POSTAL 1150 - 9 OUT 2015

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVIII • Edição 1150 • Quinzenário à sexta-feira • 9 de Outubro de 2015 • Preço € 1

DESTAQUE 2 SAÚDE PROPÕE VACINAÇÃO GRATUITA NA LUTA CONTRA A GRIPE 4 FESTIVAL DAS AVES ATRAIU MAIS DE MIL A SAGRES 5

ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60

SIMONE DE OLIVEIRA EM LAGOA 5 VILA REAL CRIA PARQUE DE ESTACIONAMENTO GRATUITO 7 CLASSIFICADOS 9 OPINIÃO 11

Saúde aposta na vacinação gratuita contra a gripe

Na luta contra a gripe e as severas consequências que todos os anos afectam milhares de portugueses, em particular os idosos, a palavra de ordem da Direcção-Geral de Saúde é vacinar! Gratuita e segura a nova vacina pode significar a diferença entre a vida e a morte em alguns casos e o POSTAL explica-lhe tudo sobre a doença dos tempos frios e a diferença entre a gripe e as simples constipações p. 4

>

d.r. d.r.

Vila do Bispo:

Festival de Observação de aves repete sucesso

Legislativas 2015:

PS ganha no Algarve

>5

CULTURA

Simone de Oliveira e as 3 Marias brilham em Lagoa

Coligação vence no país >2e3

>6

d.r.

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d.r.

PARQUEAMENTO

Vila Real reforça oferta de estacionamento gratuito

>7

CA DESTINO Veja anúncio na última página


2  |  9 de Outubro de 2015

destaque

ZZZ pág. ## Textos: Ricardo Claro Fotos e infografia: Direitos Reservados

ZZZ pág. ##

PS vence no Algarve com a coligação a perder 18,3% de votação Os socialistas no Algarve, ao contrário do país, arrebataram a vitória nas eleições legislativas e somaram mais 9,8% dos votos, num resultado de grande expressão a nível nacional. O Bloco de Esquerda cresceu 6% na região

Partidos

Albufeira

Algarve

Lagos

Total concelho

Totais regionais

Total concelho

Votos

%

PàF PS BE

5.242

35,24

4.400

29,58

2.064

13,88

CDU PAN Abst. B/N

1.069

7,19

415

2,79

18.025

54,79

563

3,79

Partidos

Votos

Votos

Abstenção

Partidos

0,75

1.435

Votos

%

4.205

34,61

1.343

0,71

180.280

48,62

3.128

25,74

14,13

1.337

0,70

PS PàF BE

1.945

16,01

16.539

8,68

MPT

1.222

0,64

1.212

9,97

3.783

1,99%

PPT / MAS

1.220

0,64

Votos

%

PCTP/MRPP

3.012

1,58

886

0,47

7.365

3,87

PDR

2.293

1,20

PURP PPM

755

0,40

CDU PAN Abst. B/N

Votos 62.422

32,77

%

59.950

31,47

26.922

CDU PAN

%

Brancos e nulos

Deputados eleitos: 4

3

1

1

Votos

%

259

2,13

11.205

47,97

516

4,25

Alcoutim

Aljezur

Castro Marim

Faro

Lagoa

Loulé

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Total concelho

%

PS PàF CDU

670

42,98

579

37,14

108

BE PCTP/MRPP

Abst. B/N

Partidos

L / TDA PNR NC

Partidos

PS PàF BE

Partidos

Votos

%

852

37,38

538

23,61

6,93

PS PàF CDU

270

11,85

79

5,07

BE

255

11,19

19

1,22

PCTP/MRPP

68

2,98

1.090

41,15

1.810

44,27

50

3,20

106

4,65

NUMA ELEIÇÃO EM QUE a abs-

tenção, votos nulos e brancos somaram 52,49%, 187.645 votos, respectivamente com 48,62% de abstenção (mais 4,4% do que em 2011) e 3,87% de votos brancos e nulos, os algarvios optaram de forma dissonante com o todo nacional. O PS ganhou as eleições por terras algarvias, com 32,77% dos votos (mais 9,8% do que em 2011), num total de 62.422 votantes, e deixou a coligação dos partidos do Governo, Portugal à Frente (PàF) a um escassos 1,3%. A coligação somou 59.950 votos, que se traduziram em 31,47% do eleitorado. Num mapa que em 2011 era integralmente laranja (o PSD ganhou e concorreu sozinho) o desenho actual é bem diferente com um mapa qua-

Abst. B/N

Partidos

PS PàF BE CDU PDR Abst. B/N

Votos

%

1.250

39,92

919

29,35

407

13,00

230

7,35

47

1,50

5.547

46,02

115

3,67

Partidos

Votos

PS PàF BE

10.435

CDU PAN Abst. B/N

% 34,02

9.671

31,53

4.149

13,53

2.724

8,88

630

2,05

25.135

45,04

1.041

3,39

se totalmente cor de rosa a dar nota da viragem à esquerda, excepção feita aos concelhos de Albufeira, Loulé e São Brás de Alportel que votaram mais na coligação.

AS TRANSFERÊNCIAS DE ELEITORADO NA REGIÃO No Algarve a

transferência de eleitorado além de se verificar a favor da abstenção, mais 4,4%, fez-se a favor do PS com mais 9,8% do que em 2011 e do Bloco de Esquerda que cresceu 6% (de 8,2% para 14,1%). A CDU cresceu apenas uma décima de ponto percentual entre os dois actos eleitorais, menos do que cresceu o Partido Nacional Renovador (+ 0,2%) e o Pessoas - Animais Natureza (PAN), + 0,4%. Já os partidos da coligação perderam 18,3% de votação.

ÔÔ José Apolinário vai ocupar funções de deputado

OS DEPUTADOS, O ANTES E O DEPOIS Até às eleições o PSD

tinha cinco deputados, o PS dois e Bloco de Esquerda e CDU um cada. Depois de domingo os algarvios deram mais dois depu-

tados ao PS, passando a quatro, tiraram os mesmos dois deputados ao PSD, que fica com três, e BE e CDU mantiveram a situação anterior com um assento parlamentar para cada um dos

Partidos

PS PàF BE CDU PAN Abst. B/N

Votos

%

3.058

31,22

2.979

30,41

1.576

16,09

900

9,19

200

2,04

8.424

46,23

328

3,35

grupos parlamentares a ser eleito pelo Algarve. Assim se distribuem os nove lugares na Assembleia da República escolhidos pelo distrito / círculo eleitoral de Faro. Quanto a nomes temos dois repetentes, Cristóvão Norte, pela PàF, e Paulo Sá, pela CDU. De resto todos os deputados são novos face ao elenco de 2011, muito embora não sejam todos iniciantes nas lides parlamentares. Pelo PS entram para São Bento José Apolinário, António Eusébio, Jamila Madeira e Luís Graça, a coligação leva para o hemiciclo além de Cristóvão Norte, o líder da lista José Carlos Barros (pelo PSD) e a ‘pára-quedista’ Teresa Caeiro do CDS-PP. O Bloco de Esquerda faz viajar até às lides da política nacional João Vasconcelos.

Partidos

Votos

PàF PS BE

10.854

39,28

%

8.379

30,32

3.293

11,92

CDU PAN Abst. B/N

1.588

5,75

552

2,00

29.668

51,77

1.198

4,33

QUEM GANHOU E PERDEU O QUÊ E ONDE A diferença de votação

foi fraca entre o PS e a coligação, apenas 1,3%, mas valeu a troca de mãos de dois lugares na Assembleia da República. Para isso pesou sobremaneira a votação regional como um todo, mas em particular a viragem à esquerda dos grandes concelhos da região em termos de votantes como Faro (+ 10,5% para o PS e menos 17,8% para a PàF), Portimão (+ 9,1% para o PS e menos 19,5% para a PàF) e Silves (+ 8,4% para o PS e menos 17,2% para a PàF). Nestes três concelhos o Bloco de Esquerda cresceu respectivamente 5,2%, 6,6% e 5,4%. Já Loulé deu ao PS mais 9,8% e ao Bloco de Esquerda mais 5,1%, com a coligação a deixar escapar 17,4% do eleitorado, e Olhão votou no PS mais 10,1%,


9 de Outubro de 2015  |  3

Legislativas 2015: Resultados regionais e nacionais Os novos deputados à Assembleia da República:

Legenda PàF - Portugal à Frente (PSD / CDS - PP) PS - Partido Socialista PSD ** - PSD Madeira BE - Bloco de Esquerda CDU - PCP / PEV

ÔÔ José Apolinário

ÔÔ António Eusébio

ÔÔ Jamila Madeira

ÔÔ Luís Graça

PAN - Pessoas - Animais - Natureza PDR - Partido Democrático Republicano PCTP / MRPP - Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses L / TDA - Livre / Tempo de Avançar PNR - Partido Nacional Renovador MPT - Partido da Terra AGIR - PTP / MAS

ÔÔ José Carlos Barros

ÔÔ Cristóvão Norte

ÔÔ João Vasconcelos

ÔÔ Teresa Caeiro

ÔÔ Paulo Sá

NC - Nós, Cidadãos! PPM - Partido Popular Monárquico JPP - Juntos Pelo Povo

Partidos

PS PàF BE CDU PCTP/MRPP

Abst. B/N

Monchique

Portimão

Tavira

Vila do Bispo

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Votos

%

1.220

38,07

942

29,39

377

11,76

271

8,46

68

2,12

1.639

33,84

143

4,46

Partidos

Votos

%

Partidos

PS PàF BE

7.788

32,10

7.286

30,03

3.933

16,21

PS PàF BE

CDU PAN Abst. B/N

1.962

8,09

478

1,97

22.683

48,27

925

3,81

Votos

%

4.052

34,68

3.756

32,14

1.649

14,11

CDU

762

6,52

PCTP/MRPP

179

1,53

10.220

46,66

509

4,35

Abst. B/N

Partidos

Votos

PURP - Partido Unido dos Reformados e Pensionistas CDS-PP * - CDS-PP Madeira

%

PS PàF BE

855

39,86

540

25,17

276

12,87

CDU PAN Abst. B/N

187

8,72

51

2,38

1.790

45,49

98

4,57

CDS-PP ** - Aliança pelos Açores PPM - Partido Popular Monárquico PPV / CDC - Partido Cidadania e Democracia Cristã PTP - Partido Trabalhista Português

País

Totais nacionais

Partidos

PS PàF BE CDU PAN Abst. B/N

Olhão

São Brás

Silves

V.R.S.A.

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Total concelho

Votos 5.925

% 32,57

5.206

28,62

2.895

15,92

1.698

9,34

403

2,22

19.339

51,53

629

3,46

fez crescer o Bloco de Esquerda 6,9% e retirou à coligação 19,4% da votação local.

AS VITÓRIAS MAIS EXPRESSIVAS Quanto a resultados por concelho a vitória mais expressiva do PS teve lugar no concelho de Alcoutim com 42,98% dos votos, seguido de Castro Marim, com 39,92%, e de Vila do Bispo com 39,86%. Já a coligação, que só saiu vitoriosa em três concelhos, venceu de forma mais expressiva em Albufeira, com 54,79% dos votos, seguindo-se Loulé com 39,28%, e São Brás de Alportel, com 33,31%.

BLOCO DE ESQUERDA REPETE TERCEIRO LUGAR NO ALGARVE O

Bloco de Esquerda, foi a terceira força partidária na região, com 14,13% (26.992) votos e averbou

Partidos

PàF PS BE CDU PAN Abst. B/N

Votos

%

1.592

33,31

Partidos

1.575

32,95

653

13,66

PS PàF BE

333

6,97

CDU

108

2,26

PCTP/MRPP

4.154

46,50

213

4,46

Abst. B/N

as melhores votações em Portimão com 16,21%, Lagoa com 16,09%, e Lagos com 16,01%. A CDU, o quarto partido mais votado por terras algarvias, só superou o Bloco de Esquerda em Alcoutim e Aljezur e somou no todo regional 8,68% (16.539) dos votos, menos 5,45% que os bloquistas, e a crescer em termos regionais só 0,1%. O PAN averbou no Algarve como quinta força política mais votada 1,99% dos votos da região num total de 3.783 votantes. O PS volta a ser líder regional nas legislativas, mas o país esse terá, em qualquer caso, um Governo formado a partir de acordos parlamentares que permitam pôr cobro à minoria de direita.

Votos

%

Partidos

Votos

%

2.818

34,38

2.239

27,31

13,42

PS PàF BE

1.234

15,05

2.124

13,34

CDU

1.101

13,43

352

2,21

146

1,78

13.801

46,43

8.673

51,41

708

4,45

223

2,72

4.940

31,02

4.479

28,12

2.137

PCTP/MRPP

Abst. B/N

Partidos

Votos

%

PàF

1.981.388 36,83

PS BE CDU PSD ** PAN PDR

1.742.041 32,38

Partidos

Votos

MPT AGIR

22.415

0,42

%

20.713

0,38

Abstenção

18.721

0,35

Votos

14.806

0,28

1,51

NC PPM JPP

14.204

0,26

1,39

PURP

13.756

0,26

60.983

1,13

CDS-PP *

7.536

0,14

Votos

%

PCTP/MRPP

59.834

1,11

CDS-PP **

3.654

0,07

199.119

3,70

L/TDA PNR

39.002

0,72

PPV / CDC

2.660

0,05

27.140

0,50

PTP

1.748

0,03

549.850

10,22

444.907

8,27

81.054 74.749

%

4.059.431 43,00

Brancos e nulos

Portugal no pós-eleições Um Governo assente em minorias parlamentares DEPOIS DESTAS ELEIÇÕES e

em qualquer caso um Governo formado a prtir de minorias parlamentares. Cavaco Silva tem disso noção e já convidou Pedro Passos Coelho a iniciar contactos para a formação de um Governo que o Presidente quer “estável” e capaz de “cumprir os compromissos internacionais do Estado português, nomeadamente com a União Europeia”, disse na declaração ao país da passada terça-feira. O mote parece à primeira vista excluir os partidos não favoráveis à presença do país na União Europeia e no Euro, bem

ÔÔ Cavaco Silva convidou Passos a formar Governo ‘estável’ como, aqueles que se oponham ao compromisso assumido no âmbito do Tratado Orçamental. Seja coligado com o CDS-PP, somente como indica a coligação, seja com acordos de incidência parlamentar em de-

terminadas matérias com o PS perante a recusa da restante esquerda o Governo será sempre minoritário. O mesmo aconteceria decerto se o PS tivesse sido inicialmente convidado (ou venha a sê-lo em

caso de impossibilidade de o PSD formar Governo), a formar Governo com parcerias (perante a mais que certa impossibilidade programática de coligações à esquerda). O quadro parlamentar só criaria uma maioria talvez viável na união do bloco central, num formato pouco previsível de se vir a verificar. Certo é que até Abril a Assembleia não poderá ser dissolvida e por via disso desta votação terão de sair todos os governos do país, aprovem-se ou não os respectivos programas de Governo e, por via disso, caiam ou não, as soluções governativas encontradas.


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região

Simone de Oliveira dá espectáculo em Lagoa pág. 6

Saúde propõe vacinação gratuita na luta contra a gripe Pessoas com mais de 65 anos de idade e grupos de risco são o alvo da campanha nacinal de vacinação Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A CAMPANHA NACIONAL de

vacinação contra a gripe sazonal arrancou na passada semana em todo o país e conta com 1,2 milhões de doses de vacinas para distribuição gratuita, informou a Direcção-Geral de Saúde (DGS). A gratuitidade das vacinas contra o vírus da gripe aplica-se às pessoas com mais de 65 anos, que podem vacinar-se nos centros de saúde sem necessidade de receita ou guia de tratamento e sem pagar taxa moderadora. Estão ainda abrangidas por

vacinação gratuita as pessoas que integrem grupos de risco como os doentes crónicos e imunodeprimidos (a partir dos seis meses de idade), os doentes institucionalizados, as grávidas, os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados, por exemplo, em lares de idosos. Estes são, na óptica da DGS, seguindo as indicações da Organização Mundial de Saúde e as políticas deste organismo da Organização das Nações Unidas na área do controlo da gripe sazonal no mundo, os grupos de pessoas que maiores riscos apresentam de contrair a doença e/

d.r.

ou de tendo-a contraído vir a sofrer de uma evolução desfavorável e pois mais grave daquela que é uma doença, em geral, de pouca gravidade.

OS PERIGOS DA GRIPE A gripe sazonal é uma infecção viral de relativa gravidade quando o doente que contrai o vírus tem as suas defesas em condições normais e pode reagir de forma adequada à doença. Nas pessoas com menos defesas e ou que tenham outras complicações de saúde, nomeadamente crónicas, a gripe pode com relativa facilidade, evoluir para situações de risco, que podem mesmo causar a morte. As pneumonias e outras afecções respiratórias estão entre as consequências de uma gripe a que um doente não reage como uma pessoa saudável. Nestes casos a evolução da doença pode assim gerar novos problemas de saúde mais complexos e com prognósticos menos favoráveis do que a simples gripe que esteve na sua origem. Ao vacinarem-se as pessoas ajudam o seu corpo a preparar-se de forma mais eficiente contra a possibilidade de contrair gripe e, por via disso,

ÔÔ Vacina reduz em muito a possibilidade da pessoa contrair a doença desenvolver doenças oportunistas face a uma situação de debilidade provocada pelo estado gripal.

A VACINA A vacina da gripe apesar de não ser 100% eficaz, reduz em muito a possibilidade da pessoa contrair a doença, participando também na moderação dos efeitos da gripe caso se verifique a infecção apesar de se estar vacinado. A vacina não provoca em nenhum caso gripe, uma vez que os vírus incluídos na vaci-

AFINAL O QUE É A GRIPE ÔÔ A gripe é uma doença causada por vírus transmitidos através de partículas de saliva de uma pessoa infectada, expelidas sobretudo através da tosse e dos espirros, mas também por contacto directo, por exemplo, através das mãos A incubação do vírus varia entre quatro a cinco dias, mas os sintomas de infecção aparecem geralmente entre o segundo e o terceiro dia após a infecção. Já a transmissão pode ocorrer a partir da pessoa infectada dois dias

antes do aparecimento dos sintomas e pelo menos até sete dias depois do aparecimento da sintomatologia. A gripe não se cura com antibióticos, nem a toma destes medicamentos acelera o processo de cura. A cura faz-se, regra geral, com medicamentos para reduzir os sintomas como a febre (paracetamol por exemplo) e com descanso. Ingira muitos líquidos de forma a evitar a desidratação e evite expor-se aos elementos naturais como o vento ou o frio.

na não estão vivos. A vacinação contra a gripe não impede que as pessoas vacinadas possam ter outras infecções respiratórias, nomeadamente constipações, durante a época típica da gripe. Não devem tendencialmente ser vacinadas contra a gripe as pessoas que tenham alergia grave aos ovos e aquelas que tenham tido anteriormente alergia grave a uma vacina da gripe. Em caso de dúvida deve sempre obter-se aconselhamento médico nestes casos.

A SITUAÇÃO GRIPAL ACTUAL NO PAÍS E NA EUROPA De acordo

com o sistema europeu de vigilância da gripe referente à 38ª semana de 2015 (14 a 20 de Setembro), Portugal tinha naquele intervalo de datas uma actividade gripal baixa. No relatório semanal deste sistema de vigilância epidemiológico nenhum país europeu tem para já identificada uma estirpe dominante do vírus gripal. Em Portugal e desde 1990, a Rede Médicos-Sentinela disseminada pelo país realiza a vigilância epidemiológica, semanal, do síndroma gripal, cujos dados são centralizados

no Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e depois remetidos para o sistema da rede europeia de vigilância da gripe.

DIFERENÇA ENTRE GRIPE E CONSTIPAÇÃO A gripe e a constipação

são doenças diferentes causadas por agentes patogénicos de tipologia diferente. Ao contrário da gripe, os sintomas da constipação são limitados às vias respiratórias superiores e incluem nariz entupido, espirros, olhos húmidos, irritação da garganta e dor de cabeça. Raramente ocorre febre alta ou dores no corpo. Os sintomas e sinais da constipação surgem de forma gradual. As formas mais eficientes de reduzir o contágio pela gripe consistem no não contacto com pessoas infectadas ou destas com pessoas saudáveis e a lavagem frequente das mãos. Evitar espirrar ou tossir sem colocar o antebraço ou um lenço que proteja a disseminação dos vírus é outro dos meios de prevenção, não use as mãos para evitar a disseminação do vírus e caso o faça deve lavar as mãos imediatamente a seguir.


9 de Outubro de 2015  |  5

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Cartório Notarial em Tavira Notário

Vila Real cria parque de estacionamento gratuito pág. 7

região

Bruno Torres Marcos

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e três de Setembro de dois mil e quinze, exarada a folhas sessenta e um e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e sete – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: JOSÉ ANTÓNIO DA SILVA FERNANDES, NIF 130064068, e mulher ALZIRA DA ENCARNAÇÃO LOURENÇO TEIXEIRA FERNANDES, NIF 130064076, ambos naturais da freguesia da Conceição, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no Sítio de Eirões, caixa postal 139-Z, em Conceição de Tavira, freguesia de Conceição e Cabanas de Tavira, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por edifício térreo com diversos compartimentos e logradouro, destinado a habitação, sito em Eirões, em Conceição de Tavira, freguesia da União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, com a área total de duzentos e cinquenta e dois vírgula cinquenta metros quadrados, sendo a área coberta de cento e quarenta e dois vírgula vinte metros quadrados e a área descoberta de cento e dez vírgula trinta metros quadrados, a confrontar de norte com os próprios, de sul com caminho, de nascente com Ronald Winterbotton e de poente com Manuel Brito Pereira e outros, inscrito na matriz da actual freguesia sob o artigo urbano 1203, com proveniência no artigo 1822 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário de 16.608,95 €, igual ao atribuído para efeitos deste acto, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. - Que o referido prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse dos justificantes em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e dois, já no estado de casados entre si, por compra meramente verbal feita a Maria dos Mártires Conceição Domingos Fernandes e marido Manuel Domingos Fernandes, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no mencionado Sítio de Eirões. - Que, assim sendo, não têm título suficiente da aquisição do referido prédio, estando, por isso, impossibilitados de comprovar a referida aquisição pelos meios extrajudiciais normais e de efectuar o registo do mesmo a seu favor. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – tendo já chegado a fazer obras de reparação e conservação necessárias e pagando contribuições e impostos devidos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 23 de Setembro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Acto registado sob o n.º 2/2199 (POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)

Festival das aves atraiu mais de mil a Sagres Iniciativa volta a marcar pelo sucesso d.r.

O VI FESTIVAL DE OBSERVAÇÃO DE AVES & ACTIVIDADES DE NATUREZA , que decorreu

até ao passado domingo, em Sagres, no concelho de Vila do Bispo, atraiu mais de mil participantes, provenientes de 20 países. Foram observadas 150 espécies de aves diferentes, “um recorde face às edições anteriores”, segundo a organização do evento. O maior evento de natureza do país, promovido pela Câmara de Vila do Bispo, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e pela Associação Almargem, excedeu as expectativas. Participaram nas 215 actividades, 1.009 pessoas, provenientes de Portugal, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos da América, Suécia, Rússia, Alemanha, Holanda, França, Noruega, Suíça, Dinamarca, Polónia, Bélgica, Itália, Austrália, África do Sul, República Checa, Irlanda e Bielorrússia.

ÔÔ Participantes tiveram oportunidade de observar 150 espécies de aves diferentes

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MUNICIPIO DE TAVIRA EDITAL JOSÉ OTÍLIO PIRES BAÍA, Presidente da Assembleia Municipal de Tavira. TORNA PÚBLICO, que em sessão ordinária da Assembleia Municipal de Tavira, realizada no dia 28 de setembro de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 152/2015/CM, referente à atribuição de Apoio Financeiro à Freguesia de Cachopo; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 184/2015/CM, referente à aquisição de energia elétrica em regime de mercado liberalizado ao abrigo do Acordo Quadro da AMAL com anúncio de procedimento nº 118/2013 e JOUE S050-081623 de 12 março 2013, para instalações alimentadas em Baixa Tensão Especial (BTE) e Média Tensão (MT) – Aprovação do procedimento e dos compromissos plurianuais; 3. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 185/2015/CM, referente à 3ª. Revisão ao Orçamento e Grandes Opções do Plano de 2015; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 188/2015/CM, referente à atribuição de apoios em espécie a freguesias do concelho – Festas Tradicionais de verão; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 189/2015/CM, referente à alteração ao acordo de execução de delegação de competências celebrado entre o Município e a Freguesia de Santa Luzia. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume Paços do Concelho, aos 28 dias do mês de setembro do ano 2015 O Presidente da Assembleia Municipal, José Otílio Pires Baía (POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)

Entre as espécies observadas que causaram mais êxtase entre os participantes, encontram-se a pardela-de-barrete, pardela-balear, painho-de-wilson, gaivota-de-sabine, o bufo-real, um elevado número de sombrias, uma espécie que tem apresentado um forte decréscimo nas suas populações e uma grande variedade de rapinas, como a águia-de-bonelli e a águia-calçada. Novidades foram muito bem recebidas pelos participantes Para além das aves, foram observadas diversas espécies de borboletas, libélulas e libelinhas. Este ano as viagens de barco foram o ponto alto, onde para além das espécies de aves marinhas foram ainda observadas espécies de outros grupos que fizeram as delícias dos participantes, como: golfinho-comum, golfinho-roaz, baleia-anã, boto, tubarão-martelo, tubarão-azul, peixe-lua, peixe-voador e a tartaruga-de-couro. “Esta edição trouxe várias

novidades, que foram muito bem recebidas pelos participantes”, refere a organização em nota de imprensa. O comboio turístico que fazia a ligação entre os vários locais das actividades, a sinalética com indicação do evento instalada ao longo da EN125 desde Lagos até Sagres e o kit lanche, foram algumas delas. Um apoio do Intermarché, que se revelou uma mais-valia para uma ampla divulgação do evento a nível local. Sessões de relaxamento e yoga e passeios culturais foram também outras novidades da edição deste ano. Destaca-se ainda a actividade de voluntariado com o objectivo de remover chorão, uma espécie invasora, que teve como resultado 90 sacos de chorão num total de 2.900 quilos que foram recolhidos no âmbito do projecto LIFE Charcos e que serão tratados pela Algar. Esta edição voltou a contar com a preciosa colaboração da Associação de Turismo do Algarve, que organizou uma

Press/Fam trip com um total de dez jornalistas e operadores turísticos especializados em Birdwatching e Turismo de Natureza, sendo uma acção que pretende dar a conhecer locais e valores naturais da região e, assim, estimular o crescimento de formas de turismo alternativo ou complementar ao Sol & Praia. O presidente da Câmara de Vila do Bispo, Adelino Soares, “agradece a todos os parceiros que aderiram a esta iniciativa, pois são eles que contribuem para o enorme sucesso do evento”. O edil acredita que “a aposta na divulgação internacional do Festival irá permitir uma maior projecção do evento e que o mesmo constituirá uma referência nacional e internacional do Turismo de Natureza”. O autarca refere, ainda, que esta iniciativa “já é uma aposta ganha no âmbito do Turismo da Natureza e que o mesmo constitui um meio de combater a sazonalidade e consequentemente para o melhoramento da economia local”.


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região

Campeões mundiais de pára-quedismo invadem céu de Portimão pág. 8

Simone de Oliveira em Lagoa Cantora actua com as ‘3 Marias’ num espectáculo que promete ser memorável O AUDITÓRIO MUNICIPAL DE LAGOA é placo, no próximo dia

17, pelas 21.30 horas, do espectáculo “Simone de Oliveira e 3 Marias”, numa fusão de “Intimidades” e “Bipolar” que, em cumplicidade musical, juntam duas gerações diferentes. Em “Intimidades”, Simone de Oliveira interpreta, com paixão, amor, alma e coração, alguns êxitos da música ligeira portuguesa. “Bipolar” é uma partilha de intimidade musical, com um lado sério mas também com muito humor e boa disposição. O projecto 3 Marias nasceu em 2008, no Porto, fusão de

tango, flamenco, balada e um pouco do conceito de fado, tendo editado o primeiro trabalho em 2009, “Quase a primeira vez”. As 3 Marias já se apresentaram em festivais de world music, assim como em diversas salas de espectáculos em Portugal e no estrangeiro. O seu segundo álbum, “Bipolar”, foi gravado em Setembro de 2013. Num encontro geracional em que se cruzam partilhas, sentimentos e vivências, as 3 Marias convidaram Simone de Oliveira a cantar uma versão de “No Teu Poema”, de José Luís Tinoco e

popularizada por Carlos do Carmo, em 1976, no Festival da Canção. A parceria correu tão bem que Simone gravou o tema com As 3 Marias, tendo o álbum sido relançado recentemente com esta faixa bónus. A química entre Simone e as “Marias” (Cristina Bacelar, voz, guitarra, letras e composição; Fátima Santos, acordeão; e Ianina Khmelik, violino) funcionou tão bem que a cantora tem sido convidada regular nos espectáculos do grupo, como acontecerá em Lagoa. As 3 Marias têm vários concertos agendados e es-

tão a trabalhar no próximo disco que, entre a música clássica, o rock e outras sonoridades, vai trazer grandes novidades. Uma oportunidade para ver, ou rever, e ouvir um dos nomes mais sonantes do panorama do nacional cançonetismo.

ÔÔ Trio feminino portuense e Simone de Oliveira juntam-se no Auditório Municipal de Lagoa pub

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MUNICIPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 47 /2015

NOVA LOJA

Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira

Centro Comercial Tavira Gran Plaza

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 18 de agosto de 2015, foram tomadas as seguintes deliberações:

Visite-nos! Nós cuidamos da sua viatura…

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 164/2015/CM, referente à atribuição de apoio à Cruz Vermelha Portuguesa;

Já está a funcionar a mais recente loja da Carsiste localizada no piso -2 do parque de estacionamento no Centro Comercial Tavira Gran Plaza. Toda a semana, de domingo a quinta das 10:00 às 20:00, sextas e sábados das 10:00 às 22:00. Somos parceiros da Multicanal no Fórum Algarve. Uma empresa sólida no mercado com mais de 25 anos de existência.

Tavira gran Plaza Rua Almirante Cândido dos Reis, nº- 247 8800-318 Tavira Loja Espaço E 0.02

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 163/2015/CM, referente a 10.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano - 2015;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 165/2015/CM, referente ao apoio ao CBTT – Clube Bike Team Tavira – “III BTT Urbano Noturno” e redução de taxas; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 166/2015/CM, referente à atribuição de apoio em espécie ao Grupo Desportivo de Vale Caranguejo; 5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 167/2015/CM, referente à atribuição de apoio em espécie à Liga dos Combatentes; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 168/2015/CM, referente à anulação de cobrança e restituição de verba – Proc.66/2015, em nome de Maria Celeste das Dores Palma; 7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 169/2015/CM, referente à 5ª. Alteração ao Sistema de Controlo Interno; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 170/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de lecionação e dinamização do Programa de Promoção da Atividade Física do Concelho de Tavira; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 171/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para celebração de contrato de aquisição de serviços de Vigilância e Segurança Aquática para as Piscinas Municipais de Tavira; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 172/2015/CM, referente ao parecer prévio vinculativo para a celebração de contrato de aquisição de serviços de utilização para plataforma eletrónica de contratação pública; 11. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal n úmero 173/2015/CM, referente à redução do Horário de Funcionamento – Bar Polakos – Cabanas de Tavira; 12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 174/2015/CM, referente ao Público – 10-Emp/15 – Reparação do CM 1231 entre Fuzeta e Cintados (até ao limite do Concelho) – Alteração do ponto 4 do artigo 9º. do programa de procedimento. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Contacto: 969 294 835

www.carsiste.com carsiste@carsiste.com

Paços do Concelho, 18 de agosto do ano 2015 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)


9 de Outubro 2015  |  7

região

Vila Real cria parque de estacionamento gratuito

d.r.

Câmara tenta fazer face ao descontentamento com taxação do estacionamento no centro da idade que está para breve A CÂMARA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO anunciou

que instalou um parque de estacionamento gratuito, com uma capacidade de 1.200 lugares, na zona antes ocupada por um cinema da cidade, o “Cine Foz”. O novo parque de estacionamento já está em funcionamento e foi inaugurado antes do início da Feira da Praia, festa que dura cerca de uma semana e tem o seu principal dia a 12 de Outubro, devido à presença de muitos espanhóis que aproveitam o feriado nacional comemorado no seu país para visitar a ci-

dade fronteiriça algarvia, observou o município algarvio num comunicado. O parque de estacionamento está localizado junto ao edifício da capitania do porto de Vila Real de Santo António, “a menos de cinco minutos a pé da zona histórica” pombalina, e destina-se a “melhorar as acessibilidades ao centro histórico e ao centro comercial a céu aberto” que a autarquia procura dinamizar no centro da cidade, considerou a câmara vila-realense. A autarquia frisou que a “criação deste novo parque-

amento responde igualmente ao compromisso do município no sentido de criar zonas alternativas e gratuitas ao sistema de estacionamento tarifado que está a ser implementado no centro” da cidade. A Lusa questionou a câmara sobre quando o estacionamento tarifado irá entrar e vigor na cidade, mas uma fonte do gabinete de comunicação disse não haver ainda uma data definida para o efeito.

PARQUE SURGE COMO COMPENSAÇÃO PELA INTRODUÇÃO DE ESTACIONAMENTO PAGO A

mesma fonte acrescentou que a criação deste parque de estacionamento “foi uma decisão do município que não está relacionada com medidas de compensação pela introdução de estacionamento tarifado na cidade”. A data para o início da cobrança de estacionamento em Vila Real de Santo António esteve agendada para 1 de Julho, mas a autarquia acabou por adiar indeterminadamente a entrada em vigor da introdução de parquímetros, enquanto eram analisadas questões como o reconhecimento do estacionamento para residen-

ÔÔ Novo parque tem capacidade para 1.200 veículos tes e comerciantes e as zonas em que ficariam localizados. A introdução da cobrança de estacionamento foi uma medida que gerou contestação por parte de munícipes e comerciantes locais, assim como do PS e da CDU, partidos da oposição ao executivo do PSD liderado por Luís Gomes, que foi criticado por criar estacio-

namento pago nas principais artérias em tempos de crise e de dificuldades económicas. O estacionamento tarifado foi concessionado pela autarquia à empresa Estacionamento à Superfície e Subterrâneo, por um período de 30 anos, mediante a celebração de um concurso público. Lusa pub


8  |  9 de Outubro de 2015

REGIÃO

Campeões mundiais de pára-quedismo invadem céu de Portimão Festival já é uma referência a nível mundial devido ao clima CERCA DE 300 PÁRA-QUEDISTAS estão a participar no “Au-

tumn Boogie 2015”, festival que reúne alguns campeões mundiais da modalidade até ao próximo dia 18, no aeródromo da Penina, em Portimão. Organizado pela SkyDive Algarve, o festival internacional de pára-quedismo realiza-se anualmente desde 1999, tornando-se numa referência a nível mundial para a prática da modalidade devido às condições meteorológicas que a região do Algarve oferece nesta época do ano. “Somos dos poucos países com condições climatéricas para fazer pára-quedismo praticamente durante o ano todo, fazendo com que sejamos uma referência para os praticantes do norte da Europa”, disse à Lusa Sofia Machado, instrutora de pára-quedismo da SkyDive Algarve. Segundo a instrutora, o Boogie em Portimão nesta altura do ano permite que os pára-quedistas, individualmente ou em grupo, iniciem a sua preparação para os vários campeonatos que se disputam em todo o mundo. “São realizados quatro

eventos por ano, mas este é o que concentra mais pára-quedistas, porque têm a possibilidade de iniciar a sua preparação de início de época”, sublinhou. Entre os participantes no festival de Portimão estão Pete Allum, campeão do mundo na disciplina Voo Relativo, com mais de 30 mil saltos, e Ian Milko Hodgkinson, vencedor do Campeonato Nacional de Voo Relativo em 2015 e participante em três recordes mundiais de Voo em Formação, com mais de 22 mil saltos.

EVENTO TEM DINAMIZADO A MODALIDADE De acordo com Sofia

Machado, os eventos têm sido dinamizadores da modalidade na região, “o que tem feito crescer a procura pelo pára-quedismo, por pessoas de várias idades”. “Na escola temos feito uma média de cinco novos alunos por mês e esse número tem tendência para aumentar”, frisou a instrutora, acrescentando que “o pára-quedismo tem cada vez mais níveis de segurança elevadíssimos, o que aumenta o grau de confiança aos novos praticantes”. “Consegue-se com muita pub

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Certifico: Que no dia 21-09-2015, a folhas 106, do livro de notas para escrituras diversas número 178 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, CUSTÓDIO DOMINGOS, NIF 169.826.830, solteiro, maior, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, residente no sitio das Areias, Caixa Postal 394-M, Moncarapacho, Olhão, declarou: Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do prédio urbano, composto por edifício térreo, com dois compartimentos, destinado a habitação, sito em Monte da Estrada, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, a confrontar do norte com José Domingos, do sul com Manuel Jesus, do nascente com rua e do poente com Manuel Tereza, inscrito na matriz sob o artigo 1.051, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriu o prédio no ano de mil novecentos e sessenta e cinco, por partilha verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita com os demais interessados, por óbito de seus pais Manuel Domingos e Custódia Maria, residentes que foram no sitio do Monte da Estrada, Cachopo, Tavira. Que adquiriu o prédio por usucapião. Tavira, em 21 de Setembro de 2015

segurança praticar um desporto que, à partida, intimida”, destacou. Para Francisco Correia, vice-director do aeródromo da Penina, em Alvor, freguesia do concelho de Portimão, os festivais de pára-quedismo “têm sido grandes dinamizadores da estrutura aeroportuária e da economia local”. “São eventos que movimentam centenas de pessoas, já que a maior parte dos pára-quedistas tiram férias nesta altura do ano e vêm acompanhados pelas famílias, contribuindo para

d.r.

ÔÔ Festival atrai cerca de 300 pára-quedistas e famílias a Portimão

dinamização da economia da região”, frisou Francisco Correia. As condições climatéricas do Algarve permitem, segundo os organizadores, fazer uma média de cerca de 700 saltos diários, a uma altitude de 14 mil pés (cerca de 4.200 metros). Os saltos são proporcionados por dois aviões Dornier DO28, aeronaves que atingem os 16 mil pés de altitude (cerca de 4.800 metros) em apenas oito minutos, com capacidade para transportar 15 pára-quedistas. Lusa

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Cartório Notarial em Tavira Notário

Cartório Notarial em Tavira Notário

Bruno Torres Marcos

Bruno Torres Marcos

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em um de Outubro de dois mil e quinze, exarada a folhas cento e quarenta e dois e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e sete – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em vinte e três de Setembro de dois mil e quinze, exarada a folhas sessenta e três e seguinte do Livro de notas para escrituras diversas número Sessenta e sete – A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Filipe Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

JOAQUIM EUGÉNIO DE JESUS MESTRE, NIF 139405844 e mulher MARIA DOS SANTOS DA ENCARNAÇÃO DE SOUSA MESTRE, NIF 121707563, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, residentes na Rua Capitão Manuel Batista Marçal, n.º 28, Santa Luzia, Tavira, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por edifício térreo com várias divisões e pátio, com a área total de setenta e oito vírgula trinta metros quadrados, e com a área de implantação do edifício de sessenta e três vírgula noventa metros quadrados, sito na Rua Capitão Manuel Batista Marçal, números 28 e 30, na vila e freguesia de Santa Luzia, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número três mil duzentos e vinte e nove, ainda da freguesia de Tavira (Santiago), inscrito na matriz da freguesia de Santa Luzia sob o artigo 341, com proveniência no artigo 1627 da extinta freguesia de Tavira (Santiago), em seu nome a quota-parte de setenta e quatro mil novecentos e quarenta e seis de cem mil avos e em nome de António Mateus Sofia a quota-parte de vinte e cinco mil e cinquenta e quatro de cem mil avos, com o valor patrimonial tributário de € 9.530,00. Que este prédio encontra-se registado na citada Conservatória a favor de João Soares Júnior e mulher Lucinda Raimundo Salvé Rainha, casados sob o regime da comunhão geral, residentes em Luanda, Angola, nos termos da apresentação um, do dia vinte e sete de Outubro de mil novecentos e setenta e três, atualmente já falecidos.

ADELINA DA CONCEIÇÃO VALENTE, NIF 113422695 e marido AVELINO FRANCISCO RAMOS, NIF 113422687, casados sob o regime da comunhão geral, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residentes em Amaro Gonçalves, caixa postal 1534-T, Luz de Tavira e Santo Estêvão, 8800-120 Tavira, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por edifício térreo com dois compartimentos, destinado a habitação, com a área total e de implantação do edifício de trinta e cinco vírgula cinquenta e seis metros quadrados (35,56 m2), que confronta a norte com Maria Valentina Gonçalves Valente Madeira, a sul com José Gonçalves, a nascente com caminho e a poente com Manuel Viegas, sito em Vale Covo, na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na matriz da atual freguesia, em nome de herança de Joaquim Valente, o qual é avô da justificante mulher, sob o artigo 1880, que teve proveniência no artigo 1784 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 2.130,00 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira.

Extrato de Escritura de Justificação

Porém, este prédio veio à posse deles justificantes, já no estado de casados entre si, por compra meramente verbal no ano de mil novecentos e setenta e cinco, em data que não sabem precisar, feita aos referidos João Soares Júnior e mulher Lucinda Raimundo Salvé Rainha, nunca chegando a outorgar a respectiva escritura, tendo estes, por sua vez, adquirido o mesmo imóvel ao dito António Mateus Sofia, não tendo deste modo título que lhes permita fazer o registo do prédio em seu nome. Que, assim sendo, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem titulares do respectivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – nomeadamente habitando-o de forma permanente desde aquela data, fazendo obras de reparação e conservação e suportando os respectivos encargos, designadamente fiscais – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invocam. Tavira, 01 de Outubro de 2015. O Notário,

Extrato de Escritura de Justificação

- Que o referido prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse dos justificantes em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e oito, já no estado de casados entre si, por partilha meramente verbal efetuada por óbito de Manuel Joaquim Valente e mulher Amélia da Conceição, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram no referido Sítio de Vale Covo. - Que, assim sendo, não têm título suficiente da aquisição do referido prédio, estando, por isso, impossibilitados de comprovar a referida aquisição pelos meios extrajudiciais normais e de efectuar o registo do mesmo a seu favor. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – tendo já chegado a fazer obras de reparação e conservação necessárias e pagando as contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira, 23 de Setembro de 2015. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos

A funcionária por delegação de poderes;

Bruno Filipe Torres Marcos

Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3

Acto registado sob o n.º 2/2271

Acto registado sob o n.º 2/2201

(POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)

Conta registada sob o nº. PAO1547/2015 Factura nº. 01555 (POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)


9 de Outubro de 2015  |  9

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A sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 14 de Setembro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, dia 18 de Setembro, sexta-feira, pelas 18 horas, na Igreja de S. Paulo em Tavira.

“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428


10  |  9 de Outubro de 2015

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necrologia

ZZZ pág. ## Funerárias: Sítio da Palmeira LUZ DE TAVIRA Tel. /Fax: 281 961 170

SERVIÇO PERMANENTE 24h

Av. Maria Lizarda MONCARAPACHO Tel: 289 798 380

FUNERAIS | CREMAÇÕES | TRASLADAÇÕES ARTIGOS RELIGIOSOS MANUTENÇÃO DE CAMPAS E JAZIGOS FLORES Tlms: 966 019 297 (Carlos Palma)

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇAO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

963 907 469 (Gonçalo Correia)

Rua Soledade 19 OLHÃO Tel. 289 713 534

geral@funerariacorreia.pt - www.funeraria correia.pt NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA

SÉ - FARO SÉ E SÃO PEDRO - FARO Certifico:

FRANCISCO MESTRE D’HORTA

DOMÍTILIA CONCEIÇÃO ALMEIDA

29-01-1924 / 10-09-2015

25-05-1940 / 19-09-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VILA N. CACELA - VILA R. STO ANTÓNIO

SÃO SEBASTIÃO - LOULÉ SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Que no dia 28-09-2015, a folhas 141, do livro de notas para escrituras diversas número 178 – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, MÁRIO TEIXEIRA DA PALMA, NIF 106.812.475 e mulher DILAR MARIA MARTINS DA PALMA, NIF 118.145.860, ambos naturais da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Urbanização S. Luis, Edifício 2, 2.º Dto., Faro, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios rústicos, ambos compostos por terra de pastagem e cultura e sitos na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: UM: Prédio sito em Curral do Brito, Vale de Odre, com a área de vinte e quatro mil e quinhentos metros quadrados, que confronta do norte com Manuel Candeias e outro, do sul com António José Ildefonso, do nascente com Estrada Nacional 124 e do poente com António Horta, inscrito na matriz sob o artigo 21.201; e DOIS: Prédio sito em Amoladeira, Vale de Odre, com a área de dez mil quatrocentos e vinte metros quadrados, que confronta do norte com José Gonçalves, do sul com António José Ildefonso e outro, do nascente com Manuel Barradas e do poente com Estrada Nacional 124, inscrito na matriz sob o artigo 21.312. Que adquiriram os referidos prédios por meio de partilha amigável e verbal, nunca reduzida a escritura pública, feita no ano de mil novecentos e sessenta e sete, em data que não é possível precisar, por óbito dos pais do justificante marido, Manuel António da Palma, que também usava e era conhecido por Manuel da Palma e Inácia Teixeira, residentes que foram em Garcia, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira. Que adquiriram os prédios por usucapião. Tavira, em 28 de Setembro de 2015 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco - Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO1591/2015 Factura nº. 01601

ANTÓNIO VITOR MADEIRA CORREIA VIEGAS 23-01-1959 / 15-09-2015

LEODEGÁRIO NEMÉSIO PEREIRA DUARTE 11-02-1986 / 27-09-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.Agência

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VILA N. CACELA - VILA REAL STO ANTÓNIO

SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

ODELEITE – CASTRO MARIM V.N. DE CACELA - VILA R. DE STO ANTÓNIO

CELESTE DO CARMO SARES 08-11-1920 / 19-09-2015

JOSÉ LIBERTO GUERREIRO MARTINS 29-04-1949 / 29-09-2015

ANTÓNIO JOSÉ 20-07-1922 / 05-10-2015

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1150, de 9 de Outubro de 2015)

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveisao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. S.I.

AGÊNCIA FUNERÁRIA

Santos & Bárbara, Lda FUNERAIS - CREMAÇÕES - TRASLADAÇÕES PARA TODO O PAÍS E ESTRANGEIRO

Tel. : 281 323 205 - Fax: 281 323 514 • 965 484 819 / 917 764 557 ATENDIMENTO PERMANENTE - OFERTA DE ANÚNCIO DE NECROLOGIA E CARTÕES MEMÓRIA Artigos Funerários e Religiosos / Catálogo de Lápides e Campas


9 de Outubro de 2015  |  11

> > ASSINALE A FRASE CORRETA

O Jogo da Língua está de volta!

A – O Miguel vai apanhar o avião no aerioporto. B – O Miguel vai apanhar o avião no aeroporto. C – O Miguel vai apanhar o avião no aero porto. C – O Miguel vai apanhar o avião no aerio porto.

Sobe & desce

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.

Eleições 2015

Estacionamento em Vila Real

Independentemente dos vencedores e dos perdedores e da enorme abstenção o Algarve votou e os algarvios ajudaram a escolher os deputados à Assembleia da República. Cidadania faz-se, também, assim (Ler págs. 2 e 3).

A cobrança de estacionamento está também a chegar ao centro de Vila Real de Santo António e todos teremos de suportar mais esse custo. Entretanto Luís Gomes tenta encontrar alternativas (Ler pág. 7).

E-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com

opinião

A Capital da Cultura 2027

Consultório do Consumidor

Consumos fantasma d.r.

ficha técnica

Questão: “Ouvi falar em consumos de energia fantasma e gostaria de saber quais os equipamentos que temos em nossa casa com consumos deste tipo?”

A DECO responde... Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:

7.798 exemplares

José Delgado Martins

Presidente da Direcção da Casa das Artes de Tavira

Foi com entusiasmo que tomámos conhecimento (Postal do Algarve 11.09.2015) da decisão do Presidente da Câmara Municipal de Faro de apresentar uma candidatura a Capital da Cultura 2027. A notícia para além de indicar o nome de Guilherme D’Oliveira Martins para Presidente do grupo de trabalho, aliás uma excelente escolha, e de enunciar alguns propósitos gerais, referência alguma faz a apoios da Região. Ora, sendo o projecto de âmbito regional, como Rogério Bacalhau afirma, acreditamos que não terá avançado sem prévia consulta aos chamados parceiros naturais, autarquias e outras forças ligadas à cultura. Contudo, seguramente por ignorância nossa, a anunciação desta Candidatura foi uma completa surpresa. Todos estamos recordados dos equívocos ocorridos no início da organização da candidatura de Faro em 2005 e da consequente debilidade dos seus resultados. Como diz

ÔÔ Guilherme d’Oliveira Martins o povo “o que nasce torto…”. É sabido que para sair vencedora a Candidatura exige à partida a mobilização de elevados recursos, não podendo deixar de recordar a pobreza que a área da Cultura vem entre nós evidenciando, não só fruto da sua secundarização pelos decisores políticos mas sobretudo dos parcos meios disponibilizados pelos orçamentos do poder Central e Local. Acresce que, como resulta dos mais recentes programas culturais da Região, a aposta no artesanato, no baile mandado e no petisco vêm sendo as opções mais correntes, em detrimento do apoio ao teatro, dança, música ou às artes visuais. E porque vimos acompanhando com atenção nestes últimos 30 anos a evolução

da actividade cultural na nossa Província temos consciência que uma iniciativa desta envergadura não poderá ser levada a bom porto sem o criterioso aproveitamento das energias disponíveis de Vila Real a Sagres. E é sabido que hoje tais forças não abundam. Não obstante as reticências apontadas, acreditamos que um empreendimento desta natureza poderá ser enriquecedor, nomeadamente pela alargada mobilização a que obriga e o impulso que poderá provocar no futuro desenvolvimento cultural do Algarve. Aguardemos assim confiadamente o evoluir dos acontecimentos manifestando desde já a abertura para colaborar no que vier a ser considerado vantajoso para esta Candidatura.

Em Portugal, em média, uma família de quatro pessoas gasta por ano mil euros nas facturas de electricidade. Ou seja, por mês a factura da luz ronda os 80 euros. Muitas fam ílias têm nas suas casas ser v iços t r iplos de TV+NET+Telefone e mantêm estes equipamentos ligados 24 horas por dia. A utilização deste serviço implica que se tenha pelo menos uma televisão e um computador em casa. Estes cinco equipamentos (televisão, computador, box, router e telefone) desperdiçam cerca de 35 euros por ano em energia fantasma. O valor varia consoante o número de equipamentos e as horas de funcionamento/stand-by. O principal consumidor de energia fantasma são as boxs de gravação, que desperdiçam cerca de 16 euros ao ano, seguidas pelo router (€8) e o telefone fixo (€3). Apesar de os fornecedores deste tipo de serviços nos indicarem que não devemos desligar estes equipamentos da electricidade, nada nos impede de o fazer durante longos períodos de inactividade, como por exemplo durante a noite. O único senão será que a box demorará alguns minutos a reiniciar, mas todas as opções do equipamento se mantêm, pode consultar a guia TV, voltar sete dias no tempo e aceder ao vídeoclube. Os consumos fantasma estão presentes em todos os equipamentos eléctricos que existem nas nossas casas e mantemos ligados à tomada mesmo quando não os estamos a usar. No site www. energiafantasma.pt pode calcular o seu desperdício de energia em stand-by, utilizando o nosso simulador, para tal deve contar todos os equipamentos eléctricos que mantém ligados em sua casa.


O POSTAL Tiragem desta edição:

7.798 exemplares

Hotel Quinta do Marco reabre com nova gerência Unidade está a ser alvo de remodelações profundas

Catarina da Fonte do Bispo, no concelho de Tavira, vai reabrir com nova gerência já no início de 2016, após remodelações profundas. Esta unidade hoteleira, do sotavento algarvio, estava encerrada há um ano e foi agora adquirida pelo ex-presidente da Região de Turismo do Algarve, Hélder Martins. “Estão já em curso obras de remodelação e adaptação da unidade às necessidades actuais do mercado, criando um verdadeiro conceito de charme, no interior do Algarve”, informa Ana Eira, assessora de imprensa daquela unidade hoteleira. O Hotel Quinta do Marco dispõe “de 24 quartos, du-

ÔÔ Hotel está integrado numa propriedade agrícola com 16 hectares de diverso arvoredo

plos e triplos, piscinas de adultos e crianças, spa, sala de massagens, restaurante/ bar e sala de reuniões, integrados numa propriedade agrícola com 16 hectares de pomares de citrinos, e outras espécies autóctones como alfarrobeiras, figueiras e amen-

última

Antigo edifício da Segurança Social de Tavira alvo de obras Investimento ascende a 200 mil euros d.r.

A EMPREITADA DE ADAPTAÇÃO d.r.

O HOTEL RURAL QUINTA DO MARCO, localizado em Santa

regressa no dia 23 de Outubro

doeiras”, acrescenta. Com vista sobre a costa do sotavento algarvio, desde Monte Gordo à Ilha do Farol, o hotel está inserido no meio de um jardim mediterrânico. A gestão da unidade hoteleira será exercida por Hélder Martins e família. pub

do antigo edifício da Segurança Social de Tavira a futuras instalações municipais vai iniciar-se no próximo dia 19. As obras custarão cerca de 200 mil euros. Datado de 1781, este espaço foi alvo de diversas obras, ao longo do último século, as quais contribuíram para a descaracterização do seu interior, dada a introdução de um conjunto de elementos, processos e técnicas de construção não compatíveis com a construção original, nem com a tipologia morfológica. “A proposta de intervenção apresenta uma solução que preconiza a instalação de serviços técnicos, no 1.º andar, destinando-se o rés-do-chão à recepção, a sala para atendimento/reuniões e arquivo”, revela a autarquia tavirense em nota de imprensa.

ÔÔ Edifício dará lugar a futuras instalações municipais “Foi equacionada também a possibilidade deste edifício servir para entrada de visitantes na Igreja das Ondas”, explica. Relativamente ao 2.º andar (sótão), “será criada uma área de arrumos, tendo em conta que o mesmo não reúne as condições necessárias à sua utilização como espaço de trabalho”,

acrescenta. O acesso ao edifício, por utilizadores em cadeira de rodas, será garantido pela Rua D. Marcelino Franco, onde se procederá à modelação ligeira do passeio. Prevê-se que a obra tenha um prazo de execução de 18 meses. pub


Missão Cultura:

ricardo claro d.r.

Descobrir o portal das Experiências Culturais

p. 2

Fábrica dos Sentidos: a arte num discurso insuspeito p. 5

Letras e Leituras: d.r.

O Gigante Enterrado Ou a virtude do esquecimento p. 4

Esapço ao Património : d.r.

d.r.

Isso é tudo muito bonito, mas… (reflexões sobre Cultura)

Museu – Um trabalho com (e para) as comunidades p. 10

p. 8

Da minha biblioteca: d.r.

OUTUBRO 2015

n.º 85

Estética, técnica e ética por António Branco p. 11

Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO 7.798 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve


2

09.10.2015

Portal das Experiências Culturais

Chega-se burro, parte-se estúpido

Missão Cultura

Editorial

foto: drcalg

Direção Regional de Cultura do Algarve

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

Apetece dizer-se que se chega burro e parte-se estúpido. A capital de distrito tem um dos núcleos históricos intra-muralhas, sem me referir ao restante, dos mais interessantes do Algarve. Faro tem hoje, cada vez mais, e ainda bem, uma procura turística interessante e que dá sinais de crescer. A Vila Adentro oferece-se ao visitante como um microcosmos patrimonial e um espaço de fruição e lazer de rara beleza e que do qual poucas outras terras na regiãos se podem gabar em termos de concentração, numa única zona geográfica especificamente localizada face à malha urbana. Mas quem visita a Cidade Velha está votado ao quase abandono em termos informativos. Excepção feita à parca informação panfletária entregue a propósito de uma visita à Sé, num papel de terceira categoria a troco de três euros por cabeça e a umas raras placas informativas que nada dizem ou quase, ao visitante diz-se nada! Passa o comboio turístico com os altifalantes a debitarem informação que espero esteja sincronizada com a viagem e apetece nele embarcar para ouvir e sair de um espaço onde nada se explica e nada se diz. Não há uma única placa com o famoso "i" de informação para - caso existam - se saiba onde ir buscar folhetos informativos. Não há áudio-guias disponibilizados no local ou para descarga on-line. Nada. Valha a repintura dos arcos da Vila e do Repouso - de capela fechada a esconder o interior, e nada mais. Insuficiente, deficiente e indigno.

AGENDAR

De entre as estratégias adotadas pela Direção Regional de Cultura do Algarve para a prossecução das suas competências e o cumprimento dos objetivos definidos no seu plano anual de atividades, assinalam-se a promoção da sensibilização para as artes e para a proteção e valorização do património cultural através de ações educativas, e o reforço do valor percebido da cultura, promovendo programas multissectoriais com o setor da Educação. Numa região como o Algarve, ainda com assimetrias no acesso à cultura e à fruição dos bens culturais, a definição de uma estratégia conjunta, a nível nacional, entre a educação, as artes e a cultura constitui uma clara oportunidade para estabelecer como objetivo a constituição de uma biografia cultural dos alunos ao longo da sua vida escolar. Em termos nacionais, a Estratégia Nacional para a Educação e Cultura (ENEC) procura precisamente corresponder a essa oportunidade: é

Atividade artístico-cultural efetuada nos Monumentos Megalíticos de Alcalar pelo Teatro Experimental de Lagos (TEL) com a Escola Básica de Alvor, no âmbito das Jornadas Europeias do Património 2015 um programa governamental, concebido e desenvolvido em articulação entre o Ministério da Educação e Ciência e o Secretário de Estado da Cultura, que procura promover um plano de ação a longo prazo, nas áreas da educação, das artes e da cultura. A ENEC visa contribuir para uma maior presença das atividades artísticas e culturais em todos os níveis de escolaridade do sistema educativo, desde a educação pré-escolar

até ao final do ensino secundário. Simultaneamente, a ENEC permite visualizar as ações já em curso, valorizando o seu impacto nas áreas da educação e da cultura, designadamente projetos desenvolvidos em ambiente escolar, programas dos serviços educativos das instituições culturais, iniciativas de artistas e formadores de artes. É neste contexto que foi desenvolvido o «Portal das Experiências Culturais», que

visa estabelecer uma maior proximidade entre os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas e os organismos culturais. Trata-se de um recurso tecnológico que articula as ofertas de propostas artístico-culturais com os projetos desenvolvidos em contexto escolar, permitindo aos alunos, docentes e agentes culturais, promotores das diversas iniciativas e registados no portal, partilharem dados e conhecimentos.

Cultura.Sul

Além deste sistema de partilha de dados, o «Portal das Experiências Culturais» desenvolve-se em dois outros eixos fundamentais: a possibilidade de registo das atividades artísticas e culturais realizadas pelos alunos ao longo do seu percurso escolar, de modo a criar e a estabelecer um histórico de experiências que permita a emissão de uma biografia cultural do aluno; e a possibilidade de recolha e sistematização de novos indicadores estatísticos e informação útil para o desenvolvimento de novas políticas públicas nesta área, tendo em conta o perfil cultural dos educandos. Esta iniciativa, que conta com a colaboração da Direção Regional de Cultura do Algarve, é operacionalizada através da Direção-Geral da Educação, da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Cultural, da Direção-Geral do Património Cultural, da Direção-Geral das Artes, do Instituto do Cinema e do Audiovisual, I. P. e da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. Consulte o «Portal das Experiências Culturais» em www.educacaocultura.gov.pt. Registe-se! Participe!

Juventude, artes e ideias

Poesia a Sul Jady Batista Coordenação do Jornal J

Depois de um verão com eventos de grande qualidade, como o Sai à Rua, Festival de Cores, Noites de Levante, o município entra no último trimestre do ano com mais uma grande iniciativa cultural.

Trata-se da primeira edição do encontro Poesia a Sul, uma organização da Câmara Municipal de Olhão. A iniciativa, comissariada pelo poeta olhanense Fernando Cabrita, traz ao concelho nomes nacionais e internacionais, como Manuel Alegre, Amadeu Batista, Teresa Rita Lopes, Fernando Esteves Pinto, ou Manuel Moya, entre muitos outros, fazendo deste o maior encontro de poesia a sul de Lisboa. De 1 a 17 de outubro, não pode perder, momentos de

d.r.

poesia, música, teatro, debates, apresentações, leituras, recitais, exposições, um pouco

“A JIGSAW E PEDRO E OS LOBOS” 10 OUT | 21.30 | Grande Auditório do TEMPO ‘Encontramento’ dá nome ao álbum e ao espectáculo e apresenta-se como o encontro de duas bandas que seguiram diferentes caminhos sem nunca perderem de vista um possível encontro

por toda a cidade. Olhão não para, efetivamente! Ao longo dos últimos

anos temos assistido a uma crescente dinâmica do nosso concelho a vários níveis, nomeadamente a nível da juventude, do desporto e da cultura. Estão de parabéns o município e os seus espaços culturais, cada vez com uma oferta mais abrangente e atrativa, as associações e restantes entidades que se têm juntado a este “movimento” e contribuído para que Olhão seja hoje uma referência nacional, com repercussões no turismo e na economia.

“ATÉ AO FIM” 17 OUT | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Katia Guerreiro, voz consagrada do fado, sobe ao palco para apresentar um espectáculo cheio de emoções passadas, presentes e futuras. É o disco pelo qual Katia Guerreiro sempre esperou


Cultura.Sul

09.10.2015

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt CICLO “A CORAGEM ANTE O ABSURDO” | 21.30 HORAs 13 OUT | IPJ | TIMBUKTU, Abderrahmane Sissako França/Mauritânia, 2014, 97’, M/14

20 OUT | TMF | TÁXI, Jafar Panahi, Irão, 2015, 82’, M/12 27 OUT | IPJ | BANDO DE RAPARIGAS, Céline Sciamma, França, 2014, 113’, M/14 SEDE | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE A TELA AOS SÓCIOS | “EU E O OUTRO OU HUMANIDADE PERDIDA” 22 OUT | PROMESSAS PERIGOSAS, David Cronenberg, EUA/GB/Canadá, 2007, 100’

Confronto com o absurdo Regressa o CCF à programação de algum do melhor cinema não comercial que entre nós tem estreado, num mês de Outubro cujo mote é o do confronto com o absurdo. É Difícil ser um Deus abre o ciclo, adaptação de uma novela épica de ficção científica dos irmãos Stugarsky, este é o filme testamento do cineasta russo Alexei German, projecto que aliás não chegou a ver finalizado em vida. Filme limite indecifrável rodado em longuíssimos planos-sequência cheios de movimento interno e de uma intensidade esmagadora, que pretendia ser uma metáfora histórica sobre Estaline, mas que mais parece um retrato dos corredores do poder da Rússia actual. Segue-se Timbuktu, um filme com uma forte dimensão política, que encena os efeitos aterradores do fundamentalismo islâmico numa comunidade do Mali, mas também tem a capacidade de exaltar um Islão aberto e tolerante. Táxi, de Jafar Panahi, é um dos pratos fortes da programação deste mês, filme interdito

fotos: d.r.

Cineclube de Tavira

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS 15 OUT | A PIGEON SAT ON A BRANCH REFLECTING ON EXISTENCE (UM POMBO POUSOU NUM RAMO A REFLECTIR NA EXISTÊNCIA), Roy Andersson – Suécia/Alemanha/Noruega/França 2014 (101’) M/14

Imagem do filme Táxi, de Jafar Panahi no Irão, de um realizador que foi proibido de filmar durante 20 anos e que continua munido de uma criatividade e de uma resiliência ímpar a filmar recorrendo a artifícios como o que este Táxi apresenta. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2014, Táxi é um filme maior, que respira cinema e vive liberdade.

O mês encerra com a estreia de Céline Sciamma nas salas portuguesas, arrancando um dos mais luminosos e certeiros filmes que estrearam nos últimos meses, falamos de Bando de Raparigas. Este é o cartaz principal, mas é de muitas outras propostas que o “nosso” mês se faz. Cineclube de Faro

22 OUT | JOÃO BÉNARD DA COSTA: OUTROS AMARÃO AS COISAS QUE EU AMEI, Manuel Mozos – Portugal 2014 (75’) M/12

29 OUT | INHERENT VICE (VÍCIO INTRÍNSECO), Paul Thomas Anderson – E.U.A. 2014 (148’) M/16

Espaço AGECAL

Do património genealógico e arquivístico ao turismo cultural Óscar Caeiro Pinto Arquivista / Membro da Associação Portuguesa de Genealogia Investigador convidado da AGECAL

Este título pode parecer uma autêntica salada russa, mas abarca assuntos com alguma similitude como vamos ver. Desdobrando e começando pelo chamado “património genealógico”. Uma pessoa além dos genes (ADN) que recebe dos pais herda também todo um passado, um património genealógico resultante de inúmeras ligações entre famílias diferentes ao longo do tempo. Deste longo somatório de gentes fruto naturalmente das escolhas amorosas e sociais feitas pelos nossos antepassados, herdamos todo um património material e imaterial que nos molda física e culturalmente. Hoje em dia as famílias e as comunidades procuram

redescobrir e estabelecer esta identificação histórica, daí a corrida aos arquivos em busca do conhecimento das origens, em busca da chamada ancestralidade. Donde vem a nossa família? Quais são as nossas raízes? Como se ligou no passado a nossa família com a terra e com as figuras e alguns factos da história? Quem somos nós? Sim, importa procurar responder a estas questões para um melhor conhecimento da nossa identidade cultural. Aqui entra a investigação genealógica e o património arquivístico. A vida é sempre efémera, mas é sempre possível reconstituir a história de uma pessoa ou de uma família pela pegada documental que deixou. Desde o nosso registo de nascimento até ao nosso registo de óbito, de uma forma direta ou indireta produzimos documentos ou somos mencionados em vários documentos, pois por natureza somos seres burocráticos. Por norma a documentação necessária para se fazer genealogia foi recolhida em arquivos e já faz parte do património arquivístico nacional. Os diferentes tipos de arquivos (municipais, distritais, o arquivo Nacional

d.r.

Imagem do edifício do Arquivo Distrital de Faro da Torre do Tombo) guardam, tratam e disponibilizam assim a nossa memória coletiva. Graças a esta preciosa documentação podemos ma-

pear a nossa ascendência. Sem ovos não se fazem omeletes e sem estas fontes documentais o investigador não faria certamente genealogia /

história da família. Resta-nos tecer algumas considerações sobre o “turismo cultural! Onde se encaixa nisto tudo? Sabemos que o moderno e esclarecido turista, no seu tempo de lazer, já não se contenta só com sol, mar e uma boa gastronomia. Neste nível de exigência procura-se a combinação perfeita, tudo o que já foi referido anteriormente (sol, praia…), enriquecido com um complemento de conhecimento cultural. Por exemplo, visitar e apreciar o património histórico construído, museus, entre outras atividades. Mas, existe uma pequena tendência neste turismo cultural, o genealogista-turista (um nicho de mercado?). Depois de investigar e documentar a sua ascendência nos arquivos, este procura agora associar as suas férias ao local onde viveram os seus antepassados, aproveitando para conhecer a região. Ainda recentemente tive oportunidade de conhecer um casal de genealogistas-turistas que vieram a Tavira para visitar as igrejas onde foram batizados os seus ancestrais, assim como os sítios onde moraram. Torna-se muito gratificante estabelecer esta ponte entre o passado e o presente, entre os mortos e os vivos!


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09.10.2015

Cultura.Sul

Letras e Leituras

O Gigante Enterrado - Ou a virtude do esquecimento

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

Kazuo Ishiguro nasceu em Nagasáqui, Japão, em 1945, e reside no Reino Unido desde os seus cinco anos. A Gradiva publicou recentemente O Gigante Enterrado, o seu último romance. O autor tem vários livros, todos eles traduzidos e publicados por esta editora, de que se destacam Os Despojos do Dia, o seu primeiro romance de fôlego, e Nunca Me Deixes, considerado também uma das suas melhores obras. Em Os Despojos do Dia (1989), vencedor do Booker Prize e adaptado ao cinema, com interpretações de Anthony Hopkins e Emma Thompson, a ação decorre no período pós-guerra em Inglaterra, em 1956, quando Stevens, um mordomo, empreende uma viagem de carro que é também o mote para uma digressão ao seu passado. Ao fim de três décadas de serviço incondicional, este mordomo dá por si a rever o seu passado, a sua lealdade para com o senhor da casa, Lord Darlington, figura moralmente duvidosa, mesmo que Stevens o tenha servido sempre incondicionalmente, procurando ignorar as falhas do patrão. Este mordomo que procurou ser sempre um modelo de dignidade e das regras de etiqueta (considere-se, a título ilustrativo, essa série de costumes que é Downton Abbey que tão bem procura retratar o modo de vida e os dilemas da criadagem de uma grande casa senhorial) pode parecer ao leitor uma figura pouco simpática, pela sua reserva e conservadorismo, mas cuja verdadeira natureza humana, cheia de dúvidas e remorsos, se vai revelando mais e mais, até ao reencontro entre Stevens e Miss Kenton, em que ela lhe confessa como tentou que ele respondesse aos seus sentimentos e afecto. Nunca Me Deixes (2005),

igualmente nomeado para o Booker Prize, conta-nos uma extraordinária história que varia em muito em termos de género das suas obras anteriores, como é aliás habitual neste autor, incorrendo nos meandros da ficção científica. Alguns críticos encararam a história como chocante, o que não invalidou a sua adaptação ao cinema, contando com interpretações de uma geração mais jovem de autores como Keira Knightley, Carey Mulligan e Andrew Garfield. O tema do livro é uma visão da humanidade confrontada com a sua própria fragilidade, a sua mundanidade e o seu desejo de imortalidade pois o leitor aperceber-se-á que as personagens de Kathy e Tommy, estudantes em Hailsham, a melhor e a mais privilegiada das escolas, sujeitos a uma vigilância constante e a testes médicos semanais, são afinal clones, que vivem vidas breves e vazias, criados pelo Estado com a função única de gerarem e providenciarem órgãos saudáveis aos cidadãos britânicos. Não contando com os contos de Nocturnos (2009), O Gigante Enterrado é o regresso do autor ao romance, após quase dez anos. Da mesma forma que a fição científica não tem apenas a ver com naves e robots, mas sim com as grandes questões existenciais da Humanidade e da ausência ou da possibilidade de um futuro melhor, quer seja ou não suportado por uma evolução tecnológica, a fantasia e a alegoria permitem atentar no real e no ordinário tão ou mais eficazmente do que um retrato cruamente realista dessa mesma realidade. O Gigante Enterrado tem sido considerado como uma obra de fantasia (ressalve-se na capa do romance a citação de um dos mais aclamados contemporâneos autores de fantasia, Neil Gaiman, que escreveu sobre este romance no The New York Times), onde o mito e a memória, a alegoria e a imaginação, jogam um importante papel. «Teria sido necessário procurar muito tempo para encontrar o género de vereda sinuosa ou de prado tranquilo que mais tarde viriam a celebrizar a Inglaterra. (...) Nevoeiros gé-

fotos: d.r.

Kazuo Ishiguro esteve cerca de dez anos sem publicar um romance lidos pairavam sobre rios e pântanos, sendo vantajosos para os ogres que nesse tempo ainda habitavam a região.» (p. 9). O início do romance remete claramente a ação a um passado distante e situa-a na Inglaterra do mito e das brumas, esboçando ainda com a referência aos ogres o género de fição aqui explorada, uma fantasia pós-moderna cujos limites são naturalmente esbatidos, que catapulta o leitor para um tempo remoto, em oposição ao futuro explorado no romance anterior. A bruma referida logo na abertura do romance e que inicialmente parece representar essa eterna condição climatérica nebulosa da Grã-

-Bretanha, é afinal um nevoeiro que traz consigo não tanto a falta de visibilidade mas sobretudo o esquecimento. Por isso mesmo, os protagonistas Axl e Beatrice são um casal de idosos por quem é inevitável sentir profunda simpatia e carinho, dada a sua profunda devoção um pelo outro, mesmo que eles próprios já não se recordem porque permanecem juntos ao fim de tantos anos. E a reforçar esse sentido alegórico da narrativa pode ler-se que «Talvez esses não fossem os seus nomes exactos ou completos, mas, por uma questão de facilidade, é assim que nos iremos referir a eles.» (p. 10). Kazuo Ishiguro escreve sobre um mundo no passado

Escritor tem várias obras publicadas em Portugal

que não consegue recuperar o seu passado, sem história e sem rumo, condizente com o período medievalizante que retrata, de Idade das Trevas, possivelmente entre os séculos V ou VI, num reino outrora governado por Artur, em que Bretões e Saxões convivem pacificamente. Apesar do nevoeiro desmemoriante que assola esse mundo, Beatrice agarra-se à convição de que ela e Axl tiveram em tempos um filho, que partiu para uma aldeia distante e de quem há muito não recebem notícias, mas que ela sente intensamente chamar por eles. Encetam assim uma viagem por territórios desconhecidos, mas vagamente familiares, num reino de bruxas, ogres, monges e dragões, encontrando pelo caminho cavaleiros que parecem personificar figuras lendárias como Beowulf, no caso do guerreiro Wistan, cuja missão é matar o dragão Querig, ou cavaleiros da Távola Redonda como Gawain, sobrinho do Rei Artur (e figura assaz quixotesca), cuja missão é defender essa mesma criatura. Mas não confundamos este romance com o género épico patente em A Guerra dos Tronos: aqui o ritmo é lento, os diálogos são ritmicamente repetitivos, a ternura entre o

casal de velhotes é símbolo de um amor que vive além do tempo e dos erros do passado, o sentido de honra é premente mesmo quando cavaleiros se digladiam entre si ao mesmo tempo que tecem louvas ao nobre adversário, e o passado espreita sempre sob um primeiro olhar de breve reconhecimento. Numa narrativa simples, poética, por vezes com ritmo lento, perceberemos, num final em aberto, e com algumas surpresas, que nem tudo é assim tão linear, nomeadamente quando se fala nesse barqueiro que no fim da travessia interroga os casais, para apurar se estão realmente unidos pelo amor verdadeiro, ou de como um jovem mordido por um dragão se torna num apaixonado do dragão-fêmea, cujo bafo é o responsável pela neblina que embota a memória, e de como o esquecimento tem a grande virtude de permitir perdoar e viver numa paz aparente com o outro. Fica também a dúvida, no final, se o Gigante Enterrado é o dragão, o peso do esquecimento e do passado, ou talvez a esperança que dá pelo nome dessa Espada que desenterrada traria os tempos áureos do Rei Artur de volta.


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Panorâmica

Um espaço de arte do outro lado da linha fotos: ricardo claro

Ricardo Claro

A 'Fábrica dos Sentidos' é um espaço dedicado às artes sem formatos pré-concebidos imposição tão forte como respirar. Pode ser esta a leitura das palavras de Mató, um performer que percorreu o mundo, influenciou e se deixou influenciar sem esquecer a sua terra, as suas origens e uma aposta clara no sítio que o viu nascer. “Este projecto é muito mais antigo do que o espaço. Antes de mais estivemos aqui durante cerca de nove meses de porta fechada a torná-lo adequado e habitável para o fim que pretendíamos dar-lhe, foi um esforço de cerca de 60 pessoas para tornar realidade o espaço físico e é, hoje ainda, um processo em contínuo que decorre e se vai prolongar”. Segundo Mató, a Fábrica dos Sentidos “é um projecto colectivo que envolve desde o início muita gente além de mim, uns que estão cá desde a primeira hora, outros que estiveram e foram saindo, mas que felizmente em grande parte continuam na cidade a desenvolver os seus projectos, e ainda outros que estão sempre a integrar o projecto”. “Pela minha parte sempre achei que

Uma nave industrial ganhou assim um ambiente único e singular, discursivamente aparentemente con-

O convite de um espaço aberto a todos, do público aos artistas

Um espaço sem formatos pré-concebidos

fuso, mas capaz de gerar impressões marcantes e que convida a uma apropriação descomplexada das mensagens artísticas veiculadas. A Fábrica dos Sentidos não é um sítio formatado onde as pessoas vão ver divisórias entre as diferentes áreas. Há uma leitura que pode ser feita de forma individualizada num espaço que tenta ser uma continuidade de carácter quase orgânico e em plena evolução e mutação. Segundo Mató, “como disse Darwin “the mind is the chaos of delight”. A inexistência de barreiras físicas propõe a ideia de inexistência de barreiras psicológicas na leitura que cada um possa fazer do espaço e do que ele contém, mostra e convida a interpretar”.

fazia falta um projecto deste tipo aqui na cidade, nasci no hospital velho, sou de Estoi e vivo em Olhão - sou olhanense de coração - e considerava que tinha a obrigação, já que estive envolvido em outros projectos do género na Europa, de criar na minha terra algo de similar”, reforça. “Depois, criaram-se as condições para que se tornasse realidade, por um lado uma necessidade de diversas associações, cerca de 20 na fase inicial, de terem um espaço para desenvolverem os seus projectos e a crise que fez com que fosse possível ter este espaço a um preço enquadrável nas nossas capacidades financeiras”, recorda, numa retrospectiva sobre a aposta que fez o colectivo num espaço pensado para ‘pensar fora da caixa’.

Mató realizou o projecto sonhado aos 15 anos

quer projecto tem aqui também um espaço aberto a criar condições para esse processo criativo poder ter uma ‘casa’. Somos um projecto cooperativo aberto à sociedade e que acolhe as ideias sem preconceber resultados, num atitude de absoluta liberdade criativa”. O público e a realidade actual

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

A linha do comboio, sempre a linha do comboio. Em Faro a relação da população com a Ria Formosa e com tudo o que fica para além da linha do comboio é problemática, mas é apenas isso... problemática. É psicológico, muito mais do que real o problema e do lado de lá da linha há já muito a acontecer. O parque ribeirinho da Faro, com espaços de lazer e de fruição, nomeadamente para o desporto, veio em larga medida desformatar a ideia enraizada de que do outro lado da linha é do lado de lá do mundo. O mesmo faz, dia após dia e desde há dois anos, o espaço “Fábrica dos Sentidos”, um espaço dedicado às artes e ao fenómeno criativo que aposta numa linguagem diferente dos formatos habituais para realizar um discurso artístico junto dos visitantes. De quinta-feira a domingo, a proposta é a de se deixar levar por um ‘open space’, onde pode ver artes várias, tomar um café, comprar peças, beber uma bebida, ler, estudar, e tudo o mais até mesmo apenas contemplar. Situado nas traseiras da estação da CP de Faro, com acesso rodoviário pela passagem de nível do Teatro Municipal ou a pé pela passagem para peões nas traseiras da doca, ou mesmo atravessando a linha na estação de comboios, trata-se, de acordo com Mató [Marco António], um dos seus fundadores, de um projecto cuja ideia fundamental é que “o panorama cultural da cidade cresça evolua e mude, mude muito. Desejamos que as pessoas tenham uma maior consciência da nossa história, do nosso património e da nossa cultura, bem como, das novas tendências e ideias que fazem com que a realidade cultural seja sempre evolutiva e criadora”. “A cultura é fundamental para que nós, portugueses, nos encaremos cada vez mais sem nenhum tipo de fatalismo, sem nenhuma ideia de ‘coitadinhos’ e consigamos perceber o valor real que temos e as nossas potencialidades sem constrangimentos de qualquer ordem”, defende, sublinhando que “este género de projectos serve para criar consciência, abrir novos caminhos, apresentar novas propostas e alternativas credíveis e que um dia podem crescer e maturar”.

“O processo criativo é tão individual como colectivo, aqui há espaço para tudo, do mais ao menos formal e apresentam-se ideias que vão de criações maturadas a projectos em pleno desenvolvimento e mesmo em fase de experimentalismo”, refere Marco António, que é em grande medida o rosto do espaço. “Pode ser arte ou comunicação pura e dura, tratam-se de ideias e jogos com a realidade que pretendem abrir leituras e percursos de pensamento e sensações a quem visita o espaço”, diz, tudo numa paleta onde ao mesmo tempo se encontram trabalhos artísticos já concebidos em termos finais. O público alvo são todas as pessoas que tenham interesse por arte em geral e pelo processo criativo, seja do ponto de vista da visita simples do espaço, seja para poder ficar por ali a ler, a tomar um café ou uma bebida ou simplesmente estar. Por outro lado, diz Mató, “qualquer pessoa de qualquer área que deseje ter um espaço para desenvolver um qual-

Um projecto pensado durante anos, por um colectivo apostado em fazer Fazer é a palavra de ordem, criar uma

“O nosso público actual ainda passa muito pela comunidade estrangeira residente e desde há cerca de ano e meio pela comunidade de turistas que visita Faro e em particular a que está nos mais de 20 hostels que foram abrindo na cidade e que lhe deram uma vida completamente nova da qual as pessoas ainda não se apercebem de forma completa, mas que se tornará notória dentro de três a cinco anos”, refere Mató. “Pela primeira vez Faro tem turismo como nunca teve e um mercado e um público como nunca conheceu que visita e ‘consome’ a produção cultural local”, reforça, reconhecendo que, “por outro lado, temos uma acentuada presença de alunos de Erasmus que frequentam felizmente a nossa universidade, que tem realmente apostado nesta ferramenta de atracção de massa crítica para a cidade, que traz consigo um diversidade cultural de grande relevo”. Para o artista, “a cidade está a mudar num processo que é já irreversível, venham as forças de bloqueio que vierem. Pela nossa parte, enquanto projecto que se desenvolve numa zona da cidade que sendo a mais nobre está desaproveitada, estamos a participar nesse esforço de criar uma nova realidade na cidade”. E esclarece a ideia: “Em qualquer parte da Europa estes projectos servem para espicaçar zonas degradadas e menos aproveitadas pelas populações e que com o tempo e a atracção de públicos que fazemos vão sendo novamente vividas pelas pessoas. Depois, vem a especulação imobiliária e prossegue à sua maneira o trabalho de re-inclusão destas zonas na estrutura vivencial da cidade que iniciámos”. Para Mató, que realiza o projecto sonhado aos 15 anos de idade, agora que tem 41, “este é um processo que deveria ser replicado em várias zonas da cidade, reinventado a utilização dos espaços e a forma como as pessoas encaram a malha urbana”. “Os artistas fazem este trabalho de ‘partir pedra e de recuperar’ e depois avançam para novas áreas para reiniciar o processo com a zona entretanto intervencionada a ganhar a sua vida própria”, refere. Entretanto, as portas da Fábrica dos Sentidos estão abertas para miúdos e graúdos, num convite a viajar pelo pensamento e pelos sentidos de forma descomplexada porque afinal a arte é isso mesmo uma viagem pela vida.


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Artes visuais

Qual a importância da cor nas artes visuais? (2)

Saul Neves de Jesus

Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

No último número analisámos alguns dos principais contributos ocorridos até ao século XVIII para compreender a importância da cor em artes visuais. Neste número vamos analisar alguns dos principais contributos ocorridos desde então. No século XIX decorreram avanços importantes em diversos planos do estudo da cor, com influências para o desenvolvimento das artes visuais. Em termos da química da cor, destaca-se o trabalho do químico Chevreul que, em 1839, publicou “A Lei do Contraste Simultâneo de Cor” e, em 1855, apresentou o seu diagrama cromático, baseado no modelo das cores primárias RYB (“red, yellow, blue”), mostrando a complementaridade entre elas. Por seu turno, o conhecimento do funcionamento da visão tricromática deve-se aos trabalhos realizados pelo físico James Maxuell e pelos fisiólogos Thomas Young e Herman Helmholtz. Em particular, Maxuell, ao definir o fluxo luminoso como radiação eletromagnética, juntou a hipótese fotoquímica com a hipótese fotoeletríca. Aplicando os princípios que formulou, reproduziu pela primeira vez em 1861 aquela que é considerada a primeira fotografia colorida, utilizando filtros vermelho, verde e azul e sobrepondo as três imagens assim obtidas por síntese aditiva. Desta forma inaugurou o método da seleção de cores, isto é a decomposição das cores naturais nas três cores primárias. Destaca-se ainda no século XIX o trabalho de Goethe, um conceituado escritor e poeta que se interessou pela questão da cor e que contrariou a teoria de Newton. O seu interesse

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pelas cores começou após uma viagem a Itália, em 1786, em que teve um contato direto com a pintura renascentista. O livro de cerca de 1.400 páginas sobre a teoria das cores (“Zur Farbenlehre”), de Goethe, foi publicado em 1810. A sua principal objeção em relação a Newton era que a luz branca não poderia ser constituída por cores, pois cada uma destas é mais escura que o branco, defendendo que as cores seriam o resultado da interação da luz com a “não luz” ou escuridão. Assim, a experiência da luz decompor-se ao passar através dum prisma de vidro foi por ele explicada por o vidro enfraquecer a luz branca. Outra das suas conclusões foi que os objetos brancos parecem maiores que os pretos. Assim, enquanto Newton estudava as cores como um fenómeno puramente físico, Goethe evidenciava que as sensações de cores são moldadas pela nossa percepção e pela forma como o cérebro processa as informações. Goethe colocava a questão, “de que vale olhar sem ver?” (cit. em Pedrosa, 2009). Desta forma, retoma a ideia de Kepler, do final do séc. XVI, o qual separava o problema físico da formação das imagens retinianas (o mundo visto) dos aspetos psicológicos da percepção (o mundo percebido). Defendia que o olhar é sempre crítico e que ao olharmos já estamos a teorizar. A cor não seria apenas a luz, mas também a paixão do olhar na forma como construímos o mundo visível, a partir do claro, do escuro e da cor. O discurso de Goethe era simultaneamente científico e poético, pois considerava que seria esta paixão que tornaria possível que a pintura fosse capaz de produzir, no plano, um mundo visível mais perfeito do que o mundo real (Pedrosa, 2009). As ideias de Goethe sobre as cores tiveram um importante impacto sobre o trabalho de vários artistas. Em particular, um pintor muito influenciado pelas ideias de Goethe foi Turner, o qual produziu inclusivamente uma pintura intitulada “Luz e Cor (Teoria de Goethe)” (1843). Para além de Goethe, as descobertas ocorridas no estudo da

fotos: d.r.

Pintura “Luz e Cor (Teoria de Goethe)”, de Turner (1843), parcial

cor no século XIX tiveram uma influência particular sobre os impressionistas, com o revolucionário posicionamento dos artistas perante a natureza, procurando mais luz e cor, e com o processo técnico de pequenas pinceladas de cor na tela. Desta forma, os impressionistas opunham-se à arte de ateliê que buscava os seus temas fundamentalmente à história e à mitologia, sendo dominada por cores sombrias, numa

iluminação artificial. Como afirmava Riviere, em 1877: “Tratar um tema pelas cores e não pelo assunto em si é o que distingue os impressionistas dos outros pintores” (cit. em Walther, 2006). Os quadros impressionistas eram pintados diretamente no local do seu tema, em geral a natureza. Nas palavras de Émile Bernard: “pintar ao natural não é copiar o objeto, é realizar sensações” (cit. em Pedrosa, 2009).

Além disso, procurava-se representar a realidade circundante tal como é vista pelo próprio artista, traduzindo este na tela, não o retrato, mas sim a impressão do que está a ver, expressando na tela essas impressões de luz, cor e movimento. O quadro “Impressão ao nascer do sol”, de Monet (1873), é em geral apontado como marcando o início do impressionismo e como tendo dado origem à designação deste movimento artístico. A arte deveria ser um prazer para o artista, sendo esta autonomia da criação pessoal cada vez mais importante na concepção da “arte pela arte”. De acordo com Santaella (2009), os impressionistas criaram uma nova ordem de visualidade baseada nas impressões coloristas constantemente mutáveis. A decomposição das cores impressionistas foi depois transformada num sistema teórico pelos neoimpressionistas, em particular a partir do pontilhismo ou divisionismo de Georges Seurat, sobretudo influenciado por Chevreul. Neste caso, a imagem numa pintura era conseguida através de pontos ou manchas de cor que interagiam no plano ótico, em vez de serem misturadas como pigmentos, o que se pressupunha permitir conseguir o máximo de luminosidade. O início do século XX é pleno de manifestações artísticas em que o uso da cor é também um aspeto essencial. Em 1903,

Pintura “Impressão ao nascer do sol”, de Monet (1873), parcial

agrupados em torno de Henri Matisse, os fauves (“selvagens”) intensificaram a independência das cores que irradiam como potência autónoma das formas, enquanto, em 1905, os expressionistas alemães proclamaram o “olhar interno” para dar expressão aos efeitos dramáticos que a aparência do mundo desperta no artista. A cor começa a despontar cada vez mais como linguagem autónoma, independentemente do motivo, do tema ou da forma. Aprofundando as pesquisas da cor como linguagem autónoma, abria-se o caminho para a abstração pictórica com as obras de Frank Kupka, de Paul Klee ou de Vassili Kandinsky, entre outros. Nas palavras deste último, “em pintura cada cor é bela interiormente, porque cada vibração enriquece a alma” (Kandinsky, 1954). Ele acreditava que a cor podia ser usada numa pintura como algo autónomo e distanciado de uma descrição visual de um objecto ou de uma qualquer forma. Em 1910 pintou a sua primeira “improvisação” completamente despojada de qualquer referencial externo e, entre 1911 e 1914, período em que fez parte do grupo designado “O cavaleiro Azul”, as suas pinturas foram compostas por massas coloridas largas e bastante expressivas, a partir de formas e linhas que já não serviam para delimitá-las. Kandinsky estabeleceu paralelismos entre a pintura e a música, acreditando que as cores, tal como as melodias e os sons, poderiam provocar diferentes emoções. Durante o século XX, até à atualidade, ocorreram ainda vários contributos relevantes no âmbito do estudo da cor para as artes visuais, os quais analisaremos no próximo número. Este artigo integra o livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt). Todas as receitas obtidas com a venda deste livro revertem a favor da compra de uma mesa de gravura para o curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve. Pode ser adquirido na Fnac de Faro

“OLHÃO DA RESTAURAÇÃO” Até 28 OUT | Biblioteca José Mariano Gago - Olhão Apenas com o auxílio de uma caneta Conceição Pires percorre a cidade de Olhão, traçando com precisão e delicadeza no papel os vários edifícios e locais históricos

“RAPSÓDIA DE PINTURA” Até 29 OUT | Casa dos Condes - Alcoutim Ana Bela Silva Vieira reside em Sanlúcar do Guadiana, onde tem uma galeria de arte. Foi na vizinha povoação espanhola que começou a pintar com mais frequência


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Momento

António Zambujo no Festival F Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

Precisão no tempo e espaço na Natureza

Mauro Rodrigues Membro da ALFA

Quando olhamos para a Natureza, parece-nos tudo um bocado desorganizado, mas na verdade ela tem por debaixo da sua pele, uma arquitetura tão precisa que por vezes até assusta quando começamos a pensar verdadeiramente sobre ela. Mesmo que o Homem plante as suas estruturas na paisagem, ela modifica-se e adapta-se criando equilíbrio, para sustentar um sistema. Este equilíbrio é formado por padrões que se repetem ao longo do tempo, 365 dias por ano, uma vez que o planeta Terra roda em função da proximidade da Lua e do Sol. Com tanta precisão no

espaço e no tempo, basta aos fotógrafos aproveitar estes padrões que se repetem de ano para ano para capturar

os seus melhores momentos que podem ser antecipados com uma precisão quase diária e nos mesmos sítios do

costume. Não quer dizer que possa carregar a mochila com as suas lentes favoritas e partir para a aventura do

desconhecido encontrando aleatoriamente beleza em sítios improváveis, o que será certamente recompensador,

mas também pode ser uma perda de tempo a longo prazo e nos tempos que correm, tempo é dinheiro. Já na parte da composição da fotografia de Natureza, tentem sempre preenchê-la com elementos interessantes, obriguem o olhar a descobrir tudo o que vos apaixonou naquele local que visitaram, percam tempo com os seus padrões, texturas, cores e linhas. Em termos de equipamento prefiram objectivas grandes angulares, macro e teleobjectivas de grande alcance. Consultem a Meteorologia dias antes, utilizem igualmente um referenciador GPS para catalogarem locais, adquiram galochas e protecções para a câmara e não se esqueçam dos filtros, tripé e flash para compensar as sombras quando necessário. Agora, façam favor de ser curiosos, investiguem os padrões da Natureza e planeiem as vossas fotografias com antecipação.


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Sala de leitura

Isso é tudo muito bonito, mas… (reflexões sobre Cultura) foto: projecto "troika"]

Paulo Pires

Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt

Ainda vão pairando amiúde sobre (cert)a opinião pública e (cert)o meio político dois fantasmas/estereótipos (entre outros) em torno do tema “Cultura”: o sector cultural visto sobretudo como fonte de despesa, de empréstimo, de subsidiodependência; e o eixo Cultura-Criatividade como universo que não gera riqueza efectiva e que, portanto, não tem expressão/repercussão económicas relevantes. A própria palavra “cultura” tem perdido eficácia e parece constituir, ainda hoje, uma espécie de amálgama indiferenciada ou melting pot, difuso e etéreo, cujo impacto se afigura muito subjectivo, não sendo fácil aferir o seu valor intrínseco (o ensaísta e gestor cultural António Pinto Ribeiro insiste há muito nestas ideias). Paralelamente, tem-se vindo a assistir ao longo dos últimos anos a uma notória desvalorização da cultura do ponto de vista quer simbólico (extinção do Ministério da Cultura), quer político-ideológico, o que se espelha, entre outros aspectos, no peso (leveza?) orçamental da área cultural, no consequente (e patente) subfinanciamento do sector e, acima de tudo, na ausência de uma verdadeira política cultural. Falta uma estratégia e uma prática que realmente coloquem o enfoque: na importância da mediação do sistema de relações entre os cidadãos enquanto principais fruidores e receptores da cultura (refiro-me às economias emocional e simbólica da mesma, e não apenas à sua dimensão friamente numérica/ contabilística, pragmática, material); numa maior autonomia (de programas, gestão, equipamentos, etc.); num plano equilibrado e sensato, socialmente justo, de distribuição de recursos financeiros e de investimentos na cultura; e numa urgente reformulação da linguagem (e do modo explicativo) oficial re-

lativamente ao mundo artístico (criadores, obras, intérpretes, etc.) e aos moldes e condições específicos de apoio e comparticipação do mesmo. Essa banalização do “cultural” (saco onde tudo parece caber com uma coerência por vezes “espantosa”) originou uma visão claramente redutora do campo criativo e artístico, visto politicamente, a nível do Governo, como algo que aparentemente pode ser equiparado/comparado, de forma indistinta, segundo os mesmos critérios, a áreas de natureza muito diferente e diversa como a Saúde, Defesa, Ordenamento, Agricultura, etc. A visão neoliberal subjacente à governação mais recente é ilustrativa deste estado de coisas, em que o “chip” da Direita assenta claramente – como o já aludido Pinto Ribeiro explanou recentemente ao analisar os programas eleitorais dos principais partidos – na rentabilização patrimonial, no lucro, numa crescente alienação da gestão pública (“chutando a bola” para o mecenato e outros terceiros), no entretenimento; em suma, no “economês”. Acontece, porém, que a actual Secretaria do Primeiro Ministro para a Cultura (oficialmente: “Secretaria de Estado da Cultura”) apresentou recentemente a primeira Conta Satélite da Cultura 2010-2012 elaborada em Portugal, cujos números e conclusões foram divulgados publicamente a 27 de Agosto deste ano. É de

recordar, curiosamente, que esta medida constituía uma das recomendações finais, a nível da vertente de promoção da qualidade da informação estatística sobre a Cultura, do estudo apresentado em 2010 sobre O Sector Cultural e Criativo em Portugal, então elaborado pela Augusto Mateus & Associados a pedido da ministra da Cultura Isabel Pires de Lima. Na altura, o objectivo foi (de)mo(n) strar, e bem, o importante peso da cultura e da criatividade na economia portuguesa. Alguns números então avançados: no ano de 2006 o sector cultural e criativo originou um valor acrescentado bruto (VAB) de 3,691 milhões de euros e empregou cerca de 127 mil pessoas, sendo responsável por 2,6% do emprego e por 2,8% da riqueza então criada em Portugal. Entre 2000 e 2006 a Cultura gerou assim cerca de 6500 postos de trabalho. Os números da recente Conta Satélite – Portugal é o quinto país a ter este instrumento, depois da Polónia, Finlândia, República Checa e Espanha – evidenciam que, para o período entre 2010 e 2012, as actividades económicas culturais representaram 2% do emprego nacional, ou seja, cerca de 88 mil pessoas (mais do que as indústrias alimentares, agricultura e seguros), valendo 1,7% do VAB da economia portuguesa, o que significou um retorno de 2,7 mil milhões em três anos de crise económica. Os valores são, contudo, muito

O futuro da Cultura e a incerteza dos dias... díspares conforme o subsector cultural/criativo: no universo audiovisual e na multimédia as remunerações são maiores (50,9% acima da média nacional), sendo que no extremo oposto figuram as artes visuais, com um salário 12,5% inferior à média. O sector dos livros é o que emprega mais pessoas (36,6% do total) e gera mais riqueza (33,2%), seguindo-se o audiovisual e multimédia com, respectivamente, 11,7% e 22,6%. Um terço do total das 66 mil entidades culturais analisadas integra-se na área das artes e do espectáculo. Artes visuais, arquitectura, bibliotecas e arquivos são os segmentos que geram menos riqueza com, respectivamente, 5%, 4,5%, 2,1% e 1%. Comparando com o estudo referente ao período 2000-2006, regista-se uma queda de 0,6% em termos de emprego e um decréscimo de 1,1% no tocante à riqueza produzida (VAB). Perante estes dados, o actual Secretário de Estado da Cultura conclui, por um lado, que o saldo é positivo, visto que os resultados são a prova inequívoca de que “a cultura existe num raciocínio de receita, de criação de riqueza” (mudando-se, segundo ele, o paradigma habitual relativo ao sector, tradicionalmente encarado numa óptica de despesa, e dissipando assim a visão da cultura como bem de mercado), afirmando também que é importante que, no futuro, “a cultura tenha a possibilidade de

melhorar o seu orçamento para ser compatível com o desenvolvimento cultural de Portugal”, sem deixar ainda de, pelo meio, ir ressalvando que a quantificação da cultura, expressa em indicadores (como esta conta), acaba necessariamente por ter aspectos positivos e negativos. Ora, isso é tudo muito bonito, mas… a verdade é que, nas suas principais linhas (naquelas que realmente são decisivas; não nas laterais ou secundárias, que por vezes servem sobretudo/também para alimentar malabarismos e foguetórios retóricos), a “política” governamental seguida nos últimos anos relativamente à Cultura tem primado, em grande medida, pela ausência de pensamento e acção, isto salvo raras e honrosas excepções. Desinvestimento, desresponsabilização (aliada a uma centralização excessiva e a uma clara redução de competências e recursos importantes ao nível de vários organismos de gestão intermédia e periférica), paralisia e até retrocesso têm constituído, muitas vezes, a tónica da intervenção cultural estatal mais recente. Se a ideia da Conta Satélite da Cultura é interessante, útil e meritória, já o facto de a actual tutela vir repisar, em véspera eleitoral, uma série de questões-chavões que há muito se sabe serem pertinentes, reais e inadiáveis (e dos quais os próprios governantes têm, no fundo, plena consciência) não deixa de soar a artificial,

contraditório e até humorístico – daí o título deste texto. Estes estudos não podem servir sobretudo para “mais do mesmo”, ou para calar momentaneamente as vozes da oposição, ou para depois serem colocados na gaveta sem consequência prática em termos de reflexão e acção governativas. De que serve dizer/ assumir, na teoria, que a cultura não pode ser mercantilizada nem vista como mais um (entre muitos) sorvedouro de despesa, se a prática nos mostra que tem sido esse, em larga medida, o paradigma e modus operandi, implícita ou explicitamente assumidos, dos actuais governantes? Como diria um provérbio chinês, somente os tolos exigem a perfeição; os sábios contentam-se com a coerência. Ao invés, o que observamos é que, de uma forma aparentemente muito consciente/lúcida mas no fundo artificial e ilusória, a tutela sempre vai “dando uma no cravo e outra[s] na ferradura”, acabando por adiar o problema e empurrar o tempo para diante como empurra um atrasado (Almada Negreiros). Face a este cenário são várias (e até conciliáveis) as leituras possíveis: uma evidente impreparação e insensibilidade de certas “cabeças pensantes” para a área cultural?; ou uma perigosa banalização e alienação públicas relativamente àquilo que se entende por “cultura” e “cultural”?; ou uma assustadora amnésia colectiva, uma falta de memória relativamente ao passado recente, a qual parece ser transversal a sectores da classe política e da própria comunidade por razões diferentes (aquela já quase por [perverso e útil] automatismo, esta por desinteresse/indiferença), mas ambas “inquietadoras” (no sentido menos positivo de um adjectivo que tem tudo a ver com o que a cultura acrescenta à vida humana)?. O mais preocupante é como tudo isto vai propiciando uma gradual suspensão da criação (diariamente e em permanência) de um futuro para o colectivo, que somos todos nós. Uma coisa é certa: a cultura, a arte, a criatividade constituem o mais precioso sal que (re)inventa os dias, e a mais silenciosa, invisível e misteriosa criação humana. Isso, sim, é muito bonito (sem “mas”).


Cultura.Sul

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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Outubro sobram. Aproveitando essa réstia de ar ameno, de céus despejados, unicolores, que dão segurança, estabilidade, ao olhar por entre o deslizar no fio da vida.

Pedro Jubilot

Transição

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

areal, os livros espalhados pelos espaços do dia, e o sorriso pachorrento que não conseguimos disfarçar. Neste recuar do litoral, o rosto sente-se já mais organizado no olhar que procura os relógios. As mãos arrumam os livros em pilhas, e os espaços fechados tomarão conta do pensamento.

Sons já digeridos, descatalogados, perdidos no século de antes. Caio assim bem no passado. Não é saudade ou nostalgia. Mas só de lá se vem mais preparado para o futuro.

Dia novo

Sol de pedra, rio transparente

«Poesia a Sul» fotos: d.r.

A poesia ocorre no encontro «Poesia a Sul» - Olhão’15, até 17 de outubro e conta com a presença de Manuel Alegre, Nuno Júdice, Teresa Rita Lopes, Manuel Moya, Amadeu Baptista, Fernando Cabrita, Fernando Esteves Pinto, entre muitos outros. Recitais de poesia, debates, apresentações de poetas e livros, feira do livro, música ao vivo, poesia na rua e nos bares, exposições de pintura. Atrevam-se, apareçam, e vão descobrir todo um mundo fascinante de palavras e amizade que perderam todos estes anos só porque a palavra poesia vos tem assustado desde a infância como o bicho papão. É com ela, pelo contrário, o mais próximo que se pode estar da liberdade, em tempos de crises.

Na abertura do dia novo, no enlevo da manhã mais fresca e cinzenta, temos a visão de tudo continuar a acontecer na nossa presença, embora esta pareça uma razão tão forte como qualquer outra na abertura de um dia novo.

125 anos de Álvaro de Campos Custa-me esta transição a que a natureza me traz (como) sujeito que é o privar-me desta liberdade ainda que aparente que o estio me dá. De me perder nos dias, errar nas horas, esquecer nos minutos. Estar aliviado de relógio e pesado de nada fazer. Transportar o corpo em roupas leves e levá-lo para junto do mar.

Afastar

Mesmo debaixo de um sol assim de pedra viu nascer a esplendente flor. Ao atravessar o rio transparente perdeu a sandália ao deparar-se com uma palavra eterna.

Aquela máquina

Segundo verão

A sul é ainda tempo de viver no segundo verão que se deixa ficar nos dias que já se encurtam de sol, mas aquecendo nas horas que

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No arrefecer das noites e das manhãs pressentimos a vida imaginária dos meses prévios a afastar-se do quadro dolente, suave e impermanente com que preenchíamos os dias nas horas de sul – onde deixamos os corpos ao acaso no

A manhã refresca-se ao som metálico e seco da máquina de escrever premidas as suas teclas.

Decorrem este mês de outubro na sua terra natal, as comemorações do nascimento do poeta Álvaro de Campos (Tavira, 15 outubro de 1890), com diversas actividades culturais espalhadas por vários espaços da cidade, mas com grande parte dos acontecimentos centrada na sede da associação Casa Álvaro de Campos – Tavira, situada na rua da galeria, 9-C (antigo posto de turismo). Exposições de pintura, recitais de poesia e música, e ainda a presença de Teresa Rita Lopes e Manuel Moya, grandes especialistas na obra de A. Campos.

“CONCERTO PELOS AL MOURARIA” 31 OUT | 21.30 | Teatro Municipal de Portimão Grupo vai apresentar ‘Fado World Music’, um concerto no qual tocarão temas que fizeram parte dos álbuns anteriormente editados, assim como alguns clássicos

“A DANÇA DO EXISTIR” Até 31 OUT | Biblioteca Municipal de Loulé Exposição faz uma retrospectiva, em imagens, do trabalho coreográfico de Vera Mantero


10 09.10.2015

Espaço ao Património

Museu – Um trabalho com (e para) as comunidades através da Base de Dados Kit de Recolha de Património Imaterial, assim como uma exposição em torno do culto da Mãe Soberana.

Helga Serôdio

Técnica Superior (inventário) do Museu Municipal de Loulé

Os museus são espaços por excelência de transmissão de conhecimento do património cultural. As questões da educação e da mediação cultural são fundamentais para a valorização do trabalho de investigação dos museus. Estas duas áreas têm permitido ao longo das últimas quatro décadas que as coleções transcendam as vitrinas e interajam com o público. Através das coleções lêem-se as práticas, as representações, expressões, conhecimentos e saber-fazer de um período histórico e de uma comunidade – o que recentemente vimos apelidando de Património Cultural Imaterial, com a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (2003) da UNESCO e que Portugal ratifica em 2008. Os museus são os parceiros privilegiados neste trabalho sobre o Património Cultural Imaterial. Nesse sentido, o Museu Municipal de Loulé tem vindo a trabalhar na sua investigação e valorização. Queremos partilhar convosco quatro desses projectos. 1. A inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da manifestação religiosa Mãe Soberana é um trabalho que foi submetido com sucesso à Direção-Geral do Património Cultural. Um processo verdadeiramente participativo e colaborativo, tendo feito parte desta inscrição a paróquia de São Sebastião, Homens do Andor, Banda Filarmónica, Museu Municipal de Loulé e a comunidade louletana no seu todo. No âmbito desta inscrição foram desenvolvidas atividades junto dos alunos da Escola Mãe Soberana em que uma dessas atividades consistiu na introdução do KIT PCI, promovido pela DGPC/PCI, cujo objetivo passa pela sensibilização das gerações mais jovens para a valorização do património imaterial, nomeadamente na identificação e caracterização das tradições da sua comunidade e da sua divulgação on-line

2. “Desculpe, como me Chamo” é outra iniciativa que tem contribuído para a aproximação de novos públicos. Trata-se de um encontro mensal, que decorre na primeira quarta-feira de cada mês, em torno da identificação de rostos que se foram retratando ao longo de quarenta anos num dos mais frequentados estúdios de fotografia louletanos – Estúdio Guerreiro Padre – tem fidelizado um público “sénior”. Estes encontros decorrem ao sabor de chá e biscoitos, onde o público participa, discutindo as identidades daqueles rostos e noutro momento, os presentes identificados nas sessões anteriores relatam as suas estórias em torno da sua fotografia. Esta atividade tem tido sucesso, na medida em que os participantes evocam as suas memórias com certa emoção e acabam por, elas próprias, trazer novos participantes. Desta forma conquistámos três objetivos: através da dinamização de uma coleção em reserva na Fototeca do Museu, que conta com cerca de 70 mil fotografias em diversos formatos, conseguimos a identificação de alguns rostos e a relevância que estes tiveram na comunidade; a recolha de testemunhos na primeira pessoa de como eram as vivências e os costumes entre a população nesse período (registados em vídeo e por escrito). E com este, fica também atingido um dos objetivos comuns aos museus, que é a sua constante renovação a partir de novas dinâmicas e de novos públicos. 3. “No meu tempo…” é uma rubrica divulgada na Agenda Municipal, de edição mensal

gratuita e com uma tiragem de 10 mil exemplares. Sendo esta publicação um veículo de comunicação por excelência, dado que a sua versão impres-

fotos: d.r.

Workshop "À Roda do Oleiro" tiva tem tido uma boa adesão do público, cujas contribuições à Fototeca têm vindo a crescer e desta forma temos conseguido, não só enriquecer o acervo do

Desculpe Como me Chamo sa chega a todos os recantos do concelho e a todo o tipo de público, apostámos nesta iniciativa, que publica bimestralmente uma fotografia doada ao nosso arquivo fotográfico. Esta inicia-

nosso arquivo fotográfico, como também cativar a comunidade a colaborar com o museu. Desta forma, conquistámos a nossa posição junto da comunidade ao mesmo tempo que estamos

Festa da Mãe Soberana

a despertar o seu interesse para este património que é de todos. 4. A revista RAIZES (foram editados três números) pretende promover e divulgar as tradições, estórias, lugares e pessoas louletanas que contribuíram para a construção coletiva da identidade da nossa comunidade. Temos, com esta iniciativa, conseguido uma aproximação da comunidade local, que ao ver-se retratada na revista, tem vindo a despertar o seu interesse para as iniciativas desenvolvidas pelo museu e com elas colaborado. 5. Por fim, resta referir que todo este trabalho contribui para o projeto Loulé Criativo e, especificamente, o Turismo Criativo, sendo Loulé a primeira cidade portuguesa a integrar a Rede Internacional de Turismo Criativo. Aqui o Património Cultural Imaterial é trabalhado como motor de desenvolvimento económico e social da comunidade. Terminamos inspirados nas palavras de Pais de Brito (2009): “Que vozes guardam os museus? Que vozes ele deixa ouvir? Com que vozes fala, comunica? E, ao fazê-lo, como constrói o lugar que ocupa, os lugares do mundo que habitamos?”. São estes os desafios diários que se nos colocam e é para lhes dar resposta e fazer novos questionamentos que continuamos a trabalhar na preservação, construção e valorização do património cultural imaterial do concelho de Loulé.

Cultura.Sul

Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Helga Serôdio Mauro Rodrigues Óscar Caeiro Pinto Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 7.798 exemplares


Cultura.Sul

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Da minha biblioteca

Estética, técnica e ética: guiados por António Branco foto: josé bandeira

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Esta página tem tido poucos artigos sobre obras de não-ficção, mas hoje reequilibro um pouco, ao escrever sobre o livro que António Branco (professor da Universidade do Algarve e seu atual reitor) publicou recentemente, intitulado Visita Guiada ao Ofício do Ator: um Método (Grácio Editor). Esta obra tem duas partes distintas: uma primeira, em que contextualiza a sua experiência teatral, a criação de um mestrado nessa área e consequente criação de um grupo de teatro, a assunção de pertença a uma determinada linhagem, da qual é um dos seus elos, estruturada sob a figura tutelar de Fernando Amado, através da atriz Manuela de Freitas. Aí se apresentam e discutem conceitos fundamentais, como os de genealogia, linhagem, autenticidade, ética, estética, técnica, mas também descrições de exercícios e outros aspetos práticos do ofício de ator, próprios de uma visita guiada (algo diferente de um manual). A segunda parte é composta por todos os documentos possíveis de obter sobre a atriz Manuela de Freitas, desde entrevistas que deu na televisão ou em encontros vários e que aqui são transcritas pela primeira vez, a textos por ela escritos e dispersos. Ficamos a saber muito sobre a sua vida como atriz e quais os valores sobre os quais fundou a sua postura no teatro. A Peste Apesar de ter estado cerca de 23 anos sem fazer teatro, António Branco nunca perdeu a von-

tade de voltar. Só não o fez mais cedo, porque não tinha conseguido reunir as condições que ele próprio exigia: ter um grupo de teatro e não um grupo onde ir fazer teatro. Um grupo que fosse constituído não por «uma massa informe, mas por indivíduos o mais distintos possível, assim se tornando num coletivo onde ‘cada um tem de ser sempre melhor e exprimir-se cada vez melhor, para melhor servir a comunidade’, o que necessariamente ‘implica permanente vigilância e disponibilidade, estar sempre a começar do princípio, a percorrer sempre caminhos desconhecidos de relacionamento, de autoconhecimento e de expressão’». Com a criação, em 2006, do grupo A Peste (acrónimo de Associação de PESquisa TEatral), resultante da vontade de vários alunos que tinham terminado o Mestrado em Educação Artística e de outros que se lhes juntaram, as condições estavam criadas para que pudesse voltar a ser ator, vindo a exercer ainda outras funções, como as

António Branco publicou recentemente um livro sobre teatro

de encenador, diretor de atores e dramaturgista (responsável, entre outras coisas, pelo estudo e preparação do texto a ser levado à cena). A linhagem teatral – uma «visita guiada»

As palavras atrás citadas pertencem à atriz Manuela de Freitas, uma personalidade rara no panorama nacional a quem este livro presta uma homenagem, chamada pelo autor de «mestra». Manuela de Freitas é também conhecida como poetisa, autora de numerosos poemas cantados pelo fadista Camané, mas a sua vida foi dedicada ao teatro e ao cinema, tendo entrado em filmes de Manoel de Oliveira, Jorge Silva Melo e, principalmente, de João César Monteiro. Mas o que é isto de linhagem e de mestres (e, necessariamente, de discípulos)? António Branco explica como a sua genealogia teatral remonta a Stanislavski, autor (encenador

e ator russo, falecido em 1938), que desenvolveu um «sistema» de interpretação para atores, a partir do qual muitos outros foram criando escolas. A mais conhecida é a americana Actors Studio, fundada por Lee Strasberg (autor do «método»), pela qual passaram alunos como Marilyn Monroe, Alec Baldwin ou Uma Thurman. A partir de Stanislavski gerou-se uma «constelação», da qual faz parte a linhagem onde António Branco se insere, que remonta a Hedy Crilla (1898-1984, atriz austríaca exilada na Argentina, que aprendeu o «sistema» através dos livros do autor russo), com quem Adolfo Gutkin (nascido em 1936 em Buenos Aires e naturalizado português) trabalhou e que foi uma das grandes referências de Manuela de Freitas que, por sua vez, foi (é) a mestra de António Branco. Para este método de Manuela de Freitas, é decisivo o encontro inicial com Fernando Amado (uma história

contada no livro, com muita graça). António Branco esclarece as três linhas de força que formaram a atriz: «um princípio ético começa por ser ensinado por Fernando Amado; depois, Adolfo Gutkin ensina a operacionalizá-lo através de uma técnica; finalmente, João Mota dá-lhe uma configuração estética» (p.88). Sobre a «visita guiada» que proporciona aos seus alunos e que partilha connosco, o autor esclarece que foi dirigida por uma conceção «ética, estética e técnica do Teatro, baseada na conjugação dos ensinamentos de vários criadores e mestres do séc. XX: Gordon Craig, Constantin Stanislavski, Antonin Artaud, Bertolt Brecht, Fernando Amado, Jerzy Grotowski, Peter Brook, Adolfo Gutkin e Manuela de Freitas» (p. 167). Autenticidade O que se procura com esta linhagem teatral? Situar-se

numa «constelação», aceitar que essa é a sua origem, sem que por isso deixe de encontrar um caminho próprio. Uma das questões fundamentais (à qual este livro dá um importante relevo) é a da autenticidade (ou jogo autêntico), ideia que se opõe a fingimento. Um exemplo curioso que nos é relatado por António Branco passou-se com Stella Adler (1901-1992 – professora que, originalmente, trabalhou com Strasberg, mas depois de conhecer pessoalmente Stanislavsi, em 1934, afasta-se do «método» e cria o seu próprio conservatório, onde estudaram atores como Marlon Brando, Dustin Hoffman ou Robert De Niro) e exemplifica esta diferença: «Corre a seguinte lenda sobre Marlon Brando, a propósito de uma improvisação realizada durante uma aula: um dia, Stella Adler pediu aos seus alunos que se comportassem como galinhas, acrescentando, em seguida, que uma bomba estava prestes a cair sobre eles. A maior parte dos alunos começou a correr desesperadamente de um lado para o outro, mas Marlon Brando sentou-se, calmamente, a pôr um ovo. Quando, no final do exercício, Stella Adler pediu a Marlon Brando que explicasse o seu comportamento, ele terá respondido: «Sou uma galinha: que sei eu de bombas?». Este livro é único no panorama português e não poderá ser desconhecido daqueles que estudam teatro, pois através dele poderão aprender «um conjunto de princípios e práticas extintos no teatro profissional português, mas que, em determinado período, estiveram fulgurantemente vivos». Mas não só: para além dos profissionais da área, também se dirige «a todo o tipo de pessoas que queiram levar consigo uma conceção da arte que persegue as grandes questões da vida» (p.206). Levarei.

“DO DIA-A-DIA” Até 31 OUT | Galeria do Convento do Espírito Santo - Loulé Exposição de pintura e instalação de Alfredo Revuelta, que integra a colecção de Marie e Volker Huber

“ESPECTÁCULO DE RICARDO MARTINS” 9 OUT | 21.30 | Cine-Teatro Louletano Ricardo Martins apresenta o seu primeiro trabalho de guitarra portuguesa, numa noite especial dedicada ao Fado

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