POSTAL 1100 - 5 ABR 2013

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXV • Edição 1100 • Semanário à sexta-feira • 5 de Abril de 2013 • Preço € 1 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

EM FOCO 2 PAULO NEVES AVANÇA PARA FARO 3 TRIBUNAL DE TAVIRA DECIDE FUTURO DE JOSÉ ESTEVENS 4 ERTA APELA À ISENÇÃO DE PORTAGENS 5 JOGADORES DO OLHANENSE VÃO A JOGO CONTRA O BENFICA 6 JORGE PALMA APRESENTA ÍNTIMO 7 CLASSIFICADOS 10

IKEA começa a contratar trezentos já este ano

> Numa região com níveis de desemprego altíssimos ver surgir trezentos novos postos de trabalho é uma raridade, ainda mais quando são criados pela mesma empresa. O IKEA promete criar trezentos postos de trabalho directos até ao fim do ano, a que se somam os indirectos relacionados com a construção da infra-estrutura. O POSTAL ouviu a posição do Sindicato do Comérico do Algarve sobre os efeitos da abertura da loja sueca em 2014 p. 8

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E H N GA ETES BILH M O CO TAL POS

Concerto:

Jorge Palma leva Íntimo a Faro

Desfibriladores:

Máquinas de vida

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AUTÁRQUICAS

Paulo Neves e Rogério Bacalhau confirmados para Faro

Saúde: Chamam-se desfibriladores automáticos externos e estão aos poucos a chegar ao Algarve. Com eles pode salvar vidas, saiba onde estão e o que fazer em caso de paragem cardiorrespiratória para salvar alguém que precise de ajuda > 2

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Olhanense sem greve conta com jogadores

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AUTÁRQUICAS

SALÁRIOS EM ATRASO > Amigo de Isidoro Sousa garante ordenado e meio. Ainda com dinheiro por receber os jogadores vão defrontar o Benfica em casa no domingo. Presidente do clube aposta tudo na criação da SAD para garantir sobrevivência financeira e na manutenção p. 6

Estevens à espera do Tribunal de Tavira

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TURISMO

ERTA quer fins-de-semana sem portagens para espanhóis >5

CA Habitação Veja anúncio pág. 6


2  |  5 de Abril de 2013

em foco Desfibriladores ainda são escassos na região Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

NO ALGARVE até ao momento estão instalados, de acordo com os dados do registo nacional de desfibriladores automáticos externos (DAE) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), 27 equipamentos capazes de desfibrilar o coração de uma vítima de paragem cardiorrespiratória (PCR). Estes aparelhos portáteis destinam-se a ser utilizados em ambiente extra-hospitalar, em particular em áreas de grande aglomeração de pessoas e permitem, de acordo com dados estatísticos internacionais, salvar da morte e de lesões irreversíveis uma importante fatia das pessoas afectadas por uma PCR de origem cardíaca. Esta situação clínica, que se manifesta na grande maioria das vezes de forma súbita e que por regra tem na sua origem uma fibrilação ventricular repentina e inesperada ou uma doença cardiovascular já instalada, tem um elevado grau de mortalidade e morbilidade, razão pela qual se optou pela criação e implementação de um programa nacional de desfibrilação automática externa, coordenado pelo INEM. A DIFERENÇA ENTRE MORRER E VIVER De acordo com o médi-

co Nelson Pereira, membro da Direcção do Conselho Português de Ressuscitação, a diferença entre o recurso a um DAE ou não em caso de PCR é “muito relevante”. Em declarações ao POSTAL, o especialista destaca que, em alguns estudos, a taxa de sobrevivência com recurso a um DAE é de 70 a 80%, enquanto que se não se recorrer a estes aparelhos a sobrevivência a uma PCR se fica pelos 5%.

ONDE DEVEM EXISTIR DESFIBRILADORES A lei estabelece

um conjunto de locais onde a existência de um DAE é obrigatória. Entre estes estão os

estabelecimentos de comércio a retalho, isoladamente considerados ou inseridos em conjuntos comerciais, que tenham uma área de venda igual ou superior a dois mil metros quadrados, os conjuntos comerciais que tenham uma área bruta locável igual ou superior a oito mil metros quadrados, nos aeroportos e portos comerciais, nas estações ferroviárias, de metro e camionagem com mais de dez mil passageiros de fluxo médio diário e nos recintos desportivos de lazer e de recreio com lotação superior a cinco mil pessoas.

A SITUAÇÃO NA REGIÃO No Al-

garve, de acordo com os dados da Direcção Regional de Economia a que o POSTAL teve acesso, várias são as superfícies comerciais que têm de estar equipadas com DAEs. Não obstante, muitas não dispõem ainda do equipamento. Somente o Albufeira Shopping , o Centro Comercial Continente de Portimão e o Algarve Shopping, todos do Grupo Sonae, os supermercados Jumbo de Faro e Portimão, do Grupo Auchan, e o Aqua de Portimão, estão já equipados com estes aparelhos. O Aeroporto de Faro também está já equipado com DAE, mas os portos comerciais da região ainda não têm estes meios de socorro. As estações ferroviárias e de camionagem algarvias não alcançam, ao que o POSTAL conseguiu apurar, os valores de fluxo de passageiros que tornem obrigatória a existência de DAEs nestas infra-estruturas. No que respeita aos equipamentos desportivos de lazer e de recreio são vários também os exemplos de infra-estruturas regionais que deveriam estar equipadas com um DAE e que ainda não dispõem do equipamento. A excepção está nas piscinas municipais de Albufeira que têm um DAE. Por outro lado, na hotelaria e restauração são 15 os locais onde

estão instalados DAEs, com destaque para a zona da Quinta do Lago e Vale do Lobo, que em conjunto contam com cinco aparelhos em hotéis e dois em viaturas próprias para o efeito. Ainda equipados com DAEs temos a Fatasul, onde se realiza a FATACIL, as delegações da Cruz Vermelha de Tavira e Lagos e a Citroën de Faro. Em todos os locais licenciados pelo INEM para terem desfibriladores existem técnicos formados para a sua utilização, uma vez que em Portugal é proibida a utilização destes aparelhos a pessoas não credenciadas para o efeito. A lei impõe que os locais que sejam obrigados a ter estes aparelhos e que ainda não os tenham instalem os DAEs até Setembro de 2014, deixando espaço livre a que quaisquer outras entidades, empresas e instituições instalem ou não os desfibriladores. O Algarve tem assim ainda muito para fazer nesta matéria e do que se trata é de salvar vidas, pelo que a regra deverá ser a da antecipação da obrigação. As vidas não deviam ter de esperar por 2014.

ÔÔ Em alguns estudos a taxa de sobre-

vivência a uma paragem cardiorrespiratória com recurso a um DAE é de 70 a 80%, enquanto que se não se recorrer a estes aparelhos a sobrevivência se fica pelos 5%

Como actuar em locais onde exista um DAE: ÔÔ Verifique os sinais vitais: Em caso de aparente paragem cardiorrespiratória verifique no mais curto espaço de tempo os sinais vitais da vítima. Tente provocar reacção na vítima. Se a pessoa permanecer inanimada verifique se tem pulsação (avalie pondo dois dedos sobre a zona do

pescoço) e se a mesma não respira (verifique a inexistência de saída de ar na boca e nariz e a falta de movimento respiratório no peito da vítima com esta posicionada sobre as costas e com o queixo levantado para desobstruir as vias respiratórias).

ÔÔ Accione o 112 e chame o técnico de DAE: Se se confirmarem ausência de pulsação e respiração, peça para activarem os serviços de emergência médica,

através de chamada telefónica para o 112 e para chamarem o técnico de DAE. Todos os locais com estes aparelhos têm pessoal formado para a sua utilização.

ÔÔ Inicie manobras de ressuscitação: Enquanto não chegar o técnico de DAE* abra a roupa da vítima ao nível do tronco e inicie manobras de reanimação cardio-pulmonar (RCP). Insufle duas vezes consecutivas ar nos pulmões da vítima (respiração boca-a-boca). Coloque-se numa posição perpendicular à vítima. De joelhos e com os ombros num ângulo de 90 graus coloque as mãos sobre o peito da vítima na zona final do osso externo. As mãos devem estar sobrepostas, com os dedos entrelaçados e levantados, assentando no peito da vítima apenas as palmas das mãos. Aplique 30 compressões seguidas sobre a zona

do externo, forçando o osso a descer entre quatro e cinco cêntimetros. Repita este processo, duas insuflações seguidas de 30 compressões, até que chegue o técnico de DAE. Depois da sua chegada ajude-o apenas quando solicitado e siga as instruções escrupulosamente. A sua acção foi fundamental, uma vez que, as manobras de reanimação devem ser iniciadas no mais curto espaço de tempo possível e são o meio mais eficaz de evitar morte ou lesões irreverssíveis nas vítimas.

ÔÔ Como decorre a desfibrilação com DAE: 1 - O técnico abre a mala do DAE, este procedimento acciona automáticamente o dispositivo que iniciará a produção de ordens de comando verbais e no ecrã existente no aparelho. 2 - Segue-se a colocação dos eléctrodos sobre a pele do peito da vítima que deve estar completamente exposto. Os adesivos são postos de acordo com as indicações dos locais onde colocar os eléctrodos existentes na película de cobertura dos mesmos: o que indica direita, acima do mamilo direito da vítima e o que indica esquerda, abaixo do mamilo esquerdo da vítima sobre as costelas laterais. 3 - O DAE analisa automaticamente a necessidade de aplicar um choque eléctrico na vítima (alguns segundos). Durante a análise o aparelho avisa para não se tocar na vítima, deve cumprir-se escropulosamente esta indicação. Em caso de necessidade o aparelho dará o comando para estar afastado da vítima e para premir o botão de activação do choque eléctrico. 4 - Durante todo o tempo, excepto no período anterior (3, Análise e descarga eléctrica), devem manter-se manobras de RCP constantes. Deve-se reiniciar a RCP imediatamente depois do choque e mantê-la. 5 - O DAE pode determinar a necessidade de um novo choque, neste caso devem respeitar-se as ordens emitidas pelo aparelho. No caso de o DAE não emitir ordens para um novo choque mantenha a RCP até à reanimação da vítima ou até que cheguem os meios de socorro. * - Só pessoas devidamente formadas e credenciadas podem administrar manobras de DAE. NOTA: O esquema anterior não tem por intenção qualificar os cidadãos comuns para a prática de manobras de DAE ou para a utilização de um DAE.


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5 de Abril de 2013  |  3

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Paulo Neves avança para Faro Rogério Bacalhau já confirmado pelo PSD Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

PAULO NEVES (PS) defronta

Rogério Bacalhau (PSD) na candidatura à presidência da autarquia farense nas eleições previstas para o último trimestre deste ano. A par destes dois nomes apenas mais o de José Vitorino é conhecido como entrando na corrida à cadeira de presidente da câmara da capital de distrito e ainda se desconhece se o PSD, que já aprovou o nome de Rogério Bacalhau, concorrerá com a actual coligação que integra o CDS/PP, o MPT e o PPM. Recorde-se que a actual coligação somou nas eleições de 2009, encabeçada por Macário Correia, 42,67% dos votos, com 13.340 eleitores a votarem no actual presidente, ditando a eleição de cinco vereadores. O PS, que nas últimas eleições concorreu a Faro sozinho, somou 42,26% dos votos, com 13.211 eleitores a apostarem em José Apolinário que se recandidatava. A contagem ditou que o PS ficasse com quatro vereadores. A diferença foi então

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de apenas 129 votos. Em 2005, a vitória sorriu a José Apolinário, pelo PS, com 41,08% face a um candidato independente apoiado pelo PSD que concorreu fora de uma coligação. José Vitorino, o segundo mais votado, somou 38,30% dos votos na tentativa de um segundo mandato. Vitorino apenas somou 4,12% nas eleições de 2009.

PAULO NEVES JÁ APRESENTOU A CANDIDATURA O PS reuniu

o presidente da Federação do Algarve, António Eusébio, e da concelhia farense, Luís Graça, bem como a presidente das Mulheres Socialistas do Algarve, Ana Passos, segunda-feira da passada semana, para a apresentação da candidatura socialista. O Clube Farense acolheu a cerimónia com Paulo Neves a contar também com a presença dos socialistas Luís Coelho, actual presidente da Assembleia Municipal, e Joaquim Teixeira, que preside à Junta de Freguesia da Sé, a maior da cidade. Foi dum púlpito com o antigo logótipo da cidade

ÔÔ Paulo Neves, candidato socialista à Câmara de Faro que falou Paulo Neves, demonstrando claramente que a nova imagem comunicacional de Faro não colhe a sua aprovação. De acordo com o candidato, “os 500 mil euros” gastos na nova imagem de

Faro eram “desnecessários”. Sublinhando a “necessidade de mudar de página”, o homem do PS para as autárquicas em Faro apresentou-se com um slogan afirmativo, “Nós gostamos de Faro”.

V E NDA TAVIRA

FLORENTINO MATOS LUÍS, Administrador de Insolvência, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, 48-A - 1700-031 LISBOA, nomeado nos Autos de Insolvência nº. 1013/11.2TBTVR, a correr termos pelo Tribunal Judicial de Tavira, em que foi declarada insolvente PROJECTOS E CONSTRUÇÕES J., BAÍA, LDª., faz saber que, com o acordo dos Credores, vai proceder à venda no estado físico e jurídico em que se encontram, por negociação particular, através de propostas que serão remetidas em carta fechada, dos seguintes bens: VIATURA Verba nº. 1 uma viatura ligeira de mercadorias, de matrícula 41-06-BN, da marca NISSAN, modelo RLGD21SFQ, do ano de 1993, com 217.511 km., em razoável estado de conservação, pelo valor base de 600,00 €

AVISO Operação de loteamento – Discussão Pública Para os devidos efeitos, se torna público que a 04 de fevereiro de 2013, o Município de Tavira determinou, submeter a discussão pública o loteamento urbano, relativo ao prédio sito no Sítio da Pegada, freguesia de Santa Maria, neste Município, em nome de Tavira-Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado, nos termos do artigo 77º do Decreto – Lei nº 380/1999 de 22 de Setembro e em conformidade com o nº 2 do artigo 22º do Regime Jurídico de Urbanização e Edificação. A exposição do projeto de loteamento, estará patente na sede do Município de Tavira, a partir da data da publicação em Diário da República. O período de discussão pública decorrerá pelo prazo de 15 dias úteis, durante as horas normais de expediente, isto é, das 9 horas às 12 horas e 30 minutos e das 14 horas às 17 horas e 30 minutos. Os interessados devem apresentar as suas observações ou sugestões relativamente ao projecto em causa, por escrito e em impresso próprio a conceder pelos serviços, dirigidos ao presidente da Câmara Municipal de Tavira. Paços do Concelho de Tavira, a 22 de fevereiro de 2013 O Vice - Presidente da Câmara Municipal, Luís Alberto da Fonseca Nunes (POSTAL do ALGARVE, nº 1100, de 5 de Abril de 2013)

pública depois da escolha, o ex-presidente da Região de Turismo do Algarve deu o mote às propostas políticas para a cidade. A transferência de serviços da autarquia para a zona do centro da cidade é uma aposta de Paulo Neves, que acredita que, assim, atrairá as pessoas de volta ao centro de Faro. Algo que considera fundamental como motor de desenvolvimento de uma zona que tem “espaços aproveitáveis fechados há dois, três e mais anos”. A vontade de criar um “centro de reuniões e congressos de Santo António”, destinado a atrair este segmento de mercado para a baixa farense, é outra das propostas com que Paulo Neves arranca para a campanha com a prespectiva de convencer

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MUNICÍPIO DE TAVIRA

O CENTRO DA CIDADE COMO FOCO Na primeira aparição

“os proprietários dos imóveis fechados a dinamizá-los” dentro deste conceito. O candidato assume conhecer as dificuldades financeiras da autarquia e afirma que não apresentará propostas que “não tenham definida a forma de serem desenvolvidas”. O socialista apontou ainda o dedo à autarquia por não aproveitar correctamente os fundos comunitários e quer desbloquear as situações em que estes ainda não estão perdidos, ao mesmo tempo que quer ver estes apoios aproveitados na área da recuperação de imóveis, uma vez mais desenvolvendo e requalificando o casco mais antigo da capital da região. Na autarquia, Paulo Neves promete resolver a questão da Fagar e os problemas apontados pelo Tribunal de Contas ao contrato de concessão mantido entre a câmara e a empresa. Rogério Bacalhau deverá apresentar em breve a sua candidatura depois de já na noite de terça-feira passada ter sido confirmado o nome pela Comissão Política Nacional.

IMÓVEL Verba nº. 6 Fracção designada pela letra “P”, correspondente ao 3º. andar D, destinado a habitação social, sito na Rua António Pinheiro, 9, em Tavira, inscrito na matriz sob o nº. 5016 e descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o nº. 2234/19930204-P, da freguesia de Tavira (Santa Maria), pelo valor base de 40.000,00 € BENS MÓVEIS Rua da Silva, 35 - Tavira Verba nº. 1

Horta D’El-Rei, Rua 25 de Abril - Tavira Verba nº. 3 um lote composto por: uma betoneira eléctrica, um guincho eléctrico, um motor em muito mau estado; uma casa de banho de obras; dez vedações metálicas, cerca de 40 m. de chapa de tapume, diversos prumos metálicos; diversas garras de cofragem tudo com muito uso; e ainda cerca de 2.000 kg. de ferro de obra, pelo valor base de 4.000,00 € Para efeito da apresentação das propostas, o bem podem ser visto mediante marcação pelos telefones 218406953 ou 917247040. REGULAMENTO: As propostas serão remetidas, até ao dia 16/04/2013, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado e lacrado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de PROJECTOS E CONSTRUÇÕES J. BAÍA, LDª., Florentino Matos Luís, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, nº. 48-A, 1700-031 LISBOA. As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao de base de licitação e conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa colectiva; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso. A abertura das propostas realizar-se-à no dia 19/04/2013, pelas 11H00, nas ex-instalações da insolvente, sitas na Rua da Silva, 35, em Tavira, perante o Administrador da Insolvência e os Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/ propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. Desde que exista mais que um proponente com propostas válidas para o mesmo bem, serão estes convidados a licitarem entre si, cujo valor base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 11H30 do referido dia.

um lote composto por: um computador da marca Chip 7; um monitor da marca LG; uma mesa de reuniões c/ 3x1,40, c/ estrutura metálica e tampo em fórmica; onze cadeiras c/ estrutura metálica e estofadas a napa preta; uma secretária em madeira s/ gavetas; três móveis de arquivo c/ portas em madeira; um scanner da marca Sansung; uma central telefónica da marca Siemens c/ 2 telefones; um arquivo metálico c/ 6 gavetas; duas estantes metálicas tipo handy c/ 3 prateleiras cada; um arquivo metálico c/ 3 gavetas; e uma fotocopiadora/impressora da marca Minolta, modelo Dialta DI 2510, em razoável estado de conservação, pelo valor base de 640,00 €

Se os bens forem adjudicados, os promitentes compradores entregarão, em relação: à viatura e aos bens móveis, dois cheques, sendo um do valor do preço e outro do IVA; e aos imóveis, um cheque referente a 25% do valor do preço, a título de sinal,

Rua do Sapal, 6 - Tavira

Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.

Verba nº. 2

Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes.

um lote composto por: duas mesas c/ estrutura metálica e tampo em fórmica; duas secretárias em “L” c/ estrutura metálica, c/ 2 corpos e bloco de 3 gavetas; dois computador City Desk “Oceanus”; um monitor LG; três monitores Benq; um computador Chip 7 Pop; um monitor Sansung (antigo); cinco cadeiras metálicas, rotativas e estofadas a napa preta, uma fotocopiadora/impressora a cores, Kónica Minolta C250; um plotter HP Designjet 500; um armário em madeira c/ 2 portas; um monitor Sansung (antigo); um router Linkys; uma estante metálica c/ 3 gavetas; uma guilhotina para cortar papel; um arquivador redondo, metálico c/ prateleiras em madeira; quinze estantes metálicas c/ prateleiras tipo handy; um frigorífico da marca Ignis; uma mesa redonda c/ estrutura metálica c/ tampo em fórmica; dois armários em madeira (antigos); uma secretária matálica c/ tampo em fómica; quatro cadeiras c/ estrutura metálica estofadas a napa preta; uma impressora Epson Stylus (antiga); uma scanner HP Scanjet 5p (antiga), em razoável estado de conservação, pelo valor base de 960,00 €

A competente escritura de compra e venda, será realizada no prazo máximo de 60 dias, em data, hora e local a notificar ao comprador, devendo este, até 10 dias antes da celebração da mesma depositar à ordem da massa insolvente o valor remanescente.

Caberá ao Meritíssimo Juiz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento. O Administrador da Insolvência Florentino Matos Luís (POSTAL do ALGARVE, nº 1100, de 5 de Abril de 2013)


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região

Jogadores do Olhanense vão a jogo contra o Benfica pág. 6

Tribunal de Tavira decide futuro de José Estevens Em breve será conhecida a decisão da juiz titular do processo Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

O TRIBUNAL DE TAVIRA ouviu

na passada terça-feira ao início da tarde os fundamentos de facto e de direito relativos à providência cautelar interposta pelo Movimento Revolução Branca destinada a impedir a candidatura de José Estevens à Câmara de Tavira. A providência cautelar tem por base a lei de limitação de mandatos de 2005, que, de acordo com o movimento cívico, pretende impedir os presidentes das autarquias locais de se candidatarem a eleições para um quarto mandato sucessivo independentemente da candidatura ser apresentada a município diferente daquele onde exerceram funções nos três últimos mandatos. O Movimento Revolução Branca apresentou providências cautelares contra vários autarcas que se apresentam como candidatos a quartos mandatos sucessivos, nomeadamente, Fernando Seara em Lisboa, Luís Filipe Menezes no Porto e Fernando Costa em

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Loures, a que se juntam os candidatos a Tavira, Castro Marim (Francisco Amaral), Évora, Álcácer, Estremoz e Serpa.

TRIBUNAIS DIVERGEM NAS DECISÕES Perante as providências

cautelares interpostas ao abrigo da lei de acção popular, os tribunais têm-se pronunciado em sentidos aparentemente divergentes. Ainda a decidirem apenas as providencias cautelares e não as respectivas acções principais, que terão de ser apresentadas dentro dos prazos legais para garantirem a sobrevivência das decisões proferidas nas providencias, o Tribunal da Comarca de Loures optou por considerar extemporânea a iniciativa do movimento cívico não a decretando, o que permite a Fernando Costa avançar por agora. No caso de Fernando Seara, o Tribunal Cível de Lisboa decretou a providência cautelar impedindo a candidatura, ainda que esta não esteja legalmente formalizada. O político do PSD já avisou que vai recorrer da decisão e,

ÔÔ Providência cautelar interposta por movimento cívico pode impedir José Estevens de se candidatar ao que tudo indica, PSD e CDS-PP avançam ainda assim para a formalização da candidatura de Seara.

DECISÃO PARA BREVE EM TAVIRA A decisão em Tavira está para breve com o advogado pub

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FÉLIX FRANCO

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Dr. António Manuel S. P. Faleiro

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do movimento a admitir que a mesma seja proferida até ao final desta semana ou início da próxima. José Estevens não esteve presente no tribunal em Tavira e a sua representação esteve a cargo de Mário Esteves de Oli-

veira, cabendo a Pedro Pereira Pinto lutar pelas convições do movimento cívico. Segue assim nos tribunais a discussão que abrange não só a questão interpretativa de saber qual a intenção do legislador ao elaborar a lei de 2005,

como também a questão de saber se a divergência entre o texto aprovado na Asssembleia da República e o promulgado pelo Presidente da República a já celebre questão do “de” e do “da” - pode, deve e será, ou não, decidida em sede judicial. O silêncio e a inércia da Assembleia da República na clarificação da lei ou na sua revogação para sanar quaisquer dúvidas face à intenção do poder legislativo nesta matéria, mandam para a barra da Justiça o problema. Seja por antecipação nos tribunais de comarca, seja aquando da apresentação efectiva das candidaturas nos mesmo tribunais, seja em sede de recurso para o Tribunal Constitucional face à admissão ou não dos candidatos, tudo parece ficar nas mãos dos juízes. Uma questão claramente político-legislativa salta assim para a esfera de outro órgão de soberania e pode vir a pôr em causa o acto eleitoral e o seu normal decurso face aos apertados prazos de decisão que os juízes, sejam eles titulares de que tribunal forem, terão. pub


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região

Jorge Palma apresenta Íntimo pág. 7

Turismo do Algarve apela à isenção de portagens para espanhóis Medida é vista como forma de dinamizar a economia da região Pedro Ruas/RC/Lusa pedror.postal@gmail.com

DESIDÉRIO SILVA, presidente

da Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA), apelou na passada segunda-feira à isenção do pagamento de portagens na Via do Infante nos fins-de-semana e em períodos de maior actividade turística, como as férias da Páscoa. Em comunicado, o presidente do Turismo defende a “urgente” revisão do sistema de portagens na A22, apelando no sentido de que se desconstruam “barreiras que impeçam os turistas do outro lado da fronteira de visitar, pernoitar, comer e dinamizar a economia da região”. O presidente da ERTA lem-

bra ainda os problemas registados junto à Ponte Internacional do Guadiana durante a Páscoa, que acentuam o desagrado do responsável com o actual modelo, recordando que “o turismo algarvio depende muito do mercado espanhol, onde o destino realiza grandes acções promocionais” e onde “é sistematicamente confrontado com filas enormes na fronteira e métodos de pagamento que fazem com que alguns [turistas] voltem para trás e nem cheguem a entrar na região”, refere. Numa altura em que a economia algarvia se encontra “fragilizada”, o presidente do Turismo do Algarve defende que “devem ser asseguradas medidas de relançamento da actividade turística e não de

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maior constrangimento”. Para recuperar da actual crise económica, o Algarve “necessita de mais turistas, mais dormidas e maiores receitas”, sublinha Desidério Silva. Por fim, acresce a preocupação manifestada pelo responsável a propósito do “grande diferencial de IVA cobrado, quer na restauração, quer no golfe”. “Razões mais do que suficientes para se tomarem medidas de apoio ao destino que gera mais receitas turísticas em Portugal”, conclui.

COMISSÃO DE UTENTES EM PROTESTO A Comissão de Uten-

tes da Via do Infante (CUVI) reuniu cerca de uma dezena de pessoas para darem voz à exigência de suspensão de

ÔÔ Desidério Silva defende relançamento da actividade turística portagens na A22. Na quinta-feira que antecedeu o fim-de-semana de Páscoa chegaram a juntar-se algumas centenas

de turistas estrangeiros que não esconderam a insatisfação pela dificuldade de usar os sistemas de aquisição de

título para as portagens. Neste sentido, a CUVI fez-se ouvir junto ao local, no dia seguinte, onde embora já não houvesse a presença de longas filas de automóveis para pagar portagens, houve lugar ao protesto da comissão para alertar contra uma medida que “está a conduzir o Algarve a uma catástrofe social e económica de dimensões tremendas”, diz João Vasconcelos, da CUVI. O responsável salienta ainda que “o Algarve vive do turismo e do comércio, que está a ter graves problemas e as portagens contribuíram para o aumento do desemprego, das falências de empresas e para impedir que mais estrangeiros visitassem a região”.

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EMPRESAS & NEGÓCIOS

Tavira aposta forte na promoção de parques empresariais DEPARTAMENTO DE URBANISMO

CÂMARA MUNICIPAL DE FARO Edital 250/2012 Discussão Pública do Plano de Pormenor do Sitio da Má Vontade e Pontes de Marchil José Macário Correia, Presidente da Câmara Municipal de Faro, torna público que, nos termos e para os efeitos previstos nos nºs. 3 e 4 do art.º 77º do Decreto-Lei nº. 380/99, de 22 de setembro, na redação conferida pelo Decreto-Lei nº. 46/2009, de 20 de Fevereiro, em articulação com o disposto nos nºs. 6 e 7 do art.º 7º do Decreto-Lei nº. 232/07, de 15 de junho, na reunião de câmara de 28 de novembro de 2012, foi deliberado proceder à abertura de um período de 30 dias úteis para Discussão Pública do Plano de Pormenor do Sitio da Má Vontade e Pontes de Marchil PPSMVPM). O período de discussão pública terá início no 5º dia útil após a publicação do presente aviso em Diário da República. Os elementos relativos ao plano poderão ser consultados nos seguintes locais: • Loja do Munícipe (LM) - Loja do Cidadão, no Mercado Municipal de Faro, no Largo Dr. Francisco Sá Carneiro Mercado Municipal, 8000-151 Faro; • Instalações do Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Faro, no Largo da Sé, 8004-001 Faro; • Página do Município na Internet, em www.cm-faro.pt. Os locais, dias e horas onde terão lugar as sessões públicas serão publicitados na página do Município na Internet, em www.cm-faro.pt. A formulação de participações deverá ser efetuada por escrito, até ao termo do referido período, e dirigida ao Presidente da Câmara Municipal de Faro, por correio ou, ainda, por correio eletrónico, para o endereço geral@cm-faro.pt. com indicação expressa de “Discussão Pública do Plano de Pormenor do Sitio da Má Vontade e Pontes de Marchil (PPSMVPM)” e com a identificação e morada de contacto do signatário. O presente edital será publicado na 2.ª série do Diário da República, no boletim municipal, em dois jornais diários, num semanário de grande expansão nacional, num jornal de expansão local ou regional e na página da Internet da Câmara Municipal de Faro. Faro, 3 de Dezembro de 2012 O Presidente da Câmara Municipal de Faro José Macário Correia (POSTAL do ALGARVE, nº 1100, de 5 de Abril de 2013)

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UMA CAMPANHA DE COMUNICAÇÃO, protocolos com em-

presas do ramo imobiliário e um “road show” são as linhas fortes do plano de acções de promoção que a EMPET - Parques Empresariais de Tavira, E.M, liderada por João Pedro Rodrigues, vai desenvolver em Abril e Maio para divulgar e promover o parque empresarial e o projecto Ativar Tavira. O Parque Empresarial de Tavira, com uma área total de 97 mil metros quadrados, localizado junto ao nó da A22, encontra-se infra-estruturado, com lotes entre 240 e dois mil e 100 metros quadrados, permitindo lotes contíguos para receber empresas multissectoriais de indústria, armazenagem, comércio e serviços. Consciente das actuais dificuldades de mercado, nomeadamente num contexto de retracção de investimento, a EMPET aposta numa atitude de oferta agressiva e conjugando o factor preço às vantagens competitivas de instalação de empresas, promove um conjunto de acções complementares de promo-

ÔÔ João Pedro Rodrigues, presidente da EMPET ção do Parque Empresarial de Tavira. O plano promocional a desenvolver assume uma dimensão nacional e internacional, focando numa primeira linha de divulgação a região do Algarve e adicionalmente um conjunto de

acções de apresentação do parque empresarial. A campanha de comunicação concentra a sua mensagem na disponibilidade de lotes e das vantagens, com uma oferta integrada de captação de investimento em quatro dimensões de benefí-

cios, disponíveis para todos os sectores de actividade, nomeadamente incentivos fiscais, agilização dos processos burocráticos, financiamento e custos de instalação. Reconhecendo a importância da mediação imobiliária, como um parceiro activo e indutor da actividade comercial, a EMPET protocolizou com dez sociedades de mediação imobiliária a comercialização do parque empresarial, consolidando desta forma uma maior abrangência de divulgação, potencializando a oferta. Associações empresariais, câmaras de comércio e indústria e embaixadas fazem parte dos contactos a desenvolver no “road show” de apresentação, conseguindo desta forma uma aproximação do parque empresarial aos agentes económicos. Privilegiando numa primeira fase os sectores da logística de armazenagem e distribuição e indústrias da Economia do Mar e Agro-indústria, o “road show” pretende ser mais amplo, conquistando a atenção de vários sectores empresariais.


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IKEA de Loulé vai recrutar trezentos até ao fim do ano pág. 8

Jogadores do Olhanense vão a jogo contra o Benfica Mês e meio de salário pago ao plantel da equipa por amigo do presidente d.r.

os compromissos em falta”, afirma o presidente, lembrando que não há contrapartidas garantidas entre as partes, mas antes “uma questão de amizade, de relação e confiança da pessoa em causa” e afasta o cenário de que se trata de alguém ligado a outro clube. Sobre o futuro próximo do clube, Isidoro Sousa promete continuar a trabalhar para resolver a situação financeira do clube, acreditando que a solução passa pela constituição de uma SAD que possa atrair investidores.

Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

OS JOGADORES DO PLANTEL PROFISSIONAL DO OLHANENSE levantaram o pré-aviso de

greve que colocava em causa a participação da equipa no jogo frente ao Benfica, referente à 25.ª jornada da I Liga de Futebol, a disputar no próximo domingo no Estádio José Arcanjo. Depois de reunir com o plantel, Isidoro Sousa, presidente do clube algarvio, anunciou à comunicação social que foi encontrada uma solução para pagar um mês e meio de salários em atraso, chegando, assim, a um entendimento entre direcção e jogadores, que reclamavam três meses de ordenados em falta. Isidoro Sousa revelou que “o dinheiro para pagar parte dos salários em dívida foi adiantado por um amigo pessoal”, cuja identidade não quis revelar, deixando contudo a ideia de que se trata de “um poten-

SEIS FINAIS PARA GARANTIR A PERMANÊNCIA Outra preocupa-

ÔÔ Olhanense vive situação financeira difícil cial investidor numa eventual sociedade anónima desportiva (SAD)”, que o presidente pretende fazer avançar a breve trecho e que ainda será posto à consideração dos sócios. O montante cedido pelo investidor “ronda os 288 mil euros” e é suficiente para desconvocar o pré-aviso de greve, mas

comporta apenas metade daquilo que é devido aos jogadores, situação que Isidoro Sousa garante resolver brevemente, anunciando “o pagamento do restante mês de Janeiro para os próximos dias e o mês de Fevereiro mais à frente”. O mesmo investidor anónimo “poderá ajudar novamente com pub

SILVES

Centro de Reprodução tem mais quatro linces QUATRO CRIAS DE LINCE-IBÉRICO nasceram no passado mês

de Março no Centro Nacional de Reprodução, em Silves, onde foram também recolhidos pela primeira vez embriões de uma fêmea, anunciou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). A notícia é avançada no “site” do instituto, que refere que as quatro crias, que inauguraram a temporada de partos no centro de Silves, nasceram a 5 de Março, ao abrigo do programa de conservação daquela espécie, em quatro centros espanhóis e um português. Também no centro de Silves, foi realizada a primeira colheita de embriões com sucesso comprovada no país. Lusa

ção tem que ver com o plano desportivo e pelo afastamento dos lugares de descida, tarefa que se afigura complicada, mas que teve um feliz episódio na passada semana, após uma importante vitória em Aveiro (0-1), que colocou o emblema algarvio no 12.º lugar da classificação. Este fim-de-semana a jornada traz a Olhão o actual líder do campeonato, o Benfica, que por um lado garante uma importante verba de bilheteira, mas que ameaça sobremaneira as intenções dos rubro-negros de pontuar. Não obstante, faltam seis decisivas jornadas para completar o objectivo

principal, a permanência no escalão principal do futebol português. Para a recepção ao Benfica, o treinador Manuel Cajuda não pode contar com os lesionados Abdi, D’Onofrio, Maurício, Nuno Piloto e Yontcha, além do castigado Luís Filipe. Djalmir e Jander estão em dúvida, mas devem recuperar a tempo de defrontar os encarnados. O jogo está marcado para domingo, às 20.15 horas, no estádio José Arcanjo. O preço dos bilhetes varia entre os 7.5 euros para sócios e os 35 euros e espera-se, naturalmente, casa cheia. pub


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PS/Algarve acusa Governo de abandonar região pág. 9

Jorge Palma apresenta Íntimo Faro acolhe concerto único do cantautor Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

DEPOIS DE EM AGOSTO DO ANO PASSADO TER PASSADO POR TAVIRA, num concerto

memorável, Jorge Palma regressa este ano ao Algarve e escolheu como palco para apresentar o espectáculo Íntimo a sala maior da região, o Teatro Municipal de Faro. O cantautor apresenta-se numa versão intimista ao lado do seu filho Vicente Palma e promete fazer arrastar, uma vez mais, a habitual legião de fãs. O público, empenhado em não deixar um dos mais venerados cantores nacionais, regressou já em peso às salas por onde o espectáculo passou desde o início desta tour. Espaços de renome como o Theatro Circo de Braga, o Teatro Aveirense, o C.A.E em Portalegre, bem como, o célebre Luísa Tody em Setúbal e o lamecense Teatro Ribeiro da Conceição,

d.r.

encheram-se e esgotaram para ouvir aquele que por muitos é considerado um eterno enfant terrible da música nacional.

O QUE SE PROMETE Jorge Pal-

ma apresenta um espectáculo acústico, criado a pensar em salas fechadas e no contacto directo e próximo com o público, muito diverso portanto de tantos e tantos concertos que já fizeram um pouco por todo o país as delícias dos amantes da música do artista. A intimidade é um desafio quando se fala de Jorge Palma. Difícil é imaginar íntimo mais íntimo do que a própria sonoridade da sua música, que nos move por dentro e nos arrebata pela alma. Espera-se um intimismo pessoal que suplante o carácter intimista de por si natural dos acordes que compõem as músicas e das palavras com que Jorge conquista geração atrás geração.

ÔÔ Cantor percorre 40 anos de músicas

UM SERÃO AO PIANO Agenda-

do para as 21.30 de dia 12, o concerto em que Jorge Palma se apresenta ao piano tem a duração de 90 minutos e um preço único de 14 euros. Discorrer nas teclas um percurso musical recheado

de sucessos memoráveis é o desafio que o cantor aceita desta feita, garantindo ao público um passeio de revisitação de lugares comuns das músicas de Jorge Palma que todos recordamos de tanto os percorrer e a passagem

por temas de rara beleza que ganham nas suas particularidades uma dimensão pessoalizada para cada uma das pessoas que com eles especialmente se identificam. Os ritmos, esses serão tão diversos como o temperamento visceral de Jorge Palma, mas sempre fiéis a uma identidade construída sobre uma genealidade que se reconhece. Devotos ou não do rasgar fronteiras a que sempre nos habituou, saindo da sua zona de conforto e levando-nos com ele para mundos insuspeitos, o artista garante, além dos amantes fiéis, uma presença sempre massiva de amantes do bem cantar e dos poemas feitos sonoridade perfeita assente em letras de excepção. São 40 anos de carreira levados a palco com a juventude que se nega a abandonar Jorge Palma, filha da força que é como o é ele mesmo no seu eu de artista.

po Passatem a Jorge Palm O POSTAL tem para oferecer aos leitores convites para o concerto que Jorge Palma vai realizar em Faro, no dia 12. Para ganhar um convite individual apenas tem de responder à questão sobre a carreira de Jorge Palma: Quantos anos de carreira tem Jorge Palma? As respostas devem ser enviadas para o e-mail jorgepalma.postal@gmail.com a partir das 00 horas de sexta-feira, dia 5 de Abril, e até às 15 horas de dia 10. O e-mail deve indicar nome, número de bilhete de identidade e e-mail de resposta (para informação em caso de vitória) de cada concorrente. Os vencedores serão seleccionados pela ordem de recepção dos e-mails com resposta correcta à pergunta colocada.

FC BARCELONA E SEVILHA FORAM OS GRANDES VENCEDORES

Festa do futebol infantil em Vila Real junta milhares d.r.

Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

O MUNDIALITO 2013, aquele

que já é considerado como um dos maiores torneios de futebol infantil a nível mundial, terminou no passado fim-de-semana, numa organização partilhada entre o município de Vila Real de Santo António e o de Ayamonte. Mais de quatro mil crianças, entre duzentos clubes dos cinco continentes tornaram o Mundialito 2013, que decorreu pelo sétimo ano em Vila Real, uma enorme festa do futebol, onde foram disputados mais de 750 jogos entre equipas da região, do país e de algumas das mais reconhecidas formações a nível mundial. Nos quatro escalões em disputa, as vitórias finais sorriram a “nuestros hermanos”, cabendo ao FC Barcelona e ao Sevilha dois troféus cada, contudo, a alegria dos milhares de atletas ultrapassa quaisquer troféus ou medalhas e a semana que passou

-se sentir também na categoria 2003/2004, onde o FC Barcelona renovou o título, batendo o Sevilha por 4-1. Nos escalões dos mais novos as vitórias nas respectivas finais sorriram às formações do Sevilha que bateram o Sporting CP (3-3, 7-6 nos penaltis), no escalão de 2005/06 e os petizes sevilhanos (2007) venceram a Fundação do Atlé-

tico de Madrid por 3-2.

MUNDIALITO EM VILA REAL REGRESSA EM 2014 O POSTAL

ouviu Luís Gomes, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, que garantiu a continuação da prova no ano seguinte. Para o presidente este evento é já uma marca da cidade e “um torneio residente em Vila Real”.

Sobre a edição que agora terminou, o autarca fez o rescaldo de uma “festa animada das crianças e da cidade em que tudo correu bem”, considerando o Mundialito como “um dos maiores eventos desportivos no Algarve, Luís Gomes sublinha “a importância acrescida a nível económico com a chegada de muita gente a fim de participar e assistir ao torneio”. pub

ÔÔ Luís Gomes garante continuidade da prova perdurará nas memórias dos jovens craques que contribuíram para mais um grande evento desportivo. Clubes como os já citados FC Barcelona e Sevilha, mas também os portugueses Benfica, Sporting e FC Porto juntaram-se a renomeados emblemas europeus e mundiais como Real Madrid, Juventus, Ajax, AC Milão ou Vasco da Gama e engalanaram uma competição que contou também com muitos dos futuros craques

algarvios, que representaram um considerável número de equipas da região nos diferentes escalões. No passado sábado disputaram-se as finais, perante mais de oito mil pessoas que esgotaram o Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António, e a festa foi celebrada em tons castelhanos. Na categoria de 2001/2002, o FC Barcelona ultrapassou o FC Porto, nas grandes penalidades. O domínio dos catalães fez-

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região

ZZZ pág. ##

IKEA de Loulé vai recrutar trezentos até ao fim do ano Loja abre portas no segundo semestre de 2014 Pedro Ruas/Ricardo Claro pedror.postal@gmail.com

A NOVA LOJA IKEA EM LOULÉ,

cuja abertura está prevista para o segundo semestre de 2014, vai criar trezentos novos postos de trabalho na região e o processo de recrutamento deverá arrancar no segundo semestre deste ano, revelou à comunicação social João Duarte, responsável de comunicação do grupo sueco em Portugal. Sobre o perfil dos candidatos, as perspectivas de progressão na carreira e o futuro da empresa no nosso país falou Catarina Tendeiro, directora de Recursos Humanos do IKEA, em entrevista ao Diário Económico. Segundo a responsável, estão previstas abrir, em Portugal, “quatro novas lojas até 2020”, o que significará a criação de “mais de dez mil postos de trabalho directos e indirectos”. Para estas lojas e em particular para a próxima loja IKEA algarvia, a empresa procura “pessoas

humildes, que gostem de trabalhar em equipa, que tenham orientação para o cliente, que tenham o gosto pela decoração e que estejam constantemente disponíveis para novos desafios”, pode ler-se na entrevista. Sobre a perspectiva de progressão na carreira, Catarina Tendeiro sublinha a possibilidade de mobilidade, dando nota para um “sistema interno em que as pessoas se podem candidatar a qualquer vaga no mundo”, revelando satisfação por haver já colaboradores portugueses em lojas do grupo em locais como “China, Japão, Austrália ou EUA”. Sobre a progressão interna, a directora afirma que “o IKEA tem sempre lugar para pessoas com vontade de aprender” e, nesse sentido, anuncia um novo programa de apoio aos funcionários (Leaderland), que passa por “seleccionar colaboradores com potencial de liderança de forma a serem trabalhados durante um ano para que se tor-

d.r.

ÔÔ Sindicato vê de forma positiva a instalação da nova unidade nem futuros líderes dentro da empresa”.

a economia local”. Não obstante, Maria José

Madeira espera que os trezentos novos postos de trabalho sejam ocupados por trabalhadores com contratos de trabalho efectivos e que não se continue a explorar o contrato precário, com vínculos de curta duração”, refere a responsável. Sob o ponto de vista da potencial ameaça do gigante sueco no sector do mobiliário em relação ao comércio local e às pequenas empresas que desenvolvem o mesmo tipo de negócio, a coordenadora do CESP Algarve verifica essa possibilidade com natural cuidado, embora considere que

“as lojas de pequena dimensão da mesma área geográfica são, na maior parte dos casos, empresas sem empregados, onde os próprios proprietários são quem lá trabalha”. Alargando um pouco a área geográfica, nomeadamente até à cidade de Faro, Maria José Madeira sublinha que o comércio local da cidade farense “tem os seus próprios clientes” e lembra que “muitos dos trabalhadores que estavam no mesmo sector, e não só, se vêem agora no desemprego e tem uma nova oportunidade”, conclui.

SINDICATO DO COMÉRCIO SAÚDA INVESTIMENTO O POSTAL

ouviu Maria José Madeira, coordenadora do Algarve do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), que vê de forma positiva a instalação da nova unidade IKEA na região, considerando poder ser “um novo fôlego para

pub

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA EDITAL Nº 12/2013 Jorge Manuel do Nascimento Botelho

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Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 19 de março de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 37/2013/CM, referente à atribuição de apoios de âmbito cultural a diversas entidades;

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 38/2013/CM, referente à atribuição de apoios anuais de âmbito cultural a diversas entidades - 2013;

EDITAL Nº 15/2013

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 39/2013/CM, referente à Atribuição de Bolsas de Estudo a alunos universitários ano letivo 2011-2012.

Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 02 de abril de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações:

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 19 de março do ano 2013

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 40/2013/CM, referente à 4ª. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano;

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

2. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 41/2013/CM, referente ao contrato de comodato com o Núcleo de Cicloturismo da Luz de Tavira e denúncia de protocolo de concessão de utilização de bens do domínio público ferroviário com a REFER E.P.;

(POSTAL do ALGARVE, nº 1100, de 5 de Abril de 2013)

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 42/2013/CM, referente à mobilidade do Coordenador da Secção de Contratação Pública; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 43/2013/CM, referente à Alienação da participação social na Globalgarve - Cooperação e Desenvolvimento, S.A.; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 44/2013/CM, referente à Alienação da participação social na Municípia - Empresa de Cartografia e Sistemas de Informação, E.M. S.A; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 47/2013/CM, referente à Não aplicação pontual do agravamento sobre o valor de renda apoiada - Maria de Fátima da Conceição Ramos; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 48/2013/CM, referente à elaboração do projeto de ampliação do lar de Cachopo; 8. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 49/2013/CM, referente à E65/09/CP – Empreitada de Construção do Centro Escolar da Horta Carmo (EB1 JI) - Prorrogação de prazo. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 02 de abril do ano 2023 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1100, de 5 de Abril de 2013)

Jorge Manuel Nascimento Botelho

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região zzz

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OPINIÃO Ana Amorim Dias - Escritora www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com

Buracos O que será que leva um homem a pegar na sua mota e partir sozinho para uma viagem de volta ao Mundo? Que estranha força, impulso ou apelo interior atira alguém para tal extremo? Como se deseja tanto o que é, para tantos, indesejável? Como se concretiza uma quase total impossibilidade? Muitos podem não entender as razões que movem pessoas assim. Podem até ser indiferentes a um feito tão magnífico, mas isso é quem não ousa voar sequer no espaço aberto dos sonhos. - Quando for grande quero ser como tu! Mas sem as barbas nem o charuto na boca! Ele riu-se, do humilde cume de toda a experiência de vida: - Seul celui qui a emprunte la route connait la profondeur des trous - respondeu. - Só aquele que percorreu o caminho conhece a profundidade dos buracos. Éric Lobo, o escritor-fotógrafo-viajante-louco-aventureiro, guarda em si todos os buracos que a circum-navegação do planeta o obrigaram a passar. Buracos nas estradas, nas luvas, nos relacionamentos e na alma. Buracos feitos de paisagens menos belas percorridas com o desconforto extremo da neve, da chuva e de mil e um perigos. Buracos que lhe ficaram no coração ao ter que deixar para trás cada nova amizade conquistada sem esforço. O que não lhe ficou foi o mortal buraco de fugir do desafio. Sim, decididamente. Quando for grande quero ser como o Éric. Mas sem a barba nem o cubano. Quero sentir nas costas todos os buracos de cada quilómetro percorrido. Quero ter as minhas luvas completamente esburacadas de tanto agarrar a vida. Quero o meu coração perfurado pelas setas da entrega dada a cada pessoa que amo. Quero ter uma alma que compreenda o mais profundamente possível a profundidade de cada buraco. Quero.

PS/Algarve acusa Governo de abandonar a região

Consultório do Consumidor Desperdício de água

Sétima avaliação da Troika na base da acusação do executivo ter “falhado em tudo” d.r.

PARA O PS/ALGARVE, “o re-

sultado da sétima avaliação do programa de ajustamento é o reconhecimento do fracasso completo do Governo PSD/ CDS, esses resultados revelam que o brutal empobrecimento imposto aos portugueses só serviu para aprofundar a crise económica e empurrar o país para uma espiral recessiva”. Em comunicado, os socialistas algarvios, liderados por António Eusébio, lembram que “ainda não vai assim tão longe a Festa do Pontal de 2012, no Algarve, em que o primeiro-ministro nos apareceu a gritar a plenos pulmões que 2013 seria o ano da viragem, em que se daria início à recuperação. O que seria apenas uma ironia não fora o facto de ser uma tragédia que afecta quase meio milhão de residentes no Algarve, o Algarve sofre dos mesmos problemas que o país mas com a agravante de, dadas as suas especificidades, ser a região do país onde estes se fazem sentir com mais intensidade”. O PS/Algarve afirma que “há muito tempo que o Governo se esqueceu do Algarve”, sendo que “as actuais amostras de políticas de emprego e formação, e de combate ao de-

A DECO responde...

ÔÔ António Eusébio, líder do PS/Algarve, quer inverter situação de desemprego e falências na região semprego são desajustadas à realidade e desadequadas às especificidades do desemprego no Algarve”, não existindo “políticas de estímulo à economia regional e à criação de emprego”. Para os socialistas, inverter a situação de desemprego e falências galopantes nas empresas algarvias passa por “baixar os impostos, “nomeadamente o IVA da restauração, que sejam revistas as portagens da Via do Infante, e que se promovam a aquacultura e a agricultura de forma a inverter a

via descendente da produção agroalimentar; O PS/Algarve salienta ainda que “é crucial colocar os fundos comunitários ao serviço da produção, é preciso que se aposte num programa de reabilitação urbana das áreas consolidadas das nossas cidades e é necessário que se concebam e implementem cursos de formação profissional de técnicas tradicionais de construção e de gestão empresarial”. Concluído o trabalho de preparação do lançamento dos projectos autárquicos,

com o trabalho do Grupo Autárquico e da Academia, que levou ao Algarve mais de uma dezena de especialistas em temas fundamentais para “Reinventar a Gestão Municipal”, o PS reafirma o seu empenho na construção de um caminho alternativo, para a região e para o país e promete agora dar prioridade ao trabalho sectorial regional, organizado nas seguintes áreas: Economia e Valorização do Território; Estado Social, Saúde e Educação; Sociedade e Governação.

PARA DAR A CONHECER CURSOS

Universidade do Algarve promove Dia Aberto PARA PODER ESCOLHER é pre-

ciso conhecer e para encontrar respostas é preciso fazer perguntas. Para responder a algumas delas, a Universidade do Algarve (UAlg) volta a abrir as portas, na próxima quinta-feira, para receber os alunos de escolas secundárias do Algarve e Alentejo, no âmbito de mais uma edição do Dia Aberto. O objectivo principal do evento é divulgar a oferta formativa e a investigação produzida na UAlg, através de um leque variado de actividades, que inclui visitas guiadas, palestras e sessões desportivas. Este evento, que se realiza anualmente, oferece propostas para públicos diversificados,

“O desperdício de água tem impacto na minha factura mensal?”

como estudantes, docentes e outros agentes educativos. Este ano foram programadas actividades que se prolongam até às 21 horas, procurando receber também encarregados de educação e demais cidadãos interessados. Na quinta-feira vai ser proporcionada aos visitantes uma verdadeira viagem ao mundo da investigação, através dos vários departamentos da UAlg, onde os jovens estudantes vão poder assistir e participar em actividades que contemplam as seis áreas de ensino e investigação da UAlg, nomeadamente Artes, Comunicação e Património, Ciências Sociais e da Educação, Ciências e Tec-

d.r.

ÔÔ Principal objectivo do evento é divulgar a oferta da UAlg nologias da Saúde, Ciências da Terra, do Mar e do Ambiente, Economia, Gestão e Turismo e Engenharias e Tecnologias. Organizadas pela Associação Académica da UAlg, decor-

rem em simultâneo actividades como Yoga, GAP e Zumba. As inscrições decorrem até esta sexta-feira e estão disponíveis em http://www.ualg.pt/ home/pt/content/dia-aberto.

Assumindo-se como um dos serviços públicos essenciais mais utilizados pelos consumidores, é fundamental que a água das redes públicas e que usamos diariamente seja de qualidade. É um facto que da torneira corre água de confiança na grande maioria do território. No entanto, verificam-se diferenças notórias nas tarifas a pagar de norte a sul. Entre Novembro e Dezembro de 2012, a Associação efectuou uma pesquisa a 110 municípios que revelou que a maioria aposta no aumento do tarifário de abastecimento. Todos os anos, as entidades gestoras fixam novos tarifários de abastecimento, saneamento e resíduos sólidos urbanos. As tarifas reflectem todos os custos do serviço de captação, tratamento e distribuição. Nesta equação, as perdas de água reclamam também uma fatia. Na verdade, estas perdas atingem, em média 25% e há municípios em que o valor pode triplicar. Mangueiras de regas de espaços verdes mal direccionadas ou rotura de condutas retratam o desperdício e as perdas elevadas do sistema. Trata-se de uma ineficiência que agrava os custos das entidades gestoras e que se reflecte na factura paga pelos consumidores. Deste modo, a DECO convida todos os portugueses a ajudar as entidades gestoras de água da rede para melhorarem a sua eficiência contra o desperdício. Cada gota perdida tem custos que se reflectem nas facturas mensais pagas pelo consumidor. A participação dos consumidores é fundamental para alterar a factura. Se detectar desperdícios visíveis de água, aceda ao formulário de denúncias no portal da Deco Proteste indicando o local e, se possível, enviando uma fotografia. A Deco compromete-se a enviar a denúncia para a entidade gestora do município, para que a situação seja reparada. Também todas as denúncias serão enviadas para a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos.


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classificados

Farmácias de Serviço SEXTA

SÁBADO

DOMINGO

SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

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Alves Sousa

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Santos Pinto

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ARMAÇÃO DE PÊRA

Sousa Coelho

Edite

Central

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FARO

Helena

Alexandre

Crespo

Palma

Almeida

Montepio

Higiene

LAGOA

Lagoa

José Maceta

José Maceta

José Maceta

José Maceta

José Maceta

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LAGOS

Lacobrigense

Silva

Telo

Neves

Ribeiro

Lacobrigense

Silva

LOULÉ

Pinto

Avenida

Martins

Chagas

Pinheiro

Pinto

Avenida

MONCHIQUE

Hygia

Hygia

Hygia

Moderna

Moderna

Moderna

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OLHÃO

Pacheco

Progresso

Olhanense

Nobre

Brito

Rocha

Pacheco

PORTIMÃO

Amparo

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Guilherme

Central

Mourinha

Moderna

Carvalho

QUARTEIRA

Miguel Calçada Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

-

-

SÃO BART. DE MESSINES

-

Dias Neves

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

Algarve

S. Brás

-

S. Brás

-

Algarve

S. Brás

-

Edite

S. Brás Cruz

Dias Neves

João de Deus

Cruz

TAVIRA

Central

Felix

Felix

Sousa

Montepio

Mª Aboim

Central

VILA REAL de STº ANTÓNIO

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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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última

O POSTAL

Tiragem desta edição:

8.772exemplares

regressa no dia 19 de Abril

Instituto do Emprego investe 350 mil euros em Vila Real Novo pólo de formação profissional vai ter seis salas d.r.

O INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL (IEFP) de Vila Real de Santo António vai ter um pólo de formação com seis salas de aula a partir do quarto trimestre deste ano. A assinatura do protocolo para a criação da unidade foi formalizada na passada terça-feira, na sede da Frusoal – Frutas Sotavento Algarve, o maior empregador privado do concelho, e contou com a presença do secretário de Estado do Emprego, Pedro Roque, e do presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes. A obra está orçamentada em 350 mil euros, financiados pelo IEFF, e contempla uma oficina, uma sala de trabalho prático, duas salas de formação e duas salas de multimédia e informática. De acordo com Luís Gomes, a construção deste pólo de formação é uma das vertentes do Plano de Emprego de VRSA, uma estratégia desenvolvida em parceria com associações e entidades pú-

autárquicos teve por base a medida contrato-inserção, a qual está a ser desenvolvida em parceria com as Institui-

ções Particulares de Solidariedade Social do Concelho (IPSS), nomeadamente a Associação de Beneficência Mão

Amiga, a Santa Casa da Misericórdia de VRSA e a delegação de VRSA da Cruz Vermelha Portuguesa. pub

ÔÔ Construção do pólo visa a promoção do emprego em Vila Real blicas e privadas que visa a promoção do emprego e do empreendedorismo. O pólo vai ficar sediado na Urbanização das Amendoeiras, num edifício cedido pela autarquia, e estará vocacionado para a formação nas áreas da electricidade, electrónica, manutenção industrial, hotelaria, multimédia e geriatria, entre outras. Vai contemplar ainda actividades de formação modular e outras que vierem a ser

consideradas necessárias pelo IEFP ou pelo tecido empresarial local. De acordo com o secretário de Estado do Emprego, o município de Vila Real de Santo António tem sido um “excelente exemplo na criação de medidas activas de emprego e no desenvolvimento de políticas inclusivas”, ao abrigo das quais foram recentemente integradas cerca de 20 pessoas com deficiências e incapacidades. A sua inclusão nos serviços

BTT INVADE MATA NACIONAL DA CONCEIÇÃO DE TAVIRA

I Taça do Algarve XCM é a novidade ESTE DOMINGO há muita adre-

nalina sobre rodas para libertar no Parque de Lazer do Perímetro Florestal da Conceição de Tavira, lugar onde vai decorrer o 8º Raid BTT – Terras da Conceição. Num espaço onde a natureza vai andar de mãos dadas com o desporto há circuitos para todos os gostos. Ao todo são três os

percursos na prova, diferentes nas distâncias e na intensidade das pedaladas, com um primeiro percurso familiar, com 11 quilómetros, um segundo de lazer de 36 quilómetros e o mais aguardado e onde é expectável maior emoção, o terceiro percurso, com 66 quilómetros de pura competição.

A prova, organizada pela Junta de Freguesia da Conceição de Tavira, vai contar ainda com a primeira edição da Taça do Algarve XCM. As partidas estão marcadas para as 9 horas da manhã e os únicos requisitos são o uso do capacete e a boa disposição. PR/RC

> > ASSINALE A FRASE CORRETA Ora, vê lá se adivinhas:

> > SOLUÇÃO da edição passada Ora, vê lá se adivinhas:

Que é, que é, que foge da luz do dia, não tem penas, voa e com leite os filhos cria?

O que é que está no exército, na vassoura e no mapa?

O pirilampo O pinguim O morcego

A organização ;; O cabo Promontório

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

ABRIL 2013 | n.º 56 8.772 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve ricardo claro

Espaço CRIA: d.r.

Miúdo(a), podes ser o que quiseres

p. 2

Grande ecrã: d.r.

O 25 de Abril em filmes

p. 3

Na senda da Cultura: d.r.

João Pessoa:

O luthier autodidacta p. 5

bruno portela

Consultório do Museu de Portimão é pioneiro nacional p. 10

Espaço AGECAL:

Astros, antigos ciclos e celebrações actuais p. 3

Especial Lídia Jorge

A magia do feminino

em

O Dia dos Prodígios

p. 6


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05.04.2013

Cultura.Sul

Editorial

Espaço CRIA

Um dia, todos os dias

Miúdo(a), podes ser o que quiseres

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

A 18 de Abril comemora-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. A data, como tantas outras, é simbólica de um dia que celebramos mas que deveria ser motivo de celebração todos os dias. A intenção do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios com a criação da data internacional é a de dar maior visibilidade, pelo menos durante um dia por ano, aos monumentos e sítios espalhados pelo mundo, memória material colectiva dum passado que importar preservar. Mas mais do que a preservação e defesa deste traço da identidade da humanidade importa viver os monumentos e os sítios arqueológicos, longe das pessoas o seu potencial vê-se diminuído e, por seu turno, as pessoas longe de conhecerem os monumentos são certamente mais pobres. Já pensámos, todos, há quanto tempo não visitamos um monumento ou sítio arqueológico? Muito em particular, já pensámos há quanto tempo não visitamos um destes testemunhos de outros tempos e viveres no Algarve? Muito para ver e aprender, compreender e enriquecer o eu nosso de cada um está nas nossas aldeias, vilas e cidades e não estamos a falar necessariamente de grandes ícones da monumentalidade nacional. Ao virar da esquina espera-nos a história de um Algarve que é nosso e que importa que conheçamos como poucos e melhor do que a generalidade, esta é, afinal, a nossa identidade. Conheça o legado material dos nossos antepassados e sinta-se um pouco mais algarvio e mais pleno no seu eu. Entretanto, a Direcção Regional de Cultura da região desenvolve entre 18 e 21 deste mês muitas actividades planead as em torno desta data. A não perder!

Luís Rodrigues Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve

Tenho a felicidade de ter muitos amigos. Mas não tenho muitos amigos que se apresentem no Facebook como sendo sonhadores na empresa Y ou Z. Suspeito que se trate de caso isolado. Embora se intitule um sonhador, este meu amigo, tem os pés bem assentes na terra. Sabe reconhecer oportunidades. Nos projetos que abraça corre riscos. Calculados. Lidera pelo exemplo. Não desiste perante as dificuldades. Um problema tem sempre solução. É ponderado. Esforça-se por chegar a horas. Cumpre com aquilo a que se comprometeu. Sacrifica-se. Deita-se tarde, levanta-se cedo. Sonha de noite e acordado. Por vezes em voz alta. Concretiza. Centra-se nos resultados. Ouve, com atenção, os que o rodeiam. É curioso. Orientado para o cliente. Conhece as suas limitações. Procura aconselhamento. Delega e responsabiliza. Erra. É de carne e osso. Aprende. Este meu amigo não é imaginário. Não saiu de um

Ficha Técnica:

livro de BD. Não é um super-homem embora às vezes pareça. Não é perfeito. Tem dias maus, como nós. Fez um percurso semelhante ao de muitos jovens em Portugal. Frequentou a escola pública, praticou desporto, tirou um curso superior. Ainda na universidade – é aqui que

privado. Sempre com entusiamo. Casou e constituiu família. Continua a envolver-se em inúmeras atividades. Demais, queixa-se por vezes ele e claro a sua mulher. Descobre tempo para ajudar outros que estão a começar. Gostava de ter mais amigos assim! d.r.

a história muda – acordou com alguns colegas de curso que iriam criar a sua própria empresa. E assim fizeram. O início foi difícil. Manteve várias atividades para pagar as contas e financiar a sua parte do investimento inicial. Trabalhou no público e no

Diz-nos a experiência que os empreendedores que, beneficiando de algum tipo de apoio do CRIA, avançaram para a criação de empresas possuem o seguinte perfil: idade 30-40 anos, altamente qualificados, experiência profissional relevante, prove-

nientes de áreas científicas/ tecnológicas, boas redes de contactos. Ainda são poucos os alunos que depois de finalizarem a licenciatura, estão decididos a criarem o seu próprio emprego. Nada de estranho. Durante anos fomos formatados para tirar um curso superior e conseguir um emprego por conta d’outrem. Mudar esta cultura vai requerer tempo. Ainda hoje, os programas escolares (básico e secundário) não abordam o tema empreendedorismo. O mundo mudou. Muito e rapidamente. Passámos de uma economia global baseada na indústria, para uma baseada na informação, tecnologia e conhecimento. A educação não está a acompanhar esta mudança. Noutros países há muito que se percebeu que é urgente criar uma cultura de empreendedorismo na educação. Veja-se o Reino Unido onde se desenvolvem programas (4-19 anos) e campanhas de educação para o empreendedorismo - www.areyouready. org.uk - que integram os standards de ensino. Os quadros mentais, personalidade, aspirações, atitudes, moldam-se muito cedo. É de pequenino que… Por cá, é preciso agir! Precisamos de uma nova escola. Uma escola que forme sonhadores! Pessoas normais que fazem coisas extraordinárias.

Juventude, artes e ideias

Carlos Campaniço

Programador artístico / Escritor

Não há muito, estive numa das principais salas de teatro do País. A peça era um clássico, levada à cena por duas grandes companhias de teatro em Portugal. O encenador e os actores eram de excelsa qualidade. O público, por seu turno, não faltou e a sala esgotou. Pensar-se-á que, com estas premissas, é fácil que se en-

Editor: Ricardo Claro Paginação: Postal do Algarve Responsáveis secções: • Contos da Ria Formosa: Pedro Jubilot • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço CRIA: Hugo Barros • Espaço Educação: Direcção Regional de Educação do Algarve • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Momento: Vítor Correia • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires Colaboradores desta edição: Carlos Campaniço Catarina Oliveira Conceição Agostinho Joaquim Guerreiro Luís Rodrigues Paulo Serra Pedro Branco Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

Os Jovens e a Cultura cham salas. Concordo em absoluto. Porém, trago este tema porque ainda não revelei um pormenor: 40 a 50% dos espectadores eram jovens entre os quinze e os vinte e cinco anos de idade. Reparei que não foram em visita escolar (até porque era sábado à noite), nem com os pais. Organizados em grupos de amigos, decidiram ir ao teatro. Alguns, possivelmente, foram dali para bares e discotecas, mas passaram antes pelo teatro. Fiquei com imensa inveja de poder ver em Olhão um cenário próximo deste. Neste momento, o trabalho que a Casa da Juventude está a fazer em prol do teatro, con-

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural

d.r.

Teatro infantil cretamente, é de grande utilidade. Está a formar jovens que fazem teatro, incrementando-lhes o gosto pela arte. O Au-

ditório Municipal com peças de teatro/musical infantil tem o intuito de gerar esse gosto desde muito cedo. O teatro é apenas um exemplo. Mas não chega! Há neste momento muito boas condições no Concelho para que os jovens desfrutem da Cultura. Porém, falta dar um passo: a adesão voluntária dos mesmos. Falta aos jovens deste Concelho perceber a utilidade da arte, a mais-valia do seu usufruto, o prazer que a mesma nos oferece e até os homens e mulheres mais capazes que se poderão tornar, tendo a Cultura como um dos suportes dos seus conhecimentos.

e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelagoncalves3@gmail.com

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem: 8.772 exemplares


Cultura.Sul

05.04.2013

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt IPJ | às terças-feiras | 21.30 horas | entrada paga 9 ABR | CARTAS DE ANGOLA, Dulce Fernandes, Portugal, 2011, 63’ 16 ABR | LINHA VERMELHA, José Filipe Costa, Portugal, 2011, 80’ 23 ABR | Ó MARQUÊS, ANDA CÁ ABAIXO OUTRA VEZ, João Viana, Portugal, 2012, 60’ 30 ABR | ALVORADA VERMELHA, João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, Portugal, 2011, 20’ 30 ABR | A ÚLTIMA VEZ QUE VI MACAU, João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, Portugal/França, 2012, 85’ 57º Aniversário CCF:

12 ABR | IPJ | 18.30 horas | entrada livre NOVAS PERSPECTIVAS - 1980, pb, 45’22 Solveig Nordlund 12 ABR | IPJ | 21.30 horas | entrada livre VIAGEM PARA A FELICIDADE - 1978, cor, 37’16 Solveig Nordlund MÚSICA PARA SI - 1978, pb, 54’44 Solveig Nordlund 13 ABR | Artistas | 22 horas | ent. livre E NÃO SE PODE EXTERMINÁ-LO? -1979, cor, 135’ Jorge Silva Melo, Solveig Nordlund

Abril com destaques em Português Neste mês de Abril apresentamos dois filmes nacionais, Operação Outono trata um acontecimento ficcionado pré-25 de Abril 1974 e Linha Vermelha documenta uma época pós-25 de Abril 1974. Este será, talvez, o mês com mais filmes politicamente inspirados da nossa história, pois há mais um, trata-se de uma estreia nacional: um filme sobre o conflito actual na Síria chamado Quando os Elefantes Lutam, os Pastos Sofrem. Foi a realizadora Iara Lee que disponibilizou o filme para exibição no nosso país, fomos nós que o traduzimos. A não perder! Já estamos à espera desde há algum tempo do quarto filme deste mês: O Substituto. Do realizador de American History X, Tony Kaye. Resumindo: um mês de cinema repleto de temas humanitários, que poderão ajudar-nos a reflectir e a lidar com as dificuldades inerentes à nossa própria vida. Não será isso que procuramos e esperamos de um filme, um livro, da música, duma exposição? Que nos ensinem algo sobre nós próprios, que nós dêem uma “dica”? Somos chatos, sim, mas continuamos a repetir: a maneira mais simples, mais agradável, mais enriquecedora e menos dispendiosa de ajudarem a evitar o colapso que continua a

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 440 cinetavira@gmail.com d.r.

SESSÕES REGULARES | Cine-Teatro António Pinheiro | 21.30h d.r.

Operação Outono foi exibido dia 4 ameaçar o Cineclube de Tavira (no dia 8 de Abril de 2013 a nossa associação cumprirá 14 anos) é apenas uma: disfrutem das nossas sessões de cinema enquanto cá estamos. Exibimos filmes de qualidade superior e o valor da entrada continua baixinho: quatro euros para o público em geral e apenas dois para os sócios e para qualquer portador de cartão de estudante ou de sócio de Inatel. Até muito em breve! Cineclube de Tavira

Cena do filme Detachment 11 ABR | Detachment - O Substituto, Tony Kaye - E.U.A. 2012 (97’) M/12 18 ABR | The Suffering Grasses: When Elephants Fight it is the Grass that Suffers - Quando os Elefantes Lutam, os Pastos Sofrem, Iara Lee - E.U.A./Turquia/Síria 2012 (52’) M/12 26 ABR | Linha Vermelha, José Filipe Costa - Portugal 2012 (80’) M/6

Espaço AGECAL

Astros, antigos ciclos e celebrações actuais

Catarina Oliveira

Arqueóloga e investigadora de arqueoastronomia Sócia da AGECAL

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Muitos monumentos megalíticos estão orientados na direcção do nascimento da Lua Cheia que se segue ao Equinócio da Primavera. Sabia que aí na pré-história, se celebraria este momento do calendário ritual associado à renovação da natureza? Sabia que a Páscoa, marcada no domingo seguinte à Lua Cheia da Primavera, vem na continuidade destas antigas celebrações do equi-

nócio da Primavera? Os astros, e especialmente a Lua, foram nas primitivas sociedades humanas, fundamentais para a percepção e medição do tempo. Os caçadores-recolectores, mais tarde os primeiros agricultores, determinavam o tempo e orientavam a actividade ao longo do ano pela observação dos movimentos astrais. Começa na pré-história a estruturar-se um calendário, com base no conceito de ciclo e na regularidade do curso dos astros. Novas investigações na área da arqueoastronomia apontam para a importância da Lua da Primavera na orientação das antas e recintos megalíticos, assinalando a chegada da Primavera num contexto mágico-religioso de renascimento da natureza e da vida, após a dureza dos meses de Inverno. Os monumentos megalíticos, ar-

quitecturas sagradas relacionando pontos relevantes na paisagem e direcções astrais, são a materialização de uma acumulação de conhecimentos das primeiras comunidades de agricultores e pastores sobre o movimento dos astros. Equinócios e solstícios, momentos de transição e mudança, estruturavam o calendário ritual e eram assinalados nos megalíticos com celebrações ligadas à renovação da natureza e do cosmos com vista à manutenção do ciclo vida-morte-renascimento e harmonização das actividades comunitárias com os ritmos naturais. Estas festividades perpetuaram-se até aos nossos dias, integradas na liturgia cristã. Ao equinócio da Primavera – que comemoramos hoje com a Páscoa – continuam a associar-se saídas colectivas aos campos floridos para comer o borrego na segunda-feira

“ÍNTIMO” 12 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Jorge Palma, acompanhado pelo seu filho Vicente, cria um ambiente de interactividade e proximidade com o público e viaja por mais de 40 anos de carreira, revisitando temas conhecidos de todos

pascal, as bênçãos de ramos (com alecrim, rosmaninho, palma, oliveira,…) no Domingo de Ramos; coelhos e ovos, símbolos da fertilidade; e já em Maio os “maios-moços” e as “maias”, personagens florais interpretadas por crianças e jovens. São tradições que reencontram o sentido primeiro das antigas celebrações do equinócio que em muitas culturas assinalavam o início do ano. A religiosidade popular e tradições festivas mergulham as suas raízes na pré-história, numa antiquíssima relação mágico-simbólica entre homem, astros e natureza. Nalguns sítios arqueológicos pré-históricos tem-se promovido este conhecimento e diversificado a oferta cultural com celebrações de equinócios e solstícios. Em Abril de 2012 no Túmulo Megalítico de Santa Rita, situado no

concelho de Vila Real de Santo António, assinalou-se o nascimento da Lua Cheia da Primavera com registo fotográfico do nascer da Lua e do pôr-do-sol e com conversas sobre a Lua, o megalitismo e a paisagem. Também no Conjunto Megalítico de Alcalar se assinalou o passado equinócio de Outono com a iniciativa «Uma Noite na Pré-História», pretexto para conversas sobre orientações astrais dos megálitos e culto dos mortos. No Conjunto Arqueológico Dólmenes de Antequera, na vizinha Andaluzia, são já tradição as Celebrações do Sol nos equinócios e solstícios. Retomam a relação entre ciclos astrais, ritmos da vida e os rituais da morte, convidando os visitantes a observar a entrada da luz do Sol ou da Lua, no interior dos grandes dólmenes que constituem o conjunto.

“DRÁCULA” 20 ABR | 21.30 | TEMPO - Teatro Municipal de Portimão A Vortice Dance Company apresenta uma peça em que acontece uma desmultiplicação da personagem Drácula, que assume diferentes formas, caras, animais e corpos, explorarando o lado sombrio do ser humano


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05.04.2013

Cultura.Sul

Aqui há espectáculo

Políticas culturais de um concelho que não é só “sol e praia”

Joaquim Guerreiro Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Loulé

A política cultural municipal de Loulé tem vindo a apostar fortemente na criação e experimentação artística. O espaço CECAL – Centro de Experimentação e Criação Artística

Teatro Municipal de Faro Programação: www.teatromunicipaldefaro.pt

Destaque

e valorização dos banhos islâmicos, se tem procurado a afirmação de um destino cultural distinto, integrando a Rota Ibérica do Al-Mutamid. A recente remodelação do Cineteatro Louletano, equipado com os melhores meios técnicos, veio trazer a Loulé uma sala de espectáculos com uma programação eclética, que privilegia o cinema português, e é complementada por momentos quinzenais de debate e reflexão através das Conversas à 5ª e dá oportunidade a artistas menos conhecidos nos Impro-

10 ABR | Visitas Encenadas – Atrás do Pano III, Os Cantos Confidenciais, 10, 11.15 e 14.30 horas, duração 1h, preço: 3 € 12 ABR | Jorge Palma – Íntimo (música), 21.30 horas, duração: 1h20, preço: 14 € 14 ABR | Concerto Promenade – O Quebra-Nozes, 12 horas, duração: 1h, preço: entre 5 e 10 € 19 ABR | Deolinda – Mundo Pequenino (música), 21.30 horas, duração: 1h20, preço: 15 e 20 € 30 ABR | Branca de Neve – Companhia de Dança do Algarve, 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 10 € 12 ABR | Jorge Palma – Íntimo (música), 21.30 horas, duração: 1h20, preço: 14 € Jorge Palma acompanhado pelo filho, Vicente Palma, apresenta esta tour acústica, criada especificamente para espaços que permitam um maior intimismo. Aquele que é considerado o melhor cantautor português, cria um ambiente de interactividade e proximidade com o público e viaja por mais de 40 anos de carreira, revisitando

Cine-Teatro Louletano Programação: http://cineteatro.cm-loule.pt 5 ABR | Dino D’Santiago – Destino d’um Criolo, 21.30 horas, duração: 1h10, preço: 7.50 € 6 ABR | A Revolução das Mulheres (teatro), 21.30 horas, duração: 1h15, preço: 5 € 7 ABR | Orquestra do Algarve, 17.30 horas, duração: 1h15, preço: 8 € 11 ABR | Quarta Divisão, de Joaquim Leitão (cinema), 21 horas, duração: 1h56, preço: 3€ 18 ABR | “Improvisos à 5.ª”, com José Alegre e José Francisco, 21 horas, entrada livre De 19 a 21 ABR | Festa do Cinema Italiano 24 ABR | Reconstituição (documentário), 21 horas, preço: 3 € 26 a 28 ABR | Absolute Hell (teatro), 20 horas (dia 28, às 17 horas), duração: 3h, preço: 12 € 30 ABR | La Portena Tango (música), 21.30 horas, duração: 1h10, preço: 10 €

Destaque

d.r.

Espaço do CECAL em Loulé visos à 5ª. Um bom exemplo de estímulo à criação na região foi também a rede Movimenta-te, fruto da colaboração dos cinco municípios do Algarve Central, que comprovou que planear em rede só pode trazer vantagens, possibilitando uma excelente programação com menos recursos. Acredito que o turismo criativo e de experiências pode ser um factor galvanizador para um país que atravessa uma crise financeira com cortes na cultura cada vez maiores. Penso que a criação e experimentação artísticas podem, cada vez mais, ocupar um espaço importante num concelho como o de Loulé, que outrora só foi conhecido pelo “sol e praia”. Uma aposta numa política de inovação e criatividade e numa linha programática mais contemporânea podem aumentar a diferenciação de um destino turístico, tornando-o mais competitivo, através da valorização dos seus factores diferenciadores.

30 ABR | La Portena Tango (música), 21.30 horas, duração: 1h10, preço: 10 € O guitarrista Alejandro Picciano dirige este espectáculo que relata o nascimento e desenvolvimento de uma música que transpôs fronteiras passando de um fenómeno local a uma profusa difusão internacional, tendo

sido declarado em 2009 pela Unesco Património Cultural Imaterial da Humanidade. A música que um dia foi considerada proibida brilha com todo o seu esplendor neste espectáculo acompanhado por baile.

AMO - Auditório Municipal de Olhão Programação: www.cm-olhao.pt/auditorio Até 30 ABR | Exposição de Henrique Dentinho – Formosa Ria (escultura) 13 ABR | Capuchinho Encarnado – Nem todos os lobos são maus (teatro infantil), 16 horas, duração: 1h, preço: 5 € 20 ABR | Inês Graça (fado), 21.30 horas, duração: 1h30, preço: 5 € 24 ABR | Adiafa (música), 21.30 horas, duração: 2h, preço: 5 €

Destaque

de Loulé, situado no coração do Parque Municipal, que recebe anualmente artistas em residência, dando-lhes depois a oportunidade de exporem as suas criações, é um bom exemplo disso. Também ao nível das Galerias de Arte, o facto de se ter definido uma linha expositiva programática contemporânea coerente, que tem acolhido nomes de projeção internacional, tem contribuído para formar o espírito crítico daqueles que nos visitam. Por outro lado, a promoção e afirmação do município como destino cultural com grandes eventos como o Festival Med, a Noite Branca, o Festival Internacional de Jazz ou o Encontro de Música Antiga tem permitido proporcionar aos cidadãos experiências diferentes, atraindo visitantes, precisamente pela sua oferta de qualidade, tanto ao nível artístico como cultural. Também na reabilitação do património, mais especificamente do centro histórico, através da recente descoberta

temas que todos conhecemos. Umas vezes sussurrados ao piano, outras em plenos pulmões à guitarra mas sempre com o excêntrico génio que se lhe reconhece. Este é um concerto especial, um evento único, uma noite mágica que seguramente proporcionará momentos inesquecíveis para quem é fã de Jorge Palma e não só.

24 ABR | Adiafa (música), 21.30 horas, duração: 2h, preço: 5 € Inserido nas comemorações concelhias do 25 de Abril, o AMO recebe os Adiafa, um grupo musical de referência do cantar alentejano contemporâneo. O melhor da música tradicional, numa

noite a não perder em que serão revisitados muitos dos temas mais conhecidos dos baixo-alentejanos que fazem as delícias dos espectadores em Portugal e no estrangeiro.

TEMPO - Teatro Municipal de Portimão Programação: www.teatromunicipaldeportimao.pt 12 ABR | “Cinemas às 6.ªsS – Cosmopolis”, de David Cronenberg, 21.30 horas, duração: 1h48, preço: 3 € 13 ABR | Filminhos Infantis, 16 horas, duração: 1h, preço: 3€ 20 ABR | Drácula (dança), 21.30 horas, duração: 1h15, preço: 10 e 12 € 24 ABR | Ensemble Suest’ Arte (música), 21.30 horas, duração: 1h, preço: 6 € 26 ABR | “Cinemas às 6.ªsS – Operação Outono”, de Bruno de Almeida, 21.30 horas, duração: 1h55, preço: 3 € 27 ABR | Lar, Doce Lar (teatro), 21.30 horas, duração: 1h45, preço: 15 €


Cultura.Sul

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Panorâmica

João Pessoa, um luthier autodidacta O trinar duma guitarra portuguesa, o dedilhado de uma guitarra clássica ou os arranques fulgurantes de uma guitarra eléctrica quando feitos com domínio e mestria são arte pura, capaz de entre notas e acordes nos levarem às extremas sensações que a música nos reserva na sua insondável beleza e emoção. Das mãos, da alma e do espírito artístico dos músicos nascem os sons, mas nada disto seria possível se as mãos de um guitarrista não se entregassem a um instrumento também ele feito de arte e mestria, saber e dedicação. Num país que tem no seu palmarés um infindável número de cordofones autóctones, não há escolas de luteria, arte e ofício de fabricação de instrumentos musicais de corda, mas há-os luthiers de primeira água como João Pessoa. Nascido há 42 anos em Moçambique, na antiga Lourenço Marques (actual Maputo), e chegado ao Algarve aos 18 anos, depois de passar pela África do Sul e pelo Brasil, foi em terras algarvias que iniciou a sua arte. “Queria ter uma guitarra para tocar e como não tinha dinheiro e tinha jeito para a carpintaria, comecei a tentar fazer guitarras”, diz, simples, quem hoje é um nome incontornável da produção de guitarras costumizadas.

fotos: ricardo claro

João Pessoa no atelier em Olhão Um mestre autodidacta O designer, formado na Universidade do Algarve, é um autodidacta

e nos quase 20 anos a fazer guitarras tem instrumentos espalhados um pouco por todo o mundo,

com clientes que cobrem os mais variados géneros musicais. Ao Cultura.Sul, que recebeu no seu atelier em Olhão, espaço sagrado da JP Costume Guitars, o artista que da madeira faz nascer verdadeiros ferraris dos cordofones, deu esta entrevista em pleno trabalho. Nas mãos de João Pessoa um instrumento do músico José Alegre que une uma guitarra de doze cordas com um bandolim. A

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A guitarra bandolim de José Alegre “ONE HER(MAN) SHOW” 5 e 6 ABR | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Espectáculo de Herman José baseia-se em mais de 30 anos de carreira, na recuperação de muitas histórias hilariantes e verídicas (que passam pela imitação de muitos colegas e cantores com quem privou)

obra, o restauro desta peça, estava quase no fim e a minucia do trabalho é notória. O luthier fez-se artista através de “tentativas e erros”, depois de terminado o curso de design, “porque já tinha muitos clientes e sempre pensei que era esta a profissão que queria ter”, aprendendo apenas com o ver outros mestres trabalharem. A licenciatura valeu-lhe em particular nas áreas da ergonomia e da tecnologia e anatomia dos materiais, “ferramentas que foram uma mais-valia”, a que se somou o facto dos professores, conhecedores dos seus objectivos, lhe terem facilitado a aprendizagem dedicada aos seus desejos profissionais futuros. João Pessoa é claro, “fabricar uma guitarra não deixa de ser pura carpintaria, na criação e desenvolvimento do projecto inicial e na ergonomia é que estão as grandes diferenças” face à secular profissão de carpinteiro. “A criação obedece às regras de construção dos cordofones e a ergonomia garante o conforto do músico, preservando a função do instrumento musical”, diz. “A guitarra tem de ser passível de, cumprindo a sua função de instrumento, ser tocada durante um concerto de duas horas sem martirizar o músico”, conclui.

“No resto quem manda é o músico”, diz João Pessoa. Que madeiras utilizar, qual o tamanho do braço, que decorações e acabamentos o instrumento vai ter e que sonoridade se pretende atingir são ditames determinados pelo artista. Ao mestre luthier cabe associar a vontade do músico à realidade das madeiras mais duras ou mais macias e aos sons que cada material é capaz de produzir. A arte faz-se matéria depois de longas conversas que permitem a João Pessoa entender o que cada músico pretende do instrumento a construir. “Os músicos que me procuram são profissionais e os instrumentos o seu ganha pão”, sublinha. Nestes termos, a conversa não é frívola e incidental, tudo é visto ao pormenor para que o produto final seja a perfeição feita cordofone. Nas mãos de João Pessoa continua o instrumento de José Alegre, a que dá retoques com uma lâmina afiada. No tampo está a história que o músico quis gravada na sua arma de trabalho “um eremita que vive da pesca e do que esta lhe oferece, que segue o seu caminho - representado pela rosa-dos-ventos - orientando o pão nosso de cada dia”, conta João Pessoa. O futuro do mister No que respeita a seguidores da arte da luteria, o mestre que colocou Olhão no mapa deste ofício afirma que há muitos interessados, mas adianta que a formação é sempre um processo difícil e que requer muito de autodicta. “O atelier é um lugar sagrado e a luteria requer muito de um estado ‘zen’, pouco compaginável com o ensino”, diz João Pessoa. Há um estado de alma e uma inspiração e concentração indispensáveis em muitas das fazes do processo de criação que dificultam a disponibilidade para o ensino, refere o mestre que se afirma incapaz de se confessar mais apaixonado pela criação de um novo instrumento ou pelo restauro de uma peça. Da mesma forma, para João Pessoa não há um seu trabalho que o marque mais do que outro. “Seria muito injusto distinguir entre os instrumentos que fiz e faço, são todos meus filhos”, sublinha. Ricardo Claro

“MUNDO PEQUENINO” 19 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Após lançarem “Canção ao Lado” e “Dois Selos e Um Carimbo”, os Deolinda apresentam agora o seu último trabalho de originais, disco gravado no Porto no Boomstudios, produzido pelo britânico Jerry Boys e pela própria banda


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Especial Lídia Jorge

A magia do feminino em O Dia dos Prodígios

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

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d.r.

O Dia dos Prodígios foi o romance de estreia de Lídia Jorge, publicado em 1980, e nele perpassa um forte sentido de autobiografia, escrito com base na memória da terra de Boliqueime, onde nasceu, e em que reflecte o imaginário e o modo de vida de um ambiente rural. O registo linguístico remete para o regional e popular, com recurso a diversos termos algarvios, mas existe igualmente uma forte dimensão mítica, que se constrói a partir do realismo mágico. Logo quando publicado, este romance foi apontado como uma obra inaugural desse género de ficção, caracterizado pelo uso do maravilhoso, aproximando-se de escritores como Gabriel García Márquez ou William Faulkner (um dos seus escritores preferidos). Mesmo que já se tenha escrito so-

bre esta obra antes e, ainda em 2010, se tenham realizado, na Câmara Municipal de Loulé, diversas iniciativas em comemoração do 30º. aniversário da obra, é impossível deixar de voltar a este livro com um sentimento de novidade, trabalhando-a como um cristal multifacetado, onde se descobrem sempre novas facetas consoante a perspectiva que se adopte. Foi também no ano de 2010 que se publicou uma edição comemorativa da obra, pela Dom Quixote, o que coincidiu ainda com a sua adaptação e para teatro por Cucha Carvalheiro, ex-directora do Teatro da Trindade, em Lisboa, estreando em 23 de Setembro de 2010, com um elenco onde constavam diversos actores como Maria Emília Correia, Cristina Cavalinhos, Diogo Morgado e Filomena Cautela. Esta peça foi inclusivamente trazida a Loulé em Março de 2011. Na intriga existem diversos elementos que atestam a ocorrência do mágico: uma comunidade que acredita numa cobra que depois de morta ganha asas e voa; um rio que secou há cem anos sem razão aparente; crenças e superstições locais que se referenciam, «Só havia ali na curva do rio um moinho velho, onde, de noite, apareciam medos» (p. 31); Pássaro Volante

pedro loureiro

que julga que a sua mula se riu dele e lhe fugiu; as insolações lunares de Macário que o fazem dormir durante catorze dias do mês. Mas é em Branca que o mágico se concentra mais fortemente, à semelhança de outras personagens femininas com poderes sobrenaturais, como a Blimunda de Saramago. Branca, cujo nome próprio está imbuído de uma ideia de luminosidade que remete para o celestial, insinuando uma magia que provém dos céus, possui capacidades de adivinhação que lhe permitem atravessar as distâncias do tempo não-acontecido: «Assim Branca, com dezassete anos vira a Pássaro. De rosto tão quadrangular e olho tão assestado sobre a sua carnação mal coberta por um vestido de popelina, que fora forçada a dizer. (...) Vai ser aquele, porque tem cara de me querer bater toda a vida. Já então se supunha com um alcance que ia mais além do presente até agarrar o futuro, com uma vidência feita de sobressaltos e chamada por palavras.» (p. 66). Branca vive retida em casa, controlada pelo marido através da bordadura de uma colcha branca, onde figura um dragão, tarefa que ele impôs como forma de controlar o seu tempo livre, enquanto ele, como o próprio nome de Pássaro Volante indica, anda por aí em liberdade, com as suas mulas, à semelhança de um cavaleiro andante

“ARTE PÁSCOA 2013” Até 14 ABR | Ruas do Centro Histórico e Barão de S. João - Lagos Exposição temática alusiva à comemoração pascal, em que são utilizadas peças pintadas em tecido, respeitantes ao retrato figurativo de Jesus Cristo - Paixão de Cristo, e que estão penduradas em janelas e varandas

que deixa a sua donzela na torre, guardada por um dragão: «Tinha dito uma vez em frente de pessoas de fora, que a bondade mandava que se fornecesse à mulher o entretém para os dedos, de outra. Oh, de outra forma. Branca Volante passaria as tardes com o espírito além das parreiras. E o que se passasse no espírito nunca se poderia medir nem calcular. O dragão, pelo contrário, era um indicativo precioso. Note-se. Não só do tempo que tinha ficado disponível, como ainda da justiça usada na distribuição das tarefas. Porque se alguma coisa faltasse fazer, e as escamas do dragão crescessem. Ah dedinhos. Branca estaria a esquecer-se dos seus deveres, e forçoso seria fazê-la lembrar. Cinco dedos estampados na pele. Não era para doer. Era mais a marca e a lembrança.» (p. 36). No entanto, após um casamento submisso de dez anos, Branca passa a viajar em pensamento graças aos seus poderes mágicos, e pode inclusivamente perscrutar a distância física, através da visão e audição: «A mão sobre a orelha. Havia tempo que ouvia os sons à distância. (...) Consigo ouvir animais, pessoas, rumorejo de folhas. Chego a ouvir as ondas. Este tam tam que vem e vai.» (pp. 48-49). Branca passará até a dormir, estranhamente, com os olhos abertos: «Branca fechou os olhos porque acordou.» (p. 51). Esta personagem

feminina, enquanto detentora de capacidades mágicas, pode inclusivamente ser considerada como a responsável pela aparição da tal cobra voadora. Ao bordar o dragão na colcha, empreita que dura há dez anos, produto das tardes e que se arrasta pelo chão da casa, Branca começa a recear a sua própria criação, pois sente-a mover-se pela casa como um monstro, uma assombração. Como se todo o tempo e energia que a mulher consumiu na sua feitura lhe tivessem conferido algum poder vital: «Agora o dragão começa a ter uma forma de verdadeiro animal réptil voante. Porque o contorno da asa cinza vivo se abre em leque no meio do pano e o corpo do bicho de escamas miúdas. (...) Sendo potente e metalizado enrosca pelo tecido, e as patas abertas parecem agarrar seres vivos.» (p. 88). É curioso atentar como o elemento do dragão invoca os contos de fada em que as jovens donzelas indefesas estavam presas numa torre e guardadas por um dragão, mas é também a própria Branca que cria a criatura que será também o seu carrasco... Essa colcha é, afinal, como uma criação artística com o poder de uma obra literária, investindo Branca de um poder que vai além das suas capacidades visionárias, imbuíndo-a de uma nova força. A colcha simboliza assim, enquanto artefacto ou objecto estético, artístico, criado pelas suas próprias mãos, um processo de recuperação de poder e de apropriação da palavra como forma de libertação. O leitor depara-se ainda com um crescendo da personagem que não só vai conseguir rebelar-se contra o marido, defendendo-se com um facalhão quando ele a ataca. Esta mulher vive ainda o presente concentrada nos seus pressentimentos de um futuro que ela prevê melhor: «em breve as camionetas vão começar a chegar abarrotadas de gente que há-de vir para me consultar. Sobre as suas vidas. Além de outras viaturas motorizadas, animais ferrados e gente de pé.» (p. 199). Essa previsão de Branca é, aliás, o único horizonte positivo que o romance deixa e permite antecipar o que está para lá do final do livro. Esta fé no porvir retrata ainda o sentir do povo português e retrata essa vivência particular que é uma espera sebastianista, pois apesar da Revolução do 25 de Abril continua-se a aguardar o cumprir de uma profecia que salve o país, simbolizada por essa cobra que depois de espezinhada levanta voo.

“PREOCUPO-ME, LOGO EXISTO” 5 ABR | 21.30 | Auditório Pedro Ruivo - Faro Ao longo de mais de uma hora, Diogo Infante vai-se metamorfoseando em oito personagens distintas, que podemos encontrar actualmente em muitas cidades ocidentais, onde tabus e o absurdo de uma certa modernidade são expostos


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Momento

Manif Nacional 2 de Março Foto de Vítor Correia

Espaço ALFA

Faro, a cidade das pedras falantes

Conceição Agostinho Colaboradora da ALFA

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Ali, na cidade velha, há uma história viva e imprecisa de um tempo presente. Em cada esquina, fantasmas de um imaginário fabricado por livros e filmes surgem-nos nas brisas, na cal desmaiada dos muros, nos recortes de luz e no cheiro mágico das árvores serenamente vigilantes. Há um certo imperialismo do tempo, ali, na cidade velha. Também uma certa bonomia, tal como existe em tudo quanto parece ter perdido a idade. O que se procura quando se fotografa na cidade velha? Nunca soube, e talvez por isso, um fascínio intraduzível me obrigue a regressar continu-

amente ao que ainda está por ver. É como se tudo fosse outra coisa para além da História. Ou como se a História estivesse toda por preencher, por ganhar uma outra vida humana, um outro movimento, um outro cheiro. Ali, tudo diz e seduz uma câmara: que é como quem diz: um olhar, uma alma, um momento. Ali, eu sou mais daqui. Os grandes muros brancos esperam personagens. Os vértices dos muros são de pedras falantes – numa língua que já ninguém diz. A terra que ladeia os canteiros das árvores está viva e cheia de tesouros dos anos. As árvores não se importam com as fotografias e de tudo isto parecem troçar as cegonhas no seu firme bater de bico lá no topo da Sé. Dizer que há uma magia indescritível na cidade velha, é demasiado pouco. Regresso frequentemente às ruas cujas pedras receberam pés, sangue, rodas de ferro, ranhos, sapatos e mãos. Ali, naquelas pedras, estão todos os que não constam da Histó-

d.r.

ria. E outros, como o Remexido, e as tropas e as meninas engalanadas e os rapazes sonhadores, poetas e açougueiros, mercadores e parteiras, liberais, freiras, crianças vazias e velhos de olhos grandes. E o Zeca Afonso, o Carlos Porfírio, o Lyster Franco e a Matildinha “curiosa”. E risos que se escondem. E a estátua de D. Afonso III que ainda manda na fé. Regresso. Levo tripé. Ensaio distâncias focais, ajusto sensores: até onde eu quero ver a vida mais íntima das ruas velhas? Landscape (paisagem) ou portrait (retrato)? Acabo sempre por inverter, pois toda a paisagem na cidade velha é alta e magnânime, e toda a marca de tempo humano é um retrato com fuga para o passado e para o presente. Há uma disparidade luminosa constante na cidade velha: seduzem-me as exposições desequilibradas. Acho que algo fugiu há centenas de anos desta parte de Faro – e nem no futuro conseguiremos agarrar. Talvez a objectiva me leve lá. Ou quase.

“LAR, DOCE LAR” 27 ABR | 21.30 | TEMPO - Teatro Municipal de Portimão Maria Rueff e Joaquim Monchique, juntos pela primeira vez em palco, dão corpo às diferentes personagens da comédia que revela o dia-a-dia da residência Antúrios Dourados para Seniores de Qualidade

“ADIAFA” 24 ABR | 21.30 | Auditório Municipal de Olhão O grupo Adiafa foi criado pelos músicos José Emídio e Paulo Colaço, por volta de 1998, e na sua génese está a divulgação e interpretação do cante campaniço baixo-alentejano, e a recuperação do seu instrumento tradicional, a viola campaniça


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Contos de Primavera na Ria Formosa

Hotel Abril

Pedro Jubilot

pjubilot@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

O Portugal de 1973 era um país já demasiado triste e cansado, à espera de algo que acontecesse. Nos estádios de futebol, o Pantera Negra, que já dera o seu melhor, continuava exilado num país de que há muito o obrigaram a ser. Não podia sair da Luz, mas já começava a entrar no túnel da inevitável decadência. A Diva, de tanto lhe doer a voz e a alma, incluía já no seu repertório, canções de vários géneros e línguas, que se desviavam da essência do seu fado, indirectamente afastando-se da forçada colagem ao destino do seu país. No entanto, essa perda de identidade criativa, é que a mantinha ainda livre. Na televisão, ainda a preto e branco, N. Sª de Fátima continuava a proteger semestralmente a nação de todos os males com a bênção de um estado que continuava a chamar-se novo, ao fim de 48 anos. E… havia uma juventude, que tinha de tornar-se adulta por força das circunstâncias da guerra ultramarina, da falta de estudos, da pouco estimulante vida cultural, e de ter de arranjar um trabalho, pois que nesses anos os pais não ganhavam o suficiente para se poderem manter os filhos no sonho etéreo da adolescência por muito tempo. ‘Trrrriiiiin... trrrriiiiin…’ tocavam assim os telefones num som grave, orgânico, terrestre, subterrâneo e utilizavam-se para se dizerem coisas realmente importantes. Boas ou más. Por isso Augusto sentia um arrepio de cada vez que o ouvia. Tremia só de pensar, que lhe iam comunicar o dia e a hora de embarque para as colónias portuguesas do Ultramar. Decidiu-se por levantar o pesado auscultador do telefone mas descansou ao ouvir a voz do seu amigo Jorge. Sentiu-se reconfortado. Esta chamada era das boas. O conjunto que recentemente tinham formado ia abrilhantar a passagem de ano num hotel do Algarve e acaba por ser contratado para banda residente da época baixa. Durante Abril, mesmo sem receber há quase um mês, teimam em honrar o contrato. Num final de noite os músicos ficaram a conversar e ouvir rádio no quarto virado para a doca que os albergava a todos, quando passou a canção concorrente ao Festival Eurovisão da Canção. ‘O Paulo de Carvalho tem uma grande voz, não acham?!’, disse Rui.

‘Disseram-me que ele pertence ao PC…’sussurrou Mário. ‘Então pá, eu sou o vosso agente, arranjei-vos este emprego, dou-vos comida, cama lavada e whisky todos os dias, vamos mudar de assunto, sim?! ’ Nisto batem à porta do quarto. ‘Porra! Não vos disse para se calarem…Quem é?’, perguntou Rui. ‘Uma chamada de Lisboa para o

e decide começar as aulas de piano e composição. Por exigência da profissão que abarcara passava cada vez mais temporadas fora, entre Madrid, Paris e Berlim, dedicando-se a uma bem sucedida carreira a solo. Podia agora passar as fronteiras do país, e não só para África. Durante muito tempo apenas visitava Portugal para fazer fé-

tempo para se sentar em casa a ler o jornal e ligou a televisão, era o dia do jogo da final do campeonato, que celebrava aquele que consideravam ser o maior evento desportivo jamais realizado no país. Nos estádios de futebol, o Menino de Ouro, que ainda viria a dar o seu melhor, regressaria de novo à ilha, não uma do país que o viu nascer, d.r.

Sr. Lacerda’. Augusto dirigiu-se à recepção. ‘Calem-se lá por favor, deixem ouvir isto’, pediu o Jorge. ‘Isto não é possível, isto… não é possível… o Zeca Afonso na Rádio Renascença? Passa-se algo estranho, isso é o «Grândola», pensava que isto estava censurado.’ Augusto reentra, deita-se na cama, calado mas sereno. Parecia mais feliz do que quando saíra. ‘Está tudo bem?’ ‘Sim. Está tudo bem! Mas não desliguem a telefonia… oxalá as coisas mudem esta noite… eu não queria mesmo ir para a guerra’, disse Augusto. ‘Porque é que estás a dizer isso? Porquê esta noite? Quem é que te ligou? O que é que se está a passar, Augusto?’ ‘…é que hoje faço anos e o meu irmão, que estava de serviço no quartel…’ Os amigos começaram a cantar ‘Parabéns a Você’, só silenciado quando se ouviu a voz que anunciava: “Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas, que desencadearam esta madrugada uma série de acções com vista à libertação do país do regime que há longo tempo o domina”. Na ressaca desses revolucionários dias, regressam à capital com a bagagem cheia de recordações do Algarve. Augusto vai para a casa dos pais

rias e rever a família e os amigos. Depois de muitos anos de discos, gravações e longas digressões, sentiu uma estranha vontade de regressar à sua terra, e à casa onde crescera. O Portugal que Augusto encontra em 2004, é um país já a ficar deprimido, onde pouco poderia ainda acontecer, a não ser tudo o que a globalização e a comunidade europeia nos dava para nos entretermos. Quando, no dia em que Augusto teve outra vez

mas onde nasceu o desporto do qual diziam ser ele o melhor. Não podia sair de Old Trafford, mas já começava a entrar na esfera da inevitável e exagerada exposição pública da sua vida privada. E nessa tarde de Junho, mesmo estando no relvado, foi apenas mais um entre os milhões de portugueses vestidos de camisola grená e calções verdes, que não conseguiu festejar um único golo, apesar de tantas bandeiras penduradas nas janelas d.r.

por esse país fora. A Cantora de ascendência crioula que fora promovida ao estrelato meteoricamente, desejava ir instalar-se em Nova Iorque para indirectamente se ir afastando do forçado rótulo de nova diva da canção de Lisboa, e do destino do seu país. Enfim, da essência do nosso fado. No entanto, essa abertura de identidade criativa, é que a poderia manter ainda famosa e independente por mais algum tempo. Na televisão plasma por cabo, o nosso senhor Primeiro-Ministro anunciava a sua partida para Bruxelas como se de um dever patriótico se tratasse, lançando o país numa crise política e social que estaria para durar. Através dessa caixa que o mundo transformou num painel estreito de alta definição, os políticos vindouros continuaram a mentir semanalmente ao povo de uma nação cheia de altas taxas de desemprego, fome e corrupção, apesar de todos nós quereremos ainda acreditar num estado que continua a dizer-se de direito democrático, mesmo depois do que fomos assistindo ao longo destas últimas décadas. E… uma juventude, que tem de demorar-se a ficar adulta por força das circunstâncias da crise, por o curso não ter saída no mercado, tendo de arranjar trabalhos precários, pois enquanto não conseguem nada melhor os pais lá fazem por manter os filhos no sonho visionário da adolescência por mais algum tempo. ‘Tchalalalalaúuuu… Tchalalalalaúuuu….’, tocam assim os telefones num som agudo, digital, sem fios, demasiado estridentes e utilizam-se para se dizerem coisas realmente normais. Boas ou más. Por isso Augusto sente um arrepio de cada vez que os ouve. Treme só de pensar, que lhe vão perguntar onde está e o que está a fazer ou a estafada senão paradoxal pergunta sobre que projectos tem para o futuro - esse tempo que cada vez se sabe ser mais incerto. Decidiu-se finalmente a apanhar o leve telefone móvel. Esta chamada era das más. Sentiu-se devastado. A voz profunda e triste do Rui num som nítido como se estivesse ali mesmo a seu lado, dizia que já tinha descansado o seu amigo Jorge. Da janela da sala, podia ver o pequeno jardim e relembrar quando ali se sentava com o amigo a falar das pequenas grandes coisas da vida. Passaram mais de trinta anos em alguns minutos. Terminou nessa madrugada a peça em que tinha estado a trabalhar nas últimas semanas, dedicando-a ao seu velho amigo Jorge. Chamava-se ‘Uma Espécie de Regresso a Casa’ e ia estreá-la no concerto que daria em breve para o lançamento do cd retrospectiva dos seus 25 anos de carreira. Exausto, adormeceu no sofá ao lado do piano.


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Espaço ao Património

Sala de leitura

“Do Património? Isso é para pagar alguma taxa?”

Perigo de Criatividade! d.r.

Paulo Pires

Programador do Departamento Sociocultural do Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com

A região tem visto surgir exemplos de boas práticas na área patrimonial

Pedro Branco

Técnico Superior de História

Desde já agradecendo a oportunidade para escrever neste espaço, confesso que o artigo escrito pela minha amiga Vera Teixeira de Freitas na última edição do Cultura.Sul, provocou em mim um sentimento de reciprocidade. Isto no sentido de que os técnicos de história e de património são confrontados com os mesmos acolhimentos de contentamento superficial, mas que, no fundo, acabam por revelar um completo desconhecimento do âmbito do seu trabalho. Exploremos algumas das “auras” que nos envolvem: O síndroma José Hermano Saraiva: O falecido comunicador sempre foi o que a maioria da população associou como sendo um historiador. O problema reside no facto de, para maximizar a força comunicativa, algumas vezes Saraiva dava-se ao luxo de “dourar a pílula” com grandes eventos e feitos heróicos. O que acontece? Quando vamos falar com alguém sobre determinado sítio e/ou acontecimento histórico, querem logo que tal tenha uma forte carga importante. Quando depois referimos que não foi bem assim, que não há fontes que sustentem tal argumentação, aparecem expressões “mas já diziam que era assim” e, em locais que tenham sido visitados pelo extinto orador, “então mas se o Saraiva esteve cá e disse que era assim…”. Fora outros delírios que não precisaram de inspiração televisiva… A sobranceria política: Felizmente, no meu percurso profissional, nunca tive que lidar com tal problema, mas confesso que me arrepiei, quando há

uns meses atrás, vi Macário Correia a ser entrevistado na RTP devido à condenação jurídica que colocava em causa o seu mandato em Faro, devido a práticas irregulares quando era autarca em Tavira. Dizia ele que tinha tomado as decisões que causaram todo aquele imbróglio pois também ele é engenheiro e arquitecto, conhecedor da legislação norteante e com o poder de decisão e responsabilidade. Ora esse suposto conhecimento acabou por o “tramar”, ao ir contra o parecer dos técnicos… A vontade de muitos políticos em quererem assumir decisões e/ou protagonismo leva muitas vezes a que o património nas suas mais diversas variantes possa vir a ser afetado. Felizmente para nós, num Algarve em que o tempo da grande pressão urbanizadora e consequente descaracterização já lá vai indo e em que começa a haver uma maior simbiose das populações com a história e memória das suas terras, o “quero, posso e mando” seja mais escrutinado e com menos possibilidade de acontecer, tanto mais que muitos entretanto se aperceberam que o que foi substituído pelo betão armado lhes dizia muito mais. O estigma do funcionário público: Quando se vê os últimos governos a usarem a função pública como bode expiatório para o desequilíbrio orçamental central e parte da comunicação social a alardear tais manobras, é natural que, seja a nível local, seja a nível central, o servidor do Estado ou de uma autarquia seja como que “visto de lado” pelos seus interlocutores. O que acontece a nós técnicos do património quando partimos para o campo? Assim que nos identificamos junto de cidadãos que estão na envolvente a abordar e que poderão ser de apoio à investigação no terreno, somos confrontados com os useiros e vezeiros “ai são da Câmara? Pois, belas vidas a passear…”, “já viram isto, quer dizer, você que é da câmara aponte lá que esta casa está a cair, é uma vergonha, e vêm os turistas tiram fotografias e vêm os drogados” ou “isso não interessa, está

velho”. Ou seja, muitas vezes somos é alvo de “tiros” atirados contra os nossos colegas do planeamento, dos jardins ou da ação social. Da forma mais clara possível deve-se informar esses transeuntes que o trabalho ali realizado servirá para se conhecer melhor a sua área de residência, contribuindo para a sua preservação e valorização, não só na vertente patrimonial pura e dura, mas também na relação que os habitantes têm com o local abordado. E já que se falou noutros departamentos autárquicos, referir também que a interligação entre setores é cada vez mais potenciada com o bom exemplo neste caso a ser o contributo dos levantamentos patrimoniais para a elaboração dos novos Planos Diretores Municipais. Estes são três dos chavões em que atividades desenvolvidas em prol do património facilmente caem. O tempo fará com que se vão esbatendo. Afinal de contas a nossa região tem visto surgir exemplos de boas práticas na área patrimonial como a criação da Rede de Museus do Algarve (um bom exemplo da coordenação de esforços conjuntos na área da museologia) ou a gestão partilhada dos Monumentos Megalíticos de Alcalar entre a Direcção Regional de Cultura do Algarve e o Museu de Portimão, conseguindo uma resposta mais eficaz em termos de gestão no terreno, além de ter proporcionado uma maior dinâmica na atratividade daquele Monumento Nacional. Por isso, caso me encontrem a mim ou um colega meu numa rua de uma localidade qualquer, munido de uma máquina fotográfica, de cartografia, uma caneta e até um GPS, nada receiem, não somos pessoal da Autoridade Tributária a avaliar eventuais aumentos do IMI na vossa zona ou agentes da Judiciária à procura de traficantes de droga. Somos sim pessoas cuja missão é ajudar a investigar, valorizar e promover o território de todos nós.

Sobre ele a escritora Hélia Correia afirmou que “não há morte que chegue para tantos que respiram o ar que ele respirou”. Chamava-se Zeca Afonso e revisito-o aqui não para citar nenhuma das suas canções mas para falar de Criatividade, recordando duas ideias fundamentais desse andarilho maior: “Mas o que é preciso

do, onde podemos parar o “piloto-automático” para ouvir gritar baixinho e para ler nas entrelinhas das palavras (e até da vida/pele), onde se tomam (úteis) banhos de humildade, onde se promove a inquietação criativa… Isto para não acabarmos como a nêspera do poema “Rifão quotidiano”, de Mário-Henrique Leiria, a qual estava na cama deitada e muito calada à espera a ver o que acontecia, aparecendo então uma velha que disse “olha uma nêspera” e, “zás”, comeu-a. O texto-metáfora remata com uma moral bem ilustrativa: “[isto] é o que acontece às nêsperas que ficam deitadas, caladas, a esperar o que acontece”. Gosto de pensar nas bibliotecas como uma sardanisca verde que não consegue parar de rabiar (mesmo depois de morta) ou como uma “pequed.r.

Palavra que inspira... criatividade é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo então está tudo lixado.”; “Quanto mais pessimista é a visão que eu tenho do mundo, das coisas, mais vontade tenho de me envolver nelas”. Em suma: entusiasmo contagiante e disponibilidade na adversidade. O gérmen da criatividade é indissociável destes e doutros ingredientes, como originalidade, reinvenção, imprevisibilidade e ousadia. Ser criativo também é, de facto, não ter receio de arriscar/falhar (como as crianças tão bem fazem), pois quem não está preparado para errar dificilmente terá uma ideia inovadora. A imprevisibilidade do futuro – encarada tantas vezes como uma ideia assustadora e pessimista – não é algo extraordinário enquanto estímulo à criatividade? É aqui que entram as bibliotecas (do desassossego). Falo de lugares onde alguém disse um dia caberem todas as imagens e sonhos do mun-

nina luz bruxuleante” que insiste em brilhar “aqui no meio de nós”, como diria Jorge de Sena. A Biblioteca Municipal de Silves, junto com outros setores do Município e em articulação com vários parceiros externos, gizou, para os meses de março e abril, um programa pluridisciplinar para comemorar o Dia Europeu da Criatividade Artística (21 de março), cruzando-o com a celebração do Dia Mundial da Poesia. A ideia de criar no espaço europeu uma efeméride em torno da promoção da Criatividade foi lançada pelo projecto Creart e está a decorrer nas cidades que integram a Rede de Cidades para a Criação Artística (em Portugal unicamente no Porto, Aveiro e Silves). Os trabalhos interdisciplinares já desenvolvidos em Silves, explorando vídeo, leitura encenada, fotografia, performance, teatro, dança, música e artes plásticas, estão disponíveis em www.cm-silves.pt e na plataforma colectiva www.europeandayofartisticcreativity.eu


10 05.04.2013

Cultura.Sul

Na senda da Cultura

Consultório do Museu de Portimão é pioneiro no país O Museu de Portimão, reconhecido pelo espólio que oferece aos visitantes, como pelo serviço cultural que presta à comunidade, abriu portas a uma nova iniciativa que pretende apoiar todos quantos queiram restaurar peças mais ou menos deterioradas que tenham em casa. O Consultório do Museu de Portimão teve início em Fevereiro e conta com sessões de esclarecimento mensais sobre conservação e restauro de peças de particulares que necessitem ser intervencionadas. O objectivo não passa por prestar o serviço de recuperar, mas esclarecer dúvidas, analisar patologias e elaborar um plano de intervenção para que cada um dos proprietários possa recuperar as suas próprias peças. No primeiro sábado de cada mês e mediante inscrição, a oficina de conservação e restauro do Museu de Portimão serve então o propósito de consultório aberto ao público, com a presença de uma equipa de conservação e restauro, que pretende dar todas as explicações sobre como cada um pode recuperar as suas peças, sejam elas de mobiliário, cerâmica, pinturas ou quaisquer outras. José Gameiro, director do Museu de Portimão, explicou ao POSTAL o porquê desta nova iniciativa e mostrou-se bastante agradado com os primeiros passos de um serviço que já tem repercussões a nível nacional. Segundo o director, a ideia de criar o Consultório do Museu surgiu na medida em que “já havia contactos cada vez mais frequentes para este tipo de aconselhamento e tomou-se a decisão de avançar com o projecto”. “Aproveitando as mais-valias inequívocas de uma equipa especializada de técnicos de conservação e restauro que o museu tem e com o intuito sempre presente de considerar a comunidade local enquanto participantes activos do museu, esta é mais uma medida para apoiar quem nos visita e ajudar na resolução de determinados problemas, alargando, assim, o conceito de serviço público do Museu de Portimão”, refere José Gameiro. O papel de responsabilidade social do museu é aqui, segundo o director, “uma forma de sensibilizar as pessoas para os próprios bens”, não esquecendo que o museu “tem beneficiado da ajuda de pessoas que, quer através de doações, quer de cedência de peças, têm ajudado a enriquecer o [nosso] espólio”, sublinhando que esta iniciativa é também “uma forma do museu retribuir à sociedade, ao mesmo tempo que assume, uma vez mais, um papel na defesa do património local”. Técnicos especializados O POSTAL ouviu ainda Andreia Ma-

d.r.

causa”, garante. Andreia Machado esclarece que esta é também uma oportunidade para os técnicos de conservação e restauro poderem dar a conhecer o trabalho que executam e “sair dos bastidores, sensibilizando o público para a nossa actividade profissional”. Portimão lança bases de rede nacional de consultórios

Peça restaurada durante o segundo consultório que decorreu no museu chado, técnica superior em conservação e restauro do Museu de Portimão, que lidera a equipa que, mensalmente, coloca ao serviço da população conhecimentos especializados para ajudar a esclarecer e resolver problemas que os participantes colocam. Andreia Machado esclarece que o papel da equipa de técnicos não é o de intervencionar, mas dar as ferramentas para que os participantes o possam fazer. “Aqui a ideia é analisarmos as patologias e sugerirmos uma proposta de intervenção”, sublinhando a “total disponibilidade no esclarecimento de dúvidas e ensinando como intervir em determinada peça”. “Seja uma limpeza sumária, tratamento de rasgões ou lacunas, tentamos sempre exemplificar e dar início, nós mesmos, à intervenção necessária”, sublinha. Sobre o tipo de materiais já analisados no consultório, a técnica diz ter recebido “muitas madeiras, metais e menos cerâmicas do que seria de esperar”, contudo, revela já ter contactado com uma grande diversidade de peças, das quais destaca um teodolito. Para Andreia Machado, o Consultório do Museu de Portimão pode ser considerado “um centro de saúde da

conservação e restauro”, na medida em que é possível atender a uma multilplicidade de materiais sem apontar

num único universo, “trabalhamos o melhor que sabemos independentemente da tipologia dos materiais em d.r.

Esta iniciativa, segundo nos foi possível apurar, é de facto inovadora no universo museológico nacional, sendo o Museu de Portimão o percussor de uma rede de consultórios que cresce um pouco por todo o país. Segundo José Gameiro, não importa o facto de ter sido o primeiro, contudo, tinha já “a percepção de que não havia muitas iniciativas deste tipo e mesmo no estrangeiro não tenho visto exemplos deste género”, assumindo a “enorme satisfação que, sendo esta uma experiência pioneira, tenha provocado uma onda de adesão tanto no Museu de Portimão por parte de quem tem assistido às consultas, como em outros museus do país que doravante também vão ter os seus próprios consultórios”. A iniciativa seguinte de tomar este exemplo local e alargá-lo à escala nacional cabe ao portal www.pportodosmuseus.pt que, segundo José Gameiro, “reconheceu mais-valias no projecto e contactou-nos no sentido de lançar o desafio a diversos museus que, neste momento ou no futuro próximo, também já têm ou vão ter disponível o mesmo tipo de serviço que proporcionamos em Portimão”. O Museu Nacional do Traje, em Lisboa, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, o Mosteiro de São Martinho de Tibães ou o Museu de Lamego são alguns dos exemplos de núcleos museológicos que já aderiram à Rede Nacional de Consultórios em Museus. Como participar

A técnica superior de conservação e restauro Andreia Machado

Se tem em casa alguma peça que necessite de restauro pode e deve contactar o Museu de Portimão através do número telefónico 282 405 230 ou pelo endereço electrónico: museu@cm-portimao.pt e fazer a inscrição, onde é necessária a descrição da (s) peça (s) a apresentar a consulta. Amanhã, dia 6, a partir das 14.30 horas, decorre a terceira sessão do Consultório do Museu de Portimão, limitada a oito inscrições, bastando que faça a pré-inscrição e a aquisição de um bilhete de entrada, no valor de três euros. Pedro Ruas / Ricardo Claro


05.04.2013  11

Cultura.Sul

Da minha biblioteca

O Papa Pecador ou o Édipo Cristão

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

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Em 1972, foi publicada a tradução de O Eleito, de 1951, um dos últimos livros de Thomas Mann (18751955). Era o nº 27 da coleção «Livros de Bolso Europa-América» (em colaboração com a Portugália Editora). Em 2010, a Editorial Vega (ou Nova Vega, como agora se chama) republica-o, numa edição bem mais agradável (letra maior, capítulos bem demarcados). O livro estava há uns dois anos numa das estantes da minha biblioteca, à espera (como acontece com alguns outros) do momento de ser lido. Já o tinha começado várias vezes, mas o prólogo, confesso, não me cativou para continuar. Porém, como era de Thomas Mann (e nestas coisas sou muito influenciada pelo – bom – nome do autor), fiz questão de insistir… até que há dias decidi avançar e foi uma agradável surpresa. Um dos aspetos que me surpreendeu foi o humor. Julgo que quem me costuma ler nestas páginas já se terá apercebido de que sou muito sensível a esta característica, principalmente quando não estou à espera de a encontrar. Foi o que aconteceu com O Eleito. Narrada pelo monge Clemente, o Irlandês, que se autointitula «o espírito da Tradição», a história é trágica, no sentido grego da palavra, mas, nos momentos mais inesperados, o narrador desarma-nos com um subtil toque de humor. Dou dois exemplos: Quando fala de uma dama «piedosa e crente», afirma

que a sua paixão era dar à luz, e que, depois de deixar de poder conceber, «fervorosamente toda se devotava à fecundidade alheia; mal se apercebia de que uma outra mulher ia ser mãe, enchiam-se-lhe de ardente fulgor os olhos de um azul líquido (era oriunda da Suábia) e as faces, recobertas de penugem, incendiavam-se num rubor feliz» (p. 42). Num outro capítulo, em que o abade de um mosteiro pede ao frade tesoureiro (ironicamente chamado Chrysogonus, um nome latinizado do grego chrysogonos, que se poderia traduzir como «nascido do ouro») que ponha a render uma moedas, adverte-o que, depois de entregar o dinheiro a um usurário, «farás bem em te dirigires à sala das disciplinas e aplicares a ti próprio um bom castigo como penitência. – Isso é que não – respondeu o irmão. – Já tenho sessenta anos e não aguento a flage-

d.r.

E assim, da infâmia dos pais, nasceu… Gregorius

Thomas Mann lação, embora aplicada por mim com todo o cuidado. O senhor abade tem dez anos

menos do que eu e o dinheiro pertence-lhe. Se realmente lhe parece necessário um castigo, será bom dirigir-se à sala e aplicar o corretivo necessário. – Vai com Deus! – disse o abade. E continuou a ler na tábua, segura nas mãos» (p. 69). Estes episódios salpicam a narração do monge Clemente, como momentos descompressores da tragédia que ali se vive. De facto, o filósofo grego Aristóteles, na obra intitulada Poética, define tragédia como a imitação de ações que suscitam a compaixão e nos fazem arrepiar de temor e que as suas personagens devem ser boas e, se possível, melhores do que nós, e que a tragédia se dá quer quando essas personagens praticam ações terríveis com consciência quer quando o fazem na ignorância. Ora, tudo isto sentimos e encontramos ao ler esta história. O crime dos pais: «Era uma vez um duque…»

A capa de O Eleito “FORMOSA RIA” Até 30 ABR | Auditório Municipal de Olhão Henrique Dentinho, autodidacta na área da escultura, recria o imaginário nas suas obras, que agora mostra aos olhanenses. As suas peças estão representadas em diversas colecções particulares, tendo realizado um número considerável de exposições

Se escrevesse em verso, o

narrador disse que começaria assim: Era uma vez um duque, chamado Grimaldo./ Deixou dois filhos, dois filhos lindos./Ah! Que par de grandes pecadores! Acompanhamos, então, estes dois filhos, gémeos, um menino e uma menina, que perderam a mãe ao nascer. Educados com todo o carinho e atenção pelo pai, cresceram lindos, dedicados um ao outro, tornando-se, nos seus corpos delicados, «adolescentes deliciosamente belos, com faces pálidas, pestanas sedosas, olhos vivos, finas narinas sensitivas, lábio superior um tanto arqueado na boca grave e fina» (p. 21). Mas a arrogância (a que os gregos chamavam hýbris) foi a sua perdição. Diz Willigis a sua irmã Sibilla: «Só tenho olhos para ti, minha igual sobre a Terra. Todas as outras são estranhas para mim. Só tu nasceste comigo e és de categoria idêntica à minha. […] muitas damas começam a derreter-se, de olhos fitos em mim. Em troca trato-as com a maior frieza, porque só a ti quero ver» (p. 24).

Tal como Édipo, a criança é abandonada e espera-se que Deus saiba «se há-de viver ou morrer, só Ele pode decidir». E decidiu a favor da vida, ou não haveria história para contar. Tal como Édipo, cresceu a pensar que era filho do casal que o criou, mas um dia descobre que é fruto de um pecado inominável. Saindo em busca dos verdadeiros pais, para lhes perdoar, chega a um reino (um ducado) distante, que há dezassete anos (a sua idade, precisamente) é assolado por um pretendente da duquesa, que se recusa a casar. Armado cavaleiro, vence o invasor (sempre piedoso, não o mata) e a recompensa é casar com Sibilla, a duquesa, mais velha, mas aparentando menos idade, de beleza semelhante à sua. Quando ela o vê, vestido com os tecidos com que o filho tinha sido abandonado, não vê nele esse filho, mas antes alguém proveniente de uma família igualmente rica (p. 126), esquecida que estava do sonho que tivera antes do parto, em que «Sonhou que dava à luz um dragão que, ao nascer, lhe rasgava cruelmente o seio. Em seguida elevara-se num voo, deixando-a trémula de dor; mas voltara e, por entre dores horríveis, introduzira-se de novo no seio lacerado.» (p. 42) O Deus dos pecadores Algo que nos fica desta lenda feita romance é que sem pecadores não há necessidade de Deus nem de Paixão de Cristo para os redimir. Baseando-se numa lenda medieval sobre S. Gregório, Papa da Igreja Católica, Thomas Mann cria uma sua versão de Édipo e desafia-nos a descobrir o que preza e o que despreza neste mundo tão cheio de vaidades e ilusões.

“CONCERTO DE MÁRIO FARACO” 12 ABR | 22.30 | Casa do Povo de Santo Estevão - Tavira Márcio Faraco conta com colaborações de peso desde o início da sua carreira, como com Chico Buarque, Milton Nascimento e mais recentemente como compositor de três temas de sucesso do cantor António Zambujo


12 05.04.2013

Cultura.Sul pub

Espaço cultura

PALATO: um cruzamento de saberes e sabores Em 2010, a DRCAlg convidou o artista visual Jorge Rocha (Lagos, 1979) para uma ação performativa nas ruínas de Milreu. Membro da Xerem (www.xerem.org) e artista residente no LAC / Laboratório de Atividades Criativas (www. lac.org.pt ), o nosso convidado vinha já desenvolvendo projetos que cruzavam Arte e Gastronomia. Pareceu-nos interessante colocar essa pesquisa transdisciplinar na interseção com o Património cultural e com os resultados de pesquisas, arqueológicas e históricas, que permitissem abordar os comportamentos de aprovisionamento, conservação, confeção e consumo dos recursos alimentares e da dieta ao longo do tempo. Desta forma se realizou em Milreu, sob os auspícios da DRCAlgarve e no âmbito das JEP / Jornadas Europeias do Património 2010, a ação Na boca do Império Romano. Assim nasceu Broadcasting: cozinhando na paisagem, que consiste numa série de ações performativas em monumentos onde a envolvência do seu território se traduz na recolha de informação sobre a dieta de época, fazendo um cruzamento com os hábitos alimentares e comportamentos de consumo e distribuição da sociedade contemporânea. A fórmula é inovadora e procura aproximar a comunidade, de uma forma crítica, às vivências de cada lugar de memória, passadas e presentes: em cada sítio histórico, é montada uma infraestrutura improvisada, onde o artista, em conjunto com os investigadores dos monumentos, desenvolve uma acção performativa num formato ‘talk show’, onde se cozinha ao vivo, transmitindo em directo na internet e colocando os públicos, físicos e virtuais, em sinestesia. Partindo de um menu estipulado a partir das referências encontradas nas entrelinhas da arqueologia e tendo em conta as características únicas de cada lugar, procura-se valorizar fatores paisagísticos e patrimoniais, fazendo anteceder cada sessão por uma visita comentada no local, desenvolvida com as entidades responsáveis por cada sítio histórico. Esta perspetiva inclusiva,

d.r.

PALATO é um projeto que cruza pesquisas

no domínio das Artes visuais com os conhecimentos da dieta tradicional e da inovação em Gastronomia, e com a investigação ligada ao Património cultural, material e imaterial. Parte de uma proposta do artista visual Jorge Rocha, e ambiciona estabelecer uma plataforma temática ligada à cultura e criação artística, que procura também, em última análise, promover uma maior coesão social a sua transversalidade, com cruzamento das pesquisas no domínio das Artes visuais, os conhecimentos da dieta tradicional e da inovação gastronómica, e a investigação ligada ao património cultural (material e imaterial), permite um conhecimento das estratégias, produtos e técnicas exploradas. Este conhecimento possibilita identificar potencialidades até aqui desconhecidas ou em franco desaparecimento e, com novas abordagens, (in)formar as comunidades, ao incentivar a cultura científica e estimular o desenvolvimento de produtos culturais e criativos. É esta perspetiva que está na base do projeto PALATO (www.palato.org), uma «casa» que surge desse encontro de pessoas que partilham do interesse no diálogo entre Arte, Gastronomia e Património material e imaterial. Nesta casa mantemos a porta aberta e quem se quiser sentar à mesa traz consigo o seu saber, partilhando-o e remisturando-o com o dos outros. Centrados num olhar criati-

vo sobre o território, interessa ao projeto analisar a cultura portuguesa, tentando perceber em que medida muito do nosso património nos conduz a cruzamentos gastronómicos, reflexo da influência de quem por cá passou ou com quem nos cruzámos noutras paragens. A criação artística surge aqui ancorada não apenas numa necessidade de, horizontalmente, investigar os territórios e as fronteiras entre as artes e as ciências, mas também na compilação dos «saberes das avós», no momento em que o artista recolhe e trabalha com o seu olhar, as referências científicas de cada processo de abordagem arqueológica dos lugares e das paisagens, no estabelecimento de uma plataforma temática ligada à cultura e criação artística, que procura também, em última análise, promover uma maior coesão social. A próxima ação está já prevista para este 20 de abril, nos Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão): uma Viagem aos Sabores da Pré-História, no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Direção Regional de Cultura do Algarve

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