ENTREVISTA
HACKATHONS
Relatos da guerra no Iraque
Para um mundo em transformação
p.4
p.14
DISCIPLINA E PRODUTIVIDADE O que todos os profissionais precisam p.24
ano 2017
O admirável mundo novo do trabalho Conheça as tendências que a chegada da quarta revolução industrial, a da convergência de tecnologias, traz para as empresas, para as carreiras e para os profissionais p.8
UNIVERSIDADE POSITIVO A Universidade Positivo concentra, na Educação Superior, a experiência educacional de mais de quatro décadas do Grupo Positivo. Atualmente, oferece 56 cursos de Graduação (31 cursos de Bacharelado e Licenciatura e 25 Cursos Superiores de Tecnologia), três programas de Doutorado, quatro programas de Mestrado, centenas de programas de Especialização, MBAs e Cursos Livres. Em Curitiba, a UP conta com sete câmpus: Ecoville, Praça Osório, Praça Santos Andrade, Mercês,
Hauer, CIC e Ângelo Sampaio. Lançou, em 2013, seu programa de educação a distância, com dezenas de polos em todo o país. Conta também com cursos nas cidades de São Paulo, Paranaguá, Ponta Grossa e, em 2017, chega em Joinville. É considerada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC) uma das melhores universidades do país.
MODALIDADES DE PÓS PROGRAMA PÓS-ÁGILE Os cursos Pós-Ágile proporcionam aos alunos a possibilidade de obter seu diploma de Especialização em apenas um ano, considerando-se as aulas e o Trabalho de Conclusão de Curso. Os cursos Pós-Ágile são semipresenciais, contando com 240 horas-aula presenciais e outras 120 horas realizadas a distância. O ensino semipresencial emerge como uma inovação em relação às aulas tradicionais, oferecendo o melhor de dois mundos: as vantagens da educação on-line combinadas com todos os benefícios da sala de aula tradicional. O Pós-Ágile UP permite uma formação compacta e relevante para um mundo cada vez mais veloz. O programa possui cursos nas áreas de Gestão, Educação e Tecnologia da Informação.
ESTRUTURA PÓS-ÁGILE • Aulas presenciais: oito disciplinas de 30 horas, totalizando 240 horas-aula presenciais; • Aulas a distância: três disciplinas de 40 horas-aula, totalizando 120 horas-aula realizadas a distância, na plataforma EAD; • Trabalho de Conclusão do Curso: 60h, considerando orientações, desenvolvimento do projeto e apresentação.
PROGRAMA PÓS-FLEX O Pós-Flex traz a flexibilidade necessária para o aluno de acordo com sua vida e carreira. São diversos cursos com a possibilidade de escolha das disciplinas, personalizando a duração e o conteúdo. O Pós-Flex usa novas alternativas de aprendizagem voltadas à prática do exercício profissional, como estudos de casos, simulações empresariais, projetos de consultoria e docência supervisionada, na velocidade que o aluno quiser cursá-las (de 9 a 30 meses). O aluno poderá enriquecer seu curso ao fazer, além das disciplinas obrigatórias e das optativas, outras disciplinas, denominadas eletivas, que irão além da carga horária do curso. REVISTA PÓSUP
ESTRUTURA DO PROGRAMA PÓS-FLEX • Núcleo estruturante: é constituído de cinco disciplinas obrigatórias de 40 horas, totalizando 200 horas-aula; • Núcleo de optativas: é constituído de quatro disciplinas de 40 horas, totalizando 160 horas-aula, que serão escolhidas pelo aluno entre mais de 60 opções ofertadas pelo programa;
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• Trabalho de Conclusão do Curso: conta com cinco opções de modalidades (monografia, plano de negócios, redação de casos, projeto de intervenção e projetos específicos), com carga horária de 60 horas-aula;
PROGRAMA DE MBA O Programa de MBA UP é voltado para a prática profissional. Essa modalidade tem como público-alvo profissionais que já estão inseridos no mercado e que querem melhorar seus conhecimentos nas áreas de Gestão e Negócios, ampliando a formação de gestores, líderes e executivos. Com equilíbrio entre a teoria e a prática, privilegia a formação de perfil estratégico, com forte viés crítico e uso constante de estudos de caso e respectivos processos que levam ao sucesso, o que proporciona ao aluno a visão estratégica, tomada de decisão e liderança. A carga horária do MBA UP é superior a dos cursos de Especialização tradicionais: o programa conta com 440 horas.
CURSOS REGULARES DE ESPECIALIZAÇÃO São mais de 180 opções de cursos em diversas áreas com professores especialistas, mestres e doutores atuantes no mercado, o que possibilita o acesso ao conteúdo mais atualizado, metodologias inovadoras e conhecimento colocado em prática em uma das melhores infraestruturas de ensino do país. Cada curso tem estrutura curricular exclusiva e carga horária específica (com mínimo de 420 horas). Os cursos podem ser semanais, quinzenais ou mensais, de acordo com as especificações. É uma grande oportunidade de aprofundar aspectos relevantes do exercício profissional, com excelência, ampliando a capacidade de atuação no mercado de trabalho.
CURSOS A DISTÂNCIA (EAD) Os cursos a distância da Universidade Positivo contam com metodologia exclusiva, atendimento personalizado e estrutura tecnológica avançada, com conteúdos inovadores. Os processos da educação a distância são centrados no aluno e proporcionam o uso adequado do tempo, com cronograma de atividades semanais e práticas em que os alunos trabalham e aprendem juntos. A metodologia aborda problemáticas reais e reflete sobre a teoria e a ação, com ferramentas colaborativas que possibilitam interação entre professor-tutor e aluno e entre os próprios alunos.
EDITORIAL
ÍNDICE
É, não tem jeito... a vida adulta chega e, com ela, as inevitáveis preocupações com carreira. Infelizmente, mesmo para quem já está no mercado, é difícil parar de se preocupar algum dia. Tudo muda sem parar e, enquanto estamos nos preparando, milhares de outras pessoas também estão. Não que isso seja necessariamente algo negativo, mas nos lembra que ficar parado não é uma opção. O mundo em constante transformação aponta para a tendência de que, em poucos anos, teremos empregos ainda não inventados, tecnologias que mudarão a maneira de pensar, agir, consumir e comunicar e diversas mudanças inimagináveis até agora. Temos a certeza da incerteza – e precisamos estar preparados. Posicionar-se bem no mercado de trabalho não depende apenas de formação acadêmica, mas habilidades sociais, saber aproveitar oportunidades, estar atualizado e conhecer recursos tecnológicos são fundamentais para um profissional de sucesso. As boas escolhas nos quesitos profissionais refletem em um futuro promissor, e depende de cada um escolher o melhor caminho para si. A inovação e a disrupção são inevitáveis no mundo corporativo; contudo, a trajetória profissional e as conquistas para chegar a um bom espaço no mercado podem ser muito prazerosas. Nesta edição da Revista Pós UP, trazemos informações para auxiliá-lo em suas escolhas profissionais.
ENTREVISTA
Boa leitura.
DIREITO
Equipe da Pós UP
/ Um novo marco legal para o desenvolvimento dos municípios p.17 / Você acredita em licitações? p.19
EXPEDIENTE Coordenação editorial Betina Dias Ferreira, Jaqueline Bartzen (DRT-PR 7548) e Leandro Henrique de Souza Edição Betina Dias Ferreira e João Angelo Soares Lemos Redação Alexandre Denes, Antonio Carlos Annies, Betina Dias Ferreira, Fabíola Paes, Fernando Borges Mânica, Jaqueline Bartzen, João Angelo Soares Lemos, José Pio Martins, Leandro Henrique de Souza, Manuel Knopfholz, Renato Buiatti e Wilson Bremer Cerqueira. Colaboração Central Press. Imagens Banco de imagens
/ Fotógrafo retrata a guerra no Iraque
p.4
CARREIRA
/ A oportunidade e o futuro
p.6
CAPA
/ O futuro dos empregos
p.8
NEX COWORKING
/ Por que os coworkings são tão interessantes?
p.13
ECONOMIA CRIATIVA
/ Um mundo de soluções
p.14
GASTRONOMIA
/ Gastronomia em processos de comunicação e engajamento nas p.21 organizações
GESTÃO
/ Disciplina e produtividade / Pense omnichannel / Negócios DE família X negócios DA família / Valor nas empresas: muito além dos bons salários e promoções
p.24 p.25 p.26 p.27
Projeto gráfico e diagramação O2 Design Impressão Posigraf Tiragem 10 mil exemplares
TECNOLOGIA
/ Blockchain - o início de uma revolução digital p.28 / Colaboração para superar a crise p.30
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ENTREVISTA
Fotógrafo retrata a guerra no Iraque Marcio Pimenta tem o objetivo de expor as injustiças sociais e impunidades do país Entrevista por
Betina Dias
Antes de se tornar fotógrafo, em 2012, Pimenta abandonou o Doutorado em Relações Internacionais na Universidade Santiago do Chile e viajou a vários países da América Latina e Europa pesquisando questões de imigração e refugiados, deslocamento interno, paz e conflito entre os governos locais. Seus trabalhos foram publicados pela National Geographic, Rolling Stone, The Guardian, El País, BBC, Global Post, Estradas e Reinos, Outside Magazine e GalaMen. Sua última aventura foi fotografar a guerra entre o Estado Islâmico e os Estados Unidos na cidade de Mossul, no Iraque. A trajetória começou em 1ª de novembro e ele conta como foi a experiência.
Como surgiu a ideia de fotografar a guerra?
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Fotografar a guerra foi um caminho natural. Eu me interesso muito pela sociedade, pelo comportamento humano. E tenho muita raiva dentro de mim, de ver como o homem age de forma diferente no modo individual e quando está no coletivo. Ir à guerra me aproximaria do limite da capacidade humana a respeito da tolerância. Quando já não resta mais diálogo e a intolerância predomina, nos tornamos bárbaros.
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O que mais marcou você nesse trabalho no Iraque? Perceber que a sociedade civil ainda tenta manter a esperança dentro do caos. Algumas poucas pessoas ainda ficam, ainda tentam manter aquilo que conhecemos como uma vida normal. Ali está a dignidade em sua mais alta representatividade.
Em que momentos sentiu mais medo? Não temos muito tempo para ter medo. Mas desenvolvi uma certa paranoia por campos minados. Isso realmente me assustava. Saber que por qualquer deslize eu poderia simplesmente me tornar pó.
Quais fotos tiradas na guerra mais impactaram você? Duas fotos me marcaram muito. A da garotinha de etnia yazidi, Hala, que vivia nas montanhas com sua família, mas teve que buscar abrigo em Erbil (capital do Curdistão) para se proteger da perseguição do Estado Islâmico. A outra foi de uma mulher que caminha com sua filha no colo e ao fundo podemos ver nas paredes as marcas de tiros e fragmentos de bombas. Ela caminha com dignidade no meio daquele terror.
O que tira de lição dessa experiência? Faria novamente? Sim, voltarei para lá em breve. Aprendi que a intolerância nos leva a um caminho sem volta. Não há possibilidade de paz ali até que alguém saia derrotado. E quem ganhar realmente será vitorioso?
Crédito: Marcio Pimenta
Marcio Pimenta é um fotógrafo e documentarista brasileiro que trabalha como “freelancer” para jornais, revistas, ONGs internacionais e clientes corporativos.
Crédito: Marcio Pimenta
“Ninguém sai vitorioso em uma guerra.”
5 Crédito: Marcio Pimenta
CARREIRA
A oportunidade e o futuro Leandro Henrique de Souza Empreendedor e coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo
“Nós não podemos criar um futuro que inicialmente não imaginamos.” Peter Ellyard
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O Charging Bull é uma das atrações turísticas mais procuradas em Nova Iorque. Conhecida como Touro de Wall Street, a escultura representa o otimismo e a prosperidade de um dos maiores centros financeiros dos Estados Unidos. Diz a lenda que passar a mão nos chifres traz sorte, mas a superstição parece estar, aos poucos, falhando. Recentemente, Jamie Dimon, o chefão do gigante financeiro JPMorgan Chase, escreveu, em sua tradicional carta aos acionistas, na seção “things to think and worry about” (coisas para pensar e se preocupar), que “o Vale do Silício está chegando!”. O anúncio, feito em tom de alarme, significa que o poder está mudando rapidamente de mãos. O receio do que essas mudanças podem acarretar é enorme até em grandes organizações. Por isso, quando se trata de economia, algumas perguntas sobre o futuro são difíceis de responder: afinal, é preferível empreender ou aumentar a empregabilidade? Quais serão as competências necessárias nos próximos anos? Como será o mercado de trabalho? É difícil encontrar uma resposta certa quando o futuro é incerto. Já dizia o futurólogo Peter Ellyard, em seu livro “Destination 2030”: “nós não podemos criar um futuro que inicialmente não imaginamos”. O comentário alarmista de Dimon sobre a ascensão do Vale do Silício me lembra um incrível livro chamado “O fim do poder”. Nele, o escritor e colunista venezuelano Moisés Naím diz que vivemos três revoluções. A primeira é a “Revolução do Mais”. Nunca houve tantas pessoas vivendo em
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cidades, tantos jovens, tantos anos de expectativa de vida. A sociedade vive em constante fartura de opções, pessoas e possibilidades. A cada dia, mais pessoas cruzam fronteiras – reais e digitais – e, com isso, absolutamente tudo se move. Não apenas pessoas, mas também dinheiro, costumes, conhecimentos – e até mesmo crenças. É o que Naím chama de “Revolução da Mobilidade”. E a soma das duas primeiras revoluções conduz à “Revolução da Mentalidade”. Nela, as antigas estruturas de poder já não dão mais as cartas. Ou seja: todos os aspectos da experiência humana foram impactados pelas inovações das últimas duas décadas. Parece utopia falarmos disso tudo ao mesmo tempo em que acompanhamos o nosso triste noticiário. A crise política e econômica que vivemos é aguda; uma verdadeira névoa que esconde tudo à frente. O que faz as pessoas se sentirem perdidas não são os problemas atuais, mas, sim, a falta de esperança no futuro. Mas eu acredito que, se tivermos uma boa percepção das oportunidades e riscos que enfrentamos em nossas vidas e carreiras, poderemos criar um futuro brilhante. A crise acabará. E, no mundo líquido onde vivemos, olhar para frente e nos preparar para um cenário de grandes rupturas e mudanças fará a diferença. É tempo de imprevisibilidade, mas nunca foi tão importante pensar sobre o futuro e se preparar para ele. Você já pensou sobre sua carreira hoje?
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CAPA
O admirável mundo novo do trabalho Conheça as tendências que a chegada da quarta revolução industrial, a da convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas, traz para as empresas, para as carreiras e para os profissionais Por Jaqueline Bartzen
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“A democratização das ferramentas de distribuição, que tem a internet como sua principal plataforma, gera o desenvolvimento de novos negócios e a distribuição de conteúdo; e, finalmente, a ligação entre oferta e demanda dá viabilidade para mercados e modelos de negócios que, anteriormente, eram deficitários ou inviáveis.” 8
Antes de seguir com a leitura desta matéria, pare por alguns minutos e reflita: como é que a tecnologia afeta sua vida? E por tecnologia, não nos referimos a seu computador ou celular, mas à integração do mundo digital com o off-line, que permite a conversa entre áreas diversas. Pense em sua noção de privacidade, sua definição de posse, seus padrões de consumo, o equilíbrio que faz entre o tempo destinado ao trabalho e ao lazer, a forma de conhecer pessoas e de manter relações pessoais. Agora, faça um paralelo das noções que têm hoje e das que tinha há alguns anos. Tudo está mudando, certo? Pois, então... bemvindo à quarta revolução industrial. É claro que a combinação de tecnologias em áreas e meios distintos mudou você: quem é e como se comporta. Logicamente, mudou também o presente e as perspectivas de futuro para empresas, carreiras e empregos. Há quem diga que esse é o melhor momento para o profissional, pois as alternativas tecnológicas possibilitam que um jovem, em sua garagem, coloque em prática ideias inovadoras capazes de competir com grandes empresas. O negócio que se destaca é aquele que oferece a melhor experiência para o usuário, em menos tempo e com menos custos. Fácil, não é? Basta que o trabalho gere produtos e serviços mais baratos, mais fáceis de serem usados ou simplesmente inéditos – e que haja sempre as melhores vivências possíveis para o consumidor, desde o contato inicial com o item à venda até seu pós-consumo, passando por todas as etapas de compra e de uso. E é assim que as empresas que estão ocupando espaços maiores são aquelas com ideias inovadoras, que revolucionam a forma de oferecer e de consumir os serviços e produtos. Airbnb, Uber, Paypal, Netflix, Whatsapp e Spotify apresentam alguns dos modelos de negócios que aguardam você logo ali, em um futuro que está chegando. Num futuro que está na sua esquina, com as novas formas de fazer e de entregar de empresas como Contabilizei (curitibana que reinventou a contabilidade em um escritório on-line), Conta Azul (catarinense que propõe o sistema mais simples do país para gestão de empresas) e IFood (brasileira que mudou o modelo de negócio do delivery de comida). É um futuro que, para muitos, já chegou, mais veloz e mais disruptivo do que se esperava. E que, mesmo que não seja ainda realidade para todos, já bate às nossas portas.
A quarta revolução industrial – e o fim dos negócios como você os conhece Tecnologias digitais, físicas e biológicas se encontram, e a inovação baseada nessa convergência é, literalmente, revolucionária: está chegando a quarta revolução industrial. Com a passagem da simples digitalização (terceira revolução) para a combinação de tecnologias em áreas e meios distintos (e, até pou-
co tempo atrás, distantes), nada mais será como antes: velocidade, abrangência e sistemas de informação passam a ser palavras-chaves nesse novo mundo de tecnologia. Olhe a seu redor e veja: bilhões de pessoas estão conectadas via dispositivos móveis, a capacidade de produção e de armazenamento de energia nunca foi tão grande e o acesso ao conhecimento é ilimitado. Na quarta revolução industrial, as possibilidades são infinitas. E os riscos e inseguranças também. O professor Renato Buiatti, coordenador da Pós-Graduação em Negócios Digitais da Universidade Positivo, explica que essa mudança transformou os modelos econômicos, com base em três pilares: democratização das ferramentas de produção; democratização das ferramentas de distribuição; e conexão rápida e dinâmica entre oferta e demanda. “A democratização das ferramentas de produção faz com que os custos de desenvolvimento de conteúdo e geração de ideias caiam significativamente; a democratização das ferramentas de distribuição, que tem a internet como sua principal plataforma, gera o desenvolvimento de novos negócios e a distribuição de conteúdo; e, finalmente, a ligação entre oferta e demanda dá viabilidade para mercados e modelos de negócios que, anteriormente, eram deficitários ou inviáveis”. A revolução é visível para onde quer que olhemos, e os três pilares citados por Buiatti estão sempre presentes. Arthur Schuler da Igreja, consultor e professor de Administração Estratégica da Pós-Graduação da Universidade Positivo, destaca dois pontos da mudança trazida por essa revolução, com base em observações feitas em visita a Singularity University, nos Estados Unidos: “uma das coisas que mais me chama a atenção – e que pouca gente tem percebido – é a velocidade com que as coisas acontecem. Por exemplo, o maior supercomputador de 2005 cabe dentro de sua placa de vídeo de 2016! Outro ponto de destaque é a democratização dessa tecnologia. O Google que eu uso é exatamente igual ao Google que o presidente da Google usa. O impacto que isso causa nas empresas é assustador”, diz.
Os exemplos não param por aí: dez anos atrás, havia 500 milhões de dispositivos conectados à internet. Hoje, existem cerca de 8 bilhões e serão 50 bilhões em 2020. Uma década depois será mais de 1 trilhão. Isso significa que o mundo físico ainda existe, é claro, mas a relação das pessoas com ele está mudando fundamentalmente a partir de tecnologias e da Internet das Coisas, 1ª RI (de 1970 a 1820-40): substrazendo para o dia a dia conceitos tituição do trabalho artesanal como Big Data, robótica, inteligênpela manufatura, com base na cia artificial e uso de algoritmos para máquina/energia a vapor gerar comportamentos de máquina 2ª RI (de 1850-70 a 1939-45): desenvolvimentos dentro na determinados pelo histórico de comindústria química, elétrica, de portamento dos usuários. Muda-se a petróleo e de aço, com apriforma de lidar com o mundo de mamoramento das tecnologias neira física e material para uma persda 1ª RI pectiva digital, baseada na informa3ª RI (segunda metade do ção e no conhecimento. século XX): profundas evoluções tecnológicas, com presença da robótica, marcadas pela junção entre conhecimento científico e produção industrial
O maior impacto da quarta revolução industrial é, portanto, nas pessoas. A eficiência, a produtividade, os preços mais baixos e a acessibilidade em geral evidenciam um novo
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A conexão de dispositivos cotidianos à internet
Imenso volume de dados – estruturados e não estruturados – que impactam os negócios
“Nesse novo universo, é preconsumidor, com baixa fidelidade ciso entender que produtos a marcas, com mais poder de anáInovação disruptiva é aquela que e serviços provavelmente lise crítica e de negociação e com não procura trazer produtos melhonunca estarão em sua versão preocupações que incluem a susres para clientes existentes em merdefinitiva – e isso não é, netentabilidade e a distribuição de cados estabelecidos. Em vez disso, oferece uma nova definição do que cessariamente, algo ruim. O oportunidades de mercado entre é bom — assumindo normalmente mundo muda, as pessoas mugrandes, médios e pequenos plaa forma de produtos mais simples, dam e, assim, as demandas yers. “É para essa nova demanda mais convenientes e mais baratos, mudam. Por isso, deve-se traque existem os novos modelos de que atraem clientes novos ou menos balhar constantemente com negócio. As empresas que não estiexigentes. Com o tempo, a inovação o feedback das pessoas para verem atentas a esse consumidor e disruptiva aperfeiçoa-se o suficienentender a nova dinâmica do aos três pilares da revolução, além te para atender às necessidades mercado, que não faz distinde fatores como a inovação distambém de clientes mais exigentes, transformando um setor. ções entre negócios criados ruptiva, e que teimarem em manter em garagens, home-offices seus modelos tradicionais não soou multinacionais”, afirma breviverão a essas transformações Buiatti. O professor sugere também que conhecer e econômicas e do mundo dos negócios”, conclui Buiatti. entender o “modus operandi” desses novos modede negócios e ter um olhar curioso e atento pode As empresas e o universo do traba- los ajudar as empresas em sua inserção e sobrevivência lho no pós-revolução nesse universo imprevisível em que vivemos.
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“Não existe mais empresa ou profissional que está fora desse círculo da tecnologia”, sentencia da Igreja. E, como a quarta revolução industrial afeta diretamente o cliente, cada vez mais exigente, e o produto, cujo valor agregado deve ser sempre maior, necessariamente as estruturas de funcionamento das empresas precisam mudar, para atender a essas novas demandas. “Antes, empresas grandes tinham vantagens por ser grandes, e as pequenas tinham dificuldade para competir. Hoje é o contrário. Duas ou três pessoas, não importa a idade e não importa o local, conseguem sim competir de igual para igual com uma grande empresa”, afirma o consultor e professor. Nesse cenário, sobrevivem as empresas com a capacidade de mudar rapidamente: é preciso garantir a extinção de processos e comportamentos que prejudiquem a flexibilidade, a agilidade, a aprendizagem e a adaptação. A “fórmula secreta” ainda está sendo descoberta e varia de organização para organização, mas, para o professor Buiatti, alguns pontos devem ser considerados pelas empresas que querem ter sucesso e prosperar nesse momento de revolução dos modelos de negócios. Para ele, é fundamental sair da zona de conforto e arriscar mais; conhecer o real problema das pessoas para quem se desenvolve o produto ou o serviço e validar esse problema com elas; e posicionar empresa e produto no “status beta”, em que prevalecem testes e atualizações constantes.
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Empresas lineares X Empresas exponenciais Em um mundo em transformação, é comum que as empresas tradicionais não consigam entender as mudanças e apeguem-se a seus modelos de negócio, tentando resistir com as estratégias que já conhecem. “Elas estão condenadas ao ostracismo”, sentencia o professor Renato Buiatti. Essas empresas trabalham a partir de um modelo linear, hierarquizado ou matricial, em que a gestão é feita de cima para baixo, com foco nos resultados de curto prazo e objetivos de apenas superar os resultados do passado. São, portanto, locais inóspitos para a inovação e para a mudança. A questão é que não se sabe mais do que o mundo precisará daqui a três ou cinco anos – então, sobreviverão aquelas com habilidades em vários modelos de trabalho e capacidade de rápida adaptação. No momento pós-revolução, no entanto, entram no páreo, para competir com as empresas lineares, os negócios e as organizações exponenciais (cujo desenvolvimento e crescimento se multiplicam e acontecem de maneira fora do comum). Em geral, as organizações exponenciais podem manter apenas um pequeno grupo de funcionários e usar intensamente tecnologias avançadas e recursos externos,
de forma que, em um cenário em transformação, conseguem mudanças rápidas. E mais – ao pensar de forma completamente inovadora e disruptiva, essas empresas lançam negócios impensáveis até pouco tempo atrás: o Google, por exemplo, tem como fonte principal de receita os acessos a páginas de sites que não são dele; o Facebook compartilha conteúdo gerado pelos usuários; o Airbnb não tem um único quarto; o Uber não possui nenhum veículo; o IFood não é dono de restaurantes. Esses serviços de economia compartilhada e “on demand” são a tendência nesse cenário, pois utilizam plataformas tecnológicas para combinar, em um mesmo local, tanto a oferta quanto a demanda, de forma a romper com as estruturas empresariais tradicionais. Como organizações exponenciais, tais empresas têm conseguido lidar com todos os efeitos causados pela quarta revolução industrial: expectativas e experiências do consumidor, enriquecimento da entrega de valor no produto ou serviço, inovação colaborativa e novas formas de estrutura organizacional. Mas, tanto para as empresas lineares quanto as exponenciais, valem as mesmas máximas como passos para o sucesso: entender o ambiente em constante mudança, desafiar os pressupostos e continuamente inovar.
Na quarta revolução industrial, praticamente cada aspecto de nossa vida cotidiana está de algum modo conectado a trocas comerciais. A rede está aberta e distribuída e é colaborativa, permitindo que qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer momento tenha a oportunidade de gerenciar seu cotidiano a um custo marginal próximo a zero, o que enfraquece a economia de mercado baseada nas margens de lucro. Para as novas gerações, o importante é a possibilidade de colaborar com os outros, sem restrições, em uma rede de iguais, o que garante o acesso e não a posse. É a noção de alugar, compartilhar ou alavancar ativos, em vez de possuí-los (por exemplo, ter acesso a um carro, via Uber, ao invés de comprar a manter um carro). Historicamente, as estruturas organizacionais evoluíram para administrar a escassez. O conceito de propriedade funciona bem para a escassez, mas o acesso ou a partilha funciona melhor em um mundo abundante e baseado em informação.
E você nessa história toda? Em um mundo de quarta revolução industrial e organizações exponenciais, como será o futuro dos profissionais? A maior parte das discussões sobre esse tema traz, em geral, visões polarizadas: de um lado, acredita-se em oportunidades ilimitadas em carreiras e profissões novas e emergentes, com a possibilidade de melhorar a produtividade das pessoas e dispensá-las dos trabalhos operacionais de
rotina; de outro, há os que preveem funcionários deslocados e substituídos pela tecnologia, assim como desencorajados e despreparados para assumir atividades diferentes – e muitos desempregados. Em meio a essas discussões, há apenas a certeza da incerteza: não sabemos como será o universo do trabalho nos próximos anos e, por isso, é preciso estar preparado para a mudança, siga ela pelos caminhos apontados pelas tendências ou pelas trilhas da inovação e da disrupção. Então, vale a pena apostar no desenvolvimento de habilidades necessárias a cenários de mudança, como a capacidade de resolução de problemas, aptidão para trabalhar em equipes fluidas, adaptabilidade e resiliência. Eficiência e velocidade serão cobranças constantes: então, não busque a satisfação na entrega de um resultado ou na conquista de um cargo, mas, sim, na fluidez do processo. A mudança nunca para.
Para preparar as pessoas para esse futuro inconstante e incerto, a reforma da educação, em especial a da educação básica, pode ser uma solução. Mas o mercado de trabalho está mudando agora, e as novas gerações, que vivenciariam essa nova forma de educação, não estarão prontas em tempo. Por isso, as empresas, ao transformarem a si mesmas, também deverão investir em proporcionar novas e mais avançadas habilidades a seus colaboradores. O que preocupa, no entanto, é que muitas organizações nem perceberam, elas mesmas, a necessidade de mudar. Portanto, você, profissional, não deve apenas esperar que seu chefe diga o que estudar, quais habilidades desenvolver e em que se aprimorar. Cabe a você capacitar-se e preparar-se, preenchendo eventuais lacunas de sua formação profissional e desenvolvendo habilidades necessárias à mudança, para um futuro que já bate à porta.
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COWORKING
Por que os coworkings são tão interessantes? Por Nex Coworking, parceiro da Universidade Positivo
Os espaços são propícios para troca de experiências e ideias entre os profissionais
Os coworkings já estão consolidados no Brasil. No total, 378 espaços colaborativos espalhados pelos quatro cantos do país surgem como alternativa para empresas e empreendedores inovadores que precisam de um local para colocar suas ideias em prática. Mas o que realmente faz com que o coworking seja um espaço tão rico e cheio de trocas? Alguns podem defender que a estrutura e a localização são os pontos mais importantes de um escritório colaborativo. Outros, que o gestor de comunidade — aquele que fica responsável por fazer as conexões entre os coworkers — realmente é o que faz o espaço valer a pena. A arquitetura é importante para esses espaços, mas não apenas para que eles fiquem visualmente interessantes. A estrutura de um escritório colaborativo deve ser planejada para incentivar as conexões e as trocas entre os empreendedores. A localização precisa ser levada em consideração, para
facilitar a vida das pessoas que escolhem aquele determinado endereço como escritório. Os gestores de comunidade são fundamentais na criação de pontes entre os vários perfis criativos que habitam esses locais. Esses pontos são muito fundamentais, mas o que realmente faz com que os coworkings sejam tão interessantes são as pessoas que compõem esses espaços e as suas intenções e propósitos — sejam elas as idealizadoras dos escritórios ou coworkers. A partir daí, criam-se cocriações, correalizações, coproduções e esses vários “cos” que os coworkings proporcionam. Uma boa ideia dentro de um ambiente colaborativo tem a capacidade de se transformar em um movimento gigantesco, graças às ricas e inspiradoras interações entre as pessoas. Na próxima vez em que você tiver a oportunidade de visitar um coworking, não deixe de conversar com as pessoas que trabalham nesse local. São elas que, definitivamente, vão tornar sua experiência nesses espaços ainda mais rica.
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ECONOMIA CRIATIVA
Um mundo de soluções Os hackathons foram criados nos últimos 20 anos e logo se popularizaram. Hoje, não só os amantes da linguagem de programação se reúnem para horas de trabalho contínuo, mas qualquer cidadão com ideias transformadoras Por João Angelo Soares Lemos
REVISTA PÓSUP
“O futuro da produção, logística e venda na indústria de alimentos” foi o tema do último hackathon realizado na Universidade Positivo, em 20 e 21 de agosto de 2016. A maratona de programação convidou universitários a desenvolver, em 33 horas, projetos inovadores por meio da utilização de tecnologia de ponta. Intitulado Hackit e promovido pela Brasil Foods (BRF), em parceria com a International Business Machine (IBM) e a UP, o evento resultou em soluções significativas para o setor alimentício, como o projeto vencedor “Controle cognitivo de frota” – voltado para a melhoria da eficiência das frotas logísticas de empresas. A temática transversal do Hackit espelha a multiplicidade e abrangência dos hackathons como um todo. Originado em 1999, no Canadá, durante um evento da empresa de software Sun – que desafiou dez programadores a desenvolver, velozmente, um software criptográfico –, esse tipo de maratona reproduziu-se e atualmente é realizado em vários países engajados com o avanço tecnológico. Marcelo Szostak, professor na UP e um dos organizadores do Hackit, define os hackathons como oportunidades de mudança. “Esses encontros, que duram pelo menos 24 horas, são especiais por possibilitar a reunião de diversos profissionais e abrir espaço para a exposição de ideias que podem transformar a vida de muitas pessoas”. Basicamente, participam dos hackathons programadores (que exploram dados e desvendam códigos), designers (responsáveis por definir o layout e a funcionalidade do produto) e gerentes de projetos. Mas a contribuição de pessoas que atuam em outras
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áreas tem se mostrado cada vez mais necessária. “A multidisciplinaridade apropria o hackathon de um caráter social, porque quanto mais plural for o conhecimento aplicado, maior será a correspondência do produto com os problemas encontrados na sociedade”, considera Szostak. Jornalistas, sociólogos, psicólogos, nutricionistas, advogados... Toda ajuda é bemvinda – e importantíssima – na criação de aplicativos, sites, serviços e até empresas, entre outros. “Em qualquer hackathon, é imprescindível aliar técnica e criatividade. Essas duas qualidades devem trabalhar juntas no desenvolvimento do projeto, que exige foco e não aceita interrupções”, avalia Vítor Flores, estudante de Administração na UP. Ele participou das duas primeiras edições do Hackathon Curitiba, organizadas pela prefeitura em 2014 e 2015. Em sua primeira participação, Flores, que ainda não sabia programar, montou a equipe e ajudou a desenvolver um aplicativo para conectar ciclistas em uma plataforma. “Participei da programação do app e da modelagem de negócio”, recorda. Já na maratona de 2015, o estudante ficou incumbido de criar a solução, de modelar o negócio e de preparar o “pitch” (discurso de venda). O fruto de dezenas de horas de imersão completa, interpretando dados, foi o Super Voluntário – site que interliga ONGs para a captação de serviços voluntários. Funciona assim: os usuários (identificados como super-heróis) cadastram na plataforma on-line suas habilidades e as ONGs, as habilidades necessárias para a prestação de determinado serviço. Havendo correspondência entre os dados informados, marcase uma nova atividade voluntária.
O produto rendeu à equipe de Flores a segunda colocação no evento, que, como prêmio, ofereceu participação no programa Open Brazil, de desenvolvimento cívico, para a continuidade do projeto, além de capacitação e mentoria do Sebrae a todos os vencedores que quisessem montar uma startup. “Acabamos não usufruindo desses benefícios, porque decidimos abortar o projeto. Nós já tínhamos nossas empresas, mas valeu muito a experiência de participar desse hackathon”, afirma Flores. Os integrantes da equipe ganharam também vales-presente dos patrocinadores do evento. Foi no 1º Hackathon Curitiba que o jovem programador passou a se interessar pelo domínio das startups. “Me encantei e mergulhei fundo nesse universo. No mesmo ano, criei minha própria startup – a Peer Happy –, que em 21 de novembro completa dois anos”. Seu pequeno empreendimento, que evolui gradativamente, dedica-se a avaliar, em tempo real, o engajamento e a satisfação no ensino em sala de aula.
LUGAR DE INOVAÇÃO As universidades são ambientes propícios para a discussão de novas ideias e a criação de soluções para problemas específicos. É por isso que, em grande parte, os hackathons são promovidos ou fomentados por Instituições de Educação Superior – a energia, a agilidade e o espírito de colaboração entre os jovens universitários tornam as maratonas de programação eventos para celebrar e praticar a inovação, associando seriedade e diversão.
“Em qualquer hackathon, é imprescindível aliar técnica e criatividade. Essas duas qualidades devem trabalhar juntas no desenvolvimento do projeto, que exige foco e não aceita interrupções.”
Na Universidade Positivo, por exemplo, periodicamente são realizados hackathons em parceria com empresas de representatividade, nos quais fervilham ideias, propostas e inspirações. Além do Hackit – que contou com a mentoria de especialistas no setor, mestres e doutores em TI e desenvolvedores de startups de sucesso –, a UP organizou, sediou e participou de outras maratonas em 2016. De 18 a 20 de março, em São Paulo, Carlos Balsalobre, ex-aluno do Centro de Tecnologia da Informação (CTI), e seus sócios, Daniel Koleski e João de Souza, consagraram-se campeões do primeiro hackathon promovido pela L’Oréal (empresa líder mundial em cosméticos) no Brasil: a Beautyhack. Após 24h de trabalho ininterrupto, a startup Neomode – projeto de aplicativo para a marca Maybelline, a ser lançado no mercado futuramente – recebeu como prêmio o valor de R$ 100 mil, que será aplicado em seu desenvolvimento. Três meses depois, no dia 18 de junho, alunos de Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica e Sistemas de Informação, entre outros cursos, participaram do Hi – Hackathon Inova UP.
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Trata-se de um encontro voltado à inovação, com foco em soluções criativas e de alta qualidade, pensadas por equipes multidisciplinares. O Hi é um evento que permite às empresas de tecnologia encontrar mentes brilhantes entre alunos da UP. Mas não é só de estudantes que se faz um hackathon. Profissionais de diversas áreas
buscam esses eventos para contribuir com suas experiências de mercado e, especialmente, fazer networking. “As maratonas propõem resgatar a interação entre alunos e profissionais, em encontros presenciais que oportunizam o estabelecimento de redes de contatos”, diz Szostak.
EM CADA CANTO, UMA SOLUÇÃO
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O planeta Terra é rico e plural. Assim como seus povos e a natureza, os problemas do mundo são multifacetados – e para cada um existe a solução. Confira no mapa ideias inovadoras, de importância social, que saíram do papel em hackathons realizados em outros países.
ASTRONOMIA
SEGURANÇA
GASTRONOMIA
Projeto: Finding Asteroids Before They Find Us! Descrição: plataforma que reúne informações sobre asteroides e seu impacto no mundo. Destina-se a auxiliar cientistas a interceptar objetos cósmicos antes que eles atinjam a Terra Local: Mountain View (EUA) Ano: 2014 Evento: Asteroid Hackathon
Projeto: Freeme Descrição: dispositivo localizado em banheiros públicos femininos que auxilia mulheres em perigo: ao pressionar o botão, a polícia mais próxima é acionada Local: Londres (Inglaterra) Ano: 2015 Evento: Disrupt London Hackathon
Projeto: Foodilink Descrição: plataforma que armazena, compartilha e descobre receitas e restaurantes ao gosto do freguês Local: Paris (França) Ano: 2013 Evento: AngelHack Paris – Spring 2013
MEIO AMBIENTE
TECNOLOGIA
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Projeto: Clube Quintal Mágico Descrição: serviço de assinatura de sementes e sistema de sensores que ajudam usuários no cultivo de uma horta ou jardim Local: Belém (Brasil) Ano: 2016 Evento: Hackathon Ekos
Projeto: Layie Descrição: serviço de “mordomo” em formato de chat que poupa o usuário de baixar vários apps para solicitar um serviço: calendário inteligente, entrega de café, limpeza... Local: Xangai (China) Ano: 2016 Evento: Slush Shanghai
Projeto: Berry Street Descrição: ferramenta que facilita o trabalho de servidores sociais no mapeamento das relações parentais de uma criança Local: Melbourne (Austrália) Ano: 2014 Evento: Hacking for Humanity
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DIREITO
Um novo marco legal para o desenvolvimento dos municípios Fernando Borges Mânica Doutor em Direito,coordenador do programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Positivo, Procurador do Estado e consultor.
No início deste ano, entrou em vigência o novo marco legal do terceiro setor. Trata-se da Lei nº 13.019/14, que disciplina novas parcerias entre o poder público e entidades privadas sem fins lucrativos, em substituição aos convênios. Sua aplicação aos municípios terá início em janeiro de 2017, o que trará grandes desafios aos prefeitos eleitos no próximo pleito. Uma das inovações da lei consiste no Procedimento de Manifestação de Interesse Social (PMIS), por meio do qual as entidades do terceiro setor podem propor parceiras em determinadas áreas de interesse social.
É preciso que as parcerias com o setor privado deixem de ser vistas como iniciativas com propósito de benefício individual exagerado, arbitrário e ilegal.
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É necessário, para o bem do país, que os prefeitos, ao assumirem em 2017, tenham condições institucionais de transformar boas ideias em projetos reais de inovação.
Esse modelo de relação público-privada não é novo – outros itens da legislação já preveem a possibilidade de que empresas privadas realizem estudos e projetos técnicos, econômico-financeiros e jurídicos anteriores à concessão de serviços públicos. Assim, os municípios podem aproveitar-se da expertise privada na estruturação de projetos de interesse público. Como sabemos, a administração pública, em especial na esfera municipal, não possui equipe técnica e jurídica dedicada especificamente ao tema: muitas vezes, deixa-se de investir em mobilidade urbana, coleta e destinação de lixo, educação, saúde, iluminação pública e saneamento.
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Portanto, novas formas de saber, de fazer e de organizar que são criadas todos os dias na esfera privada precisam ser incorporadas pelos municípios brasileiros. No âmbito municipal, afinal, demandam-se instrumentos claros e seguros que atraiam empresas e ONGs aptas a colaborar no processo de transformação dos centros urbanos em smart cities (cidades inteligentes). Nesse sentido, é preciso que as parcerias com o setor privado deixem de ser vistas como iniciativas com propósito de benefício individual exagerado, arbitrário e ilegal. Essa mudança de visão é imprescindível para o futuro do país. Oferecendo a pessoas, ONGs, empresas e políticos a capacidade de entabular relações público-privadas honestas e transparentes, o Brasil testemunhará uma soma de esforços que conduz ao bem coletivo. No mundo inteiro, há entidades priva-
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das que trabalham em parceria com o poder público, oferecem soluções inovadoras e prestam excelentes serviços, com justa remuneração. Não se trata de acolher uma visão ingênua de bondade e altruísmo, mas de crer na possibilidade de um cenário institucional que consinta e favoreça relações saudáveis entre as esferas pública e privada. Interesses contrapostos podem ser harmonizados por meio de contratos bem estruturados, com a participação de órgãos de controle e fiscalização. Existem no Brasil boas ideias, as quais o Estado precisa acolher e incluir dentro de ambiente participativo, transparente e aberto a todos os interessados aptos a colaborar com projetos e propostas de solução. O que não pode haver são ingerências escusas, que contaminam procedimentos de utilidade para o desenvolvimento da infraestrutura, da tecnologia e dos serviços públicos no Brasil. É necessário, para o bem do país, que os prefeitos que assumiram em 2017 tenham condições institucionais de transformar boas ideias em projetos reais de inovação. Para isso, é preciso empoderar, treinar e fortalecer a estrutura administrativa de cada município – em especial os de pequeno porte. Assim, com apoio da União e dos Estados, eles poderão receber e avaliar propostas e projetos de inovação administrativa, tecnológica, jurídica e social de modo a conseguir, mesmo em um ambiente de crise econômica, promover as mudanças necessárias à retomada do desenvolvimento. O bom uso do privado demanda o fortalecimento do público.
Você acredita em licitações? Fernando Borges Mânica Doutor em Direito,coordenador do programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Positivo, Procurador do Estado e consultor.
A licitação é prevista pela Constituição de 1988 como o processo por meio do qual a Administração Pública deve promover a seleção da proposta mais vantajosa de bens, obras e serviços necessários ao exercício das funções do Estado. Sua realização objetiva uma contratação eficiente, com respeito a princípios constitucionais como isonomia e moralidade. Mas ninguém acredita nisso. As maiores operações policiais do Brasil envolvem, em alguma medida, o processo de contratação pública, na maior parte das vezes realizado nos exatos termos da legislação. Isso não significa que todas as licitações realizadas no país contenham irregularidades, mas sugere que a legislação brasileira sobre licitações não torna o processo imune a desvios. Mais do que isso: é através da lei de licitações que muitas fraudes são cometidas com ares de legalidade. Além disso, são constantes as reclamações de que o processo licitatório no Brasil é por demais burocratizado, com exigência de atos, procedimentos, prazos e formalidades em demasia. Muitas contratações acabam consumindo tempo, energia e recursos que poderiam ser empregados em outras atividades estatais. Tal é a complexidade do processo, que a licitação muitas vezes é realizada como um fim em si mesmo e não como um instrumento voltado à garantia de uma boa contratação. Para mudar esse cenário, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei geral de licitações e contratos administrativos. Não se trata de uma lei integralmente nova, mas da incorporação e desenvolvimento de soluções já testadas por leis específicas, como a Lei do Pregão, a Lei do RDC e a Lei das PPPs. Nelas já consta, por exemplo, a inversão das fases procedimentais, a fase recursal única, a etapa
de lances em viva voz, a contratação integrada e a realização de procedimento de manifestação de interesse (PMI). Apesar de unir em um único diploma várias leis de licitação hoje vigentes, o projeto respeita as peculiaridades de cada espécie de contratação. Além disso, diversas questões semânticas são resolvidas, com explicação precisa de conceitos, em um texto claro e bem organizado. Dentre as novidades propriamente ditas, pode-se destacar o incentivo ao uso da tecnologia da informação; a exigência de elaboração de uma matriz de risco em contratações de grande vulto, com a responsabilidade das partes em decorrência de fatos não previstos no contrato; a contratação de assessoria privada para o próprio processo de licitação; a solicitação de soluções técnicas a empresas previamente à licitação, denominado de ‘diálogo competitivo‘; o recurso à arbitragem para a solução de conflitos; a exigência de um seguro de até 30% do valor do contrato, para o caso de a empresa não cumprir o contrato e também para cobrir eventuais para débitos trabalhistas; a ampliação do prazo nos contratos de prestação de serviços para até 10 anos; e a ampliação das sanções administrativas e criminais para atos ilícitos praticados no processo licitatório. Os mais de mil dispositivos legais do projeto trazem importantes avanços para uma boa contratação pública, mas não resolvem todos os problemas das licitações no Brasil. Seria ingenuidade acreditar nisso. De todo o modo, o projeto de lei aprovado pelo Senado Federal reforça a importância do planejamento, da interlocução público-privada, da transparência, da responsabilidade e da capacidade técnica da equipe encarregada de conduzir os processos de contratação pública. É nisso que devemos acreditar.
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GASTRONOMIA
Gastronomia em processos de comunicação e engajamento nas organizações Antonio Carlos Annies Antonio Carlos Annies – mais conhecido como chef Toni – é idealizador e facilitador do método Sabor do Aprendizado
A gastronomia sempre esteve presente na evolução da humanidade. No período da Pré-História, ela exercia a função básica de sobrevivência. Já no Império Romano, a gastronomia era ferramenta essencial de comunicação e engajamento nas estratégias do governo, desempenhando papel representativo entre guerras e conquistas, por exemplo.
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Atualmente, a comunicação é um tema que sempre está em pauta nas organizações. Mesmo com acesso a várias tecnologias de alta velocidade e amplitude global, ela continua sendo o grande desafio dos executivos. Como comunicar e engajar as pessoas é um problema que toda empresa tenta resolver. Porém, é possível comunicar-se e engajar-se quando a causa é nobre! O método de educação corporativa Sabor do Aprendizado vem apresentando excelentes resultados em suas dinâmicas de grupo. Essa proposta desafia os participantes de várias empresas a conhecer ou aplicar seus talentos.
“Com dinâmicas de grupo que utilizam a gastronomia como meio facilitador, é possível conseguir resultados surpreendentes de colaboração, envolvimento e integração. Cozinhar com amigos é um dos objetivos do Sabor do Aprendizado.”
A flexibilidade e versatilidade do método auxilia na discussão de temas como “team building”, implantação de processos, celebração de projetos, “kick off” projetos, “go live”, convenção de vendas, campanhas de incentivo e treinamentos técnicos, entre outros. O método consiste em alinhar os objetivos principais com uma vivência gastronômica, envolvendo todos no processo.
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Após a experiência, fica claro que é possível fazer diferente – e que a diversidade na equipe é algo muito positivo. Os participantes também aprendem que, com foco na causa, o resultado é mais preciso e que a humanização nas relações traz sinergia. Sobretudo, o método deixa claro que fazer algo da maneira mais simples não é sinônimo de fazer malfeito. A causa é o segredo do sucesso.
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Quantos sobreviverão? Vive-se uma era de contemplação excessiva da alta gastronomia Por Beto Madalosso Há alguns dias, recebi um convite da minha amiga Janaína para dar uma palestra para alunos de um curso de Gastronomia. Como eu não tinha um roteiro preparado, já que ela mesma recomendou isso, dizendo que seria “um bate-papo descontraído”, sentei-me ao seu lado momentos antes de começar e pedi dicas de assuntos que ela, como coordenadora do curso, achasse relevante eu falar. “Beto, quase todos aqui têm um mesmo objetivo: abrir um bistrô de luxo, com poucos lugares, para atender o mercado da alta gastronomia. Você sabe como é difícil, né? É um segmento muito concorrido, restrito, e muita gente pode se frustrar no futuro”, disse a Janaína, que trabalhou ao meu lado durante alguns meses na Forneria Copacabana. Deu para notar que, entre tantos assuntos, esse era o que mais lhe afligia. Para interpretar melhor o que ela dizia, me coloquei na posição de aluno e lembrei que, eu mesmo, quando comecei a trabalhar na cozinha e fiz curso de chef, tinha isso em mente: ser um chef estrelado, com cozinha autoral, para atender paladares críticos. Tentei entender o porquê. Nos últimos anos, as revistas, os livros, os jornais e os canais de televisão transformaram chefs de cozinha em celebridades. Cozinheiros viraram artistas que fazem pratos tão bons para os olhos quanto para o paladar. Quem não quer ser um deles? Quem não quer integrar esse mundo aparentemente tão próspero? É normal que pensemos assim. Iniciei a palestra, como sempre, resgatando a história da minha família, desde a abertura do Velho Madalosso, dos erros e dos acertos ao longo dos anos, das dificuldades e dos prazeres que a vida dentro de um restaurante pode proporcionar, até que cheguei ao tema principal: “Que tipo de restaurante vocês pretendem abrir?”. A resposta unânime da turma corroborou a preocupação da Janaína.
Continuei: “Quantas vezes por mês vocês frequentam um bistrô de luxo? Quantos bistrôs de luxo cabem em uma cidade como Curitiba? Já pensaram na viabilidade econômica? Qual será o diferencial de vocês? Já pensaram em quantos outros tipos de restaurantes vocês podem abrir? Afinal, o que é sucesso?”. Meu papel era, acima de tudo, criar um debate sobre as dificuldades e desconstruir o pensamento em massa que limita o campo de atuação dos novos profissionais que entrarão no mercado de trabalho. Mais do que nunca, notei a importância daquilo que eu falava. Não só para quem ouvia, mas para eu mesmo perceber os caminhos que devo seguir como empresário do ramo. Estamos vivendo uma era de contemplação excessiva da alta gastronomia, que forja um mercado que é muito mais amplo do que isso. Chefs se sacrificam cada vez mais em busca da perfeição, já que as cozinhas viraram ateliês onde pratos levam assinaturas dentro de restaurantes que nem sempre são economicamente viáveis. “Quantos sobreviverão?”, perguntei. Comer é para ser fácil, agradável e relaxante, não um compromisso. Mas quando nos sentamos à mesa, assumimos o pretensioso papel de críticos gastronômicos, fazendo disso quase uma profissão. É como se toda vez que ouvíssemos uma música tivéssemos que interpretar o solo da guitarra, a virada da bateria e o tom do vocalista, e esquecêssemos que, antes de mais nada, música é para ser agradável, para fazer dançar e emocionar. Nesse paralelo, a alta gastronomia é o jazz da culinária: reúne as melhores técnicas, o virtuosismo, a experimentação, mas exige dedicação extrema e atende a um mercado restrito, o que não faz desse segmento a única nem a melhor opção para as carreiras dos chefs de cozinha que vêm por aí.
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GESTÃO
Disciplina e produtividade José Pio Martins José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo
Um pouco menos de bagunça na gestão do tempo e um pouco mais de respeito aos horários previamente combinados fariam um bem enorme à produtividade A melhoria do padrão de bem-estar médio da população exige que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça mais do que o aumento dos habitantes. Isso só é possível pelo aumento do número pessoas trabalhando e/ou pelo aumento da produtividade (maior produto por hora de trabalho). Como o primeiro caminho – conseguir mais pessoas para trabalhar – depende, quase sempre, do aumento da população, o mais adequado é o aumento da produtividade. A produtividade é um tema muito badalado em discursos de economistas, políticos e empresários. Trata-se de um consenso. Logo, todos deveriam tentar produzir mais por hora de trabalho. Esse objetivo, entretanto, requer disciplina e boa gestão do tempo.
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Na vida dos gerentes e dos executivos, o uso de seu próprio tempo é assunto muito mal resolvido. Ser disciplinado e cumpridor de horários, sobretudo em reuniões, palestras e seminários, é algo quase impossível. A relação do brasileiro com horários é péssima, faz todos trabalharem mais que o necessário para produzir o mesmo e prejudica muito a produtividade-hora do trabalho. Daria para produzir mais trabalhando menos se tivéssemos um pouco de “alemão” em nossa forma de tratar o tempo e os horários. Fiz um curso de um mês na Alemanha, cujo programa implicava várias visitas e entrevistas. Em todas, terminado o horário agendado, o anfitrião levantava e gentilmente abria a porta para eu sair. Em uma festa de aniversário marcada das 18h às 20h, o aniversariante desligou o
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som exatamente às 20h, agradeceu aos presentes e foi à porta despedir-se dos convidados. A produtividade não diz respeito apenas ao produto do trabalho nas fábricas e nas linhas de montagem. Depende, também, do rendimento dos prestadores de serviços, dos autônomos, dos executivos, dos gerentes e dos técnicos. A indisciplina por aqui é tão grande que um pouco de ordem, respeito ao tempo, cumprimento de horários e organização levariam ao aumento da produtividade do trabalho nas áreas de administração, de gerência e nos eventos públicos. A tolerância com a indisciplina deriva, em parte, da dificuldade de medir o produto do trabalho que não gera peças físicas. Em uma fábrica de camisas, o número de unidades produzidas por operário é contável e comparável com a produção de outros operários. Já em um escritório, a produção não é tão facilmente mensurável, tornando-se mais complexo julgar a produtividade de um funcionário. Um executivo que passa doze horas em reuniões pode parecer muito produtivo, quando ele pode ser apenas desorganizado e indisciplinado, consumindo mais tempo que o necessário em suas tarefas. Quanto aos seminários e aos congressos, raros são os que começam no horário e cujos palestrantes obedecem ao tempo determinado. Mais raro ainda é achar quem fique constrangido por estourar o tempo que lhe é dado. Na Alemanha, me pus a observar os trens saírem, na mesma plataforma, de dois em dois minutos. Fiquei pensando: o que seria se os maquinistas desses trens se comportassem como os executivos e os palestrantes brasileiros? Certamente, seria o maior caos. Não precisamos nos tornar alemães, mas um pouco menos de bagunça na gestão do tempo e um pouco mais de respeito aos horários previamente combinados fariam um bem enorme à produtividade e deixaria mais tempo para fazermos outras coisas.
Pense omnichannel Fabíola Paes Fabíola Paes é coordenadora do Laboratório de Varejo e do MBA de Gestão de Varejo e Administração de Shopping Center da Universidade Positivo, mestre em Estratégia de Varejo Omnichannel e founder da omniWays
Todos os dias, pessoas, empresas, instituições e mercados mudam. A presença da tecnologia digital cria uma série de oportunidades, mas também traz grandes desafios para o varejo. O novo conceito omnichannel, advindo da noção de multicanal (oferecer ao consumidor múltiplos meios de adquirir um produto), tem provocado o repensar estratégico das cadeias de valor no ambiente digital, para gerar vantagem competitiva, alta performance e inovação nos negócios. No multicanal, o cliente tem acesso a vários pontos de contato (loja física, loja on-line, venda direta e/ou televendas), agindo de forma independente. O varejista tem conhecimento especializado dos canais, e as operações funcionam em silos funcionais, focados em suas atividades e preocupando-se com o sucesso individual – e não da empresa como um todo –, centrado no consumidor. O termo omnichannel surgiu quando os varejistas americanos perceberam que apenas 12% dos consumidores realizavam a maior parte dos seus processos de compra inteiramente em lojas físicas. Os números foram tão alarmantes que os lojistas começaram a pensar em uma maneira inteligente de oferecer um serviço consistente capaz de reconhecer e acompanhar o ciclo de compras de um cliente por meio de qualquer um dos canais de atendimento da empresa. Isso originou a filosofia e a prática do omnichannel, no qual cada canal de atendimento reconhece os
dados coletados por outro canal e os interliga, possibilitando a verificação dos interesses dos clientes. Esse processo de maior integração entre a oferta de canais de vendas, promoções e relacionamento, conjugado com o estudo sistemático do comportamento do consumidor e seu uso no desenvolvimento de negócios, gerou o conceito de omnichannel. É preciso se preocupar cada vez mais em ter foco no cliente, oferecendo um atendimento diferenciado e rico em conteúdo e experiência, investir cada vez mais em tecnologias e novos serviços e inovar em formatos de lojas, no mix de ofertas e na criação de uma proposta de valor forte e clara para as marcas. No entendimento da experiência de consumo atual, em que o consumidor tem acesso à compra de qualquer lugar, seja do trabalho, da própria loja ou da loja do concorrente, a integração dos canais de vendas se tornou essencial para a sobrevivência da indústria de varejo. Não existe mais fronteira entre os mundos virtual, on-line e físico. O maior desafio não será gerenciar esses múltiplos pontos de contato, e sim aproveitá-los para promover experiências inesquecíveis e fidelizar o consumidor cada vez mais exigente em busca contínua por conveniência de compra. Na NRF Big Show 2016, maior feira de tendências e tecnologias no varejo internacional, que aconteceu em Nova Iorque no fim de janeiro, o omnichannel foi destacado como uma estratégia consolidada no mercado global. No Brasil, os desafios e oportunidades são amplas para o desenvolvimento e a evolução do varejo.
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GESTÃO
Negócios DE Família versus Negócios DA Família Manoel Knopfholz Manoel Knopfholz é pró-reitor de Pós-Graduação e Educação Continuada da Universidade Positivo
O cuidado para que nenhuma das relações sejam prejudicadas Almoço familiar de domingo. Pai, mãe e dois filhos à mesa. O assunto da conversa gira em torno da loja onde todos trabalham. De repente, a refeição começa a ficar indigesta quando um dos irmãos se queixa do outro, acusando-o de não cumprir suas responsabilidades no negócio familiar. O segundo questiona com que autoridade o primeiro o julga. Pai e mãe, constrangidos, tentam reconduzir a conversa para assuntos de interesse familiar – os estudos dos filhos, suas amizades e outras amenidades dignas de um leve e delicioso encontro entre pais e filhos.
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Este é um cenário clássico no qual há uma evidente interposição entre os Negócios DE Família e os Negócios DA Família. Relações familiares – DE Família – trazem consigo uma carga afetiva enorme, de cunho emocional, que não podem ser traduzidos no plano material como nos DA Família. Os vínculos entre pais, filhos, cônjuges, irmãos e outros tantos graus de parentesco são movidos por amor, ódio, carinho, inveja, ciúme e outros sentimentos poderosos que invariavelmente gravitam entre os que são (ou deveriam ser) próximos. Caim e Abel são exemplos bíblicos e a obra de Shakespeare é fértil nesse tema. Por sua vez, os elos patrimoniais e empresariais são fundamentados em medidas econômicas e financeiras, por lucros e valorizações, tendo sempre uma medida material. Daí porque é preciso não confundir os Negócios DA Família com os Negócios DE Família. São de lógicas e expectativas diferentes e por isso mesmo devem ser percebidos de modo distinto entre si. É evidente que não é uma tarefa fácil
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para o núcleo familiar que é proprietário de uma empresa e possuidor de um patrimônio. O recomendado é a transformação da “empresa familiar” em “família empresária”. A perspectiva que se terá de cada uma delas é diferente quando estabelecido o sentimento de pertencimento de cada um dos familiares - tanto na família quanto na empresa e no patrimônio. Para que isso aconteça, é imperativo que se valorize de forma equilibrada a importância dos vínculos familiares e de parentesco e os do patrimônio e empresariais. A experiência de muitas práticas tem demonstrado que isso é tecnicamente possível por meio de mecanismos como os chamados protocolo familiar e acordos familiares, patrimoniais e empresariais, entre outros. Decodificar as reações e normatizá-las não é difícil. No entanto, é preciso a sensibilização de que esse movimento precisa ser feito, sob pena de os Negócios DE Família e os Negócios DA Família serem autofágicos entre si, de modo a não se perpetuarem nem os valores familiares nem os negócios empresariais e patrimoniais. É fundamental que, em determinado ponto das relações entre os integrantes do núcleo familiar, todos percebam que os Negócios DA Família não são mais importantes que os Negócios DE Família e vice versa. É vital compreender que o prevalecimento de um sobre o outro significa ficar sem família, sem empresa e sem patrimônio.
Valores nas empresas: muito além de bons salários e promoções Wilson Bremer Cerqueira Wilson Bremer Cerqueira é gerente corporativo de Recursos Humanos no Grupo Positivo
A satisfação pessoal no trabalho sempre esteve associada a imaginários como bom salário, estabilidade, políticas de promoção e status. A companhia tem papel relevante nesses assuntos, é verdade, mas, em um mundo de rápidas transformações, não é só isso que deve continuar sendo levado em conta hoje. Empresas já começam a notar a necessidade de estabelecer novos horizontes para motivar seu pessoal e evitar a perda de bons colaboradores. No Brasil, trata-se de tema que, aos poucos, passa a integrar as agendas das áreas de recrutamento. As companhias precisam preparar-se para construir e praticar, com base em uma espécie de carta de princípios, uma série de valores que faça o colaborador identificar-se com a empresa, criando no profissional um interesse natural de longa relação com aquele local de trabalho. Quando se fala em valores, é exatamente o que a palavra ostenta na prática: relações respeitosas, gestores próximos dos colaboradores e vice-versa, clareza na comunicação e na transmissão de responsabilidades, chance de apresentar críticas e sugestões, trabalho em equipe, engajamento em causas comunitárias, entre outras situações que sirvam de combustível para impulsionar a dinâmica sempre motivadora das relações de trabalho e convivência por parte de todos.
Sensibilizado ao estar inserido em uma realidade baseada em valores autênticos que ajudam a empresa a funcionar bem, o colaborador cria para si a sensação natural de pertencimento e de fazer a diferença, além de desenvolver meios que o façam pensar a fundo se deve mesmo aceitar um eventual convite de outra companhia. Nesse sentido, o grande desafio da área de Recursos Humanos é buscar colaboradores alinhados aos valores que a empresa encara como um patrimônio vital de sua existência. Quando você traz uma pessoa que tem valores diferentes daqueles que a empresa prega, provavelmente essa relação não será duradoura. Um código de conduta claro e efetivo pode auxiliar – e muito – nesse processo de incentivar e despertar o colaborador para os valores da empresa. No momento em que se planeja contratar alguém engajado com esses valores, a probabilidade final do resultado positivo que esse colaborador irá devolver é muito maior. O profissional conseguirá chegar à conclusão de que o trabalho é o meio e tem um valor muito maior que o próprio resultado. Quando trabalha em uma empresa alinhada com os seus valores, o colaborador sente que está inserido em um contexto que compartilha da sua visão de mundo. Ele pactua com aquilo que está sendo feito como algo muito maior e impactante para a empresa e para si.
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TECNOLOGIA
Blockchain: o início de uma revolução digital Tecnologia pode alterar o comércio on-line nos próximos anos, seguindo um processo de descentralização Alexandre Denes Alexandre Denes é mestre em Informática Aplicada
Uma plataforma de criptomoeda ou um componente de BitCoin (unidade monetária on-line). É assim que alguns entusiastas do mundo virtual definem o conceito de blockchain. Mas ele é bem mais do que isso. Trata-se de uma tecnologia que tem criado novas oportunidades de negócio, constituindo a base da nova revolução da internet – possibilidade para um futuro próximo, em que as atividades on-line serão completamente descentralizadas.
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O contexto do blockchain foi abordado na palestra de abertura do CTI Summit, a semana acadêmica do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) da Universidade Positivo, que reuniu, no fim de setembro, estudantes de Graduação e Pós-Graduação, profissionais, empresários e consultores na área. O blockchain é uma ferramenta que registra transações de maneira que elas não possam ser apagadas ou modificadas, mas somente atualizadas sequencialmente, criando-se um histórico sem fim da informação. É uma funcionalidade aparentemente simples, mas com impactos dramáticos na forma como os sistemas computacionais, os processos negociais e as próprias organizações funcionarão nos próximos anos. Como? O conceito central que explica isso é descentralização. Considere os sistemas empresariais como são tradicionalmente desenvolvidos.
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Atualmente, cada empresa mantém sua própria estrutura de informação, que engloba todas as entidades que cultivam qualquer relacionamento com seus processos: clientes, com dados financeiros para cobranças, e registros de envios de produtos com seus códigos de rastreamento nas transportadoras, por exemplo. Se você possui uma série de serviços que são pagos mensalmente via cartão de crédito, já sentiu na pele o custo de manutenção das informações redundantes quando precisou mudar o número do cartão nos diversos serviços. Mas por que isso acontece? Por que as empresas gastam uma quantidade enorme de dinheiro e tempo para manter esses dados? O ideal não seria ter uma base centralizada na qual todas as empresas pudessem buscar a informação? Mas aí vem o problema: onde ficaria essa base? No caso de dados financeiros, por exemplo, qual banco manteria os dados de todas as pessoas para que os demais bancos pudessem fazer consultas? Os concorrentes aceitariam que o banco escolhido tivesse esse tipo de poder? E os órgãos reguladores? Aceitariam esse tipo de monopólio? São muitas perguntas para uma questão que se resolve de forma simples – e revolucionária.
PARECE FICÇÃO? É um pouco, pois as plataformas que permitem a construção de aplicações blockchain (os dados e os “SmartContracts”), como a Etherium ou a Blockstack, alcançam popularidade, e ainda não está muito claro o que funciona e o que não funciona no modelo. Porém, alguns exemplos já estão no ar e valem a pena ser avaliados: OpenBazaar.org é um protocolo ponto a ponto (P2P) descentralizado de compra e venda de produtos. A vantagem é que, como não existe uma empresa centralizadora para organizar o “marketplace” (e cobrar comissão pelas vendas), as vendas nesse protocolo não possuem taxas e permitem que ofertas de pequeno valor sejam efetivadas;
Um blockchain de dados pessoais poderia fazer esse papel, apresentando-se como uma entidade descentralizada, que prescinde do controle de órgãos ou empresas. Para isso, cada pessoa teria um registro dentro do sistema com seus dados pessoais, e, a esse registro, seria associada uma série de “SmartContracts” – programas que, quando executados, permitem consulta ou alteração, com a garantia de que esses programas não podem ser alterados ou contornados. Isso porque fazem parte do próprio processo de criptografia que permite que os dados do registro sejam lidos ou alterados.
PledgeMusic.com é uma plataforma de música on-line que propõe o “fair trade music database”, um registro blockchain globalmente descentralizado no qual artistas podem publicar suas músicas e dados associados, para que clientes possam buscar pelas músicas e comprar direitos de uso para reprodução doméstica, pública e de publicidade. “SmartContracts” associados aos registros garantem que os donos do conteúdo sejam pagos automaticamente pelo uso, permitindo que artistas pequenos, inviáveis em plataformas que cobram grandes porcentagens sobre as vendas, possam comercializar suas criações. Outra startup semelhante, chamada PeerTracks, afirma que esse modelo remunera o artista em até 90% do valor das vendas, em vez dos 15% aproximados obtidos nos portais de música atuais; DH.com é uma “FinTech” que possui plataforma de pagamentos global, utilizada por mais de 8 mil bancos, que se aliou com o Rabobank para criar uma prova de conceito de pagamentos globais utilizando blockchain.
O que é possível fazer com blockchain, hoje, na sua empresa? Por enquanto, provavelmente nada. O problema aqui é a própria pergunta: não é o que o blockchain pode fazer para a sua empresa, mas que informações a sua empresa armazena internamente e que poderiam migrar para uma rede externa e confiável? Quanto a sua empresa gasta hoje com a manutenção dessas informações e quanto ela estaria disposta a pagar para alguém criar uma rede na qual ela pudesse simplesmente interagir por meio de dados? E essas necessidades são comuns a outras empresas da mesma ou de outra área?
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TECNOLOGIA
Colaboração para superar a crise Renato Buiatti Renato Buiatti é coordenador da Pós-Graduação em Negócios Digitais da Universidade Positivo
O cenário de crise que já afetou investimentos e provocou corte em postos de trabalho pode ser superado com uma palavra em especial: colaboração. Em um momento desfavorável, criar o próprio negócio é arriscado e, ao mesmo tempo, representa alternativa, especialmente no ambiente digital, com interações e processos colaborativos cada vez mais difundidos. O ambiente digital difere das empresas convencionais pela agilidade de processos e possibilidade de testar produtos e serviços em versões beta. Enquanto o modelo tradicional de negócios requer processos burocráticos e custos fixos elevados (locação de ponto e infraestrutura), nos negócios digitais é comum a criação de equipes que trabalham em projetos específicos (com prazo de início e encerramento), gerando motivação extra, reduzindo custos operacionais e, consequentemente, burocráticos.
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Sua empresa precisa estar no ambiente digital. Enquanto os modelos de negócio tradicionais contam com o que Chris Anderson (autor de livros como “A cauda longa” e “Free”) chama de pré-filtros (processos e agentes que definem a viabilidade de produtos e serviços), nos negócios digitais é possível mensurar o desempenho pela interação, monitoramento de comentários e menções em redes e ambientes projetados para o esse fim. E a interação vai além da observação de como as pessoas reagem: cria-se diálogo e incentivam-se processos colaborativos, com a participação de consumidores para a atualização de aplicativos, softwares ou mesmo produtos físicos. Exemplos de empresas que nasceram no ambiente digital com ritmo de inovação frenético não faltam: Facebook, Google, Twitter, YouTube e Mozilla (para citar as gigantes do mercado), além de
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grande número de startups que usam dados coletados no processo de análise de comportamento de usuários para desenvolver novas aplicações e criar desdobramentos de negócios. Apesar das oportunidades surgidas com o universo dos negócios digitais, ele exige cuidados, sobretudo na mudança de pensamento e do entendimento de negócios. Ou seja, por mais que as questões econômicas sejam a mola propulsora, o modelo exige que produtos e serviços respondam a questionamentos diferentes: como o aplicativo vai facilitar a vida das pessoas? Como o serviço vai tornar suas vidas mais leves? O que se propõe vai fazer com que economizem tempo? Que problemas resolve? O Waze, por exemplo, surgiu para reduzir o tempo perdido no trânsito, contando com a colaboração dos usuários. Já o aplicativo Duolingo auxilia o usuário a aprender novo idioma de forma lúdica, jogando no celular. E o melhor: as empresas patrocinadoras do aplicativo – fazendo com que continue gratuito – recebem conteúdo traduzido, conforme sua demanda. O ambiente digital também permite que ideias aparentemente despretensiosas, como o aplicativo para a dublagem de frases e músicas Dubsmash, viralizem em curto espaço de tempo. Por quê? Porque o meio digital permite a criação e o lançamento de produtos e plataformas antes mesmo que se tenha modelo de monetização definido. Mais importante: os negócios digitais vão ao encontro das características das gerações de “millenials”. São pessoas que criam negócios por motivações pessoais, apresentam relação praticamente orgânica com a tecnologia (como extensão de seus corpos) e optam por empreender a se encaixar no mercado de trabalho tradicional. Ao mesmo tempo, essas pessoas serão os consumidores do futuro. A pergunta que deve ser feita é: o seu negócio está preparado para eles?
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