POSTAL 1126 - 4 JUN 2014

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1126 • Quinzenário à sexta-feira • 4 de Julho de 2014 • Preço € 1 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

EM FOCO 2 EXÉRCITO AJUDA A REDUZIR INCÊNDIOS EM MONCHIQUE 3 IKEA TEM LUZ VERDE AMBIENTAL 4 CCDR MOSTRA RESULTADOS À UNIÃO EUROPEIA 5 REFORÇOS NA SAÚDE CHEGAM COM 32 POSTOS DE PRAIA 6 FARO VAI TER NOVO CÔNSUL-GERAL DE ANGOLA 7 SAÚDE & BEM-ESTAR 9 CLASSIFICADOS 10

IKEA recebe luz verde mas CCDR impõe condições

A avaliação de impacte ambiental do projecto IKEA para Loulé terminou e a comissão de avaliação deu parecer favorável ao projecto “com condicionalismos”, revela a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. Em breve se saberá que condições foram impostas ao IKEA para avançar, enquanto decorrem ainda processos em tribunal para travar o projecto p. 4

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Loulé e São Brás:

Autarcas contra Descubra

escândalo na saúde

Problemas na área da saúde: Parece mentira, mas é verdade, os autarcas de Loulé e São Brás, depois de falhas sucessivas de médicos para assegurarem a urgência básica de Loulé, transferiram para a porta do centro de saúde louletano os seus gabinetes. Vítor Guerreiro diz que “já basta desta vergonha!” > 2 d.r.

INCÊNDIOS

Militares vigiam fogos em Monchique e São Brás

AMBIENTE

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Lei da Água revista para facilitar a vida aos proprietários

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nesta edição o Jornal do Lethes

Faro vai ter novo cônsul de Angola em breve

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2  |  4 de Julho de 2014

em foco

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Escândalo na saúde Urgência Básica de Loulé volta a não ter médico e autarcas reagem d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

O SERVIÇO DE URGÊNCIA BÁSICA (SUB) de Loulé, um dos

quatro do género na região, a par de Albufeira, Lagos e Vila Real de Santo António, voltou a não abrir por falta de médico nas passadas terça e quarta-feira, durante as primeiras horas do dia. Só a partir das 9.15 horas de ambos os dias o serviço abriu as portas e apenas com a presença de um clínico, uma situação que levou a que na passada quarta-feira os presidentes das Câmaras de Loulé e São Brás de Alportel transferissem para a entrada do SUB louletano os seus gabinetes. Uma secretária colocada lateralmente à porta de entrada foi o bastante para que os autarcas dessem nota do seu protesto face à repetida incapacidade daquele serviço dar resposta aos utentes de ambos os concelhos. Recorde-se que à falta de resposta do SUB de Loulé resta aos louletanos e são-brasenses dirigirem-se ao Serviço de Urgência do Hospital de Faro, já de si sempre congestionado. Quebra-se assim a resposta intermédia nos cuidados de saúde que foi criada na reorganização dos serviços de saúde da região, nomedamente, após o encerramento

reno e as respostas certas para os problemas reais”, conclui. O autarca revelou ainda ao POSTAL que enquanto presidente do Conselho da Comunidade do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) Algarve Central, que engloba os Centros de Saúde de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e São Brás de Alportel, contactou os restantes autarcas do grupo e que “em Albufeira o SUB esteve a funcionar só com um médico na passada quarta-feira e que está sem pessoal auxiliar”.

REFORÇOS DE MISÉRIA O mi-

ÔÔ Vítor Guerreiro e Vítor Aleixo transferiram os seus gabinetes para a entrada do SUB de Loulé dos serviços de atendimento permanente, os antigos SAPs.

VÍTOR GUERREIRO DIZ BASTA! Ao POSTAL Vítor Guerreiro, presidente da Câmara de São Brás de Alportel, diz que “já basta desta vergonha!”. Ainda no SUB de Loulé [na tarde de quarta-feira] o autarca afirmou ao POSTAL que “os autarcas estão fartos de promessas”. “De boas intenções sabemos nós o que está cheio...” refere o presidente da autarquia são-brasense, que sublinha que “esta situação

se arrasta há meses”. “Ainda agora quando fui almoçar uma bifana com o presidente da Câmara de Loulé [também ele a atender os munícipes e a despachar junto à porta do SUB] ouvi na televisão o presidente da ARS Algarve e do Centro Hospitalar do Algarve a descreverem uma história idílica onde só há problemas de pormenor”, refere Vítor Guerreiro. “Temos participado e tentado encontrar as melhores soluções em silêncio e através dos canais

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normais e políticos, mas já chega de desrespeito pelas populações. No meu caso fui eleito para defender a população de São Brás, muito prejudicada com esta situação naquele que é um seu direito fundamental e não me calo nem calarei perante esta situação digna do terceiro mundo”, protesta o autarca. “Temos tido o cuidado de em respeito pelo turismo que importa defender tentar solucionar da melhor forma possível a situação, mas basta de promessas e queremos ver acção no ter-

nistro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou quarta-feira da passada semana na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi chamado, o reforço de enfermeiros, médicos e assistentes operacionais para a região do Algarve. De acordo com o ministro, para a região foram abertas vagas destinadas a 45 enfermeiros, para médicos de medicina geral e familiar e, ainda, para médicos hospitalares. A estas junta-se a contratação de assistentes operacionais. O anúncio de Paulo Macedo é uma ajuda para colmatar a falta de pessoal de saúde na região, mas a verdade é que o que o ministro anuncia só pode ser classificado como migalhas.

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É que na região faltam, de acordo com dados oficiais da ARS-Algarve, 282 médicos, 159 enfermeiros, 244 assistentes operacionais, 101 assistentes técnicos, 22 técnicos de diagnóstico e terapêutica, e 15 técnicos superiores, para que os serviços de saúde possam funcionar normalmente. Os dados foram revelados pelo presidente da ARS-Algarve na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi chamado na passada semana e revelados ao POSTAL pelo deputado Paulo Sá, eleito pelo PCP no círculo do Algarve. Basta comparar o número de vagas lançadas a concurso para os enfermeiros - revelado pelo ministro - para perceber a diferença entre as necessidades e a resposta do Governo. Para o deputado Paulo Sá, “as vagas abertas pelo Governo não respondem a mais de 10% das necessidades do sistema de saúde na região” e, portanto, não cumprem “o dever constitucional de garantir à população o acesso à saúde que é uma das obrigações do Estado e, pois, do Governo”. O PCP exigiu ao ministro a supressão de todas as necessidades detectadas pela ARS Algarve e, de acordo com o deputado Paulo Sá, “o ministro limitou-se a fugir à questão”.

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região

CCDR mostra resultados à União Europeia pág. 5

Exército ajuda a reduzir incêndios em Monchique Acções de vigilância ajudam a diminuir o número de ignições AS PATRULHAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS florestais reali-

zadas pelo Exército têm efeito dissuasor e ajudaram a reduzir o número de ignições diárias na serra de Monchique durante o Verão, disse o presidente da câmara, Rui André. A Câmara de Monchique assinou na passada segunda-feira um protocolo com o Regimento de Infantaria 1, Tavira, para a realização de patrulhas nas zonas florestais do concelho, pelo quarto ano consecutivo, numa acção que será também efectuada em São Brás de Alportel, disse o coronel Jorge Manuel Sequeira Iglésias. Em declarações à Lusa, o co-

mandante do Regimento de Infantaria 1 revelou que, “quando o Exército começou as patrulhas na serra de Monchique, em 2010, o número de ignições diárias era de entre 10 a 15” e, “depois de as patrulhas terem começado no terreno, foi possível fazer descer esse número para quase zero, havendo meses em que é zero”. Também o autarca de Monchique, Rui André, disse à Lusa que se tem “reduzido muito o número de ignições”, sobretudo através da acção do Exército, que faz patrulhas “numa zona chamada de cinzenta, sem cobertura por meios de vigilância fixos ou por outras formas”.

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“E a única maneira de fazer ali vigilância no terreno é a pé, de viaturas, e é esse trabalho que é feito. Esta presença é muito importante, porque uma ignição sem essa vigilância só seria atacada mais tarde e o fogo já teria alguma dimensão”, sublinhou o autarca.

BENEFÍCIOS SÃO SUPERIORES ÀS VERBAS DESPENDIDAS Rui

ÔÔ Patrulhas de prevenção têm feito descer o número de fogos

André considerou que os benefícios que o município de Monchique tem com a colaboração com o Exército são muito superiores às verbas que são despendidas com o protocolo, cujo “custo mais elevado tem a ver com os combustíveis, por-

que as viaturas andam 24 sobre 24 horas e no ano passado gastaram à volta de 600 euros por semana”. O Regimento de Infantaria 1 vai colocar as duas viaturas para patrulhamento e a respectiva guarnição. Rui André frisou ainda que estas acções de vigilância da floresta, no âmbito da prevenção de incêndios, ganha ainda mais importância porque “praticamente tudo o que acontece em Monchique, seja na área da indústria da transformação, seja no Turismo, como a produção de medronho e florestal, depende, totalmente ou em grande parte, da floresta”.

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE TAVIRA

Edital JOSÉ OTÍLIO PIRES BAIA, Presidente da Assembleia Municipal de Tavira.

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temos a resposta para o seu problema de audição

Uma pequena grande diferença

TORNA PÚBLICO, que em sessão ordinária da Assembleia Municipal de Tavira, realizada no dia 19 de junho de 2014, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a Moção: “Prevenção e Combate aos Fogos Florestais” apresentada pelo Partido Socialista; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 87/2014/CM, referente à Atribuição de apoios às freguesias de Santa Luzia, Conceição e Cabanas de Tavira, no âmbito das festas tradicionais de verão; 3. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 89/2014/CM, referente à Composição do Conselho Local de Educação e designado o Presidente da Freguesia de Tavira, José Mateus Domingos Costa, como representante das Juntas de Freguesia no Conselho Local de Educação; 4. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 90/2014/CM, referente à Atribuição de medalhas Municipais de Mérito e de Bons Serviços e Dedicação; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 99/2014/CM, referente à Aquisição de energia elétrica em regime de mercado liberalizado para as instalações elétricas municipais com contratos de energia em Baixa Tensão Normal (BTN) e Baixa Tensão Normal e Iluminação Pública (BTN-IP) – Aprovação de abertura de procedimento e despesas plurianuais; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 100/2014/CM, referente à Apreciação e votação da proposta da Câmara Municipal número 100/2014/CM, referente à 7-Emp/14 – Obras de Conservação da Ermida de São Roque – Assunção de compromissos plurianuais. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume

Paços do Concelho, aos 19 dias do mês de junho do ano 2014 O Presidente da Assembleia Municipal, José Otílio Pires Baia (POSTAL do ALGARVE, nº 1126, de 4 de Julho de 2014

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de Medicina & Cirurgia - CMC ı Centro Clínico Almancil ı Policlínica Eurosaúde (Quarteira) ı Idealclínica - (Vilamoura) ı Assoc. In-Loco (Salir) ı Olhão: Policlínica Etienne ı Portimão: Policlínica da Mó ı São Brás: Clínica S. Brás ı Silves: Xelclínica ı Clínica Osteoreuma (S.B. Messines) ı Tavira: Cruz Vermelha Tavira ı Parafarmácia Pharmaromus ı Farmácia

Tavares (Stº Estêvão) ı Clínica Santiago - Tavimédico ı Vila do Bispo: Parafarmácia MC Farma (Sagres) ı Vila Real de Sto. António: Clínica S. Cristóvão ı Clínica Stº António ı Baixo Alentejo: Farmácia Mil Fontes ı Casa do Povo Stª Clara-a-Velha E ainda em todas as Juntas de Freguesia do Algarve e Baixo Alentejo


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região

Reforços na saúde chegam com 32 postos de praia pág. 6

IKEA tem luz verde ambiental Comissão de Avaliação de Impacto Ambiental aprova projecto com condicionalismos Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL (CCDR) do Algarve

fez saber na passada terça-feira que o projecto do IKEA para Loulé passou o crivo da Avaliação de Impacte Ambiental com “condicionalismos”. Em nota de imprensa, a CCDR divulga que “a comissão de avaliação do estudo de impacte ambiental do conjunto comercial IKEA pronunciou-se favoravelmente com condicionalismos sobre o projecto a instalar em Loulé, na zona abrangida pelo plano de urbanização Caliços-Esteval”. Ao POSTAL David Santos, presidente da CCDR, não esclareceu quais os condiciona-

lismos impostos à emissão de uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável. “O processo tem primeiro de seguir os seus trâmites”, diz o responsável algarvio, esclarecendo que “neste momento os promotores do projecto foram notificados da pronúncia da comissão de avaliação do estudo de impacte ambiental e dispõem de alguns, poucos, dias para se pronunciarem”. Depois desta fase será então emitida a DIA e serão, só então, conhecidos que condicionalismos impôs a CCDR ao projecto, esclareceu ao POSTAL a mesma fonte, que referiu “não conhecer nenhuma DIA que não tenha condicionalismos”. O parecer técnico final do procedimento de avaliação

ambiental em curso foi emitido no âmbito da reunião da comissão de avaliação realizada no dia 13 de Junho e teve em consideração o relatório da consulta pública e demais elementos de relevante interesse relacionados com o processo. Entre aqueles que apresentaram propostas em sede de discussão pública do projecto IKEA estão a Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) e a Quercus, que emitiram a propósito uma nota de imprensa conjunta.

ACRAL AGUARDA CONHECER A DECISÃO Ao POSTAL o presi-

dente da ACRAL, Vítor Guerreiro, afirmou que “aguarda com serenidade a emissão da DIA relativa ao projecto pub

IKEA”, momento após o qual se pronunciará sobre a questão. “Só poderemos tomar posição sobre este assunto depois de conhecermos a totalidade dos factos, é essa a nossa postura em todas as matérias e esta não será tratada de forma diferente”, acrescentou. A comissão de avaliação, à qual compete a apreciação técnica do EIA, é presidida pela CCDR Algarve e integra um representante de cada um dos seguintes organismos: Agência Portuguesa do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Direcção Regional de Cultura, Câmara Municipal de Faro e Câmara de Loulé. “Do total de 14 organismos chamados a pronunciar-se sobre o projecto, incluindo o conjunto de oito entidades externas à comissão de avaliação, nenhum emitiu parecer desfavorável”, revelou ainda a CCDR Algarve.

IKEA UM GIGANTE COMERCIAL ‘5 EM 1’ O projecto IKEA é um

gigante que, de acordo com o

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ÔÔ Projecto IKEA de Loulé propõe o maior espaço comercial da região

Estudo de Impacte Ambiental (EIA) apresentado pelos promotores, tem só em área total dos quatro lotes propostos, 242.353 metros quadrados, mais de 24 hectares. O mega projecto propõe um ‘5 em 1’ comercial, com uma loja IKEA de 21.300 metros quadrados em dois pisos; um centro comercial a céu aberto com 25.057 metros quadrados; e 125 lojas pub

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em um único piso; um centro comercial fechado com 65 mil metros quadrados e 95 lojas em dois pisos; uma loja comercial isolada com 11.453 metros quadrados e uma outra do mesmo género com 8.682 metros quadrados. Mas o colosso soma ainda uma área total de arruamentos e estacionamento à superfície com mais de 49 mil metros quadrados, com capacidade para colher no mínimo 4.010 lugares de aparcamento, mais de 81 mil metros quadrados de área verde e uma área destinada a equipamento de utilidade pública a ser entregue à Câmara de Loulé com mais de 34 mil metros quadrados.

A DIMENSÃO COMPARADA De acordo com os dados do EIA e as informações recolhidas pelo POSTAL, nenhum outro grande espaço comercial da região se aproxima do gigante IKEA. O Algarve Shopping em conjunto com o Retail Park de Albufeira, situados na Guia, somam em área bruta locável (ABL), somente o espaço destinado a lojas, 53.685 metros quadrados, enquanto os dois centros comerciais do complexo IKEA sozinhos têm uma ABL de 68.487 metros quadrados, não considerado o espaço da loja IKEA e das duas lojas comerciais isoladas também previstos para o projecto de Loulé.


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Faro vai ter novo cônsul-geral de Angola pág. 7

CCDR mostra resultados à União Europeia

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David Santos acredita que não se devolverá um cêntimo dos fundos da União para a região d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A COMISSÃO DE COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL (CCDR) do Algarve

mostrou à União Europeia os resultados práticos da aplicação dos fundos de coesão na região no âmbito do programa operacional regional (PO Algarve 21), inserido no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). A visita da chefe de Unidade de Portugal da Direcção-geral da União Europeia para a Política Regional, Judith Rozsa, ao Algarve foi o momento aproveitado para o líder da CCDR, David Santos, dar a conhecer que “o Algarve triplicou, em dois anos (entre Dezembro de 2011 e de 2013) a execução do PO Algarve 21, passando de 20 para 60% os projectos apoiados”. Ao POSTAL David Santos afirmou-se “convicto” de que o PO Algarve 21 “não terá de devolver à União Europeia nem um cêntimo dos fundos disponibilizados” para aplicação no quadro de apoio regional que vigorará até 2015. Para tanto, refere o responsável algarvio, “quer a CCDR, quer os organismos intermédios que interferem no processo de alocação dos fundos da União Europeia têm feito um assinalável esforço de redução dos tempos de avaliação e decisão dos processos de candidatura e de acompanhamento dos projectos candidatos aos apoios”. Na apresentação dos resultados intervieram além de David Santos e Judith Rozsa, Sandra Primitivo da Augusto Mateus & Associados - empresa responsável pela avaliação intermédia

ÔÔ David Santos mostrou os resultados do PO Algarve 21

externa da execução do PO Algarve 21 - e Duarte Rodrigues, membro do Conselho Directivo da Agência para o Desenvolvimento e Coesão.

AVALIAÇÃO INTERMÉDIA POSITIVA A avaliação intermédia

da execução do PO Algarve 21, que decorreu nos últimos meses, desenvolvida pela Augusto Mateus & Associados sob direcção de Sandra Primitivo “já está concluída”, revelou David Santos ao POSTAL. De acordo com o presidente da CCDR, “os resultados são positivos e indicam a capacidade de cumprir os objectivos previstos para o programa regional dentro dos prazos para o efeito”. Em termos de execução no Sistema de Incentivos às Empresas, o PO Algarve 21 está em segundo lugar a nível nacional e a meta, até ao final de 2014, é atingir os 80%. Quanto aos prazos de pagamento aos promotores dos projectos, a CCDR salienta a “redução de 70 dias, em 2012, para os 29 dias, actualmente”. A aposta agora, refere David Santos, “passa por levar os rácios de execução que ainda até 2015”. pub


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Alteração à Lei da Água tranquiliza proprietários pág. 8

Reforços na saúde chegam com 32 postos de praia

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Tavira já tem GPL

Atendimento é garantido pela Cruz Vermelha Portuguesa OS SERVIÇOS DE SAÚDE DO ALGARVE vão ser reforçados este

Verão com 32 postos de praia, entre outras medidas, como forma de garantir “um atendimento seguro” à população residente e turística, anunciou a Administração Regional de Saúde (ARS). O reforço inclui o alargamento do horário de atendimento e aumento das consultas de atendimento complementar nos concelhos do litoral, onde se regista maior afluência de turistas, lê-se no sítio electrónico daquela entidade. O Plano de Verão, que vigorará até 15 de Setembro, mantém o número de postos de praia do ano passado e recupera as linhas gerais do plano aplicado em 2013.

Em cada posto de praia vão ser prestados cuidados de enfermagem, tratadas situações clínicas de menor gravidade e os profissionais encaminharão os doentes para outros serviços de saúde da região sempre que necessário. O atendimento nestes postos de praia é garantido pela Cruz Vermelha Portuguesa entre as 10.30 e as 19.30 horas. O Plano de Verão de 2014 vai contar com os recursos afectos às unidades da região de acordo com o planeamento realizado pelos diversos Agrupamentos de Centros de Saúde da ARS/Algarve e do Centro Hospitalar do Algarve, acrescenta a ARS. Os serviços de urgência básica de Lagos, Albufeira, Loulé e Vila Real de Santo António, o serviço

d.r.

VALE CARANGUEJO Rua Almirante Cândido dos Reis Contacto: 281 322 525 ÔÔ Turistas e residentes vêem reforçados os cuidados de saúde de urgência médica e cirúrgica de Portimão e o serviço de urgência polivalente do polo de Faro do Centro Hospitalar do Algarve vão estar em funcionamento permanente, assegura a Administração Regional de Saúde em comunicado. “Aguarda-se, para breve, um esforço de recursos humanos,

nomeadamente de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais”, acrescenta. O plano fica completo com o trabalho de informação e prevenção sobre ondas de calor que o Departamento de Saúde Pública e Planeamento vai ter em curso até ao final de Setembro. Lusa

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Faro vai ter novo cônsul-geral de Angola d.r.

Embaixada de Angola desconhece a data da entrada efectiva em funções Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

FARO TERÁ EM BREVE UM NOVO REPRESENTANTE da Re-

pública de Angola. Luís Filipe de Jesus Alonso do Amaral Galiano, assim se chama o novo cônsul-geral de Angola em Faro, tomou na quarta-feira da passada semana posse em Luanda perante o ministro da Relações Exteriores (Mirex) daquele país lusófono, Georges Chikoti. Está assim para breve a ocupação efectiva do cargo na capital algarvia pelo novo cônsul-geral que substitui Mateus Sá de Miranda, cuja missão - apurou o POSTAL -

já terminou. Muito embora ao POSTAL a Embaixada de Angola em Lisboa não tenha conseguido confirmar uma data oficial para a achegada do diplomata a Faro, o Consulado-geral de Angola no Algarve prevê que Luís Galiano entre em funções dentro de um mês. Até lá decorrerão os trâmites normais de instalação de um diplomata em Portugal, nomeadamente a apresentação de credenciais ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Luís Galiano vai trabalhar no Consulado-geral de Angola em Faro, um dos dois

existentes no país, a par do da cidade do Porto, sob direcção do embaixador angolano no nosso país, José Marcos Barrica.

CÔNSUL-GERAL QUER AMBIENTAR-SE A PORTUGAL E AO ALGARVE De acordo com a Agên-

cia ANGOP (agência noticiosa de Angola), o ministro Georges Chikoti disse, na tomada de posse, que “estes quadros foram devidamente escolhidos, em função do trabalho demonstrado nas anteriores missões”. O titular da pasta das relações exteriores angolanas salientou ainda o facto de “Angola possuir com Portu-

gal relações históricas importantes e comunidades consideráveis”. Luís Filipe de Jesus Alonso do Amaral Galiano referiu que “tudo será feito em prol da comunidade angolana, que é o objectivo primeiro nos consulados”. O novo cônsul disse ainda que “devido ao facto de estar a sair de uma outra missão irá primeiro integrar-se na realidade da comunidade e dos serviços no seu todo para delinear um plano de acção, que não fugirá daquilo que já foi feito, sempre no espírito de cooperação”. De acordo com os últimos dados estatísticos disponí-

ÔÔ Luís Galiano é o novo cônsul-geral de Angola em Faro veis, a população residente em Portugal com estatuto regular de residente oriunda de Angola somava 19.873

pessoas em 2012 e 19.967 em 2013 e, no Algarve, contavam-se 732 angolanos em 2012, nestas condições. pub


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NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA

Alteração à Lei da Água tranquiliza proprietários Em causa o regime de prova que se tornou mais flexível d.r.

Nos termos do art.º 100.º, n.º 1, do Código do Notariado, faço saber que no dia dezasseis de Junho de dois mil e catorze, de folhas quarenta e sete a folhas quarenta e oito verso, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação, na qual JORGE PEDRO MARTINS PIRES, NIF 111.501.300 e mulher MARIA BENILDE MARTINS PIRES, NIF 111.501.296, ambos naturais do concelho de Tavira, ele da freguesia de Santo Estêvão e ela da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no sitio de Campina, C.P. 861-X, Luz, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio misto, a parte rústica composta por terra de cultura com árvores e a parte urbana composta por casa de moradia com vários compartimentos, destinada a habitação, sito em Poço do Vale, União das Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão, a parte rústica inscrita na matriz sob os art.º 2.841 e 2.842 e a parte urbana com o art.º 820; descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número dois mil e seis, de seis de Julho de dois mil e onze, registada a aquisição, em comum e sem determinação de parte ou direito, a favor de Abílio Honorato Fernandes e mulher Ilda das Dores Soares, Joaquim Fernandes e mulher Gertrudes Dores Nascimento e Maria Odete Fernandes Ramos de Castro Correia e marido José de Castro Correia, pela apresentação onze, de vinte e sete de Setembro de mil novecentos e oitenta e três. Que desde o ano de mil novecentos e oitenta e sete estão na posse do mencionado prédio, em nome próprio, usufruindo do mesmo, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos; fazendo as obras de beneficiação, conservação e reparação necessárias no prédio urbano, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram o prédio por usucapião, não tendo, dado o modo de aquisição, documento que lhes permita fazer o reatamento do trato sucessivo. Vai conforme o original. Tavira, em 16 de Junho de 2014 A funcionária por delegação de poderes Ana Margarida Silvestre Francisco – Insc. na O.N. sob o n.º 87/1). Conta n.º PAO 845/2014 (POSTAL do ALGARVE, nº 1126, de 4 de Julho de 2014)

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MUNICÍPIO DE TAVIRA Edital nº 29/2014

ÔÔ A nova redacção da Lei da Água elimina o prazo para provar que as propriedades são privadas

A RECENTE ALTERAÇÃO À LEI DA ÁGUA, que elimina o prazo

para provar que as propriedades são privadas e deixa de exigir, nalguns casos, documentos com 150 anos, está a tranquilizar os donos de casas à beira-mar no Algarve. A lei de titularidade dos recursos hídricos, de 2005, obrigava a que todos os donos de casas, edifícios ou terrenos junto ao mar, rios e albufeiras reclamassem nos tribunais a sua propriedade como privada, o que exigia a pesquisa de documentos até ao ano de 1864, quando foi publicado o diploma régio que estabeleceu o Regime Público Hídrico e Marinho. “O que está em causa é o regime de prova, que era muito rigoroso e se tornou mais flexível”, explicou à Lusa a advogada Alexandra Soares, observando que os proprietários ficaram “mais descansados” desde que souberam que deixavam de correr o risco de perder o direito às casas se não apresentassem a documentação até 1 de Julho deste ano. A nova redacção da lei, publicada em Maio, continua a exigir o reconhecimento da titularidade das propriedades, mas exclui as que estão nas margens dos rios - salvo em zonas de jurisdição das autoridades marítima e portuária (estuários e portos) -, e nas zonas urbanas conso-

lidadas, desde que construídas depois de 1951 e não estejam em zonas de risco de erosão ou de invasão do mar.

MARGENS DAS ALBUFEIRAS SÃO CONSIDERADAS PARTICULARES Com as alterações à lei, as margens das albufeiras são automaticamente consideradas particulares, salvo se tiverem sido expropriadas ou pertencerem efectivamente ao Estado, uma vez que se trata de uma construção do homem que conduziu a água às propriedades e não o contrário, interpretação que já era feita pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA). Alexandra Soares, representante legal de vários proprietários com casas à beira-mar, na sua maioria em Lagos, lembra que grande parte destas propriedades são casas de luxo, que foram compradas como sendo propriedades privadas, licenciadas pelas autarquias desde 1951, quando passou a haver licenciamento municipal das edificações. “Sou favorável à protecção das áreas de domínio público, mas deve haver um equilíbrio, não era necessário tanto rigor em casos que são de manifesta titularidade privada, como nas zonas urbanas”, afirmou, observando que tem casos em que há seis meses que procura os documentos necessários

para dar entrada de acções judiciais de reconhecimento das propriedades. O presidente da Associação de Residentes e Proprietários Estrangeiros em Portugal (Afpop), Michael Reeve, disse à Lusa que tem recebido alguns pedidos de informação acerca da lei que obriga ao reconhecimento das propriedades até 50 metros das zonas hídricas, embora pouco representativos num universo de mais de cinco mil associados. “Houve pessoas que compraram casas depois de 2005 que não sabiam dessa lei e que deviam ter sido avisadas”, sublinhou, observando que a comunidade estrangeira se queixa, sobretudo, da falta de informação, na área legislativa e outras, embora reconheça que “as leis passam e até mesmo os portugueses não sabem”. O presidente daquela associação, com sede em Portimão, refere que a principal preocupação dos proprietários estrangeiros tem sido o esforço e a quantidade de dinheiro, para pagar aos advogados, necessários para encontrar a documentação em causa. Inicialmente tinha sido dado um prazo até Janeiro deste ano para as acções darem entrada nos tribunais, mas no final de 2013 o prazo foi alargado para Julho e agora, em Maio, foi eliminado. Lusa

Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 11 de junho de 2014, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 85/2014/CM, referente à Atribuição de apoio ao Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia; 2. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 86/2014/CM, referente à Atribuição de apoio à Associação para o Desenvolvimento Integrado da Baixa de Tavira - UAC Tavira; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 87/2014/CM, referente à Atribuição de apoios às freguesias de Santa Luzia, Conceição e Cabanas de Tavira, no âmbito das festas tradicionais de verão; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 88/2014/CM, referente ao Júri para a concessão de Bolsas de Estudo a alunos universitários; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 89/2014/CM, referente a Composição do Conselho Local de Educação e designação de um representante dos Presidentes das Juntas de Freguesia do concelho; 6. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 90/2014/CM, referente a Atribuição de Medalhas Municipais de Mérito e de Bons Serviços e Dedicação; 7. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 91/2014/CM, refer ente ao Processo disciplinar n.º 1/2014 – Decisão; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 92/2014/CM, referente a POVT - Candidatura para “Aquisição de equipamento de proteção individual para combate a incêndios em espaços naturais” - Contrato de Comodato; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 93/2014/CM, referente a Cedência de utilização de equipamentos à autoridade de proteção civil para a base de apoio distrital; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 94/2014/CM, referente ao Protocolo entre a Agência para a Modernização Administrativa, I.P. e o Município de Tavira, relativo ao Licenciamento Zero e ao Sistema de Indústria Responsável; 11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 95/2014/CM, referente ao Contrato de comodato com a Associação Guias de Portugal; 12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 96/2014/CM, referente a Denúncia de contrato referente à loja n.º 10 do Mercado da Ribeira e revogação da proposta n.º 197/2013/CM; 13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 97/2014/CM, referente a Loja nº. 9 do Mercado Municipal de Tavira - alteração ao ramo de atividade; 14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 98/2014/CM, referente a Plano de Transportes Escolares - 2014/2015; 15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 99/2014/CM, referente a Aquisição de energia elétrica em regime de mercado liberalizado para as instalações elétricas municipais com contratos de energia em Baixa Tensão Normal (BTN) e Baixa Tensão Normal de Iluminação Pública (BTN-IP) - Aprovação de abertura de procedimento e assunção de compromissos plurianuais; 16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 100/2014/CM, referente a 7-emp/14 - obras de conservação da Ermida de São Roque - assunção de compromisso plurianual; 17. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 101/2014/CM, referente ao Fornecimento de Refeições Escolares ao Abrigo do Acordo Quadro N.º AQ 15-RC (Lote 5) da ANCP - Anos Letivos 2014/2015 e 2015/2016 – Processo n.º 2-AQ/14 - Relatório Preliminar; 18. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 102/2014/CM, referente ao Concurso Público para aquisição de combustíveis rodoviários a granel e lubrificantes (processo 1-CPU/14) – prorrogação de prazo para apresentação dos documentos de habilitação e aprovação de minuta de contrato; 19. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 103/2014/CM, referente a Receção provisória das infraestruturas - Alvará n.º 4/2007 - José João Pereira do Santos (Sitio das Areias - Cabanas). Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 11 de junho do ano 2014 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1126, de 4 de Julho de 2014)


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saúde & bem estar

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Malo Clinic: a devolver sorrisos em todo o mundo Qualidade e excelência presentes em três clínicas no Algarve d.r.

É uma verdadeira multinacional

Seguir de perto todo o processo é uma mais-valia e uma obrigação.

da medicina dentária. As Malo Clinic estão presentes em todos os continentes e são

P - A formação é uma das apostas da Malo Clinic imprescindível para o sucesso? PM - Absolutamente. A formação dos nosso profissionais demora anos e é feita em contínuo para que estejamos sempre a trabalhar no limiar da inovação e no máximo da competitividade. Para isso temos em Lisboa o maior centro mundial de formação em medicina dentária, que recebe em permanência os nossos profissionais de todo o mundo para conseguirmos dar cumprimento aos nossos objectivos e às necessidades dos nossos doentes.

o maior grupo do sector no mundo, com a inovação e desenvolvimento das técnicas de medicina dentária a serem a base de uma presença mundial assente na máxima qualidade. No Algarve as clínicas estão em Vila Real de Santo António, Faro e Portimão e o POSTAL entrevistou Paulo Malo, o rosto por detrás de um projecto de sucesso na área da saúde que dá cartas em 13 países. POSTAL (P) - Há quantos anos existem as Malo Clinic? Paulo Malo (PM) - As nossas clínicas existem há 19 anos, desde que em 1995 abrimos a primeira clínica em Lisboa. P - Há uma aposta clara na expansão a nível nacional e na internacionalização, a que é que se deve este percurso? PM - Neste momento em Portugal já existem 11 locais no continente e na Madeira e em mais 13 países no mundo que cobrem as regiões geográficas da Europa, do Médio Oriente, da Ásia e da Oceânia, bem como, da África, América do Norte e América do Sul. Iniciámos este processo de expansão internacional porque desenvolvemos procedimentos e técnicas inovadoras que nos permitiram na área da medicina dentária obter uma elevada notoriedade a nível internacional. Estávamos a receber doentes de todo o mundo em Portugal e consideramos que o não estarmos presentes noutros países estava a pôr em causa o acesso desses doentes e de outros aos tratamentos que prestamos, por isso foi um crescimento natural. P - De que procedimentos e técnicas inovadoras estamos a falar? PM - Entre outros procedimentos na área da implantologia e da

prostodontia, nomeadamente, a técnica all-on-4 que permite a colocação de uma prótese fixa com resultados de excelência. As técnicas inovadoras criadas pela Malo Clinic permitiram-nos afirmar-nos como players internacionais de topo na medicina dentária porque temos uma capacidade e know how muito acima da média da maioria dos médicos dentistas, o que fez com que tivéssemos mais argumentos para vencer mesmo nos mercados internacionais. P - É portanto uma aposta ganha? PM - Sim, mas trata-se de uma aposta contínua na qualidade dos serviços de saúde que prestamos. Já somos líderes em Portugal e na maioria dos países onde abrimos as Malo Clinic. Mesmo naqueles em que não somos líderes neste momento estamos muito perto de o ser, o que atesta a capacidade e a qualidade dos tratamentos que prestamos aos nossos doentes. P - Que segredos tem esse percurso de liderança? PM - Trabalhar muito. E trabalhar muito significa mesmo muito, num investimento constante na inovação, na investigação e na formação dos nossos profissionais. O que fizemos foi criar, pela primeira vez, protocolos exclu-

ÔÔ O médico dentista Paulo Malo, o rosto por detrás do sucesso das Malo Clinic sivos que são reprodutíveis em qualidade em qualquer Malo Clic no mundo. Este padrão máximo de qualidade permite um tratamento e um atendimento iguais em qualquer Malo Clinic no planeta e vai desde a construção das clínicas, até à recepção e todos os serviços, terminando no consultório e no seguimento que se faz aos doentes já tratados. P - Trata-se de um processo de difícil operacionalização? PM - Gastamos muito tempo a pensar e a criar as melhores respostas e soluções para os nossos procedimentos. Portugal não tem na área da medicina e da inovação de técnicas a ela associadas um imagem reputada internacionalmente. Para vencermos não basta, por

isso, sermos melhores do que os outros, temos de ser muitíssimo melhores do que quaisquer outros e é exactamente isso que fazemos. P - E são hoje um nome de referência na área a nível mundial... PM - Nenhum outro grupo no mundo tem uma pegada geográfica como nós temos. Somos a única clínica de medicina dentária que conseguiu implantar-se em 13 países diferentes com um total de 24 unidades de saúde. P - Como é que se mantém um controlo de qualidade eficiente perante um universo tão alargado de unidades? PM - O que fazemos não se trata de um qualquer franchi-

sing de uma marca de produção de bens de consumo. A saúde é um serviço insusceptível de ser franchisado, criamos unidades controladas directamente por nós, com procedimentos pensados e desenvolvidos por nós e profissionais formados pela Malo Clinic. A isto juntamos a presença de pessoal nosso em permanência em quase todas as Malo Clinic à volta do mundo, o que assegura o mais rigoroso controlo da qualidade do serviço. P - E um responsável que não pára... PM - Sim, de facto estou permanentemente em viagem e não cesso de dar voltas ao mundo para poder acompanhar o desenvolvimento das nossas clínicas nos cinco continentes.

P - Como é que vê a saúde dentária em Portugal? Esta é uma área fundamental? PM - É equivalente à realidade existente nos países europeus e nos EUA, não estamos em média nem melhor, nem pior do que os países da Europa ou dos EUA. Quanto a ser uma área fundamental é-o nos mesmos termos que são todas as áreas da saúde. A saúde é uma questão que deve ser sempre analisada globalmente e nessa medida todas as áreas da saúde são fulcrais. P - Em termos de qualidade de vida dos doentes, como é que vê o trabalho desenvovido pelas Malo Clinic? PM - Trata-se de um trabalho desenvolvido para melhorar a saúde dos pacientes, mas também para lhes devolver qualidade de vida. Neste campo, por exemplo, o protocolo Malo Clinic, que permite colocar todos os dentes num único dia e que foi uma inovação nossa, alterou de forma peremptória a qualidade de vida das pessoas que são tratadas por nós. Trata-se de uma mudança radical de paradigma no que respeita à medicina dentária de que estamos orgulhosos pela diferença que significa na vida das pessoas.


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CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e um de Junho de dois mil e catorze, exarada a folhas setenta e cinco e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Quarenta e oito – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

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- Maria Odília de Jesus e marido Manuel Joaquim Cavaco, naturais ela da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, e ele da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, casados com sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no Sítio de Amaro Gonçalves, caixa postal 1085 C, 8800-120 Luz de Tavira, contribuintes fiscais números 126640564 e 128744537, declararam: - Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, com a área de mil e duzentos metros quadrados, a confrontar do Norte com António José, Sul com Manuel do Nascimento, Nascente com Custódio Bento, e do Poente com José Sebastião, sito em Canivete-Soalheira, na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 1534, com proveniência no artigo 1307 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 83,30 €, igual ao atribuído para efeitos deste acto. - Que este prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse deles, justificantes, em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e um, já no estado de casados entre si, por partilha meramente verbal feita com os demais interessados, por óbito de seu pai Domingos João, falecido no ano de mil novecentos e setenta e cinco, residente que foi no sítio da Soalheira do Pereiro, em Santa Maria, Tavira; - Que, assim sendo, não têm título suficiente da aquisição do referido prédio, estando, por isso, impossibilitados de comprovar a referida aquisição pelos meios extrajudiciais normais e de efectuar o registo do mesmo a seu favor. - Que, porém, desde aquela data, mil novecentos e noventa e um, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – cultivando a terra, limpando-a, nela pastando os animais, tratando das árvores, dele retirando os respectivos rendimentos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 21 de Junho de 2014. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/1244 (POSTAL do ALGARVE, nº 1126, de 4 de Julho de 2014)

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AGRADECIMENTO No dia 24 de Maio faleceu a nossa querida mãe, sogra e avó. Vimos por este meio agradecer a todos aqueles que estiveram ao seu lado (e foram muitos) e ajudaram a amenizar os seus momentos mais difíceis, assim como àqueles que estiveram presentes no seu funeral. Um grande abraço e bem hajam.

Tavira

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JORGE HUMBERTO GREGÓRIO DA LUZ 10-07-1962 / 07-06-2014

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

EVARISTO JOSÉ LINO

MANUEL AUGUSTO

61 ANOS

77 ANOS

AGRADECIMENTO A família enlutada cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 4 de Junho, para o Cemitério de Vila Nova de Cacela, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 11 de Junho, pelas 9.30 horas, na Igreja Nossa Senhora D’Assunção, em Vila Nova de Cacela

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 24 de Junho, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, dia 26 de Junho, pelas 8.45 horas, na Igreja de Santiago, em Tavira.

MANUEL DO NASCIMENTO DE SOUSA 15-06-1931 /15-06-2014

“Paz à sua Alma”

AGRADECIMENTO

“Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428

“Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

VILA N. CACELA V.R.S.A.

MARIA JOSÉ DO CARMO SANTOS 06-10-1925 / 18-06-2014

JORGE MANUEL VALONGO DO NASCIMENTO PALMEIRA

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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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O POSTAL

última

regressa no dia 25 de Julho

Tiragem desta edição:

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Pulseiras ‘Estou aqui’ podem ajudar a salvar crianças

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Projecto da PSP já está em marcha para este Verão A POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA estima distribuir, este

ano, 30 mil pulseiras, que podem ser adquiridas a partir de terça-feira nas esquadras da PSP de todo o país, sendo a activação do pedido feita através da página da internet do programa (https:// estouaqui.mai.gov.pt/Pages/default.aspx.), com o preenchimento de uma base de dados. O porta-voz da PSP, subintendente Paulo Flor, disse à Lusa que a pulseira é activada em minutos e a validade termina a 30 de Setembro. Este ano, as pulseiras podem ser utilizadas por crianças estrangeiras que visitam Portugal e por filhos de portugueses que façam férias em países da União Europeia, adiantou Paulo Flor, sublinhando que há 27 Estados-membros que têm uma ligação directa ao 112, número europeu de emergência. A pulseira, destinada a crian-

ças entre os dois e os nove anos, pode também ser usada por crianças que pertencem a escolas, campos de férias e instituições. Segundo a PSP, o programa “visa facilitar e agilizar a localização dos educadores ou pais de crianças perdidas no período de Verão”. Cada pulseira “é única”, sendo atribuída a cada uma um número diferente que, apesar de ser perceptível, só pode ser lido pela PSP, através da base de dados. Em caso de desaparecimento da criança e através de uma chamada para o 112, serão accionados os mecanismos necessários de comunicação com as forças de segurança, que enviarão para o local do desaparecimento da criança uma patrulha policial. Paralelamente, ao longo deste processo, que se pretende o “mais célere possível”, a PSP agilizará, através da força de segurança

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04.07.2014

Cultura.Sul

Editorial

Espaço CRIA

Seis anos de serviço público

Precisamos de bons empresários

Editor ricardoc.postal@gmail.com

Parece que foi ontem, mas não. Foi há exactamente seis anos - Julho de 2008 - que nasceu o Cultura.Sul. O único caderno cultural em formato jornal no Algarve, criado pela mão do POSTAL, nasceu e afirmou-se por direito próprio fruto do trabalho e dos contributos de centenas de pessoas que incansavelmente escreveram para as suas páginas. Mérito daqueles que o dirigem, dos que lhe conceberam o design e o paginam, dos que lhe fazem a revisão e o tratamento de imagens, dos que o levam até às rotativas e também daqueles que nelas o imprimem e dos que o distribuem por todo o Algarve, este foi, é e continua a ser um caderno de cultura pensado para o Algarve e para os algarvios. Sem citar nomes a todos os que fizeram, fazem e farão o Cultura.Sul fica a homenagem face a seis anos de verdadeiro serviço público, digno de nota de louvor. Há em nós, apesar de todos os pesares, a força de continuar a busca de uma cada vez mais adequada resposta às necessidades informativas da região na área cultural. Somos um palco do muito que por cá se faz nos mais variados palcos, seja à secretária de pena em punho, palco da escrita, ou nas tábuas de uma qualquer boca de cena, espaço maior das artes, bem assim como no atelier de um criador. Somos tábua rasa preenchida pelo génio dos ‘fazedores’ de cultura, rostos que inculcam em cada um de nós o produto de um mister reservado a seres especiais, os artistas. Destes damos apenas nota, somos mera correia de transmissão da sua genealidade e somo-lo orgulhosamente. Fazemos o que nos compete e deixamos a todos os leitores a palavra escrita que faz da arte informação. Venham mais anos, tantos quantos os que hajam para vir e a todos os leitores um sincero obrigado.

te consumido com as despesas para cumprir os compromissos com o Estado. Quando seria muito mais benéfico para o país que estivesse concentrado em fazer crescer o seu negócio, em expandir e em inovar. Oiço, por vezes, críticas ao nosso tecido empresarial. Algumas com fundamento. Nem todos poderão ser empresád.r.

Fico feliz quando vejo nas notícias casos de sucesso empresarial português. Eleva-nos a autoestima. Ser empresário sempre foi muito difícil. Em qualquer parte do mundo. Ser empresário em Portugal, nos tempos que correm, é muito, mas muito difícil. O empreendedor tem de gostar muito do que está a fazer, caso contrário, acabará inevitavelmente por desistir. É desgastante, exige muita determinação. Implica muito trabalho e preocupações constantes. Daquelas que tiram o sono e fazem aparecer cabelos brancos. No primeiro terço do mês, até dia 10, preocupa-se com pagamento a fornecedores (renda, água, luz, matérias-primas, etc.). Se não o fizer arrisca-se a não ter nada para vender. No segundo terço, até dia 20, há compromissos fiscais (retenções, IRS, segurança social, IVA). Do dia 20, ao final do mês, é um instante. Como

peciais por Conta, TOC, Taxas e Licenças, etc.) e de pagar os vencimentos, pouco ou nada sobra para reinvestir. Pouco ou nada sobra para novos projectos e ideias. É desesperante. O pequeno empresário vive, ou melhor, sobrevive diariamen-

rios, é certo. A ambição de ser patrão exige preparação. Lembro-me bem que há poucos anos para se beneficiar de apoios do IEFP para desenvolver uma iniciativa local de emprego era necessário frequentar um curso de formação

profissional na área da gestão. O Estado tinha a preocupação de fornecer aos que apostavam na criação do seu próprio emprego conhecimentos mínimos. Ferramentas básicas. Deixou de ser obrigatório. Ser empresário exige competências técnicas na área de negócio em que vamos apostar, exige competências de gestão e de marketing. Um empresário hoje tem que dominar as TIC’s e ser fluente no inglês. Tem de saber delegar. Motivar e gerir equipas. Comunicar e falar em público. A ambição de ser patrão vem acompanhada do rigor, do sentido de responsabilidade, da seriedade e do compromisso. Acredito na nova geração de empreendedores que está a sair das universidades. É preciso que os bons empresários ajudem e apoiem os que estão a começar. É preciso criar rapidamente condições para que a iniciativa empresarial aconteça. É preciso valorizar quem arrisca e investe. Criar um ecossistema que apoie os empreendedores. Que funcione em parceria entre todos os agentes e seja eficiente. É preciso uma outra atitude, mais colaborativa. Parabéns aos Vencedores do Concurso Ideias em Caixa 2013. Muito sucesso. Precisamos de bons empresários!

Juventude, artes e ideias

Uma ideia

Paulo Côrte-Real Docente

Haverá algo mais poderoso que uma ideia? As ideias encerram em si a força e a criatividade da concretização do mundo. O ritmo de vida atual leva-nos, vezes sem conta, a esquecer a grandiosidade das ideias. De um simples esboço, a uma obra pictórica ou a um objeto arquitetónico, a ideia é o que lhe dá origem. O abstrato

dá lugar ao concreto. Pensando na nossa vida quotidiana, estamos de acordo que, objetos nela materializados dependem da qualidade, criatividade e força das ideias. Então que se apoie e cultive o surgimento de novas ideias, onde os jovens, graças à sua abertura, disponibilidade a novas experiências e a vontade de apropriação do mundo, são os verdadeiros embaixadores do empreendedorismo. Consubstanciadas pela Educação - um dos pilares das nações que almejam a prosperidade e o desenvolvimento sustentável, as artes, ao mesmo tempo que abrem novos horizontes e apontam novos caminhos, conferem beleza ao mundo. Como parte integrante da cultura, são um rico e importante fator de

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço CRIA: Hugo Barros • Espaço Educação: Direcção Regional de Educação do Algarve • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Momento: Vítor Correia • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires Colaboradores desta edição: Ana González Luís Rodrigues Paulo Côrte-Real Paulo Serra Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelagoncalves3@gmail.com

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve d.r.

Ricardo Claro

Luís Rodrigues CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg

vou pagar os salários aos meus colaboradores? Criar uma empresa em Portugal é hoje muito fácil. Uma questão de horas. Mantê-la viva é um desafio enorme. Olhar para a conta bancária mensalmente e perceber que depois de satisfeitos todos os compromissos fiscais (TSU, IRC, IRS, IVA, Pagamentos Es-

Ficha Técnica:

desenvolvimento imaterial. Embora ultimamente se venha a assistir a tentativas, falsamente legitimidadas, de destruição das artes e da cultura (direi mesmo da própria identidade nacional), importa lembrar que essa será uma tentativa vã, já que as

artes e a cultura têm como génese uma IDEIA. As ideias não se destroem. Os homens e as mulheres podem morrer mas as suas ideias ficam e disseminam-se como a brisa de um novo dia. Imagina-se um mundo sem beleza?

Tiragem: 9.049 exemplares


Cultura.Sul

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

MUSEU MUNICIPAL – ENTRADA PAGA 14 JUL | A FELICIDADE, Jorge Silva Melo, Pt, 2008, 8’ - A PROPÓSITO DE LLEWYN DAVIS, Ethan e Joel Coen, EUA, 2013, 105’, M/12 16 JUL | CAROSELLO, Jorge Quintela, Pt/It, 2013, 7’ - A GRANDE BELEZA, Paolo Sorrentino, It, 2013, 142’, M/16 18 JUL | TRÊS SEMANAS EM DEZEMBRO, Laura Gonçalves, Pt 2013, 6’ - NEBRASKA, Alexander Payne, EUA, 2013, 115’, M/12 JARDIM DA ALAMEDA - ENTRADA PAGA 21 JUL | SANGUETINTA, Filipe Abranches, Pt, 2012, 12’ - GOLPADA AMERICANA, David O’ Russel, EUA, 2013, 138’, M/16 23 JUL | A ÚNICA VEZ, Nuno Amorim, Pt, 2010, 5’ HER – UMA HISTÓRIA DE AMOR, Spike Jonze, EUA, 126’, 2013, M/12 25 JUL | PICKPOCKET, João Figueiras, Pt, 2010, 20’ - BLUE JASMINE, Woody Allen, EUA, 2013, 98’, M/12 MERCADO MUNICIPAL – ENTRADA LIVRE 28 JUL | CÂNDIDO, Zepe, Ptl, 2007, 11’ - A LANCHEIRA, Ritesh Batra, Ind, Fr, De,104›, 30 JUL | BEST OF CURTAS DE VILA DO CONDE – 22ª EXTENSÃO DO FESTIVAL

É tempo de Mostra de Verão em Faro Tradicionalmente, Julho é o mês da Mostra de Verão do CCF e este ano não foge à regra, mas com um formato inovador. Entre 14 de Julho e 1 de Agosto, todas as 2ªs, 4ªs e 6ªs-feiras, às 22 horas, o Cineclube de Faro apresenta uma seleção de curtas e longas-metragens onde se incluem alguns dos melhores filmes estreados este ano. A principal inovação será o carácter itinerante da Mostra de Cinema de Verão de 2014; durante estas três semanas, o CCF instala-se em três espaços da cidade de Faro, num diálogo inédito entre o cinema e diferentes cenários da cidade, reforçando o carácter idílico e mágico destas sessões sob o manto das estrelas. Começamos como habitualmente nos Claustros do Museu Municipal, na segunda semana no Jardim da Alameda e, finalmente, na terceira semana, no átrio do Mercado Municipal.

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com

d.r.

Imagem de ‘A Grande Beleza’ A programação será diversificada, entre alguns dos destaques mais independentes dos nomeados e oscarizados do cinema norte-americano, o brilhante “A Grande Beleza”, de Paolo Sorrentino, o melhor do Festival de Curtas de Vila do Conde ou o novíssimo “A Mãe e o Mar”, que contará com a presença do realizador Gonçalo Tocha, a terminar a Mostra a 1 de Agosto. Destaque

também para o facto de algumas sessões (Mercado Municipal) serem de entrada livre, o que só é possível graças ao apoio da Delegação Regional da Secretaria de Estado da Cultura, do Mercado Municipal e da Ambifaro. O melhor mesmo é consultar toda a programação, aqui, nas redes sociais, nos folhetos da Mostra ou nos sites/blogs do CCF. Contamos convosco!

14ª MOSTRA DE CINEMA EUROPEU - AR LIVRE | CLAUSTROS DO CONVENTO DO CARMO – 21.30 HORAS 11 JUL | ABOUT TIME, Richard Curtis, Reino Unido 2012 (120’) M/12 12 JUL | LA CAGE DORÉE, Ruben Alves, França/Portugal 2013 (90’) M/12 13 JUL | ERNEST ET CELESTINE, Stéphane Aubier e Vincent Patar, França/Bélgica 2012 (80’) M/6 14 JUL | VENUTO AL MONDO, Sergio Castellitto, Itália/Espanha 2012 (127’) M/16 15 JUL | DANS LA MAISON, François Ozon, França 2012 (105’) M/12 16 JUL | LA MIGLIORE OFFERTA, Giuseppe Tornatore, Itália 2013 (131’) M/12 17 JUL | THE BROKEN CIRCLE BREAKDOWN, Felix Van Groeningen, Bélgica/Holanda 2012 (111’) M/16 18 JUL | HYSTERIA, Tanya Wexler, Reino Unido/França/Alem/Luxemburgo 2012 (100’) M/16 19 JUL | LA VIE D’ADÈLE, Abdellatif Kechiche, França/Bélgica/Espanha 2013 (179’) M/16 20 JUL | PHILOMENA, Stephen Frears, Reino Unido/E.U.A./França 2013 (98’) M/12

Espaço AGECAL

A Cultura Portuguesa e o Modelo “Global”... d.r.

Jorge Queiroz Sociólogo. Membro da AGECAL

“ … a minha pátria é a língua portuguesa.” Bernardo Soares, heterónimo de Fernando Pessoa in “O livro do desassossego” A humanidade é só uma, irrefutável. Contudo sabemos que a evolução assentou nos processos adaptativos que permitiram a diversidade. Cada ser humano possui características comuns a outros, mas elementos únicos que definem o seu património genético, as especificidades do grupo familiar e individuais. Assim acontece também com as culturas. Território, ambiente, economia e cultura estão interligados e são interdependentes como centenas de cimeiras científicas mundiais o têm demonstrado.

Desta realidade resultou a noção de desenvolvimento sustentável. A protecção às culturas e idiomas da humanidade equivale na sua importância à defesa da biodiversidade, essenciais à qualidade de vida e à sobrevivência do planeta. Os Estados e comunidades têm encontrado nas convenções da UNESCO, sobretudo nas de 1972 (Património Mundial) e de 2003 (Património Cultural Imaterial), mecanismos legais e meios de defesa das suas heranças culturais. Sabemos pelo estudo da História que os processos de colonização sem-

pre procuraram substituir os idiomas, religiões e práticas culturais, pelo convencimento da maior valia e utilidade de culturas “superiores”, apostando na substituição de valores e “reeducação” de elites nacionais e locais. O português fez agora 800 anos. O testamento de Afonso II de 27 de Junho de 1214 é o mais antigo documento conhecido escrito em língua portuguesa. Como idioma autónomo evoluiu durante oito séculos, até se transformar por via da expansão de quinhentos na sexta língua do mundo, com 240 milhões falantes e língua oficial

de sete Estados independentes em quatro continentes O património cultural português está espalhado pelo mundo, expressões verbais, comportamentos, urbanismo, gastronomia, festividades, religiosidades, artes,.. A herança portuguesa está em muitos países reconhecida como Património da Humanidade pela UNESCO. A cultura, a língua e o potencial humano são as maiores riquezas deste País quase milenar. A desvalorização quotidiana da língua portuguesa está patente no uso de outra língua para títulos, marcas,

expressões, símbolos, festivais, programas e provas desportivas. As “modas” padronizadas de vestuário e alimentação e massiva presença da cultura de uma única origem, correspondem ao mesmo e antigo objectivo de domínio geocultural. A produção cinematográfica, teatral e musical portuguesa, italiana, espanhola, francesa, grega e de outras nações “deixou de existir” no espaço público ou está subordinada a critérios meramente mercantis ou audiência. Se as indústrias da globalização têm promovido a intensa aculturação dos mais novos, os orçamentos mínimos para as culturas nacionais são a expressão financeira da estratégia de dependência cultural intimamente ligada à debilitação económica dos países do Sul, que está a ser acompanhada da transferência compulsiva de recursos humanos qualificados dos países do sul para os promotores desta globalização de sentido único. Os recentes indicadores de saúde pública são elucidativos sobre as consequências da adopção de um modelo cultural - alimentar imitativo, as “doenças da civilização” estão já no topo. Pela primeira vez uma geração poderá ter uma esperança de vida menor que a anterior. Há que mudar de estrada…


04.07.2014

Cultura.Sul

ESPAÇO ALFA

Aqui há espectáculo

A ligação entre a fotografia e a poesia

Teatro Municipal de Faro Programação: www.teatromunicipaldefaro.pt

Destaque

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4 JUL | 9º ANIVERSÁRIO TEATRO DAS FIGURAS - ANTÓNIO ROSADO E OCS, música, 21.30 horas, 75 min. Cesário Costa assume a direcção e conta com o solista António Rosado para um concerto que inclui uma primeira parte com António Pinho Vargas, Quadros (de arte moderna) - Estreia Absoluta Absolute Premiere e Beethoven, Concerto para Piano N.º 4 em Sol maior, Op. 58, Piano

Concerto No. 4 in G major, Op. 58, I. Allegro moderato, II. Andante con moto, III. Rondo. Vivace e uma segunda parte onde se poderá escutar Schubert, Sinfonia Nº 5 em Si Bemol Maior, D. 485, I. Allegro, II. Andante con moto, III. Menuetto, IV. Allegro vivace.

Membro da ALFAL

Existe uma ligação muito íntima entre a fotografia e a poesia, ambas são formas distintas de captar e expressar sentimentos. A dimensão do olhar na poesia revela-se imagem. A imagem fotográfica destaca-se pela sua ação de flagrar o instante. Quando lemos um poema, tentamos imaginar pela descrição do mesmo, como seria aquele lugar, aquela pessoa, ou um pormenor qualquer evidenciado no poema. Entretanto, uma fotografia pode servir de inspiração para escrever um poema, segundo Clarice Lispector, “Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência”. A poesia seduz-nos facilmente para viajarmos nas palavras e a fotografia faz-nos reviver um turbilhão de sensações e sentimentos. A poesia tem como desafio transmitir através das pa-

11 JUL | ORFEU E EURÍDICE, dança, 21.30 horas, 60 min. fotos: d.r.

É nos trezentos anos sobre o nascimento de Christoph Willibald Gluck que a CNB encomenda a Olga Roriz um Orfeu e Eurídice, baseado naquela que foi uma das magistrais partituras do compositor alemão. Esta nova versão de Olga Roriz nasce a partir da mítica história do poeta/músico a quem foi dado a oportunidade de recuperar a sua amada dos infernos com a condição de nunca olhar para ela durante a viagem de regresso do Hades, condição que não cumpriu e que lhe fez perder para sempre o seu amor. Interpretação de Orfeu e Eurídice a cargo do elenco da Companhia Nacional de Bailado. 19 JUL | BELLYDANCE RENAISSANCE – HOSSAM & SERENA RAMZY, dança, 21 horas, 150 min., preço: 12 euros Um maravilhoso e encantador espectáculo de Música e Dança Oriental com os mundialmente reconhecidos artistas Hossam e Serena Ramzy. Este espetáculo contará ainda com a presença de bailarinas convidadas. Hossam é um artista de vasta experiência e é conhecido internacionalmente por produzir e criar arranjos musicais para Shakira, The Gipsy Kings, Robert Plant, Jimmy

Page, Andy Sheperd, Geoff Williams, entre muitos outros. Serena tornou-se das mais jovens bailarinas profissionais do Brasil com apenas 15 anos. Desde então, juntamente com Hossam, tem ensinado e feito espetáculos por todo o Mundo, apresentando um variado repertório que capta os olhares e o coração de todo o público.

TEMPO - Teatro Municipal de Portimão Programação: www.teatromunicipaldeportimao.pt

Destaque

Ana González

lavras uma imagem, e a fotografia tenta substituir mil palavras, por uma imagem. Atualmente, a fotografia e a poesia enfrentam grandes desafios: dar asas à imaginação, ter a capacidade de reter o olhar e despertar interesse no espectador, seja através de uma ação descrita num poema, ou da expressão que uma imagem pode transmitir. Por um lado, temos os amantes da fotografia, que tentam captar o melhor momento, ajustando as funções mais usuais na sua máquina fotográfica para obter o melhor enquadramento, uma iluminação perfeita, um bom contraste, entre outros pormenores. Numa outra situação, temos a preocupação de quem escreve, que implica num trabalho minucioso, principalmente na escolha das palavras, pois escrever um poema não é simplesmente agrupar palavras ao acaso, bem como fotografar, não é sinónimo de premir o botão para disparar e já está. Sendo assim, inspirem-se nesta estação cheia de cores para fotografar e ousem fotografar com alma, e não simplesmente fazer disparos. O resultado pode ser surpreendente e motivador, com tons de poesia.

Destaque

Destaque

5 JUL | 9º ANIVERSÁRIO TEATRO DAS FIGURAS - BATIDA, música e vídeo, 21.30 horas, 60 min.

11 JUL | MUSICA MUNDI: GATO MALVADO CONVIDA INÊS SANTOS, música, 21.30 horas, 60 min., preço 6 euros A Academia de Música de Lagos propõe a revisitação a uma das maiores bandeiras culturais de Portugal no Mundo: o Fado. Em 2010, João Rocha (trompete) e Vasco Ramalho (percussão) resolveram criar um novo projecto musical transdisciplinar. Da música portuguesa fez-se a ponte para a música do mundo (world music), e da vontade comum criou-se um novo fado. Endereçaram o convite a Tiago Sequeira (piano), e mais tarde a Pedro Frias (guitarra), Bruno Vítor (contrabaixo) e José Alegre (guitarra portuguesa), nascendo assim o Gato Malvado Ensemble. Do “Gato” vêm as 7 vidas e as 7 notas, do “Malvado”, uma clave de irreverência artística. O canto está a cargo de Inês Santos.


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Panorâmica

A luta por dar um espaço à música ricardo claro

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À beira de um quarto de século a Associação Recreativa e Cultural de Músicos mantém a mesma vontade férrea de sempre. Aquela que os leva há já 24 anos a lutar diariamente para dar aos músicos farenses e da região um espaço para que possam criar, ensaiar, gravar, apresentar e dar a conhecer a sua arte. São 24 anos a dar espaço à música, a fomentar uma das artes mais marcantes do espectro artístico e a criar condições para que artistas de todas as idades, tendências musicais e experiência possam dar asas à inspiração. Berço de bandas tão diferentes entre si como os Confrontate, os Bunny & The Gang ou os Satarize, os Harum, os Fora da Bóia ou os Fundos Perdidos, fizeram e fazem da Associação Recreativa e Cultural de Músicos a sua casa mãe. Ali desenvolvem o seu trabalho Sonia Litle B Cabrita, Tércio Nanook ou os Mofo, como o fazem e fizeram os Dirty, os Banda Noia ou mesmo Zé Eduardo, um dos nomes incontornáveis do Jazz nacional. Armindo Silva, que o Cultura. Sul entrevistou, deu vida à Asso-

ciação Recreativa e Cultural de Músicos a par de Carlos Baião e Celso Pedro. Podia esperar-se que Armindo Silva fosse músico, tal a dedicação de tantos anos à arte dos fazedores de melodias, mas não. Apenas e só melómano e não é de somenos, porque o gosto pela música fê-lo em certa medida pai de uma larguíssima fatia da música que se produz por terras algarvias e muito em particular em Faro. Uma casa para a música A grande batalha da Associação Recreativa e Cultural de Músicos sempre foi, e é, a de arranjar uma sede definitiva onde possa desenvolver o seu trabalho. Um trabalho cujo merecimento está para lá de qualquer questão ou dúvida e cujos frutos estão espalhados por milhares de horas de música produzidos por largas dezenas de bandas que em 24 anos fizeram da associação a sua pedra angular. Mas o objectivo maior da Associação Recreativa e Cultural de Músicos tem sempre sido marcado pelos percalços.

Armindo Silva, um dos responsáveis pela Associação Recreativa e Cultural de Músicos Do Alto Rodes onde nasceu num armazém, passando pelo Bom João, ambos na cidade de Faro, e por Bordeira, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos só há 11 anos atrás conseguiria o seu primeiro espaço mais definitivo, ou pelo menos assim acreditaram os dirigentes da associação. Na moagem junto à estação de comboios de Faro encontraram pouso por 11 anos e ali fizeram, como sempre, de raiz instalações capazes de acolher os músicos e as suas actividades. Foram 11 anos de trabalho ininterrupto, de criação, de concertos, de muita música, mas também de muito teatro e dança e de eventos das mais variadas correntes artísticas. Ali teve espaço a arte como a solidariedade, o convívio como a divulgação cultural e ali se acolheram largos milhares de seguidores do trabalho de uma das mais activas forças do associativismo farense. Uma nova sede Após um processo judicial de despejo que fez correr mares de

“GATO MALVADO CONVIDA INÊS SANTOS” 19 JUL | 21.30 | Centro Cultural de Lagos A Academia de Música de Lagos propõe a revisitação a uma das maiores bandeiras culturais de Portugal no Mundo: o Fado

tinta nos jornais e que foi amplamente acompanhado pela imprensa, que reconheceu à Associação Recreativa e Cultural de Músicos o mérito de um trabalho que não podia, uma vez mais ficar desalojado, eis que a associação se faz de novo à aventura de reconstruir um lar. Desta feita, já com um terreno garantido durante o mandato de Macário Correia na autarquia mas longe de poder ali construir uma sede nova dadas as contingências financeiras - à Associação Recreativa e Cultural de Músicos foi entregue parte das instalações da antiga Fábrica da Cerveja na cidade velha de Faro. Recomeçar do zero novamente é a palavra de ordem e Armindo Silva não se faz rogado. “Sempre conseguimos crescer com as dificuldades e em cada uma das sedes que tivemos de construir e esta não será diferente”, diz, acrescentando que “desta vez será provavelmente a última antes da sede definitiva para a qual estamos a gerar e a guardar todos os fundos que podemos”. A velha e degradada Fábrica da Cerveja e os seus vãos imensos

passam aos poucos de decrépitos para uma nova face, pintada, arranjada e reinventada à medida das necessidades dos muitos artistas que ali verão crescer a sua arte e darão corpo à vontade da mãe de todas as excelências, a inspiração. Já a funcionar a meio gás - a inauguração decorrerá dia 26 de Julho - a nova sede da Associação Recreativa e Cultural de Músicos terá dez salas de ensaio, duas salas de concertos - Caracol e Morcego - além de uma sala multi-usos, um estúdio de gravação, áreas de arrumos e um escritório. As instalações acolhem ainda espaços, no mínimo sui generis, para mais duas bandas, respectivamente na antiga câmara frigorifica que recebe o som Metal no interior de grossas paredes capazes de fazer travar o mais ruidoso arranque sonoro deste género musical e num antigo paiol de munições da época em que o espaço acolheu instalações do exército, que foi o espaço escolhido por uma banda que também ali dá os primeiros passos. É do trabalho, do génio e do esforço de todos os utilizadores

das instalações da Associação Recreativa e Cultural de Músicos que nasce o novo espaço da associação, recuperado, usando muito material reciclado, imensa dedicação de todos e mesmo fardos de palha, capazes de insonorizar a baixo custo os desmandos do génio criativo dos artistas. Também na construção os artistas se dão e só da arte poderia sair a vontade férrea de continuar a fazer renascer, verdadeiramente a recriar, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena e são os sócios que corporizam a imensa força da associação. Qual fénix renascida das cinzas, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos está de volta já no final deste mês ao seu público, aos seus músicos e à sua arte. Uma vez mais provando que do pouco se faz muito e se agiganta a alma de quem ama incondicionalmente a música, dando a Faro e a todos nós, razões de sobra para um orgulho sereno naquilo que por cá se vai fazendo. Ricardo Claro

“RETROSPECTIVA” Até 31 de JUL | Paços do Concelho de Albufeira Desde cedo Lino Gonçalves revela apetência para as artes. Autodidacta, explorou áreas como o desenho, pintura, escultura, artes gráficas e cenografia, no entanto a sua preferência vai para a pintura a óleo


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04.07.2014

Cultura.Sul

Letras e Leituras

Carlos Ruiz Zafón - Mistério e horror compulsivo fotos: d.r.

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

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A Sombra do Vento, publicado em 2001, foi o primeiro romance de Carlos Ruiz Zafón a ser traduzido entre nós, tendo-se tornado num êxito de vendas. O autor nasceu em Barcelona, em 1964, e tornou-se num dos autores mais lidos em todo o mundo, traduzido em mais de quarenta línguas. A história começa de forma envolvente, situada na cidade de Barcelona, no ano de 1945, num ambiente de cinza, como o próprio título evoca, ou não estivesse o país a reemergir dos horrores da guerra civil. Acompanhamos o percurso de um rapazinho, Daniel Sempere, ainda a sofrer com a perda da mãe, e que quando faz o seu décimo aniversário recebe um presente que determinará toda a sua vida. Filho de um livreiro, Daniel é levado pelo pai a um sítio especial que poucos conhecem, o Cemitério dos Livros Esquecidos. Neste espaço dissimulado entre tantos outros edifícios e guardado por um porteiro sem idade, Daniel percorre uma biblioteca labiríntica onde estão todos os livros outrora publicados e que se encontram agora esquecidos. Nesse ambiente de pós-guerra, e considerando as pilhas de livros queimados pelo regime nazi na Segunda Guerra, não deixa de ser pertinente que a missão de Daniel seja escolher um livro, livro esse que tal como seu autor, foi tragado pelo esquecimento, tendo-se tornado perfeitamente desconhecido com o tempo. O papel de Daniel é zelar por esse mesmo livro que escolheu e que doravante lhe é confiado, sendo que é ao ler esse mesmo livro que Daniel lhe pode insuflar nova vida, como todos nós leitores. Sem querer fugir ao assunto em mãos, podiam tecer-se inúmeras considerações em torno desta trama, como, por exemplo, deixar-nos a imaginar qual o tamanho real de uma biblioteca que pudesse albergar todos os livros escritos ao longo da história da humanidade. Ou até mesmo a extensão de um corredor onde pudessem estar perfilados nas estantes todos os livros que fomos lendo ao longo de

O escritor Carlos Ruiz Zafón uma vida. E quantos deles ficaram irrevogavelmente esquecidos, ou pelo menos com certos pormenores desbotados, como um retrato a sépia, pois a nossa memória tem limites, da mesma forma que cada vez mais haverá livros a serem irremediavelmente relegados para o esquecimento, enquanto nos debatemos com dezenas (ou mesmo mais) de novidades literárias que todos os meses chegam aos escaparates das livrarias. Daniel Sempere, dizíamos, escolhe um pequeno livro justamente intitulado A Sombra do Vento, de um autor espanhol chamado Julián Carax. Essa escolha traçará toda a sua vida a partir desse momento, não só pela história que irá

descobrir nas páginas do livro, e que o fará remontar a acontecimentos ocorridos duas décadas antes, como pela obsessiva busca e procura de sentido quanto ao que terá acontecido a esse “obscuro” Julián Carax. Daniel será absorvido pelo mistério desse autor que foi supostamente morto em Barcelona, logo no início da guerra civil, e cujas obras desapareceram por completo da face da terra, a não ser pelo livro que ele resgatou do Cemitério, talvez o único que se salvou de ter sido queimado como todos os outros por uma estranha personagem, que se faz passar por Carax, e terá adquirido todos os exemplares do romance que pôde para

O primeiro romance do autor a ser traduzido em português “É REVISTA, COM CERTEZA!” 12 JUL | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Espectáculo com um olhar franco e humorístico sobre a revista pela mão de um elenco jovem de ambição e excelência, que conta com a presença de Marisa Carvalho, Flávio Gil, Raquel Caneca e Renato Pino liderados pela consagrada Vera Mónica e Hugo Rendas

os queimar. O jovem Daniel deixa de viver a sua própria vida, enquanto tenta reconstruir o quebra-cabeças da vida do autor, juntando episódios que lhe são relatados por diversas pessoas que terão feito parte da vida de Julián Carax. Mas é ao reconstruir a vida de Carax, que Sempere consegue também criar a sua própria identidade, e, naturalmente, apaixonar-se. Uma personagem inesquecível, pelo seu carácter cómico, é Fermín, um funcionário da livraria do pai de Daniel, que esconde um passado enquanto agente republicano, depois perseguido e torturado, e reduzido à mendicidade. Fermín tem qualquer coisa de Sancho Pança, na forma como ajuda Daniel e como disserta acerca da vida, do amor e das mulheres, sendo tão especial ao ponto de regressar como o protagonista de O Prisioneiro do Céu. Infelizmente, em A Sombra do Vento, bem como em quase todas as obras de Zafón, um início arrebatador, original e envolvente parece depois resvalar numa série de lugares comuns - O Prisioneiro do Céu, com a sua história de vingança, afigura-se bastante a uma recriação de O Conde de Monte Cristo. Com O Jogo do Anjo, segundo livro do autor a ser publicado, em 2008, regressamos ao universo de «O Cemitério dos Livros Esquecidos», constituindo-se assim um tríptico, embora o ambiente seja bastante mais negro, como compete aliás, para se recontar de forma eficaz a história de um autor, David Martín, que parece vender a alma ao Diabo (clara alusão ao mito

de Fausto) quando aceita uma lucrativa comissão de um misterioso editor parisiense, que representa as Éditions de la Lumière. Logo no parágrafo de abertura deste romance, David Martín constata como todo o escritor incorre numa espiral descendente a partir do momento em que recebe algum pagamento pelo seu trabalho ou algum elogio ou aclamação da crítica: desse momento em diante, o autor está condenado e a sua alma tem um preço... Como tende a ser hábito, partiu-se dos últimos livros para a tradução dos anteriores livros do autor. O autor iniciou a sua carreira literária em 1993 com O Príncipe da Neblina, O Palácio da Meia-Noite, As Luzes de Setembro e Marina. A tradução destes romances tem seguido o ritmo de um livro por ano, sendo que, em Espanha, os primeiros três livros foram publicados num volume conjunto, pois têm em comum o facto de serem thrillers “antiquados” (remontam à primeira metade do séc. XX) e imbuídos de uma aura de sobrenatural e horror. Marina foi o primeiro romance a ser traduzido e embora não seja considerado como parte integrante dessa trilogia (cujas histórias são, aliás, completamente independentes) é um romance que facilmente se enquadraria na mesma. São livros que se poderiam dizer de formação do autor, além de serem romances juvenis, até porque na sua escrita, nomeadamente nos livros da chamada Trilogia, o ambiente é mais cinematográfico do que literário, como o próprio autor salvaguarda na sua nota introdutória. As Luzes de Setembro acabou de ser publicado e é de leitura compulsiva, narrando um episódio que afetará a vida de uma família empobrecida e convidada a viver numa gigantesca mansão de um fabricante de brinquedos e autómatos (motivos que ressurgem em Marina). Uma leitura ideal para as férias de verão, mesmo quando se arrasta um pouco. É inegável que os livros de Zafón se leem de um fôlego mas a sensação de promessa com que muitas vezes começamos acaba por se desvanecer. Nuno Júdice ressalva, no seu livro ABC da Crítica, a discussão que se tem gerado em torno de autores como Zafón cuja obra será «extraordinária» e deveria entrar no «cânone da literatura actual». Por fim, cita Germán Gullón que afirma estar perfeitamente de acordo com essa opinião generalizada e remata: «Acontece ser uma excelente obra que merece entrar no cânone da literatura de entretenimento.».

“SINGULARIDADES DO BRANCO” Até 2 AGO | Galeria de Arte do Convento Espírito Santo - Loulé Exposição de pintura de João Moniz, que já mostrou as suas obras em alguns dos mais importantes espaços do país, bem como em vários pontos do globo como França, Macau, Hong Kong ou Luxemburgo


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Momento

Mundialzinho Foto de VĂ­tor Correia pub

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Espaço ao Património

O que é o Património? A vez e a voz dos alunos A secção Património do Cultura.Sul já leva quase quatro anos, desde que em Janeiro de 2013 se inaugurou este espaço dedicado ao legado patrimonial regional. Pela mão incansável de Isabel Soares, coordenadora da secção, passaram pelas páginas da secção dezenas de ilustres convidados que emprestaram ao Cultura.Sul o seu saber e arte. Desde a primeira série ‘Museus - a vez e a voz do visitante’, passando pelos textos dedicados à temática escolhida para a segunda série ‘O Património Cultural Imaterial no Algarve’ até ao publicado na terceira e última série ‘Espaço ao Património’, onde tiveram lugar as temáticas ligadas ao património edificado, sítios arqueológicos e à arqueologia no Algarve, a todos os autores temos de agradecer, o Cultura.Sul e os leitores. Enceta-se agora uma nova etapa e a secção vai acolher textos dedicados ao tema ‘O que é o Património? A vez e a voz dos alunos’, mais próxima da realidade educativa e da necessidade de também nesse campo o património regional marcar presença. Nova pujança para a secção liderada por Isabel Soares, prestando aquilo que é para o Cultura.Sul e para os que nele escrevem verdadeiro serviço público.

Isabel Soares

Coordenadora da secção “Espaço Património”

Não são visitantes de primeira viagem. Nos primeiros

quatro anos de estudantes já palmilharam alguns espaços culturais e museus, nomeadamente os Monumentos Megalíticos de Alcalar e o Museu de Portimão. Falamos do 4º J da Escola EB1 Major David Neto de Portimão. Felizmente, as visitas a estes “lugares de memória” continuam a ser “obrigatórias” para quem estuda no Algarve. Já passaram quase quarenta anos e ainda

4º J da Escola EB1 Major David Neto de Portimão me recordo do alvoroço e da manifestação de alegria no momento em que entrei, pela primeira vez, num museu: o de Lagos. Hoje, com a certeza de que não lhes causarei a magia e o espanto que me foram provocados naquele museu, pelos bizarros animais de oito patas, três olhos, duas cabeças, e pelos milhares de coisas expostas

e explicadas, entro na sala de aula e a “viagem” começa, esperando não maçá-los, com a partilha das minhas vivências, questões e explicações. Trata-se, portanto, de uma conversa amigável sobre o que é o património cultural, o que são as nossas memórias, e como se forma a nossa identidade. Apresento-me, dizendo que sou arqueóloga e que trago

uma sacola carregada de memórias minhas, do meu tempo, e de outras pessoas, de outros tempos. Contado assim, tudo pode parecer ter-se dado por acaso, mas não. De facto, a minha presença e a da sacola foram planeadas, e rapidamente provocam na turma o desassossego e o desejo de verem e aprenderem as “coisas do anti-

gamente”. Não é dia de repreensões, nem de proibições. «Toca a mexer! Podem observar, sentir e experimentar». Da sacola, saem réplicas de lucernas e candeias, candeeiros a petróleo, ardósias, máquinas, rolos e películas fotográficas, cassetes, disquetes, piões, moedas (escudos), entre outros objetos que despertam o imaginário destas crianças. Com

Sala de leitura

Em busca do silêncio perdido Paulo Pires

Programador cultural no Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com

In memoriam: Bernardo Sassetti Há homens que buscam (a musicalidade d’)o silêncio e fazem tudo por uma boa imagem. A linguagem musical transmite o que, apesar de não traduzível em palavras, não pode permanecer em silêncio (escreveu Victor

Hugo), mas Bernardo Sassetti [Bernardo Sassetti] (1970-2012) convocaria decerto para esta reflexão o pensamento de Aldous Huxley: depois do silêncio, o que mais se aproxima de transmitir o inexprimível é a música. Bernardo Sassetti sabia bem que o silêncio e o segredo podem ser plenos de verdade, virtude, sabedoria, liberdade, pensamento e espírito, e que nessa confissão não confessada, tantas vezes solitária, sem fronteiras ou limites (que faz do longe perto), desfila uma cativante, surpreendente e (não poucas vezes) insondável gramática do mundo.

O poder onírico e lirismo das imagens (o sonho dentro do sonho, segundo Allan Poe) e a função heróica, reveladora ou enlouquecedora das cores (todas) – na linha de Michael Mann, um dos cineastas predilectos do pianista –, aliados a essa mudez/ recolhimento de oiro, são motivos centrais na obra de Bernardo Sassetti. Cruzando pintura/imagem e música, Kandinsky equiparava a cor à tecla, o olho ao martelo e a alma a um piano de inúmeras cordas. Curiosamente, Bernardo Sassetti costumava dizer: “A forma como tiro uma fotogra-

fia tem muito a ver com a forma como me atiro ao piano. É difícil explicar... A fazer fotografia oiço música, a fazer música vejo sempre imagens”. Fascinava-o a tentativa constante e desafiadora de compreensão do poder de sedução das imagens, sobretudo daquilo que os outros consideravam secundário, menos objectivo nelas: uma certa estranheza, mistério... A memória traz-me de volta algumas performances ao vivo de Bernardo Sassetti: para além da singular sensibilidade e respeito pela música e pelo piano (uma espécie de prolongamento

espiritual do seu corpo), sobressaía nele a simplicidade, humildade, sinceridade (aquela rara “verdade natural”), discrição e uma genuína gentileza, feitas de uma certa timidez infantil e de um ar ternamente desajeitado/ inadaptado quando confrontado com a necessidade de falar em público. Movia-o uma constante procura interior, uma busca dos sons e de uma representação que tivessem a ver com a sua vida, através de uma espécie de meditação silenciosamente musical em que procurava contar uma história através do

piano. Considerava o improviso algo tão espontâneo e verdadeiro que, segundo ele, talvez fosse um dos grandes exemplos de humanidade na música. Gostava de morar numa terra de ninguém, sem ser rotulado com um “J” de jazz estampado na testa, e havia pessoas que o abordavam na rua e diziam: “O seu disco é interessante, mas no próximo talvez pudesse pôr um pouco mais de melodia”. Admirava Carlos Barretto (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria) pela inspiração e telepatia que os unia, pela cumplicidade, pela “comunicação


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fotos: d.r.

o escuro da noite, que principiaram com uma simples fogueira, lucerna ou candeia, passando pelo candeeiro a petróleo, e termino com um simples toque no interruptor da sala, que fez acender a lâmpada. Desta forma, percebem que as coisas se transformam e são espelho de saberes e técnicas de cada geração. Depois da sacola vazia, voltamos a “enchê-la”, desta vez, com as suas opiniões. E o que é, para os alunos, o património?

um olhar curioso, surgem as primeiras perguntas e histórias. Todos dizem tratarem-se de coisas muito antigas, dos pré-históricos, dos romanos e dos árabes, e outras do tempos dos avós ou dos bisavôs. Ao conhecerem e mexerem em cada objeto, percebem que, em cada época, as pessoas foram usando diferentes técnicas e instrumentos. Conto as diversas formas de alumiar

«Património é tudo o que os antigos deixaram, como os castelos e as igrejas, ou as ruínas muito antigas». Quanto aos objetos, aos saberes e às tradições dos seus avós e bisavós, referem que «Esses saberes, objetos e histórias são coisas menos antigas». Contam ainda que «Existem muitos museus, em quase todos os sítios, que guardam coisas muito diferentes e importantes do passado, que nos ensinam como as pessoas viviam antigamente”. No entanto, no desenrolar da conversa, as opiniões foram-se completando. Agora, entendem que o que integra o património não são só castelos e fortalezas, mas também saberes, tradições e memórias. E assim, património acabou por ser descrito como «O conjunto de todos os monumentos, profissões antigas, objetos, lendas, histórias, saberes, música, fotografias, língua, trajes,

absoluta no momento”, como gostava de dizer. E fazia-lhe muita confusão aqueles músicos que passavam dias a fio em estúdio a gravar tudo em separado. Para Bernardo Sassetti o jazz era um “gajo estranho” e, como tal, “tem que ser mais vivo, tem que ser naquele momento e de preferência vivendo da frescura de um primeiro take. Aconteça o que acontecer. Se for muito mau repete-se, mas o gozo é a procura no estúdio. É outra filosofia, nem precisamos de falar”. Além de fonte de prazer, a arte musical também era para si um sofrimento, um conflito

entre aquilo que gostava de fazer e aquilo que não conseguia fazer no momento. Assumia que a música era antes de mais para quem a fazia e que começava sempre por ser um gesto algo egoísta (“não há outra forma de ser verdadeiro”), daí fazer discos e tomar opções artísticas sem demasiada preocupação com a opinião dos outros. Bernardo Sassetti não gostava que ouvissem os seus discos no rádio do carro, porque perdia-se a noção do detalhe, a intencionalidade do intérprete, e criticava a forma como a música é misturada por produtores/editores, no

tradições, e também lugares de memória»; «Existe património que podemos sentir, cheirar e mexer, e outro que não é palpável, como os cantares, as lendas e os saberes antigos sobre as profissões e atividades que já não existem»; «Cada história e saber dos nossos bisavôs são também património, bem como as memórias e testemunhos que chegam aos nossos dias»; «Nós temos coisas que nos identificam e são diferentes das dos outros

povos: as nossas tradições, os nossos costumes, a nossa música, como por exemplo o fado, que é património do mundo». Por fim, e segundo estes alunos, património é «tudo aquilo que somos e fomos». Não é por acaso que pintam igrejas antigas, ferramentas dos pré-históricos, objetos e brinquedos dos seus avós, assim como retratam museus de temas diferentes. Na despedida, os alunos

agradecem e partilham as suas experiências e, tal como lhes ensinei e mostrei, também me ensinam a utilizar os mais recentes brinquedos: beyblades, playstations, vídeo – games, computadores, tablets. O tempo das crianças de joelhos no chão a jogarem ao berlinde está a acabar e, sem dúvida, as opções tecnológicas levam-nos a ficar dentro de casa, já quase não brincando na rua. Os brinque-

dos passaram a ser outros e eu, forçosamente, penso que o tempo para mim também passou... Eles, por sua vez, entendem que, daqui a alguns anos, as suas histórias e experiências, ou mesmo os seus jogos e brinquedos “tecnológicos”, serão tão antigos como as minhas cassetes ou disquetes, que farão igualmente parte da sacola das memórias.

Desenhos feitos pelos alunos para retratar o património

d.r.

Bernardo Sassetti pico do volume, perdendo dinâmica, pormenor, qualidade:

“Está tudo altíssimo e estamos todos a ficar surdos. Acredito

que 90% do mundo ouve música de forma errada e não é por culpa sua. É apenas porque não conhecem outro som, outra forma de ouvir”. E usava como exemplo o seu trabalho Um Amor de Perdição (2009), ao qual se dedicou mais de um mês para chegar a uma sonoridade que muitos acharam depois baixa: “Mas é assim que deve ser ouvido para se ouvir o que se quis lá pôr para ser ouvido”. Em 2011 Bernardo Sassetti e a actriz Beatriz Batarda (sua esposa), revisitaram, em palco, a obra A Menina do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andre-

sen. Nessa história há um menino que sonha em conhecer o fundo do mar e que, depois de muitas aventuras, consegue realizar esse desejo com uma menina que era dançarina das ondas. Deixem-me acreditar que o golfinho (do conto de Sophia) amparou o “mergulho” de Bernardo Sassetti no Guincho e o levou até uma recôndita “praia extasiada e nua”, onde ele pôde (re)encontrar o “grande vento límpido do mar” (versos de Sophia) e um piano solitário que uma menina do mar enfeitou com corais e búzios.


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Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Julho

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

Postais da Costa Sul fotos: d.r.

noto não se sabe o ourives, que colhe cuidadosamente apetrechado dos devidos utensílios, a película finíssima dos preciosos cristais (de sal) à superfície da água antes de passarem a ser o vulgar sal marinho tradicional que é colhido à mão com ajuda de instrumentos de madeira. Os salineiros trabalham numa relação com as marés, o sol e o vento, para os chefes de cozinha puderem usar os pequenos cristais quebradiços que contendo oligoelementos e micronutrientes mantêm o sabor e a humidade do mar. Josef Koudelka (Morávia,1938), o fotógrafo da agência Magnum que fotografou a ‘Primavera de Praga’ também não sabia nada disto até ter visitado o sotavento e ter levado na sua câmara as salinas à beira da ria formosa.

Sophia Mello Breyner Andresen

14ª Mostra de Cinema Europeu

É à sua vivência na cidade de Lagos que irá buscar a luminosidade necessária, para aí com o silêncio e o tempo que se consegue junto à costa algarvia, concretizar versos que seguiriam directamente para a eternidade da poesia: «Lagos onde reenventei o mundo num verão ido /Lagos onde encontrei /Uma nova forma do visível sem memória /Clara como a cal concreta como a cal /Lagos onde aprendi a viver rente / Ao instante mais nítido e recente», e «Na luz de Lagos matinal e aberta /Na praça quadrada tão concisa e grega /Na brancura da cal tão veemente e directa /O meu país se invoca e se projecta». (3) Os verões de Lagos tornam-se parte integrante e fundamental da arte poética de Sophia, encontrando nos elementos desse mundo que a rodeia – a beleza, o equilíbrio e a harmonia espiritual. Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu há 10 anos, em Julho de 2004, em Lisboa, também ao pé do mar, mas não para sempre, pois testamentaria: «Quando eu morrer voltarei para buscar /Os instantes que não vivi junto do mar».

~ a praia. é o pedaço de mundo por excelência que foi inventado para as crianças. e que nós tomamos de assalto em cada verão, para ver se ainda conseguimos trazer à memória esse tempo de quando éramos reis. o mar, quente ou frio, é ainda e sempre do seu domínio. para isso elas constroem castelos e fortalezas à beira-mar, num árduo trabalho de carregar baldes de água e areia. a tarefa é sempre recompensada a bolas de berlim ou gelados ~

Josef Koudelk

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A época da safra tem início em Março, quando são preparadas as salinas, decorrendo depois a extracção do sal durante os meses de Verão. Nenhum marnoto percebe que é jardineiro das salinas, até ao coalho passar a flor de sal. O mar-

Chega-se a um enorme largo de igreja (do carmo - Tavira). À direita um pequeno portão de ferro abre-se a um chão de terra, e logo depois à esquerda a alta porta de madeira que dá acesso aos claustros (convento do carmo) de um paraíso de cinema. Pode-se tomar café e começar a sonhar apenas de admirar os grandes cartazes de fitas mágicas… O projeccionista (andré viane), essa espécie em vias de extinção, entra na cabine. A película vai rolar. Começa a sessão. O tempo vai parar por alguns minutos. Ver um filme num grande ecrã ao ar livre, alarga os horizontes da visão e liberta o céu da imaginação (de 11 a 21 de Julho-21h30).

“CONCERTO COM ANTÓNIO ROSADO” 4 JUL | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro A Orquestra Clássica do Sul e o consagrado pianista António Rosado vão interpretar um programa composto por obras de Beethoven, de Schubert e pela estreia absoluta de uma peça de António Pinho Vargas, sob direcção do maestro Cesário Costa

Al Gharb Há um homem que anda a fotografar… a vida a sul. A sua/nossa vida na vida dele. E a paisagem, a ruína, a tradição, a modernidade, a natureza viva ou morta, a arquitectura, e todo o mais que se possa descobrir entre o céu e o mar daqui. Uma obra sem igual, um arquivo ímpar, uma colecção de temas algarvios. Há um homem – Filipe da Palma - que anda a libertar a imagem de um Algarve . Se vão visitar o Algarve têm de passar pela sua página facebook: AL Gharb (Al Gharb). E talvez passem por ele, num dos seus périplos.

Estofo de Maré sei que temos duas vidas. esta de agora em que olhamos para as coisas. e outra que já ficou para trás, essa só guardada na memória de quem a viu quando nós ainda não conseguíamos guardar a nossa própria memória. só os pais sabem tudo sobre nós. o que fomos e fizemos do tempo no tempo em que a nossa memória não estava activa. eles guardaram esse bocado remetido à nossa infância, que perdemos quando eles perdem também o seu registo de memória. assim nos tornamos adultos. esse estado de calamidade iminente.

António José Ventura (A cidade das palavras, 1994) Havia o mar ou talvez apenas uma árvore lodo, areia, ilhas na paisagem uma costa de ânforas e navegação rara. Povoámos o litoral com movimentos de lábios. Da cidade como paraíso guardo a memória de um jardim uma palmeira num quintal casas brancas de linhas definidas chaminés de fábricas o mar ao fundo como num quadro o correio do sul e um álbum com fotografias.

“QUEM MAIS GAMOU… MELHOR FICOU” 5 e 6 de JUL | 21.30 e 15.30 | Centro Cultural de Vila do Bispo A actualidade política e social do país e do mundo, bem como o quotidiano de Vila do Bispo, dão o mote a esta revista à portuguesa apresentada pelo Grupo de Teatro do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense


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Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Contos Municipais - António Manuel Venda d.r.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

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Aguardo sempre com alguma expectativa quando António Manuel Venda publica uma nova obra, desde que li o seu primeiro livro, em 1996, Quando o Presidente da República visitou Monchique por mera curiosidade. Ao longo dos anos, fui acompanhando o seu percurso literário, até que, em maio deste ano, saiu o último, intitulado Contos Municipais, editado pela Just Media. Desengane-se quem achava que uma câmara municipal não dava um divertido passatempo. Principalmente com um presidente dependente de whiskey e sempre a praguejar; com um vereador a querer estabelecer uma ligação umbilical com uma cidade imaginária do Brasil (em vez de uma simples geminação), para poder estar perto da namorada; com um partido da oposição que elege o Diabo como vereador; ou com uma secretária que passa a ferro a correspondência que o presidente amachuca… Neste novo livro, António Manuel Venda situa os acontecimentos numa edilidade na serra, nunca nomeada. Sabendo nós que o autor é de Monchique, podemos deduzir que pode ter sido a sua fonte de inspiração, mas deste modo torna-se mais ambíguo, mais universal, e pode-se aplicar a muitas outras terras por esse país fora. O mesmo se passa com os nomes: exceto a bruxa (Maria Cadela) e os diabos (Diabo e Diaba), ninguém ali tem nome próprio, mas são todos conhecidos

António Manuel Venda é natural de Monchique

pela profissão que exercem: o especialista, o funcionário, o vereador, o guarda, etc. O título diz-nos que se trata de um livro de contos, mas, na verdade, os dez casos ali narrados mais parecem capítulos de uma novela, pois entreligam-se entre si, não só pelas personagens que se repetem de história para história (o presidente da câmara, protagonista ou personagem secundária, aparece quase sempre), como pelas referências que são feitas e que remetem de uns para outros. Por exemplo, no último conto, «Com a cruz às costas», quando o presidente matuta no aproveitamento político que se pode fazer de um aparente milagre, discorre, ao mesmo tempo: «O milagre tinha

mesmo pegado. Não tinha sido como o dos diospiros, que estava rapidamente a cair no esquecimento», remetendo o leitor para a história das «Duas nuvens furiosas em pleno Verão». Bruxas e bruxedos, diabos e diabruras António Manuel Venda gosta de (e consegue) construir ambientes normais, com gente comum, nos quais circulam seres estranhos, que todos encaram com naturalidade, sem se surpreenderem, como se não vissem o impossível da situação, o que leva a que frequentemente o considerem um cultor do realismo mágico.

“BAILADO ORFEU E EURÍDICE” 11 JUL | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro É nos trezentos anos sobre o nascimento de Christoph Willibald Gluck que a Companhia Nacional de Bailado encomenda a Olga Roriz um Orfeu e Eurídice, baseado naquela que foi uma das magistrais partituras do compositor alemão

E não deixa igualmente de ser assim neste livro: há um inspetor-geral de uma «instituição de fiscalização da capital» que, tendo ido para aquela terra inspecionar as atividades da câmara, adoece e começa a inchar de tal maneira que, querendo transferi-lo para o hospital distrital, «não conseguem retirá-lo do quarto, nem pela porta nem pela janela. (…) Passados dois dias, acabaram por tomar a decisão de partir a parede, inclusive com a anuência do gerente do hotel» (p. 68). Na lista de personagens fantásticas, está um presidente de uma junta de freguesia que é um ouriço-caixeiro. Literalmente. Um bicho cheio de espinhos, dentro de uma gaiola, tapada com serapilheira. Há um vereador que se chama (e parece mesmo que é)

Diabo: «um indivíduo baixo e gordo, de fato preto, camisa preta e gravata vermelha» (p.30), que amolece o plástico da cadeira onde se senta. Há uma bruxa que faz bruxedos por encomenda e, quando não lhe pagam os serviços, fá-los por conta própria… enfim, uma panóplia de figuras e de situações que nos são mostradas como normalíssimas, apresentadas com a habilidade e a graça que reconhecemos em António Manuela Venda. Os males autárquicos Mas não só de realismo mágico é feito o livro. Há realismo muito pouco mágico, disfarçado com uma capa de humor. Para quem nunca esteve ligada a uma estrutura partidária nem fez parte de órgãos autárquicos, como é o

meu caso, vai encontrar algumas referências aos males que comummente se ouve dizer que as câmaras sofrem (e que, acredito, não se aplica a todas. Aliás, espero mesmo que não se aplique à sua maioria): que praticam um despesismo sem sentido (o presidente manda comprar dois elevadores, mas só manda montar um deles, deixando o outro fechado, bem acondicionado, pronto a ser instalado e utilizado); que há corrupção, roubos e negócios pouco lícitos; que há envolvimento entre secretárias e chefes; que há excesso de bebida; que há desinteresse pelos munícipes, exceto durante as campanhas eleitorais... Mas que não se pense que estamos apenas perante um rol de queixas. Antes pelo contrário. É muito mais do que isso. Por exemplo, ao invés de nos contar com pormenores e explicitamente que existe um relacionamento entre o presidente da câmara e aquela que nos é apresentada, logo no início, como «secretária/ assessora/ conselheira/ confidente» (p. 20), é com ironia, e de uma forma indireta, que o vamos desvendando, como se pode inferir destes dois exemplos: «A secretária não se limitou a pensar [que o Diabo estava ali], soltou imediatamente um grito, mas mais uma vez ele chegou-lhe a tempo com uma das mãos à boca. Via-se que tinha experiência nisso, em meter-lhe as mãos na boca sempre que ela ia para gritar, coisa que tinha alturas em que dava um certo jeito, como ele bem sabia» (p. 34). Ou então: «Falaram de outras coisas. Pela noite fora. Quando falaram. Nem sempre falaram. Estavam longe do concelho, numa viagem que incluía um hotel da capital» (p. 86). Este é daqueles livros pequeninos (87 páginas), que tem, certamente, muito para contar, para quem quiser (e souber) lê-lo.

“ARTE MOLE” Até 29 de JUL | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira O pintor José Maria Subtil intercala a figura humana com a paisagem, e é por esta que se tem notabilizado, sobretudo quando aborda os ambientes rurais e urbanos tradicionais do Alentejo e das Beiras


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Cultura.Sul

Prémio Maria Veleda: destacar, reconhecer, valorizar

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d.r.

O Prémio Maria Veleda, cuja apresentação e divulgação teve lugar no dia 20 de junho, em sessão pública, é um contributo, que reputamos muito relevante, da Direção Regional de Cultura do Algarve para a medida «Mulheres Criadoras de Cultura», preconizada no V Plano Nacional para a Igualdade de Género, Cidadania e Não Discriminação, a decorrer no período 2014-2017. Consubstanciada no espírito, ideário e ação de Maria Veleda, esta iniciativa propõe premiar, para destacar, reconhecer, valorizar e incentivar, a atividade cultural de indivíduos e/ou entidades e instituições algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na região, que se destaquem no âmbito da cidadania e igualdade de género, ou do combate à exclusão social, no combate à desertificação do interior da região, na educação pela arte, na valorização do património imaterial - preservação das tradições, memórias e identidade -, na revitalização dos núcleos e edifícios históricos, no desenvolvimento de projetos multidisciplinares, multiculturais e, ainda, projetos em rede. Maria Veleda, pseudónimo da farense Maria Carolina Frederico Crispim (18611955), destacou-se como uma das mais influentes mulheres do nosso País, na luta pela justiça e igualdade de oportunidades entre mulheres e homens, entre os quais o direito ao voto. Foi escritora, jornalista interventiva, professora, educadora, republicana ativa, conferencista, livre pensadora e lutadora pelos direitos das mulheres. Esta relevante personalidade algarvia foi a primeira mulher a pertencer e a fundar variados centros escolares e associações, iniciando aulas noturnas para mulheres adultas, para crianças de rua e em risco. Lutou contra a prostituição, sobretudo a infantil, e contra os abusos sexuais de crianças. Defendeu e praticou uma educação integral, laica, aliando teoria, prática, liberdade, criatividade, espírito crítico e valores

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de cidadania, para a inclusão e igualdade, recorrendo a estratégias pedagógicas que cruzavam os domínios científicos e artísticos. Maria Veleda destaca-se como uma pioneira na luta pelos direitos jurídicos, civis

Consubstanciada no espírito, ideário e ação de Maria Veleda, esta iniciativa propõe premiar - para destacar, reconhecer, valorizar e incentivar - a atividade cultural de indivíduos e/ou entidades algarvias, protagonistas de intervenções particularmente relevantes e inovadoras na região, que contribuam para a igualdade de género, a cidadania e a não discriminação social

e políticos entre os sexos. A instituição deste prémio é também uma forma de lhe render justa homenagem. O júri deste prémio, a atribuir através de concurso regional, é constituído por destacadas individualidades: António Branco — Reitor da UAlg; Idálio Revez — Jornalista; José Carlos Barros — Arqt.º Paisagista; Lídia Jorge — Escritora; Mirian Nogueira Tavares — Prof.ª Doutora; Natividade Monteiro — Professora e Investigadora; Paulo Cunha — Professor; e pelas Diretoras Regionais de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, e do Algarve, Alexandra Rodrigues Gonçalves, que preside ao júri. O prazo de candidatura ao prémio, que envolve o valor pecuniário de 5.000 euros, termina dia 20 de setembro de 2014. O regulamento pode ser consultado na página da Direção Regional da Cultura do Algarve em http://www. cultalg.pt/MariaVeleda/. Direção Regional de Cultura do Algarve


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