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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1147 • Quinzenário à sexta-feira • 7 de Agosto de 2015 • Preço € 1,40 ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
EM FOCO 2 FESTIVAL DO MARISCO MARCA AGOSTO NO ALGARVE 3 VIA DISTRIBUIDORA NORTE ABRE ESTE MÊS EM QUARTEIRA 4 QUERCUS SUSPENDE QUALIDADE DE OURO DA PRAIA DE DONA ANA 5 PSD E CDS-PP DEFINEM CANDIDATOS ÀS LEGISLATIVAS 6 CLASSIFICADOS 9 OPINIÃO 11
Governo liberta 25 mil peixes ao largo da Armona
> Trata-se de uma tentativa de repovoamen-
to piscícola das águas ao largo da costa do Algarve feita com 25 mil peixes, sargos e corvinas, em estado juvenil e oriundos de criação em cativeiro em Olhão numa unidade especializada do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Esperar para ver os resultados é o que se impõe p. 2 d.r.
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Legislativas:
Anselmo Ralph abre Festival do Marisco
José Carlos Barros é líder na lista da coligação PSD/CDS-PP >6
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TRÂNSITO
Nova avenida de Quarteira a partir deste mês >4
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QUERCUS
Praia D. Ana perde Qualidade Ouro
>5
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EUROCIDADE
Castro Marim assume presidência
>8
OLHÃO
Igreja de Moncarapacho com novo telhado
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em foco
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IPMA aposta no repovoamento piscícola na costa algarvia Juvenis de sargo e corvina criados em Olhão libertados aos milhares junta à Ilha da Armona Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
SÃO 25 MIL OS EXEMPLARES DE SARGO E CORVINA que o
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) libertou ontem na Área Piloto de Produção Aquícola (APPA), situada em mar aberto ao lago da Ilha da Armona. Trata-se de uma iniciativa de libertação destas duas espécies em estado juvenil, que se destina a fomentar o repovoamento das respectivas populações naturais, tendo por base exemplares criados em aquacultura. De acordo com a informação disponibilizada pelo IPMA a intervenção do organismo estatal consistiu numa “operação de repovoamento piscícola em grande escala, mediante a libertação de cerca de 25 mil juvenis de sargo (Diplodus sargus) com 1020g e de corvina (Argyrosomus regius) com 10-40g na Área Piloto de Produção Aquícola (APPA), instalações de aquacultura em mar aberto (“offshore”)”.
JUVENIS FORAM CRIADOS EM OLHÃO Os juvenis de sargo e
corvina libertados pelo IPMA foram criados na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO) e serão libertados na APPA da Armona por ali se encontrarem condições favoráveis à sua sobrevivência e crescimento. De acordo com o instituto, a APPA da Armona “engloba um sistema de recifes artificiais previamente implantado pelo IPMA e “longlines” para produção de bivalves (mexilhão e ostra)”, que conferem “abrigo e protecção” e, simultaneamente, permitem “disponibilizar alimento natural” aos peixes. A tudo isto soma-se a vantagem de a pesca ser proibida na área da APPA da Armona, o que vai criar um verdadeiro santuário para as espécies piscícolas.
fotos: d.r.
O instituto revelou ainda que a libertação destes peixes juvenis irá ser realizada pelo navio de investigação pesqueira do IPMA (“NI Diplodus”) e contará com o apoio logístico da empresa “Tunipex”.
fotos: d.r.
OPERAÇÃO É UM TESTE À VIABILIDADE DESTE TIPO DE PROCEDIMENTO DE REPOVOAMENTO PISCÍCOLA Esta operação de li-
bertação de juvenis de sargo e corvina para repovoamento das populações naturais destas espécies visa, refere o IPMA, “em primeiro lugar, verificar a exequibilidade
deste tipo de acções e avaliar a adequada adaptação dos peixes libertados às condições do meio natural, tendo por objectivo primordial induzir um impacto positivo nas populações exploradas pela frota da pequena pesca ao longo da costa algarvia”. “O sucesso destas iniciativas de repovoamento de espécies piscícolas com elevada procura e valor comercial poderá contribuir significativamente para a exploração equilibrada dos recursos pesqueiros, bem como para a promoção da sustentabilidade socioeconómica da frota da pequena pesca e consequente aumento dos rendimentos provenientes desta importante actividade para as comunidades piscatórias locais”, realça o comunicado da instituição.
FROTA DE PESCA ARTESANAL DO ALGARVE PESCA AMBAS AS ESPÉCIES Recorde-se que a frota
de leão do salmão processado que consumimos todos, nomeadamente em filetes fumados, é de produção em aquacultura e o que se pretende a longo prazo é que também a corvina, criada em condições similares, possa vir a ser um espécime com aproveitamento e valor acrescentado no segmento dos peixes processados.
PORTUGAL COM ELEVADO DÉFICE DE PRODUÇÃO A fileira do ÔÔ O navio de investigação Diplodus participou na operação do IPMA ao largo da Armona
Sargo Nome científico: Diplodus sargus Habitat: Do Golfo da Biscaia até ao Sul de África e no Mediterrâneo, vivendo em estuários em juvenil e profundidades até 150 metros em adulto. Características: Corpo oval de cor prateada, com nove bandas negras verticais e uma mancha negra característica junto à barbatana caudal.
de pesca artesanal do Algarve pesca as espécies agora colocadas em liberdade, no caso da corvina em particular na zona do sotavento, recorrendo a redes de emalhar, tresmalho e palangre.
Já a corvina também integra os alvos da frota de pesca artesanal algarvia, sendo capturada maioritariamente com redes de emalhar. A aposta no repovoamento das águas do Algarve com estas espécies poderá ser um dos meios que permitirá a manutenção de stocks de pesca na região e por via disso vai possibilitar a sustentabilidade das capturas e da disponibilidade no mercado onde têm elevado valor comercial. Por outro lado, a Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, tutelada pelo IPMA, vem há anos desenvolvendo estudos intensivos sobre a criação de corvina em aquacultura no sentido de aumentar o conhecimento sobre a criação em cativeiro desta espécie que muitos consideram poder vir a ser o ‘salmão do sul da Europa’,
Corvina Nome científico: Argyrosomus regius Habitat: Atlântico Nordeste e Mar Mediterrâneo, desde os 15 aos 200 metros de profundidade. Características: Corpo alongado que pode atingir grandes dimensões, escamas oblíquas, cor prateada com o dorso escurecido e uma boca grande com dentes em várias fiadas.
uma vez que se trata de um peixe que pelas suas características pode não só integrar o ciclo comercial em fresco, como também sob a forma de subprodutos processados à semelhança do que acontece com o salmão na actualidade. A verdade é que a parte
pescado é uma das apostas mais apregoadas pelo Governo para o desenvolvimento do país e para o equilíbrio da balança comercial no que toca a produtos alimentares. Portugal é, de acordo com dados oficiais, o terceiro país europeu com o maior índice de consumo de pescado per capita, com 57 quilos por pessoa, quase três vezes mais do que a média europeia, a qual ronda os 21 quilos. De acordo com o Governo, Portugal consegue produzir 82% da procura no sector do pescado, mas este valor não pode ignorar que o país tem que importar mais de metade do que consome no que toca a peixe congelado, seco e salgado. A ministra da Agricultura e Pescas, Assunção Cristas, sublinhava recentemente, em declarações à comunicação social, que a aquicultura em Portugal representa apenas 3% do peixe consumido no país, em comparação com a média europeia de 30%, valor que não ajuda em nada a auto-suficiência do país no que toca ao pescado. Sublinhe-se que a fileira do pescado tem um efeito total no produto interno bruto português superior a 2,5 mil milhões de euros e emprega, directa e indirectamente, cerca de 90 mil pessoas.
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região
Quercus suspende Qualidade de Ouro da praia de Dona Ana pág. 5
Festival do Marisco marca Agosto no Algarve É A ANSELMO RALPH QUE VAI CABER a abertura do
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palco do Festival do Marisco de Olhão, que este ano comemora 30 anos de existência, num concerto que promete enchente no próximo dia 10, no Jardim Pescador Olhanense, junto à Ria Formosa. O maior festival do género na região promete,
ÔÔ Michael Carreira leva a sua música até Olhão no próximo dia 13
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como habitualmente, um cartaz de luxo, cumprindo o que se espera de um evento que há três décadas coloca no palco os melhores nomes da cena musical portuguesa. No rol de artistas a desfilar pela festa maior olhanense estão ainda Júlio Resende, que com Ana Moura e Ana Bacalhau compõem o Fado & Further, Richie Campbell, Mickael Carreira, José Cid e Daniela Mercury, numa oferta variada que não deixa por mãos alheias os créditos da organização a cargo da empresa municipal Fesnima e da câmara local, liderada por António Pina. A artista brasileira, considerada o furacão da Bahia, vai encerrar o festival no próximo dia 15, mas até lá comes e bebes são outros dos argumentos de peso da festa, com o melhor dos frutos do mar a ser servido por quem há anos mostra a algarvios e turistas a arte de os bem cozinhar.
NOVIDADES DA 30ª EDIÇÃO Na passada sexta-feira foram apresentadas as novidades desta edição do certame, nas quais se inclui um novo design do espaço que se prepara para acolher os
milhares de pessoas que todos os anos fazem do festival uma verdadeira romaria e um melhor e mais preparado kids club, para acolher em grande os pequenotes que entram no recinto. “Quem ali chegar vai notar a diferença”, garantiu o presidente da Câmara, que apresentou as novidades em conferência de imprensa. Também na imagem comunicacional se fizeram acertos, considerando a autarquia que a comunicação passa a ser “mais moderna, mais actual e mais fresca”
OS PREÇOS E O CARTAZ Quanto a preços, aceder ao festival vai custar nos dias 10 e 15, 12 euros, eÔÔ Anselmo Ralph abre o palco do festival no próximo dia 10 nos dias 11 a 14, 9 euros, um dos grandes nomes da múcom as crianças dos 7 aos 12 revela a Fesnima. Quanto ao cartaz propriamen- sica ligeira do país, José Cid. anos a pagarem 4 euros e a entrarem gratuitamente até aos te dito, depois de Anselmo Ral- O ‘furação da Bahia’, Daniela ph na abertura, no dia 11 sobe Mercury, encerra as actuações seis anos de idade. As bilheteiras estão abertas, ao palco o espectáculo Fado & no último dia do certame. Innos dias do Festival, a partir das Further, com Júlio Resende, contornável, Olhão volta a 18.30 horas, uma hora antes da Ana Moura e Ana Bacalhau, e marcar Agosto e a animação abertura do recinto que encerra a 12 de Agosto as honras da mú- no Algarve com um certame que tem créditos firmados e diariamente à 1 hora. “Os bilhe- sica cabem a Richie Campbell. tes poderão ser adquiridos anPara dia 13 de Agosto, o desta- face o qual só há uma atitude, tecipadamente através da Ticke- que vai inteirinho para Mickael apontar na agenda e rumar até tline (lojas aderentes e/ou site)”, Carreira e, a 14, sobe ao palco às portas do festival.
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Trigésima edição do evento tem cartaz de luxo e muito para comer e beber
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PSD e CDS-PP definem candidatos às legislativas pág. 6
Via Distribuidora Norte abre este mês em Quarteira Passeio das Dunas também avança para evitar transtornos, nomeadamente ao turismo d.r.
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
LANÇADA EM OUTUBRO DO ANO PASSADO a nova Via Dis-
tribuidora Norte (VDN) de Quarteira será aberta ao trânsito ainda durante este mês, avança a autarquia liderada por Vítor Aleixo em comunicado relativo ao acompanhamento da obra que custou ao erário da câmara 1,7 milhões de euros. A VDN de Quarteira será em breve um eixo fundamental de trânsito na segunda cidade do concelho de Loulé ao unir a zona nascente, junto ao Parque de Campismo, à Avenida de Ceuta, numa ligação que retirará do centro de Quarteira todo o trânsito de atravessamento entre Almancil e Vilamoura. A infra-estrutura tem a
do novo troço viário estão, de acordo com o município, trabalhos de calcetamento e plantação de árvores, embelezamento das rotundas e tratamento de taludes através de arranjo paisagístico, bem como, finalização dos trabalhos de colocação de papeleiras, sinalização vertical longitudinal e ligação da iluminação pública.
PASSEIO DAS DUNAS AVANÇA A BOM RITMO Já no que toca aos
ÔÔ Imagem do momento de lançamento da VDN junto ao outdoor onde se mostra o perfil da via configuração de uma avenida com cerca de 1.022 metros de extensão e compreende três rotundas, uma na intersecção com a Avenida
de Ceuta, outra intermédia, sensivelmente a meio do troço, que permite a ligação com a Rua da Pernada, e uma última na intersecção
com a EM 527 (Quarteira Almancil via Fonte Santa), entre o Parque de Campismo e a Fonte Santa. A faltar para a abertura
trabalhos relativos à intervenção na zona poente de Quarteira, na ligação a Vilamoura, através da obra do Passeio das Dunas, a autarquia louletana revela que a intervenção executada na Rua da Armação, “está terminada”, tendo a artéria sido reaberta ao trânsito pedestre e automóvel. Na zona vedada da em-
preitada prosseguem os trabalhos de infra-estruturas, faltando nesta vertente concluir apenas a rede pluvial do futuro estacionamento automóvel. Após conclusão dos trabalhos enterrados executar-se-á a base de pavimento e prosseguir-se-á com a escavação para nascente, entrando-se na zona que inicialmente irá ser um campo de jogos/eventos e posteriormente o futuro Mercado de Quarteira, refere o comunicado. Em termos de paisagismo e pavimentação, continuam a decorrer os trabalhos nas estruturas dunares, onde se iniciaram as colocações de paliçadas, tratamentos de taludes e colocação do pavimento final do passeio em barretes de betão, conclui a edilidade. pub
VILA DO BISPO
‘Walkin’Sagres’ vence concurso ‘Awards Natural.PT’ A “WALKIN’SAGRES”, empre-
sa de passeios pedestres guiados, sediada no concelho de Vila do Bispo, conquistou o primeiro lugar no concurso “Awards Natural.PT”, da marca Natural.PT. Através de comunicado de imprensa enviado à nossa redacção, a câmara local felicita a empresa pelo reconhecimento. O Natural.PT Awards 2015 visa o reconhecimento de boas práticas em iniciativas que promovam um desenvolvimento sustentável na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP). Premiar e reconhecer boas práticas em iniciativas, implementadas na RNAP, que promovam o desenvolvimento sustentável das áreas protegidas, alertando e consciencializando a sociedade civil para a importância do desenvolvimento numa óptica de equilíbrio ambiental, económico e social; dar visibilidade às entidades, empresas, pessoas e/ou instituições que
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ÔÔ Prémio reconhece boas práticas no Turismo de Natureza
identificaram uma oportunidade nas áreas protegidas e que actuaram positivamente na construção do desenvolvimento sustentável; envolver os jovens, tanto a nível individual como a nível associativo, condicionando os seus comportamentos e atitudes, adoptando e criando práticas sustentáveis e reforçar a sustentabilidade com vista a uma repercussão positiva no comportamento dos cidadãos e
decisores em geral, fazendo da inovação e eficácia um caminho para a sustentabilidade são os objectivos desta iniciativa, À “Walkin’Sagres” foram reconhecidos todos estes valores e o seu bom desempenho na divulgação de boas práticas na área do Turismo de Natureza. Ana Carla Cabrita, natural de Sagres, é a criadora e Guia de Natureza do projecto “Walkin’Sagres” que visa a sustentabilidade e um desenvolvimento que não coloque em causa os valores naturais e culturais desta área protegida, onde para o efeito trabalha apenas com grupos pequenos, oferecendo um produto personalizado. Este concurso foi uma iniciativa do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE), através do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., com o apoio da WWF Portugal e financiado pelo EEA Grants.
Câmara Municipal de Tavira EDITAL Nº 40 /2015 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 21 de julho de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 152/2015/CM, referente a Atribuição de apoio financeiro à Freguesia de Cachopo; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 153/2015/CM, referente ao Protocolo de cooperação e apoio financeiro com a Associação Pró-Partilha e Inserção do Algarve (APPIA); 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 154/2015/CM, referente a 154/2015/CM, referente a Atribuição de Apoio no âmbito do RMAAD - Clube de Ciclismo de Tavira; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 21 de julho do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015)
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Milhões de peças lego invadem o Portimão Arena pág. 7
Quercus suspende Qualidade de Ouro da praia de Dona Ana Em causa as intervenções recentes realizadas por decisão do Governo A QUERCUS SUSPENDEU a
classificação “Qualidade de Ouro” atribuída à praia de Dona Ana, em Lagos, considerando que as obras realizadas comprometeram o equilíbrio ambiental e paisagístico que fundamentam a atribuição deste galardão. Em causa estão as intervenções recentes realizadas na
praia por decisão governamental, que compreenderam a recarga artificial de areia, numa extensão de 40 metros, a construção de um esporão para reter sedimentos e a consolidação de arribas. “Para além de alterarem significativamente a paisagem natural característica da praia da Dona Ana, colocam em caupub
NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e dois de Julho de dois mil e quinze, a folhas oitenta e cinco, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e sete – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, MANUEL JOÃO MARTINS DIAS, NIF 185.339.034, solteiro, maior, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, residente em Azinhosa, Cachopo, Tavira, declarou: Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor dos seguintes prédios rústicos, todos sitos na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: a) Prédio sito em Val Branco – Azinhosa, Cachopo, composto por terra de cultura e pastagem, a confrontar do norte com herdeiros de António Dias, do sul com Custódia Marta, do nascente com caminho e do poente com José Domingos, inscrito na matriz sob o artigo 12.840; b) Prédio sito em Cerca do Moinho – Azinhosa, composto por terra de cultura, pastagem e duas oliveiras, a confrontar do norte com Manuel António Iria, do sul com Manuel Bento, do nascente com caminho e do poente com Alvado do Moinho, inscrito na matriz sob o artigo 12.086; c) Prédio sito em Carrascal, composto por cultura, pastagem e cinco amendoeiras, a confrontar do norte com Manuel António e do sul, nascente e poente com Manuel Cavaco, inscrito na matriz sob o artigo 12.598; d) Prédio sito em Portela da Ribeira, Azinhosa, composto por cultura e pastagem, a confrontar do norte com caminho, do sul com herdeiros de António Dias, do nascente com Manuel Teixeira e do poente com Manuel Bento, inscrito na matriz sob o artigo 12.775; e e) Prédio sito em Cerca do Val das Taipas – Azinhosa, composto por cultura, pastagem, duas oliveiras e duas alfarrobeiras, a confrontar do norte com Manuel Cavaco, do sul com Manuel Teixeira Pereira, do nascente com ribeiro e do poente com Manuel Teixeira, inscrito na matriz sob o artigo 12.375. Que adquiriu os prédios por compra verbal e não titulada por escritura pública, feita em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa a José Sebastião e mulher Teresa Custódia, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes que foram em Cerolas, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, não dispondo o justificante de título formalmente válido que comprove tal compra. Que desde esse ano possui os prédios em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriu os prédios por usucapião. Vai conforme o original. Tavira, em 22 de Julho de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO1196/2015 Factura nº. 01203 (POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015)
sa a conservação e a protecção de ecossistemas marinhos de elevada biodiversidade, nomeadamente a destruição de dois roteiros subaquáticos identificados pela Universidade do Algarve”, critica a associação ambientalista, num comunicado enviado à Lusa. Para a Quercus, estas intervenções “não se justificam” devido ao seu custo elevado (1,8 milhões de euros) e ao seu carácter temporário. As obras foram aprovadas em 2012 e não passaram por uma Avaliação de Impacte Ambiental. O presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, justificou que o contrato relativo à intervenção foi assinado quase um ano antes da nova lei de impacte ambiental, pelo que as obras não estavam sujeitas a esta avaliação.
MINISTRO GARANTE QUE A SEGURANÇA FOI O MOTIVO DAS OBRAS Já o ministro do Am-
biente, Jorge Moreira da Silva, assegurou que “a segurança” foi o motivo que justificou as obras de alimentação artificial na praia Dona Ana. A intervenção estava pre-
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ÔÔ A Praia Dona Ana sofreu profundas alterações com a intervenção levada a cabo pela APA vista desde 1999 no Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Vilamoura/Burgau, mas só arrancou no terreno em Abril deste ano, tendo sido concluída este mês. Os ambientalistas defendem que a segurança dos veraneantes “não passa pela destruição da beleza paisagística” das praias, mas por campanhas de sensibilização e por limitar o número de utentes, medida que consideram “fundamental em praias de arribas instáveis”, como a de Dona Ana. “É importante ainda sa-
lientar que, a crescente construção de hotéis e habitações privadas em domínio público hídrico, reflecte o deficiente ordenamento do território na região do Algarve, constituindo a grande causa para a degradação das arribas”, alerta também a Quercus, apelando à “rápida actuação do poder político” no sentido de proibir e retirar habitações que se encontram em zonas assinaladas com elevado perigo de derrocada. A Quercus salienta que, embora a classificação “Qualida-
de de Ouro” atribuída às praias nacionais em 2015 tenha sido baseada na análise à qualidade da água realizada pela APA - Agência Portuguesa do Ambiente, “não pode deixar de tomar em conta” acontecimentos que colocam em causa o equilíbrio ambiental e paisagístico. “Outros casos excepcionais como este serão devidamente analisados, no sentido de se ponderar semelhantes suspensões do galardão atribuído”, acrescenta a associação ambientalista. Lusa
OLHÃO
Igreja de Moncarapacho ganha novo telhado Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A IGREJA MATRIZ DE MONCARAPACHO, que ostenta um dos
melhores exemplos da arte renascentista no Algarve, o pórtico de entrada, apresenta agora uma nova cobertura da nave central, resultado de uma obra financiada com apoio de fundos públicos inaugurada na passada quarta-feira pelo secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro. O apoio à intervenção no edifício religioso foi realizada ao abrigo do Programa Equi-
pamentos Urbanos de Utilização Colectiva, que apoia financeiramente instituições privadas sem fins lucrativos, instituições particulares de solidariedade social e ainda freguesias e associações de freguesias, na realização de projectos ou obras de reabilitação em equipamentos desportivos, religiosos, culturais ou recreativos, revelou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR - Algarve). Dedicada ao orago de Nossa Senhora da Graça, a igreja do século XV necessitava há muito de obras ao nível da cober-
d.r.
ÔÔ António Leitão Amaro inaugurou o novo telhado da Igreja de Moncarapacho
tura, capazes da garantir a não infiltração de água das chuvas, e vê assim cumpridos os traba-
lhos que foram inaugurados na presença do presidente da CCDR Algarve, David Santos, e da directora-geral das Autarquias Locais, Lucília Ferra. A visita dos membros do Governo ao Algarve foi ainda aproveitada para a assinatura em Faro, na Igreja de São Pedro, do contrato de financiamento da obra de remodelação da iluminação desta Igreja, pelo presidente da CCDR Algarve, David Santos, pela directora-geral das Autarquias Locais e pelo representante da Fábrica da Igreja Paroquial de São Pedro, cónego César Chantre.
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PSD e CDS-PP definem candidatos às legislativas Lista encabeçada por José Carlos Barros tem dois ‘pára-quedistas’ nos terceiro e quarto lugares Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
O CABEÇA-DE-LISTA DA COLIGAÇÃO PORTUGAL À FRENTE,
que une os partidos da actual maioria parlamentar PSD/ CDS-PP, às eleições legislativas de 4 de Outubro, será José Carlos Barros, actual presidente da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António. Um nome muito próximo de Luís Gomes, que dirige a distrital social-democrata algarvia, e que foi seu vice na autarquia vila-realense. José Carlos Barros é arquitecto paisagista e ocupou vá-
rios cargos públicos ao longo da sua carreira, tendo chegado a ser secretário de Estado Adjunto da ministra do Ambiente Elisa Ferreira, durante o consulado de António Guterres (PS) no Governo. O cabeça-de-lista é inscrito na lista da coligação ao Parlamento pelo círculo do Algarve na condição de independente.
bleia da República para as próximas eleições. Para muitos sucessor natural de Mendes Bota na posição de cabeça-de-lista às eleições, a posição secundária do deputado é ainda sublinhada com a falta de experiência parlamentar do cabeça-de-lista José Carlos Barros.
CRISTÓVÃO NORTE É O NÚMERO DOIS Depois de um traba-
Em terceiro lugar a coligação coloca Teresa Caeiro, uma actual deputada do CDS-PP, sem ligação conhecida à região. Uma situação que se repete no quarto lugar da lista com Pedro Lomba (PSD).
lho parlamentar notório e de grande visibilidade durante a legislatura, Cristóvão Norte surge como número dois na lista da coligação à Assem-
d.r.
COLIGAÇÃO TRAZ PARA O ALGARVE DOIS ‘PÁRA-QUEDISTAS’
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ÔÔ José Carlos Barros já ocupou vários cargos públicos Comummente denominados na gíria política por ‘pára-quedistas’ os deputados sem ligações à região pela qual se candidatam não são uma novidade nas listas de vários partidos pelo círculo
do Algarve. O actual deputado Pedro Roque é disso mesmo exemplo no caso do PSD, tendo sido eleito pelo Algarve para a Assembleia da República nas últimas legislativas.
A SITUAÇÃO DE BRUNO INÁCIO E ELSA CORDEIRO A entrada dos
dois candidatos não algarvios determina a colocação dos actuais deputados Bruno Inácio e Elsa Cordeiro, nos quinto e sexto lugares, respectivamente. A repetirem-se os resultados das legislativas de 2011, quanto ao número de deputados eleitos só pelo PSD (quatro), Bruno Inácio e Elsa Cordeiro ficariam de fora do Parlamento. Se somarmos os quatro deputados do PSD ao deputado eleito em 2011 pelo CDS-PP, de fora ficaria a tavirense Elsa Cordeiro. Já Bruno Inácio teria o lugar assegurado. Seguem-se entre os sétimo e o décimo quarto lugares os nomes de Francisco Paulino (CDS-PP), Carlos Gouveia Martins (PSD), Graça Pereira (PSD), Nuno Serafim (PSD), José Pedro Caçorino (CDS-PP), Lina Neto (PSD), Ana Lemos Artur (CDS-PP) e, finalmente, Rui Cristina (PSD).
FÉRIAS DE VERÃO
Jovens abrem igrejas de Tavira aos turistas O PROGRAMA MUNICIPAL “TAVIRA - FÉRIAS ACTIVAS” per-
mite a abertura de 15 igrejas até ao próximo dia 28 de Agosto, responsabilidade que está a cargo dos 32 jovens participantes na iniciativa. As igrejas Matriz de Santiago, do antigo Convento de Nossa Senhora da Ajuda (ou de São Paulo), da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, Matriz de Santa Maria do Castelo, de Nossa Senhora do Livramento, da Venerável Ordem de São Francisco, de São José, da Misericórdia, do Antigo Convento de Santo António dos Capuchos, de São Pedro Gonçalves Telmo (Igreja de Nossa Senhora das Ondas), as ermidas de São Se-
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ÔÔ Visitantes ficam a conhecer o património religioso tavirense
bastião, Santa Ana e as capelas de Nossa Senhora da Piedade, e de Nossa Senhora da Consolação podem ser visitadas, de segunda a sexta-feira, entre as 10.15 e as 12.30 e das 14.30 às
18 horas, à excepção da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo que encerra às 17.30. São parceiras neste programa as seguintes entidades: Fábrica da Igreja Paroquial de Santa Maria do Castelo, Fábrica da Igreja Paroquial de Santiago, Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, Ordem Franciscana Secular de Tavira (O.F.S.) e Santa Casa da Misericórdia de Tavira. O “Tavira-Férias Activas”, destinado a proporcionar o aproveitamento dos tempos livres dos jovens no período de pausa escolar do Verão, proporciona a abertura das igrejas como forma de valorização do património religioso do concelho.
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Milhões de peças lego invadem o Portimão Arena
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Exposição elaborada e edificada por um só coleccionador O PORTIMÃO ARENA - Parque de Feiras e Exposições recebe, entre os próximos dias 15 e 30, o 1.º Portimão Arena Fun Brick, uma mega exposição de construções com lego, a primeira do género a ser realizada no Algarve. A exposição contará com a presença da maior cidade com construções em lego do país, em mais de 90 metros quadrados de uma só mesa, com aproximadamente cinco milhões de peças coloridas de lego, elaborada e edificada por um só coleccionador. Poderá também ser vista uma cidade medieval, com seu imponente castelo e as suas intransponíveis muralhas, onde centenas de cavaleiros e guerreiros lutam
entre si nos campos de batalha, para proteger o seu castelo, e ainda mesas preenchidas com conhecidos temas que a lego lançou no mercado, tais como, piratas, tecnicks, monumentos, friends, uma cidade espacial, Star Wars, entre outros, tudo construído com peças de lego. A exposição estará patente de segunda a sexta-feira, das 14 às 22 horas, e ao sábado e domingo das 10 às 23, e conta com uma área de Play Zone onde será possível brincar e construir com peças lego, e um Fan Zone onde será possível visitar as construções de coleccionadores locais e adquirir produtos oficiais da marca. Os coleccionadores de lego
têm desta forma a oportunidade de se juntar à iniciativa, expondo as suas construções no espaço Fan Zone do 1.º Portimão Arena Fun Brick. Os interessados devem entrar em contacto via e-mail 1brinquedosebrincadeiras@ gmail.com. As crianças até aos quatro anos têm entrada gratuita, e entre os quatro e os dez anos pagam um valor simbólico de dois ‘legos’. Os adultos pagam três ‘legos’, existindo ainda a possibilidade de adquirir o ingresso familiar (que inclui dois adultos e duas crianças) pelo valor de oito ‘legos’. De referir que por cada bilhete vendido, a organização reverterá dez cêntimos a favor de uma pub
ÔÔ Mega exposição é a primeira do género a ser realizada no Algarve IPSS, a definir pelo Município. O 1.º Portimão Arena Fun Brick é uma organização da Brinquedos & Brincadeiras,
em parceria com a Câmara de Portimão e a Luna Hotels & Resorts, e conta ainda com o apoio da seguradora
Allianz, do centro comercial Aqua Portimão, rádio Alvor FM, Algarve Holiday Fun e da loja Topolino. pub
8 | 7 de Agosto de 2015 pub
Cartório Notarial em Tavira Notário
REGIÃO
Bruno Torres Marcos
Extrato de Escritura de Justificação
Castro Marim assume presidência da Eurocidade
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Cartório Notarial em Tavira Notário Bruno Torres Marcos
Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em quatro de Agosto de dois mil e quinze, exarada a folhas dezoito e seguintes do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e cinco – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, compareceu:
Cerimónia decorre sábado no Revelim de Santo António O MUNICÍPIO DE CASTRO MARIM vai assumir a presidência
da Eurocidade do Guadiana no próximo sábado, sucedendo assim o município de Ayamonte. A cerimónia decorre no Revelim de Santo António, em Castro Marim, pelas 21 horas, antes do grande concerto de “La Herencia de Paco de Lucía”. Os municípios fronteiriços de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Ayamonte constituem a primeira Eurocidade do Sul da Península Ibérica. O protocolo de colaboração que deu origem à criação da Eurocidade do Guadiana - inicialmente composta pelos municípios de Vila Real e Ayamonte - foi formalizado no dia 9 de Janeiro de 2013. Na sequência das relações de proximidade territorial e cultural existentes, o município de Castro Marim juntou-se à Eurocidade, no dia 9 de Maio de 2013, numa cerimónia decorrida no Revelim de Santo António, em Castro Marim. Decorridos dois anos de vigência da Eurocidade do Guadiana, presidida pelo Ilmo. Ayuntamiento de Ayamonte, cabe agora ao Município de Castro Marim a
d.r.
- MARIA JOSÉ VIEGAS AFONSO, NIF 142296783, divorciada, natural da freguesia de Santo Estêvão, concelho de Tavira, residente na Rua José Pires Padinha, n.º 196, em Tavira, que declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, dos seguintes prédios rústicos, todos sitos no Barranco do Chocalho, na extinta freguesia de Santo Estêvão, actual freguesia da União das Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estêvão, concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira: Verba um: prédio rústico, que consta de terra de pastagem, a confrontar de Norte, Nascente e Sul com Vitorino Afonso Francisco e Poente com Manuel Cavaco Dias, inscrito na matriz sob o artigo 3425 (artigo anterior 1609 da extinta freguesia), com a área de mil trezentos e oitenta metros quadrados, com o valor tributável de 4,37 €; Verba dois: prédio rústico, que consta de terra de pastagem, a confrontar de Norte e Nascente com Vitorino Afonso Francisco, Sul com Armando Inácio do Carmo e Poente com José dos Santos Assis Costa, inscrito na matriz sob o artigo 3418 (artigo anterior 1602 da extinta freguesia), com a área de quatro mil quatrocentos e setenta metros quadrados, com o valor tributável de 14,40 €; Verba três: prédio rústico, que consta de terra de pastagem, a confrontar de Norte com Armando Inácio Gonçalves, Nascente, Sul e Poente com Vitorino Afonso Francisco, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 3431 (artigo anterior 1615 da extinta freguesia), com a área de dois mil seiscentos e quarenta metros quadrados, com o valor tributável de 8,61 €; Verba quatro: prédio rústico, que consta de terra de pastagem e arvoredo, a confrontar de Norte, Nascente, Sul e Poente com Vitorino Afonso Francisco, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 3433 (artigo anterior 1617 da extinta freguesia), com a área de quatro mil seiscentos e quarenta metros quadrados, com o valor tributável de 84,72 €;
ÔÔ O autarca Francisco Amaral assunção da mesma. À cerimónia que assinala a passagem da presidência da Eurocidade para o Município de Castro Marim, segue-se, pelas 22 horas, a sentida homenagem ao grande mestre andaluz do flamenco, Paco de Lucía, cujas origens estão vinculadas a Castro Marim, mais concretamente a Monte Francisco. O evento assume uma enorme carga significativa no que respeita à relação de amizade e de união entre as gentes deste território fronteiriço, contando com o apoio e a participação de diversas entidades do Algarve e da Andaluzia.
Verba cinco: prédio rústico, que consta de terra de cultura e arvoredo, a confrontar de Norte, Nascente, Sul e Poente com Vitorino Afonso Francisco, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 3438 (artigo anterior 1622 da extinta freguesia), com a área de quinhentos e vinte metros quadrados, com o valor tributável de 48,85 €. - Que esses prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse, por doação meramente verbal, no ano de mil novecentos e noventa, em data que não pode precisar, e nunca reduzida a escritura pública, feita por Manuel Lourenço e mulher Maria Celeste Bento, residentes que foram nas Quatro-Estradas, Santo Estêvão, Tavira, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo dos prédios em seu nome. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre os identificados prédios, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e deles retirando os respetivos rendimentos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO. Tavira, 4 de Agosto de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/1730 (POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 07 de Agosto de 2015)
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NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA
NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e dois de Julho de dois mil e quinze, a folhas oitenta e oito, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e sete – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, ANTÓNIO JOAQUIM PEREIRA, NIF 159.270.944, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e mulher MARIA DA GRAÇA NOGUEIRA PEREIRA JOAQUIM, NIF 137.217.273, natural da freguesia de Ameixial, concelho de Loulé, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio da Mealha, Caixa Postal 916-Z, Cachopo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por pastagem, cultura e três oliveiras, sito em Barranco dos Mouros, Mealha – Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar do norte e poente com Barranco dos Mouros, do sul com Custódio da Luz Brás e outros e do nascente com Manuel Francis-
co, inscrito na matriz sob o artigo 19.554, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriram o prédio por compra verbal e não titulada por escritura pública, feita em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa, a José Jacinto Gonçalves e mulher Maria Catarina, residentes que foram em Mestras, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, não dispondo os justificantes de título formalmente válido que comprove tal compra. Que desde esse ano possuem o prédio em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram o prédio por usucapião. Vai conforme o original. Tavira, em 22 de Julho de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3
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CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e três de Julho de dois mil e quinze, exarada a folhas cinquenta e seis e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e quatro – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: MANUEL CUSTÓDIO GONÇALVES, NIF 121707571, divorciado, natural da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residente no sítio da Eira da Palma, caixa postal 615-Z, 8800-208 Tavira, declara que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, dos prédios urbanos a seguir identificados, ambos sitos no sítio da Eira da Palma, na União de Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira: Verba um: - Um prédio urbano, que consta de edifício térreo destinado à habitação com uma divisão, a confrontar de norte com Maria Antónia, de nascente com Manuel Guerreiro, de sul com Manuel Inácio e de poente com Sebastião Inácio, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1215, que teve origem no artigo antigo 1426 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com a área total e de implantação do edifício de catorze, vírgula, oitenta metros quadrados, com o valor tributável de mil quinhentos e cinquenta euros igual ao atribuído; Verba dois: - Um prédio urbano, que consta de edifício térreo destinado à habitação com duas divisões, a confrontar de norte e sul com Maria Antónia, de nascente com Manuel Guerreiro e de poente com José Gonçalves, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1217, que teve origem no artigo antigo 1427 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com a área total e de implantação do edifício de trinta e um, vírgula, oitenta e seis metros quadrados, com o valor tributável de três mil trezentos e quarenta euros igual ao atribuído. - Que esses prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse, ainda no estado de casado com Vitalina Antónia da Palma, sob o regime da comunhão de adquiridos, por doação meramente verbal, no ano de mil novecentos e setenta e oito, em data que não pode precisar, e nunca reduzida a escritura pública, feita por Joaquim Inácio, viúvo, residente que foi em Eira da Palma Tavira, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo dos prédios em seu nome. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre os prédios identificados no documento complementar, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – fazendo obras de manutenção e reparação, nelas chegando a habitar, suportando os respectivos encargos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu os referidos prédios por USUCAPIÃO. Tavira, 23 de Julho de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/1631 (POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015) pub
Cartório Notarial em Tavira Notário Bruno Torres Marcos
Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em trinta de Julho de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e quarenta e três e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e quatro – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: JOÃO PEDRO GONÇALVES ROSA, NIF 219738130, solteiro, maior, natural da freguesia de Faro (Sé), concelho de Faro, residente na Avenida 5 de Outubro, n.º 44, 8.º B, em Faro, declara que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por dois compartimentos, destinado a habitação, com a área de quarenta vírgula cinquenta metros quadrados, sito na Rua do Norte, actualmente Travessa do Norte, número 26, na aldeia e freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar no norte com José Afonso Batista, do sul com António de Sousa, do nascente com Travessa do Norte, e de Poente com Maria Catarina, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, com o valor patrimonial tributário e atribuído de € 3.830,00. - Que este prédio veio à sua posse, por doação meramente verbal, no ano de mil novecentos e oitenta e sete, em data que não pode precisar, e nunca reduzida a escritura pública, feita por seus bisavós Manuel Francisco Anica e mulher Inácia Rosa, já falecidos, residentes que foram em Cachopo, Tavira, não tendo deste modo título que lhe permita fazer o registo do prédio em seu nome. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre o prédio supra identificado, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – fazendo obras de manutenção, reparação e beneficiação, nomeadamente no telhado e pintando-a, e suportando os respectivos encargos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 30 de Julho de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos
Conta registada sob o nº. PAO1194/2015 Factura nº. 01201
Acto registado sob o n.º 2/1700
(POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015)
(POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015)
7 de Agosto de 2015 | 9
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Farmácias de Serviço SEXTA
SÁBADO
DOMINGO
SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
QUINTA
Piedade
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
-
Central
Central
-
-
FARO
Caniné
Pereira
Penha
Baptista
Helena
Alexandre
Crespo
LAGOA
Lagoa
Lagoa
José Maceta
Oliveira Martins
Oliveira Martins
Oliveira Martins
Oliveira Martins
LAGOS
Ribeiro
Lacobrigense
Silva
Telo
Neves
Ribeiro
Lacobrigense
LOULÉ
Martins
Chagas
Pinto
Avenida
Martins
Chagas
Pinto
MONCHIQUE
Hygia
Hygia
Hygia
Moderna
Moderna
Moderna
Moderna
OLHÃO
Nobre
Brito
Rocha
Pacheco
Olhanense
Ria
Nobre
PORTIMÃO
Carvalho
Rosa
Amparo
Arade
Rio
Central
P. Mourinha
QUARTEIRA
Mª Paula
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
-
-
Algarve
Algarve
-
S. Brás
S. Brás
ALBUFEIRA ARMAÇÃO DE PÊRA
SÃO BART. DE MESSINES SÃO BRÁS DE ALPORTEL
Dias Neves
SILVES
João de Deus
S. Brás -
Guerreiro
Dias Neves
-
Cruz Portugal
Edite
S. Brás
-
Multicare, C.G.D., Allianz Acordos com:
Medis, Multicare, C.G.D., Allianz
Dias Neves
-
Guerreiro
TAVIRA
Mª Aboim
Central
Central
Felix
Sousa
Montepio
Mª Aboim
VILA REAL de STº ANTÓNIO
Carmo
Pombalina
Pombalina
Pombalina
Pombalina
Pombalina
Pombalina
NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e dois de Julho de dois mil e quinze, a folhas noventa, do livro de notas para escrituras diversas número cento e setenta e sete – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual, MARIA DOS MÁRTIRES FERNANDES FAUSTINO, NIF 107.611.791 e marido MANUEL JOSÉ FAUSTINO, NIF 107.611.783, ambos naturais da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Rua Jornal “O Algarve”, Faro, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por pastagem e cultura, sito em Valedos, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar do norte e sul com Manuel António Mateus, do nascente com Catarina Gonçalves e do poente com António Gonçalves, inscrito na matriz sob o artigo 5.090, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriram o prédio por doação verbal e não titulada por escritura pública, feita em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta por António Francisco, solteiro, maior, residente que foi em Casas Baixas, Cachopo, Tavira, não dispondo os justificantes de título formalmente válido que comprove tal doação. Que desde esse ano possuem o prédio em nome próprio, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, pagando os impostos e contribuições devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram o prédio por usucapião.
Tractor - Rega, Lda
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Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO1200/2015 Factura nº. 01207. Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt
(POSTAL do ALGARVE, nº 1147, de 7 de Agosto de 2015)
AGRADECIMENTO PÓSTUMO
23
A família de Benedito Reis Fortunato Dias vem por este meio agradecer a todos os serviços o profissionalismo e dedicação que lhe prestaram, nomeadamente: - Dr. Jean Pierre - Associação Âncora - Equipa Comfort Keepers - Serviços de Cuidados Continuados do Centro de Saúde de Tavira. Agradecem também a todos os amigos que compareceram ou se lembraram do seu ente querido, na sua hora da despedida. A todos o nosso muito Obrigado. A Família Estevinho Dias
10 | 7 de Agosto de 2015
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AGRADECIMENTO A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 28 de Julho, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada dia 2 de Agosto, domingo, pelas 8.30 horas, na igreja de São Paulo em Tavira.
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7 de Agosto de 2015 | 11
> > SOLUÇÃO da edição passada
O Jogo da Língua vai de férias!
A – O Paulo pode ser timido, mas não é insensivel aquela amizade. ;; B – O Paulo pode ser tímido, mas não é insensível àquela amizade. C – O Paulo pode ser timido, mas não é insensível aquela amizade. D – O Paulo pode ser tímido, mas não é insensível aquela amizade.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
Repovoamento piscícola
‘Pára-quedistas’
O repovoamento das águas ao largo da costa alarvia com 25 mil exemplares de sargos e corvinas são um teste que se espera positivo para a recuperação dos stocks de pesca na região (Ler pág. 2).
Vira o disco e toca a mesma, costuma dizer-se, e nas legislativas PSD e CDS-PP voltam a incluir ‘pára-quedistas’ candidatos ao Parlamento pelo Algarve. Desta vez são dois. (Ler pág. 6).
E-mail da redacção:
O Quartel da Atalaia
jornalpostal@gmail.com
ficha técnica
Carlos Lopes Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
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opinião
Advogado
Delgado Martins veio levantar o problema do destino a dar ao Quartel da Atalaia e fê-lo numa altura muito oportuna. Por um lado, pelo eminente fecho do edifício, com a debandada dos militares, por outro, pela inexistência de grandes projectos. Além disso, o Algarve é uma região sem um equipamento cultural de peso. De resto, como quase todo o sul. Sol e praia não podem ser a única riqueza de que podemos desfrutar. O Algarve merece um equipamento cultural de referência nacional e o Quartel da Atalaia tem valor histórico, arquitectónico e cultural para
albergar um equipamento de relevância nacional, e o Algarve merece-o. Todos nos lembramos que, na visita de dignatários estrangeiros, o Algarve nunca merece um olhar. No Porto temos Serralves, o Palácio da Bolsa, o Parque da cidade, as caves do Vinho do Porto, a subida do Douro, etc. Lisboa a Gulbenkian, o Centro Cultural de Belém, os Jerónimos, etc. Coimbra, Conímbriga, a biblioteca joaninha, etc. A sul do Tejo é pouco mais que um deserto, “jamais” merece uma visita, um olhar, uma atenção. Devemos aproveitar o Quartel da Atalaia para o transformar num ponto cultural de referência e de nível nacional. O país precisa, o Algarve merece e Tavira deverá transformar tal num desígnio colectivo. Julgo ser desnecessário salientar o papel que o turismo cultural tem no mundo. Hoje tal ocupa uma parcela importante dos gastos em turismo
Avô escultor Ana Amorim Dias - Escritora
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com
- Mãe? - Hum... - Eu já posso ter sido outra pessoa? - Se considerarmos a reencarnação como uma hipótese válida, sim. - Hã? - Os budistas, por exemplo, acreditam que cada
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por parte da população e a tendência é para aumentar. Um centro vivo, multidisciplinar, moderno, dinâmico, era um desafio e um factor de desenvolvimento para o país, a região e a cidade. Bilbao, com o museu guggenheim, deu um salto enorme. O pais, com um
centro cultural de qualidade no Quartel da Atalaia, daria um salto em frente no mundo da cultura. Esperemos que os poderes políticos, especialmente os nossos deputados e o nosso poder local, conhecedores da realidade e do terreno, quei-
ram e possam também jogar mãos à obra. Porque não uma reunião/ congresso sobre o assunto? Avançava, desde já, o nome de Delgado Martins para coordenar os interessados e marcar o encontro. Força!
Ser vai voltando em novas vidas, uma e outra vez, até aprender todas as lições. - Mãe? - Hum? - Eu posso ter sido teu pai? - Não João, que disparate. Não te lembras de brincar com ele? Como é que po-
diam estar os dois vivos ao mesmo tempo? - Pois. Repousa numa meditativa pausa e recomeça. - Mãe? Tu não tinhas um avô escultor? - Sim, o pai do meu pai. - Hummmm, então é por isso que eu também sou es-
cultor: eu já fui o teu avô! Vá lá que agora já se esqueceu, mas quase desesperei ao longo dos dias seguintes... - Mãe traz-me água! - Vai tu buscar. - Tens que fazer o que eu digo porque eu já fui teu avô!
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regressa no dia 21 de Agosto
última
Tribunal decide demolição de imóveis em Albufeira Proprietários dizem-se enganados e exigem responsabilidades AS CARTAS A DAR CONTA DA DEMOLIÇÃO começaram a
aparecer na semana passada nas caixas de correio do prédio da urbanização Roja Pé, em Albufeira, o que levou os proprietários a dizerem-se enganados e a exigir responsabilidades. Nas missivas enviadas pela Câmara de Albufeira, os proprietários de dois lotes da urbanização localizada em Olhos de Água são informados de uma reunião do executivo que deu sequência à sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé no sentido de anular vários actos do município de 2002, 2003 e 2005, por violação do Plano Director Municipal (PDM), tendo por consequência a demolição do andar de topo de um dos lotes e da totalidade do outro lote. Um dos proprietários, Carlos Mendes, mostrou à Lusa a caderneta predial datada de No-
vembro de 2007, bem como o alvará de utilização de Fevereiro de 2005, para sublinhar que se algo estava errado os proprietários deviam ter sido informados atempadamente, e recordou que sempre pagaram Imposto Municipal sobre Imóveis. “Isto são as poupanças da nossa vida. Trabalhar 40 e tal anos, chegar aqui e deparar-me com isto”, disse Carlos Mendes, que classificou a situação de “caso de polícia”. Por seu lado, o actual presidente da Câmara de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, sublinhou que a autarquia “não tem alternativa” e “tem de cumprir a ordem judicial”, tendo sido já lançados os procedimentos técnicos e administrativos para a execução da sentença, a cumprir em 120 dias. A acta de uma reunião de câmara recente referia-se ao pro-
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cesso com a necessidade de uma “nota de urgência e prioridade de tratamento deste assunto”.
NA SENTENÇA SÃO VISADAS 66 PESSOAS E INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS Na sentença são visa-
das 66 pessoas e instituições bancárias, não tendo havido contestação, o que, segundo o autarca, pode ser atribuído ao facto de o tribunal ter citado os interessados por anúncio e não directamente. Sobre eventuais indemnizações a serem concedidas aos proprietários afectados, o presidente da câmara constatou que, de “uma forma genérica, existe também da parte do município responsabilidade no que se referir àqueles adquirentes, titulares de propriedade, e que adquiriram de boa-fé”. “As pessoas compraram pub
ÔÔ Desidério Silva foi apanhado de surpresa com a situação
com base numa certidão da conservatória, com base numa certidão da matriz e com base numa licença de utilização municipal e, portanto, também do Estado, e são pesso-
as que compraram de boa-fé. Também serão titulares do direito à indemnização, na qual a câmara também poderá vir a ser responsabilizada. Mas isso está na mão deles. Agora vão ter que fazer valer os seus direitos em todo este processo”, referiu Carlos Silva e Sousa. Questionado sobre como equilibrar a boa-fé dos compradores dos imóveis com a ordem do tribunal, o presidente da câmara afirmou que “vai ter que ser cada um a defender-se”. “Quando os recebi aqui foi o que lhes disse: ‘o município tem uma ordem do tribunal, tem que cumpri-la. Os senhores têm os vossos direitos, se quiserem defender-se arranjem advogados e defendam-se’”, declarou Carlos Silva e Sousa. A sentença foi proferida em
2011 e transitou em julgado em 2013, tendo o tribunal declarado nulos os actos com que a Câmara de Albufeira autorizou, em 2002, a construção dos lotes, um dos quais ocupou uma área destinada a um espaço de lazer. Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Albufeira na altura em que foi autorizada a construção, Desidério Silva, admitiu ter sido apanhado de surpresa e remeteu esclarecimentos para mais tarde, alegando não ter ainda reunido informação sobre o processo. “Acho que o que fiz foi tudo de acordo com os pareceres técnicos, nunca fui notificado. Tenho que falar com os serviços [da câmara] para me inteirar sobre o assunto”, declarou o actual presidente da Região de Turismo do Algarve. Lusa pub
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Editorial: d.r.
Cultura ‘à fresca’ p. 2
Grande ecrã: d.r.
Vidadupla segundo Sérgio Godinho p. 10
Agosto recheado de cinema
p. 3
Artes visuais: d.r.
d.r.
Qual a margem de liberdade do artista? p. 6 Letras e Leituras: d.r.
AGOSTO 2015 n.º 83
Umberto Eco: As notícias do amanhã
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
p. 8
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O Algarve num outro olhar ps. 4 e 5
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Cultura.Sul
Editorial
Missão Cultura
Cultura 'à fresca' em Agosto
Novo espaço de encontro: “Café com Letras”, Sextas às Seis
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Agosto é por terras algarvias, todos os anos, sinónimo de cultura na rua, com a grande maioria dos momentos culturais, dos mais diversos géneros e estilos, a ter lugar fora de portas. É como se a cultura, também ela, se quisesse pôr 'à fresca', nestes dias de estio. É debaixo de um calor tórrido que as manifestações culturais se fazem ao ar-livre, em praças, auditórios de rua, à beira-mar e junto às margens dos rios. Num registo que há anos não se via, o mês passado fez-se de noites de invejáveis temperaturas, a fazer esquecer os casacos e outros apetrechos sempre indesejados no Verão e se Agosto repetir o estilo meteorológico, então a cultura está de parabéns neste período de espaços abertos e arejados a fazerem as vezes de palcos. Certo é que, em estilos mais ou menos populares, das festinhas, às festas, das maiores às mais pequenas performances, o Algarve popula por estes dias de uma pujança que a cada ano só se vê nos meses de época alta. Estes são dias de percorrer a região de lés-a-lés e de encontrar em cada esquina uma forma diferente de viver as férias com um toque cultural. Podem até não ser as manifestações eruditas a que convidam as salas confortáveis e apetrechadas, mas a cultura é muito mais do que esses momentos, e em muitos dos exemplos que enchem a região durante Agosto, a verdaedira identidade do Algarve está presente como dificilmente estará dentro de portas. Mais do que banhos de mar, noites aceleradas e sol e areais a perder de vista, o Algarve apresenta-se, uma vez mais, recheado de boas propostas culturais, atreva-se porque vai decerto valer a pena.
Direção Regional de Cultura do Algarve
Inserida na sua estratégia de valorização, promoção e reforço da divulgação das Artes e das Letras na região, a Direção Regional de Cultura do Algarve, em parceria com a Biblioteca da Universidade do Algarve e com a FNAC de Faro, decidiram criar um novo espaço de promoção das Letras do Algarve. O café é, normalmente, servido quente, e considerado um estimulante. Assim também estes encontros que se pretendem quentes e vivos (de inverno ou de verão!), para animar os nossos fins de tarde, que terão lugar nas primeiras sextas de cada mês, no novo espaço que a FNAC criou em Faro e no qual tem procurado estabelecer uma relação próxima com a comunidade. Este projeto, resultado de uma feliz associação entre estas três entidades, conta com a
participação da população, em geral, e da comunidade académica, em particular, que se deseja culturalmente envolvida e participativa. Conversas vivas e entusiastas em torno de livros, da leitura, do presente e do passado, da música, do cinema, das artes, enfim, da Cultura, que é o que nos move e ocupa o centro desta proposta para a qual contamos com a vossa presença. Este encontro acontecerá nas primeiras Sextas de cada mês, pelas 18 horas. A primeira proposta de encontro é para dia 4 de Setembro, pelas 18 horas, na FNAC do Forum Algarve e resulta da primeira edição assumida pela Direção Regional da Cultura do Algarve no âmbito do regulamento de apoio a obras temáticas, que identifica como preocupação central “contribuir para o conhecimento e maior divulgação da história e da identidade regional”. O trabalho de Cláudia Diogo sobre as Lendas e outras Memórias de Monchique decorre da investigação e dissertação
foto: drcalg
te que se estabeleçam diálogos intergeracionais, se transmita conhecimento e se valorize um património cultural imaterial do interior do Algarve. Consideramos este um livro pioneiro no registo cuidado que faz da transmissão oral armazenada na memória da população monchiquense e particularmente oportuno porque está associado a uma janela de temporalidade estrita, a partir da qual este registo específico seria impossível ou seria alterado porque sujeito a novas formulações de pensar, viver e sentir. Seguir-se-ão outras sextas e outros temas, que oportunamente divulgaremos.
Monchique, jardins do centro da vila desenvolvida no âmbito do seu mestrado e revelou-se um estudo académico de grande valor e coerência técnica. A autora aceitou o desafio de adaptar o seu trabalho tendo em vista alcançar um público de leitores mais abrangente, sem, contudo, lhe retirar a vertente de cuidado científico colocado
na investigação. O património oral, as lendas e memórias de Monchique, tornam-se assim acessíveis a um mais largo leque de interessados. Este registo de sabedoria e tradição popular é fundamental, pois sedimenta uma identidade e memória coletiva, ao mesmo tempo que permi-
tornou-se também sensível aos “novos públicos”, que até então
tinham dificuldade em contactar com esta realidade. Muito é feito hoje em dia no âmbito das acessibilidades e da inclusão, para que seja impossível conceber um espaço que não permita acolher todos os tipos de público. Este trabalho é interminável mas o Museu Municipal de Olhão também se associou a este desafio. Com o objectivo de tornar esta instituição viva e focada na comunidade, dispõe de uma equipa técnica especializada focada na conservação, estudo e divulgação junto dos diversos públicos, do seu acervo constituído por: património marítimo, ar-
Para a agenda: 4 de Setembro, 18 horas, Património imaterial do Algarve Lendas e outras memórias de Monchique, de Cláudia Diogo. Livro publicado pela DRCAlg. Apresentação: Natércia Magalhães/DRCAlg. Parceria: Biblioteca da Universidade do Algarve/Fnac/DRCAlg.
Juventude, artes e ideias
Ponto de partida Os caminhos actualmente percorridos pela sociedade contemporânea levaram a uma tomada de posição por parte das instituições mundiais, no sentido de atribuírem novas responsabilidades e competências às instituições museológicas. Assim, a Museologia e todos os técnicos ligados a equipamentos culturais foram obrigados a reflectir o seu papel e a redefinir metodologias. Fruto deste debate de ideias, os museus deixaram de ser meros repositórios de peças, para passarem a assumir funções em áreas tão importantes como a Investigação, a Comunicação e,
claro, a Educação. Esta nova abordagem técnica
“ESCOLA INTERN. ARTES DE LOULÉ 1993-1997” De 13 AGO a 30 SET | Convento de Santo António - Loulé Exposição apresenta trabalhos recentes de professores da Escola das Artes, em particular de Bruce Dorfman, Minerva Durham, Enrico Gonçalves, Cécile Massart e Pascaline Wollast
queologia, numismática, indústria conserveira, artes plásticas e decorativas, fotografia, metrologia, cinema, fainas agromarítimas, maquetas navais, armas, maçonaria e farmácia. São destes autênticos pedaços de história e cultura olhanenses que vive o Museu Municipal – Edifício do Compromisso Marítimo, e é com o objectivo de preservar e perpetuar a sua memória que trabalhamos no sentido de fazer mais e melhor. Hugo Oliveira Coordenador do Museu de Olhão
“FORA DO BARALHO” Até 29 AGO | 21.30 | Teatro Municipal de Portimão Trata-se de um espectáculo para toda a família que mistura a arte da ilusão com a arte cénica e teatral e que conta a história de um mágico que está a tentar criar o seu próximo espectáculo
Cultura.Sul
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt Q - ESPAÇO CULTURAL (Jardins do antigo Magistério Primário) | 21.30 HORAS (* sessões gratuitas)
09 AGO - O INFERNO, Carlos Conceição, Portugal, 20’ | VÍCIO INTRÍNSECO, Paul Thomas Anderson, EUA, 2014, M/16, 148’ 13 AGO - FURICO & FIOFÓ, Fernando Miller, Brasil, 7’ | OS GRANDES ALDRABÕES, Leo McCarey, EUA, 1933, 68’, M/6 16 AGO - O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO, Luis da Matta Almeida, Pedro Lino, Portugal/ RU, 9’ | PHOENIX, Christian Petzold, Alemanha, 2014, 98’, M/12 20 AGO - YVONE KANE, Margarida Cardoso, Moçambique/Portugal/Brasil, 2014, 117’, M/12
23 AGO – ESTÓRIA DO GATO E DA LUA, Pedro Serrazina, Portugal, 5’ | O CONTO DA PRINCESA KAGUYA, Isao Takahata, Japão, 2013, 137’, M/6
Agosto recheado de cinema Ao contrário do que é tradição, o Cineclube de Faro tem este ano uma agenda de Agosto muito preenchida, fruto do inovador projecto que junta diferentes artes e associações culturais de Faro, chamado Q-Espaço Cultural. A actividade cineclubista do CCF estende o Cinema ao Ar Livre pelo mês de Agosto, trazendo à tela do antigo Quintalão do Magistério Primário, em plena Vila Adentro, uma programação que junta clássicos e alguns dos melhores filmes estreados no último ano. Os oscarizados Citizenfour, de Laura Poitras, Boyhood-Momentos de uma Vida (Richard Linklater), Vício Intrínseco (Paul Thomas Anderson), ou ainda a singularidade voyeurista hitchcockiana d’A Janela Indiscreta, o humor intemporal e frenético dos Irmãos Marx no preciosíssimo Os Grandes Aldrabões, o virtuosismo de Christian Petzold em Phoenix, o desarmante Yone Kane de Margarida Cardoso, o virtuosismo da animação dos estúdios Ghibli com O Conto da Princesa Kaguya ou ainda o sem-
Cineclube de Tavira fotos: d.r.
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com MOSTRA DE CINEMA NÃO-EUROPEU – AR LIVRE | CLAUSTROS DO CONVENTO DO CARMO | 21.30 HORAS 7 AGO | BEGIN AGAIN (NUM OUTRO TOM), John Carney, E.U.A. 2013 (104’) M/12
Imagem do filme 'Magia ao Luar' de Woody Allen pre presente Woody Allen com Magia Ao Luar são as sugestões do cartaz do Q- Espaço Cultural, sempre às quintas-feiras e domingos, a partir das 21:30. O cinema ao ar livre, pela mão do CCF não fica no entanto por aqui, entre parcerias e colaborações, o cinema é uma constante no Verão e destacamos ainda
mais uma edição do Cinema sob as estrelas em Cacela Velha, a 25 de Agosto com O Sal da Terra, filme centrado na vida e obra de Sebastião Salgado e ainda o genuíno e singular Volta à Terra primeiro e único filme assinado por João Pedro Plácido a 1 de Setembro. Cineclube de Faro
8 AGO | SELMA (A MARCHA DE LIBERDADE), Ava DuVernay – E.U.A./Reino Unido 2014 (128’) M/12 9 AGO | THE WIND RISES (AS ASAS DO VENTO), Hayao Miyazaki – Japão 2013 (126’) M/12 10 AGO | LEVIAFAN - LEVIATHAN (LEVIATÃ), Andrey Zvyagintsev – Rússia 2014 (140’) M/14 11 AGO | CITIZENFOUR, Laura Poitras – E.U.A./Alemanha/Reino Unido 2014 (114’) M/12 12 AGO | LIKE FATHER, LIKE SON (TAL PAI, TAL FILHO), Hirokazu Koreeda, Japão 2013 (121’) M/12
Espaço AGECAL
Conservação do património no Algarve
Leonor Esteban Técnica Superior de Conservação e Restauro Convidada da AGECAL
O conceito de Património Cultural evoluiu bastante nas últimas décadas, não sendo hoje entendido apenas como algo relacionado com o passado, mas sim como uma construção do futuro. Atualmente, as preocupações com a importância da conservação do Património Cultural passaram a fazer parte do discurso dos agentes que promovem a sua gestão. Nos últimos anos, a Rede de Museus do Algarve (RMA) conjuntamente com os museus, de tutela autárquica e outros de iniciativa privada, têm vindo a desenvolver uma campanha de consciencialização do público para a importância da preservação deste legado, que nos foi transmitido pelos nossos antepassados e que faz parte da nossa identidade e memória
coletiva, pois existe a consciência de que ela só será conseguida com a contribuição de todos. A conservação do património cultural pode ser algo fascinante e interessante, funcionando também como fonte de conhecimento e fruição, devendo, por isso, ser quebradas as barreiras entre os profissionais e o público. Nos finais da década de 1990 dá-se uma proliferação de museus e núcleos museológicos no Algarve, trazendo consigo a colocação de pessoal qualificado em conservação e restauro, entre outras áreas do conhecimento científico, tendo contribuído para a evolução da museológica no nosso País. A conservação é a disciplina mais jovem presente nos museus e foi a última a entrar no campo da Museologia. No Algarve, os Municípios de Portimão, Silves, Tavira, Alcoutim e Faro possuem laboratórios de conservação e restauro, havendo ainda relações de troca de informações entre os técnicos. Na RMA criou-se o grupo de conservação e restauro (RMA-CR) com o intuito de promover as suas atividades, tendo ainda sido criada uma página na internet sobre conservação “AL-Gharbe Conservação”, (https://
celso candeias
/ museu municipal de tavira
algharbconservacao.wordpress. com/), com fins de divulgação de toda a informação e artigos relacionados com esta área, tais como, workshops, lançamentos de livros, ações de formação, etc. A nível nacional, a Associação Profissional de Conservadores Restauradores de Portugal (ARP), foi fundada em 1995, tendo como principais objetivos a defesa e a promoção da classe profissional dos conservadores-restauradores no nosso País e na Europa, através da sua representação na European Confederation of Conservator-Restorers’ Organizations (ECCO) e na divulgação e salvaguarda do Património Cultural (http://www. arp.org.pt/). No laboratório de Conservação e Restauro do Município de Tavira os trabalhos desenvolvidos passam pela conservação do património arqueológico, etnográfico, religioso, industrial, estatuária pública, elementos arquitetónicos e gestão das reservas e coleções, além de atividades educativas vocacionadas para as escolas na sensibilização da importância desta disciplina na salvaguarda do património e o seu papel de retaguarda em qualquer exposição museológica.
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O Algarve num outro olhar 16 4 1 5 14 7 2
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Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
Imagine-se um convite para deixar voar o olhar, planando até ao limite das vistas, ora estendendo-se até tocar o azul infinito do Atlântico, ora calcorreando encostas das serras até se esvair nos cumes que parecem recortar em desafio os céus. Há muitas formas de ver o Algarve e o desafio que propomos neste Cultura.Sul é o de o ver com outro olhar e de uma outra perspectiva, altaneiros. Percorremos o Algarve de lés-a-lés, começando no extremo noroeste até à fronteira com Espanha, no extremo leste, e trazemos-lhe locais únicos para uma mirada especial sobre as terras, os mares e os rios algarvios. Propomos uma nova perspectiva, com uma visão projectada em direcção ao vazio das grandes paisagens de costa, barrocal e serra, com imagens dignas de retrato mas, acima de tudo, dignas de serem guardadas na memória. Desafiamos, com recurso a coordenadas GPS, mas sempre em locais fáceis de encontrar com recurso a mapas ou ao velho truque de perguntar às gentes da terra, a que
encontre alguns dos diversos miradouros da região, com uma proposta em cada concelho algarvio. Escolhemos vistas do oceano, arribas escarpadas, monumentos, paisagens de cidade e de hortejo do barrocal. Seleccionámos visões das várias facetas deste Algarve que se estende à largura do país, com paisagens de serra, vistas a partir de faróis e de promontórios mais ou menos intervencionados pela mão humana. Convidamos a conhecer rios e praias, a descobrir os tons ocres da entrada da serra e o verde seco do Algarve sujeito aos rigores do estio, com o mesmo tom com que propomos que sinta a brisa marítima ou se deixe embevecer pelos parchais da Ria Formosa e do Sapal de Castro Marim. Mostramos vistas a partir de igrejas e castelos, e levamos a sede de vistas largas aos topos das serras algarvias num convite a imagens panorâmicas com absolutos 360 graus. O Algarve visto a partir do alto tem outra beleza, é diferente, ganha dimensão e assume em pleno a sua diversidade paisagística. Mostra-se a quem o olha de forma única e em todo o esplendor, sem reservas, nem obstáculos, numa verdadeira exibição de braços abertos ao conviva que o deseja olhar. Descanse o olhar e a mente no azul único do Verão algarvio, conheça de que matizes
se fazem os cursos de água e com que paletas se pintam os solos desta região única. Mais do que conhecer cada um destes segredos algarvios que lhe propomos, desejamos que em cada momento se deixe transportar e que em cada proposta encontre um momento raro que se mereça recordar. Deixe-se envolver pelo silêncio e pelo recato de alguns dos locais que sugerimos e ganhe uma nova interpretação sobre uma terra que muitos crêem ser apenas sol e mar e desmistifique um Algarve carregado de tradições, forjado tantas vezes, na rudeza bruta de terras duras de enfrentar. Há um mundo para descobrir nesta terra aberta ao mar que importa conhecer, do marulhar das ondas cumpridas na orla dos areais ao assobio dos ventos no alto da Fóia ou do Cerro de São Miguel. Há neste Algarve cheiros únicos de esteva e pinheiro, de mar e de ria por descortinar. De um só golpe tanto para ver na imensidão sem freio, desafiando o horizonte e tudo o que há de permeio, porque há em cada um destes miradouros um Algarve a descobrir com outro olhar. Dezasseis propostas raras para momentos inesquecíveis da serra à beira-mar porque nem só de praia se fazem as férias ou o Algarve e há paisagens que não se podem, simplesmente, deixar de admirar.
1 - Aljezur
Miradouro da Fortaleza da Arrifana GPS: 37°17'46.9"N 8°52'26.4"W
Recentemente intervencionada para redescobrir significativamente a sua beleza, a Fortaleza da Arrifana encima uma falésia da costa oeste do concelho de Aljezur desde 1635. Açoitada pela nortada a fortificação mostra a sul a Praia da Arrifana à qual se acede por um ziguezague entalhado na encosta das arribas. Em todo o seu esplendor, abrigado das investidas do vento numa forma de concha que convida a olhar o mar, a Praia da Arrifana é imperdível para quem se quer deixar levar pelo imenso azul atlântico. A visão a sul permite mirar a Pedra da Agulha, um leixão que se ergue do Atlântico qual sentinela costeira destemida face à dureza das vagas.
2 - Vila do Bispo
Miradouro da Torre de Aspa GPS: 37°05'42.1"N 8°57'02.5"W
Da Torre de Aspa só ficou para os
dias de hoje a memória, a atalaia que guardava a Costa Vicentina do Algarve esboroou-se com o rolar dos tempos, mas a arriba mais alta da costa do Algarve continua a ser um ponto privilegiado de observação. Miradouro natural encimado por um marco geodésico dali se avistam as praias do Castelejo e da Cordoama, onde o escuro das arribas luta com o branco areal para ganhar salpicos das ondas do mar. Um olhar a norte permite vislumbrar a Pedra da Laje, formação rochosa que se adentra ao mar sendo um pesqueiro de eleição para os amantes da pesca amadora.
3 - Lagos
Miradouro da Ponta da Piedade GPS: 37°04'51.8"N 8°40'10.8"W
ria até às cristalinas águas rodeadas por uma enseada de contornos e luminosidade místicos.
4 - Monchique
Miradouro da Fóia GPS: 37°18'56.1"N 8°35'31.5"W
É do ponto mais alto do Algarve, 902 metros, que se pode ter uma visão que percorre o traçado costeiro ao longe com a mesma facilidade com que permite percorrer o pontilhado da serra que marca o interior do Algarve. O melhor dos dois ‘algarves’ à distância de um olhar que se pode lançar sem obstáculos, nem reservas sobre o imenso a chamar pelo divagar num silêncio condicente.
5 - Silves
Miradouro da cidade GPS: 37°11'19.5"N 8°25'50.9"W À Ponta da Piedade chega-se por estrada que é simultaneamente Via Sacra com as paragens assinaladas por pequenos nichos alusivos aos momentos percorridos por Jesus carregando a cruz. No miradouro, junto ao Farol, o azul profundo estende-se até onde os olhos deixam ver e as vistas podem espraiar-se pela linha recortada da costa escarpada de Lagos. Aqui pode mirar-se ao longe do alto e para o fundo, descendo a extensa mas inesquecível escada-
Silves cai em dornas arruadas do Castelo até ao Arade com cores e mil sombras de verdes reflexos. Do lado de lá do Miradouro ::::: a frontaria da cidade debruça-se sobre o vale fértil e salpicada do branco alvo da cal deixa adivinhar um outro tempo.
Cultura.Sul
No topo o Castelo de Silves guarda os segredos de uma ocupação progressiva e os vestígios de povos que o escolheram para resguardo. Também ele um miradouro sobre o vale recortado em torno da cidade se apresenta como mais um local para deitar sobre o Algarve um outro olhar.
07.08.2015
8 - Albufeira
Miradouro do Pau da Bandeira GPS: 37°05'13.4"N 8°14'53.8"W
6 - Lagoa
Miradouro da Ponta do Altar GPS: 37°06'20.9"N 8°31'08.9"W
Sentinela da embocadura do Arade, a Ponta do Altar faz-se ver ao longe com um feixe luminoso vermelho a cada cinco segundos a partir do farol que encima a falésia. A vista permite um olhar sobre o oriente em direcção à Praia dos Caneiros com o leixão da Gaivota em primeiro plano, mas é para ocidente e para o interior que a paisagem mostra a foz do Arade, a Praia da Rocha e Portimão, com a marina a seus pés. Em direcção à longínqua Casablanca em Marrocos, a mais de 300 quilómetros, o inesgotável Atlântico com as cores das águas mais recatadas do sul do Algarve.
Do moderno miradouro do Pau da Bandeira se avista Albufeira Velha, a Praia dos Pescadores e a Praia do Peneco num único olhar sobre o leste. À baixa de Albufeira e às praias chega-se descendo a encosta numa viagem de escadas rolantes com o mar como pano de fundo. Para sul, uma vez mais o horizonte azul marítimo e se o olhar convidar a uma espreitadela para nascente mostra-se o areal da Praia do Inatel seguido da Praia dos Alemães, onde mais uma curva do recorte costeiro deixa a vontade de descobrir outros promontórios do Algarve.
9 - Loulé
Miradouro da Igreja de Nossa Senhora da Piedade GPS: 37°08'25.7"N 8°02'13.0"W
7 - Portimão
Miradouro da Fortaleza de Santa Catarina GPS: 37°07'00.9"N 8°31'47.6"W
Daqui se podem ver a oriente a Ponta do Altar já em terras de Lagoa, com o Arade a interpor-se entre as suas margens no encontro com o oceano. Para sul os molhes adentro, as águas convidando a um passeio, descida a escadaria até à Marina de Portimão, mar adentro ensolarado e fresco da brisa marítima. A este a Praia da Rocha em toda a sua extensão, plana e de areias brancas apresenta-se como se de um lençol se tratasse, com o Miradouro da Praia da Rocha, outro local de vistas convidativas ao deslumbre, a definir o extremo leste do areal.
De volta ao Algarve mais interior, junto a Loulé ergue-se altaneira a Igreja de N. Senhora da Piedade. Ao promontório não pode só subir o andor por altura da Mãe Soberana, festa maior da quadra pascal na região, suba-se pela estrada e contorne-se o edificado para se poder deixar repousar o olhar sobre o casario de Loulé com o castelo em destaque. A paisagem do barrocal estende-se para norte e oeste semeada de oliveiras e amendoeiras por entre mato de estevas.
no ferro que adorna, junto ao chão, este local de rara beleza dentre os muitos que pode visitar em São Brás de Alportel. Ao fundo, entre o recorte da serra a sul em direcção a Faro, o Atlântico deixa-se mirar, marcando posição ao longe como que a lembrar que também ele, a par da serra, é um dos pólos do Algarve. Num silêncio convidativo deixe-se levar pelas encostas da serra a sul em direcção ao vasto barrocal ou lance um olhar para norte em direcção ao pontilhado serrano profundo, onde nascem os sobreiros, obreiros da melhor cortiça do mundo.
11 - Faro
Torre da Igreja da Sé GPS: 37°00'47.9"N 7°56'06.7"W
A torre gótica da Sé de Faro, que exibe os sinos da construção religiosa, é a imagem de marca de um monumento incontornável para quem visita a cidade velha de Faro. Do alto da torre sineira a vista da Ria Formosa e da baixa da cidade impõem-se. O serpentar das águas da ria estende-se no horizonte até às dunas das praias das ilhas barreira num olhar que se pode deixar repousar de nascente para poente. Um labirinto laguna de esplendorosas cores ao pôr-do-sol que contrasta com o olhar para norte/noroeste onde a cidade se impõe da baixa em direcção aos arredores com a serra em pano de fundo.
12 - Olhão
Cerro de São Miguel GPS: 37°06'05.0"N 7°49'56.9"W
10 - São Brás de Alportel
Miradouro da Arroteia GPS: 37°09'33.1"N 7°54'28.2"W
Entre a serra e o mar pode ler-se
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Do alto dos seus mais de 400 metros, o Cerro de São Miguel, maior elevação da Serra de Monte Figo, apresenta ao visitante todo o barrocal de sudeste a sudoeste, com a orla costeira a ver-se em dias de céu limpo desde Espanha até perto de Albufeira. A norte erguem-se as empeder-
nidas serranias do Algarve numa paisagem semeada de oliveiras e amendoeiras tão velhas como a lonjura que a vista pode alcançar. No extremo sul, a antecipar o Atlântico, a perder de vista a Ria Formosa que bordeja Olhão e as ilhas barreira como um suave risco de tom areia desenhado antes do horizonte imenso.
13 - Tavira
Castelo e Igreja de Santa Maria GPS: 37°07'31.5"N 7°39'05.5"W
A zona do Castelo de Tavira e a envolvente da Igreja de Santa Maria, um dos edifícios que se ergue entre muralhas, proporcionam uma visão rara da beleza da cidade do Gilão. Com o Rio a escorrer entre o casario até às Quatro-Águas, a beleza da cidade tavirense sempre pautada pela presença omnipresente de edificações religiosas são um doce para o olhar. Como se fosse um puzzle recheado de segredos convidativos, o rendilhado dos arruamentos exibe-se ao visitante numa rara beleza que quando chega o entardecer se torna quase inacreditável.
toca a miradouros e paisagens de deslumbre, como aquela de que se pode usufruir a partir do Castelo de Castro Marim. Perceber o recorte da vila fortificada de fronteira é um dos desafios colocados aos olhos do mirante antes de se deixar embevecer pelos regatos do Sapal de Castro Marim que caminham inexoráveis para o Guadiana, também ele no percurso final até à foz. Do outro lado do rio terras de Espanha com Ayamonte em primeiro plano, enquanto para norte se mostram em poderio, uma vez mais, as serranias deste Algarve. Um olhar sobre a vila deixa perceber um tempo marcado por um ritmo próprio feito de um compasso único de que se pode usufruir com uma visita pelo centro de Castro Marim.
15 - Vila Real de Santo António
Farol de Vila Real de Santo António GPS: 37°11'14.2"N 7°24'59.2"W
14 - Castro Marim
Castelo de Castro Marim GPS: 37°13'05.5"N 7°26'34.5"W Não há amor como o primeiro, dizem, mas há-os vários no que
A vista do Farol de Vila Real de Santo António, visitável às quar-
tas-feiras à tarde, mostra o recorte pombalino da baixa da cidade do Guadiana. Dali se avista em perfeição Ayamonte, do outro lado da foz do Guadiana, e os areais e parchais que deixam adivinhar a Isla Cristina, primeira praia de terras de Espanha. Para sul e antes do azul do Atlântico imponente, a Mata Nacional e a Praia da Ponta da Areia que se estende até Monte Gordo a leste. Em direcção a norte Castro Marim e a serra, ao longe a enquadrar um Guadiana que se adivinha serpenteante.
16 - Alcoutim
Castelo de Alcoutim GPS: 37°28'15.2"N 7°28'18.7"W
Do alto do Castelo de Alcoutim parece poder-se estender as mãos para afagar o casario de Sanlúcar del Guadiana do outro lado da fronteira. O rio divide a meio as gentes que o hábito havia de unir depois das guerras entre as duas nações. O casario é alvo de branco cal de ambos os lados da serpente aquífera e decai sobre as margens em dornas expostas aos olhares estrangeiros permanentes Uma paisagem deliciosa e de bucólicos tons a lembrar outra vez que o Algarve se faz de muitos e diversos ‘algarves’, qual paleta disponível para pintar de mil tons uma terra recheada de surpresas.
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07.08.2015
Cultura.Sul
Artes visuais
Qual a margem de liberdade do artista?
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
AGENDAR
Já lá vai o tempo da dependência do artista em relação ao poder religioso ou ao poder político. Atualmente, considera-se que a dependência é sobretudo em relação ao mercado, aos marchand, ao público e aos investidores. Mas terá que ser assim? Será que a produção artística não pode ser realizada apenas pelo prazer dessa realização? “A arte como atividade libertadora ligada ao instinto” (Bossaglia, 2001), já estava bem presente nos action painting dos anos 40 e 50, em particular com Jackson Pollock, em que a pintura são filamentos de cores que vão nascendo do pulsar das sensações do artista. Não utilizava cavalete, pintando telas de grandes dimensões colocadas no chão para se sentir mais envolvido e dentro do quadro, e não utilizava pincéis, partindo do pingo de tinta que deixa cair na tela para produzir toda a obra de arte, utilizando latas de tinta perfuradas, numa relação física intensa com a obra produzida. Mas é a partir dos anos 80 que se desenvolve um movimento, designado de Transvanguarda, que procura acentuar a utilização de diversos meios na produção artística, numa atitude eclética e multidisciplinar, e de forma livre e com prazer. Tal como a crise na arte no início do século XX levou vários artistas em busca daquilo que parecia mais autêntico na arte, porque mais primitivo, em particular nas civilizações africanas e polinésias, por parte de Picasso e de Gaugin, por exemplo, também a vanguarda dos anos 60, em particular com a desmaterialização defendida na arte concetual, levou à necessidade dum retorno ao concreto, ao material, à cor, a partir dos anos 70 e 80,
sendo a Transvanguarda um dos movimentos que se desenvolveu nesse sentido. Assim, os transvanguardistas aproveitaram a ênfase nas ideias e na reflexão, mas com um suporte na produção artística material, conseguindo uma conciliação entre as ideias e a sua materialização, isto é, entre as imagens mentais e as imagens retinianas ou visuais. A transvanguarda pode ser enquadrada no neo-expressionismo dos anos 70, o qual se desenvolveu em diversos países. No caso de Itália, foi buscar referências à arte povera e iniciou-se com a publicação do livro “La transvanguardia”, em 1980, pelo crítico de arte Bonito Oliva (1979, 1980), em que propõe esta designação para caracterizar o trabalho de alguns jovens artistas italianos, nomeadamente Francesco Clemente, Mimmo Palladino, Enzo Cucchi, Sandro Chia e Nicola De Maria, os quais se dedicavam à pintura figurativa, rompendo com a vanguarda e assumindo uma ligação com o passado da arte, numa atitude descomprometida e de inspiração livre nas mais variadas correntes artísticas anteriores, podendo transitar de umas para outras. Bonito Oliva procurou dar uma dimensão internacional a esta perspetiva de produção artística livre (Bonito Oliva, 1982), tendo dirigido a 45ª Bienal de Veneza, em 1993, o que é revelador da sua importância no mundo artístico da década de 80. Nas obras mais conseguidas pela transvanguarda, a dimensão dramática é manifesta, exprimindo-se nas cores, ora vivas, ora escuras (Ferrari, 2001), adquirindo o título da obra uma função central para explicar essa tensão dramática. Embora este movimento tenha surgido em Itália, tendo sido apresentado na 40ª Bienal de Veneza, Oliva considerava que esta forma de arte seria mundial, podendo inspirar-se em diversas tradições, sem fron-
d.r.
dispensando o peso da história, podendo assumir a sua liberdade e o prazer da realização. O prazer na prática é, assim, uma das principais características da tendência transvanguardista, numa atitude livre de preconceitos académicos, podendo revelar-se até ingénua. Conforme referia o próprio Bonito Oliva (1980), “o princípio do prazer substitui o princípio da realidade, entendido como exercício gratificante do trabalho artístico”. Todos os artistas deste movimento revelavam a vontade de não obedecer às regras da composição, preferindo usufruir da catarse que pode estar presente na criação artística, quase que ficando num estado de fluxo, de acordo com a teoria de Csikszentmihalyi (1996). Segundo esta teoria, quando se encontram em estado Obra “Dino Campana”, de Sandro Chia (2000) de fluxo, as pessoas do trabalho sobre a técnica”. tornam-se parte da atividade que teiras limitativas. A atitude eclética caracteriza Para Oliva será a subjetividade estão praticando, apresentando os praticantes da arte transvan- do artista que permitirá tornar um sentimento de total envolviguardista, pois utilizam e expe- as obras atemporais, pois “o ca- mento e a consciência totalmenrienciam vários estilos e diversas ráter atemporal é alcançado pelo te focada na atividade em si. técnicas artísticas, sem se com- fato da obra nunca representar o Não diminuindo a importânprometerem com nenhuma, presente do artista, uma vez que cia do pensamento e da arte pofluindo e fruindo na sua utiliza- a sua sensibilidade é inconstan- der ser uma forma de comunicação. Este ecletismo acontece tan- te”. A não dependência em rela- ção importante, graças ao poder to na escolha temática, como nos ção ao reconhecimento do seu de síntese da imagem visual, meios e nos materiais utilizados trabalho e de aspetos socioeco- toda a produção artística deve(Duzzo, 2011; Santaella, 2009). nómicos relacionados com a sua ria permitir expressar a emoção Nas palavras de Bonito Oliva produção artística, liberta o su- e a alma do artista... (1980), “o ecletismo é uma ca- jeito de avaliações pelos outros. racterística da suave identidade O artista transvanguardista desFinalizaríamos com um podo artista (…) A Transvanguarda taca-se pelo seu individualismo, ema que escrevemos em 2009, não ostenta o privilégio de uma decidindo para onde quer ir, o com o título “Alma de artista” genealogia única, pois bebe de que quer fazer, sem compromis- (Jesus, 2009): diversas fontes”. E continua refe- sos ou preconceitos. Numa sociedade global, ape- O início é branco, rindo que “a arte transvanguardista deixa circular a imagem nas teria sentido uma “arte mun- minimalismo sem cor, sem lhe perguntar de onde vem dial”, que se inspira em todas as vazio de emoções. ou para onde vai, seguindo o im- tradições. Assim, o artista não pulso de prazer que se re-estabe- tem necessidade de se fixar a Corpo sem alma lece na primazia da intensidade um passado ou a um presente, que precisa de vida
“FIL TIRÉ – RACINES COUPÉS” Até 28 AGO | Casa dos Condes - Alcoutim Exposição da artista francesa Dominique Chaumelle, que se tem evidenciado nas áreas da decoração, desenho e pintura, inspirando-se nas viagens que tem feito
para viver… Tela… Jogo de possíveis, caminho para a fantasia… Alma de artista… Sopro de inspiração, arrepio da pele, transpiração de sensibilidade… Palpitações de alegria, fôlego da esperança, em cada pincelada de cor. Projecções do inconsciente traduzidas em azul, vermelho e amarelo, cores básicas e suas misturas. Cascata de cor inunda o espaço branco, num tempo de magia. Euforia dos sentidos, chama da alma, energia da luz. Emoções expressas em rasgos de um pincel, êxtase dos sentidos, clímax da cor… No final os contrastes ganham sentido, retoques dados pelo consciente, coerência do todo, superando a soma das partes. Alma de artista no corpo da tela. Vida partilhada com os que vão ver… e viver… sentindo…
Nota: Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ ualg.pt). Todas as receitas obtidas com a venda deste livro revertem a favor da compra de uma mesa de gravura para o curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve. Pode ser adquirido na Fnac de Faro (Forum Algarve) ou em Fnac online (http://www.fnac. pt/Construcao-de-um-Percurso-nas-Artes-Visuais-Saul-Neves-de-Jesus/a869599)
“CONCERTO PELOS TIME FOR T” 23 AGO | 22.00 | Praça do Infante - Lagos Tiago Saga é o fundador do projecto Time For T, luso-britânico, oriundo do Algarve. Actualmente vive em Brighton, onde concluiu o curso de composição musical na Universidade de Sussex
Cultura.Sul
07.08.2015
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Momento
Irresistível Foto de Ana Omelete
Na senda da Cultura
Obras de reabilitação do Centro Cultural de Lagos entram na segunda fase O Centro Cultural de Lagos, quase a completar 23 anos, tem estado a receber, desde o início deste ano, obras de reabilitação que visam a manutenção e conservação geral do edifício, a adequação às novas exigências em matéria de segurança e evacuação, o reapetrechamento técnico do auditório, a melhoria de condições para os agentes culturais que habitualmente se apresentam nesta sala de espectáculos, assim como o aumento do nível de conforto para o público.
d.r.
Obras vão custar mais de 110 mil euros Se a intervenção já realizada no primeiro trimestre de 2015 teve como principal foco as questões de segurança do auditório, nesta segunda fase de reabilitação do Centro Cultural de Lagos as atenções viram-se para aspectos estruturais e remodelação de espaços interiores (impermeabilização de coberturas, pintura de paredes exteriores e interiores, remodelação das instalações
Intervenções rondam um investimento total de cerca de 270 mil euros sanitárias da área dos camarins, substituição do tecto falso e da iluminação do auditório), o que obri-
ga ao encerramento do auditório, prevendo a autarquia lacobrigense que “os trabalhos desta empreitada,
adjudicada pelo valor de 110 mil e 916 euros, acrescidos de IVA decorram até ao final do mês de Agosto”.
Equipamentos técnicos e conforto da sala ficam para a terceira fase A decorrer estão também os procedimentos de contratação pública visando o fornecimento de materiais e equipamentos para reapetrechamento técnico do auditório (equipamento de áudio, vídeo e iluminação de cenografia), assim como a substituição da alcatifa e cadeiras, trabalhos que irão decorrer num terceiro momento, programado para o final do mês de Setembro, de modo a não comprometer a programação já existente. Estas intervenções no Centro Cultural de Lagos rondam um montante total estimado na ordem dos 270 mil euros e integram uma candidatura no âmbito do FEDER, pelo que poderão vir a ser financiadas na ordem dos 65%. Os trabalhos podem “suscitar a alteração ou condicionamento temporário do horário de funcionamento do Centro Cultural de Lagos, designadamente na primeira quinzena de Agosto”, prevê a Câmara de Lagos.
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07.08.2015
Cultura.Sul
Letras e Leituras
Umberto Eco – As notícias do amanhã fotos: d.r.
Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
Umberto Eco, escritor e erudito italiano, nasceu a 5 de Janeiro de 1932 em Alessandria (Piemonte). Pouco se sabe sobre a sua infância, a não ser que se doutorou pela Universidade de Turim com apenas vinte e dois anos de idade, apresentando uma tese consagrada ao pensamento filosófico de São Tomás de Aquino intitulada «O Problema Estético em S. Tomás de Aquino». Entre 1954 e 1959 desempenhou as funções de editor cultural na cadeia de televisão estatal italiana RAI. Leccionou nas universidades de Turim, Milão e Florença e no Instituto Politécnico de Milão. Tinha trinta e nove anos de idade quando foi nomeado professor catedrático de Semiótica pela Universidade de Bolonha, a mais conceituada de Itália. Destacara-se como filósofo, medievalista e semiólogo, quando se estreou na narrativa com O Nome da Rosa. O romance possui uma pequena ressalva introdutória de que se trata de um texto verídico: um estudioso terá descoberto por acaso a tradução francesa de um manuscrito do século XIV. O autor do manuscrito é um monge beneditino alemão, Adso de Melk, que narra, no fim da sua vida, um estranho caso vivido na adolescência. A história decorre no ano de 1327, na Idade Média, período que poderemos verificar adiante é caro a Umberto Eco. Guilherme de Baskerville, um franciscano inglês, e o jovem Adso, chegam a uma abadia beneditina onde se irão reunir importantes teólogos ao serviço do Papa e do Imperador mas subitamente vêem-se envolvidos numa história policial. Note-se aliás na ironia do nome Guilherme de Baskerville que traz ao leitor associações a O cão dos Baskerville, um romance policial de Sir Arthur Conan Doyle onde figuram nada mais nada menos que Sherlock Holmes e Watson. Guilherme de Baskerville e o jovem Adso armam-se assim em detetives amadores, tentando desvendar este mistério que envolve a morte por
'Número Zero' é como se intitula o último romance de Umberto Eco envenenamento de um monge, que surge com a ponta do dedo e a ponta da língua roxas, num mosteiro fechado ao mundo onde ocorrem sete crimes em sete dias, e tudo parece girar em torno um manuscrito proibido que se esconde na biblioteca labírintica da abadia, com acessos secretos e onde os corredores parecem não levar a lado nenhum. Muito antes do sucesso de romances como O código da Vinci, O Nome da Rosa foi um verdadeiro êxito editorial que foi depois adaptado ao cinema, com Sean Connery no principal papel. Baudolino é um romance que mais uma vez versa o medieval, sobre um pequeno camponês fantasioso e mentiroso. Numa história rocambolesca e pícara, este anti-herói passa a vida a inventar mas, como que por milagre, tudo o que imagina produz História, e conquista mesmo o imperador Frederico Barbarroxa que o adota. A Misteriosa Chama da Rainha Loana conta como um alfarrabista de Milão sexagenário luta por recuperar a memória após um AVC. Yambo lembra-se de cada livro que leu mas não se lembra do próprio nome ou da sua infância nem reconhece a família. Como forma de recuperação de si próprio, volta à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas, discos de outros tempos, religiosamente guardados, e começa uma viagem em que se percebe
como o poder da ficção e da cultura que nos envolve é tão determinante como os episódios históricos e pessoais que vivemos. Este é talvez um dos livros mais pessoais ou nostálgicos do autor, bem como profundamente inovador. O Cemitério de Praga situa-se no século XIX, entre Turim, Palermo e Paris, e conta a história de um espião que condena tudo e todos mas que é ele próprio uma personagem execrável. Ao estilo de um romance-folhetim, cruza personagens e situações que aconteceram efetivamente, em torno de uma personagem fictícia cujos feitos são também eles fatuais apesar de muitas vezes desprezíveis, como é o caso da falsificação conhecida como «Os Protocolos dos Sábios Anciãos de Sião», que iria depois inspirar a Hitler a criar os campos de concentração do Holocausto. Entre as suas numerosas obras ensaísticas, podemos destacar Os Limites da Interpretação, A Passo de Caranguejo, Construir o Inimigo e outros escritos ocasionais, Obra Aberta, Sobre Literatura e o famoso guia académico Como se Faz uma Tese em Ciências Humanas. Organizou ainda os livros ilustrados e ricos em informação histórica intitulados História da Beleza, História do Feio e A Vertigem das Listas, e mais recentemente coordena em três volumes um importante estudo sobre a Idade Média, cruzando a sociedade, a arte,
a espiritualidade, a filosofia e a ciência desse período comummente tido como obcuro e erradamente apelidado de a Idade das Trevas. O último romance de Umberto Eco intitula-se Número Zero e trata justamente de uma equipa de seis redactores, sem grande experiência aliás no jornalismo, criada à pressa com vista à edição de lançamento de um jornal. O jornal chama-se «Amanhã» justamente por não lidar com as notícias do que aconteceu na véspera mas sim com o que ainda irá acontecer: «as notícias do dia anterior já nós as sabemos pela televisão às oito da noite, pelo que os jornais contam sempre as coisas que já sabemos, e é por isso que vendem cada vez menos. No Amanhã, a estas notícias que já cheiram mal como o peixe será certamente oportuno resumi-las e relembrá-las, mas bastará uma colunazinha, que se leia em poucos minutos.» (p. 28). O romance narrado na primeira pessoa pela voz de Colonna, um escritor fantasma, inicia com uma nota de alerta, datada de Junho de 1992, no momento em que a vida de Colonna parece encontrar-se ameaçada, à semelhança do que terá acontecido com Simei, o director do jornal, que desapareceu sem deixar rasto. Só depois recuamos até ao mês de Abril do mesmo ano, durante o período em que se constituíu a equipa de redacção e se delineiam
as características do jornal. Da equipa de redactores destaca-se Braggadocio, um redactor paranóico que vai conjecturando obsessivamente uma teoria da conspiração em torno do cadáver de Mussolini, acreditando que o Duce nunca terá morrido, e é também no espaço da redacção que Colonna conhece a jovem Maia, quase licenciada em Letras, que trabalhava numa revista de mexericos e com quem se irá envolver amorosamente. Este curto livro, o mais pequeno romance de Eco até à data, constitui-se assim como uma crítica ou reflexão do que é o jornalismo actualmente, constituindo-se, conforme refere a contracapa, como um «manual perfeito para o mau jornalismo que, gradualmente, nos impossibilita de distinguir uma invenção de um directo»: «Habitualmente, mesmo para um jornal verdadeiro, a solução mais prudente é puxar para o lado sentimental, ir entrevistar os parentes. Se estiverem atentos, é assim que fazem as televisões, quando vão tocar à porta da mãe a quem meteram o filho de dez anos nos ácidos: senhora, o que sentiu com a morte do seu menino? Humedecem-se os olhos das pessoas e fica tudo satisfeito. Existe uma bela palavra alemã, Schadenfreude, o prazer com a desgraça alheia. É este sentimento que um jornal deve respeitar e alimentar.» (p. 114).
Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Hugo Oliveira Leonor Esteban Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 9.089 exemplares
Cultura.Sul
07.08.2015
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Agosto ainda conseguimos trazer à memória esse tempo de quando éramos reis. o mar, quente ou frio, é ainda e sempre do seu domínio. para isso elas constroem castelos e fortalezas à beira-mar, num árduo trabalho de carregar baldes de água e areia. a tarefa é sempre recompensada a bolas de berlim ou gelados ~
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Da calma
Linha do horizonte fotos: d.r.
~ uma estranha calma apoderou-se do dia. a brisa do nascente embala pequenas vagas para se dissimularem na borda de costa. o movimento regular e retrógrado da maré que escoava, foi soltando conchas na praia, para as repousar desse intenso refluxo (e influxo) a que se entregam diariamente. ficarão então expostas aos olhos de todos, e às mãos de quem as quiser tomar por empréstimo ao mar, na franja de areia húmida por instantes deixada livre ~
Do tacho
~ da praia de hoje, a linha do horizonte não passa de um conceito. está ali muito perto de nós, e mesmo assim é tão só uma miragem. por vezes, no ensejo das marés, o mediterrâneo empurrado pelo vento levante esgueira-se diligentemente para cá do estreito, expedindo uma parte das suas águas mornas que se vêm refrescar do atlântico. na costa sotavento vão apropriar-se de cores com nomes próprios de azul e verde, encostados a apelidos ainda por inventar ~
Pedaço do mundo
~ mas que grande caldeirada: patarroxa, tramelga, tamboril e safio. de azeite rega-se mais que um fio. folha de louro só metade, não vá estragar o guisado. o tomate tem de ser pelado. alho picado, pimento às tiras e rodelas de cebola. e não te esqueças do sal, ó tola. das batatas descascadas faz a terceira das camadas. vinho branco, salsa picada, liga o lume, liga o rádio, abre a janela para sair o vapor. não, esse ainda não é o barco do teu amor. que o dele é à vela, e na barra vai entrar mesmo a horas do jantar. um pouco de piri-piri, já não te aguentas em lume brando. pões a mesa e o vestido de exchita. e tudo em ti palpita ~
Da hora
AGENDAR
~ a praia. é o pedaço de mundo por excelência que foi inventado para as crianças. e que nós tomamos de assalto em cada verão, para ver se
~ aproveitar o dia. sair na direcção do mar, nessa hora matutina de quase não-nuvens desfilando livres, em que a luz incandescente da orla marítima não tem igual neste lado do paraíso. destas penínsulas prometidas resta o que não foi tocado pela mão do homem, ou aquilo que “ENTRE O ABSTRACTO E O FIGURATIVO” Até 21 AGO | Biblioteca Municipal Álvaro de Campos - Tavira Após uma breve incursão no estilo figurativo, é na arte abstracta que Marisa Patrício consegue mostrar toda a sua sensibilidade, numa verdadeira comunhão de sentimentos
ainda consegue por enquanto ficar fora do seu alcance. como o vai e vem das marés remexendo as areias que formam e disformam línguas traçando as passagens da corrente. são os encantos naturais o que mesmo assim resta para o olhar ~
Da felicidade ~ as ondas decrescendo na vazante vão-se aliviando das suas algas para amaciar o plano e extenso areal que se vai destapando com o avançar da tarde. no regresso da praia tudo está calmo numa luz dolente. como se não houvesse amanhã. este dia parece não querer sair do lusco-fusco. as águas estão paradas numa maré que não quer quebrar esse espelho deitado. e se a felicidade fosse apenas isto de ficar olhando a tamanha beleza da hora crepuscular, infinitamente… ~
se é dono do destino, parecer que se perdeu o tino, sentindo-se de novo menino, andando livre. escolhem-se roupas leves e pedala-se contra o vento sudoeste que interfere com a música nos auriculares. mesmo assim o sol de frente aquece a cara protegida pelos óculos escuros. depois chega-se a um cais de pedra, colocam-se as mochilas aos ombros e segue-se o trilho que levará ao mar crescente. quem alcunhou esta estação de estúpida (‘silly season’), não devia estar de perfeito juízo ou não amava a liberdade ~
Da simplicidade
Do mar
~ em agosto perguntava sempre ao meu avô quando era o dia da maior maré do ano, embora ele quase sempre me dissesse que era bem provável que a de setembro ainda fosse um pouco maior. gostava de vê-la vazar muito e tentava atravessar com pé os canais da ria formosa. à tarde ia sempre ver até onde a água da preia-mar tinha chegado. ficava ali a observar aqueles 10 a 12 minutos em que se diz que as águas param. antes e depois da maré começar a vazar ou encher novamente. era então só nesses momentos que me apercebia que o mar era maior que a vida em terra ~
Da ‘silly season
’ ~ não reparar do tempo que passa, dormir sem malha na hora que calha, esquecer que não
~ a vida é simples. montam-se as bicicletas e aproximamo-nos da ria formosa. depois atravessamo-la por uma ponte pedonal. caminha-se então pelo trilho que é ladeado de diversificada vegetação, dentro e fora da laguna. chegados ao longo areal bebe-se a água fresca das mochilas. entra-se então noutra dimensão. apesar da ainda baixa temperatura (20ºc) do mar para esta zona atlântica da costa sul, dão-se 3 mergulhos e 1/2 dúzia de braçadas. segue-se uma 1/2 h ao sol, à leve brisa de sudoeste. um passeio perfeito é isto. (nem vou falar dos biqueirões fritos com arroz de tomate que vieram a seguir e etc...) ~
Da travessia ~ acabou o levante mas resta um suave alongar das ondas até se espraiarem no pontal de areia mais a sul do território. ao fim da tarde regressa o vento norte, mas agora na sua vertente quente. quando se deixa uma ilha, mesmo que perto de terra firme, há sempre um sentimento de perda. parece que lá deixámos um momento de vida irrecuperável. na travessia, por mais pequena que seja, há um qualquer segredo recôndito que se assoma. e que só a brisa marítima sossega, nesse lugar externo entre dois pontos indeléveis ~
“FESTIVAL CAIXA A SUL” 22 AGO | 22.00 | Praça do Infante - Lagos Guiados pelo magnífico tenor português Carlos Guilherme, a Orquestra Clássica do Sul embarcará numa ‘viagem sensorial’, sob a direcção do seu maestro titular Rui Pinheiro
10 07.08.2015
Cultura.Sul
Sala de Leitura
Vidadupla segundo Sérgio Godinho A beleza é uma contradição velada. Jean-Paul Sartre
Paulo Pires
uma delas, no conto “O álibi do falso culpado” –, e há, em geral, estranheza, conflito, precariedade e desfasamento na sua relação consigo próprias e com (a passagem d’)o tempo, o amor, a morte, os outros. As contradições são,
gens (e, por extensão, aos leitores): o carrasco que procura depois expiar-se, o professor que tem um caso amoroso secreto com um aluno, a rapariga do circo “posta a girar desde pequena”, o “arquitecto-paisagista
Amor, (desas)sossego, emprego… Aparentemente sombrio, no fotos: d.r.
Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt
Quem disse que a vida é simples? Ou transparente? Ou linear? As vidas dentro da vida soará a mais realista, autêntico e complexo, convocando assim a intemporal questão da pluralidade-diversidade na unidade-singularidade, a qual traz consigo inquietação, espanto, júbilo, dúvida, como convém à boa literatura. Onde acaba uma vida e começa outra dentro de uma polifónica vida? E como coexistem essas múltiplas vidas? E de que lado da vida estamos (ou queremos estar)? E vivemos realmente a nossa vida ou a(s) do(s) outro(s)? E que vida nos é roubada? E a vida também é o que não vivemos, o que imaginamos viver? No livro Vidadupla, que marca a sua estreia na ficção para adultos, Sérgio Godinho [SG] lança-nos muitas interrogações porque “só se desvenda o que se pensa que se conhece”, como se lê logo, em jeito de subtil mote, no conto inaugural “O lençol”. (Não se dizia, a propósito dos grandes segredos dos alquimistas, que “quem fala não sabe, quem sabe não fala”?) Se é vincado o pendor filosófico destas histórias duplas urdidas na primeira pessoa, em fala íntima (metendo-se na pele dos leitores), e sem nomes próprios, feitas para pensar (o pensamento a acontecer), as ideias são bem temperadas por uma linguagem simbólica e uma poeticidade em que o espelho (“Um espelho é reflectir e depois reflectir sobre isso”.), o círculo/o girar, o lençol, a bicicleta (dar ao pedal da vida), um cavalito vaidoso e sedento de liberdade ou, entre outros, um cão rafeiro, intuitivo, que dá à cauda mostrando o caminho do “próximo momento mágico”, são elementos que questionam a existência quotidiana, a interioridade e o rumo dos protagonistas. Estas personagens buscam o seu equilíbrio próprio, a sua identidade (múltipla e desdobrada), têm receio da transmissão do seu espaço de liberdade – como confessa mesmo
aproximativas”, como SG adverte noutro passo do livro.
A inquietante reinvenção do acto criativo em Sérgio Godinho no fundo, a argamassa e o motor destas segundas naturezas que parecem teias de aranha, porque “nós somos tal qual o girassol e a margarida, parecemos ser um, mas somos muitos. Vivem egos, aos milhões, dentro de nós, mesmo quando pensamos ser uma unidade, uma singularidade, um indivíduo” (segundo Afonso Cruz). Já em 2012, em conversa com Mário Soares, o pintor Júlio Pomar sabiamente lembrava: “Que isto de viver é difícil, não é brincadeira nenhuma. Não sabemos viver com as nossas contradições. ‘É um indivíduo cheio de contradições’, dizem as famílias. Ainda bem! Se não tem consciência das suas contradições, o bicho homem anda com as quatro patas no chão”. A construção destes contos assenta, em larga medida, na exploração de várias dualidades de sentido: memória/esquecimento, inocência/culpa, esperança/desencanto, liberdade(s)/prisão. O olhar interrogativo e perscrutador de SG, que nem “perguntador de histórias”, revisita as várias tonalidades, desafios e dilemas que esse rol de ambiguidades, e seus limbos, coloca às persona-
com desorientação topográfica”, o pré-catastrofista que faz rir os outros com as suas duras verdades ditas em tom lúdico. A evolução em cena desta galeria de figuras duplas proporciona sempre a vinda à tona de uma consciência (como quando o carrasco compreende o condenado que o reconhecera no momento derradeiro), interpelando-nos e levando-nos a pensar quão ténue e fina pode ser a fronteira entre os dois pólos de cada uma das dualidades acima explicitadas, desconstruindo uma certa visão rígida, parcelada e estanque do que constitui o labirinto da vida, como se feito de paredes muito espessas onde não cabem vasos comunicantes, onde nada se mistura. No conto “Notas soltas da corda e do carrasco”, quando se pensaria que o triângulo clássico e equilátero carrasco-vítima-salvador seria perfeito, estando bem definidos os lugares/papéis de cada vértice e as distâncias (iguais) entre os mesmos, o desenrolar do enredo mostra-nos a dimensão imperfeita, permeável e mutável dessa tríade aparentemente exacta – não fossem os gráficos “artes
subtexto desta Vidadupla – assim escrita, pois não há um abismo entre a vida e os seus duplos, antes continuidades, pontes, recomeços – reside uma luminosidade própria (por vezes algo difusa), expressa numa vontade de viver, de arriscar, de experimentar, de reinventar os dias, sem derrotas definitivas ou desistências. Um dos passos mais poéticos da obra, espécie de súmula lírica da mesma: “[…] sempre na esperança de sentir no meu amor rugoso a pele lisa dos inícios”. As dualidades novamente: rugoso/liso, turbulência do amor/apaziguamento pós-sofrimento, rumo ao esperançoso renovar dos dias. Isto não invalida, paralelamente, o tratamento irónico-satírico do tema da esperança num outro conto de maior alcance social (“Queria só falar da minha história de amor”), em que se retrata a crise e a falta de emprego (“Havia esperança, sobretudo nas exportações”.) e em que a operária protagonista viu a palavra “esperança” escrita a letras vermelhas de trás para a frente e esteve três dias seguidos a olhar para ela e a tentar dizê-la ao contrário e sabê-la de cor. A
atitude idealista da operária de se despedir, sem indemnização, antes de ser oficialmente dispensada reflecte sobre a questão da dignidade individual como valor supremo em tempos em que a “crise” surge também como sinónimo de diluição de valores básicos/ideais, de falta de respeito pelo outro e de repetição de erros do passado, resumidas nesta pérola poética: “A injustiça, o tempo cortado, a bicicleta a apanhar ferrugem”. Porque a vida sem dignidade, com o nome riscado, é como a bicicleta com ferrugem: uma roda emperrada que impede a vida de girar, uma vida por viver (atrasada, adiada). São múltiplas as formas como a ideia de liberdade (vocábulo recorrente na obra) é percepcionada nestes contos dilemáticos, pois cada personagem intenta encontrar/preservar/ reflectir sobre a sua concepção do que é ser livre na duplicidade, de como o livre-arbítrio convive com a contradição no psicologismo humano e na interacção com o outro. Pois a liberdade também pode, eventualmente, ser um pau de dois bicos, como frisa o protagonista do conto “O
álibi do falso culpado”: “Preservar o meu espaço de liberdade tinha-se tornado tarefa simples, e recompensadora, se bem que cobrada a preço alto várias vezes à saída”. Ou a rapariga do circo, que acostumada, vaidosamente, a girar no seu círculo (de conforto) desde tenra idade, um dia encontra uma saída com o seu cavalo (pois “falta muita comida à liberdade”), mas apercebe-se depois que, contraditoriamente, precisa desse movimento circular, rotineiro e previsível, desse porto seguro mesmo que ocluso. Para o carrasco, por seu lado, a liberdade é “o momento em que se apercebeu de tudo o que não tinha sido […], o momento em que se é outra pessoa”, mas também o espaço incerto e irregular, a insondável e cativante terra de ninguém entre o corpo e a alma, entre o pescoço e a corda – no fundo, aquele magnífico espaço, patético e sublime, entre as árvores, de que falava o poeta Rilke. Uma nota para o conto “Osmose”, talvez o mais poético do livro: SG perscruta com mestria os processos interiores, as forças que se debatem dentro de um homem que um dia descobre o amor, levando-o a descentrar-se, a diluir a sua capa osmótica, a redescobrir o seu corpo, a construir “uma nova rua, um cheiro diferente na cama”, a perceber que a sua vida não ia ser feita só para o amparar pois ele acabara de amparar a cabeça noutro ombro (e não mais seria o mesmo) – a duvidar dos versos de Márcia, que antes lhe pareciam tão certeiros: “Não fiz camadas do meu ser só para ti”. Doravante, um novo refrão, precário e esperançoso: “Eu via-me, e não era fácil, ter de ramificar o meu carreiro no mundo. Amor incluído. Não tinha hábito”.
07.08.2015 11
Cultura.Sul
Da minha biblioteca
«Salpicos de vida» em Só mais um abraço, de Maria de Fátima Santos d.r.
de, como se tudo não passasse de conjeturas: «Se já então soubesses, terias reparado que o brilho nos olhos do teu pai era um brilho diverso: como se fosse um susto que lhe andasse lá no fundo. Se já então soubesses, terias percebido que o destino desenha futuros no olhar da gente» (p.39). Outro tempo bastante usado é o futuro que, assim, vaticina o porvir: «tu nunca terás a dádiva das lágrimas e dos soluços» (p.92) «E no abraço que hão-de dar-se, saberás que não são choros que te lavam o rosto mas tão-somente a chuva que cairá intensa nesse inverno na capital do que já fora um vasto Império» (p.105).
Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
AGENDAR
Gostei muito deste livro de Maria de Fátima Santos (que já recebera uma menção honrosa no Prémio Literário João Gaspar Simões). É daqueles livros que lemos e não sabemos se é prosa ou poesia, de tão bonito que é. Bonito… talvez não seja este o adjetivo que se esperaria para classificar o conteúdo literário de um livro, mas é o que não me sai da cabeça. Não é que a história seja bonitinha ou as personagens exaltem em beleza. Não é isso. Nem quer dizer que não haja violência, mortes, traições. Que as há. Mas existe nele um tom, uma musicalidade, uma calma (ajudada por uma pontuação onde a exclamação está ausente) que dão harmonia a um conjunto de vozes que se vão fazendo ouvir através de um narrador peculiar. Mas já lá vamos. Vou primeiro apresentar a autora, que para alguns pode ser menos conhecida. Maria de Fátima Marques Correia Santos nasceu em Lagos, em 1948, e aposentou-se como professora de Física e Química. Talvez tenha sido essa condição que lhe tem dado tempo – e predisposição – para escrever e pintar. Tem publicado poemas e contos, quer no seu blogue, quer em livro (foi também vencedora de um dos cinco prémios Novos Talentos FNAC Literatura 2012). Quanto ao que desenha e pinta (a que chama «o gosto pelo traço desenhado e pelas tintas»), pode ser visto num dos seus blogues, Intimarte (http://intimarte.blogspot.pt/). Só mais um abraço é o seu primeiro romance. Mas não parece nada, pois não padece de maleita de principiante, que procura mostrar tudo quanto sabe.
guem (nenhum é numerado ou tem nome) falam-nos, com subtileza, dos filhos que Maria Inácia teve, da vida que foi vivendo, das mortes a que foi assistindo, das mudanças de casa e de terra, tudo temperado com o calor de África, que desgasta os corpos a ele não habituados. «Ainda não sabias que um dia, partirias, apenas tu e ela»
'Só mais um abraço' é o primeiro romance de Maria de Fátima Santos Antes pelo contrário: é uma escrita muito contida, onde as emoções, os sentimentos e as ações ficam-se pela esfera do não-dito e do subentendido. «o passado não tem depois nem antes» Se escrevesses, farias um saltitar no tempo. Salpicos de vida, que o passado mão tem depois nem antes» (p.131), diz-nos a narradora, numa frase que resume, de uma maneira muito simples e esclarecedora, o modo como a história nos é contada. E digo «narradora», porque entendi (apesar de isso nunca ser revelado, sendo apenas a minha
opinião) que quem narra é a personagem principal, Maria de Lurdes, uma jovem nascida no Sul e que vai pequenina para África, com os pais. Através de um subterfúgio que lhe permite afastar-se emocionalmente da história, dirige-se a si própria como se fosse outra, através do uso da 2ª pessoa do singular, contando a sua vida, a vida dos seus pais, dos seus irmãos, dos seus amores, dos amores dos outros. Uma história que nunca foi contada, que nunca foi escrita, uma história que apenas conjetura e que não se atreve a adivinhar («Se escrevesses, talvez dissesses do seu cheiro. Mas nem tu escreves, nem a tua mãe retoma o decurso do
“AS FLORES ABREM MAIS DEPRESSA AO DOMINGO” Até 15 AGO | Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo - Loulé Christine Henry apresenta um tema imensamente divisível, que é a dobra. Há o dobrar, desdobrar, redobrar incessantemente os espaços e as temporalidades da experiência
tempo» – p.18). A narrativa saltita, de facto, no tempo, pois a história não nos é contada de uma forma linear (apesar de nunca nos fazer perder o fio à meada). Somos colocados in medias res, na selva africana, como se soubéssemos de quê e de quem se está a falar. Logo no primeiro capítulo, fala-se do Afonso (o pai), da Maria Inácia (a mãe) e do Augusto (o vendedor ambulante), como se já os conhecêssemos e cada capítulo que se segue não fizesse mais que nos lembrar de quem foram. No segundo capítulo, há uma analepse onde se conta como foi que Maria de Lurdes nasceu. E os capítulos que se se-
Uma das razões porque a narrativa nos prende (além da elegância da escrita) é o jogo que é feito com os tempos e modos verbais, permitindo a criação de ambientes muito diferentes. Os tempos do passado, esse que não tem «depois nem antes», vão sendo revelados, mas à medida do saber da protagonista, pois se esta não conhece, a narradora só pode tentar deduzir: «Não tens certeza se foi no rosto dele que viste desenharem-se as palavras que cuidas ter ouvido, ou se nem seria mais do que o teu pai dizendo que o Augusto tinha morrido» (p.60). O abundante uso do imperfeito do conjuntivo, acompanhado do condicional (presente ou pretérito, como no exemplo que se segue), marca a irrealida-
«Não tens certeza do quanto possas ter imaginado» Uma característica que me agrada neste livro é o facto de não considerar o leitor alguém a quem tem de se contar tudo. Antes pelo contrário: este é um livro cheio de subentendidos, mas de tal forma apresentados que percebemos perfeitamente a situação ou a palavra não dita: «Maria Inácia sempre fora de escrever com a mão direita o que se não dera com Fabíola, e as lutas que a tua mãe teve com a professora da primária que queria corrigir aquele hábito na menina» (p.125-6). Um livro que nos embala no seu ritmo, que nos envolve na humidade tropical, que nos leva a juntar todos os pontos que foram sendo dispersos na narrativa e a construirmos o seu (nosso) sentido. Um belíssimo romance, primeira obra literária publicada por uma nova editora, a iwinPress. Dedicada, sobretudo, à publicação de livros eletrónicos de natureza científica e pedagógica, em boa hora não fecharam a edição apenas a estas áreas e fizeram uma incursão pela literatura. Pelo sucesso da escolha, espero que continuem.
“CONCERTO DE DAVID GUETTA” 14 AGO | 19.00 | Estádio Municipal de Quarteira Considerado o maior DJ da actualidade e um dos produtores mais requisitados internacionalmente, os espectáculos de David Guetta atraem multidões
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