POSTAL 1156 - 5 FEV 2016

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EM FOCO

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt

Fagar revoluciona contentorização de lixo em Faro Projecto previsto para a zona central da cidade é alargado a todas as zonas urbanas das freguesias do concelho Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A FAGAR VAI SUBSTITUIR TODOS os contentores de lixo de

superfície das áreas urbanas do concelho de Faro por subtainers (contentores enterrados de grande capacidade). O projecto abrange todos os contentores de lixo indiferenciado de toda a cidade de Faro e ainda os situados nas zonas urbanas das três freguesias do concelho fora do perímetro da cidade. Trata-se de uma extensão do projecto já anteriormente aprovado de substituição de contentores por subtainers na área do centro da cidade de Faro - que abrangia todo o perímetro urbano abaixo da primeira circular da cidade (constituída pelas ruas Aboim Ascensão, Cândido Guerreiro e José de Matos) e ainda as avenidas Calouste Gulbenkian e 5 de Outubro - e que ganha agora uma dimensão muito mais relevante e global. A intervenção promete revolucionar por completo o aspecto da cidade e zonas urbanas das freguesias retirando o impacto visual associado aos tradicionais contentores de superfície.

OS NÚMEROS E AS DATAS DO PROJECTO A empresa munici-

pal responsável pelo abastecimento de água, saneamento, limpeza e recolha de resíduos sólidos urbanos do concelho de Faro, que inicialmente previa substituir 250 contentores, vai agora substituir cerca de mil contentores. O programa, dividido em duas fases, já colocou o primeiro conjunto de subtainers (na Rua da Alfândega) e avança de imediato com a substituição dos subtainers mais

antigos da cidade. “Vamos inicialmente proceder à substituição dos subtainers mais antigos da cidade, alguns com capacidade de utilização já muito reduzida, uma vez que neste caso trata-se apenas de substituir os conjuntos enterrados, enquanto se criam as condições técnicas para avançar com as escavações necessárias à instalação dos novos subtainers”, referiu Paulo Gouveia da Costa em declarações ao POSTAL. “Até ao início de Abril contamos avançar com a implementação dos novos subtainers. Neste caso, o trabalho de preparação é moroso, uma vez que a localização tem de ser cuidadosamente escolhida por forma a evitar o conflito com as inúmeras infra-estruturas enterradas no subsolo da cidade, pertencentes às empresa de energia, gás e telecomunicações, e também as nossas próprias condutas e colectores”, precisa o responsável da Fagar, esclarecendo que os trabalhos em toda a zona abaixo da primeira circular e nas duas principais avenidas da cidade deverão ficar concluídos até ao fim do terceiro trimestre do ano. Na segunda fase, que avançará no terceiro trimestre do ano, a Fagar substituirá então os contentores das zonas a norte da primeira circular e zonas urbanas das freguesias. A duração previsível de cada uma das duas fases previstas para a contentorização será de um ano, após o respectivo início.

D.R.

FOTOS: D.R.

Ô Paulo Gouveia da Costa considera o projecto determinante para a melhoria da qualidade ambiental da cidade ao investimento do Estado e da União Europeia passa agora para 1,8 milhões de euros. Este projecto resulta assim de uma candidatura realizada pela empresa ao Fundo Jessica, uma ferramenta financeira de requalificação urbana, em que a empresa municipal liderada por Paulo Gouveia

da Costa conseguiu maximizar exponencialmente o aproveitamento dos fundos ainda disponíveis.

AUTARQUIA ESTÁ A TENTAR QUE A ALGAR ACOMPANHE A RENOVAÇÃO NOS CONTENTORES DE LIXO PARA RECICLAGEM O autarca farense quer que a Al-

RICARDO CLARO

FAGAR APROVEITA AO MÁXIMO FUNDOS DISPONÍVEIS NO JESSICA Recorde-se que a FAGAR

tinha visto aprovado no projecto inicial um financiamento de meio milhão de euros, valor que graças à estratégia da empresa de acompanhamento permanente dos fundos disponíveis nas ferramentas de apoio

Ô Os novos subtainers a instalar em Faro

gar, responsável pela recolha de resíduos para reciclagem e valorização, acompanhe este esforço da autarquia. “Estamos a tentar que pelo menos nas zonas de maior impacto visual a Algar avance também para a instalação de subtainers, um trabalho que temos vindo a desenvol-

Fagar aposta em subtainers mais modernos Ô A empresa municipal farense aposta na instalação de contentores enterrados (subtainers) mais modernos na substituição dos contentores de superfície e mesmo dos subtainers mais antigos. Os novos equipamentos têm melhor isolamento de odores e permitem um melhor controlo dos líquidos libertados pelos lixos domésticos, evitando assim dois problemas que afectam a salubridade e saúde pública da cidade e melhorando qualitativamente a contentorização dos lixos para recolha.

ver com a empresa e que esperamos possa acompanhar o investimento feito pela Fagar”, referiu Rogério Bacalhau ao POSTAL. O presidente da Câmara sublinha que “o projecto da Fagar trará uma significativa melhoria das condições de acondicionamento dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados na cidade”. “Temos noção é que mesmo na deposição de lixo as pessoas são mais cuidadosas nos contentores enterrados do que nos de superfície onde se acumulam muitos resíduos à volta das zonas de deposição” esclarece o autarca. “No que toca à limpeza geral e à qualidade ambiental e visual este é um passo significativo que a cidade dá e constitui uma importante mais-valia para Faro, que agora se estende não só à zona do centro da cidade, mas a todo o concelho”, refere o presidente da autarquia.

GANHOS EM SAÚDE PÚBLICA, EFICIÊNCIA E POUPANÇA Pau-

lo Gouveia da Costa realça aquilo que considera “determinante para a cidade e para os farenses” neste projecto, “a melhoria da qualidade ambiental da cidade, com a eliminação de odores e escorrências, quer pelo fim dos contentores de superfície em espaço urbano, quer pela eficiência dos novos subtainers a instalar” e “uma assinalável mais-valia em termos de condições de saúde pública, eliminando a exposição dos resíduos”. Para a Fagar “há também ganhos de eficiência na gestão dos circuitos de lavagem, recolha, e manutenção, com redução nas emissões de carbono”, remata o responsável.


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REGIÃO

Variante do Troto avança a todo o vapor pág. 5

Governo confirma electrificação da linha do Algarve

D.R.

Ministro não se compromete com ligação ferroviária ao aeroporto

Que desde a referida data, portanto há mais de vinte anos, sempre têm vindo a usufruir o dito prédio, cuidando-o e cultivando-o, no gozo pleno das utilidades por ele proporcionadas, com ânimo de que exercita direito próprio, sendo reconhecidos como seus donos, por toda a gente, fazendo-o de boa fé por ignorar lesar direito alheio, pacificamente porque sem violência, contínua e publicamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém. Que dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais Cartório Notarial em Loulé, da Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha, seis de Janeiro de dois mil e dezasseis A Notaria, Manuela Maria Palma Nobre Semedo Tenazinha Registada sob o nº. PA 29/2016 Factura nº N 27/2016 (POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

ção da electrificação da linha

Linha do Algarve:

Linha do Sul (Lisboa)

Troço a electrificar

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com o PETI 3+, estava prevista a electrificação integral da linha do Algarve, actualmente apenas electrificada entre Tunes e Faro,

MINISTRO VAGO NAS RESPOSTAS E DURO NAS CRÍTICAS AO ANTERIOR GOVERNO À excep-

Ol

O QUE ESTAVA PREVISTO PARA A LINHA DO ALGARVE De acordo

mizar o aproveitamento” dos fundos europeus nesta matéria e dando nota, repetidas vezes, daquilo que considera ter sido a actuação do anterior Governo que “planificou e fez versões optimizadas dos planos”, mas que de projectos e obra “fez zero”.

do Algarve as respostas do ministro Pedro Marques foram genéricas, não se comprometendo com obras concretas, antes preferindo sublinhar “o compromisso do Governo com o investimento na ferrovia” e o trabalho no sentido de “maxi-

Fa ro

Que adquiriram o prédio acima identificado, em data imprecisa, mas que sabem ter sido no mês de dezembro de mil novecentos e noventa e cinco, por compra efetuada por contrato meramente verbal e nunca reduzido a escritura pública, feita aos herdeiros da mencionada Joaquina Gonçalves, designadamente, Maria Celeste Martins Guerreiro e marido António Rodrigues Luísa, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Corte João Marques; Maria José Martins e marido António Joaquim Francisco, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residente em Faro; Maria da Conceição Martins Guerreiro, e marido Eduardo Gago Guerreiro, sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Faro; Maria Fernanda Gonçalves e marido Manuel António Gonçalves, sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no sítio das Mestras, e a Manuel Francisco Gonçalves e mulher Maria Afonso Gonçalves, sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no sitio de Tromelgo, Martinlongo, Alcoutim.

Ô O deputado Cristóvão Norte questinou o ministro do Planeamento

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Rústico, situado em Horta dos Marmeleiros, Mealha, Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, composto por terra de cultura, com a área de duzentos e trinta metros quadrados, confrontando do norte com José Rodrigues, do sul com caminho público, nascente com José Francisco da Palma e do poente com António Manuel, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 20 160, em nome da herança de Joaquina Gonçalves, com o valor patrimonial tributário de 3,90 euros, a que atribuem igual valor, omisso na Conservatória do Registo Predial de Loulé, conforme se infere da certidão de vinte e um de dezembro de dois mil e quinze com o número de requisição número seis mil quinhentos e oitenta e sete, emitida pela Conservatória do Registo Predial de Tavira respeitante à requisição treze mil oitocentos e sessenta e oito da Conservatória do Registo Predial de Loulé, de dezassete de dezembro de dois mil e quinze, que arquivo.

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Que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte prédio:

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Certifico, para efeitos de publicação, nos termos do disposto no artigo cem número um do Código do Notariado, que foi exarada hoje, neste Cartório, no livro número duzentos e treze, de notas para escrituras diversas, de folhas sessenta e nove, a folhas setenta, verso, uma escritura de Justificação, em que FRANCISCO AUGUSTO GONÇALVES, natural da freguesia do Ameixial, concelho de Loulé e mulher MARIA CUSTÓDIA DA SILVA GONÇALVES, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Avenida Parque das Cidades, Vivenda Azenha, Goncinha, freguesia de São Clemente, concelho de Loulé, contribuintes fiscais números 183 245 440 e 212 817 990, declararam:

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Manuela Semedo Tenazinha

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Notária

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Cartório Notarial em Loulé

e a construção de um ramal de ligação ao Aeroporto de Faro. O presidente da Refer, em Agosto de 2015, anunciava no Algarve a intenção de investimento de 120 milhões de euros na modernização da linha ferroviária da região, incluindo estas duas obras. Os trabalhos de electrificação da linha “devem iniciar-se em 2016”, dizia então Rui Loureiro, “estando a sua conclusão prevista para 2019, enquanto a obra para a ligação da capital algarvia ao aeroporto se deve iniciar em 2017, estimando-se a sua conclusão em 2021”. Recorde-se que no âmbito do PETI 3+ estavam destinados para os trabalhos de electrificação e construção do ramal do aeroporto 55 milhões de euros.

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confirmou, em sede de audição na Comissão Parlamentar Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas (na Assembleia da República), que a electrificação da linha ferroviária do Algarve - actualmente apenas electrificada entre Tunes e Faro, troço onde circula o Alfa Pendular - é um projecto para avançar. A confirmação da obra de electrificação da totalidade dos 140 quilómetros do eixo ferroviário foi dada a questões colocadas a Pedro Marques pelo deputado do PSD eleito pelo Algarve Cristóvão Norte. O ministro não se referiu no entanto a outro projecto, o da ligação ferroviária do Aeroporto de Faro à cidade de Faro, que a par da electrificação integrava o plano estratégico de transportes e infra-estruturas (PETI 3+) apresentado pelo anterior Governo de Passos Coelho. Da mesma forma ficou por saber, nas respostas genéricas que o titular do Governo deu às questões dos deputados, se a data prevista para arranque das obras de electrificação (ainda este ano) é para cumprir ou não.

Al

O MINISTRO DO PLANEAMENTO E DAS INFRA-ESTRUTURAS

La Po gos rti m ão Es tô m ba r Al Sil ca ve nt s ar ilh a

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

Troço electrificado

CAMPO DE REGATAS DE VILAMOURA

Torneio Internacional de Vela do Carnaval reúne mais de 400 atletas O 42º TORNEIO INTERNACIONAL DE VELA DO CARNAVAL decorre entre este sábado e segunda-feira no Campo de Regatas de Vilamoura. Está confirmada a presença em Vilamoura de mais de 400 velejadores repartidos pelas classes Optimist, 420 (PAN), Laser (Prova de Selecção) Radial,

Laser 4.7, Laser Std, Snipe e Dart, vindos dos mais prestigiados clubes nacionais, da Croácia, do Reino Unido, da Alemanha, da Irlanda, de Espanha, da Letónia, da Rússia, da Holanda, além de velejadores do Peru, do Brasil e dos Estados Unidos da América. Trata-se de uma das mais prestigiadas regatas que se disputam

em Portugal, este ano com o aliciante de em Junho o CIMAV ser anfitrião do Campeonato do Mundo de Optimist. O 42º Torneio Internacional de Vela do Carnaval, organizado pelo Clube Internacional da Marina de Vilamoura, faz parte do Programa de Animação de Carnaval no concelho de Loulé.

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Ô Torneio inicia-se no sábado


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REGIÃO

Carnaval de Moncarapacho promete alegria e diversão com entrada grátis pág. 6

Olhão inaugura skate park com muita animação Obra custou cerca de 60 mil euros e veio concretizar um sonho antigo da população D. R.

OLHÃO PASSOU A CONTAR desde o passado sábado com um novo skate park. A infra-estrutura foi inaugurada por António Miguel Pina, presidente da câmara olhanense, num dia em que houve muita animação, incluindo um campeonato nacional da modalidade e concertos musicais. “Majestoso”, assim se chama o novo Skate Park de Olhão, numa homenagem ao carril da linha do comboio, situado ao lado da actual estrutura e ali também representado, já que serviu durante muitos anos para os melhores skaters olhanenses praticaram e através do qual conseguiram “grandes feitos na modalidade”. Com concepção da empresa olhanense Park & Ride, a obra custou pouco mais de 60 mil euros, “muito menos do que os 400 mil que estavam previstos no projecto inicial”, fez questão de referir o autarca olhanense durante a inauguração. “Com pouco dinheiro fizemos uma

te noutras zonas da cidade. Este espaço é vosso. Usem-no da melhor forma!”, apelou o presidente da autarquia aos praticantes, garantindo: “Queremos trazer provas nacionais para este parque”.

VÁRIAS DEZENAS DE PRATICANTES DISPUTARAM CAMPEONATO NACIONAL Aliás, o primeiro dia

Ô Campeonato nacional de skate e concertos musicais marcaram a inauguração da infra-estrutura estrutura de qualidade, que muito nos honra. Apesar de não ter uma grande dimensão, tem tudo o que é essencial para a prática

da modalidade. É um dos melhores skate parks do país”, destacou o edil. “Agora os jovens skaters do

concelho, e não só, têm aqui um local onde praticar e já não será necessário andarem de ska-

do Skate Park de Olhão, localizado perto do porto de pesca e da zona industrial da cidade, começou em grande com um campeonato nacional, dividido em duas categorias: Sub 16 e Open, o que permitiu trazer à cidade cubista várias dezenas de praticantes da modalidade. O prémio principal ficou em casa, a provar que Olhão é uma terra de skaters. Nuno Relógio foi o grande vencedor do Open, mostrando o talento conquistado através de muitos anos de prática. Na mesma categoria, Pedro Roseiro, de Cascais, foi o

segundo classificado, e Rúben Gamito, de Santo André, conquistou o terceiro lugar. Este foi também o vencedor do prémio de melhor manobra (Best Trick). Na categoria de Sub16, o vencedor foi William (Loulé), seguindo-se em segundo lugar Tomás Murta (Olhão) e em terceiro Diogo Bonança (Olhão). Centenas de pessoas aplaudiram os skaters que competiram e outros que foram apenas experimentar o novo espaço dedicado à modalidade, que teve na sua génese as influências piscatórias da cidade através de formas, obstáculos e rampas desenhados, com diferentes graus de dificuldade, não tendo faltado a música com os Contra Corrente e os Íris, exposições e outras actividades associadas. Conforme as palavras da câmara olhanense “o sonho de muitos anos está finalmente concretizado”. PUB

APOIO A RESIDENTES NO CONCELHO

Alcoutim atribui cartão social a 70 famílias carenciadas D. R.

A CÂMARA DE ALCOUTIM VAI ATRIBUIR o Cartão Social do

Município a sete dezenas de agregados familiares, que beneficiarão, ao longo deste ano, de um conjunto de regalias em vigor. A medida insere-se numa “política social centrada na melhoria das condições de vida da população, em especial dos agregados familiares que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social, e na criação de instrumentos que possam diminuir carências e ajudar a inverter dinâmicas de exclusão social”, explica a autarquia alcouteneja De acordo com o previsto no regulamento do cartão social em vigor, “a atribuição do mesmo confere aos respectivos titulares o direito a serem apoiados pelo Município de Alcoutim na aquisição de bens e serviços em que este seja fornecedor, designadamente através da redu-

MUNICIPIO DE TAVIRA

Aviso

2º ADITAMENTO DO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 3/1990 Nos termos do n.º 2 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 136/2014, de 9 de Setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 15 de Dezembro de 2015, o 2º aditamento do alvará de loteamento n.º 3/1990, cuja alteração foi requerida por Matconciv – Materiais e Construção Civil, Lda., pessoa coletiva número 500 974 110, com sede na Avenida Dr. Eduardo Mansinho, n.º 30 - B, na União das freguesias de Santa Maria e Santiago, em Tavira.

Ô Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim ção em 50% do pagamento das taxas, tarifas, preços e licenças, devidas pelo utente”. Confere ainda o direito “a usufruírem da aplicação do tarifário social nos serviços de abastecimento de água, saneamento de água residuais e gestão de resíduos urbanos”. O apoio está aberto a todos os residentes no concelho que há pelo menos um ano estejam recenseados numa das freguesias

e que comprovadamente possuam um rendimento abaixo de uma capitação anualmente fixada para o efeito. O cartão é válido por um ano, renovável por igual período a requerimento do interessado. As candidaturas decorrem no Gabinete de Acção Social, Saúde e Educação da Câmara Municipal, durante os meses de Novembro e Dezembro.

São licenciadas através deste aditamento as especificações ao alvará de loteamento que incidem sobre alguns lotes da urbanização “Quinta do Carmo”, em Vale de Caranguejo, na União das freguesias de Santa Maria e Santiago, neste Município, no seguinte ponto: Junção dos lotes 93, 94, 95 e 96, passando a ter um lote com a numeração 93/94/95/96, com área total de 884m². Com esta alteração o n.º total de lotes no loteamento passam de 107 para 104. A alteração do Alvará foi aprovada por despacho do Sr. Vereador do Urbanismo, Inovação e Empreendedorismo de 09/12/2015 e enquadra-se no estabelecido no nº 8 do artigo 27º do Decreto-Lei n.º 555/99 de 16 de Dezembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 136/2014 de 09 de Setembro. Paços do Concelho, 18 Dezembro de 2015 O Vereador do Urbanismo, Inovação e Empreendedorismo, João Pedro Rodrigues (POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)


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REGIÃO

Loulé sai à rua para brincar ao Carnaval pág. 7

Variante do Troto avança a todo o vapor Rotas do Algarve Litoral e Infraestruturas de Portugal não se comprometem com datas FOTO E INFOGRAFIA: RICARDO CLARO

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

A VARIANTE DO TROTO EM LOULÉ vai fazer a ligação da

zona das Quatro-estradas de Loulé com a zona do Estádio do Algarve e será assim um novo segmento da EN 125 em substituição do actual que liga a zona de Vale da Venda às Quatro-estradas de Loulé incluindo a variante a Almancil. A obra avança desde meados de Janeiro a todo o vapor com os trabalhos a decorrerem em toda a extensão do novo troço e em particular nos nós de Almancil e do Estádio Algarve,

Nó da A22 Faro / Aeroporto ‘rotunda milionária’ inferior à variante Loulé / Quarteira Estádio Algarve

Ô No mapa a cinzento a EN 125 actual e a preto a nova variante do Troto PUB

mas a Infraestruturas de Portugal, dona da obra, e a Rotas do Algarve Litoral, subconcessionária, não avançam datas para a conclusão das mesmas.

-estradas de Quarteira em direcção a Faro e ao sotavento deixará de percorrer

caso através de uma inversão de marcha no actual nó do Estádio do Algarve). Em sentido oposto, o trânsito oriundo do sotavento e de Faro com destino às Quatro-estradas de Loulé seguirá quase até ao nó de Faro / Aeroporto da A22, onde entrará no novo nó do Estádio Algarve na variante em construção. Já quem venha de Loulé terá de utilizar o actual nó do Estádio Algarve para inverter a marcha e poder depois entrar na variante do Troto (ver mapa). A nova variante do Troto encurta a actual distância percorrida na EN 125 de 4,3 quilómetros para apenas 2,7 quilómetros e retira ao trânsito o confronto com as dificuldades de atravessamento das zonas de São

OBRAS PARA DURAR MAIS MÊS E MEIO Ao POSTAL um enge-

Câmara Municipal de Tavira Edital nº. 4/2016 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 26 de janeiro de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 4/2016/CM, referente a Atribuição de apoio em espécie ao Grupo Desportivo de Vale Caranguejo; 2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 5/2016/CM, referente a Atribuição de apoio no âmbito de tratamento de toxicodependência; 3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 6/2016/CM, referente ao Acordo de colaboração para a organização da Semana da Ria Formosa; 4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 7/2016/CM, referente a Ocupação de habitação sem título - Rua Tenente Coronel Melo Antunes, n.º 5, 1.º Direito; 5. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 8/2016/CM, referente a Revisão do Plano Diretor Municipal de Tavira; 6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 9/2016/CM, referente a Alteração do Plano de Pormenor da Área Industrial de Santa Margarida; 7. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 10/2016/CM, referente ao Projeto de alteração ao Regulamento de Trânsito e Estacionamento do concelho de Tavira. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 26 de janeiro do ano 2016 O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

nheiro ligado a projectos de estradas antecipa que “no estado em que a obra se encontra é previsível que um mês e meio permitam concluir os trabalhos para a abertura do troço em condições de segurança da variante, ficando depois por terminar apenas pormenores”.

INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL E ROTAS DO ALGARVE LITORAL SEM DATAS ‘FECHAM-SE EM COPAS’ As entidades com-

petentes para esclarecerem a questão da data de abertura da variante, após contactos feitos pelo POSTAL, ‘fecham-se em copas’ quando as obras avançam sem que o novo contrato de concessão tenha ainda o visto do Tribunal de Contas e sem que haja um cronograma definido para os trabalhos resultante do novo enquadramento contratual da concessão da Rotas do Algarve Litoral.

AS ALTERAÇÕES AO TRÂNSITO APÓS A ABERTURA DA VARIANTE Através da nova variante

quem circula das Quatro-

Ô A passagem inferior da variante do Troto sob a actual variante a Almancil na EN 125

a variante a Almancil e a EN 125 entre São Lourenço e São João da Venda e passará a seguir um percurso em que três quilómetros após a rotunda debaixo da variante Loulé - Quarteira (conhecida por rotunda milionária) a EN 125 passará em passagem inferior sob a variante a Almancil, seguindo quase em linha recta por 2,7 quilómetros até ao novo nó do Estádio do Algarve que dará acesso a Faro e a Loulé (neste

Lourenço e Vale da Venda, onde a EN 125 se cruza com áreas muito complicadas de cruzamentos e tráfego denso devido aos inúmeros estabelecimentos comerciais existentes junto à estrada. Já os comerciantes destas zonas deverão perder a parte de leão dos seus clientes de passagem já que estas alterações de trânsito terão elevado efeito potencial no trânsito na antiga EN 125 entre Almancil e Vale da Venda.


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REGIÃO

Ministro diz que resposta ao problema da Sáude ‘é inadiável’ pág. 8

Carnaval de Moncarapacho promete alegria e diversão com entrada grátis Pelas ruas da vila vão desfilar 20 carros alegóricos MONCARAPACHO VOLTA A RECEBER o seu Desfile de Carna-

val no próximo domingo e na terça-feira. No corso vão desfilar cerca de 20 carros alegóricos, que, com mais de 500 foliões, animam a vila e as inúmeras pessoas que todos os anos ocorrem ao evento e têm contribuído para cimentar as tradições deste cortejo secular. O desfile começa às 15 horas e até às 18 vai percorrer um circuito compreendido entre a Praça Major João Xavier de Castanheda e a Rua Prior Simas (rua do Correio). Tal como nos anos anteriores, “este ano o Carnaval de Mon-

carapacho deverá ter uma assistência de mais de dez mil pessoas por dia”, avança a organização. Com mais de 100 anos, o Carnaval de Moncarapacho é o mais antigo do Algarve, comemorando 117 anos em 2016, contabilizando mais sete anos do que o Carnaval de Loulé. Uma história que começou em 1899 com estudantinas de origem espanhola, que mascaradas percorriam as ruas da aldeia no Domingo Gordo e no Dia de Entrudo. O primeiro carro ornamentado surgiu em 1913, aumentando o número nos anos seguintes. Em 1923, um

D.R.

Ô O Carnaval mais antigo do Algarve conta atrair mais de dez mil pessoas por dia PUB

maiano após a travessia aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro, desfilou um carro alegórico representando um avião, simbolizando o glorioso feito. A organização está a cargo da União das Freguesias de Moncarapacho e Fuseta e conta com o apoio da Fesnima (Câmara de Olhão) e da população da freguesia que constrói os carros alegóricos, transmitindo assim um significado popular e de envolvência local ao evento. As entradas são livres para brincar ao Carnaval pelas ruas da vila num percurso onde a imaginação e os risos têm também entrada livre. PUB


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REGIÃO

Loulé sai à rua para brincar ao Carnaval Muita folia e diversão sem fim por apenas dois euros D.R.

Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

LOULÉ VAI RECEBER, NOS PRÓXIMOS DIAS 6, 7 E 9 DE FEVEREIRO, um dos mais antigos

corsos carnavalescos do país, num desfile de três dias que este ano terá como tema “O Grande Naufrágio”, em que os piratas serão os grandes protagonistas. Assim, pelas 15 horas, na Avenida José da Costa Mealha, 14 carros alegóricos desfilarão, numa sátira política verdadeiramente imperdível, onde as escolas de samba, os grupos de animação em representação de algumas colectividades do concelho, cabeçudos, gigantones, entre outros, levam ao “sambódromo louletano” cerca de 700 figurantes.

SÁTIRA POLÍTICA As figuras da

política e do desporto e os casos que marcam a actualidade são os protagonistas dos desfiles fruto do trabalho e da grande inspiração dos criativos do Carnaval louletano. A fantasia e a imaginação dessa equipa levarão os foliões ao mundo da pirataria, onde personagens de todos os quadrantes políticos tomarão de assalto esta festa popular. O Capitão António “Gancho” Costa surge ao leme de um barco pirata cor-de-rosa, de espada em punho, tal como o Capitão Pedro “Gancho” Passos Coelho, que durante quatro anos foi o terror dos mares, e agora se encontra à deriva. Em embarcações de dimensões mais reduzidas surgem mais dois piratas que darão apoio ao Capitão António “Gancho” Costa. São eles Jerónimo de Sousa e Catarina Martins que, de olhos bem abertos, fitam o horizonte, muito atentos a tudo o que se passa nas águas lusas. Já no barco presidencial, o Capitão Marcelo Rebelo de Sousa, é acompanhado no mar por Maria de Belém, uma das suas opositoras nesta corrida a Belém, pelo ac-

Ô Figuras da política e do desporto são os grandes protagonistas dos desfiles tual Presidente da República, Cavaco Silva, e pelos ex-Chefes de Estado, Jorge Sampaio e Mário Soares, todos dentro de barris que bóiam nas águas eleitorais.

SÁTIRA DESPORTIVA No despor-

to, o “rei” Cristiano Ronaldo, uma presença assídua deste Carnaval, volta a estar em destaque no corso algarvio. No carro da Bola de Ouro da FIFA, que é liderado por Lionel Messi, o português, acompanhado pela mãe e pela ex-namorada Irina Shayk, continua bem posicionado para a conquista da quarta Bola de Ouro, embora a não tenha ganho como gostariam os seus fãs. Ainda no mundo futebolístico, o seleccionador Fernando Santos vai de limusine, com direito a champanhe e mala Chanel, até França, onde Portugal participa este ano no Europeu de Futebol. Também o Zé Povinho, figura incontornável da sátira, é chamado a tripular um carro rumo ao “Tour de France”.

HOMENAGEM AO PROFESSOR JOSÉ BAPTISTA Em jeito de ho-

menagem, o desfile conta também com uma carro dedicado ao Professor José Baptista, artista plástico que durante anos colaborou na organização deste Carnaval. Dese-

nhador, ilustrador, designer gráfico, José Baptista foi uma figura incontornável da vida artística louletana e da história deste corso. Estas são apenas algumas das sátiras que quem visitar Loulé nestes dias poderá assistir. A folia, animação, boa disposição e qualidade artística estão garantidas.

ESCOLAS DE SAMBA As escolas

de samba serão outros dos pontos de animação deste corso e, este ano, estarão presentes a Escola de Samba “Vai quem quer” de Estarreja (dia 6), Escola de Samba “Tribal” (dia 6), a Escola de Samba “Independentes da Vila” (dia 6), a Escola de Samba Paraíso Tropical de Penafirme da Mata (dias 7 e 9), a Escola de Samba Vila Régia (dias 7 e 9) e a Escola de Samba “Os Cariocas” (dias 7 e 9).

CARNAVAL DE LOULÉ, SEMPRE SOLIDÁRIO A criação do “Car-

naval Civilizado” em Loulé data de 1906 e teve como principal mentor José da Costa Guerreiro. O primeiro Carnaval de Loulé saldou-se num êxito e ficou marcado pela realização de um Bodo aos pobres já que a receita desta festa foi aplicada na sua totalidade para satisfazer pessoas necessitadas. As componentes artísticas e festivas, aliadas aos fins de beneficência, sempre nortearam os festejos

do Carnaval de Loulé. Em 1977, o evento profissionalizou-se e passou a ser organizado pela autarquia, que, reeditando a tradição inventada por José da Costa Guerreiro, foi introduzindo-lhe diversos melhoramentos, nomeadamente a temática dos corsos, a construção de carros alegóricos de grandes dimensões, os grupos de foliões, os artistas convidados e os bailes. Com o tempo, o Carnaval de Loulé constituiu-se num cartaz turístico da região do Algarve, e em particular de Loulé, atraindo milhares de turistas. No ano em que o Carnaval de Loulé assinala 110 anos de existência, a Câmara de Loulé

volta a associar este corso a causas solidárias já que as receitas arrecadadas com a bilheteira serão atribuídas a instituições e a projectos sociais. “Essa é uma tradição que foi retomada, que se prende com o espírito que esteve presente na primeira edição do Carnaval de Loulé, em 1906, quando as receitas reverteram para o chamado ‘Bodo aos Pobres’. Hoje, uma parte significativa da receita é destinada às várias IPSS do concelho que colaboram com a Câmara na implementação das políticas sociais que neste momento estão muito presentes”, frisou Vítor Aleixo. As entradas para o Carnaval de Loulé custam dois euros. PUB


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| 5 de Fevereiro de 2016

REGIÃO

Ministro diz que resposta ao problema da Saúde ‘é inadiável’ Resposta dada ao deputado Luís Graça anuncia análise ao SNS regional até ao fim do primeiro trimestre Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com

NA ÓPTICA DE ADALBERTO CAMPOS, ministro da Saúde

do Goveno de António Costa, “o Algarve é um problema sério do Serviço Nacional de Saúde (SNS)” e “deveria ter uma resposta qualificada aos doentes a um nível quase polivalente”. As afirmações decorreram das questões colocadas pelo deputado do PS eleito pelo círculo do Algarve, Luís Graça, no âmbito da Comissão de Saúde, numa audição solicitada pelo PCP acerca da situação que levou à morte recente de um doente de neurocirurgia no Hospital de São José.

O deputado quis saber se o Ministério da Saúde estava disponível para realizar uma “avaliação séria e independente” das decisões tomadas no âmbito do Centro Hospitalar do Algarve e do seu impacto nos serviços de Saúde na região, bem como se o Governo estaria disponível para tomar medidas de discriminação positiva para responder à dificuldade de contratação de médicos para o Algarve. O parlamentar questionou ainda o ministro sobre a disponibilidade do executivo para reavaliar o modelo de referenciação dos doentes do Algarve para as unidades centrais de referência em Lisboa.

D.R.

Ô Deputado Luís Graça pediu esclarecimentos sobre Saúde no Algarve

PARQUE ‘ROCHA PRIME’ FUNCIONA 24 HORAS POR DIA

Praia da Rocha tem mais 288 lugares de estacionamento cobertos A EMARP ABRIU recentemente

o parque de estacionamento coberto e subterrâneo “Rocha Prime”, que funciona diariamente, durante 24 horas por dia, tendo a capacidade para 288 veículos distribuídos por quatro pisos. Localizado no novo edifício habitacional com a mesma designação, na Rua D. Martinho Castelo Branco, em plena Praia da Rocha, este parque de esta-

cionamento pretende ser mais uma resposta na oferta de estacionamento, encontrando-se dotado de dois elevadores de acesso a pensar nos utentes com mobilidade reduzida e lugares gratuitos para os utentes que se movam de bicicleta. Com um tarifário que varia em função de uma época, alta (Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto e Setembro) e baixa (Outubro, Novembro, Dezem-

bro, Janeiro, Fevereiro e Março), o parque de estacionamento “Rocha Prime” possui ainda um regime diversificado de avenças para automóveis ligeiros, quadriciclos, motociclos, triciclos e ciclomotores, adequado às necessidades dos turistas, residentes e igualmente dos trabalhadores que diariamente procuram estacionamento nesta zona da cidade. Para os turistas existem à dis-

posição avenças de 3, 7 ou 15 dias. A pensar nos residentes e trabalhadores criaram-se avenças nas modalidades de diurna (das 8 às 20 horas), nocturna (das 20 às 8 horas, e 24 horas ao sábado, domingo e feriados) e 24h/dia, todas em regime opcional mensal, trimestral, semestral ou anual. O regulamento e informações podem ser consultados no local em www.emarp.pt.

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Tavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1 Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: tavira.judicial@tribunais.org.pt

Tavira - Inst. Local - Sec. Comp. Gen. - J1 Palácio da Justiça - Rua Dr. Silvestre Falcão, 10 - 8800-412 Tavira Telef: 281 320 970 Fax: 281 093 519 Mail: tavira.judicial@tribunais.org.pt

Processo: 25/16.4T8TVR Referência: 100104019 Partes: Incapaz: Maria Manuela Fernandes Serafim e outro(s)... Requerido: Maria Manuela Fernandes Serafim Interdição / Inabilitação

Processo: 236/15.0T8TVR Referência: 100145631 Partes: Requerente: Francisco José Viegas da Trindade Lopes Requerido: Maria Leocádia da Silva Viegas Lopes Interdição / Inabilitação

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Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Manuela Fernandes Serafim, com residência em domicílio: Sítio da Asseca Cx 260–Z, Santa Maria, 8800-000 Tavira, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. Tavira, 21-01-2016 O Juiz de Direito, Dr(a). Rogério da Silva e Sousa O Oficial de Justiça, Álvaro Ribeiro

Faz-se saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de Interdição/Inabilitação em que é requerido Maria Leocádia da Silva Viegas Lopes, com residência em domicílio em Rua 1º de Maio, Nº. 27, 8800-116 SANTA CATARINA DA FONTE DO BISPO - TAVIRA, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. Tavira, 25-01-2016

(POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

A Juiz de Direito, Dra. Teresa Mendes Lopes O Oficial de Justiça, Álvaro Ribeiro (POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)

MINISTRO DA SAÚDE DIZ QUE O ALGARVE “É UM PROBLEMA” Adalberto Campos não foi parco nas palavras e, depois de classificar a situação algarvia como um “problema”, afirmou “não ser razoável que doentes que têm boas condições [em potência] para serem bem tratados no Algarve tenham de ser transferidos para Lisboa”.

Uma clara referência às situações vividas pelos doentes do Algarve nas especialidades de ortopedia e oftalmologia, onde são sistematicamente transferidos para Santa Maria e São José quando os hospitais regionais já foram capazes de tratar as situações que hoje são referenciadas para Lisboa. Para o ministro, que esclareceu o deputado do PS na passada semana, o “Algarve precisa de uma análise estratégica”, adiantando que os serviços “a estão a fazer” e que a mesma

“estará concluída até ao final do primeiro trimestre”.

REVISÃO DA CRIAÇÃO DO CHA É UMA POSSIBILIDADE “Temos que perceber porque é que a região [o Algarve] é um problema tão difícil de resolver do ponto de vista público [das políticas públicas de Saúde]”, rematou o minis tro, que não deixou de

fora a possibilidade de uma revisão global da criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), uma matéria em que os deputados socialistas e a federação regional do PS têm sido fortemente críticos desde que se fundiram as instituições hospitalares do Algarve, os hospitais de Faro e de Portimão. O ministro avançou aindapara a data de conclusão da análise “a tomada das medidas de muito curto prazo e de médio e longo prazo que se justifiquem”. PUB

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Certifico: Que no dia 02-02-2016, a folhas 66, do livro de notas para escrituras diversas número 181–A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, JOSÉ MANUEL SILVESTRE FAUSTINO, NIF 168.479.192, natural da freguesia de Ameixial, concelho de Loulé e mulher MARIA GRACIETE LOURENÇO, NIF 216.285.640, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Mealha, Caixa Postal 939-Z, Cachopo, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do prédio rústico, composto por terra de pastagem, cultura, oliveiras e laranjeiras, com a área de mil seiscentos e trinta metros quadrados, que confronta do norte, nascente e poente com Manuel Correia Pereira e do sul com ribeirinho, sito em Rocha Fureda ou Rocha Furada – Alcarias – Pedro Guerreiro – Cachopo, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 20.030, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que adquiriram o prédio em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta, por compra verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita a Joaquim Rosa e mulher Maria Inácia, residentes que foram no dito sitio de Mealha. Que adquiriram o prédio por usucapião. Tavira, em 02 de Fevereiro de 2016 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO134/2016 Factura nº. 0137 (POSTAL do ALGARVE, nº 1156, de 5 de Fevereiro de 2016)


5 de Fevereiro de 2016 |

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JOSÉ DOMINGUES 11-05-1933 / 22-01-2016

MARIA SERAFINA DA CRUZ 13-02-1933 / 23-01-2016

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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MARIA MOREIRA ALEXANDRE 01-12-1921 / 28-01-2016

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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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MANUEL JOÃO VALENTE 15-01-1927 / 30-01-2016

MARIA DE FÁTIMA DA CONCEIÇÃO EMÍDIO GRAÇA 26-04-1952 / 31-01-2016

JOAQUIM MENDES MOLINA 04-10-1951 / 30-01-2016

02-07-1936 / 29-01-2016

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>> ASSINALE A FRASE CORRETA

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>> SOLUÇÃO da edição passada ; A – A Maria adora cozinhar no micro-ondas.

A – Decidi ajudar os sem abrigo! B – Dicidi ajudar os sem abrigo! C – Decidi ajudar os sem-abrigo! D – Decedi ajudar os sem-abrigo!

B – A Maria adora cozinhar no microondas. C – A Maria adora cosinhar no micro-ondas. D – A Maria adora cuzinhar no micro-ondas.

Sobe & desce

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.

Subtainers em Faro

Obras variante do Troto

A contentorização subterrânea de lixo indiferenciado em todo o concelho de Faro é uma óptima notícia sob todos os pontos de vista, uma evolução que já tardava a ver-se na capital de distrito (Ler pág. 2).

As obras finais para a conclusão da variante do Troto estão a decorrer, mas ninguém dos responsáveis pela obra se atreve a fazer prognósticos em obras que decorrem sem cronograma certo ou assegurado (Ler pág. 5).

E-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com

Dos spin-offs universitários aos empresariais: empreendedorismo em acção

FICHA TÉCNICA

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:

7.582 exemplares

OPINIÃO

Dinis Caetano Economista

As empresas de base tecnológica, geradoras de criação de valor a partir da introdução de produtos inovadores no mercado, são cada vez mais resultantes de um ecossistema empreendedor que facilita a transferência da tecnologia e de empreendedores qualificados com capacidade para fazer a comercialização bem-sucedida dessa tecnologia. Nesse contexto, a economia portuguesa tem beneficiado do acréscimo recente da interação de instituições, universidades e empresas. No mercado tecno-

lógico destacam-se as empresas resultantes de spin-offs gerados numa organização-mãe. O que é um spin-off? Quais os tipos de spin-offs mais frequentes? Em que sectores de atividade há mais spin-offs? Neste artigo vamos abordar estas questões. Define-se spin-off como o processo de criação de uma empresa a partir de outras entidades existentes, que através do apoio destas, adquire independência e viabilidade própria. Na economia há sobretudo dois tipos de spin-offs: (1) os académicos ou universitários, gerados a partir de universidades; (2) os empresariais criados a partir de outras empresas existentes. A criação de um spin-off é um dos principais mecanismos de transferência de tecnologia da instituição originária para uma nova empresa. Um spin-off universitário é uma empresa fundada por professor, funcionário ou estudante,

tendo este deixado a universidade para iniciar a empresa ou tendo começado a empresa quando ainda estava ligado à universidade, desenvolvendo-se a nova empresa em torno de uma ideia tecnológica desenvolvida dentro da universidade (Smilor et al.,1990). Neste caso a universidade assume um papel fundamental na proteção da tecnologia, no seu licenciamento e no acesso a fontes de financiamento através da sua ampla rede de contactos, muitas vezes secundada por Or-

ganismos de Transferência de Tecnologia que funcionam no interface universidade-empresa e facilitam a criação do spin-off. A comercialização da tecnologia, angariação de financiamento e processo de internacionalização são da responsabilidade dos empreendedores. Os spin-offs empresariais são outra forma de criar novas empresas para explorar comercialmente conhecimento, tecnologia ou resultados de investigação desenvolvida em empresa existen-

te. Este tipo de spin-off pode ser amigável se incentivado pela empresa-mãe que em processo de reestruturação estimula os seus antigos colaboradores a constituir uma nova empresa, podendo mesmo adquirir uma posição na eventualidade desta se transformar num sucesso ou ter uma forma mais concorrencial sendo vista como uma oportunidade para os empregados que desejem pôr em prática ideias mal aceites pelos anteriores empregadores. De acordo com estudos recentes, a maioria das empresas geradas através de spin-offs operam nos seguintes setores de atividade: tecnologias de informação e comunicação, software, digital media, energia, ambiente, biotecnologia, ciências da saúde, microeletrónica, robótica, agroalimentar, engenharia. Áreas de negócio onde Portugal tem massa crítica e pode fazer a diferença.

os adultos se apresentam? pergunto. Eles ficam calados, à espera da resposta. - Para se apresentarem, normalmente os adultos dão um aperto de mão; dizem o primeiro e último nome e, por fim, rematam com a profissão. Quando chego a esta parte já eles estão de atenção presa e o

silêncio é rei. - As crianças e jovens apresentam-se só com o nome, não é? Não que o teu nome defina quem tu és, ele apenas te dá a individualidade. Mas a profissão que temos, se for a certa para nós, reflecte necessariamente quem somos… Depois explico que eles não têm que escolher uma

profissão. Têm sim que perceber qual é a profissão que os fará felizes. Explico que mais importante do que a questão “O que quero ser?”, são as questões “Quem sou?” e “Quem quero ser?” Porque, sim: o que fazemos define-nos. Mais: a maneira como o fazemos, revela em quem nos soubemos tornar…

Quem és?

Ana Amorim Dias - Escritora

www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com

Enquanto dou palestras nas escolas aproveito para, simultaneamente, ir inquirindo os miúdos para tentar perceber qual é a melhor maneira de lhes explicar a importância de entenderem bem que rumo profissional devem tomar. Por vezes há coisas que vou percebendo enquanto lhes falo: - Vocês já repararam como


O POSTAL

Tiragem desta edição:

7.582 exemplares

regressa no dia 19 de Fevereiro

última

Alcoutim prepara fim-de-semana de desporto motorizado Concelho possui condições ímpares para provas de todo-o-terreno O CONCELHO ALCOUTIM vai ser

palco, nos próximos dias 27 e 28, de dois eventos desportivos de todo-o-terreno, a prova de resistência “4 Horas TT Pereiro - Alcoutim” e o “Desafio Cross Country Alcoutim”. O II Encontro 4 Horas de Resistência Pereiro/Alcoutim é, à semelhança do ano passado, uma prova de resistência de quatro horas para moto, realizada num circuito de aproximadamente seis quilómetros em redor da barragem do Pereiro, que conta receber a presença das maiores figuras nacionais da modalidade, Hélder Rodrigues, Ruben Faria, Paulo Gonçalves, António Maio, Luís Teixeira e muitos outros que vão

proporcionar momentos de grande beleza competitiva ao público presente, num percurso de grande espectacularidade, com visibilidade quase total a partir de um só ponto. A prova pode ser composta por equipas de um ou dois pilotos e uma ou duas motos, existindo apenas duas classes: Classe 1 – 1 Piloto uma Moto e Classe 2 – 2 Pilotos e 1 ou 2 Motos.

ESTE ANO A ORGANIZAÇÃO CRIOU O DE SA F IO CROSS COUNTRY ALCOUTIM Este ano,

a organização criou mais um evento, o Desafio Cross Country Alcoutim, que consiste em realizar um percurso com cerca de 160 kms, dividido em duas

voltas de 80 kms, com o auxílio de um road book. No final dos primeiros 80 kms está prevista uma neutralização de 30 minutos onde é possível assistir e abastecer. Uma alternativa aos passeios todo-o-terreno, uma oportunidade de treino de navegação para os habituais pilotos de Cross Country, onde os participantes percorrem caminhos secundários, corta fogos e outros de muito pouca utilização diária. A utilização deste tipo de percurso, obriga a velocidades baixas e a uma navegação exigente. A organização define o percurso como “entre um percurso de enduro, sem as trialeiras, e um percurso baja, com PUB

D.R.

Ô Prova de resistência espera receber grandes nomes da modalidade muito poucos estradões, acessível a todos.” Segundo a organização, “trata-se de um momento único para passar um fim-de-semana completo na prática ou a assistir

aos desportos motorizados no concelho de Alcoutim, local que proporciona condições ímpares para eventos desta natureza”. A organização conta com anos de experiência na orga-

nização de provas de todo-o-terreno e terá a colaboração do conterrâneo Orlando Romana, conhecido organizador. Na procura da promoção do evento e das potencialidades da região, a câmara alcouteneja investiu na contratação da empresa A2 Comunicação, especialista na área de desportos motorizados, para garantir a cobertura mediática do evento e sua divulgação. Mais informações e inscrições através dos seguintes contactos: 963 808 713 / 964 472 576, página web http://www.alcoutimtt.blogspot.pt/, página Facebook 4 horas TT / Desafio Cross Country – Alcoutim. PUB


RICARDO CLARO

Missão Cultura: D.R.

Museu Municipal de Faro:

Realidade e desafios

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O ‘ribat’ da Arrifana: um ‘lugar’ de destaque

p. 2

Espaço AGECAL: D.R.

Gestão cultural local: A Casa do Povo de Santo Estevão

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Letras e Leituras: D.R.

D.R.

Os Cristos Mortos do Algarve como nunca antes vistos

Brooklyn, de Colm Tóibín: um registo poético da simplicidade

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Espaço ALFA:

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D.R.

FEVEREIRO 2016 n.º 89

Encontros à sexta na ALFA

Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO

p. 7

7.582 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve


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05.02.2016

Cultura.Sul

Editorial

Missão Cultura

Mais um museu a caminho da Rede Portuguesa de Museus

O ‘ribat’ da Arrifana – um ‘lugar’ de destaque Direção Regional de Cultura do Algarve

Ricardo Claro

Editor ricardoc.postal@gmail.com

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Desta vez é o Museu de Loulé que se candidata à Rede Portuguesa de Museus, uma classificação que em muito orgulhará não só os louletanos como todos os algarvios e que - elogios à parte - podemos ter quase como certa, sendo resultado de um trabalho coordenado por Dália Paulo, cujos créditos na área, sobejamente conhecidos, asseguram uma candidatura certeira no objectivo. Além do enriquecimento do valor do museu e do seu espólio do ponto de vista do reconhecimento da respectiva qualidade, esta classificação é mais um passo, significativo diga-se, a caminho de maiores facilidades no acesso a fundos destinados ao investimento no seu desenvolvimento e da consolidação do projecto de reestruturação que se encetou com a chegada de Dália Paulo aos comandos da área cultural na autarquia. Ganhamos todos e ganha Loulé num trabalho que é mais uma prova do muito que se vem fazendo nos mais variados níveis da acção em prol da cultura na região. Este caminho que investe saber e esforço na valorização do potencial endógeno da coisa cultural da região é um trilho que se faz caminhando também na área da economia, onde o sector cultural pesa cada vez mais e promete não deixar de crescer. O Algarve está assim uma vez mais de parabéns por mais uma iniciativa e valor que decerto não deixará de se tornar realidade depois de passar pelo crivo das instâncias competentes. A bem da cultura, obrigado a todos os que trabalharam em prol de mais esta aposta .

A visita oficial do Ministro da Cultura, João Soares, ao ‘ribat’ da Arrifana (Aljezur), no passado dia 1 de fevereiro, veio sublinhar o reconhecimento oficial deste sítio, já anteriormente consagrado pela classificação como Monumento Nacional, atribuída pelo Decreto n.º 25/2013, de 25-07-2013. Situado nas arribas da Costa Vicentina, num local conhecido como Ponta da Atalaia, numa paisagem de deslumbrante beleza, o sítio encerra uma fabulosa história, que as escavações arqueológicas, ali conduzidas pelo casal de arqueólogos Rosa e Mário Varela Gomes, da Universidade Nova de Lisboa, desde os anos noventa do passado século XX, têm vindo a descobrir. Trata-se de um antigo e arruinado mosteiro-fortaleza muçulmano, habitado por uma comunidade de monges guerreiros, fundado pelo mestre sufi Ibn Qasi, por volta do ano 1130 da era cristã. As escavações arqueológicas identificaram até agora diversos momentos de construção e a presença das ruínas de um

numeroso conjunto de celas-mesquita (com o respetivo nicho do ‘mihrab’ voltado para Meca), de uma escola corânica (‘madrasa’) e do cemitério da comunidade muçulmana (‘al-maqbara’, com algumas das sepulturas assinaladas com inscrições fúnebres). As referências históricas e as estruturas e materiais exumados (com diversos estudos e abundante documentação já produzida) apontam para uma ocupação do local até ao começo da segunda metade do século XII, pouco após a morte do seu fundador. Esta ocorreu, de acordo com a documentação histórica, em 1151, às mãos de alguns dos seus próprios apaniguados, motivada pela oposição de Ibn Qasi aos poderosos impérios muçulmanos e à sua aliança estratégica com o rei português, Afonso Henriques. O que é uma assinalável memória e referência. O local apresenta uma extraordinária relevância para a história do período islâmico em Portugal, sendo o único local com vestígios materiais conhecidos de um ‘ribat’ muçulmano em território nacional, e um dos raros cujos vestígios materiais se conservam em toda a Península Ibérica – embora a ocorrência de topónimos como Arrábida

FOTO: DRCALG/R. PARREIRA

O ministro da Cultura, João Soares, no ‘ribat’ da Arrifana, com o presidente da Câmara de Aljezur, José Amarelinho, o proprietário, Peter Vogel, e o representante da Aga Khan Development Network em Portugal, Nazim Ahmad (um derivado de ‘ribat’) ou Zavial (um derivado de ‘zawia’) permita vislumbrar outras pre-

existências de lugares santos deste mesmo género. Em 2013, a Aga Khan Trust for

Culture apresentou ao Governo Português uma proposta para desenvolvimento de um Projeto Cultural e Patrimonial para o ‘ribat’ da Arrifana, projeto esse a integrar no ‘Aga Khan Historic Cities Programme’ e que permitirá trazer para o Algarve um significativo investimento na área da Cultura por parte de uma entidade internacionalmente reconhecida pelo seu contributo efetivo para o desenvolvimento integrado das comunidades e para uma cultura de paz. Para que tal projeto se concretize, será ainda necessário resolver questões de titularidade dos terrenos e aspetos relativos ao uso dos mesmos, restringido pela classificação como Monumento Nacional, pela inclusão parcial em domínio público marítimo, e pela situação em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Também neste âmbito, a visita do Ministro da Cultura se revestiu de uma enorme importância, permitindo ativar o diálogo entre o atual proprietário, a Aga Khan Trust for Culture, a Câmara Municipal de Aljezur e a entidade de tutela dos Bens Culturais, representada pela Direção Regional de Cultura do Algarve. Direção Regional de Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

Um bollycao não é uma sardinha V3 João Pedro Baptista Músico

Não sei bem porquê mas acho que já estava à espera desta conversa acerca da exploração de petróleo. Sabemos o que isto nos pode trazer de dissabores, sobretudo pelo turismo e ambiente. Mas,

é bom que comecemos por alguns pontos chave acerca do petróleo e desta discussão toda, visto que toda a gente se esquece de ser gente e se torna Engenheiro, ou tem um primo que uma vez viu uma plataforma numa revista. Nós não percebemos nada de petróleo! - Este ponto é fundamental, visto estarmos à espera de uma resolução política para o problema, de alguém que não percebe nada do assunto. Não é por seres vegan, vestires a roupa da tua avó, teres ido

“MÚSICA NAS IGREJAS” 6 FEV | 18.00 | Ermida de São Sebastião - Tavira O pianista e compositor Luís Conceição vai interpretar obras da sua autoria, bem como de Bach, Beethoven e Chopin.

à Arrifana uma vez e teres apreciado a natureza, que agora ficas um profissional do drilling subaquático. Houve uma sessão de esclarecimento na Universidade. Entre gente importante que se senta na fila da frente de perna cruzada e olhar de quem se importa, aparecem sempre esses mamíferos com cartazes, megafones, uma pão de forma que o papá comprou e restaurou (altamente poluente mas dá estilo!), um cão e cheiro a terra molhada; acabados de vir da Quinta do Lago, atrasados porque tiveram

na reunião de direção do clube de golfe. Depois, há os do café que dizem que isto é bom porque estamos na miséria, sem saber quanto é que lucramos. Como disse um no outro dia: “vamos ter o gasóleo mais barato”. Estamos portanto a falar de gente que, certamente, venderia um órgão do corpo, para pagar o resto do carro, e que pensou que, com a montagem de aerogeradores e a percentagem de produção de energia por fontes renováveis, fosse baixar a fatura da luz. Há o intelectual que leu o Ex-

presso, no sábado, e ainda está a decidir que lado tomar, mas está à espera do jantar de sexta para ir para o restaurante levantar a questão e impressionar as damas com palavreado técnico que nunca mais acaba. O que é certo é que ainda ninguém ouviu quem vai furar e fazer a prospeção. Estamos a tratar do assunto, tipo encontro às cegas, ou pior! Estamos a encomendar uma noiva Tailandesa, só baseados na foto de perfil do site de casamentos. Por mim, nem preciso saber mais. Brocas fora!

“REGENERAÇÃO” Até 9 ABR | Centro Cultural de Lagos Exposição de pintura de Clotilde. Entre 1964 e 1975, como artista plástica, executou várias obras em cerâmica para várias instituições. Expõe regularmente desde 1984


Cultura.Sul

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Grande ecrã Cineclube de Faro

Programação: cineclubefaro.blogspot.pt TEATRO MUN. DE FARO I 21.30 HORAS 16 FEV | AS MIL E UMA NOITES - VOL II, O DESOLADO, Miguel Gomes 23 FEV | AS MIL E UMA NOITES - VOL III, O ENCANTADO, Miguel Gomes IPDJ I 21.30 HORAS 9 FEV | LISBON REVISITED, Edgar Pêra (ANTE-ESTREIA NACIONAL)

A TELA AO SÓCIOS: “A 7ª ARTE DO CAMALEÃO - DAVID BOWIE (1947-2016)” | SEDE DO CCF I 21H30 I ENTRADA LIVRE 11 FEV | FOME DE VIVER, Tony Scott 18 FEV | LOST HIGHWAY - ESTRADA PERDIDA, David Lynch 25 FEV | FELIZ NATAL, MR.LAWRENCE, Nagisa Ôshima

Cineclube de Faro faz 60 anos Eis-nos chegados a 2016, ano em que o Cineclube de Faro (CCF) perfaz 60 primaveras. Não é coisa pouca. São seis décadas a exibir filmes que, de outra forma, não chegariam aos espectadores. A primeira sessão aconteceu dia 6 de Abril de 1956 e, desde então, sem qualquer interrupção de actividade. Clássicos, europeus e portugueses, escolhidos a dedo e premiados nos mais conceituados festivais mundiais. É este o nosso forte. Tudo aquilo que se destina a contrariar as dificuldades que existem na oferta de cinema actual, tão ancorada em blockbusters estéreis, e desfasados da verdadeira essência da 7ª arte. Nos próximos meses, o CCF está a preparar um programa de cinema variado, bem como uma série de eventos com personalidades e instituições ligadas ao mundo da cultura e do cinema e, como não podia deixar de ser, à história do CCF. Somos hoje uma das instituições cinéfilas mais antigas do

Cineclube de Tavira FOTOS: D.R.

Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cineclubetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS 11 FEV | MIA MADRE (MINHA MÃE), Nanni Moretti – Itália 2015 (105’) M/12

Cineclube de Faro comemora seis décadas país, onde um bilhete não custa mais do que quatro euros. As nossas sessões de terça-feira à noite, no IPDJ de Faro, fazem já parte da programação cultural farense, e a nossa bilheteira continua a ter uma procura fiel e eclética. Nos Cineclubes, por mais díspares que sejam as suas realidades e história, o ânimo e âmbito são os mesmos: ajudar a criar a ci-

nefilia. Ver Cinema de qualidade, pensar sobre Cinema e aprender com o Cinema. Nos Cineclubes gosta-se de Cinema e gosta-se de dar a gostar de Cinema. É esta a nossa proposta cultural. E quando indagados sobre se preferimos película ou digital, respondemos: sala de cinema! Pois é aí que reside a magia. Cineclube de Faro

SÁB 13 FEV | FOXFIRE (RAPOSAS DE FOGO), Laurent Cantet – França/Canadá 2012 (143’) M/14 18 FEV | O LOBO ATRÁS DA PORTA, Fernando Coimbra – Brasil 2013 (101’) M/16

25 FEV | THE MUSIC NEVER STOPPED (A MÚSICA NUNCA ACABOU), Jim Kohlberg – E.U.A. 2011 (105’) M/12

Espaço AGECAL

Gestão cultural local: A Casa do Povo de Santo Estevão (CPSE) - Tavira José Barradas Gestor cultural; Presidente da Direcção do CPSE e membro da Direcção da AGECAL www.cpse.pt

Santo Estevão é uma aldeia rural situada no barrocal do concelho de Tavira. Este artigo pretende refletir a importância da gestão cultural de âmbito local e dar a conhecer a experiência do CPSE. A CPSE é uma associação sem fins lucrativos, equiparada a IPSS desde 2001, de âmbito local, que tem como missão sensibilizar a população para as diversas manifestações culturais (expressões artísticas, desporto, património material ou imaterial, etc.) e para o ambiente. As instalações da instituição e a posição central que ocupa na aldeia como no território circundante, riquíssimo do ponto de vista ambiental, contribuem para o desenvolvimento cultural da comunidade. A gestão cultural com-

bina actividades sociais, artísticas e organizacionais. A gestão cultural permite a facilitação e a organização das atividades culturais. O gestor cultural é “aquele que permite que a arte aconteça”. Considero que os gestores culturais são aqueles que juntam o público e os artistas. No que respeita à programação, grande parte é resultante de propostas que nos chegam. As propostas são apresentadas e seguidamente, verificamos se têm viabilidade. Funciona assim na música quase a 100%, nas artes visuais a situação é diferente mas surgem também convites para projetos autossustentáveis. A música é a área artística com maior relevo e a que mais público capta. A música ao vivo atrai muito público à CPSE de todo o Sotavento e em função disso também as propostas artísticas são muito diferenciadas na forma e no género. A programação é diferenciada, tanto programamos projectos locais como nacionais e ate internacionais. Por aqui já passaram desde Beatriz Portugal e Carlos Barretto no Jazz, Custódio Castelo na guitarra portuguesa, Pedro Joia, Viviane, Olivetreedance, Rockabillyo, Bunny Ranch, Canhões de Guerra, Kalu dos Xutos & Pontapes no

D.R.

A música ao vivo atrai muito público à instituição rock, B Fachada, Frankie Chavez, Virgem Suta, Manuel João Vieira, JP Simões, UXU KALHUS, Marenostrum, UM, Toques do Caramulo, Sebastião Antunes, Omiri e Charanga na música tradicional portuguesa, Carlos Mendes na música ligeira portuguesa ou Danae e os novos crioulos, Tcheka e Couple Coffee, Tulipa Ruiz, Edu Miranda e Dani Black no âmbito da lusofonia. Também já foram apresen-

tados projectos na área do teatro com Vítor Correia, a Companhia A Gorda, Ao Luar Teatro ou os Improváveis. Além dos projectos de nível nacional mais conhecidos, mantemos as tradições associadas à comunidade e aos seus ciclos festivos, o Festival/Encontro de Charolas no ano novo, os bailes tradicionais de carnaval ou os Santos Populares. Esta programação, porventura, será

aquela que mais público local consegue alcançar. Na programação é fundamental a parceria. A CPSE realiza parcerias com promotores e outras entidades de âmbito cultural. As parcerias têm dois tipos de retorno: o financeiro, porque se conseguem projectos a custos sustentáveis, e a garantia de continuidade, avanço e alargamento dos programas desenvolvidos. O financiamento da programação faz-se através dos apoios do Município e da Junta de Freguesia, contudo, não são suficientes, pelo que potenciamos as coproduções, gestão de bilheteiras e o pequeno bar que cobre despesas de produção… Num mundo cada vez mais global, o local é o mais próximo do cidadão, o lugar onde as pessoas se encontram, se sentem em Casa, e se dá a satisfação das suas necessidades culturais. É no local que se dão os processos culturais mais importantes, a convivência e a cidadania cultural. O local não significa perder a capacidade de conhecimento global, de refletir, e com gestores profissionais concretizar programas que são do interesse do público e que permitem o desenvolvimento cultural das comunidades.


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Cultura.Sul

Letras e Leituras

Brooklyn, de Colm Tóibín – Um registo poético da simplicidade FOTOS: D.R.

Paulo Serra

Investigador da UAlg associado ao CLEPUL

Colm Tóibín nasceu em 1955 numa cidade no sudeste da Irlanda, em Enniscorthy. Este autor é um dos mais conceituados ficcionistas de língua inglesa, além de ensaísta, jornalista da área da cultura e crítico literário, em publicações de prestígio como The London Review of Books e The New York Review of Books. Publicou cerca de vinte títulos, entre ficção e ensaio, sendo que o primeiro romance a ser traduzido em Portugal foi A História da Noite (Bizâncio), seguido de O Navio farol de Blackwater (Dom Quixote), que esteve entre os finalistas do Prémio Booker em 1999. Estes dois títulos terão contribuído para que Colm Tóibín passasse a ser apelidado ou catalogado como autor de literatura gay. Foi, todavia, O Mestre que lhe trouxe reconhecimento internacional. Considera-se, normalmente, este livro como uma biografia ficcionada de Henry James (autor de Retrato de uma Senhora, entre outros clássicos), se bem que, na verdade, O Mestre cubra apenas um dado período da vida do autor, dando-nos a conhecer o homem por trás do nome, com as suas inseguranças e anseios. Esta obra esteve entre os finalistas do Booker em 2004 mas mais uma vez não venceu. Contudo, ganhou o Dublin IMPAC, um prémio que apesar de pouco conhecido, é dos mais conceituados, reservado a obras editadas em língua inglesa, e que consiste numa quantia que ronda os 110 mil euros. Brooklyn é um dos livros mais lidos do autor e, a propósito do lançamento do filme com o mesmo nome, e nomeado para os Óscares - um filme belíssimo e comovente sem raiar o melodramático e o xaroposo -, a Bertrand reeditou o livro originalmente publicado em 2009, agora com nova capa, alusiva ao filme. O livro estreou a 14 de Janeiro, com realização de John Crowley e argumento

'Brooklyn' valeu a Colm Tóibín o prémio literário Costa Book do escritor inglês Nick Hornby. Brooklyn foi finalista do Man Booker Prize e ganhou finalmente o prémio Costa, outro prémio aparentemente desconhecido, mas por uma razão válida, pois originalmente o prémio Costa Book tinha a designação de Whitbread Book Awards, criado em 1971, destinado exclusivamente a autores radicados nas ilhas do Reino Unido e da Irlanda, e patrocinados desde 2006 pela cadeia de lojas de café muito popular aí, Costa Coffee, uma subsidiária da Whitbread, o que motivou a mudança de nome do prémio. Uma das grandes surpresas foi Brooklyn ter sido eleito na categoria de melhor romance em detrimento de outro grande livro, Wolf Hall, de Hillary Mantel. A protagonista da história é a jovem Eilis Lacey que, à semelhança do autor, vive em Enniscorthy durante a década de 50. Esta jovem não parece ter grandes aspirações, sentindo-se confortável com a vida simples que leva. O próprio meio em que Eilis vive não dá espaço a grandes sonhos ou desejos, pois é um local com poucas ofertas de trabalho ou mesmo de casamento. Eilis trabalha assim numa mercearia, com uma patroa que é bastante insuportável, e partilha a casa com a mãe e a irmã mais velha Rose, com quem tem uma relação de grande afinidade, pois o pai já faleceu e os irmãos emigraram para Inglaterra em busca de melhores oportunidades. Rose trabalha num escritório e é ela quem basicamente susten-

ta a família. E, preocupada com o futuro da irmã, no sentido de providenciar-lhe uma vida com horizontes, encontra uma solução para o seu dilema quando acidentalmente trava amizade no clube de golf com um padre que vive na América e está temporariamente de visita à cidade. É particularmente relevante atentar como o amor de Rose para com a irmã mais nova, e a sua decisão em “empurrá-la” para fora do ninho, significa, por outro lado, a anulação de qualquer possibilidade de mudança em relação à sua própria vida, pois ela opta por ficar e continuar a apoiar a mãe. O padre, um velho amigo de família, disponibiliza-se a ajudar Rose e encontra um trabalho para Eilis. Rapidamente, Eilis dá por si a atravessar o Atlântico, para ser depois acolhida na casa de uma

senhora irlandesa que aluga quartos a diversas outras raparigas que partilham o mesmo destino de Eilis. A jovem começa a trabalhar num relativamente prestigiado armazém de lojas, e apesar de no início parecer vogar através dos dias com alguma resignação, pois a personagem é quase sempre bastante passiva, a sua contenção sofre um abalo quando começa a receber cartas da irmã e é assolada pelas saudades de casa. E porque o ócio é inimigo da alma, Eilis começa, depois, a estudar à noite, para poder trabalhar como contabilista ou guarda-livros, à semelhan ça d e Rose. A jovem que antes não mostrava ter grandes perspectivas de futuro e que parecia ver-se arrastada como uma folha ao vento, seguindo passivamente aquilo que os outros delineavam para ela (o que não invalida que

Escritor foi finalista do Man Booker Prize

fosse por simplesmente confiar nas decisões dos outros, feitas por amor, sentindo-se grata), vê-se agora cada vez mais adaptada à América e a procurar criar raízes. É também, mais ou menos por essa altura, que apesar de parecer relativamente indiferente aos esforços das suas companheiras de casa em encontrar um namorado, Eilis conhece um jovem italiano – outra das grandes diásporas no Novo Mundo – por quem, gradualmente, se deixa envolver numa relação amorosa que nasce, sobretudo, como uma amizade. A palavra amor aliás surge muito poucas vezes ao longo do livro, o que contribuiu para a sobriedade narrativa a que nos referíamos antes. Contudo, notícias trágicas vêm interromper este idílio em que Eilis começa a deixar-se mergulhar, à medida que sentia como sendo cada vez mais definitivo o não-retorno à Irlanda, e a jovem é obrigada a voltar a casa onde se verá, subitamente, confrontada com uma escolha, pois, por ironia do destino, encontra na sua terra natal as mesmas oportunidades que antes lhe faltavam e que terão contribuído para a sua emigração - uma possibilidade de casamento e um futuro profissional. A trama parece fechar-se assim de forma circular.

Este romance é de leitura fácil, mas nem por isso superficial, e a história é tão simples e linear que pode até causar alguma estranheza o sucesso do livro, pois que a escrita deste autor, considerado um dos expoentes da literatura irlandesa, é extremamente contida, despojada de qualquer vaidade ou de ornamentação. Alguém escreveu que a escrita de Colm Tóibín constitui uma elegia às vidas banais, mas a vida de Eilis não é tão banal assim, pois este é também um relato de como, mesmo quando mudamos de continente, e perdemos todas as nossas referências, acabamos sempre por nos conseguir adaptar a uma nova vida. Brooklyn é ainda um cuidado retrato histórico no feminino de toda uma diáspora, fruto da geração de 50 ou, aliás, de sucessivas gerações que partiram em busca de novas oportunidades, não só a partir da Irlanda como inclusivamente de Portugal. A Bertrand publicou ainda, em anos anteriores, uma colectânea de contos intitulada Mães e Filhos e o pequeno romance O testamento de Maria, adaptado a partir do guião que o autor escreveu para a Broadway, um monólogo protagonizado por Fiona Shaw.


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Panorâmica

Museu Municipal de Faro: realidade e desafios FOTOS: RICARDO CLARO

Ricardo Claro

Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com

Aberto nas actuais instalações desde 1973, depois de estar instalado na Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos até 1971, o Museu Municipal de Faro é herdeiro do Museu Archeológico e Lapidar Infante D. Henrique e é a mostra por excelência do património, da história e da cultura do concelho de Faro. É no antigo Convento da Nossa Senhora da Assunção, em plena cidade velha, que se dá a conhecer muito do que é a herança histórica e patrimonial deixada às actuais gerações pelos povos que durante centenas e centenas de anos foram sucessivamente habitando as terras hoje compreendidas pelos limites geográficos do concelho. À frente de um espólio de milhares de peças está, desde há cerca de quatro anos Marco Lopes, que aposta em fazer evoluir um museu que muito tem mostrado da identidade colectiva farense aos próprios farenses, aos portugueses em geral e aos turistas. Muito do que hoje se pode ver no museu municipal é ainda fruto do trabalho realizado sob a direcção de Dália Paulo, mas apesar de muitas das exposições estarem patentes há vários anos o museu já tem novidades que valem bem uma visita. Uma das apostas de Marco Lopes foi a de dar dignidade expositiva acrescida à peça conhecida por ser o ex-libris do museu, o mosaico do Deus Oceano. O mosaico do Deus Oceano, uma peça de destaque numa sala renovada Descoberto em 1926 entre as Ruas Infante D. Henrique e Ventura Coelho, no centro da cidade perto da Estação da CP, o mosaico do Deus Oceano foi reenterrado e só em 1976 redescoberto para ser transferido para o museu.. Datada de finais do século II ou inícios do III d. C., o painel de grandes dimensões esteve exposto numa sala que “não correspondia em termos de condições à dignidade da peça”, refere Marco Lopes. Agora, depois de uma intervenção totalmente suportada por mecenas, criou-se um enquadramento e um discurso expositivo que constituem uma mais-valia para o visitante e para a compreensão do conjunto de peças ali exposto. “Conseguimos um apoio integral de mecenas numa aposta pessoal minha que teve como resultado um projecto da equipa do museu cujo empenho mereceu uma apreciação positiva dos mecenas privados”.

tativo do Arco da Vila passámos agora a ter mais uma área de serviço educativo a somar ao museu municipal que tem cerca de cinco mil visitas anuais oriundas das escolas e do museu regional que recebe deste segmento cerca de 1.500 visitantes ano”, refere o director do museu, que programa integrar no serviço educativo a Galeria Trem, actualmente dinamizada através de um novo protocolo entre a autarquia e o curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve, de onde resultou a actual exposição “Arte: um assunto de mulheres”. As exposições permanentes

A sala do Mosaico do Deus Oceano, resultado do trabalho do museu apoiado pelo mecenato O percurso criado em torno do mosaico permite actualmente ao visitante contornar a peça com um perspectiva de visão descendente, ao mesmo tempo que pode ler informação de enquadramento em painéis ao longo do percurso.

bom percurso desta empreitada, o primeiro exemplo de tesouro nacional do Algarve, o que potenciará sem dúvida a importância do museu municipal e do património do concelho em termos regionais e nacionais.

Mosaico proposto para Tesouro Nacional

As reservas: um património ‘escondido’

Outra das apostas do museu está na classificação do Mosaico de Deus Oceano como tesouro nacional, um processo já iniciado e que conta com o parecer favorável - já emitido - da Direcção-Geral do Património Cultural. “Será o primeiro caso de uma classificação como tesouro nacional atribuída na região do Algarve”, destaca o responsável do museu farense, que esclarece que de momento se “aguarda o parecer do conselho consultivo para que o ministro da Cultura possa finalmente despachar” no sentido da classificação do mosaico com a mais alta categoria da classificação nacional de património. Faro ganhará assim, mantenha-se o

São milhares as peças que o museu de Faro tem em reserva, longe do olhar do público, e que muitos se perguntam porque não vêem a luz do dia em exposições. No percurso que leva as peças das reservas até uma sala de exposição há pequenos grandes pormenores que fazem com que muitas peças demorem muito tempo até poderem ser expostas ou mesmo nunca o venham a ser. “Não se trata de não querer mostrar as peças”, clarifica Marco Lopes, “trata-se antes de perceber que a museologia tem nos dias de hoje de ter em atenção que a exposição de peças pelo simples acto de expor não faz grande sentido”.

“As peças para poderem ser expostas têm antes de ser estudadas a fundo e restauradas em condições que permitam a sua mostra ao público. Estamos a fazer esse estudo - que muitas vezes é muito demorado - e trabalhamos no serviço de conservação e restauro afincadamente para que as peças possam ser expostas em exposições estruturadas, com um discurso museológico adequado e que respeite os critérios de qualidade e credibilidade que queremos todos que o museu tenha”, diz o director do museu. “Muitas das peças em reserva integram exposições temporárias que vamos realizando, temos actualmente no museu regional (também sob a alçada da Câmara de Faro) uma exposição dedicada ao acordeão e à tradição musical de Bordeira, uma verdadeira mostra de património imaterial do concelho que abrimos ao público em Janeiro”, recorda Marco Lopes, que dá outro exemplo de sucesso com a exposição dedicada aos 125 anos da chegada do Comboio a Faro, “bastava ler o livro de visitas da exposição para ter noção dos testemunhos emocionados de visitantes que recordaram com aquela mostra momentos da História do concelho e da sua história pessoal”. A aposta passa, afirma o responsável museológico, “por cumprir aquele que é o papel primordial deste museu, preservar e dar a conhecer o património, a história e a cultura do concelho de Faro”, mais do que trazer a Faro exposições importadas, “e por explorar todo o potencial cultural e educativo de cada exposição”. O serviço educativo, uma aposta continuada

O director do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes

O serviço educativo do museu municipal é considerado um sucesso, mas para Marco Lopes “há que continuar a melhorar e estender o serviço a todos os espaços museológicos da responsabilidade do município”. “Com a abertura do Centro Interpre-

Numa visita ao museu municipal podem ainda ver-se as exposições permanentes “Caminhos do Algarve Romano”, “Sala Islâmica”, “Pintura Antiga dos séculos XVI a XIX” e “O Algarve Encantado na obra de Carlos Porfírio”. Nesta área o director do museu gostava particularmente de poder renovar a “Sala Islâmica”, “criando, com o que temos em reservas, um ambiente de uma casa da época” e dando maior dignidade e significado a este período da História do concelho. Na exposição de pintura antiga, a aposta passaria pela melhor iluminação da área de exposição, um tema em estudo com a área de conservação e restauro para que se possa tornar uma realidade. Mas estas são intervenções de menor monta, as de grande dimensão que poderiam ou deveriam ser feitas dependem de tempo de preparação e de financiamento adequado de mecenas e da autarquia. Os desafios de futuro A par da melhoria das exposições já existentes, o museu de Faro quer encarar como desafio de futuro a melhoria das condições de acolhimento dos visitantes, por exemplo criando condições de acesso ao primeiro andar do museu para pessoas com mobilidade reduzida, o que actualmente é impossível. Na área de restauro, o museu mantém o esforço de conservação e restauro das peças em reserva ao mesmo tempo que desenvolve um trabalho muitas vezes tão pouco visível de manutenção do património do concelho, nomeadamente ao nível das igrejas e respectivos retábulos e estruturas e vai mesmo este ano sair do concelho de Faro para apoiar a Câmara de São Brás de Alportel na recuperação do jazigo do poeta Bernardo de Passos. Na calha estão também uma exposição dedicada ao Barroco, feita em parceria entre o museu municipal e o Museu de Belas-Artes de Sevilha, e uma exposição dedicada ao azulejo baseada na colecção de azulejos do Almirante Ramalho Ortigão de que o museu é proprietário e que já integrou a mostra “O Brilho das Cidades” na Gulbenkian.


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Cultura.Sul

Artes visuais

A fotografia pode ser considerada uma forma de arte visual, tal como é a pintura?

Saul Neves de Jesus

Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

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A fotografia surgida no século XIX não era considerada uma forma de arte visual. Foi no âmbito do movimento futurista, a partir do início do século XX, que a fotografia se desenvolveu como expressão artística. António Tavares (2009), ao abordar “A fotografia artística e o seu lugar na arte contemporânea”, considera que foi em Itália, no âmbito da corrente Futurista, que os fotógrafos começaram a integrar o movimento nas suas criações. Os futuristas foram um grupo de artistas italianos que trabalharam entre 1909 e 1916, rejeitando o moralismo e o passado e abraçando tudo o que tinha a ver com as inovações tecnológicas e a representação do movimento, da energia e da velocidade. Em termos de fotografia, é de salientar que esta procura da captação do movimento já havia sido trabalhada pelo fotógrafo inglês Eadweard Muybridge, o qual se tornou conhecido pela invenção do zoopraxiscópio, dispositivo para projetar os retratos de movimento, e por ter conseguido tirar, em 1877, a primeira fotografia que permitiu provar que quando um cavalo galopa consegue ter simultaneamente todos os cascos no ar, após ter sido contratado por Stanford. Para tal desenvolveu uma forma que permitia a captação instantânea de imagens, utilizando fora da câmara um disparador elétrico criado por John Isaacs. No

ano seguinte, utilizou várias câmaras estereoscópicas para conseguir fotografar o galope de um cavalo numa curta distância, ocorrendo o disparo das câmaras em cada milésimo de segundo. Com esta série de fotos, intituladas “O cavalo em movimento” (“The horse in motion”), conseguiu mostrar que as pernas dos cavalos não ficam completamente estendidas, ao contrário daquilo que os desenhos da época procuravam sugerir. A publicação das fotos tiradas por Muybridge na revista “La Nature”, despertou a curiosidade do fisiologista Marey, o qual passou a considerar a possibilidade de utilizar o mesmo método para registar os movimentos de voo de pássaros. Mas tendo também em conta os métodos da fotografia astronómica utilizados pelo astrónomo Janssen, que havia desenvolvido o “revólver fotográfico astronómico” (1874), Marey desenvolveu o seu próprio método cronofotográfico a começar pela criação do seu “fuzil cronofotográfico”, em 1882, conseguindo utilizar uma única câmara para obter múltiplas imagens. A continuação da investigação levou-o a rapidamente conseguir produzir uma única placa com muitas partes do movimento nela representadas, em vez de fotografias isoladas de cada parte do movimento produzidas na placa móvel, conseguindo utilizar este método na captação do voo de pássaros em 1883. Em 1886, a utilização deste método com três câmaras em simultâneo veio a permitir-lhe elaborar uma representação tridimencional do voo na forma de uma escultura, inicialmente produzida em cera e posteriormente em bronze, contando com a colaboração de um artista. De acordo com Marta Braun (1983), o que Marey procurava era “ver o invisível”, sendo o interesse

FOTOS: D.R.

Fotografia “Big-bang” e foto-pintura “Universos paralelos”, de Saul de Jesus (1988 e 2007) do seu trabalho sobretudo “a gravação do que o olho não conseguia captar, e não a reprodução do que ele normalmente percebe”. O método gráfico de Marey e seu processo cronofotográfico abriram ao século XX as possibilidades teóricas dos usos de aparelhos hoje bastante comuns como o eletrocardiograma ou o eletroencefalograma, bem como a teorização necessária para a concretização da invenção de Louis Lumière, o Cinematógrafo, em 1895. A exploração da dimensão movimento pelo futurismo contribuiu para o reconhecimento da fotografia como arte. Assim, alguns fotógrafos começaram a enfatizar a componente artística das fotos, fazendo fotos ligeiramente desfocadas, ou aproveitando o efeito do movimento dos objetos fotografadas. Um dos fotógrafos que mais se destacou neste âmbito foi Jacques Lartigue, o qual começou a fotografar a partir dos 8 anos, em 1902, tendo constituído um diário com fotografias e

“A TRADIÇÃO DO ACORDEÃO EM BORDEIRA” Até 6 JAN 2017 | Museu Regional do Algarve - Faro Exposição apresenta vários bordeirenses que dedicaram a sua vida à arte de tocar o acordeão, reconhecidos a nível nacional e internacional

textos breves durante toda a vida, até 1986. A exposição “Um mundo flutuante”, dedicada à apresentação do seu trabalho, foi realizada em 2011, na Caixa Forum Madrid. De acordo com Barthes (1984), a verdadeira alma da fotografia está em interpretar a realidade e não em copiá-la. Fazer fotografia não é apenas clicar no disparador. Tem de haver sensibilidade estética, registando um momento único, singular, em que o fotógrafo recria o mundo externo. Conforme refere Tavares (2009), “a máquina fotográfica permitiu, ao longo dos tempos e desde a sua invenção, que o fotógrafo se fosse libertando do carácter de mero captador de uma dada realidade, de um dado objecto. Por todo o século XX a fotografia envereda por campos onde a sensibilidade artística se revela”. Neste seu artigo, Tavares destaca o contributo de Henri Cartier-Bresson para o desenvolvimento da componente artística na fotografia, afirmando o seguinte: “foi o

criador da expressão e conceito de “fotografia de autor” (…) Cartier-Bresson, com os seus trabalhos, prova que o resultado da arte fotográfica não estava na máquina, mas sim no olho do fotógrafo que, de forma subjetiva, percepciona um determinado momento e o captura”. Desta forma, a fotografia pode permitir criar uma imagem cuja realidade objetiva que retrata é difícil de identificar, permitindo à imagem que surge na fotografia passar a ter uma identidade e um sentido próprio. Exemplificamos com uma foto que tirámos em 1988, intitulada “Big-bang”, em relação à qual, até ao momento nunca ninguém que tenha observado esta fotografia tenha conseguido identificar a partir de que realidade foi produzida. A foto havia sido tirada a uma Árvore de Natal com luzes, utilizando tripé e disparador de cabo, com uma exposição de dois segundos, durante os quais ocorreu uma aproximação utilizando uma ob-

jectiva 60-300mm. Com esta foto procurámos representar a explosão inicial do universo e remeter o público para uma reflexão acerca das origens do universo, pois no mesmo ano havíamos realizado um trabalho teórico sobre “A criação do universo: onde acaba Deus e começa o Big-Bang?”. Procurámos retomar essa ideia, em 2007, produzindo o trabalho “Universos paralelos”, mas introduzindo a ideia de buraco negro que permitiria a passagem de um universo para outro. Esta perspetiva da criação de imagens que adquirem uma identidade própria também está claramente presente na fotografia “Phantom” (fantasma, em inglês), da autoria do fotógrafo australiano Peter Lik, o qual criou uma imagem cuja realidade objetiva que retrata é difícil de identificar, permitindo à imagem que surge na fotografia passar a ter uma identidade e um sentido próprio. “Phantom” foi fotografada a preto e branco no interior Antelope Canyon, no estado do Arizona (EUA). O nome da fotografia deve-se à forma humana “fantasmagórica” criada pelo efeito da luz ao incidir na poeira do interior do Canyon. Esta é a fotografia mais cara da história, ao ser vendida por 6,5 milhões de dólares (mais de 5,2 milhões de euros). Conforme referido pelo próprio, “o propósito de todas as minhas fotografias é capturar o poder da natureza e transmiti-lo de uma forma que inspire alguém e faça a pessoa conectar-se com a imagem”. Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigo encontram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)

“UM OLHAR SOBRE A OBRA DE PICASSO” Até 20 FEV | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira Exposição partilha o olhar de João Pedro Tavares sobre Picasso, uma reinterpretação muito pessoal e que nos confronta com o maior pintor do século XX


Cultura.Sul

05.02.2016

Momento

«Palavras Cruzadas de Café» Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

Encontros à sexta na ALFA

Dário Agostinho Membro da ALFA

A ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve possui um percurso significativo na promoção, dinamização e divulgação das mais variadas vertentes da fotografia. Desde a sua criação, em 2008, tem-se afirmado como uma referência na região cuja ambição, para o triénio 2016-2018, consequente de uma renovação dos seus corpos sociais, se amplia ao âmbito nacional e internacional. Para além de exposições, workshops, passeios e de inúmeras outras atividades, a oferta regular de cursos de fotografia de diversos níveis, a par de outros mais especializados, revela o compromisso assumido, e sempre renovado, da ALFA. O

compromisso de tratar a imagem fotográfica como uma área de oportunidades quer a nível profissional, quer em termos de expressão artística ou de realização pessoal. Sem descurar os momentos para conhecer pessoas e lugares, partilhar experiências, e crescer para e com a fotografia, em 2016 a ALFA renova as suas abordagens. Deste modo, deu-se início em janeiro a encontros que propõem tratar a fotografia num plano menos técnico e um pouco mais teórico. Podemos chamar-lhes tertúlias, serões ou convívios. Pelo menos uma vez por mês, e durante todo o ano, em ambiente caloroso e informal, falamos do que representa a imagem fotográfica nos dias e nas nossas vidas de hoje. A sede da ALFA abre-se à comunidade e ao intercâmbio com outras entidades. Basta estar atento ao nosso sitio na Internet em www.alfa.pt e às permanentes atualizações do programa de atividades. Fica o convite!

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Cultura.Sul

Sala de leitura

Em busca do público 'perdido' FOTO: VASCO CÉLIO

Paulo Pires

Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt

Inspirado no incontornável romance de Proust, este título remete para um desafio que é muito caro aos programadores culturais nos dias de hoje: a dificuldade de captação de públicos, nomeadamente dos segmentos jovem e jovem adulto (compreendendo, grosso modo, um arco etário dos 16/18 aos 30/35 anos) para actividades desenvolvidas no âmbito das artes performativas e visuais – isto especialmente fora das grandes metrópoles onde já existe, em geral, uma intensa e diversificada oferta, rotinas culturais mais enraizadas e um universo mais alargado de potenciais destinatários. Sabemos que quer os diálogos interdisciplinares, as linguagens digitais e outras abordagens com incidência tecnológica e a própria natureza inclassificável, experimental e inusitada de muitas das manifestações artísticas contemporâneas de um lado, quer as tendências de inspiração revivalista e de questionamento/reinvenção da tradição/ cânone do outro, quer ainda os projectos culturais colaborativos/participativos assentes em desafios criativos lançados à comunidade constituem, sem dúvida, três tipos de ingredientes que exercem uma forte atractividade junto das camadas mais jovens. Também existe a consciência de que esse público-alvo é complexo e heterogéneo do ponto de vista dos perfis, gostos e motivações que o compõem, estando muita vezes compartimentado em segmentos/minorias (flutuantes, mutáveis) associados a dada(s) área(s), estilo(s), moda(s) ou personalidade(s) artísticos (por exemplo, os adeptos do cinema, os seguidores do heavy metal, os entusiastas dos formatos mais herméticos e conceptuais, os fãs da coreógrafa x ou y, etc.) e/ou em atitudes de cariz mais individual e idiossincrático, não necessa-

Os (outros) públicos da Cultura: novos caminhos para maior diversidade e inclusão riamente alinhadas com um colectivo(s) mais ou menos expressivo(s). No caso do Algarve existe uma realidade, à partida minoritária, que tem vindo, paulatinamente, a ganhar um espaço crescente no seu panorama cultural, a qual engloba galerias de arte, colectivos artísticos, grupos informais tertuliantes e outras estruturas privadas como, sobretudo, bares, quintas de turismo rural e tapas & wine houses, que desenvolvem, com maior ou menor regularidade e consistência, actividades em torno das artes plásticas/ visuais, música, performance, literatura, etc., e que apostam, muitas vezes, em conteúdos, formatos e estratégias que muitas entidades públicas não privilegiam – isto ainda que já se note igualmente, em vários casos, uma colaboração/ parceria, que se desejaria mais habitual e ambiciosa, entre estas e esses agentes. Parece-nos fundamental o papel desses “pequenos” actores da cena cultural enquanto focos de criatividade, experimentação, intervenção-reflexão, aglutinação e difusão/promoção, os quais investem mais em nichos de público/minorias (captando também, aqui e ali, por arrasto, franjas de destinatários mais generalistas) e funcionam como precioso e urgente contrapeso (questionando, ousando, arriscando)

da oferta dominante proporcionada pelos equipamentos culturais públicos. Quando se olha para as propostas culturais emanadas das câmaras municipais da região a oferta cultural que aposta em segmentos específicos de público e que privilegia formatos não massificados tem, no cômputo geral, um carácter ainda residual (há excepções, obviamente). Essa discrepância é igualmente visível na questão da menor aposta (mais visível nuns concelhos do que noutros) em determinadas áreas artísticas como a dança contemporânea, a performance ou o cinema, isto quando comparadas com o campo da música ou mesmo do teatro, que continuam a ser claramente hegemónicos. Não obstante este quadro geral, deixamos dois exemplos (outros haveria) de realidades urbanas/cidades que, não obstante também apresentarem, como é natural e legítimo, outro tipo de ofertas, têm vindo igualmente a afirmar-se de forma gradual – o tempo e a resiliência são, nestes casos, fundamentais – no que concerne ao florescimento de projectos e dinâmicas culturais minoritários/alternativos, emanados de estruturas associativas e outros privados, que procuram ir ao encontro de velhos e novos públicos (esquecidos, perdidos, dispersos): Lagos e Faro. Em Lagos destacamos a es-

trutura de criação e difusão artística transdisciplinar casaBranca, fundada pela dupla Ana Borralho & João Galante e Mónica Samões em 2006, e que aposta em projectos de pesquisa, formação e criação que potenciam o desenvolvimento e circulação do pensamento artístico. Esta estrutura organiza o Festival Verão Azul (desde 2011), porventura exemplo único na região de um evento anual, em formato de festival, que aposta clara e inequivocamente, como foco principal (e não como componente residual ou secundária, de que existem vários exemplos), na criação contemporânea, no experimentalismo e na multidisciplinaridade, e cuja edição de 2015 se alargou, pela primeira vez, a Faro e Loulé. Ainda em Lagos, uma alusão inevitável ao LAC – Laboratório de Actividades Criativas, formado em 1995 e sediado na antiga cadeia da cidade, o qual tem-se dedicado continuamente à promoção da criatividade em vários quadrantes artísticos e em especial à área da formação, implementando ainda em 2008 um programa de residências artísticas (PRALAC) e, mais recentemente, em 2011, a 1.ª edição do ARTUR – Artistas Unidos em Residência (projecto de arte urbana). Faro: observa-se, aos poucos, que a cidade tem vindo a (re) potenciar-se e reinventar-se culturalmente devido quer à

dinâmica e criativa massa crítica que efectivamente nela existe em várias áreas, quer também muito como resposta positiva e alternativa à crise e, assim, à visível maior dificuldade da autarquia em apoiar financeiramente e não só os agentes e projectos locais, nomeadamente de cariz associativo, o que acabou por fazer com que a própria cidade espreitasse mais para o seu potencial interno, para o que realmente tem dentro de casa. O DeVIR/CAPa, por exemplo, tem desenvolvido um longo e consistente trabalho de formação, programação e difusão das artes performativas desde 1994, destacando-se também o seu programa de residências de criação iniciado em 2001. Uma alusão também a vários projectos culturais ancorados em organizações associativas e edifícios “históricos” da cidade, que fundem passado e futuro e valorizam/divulgam os criativos da região e outras propostas diferenciadoras, juntando em seu redor novos públicos muito por acção dos seus renovados mentores e dos seus respectivos círculos de amizade e redes de envolvimento e influência sociais: Sociedade Recreativa Artística Farense, Club Farense, Palácio do Tenente (revitalizado desde 2013) ou Ginásio Club de Faro (relançado em 2015). Na área da música e da difusão de uma oferta fora do mains-

tream, também é inevitável a referência a entidades como, entre outras, a Associação Recreativa e Cultural de Músicos (ARCM, fundada em 1990), a Associação Grémio das Músicas (desde 2001) e a Associação Filarmónica de Faro (surgida em 1982), que têm tido um papel muito importante na área da formação e educação artísticas, mormente junto dos mais jovens. Uma palavra, por fim, para três projectos farenses que também insistem numa intervenção cultural fora dos grandes circuitos e tendências massificados, procurando captar e formar novos públicos: a ArQuente, que tem apresentado, desde 2003, um relevante e questionador trabalho na linha de um teatro mais performativo (e não clássico) que dialoga com a dança, a fotografia e o vídeo, mas também apostando em boas surpresas da nova música portuguesa (de que são exemplo os seus “Concertos ao entardecer”) e ainda noutros formatos ligados à literatura; a Policromia, fundada em 2001 e que em 2015 se fixou no Mercado Municipal de Faro (onde tem a sua sede/atelier e uma galeria de arte, a Farpa Lab), cujo colectivo de artistas se foca sobretudo na difusão das artes visuais apresentando propostas verdadeiramente desassossegadoras e inquietantes; e a Tertúlia Algarvia (surgida em 2013) enquanto projecto ousado, neste caso empresarial, que tem promovido a cultura do Algarve cruzando tradição e contemporaneidade, e que, nesse âmbito, tem desenvolvido inúmeras parcerias com outros agentes da região. O escritor Henry David Thoreau dizia que se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros é porque ouve outro tambor. Serão quase sempre esses “tambores” inquietantes, incómodos e inesperados, diferentes da marcha generalizada, automatizada e consensual, que poderão atrair esses outros públicos “perdidos” para os palcos da Cultura. Porque o que importa mesmo, para quem cria e/ou programa, é esse comprometimento com a defesa da singularidade e a persistência “violenta”, “mesmo que” por vezes utópica, nessa direcção.


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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

Fevereiro 15 de março, no horário 9-13 / 14-17.

Fernando Cabrita

a esboroar o vento enraivecido carne virgem de um poema por acabar na morte súbita da poesia, inventariaram-se as palavras afectadas pelas emoções vazantes aquelas palavras que ainda respiram, exauridas rasgadas na sua glória as palavras que recusam a passagem pelo crivo decisivo do esquecimento, do anonimato as chagas dos discursos não poéticos depósitos de vaidades nos corais quebradiços as palavras que demoram nos arabescos dos dedos o silêncio não se incluiu na lista

Viviane Pedro Jubilot

pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt

Prunus Dulcis FOTOS: D.R.

«Entre Amigos», será o primeiro concerto de Viviane, enquanto ‘Artista Figuras’ (teatro municipal) 2016. Neste concerto, Viviane irá fazer uma retrospetiva do início da sua carreira, apresentando uma viagem musical através dos grupos e projetos em que participou: Entre Aspas, Camaleão Azul e ainda Linha da Frente. A acompanhá-la nesta viagem estarão vários amigos convidados: a primeira e a segunda formação dos Entre Aspas, a formação do projeto Camaleão Azul, e nomes destacados do atual panorama musical algarvio como Gaijas, Nome, Ludo, Mundopardo, Funkarmónica, Diogo Piçarra, Tércio Nanook e ainda os DJ's Lord Vegan, Gijoe e Helena Isabel. A seguir ao concerto de 26 de março terá lugar uma “After Party” no foyer do Teatro das Figuras.

De Marim Escreveu Mário Claúdio: «soletremos sempre a palavra azul. apegados à terra. até que floresçam as amendoeiras(...)» Pouco tem chovido, mas finalmente começa a despontar a flor branca, levemente rosada na ‘prunus dulcis’- árvore de pequeno porte, que se expandiu pela bacia do mediterrâneo, cultivada devido à importância do seu fruto - a amêndoa. Encontra-se sobretudo no barrocal, mas também no litoral algarvio, fazendo assim jus à bonita lenda do rei árabe, que mandou plantar amendoeiras em redor do palácio, para que a princesa, ao ver os campos brancos (em flor) não suspirasse mais pelo rigor dos invernos (de neve) do norte europeu.

Adília César

Para Além do Branco

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Não há uma razão melhor que as outras para nos conduzir até à sede do Ciipc em Santa Rita. Mas ver os deslumbrantes trabalhos de Filipe da Palma ao vivo – fora da rede social facebook – é sem a menor dúvida uma grande razão para tomar a EN 125 a caminho de V. R. Stº António. A exposição de fotografia «Para Além do Branco», inaugurou a 4 de fevereiro e pode ser visitada até

Depois do êxito que foi a sua conferência «Portugal, Espanha e os Sefarditas» no Consulado Geral de Portugal em Sevilha, em que desenvolveu os temas da intolerância, da perseguição e do exílio, que já havia apresentado no brilhante livro bilingue de poesia «Lejos de Sefarad/Longe de Sefarad», - o escritor algarvio Fernando Cabrita foi o poeta português convidado oficialmente pela direção do evento a participar no Festival internacional de Poesia de Marraquexe em abril de 2016, sob o signo «Criatividade… Liberdade e Paz». E é assim… a cena literária algarvia a expandir-se.

Dispostos na concisa açoteia do chalé de Marim soletramos a gramática desdobrável da inconstância juvenil, de fazer vibrar as pequeninas ilhas, emergindo, brancas, silenciosas, com o farol de santa maria aos olhos e o louco sonhar de João Lúcio nas mãos. Ensaiamos desde logo o que é simples, perene, remoto ou devir. Inferimos em coisas como o viver de agora, o abarbar da perfeição em silêncio de água, o complanar do amor puro e eterno, aspergido mesmo se platónico. Arriscamos depreender que as dicotomias do sul são de toda a parte e nunca se antagonizam, mas antes completam os ciclos de luz, calor, sol, serra, nascente, vida -- sombra, brisa, noite, mar, poente, morte… “VIAGENS, EPIFANIA DA COR” Até 27 FEV | Galeria do Convento do Espírito Santo - Loulé Guilherme Parente remete-nos para um universo do maravilhoso e da utopia onde a cor é a própria viagem, numa dualidade entre a realidade e a imaginação

A editora Lua de Marfim sediada na Amadora tem apostado recentemente em edições de autores do Algarve. E já no final de Janeiro anunciou a estreia desta autora de Lagos, residente em Faro, com o livro «o que se ergue do fogo», que abre com o poema: inventário a poesia morreu subitamente no pensamento do poeta condenado a amassar-lhe o corpo e nos olhos que a comem a chorar vejam os poemas de pedra, indigestos no preciso momento em que as palavras mastigadas se tornam herméticas e inúteis, aos gritos despejadas e reverberadas nas bocas que se crêem deuses nas alturas, sem paz nesta terra de poetas as palavras transformam-se dispostas nas linhas enroladas de um processo mental desorganizado, apenas ecos transumâncias espaciais na interioridade dos sujeitos intervenientes sombras do desgosto ingénuo e salitroso longe do mar sem fim e sem destino sons inconcebíveis e desconexos da agonia a dobrar o cabo do medo

sentiu a vergonha de ser réstia, sozinho e inconsolável a perder-se nos confins do mundo e nas mãos do poeta o peso da cobardia a amachucar a fina folha de papel a enormidade da perda, a imensidão do mar conspurcado pelo não-ser, o não-saber, o não-querer a dádiva das palavras sobreviventes, dimensionadas talvez num possível poema sobre a morte súbita ou outra morte qualquer a morte é sempre morta e perfeita ainda que a poesia não seja coisa viva no inventário o silêncio redigiu a seguinte declaração que dedicou à poesia, em modo de epitáfio: “da próxima vez que morreres, suicido-me contigo talvez assim tu percebas que gritei de todas as vezes que morreste”

Guadiana É agora um rio que já não serve de muro, que é uma água de ninguém, para ligar as pessoas. Por isso existem obras como «Poesia Jovem do Baixo Guadiana» uma antologia poética bilingue, que reúne 13 jovens poetas, portugueses e espanhóis, da nova geração, que reforma a esperança na continuação da cooperação transfronteiriça e a certeza num amanhã construído de relações interculturais que juntam povos através de textos poéticos.

Todos Todos deveríamos ter tido uma vida maravilhosa e poder cantá-la, sem precisar de nos escondermos ou andarmos a correr nela. Mas a pintar e escrever a poesia desses dias. Ou pelo menos ter tido quinze minutos de fama. Só para depois continuarmos a tentar sobreviver às canções e imagens que pareciam ter sido feitas para nós. Mesmo se nunca o são como tínhamos imaginado.

“ANDANÇAS & CANTORIAS” 11 FEV | 18.30 | Teatro das Figuras - Faro Afonso Dias e Teresa da Silva apresentam um espectáculo de música tradicional portuguesa, que pretende contribuir para a divulgação da genuína música de raiz tradicional


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Cultura.Sul

Espaço ao Património

Ficha Técnica:

Os Cristos Mortos do Algarve como nunca antes vistos Marco Lopes

Diretor do Museu Municipal de Faro

Impõe-se uma nota preliminar antes de prosseguir com a redação do texto. O autor deste artigo é tão cúmplice neste projeto quanto outras pessoas que devem ser aqui mencionadas: Daniel Santana, historiador de arte na Câmara Municipal de Tavira, Jorge Pereira, médico-radiologista, e Francisco Lameira, professor na Universidade do Algarve. A todos estes nomes, cada um no ofício que melhor sabe, cabe uma tarefa que pode virar uma página importante no conhecimento do património artístico e religioso algarvio. A constituição do grupo de trabalho, multidisciplinar na sua formação, demonstra que o olhar sobre o património deixou de ter apenas um ponto de vista. Hoje já não conta apenas ter a história de arte como recurso na observação de uma peça e na elaboração da sua respetiva ficha de inventário. Pode ser insuficiente. Existem outras técnicas e ferramentas, à partida estranhas em assuntos ligados ao património, extremamente úteis e valiosas. A radiologia é uma delas e que tem um peso fundamental no sucesso deste empreendimento. Um exame radiológico a um bem cultural pode ser uma verdadeira caixa de surpresas. Através dele acedemos a um conjunto de dados sem que a peça tenha de ser sacrificada na sua integridade física. Ficamos a conhecer detalhes do seu estado de conservação, pormenores da sua técnica construtiva, aspetos de antigas intervenções de restauro e até características dos materiais usados. Todo este manancial de informação pode ser obtido para os Cristos Mortos ou qualquer outra peça artística. Mas centremo-nos por agora nos Cristos Mortos e

nas quase quatro dezenas de imagens espalhadas pelo Algarve. Exceto nos concelhos de São Brás de Alportel e de Vila Real de Santo António segundo o estudo de Francisco Lameira dedicado à imaginária e à talha algarvia. A escolha desta representação da figura de Cristo deve-se desde logo à facilidade de transporte, mas também à sua adaptação sem dificuldades aos aparelhos radiológicos e aos procedimentos dos exames de uma TAC. Por outro lado, estamos perante uma imagem que na maior parte do calendário religioso se encontra discreta e que apenas na Páscoa ganha protagonismo nas procissões do Enterro do Senhor. Está pois ligada à história, às tradições religiosas e à cultura cristã desta região. São figuras de grande carga simbólica e de enorme dramatismo, como de resto se pretendia dar esse efeito junto dos fiéis, sobretudo numa jornada em que se exigia compaixão e dor. Existem de diferentes tamanhos, umas datadas e de autores conhecidos, outras sem data e de artistas anónimos. Umas mais aprimoradas do ponto de vista estético, outras com um recorte mais modesto. A

Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro FOTOS: D.R.

Imagem está ligada à cultura cristã da região maioria em madeira e um caso único em papier machê na Misericórdia de Tavira. Algumas articuladas nos ombros e outras sem qualquer rotação nos seus membros. Prevalece no entanto em todas elas a figura jacente em corpo inteiro de Cristo na sua dimensão humana, sem

vida, ferido e ensanguentado desde a cabeça até aos pés. Vão estar em cima da mesa diferentes componentes de estudo e entendimento destas imagens. O plano de investigação, que vai guiar a ação deste grupo de trabalho e que no futuro se espera resul-

A radiologia permite aceder a um conjunto de dados sem sacrificar a peça

tar numa publicação, inclui pontos como a análise da fortuna histórica e estética destas obras, as oficinas de escultura, os mestres e as clientelas, os rituais da quaresma e as procissões do Senhor Morto (numa clara alusão ao património cultural imaterial), o exame radiológico, a intervenção de restauro e o catálogo. Um retrato que se estima bastante completo e que introduz uma leitura totalmente inédita na apreciação do património religioso algarvio. Até hoje aquilo que se conhecia dos Cristos Mortos resumia-se ao que a vista nos facultava e também a alguma documentação identificada nos arquivos. Com a Radiologia não nos ficamos apenas pela aparência do corpo e pelo estado físico do Cristo. Conseguimos perceber como foi construído, se está deteriorado no seu interior, se tem mazelas antigas e que materiais lhe dão sustento. Podemos levantar questões e até colocar em causa tudo o que se tinha dado como garantido sobre a data ou o estilo da peça. Mas tudo baseado em factos e provas fidedignas e concretas, sem espaço para grandes especulações ou suspeitas. Embora as existam e vão continuar a perseguir, mas o campo de interrogações reduz-se significativamente com o apoio desta ciência. Temos pois aqui uma oportunidade de nos distinguirmos e de nos posicionarmos enquanto região num lugar cimeiro no estudo do património cultural. Não é por acaso que toda a região está aqui convocada a dar o seu contributo entre autarquias, museus, paróquias e diocese. Todos são fundamentais e o Algarve só fica a ganhar com planos inovadores, inéditos e inspiradores, revelando a sua arte e a sua história num quadro nunca antes visto. Abre-se um novo caminho na investigação do património cultural, no diagnóstico do estado de conservação dos bens artísticos e na organização de projetos museológicos. Um exemplo a seguir e que pode criar outras frentes de trabalho.

Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Momento: Ana Omelete • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Dário Agostinho Marco Lopes João Pedro Baptista José Barradas Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul Tiragem: 7.582 exemplares


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Cultura.Sul

Da minha biblioteca

A Agência de Viagens Lemming, de José Carlos Fernandes FOTO: D. R.

Adriana Nogueira

Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

Autor usa humor e ironia nas histórias

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Em janeiro de 2011, escrevi nesta secção do Cultura.Sul, a propósito de um outro autor (Rogério Silva) e a questão do regional na literatura: «Tudo aconteceu há uns anos, quando procurava o último livro de José Carlos Fernandes (insigne autor de banda desenhada que, por acaso, é de Loulé, e de quem hei-de falar neste espaço). A situação foi a seguinte: tinha-me dirigido a uma livraria em Faro, daquelas que pertencem a uma cadeia de livrarias, e perguntei se tinham o referido livro (devia ser um dos volume de A Pior Banda do Mundo). Como a funcionária não estivesse a localizar o autor, eu acrescentei ‘ele até é daqui, de Loulé’. Foi então que ouvi a resposta mais espantosa: ‘Ah, então não temos. Nós não temos escritores regionais’». Cumpro, então, o prometido, e hoje escrevo sobre o grande José Carlos Fernandes (um autor internacional), que viu pu-

blicado, finalmente, o seu livro A Agência de Viagens Lemming. Digo «finalmente», porque a edição já existia em espanhol, mas não em português. Os que tiveram a sorte de acompanhar as tiras que foram saindo, em 2005, no Diário de Notícias podem agora lê-las reunidas num único volume, dividido em duas partes: «Dez mil horas de ‘jet lag’» e «A síndrome da classe turística». José Carlos Fernandes (JCF) – biografias A biografia de JCF encontra-se em vários sítios na Internet, que nos dizem que é Engenheiro do Ambiente, que foi assistente na Universidade Nova de Lisboa e que recebeu uma Bolsa de Criação Literária do Ministério da Cultura (quando as havia), a par de nomes como Mário de Carvalho, Luísa Costa Gomes, Maria Velho da Costa, José Luís Peixoto ou Adília Lopes). Todos des-

tacam a sua obra mais conhecida, a série de seis livros Munintitulada A Pior Banda do Mun do (edição da Devir), que recebeu vários prémios (logo desde o início, tendo os dois primeiros volumes, O Quiosque da Utopia e O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante sido considerados o «Melhor Álbum Português» pelo Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – FIBDA – em 2002 e em 2003). Mas o autor diverte-se a criar biografias delirantes, misturando a sua com a das personagens. Neste A Agência de Viagens Lemming, diz-nos que «nasceu em Loulé em 1964 […]. Tinha apenas 13 anos quando, aproveitando uma episódica ida com a família a Ayamonte, para comprar caramelos, se meteu a caminho por sua conta, arranjando trabalho numa traineira espanhola que se dedicava ao contrabando com o Norte de África. O apresamento da embarcação pelas autoridades marroquinas valer-lhe-ia alguns dias de prisão, mas não tardou a evadir-se, oculto num

“PINTURA DE CASSIANO LIMA” Até 29 FEV | Galeria Pintor Samora Barros - Albufeira O autor é apaixonado por pintura há mais de 20 anos, contando no seu curriculum com várias exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro

carregamento de estrume de dromedário», fazendo lembrar, pela precocidade da fuga, As Aventuras do Barão Wrangel (Devir 2003): «terá nascido em 1934 num remoto povoado algarvio, no seio de uma família modesta. Embarcado aos 13 anos, primeiro num barco de pesca de atum, depois num bacalhoeiro, logo aproveita uma escala na Terra Nova para desertar». O feitiço de José Carlos Fernandes Acompanho a obra de JCF há vários anos. Vi um dia, em casa de um amigo de um amigo (aquelas casas aonde, normalmente, não mais voltamos), um desenho seu emoldurado. O dono da casa esclareceu-me sobre o autor e o fascínio que por ele sentia e eu fiquei cheia de vontade de ler e ver mais trabalhos seus. Por sorte, não muito depois, pude visitar uma exposição de pranchas da sua autoria, em Loulé, e fiquei encantada. Mas só depois de conhecer o seu

trabalho mais profundamente é que percebi uma crítica lida, algures, num jornal espanhol, que dizia algo como que a escrita de JCF era ainda melhor do que os seus de-senhos. Não se espantem, pois, os leitores pela abundância de adjetivos neste texto. Não sou só eu que pensa assim. O desafio que JCF faz à vician nossa cultura é quase viciante. No Centro Belga de Banda Desenhada, onde a sua obra esteve em exposição em 2009, dizia o site: «the Belgian Comic Strip Centre is delighted to welcome the superb José Carlos Fernandes into its gallery». O que vou dizer parece uma contradição, mas há, na simplicidade dos desenhos, quase monocórdicos, uma expressividade enorme moldada pelo texto escrito. A leitura de JCF é um desafio constante à nossa atenção. A Agência de Viagens Lemming Apetecia-me escrever sobre tantos livros de JCF que tenho na minha biblioteca (como o lindíssimo Coração de Arame, Devir, 1997), mas talvez o faça numa próxima vez. Agora vou tentar restringir-me a este último, que foi um prazer para os sentidos e para a inteligência. As pranchas são compostas por duas tiras, de duas (às vezes três) vinhetas. As histórias que o agente de viagem conta ao senhor Zoloft são todas em tons de laranja. As conversas que os dois têm na agência, têm o fundo deste mesmo tom, mas ambos estão desenhados e pintados em tons de azul metálico. As histórias reúnem duas ou mais pranchas sob nomes que remetem para o assunto que nelas é tratado, com humor e ironia, que aliviam a crítica que é feita ao que nos rodeia e ao

Desenho do autor que nem sempre damos conta (como «Hrabal e a reciclagem, de papel», onde se indica uma lista quase infindável de situações em que o papel é usado, p. 85; ou «As novas Pompeias», sobre cidades que se descaracterizam, «soterradas pela erupção do progresso», p. 109). Neste livro, as referências culturais nem são das mais complicadas (foram pranchas desenhadas para sair no verão, onde se esperariam assuntos mais leves. Noutros volumes, o autor agradece a autores tão díspares como F. Nietzsche, T. Adorno, H. Melville, Heraclito ou F. Pessoa). O mais delirante aqui são as conexões que podemos fazer ao lermos os desenhos (que é para onde os nossos olhos primeiro se viram e têm sempre muito a que prestar atenção), o texto das legendas e o das vinhetas. Todos se completam, todos dão um sentido, mesmo quando, por vezes, são antitéticos. Sentimo-nos desafiados pelos nexos que conseguimos fazer entre aquele mundo com nomes estranhos (como Gibil, Citronovy, Sliz, Gallupi) e o nosso conhecido. Uma grande vantagem destes livros de José Carlos Fernandes é que podemos voltar a lê-los e encontrar sempre uma coisa que antes nos tinha passado ao lado. A eterna descoberta.

“JE SUIS CORDES” 6 FEV | 18.00 | Teatro das Figuras - Faro Rui Sinel de Cordes traz ao Algarve o seu espectáculo ao estilo de stand-up comedy. Mais uma noite épica de rock’n’roll em forma de comédia


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