” após o trabalho, antes de ir para casa descansar. Um bom exemplo para encontrar este público que tem alimentado a cultura do happy hour é o Moleskine Gastrobar. A casa criou um novo conceito para a tradição que surgiu nos Estados

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O cenário do Moleskine Gastrobar é ideal para aproveitar as boas horas com amigos. Música, bebidas e petiscos são os destaques da casa

Unidos, e desenvolveu um cardápio especial inspirado na Espanha para movimentar um horário que, antes, não contava com muita circulação. Hoje, quem não chegar cedo precisa esperar até conseguir uma boa mesa. Desde maio deste ano, nasceu no Gastrobar La Mejor Hora Del Dia, sempre das 17h às 20h, às quintas e sextas-feiras. “Criamos este happy hour para atender a uma demanda e, ainda, gerar novas ocasiões de consumos e produtos”, conta o sócio do Moleskine, Felipe Lima. Com auxílio de uma consultoria, o evento foi concebido para ter uma marca, um conceito. “Não é só uma promoção como todo mundo faz. O desconto acaba depreciando, misturando públicos e trazendo perfis que você não almeja”, explica. Segundo Lima, a casa tem uma visão tridimensional e deseja atingir o cliente em vários sentidos: através do paladar, com bebida boa e gelada; do som, com músicas que mantêm o alto astral; e sensorial que se

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traduz pelo conforto. O happy hour conta com atração, ao vivo, em seu ambiente mais descolado, o bar da rua, espaço mais informal e descontraído. No gênero, o que predomina é o Brasilian Soul com repertório exclusivo que mescla músicas antigas e novas. “Queremos ver uma mudança na cultura de consumo”, revela o sócio. Nesta hora, circulam pelos salões um festival de tapas, de diversos sabores, entre eles polvo, salmão e filé com damasco. O petisco pode ser combinado com uma marca de cerveja, consumida à vontade a um preço limitado, ou vinho, de valor um pouco maior. O menu do Moleskine também fica à disposição dos clientes e inclui opções de pratos contemporâneos.

Mais pedidos Durante La Mejor Hora Del Dia, a variedade de comidinhas é de dar água na boca, com destaque para o campeão de pedidos, o



gastronomia

pe t i s c o s Festival de tapas e Bolinhos Baianos do Moleskine oferecem aos comensais sabores inspirados na cozinha contemporânea que combinam perfeitamente com a proposta de happy hour. Assinadas pelo chef da casa, as criações gastronômicas são apreciadas com cervejas, vinhos ou drinks feitos à base de gin

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A degustação de bebidas é um dos diferenciais do Garrafeira 520. A loja fica à disposição do Wine Bar

Bolinho Baiano, feito de aipim recheado com bobó de camarão e molho. Outros que têm muita saída são o Tuna Asian, lombo de atum selado em crosta de gergelim, servido sob delicioso tartar de manga e finalizado com molho de ostra; o Camarão Cítrico, curtido no limão e finalizado com raspas; e os grelhados fatiados. Para quem aprecia e prefere celebrar com vinho, a harmonização é feita com o Petit Found, fondue de queijo brie com cubinhos de filé temperados, cubos de pão italiano do chef e pedaços de manga temperados; e a tábua de frios que é sucesso absoluto. No quesito bebidas, as mulheres preferem os drinks criativos. E o que desponta para ambos os gêneros são criações que levam Gin por serem mais refrescantes e combinarem com o clima local. Um cardápio exclusivo traz seis tipos que fazem um balanço entre a refrescância, o aroma e a criatividade. Tem o Gin Tea, com schweppes e chá de hortelã; o Gin com pepino leva tônica e schweppes; bem seco, o Gin Tônica, tradicional com schweppes, água tônica e limão; o Negroni; combinação com Vermute Rosso e Campari; o Clover Club, acompanha framboesa, limão e suco de abacaxi; e o Ramos Gin Fizz, com suco de limão tahiti e siciliano, creme de leite, água de laranjeira, baunilha e água com gás. Provar e aprovar Num estilo um pouco diferente, a Garrafeira 520, localizada no Shopping RioMar, traz uma proposta interessante. Deixa à disposição dos clientes todos os seus produtos da loja conceito para o consumo no Wine Bar. Além de mais de 200 rótulos de vinhos, cerca de 40 cervejas premium são ofertadas, sendo as bebidas mais degustadas neste horário. Na carta de vinhos, opções da África

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H a rm on i z aç ão Entre os rótulos de cervejas oferecidos pelo Garrafeira 520, está o da Alemã Doppel-Hirsch premiada em 2012 como a melhor no estilo doppelbock. Com 7,2% de álcool, ela é escura, forte e com sabor maltado ligeiramente adocicada e de baixo amargor do lúpulo. Sua espuma densa e cremosa harmoniza com o Carpaccio Garrafeira feito de fatias de carne com molho mostarda, azeite, queijo parmesão e pimentado-reino

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do Sul, Argentina, Brasil, Chile, Espanha, França, Itália e Portugal. Em geral, o local realiza às quartas e sextas-feiras, das 17h às 20h, promoções que atraem os clientes do shopping onde está localizado e pessoas que trabalham nas redondezas. Dependendo da demanda do dia, a casa funciona até 1h. De acordo com o gerente Bernardo Perina, o público do happy hour é composto por grupos de pessoas que gostam de degustar, experimentar e ampliar o paladar. “Essa é a proposta: que nossos comensais experimentem rótulos que não conhecem ainda e comentem sobre os novos sabores”, enfatiza. Para acompanhar as bebidas, o menu traz o requisitado carpaccio (que harmoniza com diferentes bebidas), o rosbife, a tábua de queijos e a cesta de degustação de pães que ajuda a limpar o paladar. Além desses, são servidos bruschetta, tábua de frios, ceviche e bacalhau. A casa oferece ainda serviço de sommelier para orientar o melhor sabor de acordo com o paladar. “Nossos especialistas buscam saber o que o cliente mais gosta para atender da melhor forma. Eles fazem treinamentos constantemente”, informa Perina. Para os amantes dos destilados, vodka e wisky são degustados em doses.

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[a] Mesas de amigas em confraternização são uma constante no dia a dia do Café Viriato [b] Cuscuz de carne de sol de Caicó e queijo com leite de coco está entre as delícias servidas na casa.



gastronomia

Boa movimentação

d e l íc i a s g e l a da s No Café Viriato, os coquetéis de sorvete e café são destaque e fazem sucesso junto ao público feminino. Na casa, também se consome bastante drinkes de vinho branco com purê de frutas e gelo, assim como a soda italiana

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Há quase três anos, diariamente, de domingo a domingo, entre 16h e 19h30 , o Café Viriato tem sua maior movimentação. O público é eclético, formado por grupos de amigas e amigos que buscam saciar seus desejos gastronômicos, enquanto entabulam uma conversa agradável, no ambiente de um charmoso casarão, edificado no bairro do Dionísio Torres. Como a clientela é regular, o cardápio tem inovações constantes para atender aos anseios dos consumidores exigentes e que apreciam a boa comida. Na lista das iguarias mais degustadas estão as crepiocas e os cuscuzes. Estes e outros pratos costumam ser compartilhados à mesa. “Nossas porções são bem generosas e as pessoas gostam de dividir”, analisa Rodrigo Viriato, chefe-executivo do Café. Entre as iguarias preferidas estão as fatias de bolos, especialmente o de farinha láctea e o de cenoura coberto com calda de chocolate. Com a aproximação da noite, os pedidos de sanduíches e sopas aumentam. Para os que preferem bebidas com álcool, a casa dispõe de uma carta de vinho com mais de 90 rótulos do Chile, Portugal e Austrália, além de 15 tipos de cerveja com trigo e artesanais e também licores. Eles não estão todos disponíveis no menu e o garçom deve ser consultado. “O que mais se consome no happy hour são coquetéis de vinho branco com purê de frutas e gelo e sem álcool, assim como a soda italiana e coquetéis de sorvete e café”, diz Viriato.



moda

SOB A LUZ DO SERTÃO por fotos

Márcia Travessoni

Nicolas Gondim Marcos Marla

styling

Nas paisagens deslumbrantes da Fazenda Magé, a moda encontra o calor do sertão nordestino. Das mãos dos criadores cearenses, roupas que dialogam com os contos míticos que envolvem as pedras e as rochas do município. Das passarelas direto para as páginas da Revista Gente (e depois, direto para o nosso imaginário)

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Vestidos e jumpsuit em mix de rendas renascenรงa, labirinto e richelieu: Almerinda Maria

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moda

Vestido de seda bordado: Lino Villaventura Botas e luvas: Mark Greiner

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Vestido em macramĂŠ: Rio de Jas Colar de osso e franjas: Roberto Dias para Mark Greiner

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moda

Shorts, blusa, saia e top em couro e rรกfia: Gisela Franck Brincos em osso e braceletes de madeira: Roberto Dias para Mark Greiner Botas: Lino Villaventura

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Vestidos vanilla com nervuras: Gil Braga

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moda

Blusa de georgette de seda e franjas: Iury Costa Botas: Mark Greiner

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Calรงa de veludo e blusa de renda dourada: Kallil Nepomuceno Vestidos de tule e rendas bordadas: Ivanildo Nunes

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moda

Vestido e saia com colete estampados: Lindebergue Fernandes Botas e luvas: Mark Greiner

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E X P EDIEN T E Márcia Travessoni Nicolas Gondim assistente de fotografia Hel Rabelo styling Marcos Marla assistente de styling Raissa Maciel beleza Celso Ferrer modelos Lais Trussardi, Vanessa Oliveira e Rebeca Bertoldo (RC Model Agency) direção

fotos

agradecimento especial ao

Nemésio e à Fazenda Magé, em Quixadá

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beleza

Melina Góis encarna o Pássaro Azul com acessórios Jomara Cid Chapelaria

direção criativa

Lígia Nottingham

fotos

Cláudia Rebouças beleza Mulher Cheirosa

Asas à Imaginação Para a chegada de uma nova temporada de moda, selecionamos um time de newfaces cearenses para alçar voo. A beleza em tons luminosos e os acessórios de penas flutuantes são o destaque para a primavera que nasce

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beleza

Nalla Mirlian, interpreta a forรงa da Coruja com acessรณrios Lace Atelier por Clarissa Barbosa

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beleza

Mayara Mota ĂŠ um Painted Bunting com acessĂłrios Lace Atelier por Clarissa Barbosa

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beleza

Ariella de Sรก encarna Cardinalis Cardinalis com acessรณrios Jomara Cid Chapelaria

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Requinte

glamour

poMpeU VASCONCELOS Como acontece ano sim outro também, afivelamos as malas e seguimos para mais uma temporada de cultura e lazer no verão europeu. Antes de aterrissarmos em Mykonos, fizemos um pit-stop em Roma para visitar a capital da Itália, o país com mais monumentos reconhecidos pela Unesco como patrimônio da humanidade, no mundo. A rica história da “Cidade Eterna” atrai milhões de turistas a cada ano, ávidos por conhecer seus seculares monumentos, vistos apenas em fotos ou filmes. Convidamos você para embarcar com a Revista Gente nessa viagem ao berço de nossa civilização.

a cidade do Vaticano atrai turistas de todas as partes, por seus tesouros religiosos e culturais, com destaque para a Basílica de são Pedro e capela sistina

ROMa HisTÓria Fundada em 753 a.c., a “cidade Eterna” é uma das

mais antigas da Europa. é considerada um dos berços da civilização ocidental e atual capital da República italiana

ROTEiRO comece o dia com um capucchino e um corneto no Fiorine, em Monteverde. vale uma caminhada do campo de Fiori até a Piazza navonna e o Pantheon. a visita ao Palazzo Braschi é quase obrigatória. Para experimentar a culinária romana, siga para o Roma Sparita, no bairro inaugurado em 80 a.c, no reinado de Titus, último dos imperadores flavianos, o coliseum sempre foi o principal símbolo do império romano. com capacidade para 50 mil pessoas sentadas, o anfiteatro serviu de cenário para lutas sangrentas de gladiadores e caçadas simuladas de animais durante seus quatro séculos de uso

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Trastevere. À tarde, pode-se fazer compras pelas ruas no entorno das escadarias da Praça da Espanha. O sunset na colina gianicolo é perfeito. Para fechar a noite, siga até o Trastevere ou opte por restaurantes estrelados



poMpeUVASCONCELOS

construída sobre um aqueduto de mais de 400 anos, a fontana di Trevi foi reaberta ao público em novembro de 2015, após 16 meses de reforma patrocinada pela casa fendi. a recuperação da imensa fonte barroca, projetada pelo arquiteto romano nicola salvi, consumiu recursos da ordem de us$ 2.4 milhões

Localizado no cruzamento da Via di Bocca di Leone com a Via condotti, o Portrait roma faz parte do Grupo salvatore ferragamo

embora popularmente conhecida por escadarias da Praça da espanha, em italiano o local é chamado de scalinata di Trinità dei monti

quattro fontane é um complexo de fontes, construídas em roma no fimda renascença, no cruzamento da Via quattro fontane com a Via quirinalle. os trabalhos representam os rios Tibre e arno, além das deusas romanas Juno e diana

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POMPEUVASCONCELOS

Localizado no cruzamento da Via di Bocca di Leone com a Via Condotti, o Portrait Roma, com 14 apartamentos, pertence à família Ferragamo

Elegante e convidativo, o tradicional restaurante Le Mirabelle ostenta uma das mais belas vistas da capital italiana

As suítes do Portrait Roma refletem o estilo e bom gosto de Salvatore Ferragamo

O rooftop do Portrait Roma proporciona uma vista espetacular de Roma

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economia Raone Saraiva Fabiane de Paula e Eduardo Queiroz produção Rafaella Bastos texto

fotos

O i m e n s u r áv e l sucesso das roupas

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Numa época em que diferentes atividades no Brasil são impactadas pela retração da economia e do consumo, empresários de Fortaleza que atuam no mercado de roupas sob medida comemoram o crescimento nas vendas. na contramão da produção em larga escala e oferecendo produtos únicos, eles seguem encantando homens e mulheres que apreciam peças com personalidade, elegância, qualidade e sofisticação

E

nquanto a indústria da moda aposta na fabricação em série de roupas, alfaiates e costureiras de Fortaleza continuam resistindo à padronização dos modelos vendidos em lojas de departamento e trabalham pesado para atender aos desejos de pessoas que não abrem mão do estilo personalizado. Diferentemente de outros segmentos do comércio, o mercado de roupas sob medida mantém o faturamento alto e não tem motivos para reclamar da crise econômica. Filho de alfaiate e costureira, profissões das mais antigas do mundo, Francisco Hélio dos Santos começou a trabalhar com alta-costura aos 18 anos de idade. A grande admiração pelo ofício, que exige características como habilidade manual, senso estético, concentração e atenção aos detalhes, foi fundamental para ele realizar o sonho de ter uma empresa. “Financeiramente falando, nunca houve tempo melhor para mim. Não estou sentindo os efeitos da crise. A procura por roupas sob medida é grande porque muita gente gosta do diferencial, de ter no guarda-roupa peças confeccionadas exclusivamente para si”, comemora o proprietário da Helios Alfaiataria & Moda Masculina, criada em 2007. Atualmente com 46 anos, Hélio é considerado pela Confederação Pan-americana de Profissionais de Alta-Costura (Conpanac) o mestre-alfaiate mais jovem do Brasil, profissional habilitado quanto às medidas, corte, preparo e ultimação das peças do vestuário. O empresário destaca que, apesar do público ser seleto, tem clientes fiéis. “Alguns, já atendo há mais de 20 anos. Costumo dizer que, a partir do momento que o cliente veste uma roupa sob medida, nunca mais ele vai querer um prêt-à-porter (pronto para vestir)”, destaca Hélio, lembrando que sua empresa registrou faturamento bruto de, aproximadamente, R$ 360 mil no ano passado. Os valores das peças variam de acordo com a qualidade do material utilizado. A empresa trabalha com tecidos de marcas nacionais e estrangeiras. Os preços dos ternos (conjunto com paletó, calça e colete) e dos costumes (conjunto com paletó e calça) vão de R$ 1.600 a R$ 3.500, e os das camisas e calças casuais de R$ 280 a R$ 600.

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economia

Hélio dos Santos é o mestre-alfaiate mais jovem do Brasil segundo a Confederação Pan-americana de Profissionais de AltaCostura

R$ 360

mil foi o faturamento bruto, em 2015, da Helios Alfaiataria & Moda Masculina, empresa fundada na Capital cearense em 2007

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A fim de repassar a arte da alta-costura às novas gerações, Hélio quer implantar em Fortaleza o Projeto Sobre Medida. Como a mão de obra de alfaiates e costureiras está cada vez mais escassa, a ideia é oferecer cursos profissionalizantes a jovens, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza e instituições de ensino técnico. “É uma arte milenar, um legado que não podemos deixar desaparecer”, frisa o empresário, lembrando que muito do que aprendeu em sua profissão se deve à experiência adquirida na Domenico Moda Masculina, onde trabalhou por mais de dez anos. “Devo muito ao dono, aprendi quase tudo sobre o ofício lá”, acrescenta. O senhor ao qual Hélio se refere é Domenico Gabriele.

Corte à italiana Nascido em Tortora, na Itália, Gabriele começou a ganhar intimidade com os tecidos com pouco mais de dez anos de idade, influenciado apenas pela certeza de que tinha nascido para a profissão. Em 1964, já em Fortaleza, o italiano, que hoje tem 77 anos, comemora o crescimento exponencial de sua empresa ao longo das décadas.



economia

O ateliê, que começou funcionando numa pequena sala de um edifício, ocupa atualmente dois andares. Quanto à demanda por roupas sob medida, Domenico reforça que o mercado continua e permanecerá aquecido, mas acredita que falta gente capacitada. “A situação está boa para quem acompanha as mudanças e se mantém atualizado. É preciso se adequar aos novos tempos, às tendências do mercado e às necessidades do consumidor. A alfaiataria é um ofício que não vai acabar, a não ser que a gente volte ao tempo de Adão e Eva”, brinca o empresário. Sem querer revelar valores, ele afirma que o faturamento continua crescendo, mesmo quando a economia do Brasil não vai bem. Quanto aos preços das peças feitas sob medida, informa apenas que o metro do tecido usado na fabricação das roupas varia de R$ 50 a R$ 1.480. “Uma roupa não depende só do trabalho do alfaiate, mas do material que se aplica, se é de marca nacional ou importada. Mas precisamos lembrar que há muita distinção do serviço manual para o industrial, e muita gente não percebe isso. Numa indústria, por exemplo, cada casa de botão do paletó demora 30 segundos para ser feita. À mão, se gasta em torno de 30 minutos. Tudo é mais trabalhado”, explica.

Noivas e festas A empresária Fátima Lima conhece de perto a arte que envolve o trabalho de fazer roupas sob medida. Há quase 20 anos, criou a Fátima Lima Alta-Costura e, desde então, agrada mulheres que prezam pelo bom gosto e pela sofisticação. As coleções desenvolvidas por suas estilistas, modelistas e bordadeiras vêm realizando o sonho de noivas, debutantes, formandas e convidadas, tornando a empresa conhecida no Ceará. Hoje com 58 anos de idade, Fátima sempre foi grande admiradora da moda e começou a atuar na área em 1978, quando montou uma fábrica de confecção com cerca de 100 costureiras. Em 1997, trocou a produção de peças em grande escala para se dedicar ao segmento de vestidos de casamento e outras festas. Embora não desenvolva as roupas, trabalho que fica a cargo de sua equipe de profissionais, a empresária tem a satisfação de participar de todo o processo produtivo.

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economia “As clientes podem viajar nos seus sonhos que nós vamos juntos e temos o prazer de realizá-los. Eu visto as mulheres da festa, da noiva até a avó da noiva, no caso dos casamentos. É gratificante quando vejo clientes que tiveram seus vestidos de noiva feitos por nós e chegam, tempos depois, para encomendar os vestidos de 15 anos de suas filhas”, observa Fátima. Ela comemora a crescente procura por seus produtos. “Não há motivos para se falar em crise no nosso ramo. Sempre temos muitos vestidos para entregar, até porque o nosso público frequenta várias festas e não vai deixar de investir em peças de qualidade e bom gosto”, salienta. O foco da empresa é o aluguel de vestidos, mas, caso a cliente queira, também pode comprar roupas exclusivas. De acordo com Fátima, os preços de primeira locação variam de R$ 5 mil a R$ 9 mil, conforme a mão de obra e os materiais empregados.

R$ 1.480

é o valor mais caro do metro de tecido utilizado em modelos criados sob medida, assinados na Domenico Moda Masculina. O mais barato custa cerca de R$ 50 o metro

Ultrapassando fronteiras Uma prova de que o mercado de roupas sob medida está em alta no Ceará e ganhando visibilidade Brasil e mundo afora é Almerinda Maria,

O italiano Domenico Gabriele diz que é preciso se adequar aos novos tempos, às tendências do mercado e às necessidades do consumidor

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economia

Há quase 20 anos, Fátima Lima criou o ateliê homônimo de Alta-Costura para agradar mulheres que prezam pela sofisticação

cearense de 60 anos cujo sucesso começou em 1988, com o surgimento da Dseu do Céu, sua confecção. A partir daí, ela começou a fazer trabalhos artesanais com renda de bilro, fortalecendo uma tradição familiar. Com criatividade à flor da pele, Almerinda logo passou a utilizar o bordado de richelieu e o crochê em suas peças, que ganharam ainda mais características artesanais quando a empresária decidiu fabricar roupas com renda renascença, chamando a atenção do mercado de moda de São Paulo. Em pouco tempo, seu trabalho já era referência nas regiões Sudeste e Sul do País, inclusive, sendo apresentado por empresários brasileiros de renome internacional em Nova York, nos Estados Unidos. Almerinda começou a atender o varejo no ano 2000. Com o aprimoramento das técnicas no processo produtivo, a marca ganhou maior projeção. Em 2012, resolveu aliar a alta-costura às coleções casuais selecionadas. As roupas únicas, feitas 100% à mão, são vendidas a preços que variam de R$ 2.800 a R$ 12 mil. Seus incríveis

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economia

As belas e delicadas criações assinadas por Almerinda Maria, que destacam diferentes tipos de rendas, já chegaram aos Estados Unidos

R$ 14

mil é o que pode chegar a custar um vestido de noiva 100% feito à mão na loja Almerinda Maria. O valor mínimo para um modelo no segmento é R$ 8 mil.

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vestidos de noiva têm valores diferenciados, ficando entre R$ 8 mil e R$ 14 mil. O faturamento da empresa continua crescendo. “Estou nesse mercado há quase 30 anos e digo que o nosso diferencial é a inovação. A concorrência é grande e precisamos estar sempre apostando no novo, nos adequando às transformações”, reforça a empresária, que, recentemente, deixou suas peças mais luxuosas, aliando à renda renascença e ao bordado richelieu a renda de labirinto produzida na organza, tecido fino e transparente de múltiplos usos e aplicações. Atualmente, suas criações ganham destaque em eventos de moda em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Rio Grande do Sul. Em janeiro deste ano, em pleno momento de instabilidade econômica no Brasil, inaugurou uma loja em São Paulo, que está superando as expectativas.

Reconhecimento nacional e internacional Quem também vem aproveitando as oportunidades deste mercado é o designer de moda Ivanildo Nunes. O maranhense de Tutóia chegou a Fortaleza com oitos anos. Quando ainda era adolescente, fundou uma empresa de moda praia na qual atuou por 15 anos. Em 2001, voltou para o Maranhão e abriu uma loja multimarcas. “Criei meu primeiro vestido de festa em 2002, a pedido de uma amiga. A partir daí, tive que reservar espaço na loja só para isso porque a demanda foi crescendo”, lembra o empresário, que possui loja em Fortaleza. Hoje, aos 45 anos, Ivanildo cria vestidos extremamente elaborados nos quais rendas industriais e artesanais se harmonizam na construção de desenhos exclusivos.



negócios

Radicado no Ceará, o maranhense Ivanildo Nunes vai ampliar sua loja em Fortaleza para atender noivas e tem planos de abrir uma loja em São Paulo

A renda de bilro, o labirinto, o crochê, a renascença, o tule e o richelieu são apresentados de forma inovadora em suas peças, sinônimos de requinte e luxo, cuja produção é feita 80% à mão. Os vestidos são vendidos a partir de R$ 4.800 e podem passar de R$ 40 mil. “Conseguimos, em uma só peça, misturar vários materiais e técnicas, deixando o vestido equilibrado e diferente do que se vê no mercado. Nossa produção é 90% sob medida e 10% prêt-à-porter exclusivo. Em 2015, meu trabalho ganhou tanta visibilidade no Dragão Fashion Brasil que, em relação aos negócios, foi o melhor ano da minha vida. A repercussão foi internacional, fui convidado para desfiles em Portugal e no Canadá. Na

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comparação com 2014, meu faturamento mais que dobrou. E este ano também está sendo muito bom, já ultrapassamos as vendas de 2015”, comemora o empresário. A maioria de seus clientes fica concentrada em São Paulo, mas também tem compradores no Ceará, no Distrito Federal e em Minas Gerais. Em breve, sua loja ganhará um espaço mais amplo, a fim de atender à demanda de noivas. Há, ainda, o projeto de abrir uma filial na capital paulista. Assim como tantos outros empresários que atuam no mercado de roupas sob medida, Ivanildo, Almerinda, Fátima, Domenico e Hélio continuam apostando no crescimento de seus negócios e mostrando que, no dicionário deles, a palavra crise não está na moda.



veículos

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veículos

N

os fins de semana, você já deve ter visto nas dunas e nas praias: quem gosta de off-road agora tem outro brinquedo sobre quatro rodas. São os quadriciclos que ganharam em modernidade e tecnologia e passaram a ser conhecidos como UTVs. A sigla em inglês significa Utility Task Vehicle ou, em bom português, veículo utilitário para qualquer terreno. Em resumo, é um quadriciclo com gaiola que oferece maior segurança e mantém a proposta da emoção. O veículo é tão atraente para quem gosta de aventuras que, nos últimos quatro anos, o crescimento nas vendas impressiona. Em Fortaleza, duas marcas dominam o mercado, a canadense Can-am e a norte-americana Polaris. O grande diferencial dos UTVs frente aos quadriciclos comuns são seus acessórios de segurança. Com preços acima de R$ 60 mil, os UTVs têm um público garantido. Entre os clientes estão profissionais liberais e empresários que desejam um maior contato com a natureza e viver grandes emoções. Quem já experimentou e aprovou o veículo foi o empresário Laércio Medeiros. Ele curte trilhas há mais de 20 anos. Já dirigiu buggy e, depois, Troller. Há dez anos optou pelos quadriciclos 4x4 e, no fi m de 2015, conheceu o UTV. “Me encantei pois é a mesma sensação de liberdade, de sentir de perto a natureza e trilhas, mas com maior segurança”, diz. “Nele, estamos protegidos por uma gaiola e presos pelo cinto de segurança”, diz.

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Depois que conheceu o UTV deixou o Troller um pouco de lado e agora, nos fins de semana, aproveita o novo “brinquedo” ao lado da esposa e da filha de dois anos. O empresário comenta que o conforto a bordo do UTV é bem superior ao de um quadriciclo. Seu modelo é um Polaris 900cc, ano 2016, que custa R$ 68 mil. Outro que não dispensa essa emoção é o piloto Pedro Garcia, proprietário de um Maverick, ano 2016, de dois lugares, marca Can-am, com motor mil cilindradas, turbo e com 141 cv de potência. Desde que adquiriu o veículo, há oito meses, vem colecionando momentos de diversão. “Na maioria das vezes, faço trilhas de lazer. Quando tenho competição, treino durante a semana antes das corridas”. Garcia participa do Campeonato Nordeste de Baja. Entre as vantagens do veículo, ele as enumera. “Primeiro o conforto! É possível fazer trilhas e passeios longos sem tanto desgaste físico. Depois, a segurança, porque em caso de acidente, sei que estou mais protegido. Trata-se de um automóvel mais equiparado a um carro, enquanto o quadriciclo podemos comparar a uma moto”. O tanque tem 35 litros, o suficiente para rodar, em média, 180 km de trilha moderada e 120 km em competição. O lazer, no caso de Pedro, também é curtido em família. “Recentemente fui com minha namorada e mais um casal de amigos em outro UTV de Fortaleza a Icapuí. Foram 500 km de trilha entre amigos e família. Muito divertido”, assegura.

[a] o empresário Laércio medeiros optou pelos quadriciclos 4x4 e, no fim de 2015, conheceu o uTV [B] com a segurança garantida, medeiros usa seu Polaris para passear com a família [c] o piloto Pedro Garcia usa um maverick 2016 para trilhas e passeios.

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M av E R ic k M a X T uR B O (4 L u g a R E S ) moTor Rotax 1000r PoTÊncia 131 hp Preço A partir de R$ 104 mil

COnFORtO E sEGUR AnÇ A Os UTVs têm os mesmos princípios de um

quadriciclo convencional, mas concepção similar a dos automóveis e fazem sucesso na América do Norte e na Europa. Também são popularmente conhecidos como side-by-sides, uma vez que os ocupantes viajam lado a lado. Confira os modelos e preços mais adquiridos.

moTor 1000cc PoTÊncia 115 hp Preço R$ 115 mil

P OL a R iS R ZR 9 0 0 S (2 L u g a R E S ) moTor 900cc PoTÊncia 75 hp Preço R$ 69 mil

P OL a R iS R ZR X P 10 0 0 T uR B O (2 L u g a R E S ) moTor 1000cc PoTÊncia 115 hp Preço R$ 93 mil

P OL a R iS R ZR X P 10 0 0 T uR B O (2 L u g a R E S ) moTor 1000cc PoTÊncia 145 hp Preço R$ 123 mil

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tecnologia

imersão sonora Ticiana de Castro fotos Eduardo Queiroz

texto

Sistemas de áudio e vídeo levam a emoção de shows, filmes e espetáculos para dentro de casa. Profissionais dão dicas para você saber quais itens optar na hora de montar espaço especializado e aliar projeto arquitetônico de estilo ao conforto e tecnologia de ponta

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quipamentos como A/V receivers, caixas acústicas, subwoofers, amplificadores, TVs e projetores, chegam ao mercado para evidenciar que não é mais obrigatório sair da comodidade e da segurança do lar para ser participante ativo de um show com megaestrutura de som ou sentir-se imerso em um filme ou espetáculo, por exemplo. A tecnologia é a ponte perfeita para nos levar além. A procura por inserir estes itens nas residências torna-se cada vez maior, em grande parte, por conta da praticidade. Por outro lado, segundo o arquiteto Carlos Otávio Oliveira, esse interesse atende, principalmente ao perfil de público consumidor com poder aquisitivo elevado que se mostra interessado em desenvolver, em casa, um espaço próprio, capaz de criar a satisfatória sensação de um palco sonoro, com alta fidelidade. “O lar representa a segurança. O prazer do espaço acolhedor que lhe espera todos os dias ao retornar do trabalho. Portanto investir no conforto passa a ser fundamental. E uma das formas é usar sistemas de áudio e vídeo, com opções mil no mercado”, avalia. Um dos projetos de sistema de home theater e áudio, desenvolvidos por Carlos Otávio, em parceria com a empresa Studio Vip, foi criado com o objetivo de ser apreciado tanto a partir do sofá quanto da mesa principal. “A distribuição de caixas foi pensada para a melhor acústica dessa sala. Os equipamentos de excelente qualidade foram dispostos da forma mais prática para o usuário. A dimensão da TV de LED de 70 polegadas preenche perfeitamente o espaço na proporção adequada”, explica o arquiteto. O primeiro passo a ser dado quando se decide entrar no mundo do sistema de áudio é definir o que realmente é importante diante da realidade estrutural da residência. É preciso saber o tamanho e as características da sala que receberá o receiver e as caixas acústicas. Em seguida, é necessário ter em mente quais são as expectativas quanto ao desempenho e conveniências oferecidos por cada

Projeto básico para apaixonados por som de qualidade, com os equipamentos A/V receiver, televisão e caixas de som de diferentes modelos, distribuídas de forma a privilegiar a melhor acústica da sala

d i á r i o d o n or d este . c om . br

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tecnologia

É importante ficar atento aos recursos que o sistema possui de compatibilidade com as novas tecnologias” Pedro Garcia, Músico e DJ

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um dos produtos nos quais se pretende investir. Todas essas questões podem ser compreendidas com o apoio de um especialista de A/V receiver.

Paixão por som de qualidade

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[A] DJ Pedro Garcia trabalha há 10 anos tocando em festas, casamentos e eventos corporativos. Nas horas vagas, dedica-se a jogar games e a assistir filmes, utilizando, para o hobby, o potente sistema de áudio e vídeo projetado em sua casa [B] Receiver Pioneer ELITE SC-81, cérebro e coração de um sistema de som [C] Caixa acústica Klipsch IV RC62 Black 150 Watt 8 ohm.

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É esse profissional que tem conhecimento e experiência para recomendar os melhores equipamentos para cada situação, além de toda parte de acessórios e acabamento. Segundo Lukas Voulassikis, diretor comercial da empresa Studio Vip, a partir do contato do cliente com um dos consultores, são solicitados os projetos de layout, elétrico, luminotécnico, levando-se em conta a vista dos móveis e as indicações do arquiteto contratado. “Para os leigos, um sistema de áudio mais simples não pode deixar de ter A/V receiver, Blu-Ray, caixas acústicas e televisor. O que vai variar de um sistema intermediário para um mais complexo são os recursos e a qualidade dos equipamentos. Um mais robusto proporcionará maior fidelidade, potência e interatividade para os usuários mais exigentes. Lembramos que, quando se trata de qualidade, o céu é o limite”, comenta o diretor comercial.



tecnologia

O DJ Pedro Garcia é popularmente conhecido por comandar as festas mais badaladas da cidade, tomadas por som de qualidade, gente bonita e descolada. Mas poucos sabem que ele, com 10 anos de carreira no mercado de festas de casamento e eventos corporativos, é, nas horas vagas, um apaixonado por filmes e games. Para usufruir em plenitude dos seus hobbies, investe em bom sistema de home theater e áudio (o ambiente projetado na residência do DJ recebe A/V receiver, caixas de som modelo 7.2, Apple TV e PS4). “O mais importante é dimensionar a potência do som ao tamanho do espaço que você irá instalar o equipamento. Superdimensionar pode acabar sendo desconfortável com excesso de graves ou agudos, por exemplo, e muito fraco pode acabar não passando a sensação de envolvimento nas cenas dos filmes ou jogos. Sobre os formatos, hoje a maioria dos equipamentos leem tudo. A dica que dou é ficar atento aos recursos que o sistema possui de compatibilidade com as novas tecnologias como Spotfy, AirPlay, Wi-Fi, aplicativos de automação etc. Formatos e tecnologias são fundamentais para o conforto, comodidade e diversão que um determinado aparelho pode proporcionar. Neste quesito, o mercado é justo. Quanto mais equiparado for o equipamento, mais caro ele será”, avalia. Para Garcia, um sistema de áudio mais arrojado necessita de recursos de equalização, potência, fidelidade, quantidade de entradas e saídas HDMI etc. “Equipamentos assim costumam custar bem mais caro e necessitam de um certo conhecimento técnico da parte do cliente, caso contrário seria como uma Ferrari estacionada na garagem de um colecionador, ou seja, só serveria de enfeite”, completa.

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A aparelhagem que permite ao usuário ter uma experiência sonora mais imersiva pode ser agregada à residência em harmonia com a decoração

Investir no conforto do lar passou a ser fundamental. Uma das formas de proporcionar esse bem-estar é apostar no uso de sistemas de áudio e vídeo dotados com tecnologia de ponta


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Q

u a nd o a rot ina to r n a- s e p desafios e s ad a e do d ia a os d ia cheg lar o eq vezes d a m a ab uilí brio obradas do que a, o s r ef ú ne c e s s á , d o t ra b d e tudo, g ios são rios. En alho e d veis e s c o m m c a ca sa. o a o is n é própr t rar lug e recon na, elas A lém io a h r e d a n at u e c s e t ra n s c e r a c p o e r m m a z p r a íe a t ividade z r nde r a p a t i l f h e filhos, m am a viv minis c ap a z rópria r e liber ta aridos e ência co e s de ealidad doras sã m pais, a m e , ig a p O o a s o at itud i xonante . fôlego d vida. A es que o elas ao s s si m é a mente e x igenam viver (o prát ica s onde o te verbo é ) as at iv a de e s p o ma r é o realidades n Pelo lit r tes naú cenário oral, o v áut icas t ic Recor re o s d , o é s exercíc e n d to if r ao lito o erente. é mais s pulmõ ios. ra l é u m renovar audacio es e reju - s e de s d a opção s o v , e Sol, entã infla ne s c e a e que o p a ra C e a rá , s vonta o, impr mundo então, a des. O ime na q é u m e f p s u or taleza ó ele po essoa a ndo. No proporc ssui. E intensid d a s pes ional à salgada a água.. soa s pa ad e far tura ! e nt r e d u . Be m , A r e fi c e n e à a l, b eleza da a n a s, c o q o á s g s q u a u b a e têm n e m: o q é s praias ueiros e for tes e o ma r u ue acalm .É ondas q b e m- s u m aliad é ág u a c a u n e ã c o e m o d é u l he r e s idas bu renovar om sal! ág u a co sc a m es m açúc as força paços p ar, s e enca a ra ra r a s r o Voos d t i n a s, m e liberd uitas ade “Sempr e f u i ap ai xonad s u a e ne a pelo m rgia. En ar e tod cont rei aa de s e m p nele a o re estar por tunid em con ad e Q u a nd o tato com c heg a o a á g u fi a. m de s e cor rend ma na, v o veleja o u r. O que m sensaçã e a t ra i é o m a ra v a ilhosa d q u a nd o e l iberdad estou co e m aque na m i n h la vista a frente l i nd a ...”, d iz A nastác a e x-Miss ia Duar C e a rá te sobre de k ites como “ urfe. “Q voa” u a nd o p fica em ulo, tud silêncio o e m ais calm revela. o”, A c ad M a s a s e e ng a salto A na s na s o na quem t áci a en xerga nd a s , d i z se sossego n t i r t ud calm e m su a o ma o e, n descriç is s en s a e s se m ã o . E ç ão d s o s a não é ment e l i be o, a a inter p r d ade prátic retação d ad a a do k que p el a ite ch a mode ega a lo, eleit o ápic aa e mais be la ceare nse e m 2 011,

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esporte

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iu i o que a at ra A diversão fo e. rt po es , do tem cinco anos mais ou menos umbuco, para o kite, há zer aulas no C fa a ou eç m aias quando co , as idas às pr De lá para cá . ia z ca au C da em ando ca ve ltos foram fic sa os e s do se en en cear os e envolv es, mais intens mais frequent solveram unir Deus os pais, que re Falando com m nenhuamigos e até ar o litoral ci re ap : a zero nós e se is o, ve ad dá lh ra pe ag es es ar Om ideal para duas at ividad põe o cenário m co , a. ia lh fi an a nt ma ve ta é aquela e acompanhar nsequentea onda perfei co , Su . no as ea it oc re o F Gabriella A relação com cia por esses ante cando e é bast te. E a preferên ifi is ns ex te o in nã se e i qu concentração mente, fo rça o lado -se ao nível de ve ácia, que refo st de s na to A r en po elem o pela dent iso út il, valorizada kitesurfe une esporte adotad o “O ra e. pa ad ia id ár iv o necess os, desde saudável da at orciona, com a de quat ro an op rc pr ce e qu há , ca se si e fí up ta cearen pela at ividad eceu o stand ar, que traz at icado no m o Havaí e conh pr u r to se si me r vi e po e qu l, qu P. “É lá agradáve alecer o plesmente SU exemplo, fort m r si po ou m o, , Te m le a. co dd pa terapi ergias benefícios Deus. Minha ut ralizar as en m ne co o o, ic nd la o óg fa m ol ostu sinto sistema imun igreja orar. C ra, além de r a musculatu e gosta de ir à xa qu la e re nt tureza me s, ge r na va po a ti nega ato com s. A inda nt ve co le e s ss ai E m . ar ar no m s deix screve. o”, enume- rezar acalmar e no e a mente”, de onze belíssim a br m al le a ue va aq a no re e náut ica foi cima, deix la modalidad pe e ss re te in O avaí tornara a modelo. poradas no H são quase m s” te oo as “v e qu os , ha ra o SUP taman Por tudo isso até o humor, ella evoluiu pa ri ou ab et G af e s le is de ua , falta ram-se an orando viciantes e a a base de yoga seis meses m tinha uma bo ou já ss u pa “E m da a a. ve m jo og ci Y r em nesse quando a ao se exercita u que enfrentou ce za re te is vo cil. tr fa fí e A di . o qu é mais tomar no exterior , sem dúvida pareceu ao re ua sa ág de a o, N nt a. ta e outros elhor pranch período, no en prancha, entr nsidera ser m da o co e nç la qu , ba te o ki do entos O vento, E as manobras uco os movim po s categorias. ai um m m de ta as ul e traeto qu fatores, dific os mais brio e concen e mais compl lejar com vent a mais equilí ve nd el ai ív do ss in po ig ex explica: “é ltar as ondas windsurfe, sa no e qu ção”, observa. em do possibiar os ic frac considerado a oard, e prat r eb te ak m w se o no m e qu Mes mais alto do ecimento dos s”. possuem onda mpetir, o conh o co nã de e ra qu de da os ia li ri lagos e A nastác o cr uciais pa cha e a vela, SUP Yoga sã an do pr s a to r en ta e rt on em el po ipa Para m alquer outro es os. Ela part ic uda dos amig ella. Como qu aj ri a ab vento e m G os r co de a te s r nt õe co brincar po às cond iç ta de ul ar ns es co ap a e, enturarnáut ico, de dois gr upos eis antes de av u boas distân ív re nd or ci rc es pe pr já os”, mar são im quanto no kite e faz braços “fininh cha. Afinal, en uma turma qu an ho pr en a e “T br o. so nd e o -s ntania como o rum cias veleja onde se segue rfistas têm a ve e su ad os id d al in od w e no cipalmente ens downwind (m o SUP – e prin , fazemos viag os m nt co Ju o, . it aí is ar qu Ic quilidade pré-re do vento), no O percurso à Yoga – a tran . ip do tr ia te al ki é de te es adas a Lagoa do quando que são cham to. i do Icaraí até fo a no rend imen z fi ud e aj e qu qu o é ”, ar m uilibrar-se e lo mais long pe a consegue eq ente 18 km el am m ad si m as xi ó S ro e o pranchão, Cauípe, ap quências sobr se as r ve ol o. desenv co, eira-Mar conta a model da Avenida B ando o Cumbu a nt ai ue pr eq na fr a os zi todos os como fa Hoje, após an de Parajuru – ra por lá que, E s za e. le nt ia be ic as in a rio, roveit quando era ra o consultó A nastácia ap a no litoral antes de ir pa é mais desert e o, qu nh a di nd ce li ta as a is di “uma prai almoço, a dent segue todo fim mo na hora do ” –, para onde es rá m ea C ou do te Les m de velejar. de semana a fi d i á r i o d o n or d este . c om . br

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esporte

se exercitava e as pessoas chegavam a parar a caminhada para observá-la. “Ainda não tinha aulas naquela época. Também nunca via ninguém fazendo o mesmo que eu. Hoje fico feliz de saber que tantas pessoas aderiram a esse esporte no Ceará”, destaca. E as jornadas, Mas já faz um tempo que no trabalho e em Gabriella trocou a capital cearense casa, não a impepor um cenário tão bonito quanto. dem de dar fôlego a Agora, ela se movimenta sobre o essa paixão. O misto pranchão nas praias e lagoas do Rio de bem-estar e desafio de Janeiro, onde mora atualmente. que a motiva continua a “Em qualquer lugar do mundo que tetransportar Denise para nha mar ou lagoa, basta ter a prancha. o mar, semanalmente, Acho que nunca vou parar. Enquanto de preferência. Foi assim tiver saúde, estarei lá”, assegura. mesmo depois de formar-se em Economia, tornar-se empresária, casar e ter os Paixão sem igual dois filhos. “Essa relação é inegável. É um contato “Eles ainda são pequenos que aguça todos os sentidos, o cheiro do (4 e 5 anos) mas já adoram. mar, o barulho das ondas, o sol no rosto, Quero que eles sigam na vela. o visual... É energizante. Você consegue Denise Gomes e a tripulação Acho um esporte completo e que sentir a imensidão de Deus em cada detalhe. preparam-se para competir estimula a disciplina, autoestima, Mesmo depois de horas nos sentimos renovapercorrendo o litoral tomada de decisões, além de ser dos”, testemunha Denise Gomes. A empresária, cearense. Já passaram divertido e trazer muitos outros sabe-se lá por qual obra do destino não se tornou pelo parque da Pedra benefícios para a criança”, diz. profissional de vela, mas tem a vida atrelada aos da Risca do Meio, Atualmente, a empresária busca esportes náuticos. praia de Moitas, uma parceira para disputar alguIncentivada pelo pai, que estudou no Colégio em Amontada e, mas etapas do brasileiro de Hobie Naval em Angra dos Reis (RJ) – “onde conheceu também, litoral Cat. No Praia 47, ela e a tripulação a vela e se apaixonou” –, Denise começou aos seis de Fortim preparam-se também para competir anos. Experimentou inúmeras categorias e tem uma percorrendo o litoral cearense. Já pasformação bem completa, que vai desde a classe Laser saram pelo parque da Pedra da Risca (para uma pessoa), passando pelo Hobie Cat (para duas, do Meio, a praia de Moitas (em Amona qual praticava com o pai) até grandes barcos a vela, tada, a 227 km da Capital) e Fortim (a como o Praia 47 Denise (batizado em sua homenagem) no 134 km de Fortaleza). qual veleja com o pai, o tio e mais três amigos, atualmente. “Temos uma costa propícia para a “Comecei em um barco para criança chamado Optimist. vela. Vento constante, boa temperatura, Parecia uma banheirinha com vela. Mas era do tamanho certo tudo sopra a favor. Com a chegada do kitepara eu comandar, carregar e brincar”, diz. Ela recorda que surfe e aumento das escolas de windsurfe o passou toda a infância e adolescência competindo em eventos interesse cresceu muito. O que é ótimo para nacionais. Assim, conheceu boa parte do litoral do Brasil. “Leváo esporte”, diz com toda a propriedade de vamos a sério e apesar de todas as dificuldades, esse esforço rendeu quem aprendeu desde criança. alguns títulos”, conta.

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Denise renova as energias toda vez que estå no mar, velejando. É quando o cheiro, o barulho das ondas e o sol no rosto a fazem se sentir em sintonia com a natureza

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turismo texto

Anchieta Dantas Jr.

LUXO e elegância eM TODOS OS seNTIDOS A valorização das pequenas experiências, do conhecimento e da personalização, em detrimento da ostentação, define o novo código do luxo na hotelaria mundial. SEGUINDO ESSA MÁXIMA, CONHEÇA OS DEZ MELHORES HOTéIS DO MUNDO ão que os lençóis de mil fios egípcios, as camas ultraconfortáveis e as banheiras de hidromassagem tenham sido deixados de lado. Ao contrário. Mas, todo esse conforto, aliado ao bom gosto, juntam-se aos pequenos detalhes, que certamente fazem diferença. A imersão na cultura local, a privacidade do hóspede e a sensação de que toda a estrutura do estabelecimento funciona apenas para servi-lo são quesitos, agora, muito valorizados por quem busca o que há de melhor fora de casa. Dos clássicos aos tecnológicos, passando por aqueles cercados de muita natureza, descubra quais são os dez melhores hotéis de luxo do planeta, segundo o Luxury World Hotel Awards, uma entidade renomada mundialmente por reconhecer os hotéis de alta classe a partir de parâmetros como o nível das instalações e a excelência do serviço prestado aos clientes.

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Serviços diferenciados e restaurantes sob o comando do chef Alain Ducasse, único do métier com três estrelas Michelin, fazem do Plaza Athénée um dos ícones do luxo na hotelaria

Plaza AthÉnÉe França Em 2015, o hotel parisiense venceu a premiação na categoria global. E com motivos. O edifício fica em uma das ruas mais caras e luxuosas de Paris, a Avenida Montaigne. Seus vizinhos são a Torre Eiffel, a Avenida des Champs-Élysées e lojas como Prada, Hermès, Valentino, Dior, Chanel e afins. Se já não fosse excelente por esse motivo, acomodar-se por lá tem ainda seus serviços diferenciados e restaurantes cujo comando é do renomado chef Alain Ducasse, único do métier com três estrelas Michelin - a premiação máxima. E se hospedar em um dos 146 quartos ou nas 45 suítes, perfumados com uma fragrância exclusiva de âmbar e decorados no melhor estilo Art Déco ou clássico, é um capítulo à parte. Para mimar o hóspede há menu de almofadas e travesseiros em cima da cama e a maioria dispõe de uma sala de conexão mobiliada com valiosos itens de antiquário. Nos quartos, há detalhes em ouro e banheiros inteiramente cobertos de mármore italiano. Desde 2008, a marca Dior foi escolhida para abrir um SPA no subsolo do hotel.

Diária a partir de US$ 1.500 (agosto de 2016) Reservas reservations.hpa@dorchestercollection.com Web plaza-athenee-paris.com

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W Retreat & Spa Seminyak Indonésia Localizado na região mais estilosa de Bali, entre restaurantes e bares badalados, o W Retreat & SPA, foi eleito como o resort de praia mais luxuoso do mundo, segundo o Luxury World Hotel Awards. Conta com 229 acomodações distribuídas entre vilas e suítes, oferecendo vistas espetaculares para o mar ou para um de seus bem-cuidados jardins tropicais. Espaçosas, as suítes possuem isolamento acústico, base para iPod, DVD player e TV de LED. Já as vilas diferenciam-se pela entrada e por suas piscinas privativas. Inspirada pelos campos de arroz de Bali e abrangendo mais de 1.790 m², merece destaque a piscina exterior, onde acontecem inúmeros eventos, sendo o local ideal para apreciar o pôr do sol. Durante a estada, o centro de fitness funciona 24 horas com sessões de ioga à beira-mar e tratamentos diferenciados no renomado spa. Tudo isso, arrematado por uma viagem gastronômica em três restaurantes exclusivos e cinco bares temáticos.

Diária a partir de US$ 628 (agosto de 2016) Reservas (62)(361) 3000 106 Web wretreatbali.com

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[A] Entrada e piscina privativas são os destaques das vilas [B] As suítes possuem vista para o mar ou jardins [C] Os chalés têm camas king-size [D] Salão de estar com biblioteca e espaço para reuniões. [E] Em 22 andares, todas as 541 suítes têm vista para o mar [F] O hotel ostenta sete restaurantes e o maior cassino do Vietnã.

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Rhulani Safari Lodge Áfr i c a d o S u l Situado em Madikwe, uma das maiores reservas da África do Sul, conhecida pela abundante vida selvagem, o hotel fica a três horas e meia de carro de Johanesburgo e Pretória e oferece um ambiente de luxo em plena paisagem natural do continente africano. Seu nome significa relaxar. Assim que você chegar a um dos nove chalés de luxo entenderá por quê. Cada um deles conta com deck privativo, incluindo piscina e espreguiçadeiras para observar os animais ou curtir as estrelas à noite. Todas as unidades têm sala de estar, ar-condicionado, camas king size ou de solteiro, banheiro privativo com banheira e duchas internas, ou ao ar-livre, e minibar. Soma-se a isso, piscina de uso comum instalada em um deck com vista para uma belíssima lagoa. Entre as comodidades estão ainda salão de estar, biblioteca, sala de jantar e espaço para reuniões. O hotel também mima seus hóspedes com massagens que podem ser recebidas no quarto ou no deck privativo. E para explorar mais a região, organiza safaris para observação de animais selvagens e aves.

Diária a partir de US$ 538 (agosto de 2016) Reservas reservations@rhulani.com Web rhulani.com

The Grand Ho Tram Strip

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V i et n ã Com uma área privada na Praia de Ho Tram, este é um destino de sonhos. Aberto em julho de 2013, trata-se de um luxuoso resort à beira-mar, ostentando o maior cassino do Vietnã, sete restaurantes, uma magnífica piscina exterior com boate integrada, SPA, fitness center e campo de golfe. Distribuídas em 22 andares, todas as 541 suítes, que vão de 89 m² a 345 m² de máximo conforto, têm vista para o mar e são equipadas com minibar, travesseiros de pena de ganso, ar-condicionado, TV a cabo, banheiro de mármore com banheira e ducha separadas, área de estar e serviço 24 horas. Outras conveniências do hotel são um centro de negócios com espaço para eventos de grande porte, transfer de helicóptero desde o aeroporto, serviço de babá, centro de entretenimento para crianças e aulas de ioga e Tai Chi Chuan na praia. Dentro de um projeto de expansão, um segundo edifício está sendo construído. Quando concluído, aumentará o número de quartos disponíveis para 1.100.

Diária a partir de US$ 500 (agosto de 2016) Reservas info@thegrandhotram.com Web thegrandhotram.com

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turismo

Banana Island Resort By Anantara Do h a Está localizado em uma ilha paradisíaca e exclusiva, a 25 minutos do centro da capital do Qatar, acessível por catamarã de luxo ou helicóptero. Um verdadeiro refúgio árabe, composto de 141 acomodações distribuídas entre suítes e vilas com piscina privativa. Espaçosas, elas vão de 55 m² a 340m² de área, equipadas com camas king size ou duas de solteiro, minibar, varanda com espreguiçadeiras, TV de LED e banheiro com produtos de higiene pessoal exclusivos da marca Anantara. A propriedade possui uma piscina convidativa em formato de lagoa, campo de golfe, quadra de tênis, clube infantil com jogos interativos, 800 metros de praia privativa, um requintado SPA, fitness center e um cinema. O resort chama a atenção ainda pelo quesito gastronômico, exibindo nove restaurantes. Em respeito à cultura local, não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas. Para comodidade dos hóspedes, são organizados passeios pelo deserto e pelos mercados de Doha.

Diária a partir de US$ 400 (agosto de 2016) Reservas doha@anantara.com Web doha.anantara.com

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[G] As suítes vão de 55 m² a 340m² de área [H] SPA e fitness center estão entre os confortos do hotel [I] Ao todo são 450 suítes elegantes e espaçosas [J] Com expressiva arquitetura exterior, o local é um convite ao luxo contemporâneo [L] O resort dispõe de quatro restaurantes com vistas espetaculares [M] São 288 acomodações equipadas com terraço privado e acesso ao mar.

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JW Marriott Hotel Hanói V i et n ã Da expressiva arquitetura exterior à excelência dos serviços prestados em seu interior, o hotel é um convite a experimentar o que se define como luxo contemporâneo. Localizado no novo distrito de negócios da capital vietnamita, ao lado do Centro Nacional de Convenções de West Hanói, este cinco estrelas é perfeito para convenções, disponibilizando dois grandes salões, foyers e 19 salas de reuniões, cobrindo 3.600 m² de área. Ao mesmo tempo, oferta três restaurantes, cujos cardápios exibem pratos da cozinha internacional e local. Oferece 450 suítes elegantes, dotadas de ar-condicionado, Wi-Fi, TV de LCD, minibar, área de estar, banheiro com ducha e banheira com efeitos de chuva e produtos de higiene pessoal grifados. Ainda entre as comodidades, possui piscina coberta, fitness center aberto dia e noite, concierge virtual, serviço de babá, creche, SPA com tratamentos completos e traslados para o aeroporto 24 horas.

Diária a partir de US$ 300 (agosto de 2016)

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Paradise Island Resort M a l d i va s Serviço de primeira classe, uma variedade de experiências gastronômicas e diversão em terra e no mar espalhados em um quilômetro de extensão por 230 metros de largura, cercado de praia por todos os lados com uma rica vida marinha ao redor. É o que você vai encontrar ao chegar a este luxuoso resort distante 20 minutos de lancha desde o Aeroporto Internacional de Malé, nas Maldivas. O resort dispõe de uma piscina exterior, quatro restaurantes (cozinha internacional, local e italiana), salão de beleza e um spa com 14 salas de tratamento. As 288 acomodações estão equipadas com ar-condicionado, terraço privado com vista e acesso direto para o mar, banheiras de hidromassagem ao ar-livre, TV por satélite, cofre e minibar. O serviço de quarto é 24 horas. Há também um centro fitness, sauna, quadras de tênis e equipamentos de mergulho à disposição. O resort tem ainda um balcão de turismo para personalizar a experiência do visitante.

Diária a partir de US$ 340 (agosto de 2016)

Reservas +84-4-3833 5588

Reservas +960 9666 005

Web marriott.com.br/hotels

Web paradiseislandmaldives.net

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turismo

Mirihi Island Resort M a l d i va s n

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Hotel V Villas Hua Hin MGallery By Sofitel Ta i l â n d i a Criado pelo escritório francês de design e arquitetura J + H Boiffils, este hotel foi inspirado na geometria dos campos de arroz tailandeses, combinada com edificações que evocam a sofisticação das vilas italianas, resultando em um resort contemporâneo, feito para agradar indivíduos bem viajados. Cada uma das 23 vilas, que podem ter de um a três quartos, possui jardim e piscina privativos, sistema de som ambiente, home theater, banheira com sistema de hidromassagem para duas pessoas, artigos de higiene pessoal da marca francesa Hermès e serviço de mordomo 24 horas.Seu restaurante, o Villazo, é reconhecido por sua culinária e serviço excepcional, sendo apontado ano a ano por diversas publicações especializadas como um dos melhores da Tailândia. Já o SPA oferece uma gama completa de tratamentos corporais e terapias seguindo a filosofia e tradição asiáticas, disponíveis na privacidade e conforto de cada vila.

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Embora seja um dos menores resorts nas Maldivas, o Mirihi Island surge como uma joia em meio ao mar azul e cristalino das Ilhas, rodeado por recifes de corais, praias de areia branca e fina e muitas palmeiras. Um cenário natural praticamente intocado, detentor de uma tranquilidade celestial, garantindo a privacidade de seus hóspedes. A máxima desse luxuoso hotel boutique é ser “tão original como você”, missão levada a sério pela equipe que, atenta, cuida de todos os desejos e pedidos pessoais dos visitantes. Ao todo, são 36 quartos, distribuídos em seis vilas de frente para a água, com Wi-Fi, piso de madeira polida e área de estar ao ar livre, minibar e banheiro equipado com artigos de higiene pessoal. Seu SPA oferece tratamentos de massagem relaxantes, enquanto a academia conta com equipamentos modernos. Além disso, esportes aquáticos, como windsurfe e passeios em veleiro estão disponíveis. Entre as opções gastronômicas, há três restaurantes com cozinha internacional e local.

Diária a partir de US$ 540 (agosto de 2016)

Diária a partir de US$ 650 (agosto de 2016)

Reservas info@vvillashuahin.com

Reservas info@mirihi.com

Web vvillashuahin.com

Web mirihi.com


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Buri Rasa Village Samui Ta i l â n d i a r

[N] As 23 vilas possuem jardim e piscina privativos [O] O projeto arquitetônico foi inspirado na geometria dos campos de arroz [P] Os quartos são distribuídos em seis vilas de frente para a água [Q] As acomodações possuem piso de madeira polida e minibar [R] O hall de entrada fica de frente para o mar [S] Piscina e jacuzis estão à disposição dos hóspedes [T] Design tradicional se mistura ao contemporâneo.

Erguido a Noroeste da ilha de Koh Samui, em frente à praia de Chaweng Beach, foi apontado, no ano passado, como o hotel de luxo com melhor ambiente cênico do mundo. Seus 32 quartos têm pátios ou varandas com vista para os jardins e misturam decoração tailandesa tradicional com instalações contemporâneas. Cada unidade dispõe de salas de estar separadas, minibar, máquina para café e chás, acesso à internet sem fio de alta velocidade e TV de LCD a cabo. Já os banheiros estão equipados com artigos exclusivos de higiene pessoal. Na área comum, piscina e jacuzis estão à disposição dos hóspedes, assim como um beach club com serviço de bar e restaurante à beira-mar. Neste espaço também é possível agendar jantares românticos sob as estrelas. Para relaxar, há um SPA com banhos e terapias à base de ervas tailandesas. Serviços como transporte para o aeroporto (a 15 minutos), e locação de carros também fazem parte do menu de facilidades para quem se hospeda no Buri Rasa.

Diária a partir de US$ 300 (agosto de 2016) Reservas info@burirasa.com Web burirasa.com/samui

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serviço

DECORAÇÃO Artfio Almofadas em crochê t.: 85 98695.7795 Carlos Zaranza - Designer de interiores t.: 85 99938.9639 zaranzzainteriores@hotmail.com zaranzza.blogspot.com Central de Artesanato do Ceará Av. Santos Dumont, 1589 A, Aldeota t.: 85 3101.1644 Galpão D Av. Padre Antônio Tomás, 770, Aldeota t.: 85 3208.2527 galpaod.com.br Ramiro Mendes - Designer de interiores t.: 85 99697.6663 / 3181.6170 ramiro@ramiromendes.com.br ramiromendes.com.br Ricardo Lins - Designer floral t.: 85 98580.7771 contatofortaleza@luxonatural.com.br Roberto Dias - Designer t.: 85 99988.5544 rdnacessorios@gmail.com MODA Almerinda Maria Rua Romeu Martins, 768 t.: 85 3498.5399 almerindamaria.com.br Gisela Franck Av. Dom Luís, 1040 - Loja 3 t.: 85 3046-1040 vendas@giselafranck.com.br Hotel Fazenda Magé Rua Pres.Vargas, São João Quixadá t.: 88 3412.0467 Ivanildo Nunes Av. Dom Luís, 300 t.: 85 98508.3735 Iury Costa Av. Desembargador Moreira, 615 t.: 85 3268.1539 iurycosta.com

Gil Braga Rua São Paulo, 32, sala 1215 Kallil Nepomuceno Rua Afonso Celso, 1121 t.: 85 3224.3477 kallilnepomuceno1@gmail.com Lindebergue Fernandes t.: 85 98779.0173 lindeberguefernandes1@gmail.com

VEÍCULOS Concessionária Terra Bela Av. Santos Dumont, 7855 t.: 85 3265.2000 www.quadriciclo.com.br Trilha Polaris Av. Engenheiro Santana Jr., 2690 t.: 85 3221.6221 www.trilhapolaris.com.br

Lino Villaventura Rua Vicente Leite, 1374 t.: 85 3244.2933 linovillaventura.com.br

eco n omia Domenico Av. Barão de Studart, 1334, Aldeota t.: 85 3261.2122 domenico.com.br

Mark Greiner Rua Eduardo Bezerra, 1169 t.: 85 99996.8723 markgreiner.com.br

Fátima Lima Rua Osvaldo Cruz, 2503, Dionísio Torres t.: 85 3261.5872 fatimalimaaltacostura.com.br

Roberto Dias t.: 85 3246.0852 / 99988.5544 rdnacessorios@gmail.com

Helios Alfaiataria Av. Washington Soares, 1400, Edson Queiroz t.: 85 3273.7032 heliosalfaiataria.com.br

Rio de Jas Rua Frederico Borges, 306 t.: 85 3099.5601 riodejas.com.br BELEZA Cláudia Rebouças Av. Bezerra de Menezes, 211B t.: 85 3099.0315 istudius.com.br Gláucia Tavares Models Av. Bezerra de Menezes, 211 B t.: 85 3099.0315 Jomara Cid Chapelaria Rua Dr. João de Deus, 200A, Fátima t.: 85 3212.0898 Lace Atelier Acessórios t.: 85 98899.7202 laceatelier.com.br Mulher Cheirosa Shopping RioMar Fortaleza t: 85 3037.2024

G A ST R oN O M I A Café Viriato Rua Osvaldo Cruz, 2828, Dionísio Torres t.: 85 3035.5503 Garrafeira 520 Rua Des. Lauro Nogueira, 1500, Papicu t.: 85 3265.1901 Moleskine Gastrobar Rua Professor Dias da Rocha, 578 Meireles t.: 85 3037.1700 moleskinegastrobar.com.br




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