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Director Director Henrique Henrique Dias Dias Freire Freire • Ano • Ano XXVIII XXVIII • Edição • Edição 1160 1156 • Quinzenário • Quinzenário à sexta-feira à sexta-feira •8 • 5dedeAbril Fevereiro de 2016 de•2016 Preço •€ Preço 1,50€ 1,50
EM FOCO 2 CONSTRUÇÃO DA LOJA IKEA E CENTRO COMERCIAL ARRANCAM EM LOULÉ 3 POLIS GARANTE CONCLUSÃO DAS OBRAS DA PRAIA DE FARO ATÉ JUNHO 4 PAEL DE PORTIMÃO NOVAMENTE À ESPERA DA LUZ VERDE DO TRIBUNAL DE CONTAS 5 REDE VIÁRIA RENOVADA EM LUZ DE TAVIRA E SANTO ESTÊVÃO 8 CLASSIFICADOS 9
ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,60
Polis promete obras na Praia de Faro concluídas até Junho
> A promessa é de Sebastião Teixeira, responsável pela Polis Litoral Ria Formosa, que garante tudo pronto até ao início da época balnear, isto é 15 de Junho. Autarcas, esses, sem resposta oficial aos ofícios enviados à Polis, estão duvidosos quanto à exequibilidade dos prazos. p. 4 d.r.
mónica monteiro
Associação Semear Saúde:
Doentes com cancro da mama sentem falta de acompanhamento > p. 7
ECONOMIA
Obra da loja IKEA e centro comercial arrancam em Loulé
Estações da biodiversidade:
Algarve vai ser líder a nível nacional >2
>3 d.r.
AUTARQUIAS
d.r.
Portimão novamente à espera de visto no PAEL
>5
>5
OBRAS
d.r.
Tavira continua aposta na rede viária
>8
2 | 8 de Abril de 2016
em foco
ÔÔ Um dos painéis informativos utilizados nas estações da biodiversidade
Algarve vai ser a região com mais estações da biodiversidade no país Região terá até ao final do ano oito equipamentos do género e passa a liderar em número de estações da biodiversidade a rede nacional EBIO Ricardo Claro / Mónica Monteiro ricardoc.postal@gmail.com
“O ALGARVE vai ser até ao final
deste ano a região do país com maior número de estações da biodiversidade da rede EBIO”, a revelação foi feita ao POSTAL por Patrícia Garcia Pereira, presidente da TAGIS e investigadora no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais. Neste momento com cinco estações - Boca do Rio (Vila do Bispo), Pico Alto (Silves), Barranco do Velho e Tôr (Loulé) e Ribeira de Alportel (São Brás de Alportel) -, a região tem actualmente o mesmo número destes equipamentos que a Beira Litoral, mas até ao final deste ano, com a abertura das estações da Ribeira de Quarteira (Albufeira), Praia da Amoreira (Aljezur) e Barragem da Bravura (Lagos), será a líder nacional.
O QUE SÃO AS ESTAÇÕES DA BIODIVERSIDADE As estações
da biodiversidade são percursos pedestres curtos de até três quilómetros, sinalizados com um conjunto de painéis informativos que dão aos visitantes informações sobre as riquezas biológicas a observar no local. As estações são criadas pela TAGIS - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e integram a rede nacional EBIO criada para agregar sob um mesmo ‘guarda-chuva’ todos estes equipamentos, bem como, aglutinar toda a informação sobre os mesmos e toda a recolha de dados de observação realizada pelos visitantes. A nível nacional a rede EBIO dispõe de 24 estações da biodiversidade espalhadas por todo o Portugal continental.
CHAMAR AS PESSOAS A DESEMPENHAREM UM PAPEL ACTIVO Mais do que conhecer os percursos das estações e a sua biodiversidade, o que estes equipa-
mentos pretendem é envolver as pessoas no processo de conhecimento, tirando-as do seu papel de mero espectador da paisagem e da natureza. “As estações são recursos fixos em locais de elevado património natural em que o grande objetivo é promover a participação das pessoas na observação e registo da biodiversidade, portanto as estações servem para as pessoas terem um papel activo”, refere a responsável da TAGIS. Em cada estação, continua a bióloga, “existem nove painéis, sendo que o primeiro apresenta uma introdução e um mapa do percurso pedestre e os outros oito têm conteúdos específicos para servir de guia de campo, que chama a atenção das pessoas para espécies a observar”. “O que queremos é tornar os percursos mais interessantes, informativos e interactivos com os visitantes”, refere, acrescentando que se pretende que as pessoas “vão passear, mas que façam o registo das espécies que vêem e coloquem, no portal on-line BioDiversity4All (http://www. biodiversity4all.org/) as fotos dos exemplares que encontram e a informação que recolhem, ajudando assim a complementar o banco de dados de acesso público e contribuindo para a monitorização ambiental daquele percurso”. “É esta a filosofia do projecto”, remata.
QUANTO CUSTA UMA ESTAÇÃO As estações da biodiversidade criadas pela TAGIS custam aproximadamente cinco mil euros, contando já com o trabalho científico e de campo, o material, os painéis e a impressão, a edição da informação, o design gráfico e a tradução para inglês, uma vez que os painéis são todos bilíngues. Exactamente o valor dispendido pela Câmara de Aljezur para a criação da estação da Praia da
foto: rui andrade
ÔÔ Um louva-a-deus fotografado na estação da biodiversidade da Boca do Rio em Vila do Bispo Amoreira, que abrirá antes do Verão naquele concelho. José Amarelinho destaca que este investimento foi “integralmente suportado pela Câmara”, mas que será largamente compensado pelo impacto da criação de mais uma valia ambiental / turística. O presidente da Câmara afirmou ao POSTAL que a medida se insere na política da autarquia de “implementar uma cultura de desenvolvimento sustentável no concelho, que passa muito pelas questões ambientais - de facto, o turismo de natureza encaixa perfeitamente nesta estratégia de desenvolvimento - e mostra um outro Algarve, que se preservou, sustentável e com valores naturais”. “É um investimento que vai beneficiar os alojamentos local, de turismo em espaço rural e de habitação turística. Esta é afinal a nossa rede de alojamento, uma rede turística que ultrapassa cada vez mais a sazonalidade”, refere o autarca, sublinhando
que, “esta é uma rede que de facto funciona durante todo o ano e que já não é só geradora de riqueza em Agosto”. “Assim se ajuda a economia local e outra coisa muito importante é que se criam novos targets, muito específicos, de pessoas que estão ligadas às caminhadas e a este tipo de turismo que tem a ver com a preservação e contemplação da natureza. São pessoas que ficam alojadas nas nossas unidades hoteleiras de baixa densidade, obviamente, e isso é muito interessante para nós”, remata o presidente aljezurense.
SÃO BRÁS CONSIDERA A CRIAÇÃO DA ESTAÇÃO DA RIBEIRA DE ALPORTEL UMA APOSTA GANHA Quem já tem uma estação a
funcionar é São Brás de Alportel e Vítor Guerreiro, presidente da câmara local, considera este investimento “uma aposta ganha”. “A estação de biodiversidade para nós é muito importante porque vai ao encontro da pre-
servação de algo que nós temos como muito valioso, a fauna e a flora. Monitorizando a estação de biodiversidade como temos feito também nos apercebermos da forma como vai estando o ecossistema, nomeadamente aquela área”, diz o autarca. Vítor Guerreiro acrescenta que a estação “é muito importante para conseguirmos captar turistas e visitantes, servindo também, e muito, para sensibilizar as camadas mais jovens. Temos uma parceria com a Quinta Pedagógica do Peral e temos levado lá as nossas turmas, dando aos alunos a oportunidade de estudar mais sobre a natureza do concelho”. Quanto aos custos de manutenção, a Câmara considera que são aceitáveis face aos benefícios. O presidente recorda que “no ano passado os painéis foram remodelados devito ao desgaste provocado pelo sol”, mas sublinha que “a estrutura tem sido respeitada” pelos visitantes.
O IMPACTO REGIONAL E O FUTURO DA REDE DE ESTAÇÕES Para
Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, “as estações são muito importantes para que as pessoas tenham acesso a informações qualificadas e científicas sobre a nossa fauna e flora, que interessam aos adeptos destas temáticas”. “As estações contribuem claramente para ajudar um turista que se desloca até à região para apreciar uma determinada espécie no âmbito da fauna a ter uma informação mais completa e assim as pessoas vão daqui com a certeza de que a região se preocupa em ajudar naquilo que é o hobby desses turistas”, reforça. O responsável pela pasta do turismo na região conclui que “o que é importante é agarrar todas as possibilidades e promover turismo que atraia as pessoas não só no Verão mas também numa altura mais calma, entre Outubro e Maio, e isto é fundamental para uma região que se quer afirmar com uma sustentabilidade que não seja só de seis meses mas do ano todo”. Quanto ao futuro, dia 23 de Maio será inaugurada a estação da Ribeira de Quarteira, faltando depois as da Barragem da Bravura, em Lagos, sem data de abertura prevista, e da Praia da Amoreira, em Maio ou Junho. “Para termos toda a diversidade da região era importante ter uma estação em Monchique, na Ria Formosa, e no Sapal de Castro Marim. Já foram enviadas as propostas mas ainda não tivemos grandes respostas”, refere a responsável da TAGIS. Um desafio lançado às autarquias para criarem estruturas que constituem verdadeiras mais-valias para os respectivos concelhos e para a região com um investimento relativamente baixo e com elevada capacidade de retorno.
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região
PAEL de Portimão novamente à espera da luz verde do Tribunal de Contas pág. 5
Construção da Loja IKEA e centro comercial arrancam em Loulé IKEA revela primeiras marcas âncora que vão integrar o complexo comercial IKEA. Primark, Zara, Massimo Dutti e Pingo Doce são alguns dos pesos pesados da área de distribuição que vão marcar presença no novo gigante comercial Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
OS EDIFÍCIOS DA LOJA IKEA E DO CENTRO COMERCIAL do
complexo comercial IKEA em Loulé, junto ao Estádio do Algarve, vão entrar na fase de construção, apurou o POSTAL junto de uma fonte ligada à obra controlada pela IKEA Centres Portugal. A notícia avançada pelo POSTAL ON-LINE em primeira mão na passada semana confirmou-se na segunda-feira desta semana, com a maquinaria pesada destinada ao início da construção a chegar ao local da obra. “A fase de construção de infra-estruturas gerais já está muito avançada e os dois lotes destinados a receber a loja IKEA e o centro comercial estão prontos para serem entregues aos empreiteiros que vão construir cada um destes edifícios”, referiu ao POSTAL a fonte que prefere o anonimato. “Os dois lotes estão já terraplanados e preparados para se iniciarem as obras e os respectivos empreiteiros já estão a instalar no local os contentores destinados a receber as respectivas equipas técnicas, bem como uma cantina que vai ser criada dentro do espaço de obra para os trabalhadores”, acrescentou. O POSTAL pôde constatar no local que os lotes estão efectivamente definidos e que os contentores em questão estão já na zona da obra onde futuramente nascerão os parques de estacionamento a céu aberto
Mas nem só desta aposta se faz o negócio e a IKEA Centres Portugal anunciou já que entre as marcas âncora a estar presentes no complexo estará a poderosa Primark, que arrasta muitas pessoas até Portimão, onde tem por enquanto a sua única loja no Algarve. A marca de roupa que aposta no segmento ‘low cost’ abrirá a loja no compelxo comercial IKEA e passa assim a estar presente no Sotavento. Marcas como a Zara são apresentadas como estando presentes na área comercial, bem como a Worten, a Massimo Dutti, a Mango e a Sfera, a par do Pingo Doce, o supermercado do gigante nacional da distribuição alimentar Jerónimo Martins. Um conjunto de peso para todos os concorrentes da região na área das grandes superfícies comerciais e, muito em particular, para o Forum Algarve em Faro, que vê nascer a menos de 10 minutos de viagem de carro um colosso de oferta comercial.
PRINCIPAL ENTRADA FAR-SE-Á ATRAVÉS DE PASSAGEM INFERIOR À EN 125-4 Além disso
pode já perceber-se claramente a estrutura de arruamentos internos do complexo comercial IKEA, estando também já construídas parte das rotundas que permitirão a ligação entre as várias áreas do complexo comercial que acolherá além da
fotos: ricardo claro
ÔÔ Maqueta do complexo comercial IKEA, da direita para a esquerda a loja IKEA, o centro comercial ao centro e o outlet no extremo esquerdo
loja IKEA e do centro comercial, um outlet e duas lojas comerciais de grande dimensão (lojas stand alone) com, respectivamente, 11.453 e 8.682 metros quadrados. Em construção está já também a passagem inferior que permitirá a entrada no complexo comercial ao trânsito oriundo da A22 (Via do Infante) e da EN 125-4 (que liga o Estádio do Algarve a Loulé) no sentido Faro - Loulé. A passagem inferior está a ser construída sem corte de trânsito da EN 125-4, recorrendo-se apenas a um estreitamento de via, permitindo a construção faseada deste que será o principal acesso ao complexo comercial IKEA.
ABERTURA EM 2017 FAR-SE-Á COM LOJA IKEA E CENTRO COMERCIAL A abertura do com-
plexo comercial IKEA prevista para 2017, durante o primeiro semestre do ano, far-se-á em princípio com a inauguração do centro comercial (com 110 lojas) e da loja IKEA propriamente dita (com uma área de 21.300 metros quadrados). Estes dois edifícios foram os primeiros a obter licenciamento pela Câmara de Loulé e podem, agora que os lotes “estão definidos, terraplanados e subidos à cota final de construção”, avançar em pleno. Já com o processo de licenciamento a decorrer, como disse ao POSTAL o presidente da Câmara
de Loulé, Vítor Aleixo, está o edifício do outlet, com mais 110 lojas e que ficará localizado a nordeste do complexo comercial e que só avançará para construção mais tarde. “O lote que receberá o outlet ainda está em fase de acabamento dos trabalhos de terraplanagem e que se saiba ainda não está escolhido o empreiteiro para a respectiva construção”, acrescentou ao POSTAL a fonte ligada ao processo de construção daquele que será o maior complexo comercial do Algarve.
IKEA APOSTA NUM UNIVERSO DE 380 MIL CONSUMIDORES A MENOS DE MEIA-HORA DE DISTÂNCIA EM CARRO O complexo
PRIMARK VAI TER LOJA E CHEGA ASSIM AO SOTAVENTO O gran-
de trunfo do complexo IKEA para atrair consumidores é em definitivo a loja IKEA, a única na região e que disponibilizará aos visitantes mobiliário e decoração a baixo custo, criando uma nova centralidade comercial regional em Loulé.
/ d.r.
ÔÔ Os contentores destinados aos trabalhadores das obras
ÔÔ Os lotes que receberão a loja IKEA e o centro comercial
IKEA terá, quando iniciar a sua actividade, a mais privilegiada rede de acessos viários de todas as áreas comerciais do Algarve. De acordo com a IKEA Centres Portugal, o universo de consumidores da estrutura será de 157 mil habitantes a uma distância de zero a dez minutos e de 222 mil habitantes a entre 10 e 30 minutos de viagem. A estes somam-se 262 mil consumidores a uma distância de 30 a 60 minutos e, finalmente, 215 mil consumidores potenciais a uma distância de viagem de carro de 60 a 90 minutos. Tudo num total de 756 mil consumidores potenciais, que vão desde Alvalade no Alentejo, a norte, a Almonte, em Espanha, a Leste, abrangendo todo o Algarve e parte importante do sul do Baixo Alentejo. Ao futuro IKEA poderá chegar-se de carro através da A22 para as deslocações de maior distância, quer para os consumidores da província de Huelva, na Andaluzia, e do sotavento algarvio, quer para os consumidores oriundos barlavento e do Alentejo. A A22 será ainda acesso preferencial para os habitantes das zonas nordeste do concelho de Faro e de São Brás de Alportel, uma vez que o troço da A22 entre o nó de São Brás e o nó do Estádio da Via do Infante é gratuito. Para as populações que vivem a menor distância o complexo conta com acessos através da EN 125-4, oriundos de Loulé (cidade e zona norte do concelho), Faro e Olhão. Os residentes nas zonas de Almancil, Quarteira, litoral do concelho de Loulé, e Albufeira poderão chegar facilmente ao IKEA através da EN 125, utilizando a futura variante do Troto, que liga as Quatro-Estradas de Loulé ao Estádio Algarve e que se encontra em fase avançada de construção.
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região
Congresso internacional debate interdisciplinaridade na UAlg pág. 6
Polis garante conclusão das obras da Praia de Faro até Junho Autarcas farenses com sérias dúvidas mantêm preocupação e pedem esclarecimentos a Sebastião Teixeira fotos: d.r.
Ricardo Claro / Ivo Neves ricardoc.postal@gmail.com
SEBASTIÃO TEIXEIRA, respon-
sável pela Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, afirmou ao POSTAL que “todas as obras em curso na Praia de Faro estarão terminadas até ao início da época balnear”, o que no concelho de Faro significa até 15 de Junho. A promessa do responsável pelo Programa Polis é a resposta às preocupações manifestadas pelos autarcas farenses Rogério Bacalhau e Steven Piedade, respectivamente presidente da Câmara e da Junta de Freguesia do Montenegro. Os receios de que a obra possa derrapar para plena época alta surgiram na comunicação social no final da passada semana, coincidência ou não, após a publicação pelo POSTAL on-line de uma notícia referente às obras de construção do passadiço contíguo ao acesso à ponte da Praia de Faro, de requalificação do próprio acesso e de construção do parque de estacionamento exterior à praia.
“TUDO ESTÁ A CORRER DENTRO DA NORMALIDADE”, DIZ SEBASTIÃO TEIXEIRA Sebastião
Teixeira afirma a conclusão das obras até ao início da época balnear, fundando a afirmação no facto de “estar a correr tudo dentro da normalidade”. O responsável da Polis diz que
dificuldades, diz que “não há qualquer plano de contingência” porque a obra está a decorrer normalmente. A tudo isto soma-se o aumento exponencial de utilizadores da praia até ao início da época balnear, em particular aos fins-de-semana, e caso a obra se atrase a concentração motard tornará a situação caótica caso decorra ainda com trabalhos em curso no acesso à ponte.
Quem também tem muitas dúvidas face à probabilidade das obras acabarem dentro do prazo é o presidente da Junta de Freguesia do Montenegro que oficiou a Sociedade Polis,
ROGÉRIO BACALHAU PEDE ANTECIPAÇÃO DOS TRABALHOS RELATIVOS AO ACESSO À PRAIA ÔÔ As obras já obrigam à circulação alternada de trânsito no acesso à ponte da Praia de Faro “os trabalhos não estão parados”, numa resposta a Steven Piedade, mas que “os trabalhadores estão a trabalhar nos estaleiros na construção das estruturas de betão que permitirão criar duas passagens hidráulicas por debaixo do acesso à ponte”. “Os trabalhos regressarão ao local da obra até ao fim da semana [hoje sexta-feira]”, acrescenta Sebastião Teixeira.
UMA OBRA DIFÍCIL DE CONCLUIR DENTRO DOS PRAZOS Mas a ver-
dade é que as dúvidas continuam a ser muitas quanto à execução da obra no apertadíssimo prazo avançado por Sebastião Teixeira. Segundo o calendário das intervenções, o parque de estacionamento exterior, que está
Assine o
a ser criado junto ao aeroporto - na curva de entrada no acesso à ponte - tem uma execução de 150 dias ou cinco meses, enquanto para o acesso à praia e criação do passadiço pedonal e ciclável a execução está fixada em 210 dias, ou seja, sete meses. Ora, com os trabalhos a arrancarem no local no início de Março, a simples contagem dos respectivo prazos fazem com que o parque só seja previsível estar concluído no início de Agosto e o acesso e passadiço no início de Outubro. Aos prazos e mesmo que se acelere a obra aumentando a força de trabalho - recorde-se que no acesso à ponte e segundo Steven Piedade, “os trabalhos estão parados há três semanas” - a verdade é que o local onde a
obra do acesso está a ser executada, uma zona lagunar sujeita ao efeitos e problemas das marés, constituirá sempre um risco para o cumprimento de prazos apertados. No entanto, Sebastião Teixeira, confrontado pelo POSTAL sobre se existe ou não um plano de contingência para possíveis
ÔÔ Rogério Bacalhau
O autarca farense Rogério Bacalhau enviou à Sociedade Polis um ofício onde manifesta a sua preocupação com a situação e adiantou ao POSTAL que solicitou a antecipação da obra no que respeita ao acesso à ponte propriamente dito. “Solicitei que se fizesse um reescalonamento da obra e que em termos de calendarização se desse prioridade à requalificação do acesso à praia e gradualmente se deixasse para mais tarde a construção do passadiço ciclável e pedonal”, afirma. “Espero que as obras terminem dentro do prazo, de forma a que nós possamos chegar à praia com toda a comodidade sem ter de passar por algum transtorno”, diz o presidente que reconhece que “sem obras temos alguns constrangimentos, mas com obras eles duplicarão, no mínimo”.
pedindo esclarecimentos e fez publicamente “um alerta para ver se as autoridades acordam e começam a trabalhar”, disse ao POSTAL. O autarca reforça que “há sensivelmente três semanas que abriram o buraco que lá está e a obra ainda não teve evolução, estou apreensivo e preocupado porque já estamos em Abril e a época (balnear) começa a 15 de Junho, com a concentração motard a realizar-se em meados de Julho”. Ainda sem resposta oficial da Polis até à hora de fecho desta edição do POSTAL os autarcas mantêm as dúvidas
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ÔÔ Steven Piedade
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região
Falta acompanhamento no cancro da mama pág. 7
PAEL de Portimão novamente à espera da luz verde do Tribunal de Contas Isilda Gomes novamente em suspenso de uma decisão para poder injectar liquidez na autarquia e livrar-se da pesada herança de Manuel da Luz Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A CÂMARA DE PORTIMÃO viu
por fim aprovada a sua candidatura ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), no âmbito do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), sendo assim a última autarquia a receber a aprovação do Governo ao pedido de
empréstimo solicitado ao Estado. Porém, esta aprovação carece ainda do aval do Tribunal de Contas, o que mantém em suspenso a efectividade da entrada de dinheiro fresco na autarquia e o efectivo pagamento das dívidas aos fornecedores. “O montante do empréstimo rondará os 137 milhões e vai servir para combater uma dívida de
cerca de 145 milhões de euros”, confirmou ao POSTAL Isilda Gomes, presidente da autarquia. A câmara portimonense já se confrontou com várias tentativas frustradas de ver resolvida esta questão e só na última, feita há cerca de um ano, foi aprovada pelas Comissão Executiva e de Acompanhamento do FAM, pelo que a aprovação por parte do Tripub
NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA
Certifico: Que no dia 01-04-2016, a folhas 116, do livro de notas para escrituras diversas número 182–A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual, ANTÓNIO FERNANDES MARTINS, NIF 168.550.539, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e mulher ANTÓNIA CARDEIRA FERNANDES MARTINS, NIF 168.550.520, natural da referida freguesia de Cachopo, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Rua José Sousa Carrusca, número 7, 2.º Esq.º, Faro, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios, todos sitos na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira, a saber: UM – Urbano, composto por edifício térreo, destinado a habitação, sito em Grainho – Cachopo, com a superfície coberta de setenta e seis metros quadrados e a superfície descoberta de sessenta e dois metros quadrados, que confronta do norte e poente com caminho público, do sul com Fernando Teixeira Rodrigues e outro e do nascente com João Fernandes Martins e outro, inscrito sob o artigo 2.232; DOIS – Rústico, sito em Várzea da Oliveira, que consta de terra cultura, pastagem e uma oliveira, com a área de noventa metros quadrados, que confronta do norte com caminho, do sul com ribeiro, do nascente com Manuel Mendes e do poente com António Fernandes, inscrito sob o artigo 8.629; TRÊS – Rústico, sito em Umbria da Junqueira, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte e poente com herdeiros de António Fernandes, do sul com caminho público e do nascente com José da Conceição, inscrito sob o artigo 7.761; QUATRO – Rústico, sito em Barro, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de cento e cinquenta metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de António Fernandes, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com José Teixeira e do poente com Augusto da Conceição, inscrito sob o artigo 7.857; CINCO – Rústico, sito em Chada, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quatrocentos e quarenta metros quadrados, que confronta do norte com Augusto da Conceição, do sul com José Conceição, do nascente com António Miguel e do poente com Manuel Jacinto, inscrito sob o artigo 8.015; SEIS – Rústico, sito em Pocinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de Manuel João Martins, do sul com herdeiros de António Fernandes, do nascente com José de Sousa e do poente com Manuel Rodrigues, inscrito sob o artigo 8.064; SETE – Rústico, sito em Pocinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de oitocentos e sessenta metros quadrados, que confronta do norte com António Fernandes, do sul e nascente com herdeiros de António Fernandes e do poente com
José de Sousa, inscrito sob o artigo 8.085; OITO – Rústico, sito em Sanfalhinho, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte com herdeiros de José Teixeira, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com herdeiros de António Fernandes e do poente com herdeiros de Manuel J. Martins, inscrito sob o artigo 8.081; NOVE – Rústico, sito em Serro das Desmadeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quatrocentos e oitenta metros quadrados, que confronta do norte com ribeiro, do sul e poente com António Fernandes e do nascente com António Gonçalves, inscrito sob o artigo 8.291; DEZ – Rústico, sito em Serro das Desmadeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de novecentos metros quadrados, que confronta do norte e sul com herdeiros de Manuel J. Martins, do nascente com herdeiros de António Fernandes e do poente com Manuel Rodrigues, inscrito sob o artigo 8.296; ONZE – Rústico, sito em Serro das Madeiras, que consta de terra cultura e pastagem, com a área de quinhentos metros quadrados, que confronta do norte com Manuel Martins Maria, do sul com Manuel Rodrigues, do nascente com Manuel Jacinto e do poente com António Fernandes, inscrito sob o artigo 8.301; DOZE – Rústico, sito em Sanfalhinho, que consta de terra cultura, pastagem e sobreiro, com a área de noventa metros quadrados, que confronta do norte com ribeiro, do sul com Francisco Fernandes, do nascente com Francisco Mendes e do poente com Bárbara Maria, inscrito sob o artigo 8.560; TREZE – Rústico, sito em Várzea da Cerca, que consta de terra de pastagem e sobreiro, com a área de duzentos metros quadrados, que confronta do norte com ribeiro, do sul com Rosaria Maria, do nascente com Custódio Fernandes e do poente com Manuel Mendes, inscrito sob o artigo 8.586; CATORZE - Rústico, sito em Soalheira da Ribeira, que consta de terra cultura, pastagem e uma azinheira, com a área de novecentos e noventa metros quadrados, que confronta do norte com António Fernandes, do sul com António Gonçalves, do nascente com Manuel Jacinto e do poente com Custódio D. Martins, inscrito sob o artigo 8.796. Que adquiriram os prédios em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e três, por partilha amigável e verbal, nunca reduzida a escritura pública, por óbito do pai da justificante mulher, António Fernandes, casado que foi com Maria Isabel, sob o regime da comunhão geral de bens, residente que foi no sitio do Grainho, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira. Que adquiriram os prédios por usucapião. Tavira, em 01 de Abril de 2016 A funcionária por delegação de poderes; Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/3 Conta registada sob o nº. PAO420/2016 Factura nº. 0427 (POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)
d.r.
bunal de Contas pode encerrar um longo processo de seis anos. O visto de aprovação do Tribunal de Contas será solicitado após a aprovação do programa pelos órgãos autárquicos e essas reuniões estão marcadas para a próxima semana, avançou ao POSTAL Isilda Gomes.
VISTO DO TRIBUNAL DE CONTAS SEM CERTEZAS A responsável
pela autarquia diz não ter nenhuma convicção relativamente, quer ao chumbo, quer à aprovação da candidatura pelo Tribunal de Contas, referindo que a única realidade é que o plano de ajustamento municipal foi aprovado pela comissão de acompanhamento, mais nada. Apesar das dificuldades por que tem passado, a presidente afirma que se continua a investir naquilo que é indispensável e imprescindível, como jardins, arruamentos, ou parques infantis, mesmo que não existam novas medidas de angariação de receitas. Antes pelo contrário, refere a autarca, tínhamos a taxa municipal de protecção civil e prescindimos dela”. A autarquia vai, com este empréstimo, saldar as dívidas herdadas do anterior executivo liderado pelo socialista Manuel da Luz, tendo contactado os credores com créditos superiores a 20 mil euros, no sentido de tentar reduzir os va-
ÔÔ Isilda Gomes continua a investir no que é imprescindível lores reclamados e de renegociar os prazos de amortização. Mais de três milhões da dívida inicial de 150 milhões foi entretanto saldada em Maio do ano passado por decisão de Isilda Gomes, o que permitiu o pagamento a centenas de credores. Esta situação só foi possível em virtude da prioridade que foi assumida pelo executivo municipal de afectar uma parte significativa da colecta do IMI ao pagamento de dívidas antigas, permitindo deste modo a injecção na economia local de cerca de 3,65 milhões de euros. Recorde-se que grande parte
da dívida reporta-se a fornecimentos à Câmara de Portimão e à empresa municipal Portimão Urbis entre 2010 e 2014. No final de 2012, a Câmara de Portimão registava uma dívida a fornecedores de 133 milhões de euros e, segundo a Direcção-Geral das Autarquias Locais, era o município pior pagador do país, demorando em média cerca de dois anos e meio a efectuar os pagamentos. A situação tem registado melhorias, mas o peso de uma herança de dívida monstruosa não tem tornado nada fácil o trabalho de Isilda Gomes.
FEIRA DE VIAGENS
Algarve é ‘Região Convidada’ do Mundo Abreu O ALGARVE É A “REGIÃO CONVIDADA” do Mundo Abreu,
uma das maiores feiras de viagens de venda directa ao público da Europa, que no fim de semana de 9 e 10 de Abril ocupará todo o pavilhão 3 da FIL, em Lisboa. Expositor de primeira linha nas várias edições do evento, a Região de Turismo do Algarve (RTA) renova, assim, a aposta na promoção interna do maior
destino de férias dos portugueses – onde realizaram cerca de 3,9 milhões de dormidas no último ano – e assume maior visibilidade na campanha de comunicação multimeios do evento. Em 2016, a oferta turística do Algarve ocupará um espaço central exclusivo na feira, de 700 metros quadrados, onde a RTA marca presença com um balcão de atendimento e uma zona lounge. Além disso, a brochura
com ofertas de férias Portugal Sensacional, já em distribuição, dedica mais de duas dezenas de páginas ao “mais popular destino turístico de Portugal, e um dos mais conhecidos da Europa”. A feira decorre no sábado (9 de Abril), das 11 às 22 horas, e domingo, das 11 e as 20, sendo esperada “uma corrida às reservas de férias no Algarve dos mais 120 mil visitantes esperados pela organização”, revela a RTA.
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região
Rede viária renovada em Luz de Tavira e Santo Estêvão pág 8 pub
Congresso internacional debate interdisciplinaridade na UAlg Mais de 200 participantes vão analisar a temática no domínio das ciências sociais e humanas d.r.
A UNIVERSIDADE DO ALGARVE
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realiza nos dias 5 e 6 de Maio o “Congresso Internacional sobre Interdisciplinaridade em Ciências Sociais e Humanas” e a organização espera a presença de cerca de 200 participantes, bem como mais de duas centenas de comunicações. A iniciativa é do Centro de Investigação sobre Espaços e Organizações, sediado na Universidade do Algarve, que integra várias dezenas de investigadores de diversas universidades portuguesas e estrangeiras. O Centro é presidido por Saul de Jesus, tem o seu foco geral nas Ciências Sociais e comporta investigações realizadas no âmbito de diversas áreas científicas específicas, como a Economia, a Gestão, a Sociologia, a Psicologia, a Educação, o Turismo, o Desporto, a Saúde, a Geografia e a Arquitectura. O congresso tem o objectivo
ÔÔ Uma iniciativa do CIEO / UAlg de criar oportunidades para o desenvolvimento de interacções entre os investigadores de diversos domínios científicos das ciências sociais e humanas, e permitir complementaridades no desenvolvimento de projectos de investigação em conjunto. A organização considera que a interdisciplinaridade é cada vez mais importante para o desenvolvimento da ciência e para encontrar resposta para os problemas que a própria investiga.
A Associação Semear Saúde – associação sem fins lucrativos, que tem como função a promoção da saúde, prevenção e apoio a doentes oncológicos e outros, procura voluntários nas seguintes áreas:
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semear saúde
Contactos: 281 320 902 das 14:30 às 18:00 associacaosemearsaude@gmail.com
Falta acompanhamento no cancro da mama Após a cirurgia, vários pacientes testemunham uma dura realidade A REDUÇÃO DAS DORES arti-
culares, da fadiga e dos vómitos e náuseas são alguns dos benefícios da prática de exercício físico, em doentes afectados pelo cancro da mama, apontados pela fisioterapeuta Sara Rosado numa palestra promovida pela Associação Semear Saúde realizada na sua sede no passado sábado à tarde em Tavira. A fisioterapeuta, especializada na área oncológica, lamentou a falta de informação sobre o tema e enalteceu esta iniciativa da Semear Saúde. Das cerca de duas dezenas de pessoas presentes, o sentimento geral foi o da grande falta de acompanhamento após o tratamento do cancro da mama. Brites Rosa, doente oncológica há mais de um ano, esteve presente e defendeu que “não é só ter o cancro, ser operada, ir para casa, ir às consultas e voltar para casa.
Falta alguém que nos ajude porque senti e ainda sinto muita falta de acompanhamento após o tratamento e aqui encontro [na Semear Saúde] uma ajuda que não tenho noutro sítio”. Para a presidente da Associação Semear Saúde, Cláudia Brito, a escolha desta sessão de esclarecimento “Exercício Físico no Cancro da Mama” que deu início a um ciclo de palestras mensais organizadas pela associação, deveu-se em parte pela pertinência do tema que foi objecto de estudo no seu mestrado na área da saúde e pela boa colaboração da fisioterapeuta Sara Rosado com a Semear Saúde. No final da palestra, o restaurante tavirense vegetariano Bistrot O Porto foi distinguido com um Certificado de Reconhecimento pelo excelente trabalho na área da alimentação saudável.
mónica monteiro
ÔÔ Restaurante Bistrot O Porto foi distinguido na área da alimentação saudável
INVESTIGADOR VEM DE LONDRES FALAR SOBRE CANCRO NA SEMEAR SAÚDE A segunda
palestra está agendada para o próximo dia 30 de Abril entre pub
as 16 e as 19 horas, no mesmo local, e é intitulada “Cancer – o que realmente é e como pode ser tratado”. A participação é gratuita e necessita de inscrição prévia
através do e-mail: associacaosemearsaude@gmail.com. O palestrante Cesar Van Louicci (Cancer Researcher – London), no âmbito das Palestras 2016 Inglaterra – Portugal – Brasil, baseado no Estudo Dalva 2010/15, vai falar sobre as causas de alguns tratamentos naturais não estarem a resultar, sobre o que há de errado nos estudos científicos de determinados fitoterápicos, frutas, tubérculos, verduras e legumes e sobre a diferença entre as frutas antioxidantes e anti-cancerígenos. Do tema principal vão destacar-se questões como “o que é realmente o cancro e o que não é”, “o cancro tem cura” e “o que é a biomedicina genómica naturopática e o que tem feito pelo cancro. O espaço da Associação Semear Saúde é composto por quatro gabinetes para consultas indivi-
duais de termografia, naturopatia, iridologia, homeopatia, osteopatia, biomagnetismo, técnicas de libertação emocional EFT, reflexologia, reiki e cura reconectiva e outras duas salas de formação e uma sala destinada às terapias, como o reiki, yoga e meditação, implantados numa área de 250 metros quadrados. Embora a sua missão se destine a todos os pacientes e doentes em geral, a Semear Saúde está a desenvolver um projeto inovador na área da promoção da Saúde e da prevenção das doenças oncológicas na região do Algarve. Para acompanhar diariamente a sua atividade nas redes sociais deixamos aqui os três seguintes links: facebook.com/associacaosemearsaude facebook.com/OncologiaIntegrativa facebook.com/groups/semearsaude pub
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região
Rede viária renovada em Luz de Tavira e Santo Estêvão Obras arrancam em Maio A REDE VIÁRIA da freguesia da
Luz de Tavira e de Santo Estêvão vai ser alvo de melhoramentos, revelou a Câmara de Tavira, liderada por Jorge Botelho. A obra, que compreende a pavimentação de diversos troços de caminhos municipais, foi adjudicada à empresa José de Sousa Barra & Filhos, Lda., terá início em Maio, estima-se que tenha um prazo de execução de 150 dias, custando à autarquia tavirense 142 mil e 307 euros + IVA. Os trabalhos contemplam a conservação e pavimentação do Troço da EM 514-3
(entroncamento da escola até ao cruzamento com CM 1342); Troço do CM 1342 (desde o cruzamento com a EM 514-3 até ao cruzamento do reservatório de água); Troço da Estrada das Antas (acesso à Lux Tavira Residence); Rua Principal do Livramento – Bairro dos Pescadores; Caminho Municipal entre CM 1334 e o CM 1337 (Belmonte) e Colocação de terminal na guarda metálica de segurança rodoviária existente no caminho municipal em Estiramantens. “A intervenção visa colmatar as irregularidades e o mau estado de conservação
ricardo claro
ÔÔ Jorge Botelho aposta na melhoria das redes viárias do concelho
destas vias, através da aplicação de camada de desgaste de betão betuminoso na plataforma, pintura de sinalização horizontal e levantamento de caixas de infra-estruturas até à cota final do pavimento. Prevê-se que, nalguns troços, caso venha a verificar-se necessária, a plataforma poderá ser também alargada”, explica a autarquia tavirense em comunicado de imprensa. “Os trabalhos surgem no seguimento do objectivo traçado pela Câmara Municipal no sentido de beneficiar a circulação viária no concelho”, conclui.
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OPERAÇÃO ‘CENSOS SÉNIOR 2016’
GNR identifica idosos que vivem sozinhos MUNICÍPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 16/2016 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 22 de março de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta número 49/2016/CM, referente a Atribuição de apoio financeiro - 2016 - Associação - SSVP - Sociedade de São Vicente de Paulo - Portugal; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 50/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação da Academia de Música de Tavira - audições de dança; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 51/2016/CM, referente a Atribuição de apoio ao Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 52/2016/CM, referente a Protocolo a celebrar com a Fábrica da Igreja de São Tiago de Tavira - 2016/2017; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 53/2016/CM, referente a Concessão de isenção de pagamento de entradas no Museu Municipal de Tavira no Dia Internacional dos Museus, 18 de maio de 2016; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 54/2016/CM, referente a Adesão à Rota da Dieta Mediterrânica; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 55/2016/CM, referente a Matriz de classificação das candidaturas à atribuição de uma habitação em regime de arrendamento apoiado, no âmbito do Regulamento do Regime de Acesso, Atribuição e Gestão do Parque Habitacional; 8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 56/2016/CM, referente a abertura do concurso por inscrição para atribuição de habitações em regime de arrendamento apoiado, no âmbito do Regulamento do Regime de Acesso, Atribuição e Gestão do Parque Habitacional; 9. Aprovada por maioria a proposta número 57/2016/CM, referente a Loja n.º 3 do Mercado da Ribeira – Transmissão de posição contratual; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 22 de março de 2016 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)
A OPERAÇÃO “CENSOS SÉNIOR 2016” da Guarda Nacional Re-
publicana vai decorrer durante o mês de Abril, em todo o território nacional, para identificar a população idosa que vive sozinha e ou isolada. Em comunicado, a GNR avança que a operação deste ano irá actualizar os registos das edições anteriores, bem como identificar novas situações, além de, pela primeira vez, ir fazer um levantamento das pessoas portadoras de deficiência, informando as entidades competentes das situações de potencial perigo. De acordo com a guarda, durante a operação vão ser igualmente realizadas acções de sensibilização para que a população em questão “adopte comportamentos de segurança que permitam reduzir o risco de se tornarem vítimas de crimes”. Os militares da GNR vão fazer ainda a divulgação do programa “Residência Segura”, que permite recolher os elementos necessários para a elaboração do mapa da região, com a localização georreferenciada de todas as residências
d.r.
ÔÔ Operação actualizará registos aderentes ao projecto. Esta identificação geográfica tornará mais eficazes as acções de patrulhamento e a vigilância dos militares da GNR, tornando mais célere a resposta em casos de urgência. Na operação “Censos Sénior 2015, a GNR sinalizou 39.216 idosos, dos quais 23.996 viviam sozinhos, 5.205 viviam isolados, 3.288 viviam sozinhos e isolados, enquanto 6.727 não estavam enquadrados nas situações anteriores, mas encontravam-se em situação de vulnerabilidade fruto de limitações físicas e/ ou psicológicas. Lusa
DESPORTO
Jogos de Quelfes arrancam em Tavira d.r.
A CERIMÓNIA DE ABERTURA dos VII Jogos de Quelfes terá lugar este sábado, pelas 18 horas, no Pavilhão Municipal Dr. Eduardo Mansinho, dando início ao mais emblemático evento de promoção do olimpismo em Portugal, direccionado para o 1.º Ciclo do Ensino Básico. A sessão inaugural conta com a presença dos representantes dos concelhos participantes, do presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, e do presidente do Comité Paralímpico de Portugal, Humberto Santos. O programa inclui a contagem decrescente para o início dos Jogos, desfile com as bandeiras de Portugal e Espanha, hinos dos respectivos países e hino olímpico, desfile dos alunos, juramento dos participantes e juízes, visualização do vídeo da cidade de Tavira e da Estafeta Chamada para os Jogos. A cerimónia atinge o seu ponto alto, no final, com a chegada dos atletas que transportam, desde Olhão, a chama para o acendimento da pira. Em ano de Jogos Olímpicos, esta edição decorre, até dia 23 de Abril, em Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel, Tavira e Ayamonte, sob a chancela oficial da Academia Olímpica Internacional, do Centro Internacional da Trégua Olímpica, assim como da família olímpica e paralímpica nacionais. No dia 17 de Abril, o Município de Tavira, em parceria com o Clube Náutico, dinamiza a prática de vela, no Sítio das Quatro Águas. 230 alunos de agrupamentos escolares, Jardim-Escola João de Deus e Fundação Irene Rolo participam, ao longo de duas semanas, nos diferentes concelhos aderentes, em modalidades como basquetebol, atletismo, natação, futebol, andebol, boccia, lenço grego e vela.
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classificados
Farmácias de Serviço SEXTA
SÁBADO
DOMINGO
SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
QUINTA
Santos Pinto
do Mar
do Mar
do Mar
do Mar
do Mar
do Mar
-
Central
Sousa Coelho
-
-
Edite
-
FARO
Crespo
Palma
Montepio
Caniné
Pereira
Penha
Baptista
LAGOA
Lagoa
Lagoa
José Maceta
José Maceta
José Maceta
José Maceta
José Maceta
LAGOS
Ribeiro
Lacobrigense
Silva
Telo
Neves
Ribeiro
Lacobrigense
LOULÉ
Chagas
Pinto
Avenida
Pinheiro
Martins
Chagas
Pinto
MONCHIQUE
Moderna
Moderna
Moderna
Hygia
Hygia
Hygia
Hygia
OLHÃO
Nobre
Pacheco
Brito
Progresso
Olhanense
Da Ria
Nobre
PORTIMÃO
Central
P. Mourinha
Moderna
Carvalho
Rosa Nunes
Amparo
Arade
QUARTEIRA
Algarve
Mª Paula
Mª Paula
Mª Paula
Mª Paula
ALBUFEIRA ARMAÇÃO DE PÊRA
SÃO BART. DE MESSINES
-
SÃO BRÁS DE ALPORTEL
São Brás
SILVES
João de Deus
Dias Neves -
Mª Paula
Mª Paula
Algarve
Algarve
Dias Neves
Dias Neves
Cruz Portugal
-
-
-
São Brás
Dias Neves
Cruz Portugal
-
São Brás Guerreiro
TAVIRA
Mª Aboim
Central
Central
Felix
Sousa
Montepio
Mª Aboim
VILA REAL de STº ANTÓNIO
Carrilho
Carmo
Carmo
Carmo
Carmo
Carmo
Carmo
Notária
Rita Costa CERTIFICO, PARA EFEITOS DE PUBLICAÇÃO: Que neste Cartorio, em Lisboa, da Notaria Ana Rita Ribeiro da Costa Pinto Caliço, sito na Rua do Salitre, n.º 119, foi outorgada uma escritura de justificação notarial, lavrada no dia vinte e um de Março de dois mil e dezasseis, a folhas sessenta e uma do Iivro sessenta e um deste Cartorio, na qual António José Seita de Avelar, NIF 211 081 213, e Miguel Seita de Avelar, NIF 211 081 205, ambos solteiros, maiores, naturais da freguesia de São Domingos de Benfica, concelho de Lisboa, e residentes na Rua Cidade de Sao Paulo, número 11, 12º direito, Portela, Loures, declararam ser, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores do predio urbano denominado Iote 17 B, sito em Pedras D’El Rei, freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, descrito na Conservatoria do Registo Predial de Tavira sob o número três mil cento e sessenta e dois, da dita freguesia, inscrito na matriz da freguesia de Santa Luzia sob o artigo 477, com aquisição registada a favor da sociedade Atrium- Empreendimentos Urbanos e Turisticos, S.A.R.L..
Multicare, C.G.D., Allianz
Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira
Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 16 de Março de 2016, exarada a folhas 19 e seguinte do Livro n.º 76-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A: Maria Adelina de Jesus Rodrigues Alexandre, NIF 180784439 e marido Manuel Bernardino Alexandre Rodrigues, NIF 136813453, ambos naturais do concelho de Tavira, ela da freguesia de Tavira (Santa Maria), e ele da freguesia de Cachopo, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes no Sítio de Vale Covo, 8800-213 Tavira, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio rústico, composto por terra de cultura, que confronta de norte com Marcelino Viegas, de sul e poente com casas de habitação e de nascente com Custódio Martins, com a área total de duzentos e trinta metros quadrados, no Sítio da Casinhola na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz predial sob o artigo 22915, que teve origem no artigo 22092 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. - Que esse prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, já no estado de casados entre si, por compra meramente verbal, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e cinco, e nunca reduzida a escritura pública feita a José Domingues Rodrigues, solteiro, maior, residente que foi em Monte do Cerro, Vale Covo, Tavira, não tendo deste modo título que lhes permita fazer o registo do prédio em seu nome.
- Declararam ser os únicos herdeiros sobrevivos de António José Teixeira de Avelar e
- Que, assim, justificam o referido prédio, porquanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem titulares do respetivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando da cultura, amanhando e limpando a terra, e dele retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invocam.
mulher, Maria Otília Venâncio Seita de Avelar, conforme habilitações de herdeiros.
Tavira e Cartório, em 16 de Março de 2016.
- Declararam que António José Teixeira de Avelar adquiriu o referido imóvel aos herdeiros de Igidio Zanella e mulher, Giuseppina Bressan, tendo, anterionnente, Igidio Zanella adquirido o referido imóvel àsociedade Atrium - Empreendimentos Urbanos e Turisticos, S.A.R.L.. Acordos com:
Tractor - Rega, Lda
O Notário, Bruno Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/693 (POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)
Lisboa, 21 de Março de 2016. A Notária Ana Rita Ribeiro da Costa Pinto Caliço (POSTAL do ALGARVE, nº 1160, de 8 de Abril de 2016)
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Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt
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ORAÇÃO DAS 13 ALMAS BENDITAS Ó Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo amor de Deus que meu pedido seja atendido. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo sangue que Jesus derramou, que meu pedido seja atendido. Meu Senhor Jesus Cristo que vossa proteção me encha com vossos braços e me proteja com vossos olhos. Ó Deus, de bondade, Vós fostes meu defensor na vida e na morte, peço que me livres das dificuldades que me afligem. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, alcançada a graça que vos peço, ficarei muito devota e mandarei publicar esta oração e mandarei celebrar uma missa. Rezarei 13 Padres-nossos e 13 Ave-Marias durante 13 dias. Peço desculpa pelo atraso e agradeço graça recebida. M. A. C.
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MARIA VITORINA RODRIGUES GONÇALVES, NIF 149738935 e marido MANUEL MATEUS PEREIRA GONÇALVES, NIF 149738943, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Gião, caixa postal 501-Z, 8700-074 Moncarapacho, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio rústico composto por terra de cultura, com a área de duzentos e oitenta e cinco metros quadrados, que confronta de norte com Manuel Nascimento e outro, de sul e nascente com José Sebastião e de poente com José António Garcia, sito em Vale da Estrada, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 366, que teve origem no artigo 343 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 4,37 €, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira. - Que este prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, já no estado de casados, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de mil novecentos e noventa, em data que não sabem precisar, feita pelo avô da justificante mulher, José António, viúvo, residente que foi em Picota, Tavira, atualmente falecido. - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o prédio atrás identificado, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, amanhando e limpando a terra e dela retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira e Cartório, em 5 de Abril de 2016.
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AGRADECIMENTO
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Os seus familiares vêm muito reconhecidamente agradecer a todas as pessoas que compareceram no funeral do seu ente querido, que se realizou no dia 22 de Março de 2016, saindo da igreja paroquial de Santa Catarina Fonte do Bispo, seguindo para o cemitério local.
AGÊNCIA
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O Notário, Bruno Torres Marcos
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SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA
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MARIA EDUARDA CEREIJA NETO 06-08-1926 / 24-03-2016
ANTÓNIO SERAFIM 10-06-1929 / 25-03-2016
AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Tavira
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Emergência 24 horas
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AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
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8 de Abril de 2016 | 11
> > ASSINALE A FRASE CORRETA
A – Passei as férias no sul. B – Passei as férias no Sul. C – Passei as ferias no sul. D – Paçei as férias no Sul.
>> SOLUÇÃO da edição passada ;; A – Aquele escritor teve a adesão de quase todos os alunos do sétimo ano. B – Aquele escritor teve a aderência de quase todos os alunos do sétimo ano. C – Aquele escritor teve a aderência de quaze todos os alunos do sétimo ano. D – Aquele escritor teve a adesão de quase todos os alunos do setimo ano.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
Obras na Praia de Faro
Portimão suspenso...
A confirmar-se a promessa de Sebastião Teixeira, da Sociedade Polis, as obras na Praia de Faro estarão prontas até ao início da época balnear. Boas notícias, mas a dúvida continua até ver para crer como São Tomé (Ler pág. 4).
A situação repete-se e a Câmara de Portimão volta a estar suspensa da decisão do Tribunal de Contas sobre o PAEL. Isilda Gomes é uma verdadeira resiliente perante uma herança pesada de Manuel da Luz (Ler pág. 5).
E-mail da redacção:
A arte da palavra na era digital
jornalpostal@gmail.com
ficha técnica
Beja Santos Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Em data imprecisa entre as décadas de 1970 e 1980, inegavelmente fruto da ascensão do individualismo, houve mudanças de paradigma na representação política, na comunicação comercial, na indústria do entretenimento, na moldura das relações públicas e no tratamento da personalidade influente (executivo, autarca, responsável desportivo…) como um triunfador graças à comunicação social. A acrescentar a tudo isto, assistimos
Tiragem desta edição:
à tirania do instante, ao culto da urgência, à civilização do espectáculo em que o ser humano, a sociedade em geral e os próprios partidos políticos exigem distintivos de personalização. Estes fenómenos ainda são mais trepidantes com as exigências das redes sociais. Da representação política passámos à política da representação. Temos que deslumbrar, saber comunicar bem, pode muito bem acontecer que um erro grave na comunicação destrua a carreira do político, da vedeta, da pessoa pública. “Como falar correctamente e sem inibições”, por Reinaldo Polito, Pergaminho (Bertrand), 2015, é um livro sobre a oratória no tempo que passa. Há quem julgue que a oratória era uma arte em que gregos e romanos fizeram estilo, caso de Demóstenes e Cícero; a oratória religiosa também fez época,
basta ver os púlpitos das catedrais e das igrejas, ia-se àquele ofício religioso também por causa do orador. O que este especialista em comunicação vem dizer é que falar para o público pode ser um dom mas não sendo há que desenvolver um conjunto de dotes e vencer inibições. Dirigir-se ao público não é uma actividade exclusiva de políticos, religiosos, vendedores ou comunicadores da rádio e televisão, muitíssimas profissões exigem certos dotes oratórios e treinos para vencer medos: para usar convenientemente a memória, para explorar a inspiração, para mostrar determinação e saber escutar o público, recorrendo a uma dicção e a uma postura que assegurem a atenção de quem ouve. E há também o saber organizar a narrativa que nos leva a uma reunião, a um meio de comunicação social, a uma con-
ferência, como se organiza tal discurso. Onde Reinaldo Polito se revela um ás a ensinar a falar em público é quando expõe as técnicas de comunicação: a fase preparatória, o assunto central, a conclusão, o autor compartimenta com mestria as sequências como devemos organizar o nosso discurso. E temos as técnicas oratórias, ninguém desconhece a sua influência: os recursos audiovisuais e quais as regras básicas para produzir um bom recurso visual; como, em consonância com a nossa exposição, estar preparado para responder a perguntas da plateia. Dentro da oratória podemos estar necessitados de apresentar um discurso: como devemos treinar para ler em público, como improvisar um discurso, como desencantar guiões que funcionem como recursos de apoio; e há os discursos de circunstân-
cia que podemos mentalmente esquematizar, desde fazer uma saudação ou uma despedida ou até mesmo apresentar um orador. E temos as questões práticas que não devem ser iludidas: como usar microfone, como fazer uma apresentação por videoconferência ou como montar uma apresentação. Como também anota o autor, o escrever tem certos paralelismos com o discursar, pois há que distinguir o artigo da revista científica de um artigo numa coluna no jornal diário, são duas formas de chegar ao público diferentes mas em caso algum precisamos de um bom conteúdo, de ideias claras e luminosas e de oferecer uma prosa que cative e seja instigante. A aquisição da fala é natural, a expressão verbal pode ser um dom mas também requer polimento, uma constante aprendizagem, adaptações.
dáveis, desejemos encontrar justificações para as atrocidades que ocorrem, não podemos! Não por não sermos intelectualmente capazes, mas por o nosso modus operandi não ser distorcido como o das tais senhoras do café. Andamos a procurar respostas que não existem. Andamos a procurar a fé nos sítios errados. Pior: andamos a subjugá-la a receitas formatadas de falsos puritanismos. Mantém-se em mim a náu-
sea que o terrorismo sempre nos causa. E também continuo nauseada com a imagem da tal senhora que só não falou pior das “amigas” por estarmos na semana santa… Talvez tenhamos mesmo que parar de procurar. Talvez o sentido de tudo nos chegue aos poucos, quando aceitamos com fé que o único caminho certo para nós é aquele que nos torna melhores.
Parar de procurar Ana Amorim Dias - Escritora
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com
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opinião
Pouco passava das nove. A manhã estava quente em Albufeira. Pedi a meia de leite escura e deixei-me estar a
ler, tranquila, ainda alheada das atrocidades acabadas de ocorrer. - Viste os sapatos que ela levou ao funeral? As senhoras da mesa ao lado varriam com tom de crítica todos os conhecidos comuns. - Vi. Inadmissível! Mas não vou criticar porque estamos na semana santa! Engasguei-me. Engasguei-me e reservei para depois aquela frase macabra, sabendo que mais tarde, como tan-
tas vezes acontece, chegaria a outra parte da crónica e, com ela, a chave que daria sentido a tudo. Foi mesmo agora, ao fim da tarde, enquanto distraidamente via um filme. - Só encontramos o caminho da nossa vida quando paramos de o procurar. - disse-lhe ela. “Quando paramos de o procurar…”, repeti. Por mais que nós, humanos mental e emocionalmente sau-
O POSTAL
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regressa no dia 22 de Abril
última
Empresas vão recrutar estudantes na ‘UAlg Careers Fair’ Feira visa facilitar a procura de emprego O COMPLEXO PEDAGÓGICO DO CAMPUS DA PENHA, em Faro,
recebe nas próximas terça e quarta-feira a primeira edição da “UAlg Careers Fair”. Esta feira, que visa contribuir para a inserção de estudantes e diplomados da UAlg no mercado de trabalho, já tem confirmadas mais de 30 empresas e entidades, facilitando a procura de emprego e o desenvolvimento de uma carreira profissional. Os alunos e diplomados da UAlg que pretendam participar na “UAlg Careers Fair” podem inscrever-se até esta sexta-feira. A iniciativa, organizada pela UAlg e pela Associação Académica, terá vários espaços ex-
positivos, sessões de apresentação das empresas, sessões de recrutamento, workshops com sessões práticas sobre a temática da empregabilidade, almoços de networking, entre outras actividades. O evento, patrocinado pela Pine Cliffs Resort, Garvetur e Vilamoura World, já tem também confirmada a participação das seguintes empresas: Talenter™, Grupo Jerónimo Martins, ToInovate Consulting, Zoomarine, Lidl Portugal, Decathlon, Vitae Professionals, Leroy Merlin, Norauto, Go Work RH Saúde, Grupo Moneris, Jumbo, Aki, EasySensing, Pitch Studios, Quinta do Lago, Grupo Visa-
d.r.
beira, Tranquilidade, Talent City, Lusíadas, Dengun, e NAU Hotels & Resorts. A 1ª “UAlg Careers Fair” tem como parceiros a ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Caixa Geral de Depósitos, o Santander Totta, a Toastmasters International e a Comissão Vitivinícola do Algarve. De salientar que a UAlg tem actualmente cerca de oito mil estudantes em várias áreas de formação. Anualmente, o número de diplomados ascende a mais de 1.500, nos diferentes ciclos de estudos (licenciaturas, mestrados e doutoramentos). De forma a manter a
ÔÔ A Universidade do Algarve tem actualmente cerca de oito mil estudantes em várias áreas de formação alta taxa de empregabilidade dos seus diplomados, a acade-
mia algarvia pretende que a “UAlg Careers Fair” se afirme
como a maior feira de emprego do sul do país.
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PRÉMIOS SERÃO ENTREGUES NA FATACIL
Concurso de Vinhos do Algarve escolhe os melhores do ano d.r.
O IX CONCURSO DE VINHOS do
Algarve vai realizar-se na próxima segunda-feira, no Convento de São José, em Lagoa. O evento, organizado pela Comissão Vitivinícola do Algarve, em parceria com a Câmara de Lagoa e a Associação de Escanções de Portugal, premeia os melhores vinhos algarvios engarrafados. O concurso é aberto a vinhos brancos, rosados e tintos produzidos na Região Vitivinícola do Algarve, com direito a Denominação de Origem Protegida Lagos, Lagoa, Portimão e Tavira e Indicação Geográfica Algarve. Conforme explica a organização, “podem ser submetidos a concurso mais que um vinho de cada categoria. No entanto, os vinhos que já tenham sido premiados não serão admitidos”. Para este ano, a organização estima “a avaliação de mais 90 referências, superando a participação em edições anteriores dos produtores algarvios”. “Ambicionamos superar a taxa de participação do ano passado e assegurar a inscrição
ÔÔ Vinhos admitidos serão avaliados em prova cega de mais de 20 produtores, ultrapassando as 90 referências de vinhos à prova. Este é um evento importante, na medida em que distinguimos a qualidade e variedade dos nossos vinhos”, afirma Carlos Gracias, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve. “A nossa missão é a consolidação da imagem do vinho algarvio e iniciativas como esta provam que a aposta da região na vitivinicultura é uma aposta para ganhar”, conclui. De salientar que os vinhos admitidos são avaliados em prova cega, efectuada por
um conjunto de provadores constituídos em painéis. Cada painel de jurados é constituído por um número mínimo de cinco provadores e um presidente. No final, aos vinhos seleccionados serão atribuídas as medalhas de Ouro, Prata e Bronze e ainda a Grande Medalha de Ouro, para o melhor Vinho do Algarve. Os prémios serão entregues em cerimónia posterior, por ocasião da Fatacil 2016. Mais informações disponíveis em: http://www.vinhosdoalgarve.pt.
D.R.
Espaço AGECAL: d.r.
Sobre a dança contemporânea
O Amante Japonês:
p. 3
Filosofia dia-a-dia:
Isabel Allende regressa aos romances de fôlego
d.r.
O Jardim de Epicuro p. 7
Sala de Leitura:
p. 4
d.r.
d.r.
Amália ao sul (II)
Fernando Silva Grade ‘pinta’ 30 anos de história em Faro
p. 8
p. 5
Espaço ao Património: d.r.
ABRIL 2016 n.º 91
A luz das conversas: património e Design
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO 7.615 EXEMPLARES
p. 10
www.issuu.com/postaldoalgarve
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08.04.2016
Editorial
Da importância dos dias...
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Fechámos o mês de Março, mais precisamente no dia 27 de Março, com o Dia Mundial do Teatro e o mês que agora se nos apresenta, Abril, traz consigo mais duas datas de relevo no campo das datas comemorativas. A 29 de Abril o Dia Mundial da Dança e a 30 o Dia Mundial do Jazz. A importância dos dias que assinalam as diferentes formas de expressão artística é altamente discutível, como o é a importância de qualquer outro dia nacional, internacional ou mundial destinado a assinalar o que quer que seja. Há quem olhe para estas datas com desdém e mesmo considere que já há 'dias de tudo e de nada' e que a respectiva proliferação lhes retitou o peso e a visibilidade e quem defenda a sua existência como marcos anuais capazes de galvanizar as atenções em torno de realidades para as quais se deve 'olhar' com especial cuidado e ponderação. Independentemente das opiniões, na área da cultura as datas relativas à comemoração dos dias de cada uma das artes são sempre momentos para podermos assistir a espectáculos temáticos, fazendo - muitas vezes - entrar na programação dos espaços culturais espectáculos que ali não teriam espaço, não fosse o dia comemorativo. Só por isso, se outro valor maior se lhes não encontrar, já faz com que estes dias valham a pena. Entretanto, e a título de mero exemplo, para estas datas Faro prepara no Dia Mundial da Dança o Festival de Flamenco de Faro, no Teatro das Figuras, e um imperdível concerto de Zé Eduardo, no Dia Mundial do Jazz, no Teatro Lethes. Vale ou não vale a pena?!
Cultura.Sul
Missão Cultura
DiVaM 2016 abre portas ao “Espírito do Lugar” Direção Regional de Cultura do Algarve
DiVaM é o programa de Dinamização e Valorização dos Monumentos desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Algarve desde 2014, que tem como principais objetivos a promoção, divulgação e valorização do património cultural da região, oferecendo a todos os residentes e visitantes, um conjunto de iniciativas culturais, de dinamização, de fruição e vivência nos monumentos diretamente tutelados pela Direção Regional. “O Espírito do Lugar” é o mote para o programa deste ano, apresentado em cerimónia pública na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, no passado sábado. Durante a cerimónia foram assinados os protocolos de colaboração com as várias associações envolvidas nas 52 actividades culturais, que farão do DiVaM 2016 um acontecimento cultural a ser desfrutado ao longo do ano, pelas comunidades
foto: drcalg/r. parreira
locais, residentes e visitantes dos monumentos que acolhem as iniciativas. O programa conta ainda com a parceria de vários municípios algarvios e da Universidade do Algarve, oferecendo um leque diversificado de atividades culturais que vão desde performances, música, artes plásticas a atividades para os mais novos e para as famílias. A dinâmica desenvolve-se como habitualmente em 7 monumentos que estão afetos à Direção Regional de Cultura do Algarve - Castelo de Aljezur, Fortaleza de Sagres, Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe, Monumentos Megalíticos de Alcalar, Castelo de Paderne, Castelo de Loulé e Ruínas Romanas de Milreu.
Apresentação do DiVaM 2016 termina com concerto de 'Jovens Talentos Algarvios', na Ermida de Nª Sra de Guadalupe
DiVaM 2016 com uma nova Identidade Visual
novos, estimulando a vontade da descoberta do programa cultural. De forma a fidelizar pú-
Este ano o DiVaM apresenta uma nova identidade visual, com uma imagem mais atual e contemporânea. Pretende-se seduzir públicos habituais, circunstanciais ou
blicos, o programa DiVaM apresenta-se agrupado em ciclos temáticos: “Música no DiVaM”, “Patri Per Form” -
Novo logótipo do DiVaM 2016
ciclo de artes performativas, “DiVaM para os + e – pequenos”, “DiVaM ao ar livre” , “Derivas Continentais” ciclo que junta artes plásticas e artes performativas - e ainda o ciclo “Amatores in situ”. O ciclo de palestras “Amatores in situ – O Mundo antigo visto por aqueles que o amam” dá continuidade a uma anterior edição, que teve lugar nas ruínas romanas de Milreu em 2013/2014, mas a sua integração no DiVaM 2016 constitui uma novidade. Organizado em parceria com a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, este ciclo pretende dinamizar o conhecimento da Antiguidade Clássica, através da Literatura, Arte, Filosofia e Arqueologia, no espaço arqueológico de Milreu e contribuir para aproximar o “dito” ao “visto”. A primeira palestra teve lugar na passada quinta-feira sob o tema “A identidade feminina na Antiguidade sob o olhar de Medeia”, pela Professora Dra. Ana Alexandra Alves de Sousa. Direção Regional de Cultura do Algarve
Juventude, artes e ideias
Sociedade Recreativa Progresso Olhanense
Jady Batista Coordenadora Editorial do J
A Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, fundada em 1918, é a mais antiga coletividade em acividade em Olhão e
uma das mais antigas do país. Perto de completar o seu primeiro centenário, considerada de Utilidade Pública, prova a sua vitalidade e capacidade em acompanhar a evolução dos tempos,s recuperando o seu lugar como referência de cultura e recreio do nosso concelho. Honra feita à nova direção, eleita em finais de 2014, presidida por Francisco do Ó, que soube congregar os esforços necessários para regularizar a situação
financeira e implementar uma dinâmica cultural que serve o interesse e as necessidades actuais dos sócios e da população. Exemplos disso são as actividades regulares que resultam da iniciativa da colectividade e das parcerias estabelecidas com entidades da terra como a GORDA ou a MOJU, para além do Município. Nesse sentido, são já conhecidos os bailes de Carnaval da MOJU, desenvolvidos naquele espaço e que representam o re-
“MÃE SOBERANA DE UM POVO” Até 29 MAI | Convento de Santo António - Loulé Vasco Célio, Luís da Cruz e Fernando Mendes apresentam um conjunto de fotografias da Festa da Mãe Soberana realizadas ao longo das últimas três décadas
cuperar de uma tradição que diz muito à colectividade e ao nosso concelho. Também o teatro, enquanto atividade regular, com a Gorda e o grupo da Casa da Juventude, volta a ser uma realidade, nesta que chegou a ser a melhor sala de teatro de Olhão, onde residiram grupos de referência regional como o GATO e posteriormente o Teatro da Vida. Ainda este ano, perspectiva-se o reinício das sessões de cinema, em colaboração com o Cineclu-
be de Olhão, trazendo de volta a esta casa mais uma das suas grandes referências de outros tempos. Para já, prepara-se um programa recheado de actividades, de música e poesia, no âmbito das comemorações do 25 de Abril. Em Maio, integrado no MOSTRA-TE, terá lugar, entre outras actividades, a estreia da peça de teatro da Casa da Juventude. Fiquem atentos. Vai valer a pena!
“PORTUGAL EM AGUARELAS” Até 16 ABR | Galeria Municipal de Albufeira Exposição de Tom Whitelaw retrata na sua maioria paisagens de Portugal, revelando o gosto do pintor pela luz, pelas paisagens coloridas, pelo pormenor e pela perspectiva perfeita
Cultura.Sul
08.04.2016
3
Grande ecrã Cineclube de Faro
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt
IPDJ | 21.30 HORAS 12 ABR | POSTO AVANÇADO DO COMANDO, Hugo Vieira da Silva, Angola/Portugal, 2015, 120’, M/14 26 ABR | RIO GORGO, Maya Kosa & Sérgio da Costa, Portugal, 2015, 95’ TEATRO MUNICIPAL DE FARO | 21.30 HORAS VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES, Manoel de Oliveira, Portugal, 1982, 68’, M/12
25 ABR | COMEMORAÇÕES 25 ABRIL, MUSEU MUNICIPAL - 16 HORAS - O MEDO À ESPREITA, Marta Pessoa,2 Portugal, 2015, 86’ (presença da realizadora)
60 anos de Cineclube de Faro O mês de Abril é especial para o Cineclube de Faro (CCF), cumpriu-se na passada quarta-feira, dia 6, mais um aniversário desde a realização da primeira sessão oficial do CCF. “Douro, Faina Fluvial”, de Manoel de Oliveira, foi o filme escolhido para iniciar a actividade desta associação cultural que agora completa 60 anos. As comemorações decorrem ao longo de todo o ano, no entanto, têm também especial relevância no programa de actividades deste mês. O diálogo entre o cinema português e o seu público é o mote para um ciclo que reúne quatro obras de especial relevância. A homenagem que Manuel Mozos faz a João Bénard da Costa, figura que se confunde com o cinema em Portugal, abre este ciclo, seguindo-se um dos mais badalados títulos do cinema português mais recente, “Posto Avançado do Progresso”, de Hugo Vieira da Silva.
Cineclube de Tavira fotos: d.r.
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21 HORAS 14 ABR | SADILESHTETO (O JULGAMENTO: FRONTEIRA DE ESPERANÇA), Stephan Komandarev – Bulgária/Alemanha/Croácia 2014 (105’) M/12 21 ABR | EL BOTÓN DE NACAR (O BOTÃO DE NÁCAR), Patricio Guzmán – França/Espanha/Chile/Suiça 2015 (82’) M/12
João Bénard da Costa A história do CCF confunde-se com o cinema e com a figura de Manoel de Oliveira e desta forma a exibição do seu filme póstumo configura-se também como um momento não só de homenagem ao cineasta, mas também de celebração do CCF e da sua história. Por último, o documentário de Maya Kosa e Sérgio da Costa, “Rio Corgo”. Pelo meio um ciclo dedicado a filmes únicos que também celebram 60 anos de
existência, a colaboração com as comemorações oficiais do 25 de Abril com “O Medo à Espreita”, de Marta Pessoa (com a presença da realizadora), o filme francês do mês ou “Sicario” em Vila Real d eSanto António. A terminar, espaço ao cinema de animação, juntando novos e menos novos com “Paddington”, de Paul King (2014). 60 anos caramba, uma vida de sonhos! Cineclube de Faro
23 ABR | 678 (CAIRO 678) - Entrada gratuita: versão original legendada em português + inglês - Mohamed Diab – Egípto 2010 (100’) M/14 28 ABR | THE LOOK OF SILENCE (O OLHAR DO SILÊNCIO), Joshua Oppenheimer – Dinamarca/Indonésia/Noruega/Finlândia/Rússia/Israel/França/E.U.A./Alemanha/Holanda 2014 (103’) M/16
Espaço AGECAL
Sobre a dança contemporânea d.r.
Ana Borges, Coreógrafa e professora de dança; Corpodehoje; sócia da AGECAL
A dança foi desde sempre nas diferentes civilizações uma manifestação cultural ligada ao ritual. A ligação do corpo à natureza era mais próxima e as manifestações do corpo, por exaltação eram espontâneas, naturais. A Natureza como suporte da condição humana e a cultura como extensão da natureza humana. Com a mecanização do trabalho, a Indústria, a distância entre corpo e natureza aumentou e com ela o ritual desapareceu. As manifestações do corpo passam a ser performativas, de carácter profissional com a passagem da dança para o palco. A dança social no adro da igreja ou na corte, deixou de existir espontaneamente e passou a haver diferenças entre quem dança e quem assiste. Isto acontece após o reinado de Louis XIV, séc. XVII, em França, onde a dança foi instituída. Com as escolas de dança, nasce o ballet,
sistematizando a linguagem técnica da dança. Até ao Séc. XXI têm acontecido diferentes transformações a nível social, político e cultural que implicaram mudanças também na dança. A partir do séc. XX quando Isadora Duncan cria as primeiras coreografias com pés descalços, roupas leves e em espaços ao ar livre, a dança reivindicou para si a natureza como força criadora, ligando-se intimamente à vida. Associada
a esta estética, está fortemente ligada a ideia de democratização do corpo, sem aceitar um espartilho que o condicionava a um só padrão. Isadora Duncan foi extremamente importante na mudança da dança segundo o modelo clássico do ballet. Acreditava claramente na dança como forma de transformação social, como reforma educativa. Influenciando-se nos modelos estéticos da Grécia antiga, Isadora dançou com movimentos
leves, simples, ligados à vida, ao dia à dia e à escuta do pulsar da natureza, dos ritmos das estações. A ideia da dança foi-se transformando e espalhando a sua forma dos EUA até à Europa. Esta libertação do corpo, associa também a utilização do chão como superfície passível de utilização. Mary Wigman introduz o chão como superfície dançável e posteriormente Trisha Brown cria também estruturas
de movimento em que todo o movimento parte do chão até à vertical. A dança contemporânea é a filha mais nova de todos estes e outros movimentos que surgem no Séc. XX e que aliam as técnicas ao respeito pelo corpo, à sua organicidade, alinhamento, em que se respeitam diferenças em relação à forma, se aceita a pessoa como ser pensante e actuante e não mero elemento estético. A dança contemporânea não tem fronteiras, assume com prazer a ideia de que um corpo tem voz, movimento, ideias, memória, por isso dança o que pesquisa, o que pensa, é reivindicativa, social e politicamente, manifesta-se. Apesar de ter já um século esta transformação, em Portugal ainda se alia muito a ideia de “dança” ao ballet e ainda se dão os primeiros passos nesta transformação das realidades. Como agente cultural, a corpodehoje iniciou um trabalho na descentralização das artes e dança mais especificamente, saindo de Lisboa até ao Algarve e trabalha regularmente em Tavira, com oficinas regulares e pontuais de dança, promovendo a ideia de democratização do corpo e da dança e cruzamentos disciplinares. Aproxima a dança da vida, das pessoas, seguindo este ideal dança | natureza.
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08.04.2016
Cultura.Sul
Letras e Leituras
O Amante Japonês: um romance de fôlego
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
O Amante Japonês é finalmente um retorno aos romances a que Isabel Allende nos tinha acostumado. Depois de algumas obras mais juvenis (O caderno de Maya) e uma estranha tentativa de incursão no thriller policial (O jogo de Ripper), cuja história se parecia arrastar sem qualquer chama, a autora (sobre quem já se escreveu aqui) regressa às suas histórias de grande fôlego que imediatamente puxam o leitor para dentro do seu mundo romanesco muito particular, tecido numa escrita fluída, desenhando um universo semi histórico, semi intemporal e levando-nos a conviver com personagens carismáticas e cheias de vida. A narrativa de O Amante Japonês (cujo título evoca esse outro romance de Marguerite Duras, O Amante) segue um plano em que alternam dois planos temporais, o presente e o passado, o que por outro lado traz uma oscilação entre a perspectiva de uma jovem chamada Irina Bazili e a de Alma Belasco, a elegante senhora que se instala na Lark House, o lar de idosos onde trabalha Irina. Alma Belasco nasceu na Polónia, mais precisamente em Varsóvia, em 1939. Com a II Guerra Mundial a deflagrar, é enviada pelos pais, como forma de a manter em segurança, para a Califórnia, onde irá ser acolhida pelos tios que vivem numa opulenta mansão de São Francisco. A decisão revela-se acertada, pois como sabemos, Varsóvia foi uma cidade que acabou completamente destruída, como palco de guerra entre as duas grandes frentes da Alemanha e da Rússia. Mas é com Irina que o romance se inicia, talvez por ser através desta personagem que vamos passar a conhecer melhor Alma Belasco e poder descobrir a sua história, justamente no momento em que esta é entrevistada e depois admitida: «Irina Bazili começou a trabalhar na Lark House, nos arredores de Berkeley, em 2010. Acabara de fazer vinte e três anos e tinha poucas
ilusões, pois andava, desde os quinze anos, a saltitar de emprego para emprego e entre uma cidade e outra.» (pág. 9). Mas conforme a intriga se adensa e Seth, o neto de Alma Belasco, mais tarde, se apaixona por Irina, percebemos que esta jovem proveniente da Europa de Leste também tem o seu passado obscuro e esconde um segredo. O Amante Japonês é a história de uma octogenária que, ao aproximar-se dos derradeiros instantes da sua vida, recorda a amizade, que mais tarde se tornará no amor de uma vida, que partilhou com Ichimei Fukuda, o filho do jardineiro dos tios: «Conhecera-o no magnífico jardim da mansão de Sea Cliff, na primavera de 1939. Na época, ela era uma menina com menos apetite do que um canário, que de dia andava calada e de noite chorava, escondida nas entranhas de um armário de três espelhos no quarto que os tios tinham decorado para ela (...)» (pág. 49). Mas neste romance Isabel Allende não cria espaço para o amor romântico das suas outras obras e a classe social pode falar mais forte. O humor irreverente da escrita de Isabel Allende sempre foi um dos seus fortes, característica que se acentuou mais depois dos seus primeiros romances, como se pode comprovar em alguns dos momentos deste romance: «Na opinião de Seth, no início de 2010, de repente, em cerca de duas horas, alguma coisa afectou a personalidade da avó. Sendo ela uma artista de êxito e um modelo no cumprimento dos deveres, afastou-se do mundo, da família, dos seus amigos, e refugiou-se numa residência geriátrica que nada tinha a ver com ela, passando também a vestir-se como uma refugiada tibetana (...).» (pág. 42). Ou quando a nora pergunta a Alma o que irão dizer às pessoas, esta responde pronta-
fotos: d.r.
A escritora chilena Isabel Allende mente: «- Digam que estou velha e louca. Não estarão a faltar à verdade» (pág. 43). Outra das principais qualidades da escrita de Isabel Allende é o seu estilo narrativo ao jeito mágico realista que, apesar de ter tido o seu expoente máximo em A Casa dos Espíritos, ainda se respira entre as páginas desta obra, conforme se pode verificar logo no início do romance, quando o empregador de Irina a prepara para algumas das particularidades do seu trabalho na Lark House: «- Por último, menina Bazili, devo mencionar-lhe a questão dos fantasmas, porque certamente será a primeira coi-
sa que lhe dirá o pessoal haitiano./- Não acredito em fantasmas, senhor Voigt./- Felicito-a por isso. Eu também não. Os de Lark House são uma mulher com um vestido de tule cor-de-rosa e um menino de três anos..» (pág. 14). A opinião de Irina sobre os fantasmas, aliás, iria mudar muito em breve... Esta obra percorre ainda diversos episódios históricos e questões significativas mas sempre num contexto muito suave, sem verdadeiramente aprofundar esses temas ou momentos da história da Humanidade, como a diáspora
Autora regressa às histórias de grande fôlego com 'O Amante Japonês'
judaica, o ataque surpresa do Império Japonês a Pearl Harbor ou o racismo. Talvez pelo facto de não ser um facto histórico muito conhecido, a descrição do que se sucede nos Estados Unidos da América nos meses seguintes ao ataque a Pearl Harbor é um dos momentos mais fortes do romance, onde se descreve a forma como, por se temer um novo ataque por parte do Japão e como meio de prevenir ataques de ódio aos asiáticos pela própria população americana, todos os japoneses que viviam na costa do Pacífico, isto é, cerca de vinte mil homens, mulheres e crianças, são evacuados por “razões de segurança militar” para dez campos de concentração em zonas isoladas do interior do país. O romance abre-se ainda numa galeria de personagens curiosas e inspiradoras, que justificam sempre uma apresentação detalhada, como, por exemplo, Kathy, a psicóloga da Lark House: «Os anos de imobilidade e o esforço tremendo para sobreviver tinham reduzido o tamanho de Cathy, que parecia uma menina na volumosa cadeira elétrica, mas irradiava uma enorme força, suavizada pela bondade que sempre tivera e que o acidente multiplicara. O seu permanente sorriso e o cabelo muito curto davam-
-lhe um ar travesso, que contrastava com a sua sabedoria de monge milenar. O sofrimento físico libertara-a dos defeitos inevitáveis da personalidade e tinha-lhe lapidado o espírito como um diamante. Os derrames cerebrais não afetaram o seu intelecto, mas, tal como ela dizia, trocaram-lhe os fusíveis e em consequência disso aguçou-se-lhe a intuição e podia ver o invisível.» (pág. 208). O romance pode até estar recheado de estereótipos e lugares comuns (os judeus ricos, a máfia da Europa de Leste, a serenidade dos japoneses) mas ler Isabel Allende é um daqueles prazeres quase culposos embora perfeitamente justificados se considerarmos como a voz da autora é original e criativa. Falta ainda o grande fôlego narrativo de outras obras suas, como Filha da Fortuna, mas é um livro que prende, entretém e seduz o leitor até ao fim, num tom ligeiro, mediante um humor muito próprio e um sentido prático da vida que daria para escrever alguns livros de autoajuda, sem nunca cair no delicodoce daquilo que se pode entender como chic literature (literatura feminina). Em suma, é impossível não nos deliciarmos com quem sabe contar uma história.
Cultura.Sul
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Panorâmica
‘Trajectos’ apresenta antologia da obra de Fernando Silva Grade fotos: ricardo claro
Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
São 30 anos de percurso artístico mostrados em jeito de antologia da obra pictórica de Fernando Silva Grade. A abertura da exposição que estará patente no Museu Municipal de Faro e na Galeria ARCO, também situada na Cidade Velha, teve lugar ontem e os dois espaços vão acolher 25 óleos do artista, sobre tela e sobre madeira. “Não se tratando de uma retrospectiva no sentido estrito do termo, é uma antologia que percorre as fases mais importantes do meu percurso na pintura”, disse ao Cultura.Sul o artista. Dezassete dos quadros expostos são oriundos de colecções privadas e, por isso mesmo, Fernando Silva Grade, reconhecido aos privados que cederam as suas obras para integrar a mostra, sublinha “o esforço para reunir as obras que fossem marcas de cada uma das fases que atravessei na minha carreira”.
que, embora próximos, vão criar sinergias acabando por participar na geração de um percurso para os visitantes todo ele feito rodeado por património e cultura”, refere o responsável pelo museu da cidade. Na galeria ARCO, sem actividade galerista há bastante tempo, recupera-se assim a função de outrora numa parceria entre o museu, o pintor e as associações ALFA e ArQuente, que cederam os seus espaços para acolher a exposição de um dos artistas ilustres de Faro. Um homem e artista marcante
Fernando Silva Grade expõe 25 telas no Museu Municipal de Faro e na Galeria ARCO da cidadania, reconhece que esta exposição é como “um desenho de traços largos dos caminhos percorridos na pintura que fui fazendo ao longo destas três décadas”.
Um artista com forte intervenção cívica
"Museu municipal não podia deixar de acolher esta mostra de um artista emblemático do concelho"
O artista plástico, também conhecido pela sua intervenção no quadro das questões ambientais e de urbanismo e na área mais alargada
O também autor do livro “O Algarve tal como o destruímos” é visto pelo director do Museu Municipal de Faro, Marco Lopes, como “um ar-
tista do concelho que pela sua relevância não poderia o museu deixar de acolher no seu espaço”. “As várias linguagens artísticas e as variadas temáticas abordadas pelos 25 quadros que integram a mostra são mais uma oportunidade para o museu cumprir a sua função primordial de dar destaque ao património e cultura do concelho de Faro”, reforça Marco Lopes. Apresenta-se assim ao público em dois espaços, traços emblemáticos da obra multifacetada do pintor, criando uma lingua-
Óleo sobre madeira 195x130cm, 2010, série Pedreiras
gem expositiva que visa mostrar a sua evolução e os momentos e escolhas por si criados para expressar a sua arte. Uma exposição que é simultaneamente um convite a percorrer a Cidade Velha entre o Museu Municipal e a Galeria ARCO “O museu ao associar-se nesta exposição à Galeria ARCO cria também uma dinâmica dentro da Cidade Velha entre dois espaços
A exposição - cumpre dizê-lo mostra o trabalho artístico de um homem cujo perfil interventivo, atento e preocupado merece destaque na sociedade farense e algarvia. Trata-se de um rosto que marca em muitos momentos a face visível das lutas pela conservação e protecção da cultura e do património colectivo do Algarve e que é uma referência em termos de intervenção cívica em prol do bem comum. A Cidade Velha mostra agora uma paleta com 30 anos de história na pintura de um homem e artista a quem decerto a cidade e a própria região muito devem, um momento marcante na carreira de Fernando Silva Grade e uma oportunidade rara de melhor compreender o artista num todo desenhado para vivenciar um caminho feito na arte de pintar. A não perder até 22 de Maio no Museu Municipal de Faro e na Galera ARCO, dois espaços na Vila Adentro unidos para mostrar um único artista, Fernando Silva Grade.
Óleo sobre tela 195x1300cm, 2008, série Mosaicos
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Cultura.Sul
Artes visuais
Como se podem integrar a fotografia e a pintura na produção artística? fotos: d.r.
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
Muitas vezes, os espetadores da produção artística em artes visuais, ao observarem certos trabalhos, questionam-se sobre “O que é isto? Como foi feito?”. Isto porque, frequentemente, as obras artísticas produzidas não são compreendidas pelo observador/espetador. Isto diz respeito ao assunto/tema, mas também à técnica de produção utilizada. Assim, as técnicas contemporâneas de produção artística levam a que, por vezes, não se compreenda facilmente como são realizadas algumas obras. Temos como exemplo alguns nus femininos produzidos nos anos 50-60 (ver figura 1). A imagem do lado esquerdo, intitulada “Nu azul IV” (1952), foi feita por Henry Matisse recorrendo à colagem, enquanto a do meio, “Silhueta feminina” (1950), foi produzida por Robert Rauschenberg, consistindo na exposição à luz de papel fotográfico onde se deitou uma mulher nua. Nenhuma destas é pintura. A única pintura é a do lado direito, “ATN 13” (1960), embora tenha sido produzida de forma pouco ortodoxa, pois tratava-se de uma técnica utilizada por Yves Klein em que,
Figura 1: Imagens de nus femininos utilizando diferentes técnicas das artes visuais durante 40 minutos, vestido de smoking, aplicou tinta azul sobre três mulheres nuas, para de seguida se encostarem, como “pincéis vivos”, às telas penduradas, enquanto a orquestra tocava a “Sinfonia Monotónica” de Klein (20 minutos de som contínuo ininterrupto, seguido de silêncio de igual duração). Esta Performance de “Antropometrias da Época Azul” foi realizada na Galeria Internacional de Arte Contemporânea de Paris. Desta forma, a arte contemporânea veio abrir as possibilidades relativamente às formas de produção artística e às combinações possíveis na utilização de diversas técnicas. Uma das modalidades de expressão e produção artística cada vez mais frequente na arte contemporânea traduz uma utilização simultânea da fotografia e da pintura. Os trabalhos que utilizam si-
multaneamente a fotografia e a pintura podem ser produzidos através da técnica de colagem. Esta consiste na composição feita a partir do uso de matérias ou objetos apropriados do mundo real para serem colados na tela, contribuindo para a criação de um motivo ou imagem. Surgiu no âmbito da arte moderna, nomeadamente com o cubismo sintético (1912-13), sendo conhecidos, como exemplos, os trabalhos de Picasso intitulados “Natureza morta com cadeira de palha” (1912) e “Guitarra, jornal, vidro e frasco” (1913). No entanto, só posteriormente se começaram a usar fotos nas produções com colagem, embora estas fossem inicialmente um elemento acessório na pintura de uma tela. Assim, sobre a forma de articular fotografia e pintura na mesma tela podemos distinguir entre várias técnicas (ver figura 2).
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Figura 2: Imagens de trabalhos produzidos em que são utilizadas diferentes técnicas na combinação entre fotografia e pintura “BAILARTE FLAMENCO” 30 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Espectáculo de cante, guitarra, cajón e baile, que tem como protagonistas Ramón Martínez, Eva la Yerbabuena e Cristina Hoyos
Desde aquelas que utilizam um estilo Pop Art, como na imagem do lado esquerdo (Janszen, 2010), em que a fotografia é impressa na tela e se pinta sobre essa imagem, aquelas em que é utilizada a técnica de pintar a partir da fotografia impressa na tela, como no segundo exemplo da figura (Bradford, 2008), aquelas em que a técnica é pintar e colar fotografias na tela num sentido decorativo, como no terceiro exemplo (Vance, 2008), ou aquelas em que a técnica é pintar sobre fotografias, constituindo estas o fundo do trabalho produzido, como no exemplo do lado direito (Almeida, 1975). Helena Almeida é uma das mais reconhecidas artistas portuguesas
que se dedicaram à fotografia, tendo simultaneamente utilizado técnicas de pintura. O seu trabalho centra-se sobretudo em fotografias a preto e branco tiradas a si própria, sobre as quais realiza pontuais intervenções pictóricas em acrílico. A série de imagens “Inhabited painting” (“Pintura habitada”), realizadas em 1975, é uma das mais conhecidas. A técnica que temos utilizado nos trabalhos de foto-pintura que temos produzido a partir de 2006 tem sido um pouco diferente destas, pois colamos as fotos impressas em papel fotográfico na tela e pintamos a partir daí o resto da tela, podendo também ser pintada parte das fotografias para que seja melhor
conseguida a integração do elemento fotografia no todo que é o trabalho realizado. O objetivo seria que a fotografia e a pintura quase que se diluíssem uma na outra, formando um todo em que quase não seria perceptível onde termina uma e começa a outra. Por exemplo, no trabalho “Sombras no mar” (2007) é mostrado o início do procedimento, em que temos a foto colada na tela, e o final do processo, em que a parte da tela que estava em branco já está pintada, dando continuidade à fotografia através da pintura na tela (ver figura 3). Esta continuidade leva a que, por vezes, também seja pintada parte da fotografia, deixando de haver limites rígidos entre a fotografia e a pintura, para ambas contribuírem para o produto final. Assim, há várias formas possíveis de combinação possível na articulação da fotografia e da pintura na produção artística em artes visuais, não tendo que um elemento ser predominante em relação ao outro, pois ambos contribuem para o todo que é a obra de arte produzida, sendo o todo mais do que a mera soma das partes. Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigo encontram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)
Figura 3: Quadros em que foi utilizada a técnica de colagem, em cima “Sombras no mar” (Jesus, 2007) “PLAZA SUITE” 15 ABR | 21.30 | Cine-Teatro Louletano Alexandra Lencastre e Diogo Infante são os protagonista de uma comédia sobre o amor, encarnando as desventuras de dois casais, muito diferentes, que enfrentam momentos cruciais nas suas vidas
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Espaço ALFA
A fotografia na terapia
Tânia Guerreiro Membro da ALFA
Há vários anos que a fotografia é usada como terapia ou como forma de complemento da mesma. O registo mais antigo que existe do uso de técnicas de terapia com base em fotografias data de 1856 pelo Dr. Hugh Diamond. O de Fotografia Terapêutica é ainda mais antigo, data de 1844 pelo Dr. Thomas Kinkbride. Mais recentemente, a Drª. Judy Weiser, considerada pioneira no uso destes métodos na terapia, em 1973 usou fotografias nas suas consultas com crianças surdas e é também autora do livro “Phototherapy Techniques Exploring the Secrets of Personal Snap-
shots and Family Albums”. A diferença “Fototerapia” e “Fotografia Terapêutica” é a seguinte: a “Fototerapia” é o uso de fotografias numa sessão de terapia conduzida por um profissional, em que as mesmas são usadas por exemplo: para despertar e confrontar diversos tipos de sentimentos e memórias e ajudar o paciente a lidar com os mesmos. A “Fotografia Terapêutica” é o uso de actividades fotográficas como forma de terapia que podem ser iniciadas e conduzidas pela própria pessoa sem a assistência de um terapeuta ou que podem ser usadas como complemento de uma terapia conduzida por um profissional. Podem ainda também ser usadas para o sujeito expressar algum tipo de sentimento, preocupação ou defender uma causa social. Estas duas formas de usar a fotografia na terapia podem ser executadas em separado ou então em conjunto (ex: um “paciente” realiza actividades
fotográficas como forma de exprimir um sentimento com o qual não consegue lidar de
outra forma e o resultado dessas actividades (as fotografias) é usado numa terapia condu-
zida por um profissional para o ajudar a lidar com esse mesmo sentimento).
Fontes: phototherapy-center.com; preconsciouseye.com
Filosofia dia-a-dia
O Jardim de Epicuro
Maria João Neves Ph.D
Investigadora da Universidade Nova de Lisboa
O que é que mais deseja nesta vida? Ser feliz? Haverá alguém que queira aumentar o seu sofrimento e diminuir o seu prazer? Se todos queremos mais alegria e menos tristeza por que motivo as nossas vidas não parecem experienciar-se desse modo? Seremos todos vítimas de um destino cruel? Ou andaremos a fazer qualquer coisa de muito errado? Em 306 a.C., Epicuro (341-270 a.C.) adquiriu em Atenas uma casa grande rodeada de um enorme jardim. Ali se instalou com um grupo de amigos e seguidores, vivendo em comunidade uma vida frugal. Pouco a pouco a fama deste filósofo que ensinava como viver uma vida feliz chegou aos sítios mais recônditos. Jovens
provenientes de distantes regiões começaram a acampar no jardim, escutando avidamente os ensinamentos do excelso sábio. Em troca cuidavam do jardim e da horta. Assim nasceu uma das mais proeminentes escolas filosóficas da Antiguidade que ficaria para sempre conhecida como O jardim de Epicuro. Do muito que Epicuro escreveu apenas alguns fragmentos chegaram até nós. Sobreviveram, contudo, três cartas completas endereçadas a discípulos. A Heródoto escreveu sobre física atómica; a Pítocles sobre os fenómenos celestes e a Meneceu a epístola que ficou conhecida até aos nossos dias como A carta sobre a felicidade. Nela se garante que não só a prática de tais ensinamentos conduzirá à felicidade plena, mas também a sentir-se como um deus imortal entre os homens mortais. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...” mas naquilo que é essencial seremos assim tão diferentes de um ser humano do séc. IV a.C.? Olhemos para os nossos medos e para os nossos anseios e vejamos o que tem Epicuro
a dizer sobre o assunto. A maioria de nós receia acima de tudo a morte. Epicuro diz-nos que não há que temer a morte pois “quando estamos vivos, é a morte que não está presente; pelo contrário, quando a morte está presente nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos nem para os mortos, já que para aqueles não existe, ao passo que estes já cá não estão”. Por outro lado, há que eleger a qualidade em detrimento da quantidade, “assim como opta pela comida mais saborosa e não pela mais abundante, do mesmo modo [o homem feliz] colhe os doces frutos de um tempo bem vivido, ainda que breve”. Quando a adversidade nos assalta tendemos a cair no desespero, e quando algo que muito desejamos tarda em concretizar-se somos tomados pela ansiedade. Epicuro trata estes males com um entendimento objectivo do tempo futuro, que não é nem totalmente nosso nem não-nosso: “não devemos esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desespe-
d.r.
rarmos como se não estivesse por vir jamais”. E que dizer sobre o desejo, muito frequente hoje em dia, de ganhar o euromilhões? Epicuro aconselha a distinguir bem os desejos porque os há naturais e necessários (ex: alimentação, sono) mas também os há inúteis ou prejudiciais (ex: riqueza, glória). A estupidez de uma avaliação errónea nesta matéria leva direitinho à infelicidade! Por outro lado, “desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é natural é fácil
de conseguir. Difícil é tudo o que é inútil”. Como bem diz o ditado: “não é mais rico quem mais tem, mas aquele que menos necessita”. Há que valorizar as coisas simples, “habituar-se a um modo de vida não luxuoso não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida”. E se colocássemos algumas frases de Epicuro nas paredes dos centros comerciais? Talvez não fosse bom para o negócio mas ajudaria à consciencialização de que com-
prar não nos garante felicidade. É frequente o estabelecimento da equivalência entre a felicidade e o sentimento de prazer. Também Epicuro afirmava que o fim último é o prazer. Por este motivo foi muitas vezes erroneamente interpretado. O excelente filósofo não se referia a banquetes ou orgias, pelo contrário, entendia o prazer como “ausência de sofrimentos físicos e de perturbação da alma”. Conviria, portanto, “avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos” e, sobretudo, remover as opiniões falsas. A vida bem vivida é uma vida examinada em que se investigam as causas de toda a escolha e de toda a rejeição. Como vimos no princípio deste texto, apesar de cada um de nós ser distinto e inconfundível, talvez sejamos todos mais parecidos do que à partida se supõe. O jardim de Epicuro perdurou durante sete séculos depois da morte do seu fundador, promovendo a felicidade através da saúde do corpo, da vivência dos prazeres moderados e da serenidade do espírito.
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Cultura.Sul
Sala de leitura
Amália ao sul (II)
Paulo Pires
Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt
Rumo ao sul, “passado o Caldeirão, é como se me tirassem uma carga dos ombros. Sinto-me livre, aliviado e contente, eu que sou a tristeza em pessoa!”, escreveu Miguel Torga no seu livro Portugal, de 1950. No Algarve não se via verdadeiramente dentro da pátria nem fora dela, mas sim “numa espécie de limbo da imaginação, onde tudo é fácil, belo e primaveril” e onde “um poeta tem a sensação de que se pode viver do ar, sem ninguém ter necessidade de pensar sequer no dia de amanhã”. Talvez seja sobretudo essa leveza e volúpia dos sentidos, essa “miragem dum céu deste mundo” (Torga), que tanto fascinaram muitos dos que, ao longo dos tempos, rumaram a este algarve d’aquém-mar, placa giratória de culturas e imaginários que temperaram e sedimentaram a identidade mediterrânica. Terá sido também isso, aliado a um espírito irrequieto e fervilhante, e a uma saúde mais débil a precisar de outros ares, que levaram a escritora e tradutora Fernanda de Castro (19001994), casada com António Ferro (homem forte de Salazar na área do fomento cultural subordinado aos fins políticos do regime), a cultivar uma ligação estreita com o Algarve, que, segundo ela, possuía três milagres: a praia da Rocha, o promontório de Sagres e as amendoeiras em flor. Mantinha mesmo uma casa em Alporchinhos (concelho de Lagoa), que alugava ao ano e da qual registou diversas impressões nas suas memórias, recordando a simplicidade, virgindade e quase despovoamento do lugar, e remetendo-nos para um Algarve outro: […] a praia deserta, o rochedo com 200 ninhos de gaivotas no dizer dos pescadores, a vinha a perder de vista, as figueiras carregadas de figos doces e pequenos, o cheiro a maresia e as ervas aromáticas, os crepúsculos incomparáveis e um céu carregado de estrelas – em parte alguma via tantas estrelas cadentes –, e ainda o silêncio e os sons que também eram silêncio, marulho
das ondas, pios de gaivotas, adejar de asas. Ao longo do ano de 1963 Fernanda de Castro desdobrou-se em visitas ao Castelo de Silves, Quinta de Mata-Mouros, rio Arade, cais de Portimão, praça pombalina de Vila Real de Santo António, Tavira e suas inúmeras igrejas, praia da fortaleza na praia da Rocha, Olhão, Albufeira e a outros lugares com o intuito de organizar o I Festival do Algarve. Fruto da sua rede privilegiada de relações e contactos, apresentou o projecto ao então secretário nacional da informação, Dr. Moreira Baptista, argumentando nestes moldes: “Acho que o Algarve começa a ser muito conhecido no estrangeiro, mas a verdade é que, tirando o sol, o mar e as praias, o turista não tem nada que fazer além do banho e das refeições”. Autorizado o evento pela tutela, o staff organizador seria composto pelo irmão de Fernanda, Francisco Telles de
In memoriam João Belchior Viegas À Teresa Oliveira e ao Gonçalo Couceiro
tados, respectivamente, sonetos camonianos e excertos d’Os Lusíadas, e o poema dramático de Ary dos Santos "Tempo da Lenda das Amendoeiras", o qual ganhou aqui uma importante consagração. Amália Rodrigues, que acreditava nas origens árabes (e marítimas) do fado, encarando-o como expressão de uma queixa, foi uma das protagonistas deste I Festival, dada a proximidade e amizade com Fernanda de Castro. A relação da fadista com o Algarve já remontava aos anos 40 (como atestam várias fontes), com passagens pela região para concertos, sobretudo nos casinos mas também em festas de cariz mais popular, sempre com assinalável sucesso para a já então considerada “rainha do fado”. A actuação de Amália na "Festa da Lua", em Armação de Pêra, seria um dos pontos altos do evento, tendo como pano de fundo um mar repleto de bar-
escondidas na sombra e a voz de Amália, vibrante, pura como um cristal, abalou o silêncio, a noite, a própria Lua que a iluminava. Havia uma leve aragem e eu disse à Jacqueline, que tinha vindo passar umas semanas a Alporchinhos: – Dommage qu’il fasse un peu froid. Ao nosso lado uma francesa, elegante e muito bela, voltou-se para mim, sorriu e disse: – Qu’est-ce que ça fait, madame! C’est beau, c’est terriblement beau! Depois de cantar duas horas, Amália andou de grupo em grupo na praia, dando-se ao povo, agradando-o – um dia confessaria mesmo que, no fundo, essa era a sua única pretensão –, como tanto apreciava/precisava. A organização do festival preparara, sobre a areia, vários repastos típicos: “vilas” de amêijoas, ostras e polvos grelhados, azeitonas britadas com orégãos, pão de trigo, queijos de Serpa,
cado na memória das gentes de Armação durante o período áureo do casino local, por onde passavam, nos períodos estivais, as principais figuras da música nacional. Depois de uma actuação em Quarteira, a fadista honrou o palco do casino com um espectáculo, mas dada a enorme e entusiástica afluência de público a actuação acabaria por se realizar no exterior, em pleno Mini-Golf, numa noite marcante que ficou indelevelmente gravada na memória colectiva. Antes do concerto, e dada a sua atenção sensível e deslumbramento por paisagens naturais, Amália, Ary dos Santos e seus amigos terão inclusive desfrutado da beleza da baía a partir do miradouro da Rocha da Palha. Antes, em 1950, o encenador Filipe La Féria também ficara impressionado quando, aos cinco anos, viu pela primeira vez Amália e ouviu o povo que circuzdava o então Casino Oceano, em d.r.
Amália Rodrigues actuando no Hotel Algarve (Praia da Rocha), em 1969 Quadros e Castro, a escritora Edith Arvelos, a pintora Inês Guerreiro e o poeta José Carlos Ary dos Santos. O arrojado evento, que se estendeu assim a vários pontos do Algarve, só se concretizaria em 1964, iniciando-se a 12 de Agosto no Castelo de Silves com um espectáculo cuja primeira parte foi dedicada à música e poesia árabes, com a colaboração especial de Larbi Jacoubi (então director do Teatro Universitário de Tânger) e dos irmãos e músicos Hamza Ouazzani e Abdellatif Ouazzani (príncipes marroquinos). Na segunda e terceira partes foram apresen-
cos engalanados e iluminados, e no meio do areal uma embarcação colorida, rodeada por uma guarda de honra de pescadores, de remos ao alto. Fernanda de Castro registou na sua autobiografia este momento mágico em que a energia do lu(g)ar, o simbolismo do cenário montado para o efeito e a envolvência poética da música se fundiram harmoniosamente: E, sobre esse barco, pálida, sob a pálida brancura da Lua, Amália, sozinha, de pé, com um vestido negro que a tornava ainda mais branca. Na praia, coalhada de gente, um silêncio mortal. Começaram a ouvir-se as guitarras
vinho de Lagoa e de Portimão, figos e amêndoas, morgadinhos e dom-rodrigos, aguardente de medronho, etc. O já aludido Larbi Jacoubi ficaria visivelmente impressionado com a força e verdade com que a voz de Amália exprimia a tristeza pura e poética ou a existencial alegria de viver, tirando do dedo um anel que lhe ofereceu dizendo-lhe: “Como vê, este anel tem como adorno um olho de boneca. Tenho outro igual em Tânger, com o outro olho da mesma boneca. Use este, que eu vou usar o outro, e assim ficaremos ligados até ao fim da vida”. Já em 1962 Amália tinha fi-
Monte Gordo, a chamar e gritar por ela, o que até levou a que a segunda parte do espectáculo fosse realizada na varanda do edifício com a fadista a cantar para a numerosa população, num gesto de generosidade e dádiva ao seu público. Revisitando mais uma vez memórias das conversas com o João Belchior, penso que Amália tinha essa capacidade rara (uma espécie de dicotomia quase “esquizofrénica” e cativante) de convocar a alegria solar, a festa, a dança e o riso com a mesma intensidade e verdade com que cantava a tragédia e derramava lágrimas sobre o mundo, sem
se inclinar ou revelar necessariamente uma opção muito clara por um desses registos/dimensões – e talvez por isso gostasse tanto de citar o espanhol Antonio Machado (1875-1939), um dos seus poetas predilectos: “A todos nos han cantado / en una noche de juerga / coplas que nos han matado…” (do poema “Cante Hondo”). Na 2.ª edição do Festival do Algarve, realizada em 1965, Amália voltaria a participar, desta vez cantando em Albufeira numa grande esplanada na praia. Dado o vento e a humidade do ar, a fadista estava preocupada com a sua garganta, tendo em conta até que iria cantar a o ar livre. Daí que Inês Guerreiro, da organização, tenha falado “com um velho marinheiro e com o auxílio deste montou no estrado uma vela de traineira que, logo que Amália começou a cantar, se ergueu como se o estrado fosse de facto um barco a fazer-se ao mar”. O belo efeito de cena que a solução originou, protegendo ao mesmo tempo a voz de Amália do vento, foi recebido com uma enorme ovação pelas centenas de pessoas (sobretudo estrangeiros) que estavam presentes no local, segundo também recorda Fernanda de Castro. Quando, nesse mesmo dia, num momento de maior relaxamento, a escritora perguntou a Amália o que sentia perante o enorme reconhecimento mostrado lá fora por plateias cosmopolitas, a sua reacção inicial foi de silêncio, e a resposta foi: “Penso que nada daquilo é comigo, que eu estou ali, sim, mas que não sou eu, que estou longe, muito longe, e que estou a cantar, a agradecer e a sorrir como se fosse outra pessoa, como se de qualquer modo estivesse a receber aplausos que não me eram destinados.” Amália nunca aprendera a cantar e nem sabia porque cantava, como sublinhava amiúde. Mas a sua intuição, ouvido e instinto (uma espécie de inteligência-bruxa que lhe dizia do bem e do mal) eram porventura os seus traços mais vincados e a sua “única e exclusiva arma”, como até confessou. Porque a canção popular portuguesa talvez seja – como ela definiu, com uma clarividência genial, numa entrevista a Miguel Esteves Cardoso em 1982 – duas ou três notas que não valem nada e que nos comovem. (continua na próxima edição)
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Abril amor arrebatado, parecia-lhes fácil encarnar aquelas personagens. À medida que se aproximava o dia da estreia a relação amorosa deles ia-se deteriorando ao mesmo tempo que a paixão em palco se acalorava. Na noite do dia mundial do teatro, foram efusivamente aplaudidos. Foram os últimos a deixar os camarins. Depois à porta do teatro, cada um seguiu sozinho para um dos lados da rua.
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
é senão mesmo o sol, e a temperatura que se insinua pelo dia, que te faz ficar só de roupão turco vestido, sob o alpendre a despelar as novas nêsperas, provando da sua polpa suculenta, doce ou ácida…
“Sextas da Primavera”
Edita 35 / 36
Sinónimos de Leitura
O Dia fotos: d.r.
Viajar de comboio ou na linha dele na penumbra da manhã. Ir de barco ou na rota dele na neblina da tarde. Andar a pé ou na calçada dele na humidade da noite. Adormecer no sofá ou nas margens dele na calada da madrugada
A Gorda volta a atacar Amanhã, sábado 9 de Abril, pelas 21h30. Desta vez no Cine-Teatro António Pinheiro em Tavira. João Evaristo e Joaquim Parra, trazem «Mê Menine, e a Tua Mãe!?».
No dia mundial do teatro
De 11 a 22 de Abril, a Biblioteca Municipal Vicente Campinas de Vila Real de Santo António leva a cabo a 5ª edição de «Sinónimos de Leitura». Esta iniciativa anual gira em torno da leitura, em todas as suas acepções e perspectivas e do universo que a rodeia e a torna possível. Na Biblioteca, os escritores, os contadores, os editores, os livreiros, artistas, e os leitores de todas as idades, juntam-se numa semana de atividades - leitura da poesia ou da prosa, mas também a do livro científico, a leitura da pintura, do cinema, da dança, da fotografia ou do teatro, cruzando-se na leitura do mundo. A edição deste ano, conta com a presença, entre outros, de Bru Junça, Carlos Brito, Catrapum Catrapeia, Cristina Valente, Dulce Maria Cardoso, Fernando Évora, Jacinto Palma Dias, Lénia Santos, Luís Carmelo, Luís Ene, Luís Portela, Marina Palácio, Nelson Ramiro, Pedro Leitão, Pedro Santos, João Pereira e Pedro Tavares, Poetas do Guadiana, Rituais Dell Arte, Rodolfo Castro e Susana de Sousa.
O Festival Iberoamericano de La Edición, La Poesía y Las Artes, decorre em Punta Umbria (Huelva) de 29 de abril a 1 de maio. Concentra no Teatro del Mar a grande parte das suas actividades – exposições, mostra de edições/editoras e feira de livro, apresentações, concertos. No bar Casa del Ingles 1880 terão lugar os recitais e performance. O evento conta com a participação de vários autores/editores algarvios. Uberto Stabile, o coordenador deste festival, escolheu este ano precisamente o Algarve para a edição 36, que terá lugar na semana seguinte, em Tavira e V.R. Stº António, entre os dias 5 e 7 de Maio (programa a anunciar brevemente).
o tempo …
«(…) não há melhor sítio do que a concha ancestral do mediterrâneo para fazer amigos eternos, mesmo que essa eternidade possa durar o lacónico curso de um só verão apenas.»
Das novas nêsperas
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Quando os ensaios começaram três meses antes, Carlota e Henrique eram um casal, assim..., digamos que… feliz. Na peça, uma história de
Essas árvores plantadas em campos sobranceiros ao mar dão frutos tão afrodisíacas como qualquer outro de casca aveludada. Mas não “INSTALAÇÃO PEOPLE” Até 7 MAI | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira Pinto da Silva apresenta uma exposição sobre a vida, desde que nascemos, quando espreitamos os primeiros raios de luz e precisamos de protecção, até à nossa partida
Ciclo de 4 concertos na Casa do Povo de Santo Estevão, sempre às sextas-feiras, 22h, traz Lula Pena já a palco, no 15 de abril, seguindo-se até junho Norberto Lobo, B Fachada e Benjamin. Tem por objectivo levar música e público até ao barrocal do concelho de Tavira, numa perspectiva de educação para as artes com base na descentralização, combate à exclusão social, desertificação e envelhecimento. Integrado no programa municipal “Viva a Primavera” elaborado em parceria com as associações culturais do concelho, que visa estimular e valorizar a criatividade da comunidade, a iniciativa das organizações e o aparecimento de novos talentos artísticos, num período de renovação da natureza que vai do equinócio da Primavera ao período do solstício de Verão.
o tempo que se esfuma nas dimensões do real, que é o mesmo que essa rotina que nos consome…
Depois de «Postais da Costa Sul» e «Alma», Pedro Jubilot lança agora «Telegramas do Mediterrâneo», pela editora CanalSonora. O novo livro do autor olhanense radicado em Tavira, será lançado nos encontros «Edita» de Punta Umbria e Tavira. Um pré-lançamento da obra terá lugar a 23 de abril – dia mundial do livro – em local a anunciar, estando já prevista uma das apresentações para 4 de junho na Biblioteca Municipal de Tavira.
“BEBER’ARTE” Até 7 MAI | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - Albufeira A mostra, que presta homenagem ao universo vínico, integra serigrafias, litografias, gravuras e posters que pertencem à colecção particular da enófila Ragnhild Olsen
10 08.04.2016
Cultura.Sul
Espaço ao Património
Ficha Técnica:
A luz das conservas: património e design
Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro d.r.
Daniela Braz
Docente de Design de Comunicação no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes Diretora Criativa na Porquê Design
O presente artigo tem como objetivo demonstrar como é possível, através de um projeto académico de alunos de Design de Comunicação, ativar e potenciar o valor estético do património, em particular das composições gráficas desenvolvidas por ilustradores, tipógrafos e litógrafos para a comunicação visual dos envoltórios das latas de conserva, de algumas fábricas portuguesas dos finais do século XIX, até meados do séc. XIX. Para a concretização deste projeto houve necessidade de seguir uma metodologia projetual que assentou no Método para o Desenvolvimento de Projetos de Design-Gráfico-Sistemas de identidade visual, de Maria Luísa Peón. Para Peón (2001), a metodologia é o conjunto de métodos utilizados na realização de um objetivo e também seus estudos e análises. A metodologia, portanto, não é o objetivo em si, mas apenas uma ferramenta de auxílio na resolução de um problema. Peón explicita a necessidade da criatividade no início do seu método e prevê uma pesquisa qualitativa para avaliação dos resultados preliminares. Somente com a “aprovação” dos resultados por uma amostra do público-alvo é que o projeto é finalizado e implantado. Este método prevê igualmente uma sequência de etapas sucessivas cronologicamente, denominado fluxograma, que resume o processo de projetação. Este fluxograma encontra-se dividido em três grandes fases: problematização, conceção e especificação. A primeira fase consistiu no reconhecimento do problema – desenvolver uma exposição com base numa identidade gráfica gerada pela indústria conserveira existente em Portugal, desde o final do século XIX até meados do século XX.
A exposição 'A luz das conservas' esteve patente no Museu de Portimão em 2015 Efetuámos uma recolha e seleção de envoltórios de várias fábricas portuguesas. Reunidos os exemplares, considerou-se pertinente proceder ao estudo desse material, através da identificação dos conceitos e elementos fundamentais da representação bidimensional. Para Wong (2007), os elementos que formam uma composição bidimensional, determinando a sua aparência e o seu conteúdo, podem ser classificados da seguinte forma: 1. Elementos conceituais, que não são visíveis, porém, parecem estar presentes, como ponto, linha, plano e volume; 2. Elementos visuais, que são os traços e manchas que expressam os elementos conceituais e os tornam visíveis, com formato, tamanho, cor e textura; 3. Elementos relacionais, que dizem respeito à localização e às inter-relações dos formatos de um desenho e são percebidos como direção e posição ou
como sentidos, espaço e gravidade; 4. Elementos práticos, que estão relacionados com a funcionalidade, o conteúdo e a importância da representação, definindo o “porquê” do desenho. Após esta recolha, passamos à fase da conceção, dividida em cinco etapas. Na primeira (geração de alternativas), todas as necessidades e restrições do projeto foram levadas em consideração para a geração de alternativas e, segundo Peón, quanto mais alternativas, melhor. Na etapa seguinte (definição do partido), os conceitos desenvolvidos foram avaliados de maneira que se pudesse escolher aquele que mais traduziu as necessidades do projecto, e que serviu como solução preliminar. Esta solução foi mostrada e testada a uma amostra do público-alvo, a fim de gerar uma validação por parte do mesmo. Na etapa de solução, avaliados
os resultados, é mais uma vez aperfeiçoada a solução final. Na fase da especificação, foram feitos desenhos técnicos e tridimensionais dos elementos do sistema expositivo, desde as peças a expor, como as de divulgação e promoção do evento, a maqueta virtual da exposição e as artes finais para impressão. Por último a implantação. A preparação e pintura das bases dos candeeiros, a produção dos abajures, a instalação elétrica, a produção dos materiais promocionais e a montagem da exposição “A luz das conservas”, que esteve patente no Museu de Portimão de março a maio de 2015. Segundo Costa (2011, p.165), o que define o design gráfico é a sua essência visual, e os olhos não são mais do que terminais do cérebro na sua conexão com o exterior. Neste contexto, percebe-se que o design gráfico tenha um du-
Projeto envolveu várias áreas de atuação do design
plo destino: a sensibilidade estética e o conhecimento. Percebemos assim, que a atuação por via do design, ao nível da sensibilidade estética, foi determinante no processo de otimização do património gráfico, de técnicas de desenho tipográfico, registos de marcas, conjugações cromáticas e técnicas de composição e impressão, deixado por estes envoltórios. Considerando o design como uma mistura de conhecimento, criação e aplicação (Heylighen et al, 2009), tornou-se relevante criar um objeto expositivo e simultaneamente útil e funcional. Como Bernd Löbach defende no seu livro “Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais”, um bom produto de design deve atender a três funções básicas: prática, estética e simbólica. A prática diz respeito à capacidade do produto em atender a uma necessidade de uso. A estética, não diz respeito à beleza do produto mas à capacidade de sensibilizar pelo menos um dos sentidos humanos. Além da função percetiva dos elementos estéticos, a função simbólica evoca associações à cultura e aos movimentos artísticos da época. Este projeto envolveu várias áreas de atuação do design, o que tornou a experiência muito válida para quem se prepara para a profissão de designer. O desafio foi superado, a exposição revelou um forte valor estético e fica a ideia de que há muito a fazer pelo património existente nos museus do país. Referências Bibliográficas: Costa, Joan. (2011). Design para os olhos – Marca, Cor, Identidade, Sinalética. Lisboa. Dinalivro. Heylighen, Ann; Cavallin, Humberto; Bianchin, Matteo. (2009). Design in Mind. Design Issues, Volume 25. Lobach, Bernd. (2001). Design Industrial - Bases para a configuração dos produtos industriais. Tradução Freddy Van Camp. São Paulo: Editora Egard Blucher. Peón, Maria Luísa. (2011). Sistemas de identidade visual. Rio de Janeiro: 2AB. Wong, W. (2007). Princípios da Forma e do Desenho. São Paulo. Martins Fontes.
Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Ana Borges Daniela Braz Tânia Guerreiro Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
«Escrever é…», de Luís Ene fotos: d.r.
Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Luís Ene (autor apresentado neste jornal, na edição de fevereiro de 2015) publicou, em fevereiro de 2016, sob a chancela da Lua de Marfim, Escrever é dobrar e desdobrar palavras à procura de um sentido, um conjunto de 45 contos ao longo de 67 páginas. Alguns têm duas linhas, outros ocupam cinco páginas. Esta variação de dimensão é progressiva e vai permitindo o dobrar e desdobrar de palavras, personagens, assuntos, enfim, o material de que o autor dispõe para construir as suas narrativas. Daí que não se estranhe a repetição de frases, o reaparecimento das personagens em contos distintos ou até o mesmo nome em personagens diferentes. São tantos (quase infinitos) os caminhos por onde um texto pode andar, que Luís Ene não os quis desperdiçar, exercitando a sua mestria. Percursos possíveis
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Tal como a escrita, a nossa leitura não tem de ser sempre linear, e este livro é um desafio à descoberta dos itinerários que ele nos pode dar: «Descobriu assim que uma história podia aparecer de diversas formas e de diversos tamanhos e, sendo sempre a mesma história, era ao mesmo tempo sempre uma história diferente.» (conto 45, p.66). E assim há histórias que continuam noutras. Ou há palavras que se dobram e se desenvolvem em histórias diferentes. Por exemplo, há uma espécie de expansão do conto 1 no conto 19. O primeiro é pequenino, mas contém os elementos que vão ser reutilizados no conto 19 (e em outros, onde as palavras
«embrulhar» e «desembrulhar são exploradas nos seus diversos sentidos e utilizações»). Conto 1 «‘Um dia embrulhado’. O dia estava embrulhado; aproveitei e levei-o comigo, para oferecer a uma amiga muito especial. Era um dia cinzento e triste, perfeito para a minha amiga, que é dada à melancolia». O conto 19 é maior (ocupa cerca de 1 página), já nos indica o nome da amiga e algumas das suas características. Este conto enquadra o anterior, dando um sentido ao final escolhido. Porque a amiga «dizia que os presentes deviam ser especiais, deviam dizer não só alguma coisa a quem os recebia mas também a quem os oferecia. Se não se tinha um presente assim, mais valia não oferecer qualquer presente. O dia estava embrulhado e ele sabia o que fazer com ele. Não hesitou, levou-o para oferecer à Cecília. O dia era cinzento e triste, mas a sua amiga era dada à melancolia» (p.12). A escrita Deixei, acima, no título desta página, o nome do livro propositadamente incompleto, como tentativa de resumir, naquelas duas palavras, uma das temáticas recorrentes do autor, que é a reflexão sobre a escrita e sobre o ato de escrever.
do e o nosso real, com o qual descodificamos aquela ficção: «Observo o gato Benevides e de imediato ele entra na minha escrita, como me acontece muitas vezes não só com ele mas com muitas outras realidades, porque se podemos eventualmente questionar que toda a realidade seja ficção, ainda que percepcionada e construída por nós, dificilmente se poderá afirmar que a ficção, apesar de invenção, não é construída a partir do real (…). Escusado será explicar que o gato Benevides que se passeia nesta folha é outro gato que não aquele que observo, ainda que tire a sua verdade do gato original» (p.26). Bem e mal, amor e morte
Luís Ene publicou a sua última obra no passado mês de Fevereiro No conto 25, há uma explicação mais completa da forma como faz a escrita acontecer: «Sentei-me e comecei a escrever, uma palavra depois da outra, à espera que no final tudo fizesse sentido; um novo sentido que fosse muito além do sentido inicial. Escrever é dobrar e desdobrar palavras à procura de um
sentido, escrevi uma vez, ainda que não esteja certo que a frase seja realmente minha. Com a escrita nunca se sabe, e eu tenho sempre dúvidas quanto à autoria do que escrevo, mas, em contrapartida, acredito nas palavras e nas histórias que elas contam, ainda que se escrevam muitas vezes quase sozinhas, até tanto melhor d.r.
Livro integra um conjunto de 45 contos ao longo de 67 páginas “DO PRINCÍPIO” 9 ABR | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro O músico Tiago Bettencour faz uma viagem pela sua carreira de mais de dez anos, iniciada com os Toranja, onde não vão faltar todos os seus grandes sucessos
quanto menos eu interferir. As histórias estão como que em suspensão, é o que acredito, e é preciso encontrá-las e fazê-las aparecer, revelá-las, como uma fotografia. Escrevi uma frase, depois outra, desdobrei a primeira, dobrei a segunda, e fui dando espaço para a história surgir. Às vezes surgia logo em seu formato final, outras era apenas um vislumbre, um quase nada, mas a maior parte das vezes percebia que tinha uma história, ainda que não estivesse a vê-la por completo. Outras vezes a história não aparecia mesmo, não aparecia mesmo de um todo, como foi o caso» (pp.17-18). Este tema vai aparecendo pelo livro. No conto 31, aproveitando a presença do gato Benevides, há uma nova reflexão sobre a ficção e a confusão que se pode fazer entre escrita e realidade: um momento de metaliteratura (ou metaficção), que também nos leva, como leitores, a pensar sobre qual o nosso papel nesta dinâmica que se estabelece entre um real alheio que é ficciona-
Os temas dos contos são variados, mas há um privilégio de assuntos que nos levam a pensar sobre os limites a que nos leva o amor, independentemente do objeto da nossa afeição e da própria definição desse sentimento; sobre a morte e a sua presença na vida, mesmo quando a queremos ignorar; sobre o bem e o mal e o quão difícil é definirmos as suas fronteiras. O conto 6 é um perfeito exemplo: «‘O bem e o mal’. Era um homem mau, capaz no entanto de boas acções. Com o tempo, tornou-se um homem bom, capaz no entanto de más acções. Os seus inimigos nunca deram pela diferença. Os seus amigos também não». Em geral, os contos estão organizados para que nos surpreendamos com o seu final. São construídos para, eficazmente, nos surpreenderem com o uso de uma palavra ou de uma personagem que faça uma reviravolta. Luís Ene usa de uma forma literal palavras em contextos que esperaríamos que o sentido fosse o figurado (ou vice-versa), pregando, portanto, partidas à nossa expectativa e trocando-nos as voltas. Nestes contos vai encontrar muita reflexão com inteligência e humor.
“DESCORTINAR” Até 30 ABR | Galeria do Convento do Espírito Santo - Loulé Tata Regala apresenta um estudo fotográfico sobre o conceito de retrato, onde as palavras vestem e desnudam
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