POSTAL 1128 - 8 AGO 2014

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1128 • Quinzenário à sexta-feira • 8 de Agosto de 2014 • Preço € 1 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

EM FOCO 2 CÂMARA DE SÃO BRÁS DESESPERA POR FUNCIONÁRIOS 4 REFER IGNORA PODERES REGIONAIS NAS OBRAS DA LINHA DO ALGARVE 5 CARTAZ SEM RIVAL NO FESTIVAL DO MARISCO 6 FUSETA CONVIDA A NADAR ENTRE MILHARES DE ATUNS 7 OLHÃO VIVE DIAS DE PIRATARIA 8 CLASSIFICADOS 10

Refer ignora poder algarvio nas obras da linha do Algarve

> A Refer anunciou 120 milhões de euros para investir na linha do Algarve, mas a AMAL e a CCDR de nada sabem. A serem chamadas a intervir nos projectos, como avança a empresa de infra-estruturas ferroviárias nacional, esperemos que não seja quando tudo estiver já decidido e somente para fazer número nos pareceres. p. 5 d.r.

d.r.

Olhão:

Anselmo Ralph fecha Festival do Marisco

Lagoa promete a melhor Fatacil de sempre >2e3

Câmara de São Brás desespera por novos funcionários >4

Marisco é rei num festival em que a música é rainha: O marisco é imperdível nestes dias em Olhão, mas a verdade é que imperdível é o cartaz de animação musical com Tony Carreira, The Gift, Xutos, Ana Moura e Cuca Roseta, além de Pedro Abrunhosa a garantirem razões de sobra para visitar a cidade entre os dias 9 e 14 de Agosto > 6 PUB

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“A melhor Fatacil de sempre” cumpre 35 anos a mostrar o Algarve A maior feira generalista a sul do Tejo “está rejuvenescida e tem uma nova roupagem”, afirma o presidente da Câmara de Lagoa, que acredita que “será a melhor Fatacil de sempre” LAGOA APOSTA FORTE ANUALMENTE naquele que é o maior

e mais notório evento do calendário local e o mais importante certame generalista na área das feiras a Sul de Lisboa. Este ano não é excepção e nem poderia deixar de haver um forte investimento na Fatacil no ano em que o evento soma 35 anos como a mais relevante montra do Algarve. Para o autarca Francisco Martins, em declarações ao POSTAL, “é sempre nosso desejo que em cada ano a Fatacil seja a melhor de sempre e este executivo camarário desenvolveu todos os esforços para que assim fosse”. Não obstante, o autarca não quer ficar por aqui. “Um certame com 35 anos não pode ficar cristalizado e tem de evoluir de acordo com as melhores soluções para se manter actual e atractivo”, refere, por isso afirma ter assumido o desafio de fazer em 2014 “a melhor Fatacil de sempre”, escolhendo este mote como lema da feira neste ano. “Já temos substanciais novidades no recinto e na forma de abordagem do certame, mas ainda não é o que queremos para o formato final que pensámos para a Fatacil, creio que no próximo ano atingiremos o objectivo pleno”, conclui o presidente da Câmara de Lagoa.

MINISTRA DA AGRICULTURA ABRE FATACIL A Fatacil, que

abre portas a 15 de Agosto e encerra a 24 de Agosto, conta

fados e entre os dias 22 e 24 o lugar de destaque vai para Joana, Benvindo Barros, Pedro Frias Band e Luís Vieira. A tudo isto a Fatacil soma exposições e seminários, mostras equestres e caninas, exibição de aves e muita animação de rua. Tudo por entre centenas e centenas de expositores, propostas para todos os gostos e muitos espaços dedicados às delícias do paladar e aos desafios dos licores de Baco.

ÔÔ Visitantes vão ter oportunidade de ver os artesãos a trabalhar ao vivo na inauguração com a presença da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas. A vinda da titular do Governo à Fatacil não é incidental, muito pelo contrário, uma vez que a feira aposta cada vez mais nos sectores do mar e da agricultura (ver notícia na página seguinte).

MAIS DO QUE TUDO LAGOA A Fa-

tacil é uma montra gigante do Algarve, mas de acordo com o presidente da câmara local, “havia um défice incompreensível

da presença de Lagoa na feira”. Uma realidade a que Francisco Martins quis pôr termo e, nessa prespectiva, a aposta na Fatacil como montra primordial do concelho de Lagoa é agora uma regra de ouro.

PROGRAMAÇÃO DIVERSIFICADA A Fatacil 2014 tem um cartaz impressionante onde figuram alguns dos nomes mais sonantes da música nacional da actualidade (ver infografia abaixo), mas mais do que os nomes

Dia 15

grandes das sonoridades lusas que prometem arrastar, como sempre, milhares e milhares de pessoas até ao palco principal do recinto, a Fatacil conta no palco Lagoa com um leque de artistas que são a prova da diversidade da programação. Sobem ao palco Ricardo Sousa, José Praia e Áqua Viva, Folequestra, Beto Kalulu & Banda e Grupo de Cantares do Parchal e da Fonte Nova, entre os dias 15 e 18, segue-se, no dia 20, uma noite de

PREÇOS CONTIDOS Quanto a preços, a Fatacil franquia a entrada aos visitantes por 3,50 euros diários e abre as portas às famílias (quatro pessoas) por 12,50 euros em cada dia. As crianças até aos 12 anos de idade não pagam a entrada no recinto. A redução dos preços é uma resposta aos tempos de contenção que se atravessam no país e não reduziram a qualidade da feira que mantém um cartaz de luxo e propostas de primeira linha para todos os visitantes. A RTP e as Antena 1 e 3 vão ser a imagem e a voz da Fatacil no país e o programa Verão Total do feriado de 15 de Agosto será transmitido a partir do recinto algarvio. Uma feira assim é imperdível e a Fatacil espera por si para momentos únicos da mais genuína identidade algarvia, nesta que é a montra por excelência da região.

O brilho da arte equestre

ÔÔ A arte equestre e as mostras daqueles que são os melhores exemplares equídeos já fazem há muito parte integrante da programação da Fatacil e este ano não será excepção. A feira vai acolher as coudelarias nacionais e receber exposições de cavalos lusitanos. Exibições de dressage, com destaque para o Algarve Dressage, que ocupará o picadeiro do recinto no dia 17, pelas 22 horas, e o espectáculo Algarve Lusitano são outras propostas fortes nesta temática. Mas ao picadeiro chegarão também as mostras dedicadas ao melhor amigo do homem, o cão. As exibições caninas prometem arrebatar os visitantes da Fatacil com o que de melhor os criadores propõem na área.

Dia 17

António Zambujo

Dia 19

Richie Campbell

UHF

Dia 16

Deolinda

Bon Giovi

Dia 18


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DESTAQUE

Textos: Ricardo Claro Fotos: Direitos Reservados

Mar e agricultura são aposta forte na Fatacil

Algarve 360 leva tecnologia à Fatacil

Ministra Assunção Cristas inaugura a feira no dia 15 de Agosto ASSUNÇÃO CRISTAS, a ministra do Agricultura e do Mar, desloca-se ao Algarve para inaugurar a Fatacil 2014 e a escolha faz todo o sentido num certame onde a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve) tem vindo, ano após ano, a reforçar a presença do sector. Ao POSTAL o responsável pela pasta da Agricultura e do Mar na região, Fernando Severino, explicou o cada vez mais notório investimento da DRAP na Fatacil, relembrando que se trata de “um certame com elevada visibilidade e que atrai muitos milhares de pessoas para quem é importante que a instituição comunique e que, simultâneamente, constitui um espaço privilegiado de promoção das potencialidades da região no mar e na agricultura e, muito em particular, para os produtos regionais. TERTÚLIAS, DEBATES, EXPOSIÇÕES E STAND INSTITUCIONAL Para cumprir o objectivo de dar a conhecer a região aos visitantes, a DRAP apostou num stand institucional de grandes dimensões, em mostras e exposições destinadas a comunicar

ÔÔ Os vinhos ocupam um lugar de destaque no certame o muito que se tem feito em prol dos sectores agrícola e do mar no Algarve e em promoção dos produtos algarvios. Destaque para as sessões de tertúlias sobre temas tão diversos como o vinho, o mar, o investimento no pescado algarvio, a dieta mediterrânica, o relevo da qualidade nos produtos regionais e sobre as novas gerações de agricultores e a aposta no rejuvenescimen-

VINHOS A CONCURSO Lugar de

to do sector.

AMAR O MAR E A TERRA Reaprender a amar o mar e a terra é o desafio que se coloca ao país e em particular ao Algarve e cujo cumprimento tem hoje melhores perspectivas do que nunca, com os apoios da política nacional do mar e os incentivos à requalificação e crescimento do sector agrícola à cabeça de uma verdadeira re-

Dia 21

Dia 20

grande relevo para os vinhos que vão competir no sétimo concurso de vinhos do Algarve. Uma vez mais os melhores entre os melhores da produção vinícola regional terão a Fatacil como palco de eleição para serem anunciados. A visita à Fatacil ganha assim várias razões adicionais para ser imprescindível, uma oportunidade rara de conhecer melhor o sector primário da região.

Dia 23

Quim Barreiros

Lucky Duckies

volução na consciência de que estes sectores são fundamentais para Portugal e para a região. Neste âmbito, o director regional recorda o esforço feito em sede de PRODER e PROMAR e os resultados positivos obtidos na região durante o último quadro de apoio de fundos da União Europeia. É a esta evolução que importa dar rosto e é este caminho que importa mostrar como uma rota possível e desejável e, nesta medida, a Fatacil é um momento único para chegar junto das pessoas e dar a conhecer as potencialidades em áreas tão diversas como o mel, o vinho, a aquicultura, a produção frutícola, entre outras.

ÔÔ A Fatacil é feita de muitas vertentes e também a tecnologia marca presença com a Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) a levar ao certame a última palavra em muppies interactivos. Este é um projecto da Canalalgarve, empresa detida pela ACRAL, que está a instalar uma rede de muppies interactivos, sob o nome ‘Algarve 360’, em várias localizações na região, com o objectivo de tornar mais simples e relacional a obtenção de informação pelos algarvios e turistas. Os muppies com ecrã táctil permitem aos transeuntes aceder a informação sobre pontos de interesse turístico, comércio e serviços, notícias, eventos culturais, mapas e roteiros, navegando facilmente nos muppies que podem encontrar nas ruas algarvias. Neste momento já se encontra instalado um muppie interactivo em Vila Real de Santo António (Praça Marquês de Pombal), a que se seguirá um segundo em Faro (junto ao Coreto do Jardim Manuel Bívar) a partir do próximo dia 14. A capital de distrito vai contar com vários destes equipamentos e a cidade de Olhão vai instalar em breve três destes modernos sistemas públicos de informação. Na Fatacil estarão instalados durante o certame dois mup-

Pedro Abrunhosa

Ana Moura

Dia 22

Xutos & Pontapés

Dia 24

pies interactivos que permitirão aos visitantes da feira experimentar esta nova forma de navegação através de um interface público e pensado para responder de forma eficiente às necessidades informativas dos utilizadores. Para Vítor Guerreiro, presidente da ACRAL, em declarações ao POSTAL, “a presença da associação na Fatacil com esta nova tecnologia insere-se numa estratégia que a ACRAL está a desenvolver e que pretende disponibilizar informação em tempo real sobre toda a região a todos os algarvios e visitantes assente num sistema em rede e apostada na dinamização da economia em geral e do comércio e serviços, bem como, do turismo em particular”.


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Cartaz sem rival no Festival do Marisco pág. 6

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Câmara de São Brás desespera por funcionários Vítor Guerreiro quer regime de excepção para contratação de pessoal d.r.

ÔÔ Vítor Guerreiro quer reforçar o quadro de pessoal da autarquia

O PRESIDENTE DA CÂMARA DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL entre-

gou na passada segunda-feira ao ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional um pedido de regime excepcional de contratação para poder reforçar o quadro de pessoal de vários serviços camarários daquele concelho algarvio. “Estamos com muita dificuldade para conseguir prestar o serviço que gostaríamos e que por lei temos de prestar à nossa população porque temos uma grande carência de funcionários operacionais em áreas como a recolha de resíduos, saneamento básico e serviço de águas”, explicou à Lusa o autarca de São Brás de Alportel. Vítor Guerreiro contou que quando um funcionário do serviço de recolha de resíduos entra de baixa médica o camião de recolha não pode funcionar e o município tem de contratar uma empresa privada, situação que disse ser mais dispendiosa. O impedimento surge através da Lei n.º3-B/2010, Lei de Orçamento do Estado para 2010 para a limitação de recrutamento de pessoal nos serviços públicos.

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CÂMARA TEM FALTA DE 12 FUNCIONÁRIOS O pedido não é de agora, Vítor Guerreiro contou que o problema já era sentido no início deste mandato autár-

quico, altura em que em reunião com o secretário de Estado das Autarquias Locais recebeu a promessa de que o Governo iria ponderar um regime de excepção para as autarquias que têm capacidade financeira. Vítor Guerreiro disse não ter recebido até hoje resposta ao pedido e que, desde então, já se reformaram mais alguns funcionários, tendo o município falta de 12 funcionários. “Acaba por ser caricato, nós sermos limitados nas despesas com pessoal e não podermos aumentar o número de funcionários como se não soubéssemos gerir a nossa casa (...) mas se quiséssemos gastar dinheiro em actividades culturais, artistas e festas por lei podíamos fazê-lo”, comentou, frisando que a autarquia não tem dívidas e tem os pagamentos em dia. Para colmatar a falta de funcionários a autarquia tem recorrido a pessoas inscritas no Instituto de Emprego e Formação Profissional através dos contratos Emprego-Inserção. Vítor Guerreiro considera que esta solução não é adequada até porque esses funcionários têm direito a um dia para procurar trabalho e se arranjarem colocação vão embora deixando os serviços da câmara quando finalmente já estavam inteirados dos procedimentos. Lusa


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região

Fuseta convida a nadar entre milhares de atuns pág. 7

Refer ignora poderes regionais nas obras da linha do Algarve Jorge Botelho e David Santos não têm até agora informação da Refer sobre as obras d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

JORGE BOTELHO, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, é claro “a AMAL não foi até ao momento contactada pela Refer sobre quaisquer projectos de obras na linha do Algarve, nem foi contactada para acompanhar o presidente da Refer na visita que terá feito à linha do Algarve recentemente”. A resposta dada ao POSTAL vem no seguimento da visita que o presidente da empresa responsável pela infra-estrutura ferroviária nacional fez à região, sexta-feira da passada semana, onde anunciou investimentos de 120 milhões de euros na ferrovia regional. Para Jorge Botelho, “tratou-se de uma visita para anunciar obras na linha do Algarve para o horizonte 2016 - 2021, que são positivos mas que até ao momento não têm qualquer contributo da estrutura representativa das autarquias da região”, a AMAL. O também autarca de Tavira afirma “desconhecer qualquer estudo ou projecto que a Refer esteja a utilizar para definir as intervenções a realizar na linha do Algarve” e não compreende que uma intervenção desta im-

ÔÔ As obras estão previstas para os anos de 2016 a 2021, diz o presidente da Refer, Rui Loureiro (foto da direita) portância possa ser feita à revelia de uma consulta prévia aos municípios que são, afinal, quem mais de perto conhece as necessidades das populações da região.

CCDR TAMBÉM NÃO TEM INFORMAÇÃO Por outro lado, o pre-

sidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve confirmou ao POSTAL que até à passada segunda-feira “não tinha conhecimento directo de nenhuma das intenções da Refer em termos concretos”. Muito embora o presidente da Refer afirme que vai ouvir as autarquias da região no processo de requalificação da linha do Algarve, certo é que

até ao momento as decisões da Refer ignoram por completo os poderes regionais e parecem remeter a respectiva intervenção para um momento em que a empresa já terá ideias concretas do que quer fazer. Esta é uma realidade que pode pôr em causa a eficiência das decisões a tomar face às necessidades das populações e uma intervenção deste relevo na ferrovia não é compaginável com outra situação que não a da integração plena e permanente de todos os decisores políticos algarvios no planeamento dos projectos e obras.

REFER JÁ TEM DECISÕES A falta de sinergias entre a Refer e os

Assine o

poderes locais e regionais é já notória, com o presidente da Refer a afirmar à Lusa que não estão equacionadas nenhumas variantes ao actual traçado da linha do Algarve. A existirem alterações estruturais não serão desvios para aproximar ou afastar a linha dos seus percursos actuais, mas sim “a eventual relocalização de algumas estações no Algarve, o que passa por criar novas e abandonar outras mais antigas”, acrescentou Rui Loureiro, lembrando que a linha do Algarve foi criada há mais de 100 anos”, refere o responsável. Numa primeira fase avança a electrificação da linha, diz o titular da Refer, esclarecendo que “os trabalhos devem

iniciar-se em 2016, estando a sua conclusão prevista para 2019”. A mesma bitola será seguida para a intervenção ao nível da sinalética e sistemas de gestão de tráfego. A electrificação atingirá a totalidade dos troços ainda não electrificados que ligam Tunes a Lagos e Faro a Vila Real de Santo António.

AEROPORTO TERÁ COMBOIO EM 2021 Para 2021 está pre-

vista a conclusão do ramal de ligação ao Aeroporto de Faro, que permitirá a circulação de mercadorias e passageiros desde e para a principal porta internacional de comunicação do Algarve, uma obra que se entronca com a plataforma logística

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NOME __________________________________________________________________________________________________________________________ MORADA __________________________________________________________________________________________ NIF

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de Loulé. O início das obras para a concepção do ramal para o aeroporto só está previsto para 2017, e só esta obra está orçada em mais de 60 milhões de euros. A electrificação da linha do Algarve vai permitir que os comboios utilizados passem todos a ser eléctricos, possibilitando que atinjam maior velocidade e que sejam mais frequentes, em termos de horários, o que resultará numa melhoria do serviço, perspectivou o presidente da Refer, que percorreu a linha regional numa viagem de reconhecimento da realidade no terreno. Assumindo que a linha necessita de algumas correcções, Rui Loureiro observou, contudo, que a plataforma “está bastante razoável” e a colocação de sinalização é prioritária para garantir a segurança dos comboios e maior pontualidade. Entretanto, resta esperar que as autoridades regionais e locais não sejam tardiamente confrontadas com projectos fechados e convidadas a pronunciarem-se formalmente sobre uma matéria fundamental, deixando-lhes apenas o espaço de manobra necessário para contestarem decisões já tomadas nos corredores de outros poderes.

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Olhão vive dias de pirataria pág. 8

ZZZ pág. ##

Cartaz sem rival no Festival do Marisco Olhão prepara seis dias de arromba com o melhor da música nacional Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

OLHÃO VAI TER ENTRE 9 E 14 DE AGOSTO uma oferta musi-

cal única na região e mesmo em todo o sul do país. A verdade é que nos seis dias do Festival do Marisco não há rival para o cartaz preparado pela autarquia liderada por António Pina para aquele que é o evento maior do concelho de Olhão. É de marisco e dos melhores pratos de frutos do mar que se faz o festival olhanense e a procura é sempre muita, com milhares e milhares de pessoas a fazerem de Olhão uma paragem obrigatória por estes dias, mas este ano a aposta do município é fortíssima com alguns dos melhores nomes

da cena musical portuguesa a marcarem presença no Jardim Pescador Olhanense. E há música para todos os gostos, como há pratos para todos os paladares com a Ria Formosa sempre como pano de fundo. Tony Carreira abre as performances e garante enchente logo no dia 9, com as fãs a terem, uma vez mais, o seu ídolo por terras de Olhão. A fechar o festival, no dia 14, sobe ao palco Anselmo Ralph e o ritmo único de fusão daquele que é um dos rostos mais visíveis da música pop portuguesa da actualidade. Pelo meio ficam os espectáculos imperdíveis de The Gift, Xutos & Pontapés, Ana Moura e Cuca Roseta e Pedro Abrunhosa e assim se completa um cartaz de luxo que pub

d.r.

obriga a várias marcações na agenda de quem tem vontade de ver ao vivo ídolos da arte de cantar.

O MARISCO Mas o Festival do Marisco, como o nome indica, é acima de tudo a montra maior do marisco, especialmente daquele que é oriundo da Ria Formosa, que banha Olhão de lés-a-lés, e é esta a razão de ser deste evento que, em 2014, tem a sua 29ª edição. Apresentado em conferência de imprensa na cidade cubista, o festival apresenta-se em toda a sua pujança, porque afinal, como refere o autarca António Pina, “é em tempos de crise que devemos fazer um esforço maior para manter a qualidade”. De entre as novidades apre-

ÔÔ Os The Gift são um dos nomes fortes do cartaz de 2014 sentadas para esta edição está a possibilidade de adquirir os bilhetes através da Ticketline, ou seja, em qualquer ponto do país é possível comprar o ingresso para a festa maior do concelho olhanense.

O PREÇO DOS BILHETES Já a compra dos bilhetes no local do festival pode ser realizada a partir das 18.30 horas, todos os dias do certame. Quanto a preços, os adultos pagam nove euros para

aceder ao recinto - excepto no dia 14, data da actuação de Anselmo Ralph em que o preço sobe para os 12 euros -, enquanto as crianças entre os sete e os 12 anos pagam quatro euros. Até aos seis anos a entrada no festival é gratuita. O Festival do Marisco abre as portas todos os dias às 19.30 horas e o fecho do evento ocorre pela uma hora da manhã. A câmara olhanense não deixa os créditos por mãos alheias e aguarda a presença no festival de mais de 50 mil visitantes, número em linha com as anteriores edições e que se atinge com um investimento semelhante ao do ano anterior, a rondar os 600 mil euros.

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região

Eurocidade ZZZ pág. ## do Guadiana ganha rede de transportes pág. 9

Fuseta convida a nadar entre milhares de atuns Diversão num ambiente único e desafiante garantem experiência rara e carregada de emição A ESCASSOS QUILÓMETROS DE OLHÃO, frente à ilha da

Fuseta, é agora possível mergulhar numa estrutura que alberga cardumes de mais de mil atuns, actividade lúdica que visa também mostrar o sector da captura de atuns no Algarve. Desde que se iniciou a actividade, a 19 de Junho, já se realizaram mais de 50 mergulhos, com grupos até 15 pessoas, que mergulham com garrafa a uma profundidade de 15 metros ou em apneia, contou à Lusa António Pedro, da área comercial da Tuna Dive Tours. “O que as pessoas nos dizem é que não faziam ideia do que era uma estrutura destas e a forma como se consegue ver um cardume”, afirmou, acrescentando que este é o único local do país onde actu-

d.r.

almente se pode fazer mergulho com atuns, em ambiente controlado. Os atuns ali capturados, com uma média de peso de 150 quilos, são transportados em grande quantidade para o Japão, na carga de aviões comerciais, sobretudo a espécie bluefin, uma das mais apetecíveis para o mercado do sushi e cuja rota migratória passa pelo Algarve.

MERGULHOS DURAM ENTRE 30 A 40 MINUTOS Segundo António

Pedro, a Tunipex - que existe há 20 anos e é a ‘mãe’ da Tuna Dive Tours -, decidiu apostar nesta área de negócio também para mostrar a sustentabilidade da actividade de captura dos atuns. “Há uma ideia errada da nossa actividade enquanto

ÔÔ Actividade lúdica mostra o sector da captura de atuns no Algarve pesca, que é o que há de mais sustentável, uma vez que, por exemplo, ao contrário do arrasto, nós temos hipótese de selecção e podemos libertar o pub

pescado”, explicou. O responsável contou ainda que os mergulhos duram entre 30 a 40 minutos, descrevendo os atuns como peixes “fugi-

dios” e pouco curiosos com a presença humana, mantendo, por isso, uma certa distância. A Tunipex – administrada por um japonês e que em 1994

integrou a empresa japonesa Arai Soji -, é por enquanto o único operador conhecido com armação de atum em actividade em mar português, embora haja outros projectos no Algarve. Se em 1950 a captura de atum era um negócio com grande potencial no Algarve, em 1972 foi extinta uma das últimas estruturas de apoio às armações de pesca de atum Arraial Ferreira Neto, em Tavira -, hoje transformada em hotel. Foi preciso esperar mais de 20 anos até que aquela arte piscatória fosse retomada em Olhão, onde trabalham actualmente, na armação da Tunipex, 45 pessoas, na sua maioria portugueses, mas também japoneses. Lusa pub


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região

ZZZ pág. ##

Macário Correia quer reposição do ‘bom nome’

Olhão vive dias de pirataria Três dias de um evento inovador que promete encher a cidade do imaginário das histórias de pirataria d.r.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A PIRATARIA , os piratas e as

histórias que povoam o nosso imaginário com salteadores dos sete mares são o mote escolhido para três dias de sonho e fantasia que Olhão propõe, entre 19 e 21 de Agosto, para a frente ribeirinha da cidade. Não se trata de uma feira, nem de um mercado, nem de um certame ou simples evento. É um convite a viver por dentro a alma de uma terra de maresia e marinheiros tomada de assalto por piratas, mercadores, soldados e vendedeiras, e tolhida por multidões de marinheiros, carregadores e gentes de outras sortes típicas do século XVIII. À beira mar se vive e à beira mar se fazem as naus às ondas do imenso azul, por entre fábulas e lendas e verisímeis histórias de encantar. Num ambiente de bulício e azáfama mercantil de um cais assoberbado pela po-

ÔÔ Piratas invadem Olhão durante três dias pulaça e pelas vidas de quem está num tempo diverso, vivido no nosso tempo, num convite a deixar-se levar pela arte de imaginar. Estes piratas não são nem bons nem maus, são um misto

de admiração e medo e pouco nos surpreende que tenham gerado tantos mitos e lendas. Navegando entre a fantasia e a realidade, a Companhia de Teatro Viv’Arte iça as perspicazes velas do engenho e da arte fa-

Ex-autarca volta a recorrer da condenação à perda de mandato

zendo reviver a época dourada da pirataria. Nesta fronteira, entre a fantasia e a realidade, encontra-se um equilíbrio que satisfaz por um lado o rigoroso apuro da recriação histórica e por outro a lúdica recreação das nossas fantasias. A proposta de trabalho assenta essencialmente na compilação teatralizada de episódios da vida de D. João V, aliando a partilha do rigor histórico com a fantasia e criatividade, os actores vestirão as diferentes personagens, fruto de estereótipos da época. Uma viagem no tempo repleta de pedagogia, diversão e humor, que satisfaz por um lado as necessidades de partilha da história local e por outro integra e harmoniza as instituições locais através de um trabalho de cooperação que a Câmara de Olhão, dirigida por António Pina, promete inovar e deslumbrar quem escolha a cidade cubista para piratear durante estes três dias.

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NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Clínica Geral Pediatria Medicina Interna Psiquiatria Pediatria do Desenvolvimento Terapia da Fala Fisioterapia Terapia Ocupacional Psicomotricidade Dietética e Nutrição Enfermagem Psicologia Clínica Psicologia Educacional

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Nos termos do art.º 100.º, n.º 1, do Código do Notariado, faço saber que no dia dezasNos termos do Artigo 100.º, n.º 1, do C.N., faço saber que no dia 15/07/2014, a folhas 137, do livro de notas para escrituras diversas número 170 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação, na qual: ANATÍLIA MASCARENHAS JOÃO, NIF 139.798.404, natural da freguesia de S. Pedro, concelho de Faro e marido JOÃO ALVES TEIXEIRA, NIF 137.970.579, natural da freguesia de Caramos, concelho de Felgueiras, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em São João da Venda, Casa da Ponte, Almancil, Loulé, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios, todos sitos em Pêro Chumaço, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: a) Prédio urbano composto por edifício térreo com diversos compartimentos, com a área de 25 m2, a confrontar do norte, sul, nascente e poente com João Alves Teixeira, inscrito na matriz sob o artigo 577. b) Prédio rústico, composto por terra de cultura e pastagem com diverso arvoredo, com a área 4.500 m2, a confrontar do norte e poente com Agostinho Nascimento Teixeira, do sul com António Eusébio e do nascente com Manuel Anica Afonso, inscrito na matriz sob o artigo 22. c) Prédio rústico, composto por terra de pastagem com arvoredo, com a área de 100 m2, a confrontar do norte com Salvador dos Santos Costa, do sul com Manuel Martins Teixeira, do nascente com barranco e do poente com Francisco Joaquim Cavaco, inscrito na matriz sob o artigo 220. Que eles justificantes adquiriram os prédios, no ano de 1982, por compra verbal a José João e mulher Joaquina Costa. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, de forma pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião. Vai conforme o original. Tavira, em 15 de Julho de 2014,

Registo na Entidade Reguladora da Saúde sob o nº E115161 Rua Actor Nascimento Fernandes, nº1 – 1ºandar,8000-201Faro Telefone: 289 813 183 Telemóvel: 969 267 369 / 917 753 239 E-Mail: clinicapatris21@gmail.com (15h ás 19h)

A funcionária por delegação de poderes (Ana Margarida Silvestre Francisco - Inscrita na O.N. sob o n.º 87/1) (POSTAL do ALGARVE, nº 1128, de 8 de Agosto de 2014)

d.r.

O ANTIGO PRESIDENTE das Câ-

maras de Faro e Tavira Macário Correia considerou ter “direito ao bom nome” e anunciou que vai recorrer novamente da sentença que o condenou à perda de mandato por licenciamentos de obras particulares. Em declarações à Lusa, Macário Correia disse que o recurso vai ser submetido mais uma vez junto do Supremo Tribunal Administrativo, mas com uma nova argumentação sobre os “casos concretos”, que o antigo autarca disse terem sido considerados nas primeiras instâncias e nas instâncias de recurso não, com decisões contraditórias, no primeiro caso favoráveis e no segundo desfavoráveis. “Eu fui acusado num processo genérico, sem que os casos concretos tivessem sido analisados de ‘per si’, o que é perfeitamente injusto. Ou seja, alguém é condenado na base de umas suposições, sem que as situações especiais sejam tratadas individualmente e sejam analisadas. E quando analisadas, vem-se a provar sucessivamente que os tribunais me dão razão, o que deita por terra o fundamento da acusação, que deixa de existir”, afirmou Macário Correia. O antigo autarca, que foi condenado à perda de mandato por factos ocorridos quando presidia à Câmara de Tavira, considerou que tem “direito à reposição da verdade” e do seu “bom nome”, depois de ter sido, acrescentou, “acusado por coisa nenhuma”. “A legislação prevê o recurso de revista sempre que factos posteriores venham a demonstrar que é infundada a argumentação na qual recaiu o acórdão”, justificou ainda o antigo autarca.

RECURSO VAI SER SUBMETIDO AO SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO Macário Correia

acrescentou que o recurso vai ser submetido “ao Supremo Tribunal Administrativo, onde a decisão foi tomada”, e visa “provar com documentos judiciais que não havia fundamento na decisão”.

ÔÔ Macário regressa aos tribunais pelo, diz, “bom nome”

Macário Correia deixou em Outubro de 2013 a presidência da Câmara de Faro, onde permaneceu (eleito pela coligação PSD/ CDS-PP/PPM/MPT) até às eleições de 29 de Setembro, aguardando por um último recurso judicial contra a perda de mandato, decretada pelo Supremo Tribunal Administrativo por irregularidades no licenciamento de obras particulares em Tavira. Em Julho de 2013, Macário Correia esteve cerca de 20 dias com o mandato suspenso, enquanto aguardava a análise do recurso apresentado quanto à sua condenação à perda de mandato, no qual enfatizava que os factos que levaram à condenação mereceram “três decisões opostas entre si” dos vários tribunais que apreciaram o caso. Em Março desse ano, o autarca tinha apresentado um pedido de uniformização de jurisprudência, que foi aceite pelo STA, após o chumbo de três recursos para o Tribunal Constitucional. Em Abril, o STA decidiu suspender o acórdão emitido em Junho do ano passado que condenava Macário Correia à perda de mandato, mas posteriormente os juízes acabaram por produzir um novo acórdão a confirmar a decisão. Lusa


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região

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Eurocidade do Guadiana ganha rede de transportes Cidadãos dos três municípios podem beneficiar de descontos d.r.

O SALÃO DE PLENOS, da autar-

quia de Ayamonte, foi o local escolhido para a apresentação da rede de transportes da Eurocidade do Guadiana (Ayamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António). Sendo a mobilidade uma área de intervenção estratégica para a Eurocidade, vai arrancar já em Setembro um serviço regular de transporte público de passageiros, colmatando uma das grandes faltas que se sentem no território neste âmbito. A nova linha de transportes, apresentada chama-se “Linha Regular Intercity Eurocidade do Guadiana”. Segundo o representante da Cooperativa Española, vai ser assegurado “um serviço regu-

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289 825 075 / 967 757 673 Protocolos mensais com: ÔÔ Serviço de transportes da Eurocidade arranca em Setembro lar internacional de transporte rodoviário de passageiros, permitindo ligar, de forma permanente e durante todo o ano, os três municípios da Eurocidade do Guadiana”. O serviço será prestado diariamente, ligando as principais localidades e

os principais núcleos turísticos. No âmbito dessa colaboração, os munícipes do território da Eurocidade poderão beneficiar de um desconto no preço dos bilhetes mediante a apresentação do Cartão do Eurocidadão. pub

MUNICÍPIO DE TAVIRA EDITAL nº. 35/2014 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 22 de julho de 2014, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 125/2014/CM, referente à 4.ª alteração às Grandes Opções do Plano e Orçamento de 2014; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 126/2014/CM, referente à Atribuição de apoio à Associação das Obras Assistenciais da Sociedade de São Vicente de Paulo; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 127/2014/CM, referente à Atribuição de apoio financeiro ao Centro Paroquial de Cachopo para aquisição de viaturas; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 128/2014/CM, referente à Atribuição de apoio ao Rancho Folclórico de Santo Estevão no âmbito do XXIV Festival de Folclore; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 129/2014/CM, referente ao Protocolo a celebrar com o Centro Paroquial de Cachopo - Apoio para obras de reparação da cobertura do Lar; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 130/2014/CM, referente à Atribuição de bolsas aos jovens participantes - Programa Municipal “Tavira - Férias Ativas” - Ano 2014; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 131/2014/CM, referente à Anulação da dívida em execução fiscal em nome de TAVICENTRO - Artigos de Papelaria e Livraria Unipessoal, Lda. - Retificação da proposta n.º 121/2014/CM; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 132/2014/CM, referente à Anulação de receita referente a transporte em ambulância - Maria Teresa Matos Lourenço; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 133/2014/CM, referente à Redução de taxas municipais ao Rancho Folclórico de Tavira, no âmbito da realização de baile e do XXV Festival de Folclore “Cidade de Tavira”; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 135/2014/CM, referente a Aprovação do Relatório Final - Projeto Alcatruz CLDS; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 22 de julho do ano 2014 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1128, de 8 de Agosto de 2014)

Albufeira: Centro Clínica Arcadas S. João ı Aljezur: Farmácia Aljezur ı Castro Marim: Cruz Vermelha de Altura ı Faro: Farmácia Almeida ı Farmácia Huguette Ribeiro (Patacão) ı Casa Do Povo Estoi ı Lagoa: Clínica de Lagoa ı Lagos: Clínica Lacobrigense ı Farmácia Praia da Luz ı Loulé: Clínica

de Medicina & Cirurgia - CMC ı Centro Clínico Almancil ı Policlínica Eurosaúde (Quarteira) ı Idealclínica - (Vilamoura) ı Assoc. In-Loco (Salir) ı Olhão: Policlínica Etienne ı Portimão: Policlínica da Mó ı São Brás: Clínica S. Brás ı Silves: Xelclínica ı Clínica Osteoreuma (S.B. Messines) ı Tavira: Cruz Vermelha Tavira ı Parafarmácia Pharmaromus ı Farmácia

Tavares (Stº Estêvão) ı Clínica Santiago - Tavimédico ı Vila do Bispo: Parafarmácia MC Farma (Sagres) ı Vila Real de Sto. António: Clínica S. Cristóvão ı Clínica Stº António ı Baixo Alentejo: Farmácia Mil Fontes ı Casa do Povo Stª Clara-a-Velha E ainda em todas as Juntas de Freguesia do Algarve e Baixo Alentejo

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AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 29 de Julho, para o Cemitério de Conceição de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade.

AGRADECIMENTO A família enlutada cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 10 de Julho, para o Cemitério de Vila Nova de Cacela, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso.

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Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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O POSTAL

última

regressa no dia 22 de Agosto

Tiragem desta edição:

9.650 exemplares

Gisela João e Orquestra Clássica do Sul dão concerto em Faro FARO RECEBE O FESTIVAL CAIXA A SUL esta sexta-feira, pe-

las 22 horas, com um dos três concertos mais marcantes, juntando a fadista Gisela João e a Orquestra Clássica do Sul em palco, no Largo da Sé. A Orquestra Clássica do Sul, que comemora em Agosto 11 anos de existência, actua ao lado de Gisela João, artista revelação no fado português, cujo álbum de apresentação foi considerado como o mais importante disco de estreia em Portugal no século XXI, cujas vendas já lhe valeram um Disco de Ouro. O seu talento, várias vezes comparado ao de Amália garntiu-lhe já o Globo de Ouro de Melhor Intérprete em 2014. Os bilhetes para este concerto estão à venda na sede da Orquestra Clássica do Sul e no Museu Municipal de Faro e custam oito euros para o público em geral,

sendo que os clientes e colaboradores da CGD têm um desconto de 25% na aquisição de um máximo de dois bilhetes, mediante a apresentação de cartão de colaborador ou cartão de débito/ crédito da CGD. Para os visitantes da Festa da Ria Formosa (que decorre até ao próximo domingo) que realizem uma compra superior a 15 euros no evento, será oferecido um vale de desconto de um euro para a aquisição de um bilhete para o concerto do Festival. Para além deste concerto, a Orquestra Clássica do Sul e Gisela João têm ainda mais duas actuações inseridas no Festival, mais precisamente no dia 9 em Lagos e no dia 23 em Altura. Em S. Brás de Alportel (dia 15) e no Castelo de Mértola (no dia 16, que marca a primeira incursão deste festival no Alentejo) vão realizar-se dois concerpub

tos da Orquestra Clássica do Sul, baseados em Músicas de Filmes. Este festival integra-se no Projecto Orquestras da CGD em co-produção com a Orquestra Clássica do Sul e, neste caso, conta com a colaboração do Município de Faro.

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Empreendedor: uma atitude de vida

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As Primeiras Coisas

Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO p. 11

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2

08.08.2014

Cultura.Sul

Editorial

Espaço CRIA

‘Out of the box’

Ser empreendedor, uma atitude de vida

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com Susana Imaginário Psicóloga e Gestora de Ciência e Tecnologia do CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da UAlg

O CRIA, Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, no âmbito do projeto Algarve 2015 – Empreender e Inovar +, associou-se aos Cursos de Verão da UAlg e mostrou que “é de pequenino que se torce o pepino” através da realização do curso “Ser Empreendedor – Uma Atitude de Vida”. Este curso, distribuído por duas edições semanais, foi frequentado por jovens entre os 15 e os 19 anos de escolas básicas e secundárias das regiões do Algarve e do Baixo Alentejo. Vivemos numa época em que somos frequentemente bombardeados com notícias que apontam para a existência de uma grave crise económica, sendo o empreendedorismo e a criação de empresas ou do próprio emprego apontados como possíveis soluções para o aumento da competitividade da

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro

cos da região; que promovam a iniciativa empresarial e o empreendedorismo jovem, nomeadamente no sector primário, na indústria transformadora, nos serviços avançados de tecnologia e turismo, nas indústrias culturais e criativas, e na saúde d.r.

Qualificado, I&DT e Inovação, este projeto oferece uma série de atividades que contribuem para a criação de consórcios Empresa – Universidade para o desenvolvimento de projetos de I&DT com o objetivo de valorizar comercialmente os recursos naturais, científicos e tecnológi-

e bem-estar; e que dinamizem a criação no Algarve de um ecossistema de inovação que estimule e apoie o surgimento de novos produtos e serviços. Com a realização deste curso pretendeu-se sensibilizar os jovens estudantes para a temática do empreendedorismo e da ino-

vação, procurando demonstrar a importância do desenvolvimento de novos produtos e serviços na economia da região e do país. Ao longo de cada uma das edições do curso os alunos tiveram a possibilidade de conhecerem e desenvolverem as suas competências empreendedoras, de contactarem com os passos e processos necessários para a criação de uma empresa e de aprenderem a importância da propriedade intelectual e da imagem corporativa. Estes jovens tiveram ainda a possibilidade de conhecer a experiência de algumas das empresas ajudadas pelo CRIA e de visitarem algumas das empresas incubadas na Universidade do Algarve, conhecendo as suas histórias e os seus empreendedores. Com este curso colaboraram as empresas EasySensing e Gyrad, na primeira edição, e Caviar Portugal e Untapped Events, na segunda. No âmbito das atividades deste projeto foi ainda realizado o concurso “Ideias em Caixa 2013” e têm sido efetuados vários workshops e seminários de sensibilização para a temática do empreendedorismo junto de jovens estudantes em colaboração com Associações de Estudantes e com outras entidades de Promoção do Desenvolvimento Local.

Juventude, artes e ideias

A lenda do Arraúl

Vítor Dias

Presidente da GORDA

Sou um filho de Olhão e sinto um certo orgulho pelo trabalho de embelezamento levado a cabo na zona histórica da cidade, depois de muita critíca e má vontade o resultado foi muito bom. Adorei a ideia das estátuas da Floripes e do menino dos olhos grandes, e só é pena que não se tenha colocado também uma estátua do Ar-

raúl, muito mal comparado, depois da obra feita, é como se um individuo depois de se ter vestido a rigor para uma cerimónia se tenha esquecido de pôr a gravata. E já que falei no Arraúl, e com todo o respeito pela história colocada na placa que é dedicada a esta personagem do nosso imaginário, deixem-me discordar. O que eu sei deste Arraúl é que era um homem estranho e singular que quando bebia água férrea urinava arame farpado, assava sardinhas debaixo de água com um tromax acesso e tinha uma árvore no quintal que dava pãezinhos com manteiga, tinha em casa um porco e quando queria um bife cortava um bocado de carne do lombo do

d.r.

Paginação: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço CRIA: Hugo Barros • Espaço Educação: Direcção Regional de Educação do Algarve • Espaço Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Momento: Vítor Correia • Panorâmica: Ricardo Claro • Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires Colaboradores desta edição: Isabel Valverde Marco Sousa Santos Paulo Côrte-Real Paulo Serra Susana Imaginário Vítor Dias Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelagoncalves3@gmail.com

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve d.r.

A Cultura é cada vez mais uma realidade que se quer ‘out of the box’, e quer-se assim nas mais diversas vertentes. Se por um lado a Cultura se quer cada vez mais fora de portas - em particular nestes tempos de estio -, ela quer-se também cada vez mais liberta dos formatos tradicionais e das elites culturais tantas vezes bafientas. A Cultura saltou para as ruas, abandonou as tradicionais tábuas, fez-se maior e ganhou maioridade e, não de somenos, conquista a cada passo transversalidade. A noção de Cultura e de bens culturais são hoje conceitos indeterminados e revelam as mais variadas formas e meios de consubstanciação. Desamarrada de preconceitos ou supostas limitações, a Cultura é hoje outra realidade diversa da de outros tempos e é-o a bem de todos e de si própria enquanto actividade criativa e, diga-se sem pudores, económica. Por outro lado, os gestores e actores culturais foram, pela evolução do seu conhecimento do próprio métier e pelas contingências de uma economia largamente marcada pelas restrições, forçados e de um mesmo passo capazes de pensar a gestão cultural e dos espaços culturais ‘out of the box’. Do falar sobre sinergias se passou à efectiva potenciação das mesmas, do favor ao produto cultural local se passou à sua inclusão regular nos programas, das soluções tradicionais de programação e bilheteiras se passaram a soluções em que as responsabilidades e riscos são partilhados por todos os actores da produção cultural. Estas são algumas diferenças, filhas da necessidade, mas também filhas da arte e do engenho de quem para todos cria, gere e programa a cena cultural. E são diferenças, a larga maioria das vezes, positivas porque mais justas e abrangentes e mais transversais e globalmente satisfatórias. Há a cada passo uma nova forma de fazer Cultura e ainda bem porque o passado dificilmente se fará, neste como noutros campos, novamente presente.

economia e para geração de emprego qualificado. É com base neste pressuposto que surge o projeto Algarve 2015. Tendo como âmbito geográfico o território algarvio, uma das regiões mais deficitárias ao nível do Empreendedorismo

Ficha Técnica:

Tiragem: 9.650 exemplares

porco e aplicava tintura, e um dia queria um presunto cortou uma perna ao porco e aplicou-lhe uma perna de pau.

Ou, se calhar não é esta a lenda e isto é tudo mentira. Parabéns Câmara Municipal de Olhão.


Cultura.Sul

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO | “VILA REAL A CÉU ABERTO” - CINEMA AO AR LIVRE | JARDINS DA AVENIDA DA REPÚBLICA | 22 HORAS

Cinema marca presença no Verão em Tavira

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com

d.r.

13 AGO | AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO, Miguel Gomes, Pt, 147’ M/12 20 AGO | O VAGABUNDO, Charles Chaplin, EUA, 1915, 25’, M/4 O IMIGRANTE, Charles Chaplin, EUA, 1917, 30’, M/6 O CIRCO, Charles Chaplin, EUA, 1928, 71’, M/6 27 AGO | ANTES DA MEIA-NOITE, Richard Linklater, EUA, 108, M/12

8 AGO | DALLAS BUYERS CLUB (O CLUBE DE DALLAS), Jean-Marc Vallée, E.U.A., 2013, (117’), M/16 9 AGO | HER (UMA HISTÓRIA DE AMOR), Spike Jonze, E.U.A. 2013, (126’), M/16 10 AGO | SHORT TERM 12 (TEMPORÁRIO 12), Destin Cretton, E.U.A., 2013, (96’), M/16 11 AGO | SAMSARA - Estreia nacional - Ron Fricke, E.U.A./Indon/Singap/Tailân/Quén/ Dinam/Brasil/Jord/Emir Ár./Aráb. Saud./ Áfr do Sul/It/Gha/Egípto/Chin/Jap, 2011, (102’), M/12

CACELA VELHA | “SOB AS ESTRELAS EM CACELA VELHA” | 22 HORAS

O Convento do Carmo em Tavira é o palco escolhido para a sétima arte

28 AGO | A PAISAGEM DE ARTUR PASTOR, Fernando Carrilho, Portugal, 2014, 55’

9ª MOSTRA DE CINEMA NÃO-EUROPEU – AR LIVRE | CLAUSTROS DO CONVENTO DO CARMO | 21.30 HORAS

As nossas anuais Mostras de Cinema de qualidade ocupam um lugar de destaque no Verão em Tavira. Ano, após ano, voltamos a ver caras conhecidas de amantes de histórias sensíveis e bem contadas através

de imagem e som. Procuram Tavira para umas semanas de férias, sabendo que cada noite, atrás das portas dos Claustros do Convento do Carmo e num ambiente acolhedor e informal, lhes será contada uma história

que lhes alimenta a alma. Este ano não será diferente, lá estaremos mais uma vez, para vos oferecer uma selecção coerente e significativa dos melhores filmes disponíveis para exibição no nosso país.

A SEGUINTE SESSÃO TERÁ LUGAR NOS CLAUSTROS DO CONVENTO DO CARMO – 21.30 HORAS: 14 AGO | FILM D’AMORE E D’ANARCHIA, OVVERO… (FILME DE AMOR E ANARQUIA, OU ESTA MANHÃ...), Lina Wertmüller – Itália, 1973, (124’), M/16

Espaço AGECAL

O património hidráulico d.r.

Marco Sousa Santos Historiador de Arte convidado da AGECAL

O património hidráulico, isto é, o conjunto de estruturas edificadas dedicadas à captação, condução, armazenamento, distribuição e aproveitamento de água, tanto em meio urbano como rural, constitui um conjunto de valor inestimável que urge inventariar, preservar e proteger, e no qual se incluem noras, levadas, tanques, poços, fontes, cisternas e moinhos de maré ou de água doce, entre outras construções destinadas a aproveitar a água para regadio ou então como força motriz. Esse património, as estruturas que nele se incluem e as técnicas tradicionais associados à sua construção, utilização e manutenção, reflectem aspectos da história económica e social e do milenar processo de adaptação das comunidades humanas ao território. Acrescendo ao valor etnográfico e histórico, muitas dessas es-

truturas, construídas com propósitos funcionais, podiam ainda revestir-se de valor artístico, apresentando trabalhos decorativos em argamassa, ladrilhos e até elementos de cantaria lavrada, que lhe conferiam uma valência adicional de carácter estético. Todos esses factores concorrem para reforçar o interesse do património hidráulico e a necessidade de o defender e estudar. Por isso, numa época em que a maior parte dessas estru-

turas se tornou obsoleta, em virtude do processo de industrialização e da evolução tecnológica dos últimos cem anos, e corre o risco de desaparecer, importará, mais do que nunca, preservá-las e estudá-las. De certo modo, a indispensabilidade de preservar esse património torna-se ainda mais premente agora que a cidade de Tavira, na qualidade de comunidade representativa de Portugal, garantiu a inscrição da Dieta Mediterrânica

na lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, entendendo-se dieta (do grego daiata) como sinónimo de estilo de vida e de modelo cultural. O conjunto é diversificado, vasto e, de um modo geral, encontra-se bastante disperso. Nesse sentido, não é exequível, nem desejável, preservar todas as estruturas. Não obstante, é fundamental que todas sejam inventariadas, georreferenciadas, foto-

grafadas e descritas, sob pena de se perder com cada estrutura destruída e não estudada uma fonte de informação. Só a inventariação sistemática permitirá identificar os exemplares mais representativos do conjunto e/ ou os que apresentam características que, do ponto de vista histórico ou artístico, justificam a sua protecção. É assim fundamental que todas as estruturas sejam identificadas e que algumas sejam recuperadas e posteriormente protegidas através da classificação enquanto Imóveis de Interesse (Municipal ou Público). Para concluir, e ainda no âmbito da preservação das estruturas que constituem o nosso património hidráulico, é preciso ter em conta que cada uma delas constitui apenas um elemento de um sistema complexo que só pode ser entendido no respectivo contexto. Nesse âmbito, a título de exemplo, fará pouco sentido restaurar e preservar uma nora sem fazer o mesmo com o tanque que dela se servia e com a levada que estabelecia a comunicação entre esses dois elementos, já que as estruturas só podem ser verdadeiramente entendidas através das relações que mantinham com o espaço envolvente, e com a comunidade, e só desse modo se preserva, de facto, a sua memória.


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Cultura.Sul

Letras e Leituras

O sentido da beleza segundo Michael Cunningham

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

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Michael Cunningham é o autor de As Horas, galardoado com o Pulitzer Prize e o PEN Faulkner Award, tendo este livro sido adaptado ao cinema num também excelente filme, com Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman nos principais papéis. Um livro difícil ao início, pela escrita complexa e densa, mas onde depois se mergulha numa história envolvente e sobejamente original, onde se cruzam três tempos, três espaços e três histórias diferentes. Parte-se da ideia desenvolvida por Virginia Woolf no seu clássico Mrs. Dalloway, para passar a contar uma história condensada num único dia determinante na vida destas três personagens femininas: a escritora Virginia Woolf, a leitora Laura Brown, que vive um momento de profunda crise emocional e cujas decisões ao final do dia serão marcantes na vida de toda a sua família, e a editora Clarissa que vive na moderna Nova Iorque. Clarissa é a melhor amiga de Richard e uma espécie de pilar ou de ponte com o exterior entre este escritor, que vive confinado no seu apartamento, onde está a morrer com VIH. O início do livro é ainda profundamente marcante pela própria cena profundamente visual em que a escritora Virginia Woolf se aproxima de um riacho onde entra completamente vestida e com pedras nos bolsos dos casacos, pronta a cometer suicídio. A partir desse prólogo inicial, recuamos no tempo até um dia aparentemente como qualquer outro na vida da autora, mas num dos piores anos da sua vida, num período em que sofria de depressão profunda e a história vai sendo narrada de forma alternada e tripartida. Laura Brown, além de estar a ler o livro escrito por Virginia Woolf umas décadas antes, tem em comum com essa personagem o facto de se sentir igualmente deprimida, centrando-se a sua história no dia do aniversário do seu

marido, em que ela, acompanhada pelo seu filho de cerca de quatro anos, se sente na obrigação, enquanto esposa e dona de casa, de fazer um bolo de aniversário perfeito como forma de agradecer ao marido o seu casamento perfeito. De forma subtil, em que a escrita do autor entra através da «corrente de consciência» no pensamento das personagens, um pouco à semelhança do próprio estilo de Virginia Woolf, e conforme o período em que esta começava a entrar em “moda”, pelo que nós leitores nunca sabemos bem o que está a ser objetiva ou imparcialmente narrado e o que é pensamento das personagens. O grande trunfo do seu romance é a chave de ouro no final, em que percebemos que duas das histórias se cruzam e se interligam de forma muito mais direta do que inicialmente se poderia ter previsto. Michael Cunningham é ainda o autor de Uma Casa no Fim do Mundo, igualmente adaptado ao grande ecrã, com Robin Wright e Colin Farrel nos principais papéis, que conta a história de uma relação de amor e amizade entre dois homens e a sua melhor amiga, e de Sangue do Meu Sangue, cuja ação se centra essencialmente num jovem adolescente, e acompanha três gerações de uma família, com as suas ambições, desilusões e amores. Dias Exemplares foi o romance que se seguiu imediatamente ao premiado As Horas, possuindo como traço comum o facto de ser um livro cuja história é construída, mais uma vez, de forma tripartida. As diversas partes do romance parecem não se intercruzar de forma eficaz, apesar da história procurar ser inovadora e original, lembrando um pouco o livro Atlas das Nuvens, de David Mitchell, adaptado recentemente ao grande ecrã. Encontramos sempre o mesmo grupo de personagens - um rapaz e um casal - neste tríptico: «Dentro da Máquina» é uma história situada na Revolução Industrial, época em que a humanidade enfrentava as realidades alienadoras da nova era mecanizada; «A Cruzada das Crianças» decorre no início do século XXI, narrando a perseguição a um grupo de bombistas suicidas que aterrorizam a cidade de Nova Iorque; «Uma Espécie de Beleza» evoca uma Nova Iorque futura invadida por uma vaga de refugiados oriundos do primeiro planeta ha-

fotos: d.r.

‘A Rainha da Noite’ é o último romance de Michael Cunningham bitado a ser contactado pelos seres humanos. Cruzam-se assim, ao estilo pós-moderno, as convenções de géneros tão díspares como o romance policial e a ficção científica. O romance Ao cair da noite, narra a vida de Peter e Rebecca Harris, um casal que anda na casa dos quarenta e vive em Manhattan. Ele é negociante de arte e ela trabalha como editora numa revista da especialidade. Habitam um moderno apartamento, têm uma filha a estudar na universidade de Boston e entre amigos inteligentes e sofisticados levam um animado e invejável estilo de vida urbano contemporâneo, parecendo ter todas as razões para serem felizes. Toda esta construção que não é de todo uma fachada acaba por ruir quando o irmão muito mais novo de Rebecca surge em cena. Ethan, conhecido na família como Mizzy, «O Erro», visita-os e parece colocar em causa a heterossexualidade de Peter, que começa a sentir-se estranha e irremediavel-

“QUEM MAIS GAMOU… MELHOR FICOU” 8 de AGO | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Um espectáculo com pouca gente bonita, mas muito talentosa! “Aqui estão os Piratas” que vêm para reinar numa Caravela de Esperança e encontram um país na Bancarrota, completamente desorganizado...

mente atraído pelo cunhado. Numa espécie de Morte em Veneza, e relacionando-se mais ou menos diretamente com o tema da arte, esta atração parece catalisar questões maiores e mais filosóficas como o significado da beleza e o papel do amor nas nossas vidas. A Rainha da Neve é o último romance do autor, tendo sido lançado há poucos dias pela Gradiva, com um muito curto espaço de intervalo entre a sua publicação original e esta subsequente tradução. É descrito como um «romance luminoso» pois começa justamente com uma visão. Corre o mês de Novembro de 2004 e Barrett Meeks, tendo perdido um amor uma vez mais, atravessa o Central Park quando se sente impelido a olhar para o céu. Ali avista uma luz pálida, translúcida, que «parece olhar para ele de uma forma inequivocamente divina». Barrett não acredita em visões nem é particularmente devoto, mas nunca coloca em causa o que viu e

sentiu, como se um olho divino tivesse rasgado o céu e o fitasse diretamente. Entretanto, Tyler, o irmão mais velho de Barrett, é um músico em busca de inspiração pois tenta, aparentemente sem grande sucesso, escrever uma canção de casamento para Beth, a sua noiva doente com cancro. Tyler procura compor uma letra de uma música que não seja simplesmente mais uma balada sentimental mas a manifestação expressa de um amor duradouro. O autor segue os irmãos Meek nos seus diferentes percursos em busca de uma espécie de transcendência, um nas relações amorosas e outro na forma de cristalizar e eternizar a memória desse amor através de uma forma de arte - sendo a questão da arte e, por conseguinte, da beleza, uma constante nos romances de Michael Cunningham. Este último romance retorna aos anteriores na medida em que a história parece compor-se de momentos chave na vida das personagens, que desta vez vamos acompanhando ao longo do tempo, numa notória evolução das suas vidas, em que cada mudança por muito trágica que pareça parece significar efetivamente uma melhoria na vida de cada ser humano aqui descrito.

“CORES E FORMAS DOS NOSSOS ARTISTAS” Até 12 de SET | Galeria Municipal de Albufeira Exposição constituída pelos trabalhos seleccionados no âmbito de um concurso que contou com a participação de 26 artistas que apresentaram um total de 91 obras a concurso


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Panorâmica foto: d.r.

O ‘Dia Novo’ de Viviane

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Vinte e quatro anos depois de se ter lançado nas lides da música Viviane continua a mutar sobre um estilo e uma voz únicos, trabalhados sobre o cruzamento de um triângulo histórica e musicalmente indissociável que une a chanson francesa, o tango argentino e o tão nosso e já mundial e imaterial património, o fado. ‘Dia Novo’, o mais recente trabalho da cantora, é como Viviane disse ao Cultura.Sul “o meu fado” e não um disco de fado. Ali onde a guitarra portuguesa fez soçobrar o reinado do acordeão na sonoridade de Viviane, os poemas apelam a este novo fado que brota a cada canto actualmente e, de facto, ao ouvir-se o dedilhar da majestosa guitarra nacional o ouvido luso

tende a espartilhar rapidamente a melodia na categoria de fado. Mas este disco é muito diverso do fado, é Viviane reinventada tal como a par e passo nos habituou e é, essencialmente, alma numa melodia mais despida, menos tomada pela imensidão melódica do fole do acordeão e mais rasa para que sobressaia a interpretação.

título do disco. “É uma questão de feitio”, aponta Viviane como a razão para a permanente sede de descobrir rotas dentro dos mares musicais. Há um caminho que se faz a descobrir, vivendo e superando-se como no caminho ‘Do Chiado até ao Cais’ a que a cantora dá voz na pista que serviu de lançamento a este novo disco.

A força do novo a cada momento

As músicas inequeciveís na voz de Viviane

‘Dia Novo’ é o nome do disco, mas é para Viviane “um desafio de permanentemente aceitar novas experiências e novas linguagens”. Há, diz, “luz e energia neste título de um poema de José Luís Peixoto” e foram essas ideias que determinaram a escolha do

“Há músicas que nos marcam”, diz Viviane, e é ao pegar nelas e fazê-las suas num processo de desapego face às originais que surgem temas como ‘Com toda palabra’, de Lhasa de Sela, cuja morte prematura não deixou indiferente Viviane face

“QUIM ROSCAS & ZECA ESTACIONÂNCIO” 15 AGO | 22h00 | Palco principal junto à antiga lota de Portimão Duas personagens humorísticas interpretadas pelos actores João Paulo Rodrigues e Pedro Alves, que prometem muitas gargalhadas no Festival da Sardinha

à admiração pela cantora norte-americana. ‘A outra’, de Marcelo Camelo, é a segunda música que Viviane rapta para o seu repertório de ‘Dia Novo’, admiradora que se sente do trabalho deste brasileiro e finalmente, como quase que inevitável, surge Serge Gainsbourg reinventado na voz da cantora radicada no Algarve a partir da interpretação de Françoise Hardy de ‘Comment te dire adieu’. E quem poderia esperar a guitarra portuguesa a encher ‘Comment te dire adieu’, podem perguntar-se, mas a verdade é que nada surpreende quem conhece a camaleónica capacidade de reinvenção de Viviane, um estilo que lhe deu uma merecida legião de fãs e que é pela

cantora exercido com mestria de pura arte. Um ano de criação ‘Dia Novo’ “levou um ano” a pôr de pé, diz Viviane que prefere o trabalho feito da letra para a melodia, com os poemas pensados e vividos à exaustão antes de se lhes dar encorpo com a melodia. “Prefiro assim”, mas nem sempre assim é, e neste disco há o caso inverso com ‘Plenos pulmões’, de Tiago Torres da Silva, em que da música o letrista fez o poema de uma canção marcante. Ao lado de Tó Viegas, o seu parceiro de sempre nestas andanças de ser um dos nomes de referência da cena musical na-

cional está de volta Viaviane, em versão acústica, como ela própria gosta de se fazer ouvir, inconfundível e sempre arrebatadora. Agora falta levar à estrada a nova marca do percurso artístico de Viviane num caminho que a cantora gosta de fazer e de sentir. “É importante a empatia com o público e é essencial apercebermo-nos das reacções e emoções que conseguimos criar no público”, diz Viviane, para quem a estrada e o palco são elementos indissociáveis da arte de cantar. Há muito e tanto mais ainda para descobrir nos 12 temas de ‘Dia Novo’, há acima de tudo a voz inconfundível de um nome incontornável, Viviane. E o resto é música, por isso deixe levar-se por ela e descubra também um ‘Dia Novo’. Ricardo Claro

“VOLKER HUBER, O HOMEM E A SUA VIDA” Até 4 OUT | Galeria de Arte do Convento Espírito Santo - Loulé Através de documentos fotográficos e vídeo, esta exposição tenta retratar a personalidade do fundador do Centro Cultural São Lourenço, em Almancil, revelando também a sua veia artística


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Cultura.Sul

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Momento

A banhos Foto de Vítor Correia

Espaço ALFA

Património religioso, fé e fotografia Paulo Côrte-Real Membro da ALFA

O Património religioso português representa um vasto e riquíssimo espólio do nosso legado arquitectónico e cultural. Constitui-se como um elemento fundamental da nossa própria identidade como povo e como nação e assume um lugar ímpar na multiculturalidade do mundo. E está vivo! Vivo em cada Ser que o vive diariamente, lhe reconhece valor, dando-lhe sentido e continuidade. Testemunhar a vivência do Património é algo extraordinário. O Património religioso acolhe, congrega milhares de devotos que se entregam nas suas práticas reli-

giosas, procurando uma comunhão com o divino. Assim tem sido ao longo de séculos. As igrejas, com a sua arquitectura, elevam o espírito, mergulhando de seguida o Ser num ambiente de recolhimento, de interioridade, propiciados pelo silêncio profundo, pela luz ténue. Direi mesmo, Ser e espaço tornam-se unos rumo ao divino. Neste ato de entrega há algo único (e porque não dizer mágico - tantas vezes difícil de descrever), uma força e uma genuinidade capazes de mover montanhas, os obstáculos que cada um possui em

seu interior e que impedem, muitas vezes, do usufruto da vida de acordo com a natureza humana. A Fé, com uma natureza transcendente é essa força transformadora e geradora de tantas coisas inexplicáveis ao senso comum. Documentar momentos tão singulares, como forma de tributo, procurando-os imortalizar num dado instante, e para que estes se tornem também parte integrante de um Património cultural que se pretende cada vez mais rico, é o propósito deste projeto fotográfico.

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Cultura.Sul

Espaço ao Património

Da natureza nascem as casas: um contributo para a educação patrimonial

Isabel Valverde

Arquiteta Coordenadora do Gabinete de Reabilitação Urbana do Município de Albufeira

Em 1980, Natália Correia Guedes, na época Diretora Geral do Património, no âmbito do Concurso «Um Tesouro Para Descobrir – Uma Herança Para Defender», escreveu o seguinte texto: «Amigo Professor: De há muito tempo que todos nós assistimos mais ou menos impotentes à degradação dos bens culturais do nosso país. A poluição destrói a vida animal e vegetal, a ruína instala-se nos monumentos, da pequena Igreja ao Solar, do Convento ao Palácio. O tempo e os homens para isso têm contribuído; mas a casa popular, genuína representante do diálogo entre o Homem e a Natureza, e os preciosos utensílios que nos contam uma fase da história do trabalho rural, as danças e os cantares, a maquinaria das fábricas hoje tornadas obsoletas pelo avanço tecnológico são outros tantos pedaços da nossa memória colectiva que correm graves riscos de degradação, logo, de perca irreparável. E são os pelourinhos, as antas, os por-

fotos: rui gregório e filipe palma

tais, as janelas, os alpendres, os chafarizes, as bandas de música que vão acabando, os corais e ranchos, a necessidade de refazer tudo isto, na nossa dimensão, em memória-verdade para projecto de futuro. Há um pouco de tudo isto na comunidade onde dá aulas, e há muito com certeza que lhe apetecia trabalhar com os seus alunos, ou trabalhou já até, desenvolvendo neles o amor pelo rico património do nosso povo.». E foi neste espírito inspirador, que traduz de forma simplificada um conjunto ainda atual de recomendações e documentos doutrinais produzidos e subscritos pela maioria dos países do mundo, no âmbito de Convenções organizadas por Instituições Internacionais responsáveis por estas matérias, que o Município de Albufeira deu início, em Agosto de 2006, a um projeto pioneiro no nosso país: «Da Natureza Nascem as Casas: Um Contributo para a Educação Patrimonial» cofinanciado pelo Município de Albufeira e pela CCDR Algarve ao abrigo do PROALGARVE. A ambição do Município era pôr em prática o muito que se teorizava sobre o assunto, decidiu-se então avançar com o projeto envolvendo professores, auxiliares de ação educativa e alunos, sendo que estes seriam os veículos privilegiados de transmissão do

Aluno a atestar a temperatura libertada durante a reação química provocada pelo contacto da cal em pedra com água conhecimento adquirido para o seio familiar e estabelecendo-se como objetivos prioritários os seguintes: Sensibilizar para a preserva-

ção, perpetuação das práticas tradicionais de construção e dos materiais utilizados; Desmistificar a existência de um «modelo de casa al-

garvia» promovendo através da demonstração in loco da variedade arquitetónica/construtiva na região; Incutir o valor ecológico

que estas construções representam, promovendo a reintrodução de algumas destas técnicas na construção atual (mais tarde, por vontade do sr. vice-presidente da Câmara, Dr. José Carlos Rolo, foram ampliadas em taipa duas escolas em Albufeira). Salvaguardar o saber ancestral das várias profissões associadas a estas construções, mediante o contacto das crianças com as práticas tradicionais, o manuseamento dos materiais e a construção real mas de escala reduzida. Durante todo o mês de Agosto de 2006, um conjunto de crianças do ATL de Paderne, com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, participaram numa experiência única, que não só lhes permitiu obter o diploma de construtores tradicionais de edifícios, como lhes valeu ainda a participação no documentário didático: «Da Natureza Nascem as Casas» e numa exposição itinerante sobre o trabalho realizado. O projeto pedagógico integrava uma componente teórica, constituída por visitas de estudo temáticas realizadas pelo Algarve (de sotavento a barlavento), onde estas aprenderam a «ler a arquitetura» através do contacto com os diversos sistemas construtivos existentes na região (construções de terra: taipa e adobe, alvenarias de pedra,

Na senda da cultura

Revista Nova Águia tem vice-directora algarvia A Revista Águia foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal, em que colaboraram algumas das mais relevantes figuras da Cultura Portuguesa, como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul Proença, Leonardo Coimbra, António Sérgio, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva. A Revista Nova Águia pretende

ser uma homenagem a essa tão importante revista da nossa História, procurando recriar o seu “espírito”, adaptado ao século XXI, com participação dos mais importantes nomes da cultura portuguesa contemporânea. O Conselho de Direcção da Revista Nova Águia conta com nomes como Adriano Moreira, Guilherme d’Oliveira Martins,

Gentil Martins, António Cândido Franco, Baptista Bastos, Eduardo Lourenço, Mendo Castro Henriques, Roberto Carneiro e Manuel Ferreira Patrício. Maria Luísa Francisco enquanto vice-directora da Nova Águia tem apresentado a Revista nas Bibliotecas do Algarve e Alentejo e considera que têm sido momentos culturais de qualidade,

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que geram bons debates dando a conhecer o melhor da nossa cultura e da nossa identidade. A mais recente apresentação decorreu na Feira do Livro de Monte Gordo a 30 de Julho e em Junho na Biblioteca Municipal de Faro onde Maria Luísa Francisco deu destaque à vida e obra de António Ramos Rosa, biblioteca que tem o seu nome.


Cultura.Sul

elementos vegetais, etc.) e integrava uma componente prática onde lhes foi ensinado o necessário, para que, em conjunto, construíssem uma abóbada e uma casa à sua escala: construção em taipa, fabrico do adobe, execução de cobertura em telha de canudo e forro em caniço, argamassas de cal, construção de abóbadas de berço e o adequado manuseamento de materiais e execução de técnicas de construção tradicionais. Em Novembro, o documentário e a exposição foram apresentados ao público na CCDR Algarve e foi com grande orgulho que as nossas crianças assistiram ao entusiasmo que esta sessão suscitou no público presente. A partir deste momento o Município de Albufeira começou a receber inúmeros convites de entidades públicas e privadas no sentido de disponibilizar a exposição, o documentário e apoio à realização de pequenas ações práticas. O convite mais curioso chegou do Museu Nacional de Educação da Holanda, cuja Diretora de Comunicação deslocou-se de Roterdão a Albufeira com o propósito de estabelecer uma parceria. A recetividade do projeto levou o Município a concluir que esta experiência deveria ser continuada, inicialmente alargada às restantes crianças do concelho e posteriormente através da Direcção Regional de Educação a um universo a aferir, assumiu-se que o

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projecto deveria tornar-se mais completo, ao nível dos conteúdos abordados, da sua comunicação, da possibilidade de trabalhá-los em sala de aula e no exterior, do apoio ao professor, do material didático de apoio (fichas) e dos materiais de recurso. Decidiu-se criar um DVD interativo e bilingue dividido em três temas principais e estruturado através de seis subtemas: 1º Tema: As paredes (dois subtemas: alvenaria de taipa e alvenaria de adobe); 2º Tema: As coberturas dos edifícios (dois subtemas: telhados e abóbadas); 3º Tema: Os revestimentos das paredes (dois subtemas: A cal e o seu uso nas argamassas de revestimento e As terras corantes e a sua transformação em pigmentos para uso em caiação e outras técnicas de pintura: barramentos e escaiolas). Em cada um dos seis subtemas seria possível visitar: O álbum de viagens, com imagens dos locais visitados pelas crianças onde se pode encontrar a técnica em referência; A parte do documentário onde é ensinada a técnica; Fichas didáticas de apoio ao aluno sobre o subtema; Referências bibliografia de apoio ao professor, educador ou animador. Em Julho de 2007, no âmbito da reformulação do projeto, as nossas crianças do ATL de Paderne voltaram à ação,

Caiando com pigmentos naturais agora mais compenetradas do seu papel, mais à vontade com o trabalho prático e sobretudo com as câmaras

de filmar, foi abordado o 3º Tema, ainda em falta, e os respectivos subtemas: A cal e o seu uso nas arga-

massas de revestimento; As terras corantes e a sua transformação em pigmentos para uso em caiação e outras

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técnicas de pintura. O primeiro dos subtemas foi introduzido pela Professora Doutora Eng.ª Goreti Margalha (Técnica da C.M. Beja e docente da Universidade de Évora) com uma visita à Aldeia do Barro Branco, concelho de Borba, a um dos últimos fornos de cal ainda a funcionar em Portugal. O conhecimento adquirido do processo de transformação que leva à obtenção da cal permitiu já em estaleiro realizar as argamassas de revestimento com que foram rebocadas as mini paredes. O segundo dos subtemas contou com o apoio do Instituto Português de Conservação e Restauro através da Professora Doutora Milene Gil Duarte Casal e foi introduzido com a visita à Serra Corada no concelho de Barrancos, a um local onde é ainda extraída terra para caiações. As terras extraídas no local e em Paderne, num sítio onde há registo de antigas extracções, permitiram realizar caiações de diversas cores, barramentos e fingidos sobre o reboco realizado. Os constrangimentos financeiros que atingiram as autarquias contribuíram para que o projeto não fosse materializado na sua totalidade, contudo, irá avançar contando com o apoio do Sr. Presidente da Câmara de Albufeira e responsável pelo Pelouro da Reabilitação Urbana, Dr. Carlos Eduardo da Silva e Sousa.

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O actual número da Revista Nova Águia tem um Dossier dedicado ao poeta António Ramos Rosa e tem como tema principal os 40 anos do 25 de Abril e os 20 anos da morte de Agostinho da Silva. Em 2008 quando a Revista surgiu havia quem a associasse a um clube futebolístico, pensando que “nova águia” era a mais recente aquisição do Benfica, refere o director da Revista, Prof. Doutor Renato Epifânio, que é ao mesmo tempo presidente do Movimento Internacional Lusófono (MIL). Assim como a Revista Águia estava associada ao Movimen-

to da Renascença Portuguesa, a Revista Nova Águia está associada ao Movimento Internacional Lusófono (MIL). Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da sociedade civil portuguesa, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente em Outubro de 2010, que conta já com mais de 20 milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por 100 pessoas, representando todo o espaço da lusofonia.

Defende o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade. O MIL tem a sua sede no Palácio da Independência em Lisboa e tem um Conselho de Coordenadores Regionais sendo constituído por um coordenador no Norte: Joaquim Paulo Silva, um coordenador nos Açores: Eduardo Ferraz da Rosa, um Coordenador na Madeira: José Eduardo

Franco e uma coordenadora no Sul: Maria Luísa Francisco. A coordenadora refere que aceitou o duplo convite porque se identifica com este projecto cultural, tanto mais que a Nova Águia é uma revista de ensaio e poesia de elevado conteúdo. Refere ainda que a formação académica em Relações Internacionais e em Sociologia da Cultura encaixam perfeitamente no âmbito do MIL e da Revista Nova Águia. Está envolvida nestes projectos desde o início, tendo integrado anteriormente a Direcção do MIL e o Conselho Redactorial da Revista Nova Águia.

Maria Luísa Francisco Vice-Directora da Revista Nova Águia


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Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Agosto Caminho de Mar e Luz

Adriana Freire Nogueira

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

Estes dias de canícula fotos: d.r.

Zé Francisco, líder dos Marenostrum, lançou-se a solo (com a Orquestra Azul) num ‘Caminho de Mar e Luz’ (2013, AVM) – que traz num apurado trilho sonoro, uma bela homenagem aos homens do mar(es), não só os de Santa Luzia - Tavira, mas também às gentes e às músicas de outros portos.

Postais da Costa Sul ~ não reparar do tempo que passa, dormir sem malha na hora que calha, esquecer que não se é dono do destino, parecer que se perdeu o tino, sentindo-se de novo menino, andando livre. escolhem-se roupas leves e pedala-se contra o vento sudoeste que interfere com a música nos auriculares. mesmo assim o sol de frente aquece a cara protegida pelos óculos escuros. depois chega-se a um cais de pedra, colocam-se as mochilas aos ombros e segue-se o trilho que levará ao mar crescente. quem alcunhou esta estação de estúpida (‘silly season’), não devia estar de perfeito juízo ou não amava a liberdade ~

esta luz e esta terra embruxada.»… e escreve quase a segredar, tão a segredar, que terá sido mais um pensamento, muito intimo. Percebe-se pela paixão e pelo número de páginas que dedica a Olhão como foi esta a terra da costa sul que mais lhe ficou no coração «(…) este homem é um homem à parte no Algarve. Se veio de Ílhavo, como dizem, não sei, mas é o único homem arrojado desta costa». Deixou cerca de duas centenas de obras publicadas, mas é através de ‘Os Pescadores’ que nunca esqueceremos a voz do mar.

Estofo de Maré

Raul Brandão

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O olhar fascina-se nas cores de paisagem de ilha grega... mas a copiosa nortada nocturna deixa a água desfiando fria no dia de praia esperado. Desanimados, os banhistas regressam deste seu pedaço de mediterrâneo. O arroz de tomate acompanhando o peixe frito remedeia esta angústia ao meio-dia. Estes dias de canícula estão mesmo feitos dias de cão. Ainda a tarde cheira a fogareiro de assar peixe na vizinhança e já as rajadas de sudoeste na viragem da maré fazem bater as portadas das janelas de sul. Pequenas cristas brancas sobressaem na costa. O livro segurado pelos dedos começa a dar de si. As pálpebras já mal se elevam. A proeminente folga de sábado instalou-se.

Quando alguém nascido e criado numa cidade costeira do litoral algarvio, abre e lê pela primeira vez ‘Os Pescadores’ (Raul Brandão, 1923) nunca mais o abandonará cioso que o levem da sua biblioteca. Os hábitos e costumes do povo e as suas práticas de pesca, a descrição da atmosfera, da paisagem, da luz, dos sentidos despertos, do olfacto…surpreendem pela sua aproximação à realidade, mesmo passados tantos anos. Brandão chegou ao Algarve no esplendor do mês de Agosto em 1922, e parece ter ficado tão enfeitiçado pelo estio destas terras levantinas, que chega mesmo a dizer: «...Teria aqui uma casa numa das vielas(…) seria um deslumbramento: no pátio caiado, (…) viver num meio adormecimento, seduzido pela luz, fora de todos os interesses e realidades...» E quando parte é: «Tarde. Olho pela última vez a brancura imaculada dos terraços com o céu todo de oiro em cima e deixo com saudade

“O ALGARVE!” Até 30 NOV | 21.30 | Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira Exposição com reproduções das pinturas de George Landmann, que apresenta imagens do Barlavento e Algarve Central no século XIX, captadas por um estrangeiro viajado e curioso

… uma fervorosa apaixonada pela literatura, e que está aqui na página do lado, disse ao webzine ‘Bóia da Canal’: «Nunca me canso disto. E vou lendo: leio, leio, leio. E escolho alguns livros, da minha biblioteca que não tem muito mais espaço para crescer, para sobre eles escrever no Cultura.Sul. São os meus preferidos? Nem sempre. Mas decidi fazer escolhas mais amplas, com vista à promoção da leitura (e não crítica literária, que o espaço não é para isso). Também leio e traduzo autores gregos (antigos, claro), actividade que me dá muito prazer. Não há futuro numa escrita sem passado. Não será por acaso que, mesmo tematicamente, os ecos do mundo antigo continuam a ressoar em tantos autores contemporâneos, nomeadamente na poesia. Volto sempre à Grécia. No discurso, nas escolhas pensadas e impensadas, nos gostos, no quotidiano. Às pedras, aos textos antigos, que nos dão acesso ao pensamento dos gregos que tanto influenciaram a cultura ocidental (…)» Tudo em (http://boia.blogs.sapo.pt/10623.html)

Mercador do Sul

detenho-me à luz remanescente, extinguindo-se por esta tarde adentro. na espera de seduzir vocábulos para um poema, que depois aquiesças com a leitura do teu corpo, que vale por tudo o que me fazes escrever na parte mais íntima do teu dia...

Em Olhão, na segunda rua à esquerda de quem desce a rua do Comércio, vira-se para a Mouzinho de Albuquerque. A seguir à típica travessinha de cimento, no lado direito, sem que nela entremos, teremos a surpresa da larga montra da loja ‘Mercador do Sul’, ali no nº 1. Livros, artesanato, alimentação e outras artes locais, num espaço surpreendente a visitar sem demora.

“CAIXA FORTE” Até 30 AGO | 22.00 | Teatro Municipal de Portimão Espectáculo com Fernando Mendes, Carla Andrino, Cristina Areia e Frederico Amaral, em que um segurança bonacheirão, uma rica arrogante e o seu jovem e maltratado marido vão ter de aprender a conviver juntos dentro da ‘Caixa Forte’


08.08.2014  11

Cultura.Sul

Da minha biblioteca

As Primeiras Coisas d.r.

d.r.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

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Quando começo a ler um livro, gosto de ver as epígrafes e de pensar que estão ali com algum propósito conectado com aquela obra concreta, recontextualizadas. Fico sempre curiosa por ver o sentido que fazem (ou não). E depois esqueço-me completamente. Acabo de ler o livro, discuto-o com amigos, recomendo-o (ou não) e volta para a prateleira. Só quando regresso a ele (para o emprestar, ou por saudades – sim, às vezes tenho saudades de um livro – ou para sobre ele escrever, como é o caso) é que me apercebo que tem epígrafe. Claro que há algumas inesquecíveis, como a de Memórias de Adriano, de M. Yourcenar (Animula vagula, blandula,/ Hospes comesque corporis…), mas a maioria não sobrevive com a memória do livro. Releio a epígrafe de As Primeiras Coisas (Quetzal, 2013), romance de Bruno Vieira Amaral (mais conhecido como crítico literário e autor de um outro livro, muito útil e usado por muitos jovens às voltas com a disciplina de Literatura, Guia para 50 Personagens da Ficção Portuguesa): «‘Por toda a Hiroxima, as paredes e outras estruturas que permaneceram de pé preservaram sombras de pessoas ou de objectos. Todas elas na direcção do clarão de luz. A criação de tais imagens é semelhante à marca deixada no braço por um relógio no fim de um dia ao sol na praia.’ Charles Pellegrino, O Último Comboio de Hiroxima». E tudo faz sentido. Se não tivesse que dar mais informações sobre o livro, diria que As Primeiras Coisas é constituído pelas sombras de pessoas e objetos que marcaram o percurso de Bru-

O escritor e crítico literário Bruno Vieira Amaral no (personagem homónima do autor e que com ele partilha algumas características, como o próprio admite. Para que fique claro, sempre que mencionar apenas este nome próprio, é à personagem que me estou a referir). Virgílio Tal como Dante teve o poeta latino para o guiar ao Inferno, também Bruno tem o seu Virgílio, um velho fotógrafo que o acompanha numa viagem forçada ao passado. Digo «forçada», porque Bruno regressa ao Bairro Amélia (um bairro periférico, na «margem certa» do Tejo, onde foram parar muitos deslocados que tinham ido procurar melhores condições na capital, a quem se juntaram os retornados sem vontade de continuar a viver em hotéis e a quem as famílias, quando as havia, tinham voltado as cos-

tas) de onde saíra depois da adolescência, apenas porque está desempregado («Regressar assim foi uma espécie de rendição, um cessar-fogo forçado», p.13), mas, por outro lado, dado o estado de prostração da personagem, este encontro com o fotógrafo foi a sua salvação: «Senti-me aturdido, como se estivesse a recuperar de uma anestesia. Ressuscitei no momento em que vi o conteúdo do envelope. Então moveu-se e eu segui-o logo» (p.56). Se ainda não tivéssemos percebido, esta citação (v.136 do canto I do Inferno, de Dante) iria situar-nos no momento em que o poeta italiano, personagem e autor, aceita o desafio de percorrer com o vate os círculos do Inferno. E mesmo estando perante uma obra de ficção, não podemos deixar de vislumbrar a vontade de, também aqui, autor e personagem se misturarem no caminho

“MÚSICA MUNDI: FAD’NU” 30 AGO | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Um projecto que vive da cumplicidade intimista que nasce do diálogo cénico e musical entre a cantora (Cátia Alhandra) e o guitarrista (José Alegre), personagens fulcrais e identificadoras do género reconhecido como Fado

que é percorrido, assumidamente próximo do de Dante: «Guiado por Virgílio, pela profundidade dos seus olhos, pela experiência dos seus passos recatados, deixei-me levar para o interior do grande labirinto que eu conhecia desde criança e que me era tão estranho como uma terra fictícia, não cartografada». Dicionário incompleto, inventário amputado de sonhos É desta forma que Bruno descreve a obra que apresenta («Sem exagero, acho que este dicionário incompleto, inventário amputado de sonhos, memórias, fontes impressas ou descrições sem sentido, me salvou», p.57), no fim de um prólogo (pp.11-57), em forma de narrativa breve, preparando o leitor para o ambiente criado. A estrutura deste «dicioná-

rio» tem a sua graça. Todo o livro é acompanhado por notas de rodapé, que não são simples notas explicativas que o autor (ficcional) faz ao texto inicial e ao dicionário propriamente dito. Dentro da ficção, é como o narrador se estivesse a autocomentar, como se entre o texto e as notas tivesse havido um hiato temporal e a personagem tivesse necessidade de explicitar alguma coisa. Mas com o avançar das entradas dicionarizadas, as notas ganham vida (literária) própria, sendo, muitas vezes, mais interessantes – e até maiores (cf. «Garcia», n. 49, p.135) – que o próprio texto, contando, por vezes, uma outra história (cf. «Pastor Joaquim» n. 81, na p.231). Há, até, um capítulo só com título e nota de rodapé, sem mais palavras (p.233, n.82). E apesar das várias referências a documentos supostamente verdadeiros (notícias de jornal, notas biográficas, monografias, etc.), há frequentemente uma nota de irreverência, de ironia inteligente, que nos faz sorrir com a piada escondida. Todo o livro usa uma linguagem crua, livre de preconceitos, violenta e sábia, consoante as personagens que a utilizam. Al-

gumas vezes emocionei-me. Para terminar, deixo aqui um excerto de uma das entradas do dicionário de que mais gosto: «O avô era tudo, árvore magnífica, rocha antiga e inabalável (…). Certo dia, (…) o pai, intrigado pela proximidade de avô e neto, quis pôr à prova os laços que os uniam. (…) Como a criança se recusasse a trair o avô, a embarcar na corrente de ódio, a mão do pai levantou-se para lhe cair com toda a fúria e frustração nas faces, nos braços, nas costas. O violento turbilhão de rancor terminou com o pai cansado de não ver as lágrimas no rosto do filho, a criança ainda imune ao vírus do ressentimento, os olhos magnânimos, ‘perdoo-te, pai, pois não sabes o que fazes’. Então o pai sentou-se, exausto, e viu a figura do velho avançar para a criança, a ancestral firmeza dos braços recuperada. O avô pegou no neto ao colo, os braços da criança enlearam-lhe o pescoço, as mãos miúdas e suaves na pele rugosa, como os veios de um rio que secou, os nós de uma árvore que dura, e essa união fundamental e incompreensível entre dois seres envergonhou o pai, que se levantou num vagar imbecil e estuporado e foi para a rua associar-se aos cães que se arrastavam junto dos muros. (…) A criança fez-se homem, o velho fez-se mais velho (…). Houve uma manhã, (…) Diógenes acordou mas tardou a levantar-se. Quando o fez, aproximou-se da porta do quarto do avô. (…) Não se ouvia nada. (…) Quando entrou, viu a cama vazia. (…) Correu para a rua. Ninguém.» (p.1067, «Diógenes»). Mas nós sabemos, pela epígrafe, que, tal como o clarão de Hiroxima, permanecem em nós as sombras que resultaram da luz emanada por aqueles que já nos deixaram.

“CONCERTO DE MAYRA ANDRADE” 14 AGO | 22h00 | Palácio da Galeria - Tavira A cantora cabo-verdiana traz à cidade do Gilão as suas sonoridades, que vão desde o romantismo ocidental até à sensualidade do sul, o reggae tradicional e a música africana


12 08.08.2014

Cultura.Sul

Sagres: está em curso a reabilitação das muralhas

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d.r.

A instalação de uma fortificação na Ponta de Sagres remonta ao século XV No âmbito do vasto Programa de Requalificação e Valorização do Promontório de Sagres (PRVPS), que a Direção Regional de Cultura do Algarve tem vindo a levar a cabo desde 2009 com o concurso do Turismo de Portugal e da CCDR-Algarve, e com fundos do Programa de Incentivos ao Turismo (PIT), do PIPITAL e do Quadro de Referência Estratégico Nacional/Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (QREN/FEDER), seguramente uma das intervenções de maior visibilidade e significado é a obra, atualmente em curso, de Reabilitação das Muralhas da Fortaleza de Sagres. A instalação de uma fortificação na Ponta de Sagres remonta ao século XV, quando Henrique, Infante da Casa de Aviz, ali funda uma vila fortificada. Algumas construções do recinto henriquino e da sua primitiva povoação chegaram até nós: caboucos e ruínas da velha muralha (em dente-de-serra, concebida ao modo tardo-medieval, como a de Portimão), a barbacã de acesso à vila, uma torre-cisterna, edifícios da «correnteza» (depois adaptados a casernas e hoje integrados no Centro Expositivo) e uma misteriosa construção térrea em círculo, cujos raios de pedras alinhadas recordam uma «rosa-dos-ventos», função que, seguramente, jamais lhe assistiu. Porém, a construção que se destaca na paisagem para quem se aproxima do promontório é a imponente fortaleza abaluartada, construída ao modo moderno nos finais do século XVIII. Ao longo de séculos, a primitiva fortaleza henriquina, com

sucessivos acrescentos abaluartados e adaptações promovidas por el-rei Dom Sebastião, pelos Filipes e no contexto das guerras da Restauração, pôde, pior que melhor, cumprir a sua função de praça de guerra. Mas o terramoto/maremoto de 1755 provocou enormes devastações no Algarve e a praça de Sagres não foi exceção: em julho de 1756, o sargento-mor Romão Rego constata necessitar a muralha «de uma total reedificação». Vendo aí uma oportunidade, preconizava que «como a frente da fortificação mais moderna não padeceu ruína era bem justo se acabasse seguindo o método do senhor Vauban». Desse projeto foi encarregue José de Sande Vasconcelos, um dos mais brilhantes engenheiros militares portugueses, que haveria de deixar no Algarve vasta obra cartográfica e de construção militar. Homem de grande formação técnica e experiência no terreno, complementada no exercício docente na Aula de Fortificação de Lisboa e no Regimento de Infantaria de Faro, Sande Vasconcelos legou-nos um notável acervo documental que inclui os estudos e projetos de remodelação da Praça de Sagres, desenvolvidos a partir de 1786. O resultado desta sua obra, concluída em 1793 - com diversas baterias, dois meios baluartes unidos por uma cortina central (onde se abre um elegante portal ao gosto neoclássico) e uma posição artilhada a «cavaleiro» instalada na torre que sobreleva a muralha -, é um notável monumento militar, que se encontra

atualmente em curso de reabilitação. Objeto de diversas reparações desde a sua construção, seguidas de profundas obras de recuperação nos finais dos anos Cinquenta dirigidas pelo saudoso arquiteto Ruy Couto, da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) e alvo de uma menos bem conseguida intervenção nos anos Noventa promovida pelo então Instituto Português do Património Cultural (IPPC), a Torre e Muralhas de Sagres, classificadas como Monumento Nacional desde 1910, obrigam, presentemente, a bem ponderadas soluções de conservação e restauro que procuram recuperar os rebocos primitivos do projeto de Sande Vasconcelos que nalguns pontos ainda subsistem, consolidar muitas das reparações de revestimento executadas pela DGEMN com argamassas de cal tradicionais e minimizar alguns estragos das, menos cuidadas, intervenções posteriores. Para tal, foram ensaiadas diversas composições de argamassas de cal, testados os métodos de aplicação mais adequados, procedendo-se à sua monitorização ao longo do quadriénio que antecedeu a obra agora em curso. O resultado, esperamos, recuperará a imagem da Fortaleza de Sagres nos finais do século XVIII, dará maior longevidade a esse notável monumento da engenharia militar portuguesa – e torná-lo-á ainda mais atrativo para quem visita o Algarve. Direção Regional de Cultura do Algarve

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