Cultura.Sul 118 24AGO2018

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Quinzenalmente com o POSTAL em conjunto com o

AGOSTO 2018 | n.º 118 www.issuu.com/postaldoalgarve

13.953 EXEMPLARES

Editorial

Missão Cultura

Castro Marim regressa à Idade Média

Projetos de Investigação Plurianuais de Arqueologia no Algarve - criar conhecimento, requalificar os bens culturais, formar novos profissionais Foto: R. Parreira

Direção Regional de Cultura do Algarve

Maria Simiris Jornalista

mariasimiris.postal@gmail.com

Os Dias Medievais voltaram pela 21ª vez a Castro Marim. Desde a passada quarta-feira e até domingo, 26 de Agosto, a vila algarvia é palco de um dos maiores eventos nacionais do género. O rigor da recriação histórica e a originalidade são os ingredientes principais para o sucesso do evento. Para 2018, o palco principal continua a ser o Castelo, onde se irão recriar 45 profissões da Idade Média e inúmeros torneios a cavalo. O mesmo palco acolhe ainda a exposição de Instrumentos de Tortura e Punição, mostrando ao público a razão da Idade Média ter ficado conhecida como Idade das Trevas. Outra das tradições é o Banquete Medieval, onde será possível, mediante reserva, degustar as melhores iguarias da época, num local exclusivo, denominado Castelo Velho. Criaturas mitológicas, malabaristas, cuspidores de fogo, contorcionistas, guerreiros, gaiteiros e cavaleiros não irão faltar.

Está o Algarve salpicado de sítios arqueológicos, assentamentos que encerram em si e na sua relação com o território um notável potencial de conhecimento acerca da trajetória temporal da região, na sua diversidade e pluralidade. Em alguns desses sítios têm vindo a realizar-se trabalhos arqueológicos, em campanhas de terreno de curta duração (um a dois meses, sobretudo no verão) mas desenvolvidas em anos sucessivos. E em que aos trabalhos de terreno correspondem ulteriores afazeres de gabinete e laboratório, de aí resultando conhecimento, depois disseminado em publicações e congressos e divulgado em exposições, em museus ou na imprensa mais generalista. Diferentemente das intervenções preventivas – que resultam da imposição legal (Lei 107/2001, artigo 75.º) de reservas arqueológicas de proteção com caráter temporário, tendo em vista determinar o interesse dos vestígios e promover o seu resgate ou conservação pelo registo científico – estes são projetos que se distinguem pela extensão temporal, pela abordagem de temas específicos, pela inovação metodológica, pela capacitação de futuros profissionais e pelo contributo para a requalificação patrimonial. Convergindo nas atribuições prosseguidas pela Direção Regional de Cultura (DL 114/2012,

Monte Molião (Lagos), campanha de 2018 n.º 2 do artigo 2.º), ao corporizarem eixos temáticos de investigação que o Plano Regional de Intervenções Prioritárias em matéria de estudo e salvaguarda do património busca contemplar no domínio da arqueologia, alinhando-o com a Estratégia Regional de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente (RIS3), reforçando a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação no âmbito das ciências e técnicas do património. Estão atualmente vigentes na região alguns desses projetos, que cobrem realidades cronológicas e culturais distintas: em Vale Boi (Vila do Bispo), investigadores da Universidade do Algarve (UAlg) estudam a sequência das ocupações do lugar em época paleolítica; no complexo endocársico do barrocal e da orla costeira, investigadores da UAlg e da Direção Regional de Cultura efetuam um sistemático levantamento das cavernas algarvias, na pista dos últimos homens de Neanderthal em solo europeu; em Monte Molião (Lagos), uma equipa da Universidade de Lisboa estuda as transformações e mudanças nas ocupações da antiga Lacobriga entre os tempos pré-romanos, a República Romana e os inícios da idade imperial; na Boca do Rio, investigadores

da UAlg e da alemã Universidade de Marburgo analisam um assentamento pesqueiro onde, em época imperial romana, se produziram preparados de peixe; em Cacela Velha (Vila Real de Santo António), investigadores da UAlg e da Direção Regional de Cultura pesquisam as ruínas da antiga Qastalla no rasto das mulheres e homens que ali viveram entre os tempos de domínio do Islão e a nova emergência do poder cristão. Para além da produção de conhecimento novo sobre os lugares, os territórios e as sociedades, estes projetos incorporam investigação aplicada à requalificação dos bens culturais em que diretamente incidem e integram uma importantíssima vertente de capacitação de futuros profissionais, fornecendo formação prática no terreno a inúmeros estudantes de arqueologia e de outras ciências e técnicas do património. São projetos financiados pelo erário público que congregam o esforço de muitos especialistas a quem o Algarve fica reconhecido e que se juntam àquela galeria de mulheres e homens que, desde Estácio da Veiga, têm contribuído, a partir dos mais pequenos indícios, para construir uma conjetura a que chamamos História do Algarve. l

Ficha técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia Colaboradores desta edição: Paulo Côrte-Real Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 13.953 exemplares

Piratas invadem a Ria de Alvor A zona ribeirinha de Alvor vai ser palco da realização da 6.ª edição da Pirate Week, sob o mote “O assalto a Alvor”. Diariamente, entre 24 e 28 de Agosto, a partir das 18 horas, os visitantes são convidados a entrar e a encarnar uma outra era, num festival de cinco dias que recriará e despoletará o imaginário de diversão e aventura piratas em toda a família.

Artes circenses, espectáculos com fogo e ilusionismo, dança, música, mercados, artesãos, comes e bebes, entre muitas outras actividades, são alguns dos argumentos para, ao longo destes dias, se vestir de pirata e embarcar nesta aventura, onde o imaginário de diversão e boémia dos piratas será diariamente recriado para toda a família, com início às 18 horas e um desfile com concentração

e partida no Largo do Larguinho. Em cada dia será desta forma possível, descobrir uma narrativa empolgante num novo cenário que contará sempre com a Ria de Alvor como pano de fundo e deliciar-se com os verdadeiros e deliciosos sabores deste tempo e, ainda, os tesouros reais dos mestres artesãos e joalheiros. O Pirate Week é uma co-produ-

d.r.

Cenário de diversão e boémia dos piratas será diariamente recriado ção da Polis Apoteose Associação e da ANDARTE - Associação Nacional para o Desenvolvimento do Artesa-

nato e conta com o apoio da Câmara Municipal de Portimão e da Junta de freguesia de Alvor. l


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