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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1121 • Semanário à sexta-feira • 4 de Abril de 2014 • Preço € 1
EM FOCO 2 AMAL VAI COORDENAR PLATAFORMA CONTRA PORTAGENS 3 PORTIMÃO VENCE PRIMEIRO EMBATE CONTRA CENTRO HOSPITALAR 4
ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
ALGARVE FACTUROU 609 MILHÕES DE EUROS EM PROVEITOS GLOBAIS 5 ALGARVE TEM NOVA AMBULÂNCIA PARA RECÉM-NASCIDOS 6 CLASSIFICADOS 9
Vila Real e Faro à beira de receber dinheiro do PAEL
> Vila Real de Santo António já enviou as últimas respostas ao Tribunal de Contas e Faro está por dias. Depois, o tribunal dispõe apenas de escassos dias para poder pedir esclarecimentos adicionais ou o visto prévio considera-se dado aos PAEL de ambas as autarquias. Está para breve, portanto, a entrada dos empréstimos nos cofres destas câmaras algarvias p. 2
ricardo claro
d.r.
Faro:
Parque Ribeirinho inaugurado em Maio Obra da Polis quase concluída: Faro ganha a partir do próximo mês uma nova e muito aguardada zona verde e de lazer, o Parque Ribeirinho da cidade vai ser inaugurado e no terreno a obra já está completamente visível. Três milhões e meio de euros para dar uma nova frente ribeirinha à capital da região > 7 d.r.
SAÚDE
Portimão trava na Justiça degradação do hospital
TURISMO
d.r.
EMERGÊNCIA
Algarve atinge 609 milhões com turismo
>4
Descubra nesta edição o Jornal do Lethes
> O Algarve foi a região turística
do país que em 2013 registou mais proveitos globais dos estabelecimentos hoteleiros, tendo obtido um resultado de 609 milhões de euros, mais 4% do que em 2012, indica o Turismo do Algarve. p. 5
INEM reforça resposta a recém-nascidos
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2 | 4 de Abril de 2014
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PAEL de Vila Real à beira da Luz verde do Tribunal de Contas Faro também entrou na recta final fotos: ricardo claro
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A CÂMARA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO, presidida por
Luís Gomes, enviou na passada quarta-feira ao Tribunal de Contas as respostas às últimas questões que o tribunal tinha colocado à autarquia sobre o Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) a que a câmara se candidatou, no âmbito deste programa destinado a solucionar as dívidas das autarquias locais a nível nacional. O tribunal presidido por Guilherme d’Oliveira Martins já só dispõe, desde a data da entrega das respostas pelo município, de quatro dias úteis para colocar mais questões à câmara, prazo que termina a 9 de Abril, a próxima quarta-feira. Findo este prazo, o visto-prévio do Tribunal de Contas tem-se por dado tacitamente e o processo poderá avançar para a efectivação do desbloqueamento das tranches para os cofres da autarquia. As respostas ao Tribunal de Contas foram tema de discussão e afinação na reunião de câmara que decorreu em Vila Real de Santo António na sexta-feira da passada semana, disse ao POSTAL Luís Gomes. A entrega dos documentos foi confirmada ao POSTAL por parte dos serviços de apoio à presidência da autarquia.
VILA REAL PEDE 58,9 MILHÕES Recorde-se que com o PAEL a Câmara de Vila Real de Santo António acede a um empréstimo oriundo dos cofres da Administração Central de 25,6 milhões de euros, a 20 anos (PAEL), e fica autorizada a assinar com a banca os contratos de empréstimo
segunda, no valor de 20 % do montante financiado, após comprovação do pagamento integral das dívidas elegíveis abrangidas pela tranche inicial e, uma terceira, no valor de 20 % do montante financiado, após comprovação do pagamento integral das dívidas elegíveis abrangidas pela segunda tranche.
FARO TAMBÉM ESTÁ A CAMINHO DO FIM Entretanto, outra
ÔÔ A câmara presidida por Luís Gomes pode ver em breve desbloqueada a verba de 58,9 milhões de euros que titularão um montante próximo de 33,3 milhões de euros, ao abrigo do Plano de Reequilíbrio Financeiro. Aos cofres da autarquia chegarão pois um total de 58,9 milhões de euros. A autarquia liderada por Luís Gomes viu aprovada a sua candidatura ao PAEL e o acesso ao mercado bancário a 7 de Março de 2013, mas em Setembro do ano passado, como o POSTAL noticiou, o processo ainda não constava da lista de contratos de financiamento visados pelo Tribunal de Contas. Fonte ligada aos processos do PAEL explicou ao POSTAL que “o Tribunal de Contas coloca questões a conta gotas”. Como o prazo se suspende com cada questão levantada pelo órgão de controlo, o tempo que o tribunal dispõe para emitir o visto pré-
vio pode dilatar-se de forma substancial, fazendo com que todo o processo se arraste por longos meses. Através do Plano de Apoio à Economia Local - instrumento de financiamento das autarquias criado pelo Governo para responder às dívidas a fornecedores das autarquias vencidas há mais de 90 dias à data de 31 de Março de 2012 - a autarquia vila-realense encaixará assim um volume substancial de verbas, todas elas já afectadas a dívidas pré-identificadas e que não poderão ser empregues para pagamento de quaisquer outros encargos ou responsabilidades. De acordo com a autarquia, “cerca de 30% do valor será destinado a liquidar facturas a fornecedores do concelho, injectando liquidez na economia local”.
Como Vila Real de Santo António se propôs integrar o Programa I do PAEL, o dinheiro chegará à autarquia em três tranches, a primeira, no valor de 60 % do montante financiado, após obtenção do visto do Tribunal de Contas; a
das autarquias que se encontra também na recta final do processo de pedido de visto-prévio ao Tribunal de Contas é Faro, liderada por Rogério Bacalhau. Ao POSTAL fonte da autarquia avançou que as respostas para o tribunal estão em fase de finalização e serão entregues à instituição em breve. Neste caso, o POSTAL sabe que o tribunal dirigido por Guilherme d’Oliveira Martins dispõe apenas de três dias para colocar novas questões. Em ambos os casos o prazo para o Tribunal de Contas continuar a colocar questões às câmaras entrou assim na recta final, o que permite antever uma resolução dos processos a curto prazo.
Ao PAEL Faro irá buscar um empréstimo de cerca de 21 milhões de euros, também a 20 anos. Recorde-se que este dinheiro é em larga medida, cerca de 50%, reconhece a autarquia, destinado a pagar facturas a fornecedores do concelho, o que permitirá injectar na economia local um valor substancial de liquidez. Esta é aliás uma questão semelhante em todas as autarquias que se candidataram na região ao PAEL, o efeito multiplicador na economia local da injecção de liquidez por via dos respectivos PAEL, não obstante, o referido efeito esteja em muito afectado pela demora na chegada do dinheiro aos cofres das nove autarquias, o que provoca a perda do potencial regenerador das verbas na economia quando chegam a empresas cuja viabilidade o decurso do tempo tornou impossível ou dificilmente atingível. Resta agora esperar que o Tribunal de Contas não coloque questões de última hora para poder rapidamente perceber o efeito destes milhões de euros na economia do Algarve e particularmente de Faro e de Vila Real.
ÔÔ A câmara liderada por Rogério Bacalhau irá buscar ao PAEL cerca de 21 milhões de euros
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AMAL vai coordenar plataforma contra portagens Representantes de vários sectores pedem a suspensão imediata d.r.
O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS DO ALGARVE (AMAL) aceitou, du-
rante o II Fórum Algarve/ Andaluzia sobre as portagens na A22, realizado recentemente, integrar e coordenar uma plataforma regional alargada que irá construir uma estratégia para pôr fim às portagens na região. A plataforma vai reunir vários sectores da sociedade algarvia, autarquias, entidades públicas regionais e associações empresariais, assim como a Comissão de Utentes da Via do Infante, deixando de fora “politiquices”, como o presidente da AMAL, Jorge Botelho, fez questão de frisar perante uma assembleia com algumas centenas de pessoas. À margem do evento, Jorge Botelho disse que o primeiro
pensão imediata das portagens. “Sempre fui contra as portagens”, afirmou o também presidente da Câmara de Tavira, acrescentando que “ao longo dos sucessivos Governos as portagens no Algarve sempre foram excluídas e depois levámos com as portagens como uma inevitabilidade”.
ALGARVE TEM PROBLEMA DE MOBILIDADE O representante
ÔÔ Fórum Algarve/Andaluzia debateu o impacto negativo das portagens passo passará por uma avaliação do impacto das portagens no Algarve para que depois os participantes possam encon-
trar um “fio condutor”, uma consonância a favor da sus-
dos 16 presidentes de câmara algarvios frisou que “há um problema económico potencial no Algarve, há um problema de mobilidade no Algarve”. “Estamos a perder em termos de competitividade regional e em termos económicos, os agentes políticos, sociais, culturais e económicos do Al-
garve vêem que este assunto é fundamental e merece a defesa das populações”, acrescentou. O II Fórum Algarve/Andaluzia decorreu em Loulé, desenvolveu-se em torno do tema “Dois anos de portagens: uma PPP ruinosa para o Algarve” e contou com uma apresentação sobre a questão das portagens em Portugal proferida pelo vice-presidente da Associação Transparência e Integridade, Paulo Morais. Os participantes, entre eles, vários autarcas, os deputados Cecília Honório (BE), Miguel Freitas (PS) e representantes de vários sectores económicos da região e também espanhóis foram convidados a assinar e a integrar uma fase de recolha de assinaturas do “Manifesto
ao Algarve”, um documento onde são apresentados os argumentos pelos quais a Comissão de Utentes da Via do Infante se tem batido nos últimos cinco anos. No manifesto é explicado que a Via do Infante foi construída sem o perfil de auto-estrada e fora do modelo de financiamento SCUT, tendo por isso dois terços do troço sido pagos com fundos comunitários. “A EN 125 não constitui uma alternativa credível à Via do Infante, apresentando-se como uma das vias rodoviárias mais perigosas da Europa e cuja requalificação se encontra totalmente parada”, lê-se naquele documento.
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FARO
CCDR debate edificação dispersa A COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO ALGARVE vai pro-
mover uma sessão subordinada ao tema da Edificação Dispersa, no âmbito da apresentação do livro “Ocupação Dispersa, custos e benefícios à escala local “, a ter lugar esta sexta-feira, pelas 10.15, no edifício sede, Praça da Liberdade n. 2, em Faro. A abertura da sessão estará a cargo do presidente da CCDR Algarve, David Santos, seguindo-se o painel de apresentação do livro sobre a edificação dispersa, um tema da actualidade e de grande importância para a região algarvia, com a presença dos autores e coordenadores deste projecto de investigação: o professor Jorge Carvalho, da Universidade de Aveiro; e o professor Alexandre Cancela de Abreu, da Universidade de
d.r.
Santa Casa da Misericórdia de Tavira Instituição fundada em 1498
CERIMÓNIAS DA PÁSCOA A Mesa da Santa Casa da Misericórdia convida os Irmãos e a população em geral a tomarem parte na solene PROCISSÃO DO ENTERRO DO SENHOR.
DIA 18 DE ABRIL (6ª Feira Santa) pelas 21h00m Évora. Esta sessão conta igualmente com a participação do presidente da Câmara de Monchique, Rui André, o qual apresentará como exemplo da edificação dispersa, nos territórios de baixa densidade, o caso de Monchique. O evento decorrerá apenas na parte da manhã, estando reservado para o final da sessão um período de debate com todos os intervenientes e público em geral.
(A PARTIR DA IGREJA DA MISERICÓRDIA) Ø ATUAÇÃO DO GRUPO CORAL TAVIRA Ø SERMÃO Ø SOLENE PROCISSÃO DO ENTERRO
Nota: A Santa Casa distribui velas e tochas às pessoas que se incorporarem nas “alas” e aos residentes nas ruas do percurso de forma a poderem iluminar as suas sacadas e janelas. A Mesa Administrativa
Lusa
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região
Algarve tem nova ambulância para recém-nascidos pág. 6
Portimão vence primeiro embate contra Centro Hospitalar Tribunal Administrativo dá provimento a providência cautelar Ricardo Claro/Lusa ricardoc.postal@gmail.com
NO PRIMEIRO EMBATE JUDICIAL entre Portimão e o Cen-
tro Hospitalar do Algarve, liderado por Pedro Nunes, a vitória vai para os portimonenses, com o Tribunal Administrativo de Loulé a dar razão à providência cautelar que se opunha à reorganização dos serviços do Centro Hospitalar do Algarve e aos efeitos desta, nomeadamente, a extinção das urgências cirúrgicas de especialidades no Hospital de Portimão. A providencia cautelar interposta por alguns notáveis do PS de Portimão e desde a primeira hora encabeçada por Isilda Gomes, autarca da cidade, vê assim confirmados os pedidos realizados ao tribunal no sentido de suster aquilo que a autarca desde sempre classificou como “uma tentativa de desmembramento dos serviços de saúde prestados no Hospital de Portimão”.
VITÓRIA EM TODA A LINHA O processo teve provimento in-
tegral no tribunal que o declarou “totalmente procedente” e determinou que as entidades contra o qual foi movido, leia-se Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve e Centro Hospital do Algarve (CHA), bem como a respectiva tutela, o Ministério da Saúde, se devem “abster de praticar quaisquer actos que importem a extinção das urgências cirúrgicas de especialidades no Hospital de Portimão, como a ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia e outras nelas existentes e que aí sejam levadas a cabo”. Mais determina o órgão de justiça que as mesmas entidades, “no caso de terem sido praticados actos administrativos que estejam abrangidos pelos pedidos da presente acção, (...) reponham o funcionamento de todas as valências e serviços que possam ou tenham sido desactivados, e a cessarem todos os actos que importem a transferência de tais valências ou serviços, bem como dos médicos e dos enfermeiros, para o Hospital de Faro”, bem como, se devem
d.r.
ÔÔ Isilda Gomes diz que levará a luta até às últimas consequências para que a situação anterior seja reposta abster “de praticar actos que impliquem a obrigatoriedade dos médicos e das enfermeiras das urgências médico-cirúrgicas daquelas especialidades que prestam serviço no Hospital de Portimão de se deslocarem, de forma habitual e/ ou permanente, ao Hospital de Faro para realizarem serviços de urgência médico-cirúrgica nas referidas especialidades”. Uma vitória em toda a linha
que, ainda que recorrível, não pode ser travada nos seus efeitos imediatos, uma vez que o recurso não implica a suspensão da decisão fixada. Não obstante, a vigência da providência cautelar tem prazo limitado e a fixação definitiva de uma decisão judicial nesta matéria dependerá sempre da interposição de uma acção judicial destinada não só a evitar a hipotética lesão de direi-
tos, mas a analisar as questões de fundo determinando uma posição definitiva da justiça portuguesa sobre a matéria.
O RESTO DA GUERRA Vencida esta batalha Isilda Gomes está consciente de que não se pode ficar por aqui. “O que pretendemos é a reposição integral da situação anterior à fusão dos hospitais da região no Centro Hospitalar
do Algarve” disse ao POSTAL a autarca. Desconhecendo a forma como o Estado actuará para dar cumprimento à decisão judicial, a presidente da câmara portimonense aguarda as acções da tutela, da ARS e do CHA que determinem a conformidade com as determinações do tribunal, caso contrário, diz, a luta será levada “até às últimas consequências”, “recorrendo a todas as instâncias judicias sejam elas administrativas ou criminais”. “Não concedemos naquilo que é uma questão de fundo para as populações do barlavento, que é o regresso às mesmas condições de acesso aos serviços de saúde que tinham antes do início de todo estes processo”, remata a autarca. A autarca tem agora, na defesa daquelas que são as ambições dos seus eleitores, face ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, um valioso trunfo, uma decisão judicial favorável que não tarda poderá transformar-se numa sentença definitiva a ser proferida na acção principal.
DOCUMENTO PERMITE A PARTILHA DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS E DESPORTIVOS
Eurocidade do Guadiana lança Cartão do Eurocidadão A EUROCIDADE DO GUADIANA inicia este mês a emissão do Cartão do Eurocidadão, um documento que permitirá aos residentes dos municípios de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Ayamonte efectuar a partilha de equipamentos culturais e desportivos e obter vantagens nas áreas da saúde e da mobilidade. O lançamento do cartão foi simbolicamente assinalado através da entrega dos primeiros exemplares do documento aos autarcas dos três municípios da Eurocidade do Guadiana, passo que marca de uma forma definitiva o princípio da união administrativa dos “concelhos irmãos”. A emissão do Cartão do Eu-
rocidadão poderá ser feita, de uma forma gratuita, em cada um dos municípios aderentes, que colocarão à disposição dos cidadãos um gabinete que tratará de todas as formalidades. De acordo com Luís Gomes, presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, “a partilha de equipamentos comuns como piscinas, bibliotecas ou outros espaços culturais e desportivos serão algumas das vantagens oferecidas pelo cartão, que será atribuído, sem custos, a todos os residentes nos municípios de Vila Real, Castro Marim e Ayamonte que o requeiram”. Outro dos benefícios que o cartão proporcionará aos Eurocidadãos será o acesso a um conjunto de prestadores de saú-
d.r.
de com condições e preços mais vantajosos.
PARCERIAS DARÃO ORIGEM A BENEFÍCIOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE As parcerias estão a ser
estudadas há alguns meses e darão origem a um directório de serviços de saúde – que será lançado em breve – cujos operadores aderentes proporcionarão descontos mínimos de 10% aos titulares do documento. “De uma forma inovadora, estamos a formalizar as relações de fronteira que sempre existiram entre Portugal e Espanha, tirando partido das vantagens da economia de escala e da cooperação europeia”, refere Luís Gomes. A par da emissão do cartão,
ÔÔ Residentes da Eurocidade vão usufruir de melhor qualidade de vida os autarcas dos três municípios avaliam a criação de uma linha periódica de transporte rodoviá-
rio entre Portugal e Espanha, de forma a aumentar a mobilidade na fronteira do Guadiana e a fa-
cilitar o acesso aos equipamentos e infra-estruturas comuns. O projecto - e respectivos trajectos - está a ser estudado com cada uma das câmaras municipais e deverá colmatar uma lacuna até agora registada no que se refere às deslocações de proximidade entre o Algarve e a Andaluzia. A Eurocidade do Guadiana foi criada em janeiro de 2013 pelos municípios de Ayamonte e Vila Real, mas em Maio foi alargada com a entrada de Castro Marim. A partilha de equipamentos, a criação de uma marca turística conjunta, o lançamento de um canal de rádio e a realização de eventos comuns em ambos os lados da fronteira são os seus objectivos principais.
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região
Parque Ribeirinho de Faro inaugurado já em Maio pág. 7
Algarve facturou 609 milhões de euros em proveitos globais
DINHEIRO DESTINA-SE A EMPRESÁRIOS ATINGIDOS POR INTEMPÉRIES
Governo disponibiliza dez milhões de euros para apoios de praia d.r.
Turismo foi o sector que mais contribuiu para a balança comercial do país d.r.
O ALGARVE FOI A REGIÃO TURÍSTICA DO PAÍS que em 2013
registou mais proveitos globais dos estabelecimentos hoteleiros, tendo obtido um resultado de 609 milhões de euros, mais 4% do que em 2012, indica o Turismo do Algarve. O ano turístico de 2013 na região do Algarve encerrou com subidas de hóspedes, de dormidas, de proveitos e na taxa de ocupação hoteleira, lê-se no editorial do boletim trimestral do Turismo do Algarve divulgado na semana passada. O documento, enviado à Lusa, indica que o Algarve facturou “609 milhões de euros” em proveitos globais nos estabelecimentos hoteleiros, ou seja, mais 4% do que em 2012. “Esta terá sido (…) a cereja no topo do bolo, já que o turismo foi o sector que mais contribuiu para a balança comercial do país em 2013 e que o Algarve foi a região que mais o impulsionou (o destino representou 31,1% dos proveitos totais da hotelaria nacional)”, lê-se no boletim trimestral. No âmbito da capacidade de alojamento na hotelaria global, o número de camas disponíveis aumentou 0,8% em 2013 relativamente a 2012, passando de 106.625 para 107.462 camas.
ÔÔ Ingleses são os que mais procuram o Algarve para passar férias O maior aumento de camas foi verificado na tipologia “Hotéis” (+4,4%), seguindo-se as tipologias “Aldeamentos” (+2,5%) e “Apartamentos” (+0,7%). Em contrapartida, a tipologia “Hotéis-Apartamentos” apresentou um decréscimo de 4,4% em relação a 2012.
ALGARVE REGISTOU 3,15 MILHÕES DE HÓSPEDES EM 2013 Quanto ao número total de hóspedes registados, em 2013, na hotelaria global do Algarve totalizou cerca de 3,15 mi-
lhões, mais 3,6% do que em 2012. “A maioria dos hóspedes registados foi estrangeira (2,22 milhões), conquistando uma quota de 70% do total (+ 1,5 pontos percentuais do que em 2012). Os hóspedes portugueses diminuíram 2,3%, tendo sido registados cerca de 0,93 milhões em 2013”, refere o documento. Em 2013, verificou-se um aumento do número de hóspedes em todas as tipologias de alojamento, com excepção
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da tipologia “Aldeamentos Turísticos”. Houve uma “ligeira diminuição do número de portugueses” hóspedes registados na hotelaria global do Algarve, embora representem uma quota de 30%, enquanto os cidadãos do Reino Unido são os “hóspedes estrangeiros com maior representação no Algarve, tendo mesmo sido reforçada a sua posição face ao total, atingindo uma quota de 28,1% e ficando, assim, mais próximo da posição ocupada pelo mercado português”. No campo das “Dormidas”, o número total em 2013 na hotelaria global do Algarve aumentou 3,5% em relação a 2012, para aproximadamente 14,82 milhões de dormidas. A maioria das dormidas foi de hóspedes estrangeiros (11,4 milhões), enquanto as dormidas dos portugueses voltaram a ser menores do que no ano anterior. A estada média dos hóspedes na hotelaria global do Algarve manteve-se, em 2013, nas 4,7 noites. Os hóspedes estrangeiros pernoitaram no Algarve, em média, 5,1 noites, mais 1,5 noites do que os hóspedes portugueses (3,6 noites). Lusa
ÔÔ Mau tempo provocou elevados prejuízos nas zonas costeiras
O GOVERNO DISPONIBILIZOU,
através de uma linha de financiamento já existente, dez milhões de euros para os apoios de praia afectados pelo mau tempo de Janeiro e Fevereiro, foi anunciado. “Na sequência da iniciativa da AHRESP [Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal] e do Turismo de Portugal, foi criada uma linha de financiamento específica para os Apoios de Praia e Estabelecimentos de Restauração e Bebidas e Hotelaria afectados pelas intempéries climatéricas na orla costeira, nos passados meses de Janeiro e Fevereiro”, refere a AHRESP, em comunicado. A nota adianta que “para esta linha de financiamento foi alocada uma verba de dez milhões de euros e criado um quadro prioritário de acesso a este apoio”. Esse quadro estabelece “um prazo de resposta de cinco dias úteis e a aceitação automática, por parte do Turismo de Portugal, no enquadramento da referida linha de crédito, de
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todos os projectos que tenham por objecto a reconstrução e requalificação dos apoios de praia atingidos pelas intempéries, bem como a aceitação da elegibilidade das despesas de investimento já realizadas, desde que o investimento não se encontre totalmente concluído”. No próximo dia 9 vai ter lugar uma sessão informativa para empresários sobre esta linha de crédito, na Escola de Hotelaria e Turismo de Faro. A 17 de Fevereiro, o Ministério da Economia informou que estava assegurada a “agilização das linhas de apoio financeiro disponíveis” para os concessionários de apoios de praia responderem aos prejuízos do mau tempo, sem necessidade de criar novos apoios. Numa resposta enviada à Lusa, a tutela referiu terem sido comunicadas ao Turismo de Portugal várias orientações, no âmbito da Linha de Qualificação da Oferta Turística, para responder aos pedidos de financiamento dos concessionários dos apoios de praia. Lusa
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região
ZZZ pág. CCDR ## quer região a ‘fazer melhor o que já faz bem’ pág. 8
Algarve tem nova ambulância para recém-nascidos Viatura do INEM funciona com equipas médicas do centro hospitalar O INSTITUTO NACIONAL DE EMERGÊNCIA MÉDICA (INEM)
e o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) dispõem de uma ambulância de Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP) para operar na região algarvia. A nova unidade tem como objectivo “reforçar a capacidade de resposta na área do doente crítico pediátrico e neonatal” e o “transporte de recém-nascidos e doentes pediátricos em estado crítico entre
Unidades de Saúde”, referiu o INEM, em comunicado. “A nova ambulância TIP do INEM vai funcionar com equipas médicas do CHA, sendo o seu accionamento efectuado pelos médicos das unidades hospitalares que necessitem deste serviço ou pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM. Trata-se de um meio altamente diferenciado, com capacidade de prestação de cuidados na área do Suporte Avançado
d.r.
de Vida”, acrescenta-se.
TERCEIRA VIATURA EM PORTUGAL Em Portugal, existem ac-
tualmente três ambulâncias TIP, uma em Lisboa, outra em Coimbra e a terceira no Porto. Cada uma delas dispõe de um médico, um enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência. No ano passado, o INEM registou 1.289 intervenções de ambulâncias TIP, com o veículo de Lisboa a somar 587 pub
ÔÔ Ambulância vai transportar doentes entre unidades de saúde
acções, enquanto a do Porto registou 507 e a de Coimbra teve 195 missões. A ambulância de configuração TIP está equipada com todo o material necessário à estabilização de doentes críticos dos zero aos 18 anos de idade, “permitindo o seu transporte para hospitais onde existam unidades diferenciadas com capacidade para o seu tratamento”, acrescenta o INEM. Lusa pub
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região
ZZZ pág. ##
Parque Ribeirinho de Faro inaugurado já em Maio
PISCINAS MUNICIPAIS
Lagoa recebe torneio de natação O TORNEIO REGIONAL DE NATAÇÃO DE CADETES DE INVERNO
Nova zona de lazer da cidade custa 3,5 milhões de euros d.r.
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
FORAM PRECISOS MUITOS ANOS e 3,5 milhões de euros
de investimento total para que a obra avançasse no terreno, com a consignação da empreitada a ter lugar em Fevereiro do ano passado. Agora, com os trabalhos quase concluídos, o novo Parque Ribeirinho de Faro está já totalmente visível e os trabalhos que permitirão a abertura ao público em Maio, avançou ao POSTAL a Câmara de Faro, sem no entanto definir uma data exacta, estão a decorrer dentro dos prazos. No local, os trabalhadores da obra avançaram ao POSTAL que “só estamos cá mais três semanas, depois são só trabalhos de pormenor que estas obras têm sempre mesmo depois de concluídas”.
DEZASSEIS HECTARES DE ÁREA DE LAZER São 16 hectares de
área intervencionada entre a linha de comboio e a Ria Formosa, que têm início nas traseiras do Teatro Municipal da cidade e se estendem até às Pontes de Marchil, naquela que é a maior intervenção na frente ribeirinha da cidade dos últimos anos. Canteiros, estacionamentos, circuitos pedonais, ci-
tornar-se uma referência na cidade e conseguir dar resposta a uma população ávida de áreas verdes dedicadas ao lazer e às mais variadas actividades desportivas e de bem-estar.
OBRA É DA RESPONSABILIDADE DO POLIS Recode-se que a
ÔÔ Espaço promete tornar-se uma referência na cidade e satisfazer os adeptos de áreas verdes clovias, mobiliário urbano moderno e mesmo o anfiteatro ao ar livre com capacidade para 250 lugares sentados são já uma realidade no novo espaço. As linhas de águas que entrecuzam o espaço atravessadas por pontes metálicas e apontamentos lagunares delimitados por estacas de madeira fazem adivinhar uma zona de lazer de referência para uma cidade há muito necessitada de mais áreas verdes. No espaço são várias as pequenas praças que acolherão, a par das áreas de circuitos pedestres, zonas de descanso e sombra, com o relevo dos jardins a entrecortar o campo de visão.
De acordo com os dados do projecto, toda a área vai acolher equipamentos de restauração, percursos interpretativos e zonas de observação de aves e permitirá o desenvolvimento de actividades desportivas e de lazer. No futuro, a ligação pedonal e ciclável ao Aeroporto e à Praia de Faro serão também uma realidade, após a extensão das vias agora criadas. No horizonte o Montenegro e uma paisagem de Ria Formosa de beleza invejável, numa intervenção que enquadra o aglomerado habitacional dos Moinhos do Grelha com a água ali mesmo a marginar a área de intervenção. pub
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obra do Parque Ribeirinho de Faro está a cargo da Sociedade Polis Ria Formosa e que constitui uma das várias intervenções que estavam e ainda estão pendentes de realização no âmbito do projecto de requalificação e valorização que foi desenvolvido para as zonas lagunares, ilhas barreira e frentes de ribeirinhas.
vai ter lugar no próximo fim-de-semana, no Complexo Municipal de Piscinas de Lagoa. Este evento desportivo, que é dirigido aos nadadores mais novos, contará com a presença de todos os clubes de natação do Algarve, sendo uma das provas mais importantes do calendário competitivo da categoria, esperando-se que os atletas estejam na sua máxima performance, proporcionando um bom espectáculo de natação. O torneio é organizado pela câmara local em parceria com a Associação de Natação do Algarve. Assim, no sábado realiza-se a 1ª jornada com início às 15 horas e término às 18.30. No domingo, a 2ª jornada decorre entre as 9.30 e as 12.30. pub
8 | 4 de Abril de 2014
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CCDR quer região a “fazer melhor o que já faz bem” Aposta em sectores com valor acrescentado e know-how instalado é o desafio para a economia do mar “O ALGARVE TEM DE FAZER MELHOR O QUE JÁ FAZ BEM”. A
frase não é nova, mas abarca em larga medida aquela que é uma das linhas de força do pensamento do actual presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, David Santos. O responsável tem repetido a ideia por todo o Algarve e fê-lo na quinta-feira da passada semana, novamente, na Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António, onde teve lugar mais um dos debates inseridos no ciclo “Made in Algarve”. Este ciclo de debates que tem percorrido a região e já abordou temas como o turismo e a terra, respectivamente em Albufeira e Tavira, foi em Vila Real dedicado ao mar e teve como oradores David Santos, Luís Gomes, presidente da câmara local; Ribau Esteves, presidente da Associação Ocea-
no XXI e da Câmara de Aveiro; e José Ribeiros, director comercial da Companhia de Pescarias do Algarve. Numa sala absolutamente repleta, as apresentações iniciais abordaram as questões que enquadram e o panorama geral nacional e regional do sector do mar e das várias fileiras que o constituem. Além das temáticas recorrentes nesta área, como a da consolidação de um verdadeiro cluster do mar e da criação de condições propícias a que o mesmo se possa vir a afirmar nacionalmente como um hiper-cluster, o debate abordou ainda temáticas viradas para o futuro associadas à exploração e investigação no domínio do mar profundo.
O RETRATO NEGRO DO ALGARVE Apesar de reconhecer que “no Algarve temos gente, projec-
tos de excelência, boas práticas, produtos de identidade única e saber fazer acumulado, que nos deve orgulhar e dar força para enfrentar os desafios do futuro”, David Santos identifica na região vários problemas, nomeadamente o facto de sermos “uma das regiões com a maior taxa de desemprego do país (17,2%), particularmente ao nível dos jovens, onde registamos 58,2% no primeiro trimestre de 2013”. A isto se soma uma “tendência de convergência negativa com as médias nacionais do PIB per capita” e uma “região fortemente especializada no cluster do turismo e do lazer, sem capacidade de absorver noutros sectores os excedentes de desemprego”, recorda o titular da CCDR. Somos uma região, continua David Santos, que “perdeu competitividade e que perdeu
d.r.
ÔÔ Sala cheia para o debate sobre o mar em Vila Real nesse processo as suas actividades tradicionais, particularmente ao nível do mar”. Na resposta a estes problemas falharam, reconhece, a Administração Central e o Governo, como a gestão regional, apesar do muito que se fez com os fundos comunitários diferidos para a região ao longo dos sucessivos quadros de fundos da União Europeia.
INTERVENÇÕES PERTINENTES Perante uma audiência que depois de ouvir atentamente as intervenções dos oradores aderiu a um debate vívido e pertinente, é claro que David Santos quer encontrar respostas eficientes e reais para problemas também eles reais e candentes, acertando os azimutes da intervenção na distribuição de fundos com aqueles
que forem os ditames de uma “estratégia de especialização inteligente”. Pôr termo ao actual retrato do PROMAR - Programa Operacional das Pescas, aquele que na região tem menor execução, maximizar o aproveitamento das verbas que resultarão do quadro de apoios comunitários 2014-2020, e aproximar a decisão ao nível dos apoios a atribuir daquelas que são as verdadeira necessidades regionais, são desafios que David Santos assume como imediatos. É exactamente por isso que a CCDR está apostada em mostrar exemplos de sucesso de aplicação dos fundos europeus para provar que podemos e somos capazes de fazer melhor o que já fazemos bem e que podemos fazer mais daquilo que já fazemos muito e com qualidade. Ricardo Claro
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Ó Jesus que disseste: “- O Céu e a terra passarão, mas a minha palavra não passará”. Com Maria, Vossa Mãe Bendita, eu confio que a minha oração seja ouvida. Menciona-se o pedido). Rezar 3 ave-marias e uma salvé-rainha. Em casos urgentes, esta novena deverá ser feita em 9 horas. Mando publicar por ter alcançado uma grande graça. Agradece. R.P.
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AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 27 de Março, para o Cemitério de Cachopo, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 31 de Março, pelas 10.30 horas, na Igreja Santo Estevão em Cachopo. “Paz à sua Alma”
Tavira
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um lote composto por: uma betoneira eléctrica, um guincho eléctrico, um motor em muito mau estado; vedações metálicas, cerca de 40 m. de chapa de tapume, diversos prumos metálicos; e diversas garras de cofragem, tudo com muito uso; e ainda cerca de 2.000 kg. de ferro de obra. Recebem-se propostas, as quais serão ou não aceites, após audição da Comissão de Credores. Para efeito da apresentação das propostas, o bens podem ser visto mediante marcação pelos telefones 218406953 ou 917247040. REGULAMENTO: As propostas serão remetidas, até ao dia 9/04/2014, que inclui a data do registo de expedição dos CTT, remetidas em envelope fechado e lacrado, por sua vez introduzido em carta registada, dirigida ao Administrador da Insolvência de PROJECTOS E CONSTRUÇÕES J. BAÍA, LDª., Florentino Matos Luis, com escritório na Avenida Almirante Gago Coutinho, nº. 48-A, 1700-031 LISBOA. As propostas deverão conter: nome ou denominação completa da entidade proponente; morada ou sede social; número de contribuinte ou de pessoa colectiva; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou fax de contacto e valor oferecido por extenso. A abertura das propostas realizar-se-à no dia 11/04/2014, pelas 16H00, no escritório do Administrador da Insolvência, na presença dos Senhores Credores que pretendam assistir, onde deverão comparecer os proponentes, condição para que as s/ propostas sejam aceites. Serão excluídas as propostas que não contenham todos os elementos solicitados. Desde que exista mais que um proponente com propostas válidas para o mesmo bem, serão estes convidados a licitarem entre si, cujo valor base de licitação será o da melhor proposta recebida, o que se fará (no mesmo local) pelas 16H30 do referido dia. As propostas serão ou não aceites, após audição da Comissão de Credores. Se após a audição da Comissão de Credores as propostas forem aceites, os promitentes compradores entregarão, em relação aos bens móveis, dois cheques, sendo um do valor do preço e outro do IVA; e ao imóveil, um cheque referente a 20% do valor do preço, a título de sinal. A competente escritura de compra e venda do imóvel, será realizada no prazo máximo de 60 dias, em data, hora e local a notificar ao comprador. Se não for possível realizar a escritura por razões imputáveis ao promitente comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.
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03-04-1917 / 24-03-2014
02-11-1926 / 30-03-2014
Serão de conta do comprador todos os encargos legais decorrentes da compra, designadamente o IMT, escritura e registos. São igualmente por conta do comprador os encargos de emolumentos com o cancelamento dos ónus existentes.
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Caberá ao Meretíssimo Juíz do processo de insolvência, a resolução de todas e quaisquer questões surgidas, que não estejam contempladas no presente regulamento.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
O Administrador da Insolvência Florentino Matos Luis POSTAL do ALGARVE, nº 1121, de 4 de Fevereiro de 2014
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> > SOLUÇÃO da edição passada
> > ASSINALE A FRASE CORRETA
Pára de chorar!
Ele comprou um polo azul. Ele comprou um pólo azul.
;; Para de chorar!
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Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
Parque Ribeirinho
PAEL
É já no próximo mês que, depois de anos de espera, Faro vai ganhar um novo espaço de lazer. A inauguração da requalificação da frente ribeirinha é uma benção para a capital do Algarve (Ler pág. 7).
A notícia é positiva, mas tardou demasiado em chegar a boa nova de que as Câmaras de Vila Real e Faro estão a um passo de encaixar o dinheiro do PAEL, elas e as empresas a quem devem (Ler pág. 2).
O postal alterou o e-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com
Capitãs de Abril: como elas viram nascer o golpe de Estado
ficha técnica
Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388), Pedro Ruas. Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco, José Cassapo. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire, inscrito sob o nº 211 612 no Registo das Empresas Jornalísticas. Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Tiragem desta edição:
8.123 exemplares
opinião
Beja Santos
Assessor do Instituto de Defesa do Consumidor e consultor do POSTAL
A abordagem é original: indagar mulheres que estiveram por detrás de quem fez um golpe militar, quem, naquele acto de sublevação, arriscou praticamente tudo. O que Ana Sofia Fonseca propõe em “Capitãs de Abril, a revolução dos cravos vivida pelas mulheres dos militares”, A Esfera dos Livros, 2014, é contar a revolução no feminino, vivida dentro de casa, como lutaram nas fileiras da conspiração, como deram cobertura às reuniões clandestinas, como passaram à máquina manifestos. “Esta é também a história da única mulher que leu um comunicado do Movimento das Forças Armadas e da rapariga que, sem saber, deu nome à revolução. São personagens de um dos mais importantes acontecimentos do século XX português. Todas elas, cada uma à sua maneira, protagonistas na sombra”. Projecto aliciante e com resultados dignos de reflexão.
Começando com Maria Dina Afonso Alambre de Carvalho, mulher de Otelo, aquele tempo foi dobadoira, como se escreve: “Foram meses de reuniões, sabe bem que o golpe anda a ser preparado. À sua maneira, ajudou quanto pôde. Nos últimos dias, sentava o filho no banco de trás, ocupava o lugar da frente e acompanhava Otelo por onde quer que ele conduzisse. Aceleravam até à casa de camaradas, estacionavam a observar o Forte de Caxias para melhor planear a libertação dos presos políticos. Como se nada fosse, ela ficava no carro, a ver o filho brincar, a disfarçar. Ansiosas, as agulhas de renda burilavam sem descanso uma toalha com rosetas”. Outra protagonista, Natércia Salgueiro Maia, também recebeu a mesma informação: “Vai ser hoje…”. Uma despedida que lhe deixou o coração apertado. Sabe que o marido partirá à frente de uma coluna a partir da Escola Prática de Cavalaria, tem desempenho primacial na operação “Fim do regime”. Nessa mesma noite, Ana Coucello, mulher do adjunto operacional de Otelo, Luís Ferreira Macedo preparou um jantar para receber familiares, era preciso aparentar naturalidade, confundir a polícia política. Pouco antes de Abril, Ana bateu à máquina
um documento intitulado “O Movimento, as Forças Armadas e a Nação”, afinal um manifesto redigido por Ernesto Melo Antunes. Não tem ilusões, algo de formidável está em marcha, este documento fora lido na reunião de Cascais, em 5 de Março, no ateliê do arquitecto Braula Reis, agora vai ser difundido pelos oficiais que aderiram ao Movimento. Vítor Alves diz a Teresa: “Olha, é esta noite”. E ela pergunta-lhe: “É esta noite, o quê?”. E ele, de imediato: “A revolução que temos andado aí a preparar…”. Teresa está apreensiva, é a filha do Chefe
de Estado-Maior da Armada. E fica à escuta, sabe que a uma determinada hora alguém, na rádio, dirá que se vai ouvir a canção de Paulo Carvalho “E Depois do Adeus”. Esta ansiedade toma as mulheres de todos os golpistas, Aura Costa Martins, a namorada de Costa Martins, oficial da Força Aérea, ela gritará exuberante, “Já está, já está!”, João Paulo Dinis, pelas 22.55 horas anuncia a canção de Paulo Carvalho. O golpe de Estado começa a desenrolar-se. A vida desta mulher terá esta e outras alegrias, mas muito sofrimento
posterior. Costa Martins, depois do 25 de Novembro, sentindo-se perseguido, irá para Luanda, aí celebrarão casamento. O que se segue é desconhecido de muitos portugueses: “O militar colabora com os camaradas do MPLA. Trabalha nos ministérios da Defesa, do Comércio, dos Transportes e do Trabalho. E veio o golpe de 27 de Maio de 1977. Será arrastado na desgraça. Foi torturado até acreditar que a morte não é o pior dos tormentos. A maldade tem excesso de imaginação – chicote, espigão de ferro, correia de camião. O rosto numa bola irreconhecível, o corpo em chaga. Aura desesperada à sua procura. Nada sabia do que se passava, apenas conhecia o que acontecera debaixo do seu olhar – uns homens à porta, decididos a levar o português para prestar declarações”. Mas a sua alegria não terá limites quando na Rádio Renascença, pela meia-noite e vinte, Leite Vasconcelos anunciou “Grândola, Vila Morena”. Uma noite à volta da rádio, começara, na plenitude, a madrugada da libertação. E aqui entraram mulheres que nada tinham a ver directamente com o golpe. Foi o caso de Clarisse Guerra, locutora na Rádio Clube Português, onde se estreara em 1962.
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O POSTAL regressa no dia 17 de Abril
última Sebastien Ogier superfavorito no Rali de Portugal Ogier venceu o Fafe Rally Sprint no fim-de-semana O RALI DE PORTUGAL ARRANCOU ONTEM para uma edição
que pode marcar o adeus ao sul do país e com um piloto apontado por todos como superfavorito: o francês Sebastien Ogier (Volkswagen). A 48.ª edição do Rali de Portugal é também a décima consecutiva no sul e a organização, o Automóvel Clube de Portugal, pondera um regresso da prova às “míticas” etapas do norte. Com o presidente do ACP, Carlos Barbosa, a admitir uma decisão para breve e com o campeão do Mundo de pilotos, o francês Sebastien Ogier, a assumir que um Rali de Portugal nortenho “seria espectacular” devido à maior presença de adeptos, esta poderá mesmo
ser a última edição do rali em terras algarvias. Para esta edição do Rali de Portugal estão inscritos mais de 80 carros, 15 dos quais do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC), além dos principais pilotos portugueses - o campeão nacional Ricardo Moura, o actual líder do campeonato Pedro Meireles, Bernardo Sousa e Rui Madeira -, já que a primeira etapa é pontuável para o Campeonato Nacional de Ralis.
OGIER DEFENDE O TÍTULO O
francês Sebastien Ogier surge no Rali de Portugal como campeão em título, como líder do campeonato (63 pontos, mais três do que o colega de equipa na Volkswagen, Jari-Matti Latvala) e com o estatuto de
superfavorito. “O Ogier é o maior piloto da actualidade, tem o melhor carro e, por isso, será concerteza o favorito”, considerou à Lusa o líder do campeonato nacional, Pedro Meireles. O próprio francês assume que está em Portugal para ganhar pela quarta vez (repetindo os triunfos de 2010, 2011 e do ano passado), e, para “abrir as hostilidades”, venceu no passado fim-de-semana o Fafe Rally Sprint, provando uma vez mais que o Polo-R é o melhor carro do pelotão. Já a Hyundai (do vice-campeão mundial, o belga Thierry Neuville) inscreveu três carros no Rali, sobretudo para obter dados em prova acerca do funcionamento do i20 WRC, um pub
carro que a marca sul-coreana acredita poder desenvolver para ser competitivo em 2015. Quanto à Citroën, histórica dos ralis e dominadora na última década, tem no norueguês Mads Ostberg e no britânico Kris Meeke pilotos candidatos a um “brilharete” na terra portuguesa. O próprio Ogier considerou à Lusa que a marca francesa será perigosa: “a Citroën ainda tem um nível alto de rendimento. Foi a equipa que dominou os últimos dez anos e não pode ter perdido tudo agora. Tenho a certeza de que a equipa e o carro ainda são bons”. “Ao Mads e ao Kris não lhes falta velocidade, por isso, teremos de manter um olho neles. Eles conseguem ser muito rápidos em alguns ralis, mas falta-
d.r.
ÔÔ Ogier assumiu o desejo de que o Rali de Portugal regresse ao norte -lhes alguma experiência no WRC. Se evitarem cometer erros, poderão estar na luta pelos lugares cimeiros”, explicou à Lusa o piloto da Volkswagen. A partir de hoje contam-se três dias de corrida em 15 troços de terra no Algarve e Bai-
xo Alentejo, num total de mais de 336 quilómetros cronometrados em localidades como Silves, Ourique, Almodôvar, Santa Clara, Santana da Serra, Malhão, Loulé e São Brás de Alportel. Lusa pub
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
ABRIL 2014 | n.º 68 8.123 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve d.r.
Espaço AGECAL:
d.r.
Seis anos em prol da Cultura
p. 3
Isabel Allende:
A ténue linha entre a magia e o real p. 6
Aqui há espectáulo: ricardo claro
Orquestra leva música a palcos insuspeitos Momentos:
Casca-crochet
p. 4
ricardo claro
d.r.
p. 7
Espaço Património: d.r.
Panorâmica:
Patrimónios da água no Algarve
O regresso das vendas
p. 5
p. 9
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04.04.2014
Cultura.Sul
Editorial
Espaço CRIA
O nosso obrigado aos cineclubes
Empreendedorismo do Algarve, é bom e recomenda-se!
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
Os dias 6 e 8 deste mês marcam, respectivamente, os aniversários dos cineclubes de Faro e Tavira, com o primeiro a somar 58 anos e o segundo uns ‘jovens’ 15 anos de existência. Estamos, pois, em momento de comemorações cinéfilas, mas estamos, acima de tudo, em momento de celebrar um serviço às comunidades de Faro e Tavira, à região do Algarve e ao país e ao cinema e cultura em geral absolutamente indesmentível. Os cineclubes permitiram pelo seu árduo trabalho, dedicação das respectivas organizações e esforço, tantas vezes desmesurado, trazer ao Algarve um circuito de cinema que foge às grandes salas comerciais e são por isso e por tantas outras razões um marco indelével do esforço de alguns em prol do todo comunitário regional. São anos de projecções, milhares de filmes, outras tantas introduções e enquadramentos, sem os quais se saberia no Algarve muito menos de cinema e se viveriam muito mais longinquamente as delícias que a sétima arte nos reserva. Há decerto em muitos daqueles que nos trouxeram pela mão dos cineclubes tantos momentos únicos o sabor do trabalho feito da obra cumprida, como há neles também certamente, a noção do muito que há por cumprir e dos milhares de filmes que nos podem ainda mostrar. Há, também, no meio de tudo isto muitas derrotas e dificuldades, como as haverá vitórias e sucessos, mas o que importa é que sem vós - almas por detrás dos cineclubes da região - seríamos todos muitíssimo mais pobres. Devemos a todos vós esta riqueza, devemos a todos vós este saber maior e devemos, acima de tudo, a vós o nosso mais sincero obrigado. Mais do que aquilo que nos deram em milhares de horas de cinema e conhecimento associado, olhamos para trás e vemos o tanto que só pela vossa mão conhecemos e olhamos o futuro certos de que pelo vosso esforço muito mais conheceremos.
Ana Lúcia Cruz Gestora de Ciência e Tecnologia no CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg
Posso afirmar com toda a certeza, a que me é possível, que se há um ano do Empreendedorismo para o Algarve… é sem dúvida 2014! Senão reparem: Desde os Workshops «Cria a tua Empresa», em parceria com todas as autarquias da região e cujo valor dos participantes já ultrapassou os 800, ao Concurso de Ideias em Caixa (com 161 candidaturas e um total de 314 empreendedores), entre outras iniciativas que têm vindo a decorrer na região, eu diria que o arranque não podia ser melhor! Muitos de vós pensarão que o empreendedorismo é uma questão de moda e eu não pretendo entrar nessa “discussão”. No entanto, gostaria de vos dizer porque considero importante continuarmos a desempenhar o nosso papel na promoção de uma “cultura
empreendedora”. Para começar, porque aquela pessoa que hoje não está interessada em constituir uma empresa, amanhã já poderá estar; porque os desafios mudam mediante o setor de atividade, o contexto socioeconómico e também o enquadramento geográfico; porque o mercado atualmente é muito mais competitivo
empreendedores. Criar uma empresa não é fácil, mas o empreendedorismo não termina assim que constituímos a empresa. Depois desta etapa seguem-se muitos outros desafios e, aí sim, ser determinado e multifacetado ganha outro significado. Ser empreendedor e levar para a frente uma empresa, signid.r.
do que há uns anos; porque os consumidores são cada vez mais exigentes; e porque, na verdade, inspirar e apoiar os sonhos - para muitos de uma vida - , sabe bem e faz-nos sentir a todos um pouco
fica uma verdadeira aprendizagem ao longo da vida. E a mensagem que vos queremos transmitir, é a urgência de abdicarmos do medo que nos impede de “navegar por mares nunca antes navega-
Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural
dos”. Se isso passa por aquele restaurante que desde pequenos sonhávamos abrir ou fazer sabonetes em casa... que assim seja. Mas medo é que não! Até porque hoje em dia, apesar das exigências serem muitas e maiores, o conhecimento também o é, tal como as entidades disponíveis para vos apoiar. Claro que não vale a pena mascararmos as dificuldades, com arco-íris e pós de perlimpimpim, pois mesmo as entidades que prestam apoio enfrentam grandes desafios. Da nossa parte, continuaremos a navegar “por mares já antes navegados” em prol do empreendedorismo e dos empreendedores que nos procuram, pois o ano começou da melhor maneira e da mesma forma que muitos se inspiram nos sucessos de outros para arrancar com uma ideia de negócio, nós inspiramo-nos nessa vontade para fazermos mais e melhor. Neste momento, vamos apoiar tanto as 50 ideias que passaram à segunda fase no Concurso do Ideias em Caixa, como as que ficaram para trás. Portanto, como podem ver, 2014 será repleto de novos projetos empresariais para a nossa região e isto só podem ser boas notícias.
Juventude, artes e ideias
Os Jovens e a Cultura
Carlos Campaniço
Programador artístico/escritor
Não há muito, estive numa das principais salas de teatro do País. A peça era um clássico, levada à cena por duas grandes companhias de teatro em Portugal. O encenador e os actores eram de excelsa qualidade. O público, por seu turno, não faltou e a sala esgotou. Pensar-se-á que, com estas premissas, é fácil que se encham salas. Concordo em absoluto. Porém, trago este tema porque
ainda não revelei um pormenor: 40 a 50% dos espectadores eram jovens entre os quinze e os vinte e cinco anos de idade. Reparei que não foram em visita escolar (até porque era sábado à noite), nem com os pais. Organizados em grupos de amigos, decidiram ir ao teatro. Alguns, possivelmente, foram dali para bares e discotecas, mas passaram antes pelo teatro. Fiquei com imensa inveja de poder ver em Olhão um cenário próximo deste. Neste momento, o trabalho que a Casa da Juventude está a fazer em prol do teatro, concretamente, é de grande utilidade. Está a formar jovens que fazem teatro, incrementando-lhes o gosto pela arte. O Auditório Municipal com peças de teatro/ musical infantil tem o intuito
d.r.
Editor: Ricardo Claro Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço CRIA: Hugo Barros • Espaço Educação: Direcção Regional de Educação do Algarve • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Momento: Vítor Correia • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires Colaboradores desta edição: Ana Lúcia Cruz Carlos Campaniço Paulo Serra Sónia Tomé Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelagoncalves3@gmail.com
on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve
Tiragem: 8.123 exemplares
de gerar esse gosto desde muito cedo. O teatro é apenas um exemplo. Mas não chega! Há neste momento muito boas condições no Concelho para que os jovens desfrutem da Cultura. Porém, falta dar um passo: a adesão voluntária
dos mesmos. Falta aos jovens deste Concelho perceber a utilidade da arte, a mais-valia do seu usufruto, o prazer que a mesma nos oferece e até os homens e mulheres mais capazes que se poderão tornar, tendo a Cultura como um dos suportes dos seus conhecimentos.
Cultura.Sul
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt IPJ | 21.30 HORAS | ENTRADA PAGA 8 ABR | DR. ESTRANHO AMOR, Camille Claudel, 1915, Bruno Dumont, França, 2013, 93’, M/12 15 ABR | TEMPORÁRIO 12, Destin Cretton, EUA, 2013, 96’, M/16 22 ABR | A JANELA (MARYALVA MIX), Edgar Pêra, Portugal, 2001, 104’, M/120 29 ABR | FRANCES HA, Noah Baumbach, EUA, 2012, 86’, M/12 SEDE | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE 10 ABR | RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, João César Monteiro, 1989, 122’ 17 ABR | OUTRO PAÍS, Sérgio Tréfaut, 1999, 70’ 24 ABR | JUVENTUDE EM MARCHA, Pedro Costa, 2006, 155’ 58 ANOS CINECLUBE DE FARO | 5 ABR | 22 HORAS | S.R.A.F. – OS ARTISTAS Mostra de Curtas Metragens Austríacas DESPEDIDA DE ANABELA MOUTINHO | TEATRO LETHES | 21.30 HORAS 6 ABR | A MÁSCARA, Ingmar Bergman, Suécia, 1966, M/16
Cineclube traz Eric Andersen Trio a Tavira Uma vez que o concerto com o trio do nova-iorquino Eric Andersen irá ter lugar na sexta feira, dia 11 de Abril, nessa semana a nossa sessão habitual decorrerá na terça-feira, 8 de Abril, precisamente no dia em que iniciámos a nossa actividade, há 15 anos atrás. Durante estes anos vários cineclubes nasceram um pouco por todo o país, muitos desapareceram pouco depois. Por incrível que pareça, o de Tavira ainda continua vivo e está a preparar-se para... os próximos 15 anos. No mês passado anunciei que este mês estaria finalmente em cartaz Mr. Nobody, o filme fascinante de Jaco Van Dormael (Óscar para Melhor filme de Língua Estrangeira para Toto, Le Héros, em 1991), mas a sessão teve de ser adiada e irá realizar-se no dia 8 de Maio. Na semana anterior
Cineclube de Tavira
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 440 cinetavira@gmail.com fotos: d.r.
SESSÕES REGULARES Cine-Teatro António Pinheiro | 21.30 horas 8 ABR | LA CAGE D’ORÉE (A GAIOLA DOURADA), Ruben Alves – França/Portugal 2013, 90’, M/12
Concerto assinala 15º aniversário do cineclube (quinta, dia 1) iremos exibir a segunda parde de Nymphomaniac. Conforme o nosso público já está habituado, também este mês tentámos tecer um programa com filmes signi-
ficativos e sensíveis. Já agora – já, já, não –, no dia 11 de Julho irá abrir a 14ª edição da nossa Mostra de Cinema Europeu. Cinema de qualidade não falta em Tavira. Até breve!
11 ABR | CONCERTO ERIC ANDERSEN TRIO – LIVE, 15º aniversário do Cineclube de Tavira - Música ao vivo (cerca de 90’) 17 ABR | SHORT TERM 12 (TEMPORÁRIO 12), Destin Cretton – E.U.A. 2013, 96’, M/16 24 ABR | NYMPHOMANIAC: VOL 1 (NINFOMANÍACA – PARTE 1), Lars Von Trier – Din/ Alem/F/Bél/RU 2013, 128’, M/18
Espaço AGECAL
AGECAL – Seis anos
Jorge Queiroz Sociólogo e Gestor Cultural Presidente da Direcção da AGECAL
A Gestão Cultural é a gestão dos recursos culturais, uma ciência. Esta disciplina baseia-se e potencia conhecimentos de diversas ciências da cultura. O Algarve possui um património cultural material e imaterial antiquíssimo, forjado pelos povos que habitaram a região muitos séculos antes da existência da nacionalidade. Possui, pois, múltiplos recursos culturais de várias épocas históricas, monumentos, tradições festivas, ambientes sociais, culturas alimentares, diversidade paisagística. A gestão de todo este potencial requer trabalho especializado, do planeamento aos programas, do financiamento à gestão das infra-estruturas. Sabemos hoje melhor que a primeira causa do atraso económico e social de um País é a sua colonização mental e cultural, a imitação de modelos, a des-
valorização da língua, da arquitectura, da paisagem construída pelo homem durante séculos, o abandono das produções da terra, das culturas alimentares, da música e das artes, … Conhecer os recursos culturais é o primeiro passo para a afirmação do País e a cultura é o mais poderoso instrumento da economia, como faz com eficácia o mundo anglo-saxónico vendendo os modelos culturais para a seguir vender os seus produtos. Por outro lado, refira-se outro aspecto da maior importância. Neste momento a protecção da diversidade cultural do planeta é tão importante como a preservação da biodiversidade, não apenas pela garantia de pluralidade, mas também por razões éticas, políticas e ambientais, económicas e de sustentabilidade dos territórios. Por isso, a UNESCO desde a II Guerra Mundial vem promovendo convenções e programas que protegem as culturas de um modelo de globalização padronizador. A AGECAL cumprirá a 17 de Abril seis anos Foi fundada por cerca de duas dezenas de profissionais da cultura do Algarve.
A sua criação correspondeu à consciência dos problemas que afectam a região, da necessidade de inserção da dimensão cultural e patrimonial no desenvolvimento regional, promovendo a gestão cultural nas suas componentes científicas e formativas. Desde 2008 que a AGECAL deu um contributo empenhado para a formação profissional no campo da cultura, atraves de seminários e cursos diversos, do jornalismo cultural aos serviços educativos, da produção de espectáculos à gestão de infra-estruturas e recursos culturais. Manteve uma relação com o movimento internacional da gestão cultural, em particular com os colegas de Espanha, sendo co-organizadora do 1º Congreso Internacional da Gestão Cultural realizado em 2010 em Almeria. Foi co-fundadora da AIGC. A AGECAL colaborou com a Universidade do Algarve na organização do Mestrado de “Gestão Cultural” que melhorou a oferta de formação superior para algumas dezenas de jovens técnicos.
no qual foram publicados dezenas de artigos de diferentes autores e sobre as mais diversas temáticas. Fica um acervo de pensamento heterogéneo e pluridisciplinar sobre a cultura no Algarve de um período histórico que todos sabemos muito difícil. Perdemos infelizmente companheiros, como o Antonio Rosa Mendes, solidário e leal, homem de valores e causas, desaparecido prematuramente. Outros saíram da região atingidos pela quebra de actividade ou ausência de trabalho no sector cultural, contudo, um grupo qualificado e generoso mante.. ve-se com a Associação como na primeira hora. As organizações são “biológicas”, nascem, evoluem, cumprem funções. Concluídas as tarefas primordiais originam outras ou extinguem-se dando lugar a novas realidades organizativas. Há que reflectir, antecipar o futuro e sobretudo renovar. O Algarve necessita de outros horizontes também na cultura, construir uma contemporaneidade personalizada. Passaram seis anos, a AGECAL cumpriu. dr
A capa do POSTAL deu destaque ao nascimento da AGECAL Este espaço cultural na imprensa regional, que num primeiro momento se chamou “.S” e depois “Cultura.Sul, resultou de uma proposta nossa ao diretor do “Postal do Algarve”, Henrique Dias Freire, que acarinhou a ideia e lhe deu a utilidade que todos lhe reconhecemos. Nestes anos mantivemos mensalmente e sem uma falha este espaço,
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04.04.2014
Cultura.Sul
Aqui há espectáculo
Orquestra leva música a palcos insuspeitos
Teatro Municipal de Faro Programação: www.teatromunicipaldefaro.pt
Destaque
Até 5 ABR | XVI FARTUNA, Festival de Tunas Universitárias, às 21 horas, 3.35 horas de duração 9 a 12 ABR | 11º Dançarte, Concurso Internacional de Dança, provas e espectáculos variados
d.r.
17 ABR | Os Idiotas, comédia, 21.30 horas, preços: 1ª plateia 12,50 euros; 2ª plateia 10 euros Nos últimos tempos, quantas vezes já deu consigo a perguntar onde acaba a realidade e começa a ficção? No mundo d’Os Idiotas o facebook deixou de ser virtual e as pessoas, mesmo as “supostamente normais”, trocaram as gargalhadas por uma dúzia de LOLs. Neste universo paralelo, há homens que afinal são mulheres, que entretanto mudaram de sexo, e jogos de computador que se instalaram na vida sem pedir autorização
para fazer download. Se no final desta comédia detectar sintomas antes desconhecidos, não se preocupe. Esses sinais fazem parte do projecto de contaminação que Os Idiotas delinearam para o livrar desse semblante sério a que a rotina o condenou. Faça uma pausa... Ver Os Idiotas é a melhor coisa que lhe pode acontecer, afinal vão estar em palco José Pedro Gomes, Aldo Lima, Jorge Mourato e Ricardo Peres.
30 ABR | Miguel Araújo, música, 21.30 horas, preços: 1ª plateia, normal 15 euros; 2ª plateia, normal 10 euros
Destaque
AMO - Auditório Municipal de Olhão Programação: www.cm-olhao.pt/auditorio Cadeia de Faro vai acolher a orquestra
John Avery na batuta A direcção artística do con-
Ao atingir os 30 anos de carreira, o Avô Cantigas apresenta-se ao vivo com um novo concerto que vai deliciar miúdos e graúdos. Acompanhado em palco por actores que interpretam divertidos netinhos, ele vai cantar uma mão cheia de canções inesquecíveis que são a garantia
de um tempo bem passado com grande animação. “A Cantiga do Avô Cantigas”, “Fungagá da Bicharada”, “Fantasminha Brincalhão”, são exemplos de um reportório que vai dos grandes clássicos aos sucessos mais recentes.
11 ABR | Romeu e Julieta, dança, 21.30 horas
Cine-Teatro Louletano Programação: http://cineteatro.cm-loule.pt 6 ABR | Zarafa, cinema, 15.30 horas, 80 min., preço: 3 euros 10 ABR | O Milagre Segundo Salomé, cinema, 21 horas, 105 min., gratuito 12 ABR | Ciclo Loulé Clássico – Orquestra Clássica do Sul, música, 21.30 horas, 70 min., preço: 8 euros A Orquestra Clássica do Sul e a Câmara Municipal de Loulé convidam-no para o Ciclo “Loulé Clássico”, um conjunto de concertos inédito, que o irão acompanhar de Feverei-
ro a Dezembro, em meses alternados. No Cineteatro Louletano poderá desfrutar da música de grandes compositores, do clássico ao contemporâneo.
29 ABR | Dia Mundial da Dança - Different Bodies Different Movements, dança, 21.30 horas, 60 min. Preço: 10 euros
TEMPO - Teatro Municipal de Portimão Programação: www.teatromunicipaldeportimao.pt
Destaque
certo, que decorrerá a 22 de Maio na cadeia de Faro, está nas mãos do maestro Cesário Costa, mas na batuta estará o maestro inglês John Avery, habituado também ele a dirigir a formação orquestral sediada no Algarve. Em declarações ao Cultura. Sul, Cesário Costa realça “a importância deste ciclo de concertos ‘Música em comunidade’, como uma forma de apresentar a orquestra em espaços onde normalmente a música clássica não marca presença”. Em termos de reportório, que ainda está a ser desenhado, o director artístico da Orquestra Clássica do Sul tem em vista “um programa que seja adequado ao público e às suas especificidades e que possa ser atraente para quem ouve”, um tratamento que em nada difere daquele que é sempre dispensado pela orquestra no processo de idealização de cada concerto, mas que, neste caso, tem como acréscimo a responsabilidade de responder a um público com especificidades particulares. Antes de saber se a experiência de tocar em estabelecimentos prisionais será para repetir, Cesário Costa entende que “depois desta primeira iniciativa a avaliação dos seus resultados é que determinará novas iniciativas nestes moldes”. Para o maestro, “o importante é que a ideia subjacente aos concertos ‘Música em comunidade’ se mantenha e desenvolva como um dos objectivos de trabalho da orquestra”. Ricardo Claro
Destaque
Depois de, em finais de 2013, a Orquestra Clássica do Sul se ter apresentado nos Hospitais de Faro, Garcia de Horta em Almada, Beja e Huelva, num formato que levou a música clássica a espaços onde a mesma não entra com regularidade, chega agora a vez do Estabelecimento Prisional Regional de Faro. A Orquestra Clássica do Sul (OCS) tem feito, em particular desde que o maestro Cesário Costa assumiu funções como director artístico, um redesenho da respectiva programação, mantendo o que de muito e bom já fazia em termos da promoção e divulgação da música erudita e somando-lhe novas esferas de actuação e novos palcos. A aposta numa orquestra cada vez mais próxima da comunidade que a acolhe - que neste momento engloba as regiões do Algarve, sede da OCS, Alentejo, Península de Setúbal e Andaluzia - ganhou expressão real e objectiva com a inauguração do ciclo de concertos “música em comunidade” e a iniciativa deu já à formação orquestral uma nova face. Depois das enfermarias, a música em comunidade invade agora um palco ainda mais insuspeito, o das cadeias, numa experiência que decerto se mostrará única, seja para aqueles que pelas mais variadas razões estão afastados da convivência em sociedade, seja para os próprios músicos.
5 ABR | “É Bom Sonhar”, infantil, 16 horas
5 ABR | Cações d’A Naifa, música, 21.30 horas, preço: 10 euros Após o sucesso alcançado pelo quarto trabalho de originais, ‘não se deitam comigo corações obedientes’ - distinguido pela Sociedade Portuguesa de Autores com o Prémio Autores para Melhor Disco de 2012 - A NAIFA regressou aos álbuns no final de 2013. ‘As Canções d’A Naifa’, editado no passado dia 4 de Novembro, surge como o en-
cerrar de um ciclo. Como tal, é um disco diferente dos quatro anteriores, estas canções são originais de outros artistas que A NAIFA sentiu como suas e que foi tocando ao vivo durante os seus quase dez anos de existência. Nove canções que fazem parte da história d’A NAIFA e que prometem fazer vibrar novamente o público no palco do TEMPO.
8 ABR | Passión Flamenca, flamenco, 21.30 horas, preço: 10 euros (descontos especiais) 11 ABR | LX COMEDY CLUB - First Class Tour, comédia, 22 horas, 83 min., preços: plateia 12 euros; balcão 10 euros 17 ABR | Concerto de Páscoa: Alemanha e Áustria, música, 21.30 horas, 60 min., preço: 6 euros (descontos especiais)
Cultura.Sul
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Panorâmica
O regresso das vendas: tradição, cultura e boa mesa As vendas, as tabernas, as mercearias e as tascas ainda povoam o imaginário de muitos de nós e para alguns - felizardos - nunca deixaram de ser uma realidade, porque em zonas mais rurais estes pequenos comércios nunca desapareceram do dia-a-dia dos algarvios. A SUPA (Companhia Portuguesa de Supermercados) do Grupo C.U.F., criada em 1969, abriu em Lisboa o primeiro supermercado do país no ano seguinte, na Avenida Estados Unidos da América, e o fenómeno das prateleiras intermináveis não mais teve fim. Na senda da oferta multimarcas e do crescimento do sector da distribuição, também por terras algarvias nasceram, qual cogumelos, os novíssimos supermercados. Quem não se lembra do velhinho Horta em Faro, só para dar um exemplo. As vendas e mercearias foram cedendo terreno e perdendo a tal quota de mercado, como a foram perdendo as tabernas e as tascas a favor dos restaurantes e snack-bar e, mais tarde, dos fast food massificados e massificantes. Registos de outros tempos
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Eis senão quando tudo parece estar a tomar outro rumo e no Algarve, como no país, estão a renascer um pouco por toda a parte, e muito em particular nas cidades, novas vendas e tascas e abrem portas novas tabernas e mercearias. Os conceitos são vários, desde a estratégia base do ‘abrir a porta e depois logo se vê’ até às mais sofisticadas associações ao estilo gourmet, mas todas dentro do espaço do pequeno comércio tradicional e é exactamente esta uma das características que importa realçar nestes novos negócios. É gente nova, a fazer nascer negócios novos, a recuperar tradição e saber fazer e a oferecer alma, cultura, gastronomia e modus vivendi que se foram per-
fotos: ricardo claro
A isto se junta, sempre, uma proposta vegetariana diária e a possibilidade de um bom vinho para acompanhar dois dedos de conversa num ambiente que de tão singular só pode ser entendido quando vivido. Uma proposta diferente
A Venda, um espaço a lembrar a sala-de-jantar das nossas bisavós dendo na loucura da modernidade e do imediatismo. Há uma nova realidade que une produtos locais a marcas de outros tempos, economia sustentável a artesanato, questões ambientais a uma dieta tradicional e um sorriso na face ao conhecer pelo nome quem nos atende por detrás de um balcão.
novos contornos e tornou-se numa verdadeira sala de estar, onde além de se encontrarem produtos para comprar com marcas antigas e da região, se
A Venda em Faro O Cultura.Sul saiu à rua para conhecer um destes novos espaços que recuperam uma forma de estar e de receber de outros tempos e, em Faro, encontrámos as mercearias mais gourmet e as tascas mais aprumadas desta nova geração e, depois... encontrámos a Venda, diferente de tudo e absolutamente singular. Pelas mãos de Ana Fonseca e Vasco Prudêncio, no centro da cidade, a Venda é uma realidade única e aquilo que começou por ser uma mercearia ganhou “RÃO KYAO APRESENTA INTIMISMOS” 11 ABR | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Espectáculo que apresenta uma série de temas significativos da carreira do flautista compositor Rão Kyao, numa versão que, dado o seu carácter intimista, aproxima os músicos do seu público numa comunhão tão querida a todos
pode sentar, degustar um vinho e provar as especialidades da casa num espaço que é cada vez mais uma tasca ou taberna. Mas não uma tasca ou taberna qualquer. Quando se entra na Venda - mal se passa por uma inesquecível estante de mercearia dos anos 40 ou 50, recheada de produtos de marcas de outros tempos - entra-se na sala-de-estar das nossas bisavós. Do mobiliário, às paredes, do naperon, ao balcão, dos retratos aos candeeiros, o momento é de um flashback que nos transporta a outro tempo. A receber-nos um sorriso contagiante. A alma de quem acolhe o cliente “como se estivéssemos a receber os amigos em casa” invade a conversa, onde surgem as propostas inusitadas de uma ementa feita dia-a-dia de sugestões criadas sob medida. Cheira ao cheiro característico da casa de jantar, onde brincámos em pequenos,
num espaço feito de mobiliário restaurado conquistado em feiras de velharias e nas arrecadações da família. O chão tem os ladrilhos antigos a marcar um tempo datado e recheado de memórias e a iluminação projecta-se dos abat-jours de vidro cromado em forma de campânula. “Esta casa tem uma história antes da sua própria história”, refere Ana Fonseca, “tudo aqui já teve imensa vida antes de aqui ter chegado”. Até no horário a Venda é sui generis, durante a semana abre até às 20 horas, e só à sexta e sábado abre as portas para o jantar, mas de resto a cozinha está sempre aberta para os petiscos ou as tábuas de queijos e enchidos, ou ainda para pequenas delicadezas imaginadas como se se estivessem a servir “lá em casa aos amigos e sem querermos ser gourmet, porque queremos que a boa comida seja para todos”, refere Vasco.
Se tudo na Venda não fosse absolutamente diferente, a proposta “A Venda convida” seria uma surpresa, mas não é. A Venda propõe no primeiro sábado de cada mês um jantar no mínimo peculiar. A escolha do tema é feita pelo espaço comercial e ao jantar podem aceder por marcação até 20 pessoas, que a única coisa que têm em comum é o facto de não se conhecerem e aceitarem o desafio. Assim, ao marcar lugar neste jantar os convivas sabem que, em princípio, não conhecem os seus companheiros de refeição e numa mesa única a proposta é desafiar as possibilidades e conhecerem-se pessoas pela simples razão de que partilham o espaço da Venda. Uma iniciativa que Vasco e Ana dizem estar a ser um sucesso e em que as pessoas aparecem para jantar já com o espírito de aventura que um blind date comensal encerra em si mesmo. Assim se faz mais uma das peculiaridades da Venda, num jantar onde não reserva mesa, mas sim cadeira. Seja pela mão da Venda ou de outras tantas propostas ditas alternativas que vão surgindo um pouco por toda a parte nas malhas urbanas algarvias, há um renascer da cultura da mercearia e da tasca, há um reviver da conversa de palheta com palheto que regressa ao nosso convívio nas vendas e tabernas e que nos enriquece, quer no aspecto social, quer na recuperação do modo de ser e de estar tradicional. Há surpresas por aí à espera de vivermos hoje um jeito algarvio de conviver por entre retalhos de um outro tempo, numa paleta de propostas imperdíveis. Ricardo Claro
“UM OLHAR SOBRE A IRREALIDADE” Até 28 ABR | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira Passos Silva, estando reformado escolheu a pintura como meio de ocupar o tempo livre, tendo adoptado a técnica do óleo sobre tela para dar forma às suas personagens e paisagens
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04.04.2014
Cultura.Sul
Letras e Leituras
Isabel Allende - A ténue linha entre a magia e o real
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
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Quase parece trivial escrever sobre esta autora, tão conhecida se tornou... Isabel Allende exilou-se nos Estados Unidos da América, dois anos após o golpe militar de Pinochet no Chile, visto encontrar-se numa situação delicada por ser uma jornalista mais ou menos popular e sobrinha de Salvador Allende, o presidente chileno assassinado, bem como enteada do embaixador da Argentina. Quando veio a saber que o avô estava a morrer no Chile começou a escrever-lhe uma carta que se tornou infindável e deu origem a esse fabuloso romance, A Casa dos Espíritos, um êxito editorial um pouco por todo o mundo, depois adaptado ao cinema, tendo sido inclusivamente filmado em Portugal. Isabel Allende referiu em entrevista que, apesar da sua escrita ser enquadrada no realismo mágico, usa sempre o real para escrever. Ao lermos o seu romance Paula, que é próximo do registo diarístico e teve como ponto de partida a situação traumática da doença da sua filha, que entrou depois em coma até que acabou por morrer, podemos realmente constatar como a história da família que Isabel escreve à cabeceira da filha – para que ao acordar ela não se sinta tão perdida – tem diversos pontos em comum com o que nos é narrado em A Casa dos Espíritos e que, aparentemente, parecia ser puramente fantástico. O romance A Casa dos Espíritos conta-nos a história de uma família que atravessa o século XX em três gerações, com uma vasta panóplia de elementos insólitos ou maravilhosos, como o caso da cabeça decapitada de Nívea, encontrada por Clara e depois esquecida na cave; Barrabás, uma criatura que nunca percebemos tratar-se de um cão ou de um estranho animal mitológico; a máquina voadora do tio Marcos que consegue efetivamente levantar voo, numa época
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em que não havia ainda aeroplanos; ou o facto de Clara permanecer com a filha na barriga apesar de o termo da gravidez já ter sido ultrapassado num mês; a aparição de Férula que entra na sala de jantar e beija Clara, voltando a sair, sem que ninguém se aperceba de que era um fantasma, exceto a própria Clara, que avisa a família de que a cunhada morreu; a pequena Alba que nascerá com os cabelos verdes como a sua tia-avó Rosa; a maldição que Férula lança ao irmão Esteban Trueba, de que encolherá com o tempo e morrerá sozinho; o tio Nicolau que passou um ano como mendigo, percorrendo a pé os caminhos do oriente, para
A escritora chilena Isabel Allende
voltar como um faquir vegetariano, capaz de exercer total domínio sobre a mente, permitindo-lhe atravessar-se com alfinetes e manter-se três minutos sem respirar. As personagens são várias, mas destaca-se o facto de serem sempre as mulheres o centro da narrativa: Clara, a filha de Nívea, que será mãe de Blanca, e avó de Alba. O significado dos nomes é revelador: Clara significa luz e lucidez, alguém que ilumina o caminho, pois os seus dons de clarividência permitem muitas vezes antecipar o futuro, da mesma forma que os seus diários permitirão à neta resgatar, ordenar e
reconstituir o passado da família. É também após a sua morte que o livro perde a atmosfera beatífica da magia e a violência toma conta do cenário da acção e vitimiza a família. O nome de Clara reforça as capacidades de clarividência de que a personagem é dotada. Blanca é filha de Clara e forma o elo seguinte dessa sequência de nomes associados à luminosidade. A última mulher dessa família será Alba, cujo nome significa alvorada: «A mãe queria chamar-lhe Clara, mas a avó não era partidária de repetir os nomes da família, porque isso cria confusão nos cadernos de anotar a vida. Procuraram um nome num dicionário de sinónimos e descobriram o seu, que é o último de uma cadeia de palavras luminosas que querem dizer o mesmo.». O capítulo seguinte à morte de Clara é intitulado justamente de «A Época da Decadência»: «Alba sabia que a
“S.O.S. PORTUGAL” Até 3 MAI | CECAL - Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé Exposição do artista quarteirense Menau, integra as vertentes de desenho, pintura, instalação, fotografia e vídeo. “S.O.S.” apresenta-se em estado de luta, como um hino de insurreição contra o sistema
avó era a alma da grande casa da esquina. Os outros souberam-nos mais tarde, quando Clara morreu e a casa perdeu as flores, os amigos que iam e vinham e os espíritos brincalhões e entrou em pleno na época da desordem.». É importante salientar que quase toda a magia que encontramos ao longo da narrativa existe em consequência ou por irradiação dos poderes e da natureza de Clara, a clarividente. Daí que, após a sua morte, a casa que o marido havia justamente construído para ela comece a decair, do mesmo modo que toda essa dimensão mágica dominante na obra se afaste como um véu soprado. E, com toda a dor e crueldade da Revolução, o romance prende-se a assuntos muito mais terrenos, quase como um violento despertar para a vida, uma brutal intrusão do mundo real naquele reino encantado. A magia dissipa-se na exata proporção em que aumenta a violência do poder político. Isabel Allende fala recorrentemente da sua avó, que foi quem lhe inspirou esta personagem: «Fui criada a
ouvir comentários acerca do talento da minha avó em redizer o futuro, ler na mente alheia, dialogar com os animais e fazer mexer objectos com o olhar. Contam que uma vez fez deslocar uma mesa de bilhar pelo salão, mas na verdade a única coisa que vi a mexer na sua presença foi um insignificante açucareiro, o qual, à hora do chá, costumava deslizar, errático, sobre a mesa.». Os poderes mágicos que as personagens de Clara e Branca detêm parecem ser uma forma de se proteger, de compensarem e contestarem a tirania que lhes é imposta pelo homem, quer nos comportamentos violentos de Esteban ou de Pássaro, quer na autoridade governativa assente num poder patriarcal. O segundo romance da autora, De Amor e de Sombra, abandona por completo esse realismo mágico sul-americano e prossegue em tom quase de crónica jornalística, sendo uma obra política que relata acontecimentos verídicos ocorridos durante a ditadura chilena (este livro foi igualmente adaptado ao cinema mas passou-nos despercebido). Isabel Allende tem como ritual iniciar um romance todos os anos, no dia 8 de Janeiro, mas a verdade é que ultimamente os seus romances tornaram-se mais históricos, por vezes demasiado exaustivamente (Inês da minha alma), outras vezes de forma mais efabulada e melhor conseguida, como em Filha da Fortuna ou Retrato a Sépia (que, aliás, constituem um tríptico com A Casa dos Espíritos). Curiosamente, tem sido nas suas obras de literatura juvenil que essa dimensão de efabular histórias fabulosas parece continuar viva, como em A cidade dos deuses selvagens, prendendo tanto os jovens como os adultos. O seu último livro saiu agora, intitulado O jogo de Ripper, onde a autora mostra agora como é capaz de variar em termos de género de escrita, aventurando-se no romance policial, mas mantendo constantes algumas das suas linhas de escrita como a relação entre personagens de diferentes gerações (agora que já é avó). Este livro volta a prender o leitor e parece ser um agradável regresso à qualidade e originalidade de outros romances seus.
“ESPECTÁCULO COM TIME FOR T” 12 ABR | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Tiago Saga é o fundador do projeto Time for T. É luso-britânico, da Califórnia portuguesa, como o próprio apelida o Algarve. Os membros são de vários pontos diferentes da Europa e as diferentes veias musicais do grupo definem o som ecléctico que a banda produz
Cultura.Sul
Momento
Casca-crochet Foto de Vítor Correia
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Na senda da Cultura
Maria de Belém apresenta
“Mulheres Livres” em Lagoa Nome incontornável da política portuguesa no feminino, Maria de Belém Roseira marou recentemente presença em Lagoa naquela que foi a mais recente edição das tertúlias mensais que decorrem na biblioteca municipal local. A obra que a ex-ministra da Saúde e para a Igualdade e presidente do Partido Socialista apresentou em Lagoa marca a sua estreia literária sob o título “Mulheres Livres”, um livro que retrata a história de 12 mulheres portuguesas e estrangeiras, de diversas áreas, que lutaram pelos seus ideais ao longo da vida. Depois de uma alocução introdutória a cargo da vereadora da Câmara de Lagoa Anabela Rocha, coube a Maria Luísa
Francisco apresentar a obra de Maria de Belém, a que se refere como sendo “uma homenagem à liberdade, um livro que não deixa perder a memória de mulheres extraordinárias que desbravaram novos caminhos no seu tempo, ultrapassando dificuldades e preconceitos”. A também investigadora sublinhou a “riqueza” da obra no que toca “a testemunhos que mostram o preço elevado que estas mulheres escritoras, artistas, políticas, cientistas pagaram por isso”. Ao Cultura.Sul, a responsável pela iniciativa, que desde 2006 se realiza mensalmente, realçou a vivacidade desta edição da tertúlia. Para Maria Luísa Francisco estes eventos “marcam pela diferença e pela d.r.
continuidade”. “As tertúlias têm atraído novos públicos e primado pela diversificação das temáticas”, refere, afirmando que “fazer esta programação tem aspectos muito gratificantes ao permitir a ligação entre pessoas e as suas várias linguagens, ao sentir nelas um abrir de horizontes, um brilho no olhar de quem está a absorver cada palavra”. “A participação do público torna cada evento numa verdadeira tertúlia, sempre com intervenções muito pertinentes que quase sempre ultrapassam a meia-noite”, remata a organizadora. As sessões da iniciativa decorrem quase sempre na Biblioteca Municipal de Lagoa, na última sexta-feira de cada mês, e são o resultado de uma parceria entre a Biblioteca Municipal de Lagoa, a Liga dos Combatentes - Núcleo de Lagoa e Portimão e o Lions Clube de Lagoa. A programação mensal está a cargo de Maria Luísa Francisco, directora cultural do Lions Clube de Lagoa desde 2006 até à presente data, tendo entretanto sido presidente do referido Clube em 2007 e presidente Regional dos Lions de 2008 a 2010. Um palco recheado de nomes maiores da Cultura
Aspecto geral da sala em Lagoa
Por este palco das letras têm passado importantes nomes das Artes, Letras e Cultu-
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Maria de Belém Roseira, autora de “Mulheres Livres” ra portuguesas, procurando criar públicos mais exigentes e participativos. Assim, Maria João Lopo de Carvalho, Adriano Moreira, Francisco Moita Flores, Carlos Pinto Coelho, Galopim de Carvalho, Lia Gama, Martim Cabral, bem como, Mário Augusto, Pedro Teixeira da Mota, Margarida Pinto Correia, Sandra Augusto França, António José Borges, estão entre os nomes acolhidos em Lagoa, a que se juntam Frei Bento Domingues, Adriana Nogueira, Strecht
Monteiro, Miguel Real e Viriato Soromenho-Marques, entre outros. São oito anos de programação cultural mensal que Maria Luísa Francisco descreve como “um bom exercício de atenção à actividade cultural, que obriga a muitas leituras, pois muitas vezes para além das tertúlias há também a apresentação da obra dos escritores”. Tendo em conta a diversidade que caracteriza as tertúlias, a do mês de Abril terá
uma vertente mais prática, ou seja, irá haver uma degustação gastronómica após o showcooking com o chefe Augusto Lima. O chefe irá falar um pouco da história dos alimentos e da riqueza de alguns recursos marinhos na alimentação. Assim, esta tertúlia intitulada “A Gastronomia e o Mar” insere-se no âmbito dos eventos do Município de Lagoa dedicados ao Ano do Mar: “Lagoa – um mar de sentidos”. Ricardo Claro
Sala de leitura
Só não desejo cair em sensatez Paulo Pires
Programador cultural no Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber: a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação e) Que um rio que flui entre dois jacintos carrega mais ternura que rio que flui entre dois lagartos f) Como pegar na voz de um peixe g) Qual o lado da noite que umedece primeiro etc etc etc Desaprender oito horas por dia ensina os princípios. O poeta que escreveu estes versos é um dos meus predi-
lectos em língua portuguesa. Um encantador de palavras do outro lado do Atlântico (nasceu em Cuiabá [Brasil] em 1916 e vive no Pantanal), para quem o “fado é […] não entender quase tudo”, não cultivar conexões com o real, descobrir as insignificâncias (do mundo e nossas) e ter profundidades sobre o nada, como diz num dos seus textos maiores (“Poema”). Uma escrita que nos faz parar para ouvir gritar baixinho e que (nos) reinventa o olhar em relação às coisas mais banais, mundanas,
rasteiras e inusitadas, mostrando que todas elas servem para a poesia: “todas as coisas cujos valores podem ser / disputados no cuspe à distância”; “o homem que possui um pente / e uma árvore”; “um chevrolé gosmento / colecção de besouros abstêmios / o bule de Braque sem boca”; “cada coisa sem préstimo”; “o que se encontra em ninho de joão-ferreira”; “tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma”; “as coisas que os líquenes comem / – sapatos, adjectivos”; “os loucos de água e estandarte”;
“tudo que explique / o alicate cremoso / e o lodo das estrelas”; “pessoas desimportantes”; “tudo que explique / a lagartixa da esteira / e a laminação de sabiás”; “o que é bom para lixo”. O escritor Pedro Vieira disse um dia que a literatura dá-nos um banho de humildade, pois percebemos e relembramos, pela leitura-viagem, que o nosso mundo habitual, aquele em que nos movemos e nos é familiar, é afinal tão pequeno, parco e limitado, havendo tantos outros universos e perspectivas,
mais ou menos insondáveis, por descobrir e desfrutar, como lugares onde habitam “loucos [em] que grassam luarais” e sapos que são pedaços de chão que pula. Numa primorosa antologia publicada há 14 anos pelas extintas Quasi Edições com apenas trinta textos (o poeta brasileiro por várias vezes insiste na ideia de que “poesia é coisa para ser pouca, senão cansa o leitor”), e num tempo em que a sua obra era praticamente desconhecida em Portugal (ainda hoje o é, em grande medida), Valter Hugo
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Espaço ao Património
Património(s) da Água no Algarve
Sónia Tomé
Antropóloga e Socióloga ISCTE-IUL
“A água na terra, ou nas coisas, é como o sangue no nosso corpo. A água é para beber, a água é para a comida, a água é para lavar, a água é para tudo, a água é o sangue da terra... ele chovendo a terra dá tudo, a terra dá a fava, a terra dá a semente, a terra dá o fruto e não chovendo a terra não dá nada, porque a água é que é o sangue da terra... a pessoa que não tem sangue morre e assim é a terra, não chove não há água, a terra morre, morre as árvores, morre tudo”. Ti’Carma, 90 anos, Querença, Novembro 2005. Quando falamos de património(s) da água, não é simples delimitar o seu objecto, nem o seu alcance temporal. Matriz da vida, fundamental ao desenvolvimento das sociedades humanas, em todos os tempos e lugares, a ÁGUA, constitui-se, ao mesmo tempo, como Património Natural e Cultural da Humanidade. A História mostra-nos que, desde cedo, as primeiras civilizações viram-se obrigadas, não só, a realizar pesadas obras hidráulicas para garantir o acesso ao bem precioso, como a criar
Mãe escreveu sobre ele: “Poeta que guardamos na nossa essência, porque se agarra a nós como uma alma que deus nos concede. Ou […] é poeta com jeito para deus, [que] sabe criar um mundo onde passamos a viver”. Já em 2011 a Editorial Caminho viria a publicar toda a sua obra produzida até 2010, num volume único intitulado Poesia Completa. Recordo poemas marcantes, plenos de verdade e de beleza, que revisito regularmente, carregados de sinestesias, fantasias, feitiços e outras in-
mecanismos de regulação e gestão dessas águas que assegurassem a sua distribuição entre diferentes tipos de utilizações e utilizadores. No Algarve, desde a Pré-História, muitas foram as influências legadas por outros povos, com destaque para duas grandes civilizações da água, a Romana e a Árabe. Neste contexto, o cidadão comum associará, de imediato, ao(s) património(s) da água, as tradicionais noras ou os românticos fontanários, um público mais especializado, associará as grandes obras hidráulicas, como os aquedutos, barragens, azenhas, complexos termais... No entanto, são igualmente patrimónios da água, os Saberes Tradicionais das actuais populações locais, relacionados com a gestão da água de uso agrícola e doméstico. Os patrimónios relativos à gestão da água de uso agrícola, em concreto, incluem por exemplo: os saberes respeitantes ao ciclo da pequena horta familiar, tão dependente da sábia gestão da água; os saberes associados à manutenção dos tradicionais regadios colectivos e à gestão comum da água; os saberes associados às tecnologias tradicionais de elevação da água; os saberes referentes aos modos de detecção de água... Patrimónios menos perceptíveis, porque situados no domínio do imaterial, do intangível. No Algarve, A Água Dá, A Água Tira... O Algarve é uma das mais tí-
venções imagético-verbais, como [“Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:”] ou “O Poeta”, ambos feitos de silêncios, perfumes, sotaques, vozes, azuis e iluminuras – como este primeiro verso escrito com os olhos postos na “Cordilheira dos Andes que / se perdia lá nos longes da Bolívia”: “Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem”. Para este criador continuamente espantado com as pequenas “insignificâncias” do mundo, com as coisas mais simples, a imagina-
picas paisagens mediterrânicas de Portugal, onde as culturas e arvoredos de sequeiro representam a característica dominante da paisagem agrícola tradicional, como forma de combater a aridez. Aspecto que continua a predominar na paisagem Algarvia da primeira década do séc. XXI, não obstante a expansão do regadio, a partir dos anos 70 (séc. XX), tendo-se verificado a substituição progressiva de pomares de sequeiro por pomares irrigados de citrinos, bem como o aumento exponencial das áreas hortícolas. Trata-se de uma zona clássica de regime torrencial mediterrânico, onde a precipitação apresenta uma elevada variabilidade espacial e temporal, onde o perigo/risco de ocorrência de situações de escassez ou excesso de água é eminente. O título “No Algarve, A Água Dá, A Água Tira”, resume toda essa lógica dos perigos enfrentados pelos pequenos agricultores que, por isso, vivem na constante incerteza do acesso à água de rega, nas quantidades desejáveis, existindo sempre o risco do comprometimento dos seus cultivos. A Água Dá, pois sem ela não é possível qualquer tipo de vida, mas quando em excesso, ou em míngua, ela destrói, inviabiliza, isto é, a Água Tira. Todavia, sendo o Algarve um contexto geográfico historicamente habituado a gerir situações extremas de água, onde o regime torrencial das ribeiras, a escassez da água à superfície, aliados às dificuldades de captação e elevação, tornaram difícil
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Aspecto geral de uma pequena horta familiar o acesso a este recurso, tornou propícia a existência de uma forte Cultura da Água que perdurou até aos nossos dias, através da memória e das práticas das gentes locais. Esta vulnerabilidade hidrológica típica das regiões do Mediterrânio, tem suscitado o interesse por parte de alguns Organismos Internacionais (ONU e FNCA), em estudar os sistemas ancestrais de gestão da água nesses países, considerando a eficácia dos métodos tradicionais do uso da terra e da água, baseados na prudência e no respeito pela natureza, mesmo que possam comportar algumas limitações. Neste sentido, podemos dizer que, no Algarve, os patrimónios da água falam-nos, sobretudo, dos meios de sobrevivência ao dispor das populações que, ao longo de séculos e milénios, habitaram a região. Falam-nos,
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principalmente, do modo de vida das gentes, permitido em cada época, em cada momento histórico. Na realidade, a ÁGUA CONTA O SOCIAL. Dada a sua natureza complexa e multi-facetada, enquanto fenómeno não só natural, mas também cultural e social, a água constitui-se como um verdadeiro Facto Social Total, por nele se exprimirem, simultaneamente, os vários níveis da realidade social (religiosa, política, ecológica, económica, jurídica, cultural). Porém, à semelhança de outras regiões incluídas no Mediterrâneo Sul, mudanças sociais advindas do crescimento do turismo, do incremento do sector terciário e declínio da agricultura tradicional, com intensificação de uma agricultura extensiva industrializada, colocaram em cheque a continuidade de uma cultura tradicional
ção não tem estrada, pois o poeta gosta de desvio e de desver, como defende numa entrevista em 2012. Este prodigioso “guardador de águas” que quer “crescer pra passarinho” – e que, a meu ver, deveria ter um lugar nos programas escolares oficiais do ensino secundário das disciplinas de Português/Literatura, pela grandeza do seu imaginário, criatividade e originalidade – afirmaria mesmo algo singular de que me recordo amiúde: “Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas
de uso sustentável da água e situam em novos contextos o problema agudo da dimensão social dos recursos hídricos. Como refere Raul Iturra “quem transporta a semente da continuidade social é uma entidade que vive transitoriamente, efemeramente, que aparece na história de um grupo quando as acções já estão definidas e antes de desaparecer, entrega o que é seu em coisas e ideias a um sucessor, o que faz ainda em tempo útil”[1]. Deste modo, urge efectuar o registo aprofundado dos Saberes Tradicionais ligados à gestão da água no Algarve, em tempo de vida dos seus usuários e gestores, não só para fins museológicos, mas também, por tratar-se de uma sabedoria riquíssima em influências culturais diversas, adaptada às condições locais, para tentar perceber a sua utilidade/eficácia à luz de problemas actuais como a poluição de águas, desertificação, alterações climática, etc., activando a reflexividade social, sobre o que deve ser uma Cultura Pública da Água[2]. Notas: [1] ITURRA, Raúl (1991), «A Aldeia: Presente Etnográfico, Passado Histórico – Propostas Metodológicas Exploratórias» in O’Neill, Brian Juan, Brito, Joaquim Pais (Org.), Lugares Daqui. Actas do Seminário “Terrenos Portugueses”, Lisboa, Dom Quixote, pp.237-243. [2] Para o aprofundamento desta temática consultar a obra: A Água Dá, A Água Tira. Um Estudo sobre a Cultura Tradicional da Água no Barrocal Algarvio, Freguesias de Querença, Tôr e Salir do Concelho de Loulé, Óbidos, SINAPIS Editores, da minha autoria.
se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira”. Pois “só as palavras não foram castigadas com / a ordem natural das coisas. / As palavras continuam com seus deslimites”. Quem escreveu isto? Manoel de Barros.
P.S. Escrever em absurdez faz causa para poesia. Eu falo e escrevo Absurdez. Me sinto emancipado.
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Abril Postais da Costa Sul
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Passear as cidades Como no amor de tempo longo, é preciso retomar cada pedaço de corpo, recordar cada gesto, dispensar a estima. Como à nossa terra. Não basta recordar como era bela, jovial, como vivemos intensamente nela os nossos dias dourados… temos de nos despir, respirar e deixar levar pela sua luz, pelo seu calor, a sua beleza intrínseca. Devemos continuar a passear as nossas cidades. Habitá-las, escutá-las, abraçá-las, vivê-las. Para elas continuarem a existir... com a sua história em nós, com a nossa história nelas...
~ começou um novo dia desta noite que passou. sabes que tens de amar todos os dias, por igual. e fazer por merecê-los como um todo. mas este tempo invernoso já vai longo e começas a ficar impaciente. anseias por manhãs mais quentes, horizontes mais claros, roupas mais leves, bebidas mais frescas. dizes que desejas o solstício, que é sempre o tempo em que tudo acontece, sobretudo em que reaparece o teu mais que tudo no seu bem te querer. aí desces à costa sudoeste meridional, onde em terrenos pedregosos de calcário ou xisto deslindas o muito, donde há pouco ou nada ~
O Sorriso da Chuva
O Golfinho
assume-se como rejeição do tempo intransponível. Somos aquilo que o olhar procura, aquilo que desaparece na mecânica do desejo acomodado. Rejeitas o que dizes antes de o dizer, exiges a rara leitura da distância, o sopro do discurso que éramos na ocasional confusão dos corpos enlutados. Nenhuma agressividade se liberta do que dizes na acomodação do desejo, na rigidez dos significados das palavras murmuradas que nos explicam a legitimidade da insensível brusquidão da loucura. Podemos dizer, sem exprimir a acomodação dos sentidos, a irrecusável notícia do mensageiro apocalíptico que nos surpreende enquanto paradoxo reunido à mesa dos esqueletos brumosos da comunidade. O sorriso da chuva é uma ameaça à necessidade exasperante dos sinais exteriores de melancolia. Dizes e não ouves.
te, comemoraram com sessões de poesia nas bibliotecas. Em Tavira, a editora CanalSonora organizou uma noite de leitura informal de poesia, numa concorrida sessão aberta ao público, que decorreu num novo espaço da cidade: Coffee Shop & Restaurante Álvaro de Campos. Em S. Bartolomeu de Messines a editora Arandis levou a cabo, conjuntamente com a junta de SBM, o II Encontro de escritores algarvios. Em Faro, desde fevereiro até 23 de Abril, continua a acontecer o festival ‘Poesia & Companhia’, a poesia em diálogo. Com base na Ar Quente– associação cultural, poetas e artistas, tem criado espectáculos, formação, leituras encenadas, manifestando-se, literalmente, numa cidade que parece voltar a acordar, com o lema: «Em tempos de crise oferecemos poesia a dobrar».
Reflect
Poesia
fotos: d.r.
No chamado mês de águas mil, as palavras (mesmo menos de mil) podem valer mais que uma imagem, como neste poema de Vítor Gil Cardeira, do livro ‘Espuma Evanescente’ (canalsonora editora, 2014):
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Hoje conhecida por “Golfinho” a lancha de madeira, oriunda de Monte Gordo e representante da última geração destas embarcações, foi outrora usada na pesca de rede artesanal. Destinada à demolição, a embarcação foi doada para fins culturais e está integrada no projecto «Museu Aberto da Ria». Encontra-se em recuperação no estaleiro da Fuseta. A dificuldade de reabilitar velhos barcos, tanto económica como tecnicamente leva a que este processo precise de donativos. Por exemplo, adquirindo o livro «Golfinho Reviver», de Naná Rebelo. Por favor contactar a associação ADRIP de Cacela Velha.
Dizes sempre alguma coisa antes de contemplarmos o sorriso da chuva a lamber a vidraça. O cabelo envolve as palavras frias das pessoas sem ritmo musical continuando a viajar na lucidez das ausências nunca anunciadas. Dizes o que não traz nome, chave postiça que viola a explicação simples na revelação da leitura impune, quando interiorizas o eterno guião da mudança. A tua responsabilidade no crescer do esquecimento
“DO AR, DA TERRA E DO MAR…” Até 29 MAI | Edifício dos Paços do Concelho de Albufeira Júlio Antão, artista autodidacta, apaixonado pela fotografia na vertente animal e vegetal, aproveita os momentos que passa a fotografar para se inspirar, o que se reflecte nas várias áreas da arte a que se dedica
Em Março a primavera entrou. E foi um mês de poesia que teve o seu dia mundial. De sotavento a barlavento decorreram eventos. Os municípios da eurocidade do Guadiana, formada por V. R. de Stº António, Castro Marim e Ayamon-
«O album homónimo de 2013, é um reflexo do passado, do presente e do futuro de alguém que carrega nos ombros um histórico de desilusão e persistência, êxito e nostalgia, sofrimento e dedicação, e muita motivação - sobre uma base instrumental de tirar a respiração, absorvendo-nos para dentro de uma narrativa intensa e profundamente sentida». É como Joana Nicolau descreve a obra do autor da A. Pêra, fundador da editora algarvia Kimahera... e «O resto desta história são vocês que a vão escrever».
“ROTINAS DA MORTE” Até 18 ABR | Espaço de atendimento da EMARP Exposição de fotografia de João Tata Regala, onde a morte recebe destaque mas pretende ser banalizada pela interpretação presente nos títulos. Não obstante a morbidez, o autor pretende estabelecer analogias com a própria vida
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
Percorrendo as capelinhas: comida e afetos ses como estrangeiros) são os destinatários da ternura e gentileza com que Branca Vilallonga (n)os presenteia, como se pode
os trabalhos da autora, estimulou o meu gosto pela antropologia e saberes antigos. Este volume veio diretamen-
Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
O ato de comer está intimamente ligado aos afetos. Os bebés sabem disso muito bem, tal como nós, que vamos acumulando, ao logo da vida, memórias de momentos saborosos, que valeram pelo paladar, sim, mas muito mais pela companhia. Chegaram à minha biblioteca, recentemente, dois livros que me fizeram recordar um terceiro que aqui estava já há uns anos. Como gosto de cozinhar, tenho muitos livros de culinária, mas estes três são especiais: todos eles falam de comidas e de receitas, é certo, mas, têm muito mais do que isso e, a mim, todos eles, por razões diferentes, me falam ao coração. Branca Vilallonga, Receitas da minha vida. Memórias, emoções, afectos.
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O livro que despoletou todos estes sentimentos foi o de Branca Vilallonga, antiga diretora do departamento editorial da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Do título ao cólofon (onde se lê: «Esta edição especial e limitada acabou de imprimir-se em Coimbra, em Janeiro de 2014, e chegou a Lisboa mesmo a tempo da primeira grande alegria do ano»), percebe-se que são as emoções que o norteiam, confirmado pela sua estrutura: cada receita, na página ímpar, tem uma dedicatória à esquerda, no alto da página par que, no fundo, em jeito de rodapé, finaliza com dois ou três provérbios, ditos ou pensamentos, metáforas de amizade e carinho. Família e amigos (e alguns artistas que admira, tanto portugue-
Imagens da capa e contra capa do livro de Teresa Perdigão e da embalagem da farinha Serpentina apreciar neste exemplo de uma dedicatória a um casal amigo, que, depois de umas linhas, termina deste modo: «presente de ouro que as voltas da vida me deram». No final da página, rezam dois provérbios que faço meus: «Amor antigo não enferruja» e «Amizades e telhas, as melhores são as mais velhas». Teresa Perdigão, Serpentina – uma tradição de raiz Em resultado do trabalho da antropóloga Teresa Perdigão (investigadora do IELT da U. Nova de Lisboa e autora dos conhecidos volumes da Verbo, Tesouros do Artesanato Português) saiu, em 2013, esta publicação (com uma capa e contracapa, da autoria de Inês Milagres, dignas de nota), que não é um livro de receitas, mas um livro com receitas. Destaco esta obra, porque, como todos
te dos Açores, numa edição da Junta de Freguesia da Ribeira Chã, Lagoa, São Miguel, e fala-nos de uma raiz, a serpentina (conhecida no continente como «jarro dos campos», pela semelhança com a flor decorativa a que chamamos «jarro»), que provém de uma planta altamente tóxica (sim, tão tóxica que já foi usada como rodenticida), mas que, depois de um longo tratamento (limpa, raspada, lavada, cozida, ralada, coada, demolhada, secada) é transformada numa farinha que já foi muito conhecida e amplamente comercializada, até aos anos 30 do séc. XX. Ezequiel Moreira da Silva (1893-1974), um açoriano apreciador deste produto, viu as suas potencialidades comerciais e, da mesa dos
“SEMANA DA PAIXÃO” Até 27 ABR | Castelo de Castro Marim O visitante é convidado a descobrir minuciosamente os ritos da Semana Santa, período compreendido entre o Domingo de Ramos e o Domingo de Páscoa, através de uma maquete de três mil peças de cerâmica pintada à mão que recria a paixão de Cristo
mais desfavorecidos, foi exportada para a dos abastados, com muito sucesso. Na caixa do produto, vendido, então, nos Armazéns do Chiado, as suas qualidades eram realçadas («Um alimento delicioso para creanças, para adolescentes, para toda a gente!»), destacando-se as «Conclusões da análise do Prof. Charles Lepierre: farinha tipo fécula de composição normal, bem preparada, semelhante à de arrow-root. Pode entrar na alimentação corrente. Poder alimentício – 3.500 calorias por kilograma». Como se diz no prefácio, «quando os nossos antepas-
sados, em tempos de penúria, recorreram à serpentina como alimento preponderante, provaram-nos de que podemos ser criativos perante as adversidades». A criatividade mantém-se nas ilhas dos Açores e as receitas antigas estão a ser reaproveitadas e modernizadas pela Escola de Hotelaria de Ponta Delgada, que criou, expressamente para este livro, receitas como esta: «medalhão de novilho com polenta de farinha de serpentina e espinafre salteado». José Labaredas, Coruche à mesa e outros manjares Em Dezembro de 1999 (ano da sua publicação pela Assírio & Alvim), o meu irmão mais velho (que viria a falecer daí a menos de dois anos), ofereceu-me este livro, num jantar de despedida pela minha partida para os E.U.A., onde iria trabalhar no meu doutoramento. Como não éramos muito dados a troca de presentes e este foi o último que dele recebi, tenho-lhe um carinho especial. Na altura, porque o meu objetivo era ler o máximo que conseguisse nas bibliotecas americanas, decidi que ia levar apenas
seis livros portugueses (um por cada mês que lá ficaria), tendo este feito parte do rol. Não sendo nenhum de nós da região ribatejana, a escolha do meu irmão surpreendeu-me, mas depois percebi: é um livro cheio de referências literárias que ele sabia serem do meu agrado. Muito bem escrito, muito bem documentado, com menções a vários trabalhos sobre estes assuntos culinários, uns mais antigos e outros mais modernos, citando prodigamente Eça de Queiroz e contendo um exaustivo trabalho sobre Gil Vicente, no que a comida diz respeito («E inúmeras e preciosas são as informações que todo o escrínio vicentino nos fornece acerca da alimentação coeva e dos modos e usos de cozinha que, saborosamente, vamos seguir» – p.141). E foi neste livro que aprendi uma curiosidade que aqui partilho: a origem da «expressão ‘correr as capelinhas’ para significar o périplo pelas baiucas dos grupos de amigos mais afeiçoados ao vinho» – p.59). António Houaiss diz, no seu Dicionário, que «capelinha», além de uma «capela pequena», é uma «pequena loja de miudezas variadas», acrescentando que, num uso informal da língua, significa «taberna», mas não refere a palavra grega de onde ela nos chega, diretamente: kapeleion, termo usado para designar taberna ou mercearia. José Labaredas conquistou-me, quando acrescentou: «Todos os grandes nomes da literatura grega a elas se referem. De Sófocles a Aristófanes». E referem mesmo. Além das experiências que ensinam a fazer na cozinha, estes livros com receitas são de ler e chorar por mais.
“PRIVADO” Até 12 ABR | Convento de Stº António - Loulé Através da presente exposição, que reúne vários trabalhos de carácter instalatório, Nuno Viegas faz com que o espectador se questione relativamente à sua privacidade, à sua liberdade e ao futuro que se prepara para nós, nomeadamente no plano político/artístico
12 04.04.2014
Cultura.Sul
Doce Algarve
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d.r.
Dom Rodrigo, um dos exemplos da doçaria tradicional da região A recente inscrição da Dieta Mediterrânica na lista do Património Imaterial da UNESCO veio abrir oportunidades para que sejam tomadas medidas de salvaguarda deste património pelos vários países envolvidos. Uma das medidas passa pela identificação de práticas alimentares e competências associadas à dieta mediterrânica que se encontram dispersas; ou seja, a inventariação não só de produtos alimentares, como de técnicas de confeção, de produção e de conservação. A Doçaria Tradicional Algarvia é composta por uma riquíssima diversidade de produtos, tais como os famosos «Doce Fino», «Dom Rodrigo», «morgado», «queijos de figo», «figos com amêndoa e chocolate» e tantos outros doces tradicionais. As lendárias amendoeiras e as figueiras são as grandes protagonistas destas obras, já que os seus frutos são os ingredientes principais destes deliciosos doces. O famoso «Dom Rodrigo», um dos doces de referência da região algarvia, de origem conventual, terá «nascido» em Lagos, como forma de agradecimento das freiras carmelitas do Convento de Nossa Senhora da Conceição (um dos raros conventos femininos do Algarve, do qual resta aquela que é mais conhecida como «Igreja das Freiras») a Dom Rodrigo, fidalgo e governador da Praça de Lagos, pelo seu papel fundamental no auxílio aos sinistrados do terramoto de 1755. As freiras, imensamente agradecidas pelo auxílio prestado, dedicaram estas delícias de
A Doçaria Tradicional Algarvia, composta por uma riquíssima diversidade de produtos, é protagonista na Feira de Arte Doce, certame que decorre anualmente na cidade de Lagos, contando já com 26 edições. Com a presença de doceiras e artesãos, dedicados e empenhados em manter a sua tradição, a feira tem, desde a sua origem, procurado contribuir para a preservação e revitalização daquela que é uma das tradições mais genuínas da região, sendo fundamental para a sustentabilidade deste património, que tem em Lagos uma das suas comunidades mais representativas ovos ao Governador, dando-lhes a designação de «bolos de Dom Rodrigo». Não por acaso, decorre anualmente, desde 1986, na cidade de Lagos, a Feira de Arte Doce, onde a doçaria tradicional algarvia é protagonista. Contando já com 26 edições, o principal objetivo desta feira-concurso é preservar esta tradição algarvia, através da exposição e comercialização das iguarias e de alguns dos seus ingredientes, com des-
taque para os frutos secos, sobretudo amêndoa e figo. A atração principal são as obras de arte feitas em doce, sendo premiadas as melhores de cada edição. Se todo o Algarve tem uma doçaria que vale a pena salvaguardar, Lagos conta com a presença de artesãos particularmente dedicados e empenhados em manter a sua tradição, procurando, na sua feira, contribuir para a revitalização e preservação daquela que é uma das tradições mais genuínas da região. Não sendo hoje o único evento do género que se realiza na região, continua a ter uma identidade muito própria, patente no facto de aliar a exposição e venda de produtos típicos do Algarve à criatividade das doceiras, sendo assim fundamental para a sustentabilidade deste património. Não só pela realização anual da Feira de Arte Doce, em que toda uma comunidade de doceiras participa, como também pelo sentimento de partilha e de pertença deste legado que se verifica nas suas gentes, Lagos é sem dúvida um local de referência para a doçaria tradicional algarvia e assume um protagonismo de comunidade representativa desta manifestação do Património Cultural Imaterial da região. Daí que a Câmara Municipal de Lagos e a Direção Regional de Cultura do Algarve tenham dado início aos procedimentos que visam a inscrição desta manifestação no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial (INPCI). Direção Regional de Cultura do Algarve
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