LOCUS Ambiente da inovação brasileira
Ano XVIII | no 72 Agosto 2013
É TEMPO DE ACELERAR Com foco na aproximação entre startups e investidores privados, aceleradoras de empresas têm colaborado com o fortalecimento de empreendimentos inovadores no Brasil. Saiba de que forma essas instituições compartilham com incubadoras de empresas e parques tecnológicos a missão de elevar o nível de inovação no país
Conheça os BICs, ambientes de inovação que são sucesso na Europa
Os segredos, oportunidades e desafios do crowdlearnig
Eduardo Cruz, emprendedor da Axis-Biotec, revela os caminhos da inovação em biotecnologia 1
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LOCUS
Shutterstock
ÍNDICE
Ambiente da inovação brasileira Ano XVIII ∙ Agosto 2013 ∙ no 72 ∙ ISSN 1980-3842
A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Josealdo Tonholo (presidente) Jorge Audy Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação e edição Débora Horn Reportagem Alexandre Lenzi, Bruna de Paula, Carolina Franco, Daniel Cardoso, Débora Horn, Fabrício Rodrigues, Francisca Nery e Talita Marçal Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP
Caminho livre para crescer: aceleradoras ajudam startups a alavancar negócios
Direção e edição de arte Bruna de Paula
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Revisão Sérgio Ribeiro Foto da capa Shutterstock
Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy
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ENTREVISTA
EM MOVIMENTO
O presidente do Grupo Axis Biotec, Eduardo Cruz relembra a trajetória da holding e traça um panorama do setor de biotecnologia no Brasil e no mundo
Os preparativos para o Seminário Nacional, notícias do movimento e o edital de parques, entre outras novidades
Diretoria Gisa Bassalo, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Impressão Athalaia Gráfica e Editora
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OPORTUNIDADE Uma nova modalidade de ensino e aprendizado promete conectar pessoas com interesses em comum, em aulas rápidas e de baixo custo. Fique por dentro do crowdlearning, uma ideia de ensino colaborativo que vem ganhando espaço no mercado.
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INVESTIMENTO Entenda por que fundos de investimento estrangeiros têm escolhido o Brasil como sede e como as MPEs nacionais podem aproveitar o bom momento.
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SUCESSO Conheça a história da BioClone, que há cinco anos iniciou o processo de incubação na Intece, aprendeu as lições da transferência de tecnologia de clonagem e hoje produz cinco milhões de mudas ao ano.
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OPINIÃO Mauricio Guedes discute as mobilizações que tomaram conta do país e chama a atenção para a importância da inovação no fortalecimento da democracia
Tiragem 2.000 exemplares
Produção
Apoio
Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555
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CARTA AO LEITOR
N
ão à toa, nos acostumamos no Brasil a chamar o em-
26 ESPECIAL A exemplo de outros países, o Brasil experimenta o boom das aceleradoras de empresas. O cenário é favorável às startups e conceitos como alta escalabilidade, retorno rápido e alcance de metas devem entrar cada vez com mais força no vocabulário dos empreendedores
preendedorismo inovador de movimento. A gênese da palavra indica: o ato de mover-se. Entre outros tantos sentidos, literais ou não, que assumimos ao longo de
três décadas de atuação, esse é o que agora soa mais coerente. Continuamos nos movendo, rumo a um país mais inovador, mais competitivo, menos desigual. E todos aqueles que compartilham desses objetivos são bem-vindos, pois não apenas fortalecem o movimento, como também o revigoram. É assim que percebemos as aceleradoras de empresas, agentes que inexistiam em nosso país até poucos anos atrás e agora se unem a incubadoras e parques tecnológicos no intuito de gerar empreendimentos inovadores, sustentáveis. A primeira aceleradora chegou ao Brasil em 2008. Hoje são mais de 30 em diferentes regiões do país, oferecendo estrutura física, mentoria e, principalmente, a aproximação com investidores privados. Fatores funda-
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EDUCAÇÃO
Como vai funcionar o programa Pronatec Empreendedor, que deve levar a disciplina de empreendedorismo para 1,5 milhão de estudantes do Ensino Técnico até 2014
mentais à alavancagem dos negócios. A reportagem de capa desta edição revela o modo de atuação dessas novas instituições: quais seus principais interesses, de que forma atuam, como se relacionam com os empreendedores. Aos poucos, uma preocupação antiga, de que as aceleradoras poderiam assumir o papel das incubadoras de empresas, vai ficando para trás. Embora compartilhem de objetivos macro, relacionados ao apoio a novos empreendimentos, cada uma guarda suas especificidades, que vão desde o público-alvo até os nichos de negócios que as interessam. Não há mais dúvida, porém, de que a chegada das aceleradoras marcou um novo momento de empreender e inovar no Brasil. Estamos nos movendo, novamente. E os indícios do avanço desse movimento recheiam esta edição.
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Na seção Internacional, apresentamos o conceito de BIC – Business Inovation Centre, modelo de ambiente de inovação visitado na última Missão Internacional promovida pela Anprotec. Mais que hospedar empresas, os BICs europeus chamam a atenção pelos serviços dedicados ao desenvolvimento de planos de negócios para ideias
INTERNACIONAL
inovadoras. Os destaques são a criação de spin-offs industriais e o
Conheça os modelos de gestão de ambientes inovadores de Bélgica, Holanda, Inglaterra e Irlanda, visitados durante a Missão Internacional Anprotec 2013
suporte de coaching disponibilizado para empresas que estão crescendo rapidamente. Práticas importantes de se observar, algumas passíveis de replicação por aqui. Ao longo das próximas páginas você também poderá ler sobre fundos de investimento, a tendência do crowdlearning, mudanças no Ensino Técnico e as lições transmitidas por gente que empreende e inova. Boa leitura! 5
O médico, farmacêutico, pesquisador e empreendedor Eduardo Cruz fundou e preside o Grupo Axis Biotec, holding brasileira dedicada à seleção de projetos e à gestão da inovação na área de saúde e ciências da vida. Há cerca de 25 anos no mercado, o grupo se dedica ao apoio e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, muitos deles líderes de mercado. Nesta entrevista, Cruz fala sobre a trajetória de suas empresas. Uma delas, a Cryopraxis, nasceu na incubadora do Polo de Biotecnologia do Rio de Janeiro (BIO- RIO), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e tornou-se o primeiro e maior banco de células-tronco do Brasil. Hoje o grupo tem sede no mesmo polo, fatura cerca de R$ 70 milhões ao ano e gera 200 empregos diretos.
P O R TA L I TA M A R Ç A L 6
Divulgação
Inovacão ç para a saúde
ENTREVISTA > Eduardo Cruz
A primeira empresa do Axis Biotec foi a far-
ganhadora de diversos prêmios de inovação.
Hoje o grupo tem sede em um polo tecnológico. Qual a importância de integrar um ambiente de inovação?
cesso. O grupo é formado ainda pela CellPraxis,
do Rio de Janeiro serviria como base para que
macêutica Silvestre Labs, criada em 1989, e Em 2001, nasceu a Cryopraxis, outro grande su-
pioneira em medicina regenerativa e terapia celular, e pela PharmaPraxis, voltada aos biofár-
macos. Com base na experiência empreende-
dora, Cruz defende que a biotecnologia é para
empresas menores, capazes de se adaptar a um ramo caracterizado pela mudança contínua.
Nós entendemos que o polo de tecnologia pudéssemos desenvolver aquilo que considerávamos a nossa missão: transformar pesquisas em produtos inovadores. Dentro da universidade, podemos manter contato com mestres e identificar talentos mais rapidamente. Inovação tem CEP, acontece em determinados locais, sob determinadas condições. Empresas
LOCUS > O Grupo Axis Biotec é, atualmente, um dos casos de maior sucesso entre as empresas que passaram por incubadoras no Brasil. Como foi o início dessa trajetória?
inovadoras formam clusters, pois dependem
Eduardo Cruz > O primeiro produto de uma
todo só nascem e se consolidam se, ao redor
das empresas do grupo, a Silvestre Labs, foi
deles, houver um ambiente universitário vivo,
desenvolvido para o tratamento de pacientes
ativo, pulsante, com escolas de gestão igual-
com queimaduras muito graves. Em meados da
mente pulsantes. Um local onde jovens cientis-
década de 80 eu cursava Medicina e, naquela
tas e empreendedores gostem de viver. O Polo
época, o Hospital do Andaraí era uma das refe-
Bio-Rio nasceu com essa função.
de um conjunto de fatores que facilitem ou que aumentem a eficiência dos projetos para a inovação. Os parques tecnológicos no mundo
rências nacionais no tratamento de queimados. Já havia feito Farmácia Bioquímica na UFRJ e gostava de síntese orgânica, que é quando se fa-
Quando o Dermazine foi produzido, em 1989, quais eram os principais desafios de inovar?
brica moléculas em laboratório, e percebi que,
Eram os recursos. As agências de fomen-
no tratamento de queimados, era usado um
to naquela época não financiavam empresas
produto importado cuja substância ativa não
privadas, que não tinham a mesma relevân-
era produzida no Brasil. Me dei conta de que
cia dos laboratórios de pesquisa públicos. A
ali, talvez, pudéssemos fazer algo. E consegui-
situação era diferente do que acontecia na
mos desenvolver a síntese de uma substância
Europa, no Japão, na China e na Índia, onde
ativa chamada sulfadiazina de prata, que aca-
os governos já investiam em projetos de em-
bou se tornando referência no Brasil para o tra-
presas privadas. No nosso caso, tínhamos um
tamento de queimaduras graves. Dessa síntese
bom projeto, montamos uma boa estrutura,
nasceu um produto farmacêutico, o Dermazine,
colocamos as pessoas certas nos locais cer-
em 1989. Fabricávamos o creme tópico em lo-
tos, porque naquele momento tínhamos uma
tes de cinco quilos – hoje, cada lote é de aproxi-
única bala no nosso revólver e tínhamos que
madamente uma tonelada. Mas tínhamos feito
acertar o alvo.
um produto que nasceu da síntese de uma substância ativa ou, conforme o jargão da indústria, de Ingredientes Farmacologicamente Ativos,
O sucesso inicial com o Dermazine incentivou a empresa a continuar na trilha da inovação?
os IFAs. São eles que têm alto valor intelectual,
Sem dúvida. A entrada do Dermazine nos
tecnológico, financeiro e estratégico no setor
centros de queimados representou uma dimi-
farmacêutico. O Brasil, infelizmente, mesmo
nuição de 50% dos índices de mortalidade nos
com toda a política de genéricos, não produz
pacientes. Se 10 pacientes com queimaduras
praticamente nada em termos de IFAs.
graves iriam morrer, o Dermazine reduziu 7
ENTREVISTA > Eduardo Cruz
isso para cinco. Então fomos estudar por que aqueles cinco pacientes morriam, e lançamos o Dermacerium, que foi desenvolvido a partir
O senhor considera que é mais fácil inovar agora ou no início dos anos 1990, quando as empresas do grupo começaram a operar?
de uma pesquisa patrocinada pelo lucro do
Para nós, agora. Aprendemos muito ao lon-
primeiro IFA. Fizemos parte de um grupo in-
go destes 20 anos. Hoje, temos ferramentas de
ternacional, com Brasil, Canadá, Estados Uni-
seleção de projeto muito mais eficientes. Digo
dos e Suíça, que desenvolveu o produto. Hoje,
que a biotecnologia é um alvo móvel, não é
a chance de sobrevivência de um paciente com
para burocratas. Tem que estar constantemen-
queimadura grave chega a mais de 80%, se
te atento, com as antenas ligadas para detectar
usar o Dermacerium logo no início.
para onde o alvo está se movendo e ter flexibilidade. Os projetos em biotecnologia têm que
“PARA SOBREVIVER NA BIOTECNOLOGIA TEM QUE SER ÁGIL, MOLDÁVEL, ASSOCIATIVO. A PEQUENA EMPRESA FAZ ISSO, A GRANDE NÃO ELA É LENTA E PAQUIDÉRMICA”
ser capazes de caminhar para um lado diferente daquilo que foi planejado lá atrás.
Como defensor do open innovation, o grupo Axis Biotec mantém diversas parcerias com universidades e centros de pesquisas no país. Quais são elas? Nossas parcerias locais são todas com cen-
A Cryopraxis foi fundada como uma spin-off da Silvestre Labs e tornou-se o maior banco biológico de armazenamento de sangue umbilical do Brasil e da América Latina. Em que momento foi identificada essa oportunidade de mercado?
tros de pesquisa, com instituições de ciência e tecnologia, como USP [Universidade de São Paulo], Escola Paulista de Medicina [da Universidade Federal de São Paulo], Unicamp, [Universidade Estadual de Campinas], UFRJ, Bio-Manguinhos [ligada à Fiocruz], Instituto Vital
Começamos a estudar as células-tronco
Brazil. Estamos desenvolvendo uma platafor-
voltadas para o processo de regeneração em
ma de obtenção de produtos biológicos e não
1998. No ano 2000 entendemos que para
temos a intenção de construir uma imensa fá-
trabalharmos com as células-tronco tínhamos
brica com grandes reatores quando, por exem-
que aprender onde as encontraríamos com
plo, Bio-Manguinhos já tem esses reatores. Se
melhor qualidade, de forma mais fácil e sem
precisamos de uma etapa do processo de ino-
causar dano ao local de onde seriam extraídas.
vação baseado em um reator em área grande,
Ficou claro que o sangue de cordão umbilical
buscamos isso com uma instituição que pode
tinha células de excelente qualidade. Então
atingir o resultado de forma mais eficiente.
começamos a desenvolver métodos de coleta,
Nós batemos na porta de Bio-Manguinhos,
transporte, controle de qualidade, de armaze-
como eles batem na nossa. Do mesmo modo
namento, de congelamento e de descongela-
que queremos a tecnologia deles, eles também
mento. No mundo, surgiram evidências de que
querem algo nosso. Não é pura transferência
algumas famílias optavam por armazenar célu-
de tecnologia, com a PharmaPraxis recebendo
las-tronco, porque poderiam usá-las em pato-
algo de forma passiva. É troca.
logias sanguíneas como o linfoma. Se já tínhamos todos os métodos, por que não oferecer o serviço? Só em julho de 2013, três crianças
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E quanto ao processo de internacionalização e de operação em outros países?
precisaram das células armazenadas na Cryo-
Temos vários acordos internacionais e
praxis. Para essas pessoas e para várias outras,
somos sócios de três empresas nos Estados
esse material já teve uma importância vital.
Unidos. Na CellPraxis USA e na Rexaderm,
ENTREVISTA > Eduardo Cruz
Divulgação
somos majoritários, e na Saneron somos sócios minoritários. No ano retrasado, na Saneron, recebemos US$ 2,5 milhões do governo americano para finalizar uma pesquisa de formulação de células-tronco de cordão umbilical para o tratamento do Alzheimer. Temos mais acordos de parcerias com empresas internacionais do que com nacionais. Americanos e europeus estão acostumados a lidar com a inovação: nos Estados Unidos existem 5,5 mil empresas de biotecnologia; na Europa, 6 mil. O setor de biotecnologia é caracterizado por pequenas empresas flexíveis, que se moldam às condições de mercado, formam alianças. A biotecnologia não é caracterizada pelos campeões setoriais, um erro do modelo que o Brasil está introduzindo. Biotecnologia é pequena e média empresa. Noventa por cento das empresas de biotecnologia mundiais têm menos de 50 empregados, porque para sobreviver no setor tem que ser ágil, moldável e associativo. A pequena empresa faz isso, a grande não – ela é lenta e paquidérmica.
mento do Ministério da Saúde no Brasil para medicamentos.
Quais as perspectivas do mercado de saúde e farmacêutico e quais setores são considerados promissores?
Quais dicas o senhor pode dar para os novos pequenos empreendedores em biotecnlogia?
Acho que a nanotecnologia é um tremendo
Um pequeno empresário que queira en-
setor. Estamos finalizando um novo enxerto
trar no setor tem que ter cursado uma boa
ósseo baseado nela. Terapia celular também,
universidade, gostar da educação continuada,
porque a população está envelhecendo e,
ter uma boa base de química, biologia, físico-
como células-tronco são capazes de regenerar,
-química, física e engenharia de processos. O
não queremos apenas viver muito, mas viver
empreendedor tem que ter boa formação e
bem. Outro setor com perspectiva é o de no-
entender de negócios. Aconselharia que bus-
vas plataformas de obtenção de produtos bio-
casse um bom MBA. Normalmente, se você é
lógicos, dentro dessa lógica da quarta idade.
um empreendedor com boa base científica,
Diante disso, os anticorpos monoclonais são
entende muito da viabilidade científica, mas
ferramentas terapêuticas importantíssimas. À
pode não entender tão bem da viabilidade fi-
medida que ficarmos mais velhos viveremos
nanceira, de mercado, nem de escalonamen-
tempo o bastante para termos câncer, artrite
to. Pergunte sempre ao seu projeto se é vi-
reumatoide, patologias inflamatórias e vamos
ável tecnologicamente, financeiramente, sob
precisar mais desses medicamentos altamen-
o ponto de vista de mercado e da viabilidade
te específicos. Os monoclonais são líderes de
regulatória. Se o projeto não estiver dando
faturamento das grandes corporações farma-
certo, abandone-o e aprenda com ele. Não te-
cêuticas e representam 30% de todo o orça-
nha vergonha e parta para outra. L 9
EM MOVIMENTO
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O papel dos ambientes de inovação na transformação das cidades
Recife: onde tradição e inovação caminham juntas
Pesquisadores, empresários,
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Científicos e Tecnológicos da
ciamento de mudanças. “Nós espera-
IASP. O evento será realizado
mos proporcionar conceitos e ideias
em Recife (PE), de 14 a 17 de
que ajudem nossas associações [IASP
outubro, sob a organização do
e Anprotec] a darem um salto à fren-
Porto Digital, parque tecno-
te, pois o assunto que iremos discutir
lógico que atua nas áreas de
será a principal prioridade não só nas
software, tecnologias da infor-
nossas mesas como gestores de par-
mação e indústrias criativas.
ques científicos e tecnológicos, mas
gestores públicos e profissionais que
A partir do tema principal, “Par-
também nas mesas de vários respon-
atuam em habitats de inovação po-
ques tecnológicos modelando novas
sáveis políticos com quem temos que
derão refletir sobre a contribuição
cidades”, plenárias, sessões paralelas,
dialogar”, explica o presidente da IASP,
desses ambientes para a construção
sessões técnicas e workshops apro-
Rick Weddle.
de cidades mais criativas, generosas e
fundarão a discussão de assuntos
Esta será a segunda vez que o Se-
habitáveis no XXIII Seminário Nacio-
como a conexão entre as cidades e os
minário Nacional da Anprotec e a
nal de Parques Tecnológicos e Incuba-
parques científicos e tecnológicos, os
Conferência Mundial da IASP serão
doras de Empresas da Anprotec e na
modelos inovadores de negócios, as
realizados em conjunto no Brasil. Em
30ª Conferência Mundial de Parques
estratégias de localização e o geren-
1996, no Rio de Janeiro (RJ), o encon-
tro abordou desenvolvimento regio-
e se materializem na reorientação de
nal, cooperação e redes. A expectativa
um Brasil empreendedor mais justo e
é de que o evento deste ano reúna
melhor”, afirma.
cerca de 1,2 mil pessoas e sirva como
Na programação conjunta, desta-
propulsor do movimento de empreen-
cam-se a plenária de abertura sobre
dedorismo inovador, trazendo para o
territórios inovadores, a que aborda
debate temas fundamentais ao desen-
o tema do evento – com a participa-
volvimento econômico e social.
ção de Anthony Townsend, diretor de
A presidente da Anprotec, Franci-
pesquisas do Institute for the Future,
lene Garcia, considera que a progra-
dos Estados Unidos –, e as sessões pa-
mação conjunta gera excelentes opor-
ralelas, workshops e sessões paralelas
tunidades de troca de conhecimento
técnicas, onde serão apresentados os
entre entidades e profissionais de
artigos selecionados nas chamadas de
diferentes países. “Será um momento
trabalhos. O objetivo das atividades
especial, pois estaremos tratando de
propostas é estimular ao máximo a re-
um tema estratégico para o desen-
flexão dos gestores de parques cientí-
volvimento de regiões inovadoras em
ficos e tecnológicos sobre o que pode
nosso país. Além do tema central do
ser feito para promover a investigação
evento, que certamente trará muitas
e criação de empresas e soluções para
ideias interessantes a partir de expe-
melhorar a vida nas áreas urbanas.
Divulgação
EM MOVIMENTO
Rick Weddle: tema é prioridade
Francisco Saboya. Quem for ao evento, encontrará
riências de sucesso de várias partes do mundo, teremos a oportunidade
Exemplo pernambucano
uma cidade em constante crescimen-
de estabelecer novas conexões entre
A relação entre Recife e o Porto
to, cada vez mais reconhecida pelos
parques tecnológicos e empresas do
Digital é um exemplo do que será
centros acadêmicos, mão de obra es-
Brasil e de outros 21 países”, avalia.
discutido. Além de gerar cerca de 5%
pecializada e alta capacidade de pes-
Parceiro do movimento nacional
do PIB da cidade, o parque tecnoló-
quisa e desenvolvimento tecnológico.
de empreendedorismo inovador, o
gico contribuiu significativamente na
O Seminário Nacional e a Conferência
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
requalificação do tecido urbano e do
da IASP são promovidos por Anpro-
Pequenas Empresas (Sebrae) participa
patrimônio edificado do bairro do Re-
tec, IASP e Sebrae. Entre os patrocina-
como correalizador do Seminário Na-
cife Antigo. “A área histórica do Recife,
dores estão a Secretaria de Ciência e
cional de Parques Tecnológicos e In-
que era completamente degradada, foi
Tecnologia do Estado de Pernambuco
cubadoras de Empresas desde 2000.
renovada com a nossa instalação. Em
e o Ministério da Ciência, Tecnologia
O diretor técnico da entidade, Carlos
relação ao restante da cidade, é uma
e Inovação.
Alberto dos Santos, avalia a realização
influência modesta, porém real. O Por-
conjunta com a Conferência Mundial
to Digital implantou, no território do
da IASP como uma importante opor-
parque, alguns serviços para
tunidade para benchmarking. “Os
melhorar a mobilidade
participantes terão acesso ao conheci-
urbana que agora come-
mento de ponta na atualidade global
çam a ser expandidos
e ao comportamento empreendedor
para o resto da cidade,
das empresas egressas de ambientes
ou seja, somos é uma
de inovação, permitindo comparação
espécie de laboratório de
e troca de exitosas práticas mundiais.
experimentação urbana”,
A expectativa do Sebrae é de que tra-
destaca o diretor-presi-
balhos relevantes sejam apresentados
dente do Porto Digital,
r nacional.com.b www.seminario : to en ev do e Sit Inscrições:
spAnprotec2013 facebook.com/Ia Facebook: www.
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EM MOVIMENTO
Luiz Prado/Divulgação BM&FBOVESPA
Mercado de ações tem nova proposta para PMEs
Novas propostas são voltadas a empreendimentos com valor de mercado inferior a R$ 700 milhões e receita líquida de até R$ 500 milhões
Pequenas e médias empresas po-
BM&FBOVESPA, Edemir Pinto, o
requerente. Além disso, o novo pro-
derão contar com novas propostas de
objetivo é replicar a experiência do
grama reduzirá o custo de manuten-
financiamento no mercado de ações.
novo mercado entre as pequenas e
ção dos empreendimentos no mer-
Um novo programa apresentado pela
médias empresas no país. “Nós que-
cado de ações e desenvolverá uma
BM&FBOVESPA busca ampliar o aces-
remos mais empresas abertas no
série de capacitações sobre o tema
so aos recursos financeiros e promo-
Brasil e, para isso, estamos propon-
para empresários.
ver o interesse de investidores em em-
do a facilitação do acesso ao merca-
De acordo com a BM&FBOVESPA,
preendimentos de menor porte.
do de capitais para esse segmento,
as propostas lançadas são resultado
A ação ocorrerá por meio da
por meio de regras mais simples,
de um trabalho de pesquisa realizado
viabilização de ofertas públicas de
sem abrir mão da proteção aos in-
por uma equipe de 12 técnicos, que
ações com valores mais acessíveis.
vestidores”, justifica.
viajou por sete países para conhecer
Nos últimos três anos, o volume mé-
A simplificação do processo de
experiências similares. Também tive-
dio captado para esse tipo de opera-
realização da oferta de ações se es-
ram participação no desenvolvimento
ção no Brasil alcançou R$ 892 mi-
tenderá das companhias para os
um comitê técnico coordenado pela
lhões, número muito elevado para a
intermediários – corretoras, bancos
BM&FBOVESPA e formado por Co-
maioria das PMEs. Por isso, as novas
de investimentos e escritórios de
missão de Valores Mobiliários (CVM),
propostas pretendem atingir empre-
advocacia. Alguns procedimentos
Banco Nacional de Desenvolvimento
endimentos com valor de mercado
comuns ao processo, como a revisão
Econômico e Social (BNDES), Asso-
inferior a R$ 700 milhões e receita
da política de preços para emissores
ciação Brasileira de Desenvolvimento
líquida de até R$ 500 milhões.
e da taxa de liquidação da oferta, não
Industrial (ABDI) e Agência Brasileira
precisarão mais ser realizados pelo
da Inovação (Finep).
Segundo 12
o
presidente
da
EM MOVIMENTO
Alterações no marco legal de CT&I tramitam no Congresso em agosto Divulgação
As mudanças no marco legal de CT&I devem tramitar no Congresso Nacional até o fim de agosto. A informação vem dos deputados membros da Comissão Especial, responsável pela análise do Projeto de Lei n°2.177/11, que institui o Código Nacional de Ciência e Tecnologia. A novidade prevê o estabelecimento de medidas de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico-tecnológico nas instituições públicas e privadas, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia
Expectativa da Comissão Especial é de que o projeto seja desmembrado em vários subtemas
tecnológica e desenvolvimento in-
legislação específica de Acesso à
o risco de fazer mudanças que não
dustrial do país.
Biodiversidade e um projeto de lei
atendam os anseios da comunidade
que incorpore itens como a Lei de
científica”, afirmou.
A relatoria da Comissão Especial propôs desmembrar os vários sub-
Inovação e a Lei do Bem.
A presidente da Sociedade Bra-
temas tratados na proposta do novo
De acordo com o relator do PL, o
sileira para o Progresso da Ciência
Código para que sejam trabalhados
deputado federal Sibá Machado (PT-
(SBPC), Helena Nader, também de-
adequadamente. Assim, quatro me-
-AC), a divisão foi necessária para
clarou apoio ao desmembramento
canismos serão elaborados para a
facilitar os trabalhos no Congresso
do PL. “A proposta anterior não po-
proposta e tramitados em conjunto:
Nacional. “Um Código poderia levar
deria ser de um Código Nacional de
Proposta de Emenda Constitucional
anos para ser aprovado. Há situa-
CT&I. Para ser um Código, a propos-
(PEC), um Regime Diferenciado de
ções em que é preciso o tratamen-
ta precisava ser muito mais enxuta e
Contratações Públicas (RDC), uma
to individual para não corrermos
mais específica”, avaliou.
Projeto de lei propõe isenção fiscal para startups A Comissão de Ciência e Tecno-
(Sistenet), para beneficiar empresas
de tributação (Lei Complementar
logia (CCT) do Senado aprovou, no
com receita bruta trimestral de até
123/2006).
dia 28 de maio, o projeto que con-
R$ 30 mil e no máximo quatro fun-
cede isenção de impostos federais a
cionários.
Autor do projeto, o senador José Agripino (DEM-RN) explica que as
startups. O texto passará agora pela
Pelo texto, a empresa pode per-
startups são empresas “iniciantes e
avaliação da Comissão de Assuntos
manecer no sistema por até quatro
inovadoras, fruto das iniciativas de
Econômicos (CAE), antes de seguir
anos e a adesão é feita no momen-
jovens que transformam boas ideias
para a Câmara dos Deputados.
to da inscrição na Receita Federal.
em negócios lucrativos”. Ele argu-
O Projeto de Lei do Senado (PLS
Após esse período, a nova empresa
menta que o apoio a essas empresas
321/2012) propõe a instituição
de tecnologia terá 30 dias para ade-
é necessário em razão das dificulda-
do Sistema de Tratamento Especial
rir ao Simples Nacional, desde que
des enfrentadas nos primeiros anos
a Novas Empresas de Tecnologia
atenda as normas desse sistema
de um novo empreendimento. 13
EM MOVIMENTO
Primeira empresa do Parque Ecotec será inaugurada em julho Divulgação
deste ano. A empresa presta serviços em projetos de P&D e consultoria em fundição, com foco na área de ciência e engenharia de materiais metálicos e compósitos. De acordo com o Instituto Inova, que faz a gestão do parque tecnológico, 90% das unidades imobiliárias do espaço já foram vendidas. Os demais lotes, segundo o presidente do Inova, José Octávio Armani Paschoal, estariam reservados para abrigar uma grande empresa. “Existem outros empreendimentos já aprovados, que em breve anunciarão o início de suas atividades no Ecotec Damha”, afirma. O presidente do Instituto Inova, José Octávio Paschoal, em frente ao pórtico de entrada do primeiro condomínio do Ecotec
O Parque Ecotec Damha, lançado em 2009, deu início ao processo de funcionamento do Centro de Inovação
O primeiro empreendimento a funcionar nas de-
do Parque ainda na metade do ano passado. No entan-
pendências do Parque Eco Tecnológico Damha, em
to, as operações devem iniciar em totalidade a partir do
São Carlos (SP), será o Instituto de Materiais Tecnoló-
segundo semestre deste ano, quando as obras do espaço
gicos do Brasil, com inauguração prevista para julho
estarão concluídas.
Boston terá incubadora para empreendimentos brasileiros Os Estados Unidos (EUA) foram o
xílio na produção de um plano de
brasileiros que participam do pro-
país escolhido para sediar a primeira
negócios para os empreendedores.
grama Ciência Sem Fronteiras, para
incubadora de empresas brasileira
O programa prevê ainda a nomeação
que tragam ideias e as transformem
no exterior. Batizada de IdeaLab, a
de um professor especializado como
em negócios. “É um estímulo maior
incubadora terá sede em Boston,
mentor para o projeto e a definição
para que eles possam voltar ao Bra-
no estado de Massachusetts, e in-
do local onde será desenvolvido.
sil preparados para implementar um
centivará iniciativas de brasileiros
Enquanto a Laspau coordenará a
empreendimento”, afirma d’Avila.
e estrangeiros interessados em im-
locação dos laboratórios das univer-
No entanto, o programa também
plantar um negócio no Brasil. O pro-
sidades – Harvard e Massachusetts
acolhe iniciativas de estrangeiros.
grama foi criado e desenvolvido por
Institute of Technology – e auxiliará
A única restrição é que o empre-
meio de uma parceria entre o Centro
no monitoramento, a CLP será res-
endimento seja implementado no
de Liderança Pública (CLP), orga-
ponsável pela seleção das propostas
Brasil e tenha a meta de promover
nização sem fins lucrativos voltada
e pela busca de recursos para as in-
algum impacto de interesse públi-
à formação de líderes públicos, e a
cubadas, por meio de investidores.
co no país. O prazo das inscrições
Laspau, entidade brasileira ligada à
para a incubação vai até o início
CLP, Luiz d’Avila, um dos objetivos
de novembro. Os candidatos inte-
As instituições serão responsá-
principais da incubadora é estimular
ressados devem enviar e-mail para
veis por oferecer capacitação e au-
e fornecer suporte aos estudantes
laspau-idia@harvard.edu.
Universidade de Harvard.
14
Segundo o diretor-presidente do
EM MOVIMENTO
Start-Up Brasil anuncia projetos selecionados tífico e Tecnológico (CNPq).
O MCTI divulgou a relação de
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande
selecionados para a primeira turma
do Sul, Paraná, Pernambuco e Santa
O apoio será realizado por meio
do Start-up Brasil, programa do go-
Catarina. A lista completa está dis-
da concessão de bolsas de fomento
verno federal voltado a apoiar a re-
ponível no site do programa (www.
ao desenvolvimento tecnológico, de
lação entre empresas nascentes de
startupbrasil.mcti.gov.br/).
acordo com as necessidades apontadas por cada projeto.
base tecnológica e aceleradoras. A
As propostas aprovadas serão
partir da análise de 908 inscrições
financiadas com recursos de aproxi-
As inscrições para a segunda
(672 brasileiras e 236 estrangeiras),
madamente R$ 14 milhões, oriundos
rodada estarão abertas no site do
foram escolhidos 45 projetos nacio-
do FNDCT/Fundos Setoriais, sendo
programa a partir de setembro
nais e 11 internacionais.
R$ 7 milhões em 2013 e R$ 7 mi-
deste ano. Os empreendedores in-
Dentre os brasileiros, a seleção
lhões em 2014, a serem liberados de
teressados deverão submeter as
contemplou empreendedores de Ce-
acordo com a disponibilidade orça-
propostas em conformidade com o
ará, Distrito Federal, Espiríto Santo,
mentária e financeira do Conselho
regulamento da chamada até o dia
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas
Nacional de Desenvolvimento Cien-
19 de novembro.
Fipase participa de três grandes eventos sobre biotecnologia Divulgação
Busca de novas oportunidades e ampliação da rede de contatos. A união desses dois fatores estimulou a Fundação Instituto Pólo Avançado de Saúde (Fipase) a participar, durante os meses de abril e maio, de três grandes eventos sobre saúde, fármacos e biotecnologia. Entre as atividades dos representantes, destacam-se a coordenação de estandes e atividades dentro da programação da BIO Convention 2013, da Pharma Meeting Brazil 2013 e da Hospitalar 2013. A BIO Convention é considerada a maior feira de biotecnologia do mundo, e a Fipase participou da última edição, realizada em Chicago, nos Estados Unidos. Na oportunidade, o gerente de fomento e negócios da Fundação, Saulo Rodrigues, ministrou uma palestra sobre as forças e potencialidades da Fipase, a convite do Conselho Europeu das Biorregiões (CEBR).
O Gerente de Fomento da Fipase, Saulo Rodrigues, apresenta a Fundação e o Parque Tecnológico de Ribeirão Preto durante a BIO Convention, em Chicago
A Pharma Meeting Brazil também foi um dos eventos
Já durante a Hospitalar 2013, a Fipase esteve pre-
em que a Fipase esteve presente. Juntamente com outras
sente com um estande, atendendo os interessados nas
45 instituições, os representantes da Fundação partici-
suas atividades e fornecendo espaço e divulgação para
param dos encontros de negócios para a divulgação de
quatro empresas pertencentes ao Arranjo Produtivo
projetos, o que possibilitou novas oportunidades e apro-
Local em Equipamentos Médico-Hospitalares e Odon-
ximação com empresas da área da saúde.
tológicos (APL-EMHO): Sigmed, Alt, FigLabs e Inbras.
15
EM MOVIMENTO
Santarém terá parque tecnológico Divulgação
geologia mineral. Com o objetivo de contribuir para o aproveitamento sustentável da biodiversidade da região oeste do estado, o PCT Tapajós será sediado em Santarém (PA), em uma área cedida pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). No último dia 15 de julho foi firmado um acordo de cooperação técnica e financeira entre Secti, Ufopa e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp). A parceria viabilizará a realização de estudos, planos de negócios, obras de infraestrutura e aquisição de equipamentos para a implementação e gestão do parque tecnológico.
Representantes da Ufopa e do Governo do Estado do Pará firmam acordo de cooperação para implantação do PCT Tapajós
“O PCT Tapajós representa a segunda etapa do programa de implantação dos Parques de Ciência e Tecno-
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e
logia no estado do Pará, iniciado pelo PCT Guamá, em
Inovação do Pará (Secti) investirá R$ 6 milhões para
Belém. Por estar inserido em uma região estratégica e
a implantação do Parque de Ciência e Tecnologia Ta-
de grandes potencialidades, o novo parque assume um
pajós (PCT Tapajós), que atuará principalmente nos
papel importantíssimo no desenvolvimento da região e
setores de tecnologia da madeira, agricultura tropical
do estado”, destaca o secretário estadual de Ciência, Tec-
e produtos da floresta, aquicultura e pesca, além de
nologia e Inovação, Alberto Arruda.
Santa Catarina seleciona startups para projeto de capacitação O Sebrae, em parceria com a Se-
os empreendedores participarão de
mento. As empresas podem ser
cretaria de Desenvolvimento Econô-
uma série de workshops, palestras
iniciantes ou consolidadas e com
mico Sustentável de Santa Catarina,
e sessões de mentoria, ministradas
atuação em diversas áreas, como
organiza a segunda etapa do projeto
por especialistas e consultores do
internet, mobilidade e biotecnolo-
Startup SC.
Sebrae em Santa Catarina.
gia”, ressalta o gestor de tecnolo-
Além disso, o programa conta
talecer as startups catarinenses por
com uma série de parcerias estra-
meio de um programa de capacita-
tégicas com Amazon Web Servi-
A primeira edição do programa
ção com duração de quatro meses. A
ces, Conta Azul, Sendgrid, Moovia,
contabilizou 208 inscrições. Dessas,
ação é destinada a grupos de empre-
Resultados Digitais e espaços de
20 startups estão chegando ao fim
endedores que queiram abrir uma
coworking, a fim de disponibilizar
da capacitação e terão a oportunida-
startup ou que tenham uma empre-
benefícios para os empreendimen-
de de apresentar seus projetos para
sa com foco em tecnologia em fase
tos selecionados.
investidores e aceleradoras no Demo
“A seleção preza por empresas
inicial.
Alexandre Souza.
Day, a ser realizado em agosto.
que resolvam uma necessidade
Mais informações sobre o projeto
empreendimentos.
clara do mercado com olhar ino-
Startup SC podem ser obtidas no site
Durante o período de capacitação,
vador e alto potencial de cresci-
www.startupsc.com.br.
Nesta segunda edição serão selecionados
16
gia da Informação do Sebrae/SC,
O objetivo é desenvolver e for-
20
EM MOVIMENTO
Tecnosinos, Unisinos e Brasscom unem forças para capacitação em TI Rodrigo W. Blum
ceria para promoção de cursos técnicos de TI em modelo de educação a distância. O objetivo é capacitar os empreendimentos do Tecnosinos e os alunos da Universidade por meio dos conteúdos do Brasil Mais TI, um programa de formação conduzido pela Brasscom e pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “O grande desafio do Tecnosinos está ligado aos recursos humanos. Devemos atrair jovens para as Engenharias e fortalecer a economia do conhecimento no Rio Grande do Sul”, afirma a diretora do Tecnosinos,
Representantes das instituições assinam convênio para promoção de cursos técnicos em TI
Susana Kakuta. Os cursos podem ser acessados por interessados em TI de
O Parque Tecnológico São Leopol-
Associação Brasileira de Empresas de
todo o Brasil. A ferramenta está dis-
do (Tecnosinos), a Universidade do
Tecnologia da Informação e Comuni-
ponível gratuitamente no site www.
Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e a
cação (Brasscom) firmaram uma par-
brasilmaisti.com.br.
Tecpar busca parceria com Biocad para produção de medicamento A diretoria do Instituto de Tecno-
sultar em uma planta industrial em
indústria brasileira, essa produção
logia do Paraná (Tecpar) se reuniu
Maringá (PR) e deverá render uma
nacional vai baixar muito o custo
com representantes da Biocad, em-
economia de aproximadamente R$
do Sistema Único de Saúde”, anun-
presa de biotecnologia russa, para
67 milhões anuais aos cofres públi-
cia Felix.
discutir detalhes sobre um acordo
cos. É o que preveem tanto o diretor-
A Biocad é uma companhia cujo
de cooperação. Por meio da par-
-presidente do Tecpar, Júlio Felix,
foco é a pesquisa, o desenvolvi-
ceria, o Tecpar ficará responsável
quanto o CEO no Brasil da Biocad
mento, a produção, a inovação e a
pela produção de um medicamento
Biopharmaceutical Company, David
comercialização de produtos far-
biológico de última geração, o Be-
Zylbergeld.
macêuticos de origem biológica. A
vacizumabe, que combate o câncer
“Hoje o Ministério da Saúde gas-
parceria entre o Tecpar e a Biocad
e a perda de visão relacionada à
ta R$ 177 milhões anuais com a
Brazil já havia sido formalizada em
idade. Caso o acordo seja firmado, a
importação do Bevacizumabe. Com
reunião no Ministério da Saúde, em
produção nacional da medicação re-
nossa entrada no mercado, esses
Brasília, em julho. A meta no mo-
presentará uma significativa queda
números vão baixar R$ 110 mi-
mento é fechar definitivamente par-
nos gastos do Ministério da Saúde
lhões/ano e a expectativa é de que
cerias com a empresa e estabelecer
(MS), que importa o produto até o
o Tecpar fique com, pelo menos,
o cronograma de transferência de
momento.
50% do mercado. Além de possibi-
tecnologia, que deve começar com
litar o acesso a medicamentos da
a capacitação de pessoal.
A parceria público-privada irá re-
17
EM MOVIMENTO
Empreendimentos incubados na Coppe recebem capacitação sobre linhas de financiamento
Vitória faz parceria com São Carlos para compartilhar tecnologias inovadoras
Divulgação
Os parques tecnológicos de Vitória (ES) e São Carlos (SP) firmaram uma parceria para integrar as pesquisas desenvolvidas e compartilhar experiências em tecnologias inovadoras. A oficialização ocorreu por meio de um memorando de entendimento, assinado entre Instituto Inova, Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia de São Carlos, Secretaria de Desenvolvimento de Vitória (Sedec) e Companhia de Desenvolvimento de Vitória. Durante o encontro que formalizou a parceria foram discutidos o funcionamento dos parques tecnológicos e os processos de incubação de empresas na cidade. Segundo a secretária da Sedec, Sandra Monarcha, as duas cidades podem desenvolver, no futuro, uma parceria importante. “A cooperação vai proporcionar o intercâmbio de experiências e tecnologias inovadoras entre as cidades. São Carlos é considerada a capital nacional Evento faz parte do projeto Decolar, que prevê encontros quinzenais para capacitação para empreendedores
Os gestores de empreendimentos da Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) participaram de uma palestra sobre linhas de financiamento, em parceria com a
da ciência e da tecnologia. Isso vai potencializar a produção do Parque Tecnológico Metropolitano de Vitória”, prevê Sandra.
Governo do Amazonas investe em projetos na área de TI
Agência Estadual de Fomento (AgeRio). O evento fez parte do projeto Decolar, série de encontros quinzenais de capacitação gerencial da Coppe.
18
Uma iniciativa do governo do Amazonas, em parceria com a Agência Brasileira da Inovação (Finep) e
A palestra, conduzida pelo presidente da Agência de Fo-
a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Sufra-
mento do Rio de Janeiro (AgeRio), Domingos Vargas, desta-
ma), investirá R$ 3,5 milhões em projetos de pesquisa
cou as atuações da AgeRio e a importância de oferecer às
e inovação para o desenvolvimento do setor de Tecno-
empresas taxas competitivas para soluções financeiras em
logia da Informação (TI) no estado. Até o último dia 15
negócios e burocracia simplificada no acesso ao crédito. “A
de julho, interessados submeteram suas propostas no
missão da AgeRio é fomentar o desenvolvimento sustentável
programa, que oferecerá cerca de R$ 250 mil em bolsa
no estado e fornecer uma atuação diversificada e ágil”, afirma
para cada um dos selecionados. Os resultados serão di-
Vargas. O diretor do parque tecnológico da UFRJ, Maurício
vulgados no dia 23 de agosto.
Guedes, também esteve presente no evento e incentivou os
Os projetos devem ser relacionados a áreas como
empresários a acessar linhas de financiamento. Segundo
Ciência da Computação, Eletrônica e Ciência da Infor-
Guedes, a AgeRio é mais uma das instituições que atuam
mação. Após a assinatura do contrato de investimento,
como instrumento de resgate do desenvolvimento econômi-
que ocorrerá em setembro, haverá um prazo de dois
co do Rio de Janeiro.
anos para a conclusão da proposta.
EM MOVIMENTO
Fotos: Divulgação
Feira da Universidade de Brasília incentiva alunos ao empreendedorismo e à inovação
IBM lança programa de empreendedorismo global na UCB No próximo dia 11 de agosto a IBM irá lançar o Programa Global de Empreendedorismo (GEP, na sigla em inglês), que tem como objetivo identificar a nova geração de empreendedores e apoiá-los na captação de oportunidades de negócios em diferentes setores. O evento ocorrerá no auditório da Universidade Católica de Brasília (UCB). A iniciativa disponibiliza, sem nenhum custo, acesso às tecnologias específicas das linhas de pesquisa da IBM, além da possibilidade de conhecer técnicas de vendas e marketing. A companhia investe mais de US$ 6 bilhões por ano em P&D e conta com mais de 3 mil pesquisadores em nove laboratórios em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O evento, realizado pela Escola de Empreendedores do CDT/UnB, reuniu 650 pessoas
A Escola de Empreendedores
duados e incubados do CDT/UnB.
Nutec tem representante na Redenit do Ceará
(Empreend), vinculada ao Centro de
O destaque do evento ficou para
Apoio ao Desenvolvimento Tecno-
a rodada de negócios, oportunidade
A Fundação Núcleo de Tecnolo-
lógico da Universidade de Brasília
na qual associações, cooperativas,
gia Industrial do Ceará (Nutec) foi
(CDT/UnB), realizou, no dia 18 de
estudantes e empresários se reuni-
eleita uma das representantes da
julho, a III Feira de Negócios e Inova-
ram para apresentar os seus servi-
primeira diretoria da Rede de Núcle-
ção. O objetivo do evento foi promo-
ços. Durante a ação, os participantes
os de Inovação Tecnológica do Cea-
ver a interação universidade-empre-
expuseram seus produtos e serviços
rá (Redenit-CE) – instituição respon-
sa, por meio do projeto “formando
e compartilharam comentários e dúvi-
sável pelo auxílio na transformação
formadores inovadores”, que conta
das. A programação contou ainda com
de pesquisas em negócios e inova-
com o envolvimento de mais de 60
palestras sobre temas relacionados à
ção. Na cerimônia de lançamento da
departamentos da UnB. A feira con-
inovação e com a apresentação dos
associação, um dos coordenadores
tou com a participação de 650 pes-
planos de negócios produzidos por es-
do Nutec, Ricardo de Albuquerque
soas, além da presença de empresas
tudantes da UnB durante a disciplina
Mendes, recebeu o cargo de presi-
juniores e de empreendimentos gra-
“Introdução à Atividade Empresarial”.
dente adjunto. 19
EM MOVIMENTO
Edital destina R$ 640 milhões a parques tecnológicos Um marco na história do movi-
parques tecnológicos brasileiros. “A
Nesse caso, a solicitação de recursos
mento. Assim pode ser definido o
combinação de instrumentos apre-
deverá respeitar o procedimento
edital de R$ 640 milhões destinado
sentada, aliando recursos não re-
atual de análise de propostas adota-
a parques tecnológicos e empreen-
embolsáveis, crédito e fomento às
do pelo programa Inova Brasil, que
dimentos inovadores, lançado pelo
empresas inovadoras, permite que
opera taxas de 2,5% a 5% ao ano,
governo federal no último dia 9 de
alcancemos um novo patamar de
com carência de 48 meses e prazo
julho. De acordo com o ministro da
atuação desses ambientes no Brasil,
final para pagamento de 120 meses.
Ciência, Tecnologia e Inovação, Mar-
de modo a contribuir de forma cada
Nesse tipo de operação, é exigida
co Antonio Raupp, a iniciativa atesta
vez mais decisiva para o desenvolvi-
contrapartida financeira de 20% do
a relevância de parques tecnológicos
mento do país “, analisa.
valor pleiteado junto à Finep. O terceiro instrumento se cons-
e incubadoras de empresas para o desenvolvimento econômico, cien-
Recursos
titui de um fundo de investimen-
tífico e tecnológico do país. “Tanto
Os recursos do edital serão distri-
to, chamado Inova Empresa MPE,
incubadoras quanto parques são ins-
buídos por meio de três instrumen-
de R$ 50 milhões. Esse fundo será
trumentos importantes para a trans-
tos. O primeiro, de caráter não-reem-
destinado a empresas apoiadas por
ferência do conhecimento gerado
bolsável, reserva R$ 90 milhões para
incubadoras e parques tecnológicos,
em nossas universidades e centros
o apoio a parques tecnológicos em
ou ainda graduadas até dois anos,
de pesquisa. Portanto, esperamos
operação e em processo de implan-
por meio de participação no capital
que esse edital gere um impacto
tação, a fim de viabilizar a consoli-
e apoio gerencial. O edital prevê a
muito positivo em todo o sistema de
dação desses ambientes nas regiões
seleção de um gestor/administrador
inovação brasileiro”, afirma Raupp.
onde estão inseridos.
para o fundo, que deverá ter como
A presidente da Anprotec, Fran-
O segundo instrumento oferece
base legal as instruções da Comis-
cilene Garcia, identifica na iniciativa
R$ 500 milhões em crédito para par-
são de Valores Mobiliários (CVM).
uma oportunidade histórica para os
ques em operação ou implantação.
A taxa de performance será de 20%
sos Os recur
do edital
R$ 90 milhões
Não reembolsável
R$ 640 milhões R$ 500 milhões Crédito
20
R$ 50 milhões
Fundo de investimento
EM MOVIMENTO
Divulgação
dos ganhos distribuídos pelo fundo que excederem o capital original investido, atualizado pela variação de um índice de inflação (IPCA). Ainda relativo ao Instrumento III, a Finep poderá, a seu critério, abrir mão de até 30% de seus rendimentos em benefício de incubadoras de empresas e parques tecnológicos, a serem repassados na proporcionalidade das empresas investidas vinculadas a cada ambiente. Para o presidente da Finep, Glauco Arbix, os recursos potencializarão os resultados obtidos pelos parques tecnológicos no cenário nacional. “Com esse edital, oferecemos um leque de opções para superar os principais gargalos identificados por essas
Anprotec promoveu reunião em Brasília para esclarecer dúvidas sobre o edital
instituições. Trata-se de um investi-
também avaliaram positivamente
inovação têm por objetivo contribuir
mento muito importante, não apenas
a ação do governo. “Essa iniciativa
para que nosso país gere produtos
pelo volume de recursos, mas pela
marca um novo estágio de desenvol-
com maior valor agregado, alteran-
qualidade que se espera de seus re-
vimento dos parques tecnológicos
do o perfil de exportador de commo-
sultados”, explica.
brasileiros, pois oferece soluções
dities”, explicou o coordenador de
capazes de nos alçar ao patamar das
Serviços Tecnológicos da Secretaria
Expectativa
políticas industriais mais desenvol-
de
Integrante do Plano Inova Em-
vidas do mundo”, analisa o diretor
e Inovação (Setec), do MCTI, Jorge
presa, o edital para parques tecno-
do Sapiens Parque, de Florianópolis
Mario Campagnolo.
lógicos resultou da parceria entre
(SC), José Eduardo Fiates.
MCTI e outros ministérios, além da
A expectativa é compartilhada
articulação com a Associação. “Este é
pelo diretor do Parque Científico e
um edital construído coletivamente,
Tecnológico Guamá, de Belém (PA),
com a participação fundamental da
Antônio Abelém. “Esperamos que
Anprotec, que nos ajudou a identifi-
seja o primeiro passo de uma políti-
car as demandas reais dos parques
ca estruturada e perene de apoio aos
tecnológicos brasileiros e dos em-
parques tecnológicos brasileiros”,
preendimentos apoiados tanto por
afirma.
parques quanto por incubadoras. A expectativa, portanto, é de que esses
Sem dúvidas
investimentos alavanquem o movi-
A fim de esclarecer as dúvidas
mento de empreendedorismo inova-
dos associados sobre o edital, a An-
dor no Brasil”, destaca o secretário
protec promoveu uma reunião em
de Desenvolvimento Tecnológico e
Brasília (DF), no último dia 31 de ju-
Inovação do MCTI, Alvaro Prata.
lho. Cerca de 80 pessoas participam
Gestores de parques tecnológicos
Desenvolvimento
Tecnológico
_RECURSOS PARA INCUBADORAS Na cerimônia de lançamento do edital para parques tecnológicos, o ministro Marco Antonio Raupp anunciou uma chamada pública voltada a incubadoras de empresas. A previsão é de que sejam oferecidos cerca de R$ 12 milhões a essas instituições, por meio de um edital a ser lançado, em breve, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
do evento. “Os investimentos em 21
Shutterstock
EDUCAÇÃO
Técnico & empreendedor Parceria entre MEC e Sebrae vai levar a disciplina empreendedorismo para 1,5 milhão de estudantes do Ensino Técnico até 2014 P OR A L E X A NDR E L E NZI
Uma nova geração de cabeleireiros, pin-
22
recém-aprendida.
tores, pedreiros e técnicos de informática,
Assinado em maio deste ano, o Pronatec
entre outras profissões do Ensino Técnico,
Empreendedor estabeleceu que, a partir do
começa a ser formada com uma proposta
segundo semestre de 2013, estudantes de
mais ampla. Além de capacitar o aluno para
15 modalidades de cursos da rede pública
executar a função escolhida, os cursos ago-
de Ensino Técnico passem a ter a disciplina
ra devem levar o tema empreendedorismo
de empreendedorismo em seus currículos.
para a sala de aula, encorajando o novo
A previsão é de que, já em 2013, o progra-
profissional à possibilidade de abrir um
ma capacite mais de 180 mil estudantes,
negócio próprio para exercer a atividade
além de 2,5 mil professores. Para 2014, a
expectativa é de que 1,3 milhão de estu-
lógica do MEC, Marcelo Feres,
dantes sejam capacitados, bem como 5 mil
defende que o empreendedoris-
professores.
mo potencializa uma mudança
A medida é resultado de um acordo de
comportamental no cidadão e
cooperação técnica firmado entre o Se-
na construção da sua carreira
brae e o Ministério da Educação (MEC),
profissional. “Mais do que bus-
que prevê também a oferta de aproxima-
car por um emprego formal, a
damente 1 mil bolsas de estudo para os
visão empreendedora na escola
professores interessados em cursos de es-
possibilita que os estudantes
pecialização e/ou mestrado em educação
considerem não só a possibili-
empreendedora. Segundo o Sebrae, serão
dade de ter o seu próprio negó-
investidos R$ 82 milhões entre 2013 e
cio, como também agir de forma
2016 em ações de desenvolvimento e im-
empreendedora mesmo como
plantação do programa.
profissional contratado”, explica.
Divulgação
EDUCAÇÃO
Com essa iniciativa, o Ministério da Edu-
O Sebrae será responsável pela capacita-
cação prevê agregar ao Programa Nacional
ção dos professores, realizada via internet,
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
durante quatro semanas, com duração total
(Pronatec) a perspectiva do autoemprego,
de 32 horas. Capacitados, os educadores
além do desenvolvimento de competências
poderão aplicar o conhecimento nas salas
empreendedoras, reconhecidas como fun-
de aula. Será oferecida uma disciplina de
damentais tanto para a vida pessoal quanto
empreendedorismo com até 52 horas de
profissional. O acordo prevê a construção
duração. A matéria será obrigatória e fará
de saberes para o desenvolvimento de com-
parte, inicialmente, do currículo de 15 cur-
petências ligadas, entre outros aspectos, à
sos (veja box abaixo).
aplicação de conceitos e princípios de ges-
Entre as principais competências a se-
tão e à percepção e análise de condições de
rem desenvolvidas durante a disciplina es-
oportunidade de mercado.
tão: compreender o mercado de trabalho
A assinatura do convênio contou com a
e o mundo do trabalho para o desenvolvi-
presença do vice-presidente da República,
mento do seu projeto de vida, identificar
Michel Temer, do ministro da Educação,
os tipos de empreendedorismo e suas ca-
Feres, do MEC: conhecimentos em empreendedorismo vão além de obter ferramentas para abrir um negócio próprio
Aloizio Mercadante, e do presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Na cerimônia, o ministro assinou termo de cooperação com o
_CURSOS BENEFICIADOS
Sebrae, que será o grande parceiro neste programa. As instituições do Sistema S já ofertam cursos do Pronatec. “Essa parceria com o Sebrae é muito importante. Nós precisamos criar uma cultura empreendedora nos jovens. Isso aumenta a produtividade, a cultura de inovação e a competitividade no Brasil”, destacou Mercadante. Visão empreendedora O diretor de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria de Educação Profissional e Tecno-
O Pronatec Empreendedor será realizado, inicialmente, em 15 cursos. São eles: • Cabeleireiro • Cuidador de idosos • Promotor de vendas • Fruticultor • Montador e reparador de computadores • Técnico em informática • Motorista de transporte escolar
• Pedreiro de alvenaria • Pintor de obras • Técnico em agroindústria • Bovinocultor de leite • Eletricista de linhas elétricas de alta e baixa tensão • Horticultor orgânico • Salgadeiro • Manicure e pedicure 23
EDUCAÇÃO
Fotos: Divulgação
racterísticas, reconhecer a importância do desenvolvimento de atitudes empreendedoras para o seu projeto de vida e desenvolver um plano de carreira. Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, empreendedorismo na educação significa valorizar os processos educacionais que estimulam o desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões, de forma que ele possa contribuir com ideias para o mundo dos negócios e para o ambiente em que está inserido. “O comportamento empreenBarretto, presidente do Sebrae: a educação para o empreendedorismo dá um passo importante, mas é preciso incentivá-la cada vez mais cedo, desde o Ensino Fundamental
dedor é útil para quem vai ter o próprio negócio ou para quem vai trabalhar em uma empresa. O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e globalizado, exige trabalhadores bem qualificados, mas que tenham um diferencial”, explica. Na avaliação de Barretto, inserir o empreendedorismo no Pronatec é um passo muito importante, mas é preciso incentivar o estudante cada vez mais cedo. “O Brasil precisa criar uma cultura empreendedora desde o Ensino Fundamental, passando pelo Médio e chegando ao universitário”, afirma.
Lançamento do Pronatec Empreendedor: Barretto (centro) entre o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto Santos (esq.), e do ministro da Educação, Aloizio Mercadante (dir.)
O ministro Mercadante concorda: “Precisamos criar a cultura do empreendedorismo na juventude”. Ele cita o Ensino Técnico e a inovação como itens fundamentais para o desenvolvimento
_A ORIGEM: PRONATEC
do país. “É preciso impulsionar as ca-
Criado em outubro de 2011, o Pronatec tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para isso, prevê subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que, juntos, oferecerão 8 milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis até 2014. Os subprogramas proporcionam formação para o trabalho a adolescentes, jovens e adultos nas redes estaduais e federais de nível médio de EPT, além do Sistema Nacional de Aprendizagem (SNA). O Pronatec Empreendedor é um braço do programa principal. > Saiba mais: www.sebrae.com.br/pronatecempreendedor
deias produtivas para gerar mais valor agregado, produzir com mais qualidade, reduzir custos e ter inovação em processos e produtos. Nada disso acontece se não priorizarmos a educação”, ressalta. Um diferencial do programa será que o professor capacitado passará a contar, no site do Pronatec Empreendedor, com um serviço de suporte e apoio pedagógico para esclarecer dúvidas e encontrar soluções para eventuais dificuldades
Fonte: MEC e Sebrae
que vier a enfrentar na aplicação da disciplina. Além desse serviço de apoio,
24
EDUCAÇÃO DESENVOL VIMENTO DO PRONATEC
O Pronatec Empreendedor nasceu de uma parceria do MEC com o Sebrae para incorporar ações relacionadas ao empreendedorismo em cursos do Pronatec. O MEC envolveu as diversas instituições de ensino da rede Pronatec, como Senai, Senac e Institutos Federais. Inicialmente, 15 cursos do Pronatec tratarão da temática do empreendedorismo.
Mobilização de estudantes, educadores e instituições de ensino para a temática do empreendedorismo. O Sebrae disponibilizou materiais de divulgação e a disciplina já começa a ser oferecida paralelamente.
Capacitação de estudantes e professores, com o ensino da disciplina e a oferta de especialização ou mestrado na área de Educação Empreendedora para os docentes. Premiação para ações de estudantes, educadores e instituições que apresentem bons relatos e experiências resultantes de atividades de empreendedorismo. A premiação está prevista para dezembro deste ano.
encontrará, no site, uma “sala dos pro-
_ENTIDADES PARCEIRAS
fessores” – trata-se de uma comunidade virtual, na qual poderá trocar experiên-
• Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) • Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) • Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
cias e ideias com outros professores, compartilhando boas práticas de ensino e soluções encontradas para problemas comuns. A partir de necessidades constatadas
pelo
acompanhamento
• Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat)
desta comunidade virtual, alguns even-
• Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura/Centro Educacional Profissional de Indaiatuba (FIEC /CEPIN)
tos virtuais de curta duração também
• Conselho Nacional de Dirigentes das Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais (Condetuf)
serão oferecidos, complementando a formação inicial na direção de uma capacitação continuada. O programa evidencia a necessida-
• Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif)
de de se abordar o empreendedorismo
• Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti)
transformações da realidade, estimu-
• Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
las a fomentarem uma cultura empreendedora. L
de forma mais enfática e focada nas lando professores, estudantes e esco-
25
26
Shutterstock
CAPA
Em alta velocidade, mas com segurança O número de aceleradoras de empresas cresce rapidamente no Brasil, reproduzindo um fenômeno já vivenciado em outros países. Focadas na aproximação entre startups e investidores privados, essas instituições têm colaborado para o fortalecimento de empreendimentos inovadores. Assim, compartilham com incubadoras de empresas e parques tecnológicos a missão de elevar o nível de inovação no país. Aos empreendedores, surgem como mais uma opção de apoio para alavancar os negócios.
P OR DA NIE L C A R D OS O
27
CAPA
Nos últimos anos o setor de tecnologia as-
2010, esse número ultrapassou a marca de 180.
sistiu ao crescimento vertiginoso de uma nova
Na Europa, o crescimento também impressiona.
modalidade de apoio a empresas inovadoras:
A Nesta contabilizou a abertura de aceleradoras
as aceleradoras. Esse modelo de negócio sur-
desde o início da onda – em 2007, era apenas
giu nos Estados Unidos em meados da última
uma; em 2011, já passavam de 10.
década e se expandiu também para a Europa, tornando-se uma onda global que impacta posi-
Mercado brasileiro
tivamente no empreendedorismo, principalmen-
No Brasil, a novidade também pegou. A pri-
te para iniciativas voltadas ao mercado digital.
Divulgação
Escritório da 21212 no Rio de Janeiro: foco em programas de aceleração customizados
meira aceleradora abriu as portas em solo na-
Em linhas gerais, o objetivo da aceleradora,
cional em 2008, mas o boom veio mesmo no
como o nome diz, é acelerar a expansão de uma
último ano. De seis aceleradoras, o país passou
empresa pequena (startup) e ajudar os empreen-
a ter mais de 30. Geralmente elas adotam o mo-
dedores a desenvolverem as habilidades necessá-
delo de negócio semelhante ao das similares
rias para essa missão. Para isso, criam um ecos-
dos Estados Unidos e da Europa. Oferecem uma
sistema de suporte aos empresários, por meio do
estrutura física, mentoria e aprimoram as habili-
qual oferecem cursos, workshops, mentoria e, de
dades de gestão dos empreendedores. Boa parte
quebra, colocam à disposição designers e pro-
das aceleradoras brasileiras injeta nas startups
gramadores para auxiliar no desenvolvimento de
valores que ficam entre R$ 10 mil e R$ 70 mil,
produtos e serviços, além de assessoria jurídica e
mas o montante pode ser maior e ficar acima de
contábil. A aceleradora também costuma entrar
R$ 1 milhão. Em troca de tanta ajuda, a acelera-
com um aporte financeiro, muitas vezes essencial
dora fica com uma porcentagem da startup, que
para fazer o negócio decolar.
costuma variar de 5% a 20%. Na prática, acele-
O dinamismo e os bons resultados fizeram
radora e acelerado tornam-se sócios do negócio.
os programas de aceleração se multiplicarem
Para o diretor-executivo da Associação Brasi-
rapidamente. A organização não governamen-
leira de Startups (ABS), Guilherme Junqueira, as
tal Nesta, do Reino Unido, publicou em junho
aceleradoras chegaram ao Brasil para atender
de 2011 um estudo analisando a força com que
a urgência exigida pelo mercado. “Tempo vale
as aceleradoras ganharam o mundo. De acordo
muito dinheiro. Se os empreendedores demora-
com o documento “The Startup Factories”, em
rem a colocar um projeto no mercado, são atro-
2005 apenas 10 startups passaram por pro-
pelados pela concorrência. Por isso, o programa
gramas de aceleração nos Estados Unidos. Em
de aceleração se torna fundamental”, afirma. O dirigente da ABS acredita que as aceleradoras criam um ambiente favorável a novos negócios, mas rechaça que essas entidades sejam concorrentes das incubadoras ou parques tecnológicos. Segundo ele, esse novo modelo abriga, principalmente, iniciativas digitais e ligadas à internet. Projetos de outra natureza, como desenvolvimento de hardware, ou que sejam de setores que requerem mais estrutura, como o de bioquímica, dificilmente teriam espaço em uma aceleradora. Nesses casos, o ideal continua sendo a incubadora. “Nas aceleradoras os
28
Startu ps g em pro raduadas acelera gramas de ção nos EUA negócios precisam crescer em poucos meses e
de postos de trabalho. Além das aceleradoras,
não exigem laboratórios ou grandes estruturas.
podemos citar os espaços de coworking e os en-
Costumam ser digitais. Aos empreendedores de
contros para apresentação de ideias e projetos”,
setores mais pesados, como bioquímica ou bio-
lembra Aranha.
tecnologia, o mais indicado são parques tecnolóAmadurecimento
gicos e incubadoras, que possuem uma estrutu-
Apesar do crescimento recente, o setor ainda
ra mais consolidada para esse tipo de negócio”, afirma Junqueira. Segundo a presidente da Anprotec, Franci-
está em fase de amadurecimento. Essa situação
200
obriga os empreendedores a redobrarem os cui-
lene Garcia, o surgimento das aceleradoras no
dados na hora de escolher ou se inscrever em
Brasil, a exemplo do que acontece em outros
uma aceleradora. A principal recomendação
países, segue uma tendência mundial na estru-
é estar informado sobre as opções antes de
turação de novos modelos de relacionamento
definir qual rumo seguir.
entre startups e capital empreendedor. Por um
“É preciso fazer uma pesquisa e uma che-
lado, há um segmento de novas empresas que
cagem de referência. Falar com pessoas, pro-
se diferenciam pelo potencial de crescimento rá-
fissionais e empresas para saber se a acelera-
pido, mais atrativas aos investimentos privados
dora tem bom nível. Outra sugestão
e abertas à participação. De outro, crescem as
é conferir o perfil, ou seja, analisar
iniciativas de investidores-anjo e fundos de ven-
se o que a aceleradora oferece é
ture capital, que passam a tomar parte na agen-
bom para a sua startup. Há acelera-
da de fomento aos negócios inovadores no país.
doras que oferecem um determina-
“Nesse contexto, é natural que o movimento
do valor, mas as cidades onde estão
brasileiro em prol do empreendedorismo inova-
são tão caras que todo o dinheiro
dor, cuja trajetória de quase três décadas vem se
servirá apenas para os sócios se
consolidando com as inúmeras oportunidades e
manterem durante o programa”,
desafios na estruturação e operação de parques
alerta Junqueira, da ABS.
150
100
O fato é que as aceleradoras vie-
tecnológicos e incubadoras, passe a contar com a operação de novos ambientes: as aceleradoras
ram para ficar. Tanto é que
de negócios”, explica.
o próprio governo federal
Para José Alberto Sampaio Aranha, diretor
aderiu à modalidade. Em
do Instituto Gênesis, da PUC-RIO, a chegada das
2013, o Ministério da Ciên-
aceleradoras forçará algum tipo de mudança no
cia, Tecnologia e Inovação
posicionamento das incubadoras. Aranha acredi-
(MCTI) lançou o projeto
ta que as incubadoras tradicionais terão que se
Start-Up Brasil. Por meio
voltar para duas extremidades: se aproximar da
do programa, o governo
fase de pré-incubação, ou seja, quando a ideia do
oferece
empreendimento está bem no início e, além disso,
de até R$ 200
fazer uma ligação mais eficiente da empresa com
mil para startups
o capital de risco, que sustentará o crescimento
que
participem
do negócio na fase de pós-incubação. “Vale res-
de
programas
50
bolsas
saltar que não é só o boom das aceleradoras, mas um boom de todos os mecanismos para gerar novos negócios. O movimento ganhou força com a crise nos Estados Unidos e na Europa, quando os governos perceberam a importância das pequenas empresas para a geração
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0 29
_INCUBADORA
Tempo médio de três anos. É baseada no modelo de consultoria. Seu foco é capacitar empreendimentos em termos de gestão e qualidade técnica, além de oferecer infraestrutura. Em geral tem como base recursos públicos.
_ACELERADORA
Costuma durar de quatro meses a um ano. Possui como base uma rede de mentores. Objetivo é possibilitar crescimento rápido do empreendimento e aproximá-lo de investidores ou compradores. São baseadas em capital privado. Adquirem participações das empresas aceleradas.
de aceleração. Até então, a política do governo
enfim, formataram o estilo da StartYouUp.
federal costumava ser voltada para financiamen-
Segundo Riegert, o grande foco da acelerado-
tos a fundo perdido e repasses para agências de
ra é buscar boas ideias, mas que, acima de tudo,
fomento estaduais ou a outras instituições. Com
estejam nas mãos de bons empreendedores.
a chegada das aceleradoras, uma nova frente sur-
“Quem só tem ideia não é empreendedor. Para a
giu para estimular a inovação brasileira.
gente, interessam os negócios que já estão cami-
Nove aceleradoras já foram escolhidas para
nhando, que já têm protótipo. Não precisa estar
encabeçar o projeto e, no fim de julho, foram di-
gerando receita, mas é importante que tenha
vulgados os empreendedores selecionados para
algo pronto e funcional”, destaca.
participar. A StartYouUp, de Vitória (ES), é uma das ace-
Um exemplo claro de como o perfil do em-
Brasil e tem boas expectativas quanto à iniciati-
preendedor torna-se prioritário durante a sele-
va. O CEO da StartYouUp, Marcílio Riegert, ava-
ção das aceleradoras é o caso de Diego Alvarez,
lia que o programa comprova a grande expecta-
sócio-fundador do Easyaula, plataforma para
tiva e a importância que as aceleradoras estão
oferecimento de cursos online e presenciais.
ganhando no país. É um modelo de negócio que
Alvarez afirma que suas atitudes para colocar
encurta o tempo de crescimento das empresas
o projeto no ar antes da aceleração foram mais
e pode fazer com que empreendedores tenham
relevantes durante o processo de seleção da
resultados mais rápidos e sólidos do que se ca-
aceleradora do que o projeto em si.
minhassem sozinhos”, afirma.
30
Mão na massa
leradoras escolhidas para o programa Start-Up
“Na época da seleção eu trabalhava em uma
A aceleradora capixaba teve origem em uma
empresa e dividia o meu salário com um outro
experiência profissional de Riegert. Quando tra-
profissional, para que ele pudesse dedicar tem-
balhava no consulado alemão no Brasil, ele visi-
po integral ao projeto do Easyaula. Isso mostrou
tou por algumas vezes a Alemanha, onde conhe-
à aceleradora que eu não estava na zona de con-
ceu alguns clusters e teve contato com o novo
forto, que queria ver o meu negócio acontecer
modelo de apoio à inovação. A partir de 2011, ele
de verdade”, lembra.
e outros sócios lançaram o site da empresa, para
Além disso, o currículo de Alvarez também
medir a temperatura do mercado nacional. Rece-
impressionou. O empreendedor tem experiência
beram vários cadastros, aperfeiçoaram o modelo
nos Estados Unidos, onde trabalhou no Google e
com base nas aceleradoras do Vale do Silício e,
na Microsoft. Quando entrou de fato no progra-
CAPA
Divulgação
ma de aceleração, em 2012, a vontade de “fazer acontecer” só aumentou. Alvarez se mudou para um apartamento mais próximo da aceleradora, a fim de não perder tempo no trânsito. Largou o emprego, encontrou um sócio e dedicou 100% do seu dia ao Easyaula. “O melhor para mim, na aceleração, foram os mentores. Eles sempre me incentivavam a testar o projeto diretamente no mercado. Outra questão fundamental foi poder utilizar alguns profissionais que trabalham para a aceleradora. No começo, precisávamos bastante dos designers, que nos ajudaram a aprimorar o Easyaula”, lembra. Alvarez entrou no programa da 21212, uma das aceleradoras de maior
para potenciais clientes e evidencia que os sócios
envergadura do Brasil. A 21212, no entanto, tem
estão trabalhando para valer”, explica Lacerda.
parte do seu DNA norte-americano. Isso porque
Quem entra no programa de aceleração da
nasceu da sociedade entre quatro brasileiros e
21212 recebe R$ 50 mil para investir no negó-
dois empreendedores dos Estados Unidos, que
cio. O dinheiro pode ser aplicado da forma que o
enxergavam aqui um mercado importante a ser
empreendedor julgar melhor, como em viagens de
explorado. O próprio nome faz uma menção à na-
negócios, remuneração dos sócios e contratação
tureza internacional da empresa: “21” é o código
de funcionários. Além disso, o acelerado tem aces-
de área do Rio de Janeiro, e “212” é o código de
so a uma rede de parceiros, que oferecem descon-
área de Nova Iorque.
tos em serviços vitais para startups, como servi-
A 21212 mantém um escritório nos Estados
Apenas 2% dos projetos inscritos na Aceleratech são selecionados
dores na nuvem e crédito em publicidade online.
Unidos, com duas missões prioritárias: aperfeiçoar a rede de relacionamento e auxiliar startups
Pressão constante
brasileiras que tenham planos de internaciona-
Durante a aceleração, os empreendedores
lização. Porém, a base principal da aceleradora
participam de palestras, workshops, têm acesso
fica no Rio de Janeiro (RJ), onde disponibiliza
à rede de relacionamentos com clientes e inves-
um espaço de coworking e realiza, durante todo
tidores. Outro destaque é a mentoria. Na acele-
o ano, programas de aceleração customizados
ração, as startups apresentam as suas propostas
de acordo com as demandas de cada startup.
para diversos profissionais, que opinam sobre a
Frederico Lacerda, sócio-fundador da 21212,
ideia, sugerem melhorias e indicam maneiras de
também ressalta que durante o processo de se-
validá-las. Porém, apesar de todos os privilégios,
leção as atenções voltam-se, principalmente, aos
Lacerda alerta que a rotina dentro de um pro-
empreendedores. Se a equipe que está montando
grama de aceleração não é nada fácil. Os em-
a startup se mostrar capaz de tirar uma ideia do
preendedores precisam bater metas, atingir re-
papel e converter em um negócio de verdade,
sultados e apresentar inovações a todo instante.
terá grandes chances de ingressar na 21212.
“A startup é avaliada o tempo inteiro e fazemos
“Em geral, os empreendedores selecionados já
reuniões constantes. Podem até ocorrer casos
têm um protótipo avançado. Mesmo que ainda
de a empresa ser desligada por não conseguir
não esteja na versão final, pode ser mostrado
evoluir ou apresentar resultados satisfatórios”, 31
próprio de adota um modelo l idenCada aceleradora ss ento, mas é po íve seleção e relacionam os em comum. Confira o ess tificar alguns proc o ocesso de aceleraçã pr do o ss pa a o ss pa
explica Lacerda. O cenário repleto de pressão e expectativa
1
Cadastro
é confirmado por Pedro Waengertner, um dos
Entrar no site da aceleradora, preencher o formulário e detalhar o projeto da empresa.
Segundo ele, apenas 2% dos projetos inscritos
fundadores da Aceleratech, de São Paulo (SP). na aceleradora são selecionados. Segundo Waengertner, quem deseja participar de um programa semelhante precisa, primeiro, conhecer bem
2
Apresentação Reunião com a aceleradora, expondo a ideia da startup e mostrando as credenciais dos empreendedores.
cada aceleradora e encontrar a que mais pode ter interesse na startup. Algumas aceleradoras, por exemplo, focam no desenvolvimento de aplicativos; outras, em empreendedorismo social. A dica é se inscrever apenas naquelas que convergem com os planos da startup. Outra recomendação é não se limitar
3
Entrevistas Momento em que os empreendedores conversam, individualmente, com representantes ou sócios da aceleradora.
a preencher o cadastro disponibilizado nos sites. É preciso ir além. “O ideal é participar de palestras, eventos, workshops e conversar com os sócios das aceleradoras. Só a Aceleratech realiza cerca de 30 eventos por ano, com o objetivo de se aproximar do mercado. São ótimas oportuni-
4
Início da aceleração O empreendedor tem acesso à infraestrutura, como sala, computadores, consultoria jurídica e contábil, assessoria de designers e programadores.
dades para os empreendedores iniciarem o contato com a aceleradora”, ressalta Waengertner. A Aceleratech realizou o seu primeiro programa em 2012, quando 11 empresas foram selecionadas. O resultado foi positivo. “Das 11 empresas, três estão fechando a primeira rodada de investimento, várias já possuem faturamento
5
Investimento A startup recebe dinheiro para o desenvolvimento do projeto. Em troca, a aceleradora fica com um percentual da empresa, que costuma variar de 5% a 20%.
e duas conseguem pagar as próprias contas. É um excelente resultado e mostra a importância do modelo de aceleração”, destaca Waengertner. Realizado em parceria com a ESPM, o programa da Aceleratech dura quatro meses e a startup tem direito a mais três meses de incubação. A rotina é puxada e bem definida. Nas terças, quar-
6
Plano de metas
tas e quintas são realizadas palestras, workshops
Durante a aceleração, o trabalho é focado em metas e resultados. A avaliação é constante e a startup pode ser desligada do programa se não se mostrar viável.
dia fica livre para os empreendedores manterem
e seções de mentoria. Nas segundas e sextas o contato com o mercado e realizarem reuniões externas. A empresa acelerada também recebe R$ 40 mil, além do apoio técnico, como assessoria jurídica, contábil e design.
7 32
Pós-aceleração Depois do programa, em geral, a aceleradora mantém sociedade com a startup e continua ajudando com orientações e networking.
Rumo ao interior As aceleradoras chegaram ao Brasil primeiramente nas grandes capitais, como Rio de Ja-
CAPA
Divulgação
neiro e São Paulo. Agora, começam a se expandir para outras regiões, irrigando cidades menores com muita inovação. Umas das precursoras nesse mercado é a Viking Network. A aceleradora abriu as portas em abril deste ano e tem como missão estimular a cultura empreendedora no interior do país. A ideia da Viking surgiu a partir de uma percepção de Paulo Milreu, chairman e mentor da aceleradora, ao constatar que o interior de São Paulo ainda não estava inserido no modelo de aceleração. Foi então que Milreu começou a se reunir com amigos e outros empreendedores para estruturar uma aceleradora em Bauru, no noroeste paulista. A aceleradora se
Garcia, o crescimento das aceleradoras indica
formou como uma rede de empreendedores, men-
um novo avanço do movimento de empreen-
tores e microinvestidores. Até agora, 25 pessoas
dedorismo inovador brasileiro. “Incubadoras e
toparam participar da rede, que é mantida com
aceleradoras deverão atuar de forma comple-
uma mensalidade paga pelos microinvestidores.
mentar no apoio às startups, contribuindo para
A meta é ter 200 membros até o final deste ano.
a geração de empreendimentos sólidos e competitivos”, afirma. Sinal verde para acelerar. L
Para a presidente da Anprotec, Francilene
Milreu, da Viking: interiorização é a estratégia da aceleradora
Um modelo de gestão elaborado para potencializar os resultados das incubadoras de empresas. Sua incubadora vai fazer ainda mais. E melhor. Realização:
Parceria:
Saiba mais: www.anprotec.org.br/cerne 33
Shutterstock
INVESTIMENTO
Dinheiro à vista Fundos e empresas de outros países investem em startups nacionais com grandes expectativas de retorno financeiro P OR DA NIE L C A R D OS O
Enquanto as startups brasileiras ganham espaço rapidamente no mercado de tecnologia, os fundos e empresas de inves-
No estudo, a FGV também levantou que
timento estrangeiros querem aproveitar
o setor de informática e eletrônica repre-
o bom momento do setor e aterrissam no
senta 20% do total de investimentos e que,
país trazendo muito dinheiro na bagagem.
das 502 empresas brasileiras que recebe-
Uma pesquisa realizada pela Fundação Ge-
ram aportes desses fundos, mais de 40%
tulio Vargas (FGV) em 2012 constatou que
são empreendimentos em estágio inicial.
metade do capital investido por fundos do 34
tipo private equity no Brasil é de origem estrangeira.
Não faltam bons exemplos para com-
INVESTIMENTO
provar essa tendência. O fundo AccelPar-
tivo fundamental: o Brasil tem mercado
tners é um dos mais importantes do mun-
consumidor enorme, com demanda local
do. Além de gerir mais de US$ 6 bilhões,
suficiente para comportar o crescimento
tem como credencial apostas bem-sucedi-
exponencial de uma startup. Além disso,
das no Facebook e no Dropbox. Agora, o
Cunha lembra que no país há oportuni-
alvo é o Brasil. Por aqui, o AccelPartners
dades de negócios ainda não exploradas,
injetou recursos no baby.com.br, site es-
o que abre espaço para muita inovação e
pecializado em artigos para crianças, no
rentabilidade.
guia colaborativo Kekanto e no site de re-
Chamar a atenção de um fundo internacional, no entanto, é uma tarefa árdua e, em
venda Elo7. Outro gigante a pousar em solo verde-
muitos casos, requer bastante esforço das
-amarelo é o Tiger Global Management, de
startups. Porém, algumas dicas importantes
Nova Iorque, que investe em empresas nos
podem ajudar a dar visibilidade aos empre-
Estados Unidos, Europa, América Latina e
endimentos. Segundo Cunha, os empreen-
Ásia. No Brasil, entrou com participações
dedores, ao se reunirem com os investido-
no e-commerce de cosméticos Beleza na
res, precisam vender um negócio completo
Web, no site para itens voltados a animais
e não apenas uma ideia de empresa. Na prá-
de estimação PetLove e tem como principal
tica, isso significa se apresentar como um
destaque o Peixe Urbano, site de compras
time competente e capaz de transformar
coletivas pioneiro no país.
sonho em realidade. Outra característica que cativa os inves-
Rentabilidade
tidores é comprovar o valor agregado do
Daniel Carneiro da Cunha é sócio do
projeto. O negócio precisa ser relevante
Initial Capital, empresa de Israel que tam-
para o mercado consumidor, de difícil re-
bém investe no Brasil. Ele explica que a fe-
plicação pela concorrência e de alta esca-
bre do capital de risco ocorre por um mo-
labilidade.
_PERFIL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS INVESTIDAS
Informática e eletrônica 20%
Das 502 investidas, mais de 40% estão em estágio inicial
Fonte: FGV 35
E PROATIVIDAD
VALOR AGREGADO S
O EM EVENTO PARTICIPAÇÃ
to
men endi
pre O em l idea
ENTE
G
CAL DEMANDA LO
ICA
VISÃO ECONÔM
AL
CIOS NOVOS NEGÓ
TIME COMPET
RÊNCIA
PELA CONCOR
NETWORKIN
ÇÃO DIFÍCIL REPLICA
RETO PROJETO CONC
CADO CONSUM GRANDE MER
BILIDADE ALTA ESCALA
IDEIIA ORIGIN
IDOR
INVESTIMENTO
“A conversa entre as
nos últimos anos é o fundo Atomico. Criado
partes é sempre um pro-
por um dos cofundadores do Skype, Niklas
cesso um tanto longo e
Zennström, o Atomico tem um a espécie
de conhecimento mútuo.
de checklist para aprovar uma startup. São
O empreendedor deve
características que podem ser ressaltadas e
se preparar para isso,
valorizadas pelos empreendedores durante
inclusive em termos do
a negociação com o investidor.
financiamento
inicial
“O principal elemento que nos faz investir
da
Entrar
em uma empresa é o empreendedor e seu
no radar do investidor
operação.
time. Em seguida, o tamanho do mercado em
pode acontecer de várias formas. O
que a empresa atua, bem como as margens
networking, na minha opinião, é sempre a
do negócio. Por último, o nível de concor-
mais eficaz. Participar dos eventos e fóruns
rência que enfrentará para obter sucesso”,
e realizar visitas estruturadas a investido-
afirma o diretor do Atomico, Haroldo Korte.
res são sempre boas formas de se inserir no ecossistema”, diz Cunha. Quem também vem atuando no Brasil
Por isso, o fundo opta em investir apenas em empresas já estabelecidas e que tenham apresentado algum avanço significativo na operação. No Brasil, o Atomico injetou recur-
_SEED FORUM INTERNACIONAL
sos em dois e-commerce: o Connect Parts, maior site de acessórios de autopeças do país, e o BebeStore, voltado a produtos para
Este ano, o Seed Forum Internacional será realizado no dia 14 de outubro em Recife (PE), antecedendo o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e a 30a Conferência Mundial da IASP. O Seed Forum é um programa de capacitação empresarial consolidado em eventos nos quais os empresários apresentam seus negócios para investidores, como fundos de investimentos, investidores corporativos e investidores anjos. Para participar é necessário que a empresa seja incubada, graduada ou associada de uma das incubadoras de empresas e parques tecnológicos vinculados à Anprotec. O negócio pode estar em estágio pré-operacional ou operacional, com faturamento de até R$ 16 milhões no último ano. Os empreendimentos ou projetos classificados na primeira fase serão apresentados a uma banca, a ser realizada nos dias 27 e 28 de agosto, em São Paulo (SP). Os selecionados passarão, no período de 9 de setembro a 13 de outubro, por um processo de capacitação, no qual serão orientados quanto aos aspectos estratégicos do negócio e à melhor forma de apresentá-lo aos investidores. Como o evento ocorrerá juntamente com a Conferência Mundial da IASP (International Association of Science Parks and Areas of Innovation), as empresas selecionadas terão na plateia participantes de diversos países assistindo às suas apresentações, com potencial de gerar oportunidades em nível global. O Seed Forum é organizado por Finep, Anprotec, Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
bebês e gestantes. No total, o valor investido foi de US$ 11 milhões. Além do Brasil, o Atomico é acionista de empresas na Argentina e no Uruguai. Investir em empresas mais consolidadas e que já passaram a fase inicial vem se tornando uma estratégia cada vez mais comum entre os fundos. Isso porque o momento atual da economia brasileira requer alguns cuidados. Com o Produto Interno Bruto (PIB) em baixo crescimento, juros voltando a subir e geração de empregos perdendo o fôlego, os investidores estão mais apreensivos na hora de liberar o dinheiro. Cunha, da Initial Capital, afirma que apesar da cautela, o Brasil ainda é um campo importante para jogar as sementes da inovação. “É um momento de incerteza, que sem dúvida gera maior cautela, tanto na análise do investimento em si, quanto na análise de viabilidade de futuras rodadas de financiamento, quando necessário. Nesse tipo de período, investidores privilegiam negócios com visão consistente de equilíbrio econômico”, explica. L
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OPORTUNIDADE
A força da coletividade Ao propor aprendizado colaborativo, crowdlearning ganha espaço no Brasil e cria um novo nicho de negócios P OR A L E X A NDR E L E NZI
Reunir no mesmo espaço pessoas com
que une as palavras “multidão” e “aprendi-
interesses comuns, dispostas a ensinar o
zagem”) têm conquistado espaço no Brasil,
que já sabem e a ouvir o que é novo. E por
promovendo encontros entre pessoas com
interesses comuns vale desde matemática
afinidades em diferentes áreas de conhe-
aplicada ou direito trabalhista até aulas de
cimento. E quando os encontros/aulas são
violão ou de skate. O importante é apren-
pagos, uma fatia do lucro fica com o donos
der. E em grupo, isso parece ser mais fácil.
das plataformas virtuais.
É com essa proposta que plataformas on-
A Nós.vc é uma das empresas que trou-
line de crowdlearning (conceito em inglês
xe o conceito de crowdlearning para o 37
OPORTUNIDADE
Divulgação
nicação, divulgação etc. Não é como um filtro de seleção. Dessa forma, acolhemos propostas de praticamente qualquer tema”, explica Leo. A plataforma cobra 7,5% da arrecadação dos encontros, além das taxas do sistema de pagamento. Somadas, ficam em torno de 13%. O resto é repassado integralmente para o organizador do encontro. Segundo Correa, essa arrecadação é suficiente para pagar os custos de operação do site, incluindo a remuneração para o trabalho dos sócios. Além disso, os quatro trabalham organizando encontros próprios, sobre temas diversos. “Assim, somos clientes Os quatro sócios montaram a Nós.vc em 2011, com o objetivo de incentivar a aprendizagem colaborativa
mercado brasileiro com sucesso. Em 2011, os amigos Leo Correa, Daniel Larusso, Guilherme Neves e Mauro Rego resolveram deixar seus empregos para construir algo que trouxesse de volta o prazer de promover encontros. Correa conta que a ideia de incentivar a aprendizagem colaborativa existia desde a época da faculdade, quando eles organizavam encontros entre estudantes de design para troca de conhecimento. “Naquela época, já valorizávamos o encontro em si, o estar junto, muito mais do que teorias ou conteúdos sistematizados. Do compartilhamento de paixões surge uma aprendizagem muito mais inspiradora e engajadora”, explica. Em agosto de 2011 surgiu o conceito do Nós.vc, dentro da ideia de crowdlearning. “Desse ponto até o lançamento do site beta foram uns seis meses amadurecendo a mecânica de funcionamento. E em junho de 2012 investimos no desenvolvimento e lançamos o site atual, que tinha por objetivo a proposição dos encontros”, recorda Correa. Ele define o público-alvo da empresa como qualquer pessoa interessada em propor um encontro, sem restrições. Hoje são cerca de 6,8 mil usuários cadastrados. Os temas são diversos. “Não fazemos seleção dos encontros, apenas curadoria, que tem o objetivo de ajudar o organizador na proposta do encontro, melhorar texto, imagens, comu-
38
da nossa própria plataforma”, brinca. Com forte presença virtual, por enquanto a Nós. vc não tem escritório físico. A sede comercial localiza-se em um espaço de coworking em Florianópolis (SC) e a assistência contábil e jurídica é terceirizada. Os quatro sócios trabalham virtualmente: Correa mora em Florianópolis, Larusso em Porto Alegre, Neves em São Paulo e Rego na Alemanha. Mudança O Cinese é outro exemplo bem-sucedido da prática de crowdlearning no Brasil. O nome da empresa vem da palavra grega kínesis, que significa movimento, mudança, agitação da alma. E é exatamente isso que a empresa pretende fazer: colocar as pessoas em movimento por meio do aprendizado. A iniciativa nasceu da parceria das irmãs Camila e Anna Haddad. “A Anna estava, na época, questionando o modelo tradicional de educação e eu estava em Londres, fazendo um mestrado ligado à economia colaborativa. Juntando os dois, educação informal e livre mais colaboração, deu o Cinese”, resume Camila. Hoje, são 3,2 mil usuários cadastrados no Cinese, a maioria com idade entre 18 e 35 anos. As áreas de atuação variam bastante, mas estão, principalmente, ligadas a educação, artes criativas, cultura e tecnologia. Hoje, a empresa tem uma equipe de cinco
OPORTUNIDADE
Divulgação
pessoas e uma sede no bairro Pinheiros, na capital paulista, espaço que também é compartilhado com outras iniciativas. Camila destaca que a plataforma é aberta para qualquer um que queira dividir conhecimento. “Não selecionamos os encontros. Apenas filtramos conteúdo abusivo, ilegal ou encontros que fogem do conceito da plataforma, como os meramente publicitários”, explica. O proponente decide os parâmetros do encontro, como tema, conteúdo, data, local, horário e preço, entre outros. Se necessário, a equipe do Cinese dá uma ajuda. E quando os encontros são cobrados, 13% do valor arrecadado fica para o Cinese e 7%
do que está sendo passado o aluno tem uma
para a plataforma de pagamento seguro. O
fixação e entendimento do tema de forma
restante vai para o proponente do encontro.
muito mais eficaz e verdadeira. Além disso,
Criada em 2007 no Rio Grande do Sul,
na formatação dos programas, levamos em
a Perestroika é outra empresa que está
consideração as opiniões e sugestões dos
contribuindo para um novo modelo de
alunos”, afirma Mariana Gutheil, sócia da
aprendizado coletivo, dentro da ideia do
unidade de São Paulo.
crowdlearning. Sob o comando dos sócios
Embora o foco da escola seja educacio-
Felipe Anghinoni e Tiago Mattos, a empresa
nal, a Perestroika já se envolveu em outros
surgiu com a filosofia de que o aluno pode-
projetos, vários deles dando vazão a ideias
ria deixar de ir ao cinema ou ao bar com
que saíram da sala de aula. Desde um curta-
os amigos para assistir as aulas por prazer,
-metragem em Hollywood com o roteiro
não por obrigação. Hoje, com unidades em
de uma ex-aluna, sob a direção do gaúcho
São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre,
Marco Carvalho, até um núcleo de stand
oferece cursos em áreas diversas, desde
up comedy, denominado Balalaika, que ex-
comunicação, futebol e gastronomia, até
cursionou pelo Rio Grande do Sul em uma
moda e pôquer.
temporada de shows; ou ainda o livro As
Os encontros são baseados em analo-
Mortas da Perestroika, com a participação
gias, análise de cases, apresentação de pes-
de vários profissionais do Brasil e que abor-
quisas e conteúdos atuais. A metodologia
da a vida do estagiário de publicidade.
própria, batizada pelos proprietários de
Neste ano, o conceito de crowdlearning
“experience education”, procura transfor-
ganhou ainda mais força dentro da em-
mar cada aula numa experiência marcante.
presa. A Perestroika, como uma escola de
“Nossa tecnologia é baseada na experiência
atividades criativas, firmou parceria com
porque acreditamos que não existe apren-
a empresa de comunicação W3Haus para
dizado sem emoção”, afirma Felipe Anghi-
lançamento da plataforma Iscola.cc, que
noni. Além de criatividade, a Perestroika
busca promover um ambiente para apro-
busca gerar inspiração e provocar atitudes
ximar pessoas, partindo dos conceitos de
transformadoras que, de forma prática, es-
inspiração, inovação e informalidade, ter-
timulem seus alunos a um empreendedoris-
mos que justificam seu nome escrito com
mo mais eficaz. “Acreditamos que ao viver
a vogal “i” em vez de “e”. Mais uma ideia de olho na multidão. L
uma experiência relacionada com o conteú-
A união entre educação informal livre e colaboração deu origem ao Cinese, que hoje tem mais de 3,2 mil usuários cadastrados
39
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INTERNACIONAL
Lições da Europa Missão internacional abriu caminho para instituições brasileiras conhecerem novos modelos de gestão e formalizarem parcerias com centros de inovação P O R FA B R Í C I O R O D R I G UE S
40
Uma jornada por quatro países e 12
A ênfase da missão foi o conhecimento
instituições de tecnologia e inovação da Eu-
dos modelos de gestão dos chamados BICs
ropa mostrou como o Brasil pode avançar
(do inglês, Centros de Inovação e Negócios),
no impulso ao empreendedorismo inova-
equivalentes aos ambientes de inovação
dor – seja com incentivos à incubação, ou
brasileiros. Na Europa, os BICs oferecem
com parcerias internacionais para ações de
serviços típicos de uma incubadora (coa-
softlanding. As ‘receitas’ e os resultados ob-
ching, hospedagem, consultorias, eventos)
tidos por instituições na Bélgica, Holanda,
aos empreendimentos domiciliados, com o
Inglaterra e Irlanda foram conhecidos deta-
diferencial de também atender os empre-
lhadamente ao longo de 11 dias pela dele-
endimentos do seu entorno. A sustentação
gação brasileira. A equipe reuniu represen-
desses centros se dá pela soma de recursos
tantes de 12 entidades (entre incubadoras,
públicos com a receita alcançada pela pres-
parques tecnológicos, empresas e secreta-
tação de serviços. “As visitas nos permitiram
rias governamentais) na Missão Técnica In-
maior compreensão mútua para a agenda
ternacional – uma realização da Anprotec,
de cooperação que estamos construindo. As
em parceria com a European Business Ne-
informações estavam bastante acessíveis e
twork (EBN), que representa as instituições
sintonizadas com nossas expectativas”, disse
de CT&I da Europa.
a presidente da Anprotec, Francilene Garcia.
INTERNACIONAL
próprios. Graças a uma rigorosa seleção de
O roteiro começou pela Bélgica, onde está
projetos, os empreendimentos alocados no
sediada a EBN, parceira da Anprotec na reali-
BIC atingem 95% de taxa de sobrevivência.
zação da Missão. Criada em 1984 como uma
Os empreendedores brasileiros interessa-
iniciativa conjunta da Comissão Europeia e
dos na Bélgica contam com o apoio da Brasil
de líderes empresariais do continente, reúne
Welcome Office, uma iniciativa da Agência
hoje aproximadamente 230 membros, dos
de Apoio à Exportação na região da Valônia –
quais 155 são BICs. Periodicamente, a EBN
uma das três regiões autônomas da Bélgica,
divulga o Observatório BIC, um documento
que conta com escritório em São Paulo. Com
que compila dados e fatos sobre a evolução
sede em Arlon, na fronteira com Luxembur-
dos centros de inovação e demais associados.
go, a Brasil Welcome Office dá apoio e con-
O estudo de 2012 mostra que um típico
sultoria para quem tem interesse em se ins-
BIC europeu hospeda em média 28 startups
talar na região ou apenas fazer networking.
– das quais 20 estão prontas para receber
São oferecidos espaços de incubação para
investimentos –, gera 57 postos de trabalho
até seis empresas, além de especialistas nas
e tem uma equipe de gestão composta por
áreas aeroespacial, de agroindústria, enge-
14 pessoas. Anualmente, avalia 44 propos-
nharia mecânica, biotecnologia, transporte,
tas de plano de negócios e suas empresas
logística e tecnologia ambiental.
têm uma taxa de sobrevivência de 88% após
A delegação brasileira conheceu a região
três anos de fundação. “Os BICs – com seu
da Valônia na visita ao Parque Científico
modelo focado em negócios e resultados,
Crealys, localizado na capital Namur. Com
um padrão definido e implementado e mé-
um total de 105 empresas e mais de 1,7 mil
tricas periodicamente auditadas – fazem dos
empregos gerados, o parque tem ênfase em
ambientes verdadeiros celeiros de inovação
setores como TI, biotecnologia e saúde. Con-
e de geração de empreendimentos, postos
ta ainda com cinco incubadoras, sendo que
de trabalho e negócios, com significativos
uma delas foi construída com recursos da
resultados regionais e nacionais”, destacou
Comunidade Europeia para ser um projeto-
o administrador do Tecnopuc (RS), Rui Jung
-piloto de prédios sustentáveis. “O que mais
Neto, um dos integrantes da Missão.
chamou atenção foram as iniciativas aplica-
Um típico exemplo de BIC local é o CAP
das nos BICs e as portunidades de parcerias.
Innove, uma das mais antigas incubadoras
Com uma estrutura mais autônoma e um
de empresas da Europa, criada em 1983 a
modelo de atuação mais diversificado, estes
partir da experiência de professores da renomada Solvay Brussels School, localizada na Bélgica. Em seus 4 mil metros quadra-
Apresentação da Anprotec durante visita ao EBN Divulgação
Unidos pela inovação
dos, este BIC reúne 47 empresas (especialmente nas áreas de TI, web e comunicação digital), aluga espaços para coworking e oferece serviços como coaching e consultoria externa – são mais de 50 profissionais disponíveis para esse trabalho. Segundo o CEO do CAP Innove, Jean-Claude Ettinger, do total de € 1,8 mihão do orçamento anual do Centro, apenas um terço vem de subsídios governamentais, enquanto os outros dois terços são originários de recursos 41
INTERNACIONAL
Fotos: Divulgação
consultores de mercado contratados pelo empreendimento, com suporte da Comunidade Europeia. Esses profissionais identificam oportunidades entre as empresas locais, selecionam os empreendedores e buscam os investidores-anjo para negociar a criação e o desenvolvimento das spin-offs. A remuneração não é pela prospecção, mas pelo trabalho adicional que vai gerar esses novos negócios e as empresas selecionadas não têm custo algum com esse processo. Os empreendedores selecionados recebem treinamento intensivo, que dura até três meses. “É uma ação totalmente fomentada Delegação brasileira na visita ao Parque Crealys, na região da Valônia, Bélgica
centros de inovação conseguem oferecer maior valor agregado ao conhecimento adquirido”, resume a representante da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Solange Busek. Incentivo às spin-offs Mais que hospedar empresas, os BICs europeus chamaram a atenção pelos serviços dedicados ao desenvolvimento de planos de negócios para ideias inovadoras. Os destaques são a criação de spin-offs industriais e o suporte de coaching disponibilizado para empresas que estão crescendo rapidamente – as chamadas gazelles, no
Parque Tecnológico Innotek, Bélgica: foco no incentivo a spin-offs
jargão belga. Este modelo foi observado no parque tecnológico Innotek, localizado na região da Antuérpia (Bélgica), onde atuam
pelo BIC e voltada à promoção de novas rotas de desenvolvimento regional, pois as empresas nascentes não precisam ser necessariamente instaladas dentro dos centros de inovação”, acrescenta a presidente da Anprotec, Francilene Garcia. Os representantes da Anprotec também enxergaram num case holandês, a região conhecida como Brainport, no sudeste do país, um modelo de inovação aberta que estimula a cooperação entre empresas e que pode inspirar a atuação da recém-criada Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Instalada desde 2009 na região – que tem a portuária Eindhoven como maior cidade –, a fundação Brainport Development envolve 21 municípios e tem a governança ancorada por poder público, iniciativa privada e universidades. Ao todo, a região conta com mais de 1,3 mil empresas estrangeiras e uma média de investimentos em P&D de 9,3% do faturamento, uma das mais altas da Holanda e de toda a Europa. O High Tech Campus, outra parada do roteiro brasileiro, é um exemplo de como funciona o modelo de inovação aberta e colaboração. Criado para alocar as divisões de pesquisa da Philips (maior empresa da região), o campus começou a ser ocupado nos últimos anos por concorrentes diretas como Sony e Samsung, assim como startups de diversas áreas. Como resultado, o High
42
INTERNACIONAL
A cervejaria que gera negócios
nos últimos oito anos, passando de 5 mil
Uma das marcas originárias da Irlanda
para 9 mil pessoas empregadas, das quais
mais conhecidas mundialmente é a tradi-
50% são estrangeiras. “Ficamos impressio-
cional cervejaria Guinness, cujo armazém
nados com o grau de maturidade das em-
foi alocado
presas, somado à estrutura e à organização
hoje conta com 90 empresas e 300 empre-
do parque”, aponta o diretor do Parque de
gos gerados. O Guinness Enterprise Center
Ciência e Tecnologia Guamá (Pará), An-
(GEC) foi criado em 2000 e obteve finan-
tônio Abelém. O projeto Brainport 2020,
ciamento público apenas para a instalação.
ancorado na colaboração mútua entre as
Hoje, a instituição é totalmente sustentável
empresas, escolheu quatro pilares para o
em termos de projetos e recursos.
para startups e incubadas e
desenvolvimento local: pessoas (qualidade
Uma de suas graduadas foi a Havok,
no RH), tecnologia, negócios e basics (con-
desenvolvedora de dispositivos para jogos,
dições gerais de qualidade de vida).
que foi comprada por US$ 100 milhões
Enquanto os modelos de negócios inova-
pela Intel. O GEC é um bom exemplo do
dores na Bélgica e na Holanda contam com
modelo aberto de desenvolvimento de tec-
apoio público, o St. John’s Innovation Center,
nologia e inovação da Irlanda, ancorado no
que é parte da Universidade de Cambridge,
Dublin BIC – que já apoiou a criação de 571
na Inglaterra, mostrou ser totalmente sus-
startups (173 dentro do GEC), que geraram
tentável apenas com recursos próprios. Cria-
5,6 mil empregos diretos, além de colabo-
do em 1987, é uma das incubadoras pionei-
rar com a elaboração de mais de 1,7 mil
ras do Reino Unido e tem orçamento anual
planos de negócio. O BIC administra o AIB
médio de € 2 milhões. O Centro retorna anu-
Seed Capital Fund, que conta com recur-
almente seus lucros – que em 2012 foram
sos de € 53 milhões, vindos da Enterprise
de € 700 mil – ao mantenedor, o St. John’s
Ireland (a agência pública de apoio a em-
College, que, por sua vez, destina ao BIC uma
presas da Irlanda) – parceria que permite
verba anual de € 300 mil. Seu foco está na
investimentos de € 250 mil a € 300 mil nas
rápida incubação das empresas, e não ofere-
empresas nascentes. No radar do BIC tam-
ce serviço de pré-incubação.
bém está a rede de investidores Halo Busi-
Na Universidade de Warwick, também
ness Angels Partnership, que já investiu €
na Inglaterra, o modelo é o de interação
52 milhões em 118 negócios. Para Solange
com grandes empresas, incentivo a spin-offs
Busek, da Sectes/MG, ter uma rede forte de
e recursos obtidos a partir de propriedade intelectual dividida entre desenvolvedores privados e a universidade. Foi o que moti-
Apresentação da Universidade de Warwick Science Park, na Inglaterra Divulgação
Tech Campus quase dobrou sua ocupação
vou a criação do Warwick Ventures Ltd, um escritório de transferência de tecnologia que funciona como uma subsidiária independente, com equipe em tempo integral e consultores de negócios. O objetivo é gerar impacto a partir da propriedade intelectual da universidade, transferir os resultados das pesquisas para a sociedade e gerar retorno financeiro. Desde 1999, a Warwick criou 76 spin-offs, das quais 33 continuam ativas e têm um valor de mercado de € 4 milhões. 43
INTERNACIONAL
o
a inovaçã Roteiro d a na Europ
13
11 12
9
8 10 3 12
5
Bélgica
Holanda
1 European Business & Innovation Centre Network (EBN) /
7
4
Irlanda
8 St. John’s Innovation Center – Cambridge University /
Bruxelas, Bélgica
Cambridge, Inglaterra
3 CAP Innove / Bruxelas, Bélgica
10 University of East London / Londres, Inglaterra
5 Maison de l’Enterprise / Mons, BéIgica
Center / Dublin, Irlanda
7 Brainport Development / Eindhoven, Holanda
13 Congresso EBN / Londonderry, Irlanda do Norte
2 European Commission / Bruxelas, Bélgica 4 Crealys Science Park / Namur, Bélgica 6 Innotek / Geel, Bélgica
44
Inglaterra
6
9 Warwick Science Parks / Coventry, Inglaterra
11 Dublin Business Innovation Centre e Guinness Enterprise 12 University College Dublin / Dublin, Irlanda
INTERNACIONAL
investidores pode mudar o desenvolvimen-
ambiente favorável para o desenvolvimen-
to da inovação no Brasil. “Ainda é precário o
to tecnológico e para a inovação. Para isso
número de investidores atuantes no Brasil,
precisamos de um planejamento de curto,
principalmente na área de biotecnologia,
médio e longo prazo, além de investimentos
e de empresas com forte P&D em nossos
consistentes em educação e CT&I”, acres-
parques tecnológicos. Precisamos focar na
centa Antônio Abelém, do PCT Guamá.
capacitação direcionada às inovações de
A Anprotec (que no início do ano criou
base tecnológica e para o mercado”, analisa.
em conjunto com a Apex-Brasil o Sistema de Apoio à Internacionalização de Empre-
Brasil, parceiro preferencial
endimentos Inovadores) assinou durante
A participação no 22º Congresso Anu-
a missão um acordo de cooperação com a
al da EBN, na Irlanda do Norte, marcou a
Associação Nacional de Centros de Inova-
segunda parte da Missão Técnica Interna-
ção da Espanha (ANCES) para o desenvolvi-
cional. No evento, ficou evidente o grande
mento e a transferência de tecnologia entre
interesse dos europeus pela produção de
empresas inovadoras dos dois países. Na
conhecimento e inovação dos parques e in-
prática, a parceria fomenta um programa
cubadoras brasileiros. Ao longo dos três dias
de softlanding entre ambientes de inovação
de Congresso, que teve entre os palestran-
do Brasil e da Espanha, que inclui, do lado
tes o cofundador da Apple, Steve Wozniak,
brasileiro, a participação de incubadoras de
a Anprotec participou de mesas e debates,
empresas e parques tecnológicos de dife-
como o “International Incubation Lab”. No
rentes regiões do país. Entre as associadas
debate, a superintendente Sheila Oliveira
da ANCES que farão parte do programa
Pires e a professora Maria Alice Lahorgue
estão os Centros de Empreendedorismo e
discutiram, ao lado de representantes de
Inovação de Astúrias, Álava, Burgos, Euro-
EUA, Rússia, China, Israel e Taiwan, as ten-
nova, Guadalajara, Granada, Bahía de Cádiz
dências e boas práticas empreendedoras
e Lleida.
fora da Europa. A entidade participou tam-
Além disso, a EBN – que ajudou a criar o
bém do painel de encerramento do evento,
roteiro da Missão Internacional, selecionan-
“2020: o futuro e as perspectivas da indús-
do os empreendimentos visitados de acordo
tria de incubação”, que reuniu CEOs e fun-
com os objetivos da delegação brasileira –
dadores de centros de inovação e negócios
vai selecionar BICs de interesse para uma
(BICs) de Holanda, Bélgica e Irlanda.
ação piloto com 12 associados da Anprotec
“O Brasil é visto como um parceiro in-
já no âmbito do Sistema de Internacionaliza-
ternacional importante e maduro e temos
ção. Outra meta é organizar um workshop
instituições e pesquisadores de ponta em
durante o Seminário Nacional de Parques
diversas áreas, bem como habitats de ino-
Tecnológicos e Incubadoras de Empresas,
vação em condições de participar da rede
que acontece em Recife (PE), para aprofun-
de BICs da EBN. Mas estamos atrasados
dar a agenda de cooperação entre as asso-
em termos de infraestrutura – uma situa-
ciações. “A realização dessa Missão e seus
ção agravada pela alta carga de impostos e
resultados práticos consolidam a Anprotec
pela burocracia exigida das nossas empre-
como uma das lideranças nacionais na arti-
sas”, pondera Rui Jung Neto, do Tecnopuc.
culação e promoção de conexões e parcerias
“Nosso país tem papel estratégico no con-
internacionais de interesse para a promoção
texto global, pelo seu tamanho e mercado
do empreendedorismo inovador em nos-
potencial. Temos vocação inovadora e um
so país”, conclui a presidente da Anprotec, Francilene Garcia. L
povo empreendedor, precisamos criar um
45
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SUCESSO
Campo tecnológico Nascida em um programa de incubação, BioClone desenvolve mudas de plantas para melhorar a produção brasileira de frutas e flores P OR DA NIE L C A R D OS O
46
A segunda colocada na categoria Me-
e se mostrava promissora em várias áreas
lhor Empresa Graduada do 16o Prêmio
do conhecimento. Foi nesse momento que
Nacional de Empreendedorismo Inovador
Lima teve a até então inédita vontade de
começou a ser idealizada por volta do ano
abrir uma empresa no ramo.
2000. Na virada do milênio, o agrônomo
No entanto, a ideia foi deixada de lado
Roberto Caracas de Araújo Lima estava
por um bom tempo. Logo depois do mestra-
cursando o mestrado na Universidade de
do, Lima trabalhou na Secretaria de Agricul-
Brasília (UnB) quando, pela primeira vez,
tura do Ceará, onde recebeu a incumbência
teve contato com a técnica de clonagem de
de atualizar as normas da comercialização
plantas. A tecnologia era recente no país
de mudas para plantações do estado. Na
SUCESSO
Fotos: Divulgação
época, o Ceará estava atraindo grandes empresas fruteiras, que cultivam diversos tipos de plantas visando, principalmente, a fabricação de sucos para serem comercializados nos supermercados. Foi quando Lima percebeu, pela segunda vez, que a ideia de montar o próprio negócio poderia realmente ser muito promissora. O agrônomo constatou que no estado faltavam produtores de mudas de alta qualidade. O potencial de mercado vislumbrado por Lima, porém, ainda não havia sido suficiente para fazê-lo abrir a própria empresa. A decisão definitiva veio alguns anos depois. Fora da Secretaria, ele passou a trabalhar para uma grande empresa privada. Na época, em 2006, cerca de 95% das mudas produzidas no Ceará eram importadas da Costa Rica ou de Israel. Ou seja, havia ali um grande abismo entre a demanda e a produção de mudas no Brasil. Em 2008, Lima criou coragem, chamou um colega para conversar sobre o assunto e, juntos, os agora sócios resolveram tocar adiante o projeto de iniciar um novo negócio. Era o começo oficial da BioClone, especializada na produção comercial de mudas clonadas em larga escala. Desafios Logo nos primeiros passos, dois desafios surgiram com força diante da dupla: a dificuldade de reunir recursos financeiros para tirar a ideia do papel e a falta de
recursos do edital e foi selecionada. Assim, Lima ingressou na incubadora, teve acesso aos laboratórios da Embrapa e, de quebra, obteve a transferência de tecnologia da clonagem. Era tudo o que precisava para entrar de vez no mundo do empreendedo-
Entrega do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador: BioClone conquistou segundo lugar na categoria “Melhor Empresa Graduada”
rismo. “Foi um momento muito importante. Usamos a estrutura da Embrapa e convivemos com os pesquisadores que dominavam a técnica. Nesse período, aprendemos a tecnologia e hoje retribuímos com o pagamento de royalties da nossa produção. Pelo lado da incubadora do Centec, tivemos um grande suporte para governança e gestão da empresa. A conjunção do conhecimento técnico e de gestão foi fundamental para o fortalecimento do negócio”, explica Lima.
Na Embrapa a BioClone aprendeu a tecnologia de micropropagação que utiliza em seu negócio
conhecimento sobre a tecnologia necessária para a multiplicação das plantas. Os empreendedores, porém, não precisaram esperar muito para que uma única solução desse conta de ambos os problemas. Naquele ano, foi lançado o edital para participação no Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica e à Transferência de Tecnologia (Proeta), realizado pela Embrapa em parceria com a Incubadora do Instituto Centec (Intece). A BioClone arriscou, se candidatou aos 47
SUCESSO
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Com o conhecimento da tecnologia em mãos e com o apoio da incubadora, a BioClone conseguiu recursos financeiros importantes para seguir o planejamento. Lima lembra que os sócios participaram com sucesso de alguns editais de diferentes fontes de fomento, como CNPq, Finep e Funcap. Com sete submissões contempladas, a empresa angariou cerca de R$ 3 milhões em recursos. Uma história bem-sucedida que permite à BioClone sonhar mais alto. Futuro Atualmente a empresa produz cerca de 5 milhões de mudas por ano para a produA BioClone produz cinco milhões de mudas. Meta é triplicar a produção nos próximos anos
48
Vantagens
ção de banana, abacaxi, cana-de-açúcar e
Na Embrapa, ele aprendeu a técnica
alguns tipos de flores.
de clonagem chamada micropropagação
A ideia é aumentar essa capacidade
de plantas (bioclonagem). Lima faz ques-
para 15 milhões de mudas nos próximos
tão de frisar que as mudas da BioClone
anos e agregar novas espécies ao portfólio.
não são plantas transgênicas (quando há
Para isso, a empresa planeja abrir unida-
mudança genética), e sim clones (cópias
des próprias de aclimatização (local para
do DNA de outra planta). “A micropropa-
desenvolvimento da muda) em diferentes
gação consiste na produção rápida de mi-
regiões do país. Dessa forma, além de au-
lhares de clones de uma planta em uma
mentar a capacidade de produção, poderá
condição in vitro, a partir de uma única
ficar mais perto dos principais mercados
célula vegetal somática ou de um peque-
de hortifrutigranjeiros, como São Paulo e
no pedaço de tecido vegetal, propiciando
Minas Gerais.
um desenvolvimento rápido e vigoroso da
A empresa já vende para todo o país,
muda, sem interferência externa”, explica
mas, por enquanto, a maior parte da co-
o agrônomo.
mercialização é concentrada na Região
Além do crescimento vigoroso in vitro,
Nordeste. “Em 2013, fizemos também
Lima ressalta algumas outras vantagens em
nossa primeira venda para o exterior. Ex-
adotar a técnica. Segundo ele, a clonagem
portamos mudas de banana e abacaxi para
ocorre a partir de uma planta saudável.
Cabo Verde”, conta o empreendedor. Outro
Assim, a muda tende a ser mais resistente
impulso para seguir crescendo vem de um
às pragas que podem comprometer uma
parceiro recente da empresa. Em 2011, a
colheita, por exemplo. Outro ponto a favor
BioClone recebeu um aporte do fundo de
é que, em geral, as pragas atacam princi-
investimento Criatec, que atua com recur-
palmente as plantas mais frágeis. Com uma
sos do Banco Nacional de Desenvolvimento
plantação feita a partir de clones, as unida-
Econômico e Social (BNDES) e do Banco do
des são mais fortes e dificultam o início e a
Nordeste do Brasil (BNB). Lima não reve-
propagação de alguma doença, aumentan-
la o faturamento da empresa, mas ressalta
do as chances de sucesso e de retorno do
que o crescimento está sendo, em média,
dinheiro investido.
de 100% ao ano. L
CULTURA
O melhor do fotojornalismo Paul Hansen
A edição de 2013 do World Press Photo ganha espaço na Caixa Cultural Brasília. A maior exposição internacional de fotojornalismo reúne imagens premiadas pela fundação que empresta o nome à mostra. São fotografias sobre temáticas diversas, como política, economia, esportes, cultura e natureza. A foto ao lado – que retrata um grupo de homens carregando os corpos de duas crianças palestinas – foi a grande vencedora do 56o World Press Photo Content. O fotógrafo Paul Hansen chegou a ser acusado de manipulação, mas conseguiu comprovar que o belo e triste clique passou somente por uma correção de cores.
Exposição World Press Photo 2013. Caixa Cultural Brasília. De 10/7 a 8/9, de terça a domingo, das 9h às 21h.
Cem anos de Rubem Braga O Museu da Língua Portuguesa homenageia o cronista capixaba na comemoração do centenário do escritor. “Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar” reúne textos, documentos, correspondências, desenhos, pinturas, fotografias, objetos, depoimentos em vídeo e publicações. A mostra interativa tem curadoria assinada pelo escritor, jornalista e também cronista Joaquim Ferreira dos Santos, que mergulhou na vida e na obra de Rubem Braga para compor a exposição, dividida em cinco módulos temáticos: Retratos, Redação, Guerra, Passarinhos e Cobertura. O percurso detalha a infância de Rubem Braga; o dia a dia na redação de jornais; o período como correspondente de guerra na Itália; a paixão por pássaros; e sua lendária cobertura em Ipanema, no Rio de Janeiro, onde mantinha um pomar. Esse último espaço traz vídeos com depoimentos de amigos
Imperativo
Assista à série House of Cards, uma produção do site Netflix, e descubra porque o drama político sobre os bastidores do poder na Casa Branca foi a primeira produção online a receber uma indicação ao Emmy na categoria Melhor Série. Destaque para a sempre brilhante atuação de Kevin Spacey, protagonista da trama.
próximos, como Ziraldo, Zuenir Ventura, Danuza Leão e Fernanda Montenegro, entre outros. O Museu, que já recebeu mostras de grandes nomes, como Guimarães Rosa, Machado de Assis e Fernando Pessoa, abre espaço para o autor que reafirmou a crônica como gênero literário genuinamente brasileiro.
Exposição Rubem Braga – O Fazendeiro do Ar. Museu da Língua Portuguesa, São Paulo (SP). De 25/6 a 1o/9, de quarta a domingo, das 10h às 18h. Terça, das 10h às 22h. Fecha segunda. Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia entrada), com entrada gratuita às terças e aos sábados.
Leia Poder - Por que alguns têm, escrito pelo pesquisador norte-americano Jeffrey Pfeffer. O professor da Universidade de Stanford explica quais os passos para alcançar o sucesso e por que não devemos nos envergonhar de ser ambiciosos.
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OPINIÃO
Consensos adormecidos
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Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J E x - presidente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos
H
á vinte anos eles acordavam os seus pais todas as manhãs. Há dois meses acordaram um país inteiro, gritando nas ruas o que todos já sabiam: não podemos aceitar a qualidade dos serviços que nos prestam na saúde, na educação e nos transportes. Nem o nível de
corrupção que a sociedade pratica, por meio de agentes públicos e privados. Passado o susto, e antes que as cenas de brutalidade nos trouxessem de
volta os pesadelos do passado, todo o país, incluindo os partidos políticos e todas as instâncias de governo, se põem de acordo com esses jovens. Sobram discursos afirmando que precisamos melhorar os serviços públicos e rever as práticas políticas. Um outro consenso, ainda silencioso, parece existir entre nós: a importância da inovação tecnológica para o futuro do país. Um recente estudo divulgado pela General Electric, o Barômetro da Inovação Global, traz os resultados de uma pesquisa de opinião realizada junto a mais de 3 mil grandes empresas de 25 países. Nada menos que 95% dos entrevistados brasileiros afirmaram que a inovação é uma prioridade para suas empresas (a média global é de 91%). Ineficiência de serviços públicos, atraso tecnológico e corrupção, ainda que em sua versão light – o jeitinho brasileiro, que até pouco tempo era motivo de orgulho nacional – se alimentam mutuamente. Quem já acompanhou a trajetória de pequenas empresas tentando introduzir inovações no campo da saúde ou da habitação, por exemplo, sabe disso. Por outro lado, não existiriam essas manifestações se não fossem as novas tecnologias, que permitem a convocação de multidões e a cobertura dos eventos por meio das novas mídias que estão por aí. Não existe futuro para os serviços de saúde e transporte, nem para a educação, moradia ou produção de alimentos, sem o desenvolvimento e o uso de novas tecnologias. Toda vez que vejo a propaganda do Tribunal Regional Eleitoral anunciando a grande novidade da biometria nas próximas eleições sinto um pouco de vergonha. Ela me faz lembrar o que ouvimos do Presidente da Estônia, Toomas Hendrik Ilves, no encerramento da conferência da IASP em junho do ano passado, em Tallin. Falando a centenas de dirigentes de parques tecnológicos que ali estavam, ele fez uma convocação: quando voltarem aos seus países, digam aos seus presidentes que não haverá futuro para a democracia sem inovação tecnológica. Pois é, enquanto por aqui estamos lançando uma versão moderna do velho método de pintar o dedo do eleitor, na Estônia, terra do Skype, nas eleições de 2011, 24% dos eleitores votaram pela internet, a maioria pelo celular. Por que não pode ser assim? Quando vamos acordar? Tomara que não seja tarde.
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14 a 17 de outubro de 2013 | Recife - Pernambuco
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