Postal7DEZ1093

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Boas Festas

Director Henrique Dias Freire • Ano XXV • Edição 1093 • Semanário à sexta-feira • 7 de Dezembro de 2012 • Preço € 1

em foco 2 incubadora regional de projectos potencia força empresarial 3 algarve quer charters 4 deputados preocupados com lagoa dos salgados 5 algarve contra as portagens um ano depois 6 tavira promove dinamismo empresarial 7 Classificados 10

34 mil desempregados no último trimestre

às Sextas em conjunto com o Público por €1,60

> O drama repete-se e as perspectivas não melhoram perante um país destroçado no tecido económico e na vontade. Depois da descida do desemprego nos meses de calor a região prepara-se para enfrentar o Inverno, com data de início marcada para 21 de Dezembro, e soçobrar perante as dificuldades. A míngua, a fome e a pobreza já não se calam e o Algarve não vê a luz ao fundo do túnel p. 2 d.r.

Algarve precisa acabar com monopólio das low cost

d.r.

Turismo: Frederico Costa (na foto), presidente do Turismo de Portugal, lançou o mote e Desidério Silva, que comanda a Entidade Regional de Turismo do Algarve, secunda a opinião, diversificar os voos e rotas que recebemos é um passo obrigatório > 4

Empreendedorismo

Incubadora Regional de Projectos soma alento à Economia

economia e sustentabilidade

Ativar é a palvra de ordem e Tavira não baixa os braços

d.r.

Via do Infante

d.r.

Um ano de portagens > Dia 8 cumpre-se um ano de

portagens na Via do Infante, a comissão de utentes assinala o dia e promete manter a luta pelo Algarve p. 6

Vila Real apresenta Presépio Gigante

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> Mais um Natal e Vila Real de

> Passar da teoria à prática, juntar sinergias empresariais sem

medos nem rodeios e remar contra as dificuldades é o que se propõe a Incubadora Regional de Projectos com o primeiro de muitos seminários destinados a atingir este objectivo que teve lugar em Faro. p. 3

Santo António renova a tradição com mais um Presépio Gigante e um novo recorde, por terras do Guadiana a tradição ainda é o que era e pode-se ver no Centro Cultural António Aleixo p. 9

> Não parar de lutar para colocar Tavira na mira dos empresários e dos negócios é o desafio e a EMPET - Parques Empresariais de Tavira aposta tudo no ATIVAR para reforçar a posição do concelho. Mais uma das conferências promovidas pela entidade teve lugar e o POSTAL traz-lhe as novidades p. 7

Veja anúncio pág. 12


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2  |  7 de Dezembro de 2012

em foco

ZZZ pág. ## ZZZ pág. ## Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Algarve espera embate do desemprego no Inverno Região tem 34 mil desempregados segundo o INE d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

O desemprego em Portugal não pára de crescer e atingiu, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), 15,8% no final do terceiro trimestre deste ano (Agosto a Outubro). Um número que revela uma subida de 3,4 pontos percentuais face à taxa de desemprego verificada no período homólogo de 2011. O ano de 2012 foi, em termos de taxa de desemprego a nível nacional e de acordo com os dados do INE, um desastre quanto ao desemprego. Dum primeiro trimestre com 14,9%, passou-se a um segundo trimestre que somou 15% de desempregados (mais 0,1%) e o terceiro trimestre fecha com 15,8% (mais 0,8% do que o trimestre anterior e mais 0,9% do que no primeiro trimestre do ano). No Algarve os dados apresentam um comportamento diferente do todo nacional vistos os números do INE, mas não apresentam uma flutuação que permita antever nada de bom, muito pelo contrário. Taxa de desemprego de 14,7% na região O terceiro trimestre

deste ano soma na região uma taxa de desemprego de 14,7%, face a um segundo trimestre de 17,4% (menos 2,7%) e a um primeiro trimestre com 20% (menos 5,3%). Aquilo que poderia à partida ser um bom sinal, e é na medida da descida, não vinga em termos de comportamento sustentável, pois na comparação dos 14,7% do terceiro trimestre de 2012 com o mesmo período de 2011 (13,3%), verifica-se que o desemprego na região subiu 1,4%. Mais assustadores são os últimos dados disponibilizados pelo Instituto de Emprego e

ÔÔ Alcoutim, Vila do Bispo e Aljezur são os concelhos que menos desemprego têm Formação Profissional (IEFP), relativamente ao Algarve e ao mês de Outubro.

33.453 inscritos nos Centros de Emprego em Outubro Em

Outubro estavam inscritos nos Centros de Emprego do Algarve 33.453 desempregados, mais 7.827 pessoas que no mesmo mês de 2011. Realce-se que no IEFP estão em larga medida inscritos apenas os desempregados que recebem subsídio de desemprego e aqueles que procuram activamente um trabalho, ficando de fora todos os que já perderam a esperança de regressar ao mercado de trabalho e muitos dos que já não têm subsídio de desemprego e que consideram que os Centros de Emprego não oferecem respostas capazes às suas necessidades de empregabilidade.

De destacar é que no Algarve em todos os meses de 2012, apenas Junho, Julho, Agosto e Setembro tiveram menos desempregados inscritos nos Centros de Emprego do que os inscritos no pior mês de 2011 (Janeiro com 30.914 inscritos). Em todos os restantes meses se superou o pior resultado mensal de 2011 e em todos estes meses o número de inscritos nunca baixou da fasquia dos 32 mil. O recorde de desempregados inscritos nos Centros de Emprego este ano, até ao momento, estabeleceu-se em Fevereiro com 36.575 pessoas a constarem das listagens. Um recorde que bate em 5.661 pessoas o pior mês de 2011.

O flagelo por concelhos Os

números de inscritos nos Centros de Emprego por concelho no Algarve permitem aproxi-

mar ainda mais a realidade do drama do desemprego a quem é vítima daquele problema que Pedro Passos Coelho afirma ser uma das principais preocupações do Governo. Albufeira soma 2.806 inscritos, Alcoutim 66, Aljezur 304 e Castro Marim 431. A capital de distrito, Faro, apresenta 4.337 pessoas nas listas do Centro de Emprego local, Lagoa 1.464, Lagos soma 2.290, Loulé 4.377 e Monchique 323. Já em Olhão o Centro de Emprego conta com 3.191 desempregados, enquanto Portimão soma 4.528, São Brás de Alportel 514 e Silves 2.107. Tavira lista 1.647, Vila do Bispo 204 e Vila Real de Santo António 1.600. Em termos absolutos os concelhos com mais desempregados no rol do IEFP são Portimão, Faro e Loulé, por esta ordem, e na cauda da

lista dos concelhos com mais desemprego estão Alcoutim, o que menos tem, seguido de Vila do Bispo e Aljezur.

Sem vislumbre do fim Os números são os números e importam na medida do que revelam e permitem antever, mas muito mais do que os números impressionantes são as pessoas e os dramas pessoais de uma região e de uma comunidade que não vislumbra o fim do martírio do desemprego. O Algarve, revela o INE, tinha no terceiro trimestre deste ano 34 mil desempregados, dos quais 19.200 eram homens e 14.800 mulheres. São as estatísticas feitas com base em amostragens da realidade, mas que decerto não a revelam completamente.

A crise, essa, não dá sinais de abrandamento com o tecido económico a definhar apesar da luta dos empresários em muitos casos. Os encerramentos de empresas e a extinção de postos de trabalho são massivos e deixam muitas famílias desamparadas de forma absoluta, em muitos casos numa situação em que nenhum dos respectivos membros aufere qualquer meio de subsistência oriundo do trabalho. As medidas governamentais de apoio social reduzem a sua extensão e volumetria face à necessidade de contenção orçamental sem fim anunciado e perante um futuro em que o Estado diz ter de cortar mais 4,5 mil milhões de euros de despesa, referenciando a área social como uma daquelas em que pelo seu peso, será necessariamente fundamental voltar a cortar. O país soçobra perante a ausência de perspectivas, o Algarve dobrado sobre o seu próprio infortúnio enquanto região recebe do Governo um plano de alcance e eficiência duvidosos para combater a sazonalidade do emprego e prepara-se para mais um rigoroso Inverno em terras de temperaturas amenas. A pobreza é que não se ameniza já em muitos casos, a fome é que se já não cala e mesmo a envergonhada já não se esconde, porque não pode. O crescimento e o emprego partiram em regra há muito para paragens distantes com um bilhete sem data de volta face a um destino nacional e regional anunciado que muitos teimaram em ignorar. A falta de respostas, essa grita a plenos pulmões e ameaça não se calar.


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Incubadora Regional de Projectos potencia força empresarial Seminário faz arrancar projectos para aumentar a cadeia de valor ricardo claro ricardoc.postal@gmail.com

A Faculdade de Economia da Universidade do Algarve acolheu, terça-feira da passada semana, uma iniciativa inovadora no âmbito da Incubadora Regional de Projectos, nascida da união de esforços entre a Associação Portuguesa de Criatividade e Inovação (APGICO) e a Plataforma de Desenvolvimento do Algarve. A sala dos Actos da Faculdade de Economia encheu-se para ouvir os intervenientes no seminário “Novos produtos para o Algarve”, criado com a finalidade de gerar projectos para novos produtos que aumentem a cadeia de valor das empresas regionais do sector primário. A grande novidade do seminário incidiu na metodologia, com uma primeira fase em que as empresas convidadas expuseram a sua área de negócio e aquelas que são as linhas de desenvolvimento para a respectiva actividade, e uma segunda fase em que das ideias

surgidas no primeiro momento se seleccionaram algumas para ali mesmo avançarem sob a forma de projectos que unem as empresas convidadas a outras empresas e entidades que possam ser determinantes no ganho de valor. Entre os convidados da mesa moderada por Henrique Dias Freire, director do POSTAL, estavam Humberto Teixeira, da Hubel, Luís Salas, da Necton, Castelão Rodrigues, da Direcção Regional de Agricultura, Paulo Bernardo, da Associação Nacional de Jovens Empresários – Algarve, Cabral e Silva, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, e Fernando de Sousa, em representação da PEDAL e da APGICO. Em declarações ao POSTAL, Fernando Sousa considera que esta primeira iniciativa se demarcou pelo sucesso. “Mais do que os dois projectos nascidos do encontro e que já arrancaram, relativos à Hubel e à Necton, entre a assistência trocaram-se contactos e experiên-

ricardo claro

ÔÔ Empresários deram a conhecer a sua área de negócio e as linhas de desenvolvimento cias que foram os primeiros passos efectivos no encontro de sinergias entre as empresas para ideias que permitam aumentar valor às empresas e, por via disso, à economia regional”, refere o principal responsável pela organização.

Kempo

Algarve tem nova campeã da Europa Mariana Jesus deu ao Algarve, recentemente, os títulos de campeã europeia de kempo, na modalidade Combate, categoria 7/8 anos, e de vice-campeã da Europa na modalidade Kata. A jovem tavirense, que conta apenas oito anos de idade, venceu ambas as medalhas a defender as cores do Dôjo de Santo Estêvão-Tavira/Algarve Kenpo Karate Club. Apesar da tenra idade, Mariana Jesus era já campeã nacional de Kata, de Kata em grupo e ainda vice-campeã nacional em First Combat e Light Contact. A kempocas

d.r.

ÔÔ Mariana com as medalhas conta assim com um palmarés composto por seis meda-

Aposta no debate de ideias com objectivos O princi-

pal destaque da iniciativa vai exactamente para a sua vertente prática e para o facto dos intervenientes exporem sem segredos e de forma clara aquelas que são as suas necessidades enquanto empresários e quais as mais-valias que podem aportar a outros parceiros, no sentido de que a união de esforços

se torne um verdadeiro caso de “win-win”, uma relação em que todos saiam a ganhar. As duas ideias que formalmente saíram do seminário relacionam-se com a alteração do posicionamento da flor de sal face ao consumidor, uma necessidade da Necton, empresa algarvia de destaque nesta área de negócio, que deseja ver este seu produto valorizado no

mercado e junto dos consumidores por oposição a algumas ideias que vêem o sal como um produto com um pendro prejudicial, e com a necessidade de aumentar a cadeia de valor associada à produção e comercialização de laranjas da variedade Encore, um objectivo da Hubel, uma empresa incontornável no top das empresas ligadas à agricultura no Algarve. No âmbito do avanço destes novos projectos, o caso da Necton avançou já para a criação de uma equipa de trabalho multidisciplinar que inclui cerca de 15 profissionais e que estudará a forma de melhorar a imagem da flor de sal junto do potencial consumidor, adiantou ao POSTAL Fernando de Sousa. Segue-se a estruturação da equipa de trabalho para o projecto associado à Hubel. Certo é que a metodologia destes seminários, a sua vertente proactiva e o acompanhamento dos projectos de forma integrada parecem ser uma mais-valia inquestionável para responder ao tão procurado objectivo de aumento da cadeia de valor económico das empresas e dos sectores de actividade no Algarve. pub

lhas, três de ouro e três de prata, a nível nacional e internacional, em apenas três campeonatos realizados. A mãe da jovem atleta, Sónia Jesus, ouvida pelo POSTAL, revela que a filha “adora o que faz” e assegura “o apoio incondicional dos pais”. Mariana Jesus, que pratica kempo desde os seis anos, só começou a participar em campeonatos em Junho deste ano, e, segundo a mãe da atleta, “está a ser ponderada a possibilidade da Mariana participar nos mundiais de Boston, em Agosto de 2013”. PR/RC

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4  |  7 de Dezembro de 2012

região

Algarve contra as portagens um anos depois pág. 6

saúde dentária

Ordem dos Médicos Dentistas reúne no Algarve d.r.

ÔÔ Principais questões que afectam a classe estiveram em debate

Orlando Monteiro da Silva é o novo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), repetindo assim a eleição para mais um mandato, pouco tempo depois de no Algarve ter debatido com os colegas de profissão as principais questões que afectam a classe profissional nesta região do país. Na iniciativa, que contou com a presença de 28 profissionais da área, o bastonário, que também é presidente da Federação Dentária Internacional, deu relevo às suas propostas para o novo mandato, garantindo que pugnará pelo reforço da valorização do exercício da profissão, defendendo um aprofundamento da participação da

OMD nas estratégias de saúde pública no âmbito da promoção, prevenção e tratamento das doenças orais e o reforço da regulação da profissão e das parcerias estratégicas da OMD com outras entidades reguladoras. Neste âmbito, destaque para o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo OMD no combate ao exercício ilegal da profissão, uma batalha em que o Algarve funcionou como uma região piloto e que representa um imperativo face à necessidade de garantia do cumprimento rigoroso de todas as condições necessárias a uma defesa efectiva das condições de saúde oferecidas aos portugueses pelo sector.

Algarve quer charters Programa pretende acabar com a dependência das low cost Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

A discussão não é nova , mas está novamente em agenda e Frederico Costa, presidente do Turismo de Portugal, aponta como objectivo “reequilibrar o tipo de procura e de operação aérea para alguns dos nossos destinos”, considerando existir no Algarve “demasiada dependência das companhias low cost”, que dominam as rotas comerciais do Aeroporto Internacional de Faro. O presidente do Turismo de Portugal salienta a “necessidade de diversificar mercados” e considera que a prioridade, no caso do Algarve, passa por “captar mais voos charter”. A propósito da premente necessidade de captação de mais rotas e novos mercados para o país e, em particular, para a região algarvia, Frederico Costa afirma que está em curso um novo programa de captação de rotas que considera como “prioritário”, acrescentando que “sem aviões não há turismo”. O programa de captação de rotas resulta de uma parceria entre a ANA Aeroportos de Portugal, o Turismo de Portugal e agências regionais de promoção turística e o financiamento, de 15 milhões de euros, reparte-

d.r.

-se em somas iguais pelo sector do turismo e pelos aeroportos nacionais. O objectivo deste programa passa por conseguir mais 1,5 milhões de passageiros nos aeroportos portugueses nos próximos três anos.

Algarve quer charters para diminuir sazonalidade O

POSTAL ouviu Desidério Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), que partilha da opinião de Frederico Costa e vai mais longe, apontando erros cometidos no passado onde “foi tudo entregue às companhias low cost” e subscreve a “necessidade de recuperar algumas rotas e angariar novos mercados”. O presidente da ERTA assegura o esforço que está a ser feito para dotar a região de mais turistas “o ano inteiro”, considerando que é preciso “apostar nos mercados de Inverno e cativar aqueles que estão no frio”. Desidério Silva sublinha que o objectivo das entidades responsáveis passa por, no âmbito do orçamento da Associação de Turismo do Algarve (ATA) para 2013, “canalizar fundos para reforçar os mercados tradicionais, mas sobretudo captar mercados emergentes como são os casos de França, Áustria,

Tavira já conta com contentores de recolha de roupa usada

ÔÔ Desidério Silva aponta erros cometidos no passado Rússia, Polónia, Canadá e países escandinavos”. Sem menosprezar a importância das low cost, particularmente para o desenvolvimento turístico da região, o também presidente da ATA vislumbra na época baixa uma janela de oportunidade para trazer turistas de países

nórdicos para “uma região onde estão mais de 15 graus de temperatura” e onde “há tanto para fazer, com ofertas diversificadas como o turismo de saúde, natureza ou golfe” e para isso, acrescenta, “é preciso captar também companhias de bandeira e voos charter”. pub

CARTÓRIO NOTARIAL DE OLHÃO Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, Notário Lic: António Jorge Miquelino da Silva Certifico narrativamente para efeitos de publicação que por escritura de 20 de Novembro de 2012, exarada a folhas 36 do livro de notas deste Cartório número 93 – A, Elvira Maria Sistina Tagliabó, que também usa apenas Elvira Tagliabó, e marido Ettore Francia, casados sob o regime da comunhão geral de bens, naturais de Milão, Itália, de nacionalidade italiana, residentes em Vila Lucano, nº 2, 20135 Milão, em Itália, com domicílio em Portugal na morada abaixo identificada, contribuintes fiscais números 248 509 845 e 254 401 180, declaram-se donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio urbano, destinado a habitação, denominado “Apartamento Sessenta e nove”, sito no Aldeamento Pedras d’el Rei II, no sítio da Praia e Cabanas, freguesia de Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, composto no primeiro piso por sala, cozinha e escadas, e no segundo piso por dois quartos, casa de banho e acesso da escada, com a superfície coberta de oitenta e dois metros quadrados, a confrontar do Norte e Poente com terrenos da sociedade “Atrium”, do Sul com Apartamento Setenta e um e do Nascente com Apartamento Sessenta e oito, o qual constitui parte a desanexar do descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número doze mil duzentos e oitenta e nove, a folhas cento e setenta e dois do Libro B – Trinta e um, e ali registada a sua aquisição a favor da sociedade comercial anónima “Atrium – Empreendimentos Urbanos e Turísticos, S.A.”, com sede na Rua Almirante Pessanha, nº 16, 3º dtº, em Lisboa, pela inscrição número dez mil trezentos e quarenta e sete, a folhas cento e cinco, do Livro G – Quinze, inscrito na respectiva matriz, em nome da mulher, sob o número trezentos e oitenta e um, com o valor patrimonial tributável de vinte e sete mil setecentos e setenta euros e trinta e dois cêntimos, igual ao atribuído.

Algarve recolhe roupa para países africanos

Que, desde logo, entraram na posse do direito a metade do referido prédio, por compra que fizeram à dita sociedade “Atrium – Empreendimentos Urbanos e Turísticos, S.A.” no dia trinta e um de Dezembro de mil novecentos e setenta e quatro, titulada por escritura de compra e venda, exarada a folhas sessenta do livro de notas para escrituras diversas número Trezentos e dezanove – A do ex. Cartório Notarial de Aljustrel.

A Câmara de Tavira asso-

Que também por essa mesma escritura, a irmã da ora justificante, Antónia Tagliabó, casada sob o regime da comunhão geral de bens com Luigi Gregotti, comprou à referida sociedade o restante direito a metade do prédio.

ciou-se à Associação Humana Portugal (AHP) e procedeu à instalação de 16 contentores de recolha de roupa usada e calçado espalhados pelo concelho. A iniciativa, que resulta da colaboração entre a autarquia tavirense e a AHP, destina-se, principalmente, a ajudar pessoas carenciadas em Moçambique e na Guiné-Bissau. José Moreno, representante da Associação Humana no Algarve e Baixo Alentejo, avançou ao POSTAL que a intenção passa por “ajudar pessoas daqueles países, mas também será concedido apoio local a instituições com o possível excedente nas recolhas”. A acção alarga-se a todo o

pedro ruas

ÔÔ Iniciativa vai permitir ajudar quem mais precisa distrito, estando prevista a instalação de 250 contentores, o que, segundo José Moreno, é “uma oportunidade para a região se promover também enquanto solidária, tornando o Algarve mais conhecido pela cooperação humanitária, pelo

que as autarquias envolvidas têm retorno até pela visibilidade internacional”, refere o responsável. O presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, disse ao POSTAL que “a autarquia aprovou a iniciativa, por esta

ser uma questão social e por Tavira se solidarizar com este tipo de iniciativas”. A cerimónia protocolar teve lugar no Largo de Santo Amaro, no dia 28 de Novembro, onde foi colocado o primeiro dos 16 contentores. Recorde-se que estas acções já ocorreram em Loulé, Albufeira e São Brás de Alportel e, brevemente, Faro também vai contar com os contentores verdes. Cerca de 60% da roupa e calçado recolhidos seguem para os referidos países, ao passo que aproximadamente 30% destina-se a comércio bonificado em lojas de roupa usada da Associação Humana e o restante, não aproveitável, vai para reciclagem. PR/RC

Nessa escritura elas, compradoras, fizeram-se representar por um gestor de negócios, não tendo, porém, a sua irmã e cunhada – ao contrário do que sucedeu com a ora justificante mulher – procedido à ratificação da dita gestão de negócios no que a ela respeitava, mas entrando todos, de imediato, na posse da totalidade do imóvel. Sucede que, quanto ao restante direito a metade do prédio, eles, justificantes, entraram na sua posse por compra e venda verbal que fizeram em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta e seis a sua irmã e cunhado Antónia Tagliabó (entretanto falecida) e seu marido Luigi Gregotti, ele ainda residente em Besnate (Varese), Cascino Boucomosa, Itália. E que sem qualquer interrupção no tempo desde então, portanto há mais de vinte anos, têm estado eles, justificantes, na posse da totalidade do prédio, cuidando da sua manutenção, habitando-o sazonalmente e arrendando-o, pagando as respectivas contribuições e impostos, enfim extraindo todas as utilidades por ele proporcionadas, sempre com ânimo de quem exerce direito próprio, posse essa exercida de boa-fé, por ignorarem lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pacífica, porque sem violência, e contínua, pelo que adquiriram o referido direito a metade do prédio por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, título extrajudicial normal capaz de provar o seu direito. Está conforme: Cartório Notarial de Olhão, sito na Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, aos 20 de Novembro de 2012 O Notário António Jorge Miquelino da Silva Conta registada sob o nº 2167 / 2012 (POSTAL do ALGARVE, nº 1093, de 7 de Dezembro de 2012)


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região

Tavira promove dinamismo empresarial pág. 7

Deputados preocupados Alunos tavirenses visitam o POSTAL com Lagoa dos Salgados Ensinar e aprender

ricardo claro

Parlamentares consideram importante saber impacte de projecto turístico Os grupos parlamentares do PSD e CDS-PP recomendaram ao Governo que submeta o projecto turístico previsto para a Praia Grande, na Lagoa dos Salgados, a uma Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) como medida preventiva. O projecto turístico em causa, localizado no concelho de Silves nas zonas limítrofes da Lagoa dos Salgados, é da responsabilidade da empresa Galilei, e prevê uma capacidade de alojamento de quatro mil camas com a construção de três hotéis de quatro e cinco estrelas, dois aldeamentos turísticos e um campo de golfe de 18 buracos. Em comunicado, os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP referem que, embora não seja obrigatório nos termos da actual legislação, consideram “ajustado aplicar a medida preventiva do exercício da AIA, de modo a identificar e conhecer os impactes que resultarão da implementação das infra-estruturas e da componente edificada” do re-

d.r.

ferido projecto. Como tal, os parlamentares, entre os quais os deputados daqueles partidos eleitos pelo círculo de Faro, recomendam ao Governo que diligencie junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), autoridade com responsabilidade na matéria, para que o projecto seja efectivamente sujeito a uma Avaliação de Impacte Ambiental.

BE questiona Governo sobre protecção da lagoa Apesar

de a área não estar abrangida pela Rede Natura 2000 ou pela rede nacional de Áreas Protegidas, o que significa que a Lagoa dos Salgados não é considerada Zona de Protecção Especial, os deputados consideram que o projecto pode provocar impactes ambientais que “importa conhecer” para assegurar a sua “sustentabilidade ambiental e territorial”. A 8 de Outubro, o secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território tinha já solicitado um parecer

ÔÔ Jovens ficaram a saber como se faz um jornal

ÔÔ Empreendimento tem sido contestado por ambientalistas fundamentado à APA acerca da pertinência de estender o procedimento de avaliação ambiental à totalidade do projecto, incluindo não só o campo de golfe, como toda a componente edificada. O pedido daquele governante surgiu poucos dias depois de dois deputados do Bloco de Esquerda terem questionado o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território sobre as

medidas previstas para garantir a protecção daquela lagoa, que serve de ‘habitat’ para cerca de 150 espécies de aves. No mesmo requerimento, os deputados do BE questionavam sobre a possibilidade de impedir a construção do empreendimento turístico que tem sido contestado por várias associações ambientalistas por colocar em causa a Lagoa dos Salgados. Lusa

Os alunos da Escola Básica do Primeiro Ciclo nº 2 de Tavira (Escola da Porta Nova) escolheram o POSTAL para terem um primeiro contacto com a realidade de um jornal e saberem como é a vida dos profissionais que estão por detrás das notícias. Os alunos das turmas do 1º PCA e dos 3º e 4º anos, Beatriz Morais, César Garcia, Daniela Machado, Fábio Cabeça, João Correia, Leandro Galhardo, Marco Domingues, Maria Fátima, Pedro Matias, Rodrigo Daniel, Simão Mendes, Yuri Ataújo, passaram cerca de uma hora na redacção do POSTAL e puderam testemunhar o processo de formação da notícia e de produção de um jornal e

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não deixaram por mãos alheias a atenção e a curiosidade. Num início de tarde recheado de perguntas, os alunos, acompanhados pelas professoras Jovita Ladeira e Luísa Carmon, não deram tréguas à vontade de descobrir os segredos da imprensa escrita e puderam observar todas as fases de criação de um jornal entre o facto noticioso e a preparação para a impressão. Percorrendo os conceitos fundamentais do jornalismo escrito, a abordagem deixou muito para trabalhar e discutir dentro da sala de aulas, depois de uma visita em que a aposta era a de aguçar o apetite por conhecer a realidade de mais uma profissão. RC

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Faro quer poupar na iluminação pública

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA EDITAL Nº 62/2012 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 04 de dezembro de 2012 foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 219/2012/CM, referente à determinação da taxa da Derrama; 2. Aprovado por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 220/2012/CM, referente à Taxa municipal de direitos de passagem; 3. Aprovado por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 221/2012/CM, referente à Avaliação do ativo imobilizado do Município de Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 222/2012/CM, referente à Revogação de parte dos auxílios económicos atribuídos a alunos do 1º ciclo; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 223/2012/CM, referente à E59/05/CP - Empreitada de execução do Pavilhão Desportivo da Luz de Tavira - Auto de vistoria para liberar de caução;

CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA Nos termos do nº 2 do artigo 22º e do artigo 24º dos Estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento algarvio, CRL, Pessoa Colectiva N.º 501 073 035, com Sede, na Rua Borda D’Água de Aguiar, N.º 1, em TAVIRA, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o Capital Social realizado de € 15.786.000,00 (variável), convoco os Associados da Caixa Agrícola, no pleno gozo dos seus direitos, a reunirem-se em Assembleia Geral, no dia 29 de Dezembro de 2012, pelas 14:00H no Auditório da sua Sede Social em Tavira, para discutir e votar as matérias da seguinte:

Ordem de Trabalhos 1. Discussão e votação do Plano de Actividades e Orçamento para 2013; 2. Deliberação sobre a declaração de política de remuneração dos órgãos de Administração e Fiscalização da CCAM do Sotavento Algarvio para 2013;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 224/2012/CM, referente aos apoios ao abrigo do RMAAD;

3. Eleição dos titulares dos cargos sociais da CCAM para o triénio 2013/2015 (Mesa da Assembleia Geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal);

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 225/2012/CM, referente à atribuição de apoio anual á Associação das Obras Assistenciais da Sociedade de São Vicente de Paulo;

4. Dispensa da prestação de caução pelos Membros do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal eleitos;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 226/2012/CM, referente à E35/10/CP - Parque Verde do Rio Séqua - Relatório Final e Repartição de Encargos;

5. Designação do Revisor Oficial de Contas.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Se à hora marcada, não se encontrar presente ou representado número suficiente de Associados, a Assembleia reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número. Tavira, 15 de Novembro de 2012

Paços do Concelho, 04 de dezembro do ano 2012 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Jorge Manuel Nascimento Botelho

José Macário Correia

(POSTAL do ALGARVE, n.º 1093, de 7 de Dezembro de 2012)

(POSTAL do ALGARVE, n.º 1093, de 7 de Dezembro de 2012)

ÔÔ Depois do corte de iluminação durante as madrugadas que deixa a cidade sem luz mais de uma hora todos os dias e os transeuntes completamente desprotegidos, a Câmara de Faro anunciou que vai instalar mais 40 programadores digitais no concelho para reduzir a factura da iluminação pública. A medida, diz a Câmara, visa amenizar o aumento do IVA para 23% e os 40 aparelhos são um reforço aos 125 já instalados e que, no último ano, permitiram poupar cerca de 27 mil euros. O aumento do IVA “elevou a factura que temos que pagar ao Estado em 100 mil euros por ano, daí a necessidade de implementar estas medidas”, justifica a autarquia. Lusa


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região

Algarve contra as portagens um ano depois Comissão de utentes alerta para prejuízos na região A Comissão de Utentes da Via do Infante anunciou que vai assinalar o primeiro ano de portagens no Algarve com “acções de luta” pela suspensão da cobrança e de alerta para os prejuízos provocados na região. As actividades vão decorrer ao longo do próximo sábado, exactamente um ano após a introdução das portagens na A22, anteriormente designada por Via do Infante, e incluem “acções surpresa” nesta auto-estrada e na EN 125 (Estrada Nacional) e um debate para o qual vão ser convidados vários políticos da região. A comissão considera que a suspensão das obras

de requalificação da via alternativa, a EN 125, e a anulação da construção das variantes de Lagos, Olhão, Tavira, São Brás de Alportel e Faro são situações que agravam o problema da mobilidade e da dinâmica económica regional. “Um ano depois, as portagens contribuíram e estão a contribuir poderosamente para o desastre social e económico da região”, alerta a comissão num comunicado em que sublinha que a A22 está “cada vez mais vazia e continua a prejudicar os contribuintes em dezenas de milhões de euros”. O grupo lembra que só

nos primeiros seis meses deste ano “o prejuízo atingiu a cifra colossal de 19,9 milhões” de euros naquela via, de acordo com um relatório da Estradas de Portugal. O debate está marcado para as 14.30, no restaurante “Zé do Norte”, localizado na EN 125, perto do cruzamento das Quatro-Estradas, no concelho de Loulé, seguindo-se um protesto/buzinão a partir das 16 horas. A organização espera que o encontro tenha uma participação alargada que permita encontrar e aprovar novas formas de luta pela suspensão das portagens na A22. Lusa

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região

Presépio Gigante de Vila Real completa dez anos pág. 9

Tavira promove dinamismo empresarial Ativar Tavira aposta na atracção de empresas para o concelho fotos de pedro ruas

Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

A Empresa Municipal Parques Empresariais de Tavira (EMPET) e a Câmara de

Tavira continuam a aposta na dinamização económica do concelho. A conferência “Tavira Cidade do Futuro” foi o mote para o debate de questões relacionadas com a necessidade de desenvolvimento da economia local e regional. A Biblioteca Municipal Álvaro de Campos foi o local escolhido para a segunda conferência no âmbito do Ciclo de Conferências Ativar Tavira. Os temas abordados e discutidos no encontro passaram sobretudo pelas estratégias a seguir, no concelho e na região, nas áreas do turismo, do mar e da indústria agro-alimentar. Num segundo painel discutiram-se, fundamentalmente, formas de financiamento para a implementação e desenvolvimento empresarial. João Pedro Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da EMPET, lembra o quão recente é o projecto Ativar Tavira, salientando que as conferências servem o propósito de levar a que “os empresários considerem Tavira como opção para a instalação de negócios e que conheçam as nossas infra-estruturas”. Ao POSTAL, João Pedro Rodrigues, referiu ainda a

ÔÔ Jorge Botelho salienta a necessidade de criar uma estratégia para fixar os investidores no concelho importância deste tipo de iniciativas para que se possa debater a estratégia de desenvolvimento económico para o concelho e para a região”. Carlos Vieira, professor universitário e coordenador científico das conferências Ativar Tavira, lembrou a “necessidade de resposta activa e dinâmica no potencial da região”, que, segundo o orador, “são as pessoas”. Optimista quanto ao futuro, Carlos Vieira refere que “a verdadeira crise é quando temos recursos, mas não os sabemos usar”. “Só não há luz ao fundo do túnel quan-

do não há iniciativa”, refere. No plano estratégico, o coordenador alertou que “a economia não são só números, mas também verdade, palavra e confiança”. “A estratégia não passa só por saber o que se quer, mas descobrir o que se pode”. Segundo Carlos Vieira, “cada pessoa é um valor e um capital que, quando se juntam e têm uma visão de futuro, com verdade, permitem perspectivar um futuro vantajoso”.

Turismo, Mar e Agro-alimentar Com moderação de Adão

Flores, coordenador do grupo de trabalho de empreen-

ÔÔ João Pedro Rodrigues, Carlos Vieira e Jorge Botelho no decorrer da conferência

dedorismo da Universidade do Algarve, foram chamados a intervir os oradores do primeiro painel de debate que integrou as perspectivas do

“Aproveitar recursos e transformá-los em actividade económica, em criação de empregos e na criação de empresas exportadoras” é o que defende Vítor Neto turismo, do mar e do sector agro-alimentar. André Dias, vice-presidente da Maralgarve, incidiu a sua intervenção sobre os clusters relativos ao mar e na apresentação da plataforma que representa como exemplo da necessidade de reunir esforços no sentido de conjugar os principais sectores ligados ao mar. Já o vice-presidente da Câmara de Tavira, Luís Nunes, apresentou a candidatura da Dieta Mediterrânica como forma de estimular a produção agro-alimentar e pesqueira, destacando ainda as riquezas do concelho ao nível patrimonial, cultural e social, bem como, as mais-valias da gastronomia, ambiente, história e diversidade geográfica, que

considerou representativos da região mediterrânica. O último interveniente do primeiro painel foi Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA), que mostrou a sua preocupação pelas crises que afectam a região como “a crise estruturante, a crise no turismo e a crise financeira”. Suportado por dados do Instituto Nacional de Estatística, Vítor Neto alertou a audiência para a perda de quota de mercado “mundial, europeia e no sul da Europa”, acusando os responsáveis da região de “falta de estratégia e de liderança” como principais factores para o turismo,“o maior exportador do país”, estar em queda no Algarve. Contudo, Vítor Neto apresenta um plano B, que passa por “aproveitar os recursos e transformá-los em actividade económica, em criação de empregos e na criação de empresas exportadoras”. Financiamento Numa segunda etapa do debate, desta vez moderada por Fernando Pessoa, presidente da AGETAV, discutiram-se perspectivas financeiras e de financiamento. António Ramos, secretário técnico do Programa Operacional Algarve 21, abriu a sessão recordando que, naquele mesmo dia, estava a ser discutido em Bruxelas o dinheiro que seria disponibilizado para o Algarve ao abrigo do quadro comunitário 2014-20. Resta saber se o Algarve, no âmbito do próximo quadro de fundos comunitários, estará em phasing-out do Objectivo Convergência ou não. A diferença passa pela manutenção ou não do acesso da região a determinados fundos europeus característicos do Objectivo Convergência, aquele que permite uma maior comparticipação de financiamento comunitário. A João Pires, da Business Angels Algarve, coube apresentar a plataforma como facilitadora na criação de “casamentos” entre empresários e investidores. Por fim, foi chamado a in-

tervir o último orador, Luís Nunes, director comercial do Banco Popular, que apresentou formas de financiamento e diponibilidade do banco que representa para conceder crédito a empresários com projectos credíveis.

Jorge Botelho quer Tavira mais amiga dos empresários Coube ao autarca local, Jorge Botelho, concluir a conferência, salientando a importância dos autarcas da região terem “uma estratégia e uma visão integrada do Algarve”. “O turismo de sol & mar foi o que fizemos nos últimos 20 anos e aceitámos a sazonalidade como uma inevitabilidade”, refere, e, segundo o autarca, “é necessário repensar a estratégia e apostar nas tradições, di-

Taxa de IMI não vai subir para o valor máximo em 2013” Jorge Botelho

versificar ofertas e produtos”. Jorge Botelho garante aos políticos e aos empresários terem nele “um parceiro para quebrar a monotonia do Algarve e dinamizar a comunidade e as comunidades parceiras contra o facto de sermos maltratados”. Voltando a referir que “Tavira é amiga dos empresários”, o autarca aproveitou a ocasião para lembrar que “a taxa de IMI não vai subir para o valor máximo” e confirmou ainda que, em 2013, “Tavira passará a não ter derrama, o que representa um contributo da autarquia para a fixação de empresas no concelho”. Também a proposta sobre a taxa turística foi rejeitada pelo edil que garantiu, “não vamos criar mais impostos e queremos manter ou reduzir a nossa política fiscal”. Como balanço final, João Pedro Rodrigues, da EMPET, considera o resultado das conferências “muito positivo, quer em relação aos temas debatidos, quer nas excelentes intervenções dos oradores convidados, bem como na adesão registada.


8  |  7 de Dezembro de 2012

região Banco Alimentar Contra a Fome contorna a crise

Algarve angaria 173 toneladas de bens alimentares d.r.

PS quer obras concluídas em escola de Vila Real Condições de precariedade afectam funcionamento da instituição O PS quer saber se o Gover-

ÔÔ Guias de Tavira participaram na recolha de bens alimentares

A última campanha de reco-

lha do Banco Alimentar contra a Fome do Algarve resultou na angariação de 173 toneladas de comida que visam apoiar mais de 15 mil pessoas com carências alimentares, de um conjunto de cerca de 70 instituições de solidariedade social da região. A campanha, que decorreu durante o passado fim-de-semana, contou com a participação de 1.100 voluntários espalhados por 135 supermercados no Algarve. Os resultados da campanha foram, segundo o responsável do Banco Alimentar no Algarve, “bastante positivos”. Ouvido pelo POSTAL, Nuno Alves faz o paralelo entre a campanha deste ano e a do período homólogo do ano passado e garante que “houve um aumento de 2% em relação a Dezembro de 2011”. “Ao manter o volume de angariações é possível continuar a apoiar as instituições com quem colaboramos desde o início do ano”, assegura Nuno Alves, concluíndo que “a crise não se fez sentir no total das doações recolhidas, embora haja a percepção de que as

pessoas dão em menor quantidade”. No resto do país o volume de recolha de bens alimentares atingiu quase três mil toneladas, que se destinam a apoiar 373 mil pessoas, através de mais de 2.300 instituições de solidariedade social.

O papel dos voluntários Ao todo, o número de voluntários que participaram na campanha do passado fim-de-semana atinge o número de 38,5 mil pessoas, segundo dados do Banco Alimentar Contra a Fome, o que, ao nível da dimensão, “não tem qualquer paralelo no nosso país”, conforme se pode ler no sítio da instituição. “As tarefas de recolha nos estabelecimentos comerciais, o transporte, pesagem e separação dos produtos foram totalmente asseguradas por voluntários”. Em Tavira, por exemplo, as Guias, em mais uma acção solidária que as caracteriza, tiveram um fim-de-semana preenchido na recolha de bens alimentares, num supermercado local. PR/RC pub

no vai continuar com as obras de reabilitação da Escola Secundária de Vila Real de Santo António, onde os alunos estão a ter aulas em condições de “precariedade” devido à suspensão das obras a cargo da empresa Parque Escolar. “O Governo tem que dizer o que vai fazer daquela obra, uma vez que faltam três meses de obra, dois milhões de euros de pagamentos”, questionou o deputado socialista, em declarações à Lusa. Miguel Freitas considerou que “a pior coisa que o Estado pode fazer é não dar respostas às pessoas” e defendeu que “o Governo tem que esclarecer quando a obra vai avançar, e se vai dar ou não prioridade ao pavilhão, porque o pior problema é o da Educação Física”. O socialista apontou três situações que considera serem

prioritárias resolver e que já motivaram as queixas do Conselho Geral da escola, sendo a principal o fim das deslocações dos alunos sem supervisão para terem Educação Física, a cerca de dois quilómetros da escola. As outras duas passam pela degradação dos monoblocos que servem de salas de aulas provisórias e a falta do refeitório para servir o número de alunos.

Alunos deslocam-se dois quilómetros para fazer Educação Física Miguel Frei-

tas criticou que os “alunos tenham que se deslocar 15 minutos, dois quilómetros, para chegar ao complexo desportivo” e quer saber “por que é que o Governo não assegura o transporte destes alunos” enquanto as obras não são concluídas. “Há também o problema das refeições: não faz sentido

d.r.

ÔÔ Socialistas questionam Governo acerca da continuidade da obra numa escola que tem 845 alunos estar a servir 125 refeições, 25 de cada vez. Há uma proposta para a contratação de um catering, arranjem uma solução e contratem, sublinha o deputado. Miguel Freitas dirigiu uma pergunta ao ministro da Educação, Nuno Crato, para ter

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Tribunal Judicial de Tavira Secção Única Rua Dr. Silvestre Falcão - 8800-412 Tavira

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MARIA ADELAIDE FONSECA SOARES

Telef: 281320970 Fax: 281093519 Mau: tavira.tc@tribunais.org.pt

Agente de Execução

2ª Publicação

ANÚNCIO

2ª. Publicação

ANÚNCIO Nº. do Processo: 102/09.8TBTVR

Processo: 65/09.0TBTVR-A

Tavira - Tribunal Judicial - Secção Única

Habilitação de Herdeiros

Exequente(s): EUROAÇO - Sociedade Comercial de Ferro, Aço e Materiais de Construção Civil, Lda. e outros

N/Referência: 1343096

Executado: Algarmassas Soc. Revestimentos, Lda. Valor: 3.027,93 € Referência interna: PE/835/2009 Maria Adelaide Fonseca Soares, Solicitadora de Execução, titular da Cédula Profissional n.º 2712, nomeada nos autos de execução comum acima identificados, anuncia, nos termos dos artigos 886.º A e 890.º do Código de Processo Civil, de que se encontra designado o próximo dia 17 de Dezembro de 2012, pelas 09.00 horas, para a venda com abertura de propostas em carta fechada, no processo acima referido, a ter lugar na comarca de TAVIRA – Secção Única, no âmbito do processo de Execução n.º 102/09.8TBTVR, que corre termos pela Secção Única, daquele Tribunal, para a venda do seguinte bem: Descrição do Bem a Vender: Veículo automóvel Marca MITSHUBISHI L 300 P 05 matrícula 14-32-CO no valor de 3.500.00 € As propostas devem ser entregues na secretaria do Tribunal respectivo, acompanhadas nos termos do disposto no nº. 1 do art.º 897.º do C.P.C., como caução, de cheque visado, à ordem do Solicitar de Execução, no valor de 20% do valor base que adiante se indica, ou garantia bancária do mesmo valor: VALOR PENHORA 3 500.00 €

resposta a estas questões, e junta-se assim aos colegas do PCP, Paulo Sá, e do Bloco de Esquerda, Cecília Honório, todos eleitos pelo círculo de Faro, que na semana passada também questionaram o Governo sobre a conclusão das obras na Escola Secundária de Vila Real. Lusa

Data: 22-10-2012 Requerente: António Amadeu Martins Lucas, Endereço: Rua da Corujeira Pequena, N.º 15, 8800 TAVIRA Requerido: Incertos Falecido: Joaquim Francisco Inácio, nascido(a) em 15-05-1921, concelho de Odemira, freguesia de São Luís [Odemira], BI - 4624795, Endereço: Rua José Maria Filipe Nº 27 – Br Avo S Luís, São Luís, 7630-431 São Luís Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando os herdeiros ou sucessores incertos de Joaquim Francisco Inácio, para no prazo dos éditos virem à causa principal (Acção de Processo Ordinário nº 65/09.0TBTVR em que são partes: Autor: António Amadeu Martins Lucas, Réu: Joaquim Francisco Inácio), requerer a sua habilitação como sucessores do falecido, sob pena de não o fazendo, o processo prosseguir com o Ministério Público, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando. O Juiz de Direito,

VALOR BASE: Art.º 889.º n.º 2 do C.P.C. 2 975.00 € Nos termos do disposto no art.º 891.º do mesmo código durante o prazo dos editais e anúncios é o depositário obrigado a mostrar os bens a quem pretenda examiná-los; mas pode fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção, tornando-as conhecidas do público por qualquer meio.

Dr(a). Rodolfo Santos de Serpa

Interveniente associado ao Bem Executado Algarmassas Soc. Revestimentos, Lda, com sede em Rua Bartolomeu Dias – Tavira

Noélia Guerreiro

Depositário Judicial: Constantino Amâncio Fernandes Gonçalves Pereira com domícilio na sede da executada. Não está pendente oposição à execução.

O Oficial de Justiça,

Notas: - Solicita-se que na resposta seja indicada a referência deste documento - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro; de domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 31 de Agosto

Não está pendente oposição à penhora. DATA E ASSINATURA 20-11-2012 O Agente de Execução MARIA ADELAIDE FONSECA SOARES

Cédula Profissional: 2712 (POSTAL do ALGARVE, nº 1093, de 7 de Dezembro de 2012)

- Nos termos do art.º 32.º do CPC, é obrigatória a constituição de advogado nas causas da competência de tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário; nas causas em que seja admissível recurso, independentemente do valor; nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores. (POSTAL do ALGARVE, nº 1093, de 7 de Dezembro de 2012)


7 de Dezembro de 2012  |  9

região

ZZZ pág. ##

resépio Gigante de Vila Real P completa dez anos

OPINIão Ana Amorim Dias - Escritora www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com

Mais de 3.500 figuras batem novo recorde O presépio gigante de Vila

Real de Santo António regressou ao Centro Cultural António Aleixo, na passada quinta-feirs, com cenários e peças renovadas e mais um recorde no número de figuras em exposição. Nesta, que é a sua décima edição, o presépio gigante comporta mais de 16 toneladas de areia e pó de pedra e dois mil quilos de cortiça. A esta lista junta-se uma estrutura de madeira de 190 metros quadrados, em parte coberta por 100 metros quadrados de musgo.

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com Director: Henrique Dias (CP 3259). Director Comercial: Basílio Pires Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Geraldo de Jesus (CO 630), Helga Simão, Humberto Ricardo (CP 388), Pedro Ruas. Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire, inscrito sob o nº 211 612 no Registo das Empresas Jornalísticas. Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:

8.783 exemplares

O presépio foi construído, ao longo de um mês, por Augusto Rosa e Teresa Marques, dois funcionários autárquicos que contaram com a ajuda de outros três colaboradores, Joaquim Soares, Telmo Crispim e João Gomes. Ao todo, foram investidas mais de 1.500 horas na construção daquela estrutura. Uma das razões do sucesso deste presépio está nas características das mais de 3.500 figuras que lhe dão vida, muitas delas mecanizadas, fator que contribui para a sua diferenciação. De acordo com os seus mentores, além da colecção pertencente à autarquia vila-realense, somam-se outras tantas peças adquiridas pelos próprios ao longo dos anos, o que faz com que o presépio tenha sempre crescido na última década. Um dos locais obrigatórios para essa aquisição tem sido a tradicional Feria del Belén, em Sevilha, realizada no início de Novembro, onde os organizadores marcam sempre presença.

d.r.

ÔÔ Presépio levou um mês a ser contruído por Augusto Rosa, Teresa Marques e alguns colaboradores Para o vice-presidente da Câmara, José Carlos Barros, os milhares de visitantes anuais do presépio “transformam-no na atracção mais procurada da cidade e num dos eventos mais carismáticos da quadra natalícia no Algarve”. À semelhança do ano passado, as entradas no presépio têm o valor simbólico de cin-

quenta cêntimos, verba que se destina a suportar os custos relacionados com a montagem e manutenção. O valor remanescente reverterá a favor da Guadi – Centro de Animais, associação que tem por finalidade a defesa de animais abandonados no concelho de VRSA, levando a cabo um conjunto de iniciati-

vas para assegurar a manutenção do canil/gatil intermunicipal sem abate. O presépio gigante de Vila Real de Santo António está patente ao público até ao próximo dia 6 de Janeiro. Pode ser diariamente visitado entre as 10 e as 13 e das 14,30 às 19 horas. No dia 1 de Janeiro está aberto das 14.30 às 19 horas.

Fragrâncias originais a preços imbatíveis

Perfumaria farense abre portas com preços baixos d.r.

Abriu em Faro a primeira loja

de equivalência de perfumes, também a primeira no Algarve. Um conceito que promete revolucionar o mercado das fragrâncias de alto custo com preços competitivos e com garantia absoluta de qualidade original. Equivalenza é o nome do novo espaço, recentemente inaugurado e que utiliza um novo conceito comercial que reduz substancialmente o custo de um perfume das grandes marcas para preços acessíveis a qualquer bolsa. Situada na Praça dos Poetas em Faro, a nova perfumaria reúne todas as fragrâncias de renome do mercado que são comercializadas avulso com dispensa das embalagens especiais utilizadas pelas marcas, factores que levam ao encarecimento do produto, permitindo vendas de baixo custo.

ÔÔ Macário Correia inaugurou o novo espaço Se o cliente tem por hábito usar determinado perfume, seja qual for a marca, a Equivalenza, utilizando um sistema de referências, fornece a mesma fragrância em recipientes próprios e a preços baixos. O conceito é semelhante ao

dos medicamentos genéricos que produzem o mesmo efeito e têm custos muito inferiores aos de marca que utilizam caixas ‘fantasiadas’ e vasta divulgação publicitária. O novo espaço foi inaugurado recentemente pelo presidente da Câmara de Faro,

Macário Correia, e promete revolucionar o mercado dos perfumes, assumindo-se, não como uma loja low cost, mas sim como um espaço comercial onde o cliente leva a quantidade que quer da fragrância desejada, seja para homem, mulher ou criança.

Pessoas da Nossa Vida Quando conhecemos alguém há décadas, é normal conhecermos também todas as suas estórias memoráveis e episódios releventes, sabendo de cada pormenor e detalhe. Quando as amizades, laços familiares e relacionamentos são duradouros e presentes, não só conhecemos quase todos os pedacinhos da vida do outro, como somos protagonistas constantes das histórias que têm para contar. Mas mais: quando conhecemos alguém há tempo suficiente, há muitas coisas que não precisam ser ditas; há olhares cúmplices; entendimentos imediatos; humores inatingíveis pelos demais. Desenvolve-se um tipo de comunicação subliminar e extra-sensorial que só se atinge com um conhecimento profundo, alimentado pela energia eternamente renovável da ligação que têm certas almas. É junto dessas pessoas que conquistamos os mais incríveis privilégios. É perante elas que podemos ser verdadeiramente nós mesmos. É com elas que não sentimos medo do ridículo e nos deixamos levar. É ao seu lado que o momento mais banal ganha contornos épicos e que as preocupações se esbatem numa névoa sem sentido. São elas que nos conferem a mais perfeita sensação de aceitação e pertença. Há as pessoas que “nada nos dizem” e passam sem marca; há as pessoas que nos tocam muito mas que, por alguma razão, não temos capacidade para manter sempre perto; e depois há as outras… as Pessoas da Nossa Vida. E são estas que, aconteça o que acontecer, estão sempre à distância do mais simples sorriso.


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AVELINO MARTINS 79 ANOS

AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 23 de Novembro, para o Cemitério de Santa Catarina da Fonte do Bispo, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos os que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, dia 2 de Dezembro de 2012, domingo, pelas 11.30 horas, na Igreja Paroquial de Santa Catarina da Fonte do Bispo, agradecendo solenemente a todos familiares e amigos que assistam a tão piedoso acto

“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428

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AGRADECIMENTOs A família de Avelino Martins, natural de Tavira, falecido a 22 de Novembro de 2012, agradece os cuidados prestados ao seu familiar, às equipas dos Cuidados Paliativos do Centro Saúde de Tavira e Hospital de Faro.

Tavira

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SANTA MARIA - TAVIRA LUZ - TAVIRA

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“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428

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AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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O POSTAL

regressa no dia 21

Tiragem desta edição:

8.783 exemplares

última

Atletismo nacional homenageia Complexo Desportivo de Vila Real

Prazo de apoio em Silves até final do mês Infra-estrutura vai contar com centro médico de reabilitação O prazo para a apresentação das candidaturas aos apoios financeiros do Estado às populações de Silves afectadas pelo tornado decorre até 31 de Dezembro. Concedidos pelo Governo, os apoios destinam-se a auxiliar pessoas com manifesta insuficiência económica na reparação das habitações, partes comuns de edifícios e na aquisição de equipamento doméstico essencial não segurado. Lusa

d.r.

O Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António foi, no passado dia 24 de Novembro, distinguido pela Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) pelas “excepcionais pub

condições de treino e de competição proporcionadas ao atletismo europeu, nacional e distrital”. A cerimónia contou com a participação do presidente da FPA, Fernando Mota, que destacou o investimento da autarquia “em infra-estruturas desportivas capazes de competir com os melhores exemplos europeus”. “É com grande orgulho que, em diversas reuniões da federação, destacamos as excelentes condições do Complexo Desportivo de Vila Real, motivo que nos leva a entregar este galardão que apenas atribuímos de forma muito parcimoniosa”, afirmou Fernando Mota. Para a FPA, o complexo desportivo é ainda exemplo de um equipamento que tem sabido expandir-se ao longo dos anos, possuindo hoje uma dimensão ao nível do atletismo

ÔÔ Condições de treino e competição reconhecidas total e não apenas do fundo ou meio fundo. No mesmo dia, as infra-estruturas desportivas vila-realenses voltaram a ser agraciadas pela Associação de Atletismo do Algarve que atribuiu uma medalha de honra à Câmara de Vila Real. Além da recente ampliação das piscinas municipais, o complexo desportivo prepara-se para receber novos investi-

mentos ao nível da medicina desportiva, devendo, em breve, inaugurar um centro médico de reabilitação, conjugando o desporto e a saúde. “Trata-se de uma forma de valorizar ainda mais este equipamento que tem sido responsável pelos bons níveis de ocupação hoteleira e contribuído para diminuir a sazonalidade”, conclui o presidente da Câmara de Vila Real, Luís Gomes. pub

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> > Assinale a frase correta

> > Solução da semana passada

Segundo o novo acordo ortográfico deve escrever-se:

Segundo o novo acordo ortográfico deve escrever-se:

Os alunos fizeram uma foto-reportagem da visita de estudo. Os alunos fizeram uma fotorreportagem da visita de estudo.

;; Os alunos cumprimentam o senhor professor à entrada da escola. Os alunos cumprimentam o Senhor Professor à entrada da escola. A frase correta é: Os alunos cumprimentam o senhor professor à entrada da escola. Segundo o novo acordo ortográfico usa-se minúscula nas formas de tratamento mesmo as que denotam cortesia.

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.


dez | 2012 • Nº 52 • Mensal • O Cultura.Sul faz parte integrante da edição do POSTAL do ALGARVE e não pode ser vendido separadamente

dezembro • Mensalmente com o postal em conjunto com o público

8.783 exemplares

www.issuu.com/postaldoalgarve

50 anos de escrita com a assinatura de Vasco Graça Moura

p. 10


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Cultura.Sul

07.12.2012

Juventude, artes e ideias

Henrique Dias Freire

Ex-editor do CULTURA.SUL

Novo editor, nova dinâmica Com mais de quatro anos de existência, o Cultura.Sul prepara-se para encarar o novo ano de 2013 com optimismo. Como Caderno de Artes & Letras temos um compromisso assumido com as pessoas e a nossa Região. Apesar de todas as crescentes dificuldades, graças ao empenho gracioso de todos os nossos colaboradores, o Cultura.Sul tem mantido a sua periodicidade mensal. Após quase um ano e meio como editor, chegou o momento do jornalista Ricardo Claro me substituir na tarefa. A necessidade de ter que assumir outros tipos de compromissos, por um lado, e a grande mais-valia da edição passar para a responsabilidade deste talentoso colega garantem a continuidade e uma nova chama aos nossos projectos. O Ricardo Claro está na origem e fundação do próprio título Cultura.Sul, tal como eu. Com a presente edição, o Cultura.Sul entra numa nova fase, onde o empenho de todos nós nunca será de mais. Colaboradores e leitores, estamos certos de que o contributo do Cultura.Sul para as nossas gentes e Região, um dia, será devidamente reconhecido, assim como aqueles que tiveram a clarividência de estimular e apoiar esta publicação. Mas mais importante do que ser reconhecido é deixar raízes e valores para que o mundo fique pelo menos um pouco melhor do que aquele que encontrámos. Bem-hajam!

Ficha Técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Director: Henrique Dias Freire

Elsa Parreira

Diretora do AVE Professor Paula Nogueira

Reformar o pensamento Frequentemente ouve-se dizer: é uma questão de mentalidade. Ou ainda: é uma questão cultural. A cultura e a mentalidade são poderosas alavancas da ação social e educativa. De facto, o indivíduo vive num determinado contexto social e cultural e foi-se fazendo na família, na escola, nas organizações em que foi trabalhando. As pessoas não nascem como são; constroem-se ao longo da vida nas diversas interações que vão realizando, nas adversidades que vão ultrapassando. Por outro lado, não há mudança

sem pessoas. As pessoas – por exemplo, na escola, os professores e os alunos – são imprescindíveis a um processo de melhoria das práticas educativas. Mas as transformações só acontecem quando eu mudo o meu pensar, a minha forma de me pensar e de pensar os outros. E vejo que essa mudança me é benéfica e por isso me disponibilizo para alterar a mentalidade e a ação. E são estas alterações de modos de pensar e de agir que por sua vez fazem evoluir a cultura. E é por isso que a reforma de pensamento é tão importante. E

decisivas as políticas que fazem as pessoas quererem mudar de modos de pensar. Mudar não é fácil. Todas as mudanças, por pequenas que sejam, provocam desconforto. A mudança exige adaptação. Traz dúvidas, medos e ansiedades. Mas, se não se tentar mudar aquilo em que não se acredita, nunca se poderá dizer que se tentou tudo! Já Kant dizia que “toda a reforma interior e toda a mudança para melhor, dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço”.

Espaço CRIA

Inovar Algarve valoriza conhecimento produzido na região

Hugo Barros

Coordenador Executivo do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia

Um discurso dominante no que diz respeito às Universidades é que o Conhecimento por elas produzido tem que seguir um caminho que necessariamente conduza à sua valorização. Neste enquadramento, a valorização do Conhecimento tem assumido uma posição de destaque como estratégia para o desenvolvimento regional e nacional, nomeadamente através do impulso a uma economia mais sólida e especializada, e ao aumento das qualificações dos recursos humanos que compõem

o mercado de trabalho. Contudo, o caminho traçado nem sempre é linear, existindo muito por fazer e um esforço permanente por parte das entidades públicas e privadas, nomeadamente na melhoria da articulação entre a investigação produzida e as necessidades das empresas. Este configura um dos pontos fulcrais no qual a Universidade do Algarve (UAlg), através da Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia (CRIA), tem procurado melhorar a sua performance, fomentando e potenciando ações de cooperação entre investigadores e empresas, com vista a estimular a criação de projetos de I&DT em conjunto. Neste sentido, e com o intuito de evidenciar o potencial de comercialização do Conhecimento produzido na região do Algarve, a UAlg organiza a INOVAR ALGARVE. A INOVAR ALGARVE foi estruturada em duas fases: a primeira, a decorrer entre 5 e 7 de dezembro de 2012, corresponde a um Ciclo de Conferências destinado a fortalecer a relação entre a Universidade e o tecido empresarial, promovendo o debate em torno de temáticas como Inovação, Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia, e em

simultâneo, promover o potencial de cooperação entre empreendedores, empresas e investigadores; a segunda, consistindo numa Mostra de Conhecimento e Tecnologia na qual a UAlg, nos dias 31 janeiro e 1 de fevereiro de 2013, terá oportunidade de mobilizar os seus recursos para expor a sua capacidade de oferta de serviços de I&D, fomentando o

Paginação: Postal do Algarve

» momento.S: Vítor Correia » panorâmica.S: Ricardo Claro » patrimónios.S: Isabel Soares

lot. Nesta edição: Artur Jorge Vieira de Jesus, Elsa Parreira, Hugo Barros, Jorge Queiroz e José Filipe Sobral

Responsáveis pelas secções: » juventude, artes e ideias: Jady Batista » livro.S: Adriana Nogueira

Colaboradores: AGECAL, ALFA, CRIA, Cineclube deFaro, Cineclube de Tavira, DRCAlg, DREAlg, António Pina, Pedro Jubi-

Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

Editor: Ricardo Claro

aumento da competitividade da região e do país. É por isso tempo de nos dedicarmos a estimular uma maior aplicação do Conhecimento produzido no tecido empresarial, para que seja possível minimizar os efeitos de uma cultura desgastada pela passividade da relação Universidade-Empresa.

e-mail: geralcultura.sul@gmail.com on-line: www.issuu.com/postaldoalgarve Tiragem: 8.783 exemplares


Cultura.Sul

07.12.2012

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cinema Cineclube de Tavira

Leilão ajuda cineclube Pois, estamos com alguma dificuldade em manter a cabecinha fora da água, essa não é nenhuma novidade. No próximo sábado, dia 8, às 21.30 horas, na Galeria Casa das Artes, em Tavira, iremos organizar um leilão de obras de arte. Todas as obras a leiloar (86) foram oferecidas ao cineclube pelos seus autores ou proprietários. Temos uma grande variedade de peças: pinturas a óleo e acrílico; desenhos; águas-fortes; litografias; estampas antigas; esculturas, etc..., entre as quais peças antigas e valiosas, a mais antiga data de 1845! O intuito é angariar fundos para conseguirmos continuar com as nossas actividades regulares, numa época de inexistência de qualquer apoio ou subsídio autárquico ou institucional. Tudo será vendido, a qualquer valor que seja, iniciaremos a

Espaço AGECAL

Jorge Queiroz Sociólogo. Gestor Cultural Presidente da Direcção da AGECAL Associação de Gestores Culturais do Algarve

destaque

As relações entre turismo e cultura expressam muitas afinidades mas apresentam também alguns equívocos e contradições, resultado da excessiva autonomização dos respectivos domínios. Turismo e cultura, como outros fenómenos sociais, são realidades dinâmicas, em permanente evolução nos seus conceitos, valores e modelos de intervenção. Um equívoco mais frequente resi-

PROGRAMAÇÃO

www.cineclube-tavira.com 281 320 594 | 965 209 198 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES Cine-Teatro António Pinheiro | 21.30 horas 8 DEZ | Casa das Artes em Tavira 21.30 horas: Leilão de Obras de Arte, cuja receita total reverte ao vosso cineclube (entrada gratuita) Cineclube de Tavira - Portugal 2012 (120’) Todas as idades!

Cena do filme Les Enfants du Paradis venda de cada peça com uma licitação mínima. Para acabar este ano de 2012 em beleza, programámos mais um mês de cinema de grande qualidade no cine-teatro tavirense, e a melhor

notícia neste tempo de “crise” é que podem ver três destas maravilhas a custo zero, gratuito, à borlita. Um presente de Natal do vosso cineclube, esperamos que não o recusem! Até breve e boas entradas!

9 DEZ | The Iron Lady (A Dama de Ferro), Phyllida Lloyd – Reino Unido/ França 2011 (105’) M/12 13 DEZ | Swept Away - Travolti da un Insolito... (Por um Destino Insólito),

Lina Wertmuller - Itália 1974 (116’) M/12 (entrada gratuita) 16 DEZ | Seeking a Friend for the End of the World (Até que o Fim do Mundo nos Separe), Lorene Scafaria – E.U.A./Singap/Maleisia/Indones. 2012 (101’) M/12 20 DEZ | Shut Up and Play the Hits (O Fim dos LCD Soundsystem), Will Lovelace & Dylan Southern – Reino Unido 2012 (108’) M/12 23 DEZ | Les Enfants du Paradis (Os Rapazes da Geral), Marcel Carné – França 1945 (190’) M/12 (entrada gratuita) 27 DEZ | Cesare deve Morire (César deve Morrer), Paolo e Vittorio Taviani – Itália 2012 (76’) M/12 30 DEZ | To Rome with Love (Para Roma com Amor), Woody Allen – E.U.A./Itália/Espanha 2012 (112’) M/12

O turismo e a gestão cultural de no facto do turismo ter criado e induzido sistemas e lógicas de gestão, uma indústria que estabeleceu os seus próprios discursos e modelos ideológicos que sobrevalorizaram aspectos quantitativos. Durante o Séc. XX esta perspectiva colidiu com dimensões essenciais do desenvolvimento como a sustentabilidade dos territórios, a gestão racional dos recursos naturais, a preservação de equilíbrios sociais e das culturas locais. Criaram-se áreas de “densificação litoralizada”, abandonos e “vazios demográficos” nas zonas rurais O turismo pressupõe condições prévias à sua existência, nomeadamente naturais e culturais. Durante o século XX, acompanhando o processo de globalização, afirmou-se uma nova formulação que tudo considerava como “produtos turísticos”, também as manifestações e práticas culturais de uma determinada comunidade, propondo e promovendo alterações de conveniência e introduzindo novos elementos formais e expressivos, com substituição

de designações histórico-identitárias e estrangeirismos vários,.. A “turistificação” é um fenómeno normalmente ligado à promoção de actividades de animação turística, utilizando recursos culturais descontextualizados e deficientemente interpretados, com “espectacularização” da forma e secundarização dos conteúdos. Foram estudados muitos casos de “invenção da tradição” Nos últimos anos surgiram, também em Portugal, bons exemplos de cooperação estratégica em turismo cultural, projectos que se fundamentam na genuinidade, no conhecimento histórico e artístico, na integração de visitantes nas comunidades com respeito pelos valores locais, projectos de ecologia, de interpretação de patrimónios, de ciência e também de turismo solidário. A Gestão Cultural, disciplina científica surgida nas últimas décadas como resposta aos problemas do desenvolvimento social, da gestão de infraestruturas e das indústrias culturais, centra

“ESCULTURA DE PEDRO FIGUEIREDO” Até 28 DEZ | Foyer do Auditório Municipal de Olhão Na presente exposição encontramos uma tendência para a fantasia, para o universo imaginário e para a depuração da figura em que a reprodução do real não é a direcção plástica da sua obra

a sua acção na investigação aplicada, na formação profissional e na gestão dos recursos culturais em sintonia com as convenções e recomendações da UNESCO, nomeadamente quanto à protecção da diversidade cultural do planeta. A constituição da Economia da Cultura como ramo disciplinar autónomo no âmbito da Gestão Cultural, colocou em evidência realidades que transcendem a tradicional e errada visão da cultura como sector “não produtivo” ou meramente “espiritual”, subsidiado e complementar. A especificidade dos bens culturais e valores associados, a forma como a sociedade os interpreta, valoriza e (re) produz, as relações entre oferta e procura, a mensurabilidade da produção e recepção cultural, o impacto das industrias culturais na formação do PIB nacional e na criação de empregos, são novas variáveis a ter em conta. A Gestão Cultural para o Turismo é neste contexto um domínio do conhecimento adequado às necessidades actuais. Esta disciplina deveria ser in-

troduzida nas Universidades portuguesas e sobretudo utilizada pelas regiões turísticas. Encontramo-nos hoje perante uma acelerada mudança de paradigmas. Por esgotamento de recursos e inadequação estratégica, as políticas auto-centradas e monoprodutivas serão a curto prazo inviáveis. O Algarve necessita reequacionar estratégias, valorizar o seu potencial, promover a gestão conjunta e coordenada de recursos ambientais, turísticos e culturais, com participação de investigadores, gestores de áreas de conhecimento e sobretudo das comunidades locais. A riqueza cultural do Algarve, material e imaterial, sublinha a necessidade de complementaridades estratégicas entre as cidades algarvias e regiões vizinhas, com a valorização dos produtos do mar e do mundo rural, sublinhando identidades que evoluíram ao longo de muitos séculos e que podem ajudar a construir uma contemporaneidade personalizada, humanizada e equilibrada, por isso mais atractiva e sustentável.

“PRESÉPIOS DE MARIA CAVACO SILVA” Até 5 JAN | Convento de Santo António - Loulé A colecção de presépios da Primeira-Dama nasce de uma antiga paixão, construída ao longo dos anos, e que é fruto de uma recolha informada e afectiva


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Cultura.Sul

07.12.2012

••Novo talento do Fado à conversa

panorâmica

Ricardo Claro/Pedro Ruas

Márcio Gonçalves estreia-se com “Falta escrever na lua” O Algarve continua a ser profícuo em novos talentos e a música não é excepção. O fado desde cedo apaixonou Márcio Gonçalves que, agora com 25 anos, tem vindo a ganhar espaço e visibilidade, quer no panorama musical local, quer no resto do país. O Cultura.Sul foi ao encontro de Márcio Gonçalves e ouviu aquilo que a voz do fadista tem para dizer sem ser a cantar. Márcio Gonçalves, fadista, licenciado em Ciências da Comunicação, pela Universidade do Algarve, mas também presidente de uma associação sócio-cultural, iniciou-se nas lides do canto aos nove anos, num grupo coral tavirense onde, como contou ao Cultura.Sul, começou por “aprender a cantar, a colocar a voz e a ganhar afinação”. Ainda jovem foi o karaoke que o manteve perto da sua paixão, a música. O fado surge naturalmente dado o gosto de Márcio pela música portuguesa, mas também, porque não raras vezes nesses mesmos karaokes lhe pediam “canta lá um fadinho” e assim nascia o fadista. Certa noite e enquanto ouvia ao vivo a fadista Raquel Peters e o guitarrista Vítor do Carmo, foi lançado o repto à audiência para que se lhe juntassem e cantassem um fado, Márcio acedeu, começando a encantar logo ali. Findo o espectáculo, surge a proposta para marcar presença num concurso de fado amador, o que o jovem fadista aceitou e onde chegou à final. Ganhou-lhe o gosto, garante, e durante “três ou quatro anos participei em concursos de fado um

to fadista é um processo contínuo, sobre a qual trabalha a cada dia, a cada espectáculo e que “mais tarde ou mais cedo saberei definir”. Um motivo que muito orgulho traz ao jovem fadista passa pelo facto do álbum ter sido, todo ele, produzido na sua terra. “Todo o processo, o projecto, a produção fotográfica e a produção em estúdio foi toda feita cá, por pessoas de cá”, afirma.

pouco por todo o Algarve”, diz o fadista. Neste período conheceu pessoas ligadas ao meio e “comecei a trabalhar um repertório de fados com os quais me identificava e que, regra geral, são do conhecimento do público”. Falar de um fadista é falar de um cantor, mas também dos músicos que o acompanham e Márcio Gonçaves tem-se feito ouvir ao lado de Ricardo Martins (guitarra portuguesa), a quem reconhece ser “um jovem prodígio da guitarra portuguesa, quiçá o melhor do Algarve neste momento”, mas também de Aníbal Vinhas e Nuno Martins, ambos na viola de fado e de António Correia, no contrabaixo. Com referências musicais como “António Zambujo, Marco Rodrigues, Camané ou Carlos do Carmo”, Márcio Gonçalves diz que, apesar de cantar “fados tradicionais, com músicas antigas, prefere contudo letristas contemporâneos que escrevam letras que façam sentido cantar, como amostra da realidade actual, sem esquecer os temas relacionados com o fado como a saudade ou o amor”, revela.

Perspectivas de futuro

Ponto de viragem Um dos momentos de viragem na sua carreira musical foi, segundo Márcio Gonçalves, a participação no concurso televisivo Grande Prémio do Fado RTP/Rádio Amália, onde venceu todas as etapas, semanal, mensal e trimestral e onde a 6 de Outubro de 2012, no Casino Estoril, participou na grande final. Esta

Márcio Gonçalves apaixonou-se desde cedo pelo fado experiência foi, segundo o intérprete, “excelente e permitiu-me um primeiro contacto com o mundo televisivo onde conheci muitos músicos

A guitarra portuguesa e a viola de fado a ladearem Márcio Gonçalves

e produtores”, tendo ainda sentido que este concurso lhe deu “mais visibilidade, um maior interesse por parte do meio artístico pelo seu trabalho e consequentemente mais convites para trabalhar”. Faltava contudo um novo e ambicionado passo, o lançamento do seu primeiro álbum, “Falta escrever na lua”, que “compila alguns fados que achei que fazia sentido estarem juntos”. Segundo Márcio Gonçalves, há no disco “a tentativa de inovar e dar uma nova roupagem, numa fusão ibérica que reflecte diferentes estilos musicais”. O fadista reconhece alguns riscos associados a este passo, contudo afirma que “apesar de não apresentar ainda um nível de maturidade elevado, esta é a compilação daquilo que aprendi até ao momento” e espera um dia mais tarde, “aquando do meu segundo trabalho, ver que evoluí enquanto artista”. Para Márcio Gonçalves a identidade enquan-

Tecendo algumas críticas quanto à escassez de oportunidades que um fadista pode almejar no Algarve, Márcio Gonçaves garante que “a grande massa fadista está em Lisboa”, ao que acrescenta, “as pessoas mais influentes e que podem dar credibilidade a um projecto mais sério e mais coeso passam sempre pela capital”. Apesar do relevo que o fado teve aquando da classificação de património imaterial da humanidade, pela UNESCO, Márcio Gonçalves encontra apenas um aspecto que considera ser mais positivo e que passa pelo facto de ajudar a “aguçar o interesse do público estrangeiro”, o que agrada ao cantor por ver neles “um público mais curioso”. Não obstante, “por cá pouco mudou e todos os caminhos do fado profissional vão dar a Lisboa”, revela o fadista, que, apesar de entender o chavão do “fado estar na moda”, considera que tal não resultou da classificação atribuída pela UNESCO, mas sim “do trabalho que os fadistas tiveram para que este género musical estivesse novamente na moda e a classificação é apenas uma consequência disso mesmo”. No futuro Márcio Gonçalves quer continuar a busca da sua identidade enquanto artista e considera a hipótese de “arriscar um projecto de originais que me traga mais valias enquanto artista, quer a nível pessoal, quer a nível profissional”. Para já, o jovem fadista algarvio actua semanalmente numa tasca santaluziense e entre espectáculos para os quais é convidado ou galas solidárias em que participa, tem já perspectivados concertos no Algarve, Alentejo e Espanha, estando ainda aberta a possibilidade de vir a actuar em França e na Bélgica em 2013.


Cultura.Sul

07.12.2012

panorâmica

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Ricardo Claro

••Música

O mundo intimista de Nanook

Martins, respectivamente no contrabaixo, guitarra eléctrica, teclados, bateria e baixo eléctrico. Nanook ao comando assume a voz , a guitarra, a harmónica e a percurssão num registo, que todos já conhecem no intérprete, de verdadeira “one man band”.

A capa de Mundo XXI Nanook assume a expressão do vagabundo neste segundo disco. O vagabundo no sentido daquele que calcorreia “itinerante” um mundo próprio cheio de diversidade e de “intimismo” e que propõe letras e sonoridades várias que interpretam a vida como só um vagabundo faz, de forma diferente. Nem tudo são intimismos neste novo disco de Tércio Freire, os temas são diversos na métrica, na atitude e na persona que os interpreta. A melódica, influenciada pelos blues e pelo folk rock, tem ritmos inesperados de tango e traços diversos, de singularidade interpretativa. Nascido nos Açores, ao Cultura. Sul Nanook reconhece no álbum traços do lamento próprio de ser ilhéu, apesar de confessar “nunca ter pensado nessa perspectiva e sempre na de quem assume uma posição de intimismo com o público”. Mas as raízes não perdoam e assume que se sente verdadeiramente ilhéu. “Há na minha vida a noção do olhar para dentro e de lamentar qualquer coisa que não se sabe bem o que é”, diz como quem reconhece na vivência quotidiana a força bruta de uma identidade subliminar imposta pela terra rodeada do imenso Atlântico. Mundo XXI, o título do novo álbum, tem a marca dos arcanos. A última carta do tarot, arcano maior, não é uma escolha acidental. “É a minha carta preferida do tarot”, diz Nanook que a entende como simbólica “da esperança” e “do acreditar que tudo vai ficar melhor”. Uma “fé” que o cantautor há muito fixado no Algarve reconhece como sua também, muito embora se diga “não religioso”. Num trabalho em que Nanook sublinha o valor das letras, todas de sua autoria, bem como as melodias, o intérprete não esconde que este foi um enorme desafio imposto

Os temas de Mundo XXI: a si mesmo. “Escrever em português foi uma opção e um desafio que me coloquei”, apesar de ter, confessa, “poucas influências da música portuguesa no seu registo”. Na calha das influências, junto a nomes como Bob Dylan e Tom Waits, surgem os Entre Aspas e Viviane, António Variações e Heróis do Mar. O álbum O CD assume na imagem o intimis-

1. A triste procura da alegria 2. Mais perto só 3. Tango do vagabundo 4. Quem tem coração não ouve a razão 5. Valsa Sombria 6. Espero por amanhã 7. Traça o mundo 8. Corrente subterrânea 9. Gastei 10. Canção do velhinho

a edição de autor pode ser adquirida através dos sítios habituais na internet – iTunes, cdbaby, Amazon, iMusic – ou através de pedido directo para o facebook http://www.facebook.com/ Nanook.ovagabundo. Para ouvir alguns dos temas basta viajar na internet até www. coundcloud/nanook-o-vagabundo ou passar pelo sítio http://pt.myspace. com/nanookspace. Nanook, o simbolismo Tudo está carregado de simbolismo neste novo trabalho de Nanook (Tércio Freire). Se a escolha do Vagabundo para consubstanciar a conceptualização do ideário musical de destino do álbum não foi um acidente e se a imagem seguiu um trilho condicente, menos se não poderia esperar do próprio nome, “Nanook”. A palavra da língua inuktitut, falada pelos inuits, povos das terras geladas canadianas, tem entre os seus

com um sorriso - urso polar, um animal de que gosto desde sempre”, uma referência ao lado biólogo do intérprete que deixou a licenciatura em Biologia Marinha “numa prateleira bem guardadinha”. Longe do Tércio que nos dá músicas pelos mais diversos espaços do Algarve, noite dentro em sucessivas versões de grandes temas da música anglo-saxónica, Nanook é em tudo diferente, feito reencarnação de um outro eu que habita um lado mais inquinado de sombras e de refúgios do homem que aos dez anos teve a guitarra como escolha longe de saber que a tinha já então como destino. Mais do que cantor de bares, do que professor de música - que lecciona desde 2005 -, muito para além do letrista e do músico, Nanook é uma fiel expressão do eu numa das suas múltiplas facetas e convida a uma experiência diferente num álbum que se afirma a si próprio longe de

Nanook, o Vagabundo, apresenta o seu segundo trabalho discográfico, Mundo XXI mo que se quer nota dominante na visão que Nanook faz do seu trabalho. As imagens carregadas de grão e plenas de cinzas e sépias, os caminhos e os horizontes solitários foram a visão do todo musical feita imagem fotográfica. Por detrás dos instrumentos que robustecem o corpo do álbum estão nomes como Zé Eduardo, Pedro Gil, Elísio Donas, Sónia “Little B” Cabrita e Marco

Tó Viegas e Tiago Lopes na gravação realizada nos estúdios ZipMix em Olhão, juntaram a sua mestria a Peer Neumann, que masterizou a obra em Berlim, na Alemanha, nos estúdios da Mainberlin Audioproduktion. Realce para a experiência de Viviane que Nanook reconhece fundamental no trilhar deste novo momento da carreira. O alinhamento inclui dez temas e

múltiplos significados, diz Nanook, o sentido de solitário, ideia identitária em que o cantautor se revê e que se une no caso deste álbum ao Vagabundo enquanto solitário itinerante que entende o mundo numa perspectiva única que importa partilhar por entre letras e acordes, notas e versos. “Nanook é também - relembra

comparações ou tendências mais ou menos seguidistas. Para ouvir e repetir, porque se estranha e depois se entranha, a sonoridade proposta por Nanook é a de um composto único, nascido, ilhéu, feito a pulso e vivido, em larga medida, algarvio. Sugestivo? Só falta ouvir e deixar-se arrebatar pelo som vagabundo de Mundo XXI.


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07.12.2012

momento

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Vítor Correia

Feira de S. Martinho

Espaço ALFA

Captar os fogos-de-artifício com gosto pela fotografia nocturna

José Filipe Sobral

Suplente da Direção da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

É um projecto que este ano irei experimentar para capturar os momentos com muita luz de várias cores produzidas no fogo-de-artifício que serão lançados no Algarve. É uma sugestão que dirijo às pessoas que captem estes momentos nos vários sítios de destaque como Tavira ou Albufeira. Este ano vou tentar captar bem e melhor os fogos-de-artifício através de um programa que existe para a Canon que se chama Magic Lantern, disponível gratuitamente na internet. É um programa que permite ter mais opções na câmara fotográfica

do que aquelas que traz de origem. Por exemplo, tem a detecção de movimentos que é excelente para os fogos-de-artifício. Calcula-se onde o fogo irá rebentar, aponta-se para a zona a máquina fotográfica, é feita a pré-focagem e depois o programa vai detectar os movimentos que actuam pelas variações de luz. A câmara fotográfica acaba por captar a imagem no momento certo. Outro tipo de fotografia que gosto são as nocturnas dentro das cidades. A iluminação dá outro impacto no ambiente. Durante o dia não se repara em determinados elementos porque a luz é mais dispersa. A luz é importante tanto de dia como de noite mas dá outro impacto, revela outros pormenores, outros detalhes que não se verificam de dia e que eu vou tentar captar à noite nos últimos momentos do ano. Outra coisa também importante são as fotografias HDR – Alta Gama Dinâmica. Para ter uma boa foto HDR tem que captar várias fotografias com

exposições diferentes. Depois tem que se juntar as imagens captadas e vai dar uma imagem muito mais detalhada de pormenores e sombras, dando ou-

tro impacto à fotografia. Acrescento que gosto muito das formações e dos passeios promovidos pela ALFA – Associação Livre Fo-

tógrafos do Algarve e aproveito para anunciar que este ano haverá ainda mais actividades. É uma questão de espreitar em www.alfa.pt.


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Cultura.Sul

07.12.2012

Espaço Educação

Estatuto do Aluno e Ética Escolar - promoção da disciplina

destaque

Na edição anterior foram evidenciados os aspetos inovadores do atual Estatuto do Aluno e Ética Escolar, aprovado pela Lei n.º 51/2012, de 5 de setembro, valorizando-se os aspetos gerais e pedagógicos das medidas de recuperação e de integração e o papel dos pais/encarregados de educação no cumprimento das mesmas. Na presente abordaremos as medidas utilizadas na correção de comportamentos e reposição da disciplina, sendo que tanto as medidas corretivas como as sancionatórias prosseguem finalidades pedagógicas, preventivas, dissuasoras e de integração e visam o cumprimento dos deveres do aluno, o respeito pela autoridade dos professores e demais funcionários, bem como a segurança de toda a comunidade educativa. O incumprimento e a ineficácia das medidas de recuperação e de integração ou a impossibilidade de atuação determina a comunicação obrigatória à respetiva comissão de proteção de crianças e jovens ou, na falta desta, ao Ministério Público junto do tribunal de família e menores territorialmente competente, de forma a procurar encontrar com a colaboração da escola e, sempre que possível, com autorização e corresponsabilização dos pais/encarregados de educação, uma solução adequada ao processo formativo do aluno e à sua inserção social. A violação pelo aluno de alguns dos deveres consagrados no Estatuto ou no regulamento interno da escola, de forma reiterada e/ou em termos que se revelem perturbadores do funcionamento normal das atividades escolares ou das relações na comunidade educativa, constitui infração disciplinar passível da aplicação de medidas disciplinares corretivas e sancionatórias, conforme se indica: Ao nível do elenco das medidas disciplinares corretivas, a novidade reside na possibilidade de ser aplicada ao docente a medida corretiva de realização de tarefas e ativida-

Advertência

MEDIDAS DISCIPLINARES CORRETIVAS

Ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar Realização de tarefas e actividades de integração na escola ou na comunidade

Condicionamento no acesso a certos espaços escolares ou na utilização de certos materiais e equipamentos

Mudança de turma Repreensão registada

MEDIDAS DISCIPLINARES SANCIONATÓRIAS

Suspensão da escola até 3 dias úteis Suspensão da escola entre 4 e 12 dias úteis Transferência de escola

Expulsão da escola

des de integração na comunidade, ou seja, fora do espaço escolar, a qual deverá ser executada em período suplementar ao horário letivo do aluno, sob supervisão da esco-

la, mas com o acompanhamento dos pais/encarregados de educa-

“CONCERTO COM A BANDA SINFÓNICA DA PSP” 8 DEZ | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Este evento destina-se a obter fundos para a compra de uma cadeira de rodas, ou outras ajudas técnicas adequadas ao Pedro, um jovem que reside em Bensafrim, no concelho de Lagos, e que sofre de paralisia cerebral

ção, ou de entidades locais, estas últimas mediante protocolo escrito a celebrar com o estabelecimento de ensino. Para além da correção do comportamento perturbador, podem ser aplicadas medidas disciplinares sancionatórias, dada a relevância e qualidade da infração praticada. A novidade reside na possibilidade de aplicar ao aluno a expulsão de escola, sendo que esta só poderá ser aplicada ao aluno maior de idade e quando se constate não haver outra medida ou modo de responsabilização no sentido do cumprimento dos seus deveres. Existe também a possibilidade do diretor da escola/agrupamento decidir sobre a reparação dos danos ou a substituição dos bens lesados ou, na sua impossibilidade, sobre a indemnização dos prejuízos

causados pelo aluno à escola ou a terceiros. Reforça-se, assim, a responsabilidade dos pais/encarregados de educação, co-responsabilizando-os pelo incumprimento dos deveres a que os seus educandos estão obrigados a respeitar no seio da comunidade educativa, bem como pelos efeitos pedagógicos e educativos das medidas disciplinares que venham a ser aplicadas pela escola. Para além da indemnização pelos danos patrimoniais causados, o Estatuto consagra ainda expressamente como deveres dos pais/ encarregados de educação, os seguintes: - reconhecer e respeitar a autoridade dos professores e incutir nos seus filhos ou educandos o dever de respeito para com os professores e demais membros da comunidade educativa; - participar em todos os atos e procedimentos para os quais sejam notificados no âmbito de procedimento disciplinar; - manter atualizados os seus contatos telefónicos, endereço postal e eletrónico, bem como os do seu educando, quando sejam diferentes. Importa, ainda, referir que o não cumprimento pelos pais/encarregados de educação dos deveres gerais de acompanhamento e participação no processo educativo e formativo dos seus educandos, determina a comunicação aos serviços do Ministério Público e à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, para efeitos de eventual promoção de sessões de capacitação parental, sendo que poderá implicar a reavaliação dos apoios sociais atribuídos que se relacionem com a frequência escolar dos alunos. O incumprimento reiterado dos pais/encarregados de educação dos deveres a que estão obrigados, pode dar origem à instauração de processos de contraordenação, com aplicação de coimas, cujo montante varia em função dos valores dos apoios da ação social escolar para aquisição de manuais escolares.

“SEAREIROS DA RIA FORMOSA” Até 28 DEZ | Foyer do Auditório Municipal de Olhão Telma Veríssimo é fotógrafa free-lancer desde 1993, mantendo colaborações regulares com publicações regionais e nacionais e diversas entidades públicas e culturais da região


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Contos de Natal na Ria Formosa

E mesmo assim…. o Natal

Pedro Jubilot

pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

Terminados os dias de maior calor do ano, aqueles em que é recolhida à superfície da salina uma finíssima película de cristais de sal, chega o sempre difícil mês de Setembro. Os dias começam a ficar mais pequenos, as noites mais frescas. Há que acostumar de novo a ficar em casa, porque já se regressou ao trabalho e é tempo de refazer horários de sono. É preciso preparar o regresso das crianças à vida escolar. Todos os anos esta mudança causava a Álvaro um pouco de ansiedade, que este ano se agravara devido aos problemas surgidos no trabalho. No caminho de regresso a casa, como fazia todos os dias, conduziu vagarosamente o seu antigo carro de estimação até ao fim da estrada que vai acompanhando o rio desde a cidade até à foz. Saiu para contemplar a paisagem, sentir a aragem mais fresca e observar o curso das quatro correntes que ali naquele lugar se encontram. Aquelas águas que ali fluem e confluem e que eram como que a imagem da sua própria vida, estavam hoje paradas no seu olhar, como se de uma lagoa estagnada se tratasse. Um amigo dos tempos de juventude que ali passava de barco, cumprimentou-o: ‘Eh! Alvinhas, queres ir à pesca?’. Apenas lhe acenou quase sem perceber quem era que lhe falava, mas só assim realizou que tinha que sair dali e daqueles sórdidos pensamentos para onde a sua mente o estava a levar, pois esperavam-no os outros três afluentes da sua vida. Abriu a porta de casa mas sentou-se logo no cadeirão da sala mesmo sem despir o casaco. Tinha frio, estava exausto, arrasado, estoirado. Ele nunca tinha pensado que a crise global que todos os dias é anunciada pelos telejornais pudesse saltar do pequeno ecrã para a sua casa, para o seu sofá, para dentro de si. Mas chegara hoje esse dia, em que a sua empresa, uma pme como lhes chamam na imprensa, não resistiu… Assim, o sr. Caetano, 45 anos, recentemente apanhado na teia do desemprego, começou a ficar cada vez mais tenso à medida que o Natal se fazia anunciar por todo o lado - na televisão, nas luzes brilhando na sua

própria rua, e sobretudo nas crianças lá de casa que começavam já a esboçar as cartas de pedidos de presentes. Como extremoso pai, da sua família, ocupava todo o tempo que agora já tinha, a magicar um modo de poder presentear os seus pequenos filhos, na próxima quadra natalícia. Os biscates que ia arranjando mal davam para a comida diária, mas o empreendedor Álvaro lembrou-se de algo que lhe podia ainda vir ajudar a salvar o Natal. Começou por contactar alguns amigos e conhecidos no sentido de averiguar do interesse nos mágicos serviços que estaria disposto a prestar-lhes, ou caso não precisassem, que transmitissem a sua luminosa ideia a conhecidos seus. Passada uma semana, apesar da sua actual baixa auto-estima, tinha como réstia de esperança qualquer coisa que se arranjaria. Mas não podia prever que a sua tarefa seria tão bem recebida quanto requisitada.

activo e prestável. Não tinha perdido o jeito. Deste modo conseguiria dinheiro para subsistir durante alguns dias e pagar algumas das prendas para os miúdos e para os familiares. Quando voltou a casa ainda Isabel o esperava acordada para saber como tinha corrido a operação ‘barbas brancas’ e colocarem os presentes para os filhos junto à lareira, como prometido. Aí pela primeira vez se sentiu um verdadeiro Pai Natal. Apesar do mau jeito que a vestimenta dava, mesmo assim vestido foi descansar um pouco. E pouco pareceu porque daí a duas horas o despertador do telemóvel tocou para que se desse inicio à segunda ronda do seu percurso. Agora, para aqueles que gostavam de ser acordados pelo São Nicolau, a desejar-lhes um ‘Feliz e Santo Natal’, anunciando que os seus ajudantes duendes, já teriam ali deixado as prendas há poucos segundos atrás,

‘Bom, tenho que me ir embora’. ‘Ena pá !?..., não digas mais nada,… já percebi. Vens mesmo do trabalho. Não me digas que és tu o Pai Natal que o Casimiro e o Tó Vieira contrataram… ainda estás sem nada?, eles disseram-me que tinhas ido ao fundo… porque é que não falaste comigo, arranjava-se qualquer coisa, lá no sal, e tu que gostas tanto daquilo pá…’ ‘Está bem, depois falo contigo. É muito fixe o teu novo jipão. Gostei de te ver Castro! Feliz Natal!’ ‘Feliz Natal o caraças! Porque é que achas que estou para aqui na rua a esta hora. É o meu primeiro Natal sem os putos. Foram passar as festas a Lisboa com a mãe. Ela agora vive lá. Estou sozinho. A minha mãe está lá, para onde quer que Deus a tenha levado. O meu pai lá no lar mal me reconhece. O meu irmão continua em França, não quer saber desta porra de terra para nada… e eu estou para

Então, já noite de 24, com a ajuda da mulher Isabel tentava por tudo despachar João e Filipe para a cama, com promessas de surpresas que surgiriam de caixas coloridas e enlaçadas, que pela manhã cedo seriam depositadas junto à lareira entre o pequeno presépio e a grande árvore de natal decorada a rigor. Assim que a sempre difícil missão foi conseguida, Álvaro começou a vestir o fato de Pai Natal com que se dirigiria às casas dos seus efémeros clientes para distribuir as aguardadas prendas da praxe, misturadas com as gargalhadas que a surpresa suscitaria nalguns, e mesmo por vezes pequenos choros nos mais pequenotes. A seguir a esses quinze minutos de magia e muitos flashes, partiria com mais trinta euros no bolso, para a morada seguinte onde repetiria o acto até às primeiras horas do dia. Era mesmo bom para o negócio ter conseguido conciliar os diferentes horários a que as pessoas faziam a consoada e a que gostavam de receber os presentes, ou com a hora a que regressavam da missa do galo. Há muito que não se sentia assim tão

e que os meninos e meninas já podiam ir a correr desembrulhar tudo. O velho transportador de sonhos tinha de partir. Quando por fim regressava à casa, ao sair do carro, arrancou a barba postiça que Isabel lhe havia colado à cara há já demasiadas horas, quando reparou no homem dentro do jipe topo de gama estacionado a seu lado. Tinha uma garrafa de whisky quase vazia na mão e meteu-se com ele: ‘Oh, oh! Oh! Oh!’ Ao que Álvaro retorquiu: ‘Bom dia amigo, se anda à procura dum Pai Natal, saiba que este já está a sair de turno.’ ‘Eh! Alvinhas, és tu pá?! Ganda farra amigo, já despachaste as renas… E eu que pensava que era o único pai perdido na noite de Natal.’ ‘Não, não venho de nenhuma farra, fui só fazer um pequeno favor ao meu cunhado, uma brincadeira para os miúdos.’ ‘Nã me venhas com tretas pá, tu tens lá algum cunhado. Conta lá onde é que largaste as… renas… Oh! Oh!... Ouh’

aqui, com a bomba de 75.000 euros… como é que o Natal pode ser feliz…’ De repente, Álvaro olhou para o seu prédio e pareceu-lhe ver alguém sentado à sua porta. Era no mínimo estranho, àquela hora da madrugada. Dirigiu-se para casa seguido pelo amigo. Álvaro ficou tão surpreendido que nem foi capaz de se zangar: ‘Joãozinho… querido… o que fazes aqui? ‘Estava a ver se o Pai Natal passava…’ ‘Onde estão a mamã e o maninho?’ ‘Ainda estavam os dois a dormir, pai. …Pai? Tu não és o Pai Natal, pois não?’ ‘Não! Claro que não! Esta roupa… estava só a experimentá-la para ver se ainda estava boa… para emprestar aqui ao meu amigo Castro. Toma Castro! Agora é tua, pode ser que precises dela. Usa-a bem. Bom dia. E vê se descansas! …E nós João, vamos ver se já chegaram as nossas prendas.’ Álvaro e João entraram em casa, mesmo ao tempo que Isabel e Filipe saltavam da cama. Foram todos ver as prendas. Mas o que Álvaro precisava mesmo era de um duche quente,

uma chávena de chá, e de um pouco de descanso até à hora do almoço que juntaria toda a família. Esse teria de ser um dia feliz. Também porque teria pouco tempo para pensar na sua situação actual e futura. E à noite, cansado de tudo, dormiria melhor do que nos dias antecedentes, e com toda a certeza sem dar tantas voltas na cama antes de adormecer, em busca de uma solução. Com o novo ano já entrado e sem os miúdos que o entretinham, pois já haviam regressado à escola, tudo voltava ao normal nesta nova vida de Álvaro, que era sentir-se cada vez mais desanimado com a sua situação. Tivera uma ideia tão boa, mas tão sazonal que até se irritava de a ter tido. Afinal o Natal não depende da vontade do homem. Nada como ligar a televisão para repartir desgraças. Nisto o telefone toca e ele atende.‘Estou!?’ ‘Eh! Alvinhas!? Atão pá, como é que vai isso ? ‘Tudo bem, quer dizer, tudo na mesma. E tu, já estás melhor?’ ‘Nem imaginas o bem que me fizeste. Vesti o fato que me deste, fui para Lisboa, convenci os putos e também a Iara a irem comigo passar o révellion a Paris, para conhecerem o meu irmão e os únicos primos que têm. Foi fantástico, pá. Estamos todos juntos outra vez, vou ficar cá em cima por uns tempos para ver se as coisas se recompõem entre nós, tás a ver. Obrigado, Alvinhas!... Tá, Alvinhas !? Ainda tás aí, pá? ‘Sim Castro, estou a ouvir. Ainda bem que assim é. Fico feliz por ti.’ ‘Ah! Já me esquecia, aparece amanhã aí no meu escritório. Estão à tua espera para me ires substituir. És o novo director da Sal.Sul. Não te esqueças pá, conto contigo. Há imenso trabalho. Depois falamos, tchau!’ E desligou. Voltou então de novo a percorrer o caminho que sempre fazia no final de cada dia de trabalho, pela estrada cujas bermas se abrem de ambos os lados para as salinas que dão a flor mais branca, húmida e cristalina do país e quem sabe, como alguns dizem, de todo o mundo. Dum céu carregado de nuvens muito densas e escuras chovia com pouca intensidade, mas o vento soprava de tal modo forte de oeste que a água sobre as salinas se começava a ondular. Já era noite quando chegou junto ao cais de embarque. Os poucos clientes do pequeno bar de madeira, abrigavam-se junto ao balcão para uma última bebida. Olhando para o lado esquerdo, já se acendiam as luzes da pequena torre da igreja da unidade hoteleira, mas que outrora era o arraial que serviu de apoio aos pescadores da armação de atum que estava ali instalada. As gaivotas voavam sobre a terra sinalizando o mau tempo no mar. Mas mesmo assim Álvaro podia voltar a sorrir mais uma vez.


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Cultura.Sul

07.12.2012

livro

Vasco Graça Moura: 50 anos de ficções e quase ficções Adriana Nogueira

Classicista Professora da Universidade do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Este ano comemoraram-se os 50 anos de vida literária de Vasco Graça Moura, poeta, tradutor, romancista, crítico, político, gestor, melómano, enfim, um homem dos sete ofícios, todos eles exercidos de modo a não deixar ninguém indiferente. Para estas colunas trago a sua ficção narrativa, os seus contos e romances, em número superior à dezena. Todos os títulos estão disponíveis, a preços extremamente acessíveis, mas quase exclusivamente por encomenda, pois, se formos a uma livraria (fiz a experiência há pouco tempo), um dos poucos que encontramos (normalmente o único) é Partida de Sofonisba às seis e doze da manhã, reeditado neste 2012 (pela Quetzal, que publica a maior parte destas obras), 19 anos depois da primeira edição. Se tivermos sorte, numa prateleira ou outra também se encontram alguns dos volumes da trilogia «O vermelho e as sombras» (O Pequeno-Almoço do Sargento Beauchamp (2008), O Mestre de Música (2010) e Os Desmandos de Violante (2011), em edição da Alêtheia), conjunto de pequenos romances situados em Portugal, durante as Invasões Francesas. São três livros que se leem de uma assentada, com um humor cortante e desconcertante, cujas personagens, de uma amoralidade generalizada, se tornam o alvo da nossa crítica daqueles costumes, influenciados pela narração, que, mais ou menos discretamente, nos leva a isso. Tome-se um exemplo, a propósito da sociedade britânica, mas que, facilmente, se aplicaria à portuguesa: casada com um general inglês, Joana «aprendera a regra de ouro das damas da alta-roda inglesa: casavam e tinham um ou dois filhos, para assegurarem a continuidade familiar. E depois, desde que fossem discretas e não dessem escândalo, podiam fazer tudo o que lhes desse na real gana, muito em especial ter os amantes que lhes apetecesse. Assim, tivera várias aventuras sem consequência, à imagem do que se ia passando com outras suas amigas da boa sociedade londrina, muito mais altamente colocadas do que ela» (O Mestre de Música, p. 50). O tipo de linguagem deste narrador aproxima-o de alguém também sem muitos escrúpulos, que usa metáforas populares, como «dar na real gana»,

referido atrás, ou «ser desgraçada por alguém», com o sentido de ser violada: Violante fora para Lisboa, «após ter sido desgraçada pelo padre-cura da aldeia»; ou «pôr com dono», no sentido de ser abandonada: «quando ele a pôs com dono, por a ter trocado por outra»; ou ficar «ao deus-dará», no sentido de ficar abandonado: «soube também que a rapariga ia ficar desamparada e ao deus-dará», e aí por diante. Em muitos dos romances encontramos marcas de classe na linguagem (como o uso de «beiços» em vez do popular «lábios», com consciência de que o seu uso se restringe a uma classe alta «sendo o termo “beiço”, com toda a evidência, muito mais bcbg». Morte no Retrovisor, 2008, p.23), o realce do valor que se dá à educação e à cortesia («aprendi […a] comer sem falar com a boca cheia, […a] oferecer o lugar às senhoras nos carros eléctricos, nas salas de espera, ou onde quer que elas precisem de lugar» (Partida de Sofonisba às seis e doze da manhã p.302), revelando uma cuidada instrução e cultura através das inúmeras referências, explícitas ou implícitas, à literatura, música, arte, entre outras áreas, não impedindo essa erudição que o leitor comum frua tanto o aspeto literário como as histórias que são contadas. Sim, porque Vasco Graça Moura é um excelente contador de histórias, que nos consegue prender na narrativa e surpreender-nos com o desfecho que encontra. Mas nos seus romances há mais do que histórias: há opiniões, teorias, ideias sobre as quais as personagens vão discorrendo e que também nos fazem pensar e, algumas vezes, tomar partido, outras vezes, rejeitar. É uma escrita que não nos deixa indiferentes e que dá vontade de ler mais. E essa é outra boa surpresa destes romances. Apesar de se encontrarem linhas mestras que se repetem (a presença de referências à literatura, à arte e ao amor), este autor consegue ser sempre diferente nas abordagens. No entanto, destacaria um tema impossível de não notar na sua escrita: o amor por e o conhecimento de música. O seu primeiro romance, Quatro últimas canções (1987), é construído ao som das composições homónimas de Richard Strauss e eu aconselho o/a leitor/a a fazer o exercício – e verá que é um prazer – de ouvir estas peças antes, durante e/ou depois de ler o livro. Descrever uma música não é fácil, pois os sons apelam a sentimentos e estes são o que mais individualizado existe. Mas Vasco Graça Moura consegue com mestria fazer aquilo a

Vasco Graça Moura, personagem polifacetada da Cultura que eu chamaria uma écfrase musical (por extensão do significado de écfrase – descrição de uma pintura). Apresento um pequeno exemplo, retirado do livro de contos Morte no Retrovisor (que tem como subtítulo o nome que dei a esta crónica. E não, não é um livro policial, apesar do nome fazer pensar nesse género): «O acordeão sustentava algumas notas, fazia tremoli e glissandi noutras, retomava a melodia num rodopio, enriquecendo-a de acordes a coincidirem com os tempos fortes marcados pela guitarra e pelo contrabaixo, enquanto a voz do cantor se entregava a melismas convencionais e quase segregados numa toada a ressumar transes de paixão, nostalgia rioplatina e engates de putas melancólicas» (p.170). Nas suas palavras, até um ressonar (do deputado Araújo, personagem secundária de Quatro Últimas Canções), durante um concerto, tem graça: «o seu ressonar, a princípio um fino zumbido de besouro no cio, e depois, adequadamente ao contexto, um espesso contrabaixo em merencórias surdinas (…), estertores súbitos de motor a gasóleo em fase de arranque e velas sujas.» Como não vou poder falar de todos

os seus romances, vou destacar apenas mais dois: A Morte de Ninguém (1998) e Naufrágio de Sepúlveda (1988). A Morte de Ninguém começa e termina com uma carta sobre uns escritos de um falecido professor. No centro, a narrativa desenvolve-se na primeira pessoa, sendo este professor a personagem que narra e conta duas outras histórias a um interlocutor que nunca aparece. Na verdade, estamos perante um monólogo, mas a estrutura variada das histórias contadas não o dá a entender, pois intercala a correspondência de um seu irmão (que esteve na guerra de África) com uma amiga (mais uma conhecida) que vivia nos EUA, com os seus apontamentos sobre um espião inglês na 2ª Guerra, em Lisboa. As duas histórias, tão diferentes, vão-se cruzando nas memórias e palavras do narrador, que de uma salta para a outra, por fios que só ele tão bem sabe entrelaçar. Pelo Naufrágio de Sepúlveda tenho um carinho especial, por ter sido o primeiro livro que li de Graça Moura. Na altura, tinha acabado de ler a História Trágico-Marítima (relações de naufrágios do séc. XVI e

XVII, compiladas por Bernardo Gomes de Brito, no séc. XVIII) e a história do capitão Manuel de Sousa Sepúlveda e de sua mulher Leonor estava ainda fresca na minha memória. O que penso do livro é descrito pelo próprio narrador (um diretor da Imprensa Nacional-Casa da Moeda e, também ele, político e escritor, tal como), no final, quando descreve uma conversa que teve com a sua editora: «Disse-lhe que ainda tencionava escrever um texto ondulante de tempos encadeados sem costuras nem pausas, como um músculo de mar cujas vagas cinzentas continuamente trariam à praia um latido remoto, golfadas de figuras, espumas, fragmentos, ventos, sons, enlaçados nas algas, encalhados na rebentação, deixados à vista da ressaca ao longo das páginas, como detritos, seixos, acidentes nos declives de um areal em que a água, ao retirar-se, dividida por eles, fizesse represas de memórias, músicas, vozes, e que tudo isto se tornaria num fluxo e refluxo incessante sob a chuva, sob cortinas de chuva a desabarem ao longo de todo o texto. E será um romance?, perguntou ela. Tudo é ficção, respondi.» Boas Festas, com muito boas leituras!


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património

••Vivências no Algarve - PAtrimónio Cultural imaterial

A Pessoa e o Património Cultural – uma reflexão fotos:

Artur

de jesus

embarcações com o limo eram descarregadas em terra e as mulheres ajudavam nas tarefas seguintes: “… levavam-no em canastras e cestos, e depois punham-no a secar nos montes e nos cerros”. O trabalho era cuidadoso, pois o limo tinha de secar totalmente. Depois eram feitos fardos, pesados e comprados. “A vida começou a melhorar para algumas pessoas: compraram-se terrenos, eletrodomésticos, etc”.

Artur Jorge Vieira de Jesus

Licenciado em História Câmara Municipal de Vila do Bispo

A reflexão que aqui propomos é o reconhecimento da Pessoa enquanto valor cultural. Poderá parecer absurdo, mas ao olharmos com mais atenção a nossa realidade, verificamos que, por entre o frenesim do mundo atual, ao Ser Humano é dado, normalmente, pouco valor. Cruzamo-nos com muitas pessoas diariamente, muitos circulam apressadamente, outros estão sentados em jardins, largos ou conversando em cafés, outros, ainda, jazem desprezados e isolados, de forma mais ou menos escondida. Todos nós achamos uma certa graça aos idosos, isolados, ou em grupo, que encontramos nas localidades do mundo extraurbano. Contudo, esquecemo-nos de questionar o que está por detrás de uma pele enrugada e queimada pelo sol, ou de alguns dos olhares tristes e vazios, ou até de versos que cantam e até dos seus animados jogos. É aqui que os investigadores das Ciências Sociais e Humanas (sociólogos, antropólogos, museólogos, historiadores, etc.) têm um papel fulcral. A Pessoa, numa sociedade materia-

Imagens de uma espiritualidade

Salema: uma povoação intimamente ligada ao Mar lista e desumanizada, precisa urgentemente de ser escutada. É imperativo efetuar a recolha dos seus depoimentos, das suas experiências de vida, do seu saber que é único, enriquecedor e que não se encontra em nenhuma das mais apetrechadas bibliotecas ou arquivos deste planeta. Desprezar essas fontes vivas de conhecimento é atirar para o terrível abismo da ignorância séculos de história e de memória coletivas e isso, especialmente num país tão culturalmente rico como é o

nosso, é uma tragédia. As Pessoas já não nos poderão ser úteis depois de partirem. No caso que apresentamos em seguida, a principal protagonista já não se encontra entre nós, mas foi possível ouvir o que nos quis transmitir atempadamente. A Praia da Salema, em Vila do Bispo Se não nos tivéssemos norteado pela ideia do valor da Pessoa e não

destaque

O Campo: um valor complementar “CONCERTO DE NATAL” 16 DEZ | 16.00 | Igreja de São Pedro do Mar - Quarteira A Orquestra do Algarve apresenta um reportório com algumas surpresas. Samuel Coleridge-Taylor, Berlioz, Rimsky-Korsakov, J.S. Bach, Prokofiev, entre outros, são os compositores que protagonizam este programa

lhe dedicássemos parte do nosso tempo livre, por exemplo, num serão na casa da Sra. Madalena de Jesus, habitante da Salema, então com 80 anos, realizado a 02.06.2007, na companhia da sua filha e genro, provavelmente, nunca saberíamos alguns pormenores relevantes. Se naturalmente não é nenhuma novidade que as origens da localidade estão relacionadas com a atividade piscatória - o tempo das Armações -, tendo-se estabelecido na zona famílias vindas de Quarteira, Albufeira e Alvor, por exemplo, o facto é que nem só da pesca viveu a Salema: “Tudo tinha bocadinhos de terra para semear umas favas, umas ervilhas para comer” e quem “…não tinha campo e tinha muitos filhos, era muita dificuldade. Muitos casais tinham seis e sete filhos e para se sustentarem iam às lapas, aos mexilhões para vender ou para trocar por figos (torrados) para os filhos”. Recordou-se que antes da chegada do Turismo “…o que começou a melhorar a aldeia foi o limo”. Ou seja, a apanha do limo, atividade dura que trouxe alguma prosperidade. Segundo o seu genro, José Modesto da Luz Correia, com 59 anos, o limo “Servia para os medicamentos e para a cosmética, basicamente. Era uma atividade arriscada. As pessoas dirigiam-se para as Furnas e Ponta da Torre muitas vezes com mau tempo. Era o ouro-negro naquela altura”, lembrou. As

Nesta arca de memórias que tivemos a felicidade de abrir, ficámos a saber, também, algumas referências respeitantes à vivência espiritual das pessoas. Segundo a filha da D.ª Madalena, Maria Margarida Correia (57 anos), o facto de na Salema não existir nenhuma igreja tornava difícil a ligação dos locais com a religião: “Ia-se à igreja a Budens”. Recordou que com o aparecimento da “…Casa dos Pescadores houve mais cuidado nesse âmbito. Ensinava-se religião e moral. A professora Maria Helena Águas (de Lagos) foi muito importante…”, promovendo “…muitas iniciativas”. E, assim, começou a vir um padre à escola (atual Clube da Salema) celebrar missa”. Existiam “crenças” e “havia um senhor que vendia quadros e imagens nas ruas e as pessoas compravam-lhe. Alguns herdaram pequenos oratórios de família, mas isso não era muito frequente. A aquisição de uma imagem era uma atitude considerada religiosa”. Mãe e filha recordaram, ainda, a importância do culto de N.ª Sra. de Guadalupe: “Chegaram a haver deslocações a pé para pedir água à senhora em períodos de seca. Várias vezes”. Na Salema: “A iniciativa era da Sra. Castanheira, que organizava a procissão e iam à Guadalupe pedir água para as colheitas…”. Estes são apenas alguns dos extraordinários fragmentos da nossa memória e cultura locais que estão guardados numa Pessoa. E aqui fica o desafio: porque não começarmos nas nossas próprias casas o registo destas memórias?

“O MEU OLHAR FOTOGRÁFICO” Até 31 JAN | Casa do Despacho da Igreja da Misericórdia de Tavira Geraldo de Jesus expõe 150 fotografias e apresenta temas como: idosos; pessoas diferentes, mas iguais; património; desporto; rostos; um modo diferente de usar a máquina fotográfica sob o olhar atento do autor


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Cultura.Sul

07.12.2012

Lugares Mágicos marca a diferença no acesso à Cultura

Projecto pretende levar a Cultura às classes mais desfavorecidas Há projectos assim, que respiram envolvimento, dedicação, enlevo no criar e no fazer, no pensar e no agir. Os “Lugares Mágicos”, projecto de educação artística e patrimonial da Direcção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg), em parceria com o Atelier Educativo, é um caso destes, especial. Sexta-feira da passada semana a Biblioteca Municipal de Faro foi o palco escolhido para receber o fórum de debate “Mesas em palco”, que analisou o trabalho desenvolvido nas duas edições (2010 e 2012) deste projecto singular que pretende levar a Cultura até às franjas mais desfavorecidas da sociedade algarvia, em particular às crianças e jovens institucionalizados. Os trabalhos que se prolongaram ao longo do dia deram prova da entrega de artistas, instituições e seus profissionais e dos inúmeros agentes que, lado-a-lado com a DRCAlg e com o Atelier Educativo, souberam levar a bom porto este ambicioso projecto de divulgação cultural. Ambicioso porque raro, como reconheceu Teresa Ricou, líder do projecto Chapitô, convidada a participar no último painel do dia e que se surpreendeu com a latitude da iniciativa e com a sua importância para uma maior igualdade de acesso à Cultura. Ambicioso, também, porque o sonho não tem limites quando a vontade ultrapassa

as fronteiras das resistências e, em resumo, vencedor face aos resultados apresentados pelos agentes envolvidos. Ouvir falar de como uma criança isolada se liberta das amarras dos seus ‘medos e contigências’ e regressa ao convívio com o outro, de como a rebeldia e a revolta se calam, sem se perderem no que delas deve existir em cada jovem, e ganham forma de armas maiores para o desenvolvimento sócio-cultural de cada um, surpreende. É disso mesmo que se trata, quando se fala dos Lugares Mágicos, é dessa magia de tornar a dificuldade mais-valia que se discorre e é nessa ambição que se trabalha. Pintores, fotógrafos, ceramistas, arqueólogos, museólogos e artistas e profissionais desse imenso mundo que é a Cultura assumem o papel chave face a quem mais importa no projecto, as crianças e jovens, numa união que se apresenta rara e que só peca

por não ser universal. A discriminação positiva no acesso à Cultura é aqui a arma de arremesso para quebrar o fosso entre quem está institucionalizado e o mundo cultural, e por via disso a pedra de toque de mais uma estratégia de integração. Inestimável arma que se entende positiva mas que, necessariamente, deveria tornar-se também estratégia definida para os públicos jovens em geral. As técnicas e abordagens utilizadas com mestria por quem estabelece a ponte entre a Cultura e os jovens neste projecto, nunca seriam de somenos importância se se generalizassem, pese embora o reconhecimento do esforço que para tal seria necessário. Não obstante o grande esforço seria aqui um ‘menor trabalho’ face à importância que consubstancia a garantia pró-activa do acesso geral daqueles que constituem o nosso futuro à Cultura. Ricardo Claro

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