E-BOOK
AMAR ELO MIKAHOLANDA
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SOBRE O AUTOR
M
eu nome Mikael Holanda, mais conhecido por aí como MIKA. Nasci em agosto de 1987 no Pará, mas sou cearense de corpo e alma. Jornalista por formação, encontrei na fotografia uma forma particular de perceber o mundo ao meu redor. Comecei minha carreira como designer gráfico, entrei para o fotojornalismo e hoje (em 2019, enquanto digito este texto) sou assessor de comunicação e imprensa da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos AQUASIS. Em 2014 fui destaque no Concurso Cultural Sua Foto, promovido pela Revista National Geographic Brasil e, em 2015, tive uma foto elogiada no Sony World Awards Photography. Muito chique! E por fim, e não menos importante, divido meu tempo e espaço com minha grande família, minha casa, minhas plantas, animais e sonhos. Caso você queira entrar com contato comigo para a produção de projetos experimentais ou qualquer outra coisa legal de se fazer, basta entrar em contato comigo. O resto é retórica... mikael.mhr@gmail.com +55 85 99667 9109 instagram.com/mikaholanda
SUMÁRIO
PARTE I
PREFÁCIO
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PRÓLOGO
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PERCURSOS / RELACÕES
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GRANDE CIRCULAR
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PARTE II O ARTIGO
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INTRODUÇÃO
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O ÔNIBUS COMO LUGAR ANTROPOLÓGICO
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A IMAGEM, A EXPRESSÃO E O CONTEÚDO
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METODOLOGIA
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ANÁLISE DISCURSIVA DAS IMAGENS
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IMAGEM 1
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IMAGEM 2
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IMAGEM 3
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IMAGEM 4
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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PREFÁCIO
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ntes de mais nada, gostaria de agradecer a todo o corpo acadêmico do Centro Universitário Estácio do Ceará - Via Corpvs, em especial aos meus professores, por contribuírem de forma enriquecedora em meu aprendizado e desenvolvimento no campo do jornalismo e da pesquisa. Este livro, nada mais é do que um compilado de conhecimentos apreendidos durante minha jornada no ensino superior que, paulatinamente, ganharam corpo e materializaram-se de forma significativa neste e-book. Uma das coisas mais desafiadoras na realização deste projeto não foi o fato dele ser uma obra original advinda de minhas inquietações pessoais, mas sim o fato de tratar-se de um empreendimento totalmente realizado por mim, desde a produção das imagens, dos textos, da direção de arte e diagramação. Não que um trabalho em grupo fosse desvirtuar a ideia ou mesmo tirar sua originalidade, mas por ser algo em que pude exteriorizar toda a potencialidade e conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. De cada um dos meus professores, por meses e anos, extraí pequenos e fundamentais fragmentos de saberes que me deram a capacidade de compreender as multiplas formas de comunicação. Desde palavras à pequenos signos que eu percebia em tudo que observava. Esses elos construídos no decorrer da faculdade estão hoje reunidos carinhosamente neste e-book. Agradeço especialmente a minha querida orientadora, Lígia Sales, que me guiou de forma brilhante pelas veredas da semiótica francesa, por mim, desconhecida até então, mas que hoje faz grande diferença no modo como enxergo os espaços, suas expressões e seus conteúdos. E sem mais enrolação, informo que a obra está divida em duas partes: A primeira trata-se do ensaio fotográfico e a segunda é o artigo científico que apresentei em minha graduação. Espero que gostem! Fortaleza Agosto de 2019
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PRÓLOGO
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ouco tempo antes de entrar na faculdade, eu já me questionava sobre toda essa correria que eu vivia na pele diariamente. Idas e vindas de um lugar para o outro. Horas a fio dentro de um coletivo sempre lotado, visto o fato de só fazer uso do transporte público em horários de pico. Das horas úteis que o dia tem, existe o horário comercial, que é aquele de 8h/dia, mas que muitas vezes tornam-se 10h/12h quando acontecem aquelas as eventuais horas extras. As horas que “sobram” são aquelas que usamos para viver. Mas, sem percebermos, essas poucas horas são reduzidas nos longos períodos que passamos nos deslocando de onde estamos para onde queremos chegar. Boa parte das vezes, somos engolidos pela precária malha viária da cidade. Um fluxo intermitente e nunca previsto. Somos vítimas das circunstâncias de nossas vidas enquanto usuários do transporte coletivo. O que parecia ser apenas um intervalo entre um momento e outro, começou a me intrigar. Então, com um novo smartphone que adquiri em meados de 2015 (até aquela data eu era um jovem atrasado, usando um celular daqueles básicos de teclinhas), comecei despretensiosamente a registrar pequenos acontecimentos dentro dos ônibus, durante as viagens que eu fazia de um lugar para outro. E como todo bom fotógrafo ávido por produzir e, acima de tudo, entender as peças do quebra-cabeça, me debrucei sobre meu singelo acervo de fotos a fim de encontrar o elo narrativo que ali se construia. Essa ligação trata inicialmente de mim, pode eventualmente passar por você e seguir adiante... E quem sou eu? Sou mais um organismo vivo. Uma peça nesse emaranhado de linhas que se cruzam no cotidiano urbano. Mais uma das pessoas que vêm e vão, completando ciclos e movimentando a roda social que não para de girar.
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PERCURSOS / RELAÇÕES
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uem são os personagens que compõem a grande teia elementar que se constrói, se destrói e se refaz dia após dia, nos milhares de quilômetros percorridos pelos ônibus de Fortaleza (quiçá, do mundo)? Quantas pessoas utilizam esse meio de locomoção? Quais os seus interesses? Muitas são as possibilidades que podemos enumerar na construção do pensamento aqui proposto. Temos pessoas cujo o único interesse é o de ir e vir, pessoas que fazem do transporte público, o seu ganha pão. E isso não tratando apenas dos profissionais da categoria mais evidente (motoristas e cobradores), mas dos ambulantes - em sua maioria, vendedores de balas e chicletes - e artistas, que se manifestam de forma muito plural, tais como atores, comediantes, músicos e por aí vai. Percebe-se aqueles que encontraram redenção de suas máculas e agradecem aos seus apoiadores, com serviços voluntários. É o massivo caso dos vendedores de canetas e outros brindes, em prol de arrecadar recursos para as instituições de combate às drogas e o resgate de dependentes químicos oriundos de outros estados e em situações de vulnerabilidade. Há, também, aqueles que movidos por uma paixão ardente, após saírem de cultos religiosos, que aproveitam o grande aglomerado de pessoas para despejarem tudo aquilo que transborda em seus corações. Para o bem ou para o mal dos ouvintes, que receptivos ou não, todos encontram-se naquele espaço e são submetidos a ouvir o falar do outro, mesmo que muitas das alegações inflamadas proferidas vá na contramão daquilo que o receptor acredita. E as histórias de amor, como esquecer delas? Em algumas das muitas prosas que pude tecer sobre este projeto, não faltaram relatos de casais que se conheceram dentro dos coletivos urbanos. Fosse pela rotina, um contato por afinidade, ou por um golpe de sorte, em virtude de algum acontecimento extraordinário que motivou um diálogo, progredindo posteriormente para uma troca de contatos, resultando em encontros certeiros de múltiplos interesses. Tantas são as histórias que não cabe a mim ficar divagando a respeito (não neste momento). Deixo isso para você confabular consigo sobre todas as coisas que já lhe ocorreram dentro de um ônibus. Das coisas que viveu, das que presenciou e das que apenas ouviu. Boa viagem...
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GRANDE CIRCULAR
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uando solidifiquei a ideia do AMAR(ELO), uma das inquietações que me acometeram foi a ideia de embarcar em um Grande Circular e dar boa volta em Fortaleza. Creio que a linha seja a mais emblemática de nossa malha viária, não somente pelo percurso generoso que ela compreende, mas por ser um amplo panorama das realidades sociais que Fortaleza comporta. Se existe uma relação entre pessoas dentro de um coletivo, em seu espaço-tempo particular, viajar de Grande Circular 1 ou 2, é criar uma ligação com a cidade em que vivemos. Das zonas mais humildes e desprovidas de interesse do poder público às mais afortunadas, dignas de viadutos duplex com leds e tudo mais. Cada uma das instâncias que eclodem aos olhos, vistos pelas janelas, revelam como a metrópole alencariana é, de fato, uma cidade de fortes contrastes. Realidades que pulsam a todo vapor encontrando, cada uma a sua maneira, um sentido de existir e de se manter forte. Pode ser em pedra e concreto, ou artistas que se manifestam na luta pelo pão de cada dia.
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UMA ANÁLISE NARRATIVA SOBRE A ANTROPOLOGIA DAS RELAÇÕES SOCIAIS SUBJETIVAS NOS TRANSPORTES COLETIVOS DE FORTALEZA, SOB A PERSPECTIVA DA SEMIÓTICA GREIMASIANA
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INTRODUÇÃO
A
produção deste artigo é derivada do projeto que foi realizado na disciplina de Produção de Projeto Jornalístico, no sétimo período do curso de Comunicação Social, do Centro Universitário Estácio do Ceará, quando foi proposta a realização de um ensaio foto-documental sobre as relações sociais que ocorrem dentro do transporte coletivo na cidade de Fortaleza.
profissionais da categoria (motoristas e cobradores), mas dos ambulantes – em sua maioria, vendedores de balas e canetas – e artistas, que se manifestam de forma muito plural, tais como atores, comediantes, músicos e outros mais, que fazem desse ambiente uma oportunidade de afastaremse da marginalidade e do declínio a uma vida ilícita.
Milhões de pessoas, diariamente, cruzam a cidade, de um lugar a outro, por meio do transporte público coletivo, na busca de cumprir suas missões cotidianas. Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no último censo, realizado em 2010, a população de Fortaleza, capital do Ceará, era de 2.452.158 habitantes, com estimativa de crescimento para 2.627.482, em 2017. Destes, uma média de 1,5 milhão de pessoas utilizam os coletivos urbanos diariamente, como mostra levantamento realizado pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza – Etufor, o que significa mais de 57% da população fortalezense. Ambiente ideal para atividades extra-fins, por diversos agentes sociais.
Conforme mencionado pelo etnólogo francês Marc Augé, em sua obra “Não Lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade”, pode-se entender esse tipo de ambiente – no caso específico, o ônibus – “como um espaço não personalizado e transitório, que tem com seus habitantes uma relação contratual através de símbolos” (AUGÉ, 2012). Atendo-se aos ditos símbolos envolvidos nesta trama, encontra-se, nos princípios da semiótica discursiva, os elementos teóricos para uma análise subjetiva das mensagens expressas em quatro fotografias propostas para observação neste trabalho. Um dos signos mais evidentes desse campo discursivo dá nome ao ensaio que culminou neste artigo, intitulado AMAR(ELO).
No ambiente social interno de um coletivo, podemos enumerar desde pessoas cujo o único interesse é o de ir e vir, como pessoas que fazem do transporte público o seu ganha pão, não se tratando, apenas, dos
Em meio ao trânsito e aos trajetos da comunidade usuária do equipamento social, evidenciam-se as diversas relações
Marc Augé (1935) é um etnólogo francês que, em seu livro, de 1995, cunhou o termo “não-lugar” para se referir a lugares transitórios que não possuem significado suficiente para serem definidos como “lugar”, por exemplo, um quarto de hotel, um aeroporto ou supermercado etc.
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mikaholanda | amarelo que perpassam os indivíduos dos diversos grupos sociais que se conectam pelas linhas amarelas de apoio que os mantêm seguros (e ligados) ao longo da viagem, seja ela breve ou demorada.
e mudanças dessas mesmas interpretações a partir do momento em que elas foram expressas. Para dar início à construção do pensamento proposto, procurou-se entender, inicialmente, como o espaço em que a discussão se constrói poderia ser classificado como um espaço antropológico, de materialidade cultural e não apenas tratar-se de um lugar de passagem, onde indivíduos de diversas culturas se cruzam, sem a criação de um vínculo entre si, por assim dizer.
Da compra e venda de produtos, apelos humanitários a instituições de caridade, ativistas religiosos e seus discursos. Esses discursos são interessantes às análises, uma vez que eles não são reféns da verbalização linguístico-textual, por tratarem-se de uma linguagem visual, em virtude da fotografia, abrindo espaço para diversas interpretações
O ÔNIBUS COMO LUGAR ANTROPOLÓGICO Em sua obra, Marc Augé (1995) faz definições sobre o que considera como conceito de lugar e não-lugar, fazendo especialmente uma crítica quanto à supermodernidade ser produtora de nãolugares, como consequência da globalização e da despersonalização dos ambientes.
conversões entre superfície, volume e distância, às vias aéreas, ferroviárias, rodoviárias e os domicílios móveis considerados “meios de transporte” (aviões, trens, ônibus) (...) que mobilizam o espaço extraterrestre para uma comunicação tão estranha que muitas vezes só põe o indivíduo em contato com uma outra imagem de si mesmo. (AUGÉ, 2012, p. 74-75)
Para Augé, lugares não são contrários a não lugares, mas o que os diferencia, em essência, é que, o segundo, não concretiza processos relacionais, identitários e históricos, ou seja, mesmo necessários para o caminhar da sociedade moderna, tratamse apenas de ambientes transitórios que não estabelecem com seus interlocutores, uma relação de afeto.
Não há como afirmar, por ocasião da questão do fractal do campo delimitado, se as práticas observadas, ao longo da pesquisa, são particularidades da capital cearense, entretanto o meio de transporte – o ônibus – pode ser um não-lugar por não estabelecer uma relação antropológica com seus usuários, tratando-se apenas de um lugar de passagem.
Os não lugares, contudo, são a medida da época; medida quantificável e que se poderia tomar somando, mediante algumas
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mikaholanda | amarelo ou um artista – aquelas pessoas assumem papéis de possíveis consumidores, ouvintes, espectadores. Formando, assim, um grupo de pessoas que se relaciona através de uma ação, um elo.
Os coletivos de Fortaleza parecem entrar em uma outra esfera de entendimento, particular, em virtude de transformar-se em um organismo super-mutável, fazendo-se e refazendo-se, não simplesmente com o sobe e desce de passageiros, variando com a multidão que se abarrota durante a hora do rush e se afrouxa nas horas sociais, mas que ganha personalidade a partir do momento em que o aglomerado de pessoas presentes se tornam um grupo unido de indivíduos, resultante da ação do protagonista social.
Essa ligação singular entre os personagens e o ambiente ao qual estão inseridos ganha força e expande-se na construção de diálogos. Invade-se, enfim, a esfera da subjetividade. Os conteúdos expressos nas fotografias, representam um fractal da multiplicidade de percepções que podem ser extraídas através das observações propostas.
Pessoas no interior de um ônibus não são consideradas um grupo comum, mesmo que elas estejam dirigindo-se, teoricamente, para a mesma direção (embora cada indivíduo desça em um lugar específico ao longo do trajeto), mas a partir do momento em que um indivíduo entra como protagonista de uma ação específica – um vendedor de balas, um pregador religioso,
Para que haja compreensão dessa análise subjetiva, faz-se necessário falar um pouco da fotografia e seu valor no campo discursivo e memorial, como também uma breve explanação dos conceitos de plano da expressão e plano do conteúdo, no campo da semiótica discursiva.
A IMAGEM, A EXPRESSÃO E O CONTEÚDO Conhecimentos, experiências, vivências e memórias são fatores indispensáveis à natureza interdiscursiva entre a imagem e o leitor. Nesse âmbito, compreende-se a inesgotabilidade de textos e interpretações que emanam a partir de suas leituras.
A imagem fotográfica é o que se pode chamar de texto de ordem visual (GREIMAS, 1973, p. 18) e, por tratar-se desse tipo de linguagem, possibilita a construção de múltiplas interpretações e, consequentemente, de sentidos variados. Sendo assim, as mensagens declaradas por ela consistem em revelar, por meio de sua expressão, um conteúdo.
De antemão, é pertinente entender, na imagem fotográfica, como seus aspectos constitutivos gerais produzem as mensagens que deseja transmitir, seus efeitos e significações. Estas questões dizem respeito à semiótica discursiva (ou greimasiana) que, embora advenha dos mesmos pressupostos
Não obstante, a relação que a fotografia cria com seus interlocutores está intimamente ligada ao repertório pessoal de cada um que entra em contato com ela. 25
mikaholanda | amarelo estruturais da semiologia de Saussure e Hjelmslev (LARA; MATTE, 2009, p. 20) – que se atém à esfera da significação linguística – caracteriza, como texto discursivo, tanto manifestações visuais, gestuais e verbais em seus processos de significação (GREIMAS, 1973, p. 18).
A narratividade é uma transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes. Isso significa que ocorre uma narrativa mínima, quando se tem um estado inicial, uma transformação e um estado final (...) a narratividade é um componente da teoria do discurso. (FIORIN, 2002, p. 21)
Inicialmente conhecida como Semântica Estrutural, a Semiótica Discursiva, também conhecida por Semiótica Greimasiana, devido ao seu fundador, Algirdas Julien Greimas, assim como a fotografia, ainda trata-se de uma ciência em processo de evolução em suas definições gerais, vista suas inúmeras formas e percepções quanto ao que se refere a classificação de texto discursivo. Interessa aos estudos da semiótica discursiva o sentido que se apreende a partir das linguagens observáveis.
Embora para os estudos discursivos, o plano do conteúdo seja, de fato, mais importante que o plano da expressão, pois é nele que nascem as narrativas, é indispensável que haja sempre um plano da expressão, pois a narratividade é uma transformação situada entre dois estados sucessivos e diferentes. Isso significa que ocorre uma narrativa mínima, quando se tem um estado inicial, uma transformação e um estado final (...) a narratividade é um componente da teoria do discurso. (FIORIN, 2002, p. 21)
Na Semiótica Greimasiana, para que haja um texto discursivo, é necessário que ocorra o pleno alinhamento entre plano do conteúdo e plano da expressão, que nada mais é do que um perfeito casamento entre o que se quer dizer com o como se quer dizer, ou seja, se existe a intenção de se transmitir uma determinada mensagem (o conteúdo) necessita-se da utilização de um meio (a expressão) para que a narratividade do texto discursivo se concretize.
Uma fotografia é um fragmento daquilo que seu produtor observou de um recorte da realidade em que estava presente, no momento em que a realizou. Ela traz consigo uma carga de signos e mensagens que representa uma memória e transmite, com isso, uma mensagem. Contudo, depois desse nascimento, a fotografia ganha vida própria, adquire sentido, identidade e personalidade.
Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. Entendia a linguística como um ramo da ciência mais geral dos signos, que ele propôs que fosse chamada de Semiologia. Louis Trolle Hjelmslev (1899-1965) foi um linguista dinamarquês cujas ideias formaram a base do Círculo Linguístico de Copenhague. Estudou Linguística comparativa e elaborou, dentro da corrente estruturalista, a teoria da Glossemática, que desenvolveu a teoria semiótica de Ferdinand de Saussure.
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mikaholanda | amarelo Com o passar do tempo, ao ser inserida em diferentes contextos de sua exposição original, pode provocar uma nova gama de sentimentos e mensagens que, talvez, sequer digam respeito ao propósito que a trouxe a existência. Essas significações transitórias que a imagem tem em relação ao meio ao qual está inserida, diz respeito à dinâmica do texto semiótico e o seu todo de sentido.
que um tecido não é um amontoado desorganizado de fios, o texto não é um amontoado de frases, nem uma grande frase. Tem ele uma estrutura, que garante que o sentido seja apreendido em sua globalidade, que o significado de cada uma de suas partes dependa do todo. (FIORIN, 2002, p. 165-166)
Doravante, compreendido como a fotografia trata-se de um texto discursivo, seu processo de construção dialógico com seus interlocutores e a necessidade do alinhamento entre o plano da expressão e o plano do conteúdo, segue-se às questões metodológicas aplicadas ao processo da pesquisa de campo, de como foram colhidas as amostras e quais os critérios utilizados para a escolha das imagens a serem analisadas.
conceito de que o texto é um objeto de significação implica considerá-lo um todo de sentido, dotado de uma organização específica, diferente da frase. Isso significa, portanto, dar relevo especial ao exame dos procedimentos e mecanismos que o estruturam, que o tecem como uma totalidade de sentido (...) Da mesma forma
METODOLOGIA intrassocial, método inaugurado pelo pesquisador polonês, Bronisław Kasper Malinowski, em seu livro “Os Argonautas do Pacífico Ocidental”, publicado em 1922 – obra que o fez ser considerado, por muitos, como o pai da antropologia moderna.
No que pese à pesquisa de campo, a principal característica do trabalho é a Observação Participativa, que acontece quando o pesquisador entra em imersão total no grupo que está sendo estudado e participa ativamente das atividades realizadas por ele.
A produção do projeto fotográfico que deu origem às imagens mais adiante, ocorreu durante o segundo semestre, do ano de 2017, em estimados cinco meses. Nesse período, foi coletado um acervo de
Esse conceito de atuação é proveniente da etnografia, que caracteriza-se pela apreensão de culturas, conhecimentos e saberes, frutos de uma observação
Algirdas Julien Greimas (1917-1992), foi um linguista lituano de origem russa que contribuiu para a teoria da semiótica e da narratologia. Encabeçou a pesquisa semiótico-linguística em Paris, estabelecendo as fundações da Escola de Semiótica de Paris, além de introduzir o conceito de quadrado semiótico, ao observar, por exemplo, o esquema bi-direcional das histórias.
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mikaholanda | amarelo aproximadamente 30 imagens, feitas a partir de um smartphone.
tivesse uma particularidade em suas atividades, eram interessantes eventos específicos, que estivessem fora da atividade fim do transporte coletivo.
O motivação em utilizar esta ferramenta – o dispositivo móvel –, estava muito além da praticidade e portabilidade, o fato de ela não comprometer o comportamento dos indivíduos que atuavam nos coletivos, posto que o aparelho faz parte do cotidiano de uma parcela significativa de cidadãos e não causou estranheza a eles, quando se percebiam sendo registrados.
Essa tendenciosidade faz com que a pesquisa caracterize-se pela forma intencional, de acordo com a relevância e a conveniência do material que era percebido. Com isso, mais uma vez, foram escolhidas, de forma específica e clara, as unidades de amostragem que se pretendem analisar, com a finalidade de criar uma discussão quanto às narrativas expressas em cada uma delas, a seguir.
Mesmo que a coleta das amostras estivessem à mercê do acaso, durante o período das viagens realizadas, foi adotado o método de amostragem não probabilística, pois, embora cada viagem
Argonautas do Pacífico Ocidental é o título do livro do antropólogo anglo-polonês Bronisław Malinowski (1884–1942) publicado em 1922, com prefácio de James Frazer (1854–1941), considerado a primeira etnografia e precursor do uso etnográfico da fotografia. É o relato do trabalho de campo do autor, entre 1914 e 1918 nas Ilhas Trobriand, inaugurando um novo método de trabalho de campo: a etnografia.
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ANÁLISE DISCURSIVA DAS IMAGENS Dá-se início às análises propostas neste artigo, com uma das mais expressivas imagens do projeto idealizado. Talvez esta, sendo uma das mais específicas quanto ao tema do AMAR(ELO).
Figura 1
Nela, encontra-se, dentro do plano da expressão, muitos elementos que caracterizam o espaço de observação da pesquisa. Pode-se iniciar pela própria cor amarela presente nas barras de segurança que dividem os espaços entre os usuários que efetuaram o pagamento e os que ainda irão efetuar. Barras que servem, também, para garantir o apoio dos internos durante o deslocamento do coletivo em seu trajeto.
cadeiras de plástico encontram-se junto às janelas de vidro, criando um corredor por onde as pessoas podem passar. Botões e cordas para sinalizar a intenção de descer na próxima parada, além da alavanca vermelha que, aliada ao adesivo no teto, marcam as saídas de emergência, em caso de algum acidente. O cinza e o preto entram como cores complementares que, em contraste com o amarelo, neutralizam a vibração da cor
Placas de metal compõem o ambiente e 29
mikaholanda | amarelo predominante, por um acaso do destino, dão o tom das camisas tanto do passageiro que acabou de atravessar a roleta, quanto do cobrador de ônibus, quase imperceptível, por conta da barreira de metal e vidro que o protege, do outro lado.
A diferença desse ônibus para um navio negreiro, guardada as devidas proporções, é que os usuários dos ônibus acreditam estar livres e fazendo uso do seu ir e vir (embora presos a essa condição e rotina) e, não obstante, pagando por isso. Pagamento feito a um membro da empresa privada, que, mesmo estando em uma posição de privilégio em relação às demais pessoas, trata-se apenas de mais um indivíduo da massa que atravessa o desgaste cotidiano da labuta diária.
Vistos todos os elementos expressos na imagem, entra-se, agora, na esfera do plano do conteúdo, em que a subjetividade ganha espaço para a interpretação dos elementos que convergem para a análise narrativa deste não lugar. Barras de ferro, por si só, já carregam referências de enclausuramento. Embora a imagem exponha um ambiente espaçoso e pouco conturbado, é sabido que, em grande parte do tempo, cada centímetro ali dentro é disputado por seus usuários.
Ambos, cobrador e cobrado, identificam-se com as mesmas cores em suas vestes. O que os coloca, no plano do conteúdo, em uma mesma condição de vida, de dificuldades enfrentadas e de dores partilhadas. Capataz e escravo não só compartilham da mesma raiz étnica da grande miscigenação que compõem o sangue desta nação, como usam as armas que têm para conseguirem o mesmo objetivo: o de sobreviver.
Toda a capa de metal, presente na composição, traz características que reforçam a pejoratividade das barras. Duras e frias, elas concretizam a ideia de que as pessoas ali presentes estão confinadas em uma realidade de pouca liberdade, comodidade e conforto (vide os bancos que não possuem estofados).
Ademais, a fotografia aqui expressa vai de encontro com um velho ditado popular, referido àqueles que possuem sua liberdade cerceada, em virtude de uma condição específica: “ver o Sol nascer quadrado”. Janelas quadradas e grades que seguram suas vidraças dão aos presentes uma visão do exterior, por onde ficam apenas a observar a realidade de muitos que desfrutam da oportunidade de não estarem na mesma condição.
Janelas abertas confirmam a falta de climatização adequada para uma cidade como Fortaleza, que é quente e cada vez mais precisa de refrigeração para assegurar o bem-estar dos passageiros. É como se tudo que estivesse presente ali, tratasse apenas da manutenção da condição básica de uso. Como uma espécie de carro de boi. Uma grande caixa de metal, cheia de grades, ferros e acomodações minimamente necessárias para amparar seus hóspedes.
Talvez, as alavancas vermelhas de escape emergencial “clamem” diariamente por serem acionadas, não por uma catástrofe, mas pelo desejo de quebrar as barreiras da rotina e encontrar uma nova realidade.
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Figura 2
fugir do desemprego. Na breve introdução que muitos desses jovens fazem, percebese sempre a máxima de que eles estão ali fugindo do mundo das drogas e do crime. O aviso (Pular catraca é CRIME) que se encontra no canto superior direito da imagem nos faz refletir sobre essas questões.
Nesta imagem, pode-se perceber elementos da construção do espaço que se repetem, em relação à figura 1. Cores, formas, disposição de pessoas, adesivos indicativos quanto às práticas legais que devem ser seguidas ao se utilizar o coletivo. Todos eles presentes no plano da expressão. O que difere esta imagem da anterior, além da maior proximidade da roleta, dandonos o melhor ponto de observação da parte frontal do veículo, em detrimento do espaço existente antes da roleta, é a presença do jovem, de camisa verde, que se encontra quase ao centro da fotografia, e ele é o protagonista social que aquece o plano do conteúdo nesta observação.
Ainda no canto superior direito, próximo ao aviso, vê-se, do lado de fora, pichações nas paredes. Um elemento muito comum nas periferias, onde vandalismo e criminalidade andam quase que lado a lado. Mais um paralelo a ser posto junto ao jovem que, em uma relação bilateral com os demais passageiros, consegue apreender a atenção da mulher que está bem a sua frente e o desprezo do rapaz ao fundo, que o ignora olhando para fora do ônibus e,
Vê-se um jovem que encontrou na venda de balas, nos coletivos, uma alternativa de 31
mikaholanda | amarelo ironicamente, tem a palavra PENA, escrita em sua camisa. Pode tratar-se de uma marca, uma estampa, mas pode significar o estado de espírito do rapaz que a veste, em relação ao outro, que se encontra na condição de buscar seu sustento de maneira informal.
Figura 3
conhecidos por quem cruza seus caminhos nos coletivos. Diferente do jovem na figura 2, que encontrou na venda de balas uma alternativa para fugir da criminalidade, estes dois, estão buscando sair dela.
Expresso, na imagem acima, dois jovens, utilizando camisetas azuis da Comunidade Cristã Bom Samaritano. Ambos utilizam suas mochilas voltadas para frente e agarramse às barras. O cenário, ao redor, é o que já se discutiu nos parágrafos anteriores, quanto ao plano da expressão e ao plano do conteúdo.
A comunidade cristã, representada nas camisas, trata-se de uma ONG que cuida de jovens em tratamento contra dependência química, oriundos de outros estados do país. Estes jovens contribuem para o funcionamento da entidade, trabalhando na venda de canetas (em sua maioria) e outros acessórios de uso básico das pessoas
No plano do conteúdo há algumas particularidades desta imagem importantes e devem ser salientadas. Embora nela não se possa saber quem são os dois jovens, seus contextos sociais são bem 32
mikaholanda | amarelo (fones de ouvido, blocos de anotações etc.). Essa imagem diz muito mais. Mesmo estando trajados da mesma forma e partilhando da mesma causa, representando a mesma entidade, vemos dois indivíduos desconectados. Cada um olha para o lado contrário do outro. Fitando a realidade que passa pela janela. Talvez os jovens sequer se conheçam. Não tenham afinidade, mas estejam ali por um acaso do destino, na escala de cada um.
exterior da grande caixa de metal que o aprisiona a uma realidade obscura e cheia de sombras. O segundo jovem, embora, implicitamente, se perceba que seu braço está a segurar a barra logo acima de sua cabeça, não revela realmente, que é nela que ele está se agarrando. Uma mão ao ar, pedindo, clamando, ou simplesmente, agarrando-se no divino. Divagação não muito distante do companheiro que contempla a luz vinda de fora. O desejo de ambos é o elo singular entre eles. Ir para fora. Liberdade.
O que encontra-se de frente para a câmera, olha para um janela iluminada, adornada pela já supracitada alavanca de escape. A luz que emana da janela é proveniente do
Figura 4
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mikaholanda | amarelo Percebe-se, claramente, no texto visual, uma senhora sendo erguida à parte interna do coletivo, provavelmente, pelo condutor do veículo. Enquanto o ato ocorre, é perceptível que os demais passageiros presentes na imagem (com exceção da criança, que parece estar no colo da cadeirante) observam a atividade com atenção – vide que todos eles são obrigados a inclinaremse bastante para trás, para observar o acontecimento. Talvez por uma certa preocupação quanto à condição específica da passageira, ou por estarem diante de um evento não muito comum, na normalidade cotidiana.
que a comunidade vai evoluindo enquanto agrupamento social e certas políticas públicas chegam à população, trazendo um gozo – ainda que básico – às parcelas menos favorecidas da cidade, oportunizando usufruir de algo que também os pertence. Esse acesso a bens e serviços de qualidade tem sido uma busca recorrente nas gestões de cidades do mundo inteiro. Grandes centros urbanos europeus se vangloriam pela qualidade de seu transporte público, visto que este é usado até mesmo pelos gestores das cidades, dada a qualidade e excelência no serviço prestado. A gestão municipal de Fortaleza tem se prontificado na melhoria da qualidade do transporte coletivo. Nem é preciso fazer uma pesquisa aprofundada, em fontes oficiais. Basta dar uma volta pela cidade e perceber os ônibus com refrigeração e Wi-Fi, sem falar do Bilhete Único que, integrado aos sistemas de terminais, diminuem o custo financeiro para o usuário.
Nos tempos de hoje, o que mais se discute, em diversas esferas de debate social, é a questão da igualdade, independente do nível em que o debate se encontre. E quando vamos encontrar essa igualdade? Será mesmo que ela existe, ou é apenas um cenário utópico de nossas vãs filosofias a respeito de uma atmosfera justa para o que, outrora, nos fora negado?
O Brasil está longe de chegar a níveis qualitativos tão expressivos quanto os países europeus, mas uma coisa não se pode negar aos usuários: no estilo bem brasileiro de se fazer o transporte público – em especial, de Fortaleza – é justo e igualitário com todos os cidadãos que o utilizam.
Uma luz invade o interior do veículo, criando um flaire que incide sobre a protagonista da figura 4. Se olhado por uma ótica um pouco mais religiosa, talvez seja possível ver um certo olhar divino sobre os mais necessitados. Um fator transcendental para equilibrar a balança pela busca de igualdade plena sobre todos.
Uma vez dentro do coletivo, não deveria haver distinção de gênero, cor ou qualquer coisa que faça distinção de pessoas. É como se todos esquecessem, por um breve momento, as diferenças que separam e
A verdade é que, a tão sonhada igualdade tem se construído de maneira sedimentar, ganhando forma à medida
Bilhete Único foi uma das principais promessas de campanha do prefeito Roberto Cláudio (PDT), que consiste em um cartão de integração, onde o usuário de ônibus pode utilizar o transporte por até duas horas, usando a mesma passagem.
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mikaholanda | amarelo segregam diversas minorias sociais e todos se percebem ali, como simples usuários. Não há preferencialismo em virtude de diplomas ou classes sociais. Supostamente, quem chega primeiro, ocupa o lugar que bem quiser e o cede ao seu bel prazer, assim como pode se solidarizar com o fardo do outro e ajudar carregando suas coisas, em seu colo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se, mediante todas as observações feitas ao longo do artigo, que as isotopias reveladas nas análises das figuras propostas ilustram ínfimas interpretações da pluralidade de eventos manifestos em um espaço antropológico urbano tão marginal aos olhos da sociedade que mal pode ser considerado um “lugar”, de fato. E que essas interpretações estão intrinsecamente ligadas à bagagem de vida que cada indivíduo carrega dentro de si, em função de experiência pessoal e arcabouço cultural, não sendo possível o fechamento de uma ideia concreta e definitiva sobre o tema. Tanto os interlocutores, quanto a fotografia, a semiótica e a própria sociedade, compartilham de um certo elo quanto a busca por uma significação constante e crescente. Essa ligação – quiçá, afetiva – que eles têm entre si, tem muito a ver com as variáveis conexões que coexistem no interior dos coletivos e seus habitantes. É o recomeço da construção de um novo AMAR(ELO).
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MIKAHOLANDA Fortaleza/CE - 2019