9.126 EXEMPLARES
NOVEMBRO • Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
www.issuu.com/postaldoalgarve
António Aleixo: um poeta algarvio p. 8
is s d e p o eu s r u c d i s cu te i. o e s se; qu e s i u m d e e S u; e ele não i. o l a f Ele i d o que ão gos te G os te e d i s se n u Do q
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NOV | 2011 • Nº 39 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente
Vós que lá do vosso império prometeis um mundo novo, calai-vos, que pode o povo qu’rer um mundo novo a sério.
Sei que pareço um ladrão... mas há muitos que eu conheço que, sem parecer o que são, são aquilo que eu pareço Tu, En que t Hoj quant anto p Tud e que o nad romet o q pode a po es te uan s dia e to p squ s, rom eces etia te s…
Segredos do Património O Forte de São João da Barra p. 4 O Cultura.Sul visitou o Forte de São João da Barra em Cabanas de Tavira e desvenda-lhe um segredo escondido dos olhares mas que é bem o retrato de uma visão imensa. Seja pela
magnífica vista, seja pela intervenção arquitectónica que o transformou numa unidade hoteleira, seja ainda pelo ambiente e envolvencia únicos.
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Um espaço que dá relevo a uma fonte de actividade literária que fervilha, muitas vezes, à margem dos circuitos convencionais.
blogosfera
Jady Batista
Píxeis Henrique Dias Freire
Editor do CULTURA.SUL
A História escrita fará justiça! Todos nós sabemos que não é possível passar um atestado de insanidade económica e cultural aos habitantes e aos tradicionais protagonistas das regiões que têm permitido a fragilização da imprensa de proximidade, a chamada local e regional. Vivemos um período preocupante que tem culminado com o crescente desaparecimento de jornais locais e regionais. E mesmo sabendo que nem sempre é verdade que «mais imprensa escrita seja melhor imprensa escrita», o facto é que quase sempre é verdade que «mais comunicação é melhor participação». Independentemente do fenómeno da globalização, deixar hipotecar o desenvolvimento da comunicação social local e regional é condenar ao fracasso os particularismos da cultura local e o conhecimento das realidades locais. É permitir que a lógica de mercado possa vir a substituir-se aos princípios e valores da própria ordem democrática, onde os planos de liberdade de expressão, de comunicação e de cidadania são os mais cruciais e sempre os mais sensíveis. Aos meios de comunicação de cobertura nacional mais importa a lógica económica do que as tradições e as realidades quotidianas e culturais das regiões e das comunidades locais. Aqui, a lógica de mercado fala sempre mais alto – veja-se, por exemplo, o caso das duas páginas diárias que o «Correio da Manhã» dedica ao Algarve, cuja maioria da informação apenas diz respeito ao crime e afins. Em suma, sem uma imprensa de proximidade forte nas nossas regiões, corremos o risco de continuarmos a caminhar para a desvalorização da nossa identidade cultural até à beira do precipício. É que alguns, só depois do mergulho cego no abismo, conseguirão perceber as consequências de tanta negligência. Felizmente, nem tudo se perderá: a História escrita fará justiça!
Ficha Técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire
Se nós tivéssemos uma visão microscópica das nossas vidas, olhos para vermos as causas e o desenvolvimento de tudo o que fazemos, ficaríamos imobilizados num labirinto feito de milimétricas causas e milimétricos efeitos, tornando a vida insustentável. A vida é feita de luz e de sombras, de densidade e de vazio, de conhecimento e de ignorância. Saber tudo e pensar em tudo é
como ampliar uma imagem até vermos apenas píxeis. Grilhões que nos iriam acorrentar à prisão do saber absoluto. Blog: http://ponteirosparados.blogspot.com/ Postagem: http://ponteirosparados.blogspot.com/2011/10/pixeis.html
Espaço CRIA
Verde… A cor do Empreendedorismo!
Miguel Viegas
Gestor de Ciência e Tecnologia do CRIA ‒ Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia
Os últimos anos caracterizam-se por uma crescente consciencialização
Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: » blogosfera.S: Jady Batista » livro.S: Adriana Nogueira » momento.S: Vítor Correia » museu.S: Isabel Soares » panorâmica.S: Ricardo Claro
ambiental, deixando de ser prática exclusiva de radicais ambientalistas e passando gradualmente a ser incorporada por todos. Inevitavelmente, o mundo dos negócios tem vindo a sentir os efeitos dessas tendências. Os consumidores cada vez mais exigem responsabilidade ambiental e procuram produtos ou serviços menos nocivos para o ambiente, quer numa óptica de remediação como de prevenção; surgem novas tecnologias competitivas e com menores impactes ambientais; culminando no reconhecimento dos empresários e empreendedores, de que já não é necessário escolher entre a procura do lucro e o ambientalmente correcto.
Colaboradores: AGECAL, ALFA, CRIA, Cineclube de Faro, DRCAlg, DREAlg, António Pina, Pedro Jubilot. Nesta edição: Ana Claudia González, António Rosa Mendes, Maria de Jesus Guerreiro Bispo, Miguel Viegas, Saul de Jesus
Assistimos actualmente a um crescente investimento na protecção ambiental por parte de empresas consolidadas no mercado, e pela criação de novas oportunidades de negócio neste domínio. Segundo estimativas, a indústria mundial de serviços e tecnologia de base ambiental está actualmente avaliada em torno dos 700 biliões de dólares, cerca de 500 biliões de euros, e as previsões apontam para que continue a crescer nos próximos anos. Também os governos estão hoje, através de diversos incentivos e projectos, a encorajar este tipo de Empreendedorismo. A preocupação em aproximar a oferta e procura no
sector, tem fomentado o desenvolvimento de clusters de empresas de base tecnológica ambiental, não apenas a nível nacional, mas também como forma de promover a competitividade e o desempenho económico a um nível transnacional. O ambiente é hoje uma oportunidade de negócio que permite racionalizar os recursos escassos a que temos acesso e fomentar a evolução e inovação tecnológica, reflectindose nas tendências empreendedoras e, consequentemente, no desenvolvimento económico dos países. A estratégia está delineada… O verde é a cor dos próximos anos! A cor do Empreendedorismo!
Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve
on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve
e-mail: geralcultura.sul@gmail.com
Tiragem: 9.126 exemplares
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cinema Cineclube de Faro
Nem sabemos por onde começar…
Pelo início, sim, dada a honra e o enorme prazer de pela primeira vez termos conseguido, após vários convites ao longo dos anos, que João Canijo venha apresentar o seu último filme: o fabuloso Sangue do Meu Sangue. É logo no dia 7! O Ciclo do IPJ continua com mais uma mão-cheia de bons títulos, todos reunidos sob o título Os Amores Incondicionais, desde o campo até a Deus… Por outro lado, para tornar a nossa Biblioteca ainda mais viva, todos os meses, até Setembro de 2012, um convidado apresentará um livro da nossa colecção. Que, como todos, está disponível para requisição – por qualquer um. Daí termos chamado a este projecto, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, Livros em Cadeia, porque o nosso objectivo e anseio é que, após cada apresentação, os assistentes requisitem o livro para leitura domiciliária, e dele falem a
Espaço AGECAL
António Rosa Mendes
Director da Biblioteca da Universidade do Algarve Presidente da Assembleia Geral da AGECAL
destaque
Estamos hoje a pagar bem caro as consequências de uma política que prosseguiu a descaracterização cultural do Algarve. A atribuição aos Municípios das mais latas competências na área do urbanismo e ordenamento do território teve efeitos desastrosos – seria melhor dizer: trágicos. Na última
PROGRAMAÇÃO
CICLO LIVROS EM CADEIA
www.cineclubefaro.com
Filmes vividos no livro Clube de Cinema, de David Gilmour
outros que por sua vez o levem para leitura domiciliário, e… e… e… Ora, se em Outubro, apresentado por Graça Lobo, o livro foi Clube de Cinema, em que David Gilmour conta como, após a recusa do seu filho em continuar a frequentar a Escola, tomou em mãos a sua educação a partir do visionamento e análise conjuntos de uma série de filmes, iremos dar na sede um Ciclo com 5 desses filmes.
Muito, muito bons. Por último, no Museu, aos sábados, às 18.30 horas e com entrada livre, termina o Ciclo Cinema e Belas-Artes, com documentários sobre, e por ordem, António Sena, Ângelo Sousa, Ana Vieira e Nikias Skapinakis. Podem acusar-nos de muita coisa… menos de não termos imensa e diversificada actividade! Torne-se sócio! Participe!
CICLO OS AMORES INCONDICIONAIS
Sede Cineclube Faro ¦ 21.30 horas ¦
IPJ ¦ 21.30 horas
Entrada livre
7 NOV ¦ Sangue do Meu Sangue, João
2 NOV ¦ Chungking Express, Wong Kar
Canijo, Portugal, 2011, 140 , M/16 -
Wai, Hong Kong, 1994, 98
presença do realizador
9 NOV ¦ Sopro no Coração, Louis Malle,
14 NOV ¦ A Viagem do Director, Eran
França/Itália/Alemanha, 1971, 118
Riklis, Israel/Alemanha/França, 2010,
16 NOV ¦ Os Cavaleiros do Asfalto,
103, M/12
Martin Scorsese, EUA, 1973, 112
21 NOV ¦ As Quatro Voltas, Michelange-
23 NOV ¦ Crimes e Escapadelas, Woody
lo Frammartino, Itália/Alemanha/Suíça,
Allen, EUA, 1989, 104
2010, 88 , M/6
30 NOV ¦ Zona de Perigo, David
28 NOV ¦ Hadewijch, Bruno Dumont,
Cronenberg, EUA, 1983, 103
França, 2009, 120 , M/16 CONFERÊNCIAS LIVROS EM CADEIA Biblioteca da UAlg ¦ 18 horas 18 NOV ¦ Paulo Granja - Uma nova abordagem ao Cinema Moderno Livro Screening modernism: European art cinema, 1950-1980, de András Bálint Kovács
Um equívoco do Algarve trintena de anos, o Algarve foi sistematicamente destruído; ocorreu um genocídio cultural. O agente, o responsável, o alegre autor do magno delito: um certo “poder local”, cujas malfeitorias tornaram, salvo contadas excepções, irreconhecível a nossa região. Na segunda metade dos anos setenta do século passado, quem se apoderou dos Municípios algarvios foi uma pequena burguesia tão voraz quanto ignara. Arguta, viu chegada a sua hora e atirouse avidamente à carniça. Movida por uma insaciável cupiditas aedificandi, devassou, sobretudo o litoral, até ao ínf imo rincão. Construir, depressa e em força, tornou-se a palavra de ordem. E construir sem plano nem estética nem respeito – construir com a exclusiva finalidade do lucro rápido e chorudo. A nova classe da governança local – tudo “homens bons”,
evidentemente! – enriqueceu bem e depressa, de braço dado com a legião dos patos-bravos indígenas ou, na maioria, migrados para a região. Todavia, o enriquecimento fácil de uns poucos teve como contrapartida o empobrecimento da imensa maioria. O resultado está à vista. À vista não só em Portimão, em Armação de Pêra, em Quarteira, em Monte Gordo… E o pior é que não tem remédio; porque, sendo de betão, resistirá, permanecerá, perdurará. Só para ilustrar os casos apontados: Monte Gordo, que até ao meado dos anos 80 era uma estância turística única, em menos de um rufo transformou-se num aglomerado incaracterístico; Quarteira, está sabido, alberga o maior supermercado algarvio – o da droga, instalado na sordidez das suas urbanizações selvagens; Armação de Pêra é uma câmara de horrores, por sua vez
Comemorações dos 551 anos da Morte do Infante D. Henrique 13 NOV | Vila do Bispo e Fortaleza de Sagres Recordar o homem que mudou o Mundo, uma das mais notórias personalidades da História de Portugal
elevada à mais alta potência na outrora tão formosa Portimão… Apenas outro exemplo: a Fuzeta, dita “branca noiva do mar”, hoje viúva dele, sempre foi aldeia piscatória, de casas térreas com açoteias, vá lá aqui e ali um piso superior, tudo numa harmonia singular; agora é o pátio das traseiras dos mamarrachos implantados na marginal e que sequestraram o povoado. Um pouco por todo o Algarve litoral se repetiu esse nefasto fenómeno de devastação e falsa prosperidade. Percorrendo-o, somos assaltados por uma amarga impressão de intrusão, de contemplarmos algo que agrediu a paisagem e não deveria estar ali. É um sentimento que não deve todavia confundir-se com a nostalgia romântica de um passado inevitavelmente condenado a desaparecer pelo necessário progresso da sociedade. Preservar as características únicas e incon-
fundíveis de uma região, de uma cidade, de um lugar, não é uma atitude passadista de quem recusa a modernidade. Sucede é que esse passado constitui a única base de sustentação da criatividade e da inovação; e, ao destruí-lo, quedamos inelutavelmente no vazio espiritual. Confundir o antigo, que nos foi legado como preciosa riqueza pelos nossos maiores, com o “velho” e, logo, caduco, redunda no tremendo equívoco que hoje nos passa pesada factura. Conviria atentar, entre o mais, nestas certeiras palavras do Prémio Nobel da Economia, em 2008, Paul Krugman: “Promover a identidade cultural de uma cidade é fundamental para se conseguir vender essa cidade como um bom sítio para viver e visitar, tornando-a num bom local para fazer turismo, mas também para localizar um negócio”.
V Festival de Órgão 5, 12, 19 e 26 NOV | 21.30 horas | Sé e Igreja do Carmo | Faro Tempo para ouvir Gyula Szilágyi, João Santos, Carina Lasch e José L. González Uriol. A não perder um momento raro em que os órgãos ganham vida nas igrejas
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panorâmica
Ricardo Claro
• PATRIMÓNIO:
À descoberta de um segredo Há espaços assim, incomuns e com um ambiente único. O Forte de São João da Barra é um desses casos em que o tempo parece perder o correr normal dos ponteiros e onde o encontro entre o património histórico e a beleza natural é traçado de perfeição. Poucos são aqueles que suspeitam que em Cabanas de Tavira, a menos de 60 metros dos limites da área urbana da localidade, se apresenta sobranceiro ao serpentear do leito da Ria Formosa, um altaneiro forte setecentista. O São João da Barra ou Forte da Conceição ou, ainda, Forte de São João Baptista, é obra que resiste aos destemperos mundanos desde que o Capitão Geral do Reino, Conde de Vale de Reis, o mandou edificar, em 1670, para dar robustez à defesa da barra da Ria que à época dava acesso a Tavira. A planta forma uma estrela de quatro pontas, possuindo baluartes nos ângulos, aos quais se acedem por rampas. O portal principal de arco pleno, virado a terra e antecedido por fosso, possui espaldar, no qual foram colocados o brasão real, a inscrição comemorativa da construção. O mesmo espaldar que acolhe a inscrição alusiva à reconstrução da fortificação, datada de 1793, ordenada por Nuno de Mendonça e Moura, Conde de Vale de Reis, trineto do primeiro edificador do forte da barra de Tavira. Com o açoreamento da ria e o desvio da barra para nascente, a fortaleza da Conceição perdeu as suas funções militares, tendo o seu espaço sido adaptado, recentemente, a Turismo da Natureza. Uma nova vida para o património O projecto de remodelação, da autoria do arquitecto Victor Mestre, aproveitou os edifícios remanescentes no interior da praça de armas, nomeadamente as cavalariças, os paióis, a casa do governador e a capela. Um trabalho feito com mestria e em que a nova área edificada em estilo contemporâneo, em nada colide ao olhar com o conjunto edificado intramuros. A intervenção feita pelo arquitecto procurou, nas suas palavras, “sobretudo manter a identidade cultural existente, integrando uma realidade que procura restabelecer a leitura volumétrica que o tempo apagou”. “Não se pretende assim impor o tempo estético de uma nova construção”, refere o responsável pela obra, acrescentando que a proposta é a de que “a fortaleza volte a ser habitada como no tempo do seu
A piscina da fortaleza, instalada num dos baluartes do forte passa despercebida a quem se encontra na praça de armas surgimento, ou seja, reinstalar a guarnição das casernas, sendo que estas, naturalmente, virão a ter as adequadas condições de conforto inerentes à nova finalidade do espaço”, o turismo. O respeito, durante a intervenção, pelo espaço envolvente e edificado, bem como pelo valor patrimonial do
mesmo, fica claro na afirmação feita pelo arquitecto responsável quando refere que “em termos de ética de intervenção, procurámos uma solução de equilíbrio entre o que terá sido no passado a sua existência e a exigência de um uso actual. Por isso, ocupamos o local original re-
erguendo, a partir das fundações, o mesmo volume de ocupação e uma nova e discreta expressão que colocará esta intervenção numa linha de pensamento contemporâneo face às convenções e recomendações internacionais para a reabilitação do património arquitectónico”.
A praça de armas, onde o contemporâneo se cruza com o edificado patrimonial
Um ambiente raro Mas mais do que a faceta patrimonial, mais do que a inteligente intervenção arquitectónica para a novel vida do forte, a verdade é que naquele espaço se respira um ambiente, uma envolvência rara. A uma vista soberba sobre a Ria, a ilha barreira que a delimita e o azul imenso do oceano, junta-se o silêncio arredado do bulício da urbe e a força bruta da imensa muralha, características que dão ao lugar um perfil único. A merecer uma visita, o forte tem aquela patine do tempo que só se sente quando se respira a alma do património de perto, convida a vivê-lo e a viver o momento, enquanto o olhar se pousa em sossego nos baixios da Reserva Natural da Ria Formosa, no horizonte que une o azul do mar com o do céu ou num qualquer recanto do quadro histórico patrimonial absolutamente imperdível que é o Forte de São João da Barra. Descubra este segredo do património e viva o património em turismo ou numa simples visita porque há coisas imperdíveis.
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Espaço Educação
Educação: esforço que compensa
Alunos da Escola Secundária de Albufeira
Um momento marcado pelo movimento Integrado nas atividades de arranque do ano letivo e de acordo com o despacho nº 9788/2011, de 4 de Agosto, que estabelece o calendário escolar, os agrupamentos de escolas e as escolas não agrupadas que lecionam o ensino secundário promoveram e realizaram um conjunto de ações, destinadas à entrega dos certificados e diplomas aos alunos que no ano lectivo anterior terminaram o ensino secundário. Envolvendo a respetiva comunidade educativa, pretenderam as escolas da região do Algarve assinalar o sucesso dos seus alunos e a valorização do conhecimento, fazendo jus ao Dia do Diploma – 30 de Setembro. Para os alunos presentes nos dife-
rentes eventos, e formalismos à parte, esta cerimónia significou não só a conclusão do ensino secundário como uma etapa importante nas suas vidas, mas também a abertura a outros horizontes e desafios, como sejam a continuidade de estudos ou a inserção no mercado de trabalho. Os pais e os professores tiveram a possibilidade de celebrar, em conjunto, a valorização e reconhecimento do mérito, a dedicação e o esforço no trabalho e desempenhos escolares dos jovens, com eles partilhando a alegria pela compensação do esforço de tantos anos e o desejo de um futuro promissor. A poesia, a música e o teatro proporcionaram momentos agradáveis e
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João Casanova de Almeida - SEAE
constituíram uma mostra da riqueza cultural e diversidade das nossas escolas. Reconhecendo a importância da celebração do Dia do Diploma, o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar marcou presença na cerimónia realizada na Escola Secundária de Silves, onde evidenciou o papel da escola na formação dos jovens, destacando-os como principais atores do processo, mas também o contributo dos professores e pais no seu sucesso escolar. Sublinhou ainda que é pela educação que deve ser garantida a igualdade de oportunidades aos jovens e que à escola caberá a procura de soluções para o sucesso. A excelência de resultados apenas se obtém com rigor e determinação, com a cooperação de todos os alunos e agentes educativos através de um ambiente de trabalho, disciplina e exigência, base da oportunidade para o sucesso de qualidade. É, pois, importante que as escolas concentrem o seu trabalho no alcance de resultados quantificáveis que possibilitem o cálculo de indicadores de qualidade através dos quais a imagem de confiança e de credibilidade das mesmas possa ser reforçada.
Quintas de Cultura Criar Formas 24 NOV | 22 horas | Bar Porta Velha | Portimão A última de várias quintas-feiras do ciclo Quintas de Cultura, com Albio Nascimento, João Soares e Pedro Calado
Momento de teatro
Momento de piano
Momento de poesia
Apresentação do livro “POMAR DE PEDRAS” de Manuel Santos Serra 5 NOV | 16.30 horas | Biblioteca Lídia Jorge | Albufeira O médico e poeta residente no concelho vai apresentar o seu mais recente livro. “Pomar de Pedras” é a nona obra de Manuel dos Santos Serra
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momento
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Vítor Correia
SuperBikes Autódromo do Algarve
Espaço ALFA
Ana Claudia González
Sócia da ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve
Nesta estação, “inspiração” é a palavra que me leva a definir o Outono. Estamos em pleno Outono, apesar das condições climatéricas actuais mostrarem exactamente o contrário. Evidenciando que cada estação tem a sua beleza, é nesta estação que podemos apreciar o mágico espectáculo de mudança das cores das folhas das árvores, predominando os tons de vermelho, amarelo, laranja e castanho. As árvores vão perdendo as suas folhas, despem-se lentamente, folha a folha, num ballet único e em plena sincronia, tais como os choupos e os plátanos. Para alguns o Outono
As cores do Outono representa um momento de melancolia e tristeza, mas para outros, uma paixão incondicional, um culto à beleza natural que ao mesmo tempo propicia um desfile de cenários sem igual. O verde das paisagens gradualmente é substituído pelos tons apaixonantes desta estação. Os dias ficam mais curtos e as noites mais longas, consequentemente mais frias. É nesta estação que os registos de paisagens desafiam os amantes da fotografia a captarem a essência destes tons no seu melhor. Os apreciadores do Outono deixam-se seduzir pelo encanto dos tons vibrantes que despertam inspirações para fotografar cenários únicos, afim de reproduzir ao máximo o seu encantamento. O Outono é tempo de renovação, e os nossos hábitos alimentares também sofrem alterações. A frescura dos pratos de Verão dá lugar a refeições refogadas, cozidas ou assadas, é hora de darmos uso ao nosso forno. Os temperos picantes dão um certo movimento à nossa energia, por isso nos aquecem e muitas vezes nos deixam corados e fazem transpirar. Os temperos arrojados e as comidas quentes estão indicados como forma de contrapor ao
movimento da tristeza e de outros sentimentos que muitas vezes nos invadem e nos fazem estagnar. Caso num dia destes, surja alguma melancolia ou sensação de não saber que rumo tomar, sugiro que relaxe, bebendo um bom vinho ou simplesmente um copo de chocolate quente ou chá que, certamente, a sua alma será invadida por uma sensação de aconchego profundo e de uma alegria intensa, trazendo à flor da pele sentimentos que estavam adormecidos. Temos a nobre missão de avançarmos, deixando para trás o que não nos interessa. É tempo de mudar. Quem sabe, mudar de visual? Mudar de estilo? Ouse experimentar sensações diferentes, quebre a rotina. Desde sempre me senti atraída pelo Outono europeu, devido principalmente às cores e às paisagens únicas que embelezam esta estação. Já olhou atentamente ao seu redor? Caso não, permita-se a experiência de simplesmente parar e observar esta mudança natural, que muitas vezes passa por nós de forma despercebida, por não termos tempo
ou simplesmente pela falta de sensibilidade suficiente para apreciar o que a natureza nos brinda gratuitamente, e que na maioria das vezes não damos valor. Um dia frio, um bom lugar para ler um livro, para estarmos com os amigos ou em fa-
mília ou meramente para observar a paisagem, para fotografarmos coisas diferentes, para pensarmos na vida ou silenciosamente encontrarmos com nós mesmos. Apesar do Verão insistir em ficar, este tem os seus dias contados.
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Quotidianos poéticos
António Aleixo
Algures num espaço e tempo do Algarve, a vida e a ficção intrometeram-se na poesia de António Aleixo
Pedro Jubilot
pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
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António disse um certo dia sobre uma amizade sua: «Não há nenhum milionário /que seja feliz como eu:/tenho como secretário/um professor do liceu». Falava do seu amigo Joaquim Magalhães, editor e transcritor desse livro que Aleixo nos deixou, e que no prefacio escreve que… ‘o poeta está, afinal, mais vivo hoje, do que enquanto andou pelo mundo’. (V.R.S.António, 1899 - Loulé, 1949). «O homem sonha acordado/Sonhando a vida percorre/E desse sonho dourado/Só acorda, quando morre!» É hoje reconhecido como o maior dos poetas populares, pela jactância dos seus versos que denotavam uma capacidade de improviso fora do comum, aliada a uma visão crítica da natureza humana, sem tempo nem lugar. Actual, pois: «Tu, que tanto prometeste/Enquanto nada podias,/Hoje que podes esqueceste/Tudo quanto prometias…» Mas devia parecer estranho aos seus contemporâneos e conterrâneos ver um homem pobre e com um trabalho, ainda que precário, a debitar quadras soltas de versos irreverentes sobre o comportamento de homens de diversas classes sociais, um pouco à semelhança do que fazem hoje das rimas os jovens poetas orais urbanos. Soa forçado dizer, mas ele era já quase como que um rapper, muito antes do tempo da comunicação livre: «Uma mosca sem valor/Poisa c’o a mesma alegria/na careca de um doutor/como em qualquer porcaria». Era poeta andante porque era um trabalhador itinerante. Ora porque pastando rebanhos ou por ser cauteleiro. «De vender a sorte grande,/confesso, não tenho pena;/que a roda ande ou desande/eu tenho sempre
Estátua de António Aleixo em Loulé a pequena». Deslocava-se por feiras e mercados ou pelas festas das aldeias do concelho de Loulé, cantando não só os números que se queriam que fossem da sorte, mas as palavras do coração repletas de dor, ironia e sobretudo duma verdade dita de forma simples mas por vezes acutilante. «Quem nada tem, nada come;/ E ao pé de quem tem comer,/Se alguém disser que tem fome,/Comete um crime, sem querer». E assim foi levando uma vida de sofrimento e dificuldades para sustentar a família com os seus míseros ganhos. «Sei que pareço um ladrão.../mas há muitos que eu conheço/que, sem parecer o que são,/são aquilo que eu pareço». Desabafava na sua poesia improvisada a cantar para o povo os seus
sentimentos face à injustiça social. Mesmo falando dos ricos e poderosos, as suas palavras não os afectaram directamente. Talvez porque o seu público, ocasional, não era assim tão vasto e importante. Aleixo era doente, pobre e considerado pouco qualificado para que isso pudesse provocar algum tipo de problema ao estado e às instituições. «Sem que o discurso eu pedisse,/ Ele falou; e eu escutei./ Gostei do que ele não disse;/Do que disse não gostei». Tudo isso mudou, quando a força das suas quadras se transformou em palavras impressas, a circular de mão em mão, aquando do lançamento do seu primeiro livro ‘Quando Começo a Cantar’, começado a vender no dia 25 de Abril de 1943, domingo de Páscoa, por iniciativa do Circulo Cultural do Algarve. A
Ciclo Íntimos de Olhão 5, 12 e 19 NOV | Auditório Municipal | Olhão Numa original iniciativa musical no AMO, o Ciclo Íntimos de Olhão apresenta três conceituados músicos portugueses: Fernando Tordo, dia 5, Tiago Bettencourt, a 12, e Manuel Freire, a 19
páginas tantas lê-se assim: «Vós que lá do vosso império/prometeis um mundo novo,/calai-vos, que pode o povo/qu’rer um mundo novo a sério». Hoje passa os dias sentado e calado numa estátua da autoria do Mestre Lagoa Henriques (também fez o Pessoa da Brasileira), ali à porta do Café Calcinha (fundado em 1929), que frequentou em Loulé. «Vai-se uma luz, outra existe,/nova aurora nos seduz;/deve ser muito mais triste/a gente deixar a luz». Provavelmente, já que se diz que a história se faz de ciclos, talvez os versos de Aleixo se voltem a colocar nas bocas deste mundo, em crise de dinheiro e valores. Peguemos então nas suas palavras. «O mundo só pode ser/melhor do que até aqui,/-quando consigas fazer/ mais p’los outros que por ti».
António Aleixo Bibliografia: António Aleixo Quando começo a cantar ‒ 2ª Edição, Coimbra, 1948
“Um Pouco de Nós” Até 30 NOV | Galeria Municipal | São Brás de Alportel Maria José e David Silva revelam “Um Pouco de Nós”. Mãe e filho numa exposição conjunta que mostra a partilha de espaço, técnicas e talento e revela uma paixão comum, a criação artística
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livro
A Agência Nº 1 de Mulheres Detectives, de Alexander McCall Smith Adriana Nogueira
Classicista Professora da Universidade do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Quando era menina, gostava muito de livros de aventuras e mistério e, daí, passei para os policiais. Comecei com os livros do Cinco, de Enid Blyton. Depois, quando tinha uns 10 anos, a minha avó deu-me a ler As Minas de Salomão, de Rider Haggard, na tradução/adaptação de Eça de Queiroz. Um dia, com os meus 12 anos, num daqueles verões longos, que eram as nossas férias quando crianças, encontrei umas caixas misteriosas no sótão. Abria-as e estavam cheias de livros! Livros cinzentos, livros pretos, com uns desenhos numas capas algo toscas para o meu gosto de então (hoje achoas um mimo!). Eram os livros policiais de um tio meu, que tinha morrido nos anos 50, com tuberculose, e a minha avó receava que pudesse haver algum contágio pelos livros. Como ela estava certa! Houve contágio sim: apaixonei-me por aqueles livros e pelas suas histórias. Os caixotes estavam cheios de exemplares da coleção «Vampiro» e de outros (das edições «Romano Torres», por exemplo). Só muito mais tarde, ao reler alguns, me apercebi de como algumas traduções eram mazinhas, mas o carinho por aqueles autores – e por aquelas personagens, ficou. Mais tarde, comprei outras edições, inclusive no original: foi uma aprendizagem da vida conviver com Poirot (personagem criada por Agatha Christie), um detetive, emigrado belga em Inglaterra, de quem muitos desconfiavam só por ser estrangeiro, que tinha de explicar que não era francês, apesar da língua ser a mesma, que gostava de simetria e que achava fundamental pôr a trabalhar as suas «células cinzentas»; com Miss Marple (também de Agatha Christie), uma simpática velhinha da aldeia de St. Mary Mead, muito inteligente e perspicaz, aprendi que no nosso pequeno mundo temos exemplos de tudo, que a sabedoria se pode adquirir com a observação atenta do comportamento dos outros (ainda faço muitas vezes esse exercício); com Ellery Queen (personagem criada pela dupla Dannay and Lee, que adotaram o nome do herói como pseudónimo), conheci um mundo estranho, de um snob, filho de uma aristocrata e de um inspetor da polícia, que resolve mistérios por divertimento; o cinismo e a brutalidade do detetive Mike Hammer (personagem criada por Mickey Spillane) assusta-
Alexander McCall Smith, autor do livro “A Agência Nº1 de Mulheres Detectives” ram-me, mostrando-me a violência de um mundo desconhecido e, com Philip Marlowe (personagem criada por Raymond Chandler), detetive privado, percebi que, perante o mesmo cinismo e brutalidade, não temos todos de reagir da mesma maneira. O seu gosto pela poesia provou-me que «quem vê caras não vê corações». Enfim, a lista é longa e não é sobre eles que venho falar.
Botsuana, que é um lugar de paz, e amava África, apesar das suas provações. É deste amor por África e da bondade das pessoas, mesmo no meio de falcatruas e pequenos crimes, que nos fala o livro. O narrador começa por nos contar como Precious Ramotswe, herdeira de uma grande manada de 180 bois e vacas (incluindo os touros de raça superior brancos), que o pai queria
agência de detetives. Com muito humor e ternura pelas suas personagens e pela terra africana, Alexander McCall Smith leva-nos pelas paisagens desertas de um Botsuana onde as pessoas vivem um diaa-dia tranquilo, mas onde, de vez em quando, acontecem crimes pequeninos, perpetrados por pessoas simples, sem, na verdade, muito espírito de crimino-
que ela trocasse por um talho ou uma loja de bebidas (como lho comunicou na hora da morte), decide montar uma
sas. E são essas burlas, esses enganos, que Mma Ramotswe desvenda, com firmeza, bondade e humor. Apesar
Uma história passada no Botsuana Veio parar-me às mãos um livro muito engraçado, que, na verdade, não é bem um policial detectivesco. É um livro com pequenos mistérios do quotidiano que têm de ser resolvidos: um médico que umas vezes é bom, outras é mau, um marido ausente, um trabalhador que pede uma indemnização indevida, etc. Publicado em 2004 em português e, no original, em 1998, intitula-se A Agência Nº 1 de Mulheres Detectives, e é da autoria de um escocês, nascido no Zimbabué (na altura Rodésia), chamado Alexander McCall Smith. A história passa-se no Botsuana (onde o autor também viveu e ensinou Direito na Universidade) e tem como personagem principal uma mulher que é assim apresentada: Toda a gente lhe chamava Mma Ramotswe, embora, se as pessoas quisessem ser formais, devessem tratá-la por M.me Mma Ramotswe. Era o tratamento mais adequado para uma pessoa de posição, mas ela nunca o aplicara a si própria. Assim, era sempre Mma Ramotswe, em vez de Precious Ramotswe, nome que muitas pessoas empregavam. E o texto continua: Ela era uma boa detetive e uma boa mulher. Uma mulher num país bom, podia dizer-se. Amava o seu país, o
disso, a rudeza e violência dos trabalhos nas minas da África do Sul, por exemplo, que destruíam a vida de quem lá tinha ido parar, ou o caso do rapto de uma criança para fins, supostamente, de feitiçaria, afloram outra realidade, que é, propositadamente, deixada de lado. O livro começa com a agência já formada, mas depois vai-nos contando a vida desta detetive, desde criança até à idade adulta, passando por um mau casamento (curto), até à vida que tem no momento atual da narrativa. Uma das histórias mais ternas, reveladora da sua personalidade, respeita a um concurso de desenho em que a pequenina Precious participou e ganhou. O prémio iria ser entregue no Museu de Gaborone, pelo próprio Ministro. Quando viu o seu desenho pendurado, com o título por baixo «Vacas junto à barragem», ficou rígida, subitamente consternada. Aquilo não era verdade. O desenho era de cabras, mas eles tinham pensado que eram vacas! Ia receber um prémio por um desenho de vacas, fraudulentamente. A sua tristeza era enorme, pois pensava que Estava prestes a transformar-se numa criminosa. Quando o Ministro, a seu lado, lhe dá os parabéns, antes de começar a discursar, ela diz: Não é um desenho de vacas – murmurou. – É um desenho de cabras. Não me pode dar um prémio por um engano. O Ministro franziu a testa e olhou para a etiqueta. Depois voltou-se outra vez para ela e disse: – O engano foi deles. Eu também acho que aquilo são cabras. Não acho que sejam vacas. Pigarreou e o Diretor do Museu pediu silêncio. – Este excelente desenho de cabras – declarou o Ministro – mostra como são talentosos os nossos jovens neste país. Esta menina vai crescer e tornar-se uma boa cidadã e talvez uma artista famosa. Merece o prémio que lhe vou entregar agora. Ela pegou no pacote embrulhado que ele lhe deu, sentiu a mão dele no seu ombro e ouviu-o segredar: – És a criança mais verdadeira que conheci. Bravo. As reflexões de Mma Ramotswe percorrem o livro, a propósito dos seus clientes. Sobre um indiano que quer que a detetive vigie a filha, porque pensa que a jovem tem um namorado, pensa: Não é um bom pai, este homem; porque ama demasiado os filhos, quer possuí-los. Tem de se abrir mão. Tem de se abrir mão. Afinal, o que aquela filha deseja é o que todos nós acarinhamos como um dos maiores bens. Ao regressar a casa, depois de tocar à campainha, quando lhe perguntam, pelo intercomunicador – O que deseja?, antes de se identificar em voz alta, responde, num murmúrio: – Liberdade.
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museu
• MUSEUS – A VEZ E A VOZ DO VISITANTE
Isabel Soares
O Palácio da Galeria, Museu Municipal de Tavira
Nestes primeiros dias de Outono, fomos à descoberta de Tavira, cidade que nos presenteou com um admirável património histórico e natural. Começámos por visitar o património edificado da cidade, o qual combina igrejas, conventos, castelo, palácios e vestígios arqueológicos, que testemunha o passado de Tavira. Entre os diversos pontos de interesse destacamos o conjunto assinalável de igrejas e conventos, ermidas e capelas, que marcam o esplendor religioso da cidade. Do património natural visitámos a Reserva Natural da Ria Formosa, admirámos a Serra do Caldeirão, conhecemos a etnografia serrana, através do Núcleo Museológico de Cachopo e, por fim, aproveitámos para conhecer as praias de Tavira. Na cidade apreciámos um cenário composto pelo rio Gilão e um conjunto maravilhoso de telhados de quatro águas, apelidados de ‘tesoura’, sobrepostos no casario branco. Deste casario, em pleno “coração” do centro histórico, destacamos o Palácio da Galeria, onde está instalado o
D.R.
Museóloga/Arqueóloga
Edifício do Palácio da Galeria em Tavira Museu Municipal de Tavira. O Palácio da Galeria, Museu Municipal de Tavira Na encosta sul da ‘vila–a– dentro’ deparámo-nos com um Isabel Soares
destaque
Exposição Fotografar - A família Andrade, olhares sobre Tavira
notável exemplar de arquitectura civil da cidade, o Palácio da Galeria. De origem medieval ou quinhentista, este edifício distingue-se pela sua imponência e pela sua composição, possuindo exuberantes cantarias no portal e nas janelas de sacada do piso superior; quanto aos telhados, estes são de quatro águas ou de ‘tesoura’, cobrindo as salas e os corpos principais. Segundo os registos, a edificação, ao longo dos séculos, cumpriu diversas funções (residência nobre, até ao início do séc. XIX, tribunal, conservatória, escola técnica, entre outras). A sua fachada é extensa e simétrica, com três panos, um dos quais corresponde ao portal principal, conservando características marcadamente barrocas. No átrio do Palácio da Galeria observámos um conjunto
de poços votivos fenícios que, segundo nos contaram, foram descobertos durante os trabalhos de reabilitação do Palácio em 1999 e 2000. Actualmente, o Palácio da Galeria assume as funções de Museu Municipal de Tavira, desempenhando um papel fundamental enquanto espaço de investigação, formação e comunicação da história e do património cultural da cidade e da região. Este último destaca-se dos restantes museus que já visitámos, sobretudo, por divulgar e valorizar a arte contemporânea, tornando-se, desta forma, uma referência na divulgação das artes no Algarve.
Andrade, olhares sobre Tavira” e “ Zona Letal, Espaço Vital”, obras da colecção da Caixa Geral de Depósitos. A primeira retrata memórias de um século em Tavira. O “desenho de luz” das câmaras fotográficas, que começaram por ser caixas de formas estranhas e pouco portáteis, registaram lembranças, comunicaram pensamentos e imagens que captaram num outro tempo. Os Andardes foram uma família de quatro gerações de fotógrafos que, desde o início do século XX, se dedicou à fotografia. A exposição retrata o que foi a fotografia desde os seus primórdios até à revolução tecnológica e comercial, através da apresentação de máquinas e técnicas, das mais antigas até às mais modernas, como as conhecidas e usuais máquinas da ‘era digital’. Esta exposição presenteianos com milhares de fotografias, registos únicos e inesquecíveis, que nos levam a viajar por Tavira, sobretudo, no século passado. Neste espaço, é possível conhecer o trabalho do fotógrafo ‘escursionista’ e do fotógrafo de estúdio (equipamentos e técnicas utilizadas, desde a fotografia a preto e branco à fotografia a cores), através da exposição de máquinas fotográficas, ampliadoras, impres-
soras, material de revelação, e dos peculiares cenários que ambicionavam, a todo o custo, enriquecer a fotografia. Do simples retrato às fotos de reportagem do quotidiano, somos convidados a admirar Tavira através do olhar destes fotógrafos que registaram festividades, acontecimentos políticos, transformações da paisagem urbana, evoluções ao nível dos transportes, desporto, ensino, profissões/ofícios, entre outros acontecimentos. Quanto à outra exposição, que também está patente no museu, “ Zona Letal, Espaço Vital”, esta apresenta uma selecção de obras de arte contemporânea que nos aproximam do processo criativo e, ao mesmo tempo, nos permitem aprender as múltiplas dimensões do espaço. Assim, esta “viagem no tempo e no espaço” proporcionou-nos um momento de lazer, de descoberta, e de aprendizagem, que deve ser repetido, e que aconselhamos a experimentar. Se percorrerem as ruas de Tavira observem e contemplem as suas marcas, monumentos, edifícios e lembrem-se que esta terra é “dona” de uma riqueza arqueológica, patrimonial e natural, que testemunha toda a sua história… Isabel Soares
As exposições temporárias do Palácio da Galeria Actualmente, encontram-se patentes duas exposições temporárias: “Fotografar – A família
Exposição de Arte Sacra “Stella Matutina” Até 7 DEZ | Espaço + | Aljezur Organizada pelo município de Aljezur com o apoio da Paróquia de Nossa Senhora da Alva e da Santa Casa da Misericórdia local, espaço para apreciar a arte sacra num dos espaços culturais mais notórios do interior algarvio
Exposição Zona Letal, Espaço Vital
Exposição “Genealogia do Sotavento” de Ernst-Otto Schreinert Até 30 NOV | Biblioteca Municipal | Vila Real de Santo António Oportunidade para revisitar famílias como os Martins, Mendes, Madeira, Aguileira de Lima, Gomes Toledo, Gutierres, Alvarez Barbosa e Pessanha
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opiniõe
Mas, afinal, o que é a arte? Saul Neves de Jesus
Professor Catedrático da Universidade do Algarve
destaque
Cada vez há mais locais e iniciativas culturais e artísticas abertas ao público em geral, permitindo o acesso de todos, desde os melhor informados e conhecedores, até aqueles que apenas vão “olhar”, talvez porque está na moda. No entanto, são cada vez mais diversificados os produtos artísticos que se podem encontrar em exposições, levando a que muitos destes elementos do público da arte coloquem frequentemente a questão: “Mas o que é afinal a arte?” Para responder a esta questão convém fazer uma breve análise a algumas das teorias que têm sido propostas para definir a arte, pois tal como defendia Arthur Danto, no artigo “O mundo da arte” (1964), há aspectos não visíveis que transformam algo numa obra de arte, isto é uma atmosfera de teoria artística, um conhecimento da história de arte, um mundo da arte. Nesse sentido, é importante conhecer a história para saber compreender e apreciar Arte. Até ao século XIX as análises de arte estavam praticamente focalizadas na pintura, predominando as teorias que enfatizavam a representação ou elemento figurativo, isto é, o que a pintura pinta, sendo esta a perspectiva predominante desde Platão, o qual defendia que a arte deveria imitar a natureza. No entanto, no século XX a arte tem sido um mundo de propostas constantes, tendo surgido várias teorias que procuram apresentar diversas alternativas de resposta para a questão “o que é a arte?” Uma das teorias do início do século, proposta por Clive Bell, no seu livro “Arte” (1914), considerava a representação como irrelevante para a apreciação das obras de arte. Estas seriam os objectos feitos pelo homem que têm o poder de produzir uma emoção estética nos espectadores sensíveis. Este poder é inerente à forma significante, sendo irrelevante quando esses objectos foram feitos, por quem ou porquê. Desta forma, eram desvalorizadas as pinturas descritivas, considerando que estas ape-
“Sem título (Amantes)”, obra realizada em 1991 pelo artista cubano Félix González-Torres nas transmitem informações, em vez de funcionarem como objectos de emoções. Também Oxford Collingwood, na obra “Os princípios da Arte” (1938), rejeitava aquilo que designou como a teoria técnica da arte, pois embora seja necessária alguma perícia, esta não é suficiente para se produzir uma verdadeira obra de arte. No entanto, não partilhava as ideias sobre a intemporalidade da arte, considerando que a arte é algo que evolui à medida que evoluem as sociedades nas quais as obras de arte foram criadas. A verdadeira arte seria a expressão imaginativa da emoção. Defendia que o artista se torna artista na realização da própria obra de arte, tal como o observador também se torna artista no decorrer do processo de apreciar a arte. Por seu turno, Morris Weitz, no seu artigo “O papel da Teoria na Estética” (1956), distinguiu entre os conceitos abertos e os fechados, considerando que a arte pertence aos primeiros, pois fechar o concei-
to de arte seria excluir as próprias condições de criatividade nas artes. Como tal, há situações em que é necessário serem tomadas decisões sobre a ampliação do uso do conceito para definir algo novo. Neste sentido, parece que na arte se pode aplicar a famosa frase do poeta sevilhano António Machado, “caminhante não há caminho; o caminho faz-se caminhando” (1912). Após analisar várias teorias de arte, Warburton, no seu livro “O que é a arte?” (2007), considera que todas as tentativas filosóficas recentes para definir arte têm sido até certo ponto inadequadas. Segundo ele, ninguém conseguiu ainda apresentar uma teoria convincente sobre o que é a arte e provavelmente nem terá sentido procurar uma definição de arte que permita integrar todas as situações possíveis, pelo que parece ser preferível restringir o papel da teorização acerca da definição de arte a casos particulares. A análise da própria obra, do contexto em que é criada e do seu autor, é que pode permitir identificar se se trata
The Legendary Tigerman 12 NOV | 21.30 horas | Cine-Teatro Louletano | Loulé Um regresso a Loulé com “Femina”, o disco em que Legendary Tigerman abandona as suas viagens solitárias e recorre ao universo feminino que o acompanha desde o álbum de estreia
de uma obra de arte. A questão do contexto e do período em que a obra é criada também é um aspecto essencial pois, de acordo com Mirian Tavares (2008), no seu artigo “O que é a arte hoje ou o papel das vanguardas na desestabilização dos conceitos”, a arte absorve o sentido do tempo e realiza-o através de imagens e palavras. Por seu turno, no livro “O que é a arte?”, Dickie (1997) apresentou a teoria institucional, explicitando que as características do mundo da arte devem fornecer a elasticidade que permite albergar toda a criatividade, incluindo a mais radical. Segundo a perspectiva conceptual, em que nos inserimos, a arte visa fundamentalmente comunicar conceitos ou ideias, o que aumenta claramente o leque de possibilidades em termos de criação artística. Nesta perspectiva, insere-se o exemplo da obra “Sem título (Amantes)”, realizada em 1991, pelo artista cubano Félix González-Torres, que consistia em 161 kg de bombons em-
brulhados em papel celofane estendidos no chão da galeria, sendo os visitantes encorajados a comê-los. Nesta exposição talvez muitos não tenham percebido porque é que isto é Arte, mas pelo menos terão gostado do que viram, melhor dizendo, saborearam…, e isso não deixa de ser importante, porque na apreciação da arte devemos deixar fluir todos os sentidos… Já agora, os 161 kg de bombons significavam o peso somado de Félix e do seu amante, falecido com SIDA um ano antes. O facto de serem bombons aproxima-se do estereótipo do amor como algo doce. Félix Torres, mesmo sendo marxista e tendo falecido em 1996, foi seleccionado pelos EUA para ser o seu representante na 52ª Bienal de Veneza, o que traduz o seu reconhecimento como artista plástico. Sendo a arte uma forma de comunicação, afinal aquilo que não parece ter sentido até tem; temos é que o tentar descobrir, sendo esse também um dos desafios da arte.
“Sistemas de abastecimento de Água na Silves Medieval” Até 31 DEZ | CASTELO DE SILVES Conhecer os segredos da engenharia e da técnica medieval no transporte de água é a proposta da exposição de carácter permanente patente no Aljibe do Castelo de Silves
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Espaço Cultura
Silves: um ponto de encontro para a Arqueologia no Algarve Nos passados dias 20, 21 e 22 de Outubro, teve lugar em Silves o 9.º Encontro de Arqueologia do Algarve / EAA, uma iniciativa do Município de Silves, que, ao longo das suas nove edições, tem permitido a regular apresentação dos trabalhos arqueológicos efetuados na região (não só ações de terreno mas também estudos de materiais). Não é por acaso, que em cada Outono, desde 2001, rumam a Silves os arqueólogos que, na região, trabalham e produzem conhecimento sobre a história do Algarve a partir das materialidades que a terra esconde e os museus conservam: a velha ‘madinat Xilb’ – entre arabistas e historiadores dos séculos XIX e XX, toda uma referência da presença muçulmana em território português – foi, desde os finais da década de 1970, objeto de um sistemático programa de pesquisas acerca do seu passado, que muito deve ao empenho de José Luís Cabrita e de Caetano Beirão e à perseverança e saber de Rosa e Mário Varela Gomes, professores de Arqueologia na Universidade Nova de Lisboa.
Arqueólogos deram a conhecer trabalhos na região Estes EAA obedecem a dois figurinos: apresentação bienal dos trabalhos correntes realizados na região, que intercala com a abordagem de temas incontornáveis para o avanço do conhecimento sobre o passado algarvio: o reequacionamento dos contributos historiográficos de Estácio da Veiga, o conhecimento do ‘Gharb al-Ândalus’, o contributo das
Arqueociências para o conhecimento da história do Algarve ou – uma aposta para o EAA10, que terá lugar em 2012 – a ocasião para realizar em Silves a 10.ª sessão do prestigioso «Congresso Internacional da Cerâmica Medieval no Mediterrâneo Ocidental». Com uma assistência que ronda ordinariamente a centena e meia de
participantes – muitos deles jovens arqueólogos e estudantes de Arqueologia, o que demonstra a natureza aberta da iniciativa, de modo algum reservada a arqueólogos «consagrados» – e fruto de perspetivas de abordagem pluralistas e multidisciplinares, ambos os modelos possibilitam uma regular exposição e discussão de conhecimento produzido sobre o Algarve, situação única no país também pela garantia e pontualidade da subsequente publicação na revista «Xelb», edição do Município silvense cujo esforço financeiro deve enaltecer-se, sendo também de realçar o trabalho editorial de Maria José Gonçalves, arqueóloga da autarquia e ‘alma mater’ destes Encontros (e atual responsável pela sua Divisão de Património Histórico-Arqueológico e Museus). Muitos dos resultados apresentados e publicados em artigos na «Xelb» deveriam dar ulteriormente origem a monografias. Na maioria dos casos, contudo, ficam-se por essa notícia «preliminar». Trata-se de um esforço adicional que não pode, evi-
dentemente, exigir-se ao município de Silves mas sim aos promotores e empresas, autarquias envolvidas, Administração Central. Tal como o problema do destino dos materiais recolhidos no âmbito dos trabalhos arqueológicos que ali se apresentam, situação que suscita a crescente preocupação dos museus algarvios e da Tutela do Património Cultural, aliás, objeto de um poster apresentado ao EAA mais recente. Desde a primeira hora que, a convite do Município de Silves, a Universidade do Algarve, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico / IGESPAR e a Direção Regional de Cultura do Algarve integram a Comissão Organizadora destes EAA, no sentido de avalizar a boa qualidade dos trabalhos objeto de comunicação e sublinhando o apoio das entidades de Tutela a esta iniciativa que conseguiu já garantir um lugar destacado entre os eventos culturais da região. Direção Regional de Cultura do Algarve
António Pina Convida
“Casa das Artes” – Conservatório Regional do Algarve Maria Campina Maria de Jesus Guerreiro Bispo
Presidente da Fundação Pedro Ruivo
Final de Verão! A azáfama citadina dá mostra que novos desafios esperam, para um ano cheio de incertezas e angústias. Porém, como bons portugueses que somos, a esperança de ultrapassar estes maus momentos é forte. Já pensaram o quanto nos ajuda ouvir uma boa música ou assistir a um bom bailado? O nosso quotidiano completa-se com isto mesmo; como seria o nosso mundo sem sons e movimentos que nos fazem sonhar e planar nas mais distantes paragens? Para se escrever e dar o nosso
reconhecimento à maior e melhor Escola Regional do Algarve, nas artes, não o podia, sem fazer esta introdução. Só assim se entende que apesar de todas as vicissitudes, as famílias continuam a apostar na vertente cultural, a base da harmonia da nossa sociedade. Jovem que seja encaminhado nesse sentido, tornar-se-á num adulto diferente, mais tolerante, e uma vida mais suavizada e motivada. Os obstáculos, deixam por vezes de o ser, o saber ouvir, sorrir, o cultivar amizades com harmonia e prazer, são virtudes que se adquirem com uma formação cultural na “casa das artes”. Nós algarvios temos orgulho nesta casa, que em Novembro deste ano fará trinta e oito anos de existência. Nunca é tarde para relembrar a personalidade mentora deste projecto: Maria Campina, nascida em Loulé no ano de mil novecentos e catorze
no dia dezoito de Janeiro, mostrou bem cedo ser diferente pelos seus gostos musicais, talvez influenciada pelo seu tio Campina, músico e compositor. Com um piano em casa depressa este se tornou o seu brinquedo preferido. Num percurso exclusivo, depressa alcançou os degraus da fama, tornando-se uma pianista famosa. A Casa do Algarve em Lisboa foi palco do seu primeiro concerto, seguido logo de outro na sua terra natal. Criou Uma Academia de Musica no Funchal mas a sua convicção de que o Algarve merecia uma casa condigna para o ensino das artes fez com que em mil novecentos e setenta e dois conseguisse com a sua fi rmeza e persistência (apesar de muitas resistências de percurso) abrir o Conservatório Regional do Algarve, em instalações provisórias. Galardoada em mil novecentos e
setenta e nove com a medalha com grau de Comendador da Ordem de Instrução Pública. Maria Campina põe em marcha o grandioso projecto… ter uma casa própria para que todos usufruíssem no acesso à educação no plano das artes. Ela e Pedro Ruivo, seu marido, conseguem apoios à construção do edifício actual. Não sobrevive à sua abertura e é o companheiro que terá esse privilégio. Em mil novecentos e oitenta e quatro é inaugurado o emblemático imóvel que sofreu grandes beneficiações em equipamento, logo após a sua morte que ocorreu em noventa e quatro. O trabalho de divulgar a cultura junto das populações algarvias tem sido ao longo destes anos contínuo e persistente. É com grande orgulho que se constata que leccionam nesse local os mais habilitados professores de música, dança e demais artes.
É escola reconhecida oficialmente, onde de facto o ensino é encarado como um precioso complemento na formação educacional dos indivíduos. As direcções da casa deram continuidade ao espírito inicial dos seus mentores. Com o voluntariado sempre presente, e encarando as mais difíceis e variadas dificuldades do momento actual, a Casa da Música do Algarve - Conservatório Regional do Algarve Maria Campina, tem as suas portas sempre abertas para os que queiram valorizar-se e beneficiar da aprendizagem, recolhendo os conhecimentos que suavizarão os seus percursos de vida e os tornarão homens melhores, mais tolerantes, através de uma educação apropriada, quer no âmbito da musica, dança ou outra forma de arte. Este estabelecimento conta com o apoio da comunidade e entidades competentes para que a nossa sociedade seja mais culta e feliz…