POSTAL 1137 - 6 FEV 2015

Page 1

PUB

Director Henrique Dias Freire • Ano XXVII • Edição 1136 • Quinzenário à sexta-feira • 6 de Fevereiro de 2015 • Preço € 1

EM FOCO 2 SEMEAR SAÚDE PROMOVE SENSIBILIZAÇÃO CONTRA O CANCRO 3 REGIÃO DE TURISMO APRESENTA PLANO DE MARKETING ATÉ 2018

ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

ADOTA ANGARIA FUNDOS PARA AJUDAR ANIMAIS 6 DOCAPESCA INVESTE NAS LOTAS DO ALGARVE 8 CLASSIFICADOS 9

RTA apresenta estratégia de marketing até 2018

Sem grandes novidades na estratégia, o plano de marketing da Região de Turismo do Algarve para o próximo triénio procura estabelecer o reforço das posições conquistadas pela região e a continuidade do crescimento. Faltam fundos para a promoção e para a estratégia que Desidério Silva espera obter da Europa aqui ou directamente em Bruxelas. p. 4

>

ricardo claro d.r.

Variante a Faro já tem pavimento EN 125: Com já parte do percurso pavimentado, a variante a Faro da EN 125 avança agora a sério, mas falta ainda muito, basta ver que algumas passagens superiores não têm tabuleiro > 2 d.r.

DIPLOMACIA

Tavira ganha cônsul honorário da Suécia >8

SAÚDE

Projecto universitário luta contra o cancro

Folia:

Região prepara-se para o Carnaval em Loulé, São Brás e Moncarapacho > 11

PESCAS > Um projecto inovador e arrojado em certa medida tenta promover a saúde junto da população com intervenções directas no tecido social. Por detrás da obra estão duas alunas da UAlg e a Associação Oncológica do Algarve. O POSTAL mostra-lhe o que é o Semear Saúde. p. 3

Docapesca investe nas lotas da região

PUB

CA >8

ON-LINE PARTICULARES Veja anúncio na pág. 6


2  |  6 de Fevereiro de 2015

em foco

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Variante Norte a Faro a bom ritmo Obra dita alterações ao trânsito na entrada da cidade para quem vem de Olhão e já tem troços pavimentados Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A VARIANTE NORTE A FARO, uma obra lançada pelo Governo de José Sócrates em 2009 e que esteve parada desde 2011 até Agosto de 2014, avança agora a bom ritmo com as obras a darem sinais significativos de avanço. O sinal mais visível do avanço dos trabalhos na obra está no condicionamento de trânsito à entrada de Faro, no troço da Estrada Nacional (EN) 125 entre Faro e Olhão, que se faz agora por apenas duas vias de trânsito, uma em cada sentido, por uma extensão de mais cerca de 150 metros. Os constrangimentos ao trânsito que se agravam nas horas de ponta da manhã e da tarde para os utilizadores desta via devem durar por mais algum tempo que a autarquia de Faro desconhece, não podendo quantificá-lo, apurou o POSTAL. Um custo actual do avanço dos trabalhos que decerto compensará, numa obra que prevê tirar das artérias da cidade cerca de 30 mil veículos por dia, ao facilitar o trânsito dentro da cidade e a conservação do pavimento das ruas de Faro, bem como, permitirá maior rapidez e comodidade

ricardo claro

nas viagens entre o sotavento e o barlavento que atravessavam até aqui o perímetro urbano da capital de distrito com as consequentes demoras.

Os números da Variante: Custo: 14 milhões de euros (valores de 2012) Extensão: 2.535 m Nós rodoviários: 2 Pontes: 3 Passagens superiores: 6 Passagens inferiores: 1 Vias: 4 (duas em cada sentido com 3,5 metros cada) Separador central Bermas com 2,5 metros

“A OBRA DE SANTA ENGRÁCIA” JÁ TEM ZONAS COM TAPETE BETUMINOSO Apelidada já pelo PS/

Faro como a obra de Santa Engrácia, a Variante Norte a Faro incluída nas obras de requalificação da EN 125 apresenta já zonas com tapete betuminoso às quais pouco mais falta para estarem prontas do que ser pintada a sinalização horizontal e a colocação da sinalização vertical. Retomada a obra pela concessionária Estradas do Algarve Litoral em Agosto do ano passado - depois de ter estado prevista inicialmente a sua conclusão em Fevereiro de 2012 - tem no entanto ainda por completar obras complicadas, nomeadamente a estrutura do futuro nó de acesso à Variante à EN 2 (Estrada de São Brás), o tabuleiro da passagem superior da Estrada da Penha (Estrada Municipal (EM) 518), o tabuleiro da passagem superior da EM 522 (Estrada de Pechão) e as rotundas de acesso à actual rotunda de acesso à saída de Olhão que constituirão o nó de acesso à variante para quem esteja em Faro

ÔÔ Obra já está a causar alterações ao trânsito no acesso de Faro para Olhão nas zonas do porto comercial, Bom João, São Luís e Penha.

PRE VISÃO DE TERMO DA S OBRAS, AS SUCESSIVAS FALHAS NOS PRAZOS Além das suces-

sivas falhas no cumprimento dos prazos iniciais, o consórcio responsável pela obra disse ao presidente da autarquia Rogério Bacalhau que a área de intervenção prioritária, depois da retoma

dos trabalhos em Agosto passado, seria a passagem superior da Estrada da Penha para que esta ligação à Freguesia da Conceição de Faro pudesse ficar transitável. A promessa de que cerca de três meses depois a Estrada da Penha reabriria ao trânsito já falhou. Cinco meses depois, a travessia superior da Estrada da Penha à variante nem sequer ainda tem tabuleiro.

As obras concentraram-se, isso sim, na aplicação do tapete betuminoso entre o nó da Variante Norte a Faro com a futura variante à EN 2 e a EM 518 que liga o Rio Seco à Conceição de Faro, na reparação dos danos causados pela paragem das obras e na obra de ligação da Variante Norte a Faro com a actual EN 125 para Olhão. Sem poder quantificar

quanto tempo mais ficará a Estrada da Penha fechada, a câmara avança que “espera que esta abra em breve”, antes da própria variante, cuja abertura se prevê, apurou o POSTAL, para Junho de 2015. Entretanto, na saída para Olhão, dentro em breve, o trânsito será cortado para restabelecer a ligação à EM 522, passando o acesso a fazer-se já pela nova Variante através do nó rodoviário de acesso a Faro que é constituído por uma primeira rotunda na própria variante e uma segunda rotunda junto à pista de atletismo municipal que permitirá a ligação à Av. Cidade Hayward e à estrada de acesso ao cais comercial.


6 de Fevereiro de 2015  |  3

região

Algarve lança estratégia para aumentar visitas de autocaravanas pág. 5

Semear Saúde promove sensibilização contra o cancro Projecto universitário, em parceria com a Associação Oncológica do Algarve, realiza acções no Dia Mundial do Cancro fotos: dr

pub

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial de Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e seis de Janeiro de dois mil e quinze, exarada a folhas doze e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e sete – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: A) Maria Teresa Águas da Silva Almodovar, NIF 172078920, solteira, maior, natural da freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, residente na Rua António Livramento, n.º 3, 8.º C, 1600-371 Lisboa; e B) Maria Margarida Águas da Silva Almodovar, NIF 171595190, divorciada, natural da freguesia de São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, residente na Rua Bento de Jesus Caraça, n.º 54, 3.º esq., 1600-606 Lisboa; - declararam que são donas e legítimas possuidoras, com exclusão de outrem e em comum e partes iguais, do prédio misto composto na parte rústica por terra de cultura com diversas árvores e na parte urbana por um edifício com várias divisões, destinado a habitação, sito no Sítio da Capelinha, Mato de Santo Espírito, com a área total de cinquenta e seis mil e seiscentos metros quadrados (56.600 m2), sendo a área coberta e urbana de cento e vinte e oito metros quadrados (128,00 m2), e descoberta e rural de cinquenta e seis mil quatrocentos e setenta e dois metros quadrados (56.472,00 m2), a confrontar do Norte com José Martins e António Horta, do Sul com Francisco da Conceição Viegas, caminho e outro, do Nascente com António Francisco da Palma e outro e do Poente com Coronel Joviano Chaves Ramos e outro, na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo urbano 959, e sob o artigo rústico 33805, com proveniência nos artigos 1231 e 33043, da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), sendo que a parte rústica tem o valor patrimonial tributário para efeitos de liquidação do Imposto do Selo de 12.415,37 €, igual ao atribuído, e a parte urbana encontra-se pendente de actualização, à qual atribuem para efeitos deste acto o valor de vinte e sete mil quinhentos e trinta euros (27.530,00 €). - Que o referido prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse delas, justificantes, do seguinte modo: a) metade indivisa por doação feita por sua avó Maria Angélica Pires Soares Águas da Silva, viúva, já falecida, residente que foi em Lisboa, e por sua mãe Maria Teresa Águas da Silva, já falecida, casada que foi com José Mário Almodovar sob o regime da separação de bens, residente que foi em Lisboa, na Rua Cidade de Liverpool, n.º 14, 2.º dto, doação essa titulada por escritura pública celebrada em vinte e quatro de Agosto de mil novecentos e oitenta e dois, na Secretaria do Notarial de Loulé, Segundo Cartório; b) e a restante metade indivisa por compra a José João Águas de Mendonça Vila Lobos, já falecido, casado que foi com Maria Grazia Anna Ravaglia de Mendonça Vila Lobos sob o regime da separação de bens, residente que foi na Avenida Casal Ribeiro, n.º 61, 4.º dto, em Lisboa, compra que foi titulada por escritura celebrada em vinte de Dezembro de mil novecentos e oitenta e dois, também na Secretaria do Notarial de Loulé, Segundo Cartório; - sendo, porém, os referidos títulos insuficientes para efectuar o correspondente registo a seu favor, estando, por isso, impossibilitadas de comprovar as referidas aquisição pelos meios extrajudiciais normais. - que, contudo, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidas de serem as únicas co-titulares do direito de propriedade sobre o identificado imóvel, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – nomeadamente mantendo o arrendamento de que já era objecto à data referida, recebendo as rendas, e pagando os correspondentes impostos, nomeadamente a antiga Contribuição Autárquica e o actual Imposto Municipal sobre Imóveis, e usufruindo dos seus rendimentos, cada uma na proporção dos respectivos direitos, nomeadamente ajustando entre si a divisão do seu uso e fruição e a repartição dos seus encargos ou despesas – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 22 de Janeiro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/172 (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A LUTA CONTRA O CANCRO faz-

-se todos os dias, mas 4 de Fevereiro, Dia Mundial do Cancro, é a data escolhida para marcar a agenda nacional e mundial no que respeita à luta contra aquele que é um dos mais importantes flagelos dos nossos tempos em termos de saúde. No Algarve, mais precisamente em Faro, o dia foi assinalado pela Associação Oncológica do Algarve (AOA) em parceria com o projecto Semear Saúde, com duas acções que decorreram na passada quarta-feira. O projecto Semear Saúde é um trabalho de duas estudantes de Educação Social da Universidade do Algarve, que aposta na promoção da prevenção, promoção e sensibilização para as áreas da saúde, no âmbito do projecto de final de curso de Cláudia Brito e Eva Divino. As duas estudantes criaram o projecto assente “na ideia de promoção da saúde através de iniciativas de informação e sensibilização abertas a toda a co-

munidade”, referiu ao POSTAL Cláudia Brito. A desenvolverem o seu trabalho na AOA, a tutora na instituição, a psicóloga clínica Maria José Pires, realça a “importância do trabalho das estudantes no âmbito daquele que é um dos principais objectivos da associação, “a sensibilização de todos para a problemática do cancro e para toda a envolvente da doença”. “Escolheram a AOA para desenvolverem o seu trabalho académico e isso é algo que muito nos lisonjeia”, refere a responsável associativa, que recorda que na ajuda na batalha contra o cancro nunca são demais os esforços de todos. Recorde-se que a AOA é a entidade responsável pela única unidade de radioterapia do sul do país, instalada em Faro, que presta cuidados à população de todo o Algarve e, como destaca Maria José Pires, “de qualquer outro ponto do país sempre que haja necessidade de colmatar listas de espera”. A Associação é ainda responsável pelo programa de rastreio do cancro da mama no Algarve, única região onde aquele não é

ÔÔ Eva Divino e Cláudia Brito são as mentoras do projecto da responsabilidade da Liga Portuguesa Contra o Cancro. É que no passado quando a Liga não conseguia aplicar o programa no Algarve, a AOA, dirigida pelo médico Santos Pereira, substituiu a instituição de âmbito nacional e assumiu a responsabilidade por garantir no Algarve uma resposta adequada à prevenção do cancro da mama. Para isso, a AOA conta com “uma unidade móvel que efec-

tua rastreios em todo o Algarve através de mamografias realizadas a mulheres entre os 50 e os 69 anos”, refere Maria José Pires. Quanto a grandes objectivos na calha está a construção de uma residência temporária em Faro para os utentes do centro de radioterapia que estejam deslocados. Uma realidade que depende agora do próximo quadro de apoio de fundos da União Europeia.

Trocar cigarros por fruta na campanha ‘Troque Nicotina por Vitamina’ ÔÔ Na manhã da passada quarta-feira o projecto Semear Saúde esteve no Mercado Municipal de Faro a propor a troca de um cigarro por uma peça de fruta. A iniciativa denominada ‘Troque Nicotina por Vitamina’ propôs com boa aceitação que os fumadores trocassem um cigarro por uma peça de fruta e assim se fumaram menos cigarros trocados ali mesmo por laranjas, maçãs e kiwis. Ao mesmo tempo, a AOA propunha dar abraços para provar que o cancro não se contagia e que quem sofre da doença não tem necessariamente de viver isolado ou distante do convívio social. Boas formas de mostrar que a vida não pára por causa da doença e que todos po-

ÔÔ Fumadores trocaram cigarro por fruta demos caminhar no sentido de estilos de vida mais saudáveis e menos propiciadores do desenvolvimento da doença. Pela tarde, as comemorações do Dia Mundial do Cancro saltaram para a Bi-

blioteca Municipal, onde duas palestras foram realizadas. O autarca castromarinense Francisco Amaral dissertou sob o tema “Deixe de fumar”, uma velha luta daquele que também é um reconhecido médico da região, enquanto a nutricionista Nadine Silva deu voz ao tema “A alimentação na prevenção do cancro”. Entre palestras, tempo para um fruit breack, proposto pelo projecto Semear Saúde, com o tradicional café a ser substituído por frutas tropicais, reconhecidas pelas suas propriedades anti-cancerígenas. Para saber mais sobre as iniciativas deste projecto pode visitar a página Projecto Semear Saúde no facebook.


4  |  6 de Fevereiro de 2015

região

ADOTA angaria fundos para ajudar animais pág. 6

Região de Turismo apresenta plano de marketing até 2018 Estratégia mantém-se e procura financiamentos alternativos em tempos de austeridade Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

FOI DESIDÉRIO SILVA , presi-

dente da Região de Turismo do Algarve (RTA), quem fez a abertura da apresentação do plano de marketing estratégico da região para o próximo triénio, 2015-2018. Um presidente do turismo visivelmente satisfeito com os resultados atingidos pelo sector este ano, que se cifraram em mais de 16 milhões de dormidas, um recorde que, como o POSTAL avançou em primeira mão em Outubro, já se esperava e que demonstra a recuperação do sector depois da crise mundial iniciada em 2008. Desidério Silva tem razões

de sobra para estar optimista com os resultados que mantêm o Algarve no topo do sector turístico nacional e a crescer 11,2% em dormidas, 13,9% em proveitos totais, 5% em voltas de golfe, no apuramento dos primeiros 11 meses de 2014. Só em proveitos totais o sector no Algarve gerou oficialmente mais de 680 milhões de euros para a economia nacional, um facto que o responsável pelo turismo na região saberá fazer pender a seu favor na difícil tarefa de puxar receitas para a promoção da região e do destino.

O PLANO DE MARKETING O pla-

no de marketing estratégico da RTA não tem novidades de monta.

Apostam-se nos destinos tradicionais, Europa e Canadá, querem-se mais ligações a aeroportos que sejam hubs capazes de garantir à região turistas de diferentes origens e quer-se reforçar o esforço de promoção em mercados tradicionais, tendo como base nichos de mercado onde o potencial de crescimento é maior que o Sol e Mar e que estão há muito identificados. Em suma, não se mexe em estratégia vencedora e, queira-se ou não, a RTA tem provas dadas neste caminho, com uma subida consistente dos resultados espelhada no crescimento contínuo de dormidas entre 2009 a 2014. Golfe, turismo de natureza, turismo de negócios, de saúde touring e gastronomia e vinhos são

ricardo claro

ÔÔ Desidério Silva durante a apresentação do plano de Marketing nichos em que aposta se reforçada. O Sol e Mar é e será o grande senhor do sector regional e os mercados onde a RTA pode promover o Algarve (Portugal e Espanha) serão as prioridades.

pub

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial de Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e três de Janeiro de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e quarenta e quatro e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e seis – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: - Custódio João Fernandes, NIF 109041127, e mulher Maria Rita Domingos Fernandes, NIF 111728568, naturais da freguesia da Conceição, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Malhada de Peres, caixa postal 58-Z, 8800-063 Conceição de Tavira, declararam: - que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, dos cinco prédios rústicos a seguir identificados, sitos na freguesia da União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, com origem na extinta freguesia da Conceição, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, com o valor patrimonial tributário total de 128,13 €. - prédio rústico composto por terra de cultura e pastagem, com a área de seis mil novecentos e noventa metros quadrados, sito em Corgo dos Pampilhos, que confronta a norte com António Pereira, a sul e poente com Manuel António Rosa e a nascente com José Pereira Filho, inscrito na matriz sob o artigo 10612, com proveniência no artigo 10527 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 60,40 €, igual ao atribuído; - prédio rústico composto por terra de pastagem, com a área de oitocentos e dez metros quadrados, sito em Foias, que confronta a norte com Manuel Pereira, a sul com Vitorino Gomes, a nascente com Custódia do Carmo e a poente com Manuel António Rosa, inscrito na matriz sob o artigo 10702, com proveniência no artigo 10618 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 7,21 €, igual ao atribuído; - prédio rústico composto por terra de cultura e pastagem, com a área de mil quatrocentos e setenta metros quadrados, sito em Pego do Penedo, que confronta a norte com António Pereira, a sul com Manuel Francisco da Custódia, a nascente com Joaquim Faustino e a poente com António Faustino Gonçalves, inscrito na matriz sob o artigo 10626, proveniente do artigo 10542 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 14,42 €, igual ao atribuído; - prédio rústico composto por terra de cultura e árvores, com a área de quatrocentos e quarenta metros quadrados, sito em Foias, que confronta a norte com Vitorino Gomes, a sul com José Faustino Gonçalves, a nascente com Custódia do Carmo e a poente com Domingos Dias Pereira e outro, inscrito na matriz sob o artigo 10705, com proveniência no artigo 10621 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 20,21 €, igual ao atribuído; - prédio rústico composto por terra de pastagem, com a área de dois mil novecentos e vinte metros quadrados, sito em Pelados, que confronta a norte com Francisco Pereira, a sul com Francisco do Carmo, a nascente com João Gonçalves e a poente com Domingos Dias Pereira, inscrito na matriz sob o artigo 10747, com proveniência no artigo 10663 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 25,89 €, igual ao atribuído. - Que esses prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse por compra meramente verbal, nunca reduzida a escritura pública, feita a Manuel Lourenço e mulher Maria Segunda, já falecidos, residentes que foram no Curral dos Boeiros, em Tavira, não tendo deste modo título que lhes permita fazer o registo dos prédios em seu nome. - Que, porém, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem titulares do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respectivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dele retirando os respectivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram os referidos prédios por USUCAPIÃO, o que invocam. Tavira, 23 de Janeiro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/155 (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)

Já a promoção noutros mercados emissores tem de ter como parceira a Associação de Turismo do Algarve, onde Desidério Silva aposta na sua posição de vice-presidente para poder reforçar

o investimento estratégico de acordo com os interesses da RTA.

O FINANCIAMENTO Em tempo

de cortes Desidério Silva não sabe se terá muito menos dinheiro face a uma situação já agora de esforço da estrutura da RTA para se manter acima da linha de água. Os cortes iniciais do orçamento podem agravar-se, haja necessidade do ponto de vista do Governo e o congelamento de verbas é sempre um perigo. Para ajudar a colmatar as falhas do orçamento, Desidério Silva espera que os escassos fundos europeus destinados ao Algarve consigam acomodar algumas das iniciativas do plano de marketing, aliviando a pressão sobre o orçamento. O presidente do Turismo do Algarve é claro em explicar que está muito atento à abertura dos programas de financiamento que na região tarda em se efectivar. pub

pub

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Extrato de Escritura de Justificação

Extrato de Escritura de Justificação

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e sete de Janeiro de dois mil e quinze, exarada a folhas vinte e oito e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e sete – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: - António Teixeira Cardeira, NIF 119114135, divorciado, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, residente na Rua Dr. Almeida Carrapato, caixa postal 1170-Z, 8800-166 Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, declarou: - que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, dos prédios rústicos a seguir identificados, sitos em Porto Carvalhoso, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira: VERBA UM - prédio rústico composto por terra de cultura com diversas árvores, com a área de mil cento e dez metros quadrados (1110,00 m2), que confronta a Norte com Caminho, a Sul com José Martins, a Nascente com Ribeiro e a Poente com Manuel Francisco Martins e Outros, inscrito na respectiva matriz, em nome de Manuel Joaquim, sob o artigo 5129, com o valor patrimonial tributário de 123,76 €, igual ao atribuído; VERBA DOIS - prédio rústico composto por terra de cultura, vinha e árvores, com a área de mil cento e setenta metros quadrados (1170,00 m2), que confronta a Norte com Manuel Francisco Martins, a Sul com Joaquim de Jesus Sousa, a Nascente com Caminho e a Poente com José Viegas e Outros, inscrito na respectiva matriz, em nome da herança de Maria Brita, sob o artigo 5127, com o valor patrimonial tributário de 115,13 €, igual ao atribuído; - Que estes prédios, vieram à posse dele justificante, da seguinte forma: a) o identificado na verba um por compra meramente verbal feita em vinte e dois de Maio e mil novecentos e noventa a Manuel Joaquim Martins e mulher Maria Adelaide Aleixo de Sousa Martins, residentes na Póvoa de Santo Adrião, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura; b) o identificado na verba dois por compra meramente verbal feita em vinte e seis de Agosto de mil novecentos e noventa e seis a Maria Brita, viúva, residente nas Mealhas, São Brás de Alportel; José Martins e mulher Maria Celeste do Rosário Sousa Martins, residentes na Avenida da Liberdade, São Brás de Alportel; e Maria José Brites Martins e marido Vitorino Pereira Gonçalves, residentes em Porto Carvalhoso, Santa Catarina da Fonte do Bispo, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura; - Que, porém, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser titular do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respectivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e deles retirando os respectivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO, o que invoca. Tavira, 27 de Janeiro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/184 (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e um de Janeiro de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e vinte e sete e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Cinquenta e seis – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: - Manuel Custódio de Jesus Guerreiro e mulher Faustina Maria Gonçalves Guerreiro, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no Monte dos Frades, Amaro Gonçalves, caixa postal 1214-G, 8800-120 Luz de Tavira, contribuintes fiscais números 104965665 e 185581358, declararam: - que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, com a área de mil e sessenta metros quadrados (1.060,00 m2), sito em Amaro Gonçalves, Luz de Tavira, freguesia da União das Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão, concelho de Tavira, que confronta a Norte com caminho público, a Sul com Cesaltina de Brito Avô, a Nascente com Rui Roberto Madeira e Joaquim Pedro Flor da Rosa e a Poente com José da Conceição Viegas, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número dois mil setecentos e trinta e cinco, ainda da freguesia da Luz, inscrito na matriz da actual freguesia sob o artigo 533, com proveniência no artigo 565 da anterior freguesia da Luz, em nome de Rui Roberto Madeira, com o valor patrimonial tributário de 311,64 €, igual ao atribuído para efeitos deste acto. - Que este prédio encontra-se registado na citada Conservatória a favor de Rui Roberto Madeira, casado com Maria do Carmo Fernandes sob o regime da comunhão geral de bens, conforme apresentação mil oitocentos e sessenta e quatro do dia dezassete de Fevereiro de dois mil e onze. - Porém este prédio, veio à posse deles justificantes, por compra meramente verbal feita em vinte e cinco de Agosto de mil novecentos e setenta e sete, pelo preço, à data, de trinta mil escudos, a Palmira da Conceição Frade, viúva, e seu filho José Miguel Gago, solteiro, maior, actualmente já falecidos e residentes que foram em Amaro Gonçalves, Luz de Tavira, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura, não tendo deste modo título que lhes permita fazer o registo do prédio em seu nome. - Que, porém, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem titulares do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respectivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dele retirando os respectivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invocam. Tavira, 21 de Janeiro de 2015.

Cartório Notarial de Tavira

Cartório Notarial de Tavira

O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/141 (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)


6 de Fevereiro de 2015  |  5

região

AMAL aposta na segurança da comunidade estrangeira pág. 7

Algarve lança estratégia para aumentar visitas de autocaravanas Desenvolvimento do sector pode ajudar a combater a sazonalidade O ALGARVE VAI TER UMA REDE organizada de acolhimento ao autocaravanismo, ao abrigo de uma estratégia regional para promover o sector, cujas regras ficaram recentemente definidas num protocolo subscrito por quatro entidades. O objectivo é melhorar o conforto e segurança dos autocaravanistas, aumentando o número de espaços apropriados (actualmente existem 12 com boas condições na região) e combatendo o estacionamento desregrado, nomeadamente em zonas de risco, como arribas ou dunas, explicou o presidente da Comissão de Coordenação e

Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. Em dois anos, o número de autocaravanas que passaram pelo Algarve mais do que duplicou, tendo sido contabilizadas 29 mil autocaravanas em 2014 - o que corresponde a cerca de 60 mil pessoas -, mais do dobro do que as 13 mil registadas em 2012, indicam números provisórios divulgados pela CCDR/Algarve. Segundo David Santos, presidente daquele organismo, a rede integrará apenas os parques de campismo e caravanismo e as áreas de serviço para autocaravanas que cumpram os requisitos

d.r.

exigidos e que, no Algarve, são ainda em número insuficiente para a procura.

PROTOCOLO ASSINADO POR QUATRO ENTIDADES DA REGIÃO Por isso, o protocolo – assinado pela CCDR, Comunidade Intermunicipal do Algarve, Região de Turismo do Algarve (RTA) e Associação de Turismo do Algarve (ATA) -, visa também que os parceiros desafiem entidades privadas a investirem na criação de infra-estruturas do género. No caso da RTA, o seu papel passará por criar uma área especializada para o sector no seu portal e produzir um desdobrável com um PUB

MUNICÍPIO DE TAVIRA

ÔÔ O autocaravanismo tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos mapa da região e a localização das unidades da rede. À ATA, entidade responsável pela promoção externa da região, caberá depois reproduzir o desdobrável em vários idiomas. Lembrando que a época alta do caravanismo no

Algarve decorre nos meses de Inverno e Primavera, David Santos sublinhou que o desenvolvimento do sector poderá ajudar a combater a sazonalidade característica do Algarve, classificando o sector como “uma das peças chave do desenvolvimento

Edital n.º 3/2015

IGREJA DA MISERICÓRDIA

Luís Conceição dá concerto em Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 19 de janeiro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 1/2015/CM, referente à Parecer genérico favorável para celebração e renovação de contratos de prestação de serviços - LOE para 2015;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 3/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação Almadrava - Rede Cultural e Social de Santa Luzia; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 4/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Casa do Povo de Santo Estevão; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 5/2015/CM, referente a Atribuição de apoio ao Rancho Folclórico de Santo Estevão; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 6/2015/CM, referente a Atribuição de apoio à Armação do Artista – Associação Artística, Cultural e Desportiva - oficina de teatro aberta à comunidade; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 7/2015/CM, referente ao Protocolo de Cooperação entre o Município de Tavira e a Universidade do Algarve; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 8/2015/CM, referente a Não aplicação pontual do agravamento sobre o valor da renda de espaço de parqueamento - José Luís Colaço Camarada; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 9/2015/CM, referente ao Imposto Municipal sobre Imóveis - Interlocutor municipal - Comissão Nacional de Avaliação de Prédios Urbanos; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Clínica Geral Pediatria Medicina Interna Psiquiatria Pediatria do Desenvolvimento Terapia da Fala Fisioterapia Terapia Ocupacional Psicomotricidade Dietética e Nutrição Enfermagem Psicologia Clínica Psicologia Educacional

Consulte os nossos preços Acordos com Médis, Multicare e Allianz saúde e Saúde Prime

Paços do Concelho, 19 de janeiro do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)

Lusa

PUB

Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira

2. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 2/2015/CM, referente a 1ª. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano de 2015;

regional”. De acordo com os dados existentes, no Inverno passado, a maior parte dos autocaravanistas que passaram pela região eram de nacionalidade francesa, mas no Verão os portugueses e espanhóis lideraram a procura, com um pico no mês de Agosto. A CCDR/Algarve divulgou, em 2008, um estudo sobre as potencialidades do autocaravanismo na região e o perfil dos autocaravanistas, ano desde o qual se encontra a trabalhar para lançar uma estratégia regional neste âmbito. O financiamento das acções previstas no protocolo provém de uma candidatura ao Programa Operacional Regional do Algarve (PO Algarve 21), no valor de 17 mil euros, que serão investidos, na sua maioria, na produção do desdobrável com o mapa da rede.

Registo na Entidade Reguladora da Saúde sob o nº E115161 Rua Actor Nascimento Fernandes, nº1 – 1ºandar,8000-201Faro Telefone: 289 813 183 Telemóvel: 969 267 369 / 917 753 239 E-Mail: clinicapatris21@gmail.com (15h ás 19h)

A IGREJA DA MISERICÓRDIA , em Tavira, recebe no próximo sábado, pelas 18 horas, um concerto de piano por Luís Conceição. O programa integra composições de W. A. Mozart (Fantasia em Dm, Sonata K231, Allegro, Moderato e Allegretto), Luís Conceição (Ausência II, Imagem, Aliança Submersa, Entre quotidianos, Coisas simples, Fado, Movimento II), Luís Conceição e Irene Ainstein (Sonata K550 - W.A.Mozart). O concerto insere-se no projecto “Música nas Igrejas”. Luís Conceição nasceu em 1974. Iniciou os estudos musicais com cinco anos, no Conservatório Regional do Algarve, tendo concluído o Curso Geral de Piano. Licenciou-se em Ciências Musicais, na Universidade Nova de Lisboa.


6  |  6 de Fevereiro de 2015

região

Docapesca investe nas lotas do Algarve pág. 8

ADOTA angaria fundos para ajudar animais Associação promove concerto para apoiar a causa da protecção animal no concelho de Tavira A ASSOCIAÇÃO ADOTA é uma

realidade recente, mas a verdade é que Alice Gil há muito que se fez ao terreno nestas andanças de ajudar os animais abandonados. O território de acção de mais esta instituição de apoio aos amigos animais é o concelho de Tavira com a base de operações a situar-se em Santa Luzia. Mas para fazer frente

às necessidades dos muitos animais abandonados no concelho enquanto estes não são encaminhados para pessoas e famílias de acolhimento que lhe garantam um futuro risonho, são necessárias verbas avultadas para uma associação que apenas agora dá os primeiros passos. Dinheiro que Alice Gil refere ser “indispensável” para se

ricardo claro

continuar a trabalhar.

CONTROLAR A POPULAÇÃO DE ‘VADIOS’ A ADOTA segue

ÔÔ Alice Gil quer fazer crescer a ADOTA e o apoio aos animais PUB

as mais seguras políticas de controlo de proliferação de animais abandonados esterilizando os mesmos para evitar a reprodução. Entretanto, já no próximo dia 21, pelas 21.30 horas, na Igreja da Misericórdia, pode juntar-se aos

tavirenses que vão dar uma ajuda à ADOTA, marcando presença num evento de canto, guitarra e piano a cargo de Luís Filipe Valente e Raquel Correia. Heitor Villa-Lobos, Luigi Boccherini, Franz Lizst, Fréderik Chopin e Sebastião Leiria serão parte integrante do programa solidário a não perder, para dar apoio aos animais. RC PUB

pub


6 de Fevereiro 2015  |  7

PUB

região

AMAL aposta na segurança da comunidade estrangeira

Protocolo com Safe Communities para prevenção do crime d.r.

A COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO ALGARVE (AMAL) assi-

nou recentemente um protocolo de colaboração com a Associação Safe Communities Algarve para fortalecer a cooperação entre ambas as entidades na prevenção do crime e na protecção aos estrangeiros residentes. “Numa região que se assume como o principal destino de férias do país, para turistas nacionais e estrangeiros, e com uma população estrangeira residente que ronda os 12%, é imprescindível a valorização de medidas de autoprotecção para prevenir riscos, pessoais e colectivos, e promover comunidades mais seguras”, pode ler-se no comunicado enviado pela AMAL. Através da parceria, as duas entidades unem-se para promover uma estratégia de sensibiliza-

ÔÔ Jorge Botelho ção que visa manter a população devidamente informada sobre questões de segurança, prevenção de crime ou de incêndios florestais, contribuindo para assegurar que o Algarve continua a ser um lugar seguro para viver e visitar. Para Jorge Botelho, presidente da AMAL, “é fundamental que o Algarve mantenha os padrões

de segurança e se continue a assumir enquanto um destino seguro, junto de quem nos vista ou de quem escolheu a região para viver. É ainda mais importante procurar conciliar sinergias entre as entidades competentes para dar continuidade à qualidade de vida que caracteriza o Algarve e que o distingue enquanto destino turístico de eleição”. De realçar que a Safe Communities Algarve é uma instituição sem fins lucrativos focada na prevenção da criminalidade através da prestação de serviços de apoio junto da comunidade estrangeira e trabalha em colaboração com diversas entidades, nomeadamente a Guarda Nacional Republicana, Polícia Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, assim como com as câmaras da região. PUB

PUB


8  |  6 de Fevereiro de 2015

REGIÃO

Algarve gelado prepara-se para o calor do Carnaval pág. 11

Docapesca investe nas lotas do Algarve

CORPO DIPLOMÁTICO

Tavira acolhe Consulado da Suécia d.r.

Segurança alimentar e requalificação dos portos são as grandes prioridades A DOCAPESCA PREVÊ INVESTIR em 2015 dois milhões de

euros na requalificação de lotas no Algarve, disse o presidente do conselho de administração, José Apolinário, sublinhando que espera visto para realizar uma “primeira intervenção” na de Olhão. “A nossa prioridade, de acordo com as orientações que recebemos do Governo, é por um lado, a segurança alimentar e, por outro, os portos e infra-estruturas. Temos em curso um plano de investimento em todo o país de dez milhões de euros nas lotas, que tem vindo a correr de norte para sul e agora tem mais intervenções no sul”, contextualizou José Apolinário. O administrador da empresa pública falava à Lusa após participar no segundo seminário do ciclo “Ria Formosa – A integridade do Sistema Lagunar e as actividades económicas”, dedicado ao tema “Pesca, Aquicultura e Salicultura”, realizado em Olhão.

d.r.

Este investimento destina-se, acrescentou, a “melhorar substancialmente as lotas”, tendo a empresa já adjudicado a requalificação da lota de Vila Real de Santo António e aguardando agora “visto para uma primeira intervenção em Olhão, porque depois será necessária uma segunda para o próximo ano”. A seguir, a Docapesca espera “lançar dois concursos para Portimão - um que vai ser lançado esta semana e outro para a próxima” - e depois realizar “a requalificação das lotas de Lagos e Sagres”.

DOIS MILHÕES NA REQUALIFICAÇÃO DOS PORTOS Da parte

dos portos, “o objectivo e a estimativa é vir a investir cerca de dois milhões de euros ao longo do ano em requalificação, sobretudo centrada na segurança de pessoas”, disse o responsável. José Apolinário frisou que estas intervenções vão focar-se na

ÔÔ José Apolinário substituição de escadas degradadas, nas iluminações e “em aspectos ligados à utilização diária” por parte de pescadores e profissionais que as utilizam e que “são necessárias para o fun-

cionamento” dos portos. “Já fizemos uma intervenção na iluminação em Olhão, temos prevista uma para a Baleeira, já fizemos em Vila Real de Santo António e depois vamos fazer em Sagres”, precisou. A empresa também está a trabalhar para avançar com projectos de execução, que José Apolinário disse irem “preparar as condições para no futuro haver concurso” e que não se vão materializar este ano. Neste campo, a Docapesca espera lançar “até ao final de Março” o concurso para o projecto de execução da requalificação das margens do rio Gilão, em Tavira, de forma a permitir, por exemplo, que as embarcações de pesca utilizem essa zona para atracagem, referiu ainda o administrador da empresa que tem a gestão das lotas, portos e áreas portuárias. Lusa

ÔÔ A embaixadora e o novo cônsul honorário à entrada do consulado

A CIDADE DE TAVIRA é, desde a

passada sexta-feira, a sede do único consulado honorário da Suécia a sul do país. O novo cônsul honorário, Peter Morawetz, representa assim para todo o Algarve a monarquia sueca encabeçada pelo rei Carlos XVI Gustavo e o Governo dirigido actualmente pelo primeiro-ministro Stefan Löfven. As instalações do consulado

onde decorreu a apresentação do diplomata estão situadas na Rua 1º de Maio, nº 9, em Tavira, e contaram com a presença na cerimónia pública da embaixadora da Suécia acreditada em Lisboa Caroline Fleetwood. O consulado promoveu de seguida à apresentação um jantar de recepção ao novo diplomata no Hotel vila Galé na cidade do Gilão.

PUB

Município de Tavira

AVISO Nos termos do n.º 1 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 18 de Novembro de 2014,

O 4º ADITAMENTO DO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 1/2009,

PUB

Município de Tavira

AVISO Nos termos do n.º 1 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 30 de Outubro de 2014,

Cuja alteração foi requerida por EMPET – EMPRESA MUNICIPAL DE PARQUES EMPRESARIAIS DE TAVIRA, pessoa coletiva número 505 873 567, com sede nos Paços do Município, Praça da Republica, em Tavira,

O 4º ADITAMENTO DO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 4/2008,

São licenciadas através deste aditamento as especificações ao alvará de loteamento que incidem sobre o loteamento sito em Santa Margarida, união das freguesias de Santa Maria e Santiago, neste Município, nos seguintes pontos:

Cuja alteração foi requerida por MANUEL MENDES JORGE, LDA., pessoa coletiva número 505 908 131, com sede no sítio das Quatro Estradas - Asseca, em Santo Estevão, Tavira,

a) Aumento da área de intervenção da operação de loteamento com a anexação do prédio urbano inscrito na matriz sob o artigo n.º 5405-P, passando de 196.028,04m² para 197.588,04m²; b) Aumento do número de lotes de 128 para 131 e da área total destes de 115.412,60m² para 117.150,29m²; c) Aumento da área de implantação total de 50.540,10m² para 50.617,28m²;

São licenciadas através deste aditamento as especificações ao alvará de loteamento que incidem sobre o lote 6 da Urb. “Quinta da Cara de Pau”, em Vale Caranguejo, união das freguesias de Santa Maria e Santiago, neste Município, nos seguintes pontos:

d) Aumento da área total de construção abaixo da cota de soleira para estacionamento/anexo, de 46.348,65m² para 47.627,34m²;

a) Construção de um piso em cave no lote 6, destinado a estacionamento com 234m² de área de construção;

e) Diminuição da área bruta de construção acima da cota de soleira de 108.340,10m² para 107.727,69m²;

c) Aumento dos lugares de estacionamentos privados de 26 lugares para 32 lugares;

f) Diminuição das áreas de cedência para arruamentos, estacionamentos, passeios e caminhos pedonais de 44.251,01m² para 44.073,33m². A alteração do Alvará foi aprovada por despacho do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tavira,

b) Aumento da área total de construção do lote, passando de 936m² para 1.170m²; d) Diminuição dos lugares de estacionamentos públicos de 122 para 120.

Jorge Botelho, de 10/11/2014.

A alteração do Alvará foi aprovada por despacho do Sr. Vereador do Urbanismo, Inovação e Empreendedorismo, João Pedro Rodrigues, de 02/10/2014

(POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)


6 de Fevereiro de 2015  |  9

anúncios

ZZZ pág. ##

ı

classificados zzz

Farmácias de Serviço ALBUFEIRA

SEXTA

SÁBADO

DOMINGO

SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

Alves Sousa

Santos Pinto

Santos Pinto

Santos Pinto

Santos Pinto

Santos Pinto

Santos Pinto

Sousa Coelho

Edite

Higiene

Caniné

-

ARMAÇÃO DE PÊRA

-

-

-

Penha

Baptista

Helena Vieira Santos

FARO

Montepio

LAGOA

José Maceta

José Maceta

José Maceta

Vieira Santos

Vieira Santos

Vieira Santos

LAGOS

Telo

Neves

Ribeiro

Lacobrigense

Silva

Telo

Neves

LOULÉ

Pinto

Avenida

Martins

Chagas

Pinto

Avenida

Martins

MONCHIQUE

Hygia

Hygia

Hygia

Moderna

Moderna

Moderna

Moderna

OLHÃO

Olhanense

Ria

Nobre

Brito

Rocha

Pacheco

Olhanense

PORTIMÃO

Amparo

Arade

Rio

Central

P. Mourinha

Moderna

Carvalho

QUARTEIRA

Miguel

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

-

SÃO BART. DE MESSINES

Pereira

Central

Algarve

Algarve

-

Algarve

-

S. Brás

S. Brás

S. Brás

João de Deus

João de Deus

-

-

SÃO BRÁS DE ALPORTEL

Dias Neves

SILVES

Guerreiro

TAVIRA

Montepio

Mª Aboim

Mª Aboim

Central

Felix

Sousa

Montepio

VILA REAL de STº ANTÓNIO

Pombalina

Carrilho

Carrilho

Carrilho

Carrilho

Carrilho

Carrilho

-

Dias Neves

Algarve

-

S. Brás

Dias Neves

-

Cuz Portugal

VENDE-SE ou ARRENDA-SE

Tractor - Rega, Lda

4 terrenos agrícolas com excelente localização e acessibilidade, com água da barragem, situados na Asseca a 3 minutos da cidade de Tavira

JÁ ABRIU - A 1ª. GERÊNCIA DE JOÃO PAULO & JOSEFINA

ESPERAMOS POR SI! Rua Dr. Silvestre Falcão, nº. 11 – R/chão - Loja 2 - F (Nas traseiras do banco BPI) Contacto: 281 328 531

Pomar de citrinos: 8.158 m2 Terra de semear: 8.000 m2 Terra de semear: 9.788 m2 Pomar de citrinos e terra de semear 6.370 m2 Área total: 32.316 m2

funerariapedro@sapo.pt funeraria_pedro@sapo.pt

funerariapviegas@sapo.pt

Empresa recomendada

Contacto: 918 201 747

TAVIRA Rua Dr. Miguel Bombarda n.º 25 Tel. - 281 323 983 - 281 381 881 LUZ DE TAVIRA EN 125, n.º 32 – Tel. - 281 961 455 VILA REAL STO. ANTÓNIO Rua 25 de Abril n.º 32 – Tel. - 281 541 414 FUNERÁRIA PATROCÍNIO Tlm. - 968 685 719 Rua João de Deus, n.º 86 – Tel. -281 512 736 IDALÉCIO PEDRO Tlm. - 964 006 390

Acordos com:

Multicare, C.G.D., Allianz

Susete Maia

Acordos com:

Medis, Multicare, C.G.D., Allianz

GARAGEM

Na Rua Francisco Sá Carneiro, próximo da Escola Secundária de Tavira Contactar: 935 642 000

CURSO DE ASSISTENTE DE MEDICINA DENTÁRIA Início: Março de 2015 Atlas-Coop Email: atlascoop.dfp@gm il.com

Tel: 937 818 013

23

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Solicite orçamento antes de decidir

Medicina dentária e Odontologia

Rua Libânio Martins, n.º 1 A - Faro 289 ' 045 457 - 914 922 721 . susetemaia@sapo.pt

VENDE-SE

Serviços Fúnebres Coroa de flores artificiais c/ moldura, cartões memoriais, livro de condolências e serviço de água no velório

AGÊNCIA

Tavira

969 003 042

FUNERÁRIA

Emergência 24 horas

965 040 428

Vila Real Sto. António

962 406 031


10  |  6 de fevereiro de 2015

anúncios zzz

ı

necrologia

ZZZ pág. ## Funerárias: Sítio da Palmeira LUZ DE TAVIRA Tel. /Fax: 281 961 170

SERVIÇO PERMANENTE 24h

Av. Maria Lizarda MONCARAPACHO Tel: 289 798 380

FUNERAIS | CREMAÇÕES | TRASLADAÇÕES ARTIGOS RELIGIOSOS MANUTENÇÃO DE CAMPAS E JAZIGOS FLORES Tlms: 966 019 297 (Carlos Palma)

963 907 469 (Gonçalo Correia)

Rua Soledade 19 OLHÃO Tel. 289 713 534

geral@funerariacorreia.pt - www.funeraria correia.pt

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

ROMEU MENDES TRINDADE

MARIA HENRIQUETA DOS SANTOS CONTREIRAS RAMOS E SILVA 25-04-1928 / 20-01-2015

MARIA CARMINDA NUNES

12-01-1929 / 15-01-2015

22-07-1928 / 23-01-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA

STA CATARINA DA FTE DO BISPO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA NICE - FRANÇA

JOÃO PEDRO FRANGOLHO SALVÉ-RAINHA

SABINO MANUEL JOÃO

MARIA ALCINDA DOS SANTOS

09-06-1939 / 24-01-2015

02-01-1925 / 25-01-2015

19-11-1933 / 25-01-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTA MARIA - TAVIRA AMADORA - LISBOA

CONCEIÇÃO – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA

JOÃO AUGUSTO BENTO 12-09-1920 / 28-01-2015

ARLINDO DA CRUZ PARRA 09-05-1928 / 03-02-2015

MARIA FERNANDA RODRIGUES SACRAMENTO DAS NEVES 09-01-1928 / 03-02-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

AGÊNCIA FUNERÁRIA

Santos & Bárbara, Lda FUNERAIS - CREMAÇÕES - TRASLADAÇÕES PARA TODO O PAÍS E ESTRANGEIRO

Tel. : 281 323 205 - Fax: 281 323 514 • 965 484 819 / 917 764 557 ATENDIMENTO PERMANENTE - OFERTA DE ANÚNCIO DE NECROLOGIA E CARTÕES MEMÓRIA Artigos Funerários e Religiosos / Catálogo de Lápides e Campas


6 de Fevereiro de 2015  |  11

região

Algarve gelado prepara-se para o calor do Carnaval Loulé, São Brás de Alportel e Moncarapacho voltam a liderar as rotas dos foliões Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A VIDA SÃO DOIS DIAS... E O CARNAVAL TRÊS costuma di-

zer-se e, uma vez mais, o Algarve prepara a época carnavalesca, com Loulé, São Brás de Alportel e Moncarapacho à cabeça dos destinos da quadra de todas as brincadeiras.

MONCARAPACHO COM ENTRADAS GRÁTIS Moncarapacho

abre as ruas da vila aos carros alegóricos e à animação sem parar, com entradas grátis, a 15 e a 17 de Fevereiro, entre as 14.30 e as 18 horas. Faltam pouco mais de oito

dias para a Terça-feira Gorda e é debaixo de temperaturas gélidas para a região que os algarvios aprumam o que falta para brilharem nas ruas em pleno desfile.

LOULÉ PROMETE ENCHER Quem

há muito se prepara é o maior Carnaval da região, o de Loulé. Cidade Europeia do Desporto este ano, o Carnaval louletano associa o grande evento da agenda municipal de 2015 à tradicional chacota aos políticos e à actualidade. Os dias 14, 15 e 17 são as datas maiores do entrudo por terras de Loulé, que, como sempre, promete arrastar para a cidade milhares de foli-

d.r.

ões prontos para darem largas às brincadeiras típicas da época. Os desfiles decorrem às 15 horas e a entrada custa dois euros. Já no próximo dia 13, entre Loulé e Quarteira, cerca de cinco mil crianças celebram o Carnaval numa antecipação da festa com desfile a rigor e à medida dos mais pequenos.

SÃO BRÁS DE ALPORTEL TRAZ AS SUAS GENTES À RUA Quem

não deixa por mãos alheias o reboliço risonho do Carnaval são os são-brasenses. A vila serrana faz-se toda brincadeira por alturas do Carnaval e promete não falhar este ano na capacidade de atrair e divertir

ÔÔ Algarve prepara-se para brincar ao Carnaval centenas de visitantes. É um outro Carnaval o de São Brás, feito da alma e do voluntarismo das

gentes da terra e das ideias mais ou menos loucas de quem não perde pitada da folia.

A avenida principal da terra promete receber os foliões e a assistência a 15 de Fevereiro, domingo, em mais um desfile de fazer chorar a rir. Também por terras de São Brás de Alportel a entrada para ver o corso é gratuita. Imperdíveis as propostas para três dias de calor carnavalesco a colocarem um intervalo nos rigores deste Inverno algarvio que teima em manter-se gélido. Agora já sabe onde pode apontar para garantir um Carnaval sem tristezas que não pagam dívidas e que em dias de folia apenas lhes resta quedarem-se esquecidas porque afinal, são só três dias. PUB

Anúncio de procedimento n.º 520/2015 MODELO DE ANÚNCIO DO CONCURSO PÚBLICO 1 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DA ENTIDADE ADJUDICANTE NIF e designação da entidade adjudicante: 505176300 - Águas do Algarve, S. A.

Valor do preço base do procedimento 14500000.00 EUR

Endereço desse serviço: Rua do Repouso, n.º 10

Classificação CPV (Vocabulário Comum para os Contratos Públicos) Objeto principal

Código postal: 8000 302

Vocabulário principal: 45252127

Localidade: Faro

Valor: 14500000.00 EUR

Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt

3 - INDICAÇÕES ADICIONAIS

9.2 - Meio eletrónico de fornecimento das peças do concurso e de apresentação das propostas

O concurso destina-se à celebração de um acordo quadro: Não O concurso destina-se à instituição de um sistema de aquisição dinâmico: Não É utilizado um leilão eletrónico: Não É adotada uma fase de negociação: Não 4 - ADMISSIBILIDADE DA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS VARIANTES: Sim 6 - LOCAL DA EXECUÇÃO DO CONTRATO Faro País: PORTUGAL Distrito: Faro Concelho: Faro Código NUTS: PT150

Plataforma eletrónica utilizada pela entidade adjudicante: http://www.vortalgov.pt Preço a pagar pelo fornecimento das peças do concurso: 250 EUR (Duzentos e cinquenta euros), acrescidos do IVA à taxa legal em vigor. O pagamento das peças do procedimento deverá ser efetuado por transferência bancária para a conta da Águas do Algarve, S.A. com o NIB: 0019 0027 0020 0018 548 71. 10 - PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS OU DAS VERSÕES INICIAIS DAS PROPOSTAS SEMPRE QUE SE TRATE DE UM SISTEMA DE AQUISIÇÃO DINÂMICO Até às 18 : 00 do 62 º dia a contar da data de envio do presente anúncio

Serviço/Órgão/Pessoa de contacto: Dr. José Manuel Perdigão, Administrador

7 - PRAZO DE EXECUÇÃO DO CONTRATO Empreitadas de obras públicas

11 - PRAZO DURANTE O QUAL OS CONCORRENTES SÃO OBRIGADOS A MANTER AS RESPETIVAS PROPOSTAS

Endereço: Rua do Repouso, n.º 10

Prazo contratual de 600 dias contados nos termos do disposto no nº 1 do artigo 362º do CCP

90 dias a contar do termo do prazo para a apresentação das propostas

8 - DOCUMENTOS DE HABILITAÇÃO, NOS TERMOS DO N.º 6 DO ARTIGO 81.º DO CCP O Adjudicatário deve apresentar os seguintes documentos de habilitação:

Proposta economicamente mais vantajosa

Código postal: 8000 302 Localidade: Faro Telefone: 00351 289899070 Fax: 00351 289899079 Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt 2 - OBJETO DO CONTRATO Designação do contrato: Conceção-Construção da ETAR de Faro-Olhão Descrição sucinta do objeto do contrato: O contrato tem por objeto a elaboração do Projeto de Execução da ETAR de Faro-Olhão, do Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE), Plano de Segurança e Saúde, Compilação Técnica, Plano de Gestão Ambiental em Obra e a execução das obras de construção civil (movimentos de terras, órgãos de betão armado, circuitos hidráulicos), de fornecimento e montagem de equipamentos (metalomecânicos, eletromecânicos, elétricos, automação, instrumentação e supervisão) e emissário de descarga do efluente tratado no meio recetor, da ETAR de Faro-Olhão. Constitui obrigação contratual o cumprimento, por parte da entidade adjudicatária, das medidas constantes da Declaração de Impacte Ambiental (DIA), referidas na alínea c) do ponto 52.4 do Caderno de Encargos, quer durante a fase de Construção, quer durante a fase do período de “Arranque”, até à data da “Receção Provisória”, de acordo com o estipulado na cláusula 56.3 do Caderno de Encargos, nomeadamente as mencionadas para o licenciamento ou autorização do projeto, assim como as apresentadas em fase de RECAPE; A empreitada inclui ainda o desenvolvimento prático do Plano de Segurança e Saúde para a fase de execução da obra, nos termos do Decreto-Lei nº273/2003 de 29 de Outubro, assim como o Plano de Prevenção e Gestão (PPG) de Resíduos de Construção e Demolição (RCD), nos termos do Decreto-Lei N.º 46/2008, de 12 de Março. Tipo de Contrato: Empreitada de Obras Públicas

a) os previstos no n.º 1 artigo 81.º do CCP; b) Declaração de titularidade de alvará e exibição do original do mesmo, contendo as seguintes habilitações: i) 1ª subcategoria da 1ª categoria e da classe correspondente ao valor global da proposta;

12 - CRITÉRIO DE ADJUDICAÇÃO Fatores e eventuais subfatores acompanhados dos respetivos coeficientes de ponderação: Valia Técnica da Proposta - 60% - Preço - 40% 14 - IDENTIFICAÇÃO E CONTACTOS DO ÓRGÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO Designação: Águas do Algarve, S.A. Endereço: Rua do Repouso, n.º 10

ii) 2.ª, 4.ª, e 5.ª subcategorias da 1ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta;

Código postal: 8000 302

iii) 6.ª subcategoria da 2ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta;

Prazo de interposição do recurso: 5 dias

iv) 1.ª, 2.ª, 4.ª e 11.ª subcategorias da 4ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta;

2015/01/30

v) 2.ª e 7.ª subcategorias da 5ª categoria, da classe correspondente ao valor dos trabalhos especializados que lhe respeite, consoante a parte que a esses trabalhos cabe na proposta.

Localidade: Faro Endereço Eletrónico: geral@aguasdoalgarve.pt 15 - DATA DE ENVIO DO ANÚNCIO PARA PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DA REPÚBLICA 16 - O PROCEDIMENTO A QUE ESTE ANÚNCIO DIZ RESPEITO TAMBÉM É PUBLICITADO NO JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA: Sim 17 - OUTRAS INFORMAÇÕES

9 - ACESSO ÀS PEÇAS DO CONCURSO E APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS

Nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do Artigo 25.º do CCP, existirá a possibilidade de adoção de Ajuste Direto. Regime de contratação: DL nº 18/2008, de 29.01

9.1 - Consulta das peças do concurso

18 - IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR DO ANÚNCIO

Designação do serviço da entidade adjudicante onde se encontram disponíveis as peças do concurso para consulta dos interessados: Direção de Infraestruturas - Departamento de Engenharia

Nome: José Manuel Perdigão - Cargo: Administrador (POSTAL do ALGARVE, nº 1137, de 6 de Fevereiro de 2015)


O POSTAL

última

regressa no dia 20 de Fevereiro

Tiragem desta edição:

8.081 exemplares

Protesto contra portagens na A22 amanhã Portugueses e espanhóis juntam-se na luta A PLATAFORMA HISPANO-PORTUGUESA CONTRA AS PORTAGENS na Via do Infante anun-

ciou para o próximo sábado uma “Marcha Internacional do Guadiana pela livre circulação na A22 - Portagens Fora”, que atravessará duas vezes a ponte entre Portugal e Espanha. A estrutura da plataforma é composta pela Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) e pelo Bloco de Esquerda (BE), do lado português, e pelos partidos “Podemos” e “Izquierda Unida”, do lado espanhol, e a marcha visa “intensificar a luta” contra o pagamento de portagens na A22 ou Via do Infante, explicou a Plataforma num comunicado. Os integrantes da plataforma organizaram o protesto “em reuniões preparatórias realizadas no Algarve e na Andaluzia”

e definiram “dois pontos simultâneos de concentração e partida das viaturas”, um do lado português da fronteira, em Vila Real de Santo António, e outro em Espanha, à entrada da localidade de Ayamonte, acrescentou a Plataforma. Em Vila Real de Santo António, a concentração dos veículos será feita no parque de estacionamento do mercado municipal, às 16 horas, enquanto do lado espanhol o ponto de encontro está marcado para a rotunda de acesso ao polígono industrial de Ayamonte, precisou. A plataforma referiu que as duas colunas de automóveis seguirão depois em marcha lenta em direcção à ponte internacional do Guadiana, onde se vai realizar “uma conferênpub

d.r.

pub

V.K.P. VIKO PEÇAS

PEÇAS PARA MÁQUINAS INDUSTRIAIS E MARÍTIMAS Contactos: 289 149 956 / 919 906 369 / 911 092 128

E-mail: vikopecas@hotmail.com Praceta Infante D. Henrique, Lt. 8, r/c D - FARO ÔÔ Portagens de volta à ribalta cia de imprensa conjunta, pelas 16.30 (17.30 em Espanha), no parque de estacionamento localizado em frente ao posto de cooperação transfronteiriça, no sentido Portugal-Espanha”. Lusa pub


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

FEVEREIRO 2015 | n.º 77 8.081 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve d.r.

Missão Cultura:

Saberes reinventados:

d.r.

Pespontos feitos mimos

DiVaM 2015 na rota do Mediterrâneo

p. 5

p. 6

p. 2

Momento: d.r.

Partilhar imagens... e algo mais

p. 7

Sala de leitura:

O rumor de Londres Da minha biblioteca:

Luis Ene: Ene coisas

d.r.

d.r.

p. 8

d.r.

p. 11

Colleen McCullough:

Beleza e indomabilidade no feminino… p. 4

p. 5


2

06.02.2015

Cultura.Sul

Editorial

Missão Cultura

E o Óscar vai para...

Cultura e património em diálogo com o Mediterrâneo através do DiVaM 2015

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

AGENDAR

Os prémios Óscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas regressam uma vez mais este ano à ribalta no próximo dia 22. Desde 1929 que os prémios Óscar distinguem aqueles filmes que, políticas e outras influências à parte, são considerados os melhores pelos ilustres ‘senadores’ da academia de Hollywood. Este ano na corrida à mais cobiçada de todas as estatuetas estão Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), Boyhood - Momentos de uma Vida, O Jogo da Imitação, Grand Budapest Hotel, Selma - A Marcha da Liberdade, Sniper Americano, A Teoria de Tudo e Whiplash - Nos Limites. Cada uma das escolhas para nomeados para melhor filme tem argumentos quanto baste para figurar entre os candidatos ao prémio mais cobiçado da sétima arte. Não me dou a prognósticos ou antevisões de votações cujos segredos só os deuses dominam, mas sempre vos deixo como irrecusável uma proposta. Em O Jogo da Imitação, Benedict Cumberbatch dá corpo ao genial Alan Turing, responsável pela histórica descoberta do código da famosa máquina encriptadora enigma, usada durante a guerra pelos Nazis. A obra deste homossexual reprimido na Inglaterra da Segunda Guerra Mundial ficou décadas legada à sombra da vergonha de um reino, o de Sua Majestade Elizabete II, que só em 2013 concedeu ao seu ilustre súbdito o perdão real pela condenação por homosssexualidade de que foi alvo. Como se houvesse algo a perdoar. Imperdível, um filme que tem de tudo, história, vida, génio, engenho e muito para contar.

Direção Regional de Cultura do Algarve

DiVaM é o programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos promovido pela Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg), pela primeira vez em 2014. A dinâmica desenvolveu-se nos Monumentos que lhe estão afetos: Castelo de Aljezur, Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, Monumentos Megalíticos de Alcalar, Villa Romana da Abicada, Castelo de Paderne, Castelo de Loulé e Ruínas Romanas de Milreu. Contando com a parceria de várias associações culturais e municípios algarvios, oferece à população um leque diversificado de eventos que abrangem música, teatro, intervenção teatral de rua, dança, performance e recriações históricas, procurando uma ampla diversidade na oferta cultural complementar destes Monumentos do Algarve, com o objetivo de levar as comunida-

des próximas a revisitar o seu património. Como lugares de memória, deseja-se que estes Monumentos sejam também lugares de vivências, de emoções: lugares de Bons Momentos. Em 2014, o Programa DiVaM integrou nas suas atividades as comemorações dos 40 Anos de Democracia, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios e as Jornadas Europeias do Património, num total de 69 eventos realizados ao longo do ano, com a colaboração de 18 associações culturais da região, em que participaram mais de 2500 pessoas. Reconhecendo as potencialidades e identidade própria de cada monumento, um dos objetivos do DiVaM correspondeu também ao desejo de promo-

associação cultural tertúlia algarvia ,

O programa cumpriu os seus principais objectivos: potencializar e valorizar os monumentos

afectos à DRCAlg e aproximar as comunidades ao seu património. Essa primeira edição permitiu, ainda, auscultar o potencial das associações participantes. Foi notório o reconhecimento, por parte dos agentes culturais envolvidos e do público participante, da existência de uma nova dinâmica enriquecedora e produtora de novas experiências culturais na região algarvia.

Em 2015 o DiVaM terá como tema central o “Património Imaterial e as Raízes Mediterrânicas” Para 2015, a programação DiVaM está a ser preparada em articulação com as associações culturais da região e terá como tema central o “Património Imaterial e as Raízes Mediterrânicas” e como base a marca “Bons Momentos” nos Monumentos do Algarve. Pretende-se construir um programa cultural dinâmico, enriquecedor e que promova “Bons Momentos” de descontração e lazer mas também de cultura, de cidadania, de promoção da identidade, de sentido de partilha de um património material e imaterial valiosíssimo, que nos pertence e do qual fazemos parte: o Mediterrâneo. Partilhando da visão de cultura de Helena Vaz da Silva, “(…) cultura como instrumento de felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos(…)”, é este o espírito que se pretende para o DiVaM. A apresentação da programação 2015 será efetuada no dia 21 de março, Dia Mundial da Poesia, em local ainda a designar.

recebeu Leelah Alcorn, a adolescente transsexual que cometeu suicídio à custa dos maus tratos psicológicos que lhe infringiam os pais. E nós aqui no meio, com os problemas do costume e a exasperação já um sentimento neutro. E este ano, quando as esperanças para uma altura em que não se tivesse de voltar a lutar pelos direitos básicos do ser humano, e em que realmente se conseguisse alcançar algum progresso social ainda se mantiveram relativamente firmes na primeira semana de Janeiro, levaram um estalo de mão aberta na segunda semana com o atentado à revista satírica

Charlie Hebdo em França. O caso Charlie só nos veio lembrar de uma verdade dura e incontornável: o mundo está a ferro e fogo. As desgraças que enchem as páginas de jornal e redes sociais dia após dia não respeitam quaisquer ingénuas esperanças de Ano Novo que se murmurem à contagem decrescente. E o mundo não vai mudar por sonharmos intermitentemente com um utópico dia em que todos vivamos em paz e harmonia. Só a participação ativa consegue a mudança. E não falo de uma participação acéfala, baseada em ideais pré-concebidos e informação errónea de tabloides, de nada valem opiniões copy-paste papagueadas aqui e ali; nada disto contribui para a formação de

caráter de um indivíduo ou para qualquer tipo de avanço social. Só a crítica, o debate, o questionar ativo do que ocorre à nossa volta consegue munir-nos das armas para enfrentar o mundo com a nossa presença. Não vos venho desejar que continuem a sonhar passivamente para que a mudança que desejam ver no mundo aconteça. Venho antes desejar-vos força, perseverança e coragem, para que trabalhem, ajam, se informem, pensem e critiquem até se tornarem pessoas à altura dos vossos sonhos. Para que estes passem de sonhos a objetivos, e de objetivos a realidade. Nada disto ocorre pela passividade. Tudo passa por nos tornarmos, também nós, pessoas de ferro e fogo.

DiVaM 2014, Castelo de Aljezur: projeto artístico “Até onde a vista alcança” sua participação na dinamização cultural da sua região.

“Toda a cultura é um diálogo com o seu tempo” Vergílio Ferreira ver a ligação da DRCAlg com os agentes culturais regionais não profissionais e de democratizar a

2014

Juventude, artes e ideias

Ferro e fogo

Mariana Ramos

Ciências da Comunicação

Chega aquela altura em que uma pessoa sente a obrigação de se debruçar sobre o tema do Ano Novo. Preferencialmente seria se falasse nele na mesma linha inspiradora e esperançosa dos já rotineiros textos de Ano Novo que lemos aqui e ali, que nos incitam

a que demos uma volta à nossa vida ao virar das 12 badaladas, que sonhemos alto e em grande para que os próximos trezentos e tal dias se tornem no capítulo de ouro do metafórico livro da vida. Mas vai-se tornando difícil ser-se otimista. Num panorama global, o mundo teve um ano que só leva a implorar para que não se repita. De um lado as manifestações de Hong Kong a clamar pelo seu direito de escolher quem os governa, do outro manifestações de Ferguson, EUA, a expor violência policial e os crimes racistas contra a população afro-americana, e a atenção internacional que

“APRENDIZA DE FEITICEIRA” Até 13 FEV | Sala de atendimento da EMARP Ana Paes Rosa é uma arquitecta que desempenha a sua profissão na Câmara de Lisboa e que, talvez, se considere aprendiza na arte de misturar e combinar cores, tons e técnicas para produção das suas obras

“OS SANTOS LENDÁRIOS” 15 FEV | 12.00 | Teatro das Figuras - Faro As lendas de Santo António, da Rainha Santa Isabel, de D. Nuno e de São Martinho são adaptadas para os mais novos, em histórias que são narradas e acompanhadas de música especialmente composta para este ciclo


Cultura.Sul

06.02.2015

3

Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt IPJ | CICLO He(ART) | 21.30 HORAS 10 FEV | PASOLINI, Abel Ferrara, FRA, 2013, 86’, M/18 17 FEV | SONO DE INVERNO, Nuri Bilge Ceylan, TUR, 2014, 196’, M/14 SEDE| CICLO POESIA E TRANGRESSÃO | 21.30 HORAS 12 FEV | EDIPO RE, ITA/MAR, 1967, 104’ 19 FEV | TEOREMA, ITA, 968, 105’ 26 FEV | PORCILE, ITA/FRA, 1969, 99’ TEATRO MUNICIPAL DE FARO 24 FEV | OS MAIAS, João Botelho, POR, 2014, 139’, M/12 (15 horas, escolas, 2,5€ / aluno. 21.30 horas, público em geral, 2,5€ sócios CCF, 5€ público)

Celebrar Pasolini Novo mês, nova temporada de programação, o Cineclube de Faro apresenta um conjunto de quatro novos filmes, inéditos em Faro no cartaz de Fevereiro. Num ciclo em torno das artes e da sua relação com o cinema, o CCF apresentará nas suas sessões regulares das Terças–feiras Os Maias, de João Botelho, na sua versão integral, em sessão dupla, para escolas e público em geral, no Teatro Municipal de Faro a 24 de Fevereiro, com a presença do realizador. A 17 de Fevereiro, também a literatura e o cinema se encontram em Sono de Inverno, filme arrebatador de Nuri Bilge Ceylan vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2014. A 10 de Fevereiro Abel Ferrara e a sua adaptação da trágica morte de Pier Paolo Pasolini e a abrir o mês, 20000 Dias na Terra, uma viagem poética pelo universo telúrico e apaixonante de Nicholas Edward Cave-Nick Cave. Na sede do CCF a senda das quintas em torno da cinematografia poética e transgressora de Pier Paolo Pasolini continua, com

Cineclube de Tavira fotos: d.r.

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORA 12 FEV | FADO CAMANÉ, Bruno de Almeida – Portugal 2014 (72’) M/6

O realizador Pier Paolo Pasolini a exibição de mais quatro obras, La Rabia, Edipo Rei, Teorema e Pocilga, sempre às 5ªs, na sede do CCF uma viagem gratuita pelas primeiras obras do italiano Pasolini, no ano em que se completam 40 anos desde a sua morte. Ainda a destacar a colaboração com a Fnac, que a 22 de Fevereiro pelas 18.30 conhece mais um

momento, desta feita com uma extensão do festival Porto/Post/ Doc, com a exibição do filme Cartas para Max, de Eric Baudelaire. Foco último para as alterações promovidas pelo CCF para os sócios (e não só) após a Assembleia Geral, que podem ser consultadas nas páginas web do CCF. Cineclube de Faro

19 FEV | ÄTA SOVA DÖ - EAT SLEEP DIE (COMER DORMIR MORRER), Gabriele Pichler – Suécia 2012 (104’) M/12 21 FEV | MOMMY (MAMÃ), Xavier Dolan – Canadá 2014 (139’) M/14 26 FEV | UROKI GARMONII – HARMONY LESSONS (LIÇÕES DE HARMONIA), Emir Baigazin – Cazaquistão/Alemanha/França 2013 (120’) M/16

Espaço AGECAL

Uma Europa cultural?

Jorge Queiroz Sociólogo, membro da AGECAL

Europa, uma bela mulher da cidade de Tiro raptada por Zeus, é um mito da antiguidade grega transformado em realidade. Se as civilizações mediterrânicas criaram a Europa e construíram os valores fundamentais da “civilização ocidental”, o contributo dos povos ibéricos foi relevante. Nos séculos XV e XVI levaram as suas culturas e costumes, a religião e a ciência, a tecnologia e produtos à descoberta de um mundo ainda em parte desconhecido, estabeleceram as grandes rotas comerciais. Quem nunca ouviu falar de Magalhães, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral ou Vasco da Gama? Por esse facto o português (6ª) e o castelhano (3ª) são hoje das línguas mais faladas no planeta. Enquanto realidade económica e política a União Europeia nasceu das cinzas de duas guerras mundiais, as-

sumindo valores da paz, cooperação e desenvolvimento, no respeito pelos direitos humanos. Mas nem todos os Estados europeus pertencem a esta comunidade, hoje com 28 nações, mas em crise de identidade colectiva. Uma sociedade de nações constrói-se com valores e respeito mútuo. Um modelo de referência cívica, de liberdade democrática, de progresso e de respeito pelos povos foi a razão do sucesso da União Europeia. Sempre que a coesão social aumenta a conflitualidade diminui. Mas o diretório que comanda a UE parece querer contrariar essa equação básica. E a cultura? Não existe uma cultura europeia. A Europa é um complexo mosaico de grupos étnicos (eslavos, latinos e germânicos) e de culturas regionais, dezenas de idiomas, religiões monoteístas e suas ancestrais tradições simbólicas, a cristandade romana, ortodoxa e protestante, mas também expressões islâmicas (3%) e judaicas, sem esquecer um elevado número de europeus ateus e agnósticos. Esta diversidade é a grande riqueza da Europa, a origem da sua extraordinária monumentalidade e atracção, também a força da economia e do turismo, o continente mais

d.r.

Estátua representativa de Europa visitado de todos. A cultura, em sentido amplo, deveria pois estar no centro de toda a estratégia europeia. Ao contrário do que pensa a tecnocracia, são os valores culturais que comandam as sociedades, os que produzem adesão consciente dos cidadãos e geram economia sustentável. Entender a História Cultural da Europa e do próprio País seria a primeira e indispensável obrigação das políticas públicas para evitarmos o erro e o preconceito, estabelecendo relações mais simétricas e desenvol-

vimento partilhado. A Europa do Sul permitiu fragilidades e dependência económica pela cópia de um modelo cultural alheio, consentindo a desvalorização das suas riquíssimas culturas ancestrais. Este fenómeno ganhou terreno no pós-guerra pela influência do cinema, da televisão e do audiovisual, das indústrias culturais que trabalharam e trabalham com grandes meios na construção da imagem homogeneizadora que vende valores, comportamentos e produtos

que vão da música à alimentação, da língua às tradições. Assim surgiram em climas temperados do sul um Natal com neve, pinheiros e renas, um dia de bruxas, as noites brancas (versão comercial do sol da meia noite) e todos os meses um dia de “qualquer coisa” para o consumo de produtos na sua maioria importados. Ao contrário de uma cultura de imitação, as culturas mediterrânicas conservam enorme criatividade, serão fonte de inspiração para a criação contemporânea. A somar-se a tudo isto surgiu na Europa um discurso sobre povos “trabalhadores” e “preguiçosos” que é não só falso, provam-no a importação de mão-de-obra e de quadros do sul, como provoca fracturas e antagonismos. Ignora-se que as formas de vida são diferentes pisando-se a autoestima das populações. E os nacionalismos estão de regresso ao velho continente… Fernand Braudel, profundo conhecedor e investigador da história da Europa, escreveu um dia: “as civilizações não são mortais, sobrevivem às transformações e às catástrofes… renascem das cinzas”. Será bom não esquecer que as culturas são um “fogo sagrado”.


4

06.02.2015

Cultura.Sul

Letras e Leituras

Colleen McCullough, beleza e indomabilidade no feminino fotos: d.r.

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

Colleen McCullough nasceu na Austrália e faleceu no dia 29 de Janeiro de 2015. Formou-se como neuropatologista e mais tarde foi investigadora e professora em Yale, durante dez anos. O seu romance de estreia foi Tim, que conta a improvável história de amizade e amor entre uma mulher e um jovem extremamente bonito mas que possui a inteligência de uma criança. Pássaros Feridos foi o livro que projetou a autora. Uma saga familiar, que corre três gerações e atravessa o século, tecida de sonhos e amores proibidos. Passada na Austrália, esta narrativa conta a história da sobrevivência de um rancho numa terra bela e árida. Pássaros Feridos foi depois adaptado ao pequeno ecrã, em formato de série, e é certamente lembrado pela história de amor de Meggie e do padre Ralph de Bricassart, de uma intensa ligação que mesmo camuflada perdura uma vida inteira. A Independência de uma Mulher parte da história sobejamente conhecida de Elizabeth Bennet, que se casou com o senhor Darcy, no romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen. Contudo, em vez de se centrar nas figuras centrais do romance, a autora procura desvendar o véu que cobre a vida de Mary, a irmã de Elizabeth, que se transforma numa mulher independente de obrigações familiares, e inspirada pela prosa de Argos, pseudónimo que oculta a verdadeira identidade deste cronista, Mary decide escrever um livro onde intenta fazer uma dura crítica social, expondo os males do seu país e o drama dos pobres. A saga «O Primeiro Homem de Roma», originalmente publicada pela Difel, cujo primeiro título foi reeditado, no ano passado, pela Bertrand sob o

Pássaros Feridos foi a obra que projetou Colleen McCullough

título «Os Senhores de Roma», figura como uma série à parte, onde se revela indubitavelmente a erudição e a capacidade de escrita desta senhora. O Primeiro Homem de Roma (publicado na Difel com o subtítulo O Amor e o Poder) acompanha o período do final da República e início do Império Romano. A autora entrelaça com mestria a vida íntima de grandes figuras históricas com a política, as questões de legislação discutidas no Senado, as rivalidades familiares entre os patrícios de Roma e narra fabulosas cenas bélicas numa história rica em pormenores da vida de Roma Antiga. Foi considerado um dos dez melhores livros do ano, quando originalmente publicado, fruto de uma investigação impecável e de um nível de pormenor meticuloso. Todos os volumes são densos tomos de quase mil páginas: A Coroa de Erva, Os Favoritos da Fortuna, As Mulheres de César, César, O Cavalo de Outubro, António e Cleópatra. Depois do ocaso de Mário e Sula, generais romanos que disputavam o título

de Primeiro Homem, acompanhamos simultaneamente, o crescimento e ascensão do jovem Caio César, sempre seguro de si e da sua ambição. É também particularmente interessante ver como todos estes grandes líderes estão sempre rodeados de grandes mulheres que muitas vezes os impulsionam também nas suas ações e decisões. Ao longo de cerca de 8000 páginas percorremos assim toda essa galeria épica de figuras histórias e outras menos conhecidas, que ainda hoje fazem parte da nossa cultura, como César, Servília, Catão, Bruto, Cleópatra, Marco António, Marco Crasso, Pompeu Magno, até que encerramos esta saga com Octávio Augusto, sobrinho e filho adotivo de César, escolhido deliberadamente para manter a unidade do Império. Em A Canção de Tróia, a autora regressa novamente à cultura clássica, apresentando um fresco repartido composto por várias pequenas histórias que traçam o retrato de diversas figuras da mitologia grega. Mais tarde, a autora des-

viou-se do romance histórico para o romance policial, com vários livros centrados na figura do polícia detective Carmine Delmonico: Um Passo à Frente, com um final deveras intrigante e inesperado, O Dia de Todos os Pecados, centrado no ano de 1967, em que num só dia, na pequena cidade de Holloman, ocorrem doze homicídios, e Crueldade a Nu, onde Delmonico tenta descobrir a identidade do perpetrador de diversas violações que se sucedem rapidamente. A autora escreveu vários outros romances, onde geralmente podemos encontrar jovens protagonistas “românticas” que lutam pela concretização dos seus sonhos e, nessa senda, definem a sua personalidade. Agridoce conta a história de dois pares de gémeas e tem como cenário a Austrália das décadas de 20 e 30. Edda quer ser médica, Tufts é uma jovem prática, que deseja ter sempre tudo organizado e repudia a ideia de casamento, Grace é uma jovem independente mas que deseja casar e Kitty está cansada de apenas ser reconhecida pela sua beleza. São conhecidas na Nova Gales do Sul pela sua beleza, espírito e ambição, mas conforme se aproximam da maturida-

de, as perspetivas limitadas da sua vida futura desmoralizam-nas. Todas elas decidem então inscrever-se numa formação em enfermagem, uma nova opção para as mulheres que, regra geral, se viam confinadas ao lar. As irmãs Latimer irão conhecer outras pessoas e encontrar desafios que em muito contribuirão para a sua maturidade, formação pessoal e a sua independência. Inevitavelmente, conhecerão homens de todos os quadrantes sociais, quer sejam agricultores, colegas no hospital e até mesmo homens com cargos públicos e políticos, e cada uma das irmãs terá de reavaliar as suas decisões e aspirações e decidir aquilo que é para elas mais importante. O título Agridoce talvez não seja muito feliz, remetendo os potenciais leitores para um título próprio de todo um novo gênero literário “cor-de-rosa” que enche as livrarias com uma série de histórias superficiais de paixão, mas Colleen McCullough é certamente uma autora que continua a despertar interesse e a arrebatar corações com uma escrita sensível. Aquando da sua publicação em Portugal, apresentou-se Agridoce como o primeiro romance épico da autora desde Pássaros Feridos, mas na verdade existiram ou-

tros dois grandes livros, intitulados A Viagem de Morgan e O Toque de Midas, separados entre si por gerações, embora ambos tracem um retrato histórico extremamente minucioso de como surgiu a Austrália. A Viagem de Morgan conta a aventura de Richard Morgan, um homem instruído que arranja trabalho numa destilaria de rum, contudo a sua inteligência e retidão deixá-lo-ão em apuros quando encontra canos escondidos que desviam ilegalmente centenas de galões de rum, para fugir aos impostos. O protagonista encontrar-se-á subitamente enredado numa teia de corrupção, sendo preso e enviado num dos vários navios de deportados rumo à nova colónia penal da Austrália. Aí assistimos ao quotidiano de um país que irá emergir do nada, ao mesmo tempo que os seus habitantes tentam resistir tanto a desastres naturais como às falsidades dos outros condenados. O livro podia quase ser lido como um romance de aventuras se não fosse o facto de assistir a esta história uma investigação exaustiva no que concerne aos mais variados aspetos da época, formando assim um microcosmos que representa os primórdios da nação australiana.


Cultura.Sul

06.02.2015

5

Panorâmica

Reinventar profissões esquecidas: pespontos feitos mimo Ricardo Claro

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

AGENDAR

O regresso a profissões esquecidas na gaveta dos tempos, em grande parte do país, foi um dos poucos condões dos momentos difíceis que atravessamos. A sociedade consumista, do imediatismo, dos serviços, do pronto a vestir e do abandono das profissões tradicionais impôs a alguns misteres outrora de grande procura um abandono quase total. A partir de meados da década de oitenta, os anos noventa e a primeira década de dois mil que se lhe seguiram quiseram que o país evoluísse, tivesse novas necessidades e novas formas de as satisfazer e no borbulhar da aurora consumista desenfreada, feita de mil quereres e outras tantas respostas ao ritmo do agora fizeram cair quase no esquecimento o sapateiro que se fez ‘sapato no minuto’, a modista ou costureira que se fizeram ‘Cort&Cose’, ‘Retoucherie’ ou uma qualquer marca de prêt-a-porter. Esfumaram-se as pespontadeiras e os alfaiates, das casas de pasto não rezou a história engolidas pelas ‘comidas a peso’ e os ‘pronto-a-comer’. O homem dos biscates fez-se técnico certificado de um preciso parafuso de um electrodoméstico particular e qualquer arranjo em casa podia ter de ser realizado por uma panóplia inominada de especialistas. Massificada, repetitiva, sem alma, mesmíssima, a oferta do mercado fez-se na exacta medida daquilo que a maioria da procura desejava. Marca, baixo custo, uniformização e, não em poucos casos, verdadeiro desejo de carneirismo consumista. Nada a objectar, somos - os da minha geração - o produto acabado deste figurino que buscámos tantas vezes inadvertidamente e outras tantas de plena consciência. Somos, fomos e seremos em muitos casos apenas o que tivemos, temos e teremos de ser com todos os circunstancialismos que se nos surgem. Mas os apertos, o desemprego, a escassez, a nova perspectiva, a imposição

fotos: ricardo claro

e, não menos, a vontade reinventada de descobrir dão-nos hoje a provar o regresso de uns aos saberes fazer de outros tempos reinventados para os dias de hoje e de outros à procura de uma oferta alternativa, seja ela gourmet, taylor made, autêntica, artesanal, ecológica, orgânica ou tantos outros rótulos. Procuramos hoje, como nunca nos últimos 30 anos, identidade naquilo que compramos, respostas à nossa medida pessoal ou à medida da nossa carteira e em larga medida afastámo-nos do percurso em auto-estrada a caminho do consumismo desenfreado e generalista. Não deixamos as marcas, nem as lojas massificadas, mas juntámos a tudo isto por variadas razões, sejam de dificuldades económicas, sejam de escolha pessoal, uma pitada de sal na forma como consumimos. Em suma, diversificámos o ideário subjacente à procura. Fenómeno económico e cultural O resultado desta nova forma de estar - se é que se pode classificar verdadeiramente como nova - está, no caso do Algarve como no do resto de grande parte do país, a dar novos matizes ao tecido económico e empresarial e, simultaneamente, a determinar uma paleta mais diversificada da oferta.

Cristina Cadeirinhas e Vanessa André apostaram na costura Há quem veja o fenómeno dos novos negócios, tascas, mercearias, lojas gourmet, lojas de artesanato e o comércio de produtos autóctones e de criações por

medida, como um fenómeno de reacção à debilidade da oferta laboral e da economia. Será, mas é também uma reinvenção da forma de fazer de outros tempos e a recuperação de um saber fazer e de uma identidade que há menos de dez anos diríamos condenados ao esquecimento. O Cultura.Sul já abordou a temática na área das mercearias e restauração e a reincidência, desta feita na área da costura, firma-se na convicção de que este é também um fenómeno cultural que tendo a crise por esteiro se revela um dos lados positivos de um desastroso fado que temos de ultrapassar. Há destas coisas e do mau se pode retirar o bom, na mesma medida em que se dança ao som da música. Cristina Cadeirinhas e Vanessa André são o exemplo de quem aproveitou esta onda e se fez ao desafio de recuperar uma profissão a caminho do esquecimento, reinventando-a conceptualmente. A costura regressa ao léxico das profissões

Vanessa André a costurar um porta desenhos e lápis “COISAS DA MINHA AVÓ” Até 27 FEV | Casa dos Condes - Alcoutim Francisco Brás apresenta um espólio com mais de cem anos, com peças da época da sua avó. A iniciativa pretende mostrar a riqueza etnográfica do concelho de Alcoutim

A costura regressa assim ao léxico das profissões de hoje também pelas mãos destas duas mulheres que fazem na bai-

xa de Faro da marca Pipoca’s o seu sustento e o seu trabalho, abraçando uma forma diferente de ganhar a vida. São pespontos feitos mimo que fazem nascer de tecidos escolhidos com dotes de imaginário infantil e muito trabalho as peças que tornam esta marca um fenómeno em crescimento no mercado de produtos para bebés e petizes na primeira infância. Já não se pedala, que os motores das máquinas de costura calaram o ritmado das velhas singer, já se saiu para fora de portas mesmo antes de abrir as da loja, com o on-line a garantir a fatia de leão das encomendas, já se cresceu para o nacional e se internacionalizou, mesmo antes de se vender no Algarve. Não se é a costureirinha dos filmes do Estado Novo, mas antes são mulheres de negócios, com formação superior e projectos bem desenhados para o crescimento e sustentabilidade, que se fazem nas terras do empreendedorismo empresárias de sucesso. Nos escaparates há babetes, fraldas, lençóis para alcofa de empreita, muda fraldas e tudo para o enxoval dos recém nascidos. Nas prateleiras exibem-se as forras para o ovinho, os sacos do bebé, as almofadas de amamentação, as toucas e os gorros. Enquanto as paredes do atelier mostram os brinquedos, os quadros decorativos, os cavalinhos de pau e um sem fim de propostas. A terapeuta da fala e a professora, feitas costureiras à medida dos sonhos dos bebés, das babadas mães e pais e dos amigos e familiares exaltantes com os novos rebentos, descobriram um nicho de mercado com fraca oferta na região e apostam forte no saber costurar para criar cada objecto à medida do cliente, numa clara aposta no tradicional fazer por medida. Exclusividade é a palavra de ordem num negócio onde a tradição do chulear, do casear, das aplicações de vivos e bordados se faz nova e frutífera. Alinhava-se assim o sustento de famílias, gera-se riqueza, recuperam-se tradições e dá-se perenidade à cultura e identidade de uma assentada, num mar de pespontos feitos mimo e negócio. A tradição já não é o que era, mas ainda dá provas de ter muito a dizer. Nomeadamente, que velhos são os trapos, porque as profissões são intemporais.

“OLHARES” Até 28 FEV | Biblioteca Municipal de Olhão Maria Odete Fernandes apresenta 19 painéis de fotografias que representam as suas viagens pelo Mundo, mostrando através da sua objectiva a forma como “olhou” para esses lugares


6

06.02.2015

Cultura.Sul

Artes visuais

As obras com texto escrito podem ser arte visual? Saul Neves de Jesus

Professor catedrático da UAlg, Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

AGENDAR

Palavras, frases e até poemas são muitas vezes integrados na arte visual contemporânea. A questão que por vezes se coloca perante estes trabalhos é se se trata de arte visual ou de arte escrita. Respondemos que se trata claramente de arte visual. No entanto, para uma compreensão desta resposta é importante conhecer como começou a surgir o texto escrito nas artes visuais. Destacaríamos que, nos anos 60, com a emergência da arte concetual, começou a ser frequente a utilização de texto nos trabalhos produzidos. Inclusivamente, muitos artistas conceptuais usaram praticamente só palavras no final dos anos 60, porque pretendiam desmaterializar o objeto da arte e porque pretendiam comunicar ideias ao público. Um trabalho concetual clássico com utilização de palavras foi apresentado por Kosuth, “Uma e três cadeiras” (1965), em que foi exposta uma cadeira real, uma fotografia de uma cadeira e a definição de cadeira, retirada de um dicionário. Alguns chegavam mesmo a argumentar que todos os trabalhos artísticos são essencialmente linguísticos, de tal forma que, em 1968, alguns artistas conceptuais criaram a revista “Art-Language”, na qual se procurava evidenciar “a linguagem como arte”: “such discussion was not language about art, but language as art” (Godfrey, 1998). Como exemplo de trabalhos da arte concetual em que eram utilizadas palavras, não só expressando o pensamento do artista, mas também procurando levar

o espetador a pensar, através da colocação de questões, temos o quadro “What this painting aims to do?” (“Qual é o objetivo desta pintura?”), de John Baldessari (1969). As palavras são também utilizadas em trabalhos mais recentes, nomeadamente em “Where am I?” (“Onde estou?”), de Annette Lemieux (1988). Mas esta estimulação ao pensamento do espetador era feita também com pequenas frases, sem interrogações, como por exemplo no trabalho “Any moment” (“Qualquer momento”), de Victor Burgin (1970). Os números também eram por vezes utilizados, em particular no trabalho de Dan Graham (1970), “March 31, 1966” (“31 de março de 1966”). No entanto, convém salientar que, não obstante a grande ênfase dada pelos concetualistas à utilização das palavras, estas já eram utilizadas anteriormente por diversos artistas. Por exemplo, já em “Un coup de dés” (“Um lance de dados”), de Stéphane Mallarmé (1897), era apresentado um poema numa página inteira, encontrando-se as letras com diferentes tamanhos e as linhas dispersas como elementos numa pintura. Também em “Grande foule sur la Piazza del Popolo” (“Grande multidão na praça de Popollo”), Francesco Cangiullo (1914), tal como outros Futuristas, procurava dispor palavras no espaço para as transformar em imagens, neste caso tentando sugerir a

agitação de uma multidão reunida numa praça. Por seu turno, Miró também inseriu números, palavras ou frases nos seus quadros, nomeadamente em “Photo, ceci est la couleur de mês rêves” (1925). A poesia visual foi também uma modalidade utilizada por alguns artistas, bastando que existisse uma informação organizada artisticamente através de elementos gráficos ou visuais. Assim, os símbolos linguísticos estão distribuídos de tal forma que o elemento visual assume a função organizadora da obra. Considera-se que o poema visual mais antigo foi “O ovo”, de Rodes (300 aC), pois o texto distribuía-se em formato de ovo. No entanto, foi em França, em 1962, que o poeta Pierre Garnier criou o movimento Espacialismo, lançando o seu “Manifesto por uma nova poesia visual e fónica” (“Manifeste pour une poésie nouvelle visuelle et phonique”), propondo uma nova poesia que explorasse o aspeto visual ou sonoro, isto é, uma poesia “para ver-se” ou “para ouvir-se”. De uma forma diferente, isto é não pretendendo que a escrita poética seja colocada de forma a ser criada uma imagem, outros artistas integram poesia nas suas pinturas. Um exemplo de integração da poesia na pintura ocorre no quadro “Auto-retrato com cabelo cortado” (1940) de Frida Kahlo. Esta pintora mexicana havia-se separado pouco

Pintura “Photo, ceci est la couleur de mês rêves”, de Miró (1925) “CONCERTO PELA ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL” 26 FEV | 18.00 | Igreja Matriz de Alcoutim Orquestra apresenta o ciclo “A Sinfonia Clássica”, com obras de Works by Jerónimo Francisco de Lima, Wagner e Mozart

fotos: d.r.

Pintura “Auto-retrato com cabelo cortado”, de Frida Kahlo (1940) (vista parcial) tempo antes do seu marido, o pintor Diego Rivera, quando pin-

Técnica mista “Terra Natal: Homenagem a Olhão”, de Saul de Jesus (2010)

tou este quadro, no qual coloca também a letra de uma canção popular mexicana: “Olha, quando te amava, era por causa do teu cabelo. Agora que cortaste o cabelo, já não te amo”. Além disso, muitos dos artistas visuais também realizaram trabalhos no âmbito da arte escrita, em particular na poesia, mesmo que não incluíssem palavras ou frases nos seus trabalhos. Por exemplo, Kandinsky escreveu poemas que fazem referência a cores e linhas, aproximando-se daquilo que também fazia através da arte visual. Esta proximidade entre a arte visual e a arte escrita encontra-se bem sintetizada na frase de Leonardo Da Vinci: “A pintura é uma poesia que se vê” (Pedrosa, 2009). A quebra de barreiras entre modalidades artísticas tem permitido a emergência de criações contemporâneas que por vezes suscitam dúvidas no público, não compreendendo porque é que uma obra é considerada desenho, quando parece escultura, ou escultura, quando parece música. Assim, por exemplo, temos a modalidade “escultura

sonora” seguida por alguns artistas na atualidade, assumindo-se como “sound sculpture artists” (Bill Fontana, 2012). É o caso do artista e fotógrafo alemão Martin Klimas que trabalha com respingos de tintas coloridas através da reverberação do som, ou até do “escultor sonoro” português João Oliveira que exibiu a “5ª Sound”, uma instalação com galinhas e um teclado musical, e ainda uma performance com chávenas, nas esplanadas do centro histórico de Guimarães, no âmbito do programa da Capital Europeia da Cultura, em 2012. Sem formação académica em artes, João Oliveira afirmava que “O mundo, para mim, é uma ópera de sons”. A questão de fundo aqui diz respeito à liberdade de expressão dos artistas contemporâneos, que utilizam diversas técnicas artísticas e, com o apoio das novas tecnologias, produzem instalações, arte digital, vídeo arte, etc. Desta forma, os artistas procuram conciliar as tradições artísticas tradicionais com as técnicas contemporâneas. No entanto, convém salientar que esta utilização de diversos meios na produção artística foi uma característica comum a muitos dos artistas desde o início do século XX, os quais realizavam trabalhos nas várias artes visuais conhecidas na sua época, nomeadamente na pintura, na escultura, no desenho, na gravura e na fotografia, não se limitando à utilização de uma única técnica. A curiosidade e a experienciação sempre têm feito parte do processo criativo dos artistas, pelo que é comum a utilização dos meios permitidos em cada época, não obstante depois, em termos de história de arte, poderem ficar mais conhecidos pela utilização de uma determinada técnica ou estilo artístico. Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)

“MARIA CAMPINA, A LOULETANA QUE PÔS SALZBURGO DE PÉ” Até 31 MAR | Cine-Teatro Louletano A presente exposição pretende valorizar o projecto de vida de Maria Campina, ou seja, a sua dedicação à música e à pedagogia musical, deixando ao mundo um legado incontornável


Cultura.Sul

06.02.2015

7

Momento

Partilhando imagens... e algo mais Foto de Ana Omelete

Um olhar sobre o património

E o leitor, não quer ser um mecenas?

Alexandre Ferreira

Licenciado em Património Cultural pela UAlg

As recentes notícias relativas à Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, decorrentes de toda a turbulência em torno do BES e da família Espírito Santo, vieram colocar na praça pública pelas piores razões o Mecenato Cultural e o papel que o Estado Português adopta na defesa de um património cultural nacional que se reveste de características únicas. Únicas, porque em 1953 o banqueiro que dá o nome à Fundação (não o que está agora no seio da amálgama que se chama BES) oferece ao Estado não só uma valiosa colecção de artes plásticas e decorativas mas também a própria Fundação, com o seu museu já constituído no Palácio Azurara em Lisboa, naquela que terá sido uma das primeiras iniciativas de

Mecenato Cultural do nosso país. Exposta que está a toda a insegurança que se vive em torno do BES/Novo Banco o futuro da própria Fundação é desconhecido, colocando em causa duas escolas técnicas, dezoito oficinas tradicionais e o museu de artes decorativas do século XVIII, já para não falar dos técnicos especializados que ali trabalham. Incertezas que se agudizam com a indefinição acerca do que o Estado Português pretende fazer. Importa referir que o Mecenato Cultural, com raízes no Renascimento, onde o poder recorria à protecção de artistas e das artes para demonstrar a sua supremacia, consubstancia-se nos dias de hoje em apoios, sob a forma de donativos ou, desde o início deste ano, sob a forma de cedência de recursos humanos do mecenas à entidade beneficiária. Estes apoios conferem ao mecenas o direito a benefícios fiscais, os quais foram alargados neste início de ano. Não por acaso, os casos mais conhecidos de Mecenato Cultural estão associados a grandes empresas através das suas Fundações: Fundação EDP, Fundação Millenium BCP e o extinto BES com o seu apoio à fotografia, o qual tran-

foto: lijealso

Imagem da fachada do Museu de Artes Decorativas sitou para o NOVO BANCO Photo e cujos nomeados foram divulgados no final do mês de Janeiro. Mas o Mecenato Cultural não está só ao alcance das grandes empresas. Casos há, em que particulares assumem o seu papel de Mecenas promovendo a requalificação do património que de outra forma continuaria

abandonado e em ruínas, como o caso do Forte de Albarquel em Setúbal, o qual vai ser recuperado por uma fundação de uma cidadã inglesa e, uma vez terminada a requalificação, irá ser disponibilizado à comunidade como núcleo museológico, galeria de exposições e eventos culturais.

É certo que não está ao alcance de todos, particulares ou empresas, constituírem-se como mecenas. Mas este facto não invalida que aqueles que não tenham essa possibilidade sejam interventivos na protecção e sensibilização para o Património Cultural. Poderá começar com um simples passeio no qual se vão contando aos filhos, aos netos, aos amigos, as belas histórias que determinado local nos faz recordar ou as lendas que desde tenra idade povoam o nosso imaginário ou até mesmo aquele marco histórico que achámos curioso quando o descobrimos. Ou até mesmo juntarmo-nos a um grupo de pessoas que comunguem do desejo e da paixão pela história da nossa comunidade? Com um singelo acto como este, estamos a criar e a transmitir significado. E é do significado que nascem os laços afectivos, os quais posteriormente nos dão o ímpeto para proteger e preservar o que nos é querido. E já agora, porque não um passeio até ao Promontório de Sagres, o qual está a ser alvo de uma intervenção de fundo no âmbito do Projecto de Requalificação e Valorização, e verificar in situ o porquê de ter sido submetida a sua candidatura à Marca do Património Europeu.


8

06.02.2015

Cultura.Sul

Sala de leitura

O rumor de Londres Paulo Pires

Programador cultural no Município de Silves esteoficiodepoeta@gmail.com

AGENDAR

Melville dizia que havia dois lugares no mundo em que uma pessoa podia desaparecer por completo, sem deixar vestígio: a cidade de Londres e os mares do Sul. É precisamente nessa urbe, complexa e inquietante, que deambulam as personagens e leitores de Virginia Woolf, como Mrs. Dalloway, num dia em que sai para a rua para comprar flores, ou Orlando, que retorna à cidade várias vezes ao longo da sua secular existência de mulher e homem. Se as cidades também são o que delas fazem a pedra e o concreto, os (pequenos) gestos, sentires e visões dos seus habitantes e visitantes, por seu lado, tornam-se indissociáveis da construção de uma identidade, de um imaginário, de uma geografia afectiva urbana. Os labirintos e fascínios da moderna Londres – aquela que o poeta romântico inglês Shelley considerava uma cidade muito parecida com o Inferno, pelo aspecto populoso e pelo fumo – foram um dos principais nutrientes literários de Virginia Woolf, que navegava nas suas ruas como uma espécie de onda, plena de lucidez e poeticidade. Várias obras da escritora reflectem isso, como o romance The Years (1937) ou o ensaio-guia The London Scene (ou simplesmente Londres, na competente tradução de José Miguel Silva para a Relógio d’Água), de 1931. As cenas londrinas que Woolf teceu na Primavera desse ano (destinadas à publicação na revista Good Housekeeping) revisitam a beleza da imponência e do simples, do genial e do comum, “sem ter sequer de mexer um dedo”

(nas palavras da escritora num diário de 1924). Uma cidade que se apodera das vidas privadas e as transporta sem esforço, onde as pessoas entram e saem ligeiras e divertidas como coelhos – como se lê nas mesmas memórias dos anos 20. Na aludida obra Londres, o itinerário inicia-se no lugar porventura mais simbólico da urbe (ponto de partida e chegada, de rotina e novidade, de esperança e incerteza, de sorrisos e lágrimas, de trabalho e capital): as docas – espécie de caixa-de-ressonância de uma cidade acordada e de íman de uma capital aberta ao mundo. Para Woolf o porto de Londres afigura-se como um ponto obrigatório de ancoragem, que tem o condão de atrair a galeria mais cativante (e improvável) de exemplares: navios grandes e pequenos, maltratados e esplêndidos, românticos, caprichosos e livres, “vindos do silêncio, do perigo e da solidão”. Num tom poético-modernista, a escritora justifica assim aquela dança vertiginosa (do sal) dos dias: “Somos nós – com os nossos gostos, as nossas modas e necessidades – que fazemos com que os guindastes balancem e mergulhem, somos nós que atraímos do mar alto os navios. […] O comércio observa-nos com ansiedade, a fim de perceber que novos desejos se formam em nós, que novas aversões”.

fotos: d.r.

Virginia Woolf: Londres como viagem ao fundo de si mesma Próxima paragem: Oxford Street. E um recado à navegação moralista e ao seu previsível repúdio pela frágil, “contida, indolente e impiedosa maré” daquela avenida londrina: “[…] talvez eles estejam equivocados no seu desprezo, como nós estaríamos se perguntássemos ao lírio se queria ser fundido em bronze ou à margarida se queria que as suas pétalas fossem de

A “moderna Babilónia”: Londres em 1930 “AMÁLIA POR JÚLIO RESENDE” 21 FEV | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Trata-se do projecto a solo do pianista Júlio Resende e a sua primeira incursão pelo universo do Fado, concretizada em trabalho discográfico

imperecível esmalte”. Virginia esmiuça mesmo a sua visão sobre este tópico, naquela que é uma das reflexões mais bem conseguidas da obra: O encanto da moderna Londres está em ser feita não para durar, mas para passar. O seu vidrado, a sua transparência, as suas ondas de gesso colorido proporcionam um prazer distinto e alcançam objectivos distintos dos que eram desejados pelos antigos construtores e seus clientes, a nobreza de Inglaterra. O orgulho destes exigia essa ilusão de permanência. O nosso, pelo contrário, parece comprazer-se em demonstrar que somos capazes de construir com pedras e tijolos tão transitórios como os nossos desejos. Nós não edificamos para os nossos descendentes, que tanto poderão vir a morar nas nuvens como debaixo da terra, mas para nós próprios e para as nossas necessidades. Nós arrasamos e reconstruímos tal como esperamos ser arrasados e reconstruídos. Um impulso, esse, que favorece a criação e a fertilidade. Assim se estimula

a descoberta e se alerta a invenção. Seguem-se os sítios onde podemos pendurar o chapéu, como diria o viajante Bruce Chatwin. Virginia Woolf perscruta então as casas dos grandes escritores, como Dickens, Johnson (o mesmo que afirmou um dia que “quem está cansado de Londres está cansado da vida”), Carlyle ou John Keats, “pois os escritores deixam nos seus bens uma marca mais indelével do que a maior parte das outras pessoas” e inscrevem/projectam, de modo singular, a sua identidade no espaço privado. Segundo a nossa guia, nenhuma biografia é mais esclarecedora do que uma hora passada na residência de Thomas Carlyle, onde havia uma bomba de água no rés-do-chão e uma banheira de latão amarelo três pisos acima: “Tanto o marido como a mulher eram pessoas de génio; amavam-se um ao outro. Mas o amor, o génio – que podem eles contra o carun-

cho, as banheiras de latão, ou uma bomba de água no rés-do-chão?”. E Woolf questiona-se mesmo se metade das discussões daquele casal não teria sido evitada, suavizando imensamente as suas vidas, se aquela casa fosse dotada de todas as comodidades modernas. Uma paragem inevitável para privilegiar a espiritualidade: abadias e catedrais. A primeira impressão ao entrar nas igrejas da cidade é a de que os mortos usufruíam de um espaço muito maior do que aquele que os vivos têm actualmente ao seu dispor. E xdá-se o exemplo de um homem do século XVIII que foi enterrado dentro da igreja e cuja lista de virtudes ocupa toda uma parede (a mesma área que hoje permitiria instalar um escritório completo com uma avultada renda). “Nos nossos dias, um homem assim obscuro teria direito apenas a uma lápide de tamanho regulamentar, colocada entre um milhar de outras, e as suas grandes e divinas virtudes teriam que ficar por reconhecer”. Neste trajecto é impossível ficar indiferente à suspensão e “libertação da pressa e do esforço” que a espaçosa e serena Catedral de St. Paul transmite, “mais do que qualquer outro edifício no mundo”, a qual contrasta com a severa, estreita e animada Abadia de Westminster, onde reina uma brilhante, selecta e distinta assembleia cujos “mortos, se é que mortos estão, viveram plenamente” e “onde não há um centímetro de parede que não fale, não proclame, não ilustre”. Londres tem, para Virginia Woolf, essa dualidade magnética: uma cidade de túmulos, de sossego e garantia de repouso; mas também uma urbe “mergulhada em pleno na rápida torrente da vida humana”, intranquila, amontoada, tumultuosa. [continua na próxima edição]

“POTES” Até 13 FEV | Junta de Freguesia de Pechão O tema da exposição surgiu da paixão de Maria do Ó (Maria Odete Fernandes da Fonseca Neves) por potes, decidindo passar para a tela os muitos potes que tem descoberto nas viagens que tem realizado pelo mundo


Cultura.Sul

06.02.2015

9

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Fevereiro lendário exposto à vista de todos…. Poder-se-á então dizer…: – Fevereiro acaba sempre por ser o mais frio e aborrecido dos meses, mesmo que determinando o fecho do escuro dos dias pequenos, e preparando o crescendo das horas, em que tal como a natureza, recuperamos o caminho para a luz.

Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

reiro a sua primeira grande iniciativa, tendo já confirmados Francisco Fanhais, Vitorino, Janita Salomé, João Afonso, Filipa Pais, Afonso Dias, Tânia Silva, Luis Galrito, António Hilário. E que venham mais cinco….

Já vai longo…

Farpa Lab

O poeta n’O Poeta, na rua do poeta fotos: d.r.

Inaugurou a 22 de Janeiro com uma exposição colectiva. Está situado no terraço do Mercado Municipal de Faro, com o seu amplo espaço interior e uma vista urbana invejável com rastos da Ria Formosa no horizonte, torna-se o sítio perfeito para a recepção das mais variadas exposições de arte contemporânea, servindo de motor para a promoção de artistas emergentes, com maior incidência nos artistas regionais, assim como para apresentar e promover obras de diversos outros artistas nacionais e internacionais consagrados. Tendo o Atelier da Policromia como suporte, a Galeria estará receptiva a candidaturas para exposição de todo o tipo de movimento artístico como são os do Desenho, da Pintura, da Escultura, da Performance, Instalação e dos demais.

Estímulo Hoje ao fim da tarde (18h30), num renovado bar - ‘O Poeta’ (r. poeta emiliano da costa, 26-tavira) - que dá grande destaque ao seu subtítulo: ‘Cultura a Retalho’, Pedro Jubilot apresenta o mais recente livro de poesia do autor Fernando Cabrita. «Lejos de Sefarad/ Longe de Sefarad», nº 5 de Los Libros del Estraperlo, traz os Poemas da/de la Cidade de Lucena, em edição bilingue, como todos os livros deviam ser…

Fevereiro

O homem fica por estes dias sentado num tronco que está frente à casa, manhã após tarde, olhando um céu passando os seus flocos brancos, à espera que estes escureçam, e que nos sopros de ar lhe tragam a tão desejada precipitação pluviométrica para as terras onde os cultivos requerem pacientemente um pouco de estímulo ao desenvolvimento da sua agricultura, que ainda que pequena não a entende de contemplação estética.

pela Edições Mandil no final de 2014. O livro reúne artigos anteriormente publicados em diversos órgãos de comunicação regionais, nomeadamente, no Jornal do Baixo Guadiana. Estes textos apresentam-se como pequenos contributos para a História Local e Regional, referentes a diferentes épocas, desde a Antiguidade à Contemporaneidade. O seu lançamento teve o apoio institucional da Direcção Regional da Cultura do Algarve e da Liga dos Amigos do Mestre Manuel Cabanas.

… das marés vivas

Perdoem-me os apreciadores de lareiras, dos cházinhos quentinhos, das sopas grossas, da mantinha no sofá… mas o inverno já vai demasiado longo, aborrecido, desconfortável e limitativo, pelo menos por aqui junto à costa. Como acontece com muita espécie na natureza, apetece hibernar, parar para descansar, rejuvenescer para o tempo que está por chegar, que é aquele que interessa.

A colectânea «Sízigia» (CanalSonora editora, 2014), que mostra 37 autores do Algarve, nas áreas da poesia e fotografia, terá novas apresentações nas bibliotecas Municipais de Silves e Faro, a 14 de Fevereiro (16h) e 6 de Março (18h), respectivamente. Nela se pode ler, de Sara Monteiro: A inesperada viagem Em vez de seguir pelos sensatos trilhos, o comboio, numa cabriola infantil, talvez tomado por uma espontânea alegria de viver faz um pequeno desvio e segue pela ria entrando no sapal.

Subsídios

Bem (H)AJA

Depois dos ahs e ohs de espanto, admiramos o mergulhão, o colhereiro, o ostraceiro, e outras brancas, pretas, azuis. As aves protegidas nem olham para nós soberanas e indiferentes rainhas formosas da ria. E depois das ilhas, do desvario o comboio retoma aos trilhos e larga-nos na estação.

AGENDAR

Fevereiro acaba por ser o mais longo dos meses, mesmo que muita gente não o aceite, desmentindo-o categoricamente perante o ca-

O recém-formado núcleo do Algarve da AJA - Associação José Afonso, dinamiza em Tavira (cinema António Pinheiro), no dia 14 de feve“O LAGO DOS CISNES” 6 e 7 FEV | 21.00 | Teatro das Figuras - Faro A Companhia Nacional de Bailado regressa ao palco farense com uma produção estreada em Fevereiro de 2013. A partitura de Tchaikovski será interpretada ao vivo pela Orquestra Clássica do Sul

«Subsídios para a História do Baixo Guadiana e dos Algarves Daquém e Dalém-mar», é a mais recente obra de Fernando Pessanha, lançada

Aqui fui quase feliz por duas vezes E agora feliz, sem sombra, sempre que a piso.

“PINTURA DE ANTERO ANASTÁCIO” Até 6 MAR | Antigos Paços do Concelho de Lagos O artista apresenta um conjunto de obras, mostrando o seu estilo: de influências surrealistas e com a luminosidade que consegue passar para as telas


10 06.02.2015

Cultura.Sul

Espaço ao Património

Ficha Técnica:

O que comiam os nossos avós? Um projecto educativo sobre a alimentação no sotavento algarvio

Catarina Oliveira

Arqueóloga; responsável pelo Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela/Câmara Municipal de Vila Real de Santo António

É reconhecido hoje a museus e instituições de carácter cultural um papel cada vez mais importante no estímulo de aprendizagens não formais. Os museus fazem-no, na maior parte das vezes, a partir das suas colecções. No Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela/ CMVRSA, em Vila Real de Santo António, temo-lo também feito a partir do território, das pessoas que o habitam e suas memórias. Na área da educação para o património, para além da oferta regular de oficinas e visitas ao património local, é através de projectos temáticos que vimos garantindo, a partir das crianças e jovens, o envolvimento de toda a comunidade no conhecimento, preservação e valorização do seu património. Destacamos aqui o último projecto, dinamizado entre 2011 e 2012, com devolução de resultados através de edição em 2013. “O que comiam os nossos avós? Alimentação no Sotavento Algarvio” explorou, com as escolas do concelho de Vila Real de Santo António, antigas tradições alimentares, na sua ligação ao território, ciclo agrícola e calendário festivo. Desenvolvido antes do reconhecimento da Dieta Mediterrânica em Portugal, como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, pode ser inspirador e motivador para escolas e municípios que pretendam envolver as comunidades no conhecimento e salvaguarda destes patrimónios. A cozinha no Sotavento Algarvio, estreitamente ligada ao grande universo da alimentação mediterrânica, é resultado de antigas heranças: a exploração dos recursos do mar e da

ria; o labor nas hortas e pomares do barrocal com variedade de hortícolas, citrinos e frutos secos (figo, amêndoa e alfarroba); tradições serranas ligadas à pastorícia, ao mel, aos antigos ciclos do pão e do porco, à caça e à utilização de ervas na aromatização dos comeres. De que forma o que comemos se relaciona com os recursos disponíveis no território e a sua exploração? Que trocas de produtos se estabeleciam entre os pescadores do litoral, os camponeses do barrocal e os montanheiros? Como é que a sazonalidade e o ciclo agrícola marcavam a alimentação ao longo do ano? Como se conservavam os alimentos do mar e da terra? O que se comia e como se comia nos dias festivos? Como eram as nossas cozinhas e que recipientes e utensílios se usavam na preparação dos alimentos e às refeições? O que resta do nosso antigo receituário na memória dos mais velhos e de que forma esses saberes estão a ser transmitidos aos mais novos? Foram algumas das questões a que crianças, professores e familiares procuraram dar resposta ao longo de dois anos. O projecto iniciou-se com a apresentação de um diaporama sobre as tradições alimentares para alunos e professores, onde as questões elencadas foram exploradas de forma dinâmica, em contexto de sala de aula. Seguiu-se o trabalho de pesquisa escola-comunidade, envolvendo o registo (escrito, oral ou vídeo) e levantamento de tradições alimentares antigas, pelas próprias crianças junto da comunidade local. Para o efeito preparámos e entregámos fichas de recolha e guiões de entrevista, de acordo com as novas preocupações e metodologias de levantamento do património cultural imaterial. Um guião preparado para o 1º, 2º e 3º ano orientou-se para a recolha de uma receita (seus ingredientes, origem, contextos de aprendizagem, confecção e degustação). Outro mais completo, para crianças e jovens a partir do 4º ano de escolaridade, orientava uma conversa em torno de questões mais abrangentes ligadas à alimentação na região. Nesta fase do

projecto, diríamos que a mais importante, a criança transforma-se num “pequeno-investigador” e assume-se como sujeito activo da construção do conhecimento. Em paralelo, todas as turmas fizeram saídas de campo que propiciaram o envolvimento (minds-on e hands-on) nos procedimentos ligados à recolha/apanha dos produtos, sua transformação e confecção (o pão, o azeite, o porco, a sardinha, o atum e a sua conserva, o figo, os citrinos, o leite e o queijo, o mel, os doces de amêndoa, as compotas). Propiciou-se a abertura dos sentidos às texturas, cheiros e sabores e ofereceu-se a possibilidade de contacto directo com os detentores destes antigos saberes: a senhora que amassa e coze o pão no seu forno de lenha, o produtor de mel, a avó que faz compotas a partir dos frutos da estação, a queijaria tradicional onde o leite de cabra é transformado em queijo, o dono de uma das poucas conserveiras ainda em funcionamento, a senhora que confecciona caracóis temperados com tomilho, poejo e orégãos, pescadores que regressam do mar com as embarcações carregadas de peixe, … O projecto contou também com sessões de conto popular e tradições orais relacionados com a alimentação, e com as oficinas “Casas de fogo” onde as crianças foram desafiadas a criar miniaturas de antigas cozinhas da nossa região, desde a estrutura das chaminés ao mobiliário e utensílios. No “Mini-curso de cozinha dos nossos avós” para pais e filhos, numa cantina escolar, avós partilharam e confeccionaram com os mais novos, ao longo de quatro aulas, receitas de comeres característicos

fotos: d.r.

da região: açorda de galinha, carapaus alimados, xarém com conquilhas, griséus com ovos, doces de laranja, amêndoa e figo,… E que bem que souberam a todos, quando degustados ao almoço! A encerrar o projecto, já no final de 2013, foi editado o livro “O que comiam os nossos avós? A alimentação no sotavento algarvio”, reunindo tradições, receitas, ilustrações e experiências realizadas pelas crianças. Escrito a muitas vozes e ilustrado a muitas mãos, representa a devolução à comunidade de um trabalho colectivo que envolveu alunos, pais, avós, professores, auxiliares de acção educativa e os técnicos de património cultural do CIIPC/CMVRSA. Ao longo de todo o processo, o CIIPC assumiu-se como mediador, como propiciador de experiências (ouvir, ver, mexer, experimentar), instrumentos de pesquisa, leituras diversas. Mais que transmitir conhecimentos, lançámos questões, desafios. Na definição da metodologia e actividades associadas procurámos ter presente que as crianças aprendem melhor quando lhes é pedida uma participação activa no processo, quando o objecto de estudo lhes está próximo no tempo e no espaço e quando usam os vários sentidos na sua exploração. Neste e noutros projectos – neste momento está a ser dinamizada uma nova proposta sobre a Arquitectura Popular Algarvia “As casas dos nossos avós” - o território, seus usos antigos, valores naturais e culturais e aqueles que o habitam, têm sido pontos de partida para o desenvolvimento de dinâmicas de aprendizagem e fruição criativa a partir do património.

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e Leituras: Paulo Serra • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Espaço ao Património: Isabel Soares • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Catarina Oliveira Mariana Ramos Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 8.081 exemplares


06.02.2015  11

Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Luís Ene – Ene coisas fotos: d.r.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Quando conheci pessoalmente Luís Ene (de Nogueira), não associei imediatamente o seu nome ao do autor do livro Blogs (que escreveu em parceria com Paulo Querido), editado por Centro Atlântico, em 2003, que tanto tinha ajudado os utilizadores que, então, se estavam a iniciar na blogosfera. Esta faceta que começo por referir é importante, na medida em que mostra o empe2nho que Luís Ene manifestou, desde cedo, pelo mundo virtual como suporte para a escrita literária. Ele próprio autor de vários blogues (que foi abrindo e fechando à medida que os projetos se iam completando), ainda mantém o «Ene Coisas» (luis-ene.blogspot. pt), onde podemos ler alguns dos seus poemas, micronarrativas, ensaios, destaques informativos, enfim, ene coisas.

O escritor Luís Ene é autor de vários Blogs uma esfregona, conferindo uma nota bizarra ao ambiente. Uma cadeira, dois chuis, um suspeito e um balde com uma esfregona, intérpretes invulgares de um bailado minimalista» (p.19-20). Foi um livro que, ao terminar de o ler, deixou logo saudades. Lembro-me de me ter apetecido continuar a conviver com aquelas personagens (até porque foram deixadas pistas em aberto). Acho que quando acabar de escrever esta crónica, vou relê-lo. Há livros assim, que nos viciam.

O romance

AGENDAR

Com Justa Medida, Luís Ene ganhou o 1º prémio do concurso Novos Talentos (da publicação eletrónica Educare. pt), o que lhe valeu ter o livro editado, em papel, pela Porto Editora, em 2002. Poder-se-ia dizer que é um policial (tem polícias, ladrões, advogados e tribunais), bem doseado com romance e reflexões de natureza moral e filosófica: «Repete-se a história, é verdade que há quem o diga, e quem o contradiga, como em tudo, a história não se repete, acredite-se, mas repetem-se as estórias, pelo menos na sua aparência redutora, que é como na maior parte das vezes são vistas e percebidas, por ligeireza, desconhecimento ou necessidade de abreviar» (p.102); «Aprendeu que o amor depende mais, senão apenas,

A microficção

de quem ama, e não de quem é amado, uma vez que o amador inventa a coisa amada, pouco importando se ela existe ou não» (p.103). Uma narrativa no passado, focalizada nas personagens, que se vão abrindo perante o leitor, deixando que este (nós) veja o que se passa consigo, alterna com um narrador externo, que usa o presente do indicativo, fazendo-nos crer

que apenas descreve o que vê, numa aproximação do texto à linguagem dos guiões de cinema: «O interrogatório dura há várias horas, numa conversa de surdos-mudos. A sala, minúscula, sem janelas, mobilada apenas com uma cadeira, meticulosamente colocada ao centro, deve ser normalmente usada como sala de arrumações. A um canto vê-se um balde com

“FLORES POLACAS EM PORTUGAL” Até 14 FEV | Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé Exposição de artistas polacos que criam em Portugal e que, pelas cores, visões, formas, memórias e sonhos, constituem um ramo de ‘Flores Polacas em Portugal’

Microficção, micronarrativa, microconto. Estes são os nomes por que são conhecidas as narrativas breves (algumas muito breves mesmo) que ocupam um lugar importante na criação literária de Luís Ene, que, sobre o assuntou, escreveu também um ensaio intitulado «A microficção em Portugal, um género bastardo?». Parte do seu blogue «mil e uma pequenas histórias» (213 histórias, para ser mais precisa) também foi publicada em papel, com o mesmo título (por Leiturascom.net, em 2005), mas a totalidade continua disponí-

vel online (1000euma.blogspot. pt). Os textos variam muito de tamanho, sendo uns mais filosóficos que outros, uns mais humorísticos que outros, mais emotivos que outros. Em muitos, encontra-se o gosto pelo experimentalismo: como será escrever com poucas palavras? («45. Mudou do dia para a noite. Foi uma mudança indesejada. De dia estava vivo e à noite estava morto.» p.55); como será jogar com o som e com a grafia? («178. Foi sempre um homem mo10to e 10temido, 10ta maneira nunca se deixou 10truir e chegou = a si mesmo aos 40.» p.187); como será começar uma frase da mesma forma com que a frase anterior termina? («68. Personagem: ele. Ele ia. Ia pensando. Pensando na vida. Vida sem sentido. Sem sentido não é possível viver. Não é possível viver assim. Assim ia ele. Ele: personagem.» p.78). Num outro blogue, «Infinitésimo» (in-finitesimo.blogspot.pt), explora as potencialidades deste recurso. Tem outras publicações de microficção, mas destaco apenas esta que saiu em 2010, em edição Cão Danado: Saudades de Água. Memórias de Faro. Nesta

obra, fotografias antigas da cidade, a preto e branco, intercalam um texto de sensações, memórias, balanços: «O Ponto Preciso. Entre a tasca dos viveiristas e mariscadores e o quartel dos Bombeiros Voluntários, entre a vergonha e a alegria do encontro e da separação, é nesse ponto preciso que estamos e sempre estaremos. Entre o que foi e o que podia ter sido» (p.54). Na contracapa, confirma: «Aquilo que recordo não é o que aconteceu, mas aquilo que me aconteceu. Aquilo que recordo não é o que ontem foi, mas aquilo que ainda hoje é, em mim». Para quem se quer aventurar neste tipo de criação, indica uma receita de como fazer aforismos, que aqui vos deixo: «De um dicionário de Língua Portuguesa qualquer retire uma mancheia de palavras, por exemplo: azul, cadeira, descansar, poeta. Coloque-as num copo misturador, junte uma pitada de sintaxe e outras coisas que tais. Agite até ficar tudo muito bem misturado. No final, deite o preparado com muito cuidado numa folha de papel branco. Está pronto, por exemplo: a cadeira do poeta descansa no azul. Se não lhe agradar, pode sempre repetir a operação, juntando ou não mais palavras. Serve-se a frio, a qualquer hora do dia e em qualquer ocasião. É ideal para impressionar os amigos. Deve beber-se de um trago.» A poesia Acima de tudo, Luís Ene é um poeta. Um poeta ativista. Um ativista da poesia. Promove encontros, festivais, programas de rádio, performances, enfim, uma série de iniciativas que dão voz aos poetas e à poesia. Onde ler o que escreve? Onde ouvi-lo? É segui-lo no mundo virtual (luis-ene.blogspot.pt) e descobrir onde vai haver uma próxima atividade ou ler um poema recente. Vale sempre a pena. ENIGMA Porque em tudo procuras um sentido quando és tu que dás um sentido a tudo?

“FILME: UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA” 18 FEV | 21.00 | Biblioteca Municipal de Lagos Maria é uma rapariga de 16 anos. No dia em que anuncia aos pais que está grávida e pretende desistir do liceu, o pai morre instantaneamente de ataque cardíaco, o namorado acaba com ela e a mãe expulsa-a de casa


pub


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.